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Sinopse

Sienna é uma lobisomem de dezenove anos com um segredo: ela é virgem. A


única virgem do bando. Ela está decidida a passar por Bruma deste ano sem
ceder aos seus impulsos primitivos - mas quando ela conhece Aiden, o alfa, ela
se esquece de seu autocontrole.

Classificação etária: 18 +

E-book Produzido por: SBD e Os Lobos do


Milênio
Esse Arquivo contém os Livros 1, 2 e 3
Livro 4 – Ainda não lançado!
Livro 1
Capítulo 1 - O Alfa do Rio
Sienna
Tudo que eu via era sexo.
Pra onde quer que eu me virasse, via corpos tremendo. Membros se
deslocando. Bocas gemendo.
Corri através de uma floresta, ofegante, tentando escapar dos fantasmas
carnais ao meu redor, que pareciam estar me convocando. Dizendo junte-se a
nós...
Mas quanto mais para dentro da floresta eu corria, mais escura e mais
escura e mais viva ela se tornava.
Algumas árvores balançam como amantes, outras, com raízes nodosas e
galhos espigados pareciam predadores. Prendendo-me. Perseguindo-me.
Algo lá fora, no escuro, estava me perseguindo.
Alguma coisa desumana.
E agora as bocas não estavam gemendo. Elas estavam gritando.
Orgias grotescas por toda parte iam se tornando violentas. Sangrentas.
Próximas da morte.
A qualquer momento, a escuridão ia me pegar.
O sexo ia me estrangular.
Ao sentir a raiz enrolar em minha perna, tropecei e caí em um buraco
aberto no centro da floresta, mas não, era um buraco.
Era uma boca. Com dentes afiados e uma língua preta, lambendo seus
lábios, prestes a me engolir inteira.
Eu tentei gritar, mas não tinha voz.
Eu caí.
Mais longe.
Mais fundo.
Até que eu me fundi com a loucura violenta e sexual... completamente
consumida.
***

Pestanejei. Que diabos eu estava desenhando?


Sentada à beira do rio, livro de esboços na mão, olhei para baixo, incrédula,
para o meu próprio trabalho. Tinha desenhado uma visão muito
perturbadora... e sexual.
Isso só podia significar uma coisa: A Bruma estava chegando.
Mas antes de pensar ou de desenhar outra coisa, o som de risadas próximas
me distraiu. Virei-me para ver um grupo de meninas, ao seu redor.
Aiden Norwood.
Eu nunca o tinha visto aqui antes. Não na margem do rio onde eu vou para
desenhar e me distrair, não há muitos de nós por aqui...
Por quê? Eu não sei.
Talvez seja a calma quando sempre se espera de nós que sejamos selvagens.
Talvez seja a água quando cada um de nós arde com um incêndio interno. Ou
talvez seja apenas um lugar que eu só tenha pensado como meu.
Um lugar secreto onde eu não sou só mais uma na matilha, onde sou
apenas eu, Sienna Mercer, uma artista autodidata ruiva de dezenove anos. Uma
garota aparentemente normal.
O Alfa caminhou em direção a água, ignorando o bando de moças que o
seguiam. Ele parecia que queria ser deixado sozinho. Isso me deixou curiosa.
Fez-me querer atrai-lo.
Claro, eu sabia que era um risco desenhar o Alfa.
Mas como eu poderia resistir?
Comecei a esboçá-lo. Com uma altura de 1,80m, cabelo preto desgrenhado
e olhos verde-ouro que parecia mudar de cor cada vez que ele virava a cabeça.
Aiden era a definição de lindo de dar água na boca.
Eu tinha começado a trabalhar nos olhos quando ele virou a cabeça e
farejou.
Eu congelei, fiquei paralisada. Se ele me visse agora, se visse o que eu
estava desenhando...
Mas então, para meu alívio, ele olhou para água, perdendo-se novamente
em algum devaneio escuro. Mesmo rodeado por outros, o Alfa estava sozinho.
Então eu o desenhei sozinho.
Eu sempre o observava de longe. Eu nunca tinha estado tão perto, mas
agora eu podia ver como os bíceps dele saltavam de sua camisa, como sua
coluna vertebral se curvava para acomodar sua transformação.
Me perguntei o quão rapidamente ele poderia se transformar. Dobrado,
com os olhos em busca, como os de um animal selvagem, ele parecia neste
caso, já na metade do caminho.
Um homem, sim. Mais que isso; um lobisomem.
Sua beleza me lembrou que a Bruma estava se aproximando rapidamente.
Era a época do ano em que todo lobisomem a partir dos dezesseis anos de
idade enlouquece com a luxúria, a estação em que todos e quero dizer todos
trepam como loucos.
Uma ou duas vezes por ano, esta fome imprevisível, esta necessidade física
infecta a todos até os ossos...
Aqueles que não tinham companheiros encontram um parceiro temporário
para se divertirem com os outros.
Em outras palavras, não havia ninguém na matilha com mais de dezesseis
anos que fosse virgem.
Olhando agora para Aiden eu me perguntava se os rumores que giravam
em torno dele eram verdadeiros.
Se por acaso era por isso que ele estava ali, ignorando as garotas, refletindo
à beira do Rio.
Alguns disseram que haviam passado meses desde que Aiden havia levado
qualquer mulher para a cama, que ele estava se distanciando de todos.
Por quê? Uma companheira secreta? Não, as fofoqueiras da matilha já
teriam descoberto.
Então, qual era o problema, o que seria do nosso Alfa se ele não tivesse
nenhuma parceira quando a bruma atacasse.
Não é da sua conta, eu mesma me repreendo. O que importa para mim
quem Aiden comia?
Ele era 10 anos mais velho e, como a maioria dos lobisomens, só estava
interessado em alguém de sua própria idade.
Para Aiden Norwood, o alfa da segunda maior matilha nos Estados
Unidos, eu não existia. Colocando de lado minha paixonite de adolescente
boba resolvi seguir sem pensar no assunto.
Michele, minha melhor amiga, estava decidida a me encontrar um pau
amigo. Ela já tinha um parceiro, coisa comum entre os lobos solteiros antes da
bruma.
Tentando me arranjar com 3 amigos de seu irmão, todos que pareciam
perfeitamente decentes e que tinham sido diretos em me considerar boa para
uma transa, Michelle não conseguia entender porque eu tinha recusado cada
um deles.
"Ugh.." Eu ouvi a voz de Michelle reverberando em minha cabeça.
"Por que você é sempre tão fresca, garota?"
Porque a verdade era que eu tinha um segredo.
Aos dezenove anos de idade, eu era a única Loba virgem em toda a nossa
matilha. Tinha passado por 3 estações, e por mais sedento por sexo que
ficasse, nunca havia cedido aos meus desejos carnais.
Eu sei. Muito pouco inteligente da minha parte em se preocupar com
"sentimentos" e "primeiras vezes", mas eu prezava os meus.
Não era que eu fosse uma puritana. Em nossa sociedade não havia tal
coisa. Mas, ao contrário da maioria das meninas, eu recusava a me entregar até
encontrar meu companheiro.
Eu sabia que ia encontrá-lo.
Eu estava guardando minha virgindade para ele.
Quem quer que fosse.
Continuei a esboçar o alfa quando olhei para cima e vi, para minha
surpresa e pavor repentino, que ele não estava lá.
"Nada mal." Eu ouvi uma voz baixa ao meu lado.
"Mas os olhos podiam estar um pouco melhores."
Virei-me para o ver, parado bem ao meu lado, olhando para o meu esboço.
Aiden.
Norwood.
Porra.
Antes que eu pudesse recuperar meu fôlego, ele olhou para cima e nossos
olhos se encontraram. Eu arfei, muito ciente que estava fazendo contato visual
direto. E imediatamente olhei para o lado.
Ninguém em seu perfeito juízo se atreve a olhar um alfa nos olhos.
Isso só poderia significar uma das duas coisas, ou você estava desafiando o
domínio do Alfa, praticamente uma tentativa de suicídio, ou você estava
convidando o Alfa para o sexo.
Como eu também não tenho essa intenção, minha única opção era desviar
o olhar antes que fosse tarde demais e rezar para que ele não interpretasse mal
o significado do encontro.
"Perdoe-me" eu disse calmamente, só para garantir "você me pegou de
surpresa."
"Peço desculpas", ele disse. "Eu não quis te assustar."
Essa voz, mesmo dizendo as palavras mais educadas que se possa imaginar,
elas soavam carregadas de ameaça. Como se a qualquer segundo, ele pudesse
cortar sua garganta mesmo com os dentes em forma humana. "Tudo bem,
mesmo", ele disse. "Eu não mordo... Só de vez em quando." Eu estava tão
perto que pude alcançar e tocar seus músculos ondulantes de sua pele dourada.
Levantei os olhos e pesquei.
Um rosto brutal, recortado, que não deveria ser bonito, mas era.
Sobrancelhas grossas que pareciam ásperas ao toque, como uma pitada de sua
forma de lobisomem e um nariz, ainda que ligeiramente torto — sem dúvida
quebrado em alguma luta passada — não maculava em nada seu sex appeal de
tirar o fôlego.
O Alfa deu um passo mais próximo, como se fosse para me testar. Eu
podia sentir cada pêlo em meu corpo se eriçar com o nervosismo. Ou... será
que era desejo?
"Da próxima vez que você me desenhar" disse Aiden, "chegue mais perto."
"Oh... ok" eu balbuciei como uma idiota.
Então, tão rapidamente quando ele apareceu, Aiden Norwood se virou e
sumiu, deixando-me junto ao rio, sozinha. Eu suspirei, sentindo cada músculo
do meu corpo se acalmar.
Não era nada comum ver o Alfa fora da Casa da Matilha, a sede de todos
os negócios dos grupos. Na maioria das vezes, nós víamos o Alfa em reuniões
ou bailes, sempre algo formal. O que tinha acontecido hoje era raro.
Eu já podia ver, pelo olhar invejoso das fãs de adoradoras de Aiden que o
haviam seguido até o rio, apenas para serem ignoradas, que isso podia sair do
controle.
Até mesmo o cheiro de interação com o Alfa. Especialmente para uma
jovem plebeia como eu, seria suficiente para mandar as novinhas mais
histéricas à loucura, derrubando as paredes da Casa da Matilha, só por mais
um gostinho dele.
Um evento dessa magnitude certamente irritaria o Alfa e um Alfa
estressado significava um alfa disfuncional, o que significa uma alcateia
disfuncional... deu para entender. Não ia ser bom para ninguém.
Decidi, com a pouca luz que restava do dia, que terminaria de desenhar
para me distrair, só eu e o rio — em paz, mas tudo que pude ver foram os
olhos de Aiden Norwood e como eu os tinha desenhado muito mal, o alfa
estava certo, eu podia fazer melhor.
Se eu pudesse chegar mais perto... mais perto, mas quando eu poderia estar
tão perto outra vez?
Eu não sabia então o que sei agora, que dentro de algumas horas a Bruma
estava prestes a começar.
Que eu estava prestes a me tornar um animal parado por sexo e que Aiden
Norwood, o Alfa da matilha da Costa Leste, iria desempenhar um papel muito
proeminente no meu despertar sexual. Só a ideia era o bastante para fazer
qualquer uma uivar.
Capítulo 2 - O Perigo
Mãe: Querida Sienna. Onde você está?
Sienna: Mãe, quantas vezes eu tenho que te dizer
Sienna: Você não precisa começar as msgs usando querida
Mãe: Mas é mais especial assim! Como uma carta só para
você.
Sienna: emoji revirando os olhos
Mamãe: Vem logo para casa!
Mãe: Sua irmã está aqui.
Mãe: Trouxe o Jeremy
Mãe: Você sabe o que isso significa
Mãe: FOFOCA FRESQUINHA
Sienna: ... legal?
Sienna: Chego em breve
Mãe: Ótimo. Com amor, mamãe.
Sienna

Você não pode decidir quando e onde a Bruma ataca.


