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DESENVOLVIMENTO DO OESTE PARAENSE E AS RESERVAS INDÍGENAS

A Economia regional e o avanço da sojicultura no oeste pa-raense

O Agronegócio ou agribusiness está se tornando predominante no campo brasileiro e, dessa forma, importantes mudanças ocor-
rem na forma de atuação no mercado interno e no mercado ex-terno, resultando em implementações estratégicas que permitem a
ampliação quali-quantitativa da produção.
O agronegócio, equivalente ao termo Agribusiness, conforme definido por Davis e Goldberg, deve ser entendido como sendo a
soma das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades agrícolas, do
armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrí-colas e itens produzidos a partir deles, pode ser entendido como a
cadeia produtiva que envolve desde a fabricação de insumos, a produção nas fazendas e indústrias, envolvendo a produção para
consumo interno, bem como para exportação, transformação e consumo.

Dessa forma, pode-se afirmar que a concepção de agronegó-cios inclui quem, atualmente, explora economicamente a produção
da soja – a Sojicultura, temática a ser abordada na dissertação, que a partir de pesquisa bibliográfica e estudo de caso, terá como foco
analisar o avanço da sojicultura no Oeste paraense, com foco no município de Santarém e estudo da Teoria da Base de Exportação,
considerando-se sua importância para a economia regional.

A Teoria da Base de Exportação

Tiebout conceitua Base de Exportação considerando a razão entre as atividades de exportação e as atividades locais de uma dada
região medida em renda ou empregos, já que as atividades econômicas podem ser divididas entre as que produzem para o mercado
exterior e as que produzem para o mercado local. Nesse sentido, para o autor:

Não há razão para se supor que as exportações sejam a única ou mesmo a variável autônoma mais importante, de determinação
da renda regional. Outros itens, tais como investimentos comer-ciais, despesas governamentais e o volume de construções residen-
ciais podem ser tão autônomos como as exportações, com respeito à renda regional.

Observa-se que para o autor as exportações não se constituem na única fonte de variação de renda regional, ressaltando, no en-
tanto, que tal condição depende do tamanho da região, que pode crescer com as exportações a um nível constante se as atividades
autônomas internas tiverem um movimento ascendente.

Portanto, a teoria de base de exportação diz que as exporta-ções geram efeitos de desenvolvimento que cão se espraiar (ex-
pandir), cada vez mais em ondas centrífugas, isto é, de efeitos para frente (spreed effects). Nesse caso, a implantação de uma
atividade de exportação (no caso da soja) seria importante em vista de bene-fícios tais como: aumento do índice de emprego; geração
indireta de renda; aumento da arrecadação
de impostos para o município e consequente desenvolvimento municipal.
De acordo com North, a teoria de Base de Exportação destaca a importância das exportações como fundamental fonte propulsora
do processo de desenvolvimento, uma vez que reforça o papel que o crescimento depende da dinâmica da atividade econômica
básica (mercado externo) que, por sua vez, incentiva outras atividades não básicas (mercado interno).

As atividades básicas são a fonte motriz da economia, pois ven-dem seus produtos em outras regiões e as atividades não básicas
dão sustentação às atividades básicas.

Becker (2007, p. 32) destaca que:


- A hipótese fundamental da Teoria de Base de Exportação é que ela possui um papel vital na determinação do nível de Renda
Absoluta e per capita de uma região. Ressalte-se que a teoria de
North se refere às regiões “jovens”, portanto sem estrutura comple-xa em desenvolvimento;
- A importância das exportações é crucial no sentido de molda-rem e condicionarem o posterior desenvolvimento de uma região;
- Destaca-se o caráter necessário, mas não suficiente da base de exportação para o desenvolvimento regional, no sentido de que
é preciso que a base provoque efeitos sobre outros setores, desen-volvendo-os também, e que a renda se distribua razoavelmente
en-tre a população.

Nessa concepção, Becker (2007) acredita que as exportações dão impulso às regiões mais jovens e a proporção dessa expansão
é derivada do efeito multiplicador que as exportações criam nas demais atividades não básicas. Essas ideias levaram à aceitação de
que existe uma relação entre as exportações e seu crescimento glo-bal, pois, nesse caso, o investimento regional é induzido pela pró-
pria exportação. O contexto central é que as atividades econômicas não básicas são induzidas pela expansão ou declínio das indústrias
de exportação.