Dirigindo? É melhor encostar rápido ou você causará um engarrafamento
de cinquenta carros.
No trabalho? Bata o ponto e corra para as colinas ou você e seu chefe
podem se tornar muito mais que colegas.
Quando me sentei para jantar, rezei para que ela não me atingisse enquanto
estivesse com minha família — o pior lugar possível, na minha opinião.
Enquanto ajudava a pôr a mesa e servia um prato de lasanha caseira para
Selene, olhava para a porta traseira, caso tivesse que fazer uma fuga
improvisada.
Sentei-me para comer com toda família, que já estava no meio de uma
conversa animada.
"O que é, Jeremy?" disse minha mãe, acenando com a cabeça para o
companheiro da minha irmã. "Você mal disse uma palavra desde que entrou.
Como vai o trabalho?"
"Você não tem que responder a isso, conselheiro." disse Silene, disparando
um brilho divertido sobre a mãe.
"Bem" — Jeremy riu — "se você está pedindo fofoca sobre nossa
liderança, Melissa, você sabe que eu não posso divulgar essa informação.
"Nem um aceno de cabeça para confirmar ou negar?"
"Mãe." disse Silene. "Ele é o advogado principal da matilha, seu trabalho é
guardar segredos."
"Mas..." A mãe suspirou, "Eu não preciso saber nada confidencial. Só um
pouco de conversa. Como... é verdade que nosso Alfa e Jocelyn não estão mais
juntos agora ela estaria namorando com seu beta, Josh?"
"Mãe", Selene e eu dissemos em uníssono.
Jeremy sorriu. "Tenho o direito de permanecer calado."
"Ah, mas vocês não têm graça nenhuma mesmo."
A mulher agia mais como uma adolescente do que as duas filhas juntas,
mas nós a amávamos por isso, quase sempre.
"Você poderia perguntar sobre o meu trabalho sabia", disse Selene.
"Eu perguntei não foi?" ela perguntou através de uma boca cheia de
lasanha. "Tenho certeza que sim." Selene rolou seus olhos. A mãe sempre quis
que Selene seguisse uma carreira estável. A moda, pensava minha mãe, não era
uma profissão, era um hobby.
"Num dia está em alta, no outro, em baixa." ela diria "É assim com as
roupas e toda a indústria, Selene! Pense a longo prazo."
Bem, agora Selene havia conseguido, provando que anos de conselhos da
mamãe estavam errados, e estava trabalhando ativamente em uma das
principais empresas de design de moda da cidade.
Mas Selene sempre deixou os insultos da mamãe passarem batido. Em
todos os níveis, ela era a versão mais bonita, mais inteligente e mais bem
sucedida de mim.
Sempre que eu dizia isto em voz alta, o que eu fazia — muitas vezes — a
Selene me empurrava suavemente e dizia apenas: "Você ainda é jovem, Si, dê
tempo ao tempo."
Mas quando se tratava dos meus sonhos, da minha futura carreira como a
maior artista do mundo, eu nunca tinha sido paciente. Um dia, eu ia abrir
minha própria galeria.
Um dia em breve, prometi a mim mesma. Eu não me importava com o que a
mãe dizia. Selene havia provado que ela não estava certa sobre tudo.
"Não tem problema mãe", disse Selene, mudando de assunto. "As fofocas
são mais interessantes mesmo... Por falar nisso…" Os olhos de Selene
piscaram para mim, eu fiz que não com a cabeça veementemente. Não. Não.
"Tem ideia de quem poderia ser seu parceiro para a temporada, Si?"
"Aaaah, sim", disse mamãe, voltando-se para mim. "O que eu devo dizer
— quem está no cardápio este ano?"
"Uma loba nunca revela seus segredos", disse eu, bancando a tímida.
Por um segundo, minha família realmente parecia que ia deixar para lá.
Eu tinha uma maneira de mudar essa conversa de direção, assumindo o
controle, mantendo a atenção em qualquer um, menos em mim, embora eu
fosse a mais jovem, sempre tive essa habilidade autoritária, mas minha mãe
percebeu.
"Lá vai ela novamente" disse mamãe, balançando a cabeça. "Nossa
pequena dominante sempre nos obriga a submeter aos seus caprichos. Anda,
Si, diga-nos, tem algum menino?"
"Alguns de nós gostamos de manter nossa vida privada, mãe", disse eu.
A mãe encolheu os ombros. "Não há nada a esconder. Eu sei que seu pai
certamente está ansioso pela Bruma deste ano, não é, querido?"
"Estou contando os segundos", disse papai, segurando seu copo de vinho,
sorrindo maliciosamente.
"Gente" POR FAVOR. Que nojo." Foi grosseiro, claro, mas essa não foi a
razão pela qual isso me incomodou tanto. Minha mãe sempre havia sido uma
criatura sexualmente liberada. Não, o que eu não gostava era da mentira.
Quando eu disse que minha virgindade era meu segredo, eu falava sério.
Nem mesmo minha mãe sabia.
O que era estranho por que sempre fomos tão abertos uns com os outros,
sobre tudo, Ela nunca me escondeu a verdade.
Não sobre como ela conheceu o pai, que era um humano. Não sobre como
os dois tiveram sua única filha, Selene. E certamente não sobre como eles me
encontraram.
Eles não são de fato meus pais biológicos.
Fui descoberta em um carro abandonado em frente ao hospital onde
minha mãe trabalhava. Não que isso importasse, mamãe sempre tinha dito.
Eu estava prestes a mudar o assunto para qualquer outra coisa além da Bruma
quando algo aconteceu.
Eu congelei. Um calor derretido lento e pulsante inflamou-se dentro do
meu ser, fazendo meu corpo sentir como se estivesse em chamas.
A respiração tornou-se impossível, o suor cobriu cada centímetro da minha
pele, e antes que eu pudesse resistir, a costura do meu jeans apertou
firmemente na minha virilha.
Eu tremia de desejo de forma repentina e insuportável.
CACETE
Um arfar forte deixou minha boca antes que eu pudesse pará-lo, e quando
abri meus olhos, que eu não conseguia lembrar de fechar, vi que todos na sala
de jantar tiveram a mesma reação que eu.
Não, não, não.
Não aqui.
Não com a família
A maneira como minha irmã olhou fixamente para Jeremy. A maneira
como minha mãe se levantou de seu assento, inclinando-se para meu pai.
Eu não podia suportar isso. Corri da sala o mais rápido que meus pés
podiam me levar.
A cozinha.
O corredor.
A porta da frente.
E na noite fria que eu desmaiei de joelhos.
A Bruma rastejou pelo meu corpo como uma cobra venenosa, meus
mamilos enrijeceram e meu estômago estremeceu, apertado de tanto desejo
sexual. Minha garganta estava entupida e eu lutei para respirar, mesmo na noite
ventosa, minhas roupas estavam grudando na pele, eu queria me despir.
Eu queria as mãos de alguém nos meus seios, na minha barriga, no meu
sexo...
Oh, Deus. A Bruma nunca havia sido tão forte.
Foi provavelmente um acúmulo de todas as necessidades e frustrações
sexuais que reprimi durante as três últimas estações.
Eu devia ter esperado isso. É claro que isto ia acontecer. O que eu estava
pensando? Eu não estava. E agora eu estava pagando o preço.
Olhei atrás de mim em minha casa, um lugar onde normalmente eu
encontraria segurança e conforto, mas não nesse momento. De jeito nenhum.
Meus pais provavelmente já estavam aproveitando a Bruma ao máximo.
A ideia de Selene e Jeremy não foi muito melhor, mas eles agiam mais
como pessoas, menos como lobos, respeitando limites, privacidade, normas
sociais. Provavelmente conseguiriam voltar ao seu apartamento no centro da
cidade antes de finalmente agirem em função do impulso.
Eu tirei todos da cabeça e corri para a trilha em direção ao bosque.
Passei por humanos, totalmente alheios, cuidando de seus próprios
negócios, e alguns lobos que estavam, como eu, na primeira etapa da bruma
tentando se orientar, mas é fácil para eles, eles não eram virgens, tinham tido
muito sexo durante as estações passadas, eu não. Eu estava perdendo a cabeça.
Na entrada da floresta, eu me despi. Eu não me importava se alguém me
visse. Eu precisava me transformar.
Aqui mesmo.
Agora mesmo.
Normalmente, eu só me transformava apenas quando gozava das
faculdades mentais — não quando a Haze estava assumindo o controle. Não.
Eu não podia mais permanecer nesta forma humana.
Fechei os olhos e senti o êxtase da mudança.
Normalmente, eu sentia cada pedaço da transformação: os membros se
esticando, o corpo crescendo alto, o pelo vermelho, que brotou da minha pele.
Cobrindo-me por inteiro.
Mas não agora. Agora, eu não senti nada além da bruma.
Eu respirei e minha voz saiu como um rosnado. Meus dedos, agora garras
pretas como carvão. Através dos olhos de um lobo, tudo era mais agressivo,
mais violento.
Especialmente agora. Quando a bruma estava só começando.
Agora em plena forma de lobo, eu corria para dentro da floresta.
O vento frio soprava meu pelo, o chão duro era úmido sobre minhas patas
e os odores do bosque enchiam meu focinho.
Um uivo ressoava na floresta. Do tipo livre. Do tipo que estava
procurando um parceiro.
Eu me amaldiçoava interiormente. Na fúria da bruma, tinha me esquecido
de pensar nas implicações. Entrar na floresta no início da temporada foi como
pedir para transar. Estes bosques eram como um bar universitário, cheios de
sede e impulsos estúpidos.
A qualquer momento, um lobo ia sentir meu cheiro e reconhecer que eu
não tinha nenhum apego. Eles iam me perseguir até que eu cedesse. Mais de
um, eu tinha certeza disso.
Um jogo, um desafio, para quem poderia ganhar a loba sem parceiros,
mesmo se meu corpo implorasse para discordar, eu não cederia tão facilmente.
Estes lobos poderiam ter o tanto de sexo que quisessem, eu não estava
julgando, mas eu estava esperando. Esperando aquele momento, aquele
instante, aquele súbito e indescritível olhar de reconhecimento quando duas
pessoas fazem contato visual e sabem que são companheiros para a vida.
Eu mal podia esperar para que isso acontecesse.
Mas aqui na floresta, no início da bruma? Era improvável, para dizer no
mínimo.
Tornei-me hiper consciente dos lobos machos, de cada movimento, de
cada cheiro.
Corri descaradamente, liberando feromônios no ar, atraindo-os para mais
perto, e logo soube que eles teriam me encurralado. Cinco deles. Todos lobos
machos famintos.
Meu corpo gostou. Gostou de mais. Por um segundo, eu me perguntei se
este seria o ano.
Será que eu finalmente cederia? Será que eu cederia a estes cinco machos,
levando-os todos de uma só vez? Será que eu finalmente perderia minha
virgindade, ali mesmo, no meio da floresta?
Quando a bruma assumiu o controle e todos os meus desejos de esperar
pelo meu companheiro começaram a derreter, eu me perguntei: O que me
impedia? Honestamente? Eu era o que eu queria.
Ou será que era?
Capítulo 3 - Um Convite
Sienna
Nunca na minha vida eu quis tanto sexo
Não só atrai os lobos com meu cheiro... Eu podia vê-los.
Vi um grande lobo loiro, uma visão estranha se você não soubesse que ele
era loiro em forma humana, contornando uma árvore, perseguindo lentamente
na minha direção. Ele era grande, mas não o suficiente para ser um alfa. Seus
olhos, como a maioria dos lobos, eram de um ouro brilhante. Eu era uma
exceção, meus olhos eram tão azuis gelados em forma de lobo como em
forma humana.
Pelo olhar de apreciação que o lobo loiro me deu, ele também reconheceu
essa singularidade.
Vi os outros quatro circularem ao meu redor. Um chegou tão perto que
pude sentir seu nariz no meu traseiro, farejando minha excitação.
Os dois à minha direita estavam rosnando de luxúria sem esconder, o da
minha esquerda lambendo seus lábios, e o grande loiro a minha frente se
agachou em antecipação, pronto para atacar.
A maioria dos lobisomens prefere fazer sexo na forma humana, mas estes
cinco estavam na bruma e queriam agora.
Eu estava prestes a fechar os olhos e ceder a esta orgia violenta e
animalesca.
Meu corpo gemeu enquanto o lobo atrás de mim lambia minha perna
traseira. Eu queria que estes machos me tomassem, que me comessem até eu
esquecer quem eu era... até que me lembrei do rosto dela.
O rosto de Emily.
Apenas um flash e foi o suficiente. Como um balde de água gelada
derramado por todo meu corpo, eu saí da névoa. Era apenas um calor tedioso
no meu estômago agora.
Eu tinha o controle.
Eu rosnei o mais alto que pude, fazendo com que estes lobos soubessem
que eu não estava interessada, mas — típico de homem, aliás — eles não
gostavam de seguir ordens. Eles continuaram lambendo e se aproximando.
Cansada dessa merda, rosnei novamente. O tipo de rosnado que dizia:
"Ponha uma pata em mim, e você vai perdê-la."
O lobo loiro diante de mim podia ver minha expressão. Eu não estava
brincando. Ele virou as costas. Os três lobos para o meu lado perceberam um
segundo depois e recuaram.
O único que parecia ter problema para entender sinais — ou melhor, de
cheirar — sinais — era o que estava atrás de mim. Aquele que tinha conseguido
dar uma fungada. Ele se inclinou para frente novamente.
É isso aí, pensei eu.
Eu me virei rapidamente e afundei meus dentes afiados em seu pescoço.
Eu me fixei com força, fazendo-o sangrar.
Ele gritou de dor, lutando para se afastar, mas eu não larguei. Este lobo
aprendeu sua lição hoje.
Somente quando senti que estava prestes a rasgar sua jugular é que eu
soltei. O lobo não para de olhar fixamente.
Ele sabia quem estava no comando agora, virando e arrancando dali para
fora. Quando olhei para trás, os outros quatro tinham desaparecido.
Satisfeita, eu corri mais para dentro da floresta. Eu podia sentir o cheiro do
sexo no ar.
Minha bruma começou a rastejar e eu continuei correndo, tentando
reprimi-la. Não consegui deixá-la sair. De novo não.
Quando voltei ao local onde havia jogado minhas roupas fora, me
transformei de volta.
Desta vez, eu senti cada detalhe excruciante, os desbastes de ossos, o
pescoço ficando esbelto, as pernas traseiras se esticando, os braços dobrando e
se desdobrando.
Tomei fôlego, arfante, ali parada, nua como no dia em que nasci.
Agradecendo a Emily por ter vindo em meu auxílio... por mais dolorosa que
fosse aquela memória.
Eu não estava prestes a ir para lá. Agora não. Não, o que importava é que
eu tinha resistido.
Minha virgindade estava intacta. Salva para quem eu chamaria de meu
companheiro. Mesmo que a bruma estivesse apenas começando...
"Deus", eu pensei e vesti rapidamente minhas roupas.

Selene: A barra está limpa, mana.


Selene: Um pouco surpresa porque foi bem rápido, pelo que
eu ouvi.
Sienna: Eca
Sienna: Sem detalhes
Selene: Você é uma quadrada. Estou feliz que a mãe e o pai
ainda...
Sienna: PARA. POR FAVOR...
Selene: Emogis de sexo
Sienna: Obg por isso
Sienna: Você não foi para casa?
Selene: Saindo agora
Selene: Você achou seu parceiro hj?
Sienna: Não é da sua conta
Selene: Tenho a sensação que você vai conhecer seu
companheiro nessa temporada.
Selene: Pode-se chamar de instinto loba.
Sienna: Duvido

Selene sempre teve um dom de ver o futuro, uma espécie de coisa do sexto
sentido animal, mas eu não via como esse futuro poderia ser possível.
Eu encontrar meu companheiro? Eu tinha passado a noite fora e não tinha
encontrado um único lobo que se encaixasse na descrição. Ainda havia tempo,
é claro. Uma temporada inteira.
Quando cheguei em casa, meus pais já tinham resolvido as pendências para
passar a noite.
Meu pai estava sentado na sala de estar, vendo as notícias locais, enquanto
minha mãe dobrava a roupa.
"Você mal comeu, hein?" perguntou papai.
"Estou bem", disse eu, dirigindo-me para as escadas.
"Ela está bem cheia... aposto", sorriu mamãe.
"Que nojo, mãe."
Mais uma vez, senti uma pontada de culpa por não dizer a verdade à minha
mãe, sobre minha virgindade, sobre tudo, mas eu me livrei disso.
"Por que Selena e Jeremy se apressaram? Eles acabaram de chegar aqui".
"Uma reunião urgente na casa da matilha", disse mamãe. "Ficou curiosa,
não ficou?"
Pensei novamente no alfa, que eu tinha encontrado à beira do rio. Com
seus olhos brilhantes. O que estava acontecendo que eles precisavam para
envolver Jeremy, o advogado da alcateia?
"Fico pensando", disse minha mãe com os olhos brilhando, "Você acha
que as histórias são verdadeiras? Sobre a vida do alfa? Isso explicaria por que
ele anda tão estranho."
"Mãe. Pare de se intrometer na vida de outras pessoas."
"Ah, mas é tão divertido. Você deveria tentar um dia desses."
Com Aiden Norwood, tive que admitir o desejo de fofocar, de me
intrometer, de saber tudo o que havia para saber, fez minha imaginação correr
solta, o próprio pensamento dele fez com que a bruma ressuscitasse. Corando,
eu subi as escadas.
"Eu vou para cama."
"Bons sonhos, minha querida" mamãe gritou. "Espero que sejam doces...
se é que você me entende." Eu revirei os meus olhos e não pude deixar de rir.
Mas quando tranquei a porta, apaguei as luzes e desmaiei na minha cama.
Tudo o que pude imaginar foi Aiden Norwood.
Foi uma tortura. Ao adormecer, rezei para que eu nunca mais tivesse que
ver o alfa.
***

Michelle: OMG. Você ouviu...


Siena: Ouviu o que?
Sienna: ????
Sienna: Você não pode enviar uma mensagem dessas e não
falar mais nada.
Sienna: MICHELLE
Sienna: Olá?
Michelle: Convite para todo mundo para ir para a casa da
matilha.
Siena: Não acredito. Mas não tem nenhum baile
acontecendo.
Michelle: É um sorteio.
Michelle: Os convites já foram feitos.
Siena: Então só umas 5 famílias devem ir.
Michelle: Nunca se sabe.

Eu rolei meus lençóis desligando a tela do celular. Michelle era


absolutamente obcecada — por estar — por dentro das fofocas, dito isso,
geralmente, os seus furos estavam mais para boato que qualquer coisa...
Isto. Este foi um daqueles artigos que você nem leu, apenas escaneou
enquanto continuava bebericando seu café e adiando a ida ao trabalho ou à
escola.
Quem se importava que o alfa tivesse algumas famílias aleatórias
convidadas para a casa da matilha?
Claro, era fora do comum, mas era apenas uma forma de a liderança
mostrar que se importava com todos os que estavam na alcateia.
Era política, imaginei. Nada além.
Nada digno de um texto das sete horas da manhã.
Fantástico, eu pensei. Agora eu não conseguiria voltar a dormir mesmo que
tentasse. Michelle tinha mesmo que trazer o alfa à tona.
Aiden e o perigo — Não é uma boa combinação.
Levantei-me desci as escadas, surpresa ao ver Selene, Jeremy, mamãe e
papai reunidos em volta da mesa da cozinha, todos olhando para alguma coisa.
"O que está acontecendo?" perguntei esfregando meus olhos, ainda
grogue.
"Ah, nada", disse Selene. "Estamos aqui parados feito bobos por diversão."
"Do que você está falando?"
"Venha ver, boba."
Caminhei. Olhei para o centro da mesa e paralisei.
Sem chance.
Não podia ser.
Só poderia ser uma brincadeira.
Era um convite para a casa da matilha.
"Porquê... porque a gente?" era tudo que eu conseguia dizer.
"Você sabe como funciona", disse Selene. "É uma loteria. Isso ou... Jeremy
manipulou."
"Eu nunca faria isso", disse Jeremy com uma risada.
Ocorreu-me então uma ideia irracional. Uma suspeita tola que não poderia
ser verdadeira. Mas que, por apenas um instante, parecia tão real que tinha que
ser.
E se. Eu me perguntava... "E se Aiden Norwood manipulou a loteria só
para me ver novamente."
Vamos lá. Quem eu estava enganando? Não havia como o alfa sequer se
lembrar de mim, muito menos chegar no extremo destes.
Eu era apenas uma garota que ele tinha pego desenhando-o... certo?
Mas quando olhei para Jeremy, havia algo que eu não conseguia ler em sua
expressão algo suspeito. Como se a coisa toda fosse relacionada a mim de
alguma forma.
Mas como?
Não tive tempo de analisar demais o olhar de Jeremy porque a minha mãe
agarrou eu e a Selene pelos ombros transbordando de excitação.
"Dá para acreditar nisso? Uma audiência privada com alfa!".
"Não é bem privada", lembrou Jeremy. "Há algumas outras famílias vindo."
"Oh, qual é a diferença? Vai ser muito divertido. Quem sabe quão
interessante essas coisas podem ficar? Declarou ela se entusiasmando com o
convite.
Diversão? Toda a minha família era louca? Não, não ia ser divertido.
Nós tínhamos acabado de começar a Bruma e enquanto meus pais e minha
irmã tinham um parceiro para, aham, e você-sabe-como, eu não tinha. Um fato
que seria óbvio, para todos lobisomens macho sem par dentro do meu radar
de cheiro.
Eu não era anti-sexo. A única coisa que eu queria era encontrar meu
companheiro, mas pensar o que eu encontraria na casa da matilha, de todos os
lugares? Por favor. É coisa demais para uma pobre loba virgem suportar.
Eu não sabia sobre as outras famílias que estavam participando do jantar,
que ia ter alguém solteiro e à procura.
Eu engoli em seco. Ia ser um desastre.
Capítulo 4 - O Vestido
Aiden
Festas. Deus, eu odiava festas. Não me entenda mal. Elas têm sua
importância. Dar à matilha uma chance de conhecer seu líder? Conhecer,
respeitar e temer seu Alfa?
Essencial.
Mas, normalmente, tínhamos que nos preocupar com apenas dois eventos
por ano. O Baile de Inverno e o Solstício de Verão. Este jantar foi ideia do
meu beta, o Josh.
E, embora eu amasse o pentelho loiro, a última coisa que eu queria era
planejar uma festa extra.
"Então, queremos a plataforma elevada ou não?" Josh perguntou, andando
e olhando para sua prancheta. "Por um lado, dar a você um assento acima dos
plebeus vai cimentar ainda mais sua superioridade. Por outro lado, estar no
mesmo nível deles tornará sua relação mais familiar..."
"Josh, por favor." eu rosnei, balançando minha cabeça. "Podemos falar
sobre outra coisa além da disposição dos assentos?"
Josh parou, largou a prancheta e me olhou bem nos olhos.
Ele era provavelmente o único lobisomem em toda a matilha que tinha
coragem suficiente para fazer contato visual direto com seu Alfa, mas isso só
acontecia porque quando Josh me encarava, não era um olhar desafiador. Era
o olhar do meu melhor amigo. Eu sabia a diferença.
"Normalmente, você gosta de repassar cada detalhe."
Era verdade. Eu me preocupo com os detalhes. Não sou implicante, mas se
você é o Alfa, tem que ser assertivo o tempo todo, em relação a tudo.
Mas agora?
"Só não estou no clima. Josh." eu disse. "Pode ser?"
"Claro. É só que... acho que esta noite será boa para você, para o moral da
matilha. E, quem sabe, talvez para alguma garota de sorte..." Ele sorriu
maliciosamente.
"Você está bancando o casamenteiro comigo, de verdade? Ou foi ideia da
Jocelyn?"
Notei o corpo de Josh enrijecer com a menção da sua parceira atual. Ela
tinha sido minha na temporada anterior, mas não havia ressentimentos. Nós
dois éramos adultos.
Agora com uma ligação a mais.
Josh se sentou à minha frente, e eu soube pelos braços cruzados, que ele
estava prestes a me dar uma lição de moral, sua marca registrada. Ótimo.
"Olha. Aiden." disse ele, agitando os braços animadamente. "Eu sei que
você tem passado por muita coisa ultimamente, cara. A Matilha da Costa Leste
enfrentou muitos desafios nos últimos meses. Agora você está em outra
temporada sem companheira. Cacete, você nem escolheu uma nova parceira."
Eu senti meu lábio curvar. Josh deve ter notado porque olhou para baixo e
mudou rapidamente de assunto.
"A questão é", Josh continuou, "você não tem sido você mesmo
ultimamente. Estou dizendo isso não apenas como seu beta, mas como seu
amigo, cara. Estou preocupado com você. Se você não encontrar uma
companheira logo... se sua vida amorosa está desequilibrada, então..."
Eu olhei para o lado. Josh estava certo em estar preocupado, quando os
alfas não tinham uma parceira durante a Bruma — mesmo que fosse uma
amizade colorida — a liderança inteira ficava abalada, mas, eventualmente,
todos os alfas tiveram que achar uma parceira ou então seus poderes
enfraqueceriam lentamente e eles seriam substituídos por um alfa mais forte.
Mas Josh não sabia de tudo.
Eu tinha um segredo que valia a pena guardar nesta temporada. Um
motivo para esperar.
"Entendo sua preocupação, Josh." eu disse, voltando-me para ele." Mas
não meta seu nariz em minha vida privada, entendeu? Estou falando agora
como seu Alfa."
Então, eu encarei Josh nos olhos. Havia uma tensão palpável entre nós. Por
um segundo, seu olhar permaneceu. E não apenas como meu amigo.
Ele ousaria desafiar meu domínio?
Mas, finalmente, Josh olhou para baixo e acenou com a cabeça.
"Certo, meu Alfa", ele disse calmamente.
"Isso." eu disse, já me sentindo melhor.
Levantei-me e dei a volta na mesa para considerar a prancheta de Josh,
dando uma olhada na disposição dos assentos, uma ideia começando a tomar
forma.
"Se estamos falando de detalhes, há um pequeno ajuste que eu gostaria de
fazer..."