Consequentemente, após essa fase, a especialização ganharia espaço para uma industrialização posterior para o setor terciário.
Esta afirmação deixa claro que as exportações são condições ne-cessárias para o desenvolvimento, mas não são suficientes. Outro
aspecto importante da Teoria de Base de Exportação é que a exis-tência de uma demanda externa permite romper com o problema
de escassez de demanda interna para poder crescer, modelo que funciona bem nos chamados “bens ricardianos”, orientados pelos
recursos naturais.
Assim, quanto maior for a região, mais as forças dinâmicas cau-sarão a variabilidade da renda, mas nos casos de pequenas regiões
o fator multiplicador exerce maior influência porque a região tem a incômoda posição de ter as exportações como uma função da ren-
da interna, dessa forma exercendo grande influência na expectativa de desenvolvimento local e regional, ressaltando-se que Tiebout
(1975 apud SCHWARTZMAN, 2005) expõe suas argumentações so-bre o desenvolvimento local e regional a partir de resultados alcan-
çados em curto prazo.

No entanto, outros teóricos advertem que isso não é necessa-riamente verdade, entendendo-se que, histórica e evolutivamente
à própria história do homem, o conceito de desenvolvimento e a criação de teorias sobre o tema, inicialmente atrelado a aspectos
filosóficos, posteriormente a aspectos políticos e contemporanea-mente a aspectos econômicos, tem conduzido a uma ótica em que
o desenvolvimento deve extrapolar o campo da economia para se integrar a outros aspectos como o social, o ambiental e o institu-
cional, apoiando-se em novos paradigmas, e seu objetivo deve ser
o de construir um mundo mais justo e humanizado, com a inclusão social dos excluídos, ou seja, com a ideia de cidadania ampla, cujas
dimensões extrapolam o âmbito governamental para incluir insti-tuições diversas que atuam em nível local, ótica que deu origem à
expressão “desenvolvimento local e integrado”.

Nesse contexto, para Evans (2003), a teoria do desenvolvimen-to endógeno possui como principal contribuição verificar como as
instituições e os fatores de produção, decisivos para o desenvolvi-mento – como capital social, capital humano, conhecimento, pes-
quisa e desenvolvimento e a informação – poderiam ser gerencia-dos de dentro da região ou do local e não mais de forma exógena.

O desenvolvimento endógeno baseia-se na execução de polí-ticas de fortalecimento e qualificação das estruturas internas, vi-
sando à consolidação de um desenvolvimento genuinamente local, criando condições sociais e econômicas para a geração e a atração
de novas atividades produtivas. Ou seja, é um processo de aprovei-tamento dos recursos e das riquezas de um determinado local ou
região, onde os mesmos podem ser valorizados e transformados, pelo real envolvimento da população e da participação competente
de organismos governamentais e não governamentais.

Em contraposição à teoria de Tiebout, dos critérios de cresci-mento e desenvolvimento local e regional em curto prazo, North
defende o crescimento em longo prazo, cujo “objetivo é determinar os fatores que afetarão as mudanças de década a década na
renda per capita e outros agregados reais de uma área sob as condições de pleno emprego”. A Produção e comercialização da soja em
San-tarém, no oeste do Pará

Segundo Tura (2010), o Brasil é o maio exportador mundial de grãos de soja e o segundo maior produtor, depois dos Estados Uni-
dos da América e, para o autor, estudos mostram que o “comple-xo da soja” possui grande importância nas exportações brasileiras,
atingindo 12% do Produto Interno Bruto (PIB), representando 18 bilhões de dólares em 2005.

Na Amazônia, o crescimento da produção da soja tem sido constante, representando cerca de 39% da soja produzida no país e o
estado do Pará possui 10% de participação no total produzido, portanto, com tendência à expansão dessa monocultura:

No site do Governo do Estado do Pará se observa a estratégia de implantação do monocultivo, no final da década de 90, dispo-
nibilizando créditos aos interessados em investir na produção da soja. Para o desenvolvimento do monocultivo no Pará, o governo
contou com o apoio do Prodecer – Programa Nipo-Brasileiro de Desenvolvimento de Cerrados, a partir do investimento na ordem de
70 milhões de dólares. O Governo do Estado do Pará indica a disponibilidade de 6,2 milhões de hectares para a soja no estado [...] em
função da sua produtividade cima da média nacional e das possibilidades de correção de solos degradados (TURA, 2005, p. 3).

A Região Oeste do estado do Pará é uma região de grande re-levância dentro do cenário amazônico. Está estrategicamente posi-
cionada na porção central do rio Amazonas entre as capitais Belém, no Estado do Pará e Manaus, no Amazonas. Agrega-se a esta
condi-ção o fato desta área estar em processo de grandes transformações sócio-econômicas, impulsionada pela abertura de novas
fronteiras agrícolas e porta de implantação de novos terminais portuários para o escoamento de grãos da região Centro-Oeste e de
produtos industrializados da Zona Franca de Manaus.

No município de Santarém/PA, a soja chega em 1999, mas é a partir de 2002 que ocorre a expansão de área plantada e da quan-
tidade produzida com a monocultura da soja, passando a ser o mu-nicípio mais importante do estado do Pará, com 30% da produção
total do Estado, passando de 200 hectares de área plantada em 2001/2002 para 4.600 hectares em 2002/2003 (TURA, 2010).

Para Almeida et al (2010), a partir da década de 1970 com a construção da Rodovia BR 163, que liga o município de Santarém à
cidade de Cuiabá/MG (Rodovia Santarém-Cuiabá), se previa que a região se constituiria em um importante corredor da escoamento
da produção agrícola regional.

No entanto, é somente a partir da década de 1990, com a cons-trução de um Terminal Graneleiro da empresa CARGILL, localizada
na confluência dos rios Tapajós e Amazonas, cuja produção de grãos de soja é voltada à exportação, afirmando-se, assim, os preceitos
teóricos da Teoria de Base de Exportação, que houve a dinamiza-ção da produção agrícola na região, fato que atraiu produtores de
outras regiões do Brasil para a cidade de Santarém, desencadeando a mecanização da lavoura e o aumento de produtividade agrícola
local e, nesse sentido, também o asfaltamento da Rodovia BR 163, caracterizam os fatores endógenos de desenvolvimento da região.
Para Almeida et al (2010), a instalação da CARGILL em Santarém é o maior símbolo do novo cenário econômico da Região Oeste do
Pará, sendo a única compradora da soja produzida na região e tam-bém a principal fornecedora de insumos, mas não faz nenhum tipo
de beneficiamento da soja, cuja produção é destinada ao mercado externo, ou seja, à exportação.

Relativamente à sua contribuição para o desenvolvimento eco-nômico do município de Santarém, que perdeu parte de sua área
para o município de Belterra em 1996, mas que cedeu, sob licitação, parte de seu porto para a instalação do Porto Graneleiro da CAR-
GILL, não só a agricultura, mas também outros setores da economia do município tiveram impacto significativo após 2003: os serviços
domésticos obtiveram crescimento de 300%; serviço e indústria de utilidade pública, que concentra os serviços de água e esgoto,
energia elétrica etc. cresceram 207,1%; alojamento e alimentação, 193,3%; transporte e armazenamento, 188,9% e; intermediação fi-
nanceira, 151,7%.

Observa-se que as atividades desenvolvidas pela empresa CAR-GILL caracterizam-se por um Sistema Agroindustrial (SAI), este
defi-nido por Batalha (2007, p. 32) como “o conjunto de atividades que concorrem para a produção de produtos agroindustriais,
desde a produção dos insumos até a chegada do produto final ao consumi-dor”, observando-se, também, que a redução progressiva
das bar-reiras alfandegárias e a própria tendência de integração de macro-mercados regionais que se registra na economia mundial
atuam no sentido de continuar a incrementar as trocas na área do Mercosul.

Conforme expõem Magnoli e Araújo (2008), o Governo Federal oferece às empresas exportadoras brasileiras uma série de benefí-
cios fiscais:
- Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI): tributo federal dispensado nas exportações de produtos, incluindo os componen-
tes e as embalagens. Também há a suspensão do IPI na comerciali-zação de produtos para terceiros para incorporação ou produção
de bem destinado à posterior exportação;
- Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS): tributo estadual dispensado nas exportações de bens e serviços, in-
cluindo as efetuadas através de tradies companies, ficando garanti-da a manutenção dos créditos fiscais relativos aos insumos
contidos nos produtos exportados.
- Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (CO-FINS): é dispensada a contribuição de 3% incidente sobre a Receita
Operacional Bruta das empresas referente à venda de bens ou ser-viços no mercado externo ou através de exportações indiretas;
- O Programa de Integração Social (PIS): contribuição que tem como base de incidência a Receita Operacional Bruta das empre-
sas, tendo como alíquota 0,65%. As exportações de bens e serviços estão isentas dessa contribuição, assim como as vendas do fabri-
cante às tradies companies. A isenção não se aplica às vendas para comerciais exportadoras; - Drawback: regime aduaneiro especial.
Esse tipo de incentivo proporciona a suspensão ou isenção do reco-lhimento de taxas e impostos incidentes sobre a importação,
como Imposto de Importação (II), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre a Circulação de Mercadorias (ICMS),
Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) e outras taxas que não correspondam à efetiva contraprestação
de serviços realizados, de bens destinados à transformação, beneficiamento, montagem, acondicionamento, renovação ou
recondicionamento de produtos destinados à exportação. Existem três modalidades de drawback: suspensão, isenção e restituição.