Sienna: Ok, pessoal.


Sienna: hora da confissão
Michelle: você foi convidada para a casa da matilha, todo
mundo sabe
Sienna: O quê?? Como???
Erica: emoji de festa
Mia: AEEE MIGAAA
Michelle: foi mal, miga. Vc sabe que eu nunca fico de boca
fechada
Sienna: Você é a pior, Michelle.
Mia: Então, já que estamos jogando as bombas
Mia: Harry e eu
Mia: é possível que a gente tenha... acasalado
Sienna: O QUÊ?!?
Michelle: ❤ ❤ ❤
Michelle: parabéns garota! (zero chocada mas ok)
Sienna: Tão feliz por você, Mia!!!
Erica: yay mia!
Erica: por que eu sou a única sem novidades
Mia: obrigada, pessoal.
Mia: Mas Si, é melhor você nos enviar atualizações esta noite.
Michelle: especialmente se for sobre o nosso alfa sexy...
Sienna
Eu sei que provavelmente deveria ter me distraído com o evento na casa da
matilha, mas não conseguia parar de pensar em Mia e Harry. Eu não podia
acreditar.
Mia acasalou-se com o maldito Harry Milton.
Por anos, os dois foram melhores amigos. Cem por cento amizade sincera.
O fato de que agora, de repente, os dois não estavam apenas ficando...
acasalados pra valer?
Era quase inédito.
Normalmente os companheiros sabiam na primeira vez que se olhavam
nos olhos. Eles reconheceram a conexão em algum nível animal mais
profundo.
Isso acontecia com meus pais, com Jeremy e Selene, com quase todo
mundo que eu conhecia.
Mesmo as pessoas que acabaram se tornando companheiros após anos
sendo amantes eram mais comuns do que o que aconteceu com Mia e Harry.
Que vaca sortuda, pensei.
Admito que fiquei com um pouco de inveja. Que sonho encontrar um
companheiro que já sabia tudo sobre você, em quem você confiava. Parecia
tão lindamente simples.
Ao contrário da minha situação sem sexo, sem companheiro, totalmente
nebulosa.
Abri meu armário e procurei algo para vestir no jantar. Eu não tinha nada
nem perto de elegante o suficiente.
Uma batida na porta do meu quarto chamou minha atenção.
"Eu sabia que você era um caso perdido, mana", Selene disse, entrando. "É
por isso que vim preparada..."
Em suas mãos estava um lindo vestido de noite, feito de seda verde-claro,
tão longo que parecia não ter fim. Eu só precisava dar uma olhada para saber
que era perfeito.
"Como você..." eu disse.
"Comprei para um baile há dois anos, mas com o meu tom de pele?
Simplesmente não ficou bom. Eu nem usei. Então, eu guardei para uma
eventualidade."
Eu podia ver por que não teria funcionado. Selene era uma loira platinada.
Verde pedia cabelo ruivo, como o meu.
"Bem", pressionou Selene", você vai ficar olhando o dia todo ou
experimentá-lo?"
Eu não hesitei. Nunca tive vergonha de ficar nua perto da minha irmã, tirei
minhas roupas e coloquei o vestido. Parecia que tinha sido feito para mim.
Mesmo que Selene e eu fôssemos tamanhos diferentes. Ela era alta e
esguia, enquanto eu era mais curvilínea.
Então, como é que este vestido parecia ter sido embalado à vácuo?
"Eu fiz umas adaptações, só para você", Selene disse, piscando, como se
estivesse lendo minha mente.
Eu dei uma olhada no espelho e não pude acreditar no reflexo que olhou
para mim.
O vestido terminava graciosamente nos meus tornozelos, com as costas
generosamente abertas afinando logo acima da minha bunda e a frente
acentuando meu decote.
Eu estava certa sobre a cor. Meu cabelo ruivo e olhos azuis brilhantes
faziam o verde se destacar positivamente.
"Papai vai ter um ataque cardíaco." Selene riu. "Você está maravilhosa.
Mas..."
Sim. Eu podia ver o que Selene estava dizendo. O vestido era
inegavelmente sexy, mas agora, eu não me importava. Nada parecia mais certo
no mundo.
"É perfeito", eu disse.
Selene sorriu e me deu um abraço.
"Vamos, vamos mostrar à mamãe."
Não demorou muito para que mamãe e papai tivessem suas reações
previsíveis.
"Vocês. Veja. PEDAÇO DE MAU CAMINHO!" Mamãe disse.
Eu fiz uma careta, essa escolha de palavras não poderia ser pior.
"Uh, sim", papai disse, olhando para qualquer lugar, menos para mim
diretamente." Muito lindo. Eu acabei de..."
"Tudo bem, pai. " Eu ri.
"Sabe", disse mamãe, dando um passo em minha direção", olhando para
você assim, quase consigo esquecer por um segundo que você tem apenas
dezenove anos. Isso me faz pensar... se um certo Alfa concordaria."
"Mãe", eu disse, revirando os olhos. "Esta é apenas uma chance para os
locais conhecerem sua liderança. Dá pra trocar o disco?"
Mais uma vez, meu domínio da conversa sobre a família parecia estar
funcionando.
Eles já estavam perguntando a Selene o que ela estaria vestindo, mas então
minha mãe sacudiu a cabeça, lembrando-se de seu tópico favorito: fofoca.
"Sienna", ela disse, "sua mãe intrometida ouviu um pequeno boato, no
entanto, essa é a razão pela qual nosso amado Alfa estar convidando todos
esses estranhos para a Casa da Matilha? É encontrar uma amante para a
temporada."
E assim meu humor murchou de uma vez.
A última coisa no mundo que eu precisava era Aiden Norwood
procurando por uma amante esta noite e se decidindo por mim. Especialmente
depois de nosso encontro casual na margem do rio.
Eu não ia ficar na sombra de nenhum lobo, alfa ou não. Eu queria um
companheiro para a vida toda.
Eu fiz uma careta para minha mãe. "Sério, mãe? Só por uma vez, você não
poderia..."
"Estou apenas dizendo!" ela disse, com as mãos para cima, na defensiva.
"Ele não tem companheira para esta temporada. É proibido sonhar agora,
Sienna?"
Sim mãe. Estava errada, e não era uma fantasia. A ideia de estar com o Alfa
era ridículo. Já havíamos feito contato visual e nada havia acontecido. Então
não tinha como ele ser meu companheiro. Se qualquer coisa, ele só queria —
PORRA. Agora, eu estava pensando na gente transando.
Apenas a ideia por si só foi o suficiente para acender a Bruma adormecida.
Estava silenciosa até então — exatamente como eu gostaria que ela ficasse
pelo resto da noite.
Eu não poderia aparecer na Casa da Matilha cheia de lobos famintos...
daquele jeito.
"Eu preciso ir me trocar", gaguejei, virando-me e correndo para fora da
sala.
"Espere. Sienna." minha mãe gritou atrás de mim. "Eu só estava
brincando!"
Corri para o meu quarto e bati a porta, tentando tirar o vestido. Mas estava
tão apertado. E eu precisava de ar.
E...
E...
"Sienna." Eu ouvi a voz de Selene do outro lado da porta. "Não deixe a
mamãe entrar na sua mente. Vai dar tudo certo. Vai ser ótimo. Como você
disse, é perfeito. Não é?"
"Certo." Eu disse, acalmando minha respiração. "Obrigada. Selene."
Peguei um xale, para cobrir no mínimo meus ombros e minimizar a
sensualidade do vestido.
Eu só esperava que quando chegássemos à Casa da Matilha, a Bruma
estivesse diminuindo...
Enquanto dirigíamos, para a enorme mansão, longe da atividade de nossa
cidade, a única fonte de iluminação no tranquilo campo, e minha família
conversava ativamente, zumbindo de excitação, aconteceu de novo.
A Bruma pulsou, cutucou e penetrou cada canto do meu ser. Como se
soubesse, apenas por ver a Casa da Matilha, o que aguardava lá dentro... Era
um despertador e tanto.
Por favor, não faça isso, implorei ao meu corpo. Por favor, não aqui. Agora
não, mas, como eu estava prestes a descobrir, meu corpo tinha outros planos...
Capítulo 5 - A Festa
Sienna: Eu acho que não consigo
Sienna: Não posso entrar
Sienna: Estou perdendo o controle, Michelle
Michelle: ?!?
Michelle: tá falando sério doida?
Michelle: o mundo inteiro e a família MATARIAM para entrar
na casa da matilha
Michelle: o que tá pegando?
Sienna: Esse vestido é um exagero
Sienna: E com a Bruma...
Michelle: miga, pare, você é tá gatíssima. vá lá e se divirta
Michelle: você pode até encontrar um parceiro para a
temporada!
Michelle: qual a pior coisa que pode acontecer?
Sienna

O pior que poderia acontecer? Ah. Michelle. Você não tem ideia. pensei.
Tínhamos acabado de estacionar e estávamos caminhando em direção às
altas portas da frente da Casa da Matilha.
Todo mundo estava vestido com esmero. A cada passo, eu podia sentir
minha condenação se aproximando.
Eu queria dar meia-volta e correr para casa.
Sim. mesmo de salto. Eu estava tão desesperada.
"Ah. que maravilha para nossa posição na Matilha." mamãe disse, alheia.
"Mal posso esperar para conhecer o Alfa. Eu juro que se eu fosse alguns anos
mais jovem..."
"Mãe, por favor." Eu implorei. "Pare."
Felizmente, minha mãe rapidamente se distraiu novamente e eu não tive
que explicar por que eu precisava que ela calasse a boca tanto.
A Bruma estava me dando trabalho agora. Durante todo o dia, tentei
reprimi-la, mas agora... Agora a Bruma decidiu que era uma boa hora para
tentar se apossar do meu corpo.
No momento em que estávamos no jantar. Por favor, eu implorei mais uma
vez ao meu corpo aquecido. Eu não tenho tempo para isso.
Foda-se, meu corpo estalou de volta. Ugh. eu estava conversando com meu
corpo agora. Estava perdendo a cabeça. Maldita Bruma.
Uma recepcionista humana nos cumprimentou e nos conduziu até a sala
de jantar.
Lustres, velhos retratos de antigos Alfas com uma dúzia de mesas com
talheres de prata dignos da realeza. Não para um bando de plebeus como nós.
Quando nos sentamos, percebi que nossa mesa era a mais próxima da
mesa do Alfa.
Coincidência? Lembrei-me do olhar estranho e demorado de Jeremy
quando ele trouxe o convite para nossa casa, mas eu ignorei isso. Sim. Era uma
coincidência. Tinha que ser.
Da minha cadeira, eu finalmente tive uma boa posição para julgar as outras
mulheres presentes.
Eu definitivamente não era a mais bonita, disso eu tinha certeza. Havia
outras mulheres jovens, mais ou menos da idade do Alfa, em seus vinte e
tantos anos, que eram simplesmente deslumbrantes. Com suas pernas longas e
delgadas, seus lábios carnudos e protuberantes e olhos dourados cintilantes, eu
sabia que não havia como comparar.
Eu tinha curvas. meu cabelo vermelho fogo caia descontroladamente nas
minhas costas e meus olhos azuis gelados eram menos comuns, eu acho, mas o
que me faltava em sofisticação, eu sei que compensava, em intensidade crua.
Ninguém naquela sala brilhava tanto, para melhor ou pior. "... o que uma
garota assim está fazendo aqui" Eu ouvi uma das mulheres sussurrar para suas
amigas. Eles riram.
Vacas maldosas.
Não era como se eles fossem da realeza também. Simplesmente se
enxergavam assim.
Eu sabia exatamente o que eu era, e não era uma loba me arrastando de
quatro, implorando para ser comida por um lobo importante da Casa da
Matilha.
Na verdade, eu representava algo.
Em algum lugar lá fora, havia um companheiro pelo qual valia a pena
esperar. Alguém que olharia nos meus olhos e realmente me veria. Alguém
que, à primeira vista, me amaria. E eu, a ele.
Aqui na Casa da Matilha? Não havia nada para ver.
Eu quase considerei ir embora, ali mesmo, quando notei um dos meninos
em outra mesa olhando meu decote. Não consigo explicar porque, mas fiquei
lisonjeada.
Nesse momento, uma mulher apareceu pela porta e os olhos do menino se
voltaram para ela imediatamente. Todos, até as mulheres, olhavam para ela.
Bronzeada, alta, com um pescoço longo, ela usava seu vestido vermelho com a
graça de uma rainha, não de uma loba.
"É ela! " Selene sussurrou. "Essa é Jocelyn, a ex de Aiden Norwood. E aí
está seu novo homem."
Ao lado de Jocelyn estava um gostosão loiro de cabelo espetado que todos
conheciam. Ele era o Beta do Alfa, seu número dois. Josh Daniels. Ele a beijou
na bochecha e sentou-se ao lado do Alfa.
Eu me perguntei se ele e Aiden ainda poderiam ser amigos, já que Josh
estava namorando Jocelyn agora.
O pensamento não demorou muito porque, a próxima coisa que vi, foi
Selene e Jeremy me pegando pela mão e me conduzindo.
O que?!
Por quê?!
Eu não tinha pedido para ser apresentada a ninguém.
"Jocelyn, você está radiante como sempre", Selene arrulhou.
"Oh. Selene, assim você me mima. Você está absolutamente deslumbrante
nesse vestido, respondeu Jocelyn. "E quem é essa garota linda? Sua irmã?"
Jocelyn agarrou minha mão e de repente me senti cheia da energia mais
quente e assertiva que se possa imaginar. Tanto que até minha Bruma deu uma
aliviada.
"É um prazer conhecê-la." Ela sorriu. "Eu sou Jocelyn."
"Sienna." consegui dizer.
Eu sabia, por aquele toque, que Jocelyn devia ser uma curandeira. Apesar
de sua beleza, ela era duas vezes mais legal do que a maioria das garotas aqui,
mas antes que pudéssemos continuar falando, fomos interrompidos por
suspiros por todos os lados.
Eu me virei para ver a vida da festa, o Sr. Aiden Norwood, Alfa da Matilha
da Costa Leste, entrou no salão.
Ele usava um smoking caro com uma gravata verde escuro, o que tornava
o verde em seus olhos dourados ainda mais evidente. Seu cabelo negro estava
despenteado, como se ele tivesse acabado de sair da cama. Sua mandíbula
estava cerrada, em um sorriso agressivo.
Eu tinha que admitir... só de vê-lo ali foi o suficiente para me deixar
molhada.
"Bem-vindos, meus membros do bando", ele disse, incapaz de esconder
um pouco do rosnado em sua garganta. "O jantar vai começar em breve,
então, por favor, sentem-se."
Embora sua declaração tenha sido simples, até mesmo como um
cavalheiro, eu senti uma corrente ameaçadora dentro de cada palavra. Isso me
deixou tensa. Isso me deixou com fome.
Isso fez com que a Bruma emergisse de seu sono temporário.
Com um sorriso torto, o Alfa se voltou para seu assento. Eu mal podia me
controlar. Faíscas percorreram meu corpo, colidindo entre minhas coxas,
minha garganta secou, minhas bochechas coraram com o calor renovado e eu
tive que morder meu lábio para evitar ofegar.
Controle-se! Eu gritei dentro da minha cabeça. Você não vai perder o controle na
frente de todos, entendeu?
Aiden se sentou ao lado de Josh e Jocelyn e, para minha surpresa,
conversou calorosamente com os dois. Portanto, os rumores não eram
verdadeiros. Não foi isso que o torturou. Então o que?
Eu sabia uma ou duas coisas sobre tortura agora. A Bruma estava me
destruindo sorrateiramente. Durante a temporada, era de conhecimento
comum que um lobisomem não casado poderia farejar se alguém por perto
estivesse na Bruma. Se eu não tomasse cuidado, se deixasse minha Bruma
assumir o controle, aqueles homens não acasalados começariam a me farejar.
Qualquer coisa menos isso, eu implorei mentalmente. Eu não posso suportar a
humilhação. Estar na Bruma em público era como dar ao mundo um convite
para te foder.
Quando o primeiro prato foi servido, o lobisomem solteirão que servia a
nossa mesa me cheirou e seus olhos brilharam, o que significava que eu
comecei a exalar o cheiro de Bruma.
Com o rosto em chamas, estreitei meus olhos em advertência e segurei seu
olhar, mostrando a ele que não estava interessada. Ele era bonitinho, não me
entenda mal, mas eu não estava me reservando para um garçom em um jantar.
Ele recuou imediatamente — cara inteligente — se distanciando de mim. Eu
estava prestes a soltar um suspiro de alívio quando senti os olhos de alguém
em mim. Não ousei erguer os olhos.
Esse olhar, de onde quer que estivesse vindo, tinha uma atração poderosa,
parecia estar intensificando a Bruma, ampliando-a. Fazendo-me queimar ainda
mais forte, se isso fosse possível.
Eu gemi, incapaz de suportar. Minha calcinha ficou melada de repente e
meu estômago apertou, fazendo todos os outros músculos do meu corpo
ficarem tensos também.
"Você não vai comer?"
Quase pulei quando mamãe falou. Eu me virei para dar a ela um sorriso
tenso e assenti, cerrando os dentes.
"Já, já."
Mamãe, sem notar meu desespero, deu de ombros e deu uma mordida em
seu salmão. Parecia delicioso, mas minha fome era fixada em algo diferente de
comida.
Os olhos ainda estavam em mim. Eu podia sentir. E pior, agora eu podia
sentir outros me olhando também. Meu cheiro estava flutuando por todo o
corredor, atraindo a atenção de todos os lobos não acasalados, exigindo um
escape.
Eu não tive escolha.
Eu tinha que me retirar.
Agora.
Levantei-me e murmurei um tenso "com licença." deixando meu xale sobre
a mesa e sai o mais rápido que pude daquela maldita sala de jantar. Eu sabia
que ia contra as regras pedir licença no meio da refeição, especialmente na
presença do Alfa. Era semelhante a um insulto a Sua Alteza Real.
Eu não dei a mínima.
Praticamente corri para o banheiro. Felizmente, estava vazio. Eu tranquei a
porta do box e me inclinei em sua parede, respirando pesadamente, a fina
camada de seda que me cobria era demais. Minha calcinha era demais. Tudo
era demais. Antes que eu pudesse me conter, puxei a bainha do vestido até a
cintura. Eu deslizei minha mão sob a minha calcinha, e com o toque do meu
dedo no meu clitóris, quase explodiu.
Comecei a massagear e não conseguia parar. O calor era totalmente
sufocante, por dentro e por fora, me consumindo.
Eu já tinha me masturbado muitas vezes antes disso. Era a única maneira
de passar por cada Bruma sem perder a cabeça, mas sempre fiz isso na
privacidade do meu quarto.
Nunca estava perto de tantos lobos famintos.
Nunca no banheiro da maldita Casa da Matilha.
Eu não pude segurar o gemido que escapou da minha boca com o toque
dos meus lábios molhados. A tensão, a necessidade, o fogo, era agonizante. Eu
ia explodir — de verdade dessa vez.
Mas então eu ouvi. A porta do banheiro se abriu e os passos ecoaram no
chão de ladrilhos. Não o clique agudo dos saltos femininos. O baque surdo
de... sapatos masculinos.
Eu congelei e meu coração bateu forte no meu peito.
Bem quando eu estava prestes a gritar com quem decidiu entrar no
banheiro e dizer a eles para me deixarem em paz. uma voz profunda e rouca
me deu um soco.
"Consigo farejar seu gozo, fêmea."
Minha respiração parou. Ai. Caralho. O Alfa estava parado do lado de fora
da cabine.
Capítulo 6 - A Marca
Sienna
Ele tinha me farejado no salão de baile. Ele sentiu o cheiro da Bruma e me
seguiu até o banheiro, mas será que Aiden Norwood podia farejar, agora, a um
metro de distância, apenas separado por uma frágil porta de metal, que eu
estava sentada com minha calcinha em volta dos tornozelos, meus dedos
dentro de mim, bem pertinho do orgasmo?
"A Bruma pode atingir você nos lugares mais imprevisíveis", ele rosnou,
mas havia uma diversão casual em seu tom que me enfureceu. Antes que eu
pudesse me conter, eu rosnei de volta. "E daí?"
Nossa, ninguém falava com o Alfa dessa maneira. Qual era o meu
problema, queria morrer? Eu lentamente puxei meus dedos. Meu corpo gemia
de frustração, mas minha mente — graças a Deus ainda funcionava — estava
assumindo o controle.
Quando me inclinei para puxar minha calcinha, Aiden sussurrou, e foi
como se não houvesse nenhuma porta entre nós: "E então, mulher? Por que
você não está resolvendo o problema?"
Mas ele não estava perguntando. Ele estava ordenando.
Um puro macho alfa do alto do seu pedestal, ordenando que um de seus
membros de escalão inferior entrasse na fila. Me chamando de "mulher" como
se eu não tivesse nome. Condescendente. Julgando.
Eu me endireitei, reajustando meu vestido, incapaz de controlar meu
temperamento. "O que te dá o direito de falar comigo dessa maneira?" Estava
enfurecida. "Para entrar em um banheiro feminino, me dizendo como devo me
recompor? Quem diabos você pensa que é?!"
Não tive a chance de pensar duas vezes, de me arrepender de minhas
palavras ou de implorar perdão porque, a próxima coisa que percebi, a porta se
abriu.
E lá estava ele.
Aiden Norwood, em toda a sua glória, aterrorizante e belo. Ele olhou
fixamente, os olhos verde-dourados brilhando, todo o seu comportamento
cheirando a agressão.
Graças a Deus eu puxei minha calcinha a tempo, ou quem sabe o que teria
acontecido. "Quem eu acho que sou?" ele perguntou. "Preciso te lembrar?"
Agora, enquanto o cheirava, percebi que o Alfa não estava apenas irritado.
Ele estava confuso. As perguntas sacudiram meu cérebro, mas não houve
tempo para respondê-las, porque a sua Bruma fez a minha ressurgir com uma
intensidade repentina e pulsante insuportável.
Logo minha raiva estava derretendo com o puro calor dela. Sucumbindo.
Querendo, implorando, precisando que ele se aproximasse.
Como se pudesse ler minha mente nublada, ele o fez, entrando na cabine.
Meu coração ameaçou abrir meu peito e minhas pernas ficaram bambas.
"Oq-o que você está fazendo? " Eu gaguejei.
"Você sabe quem eu sou", disse ele, dando mais um passo. "Diz."
"Você é o... o Alfa."
"O meu nome."
Será que eu ousaria? Ninguém deveria pronunciar esse nome além de seus
conselheiros mais próximos e parceiros sexuais.
Não. Eu balancei minha cabeça, me recusando a ceder. Forçando minha
Bruma a resistir. Não.
Tentei desviá-lo da cabine e ele levantou a mão, me bloqueando.
"Do que você tem medo? " ele perguntou.
Tentei afastar sua mão e ele agarrou meu pulso.
Eu deveria estar com medo. Eu deveria estar apavorada, sendo encurralada
por um lobisomem — pelo Alfa, nada menos que isso — em um banheiro.
Mas, na verdade, não acho que Aiden Norwood pretendia me forçar a
fazer nada contra a minha vontade. Acho que ele podia sentir a necessidade
absoluta de minha Bruma por ele.
Ele queria saber por que eu estava resistindo quando nenhuma garota havia
resistido a ele antes.
"Por favor... me deixa ir", eu pedi, a voz trêmula.
"Você ousa dar ordens ao seu Alfa?"
"Eu disse por favor, não disse?"
Não pude acreditar na minha própria audácia.
Pela primeira vez, pude ver seu rosto de perto. O tormento nadou dentro
daqueles olhos verdes dourados. Parecia que ele estava realmente considerando
meu pedido. Mas foi quando suas narinas contraíram.
Ele trouxe meus dedos — os mesmos dedos que estiveram dentro de mim
— até seu nariz.
Enquanto ele sentia o cheiro deles, eu senti sua Bruma pulsar dentro dele.
"Você estava... " ele começou.
"Tentando cuidar disso. Como você disse."
"Por que, quando um homem pode fazer muito mais?" Ele disse em um
sussurro rouco. A insinuação por si só fez meus olhos rolarem para trás. Eu
não pude evitar.
Eu grunhi.
Isso foi o bastante.
Um segundo depois, o Alfa me prendeu contra a parede da cabine. Minhas
pernas deixaram o chão e se enrolaram em seu torso.
Ele me pressionou mais perto e eu senti seu volume intumescido.
Uma onda quente de excitação brutal tomou conta de mim. Esta foi a
primeira vez que um homem me tocou dessa maneira. Eu me sentia tonta e
louca, fora de mim.
Então ele pressionou seus lábios no meu pescoço e, em vez de me beijar,
ele lambeu. Cada gota brilhante de suor que ele devorou.
Era demais para aguentar.
"Não... eu..."
Mas eu era impotente para resistir à névoa que nos prendeu.
Senti sua ereção pressionada contra minha calcinha úmida e gemi de
prazer, de dor, em tudo entre, minha mente embaçada com nada além de sexo.
As mãos dele. Deus, suas mãos. Eles deixaram meus pulsos, serpentearam
sob meu vestido e agarraram minha bunda nua.
Cada centímetro de suas mãos grandes, quentes e calejadas parecia que se
encaixavam ali.
Antes que eu soubesse o que estava fazendo, minha parte inferior do corpo
começou a investir contra o dele, fazendo-o rosnar.
Meus braços em volta do pescoço. Eu precisava tocá-lo, abraçá-lo,
pressionar cada parte de mim contra ele.
Eu o queria como nunca quis nada no mundo antes.
E então eu vi em seus lábios: um sorriso malicioso. Um olhar de
cumplicidade que parecia dizer: Eu sabia que ia conseguir te dobrar. A
satisfação, a presunção... quebrou o encanto, de uma vez.
Cega de raiva e nojo, rosnei e me esgueirei para fora de seus braços. A
Bruma ainda estava acesa, mas minha mente finalmente clareou. Eu conseguia
pensar de novo.
"Qual é o problema, mulher?" ele rosnou, divertido. Mulher. Mais uma vez,
fazendo de mim apenas mais um ninguém com quem ele pudesse foder e se
livrar.
"Me solta", eu disse entre os dentes cerrados. "Falo sério dessa vez."
"Você tem certeza?"
Mais uma vez, ele empurrou seu membro latejante para baixo de mim. Eu
tive que resistir à vontade de suspirar.
Aiden Norwood, o Alfa da Matilha Costa Leste, estava levando um fora
meu, Sienna Mercer, aqui em um banheiro da Casa da Matilha.
Como eu poderia ter me perdido assim? Por três anos de Brumas, fui capaz
de me controlar. Me focar e recusar toda tentação. Até agora.
Como eu poderia ter cedido, e com o Alfa, além de tudo?
Parte de mim se perguntou por que eu não podia simplesmente aproveitar
o momento. Mas outra parte, uma parte mais inteligente, sabia o motivo. Este
homem não era meu companheiro.
Disso, eu tinha certeza.
"Eu sei que você é o Alfa", eu rosnei. "Eu sei que devo me submeter, mas
—""Você não vai." Ele sorriu. "Eu sei. É disso que eu gosto."
Eu fiz uma careta. Aquilo foi uma surpresa. Ainda mais surpreendente foi
que, um momento depois, ele de fato cedeu. Ele me deixou no chão e abriu a
porta, gesticulando como se dissesse, pode ir. Mas seus olhos disseram algo
totalmente diferente. Eles pareciam dizer, isso está apenas começando.
Não hesitei em interpretar o significado. Eu tinha conseguido uma fuga e
ia aproveitar a chance.
Baixando os olhos e assumindo uma postura submissa, para mostrar meu
respeito por sua disposição de cooperar, endireitei meu vestido e corri para
fora do banheiro.
Quando a porta se fechou, eu ainda podia sentir os olhos verdes dourados
de Aiden Norwood perfurando minhas costas. O que diabos tinha acontecido?
Quando voltei para o meu lugar, notei alguns olhos me seguindo com uma
suspeita muda. O fato de eu ter fugido da sala de jantar e o Alfa ter me seguido
alguns minutos depois claramente não tinha passado despercebido.
Minha mãe foi a primeira a me olhar de cima a baixo.
"O que foi que.... Querida, seu cabelo" — Merda! Com meus olhos no
chão, eu não tive a chance de avaliar meu reflexo e ter certeza de que estava...
sei lá. Decente? Não como se eu tivesse acabado de me atracar com o Alfa?
Envergonhada, prendendo fios de cabelo atrás das orelhas e olhando para
o meu prato, tentei forçar minha mãe a deixar a coisa passar, mas eu sabia que
se ainda pudesse sentir o cheiro do Alfa em mim, minha mãe provavelmente
também podia.
"Podemos comer em silêncio?"
Depois de um segundo, felizmente, foi o que ela fez, me deixando em paz.
E logo a sala estava de volta a um ambiente barulhento, onde eu poderia
desaparecer no fundo e fingir que nada tinha acontecido.
Quando Aiden voltou para a sala, ninguém me deu atenção.
Talvez, eu pensei, eu escaparia desta Casa da Matilha com minha reputação
e meu corpo ilesos.
Quem sabe...
Quando o jantar acabou e tínhamos concluído com algumas das
formalidades, inclusive aquela em que as famílias encontram o Alfa e seu Beta
individualmente, o que evitei a todo custo, nossa família se dirigiu para a saída.
Eu estava quase escapando impune.
Foi então que percebi que havia deixado meu xale na sala de jantar. Cacete!
"Gente, esqueci uma coisa. Eu já volto", eu disse a eles. "Podem ir ligando
o carro."
"Claro, querida", disse meu pai.
Ele, minha mãe, Selene e Jeremy saíram enquanto eu corria de volta para
pegar meu xale. Eu estava morrendo de medo de que Aiden Norwood ainda
estivesse no corredor, que eu teria que encontrá-lo individualmente
novamente.
Mas, para minha surpresa, a sala estava deserta.
Peguei meu xale e fiz meu caminho de volta para as portas da frente da
Casa da Matilha.
O corredor que levava para fora estava vazio agora. Eu podia ouvir
algumas das famílias, do outro lado da porta, conversando entre si, prestes a
voltar para casa.
Meus dedos tocaram a maçaneta da porta quando eu senti. Uma presença
iminente diretamente atrás de mim. Um cheiro que reconheci.
Não, não, não...
"Antes de ir", Aiden Norwood sussurrou em meu ouvido. "Eu tenho algo
para você." Sentir seu hálito quente no meu pescoço me fez estremecer de
prazer e nojo.
"Eu disse a você", eu disse, prestes a me virar. "Eu não estou" — Mas
antes que eu pudesse dizer outra palavra, o Alfa trouxe sua boca para a curva
do meu pescoço e ombro. E, antes que eu pudesse impedi-lo, ele foi em frente.
Ele me mordeu.
O tipo de mordida que levaria meses para desaparecer.
O tipo de mordida que tornou óbvio para cada lobisomem no mundo
exatamente a quem eu pertencia. O tipo de mordida que gritava que eu
pertencia a ele.
Aiden Norwood tinha acabado de me marcar. "Você é minha para a
temporada", ele sussurrou. "Outro homem toca em você e eu o matarei."
Então ele se virou e me deixou lá na entrada da Casa da Matilha.
Eu não sabia se queria fazer amor com ele ou matá-lo.
Uma coisa era certa; um dos dois ia acabar acontecendo.
Capítulo 7 - As Meninas
Sienna
Quando alguém sorri em público, sozinho, sem motivo aparente, sem nenhuma
preocupação no mundo, isso só pode significar uma coisa: paixão na certa.
Isso foi o que eu vi quando olhei para Emily, minha melhor amiga, sentada no ponto de
ônibus, esperando por mim, chutando seus sapatos distraidamente. Um grande sorriso bobo
no rosto.
"Em!" Eu gritei, acenando.
Ela se virou, abalada por seus devaneios, e se levantou. Ela sorriu para mim, mas era
um sorriso diferente. Um sorriso mais moderado e familiar.
Nem perto do brilho do sorriso que ela guardou para si mesma.
"Ei, Si" ela disse, me dando um abraço rápido. "Então, o que está na agenda para
hoje?"
"Uma nova galeria que estou morrendo de vontade de conferir. Vamos!"
Achei melhor interrogá-la no caminho. Dê-lhe um segundo para se orientar primeiro.
Afinal, o amor não era uma prioridade na minha vida atualmente. Eu tinha apenas quinze
anos. A Bruma só começaria no ano seguinte. Nada no mundo poderia me preocupar agora.
Mas isso não significa que eu não estava curiosa. Enquanto caminhávamos por um
atalho panorâmico no meio da cidade, descobri que não conseguia mais me conter
"Então", eu disse, olhando para Emily, "tem alguma coisa pra me contar, Em?"
"O quê? "Emily disse rápido demais. "Eu... não sei do que você está falando."
Nada convincente. Suas bochechas vermelhas e olhos penetrantes traíram qualquer
segredo que ela estava escondendo.
"Qual é, Em!" eu disse, cutucando-a. "Sou eu. Você sabe que pode me contar qualquer
coisa"
Emily suspirou, olhos no chão, chutando uma pinha. Mas eu sabia que ela iria desabar.
Éramos melhores amigas. Nunca guardamos segredos. Por que Emily iria começar agora?
"Você jura não contar a ninguém?"
"Juro por tudo."
E eu falei sério. Os olhos de Emily finalmente encontraram os meus, e eu vi uma
sugestão daquele sorriso radiante nos cantos de sua boca. Ela mal conseguia se conter.
"Lembra como eu disse que queria dormir com alguém antes de começarmos o Trote?"
"Sim", eu disse. "Pra ser menos chocante, né?"
"Certo. Bem... acho que posso ter... conhecido alguém."
Eu parei, de queixo caído, agarrando o braço de Emily.
"Tá falando sério?! "Eu exclamei. "O QUÊ? Quando? Como? Quem? Eu quero
detalhes".
"Eu vou te contar tudo, Si". Emily riu. "Uma coisa de cada vez."
Eu sabia, por aquele olhar no rosto de Emily antes, que havia alguém. Mas eu nunca
teria esperado que fosse... aquele tipo de pessoa. Do tipo com o qual você perde a virgindade.
"Só me diz uma coisa", eu disse, ficando séria.
"Tem certeza de que ele é o cara certo?"
"Não", Emily admitiu. "Mas ele é mais velho. Mais experiente, e isso me agrada.
Porque isso significa que pelo menos um de nós saberá o que estamos fazendo."
Nós rimos por um segundo e continuamos andando. Mas eu tinha tantas perguntas.
"Espera aí. Mais velho quanto, Em?"
"Dez anos?"
"Uau. Mais velho mesmo."
"Mas não importa. Ele é alto, bonito e tão confiante, meu Deus. Quando falo, é como se
ele realmente ouvisse. Com tanta... intensidade."
E eu pude ver pelo olhar de Emily, pelo sorriso em seu rosto, que ela estava certa. Sua
idade não importava nem um pouco.
Minha amiga estava se apaixonando.
E eu estaria lá para ela.
Eu agarrei a mão dela. "Estou tão feliz por você, Em". "Quero dizer, veremos", disse
ela. "Quem sabe se ele quer o mesmo."
"Olhe para você, Em", eu disse, empurrando seu braço de brincadeira. "Como ele pode
resistir?"
"Olha só quem fala" disse ela, revirando os olhos. E agora nós duas estávamos rindo,
de mãos dadas, em nosso caminho para onde quer que a tarde nos levasse, nossos planos
para ver a galeria, há muito esquecidos. Nós duas éramos imparáveis. Juntas, deixaríamos
nossa marca no mundo.
***

Acordei assustada, a cabeça ainda nublada com as lembranças. Minha mão


imediatamente disparou para meu pescoço, inchado e machucado.
Merda. Emily pode ter sido um sonho, mas essa marca não era. O maldito
pesadelo era real.
Uma torrente de mensagens de texto iluminou meu telefone quando ele
começou a vibrar como um louco.