Magnoli e Araújo (2008) afirmam que o drawback suspensão é utilizado quando a empresa pretende industrializar o produto a ser
exportado. A empresa pode importar com suspensão do pagamen-to dos tributos incidentes sobre componentes e peças que serão
necessários para a produção da mercadoria a ser exportada. A sus-pensão deve ser solicitada previamente à efetivação da
exportação. O não recolhimento de tributos se efetiva com a comprovação da exportação realizada.

Por sua vez, o drawback isenção é utilizado quando a empre-sa já tenha exportado produtos cujo processo de fabricação tenha
utilizado componentes e peças anteriormente importados com o recolhimento de tributos. Nessa modalidade, a empresa pode re-por
aqueles componentes e peças com isenção de impostos, desde que o valor total dos produtos a importar seja limitado ao valor das
mercadorias a serem substituídas.

No drawback restituição, a empresa que tenha utilizado com-ponentes, partes ou peças com o recolhimento de tributos pode
requerer o crédito do valor recolhido. Os processos de drawback na modalidade isenção e suspensão são conduzidos analisados e
com-provados pelo Banco do Brasil, por delegação do Departamento de Operações de Comércio Exterior (DECEX). Na modalidade
restitui-ção, o processo é conduzido pela Delegacia da Receita Federal.

Verifica-se que o processo de exportação de grãos de soja pela empresa CARGILL, em Santarém/PA possui influência direta no
desenvolvimento econômico do município, sendo fator de contri-buição negativa para as atividades desenvolvidas pela agricultura
familiar no município.

Os Povos Indígenas do Estado do Pará

Os povos indígenas do Pará estão localizados em vários muni-cípios paraenses, sua presença nem sempre se identifica com fron-
teiras municipais. Secularmente as populações indígenas do Pará foram marginalizadas e inclusive invisibilidades nas ações governa-
mentais do Estado, consolidando um flagrante desrespeito aos seus direitos como povos originários desta terra. Esses povos vivem
em diferentes contextos:
● comunidades e povos indígenas que nunca receberam bene-fício social do Estado, mesmo possuindo identidade indígena;
aldeias se tornando cidades, cidades adentrando nas aldeias, aproximando sociedade não indígena dos povos indígenas, sobre-pondo
seus territórios, gerando conflitos envolvendo madeireiros, posseiros e colonos, o que vem contribuindo para a perda da di-versidade
de produtos, dificultando a continuidade das atividades básicas de agricultura e coleta dos indígenas;
● povos e comunidades não contactados (autônomos), que de-veriam ser protegidos através das garantias do acesso e conserva-
ção dos recursos naturais dos quais dependem suas vidas.

Nesse processo de mobilidade social e territorial, a mudança de ambiente gera novas situações, entre as quais a de indígena “ci-
tadino” ou “urbano”. Essa presença no cotidiano urbano faz com que o indígena deixe de ser atendido como tal e passe a ser visto
como “não indígena” e ficando alijado das garantias institucionais e de seus direitos.

A classificação oficial distintiva no que diz respeito ao local onde os grupos e/ou os indivíduos habitam viola frontalmente as
disposições legais constitucionais e de direitos humanos como o direito à liberdade de ir e vir, bem como o de autodeterminação dos
povos, presentes na CF 88 e na Convenção 169 da OIT, respec-tivamente, uma vez que ser indígena independe do local geográfico que
o mesmo esteja ocupando temporariamente, o que conta é a sua identidade e o povo.
Os índios não contactados como é o caso dos Zo’é, no oeste do Estado, representam uma parcela importante da população
indíge-na, pois necessitam de proteção especial por parte dos estados, em virtude de sua fragilidade física e cultural.
Esses povos sempre existiram e, em outros tempos, não se per-mitiram auto identificar como indígena/povo e somente agora,
com a abertura política, segurança jurídica, respeito à diversidade, esses grupos se apresentam com suas danças, crenças, músicas,
bebidas, comidas originárias e exigem a atenção aos seus direitos, como o caso dos 13 povos do Oeste do Pará.

Situação das Terras Indígenas no Pará

No Brasil, independentemente da realização da demarcação fí-sica dos territórios indígenas, as variadas determinações legais que
vigoram no país garantem em si o reconhecimento dos direitos so-bre as terras que os indígenas tradicionalmente ocupam. No entan-
to, o processo demarcatório é necessário e fundamental enquanto ato governamental de reconhecimento de domínio territorial, e
visa precisar a real extensão da posse indígena, a fi m de assegurar os limites demarcados e permitir o ordenamento territorial do
país. O processo de demarcação é, então, o meio administrativo para expli-citar e definir os limites das terras tradicionalmente
ocupadas pelos povos indígenas.
O poder público federal possui a atribuição legal de identifi-car, delimitar e realizar a demarcação física dos limites, além de re-
gistrar em cartório de registros de imóveis as Terras Indígenas que forem requisitadas por direito pelas comunidades indígenas, nos
termos do § 1º do Artigo 231 da Constituição.
A demarcação das Terras Indígenas também possui um valor fundamental para a sobrevivência física e cultural dos vários povos
indígenas que vivem no Brasil. A demarcação possibilita o controle que poderá ser realizado pelos povos indígenas sobre os aconteci-
mentos que os afetam e às suas terras, territórios e recursos. Per-mitirá manter e reforçar suas instituições, cultura e tradições para
dar oportunidade de estabelecer processos de desenvolvimento sustentável e equitativo baseados na gestão adequada do meio am-
biente.
A defesa dos territórios indígenas, através de sua demarcação legal, também permite a preservação de um vasto e diversifi cado
patrimônio biológico, assim como o próprio conhecimento milenar acumulado pelas populações indígenas sobre as dinâmicas
ecológi-cas deste patrimônio.
A assinatura pelo Brasil da Convenção sobre Diversidade Bio-lógica durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento de 1992, estabelece o compromisso da nação brasileira em estabelecer estratégias, políticas, planos e
programas nacionais para áreas protegidas. Tendo a proteção das Terras Indígenas como uma medida estratégica para o país e para o
planeta: porque garante os meios de sobrevivência física e cultural dos povos indígenas; e porque assegura a proteção da biodiversi-
dade brasileira e do conhecimento que permite seu uso racional.
Frente aos diversificados fatores de ameaças e pressões que historicamente afligem os territórios indígenas, a demarcação em si,
assegura que os indígenas tenham força política para fazer valer seus direitos constitucionalmente estabelecidos de usufruto exclu-
sivo dos recursos naturais que garantem sua sobrevivência, mas ela não é a segurança total da inesgotabilidade desses recursos. É ne-
cessário partir para promoção de atividade de gestão sustentável desses recursos. A gestão territorial e ambiental das Terras Indíge-
nas é atualmente uma atividade eminentemente necessária para garantir o futuro dos povos indígenas e da biodiversidade que se
encontra em seus territórios.
São vários os procedimentos administrativos necessários para demarcação das TIs. O processo é em geral lento e depende da dis-
ponibilidade de recursos da União para ser completado até o final. O Decreto nº 1.775, de 8/01/1996 institui as setes fases
necessárias para homologação da demarcação de Terras Indígenas no Brasil. A sucessão dessas fases resulta normalmente em
diferentes graus de classificação das TIs que são: em estudo, identificada/delimitada, demarcada/declarada, e homologada.
Nos últimos 15 anos, no Pará como em todo o Brasil, houve avanços significativos nos processos de regularização fundiária das Terras
Indígenas, ao mesmo tempo em que houve um expressivo e positivo crescimento demográfico da população indígena no estado. Em
1989, 14% da superfície territorial paraense
(17.278.573,0471 ha) achavam-se oficialmente destinada aos 14 mil indígenas (IDESP, 1989) sobreviventes dos lamentáveis e ver-
gonhosos conflitos provocados pela chegada das várias frentes de expansão agropecuárias que se instalaram em diversas regiões do
estado, a partir principalmente dos anos 60, com a construção pelo Governo Militar, das principais rodovias que conectaram a
Amazô-nia ao restante do país.
Já no ano presente de 2010, temos 24,6% do território paraen-se oficialmente demarcado como Terras Indígenas, distribuídas em
52 municípios e sendo ocupadas por uma população já ascendente de aproximadamente 32.840 indígenas40. Temos ainda a possibili-
dade de aumentar a extensão dos territórios indígenas do estado, pois vinte novas áreas indígenas estão em estudo para sua futura
demarcação.
As Terras Indígenas do Pará acham-se distribuídas em seis mesoetnorregiões (Belém, Altamira, Itaituba/Santarém, Marabá/
Tucuruí, Redenção, Tumucumaque/ Oriximiná). Cada mesorregião apresenta um cenário socioambiental específi co no qual as terras
e povos indígenas estão inseridos.