Michelle: garota!
Michelle: atenda já o maldito telefone!
Sienna: Ughh Michelle, tá cedo pra caramba
Sienna: O que é?
Michelle: você tem algumas explicações a dar
Sienna: ???
Michelle: pode correr para o Winston's

Eu rolei na cama, gemendo. A última coisa que eu queria fazer era


enfrentar um interrogatório das minhas amigas. Depois da noite passada,
depois de ser marcada pelo Alfa...
Oh Deus. Como eu iria cobrir aquilo?!
Quando dei uma olhada no espelho, só a visão foi o suficiente para me
fazer ofegar.
A mordida era uma mancha azul enorme e machucada em meu pescoço,
maior do que qualquer mordida que eu já tinha visto antes.
Não doeu. Na verdade, quase vibrou com uma sensação carnal. Cada vez
que o tocava, podia sentir os dentes de Aiden Norwood novamente. Sacudi a
sensação e comecei a me vestir. Peguei o maior lenço que encontrei e o enrolei
no pescoço. No mínimo, ver Michelle e as meninas tiraria o Alfa da minha
mente. Uma distração era exatamente o que eu precisava agora.
Quando cheguei ao Winston's, a nossa lanchonete, vi que toda a tripulação
já estava preparada.
Michelle, que tinha um novo parceiro a cada Bruma, estava conversando
com as meninas sobre sua última conquista. No momento, acho que o sortudo
era...
Ralph?
Russell?
Não, Ross. Era isso. Difícil lembrar de todos quando se tratava de Michelle.
Não me entenda mal. Não era que Michelle fosse vagabunda.
Ela estava incrivelmente confortável com sua sexualidade e não deixava
ninguém dizer o que ela podia ou não fazer.
Foi Michelle quem tentou me arranjar três de seus amigos e que mantinha
a fofoca sempre correndo solta.
"Lá está ela! " Michelle exclamou quando entrei.
"E aí meninas", eu disse, sentando-me, ajeitando o cachecol sem graça.
Eu tinha conseguido escapar da Casa da Matilha sem ninguém perceber na
noite passada e pretendia manter a marca do Alfa em segredo enquanto eu
pudesse.
Antes que eles pudessem começar a me interrogar sobre o evento, notei
Mia. Ela estava positivamente brilhando. Eu agarrei suas mãos.
"Mia, estou tão feliz por você e Harry."
"Obrigado, Si". Ela sorriu. "Eu mal posso acreditar que é real. Em um
segundo vocês são melhores amigos, no próximo..."
"Vocês estão se esfregando um no outro", provocou Michelle, cutucando
as costelas de Mia.
Mia começou a empurrar os quadris, simulando sexo no meio da
lanchonete. "Muito bem!"
"Então, quando é a cerimônia de acasalamento? Você já escolheu o lugar? "
Eu perguntei.
"Alguns meses. Não estou realmente preocupada com isso. A família de
Harry tem um monte de propriedades. As vantagens de acasalar com o filho
de um magnata do mercado imobiliário", ela sorriu.
"Ruim não deve ser", eu disse, rindo.
"Isso com certeza", disse Erica, sem rir.
Erica nunca foi boa em esconder sua amargura. Outra temporada sem
parceiro parecia estar deixando-a mais frustrada sexualmente do que o normal.
Todos nós tentamos ignorá-la, sabendo que era apenas o efeito da Bruma.
Normalmente, Erica era a garota mais doce do mundo.
Não era fácil ficar sozinha durante a Bruma, disso eu sabia. Mas agora eu
tinha problemas ainda maiores. E parecia que Michelle estava prestes a
descobri-los.
"Certo", disse Michelle, retomando a conversa. "Já evitamos o assunto por
tempo suficiente. Vamos, Sienna. Desembucha."
"Foi..." eu comecei, tentando descobrir minha melhor estratégia de
deflexão. "Normal. Não muito diferente do Baile de Inverno ou do Solstício
de Verão. Apenas menos pessoas. Um pouco mais íntimo."
"Íntimo, hein? " Michelle perguntou, sorrindo.
Eu não gostei do olhar penetrante dela. Mas não era como se ela pudesse
saber. Ninguém soube. Ninguém tinha visto o Alfa me marcar. Disso eu tinha
certeza.
"Sim. Minha família teve algum tempo cara a cara com a liderança da Casa
da Matilha. Foi bom para a nossa posição. E só."
"Não foi isso que Michelle disse..." Erica cortou.
"Como assim? " Eu me virei para Michelle.
"Que droga, Erica", Michelle zombou. "Você não poderia simplesmente
manter a boca fechada e deixar Sienna nos contar por si mesma?"
"Contar O QUÊ?!"
Não percebi que estava gritando até que toda a lanchonete ficou em
silêncio e se virou para olhar para nós. Eu não estava brava. Eu estava furiosa.
Como isso pôde acontecer? Como alguém poderia saber?
"Sienna", disse Michelle suavemente. "Não é nada demais. Ouvimos dizer
que você e o Alfa podem ter tido um momento, só isso. Algumas pessoas
viram vocês dois saindo do salão na mesma hora e..."Eu estava com tanto
calor que tive de afrouxar meu lenço e, ao fazer isso, vi os olhos de Michelle se
arregalarem.
"Opa", disse ela. "O que é isso?"
Merda! Como pude ser tão estúpida?
Eu devia ficar trancada no meu quarto pelo restante da Bruma. Sair em
público com essa marca enorme e feia no meu pescoço?
Eu poderia muito bem usar uma placa que dizia: "Estou ferrada, obrigado
por perguntar."
A pior parte era que, enquanto eu estivesse marcada assim, a maioria dos
lobos machos me evitaria. Isso significava outra temporada sem encontrar meu
verdadeiro companheiro.
Outra Bruma sem ninguém para chamar de meu. Com uma mordida,
Aiden tirou tudo isso de mim.
Percebendo que não conseguiria manter o disfarce por muito tempo,
suspirei e lentamente desembrulhei meu cachecol. Quando as meninas viram,
todas se engasgaram e colocaram as mãos na boca.
"Isso não é.. " Michelle começou, incrédula.
"Sim", eu disse. "O Alfa me marcou ontem à noite. Eu sou dele para a
temporada. Sorte minha, certo?"
Essa última parte eu disse pingando sarcasmo. Mas eu percebi pela
expressão no rosto de Erica que ela não gostou nadinha. Ela fez uma careta.
"Você poderia ser mais grata", disse Erica. "Ser marcada pelo Alfa entre
todas as pessoas? Isso é muito importante, Si."
"Eu sei, eu só…"
"Você está brincando, isso é INCRÍVEL! " Michelle exclamou.
"Droga, Sienna, sempre tentando me superar!" Mia provocou.
Suspirei, sem saber como explicar isso.
O problema era que nenhuma das meninas sabia meu segredo. Ninguém
sabia que eu ainda era virgem. Então, como eu poderia enquadrar isso de uma
maneira que eles entendessem?
"Ele não perguntou", eu disse. "Ele só… me mordeu, como se eu fosse
sua propriedade e ponto final."
"Si", disse Michelle, balançando a cabeça. "Eu sei que você gosta de fazer
suas próprias regras. Mas, cara, eu mataria por uma chance de transar com o
Alfa. Está brincando? Eu faria o que ele quisesse. Além disso, agora que ele
marcou você, não é como se você tivesse escolha, certo? Não há ninguém com
quem vocês possam dormir pelo resto da temporada."
E agora eu podia ver que, apesar de Michelle ser dupla com Ross para a
Bruma, havia um pouco de ciúme em seus olhos. Principalmente pelo status,
imaginei.
Ninguém, nem Michelle, nem Mia, nem Erica, entenderia.
Eu estava tentando encontrar um jeito de mudar de assunto quando recebi
um texto que deixou tudo ainda pior.
Se isso fosse possível.

Selene: Adivinha o que acabou de chegar pelo correio,


mana.
Selene: Um convite do Alfa dirigido a VOCÊ.
Selene: Eu falei pra mamãe parar, mas você sabe que ela é
tão intrometida
Sienna: O que é?
Sienna: O que ele quer?
Selene: Si...
Selene: Ele quer que você vá morar com ele.

Eu não aguentei.
Antes que eu soubesse o que estava acontecendo, me levantei de um salto e
corri da lanchonete sem me despedir das meninas. Mesmo o ar frio lá fora não
conseguia controlar a raiva crescendo dentro de mim.
Primeiro, ele me marcou sem minha permissão. Ele tirou qualquer
esperança que eu tivesse de encontrar meu verdadeiro companheiro.
Então, ele me chamou como se eu fosse seu animal de estimação. O
mundo estava virando de cabeça para baixo e só eu parecia ser capaz de ver
com clareza.
Por um segundo, pensei que poderia me transformar ali mesmo. Rasgar
minhas roupas no meio de um cruzamento movimentado. Tornar-me meu eu
mais animal e violento.
Era assim que eu queria machucá-lo.
Eu podia imaginar minhas presas rasgando sua garganta.
Mas assim que comecei a me mexer, quando vi os cabelos começando a
brotar em minhas mãos, minhas unhas se alongando, minha espinha se
dobrando, parei.
Não.
Eu iria enfrentar Aiden Norwood cara a cara em sua Casa da Matilha e
colocar um fim nisso de uma vez por todas. Ele era o Alfa, sim, mas isso não
era desculpa.
O Alfa estava prestes a descobrir exatamente com quem ele estava se
metendo.
Capítulo 8 - O Confronto
Sienna
Marchei direto para a Casa da Matilha, onde tinha certeza de encontrar
Aiden. Quando cheguei ao portão de entrada, parei para cheirar o ar.
Tudo cheirava a lobisomens e humanos, a vegetação e veículos fumacentos.
Eu fiz uma careta. Eu senti o cheiro de tudo, exceto o cheiro que eu estava
procurando. Seu perfume.
Era possível que as fêmeas marcadas não pudessem farejar? Isso não seria
uma bela cereja no topo do já chauvinista mundo dos lobisomens?
O guarda me lançou um olhar desconfiado, então abri um sorriso feminino
e fui até lá. "Com licença", eu disse suavemente, "o Sr. Norwood está aqui?"
"Por que você quer saber?"
"Porque eu gostaria de vê-lo. "Normalmente, meu domínio de
conversação, meu traço dominante mais eficaz, teria feito o truque, mas este
guarda parecia ter sido treinado para resistir a isso.
"Você já marcou hora?" ele perguntou em um tom condescendente.
"Muitas meninas querem ver o Sr. Norwood."
Eu não tinha tempo para aquela conversa. "Você vai me deixar entrar", eu
rosnei. "Agora." Quando minha expressão escureceu, permiti que um dos
meus dedos se transformasse em uma longa garra negra. Eu não precisava
ameaçá-lo. O guarda sabia exatamente com o que estava lidando.
Atrapalhando-se para mostrar seu cartão-chave, o guarda abriu o portão.
"Obrigada", eu respondi, minha mão retornando à sua forma humana.
E com isso, passei por ele, entrando nas instalações da Casa da Matilha.
Eu invadi as portas da frente com uma nova raiva queimando dentro de
mim, meus olhos de lobo brilhando em azul dentro da minha forma humana.
Aiden saberia que ele marcou a mulher errada.
A multidão se separou enquanto eu me dirigia para as escadas. Antes de
subir os degraus, parei e farejei por ele novamente.
O primeiro cheiro a me atingir foi o odor estéril da sala, em seguida, os
cheiros dos outros lobisomens e humanos.
Soltei um rosnado frustrado até que, de repente, uma lufada de essência
amadeirada, aroma de grama e coquetel de frutas cítricas me atingiu. A
fragrância era hipnotizante. Isso picou minha pele e me deu água na boca, mas
eu sacudi esses encantos aromáticos.
Aiden Norwood pensou que poderia me dar ordens como uma fã babona
porque ele era o Alfa. Ele não poderia estar mais errado.
Segui o cheiro até o terceiro andar, onde cheguei a uma grande porta de
carvalho. Eu ouvi vozes abafadas do outro lado. Eu coloquei meu ouvido na
porta. Eu o tinha encontrado. O Alfa.
Aiden
Eu me inclinei na minha cadeira enquanto Josh andava pela sala,
preparando-se para algum tipo de grande discurso.
Eu estava apenas prestando atenção pela metade. Outra coisa havia
estimulado meus sentidos.
Jocelyn, Nelson e Rhys olharam em silêncio. Eles sabiam que não deveriam
interromper Josh quando ele estava prestes a entrar em ação.
"Josh, desembucha", eu rosnei.
"Aiden", ele começou, inclinando-se na minha mesa", estamos
preocupados com você, e não somos apenas nós. Outros membros do bando
estão começando a notar. Não são apenas boatos e fofocas agora. As pessoas
estão questionando sua capacidade de liderar. Eles acham que você está
comprometido. Um bando não pode funcionar quando seus membros
começam a questionar seu alfa."
Eu me mexi na cadeira, flexionando meus músculos, caso ele tivesse
esquecido minha força. " Josh, não há razão para se preocupar. Eu encontrei
alguém."
"Você marcou uma garota de dezenove anos que mal conhece. Como não
devo ficar preocupado depois disso? Você deveria estar procurando uma
companheira, não brincando com uma adolescente deslumbrada."
"Você também não a conhece", interrompeu Jocelyn. "Não é justo para
você julgá-la."
Josh olhou para Jocelyn, franzindo os lábios. "Não estou tentando colocar
a garota em julgamento. Só estou dizendo que o futuro da Matilha é mais
importante que qualquer um de nós."
"Aiden faria qualquer coisa pela Manada. Você está questionando sua
liderança? " perguntou Rhys, ficando na defensiva.
Como sempre, Jocelyn foi rápida em acalmar a todos. "Duvido que Josh
quisesse questionar a lealdade de alguém, mas ele menciona um ponto
importante. Aiden, o que você vai fazer?"
"Essa melancolia ficou para trás agora, eu prometo."
Pensei em dizer a eles a verdade, mas talvez ainda fosse cedo. Eu não podia
me dar ao luxo de deixar isso escapar. Mas eu conhecia Josh e não podia
continuar contando com ele.
"Tudo que eu quero é que você seja honesto com a gente", respondeu
Josh. "O que está acontecendo com você ultimamente?"
Antes que eu pudesse responder, um estrondo estilhaçou o ar e a porta do
escritório se abriu.
Sienna
Com meu lobo em total controle, entrei na sala. A vinte passos de
distância, atrás de uma mesa enorme, estava sentado o homem que eu vim ver.
Ele não estava sozinho, mas eu não me importei.
Os olhos de todos se voltaram para mim, incluindo os de Aiden, que
estavam lindos como sempre.
Apesar da minha entrada, ele não parecia surpreendentemente surpreso
com a minha chegada. Ele deve ter me cheirado no momento em que entrei
pelas portas da Casa da Matilha.
Minha raiva finalmente atingiu o ponto de ebulição e soltei um uivo feroz
que sacudiu a sala.
"Você", eu rosnei, mostrando meus dentes e sustentando seu olhar,
desafiando-o. Os olhos de Aiden se estreitaram quando ele se levantou e saiu
de trás da mesa para me encarar.
"Eu estava me perguntando quando você iria aparecer", disse ele. "Mais
cedo do que eu previ. Fico lisonjeado."
Se eu estivesse totalmente mudada, meu pelo teria arrepiado com sua
arrogância. "Lisonjeado? É isso que você pensa que é? Que estou aqui por
você? "Eu rosnei, sem quebrar o contato visual.
"Por que mais você estaria aqui? No meu escritório? Cercado pela minha
liderança?"
"Para te mostrar", cuspi", não tenho medo de você.
Agora, Aiden levantou uma sobrancelha, dando um passo lento para
frente. "Não? " ele disse. "Talvez você devesse ter."
Senti um tremor de mal-estar descer pela minha espinha. Os olhos do
homem eram inebriantes. Mas seu rosnado era o de um predador carnívoro.
Eu não seria sua presa.
"Você pode ser o Alfa", eu disse lentamente, mas eu não pertenço a você."
"Essa marca em seu pescoço diz o contrário."
Eu tive o suficiente de seus jogos. Alfa ou não, ninguém falava assim
comigo e se safava.
Minhas garras cortaram seu pescoço, mas ele agarrou meus pulsos antes
que eu pudesse afundá-los em seu pescoço. Eu estava prestes a jogar um
joelho quando ele me girou e me prendeu em sua mesa.
Seus quadris pressionaram contra mim enquanto uma mão segurava a
minha e a outra segurava minha mandíbula fechada.
"Fora", ele retrucou, e por um segundo, pensei que ele se referia a mim até
que ouvi passos e me lembrei de que havia outras pessoas na sala. Agora
estávamos completamente sozinhos.
Ele se inclinou para que eu pudesse sentir o calor de sua respiração no meu
pescoço. "Controle o seu lobo", ele ordenou.
Eu não estava pronto para ceder e rosnei entre os dentes. Ele me agarrou
com mais força e se pressionou contra mim, fazendo minha Bruma ganhar
vida.
"Mulher", ele murmurou, pairando seus lábios sobre a marca que ele me
deu. "Eu disse que você era minha, e foi pra valer. Aceite, desista."
Rosnei de novo, mas desta vez com menos convicção.
Ele podia sentir minha Bruma assumindo o controle e estendeu um dedo,
provocando meu lábio inferior.
Um suspiro suave escapou da minha boca. Meus olhos se fecharam
enquanto a ponta do dedo dançava em meus lábios molhados.
"Assim está melhor", ele começou novamente, engolindo minha marca
com sua boca, fazendo meu abdômen se contrair, endurecendo meus mamilos,
me deixando em chamas.
Antes que eu percebesse, meu lobo havia recuado e tudo o que restou foi a
Bruma e suas demandas carnais. Maldito seja.
"Eu não quero lutar com você", disse ele, tirando os lábios da minha pele
quente", mas nunca me desafie publicamente novamente."
"Mas desafiá-lo em particular eu posso? "Eu murmurei, lutando contra os
tremores que me rasgaram enquanto a ereção crescente em suas calças
esfregava contra o meu sexo dolorido.
Ele riu, o som inebriante e o arfar em seu peito enviando arrepios pelo
meu corpo. "Ah, estou contando com isso", disse ele, sua voz me acariciando
em todos os tipos de lugares. "É por isso que eu marquei você."
"Então, isso é apenas um jogo para você?" Eu atirei de volta, tentando me
livrar de seu aperto. "Você não está se divertindo?" Ele provocou, dando um
beijo quente no meu pescoço.
Claro! Que idiota fui ao pensar que ele pode realmente estar interessado
em mim quando a realidade era que eu não era nada mais do que um novo
desafio.
Outra mulher submissa para ele dominar e então se gabar para seus
amigos. Bem, eu não estava prestes a ser sua diversão pequena diversão para a
temporada.
A Bruma que ganhou vida momentos atrás desvaneceu-se tão
violentamente quanto havia surgido. Se ele queria uma perseguição, ele
conseguiria uma.
De agora em diante, era minha missão fazer de Aiden Norwood o
lobisomem mais frustrado sexualmente em toda a América do Norte. "Não,
para falar a verdade, não estou", eu disse rigidamente. "Solte-me."
Ele se apertou mais perto. "Você vai morar comigo?"
"Não." Que idiota.
Ele riu de novo, só que dessa vez me deu vontade de socar seu rosto.
"Achei que não. Parece que vou ter que pegar você primeiro."
"Pelo menos um de nós acha graça", respondi. "Agora saia de cima de
mim. Não direi por favor de novo."
"Como você deseja", disse ele, aliviando a pressão em meu corpo", mas
mais cedo ou mais tarde, a Bruma vai bater em você novamente e você
desejará meu toque como nunca antes."
Eu me levantei e o empurrei para fora do caminho. Um leve sorriso em seu
rosto me provocou. "Você pode tentar me pegar, Alfa, mas não espere ter
sucesso."
Eu me virei e saí pela porta, ouvindo-o me insultar enquanto eu saía.
"A caça começou..."
Capítulo 9 - A Visita Surpresa
Sienna
Quando cheguei em casa, minha mãe estava radiante. "Selene me disse que
você fez uma pequena visita à Casa da Matilha hoje para ver alguém especial."
Sim, ele certamente era especial. Um tipo especial de repulsivo. Se ela
soubesse o idiota arrogante que Aiden era na verdade.
"Você não deveria acreditar em tudo que Selene diz", eu respondi, fazendo
uma pausa para o meu quarto, mas não fui rápida o suficiente.
"O que é isso no seu pescoço? "minha mãe gritou.
Merda, eu tinha esquecido completamente de me cobrir antes de voltar
para casa. "Eu... uh..."
"Oh, vamos lá, querida. Eu sou sua mãe. Eu sei de tudo." Ela riu.
"Michelle abriu o bocão, não foi? " Suspirei.
"Não culpe a Michelle. Eu teria preferido ouvir da minha própria filha, mas
alguém anda cheia de segredinhos ultimamente", ela repreendeu. "Mais alguma
coisa que você gostaria de contar?"
Eu olhei para minha mãe, me odiando um pouco.
Ela só queria estar perto de mim, saber o que estava acontecendo no meu
mundo. Era de seu feitio ser sempre franca. Selene herdou esses genes 100 por
cento.
Mas eu? Quando fui adotada, tinha alguns traços que eram completa e
totalmente meus.
Isso incluía meu cabelo ruivo, meu hábito de guardar segredos, e, é claro,
meu domínio não tão sutil sobre as pessoas.
Quando pensei sobre essas diferenças entre mim e minha mãe, meu
coração doeu um pouco.
Quem me fez assim? Meus pais misteriosos estavam por aí em algum lugar.
Eu me perguntei se eles eram igualmente ruivos. Eles também eram
secretos? Mais importante ainda, eles eram, como eu, excepcionalmente
poderosos?
"Não tenho mais nada para contar", eu menti, deixando de lado todos
esses pensamentos dispersos.
Eu não estava prestes a revelar que era o "desafio" de Aiden Norwood
para a temporada. Além disso, pessoas suficientes tinham me visto invadir a
Casa da Matilha pela metade que ela provavelmente tinha uma boa ideia do
que tinha acontecido.
"Por que você está tão mal-humorada? Você deveria estar radiante. Ser
marcada pelo Alfa, é grande coisa, e pouca gente tem chance de, bem, você
sabe", ela disse, piscando.
"Eca, nojento", eu cuspi.
"Sienna, eu não entendo. Ele é tão lindo. Qual é o problema?"
"Então, por que você não vai fazer sexo com ele?" Eu retruquei, passando
por ela e batendo a porta da frente atrás de mim.
Eu precisava ficar longe de todos antes de explodir. Eles só conheciam o
Aiden Norwood de suas fantasias, aquele que viam à distância.
Nenhum deles o conhecia como eu. O Alfa egocêntrico que marcava
garotas apenas para se divertir. Sem mencionar essa Bruma estúpida que me
fazia derreter sempre que ele chegava perto.
Queria voltar no tempo e nunca mais ir àquele jantar idiota. Minha vida
tinha sido muito mais fácil, meu segredo muito mais seguro.
Em tempos como esses, eu recuava para o rio para clarear minha cabeça,
mas aquele era mais um lugar que Aiden havia arruinado para mim.
Eu tinha apenas um refúgio para recorrer: a pequena galeria de arte na
parte alta da cidade que descobri com Emily durante uma de nossas
caminhadas.
O lado de fora não era nada mais do que uma velha porta de metal com
pintura azul escamosa. Você passaria direto se não estivesse procurando por
ele.
Corri para lá o mais rápido que minhas pernas conseguiram me levar.
Desabei no banco de couro vermelho da galeria, exausta. Meu peito arfou
enquanto tentava recuperar o fôlego. Eu comecei a tirar meu casaco quando
meu bolso vibrou.
Michelle: ei! Você está bem?
Michelle: sua mãe disse que você saiu correndo de casa
chateada Sienna: Sim, estou bem.
Michelle: certeza? você estava mal-humorada no brunch
Michelle: você está me escondendo alguma coisa
Michelle: tem a ver com o Aiden, não é?
Sienna: Já falei, não quero falar sobre isso
Sienna: Minha mãe estava me fazendo todas essas perguntas
Sienna: E eu tive que fugir
Michelle: Sim, o que está pegando de verdade?
Michelle: pode me contar
Sienna: Vou estar melhor amanhã, prometo
Sienna: Só preciso esfriar a cabeça
Michelle: cadê você?
Sienna: Eu fui passear na parte alta da cidade
Michelle: vamos nos encontrar e conversar
Sienna: Eu meio que quero ficar sozinha agora
Michelle: mande-me uma mensagem quando chegar em
casa, ok?
Sienna: Claro
Michelle: Estou aqui se precisar, vaca Bjs