Fonte:
https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/ administracao/a-economia-regional-e-o-avanco-da-sojicultura-no--
oeste-paraense/67643
http://ideflorbio.pa.gov.br/wp-content/uploads/2015/09/Si-tua%C3%A7%C3%A3o-Socioambiental-das-Terras-Ind%C3%ADge-
nas-do-Par%C3%A1.pdf
RESERVAS INDÍGENAS
As Terras Indígenas são territórios da União onde os indígenas têm direito à posse permanente e ao usufruto exclusivo das
riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, de acordo com a Constituição Federal de 1988. O poder público, por meio da
Fundação Nacional do Índio (Funai),
é obrigado a promover o seu reconhecimento, o que é feito em diversas etapas. As TIs consideradas no âmbito desta publicação
incluem aquelas em identificação, com restrição de uso a não índios, identificadas, declaradas, reservadas e homologadas até
dezembro de 2010. Na Amazônia brasileira há 414 TIs, somando 1.086.950 km2, com o objetivo de proteger não apenas a imensa
diversidade sociocultural da região, como a riqueza do conhecimento e dos usos tradicionais que os povos indígenas fazem dos
ecossistemas e da biodiversidade. Atualmente, habitam a região 173 diferentes povos indígenas e existem indícios de
aproximadamente 46 outros grupos não contatados.
A população indígena amazônica soma cerca de 450 mil índios, que falam mais de 150 idiomas diferentes (Rodriguez, 2006;
Ricardo & Ricardo, 2006).
O Incra registra 104 Territórios Quilombolas reconhecidos até agosto de 2010. Eles somam cerca de 9.700 km2 (0,2% da
Amazônia) e abrangem 183 comunidades, onde reside uma população estimada em 11.500 famílias (Incra, 2010). Existem, no
entanto, muitas comunidades quilombolas ainda não reconhecidas como tal e sem áreas com limites definidos, especialmente na
porção oriental da Amazônia. Apesar de também terem “uma identidade, uma história partilhada, uma memória e um território”
(Esterci, 2005), outras populações tradicionais não foram aqui destacadas, senão enquanto comunidades inseridas em UCs de Uso
Sustentável.
Isso porque o objetivo desta publicação é avaliar a situação das Áreas Protegidas da Amazônia Legal, especificamente quanto aos
avanços na sua criação e manutenção, a situação da gestão e a pressão de atividades predatórias em seu interior ou seu entorno.
Cabe ressaltar, no entanto, que a diversidade sociocultural da Amazônia é parte de seu rico patrimônio, assim como a
diversidade biológica. O conhecimento tradicional acumulado pelas populações locais – de ribeirinhos, seringueiros, piabeiros,
coletores de castanha e demais extrativistas – pode servir de base para o estabelecimento de regras eficazes de manejo e proteção
dos recursos naturais.
O Brasil tem uma extensão territorial de 851.196.500 hectares, ou seja, 8.511.965 km2. As terras indígenas (TIs) somam 703
áreas, ocupando uma extensão total de 115.822.212 hectares ( 1.158.222 km 2). Assim, 13.6% das terras do país são reservados aos
povos indígenas.
A maior parte das TIs concentra-se na Amazônia Legal: são 422 áreas, 111.401.207 hectares, representando 22,25% do
território amazônico e 98.42% da extensão de todas as TIs do país. O restante, 1.58%, espalha-se pelas regiões Nordeste, Sudeste, Sul
e estado do Mato Grosso do Sul.
Essa situação de flagrante contraste pode ser explicada pelo fato de a colonização do Brasil ter sido iniciada pelo litoral, o que
levou a embates diretos contra as populações indígenas que aí viviam, causando enorme despovoamento e desocupação das terras,
que hoje estão em mãos da propriedade privada. Aos índios restaram terras diminutas, conquistadas a duras penas. Por exemplo, em
São Paulo, a terra Guarani Aldeia Jaraguá tem apenas dois hectares de extensão, o que impossibilita que vivam da terra.

Há vozes dissonantes em relação ao tamanho das TIs na Amazônia, alegando que haveria "muita terra para poucos índios".
Esses críticos se esquecem de que os índios têm que tirar todo seu sustento da terra. Muitas vezes, as TIs têm grandes partes não
agricultáveis, e sofrem ou sofreram diversos tipos de impactos.
O ESPAÇO PARAENSE: algumas considerações
☺ O Pará é o segundo maior estado brasileiro em superfície, com 1.247.9555 Km quadrados.
☺ Possui 562 Km de costa Atlântica e 40% das águas interiores do Brasil.
☺ A população é de 7.969.655 habitantes, 68,5% em área urbana. Uma densidade de 6,07 habitantes por km².Produto Interno Bruto
(PIB) de R$ 77,847 bilhões, em 2010 (20% gerados pelo setor Primário, 41% pela indústria, 38,% pelo setor de serviços).
☺ Renda per capita de R$ 10.259 (2010)
☺ 21 mil empresas, a maioria no setor terciário.
☺ 8 mil quilômetros de estradas, centenas de portos, 11 dos quais estratégicos, com capacidade para navios de grande porte.

☺ 163 hospitais públicos, privados e filantrópicos, com 8.700 leitos e 66 Unidades de Terapia Intensiva.
☺ 7.227 escolas públicas e privadas, de primeiro e segundo graus e quatro universidades, além de diversas faculdades isoladas.

O Pará é o segundo maior estado brasileiro com uma área de 1.253.164,5 km², o que representa 14,65% de todo o território
brasileiro e 45,27% da Região Norte. Apenas o Estado do Amazonas é maior, com 1.577.820,2 km² o equivalente a 18,45% do
território brasileiro.
Todo o litoral paraense, com 562 km de extensão, é banhado pelo Oceano Atlântico.
A Capital do Estado, Belém, fundada em 12 de janeiro de 1616, é uma das cidades mais desenvolvidas da Região Norte do
país, possuindo uma área de 1.065 Km², dos quais cerca de 2/3 constitui-se de ilhas (mais de 30 ilhas).
O Estado do Pará está situado na porção oriental da Região Norte do Brasil, e é cortado pela linha do equador em seu
extremo norte. Faz limites, ao Norte com o Estado do Amapá, a Guiana e o Suriname; ao Sul com o Estado do Mato Grosso; ao Oeste
com o Estado do Amazonas; ao Sudoeste com os Estados do Amazonas e Mato Grosso; ao Sudeste com o Estado do Tocantins; ao
Noroeste com o Estado de Roraima e Guiana; ao Nordeste com o Oceano Atlântico e ao Leste com o Estado do Maranhão.

REGIONALIZAÇÃO E DIVISÃO POLÍTICA ADMINISTRATIVA


O Estado do Pará está dividido em 144 municípios distribuídos em seis mesorregiões e vinte e duas microrregiões
homogêneas. Esta divisão foi definida segundo critérios do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
A formação das mesorregiões leva em conta principalmente as semelhanças econômicas, sociais e políticas, enquanto que as
microrregiões consideram a estrutura produtiva de cada comunidade econômica.