Michelle tinha boas intenções, mas era alucinada demais por homem para
entender. Foi por isso que sempre gostei de ter Emily a quem recorrer.
Eu poderia dizer qualquer coisa a ela, e ela apenas ouviria. Nunca me senti
sendo julgada quando conversava com ela.
A arte na galeria era uma colagem de várias mídias diferentes. Alguns eram
paisagens urbanas, enquanto outros eram retratos abstratos de pessoas
comuns.
Um em particular encapsulou perfeitamente minhas emoções atuais. Era
uma litografia de uma jovem em sua melhor roupa de domingo. Ela tinha um
olhar distante que se conectou comigo, uma confusão de lixo e objetos
variados, que a artista havia colado na tela, jorrando de sua cabeça.
A porta se abriu atrás de mim e eu senti uma lufada de ar frio atingir minha
pele. O cabelo da minha nuca se arrepiou. "Que joia escondida", disse uma
voz familiar.
Virei-me para ver Jocelyn, ainda tão radiante quanto no jantar da Casa da
Matilha. Ela havia trocado o vestido e os saltos por jeans e um casaco de
inverno chique.
Eu me perguntei se ela estava usando isso quando entrei para confrontar
Aiden. Eu estava enfurecida demais para reparar. Seu cabelo castanho
ondulado caía em cascata por seus ombros, e o ar fresco do outono tingia suas
bochechas fortes de um rosa sutil que acentuava seus lábios de cereja.
"Não fique tão surpresa", disse ela, sentando-se ao meu lado no banco.
"Rastrear lobos faz parte do meu trabalho."
"Você estava procurando por mim? "Eu perguntei, sem saber o que alguém
como Jocelyn iria querer com alguém como eu.
"Eu não seria uma Curandeira lá muito boa se não soubesse que você
precisava de alguém com quem conversar depois do que acabou de acontecer."
Ela deu um sorriso lindo e de tirar o fôlego que imediatamente me deixou
à vontade. Ela não tinha vindo para me julgar. Ela tinha vindo para ouvir.
"O que ele te falou? "Eu perguntei, com vergonha de olhar nos olhos dela.
"Aiden não me disse nada. Mesmo se tivesse dito, seria apenas a versão
dele."
Ela fez uma pausa, esperando que eu dissesse algo, mas eu não tinha
certeza se estava pronta para confiar nela completamente. Afinal, ela era a ex-
amante de Aiden e ainda uma de suas conselheiras de confiança.
"Você conseguiu colocá-lo na coleira, algo que nenhuma mulher jamais
conseguiu fazer."
Eu pisquei. "Na coleira?"
Sua risada se intensificou. "Você tem noção, não é?"
Eu pausei. "Noção de que?"
Ela sorriu maliciosamente, o que estava fora de lugar em seu rosto
normalmente compassivo.
"Está todo mundo falando de você", ela continuou. "Você é a primeira
mulher a desafiar a Bruma do Alfa."
O que ela quis dizer com "a primeira"? Certamente, se alguém como eu
conseguia deixá-lo irritado, ele devia estar enlouquecendo com uma mulher
como Jocelyn.
"Não é todo mundo que sofre perigo na temporada?" Eu perguntei.
"Como poderia ser a primeira vez dele?"
O sorriso de Jocelyn se alargou. "A maioria das regras do lobisomem não
se aplica aos alfas. Eu curei alguns ao longo dos anos, e posso te dizer... no
meio da temporada? Alfas tendem a não ser afetados pela Bruma. Eles têm um
controle de ferro, e mesmo se não o tivessem, as mulheres que marcam quase
sempre aliviam sua Bruma antes que fique crítica... Pelo menos em geral"
"Então, o que você está dizendo é que sou a primeira mulher a rejeitá-lo e
agora ele está se sentindo... frustrado?"
"Exatamente." Ela acenou com a cabeça. "Você se tornou uma espécie de
lenda no círculo interno. Depois daquele show no escritório? Josh e o resto da
liderança mal podem esperar para conhecê-la adequadamente. "Mas", ela
continuou, seu rosto sério, "você não pode evitar a cama de Aiden para
sempre."
"Por que não? " Eu perguntei.
"Porque sua Bruma chegará a um ponto em que ele não poderá mais
controlá-la, e quando chegar no limite, bem..."
Ela não precisou entrar em detalhes. Aiden iria me caçar até que ele
conseguisse o que queria. Estremeci ao perceber que tinha perdido toda a ação
sobre meu corpo no segundo que aquele filho da mãe afundou os dentes em
meu pescoço.
"Ele não deveria ter me marcado", eu disse, irada. "Ele deveria ter me
conhecido primeiro e pedido meu consentimento."
"Honestamente, ele geralmente conhece suas parceiras primeiro",
respondeu Jocelyn. "Mas você realmente deve ter mexido com os sentidos
dele."
"Mesmo? " Meus olhos se arregalaram de descrença. "Então, por que essa
temporada foi a exceção? Ele ficava entediado com as mulheres se ajoelhando
para ele sempre que queria?"
Eu vi um toque de dor nos olhos de Jocelyn e imediatamente me arrependi
do que eu disse. "Me desculpe, eu não quis dizer isso. Eu estou apenas..."
"Está tudo bem. Eu sei que você não quis dizer isso como um insulto.
Estar com o Alfa é um prato cheio, especialmente agora. Aiden não tem sido
ele mesmo nos últimos meses. Tenho certeza de que você já ouviu falar a
respeito", disse Jocelyn.
"Sim, minha mãe é a fofoqueira da cidade", eu disse, revirando os olhos.
"O Alfa tem muito a fazer. E até que ele esteja acasalado, sua força, e a
força de nossa matilha, estará ameaçada."
"Mas Aiden e eu não somos companheiros", retruquei.
"Talvez, mas ele ainda tem uma Bruma que precisa ser controlada. É
divertido vê-lo se contorcer, eu sei, mas pense na Matilha."
"Isso é mesmo responsabilidade minha? "Eu perguntei, cética.
"Eu também me fiz a mesma pergunta, Sienna. Isso é você quem decide.
Eu posso te dizer isso. Eu amo meu Alfa e só quero o que é bom para ele. Ele
é um bom homem. Você verá se der a ele uma chance de provar isso."
A conversa não levou o rumo que eu esperava, mas eu poderia dizer que
Jocelyn era sincera em sua preocupação por Aiden.
Ainda assim, isso não desculpou sua atitude e o que ele disse para mim em
seu escritório.
"Vou considerar o que você disse, mas ele precisa ceder também. Ele tem
que me respeitar."
"Deixe-me falar com ele", respondeu Jocelyn. "Ele vai entrar na linha se
tiver algum juízo. Tenho a sensação de que você é diferente, Sienna." E antes
que eu percebesse, Jocelyn tinha seus braços em volta de mim em um abraço
reconfortante.
"A gente se vê por aí", disse ela, levantando-se.
"Sim, eu tenho certeza."
Quando Jocelyn saiu, eu ainda me sentia quente por dentro. Seu toque de
cura realmente fez maravilhas. Se uma mulher como aquela pudesse ser
amante de Aiden, ele não poderia ser de todo mau.
Eu não iria perdoá-lo, ainda não, mas entendia a realidade da minha
situação e, se tivesse que ir até o fim, poderia muito bem me esforçar para
conhecê-lo.
Meu telefone vibrou novamente. Desta vez foi minha mãe.

Mãe: Sienna, você precisa voltar para casa agora mesmo! É


uma emergência.
Sienna: O que aconteceu? Papai está bem?
Mãe: Papai está bem, mas venha pra casa rápido
Sienna: Ok, estou na parte alta da cidade
Mãe: Te vejo em breve!

Minha mãe não chamava nada de emergência, a menos que fosse sério.
Então decidi ir de táxi para casa.
Quando paramos em minha casa, notei um Audi preto estacionado do lado
de fora. Eu nunca tinha visto isso antes e me perguntei a quem poderia
pertencer.
Meu coração estava disparado enquanto corria para a porta da frente e a
abri.
"Mamãe? Mamãe? Estou em casa. Onde você está?"
"Estamos aqui!" ela chamou da sala, bastante calma e agradável.
Tinha algo de estranho. Eu cheirei o ar, e um almíscar amadeirado
perfurou minhas narinas, fazendo uma erupção de calor entre minhas pernas.
Virei a esquina e, com certeza, sentado no sofá apreciando uma xícara de chá
estava ninguém menos que Aiden Norwood.
Capítulo 10 - O Encontro
Sienna
"Achei que você tinha dito que era emergência", eu disse, fuzilando minha
mãe com o olhar.
"E estragar a surpresa? Eu estava mostrando ao Sr. Norwood algumas das
fotos de quando você era bebê. Ela não era uma graça?"
"Sim, mesmo assim, você poderia dizer que ela cresceu para ser uma
mulher forte e bonita", ele respondeu, lançando seus hipnotizantes olhos
verdes com listras douradas em minha direção. "Este chá é delicioso, Sra.
Mercer."
"Por favor, me chame de Melissa", ela respondeu com uma risadinha. Eu
queria vomitar. Minha própria mãe estava mais apaixonada pelo meu parceiro
do que eu. Aposto que ela pensou que eu iria acasalar com Aiden até o final da
temporada, mas eu olhei em seus olhos várias vezes agora, e o reconhecimento
nunca ocorreu.
Ele estava apenas me usando, afinal.
"Se divertiu na parte alta da cidade?" ele perguntou, exibindo um sorriso
diabolicamente bonito. Por que ele se importou? Ele sabia sobre Jocelyn?
"Foi tudo bem", eu respondi, tentando não deixar sua aparência me
hipnotizar.
Não ajudou que sua camisa agarrasse cada centímetro de seu peito largo e
braços protuberantes ou que sua calça jeans se ajustasse confortavelmente em
torno de suas pernas poderosas e definidas.
Por seu sorriso maroto, eu poderia dizer que ele sabia que eu estava
lutando para impedir que minha Bruma explodisse. "Acho que nunca te vi de
cabelo preso. Combina com você, especialmente com a marca no seu
pescoço."
Eu tinha esquecido completamente que puxei meu cabelo em um rabo de
cavalo frouxo quando cheguei à galeria. Fios crespos e varridos pelo vento
estavam por toda parte. O suor seco grudou em minhas têmporas.
Eu estava descabelada e feia, e ele sabia disso. E, claro, o filho da mãe
arrogante estava admirando o seu trabalho.
"O que você está fazendo aqui?" Eu perguntei, não me importando com as
formalidades. Acho que, depois desta tarde, seria inútil tentar agir
civilizadamente. "Vim com uma missão", disse ele, divertido. "Quero conhecer
mais sobre você e sua família. Percebi esta tarde que mal nos conhecemos."
Claro que não. Você me marcou do nada.
Ainda assim, essa mudança de tato me fez pensar que Jocelyn havia
transmitido minha mensagem de que era melhor ele se preparar. Foi bem rápido,
pensei. Eu cruzei meus braços e dei a ele um olhar irritado. "E qual é o
plano?"
Com os olhos arregalados, vi quando ele se levantou e pegou minha mão.
"Sienna, você gostaria de se juntar a mim para jantar esta noite? O idiota estava
me cortejando e, caramba, estava funcionando.
De repente ele estava tão educado. Provavelmente por causa da presença
da minha mãe. Ela parecia que poderia ter morrido ali mesmo e ido para o céu.
Minhas bochechas coraram e meu coração bateu tão forte que ele
provavelmente ouviu. Fiquei encantada. Profundamente encantada. Talvez
Jocelyn estivesse certa sobre ele.
Talvez Aiden Norwood merecesse uma chance.
"Não estou vestida para a ocasião", falei, tentando protestar.
"Nem eu", disse ele, sorrindo. "Nós cuidaremos disso. Vamos?"
Talvez possamos, pensei. Mas eu iria torturá-lo. Eu não ia desistir tão
facilmente. Finalmente, eu balancei a cabeça.
"Sim", respondi. Então, pensando que é melhor limitar minhas apostas.
"Só desta vez." Aiden riu e balançou a cabeça, divertido pela minha contenção
contínua. Sem outra palavra, ele me conduziu para fora em seu carro e
partimos.
Eu sabia que não deveria deixar o Alfa me pegar. Mas, até então ele tinha
sido educado, calmo, até mesmo um cavalheiro. Para que complicar as coisas
quando elas podiam ser simples?
O caminho foi silencioso e rápido. Aiden parou em uma boutique e
entramos.
Eu ainda estava em guarda, mas achando mais fácil a cada segundo estar
perto dele.
A vendedora deu um sorriso apaixonado. "Em que posso ajudá-lo, Sr.
Norwood? " ela sibilou. Nós duas nos encaramos, e seu sorriso mudou
imediatamente para uma carranca.
Acho que alguém queria o Sr. Norwood só para ela.
Vinte minutos atrás, eu teria deixado ele para ela, mas me senti
estranhamente possessiva por um segundo. Antes que eu pudesse me conter,
meu lábio se curvou em um rosnado.
A vendedora desviou o olhar rapidamente. Eu pisquei. O que havia de
errado comigo? Não valia a pena se preocupar com o alfa. Controle-se, Sienna!
"Você pode me ajudar a procurar algo?" Eu perguntei a ela, tentando
oferecer uma bandeira branca. Ela assentiu bruscamente e me levou a uma
fileira de lindas peças de seda.
Escolhi um vestido azul marinho e fui para o vestiário. O vestido era justo,
destacando todos os meus atributos e complementando minha pele de marfim.
A vendedora empurrou um par de sapatos brancos por baixo da cortina.
Eles se encaixaram perfeitamente. Soltei meu cabelo e corri meus dedos por
ele até que tudo estivesse domado.
Dei uma última olhada em mim mesma no espelho antes de sair. Eu estava
ótima.
Os olhos de Aiden não pareciam se mover. Seu olhar fumegante percorreu
meu corpo da cabeça aos pés, demorando-se em meus quadris e peito por um
segundo a mais.
"Você está... de tirar o fôlego", disse ele, os olhos brilhando.
Minha Bruma, graças a Deus, estava sob controle pela primeira vez. Não
que isso fizesse sentido. Nunca tínhamos compartilhado um momento como
este antes.
Deveria estar em chamas. Mas, em vez disso, me vi corando e desviando o
olhar. Não estava excitada. Foi estranhamente... legal. Quase fofo. Foi quando
percebi que Aiden também havia se trocado.
Ele usava uma calça azul justa que deixava pouco para a imaginação e uma
camisa branca de colarinho feita à medida da perfeição. O homem era
devastadoramente bonito.
Depois que ele pagou pelo vestido e pelos saltos, voltamos para o carro,
dirigindo em direção ao centro da cidade.
Estacionamos em frente ao restaurante mais badalado da cidade e, depois
de abrir minha porta, ele me conduziu para dentro com uma das mãos na
nuca. No momento em que passamos pela porta, os olhos de todos se
voltaram para nós.
Alguns ficaram chocados, outros com inveja, mas eu realmente não me
importei. Eu estava gostando tanto da noite que não havia nada que pudesse
me distrair.
A anfitriã nos levou a uma mesa íntima no canto mais distante, longe dos
olhos curiosos dos outros clientes.
Sentamos um em frente ao outro e meu corpo ficou tenso quando Aiden
se aproximou.
"Tão ruim assim? " ele perguntou.
"Depende", eu disse, e ele ergueu uma sobrancelha, "de quão boa é a
comida." E então rimos os dois. E percebi o quanto precisava aprender sobre
o Alfa. Eu nunca pensei que ele fosse capaz de ser tão descontraído. Ele era
um líder. Um homem a ser temido. Mas naquele momento, não.
Só então, Aiden pegou minha mão.
Eu hesitei por um segundo. Mas então eu o deixei pegar.
Nós dois estávamos no piloto automático, parecia. Não houve palavras,
motivos ou agendas claras para definir o que aconteceu a seguir.
Aiden trouxe minha mão até seus lábios macios e beijou as costas dela.
Eu respirei em choque, quando seu beijo fez a Bruma entrar em erupção,
espalhando-se pelo meu corpo, fazendo minha pele ficar tensa com
antecipação, inchando meu sexo, umedecendo minha calcinha.
Ele olhou para cima através de seus cílios, olhos cheios de surpresa e fome
aparente, sua Bruma faiscando com a minha.
Nenhum de nós planejou que acontecesse assim. Mas estava acontecendo.
E agora eu não sabia se seríamos capazes de pará-la.
"Sienna, você é..."
"Eu sei", eu respirei, lambendo meus lábios. "Você é muito... Sr.
Norwood."
"Aiden", ele rosnou de fome "me chame de Aiden."
"Aiden." Eu provei seu nome na minha boca, fechando meus olhos e
arfando. "Oh Deus, Aiden. Estou com tanto calor."
Ele rosnou mais forte desta vez. "Se continuar assim não vamos passar
nem do couvert."
Na verdade parecia boa ideia, mas algo dentro da minha cabeça continuava
me incomodando, cutucando, tentando me tirar da minha Bruma. Esta não era
uma Bruma normal. Não, era como se eu mal me reconhecesse agora.
Com um beijo na minha mão, Aiden apagou tudo que eu pensava como
eu. Meu passado. Meus desejos. Meus medos.
Todos eles se foram. Eu estava hipnotizada.
Uma parte de mim sabia que isso era errado, mas eu não queria que o
sentimento parasse. Eu não queria interromper a tensão que crescia dentro de
mim enquanto sentia o cheiro desse homem de dar água na boca.
Mal notamos quando o garçom que veio anotar nossos pedidos. Aiden
pediu algo chique, mas o único prato que eu queria provar não estava no
menu.
Ele estava sentado à minha frente.
Pare! A voz de Emily estava de volta. Pare, Sienna! Guarde-se para o seu
companheiro!
"Ah, pelo amor de Deus, cale a boca! " Eu disse em voz alta, sem querer.
Aiden me deu um olhar questionador. "Você está ficando louca?"
"Você me deixa louca", eu respondi sedutoramente, um conjunto de lábios
se abrindo, o outro apertando. "Então é assim?" ele disse, os olhos brilhando.
"Eu pensei que você queria ser caçada." Espere, ele pensou que eu queria ser
caçada? Foi isso que ele entendeu da nossa conversa?
Antes que eu pudesse protestar, sua mão enrolou em volta do meu pulso e
levou minha mão ao rosto. Tudo em minha cabeça se espalhou ao vento. "Sua
pele é tão macia", ele murmurou, beijando minha palma. "Tão sedosa e macia.
Quero colocar minha língua em cada centímetro do seu corpo."
Meu rosto corou e eu gemi quando ele deslizou um dos meus dedos em
sua boca.
Algo está errado! Pare!
Como algo pode estar errado?
"Sienna." O som do meu nome me fez pular. "Mal posso esperar. Eu
quero você agora."
Olhando em seus olhos, eu o queria também. Eu não me importava onde
ou como, mas queria cada centímetro dele. "Pode me levar."
Em um instante, fui arrancado da cadeira e tropecei em uma sala mal
iluminada dos fundos.
Abrindo minhas pernas, ele envolveu suas mãos fortes sob minhas coxas e
me prendeu na parede. Sua boca massageou a mordida.
Eu nunca tinha sido beijada na boca antes na minha vida. Mas nos últimos
dias, meu pescoço estava recebendo atenção mais do que o suficiente para
compensar isso.
Eu gemia de prazer quando uma das mãos de Aiden deslizou entre minhas
pernas, as pontas dos dedos provocando minha coxa.
Ele avançou mais e mais perto até que eu estava pronta para gritar. "O que
você está esperando? " Eu gemi, minhas pernas tremendo.
Seus dedos pressionaram contra minha calcinha molhada e uma onda de
prazer turvou minha visão.
Eu me toquei lá inúmeras vezes. Mas não era nada como sentir as mãos de
um homem, as mãos de Aiden, em mim.
Eu adentrei a Bruma mais forte que já experimentei quando a voz voltou,
clamando em minha mente.
Lembre-se da sua promessa!
Eu saí da minha Bruma como alguém saindo de um transe. O prazer que
senti foi transformado em puro terror quando empurrei Aiden de cima de
mim e corri para fora da porta.
Cheguei à floresta e continuei andando pelo que pareceram quilômetros.
Parei para descansar quando cheguei a uma clareira nas árvores, mas minha
trégua durou pouco. Uma rajada de vento trouxe um cheiro familiar ao meu
nariz.
Era Aiden, e ele estava vindo direto para mim.
Capítulo 11 - O Espectro
Sienna
Do outro lado da clareira, outro lobo irrompeu por entre as árvores. Ele
era enorme, o maior lobo que eu já tinha visto, e seus olhos castanhos
dourados estavam fixos em mim.
Eu rosnei, mostrando meus dentes. Eu não me importava se despertasse
sua ira. Ele não me teria. Ele não se incomodou com minha exibição e se
aproximou, tentando me fazer encolher com sua enormidade.
Mas o medo que se apoderou de mim não teve nada a ver com seu
tamanho ou minha segurança. Tinha tudo a ver com a maneira como ele podia
me controlar agora que eu estava marcada. Lembrei-me de meus amigos
falando sobre isso durante nossa primeira Bruma, mas obviamente nunca tinha
experimentado isso eu mesma.
Durante a temporada, uma fêmea marcada pode ser prejudicada de forma
não natural por seu macho marcador. Basta um toque especial e ele poderia
tornar sua amante tão perigosa quanto ele. No segundo em que Aiden beijou
minha mão no restaurante, foi isso que aconteceu. Eu vi em seus olhos.
Ele não se importou com os joguinhos, nem de me conquistar de forma
justa. Tudo que ele queria era me comer. Alfa típico.
Talvez fosse só isso que todo o encontro significava. Uma chance de me
ter no meu estado mais indefeso. Uma chance de liberar sua tensão para que
ele pudesse voltar para suas responsabilidades de Alfa.
A voz de Emily tinha sido forte o suficiente para me tirar da Bruma desta
vez, mas e da próxima vez? Como eu poderia escapar de sua cama se ele tinha
tanto poder sobre mim? Aiden se aventurou mais perto, esquecendo que eu
não era uma de suas lobas domesticadas.
Eu não conhecia meu poder total ainda, mas sabia que não o queria mais
perto.
Eu rosnei no fundo do peito do meu lobo. Cai fora, babaca. Cai fora.
Eu enrijeci meus músculos, esperando que ele atacasse.
Nós travamos os olhos, nenhum de nós recuando.
De repente, nossos ouvidos se animaram com o som de patas pisando no
chão da floresta.
Um enorme lobo loiro saltou da linha das árvores atrás de Aiden com uma
matilha de quatro lobos logo atrás. Era Josh, e ele parecia tenso. Algo estava
errado. O que eles estavam fazendo aqui?
O lobo de Josh olhou para Aiden. Fiquei surpresa que nenhum dos dois os
farejou, mas, novamente, estávamos focados nos cheiros um do outro.
Fosse o que fosse, deve ter sido importante porque, a princípio, Aiden
ficou furioso ao ver seu subordinado. Mas em segundos, ele estava circulando
ao redor de sua Matilha, reunindo-os e se comunicando através de grunhidos e
olhares carregados. Ele era um líder natural.
Eu queria saber mais. Será que tinha a ver comigo?
Mas, ao mesmo tempo, eu não ficaria por aí para descobrir se Aiden ainda
estava em perigo. Eu vi minha oportunidade de escapar e fugi para a floresta.
Quando os últimos raios de sol se dissiparam entre as árvores, uma figura
cintilante chamou minha atenção enquanto eu corria. Estar na forma de lobo
tornou minha visão muito mais aguçada do que quando eu era humana, então
parei e pude ver com grande clareza uma mulher com pele branca perolada e
olhos nebulosos de roxo elétrico, azul e cinza. Seu cabelo era preto como breu
e caía pelas costas em ondas angelicais.
Levei um momento para perceber que, enquanto eu estava olhando para
ela, ela estava olhando de volta para mim. Seu rosto de porcelana era
hipnotizante.
Achei Jocelyn linda, mas essa mulher a superou sem sombra de dúvida.
Suas feições e simetria foram formadas com tal perfeição que ela deve ser
algum ser sobrenatural e imortal que desceu à Terra.
Apesar de sua beleza sobrenatural, seu traje era estranhamente mundano.
Ela usava calças largas com estampas de camuflagem e coturnos para
combinar. Sua blusa era uma camiseta cinza simples com uma jaqueta jeans
desbotada jogada por cima.
Eu pensei que talvez ela fosse uma trekker, mas ela não tinha uma mochila
ou qualquer outro equipamento com ela.
Além do mais, não havia medo em seus olhos quando ela olhou para mim.
Ela não era um lobisomem, eu senti imediatamente, mas ela não cheirava
como um humano também.
Quem era esta mulher?
De repente, toda a floresta ficou em silêncio e um tom monótono
começou a ecoar em meus ouvidos. Eu balancei minha cabeça, mas não parou
o barulho.
Eu fechei os olhos novamente com a mulher encantadora. Minha cabeça
doía como se estivesse prestes a se abrir. Eu gritei e pensei que podia ouvir
uma criança gritando em uníssono.
Minhas pupilas dilataram e duas sombras pairaram sobre mim. Eu não
poderia dizer se eles estavam me alcançando ou tentando me machucar, mas
em um instante, eles se foram.
Eu olhei de volta para a mulher assim que ela também desapareceu na
noite, lentamente se tornando invisível como um espectro. O zumbido em
meus ouvidos parou e os sons da floresta voltaram.
A lua estava agora ascendendo ao seu trono noturno, e os sons da floresta
se estabeleceram em seus études noturnos.
Trotei cautelosamente até onde a mulher estivera e não consegui encontrar
nenhum vestígio dela. Eu coloquei meu focinho no ar, mas tudo que eu podia
sentir o cheiro era o almíscar úmido da floresta e as criaturas usuais que a
habitavam.
Eu realmente tinha visto alguém ou minha mente estava me pregando uma
peça?
Se ela fosse real, o que ela queria comigo? Por que ela se exporia e
simplesmente desapareceria? Nada fazia sentido.
Estremeci ao pensar o que teria acontecido se Josh e os outros lobos não
tivessem aparecido ou se tivessem chegado alguns minutos depois. A noite
toda me lembrou o quão pouco eu sabia sobre parceria e as regras que
governam uma loba uma vez que ela é marcada.
Eu conhecia Bruma há apenas três temporadas, enquanto Aiden era um
amante experiente que conhecia todos os truques.
E acima de tudo, ele era um alfa, então seus poderes eram mais fortes do
que os de um macho típico.
Se eu ia ter alguma chance contra ele, precisava descobrir uma maneira de
mantê-lo longe de mim enquanto nos conhecíamos.
Nada disso colaborava com o fato de que eu estava me guardando para
meu companheiro, e Aiden era a coisa mais distante de um companheiro que
eu poderia imaginar.
De que adiantava ter um alfa se ele não conseguia permanecer no poder
sozinho?
Tudo soou um pouco dramático para mim, como uma desculpa elaborada
para dormir com todo mundo até que ele "decidisse" que havia encontrado sua
companheira.
Eu gostaria de poder lutar contra minha natureza de lobo e nunca mais ter
outra Bruma. Foi o que levou Emily a fazer o que ela fez.
Eu nunca iria querer me tornar humano, mas durante a temporada, eu
tinha inveja de seu estado não afetado.
Mulheres humanas não precisavam aturar essa merda. Elas não tinham que
se submeter a serem marcadas e enganadas para dormir com alguém, amante
ou não. Elas nunca se perdiam de si mesmas.
O uivo de outros lobos me tirou dos meus pensamentos. Mesmo tendo um
parceiro, ainda não era seguro para mim estar sozinha em uma parte tão
remota da floresta.
Apenas os machos mais desesperados e não pareados estavam rondando
tão tarde da noite. Eu sabia me cuidar. Eu tinha literalmente acabado de
desafiar o Alfa, mas sabia que teria problemas se mais de um aparecesse em
busca de satisfação.
Da última vez, tive sorte. Era hora de ir embora.
Eu corri de volta para a floresta, em direção à minha casa.
Eu estava quase no limite da floresta quando me ocorreu que eu tinha
rasgado o vestido que Aiden tinha comprado para mim e jogado fora em
algum lugar ao longo da estrada.
Em outras palavras, eu estaria nua quando voltasse.
Não era exatamente um tabu andar pela cidade na forma de lobo, mas
também não era encorajado.
Eu nunca tinha feito isso antes, mas depois de parar na Casa da Matilha
meio transformada no início do dia, eu percebi que poderia lidar com alguns
olhares de desaprovação.
Ainda assim, não era da minha natureza chamar a atenção, então peguei
estradas vicinais e me mantive nas sombras até chegar à minha rua.
Quando me aproximei da esquina, as lâmpadas da rua começaram a pulsar
e minha visão ficou turva novamente. Fiquei desorientada, todos os meus
sentidos embotados. O que aquela mulher fez comigo?
Tentei pular a cerca para o nosso quintal, mas prendi minhas patas traseiras
em uma ripa e caí com um baque pesado. Eu olhei para cima para ver uma
figura sombria se aproximando de mim.
Corri para a porta dos fundos e arranhei impotente, minhas patas
incapazes de trabalhar a maçaneta, sem tempo de voltar à forma humana.
Eu estava encurralada, sem ter para onde correr. Eu queria uivar, agarrar,
lutar, mas estava paralisada de medo.
Capítulo 12 - A Conversa
Sienna
Eu me senti como uma cadela covarde, mas minha mente estava
queimando na floresta. Eu me sentia como se tivesse sido drogada e o que
quer que meu agressor estivesse prestes a fazer, eu não tinha forças para
impedi-lo.
A sombra se abaixou e começou a me envolver, mas parei de lutar ao sentir
um abraço familiar.
"Sienna", a voz do meu pai sussurrou suavemente. "Acalme-se, querida.
Aqui, eu trouxe um manto para você. Vamos entrar."
Seus dedos correram pelo meu pelo e tudo começou a parecer normal
novamente. Ele colocou o manto sobre a minha forma de lobo trêmula, e eu
me mexi, desabando em seus braços.
"O que aconteceu? Você foi atacada?" ele perguntou, preocupado.
Tinha sido? Eu honestamente não tinha certeza, mas parecia que minha
mente tinha acabado de travar algum tipo de guerra.
Eu me perguntei se isso tinha algo a ver com Aiden fugindo com sua
matilha. Eles devem estar conectados. Eu não conseguia pensar muito sobre
isso agora, ou provavelmente desmaiaria.
"Estou bem, pai. Eu só preciso descansar. Foi uma noite longa e estranha",
respondi.
Aiden
Meu escritório estava começando a parecer uma cela de prisão. Estava mais
inquieto do que nunca, mas não conseguia sair correndo sem que alguém
percebesse.
Josh e eu tínhamos estado no local onde a patrulha havia perdido o cheiro
do errante, mas não consegui descobrir nenhuma pista de para onde ele tinha
ido.
Admito que não parecia bom para mim vir de mãos vazias, mas a única
alternativa era mentir para Josh e os quatro soldados, e eu já estava fazendo
mais do que gostaria.
Não era anormal ter um estranho cruzando o território da Matilha, mas o
cheiro inexplicável e o desaparecimento subsequente deixaram todos que
sabiam a respeito agitados.
Até agora éramos apenas eu, Josh, Jocelyn, Nelson, Rhys e os quatro
soldados.
Fiz o último grupo jurar silêncio até que pudéssemos descobrir quem era
esse intruso e para onde estava indo. Para ser cauteloso, despachei pequenos
detalhes de guardas para qualquer lugar ou pessoa que eu achasse importante.
Fosse o que fosse, estaríamos prontos quando surgisse e, com sorte,
seríamos poderosos o suficiente para enfrentá-lo.
Quando ficamos sozinhos. Josh cruzou os braços indignado. "E aí? " ele
perguntou. "Vamos apenas sentar aqui na Casa da Matilha e esperar?"
"O que mais você sugere? Não posso mandar todo mundo vasculhar a
floresta se não souberem o que procuram. Nós nem sabemos o que estamos
procurando."
"Bem, de quem é a culpa? " Murmurou Josh enquanto começava a andar
em seu caminho usual no meu escritório. "Sua, tecnicamente", eu respondi,
secamente. "Cabe ao Beta manter nossas fronteiras seguras."
"Você não precisa me lembrar qual é o meu trabalho. Eu fiz exatamente o
que deveria. Quando ficou claro que estávamos lidando com algo novo, fui
procurar você. Você é quem está se esquecendo de seus deveres". "Pare de
rodear o assunto e diga o que está pensando", eu disse, ficando impaciente.
"Você está comprometido, Aiden. Um alfa com força total teria sido capaz
de rastrear o errante". Outra vez a ladainha. Sua persistência estava começando
a me desgastar.
"Você mesmo disse que não sabemos com o que estamos lidando",
respondi. "Se for poderoso o suficiente para mascarar seu cheiro, é claro que
faz meus poderes parecerem diminuídos em comparação. Ou ainda é sobre
Sienna?"
"Me diz você". "Eu perdi o controle da minha Bruma. Foi temporário."
"Meu ponto, exatamente. Você perdeu o controle. Isso nunca aconteceu
com você antes. Se o que você nos contou é verdade, por que não é honesto
com ela? Você está perdendo o tempo dela e o seu. Se você deixar as coisas
continuarem assim, um de vocês vai se machucar. Você precisa estar mais forte
agora do que nunca. Não estou dizendo isso apenas pelo bem da Matilha,
Aiden. Estou falando como seu amigo."
"Aprecio sua preocupação, mas vou fazer do meu jeito."
Josh soltou um grunhido e bateu com o punho contra a minha mesa.
"Droga, Aiden, podemos estar sob ataque agora, e você só se preocupa com
uma garota. Uma garota que está rejeitando seus avanços até agora". "Cuidado,
Josh". "A questão é, Aiden", Josh fumegou", estávamos tão perto de descobrir
algo novo. Eu sei que você farejou o que eu farejei. Não humano. E não
lobisomem. Então, se é algo novo, quais são seus pontos fortes? Quais são
seus pontos fracos? Ele ainda tem pontos fracos? Eu sinto que você não está
levando essa ameaça a sério o suficiente."
Eu estava tão preocupado quanto Josh, mas não podia demonstrar. Ainda
havia um abismo de poder entre nós.
Por um momento, pensei no que meu irmão Aaron teria feito. Se ele estivesse
aqui. Uma pontada de dor passou por mim e eu empurrei essa memória de
lado.
Não havia tempo para pensar no passado quando o presente era tão
perigoso.
"A ideia do errante ser algo novo passou pela minha cabeça, mas não há
nada a fazer a não ser esperar. Seja o que for, a última coisa que quero é fazer
com que pareça ameaçado. Se for pacífico, quero que continue assim. Como
você disse, não temos ideia de quais poderiam ser os poderes deste errante."
"E se não veio aqui a negócios pacíficos?"
"Ele já teria nos atacado se não fosse o caso. Provavelmente mascarou seu
cheiro para evitar o confronto."
"Ou está se preparando para um ataque surpresa."
"Já chega de teorias. Josh. Vá verificar as patrulhas e me avise se ouvir
alguma informação nova."
"Como desejar, meu Alfa. Lembre-se, você tem um trabalho, além de fazer
essa garota dormir com você.
Não respondi, dispensando Josh com um simples aceno de cabeça. Ele
estava certo em estar preocupado, no entanto. Desde que marquei Sienna,
minha cabeça estava nublada de desejo. Eu nunca reprimi minha Bruma por
tanto tempo, nem ela nunca foi tão forte quanto era quando eu estava perto
dela.
Talvez com uma distração, eu pudesse me reequilibrar. Este forasteiro era
uma distração bem-vinda.
Sienna