O DESENVOLVIMENTO DO OESTE PARAENSE


Sabemos que Santarém e a região oeste do Pará possuem enormes problemas, assim como o restante de nosso estado,
porém não podemos negar que nas últimas décadas, essa região viveu um importante processo de crescimento em diversos
aspectos. Além do crescimento e importância do município de Santarém que se destaca como uma capital regional, temos ainda a
exploração de bauxita no município de Oriximiná, o crescimento de Altamira com a recente obra da Usina Hidroelétrica de Belo
Monte, e Itaituba que se destaca com o Porto de Miritituba e a extração de ouro os garimpos do Rio Tapajós.
(...) A região oeste do Pará, constituída pelas mesorregiões do Baixo Amazonas e Sudoeste paraense, foi a área menos
antropizada até o final do século XX, quando a perspectiva de asfaltamento da rodovia Cuiabá-Santarém e Transamazônica, nos anos
recentes, já tem dado mostra de reprodução do processo verificado na banda leste do Estado, sem bem que ainda bem distante do
quadro oriental. Apesar da formação econômica e social ter origem ainda no período colonial e a economia da região ter sido
alavancada principalmente pela exploração dos recursos florestais: drogas do sertão (século XVII), cacau (século XVIII), borracha, juta,
madeira, pau rosa e pimenta do reino (século XX), essa região, em função da conexão com Belém e o Sul do Brasil se dar somente por
via fluvial e aérea, permaneceu, até a década de 1980, de certa forma protegida de exploração mais intensiva de seus recursos
florestais, como ocorreu na Bragantina e no sudeste do Pará.(...)
(...) Porém, em finais da década de 1970, com a descoberta do ouro no vale do Tapajós, a abertura das rodovias
Transamazônica e Cuiabá Santarém esse quadro de relativa proteção natural começou a mudar no oeste paraense, principalmente
na parte mais ocidental, polarizada por Itaituba e Altamira, onde a taxa de crescimento médio anual da população, entre 1970 e
2007, cresceu praticamente no mesmo ritmo alucinante do sudeste paraense, 7% ao ano, ritmo muito superior à média do Pará (3,3
%) e do Brasil (1,9%) no mesmo período.
(PAPERS DO NAEA Nº 226. HISTÓRIA REGIONAL E PARTICIPAÇÃO SOCIAL NAS MESORREGIÕES PARAENSES F. Silva e L. de J.
M. da Silva,2008)
SANTARÉM (capital regional)
– Fundada em 22/06/1661, hoje com 352 anos;
– Localizada entre as duas principais metrópoles da Amazônia (Belém e Manaus);
– 3ª Cidade mais populosa do Pará com população estimada de 306 480 habitantes (IBGE 2020);
– 8ª Cidade mais populosa da região Norte, à frente de Palmas, capital do estado de Tocantins;
– Em 2017, atingiu PIB de R$ 4,8 bilhões;
– Em 2016 apresentou o 6º aeroporto mais movimentado da Região Norte do Brasil, à frente de duas capitais (Boa Vista e Rio
Branco), com movimentação de passageiros próxima de meio milhão por ano;
– É cidade polo da região oeste do Pará.
TURISMO NO OESTE PARAENSE:
Manifestação cultural: Çairé: A festa do Çairé, realizada sempre no mês de Setembro, é uma mistura de elementos religiosos
e profanos. Começa com o ritual mais antigo, a festa religiosa, onde a população da vila se divide entre homens e mulheres e entram
na floresta para escolher uma árvore que sirva de mastro, cada grupo enfeita o seu com flores e frutas e os levantam na praça do
sairé. A procissão é feita com ladainha, após tem torneios esportivos, shows musicais, “varrição da festa”, seguida da derrubada dos
mastros e da “Cecuiara” (almoço de confraternização com pratos típicos de culinária santarena.)
Atrativos Naturais: O encontro das águas na orla da cidade de Santarém é possível divisar o espetáculo das águas ocre-
argilosas do rio Amazonas e as verdes azuladas do rio Tapajós que correm paralelamente por alguns quilômetros sem se misturarem,
por conta da densidade, temperatura e velocidade de cada uma.
Alter do Chão: Um dos distritos administrativos do município de Santarém, está localizado na margem direita do Rio Tapajós
e dista do centro da cidade cerca de 37 quilômetros. É o principal ponto turístico da cidade, abrigando Alter do Chão considerada a
mais bonita praia de água doce do mundo segundo o jornal inglês The Guardian, ficando conhecida popularmente como "Caribe
Brasileiro".
Pavimentação da BR-163 (Santarém-Cuiabá):
– Atualmente o fluxo de veículos é ininterrupto;
– O completo asfaltamento está em fase final inclusive com partes da obra, sendo executada pelo Batalhão de Infantaria do Exército;
– Integrará definitivamente a região oeste do Pará à região Centro-Sul do Brasil através do modal rodoviário;
– Consolidará Santarém como um dos mais importantes Polos de Integração Logística do Brasil.
- A conclusão da BR-163 contribui para o escoamento da safra de grãos, principalmente do estado do Mato Grosso, até os portos do
Pará, com destaque para Miritituba e o porto de Santarém, no Rio Tapajós, de onde são transportados para os principais centros
consumidores em todo o mundo.
– Com o asfaltamento da BR 163, aliado a conexão Fluvial/Marítima já existente, além da malha aeroportuária que contempla o Oeste
do Pará a partir de Santarém, consolidamos definitivamente a Região como importante elo de integração dos diversos modais de
transporte.
- O asfaltamento da BR-163 só ajuda a consolidar o agronegócio no oeste do Pará, pois a região apresenta elevada produção de soja,
milho mandioca além do crescimento dos rebanhos de gado bovino e bubalino.
Foram investidos cerca de R$ 158 milhões em 2019. A obra foi executada por 650 trabalhadores - entre servidores do Dnit,
militares do Exército e funcionários de empresas contratadas. (gov.com. Publicado em 11/02/2020)

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