Eu estava sentada sozinha no escuro quando ouvi uma batida na minha


porta. Sentei-me e tirei os fones de ouvido. "Entre", eu disse.
"Ótimo, achei que você já tivesse adormecido", disse meu pai, fechando
suavemente a porta atrás de si. "Você se importa se eu sentar?" ele perguntou,
apontando para a minha cama.
"Claro que não", respondi.
Ele costumava ser bem esbelto quando meus pais se conheceram — minha
mãe me mostrou fotos — mas envelhecer, casamento e duas filhas
adicionaram alguns quilos ao seu corpo.
Quando ele se sentou ao meu lado, meu colchão arquejou sob a nova
carga.
"Eu queria falar sobre mais cedo esta noite", ele começou, mudando seu
olhar entre o chão e meu rosto.
"Eu sei que sua mãe está animada por você ter feito uma parceria com o
Alfa para a temporada."
"Esse é o eufemismo do século." Suspirei.
"Sim", disse ele rindo", ela não é muito discreta, é? "Houve um breve
silêncio antes de ele continuar." Sua mãe me contou sobre como você saiu
correndo de casa hoje cedo e... bem, achei que você poderia precisar de alguém
para conversar sobre tudo o que está acontecendo."
"Pai" — "Agora, eu sei que não sou um lobisomem e não consigo
entender exatamente o que você está passando, mas estou por aí há tempo
suficiente para saber que aparecer na casa em forma de lobo não é normal.
Você quer falar sobre o que aconteceu esta noite?"
De todas as pessoas na minha vida, a última em quem eu esperava abrir
meu coração era meu pai, mas ele estava certo. Minha cabeça estava uma
bagunça e eu precisava deixar um pouco sair.
Peguei meu edredom, sem saber como começar.
"Algo aconteceu no jantar esta noite que, bem... parece que agora que fui
marcada pelo alfa, todos têm essas expectativas. Quer seja mamãe, ou meus
amigos ou membros da Matilha, que eu nem conheço, todos eles querem algo,
e ninguém se importou em me perguntar o que eu quero."
Minha voz começou a tremer e eu podia sentir as lágrimas crescendo em
meus olhos. "Sinto que estou perdendo o controle e não gosto disso."
Finalmente, dizer em voz alta veio como uma liberação, como se um peso
de mil quilos tivesse sido tirado do meu peito.
As lágrimas brotaram dos meus olhos e escorreram pelo meu rosto. Meu
pai me puxou para perto e deixou meu rosto pingar em seu ombro.
"Está tudo bem", disse ele, esfregando minhas costas. "É perfeitamente
normal sentir o que você sente."
"Não, não é", eu engasguei. "Eu sou uma dominante. Dominantes não
permitem que coisas estúpidas como essa os afetem."
Eu geralmente não me chamo assim.
Eu sabia, no fundo, que era verdade, que eu tinha uma tendência
dominante que não podia ser domada. Era a razão de eu ter tido tanto sucesso
em resistir aos avanços do Alfa até agora. Mas dizer isso em voz alta quase o
tornava menos real. Como se tivesse desvalorizado a verdade.
Talvez eu estivesse apenas me enganando e minha natureza fosse ser mais
uma loba submissa que fazia o que ele mandava.
Mas então meu pai colocou a mão sob meu queixo e forçou meus olhos a
encontrar os dele.
"Eu não acho que o que você está sentindo é estúpido, Sienna", disse ele.
"E dominante ou não, todo mundo tem um coração."
A parte boa de ter um pai humano era que ele era muito mais sentimental
do que mamãe e Selene, ou qualquer lobisomem.
Normalmente, nós lobos olharíamos para isso como um sinal de fraqueza,
mas no momento, eu estava feliz por tê-lo lá.
"Sabe, quando trouxemos você para casa, eu logo soube que você era
especial. Você tinha essa confiança em tudo que fazia, mesmo quando era
bebê. Assistindo você crescer, eu vi essa confiança se manifestar em tudo,
desde como você se comporta até a sua arte. Chorar não tira isso de você,
Sienna. Você ainda é a loba mais forte que conheço."
"Você não pensaria isso se visse o que aconteceu esta noite."
"Você quer me contar?"
"Tudo o que importa é que eu fiz papel de boba. Eu nunca mais quero vê-
lo novamente. Eu gostaria que ele nunca tivesse me marcado, pai. Eu gostaria
que ele apenas tivesse me deixado em paz.
Uma nova rodada de lágrimas derramou dos meus olhos.
"Você já pensou que talvez ele não possa te deixar em paz? Que talvez ele
tenha visto a mesma mulher bonita e poderosa que eu vi e foi tão dominado
pela emoção que não teve escolha a não ser marcar você?"
"É sua obrigação falar essas coisas. Você é meu pai."
"Estou falando sério, Sienna. Você não é covarde, então não deixe que ele a
transforme em uma. Como sua mãe diz, ele poderia ter qualquer mulher na
Matilha, mas ele escolheu você. Lembre-se disso. Você não precisa dele. Ele
precisa de você."
O flash dos faróis inundou minhas janelas quando um carro parou na
garagem. Meu pai e eu olhamos para fora para ver Selene saindo de seu carro.
Nós não estávamos esperando por ela, e ela raramente aparecia sem avisar
assim. Nós dois descemos para cumprimentá-la.
Meu pai abriu a porta antes que ela tivesse a chance de bater e a envolveu
em um grande abraço que só os pais sabem dar.
"A que devemos este prazer? " perguntou papai, abrindo mais a porta da
frente. "Está tudo bem?"
Selene estava de pijama e trazia uma mochila nas costas. Era evidente que
ela deixou sua casa com pressa.
"Jeremy recebeu um telefonema da Casa da Matilha e teve que trabalhar. É
algo grande. Ele não me deu detalhes, a não ser que envolvia uma brecha na
fronteira. A última vez que isso aconteceu, a Matilha foi bloqueada. Desculpe
por aparecer sem avisar assim, mas eu sabia que me sentiria mais segura aqui
do que sozinha no apartamento."
Violação na fronteira? Confinamento? Tudo isso soava bem sério.
O Alfa só prendeu a Matilha quando houve uma ameaça séria e ele teve
que impor estado de sítio. E por que eu estava ouvindo sobre isso de Selene?
Aiden não se importava com minha segurança?
Acho que não deveria ter ficado surpresa por ser apenas um pedaço de
carne para ele, e um pedaço descartável, aparentemente. Idiota.
A misteriosa mulher da clareira ainda nadava em volta da minha cabeça.
Será que ela tinha algo a ver com isso?
Por um momento pensei que deveria contar a Aiden o que tinha visto, mas
se ele não achasse necessário me manter informada, eu também ia tratá-lo com
silêncio. Além disso, a perspectiva de vê-lo, especialmente depois do que
aconteceu esta noite, me abalou.
Eu não ia tomar a iniciativa. Se ele queria conversar, ele teria que vir me
encontrar.
Capítulo 13 - As Cores
Sienna

Michelle: e aiiiii sienna, o que você fez ontem à noite?


Mia: Sim, alguma coisa animada????
Erica: Prometemos não contar
Michelle: SIENNNAAAA
Michelle: emoji de carinha chorando Erica: Se você não falar
nada, vamos praí
Erica: Pegando minhas chaves...
Mia: Vou trazer a bebida!
Michelle: chegando em 5!
Sienna: OK! O que você quer saber?
Michelle: MUITA COISA!
Sienna: Ele me buscou e comprou um vestido
Sienna: Fomos jantar no centro
Sienna: Depois fui para casa
Mia: emoji com cara entediada
Erica: Entrando no carro...
Sienna: Já dei o que vocês queriam
Mia: Nah, você está escondendo coisas
Mia: Algo sobre vocês se atracarem em um almoxarifado???
Erica: Eu não tinha ouvido essa parte!
Sienna: Olha, a gente deu uns amassos
Sienna: mas não foi nada de especial
Michelle: pode ir dando detalhes
Michelle: ele é tão gostoso quanto parece?
Mia: figurinha de língua com um lobo Sienna: Eca. PARE
Erica: É grande?
Sienna: Estou falando sério. Parem com isso
Erica: Lobinha sem parceiro aqui o!!!
Erica: Eu ficaria feliz em tomar conta dele por vc Michelle:
garota, o que há de errado?
Sienna: Nada, só não gosto de você transformar minha vida
em uma novela Michelle: desculpe, pensamos que você
ficaria mais animada Mia: O que você está fazendo agora?
Sienna: Estou pintando em casa
Mia: Venha nos encontrar no Winstons, vadia!
Sienna: Não estou com vontade
Mia: Vamos, Si, estamos planejando (emoticon de noiva) Mia:
Eu preciso do seu olho de artista
Erica: emoji de unicórnio
Mia: EXATAMENTE!
Sienna: Tudo bem, mas, por favor, sem mais perguntas Mia:
Prometo!
Erica: Prometo!
Michelle: ... prometo ;)

O Winston’s estava lotado como de costume. Mesmo que ninguém


piscasse quando eu entrei, ainda sentia que todos estavam me observando. No
início, fiquei confusa sobre como as meninas sabiam sobre o meu encontro,
mas é claro que elas sabiam.
Não se vai ao centro da cidade com o Alfa sem ninguém perceber. Eu
estava tão envergonhada, repassando os eventos da noite passada na minha
cabeça.
Definitivamente havia alguns membros da equipe que o viram deslizar meu
dedo em sua boca, e eu sabia que não fomos discretos em nossa fuga para a
sala dos fundos.
Estremeci ao pensar no que minha mãe tinha ouvido. Felizmente, ela ainda
estava no trabalho e não voltaria, até mais tarde esta noite.
As meninas estavam amontoadas em torno de nossa mesa de costume com
pilhas de revistas de noivas e o laptop de Mia. Cerimônias de acasalamento
eram como casamentos humanos, mas ainda mais importantes porque os
lobos acasalavam para o resto da vida.
A família de Mia era enorme, então ela teve bastante exposição às
cerimônias de acasalamento, o que achei que tornaria o planejamento dela um
caso fácil.
Pela aparência das coisas, no entanto, ela estava perdida no abismo do
planejamento.
Manchas de ketchup e mostarda pontilhavam as revistas, e algumas páginas
estavam rasgadas e espalhadas como amostras de tinta.
Mia e Erica estavam em seus telefones procurando arranjos e talheres,
mostrando seus achados para Mia, que apenas olhou para seus telefones e
assentiu.
Seu cabelo caramelo não tinha condicionamento e estava preso em um
rabo de cavalo preguiçoso.
Mia sempre cuidou muito bem de seu cabelo, então seu estado
desgrenhado era um claro indicador de como ela estava estressada. "Aí está a
nossa megera tímida", gritou Michelle com um sorriso malicioso. " Erica,
chega pra lá."
"Estou tão feliz que você chegou", disse Mia, agarrando sua cabeça.
"Estou totalmente sobrecarregada. Precisamos de alguém que saiba o que está
fazendo."
Os gostos de Mia eram, como posso dizer isso bem, um pouco
espalhafatosos.
Eu olhei para os esquemas de cores que ela havia puxado em seu
computador e fiz o meu melhor para apontar a direção certa.
Ela estava originalmente procurando cores quentes, que eu pensei que
seriam inadequadas para uma cerimônia de acasalamento de inverno, então,
depois de muito discutir, eu fiz com que ela decidisse por lilás, violeta e azul-
petróleo.
Michelle protestou porque não achava que ela ficava bem com aquelas
cores, mas eu a lembrei que não era sua decisão e que ela ficava bem em
qualquer cor que usasse, o que Erica e Mia apoiaram, então todos saíram
felizes.
Ajudar Mia me fez pensar sobre minha própria cerimônia e quanto tempo
levaria até que eu encontrasse meu par. Nem todo mundo teve tanta sorte
quanto Mia e Harry.
Eu fantasiei que iria encontrar meu companheiro enquanto passeava por
algum museu ou em algum lugar em um parque. Suponho que foi onde
conheci Aiden, mas depois de seu comportamento na noite passada, prefiro
simplesmente esquecê-lo. Pensar nele agora me deu vontade de vomitar.
"Honestamente, Si, não acho que teríamos avançado nada se você não
tivesse aparecido", disse Mia, mentalmente exausta e estressada comendo
batatas fritas.
"Quem diria que as cerimônias de acasalamento davam tanto trabalho?"
"Pelo menos você tem uma para planejar", lamentou Erica. "Por que um
dos meus amigos não consegue se apaixonar por mim de repente?"
"Eu nunca tive amigos homens de verdade. Eu me pergunto por que... "
Mia pensou em voz alta.
"Porque você transou com todos os seus amigos homens. " respondeu
Erica.
"Não foi", Mia protestou.
"Foi sim", todos nós respondemos em uníssono.
"A vida de solteira ficou pra trás", disse Mia, torcendo o nariz para fingir
refinamento. "Eu sou uma mulher acasalada agora."
Todos nós rimos porque, mesmo antes de começarmos a ter nossa Bruma,
Mia ia a festas com caras mais velhos, procurando homens com quem ela
pudesse fazer muitos "bebês fofos."
"Si, venha conosco esta noite", implorou Michelle. "Estamos celebrando o
acasalamento iminente de Mia. O irmão de Erica disse que pode nos levar a
esta boate badalada. Se chama Lupin. Vai ser noite das garotas."
O bloqueio havia sido cancelado, com certeza. Mas eu ainda estava exausta
do dia anterior e não tinha vontade de estar perto de pessoas ou enfiada em
uma sala escura e cheia de vapor com música tão alta que eu não conseguia me
ouvir pensar.
Eu precisava ficar sozinha e pintar. Apreciei o gesto e sabia que Michelle
tinha boas intenções, mas não estava com vontade.
"Talvez outra noite", eu disse.
"Por que você não quer vir? Você tem outro encontro com o Sr. Alfa?"
"Não, só estou cansada."
"Cansada de uma longa noite de bate-papo no fundo dos restaurantes?"
Michelle cortou de volta.
Eu poderia dizer pelo olhar que ela me deu que ela não estava mais
brincando e estava realmente começando a ficar chateada.
"Michelle, nós não fizemos sexo. Quantas vezes eu tenho que te dizer
isso?"
"Então qual é o seu problema, Sienna? Por que você não quer vir?"
"Não dá pra deixar pra lá?"
"Somos suas amigas e quase não nos vemos. Você está saindo com o lobo
mais foda de todos e não nos conta nada. Você está envergonhada por nós
porque não somos tão legais quanto todos os amigos de Aiden da Casa da
Matilha?"
"Não é nada disso, Michelle", respondi, tentando impedi-la de fazer uma
cena, que ela sabia que eu odiava. "Só não estou com disposição para sair."
As palavras mal tinham saído dos meus lábios quando meu telefone tocou
na mesa.
Eu o peguei e me encolhi. Eu não queria provar que Michelle estava certa,
mas, ao mesmo tempo, queria saber o que diabos estava acontecendo.
"É ele?" perguntou Michelle.
"Sim, você se importa se eu..."
"Vá em frente", disse ela, misturando friamente o milk-shake com uma
colher.
Levantei-me e fui até o balcão, onde havia um banquinho vazio, então abri
meu telefone.

Aiden: Ei, sobre a noite passada. Sinto muito, Josh


interrompeu.
Aiden: Você chegou em casa bem? Você fugiu de uma vez.
Sienna: Ah, olha só quem se importa agora
Aiden: Você acha que não?
Sienna: Eu acho que você está apenas tentando me comer.
Aiden: Posso ter deixado minha bruma sair do controle.
Aiden: Não vai acontecer de novo.
Sienna: Você está certo. Não vai
Aiden: Sienna, me desculpe.
Aiden: Em minha defesa você também estava interessada.
Sienna: Estava fora do meu controle
Sienna: Você não era o único com problemas de Bruma
Aiden: Acho que você sabia o que estava fazendo.
Sienna: E eu pensei que você fosse um cavalheiro, não um
filho da puta.
Aiden: Como posso compensar você?
Sienna: Mostre-me que sou mais do que apenas um troféu
Aiden: O que você quiser.
Aiden: é só falar.
Sienna: Diga-me o que está acontecendo com a violação da
fronteira Sienna: Por que você de repente chamou todo
mundo para a Casa da Matilha?
Aiden: Como você ficou sabendo disso?
Sienna: Não importa. Se eu for mais que qualquer uma, você
vai me dizer Aiden: É complicado.
Aiden: Eu quero te contar mais, sério.
Sienna: Então, pelo menos me diga uma coisa
Sienna: Eu estava em perigo na noite passada?
Aiden: Eu nunca deixaria nada te machucar.
Sienna: Não foi isso que perguntei
Sienna: Eu estava em perigo?
Aiden: Não sei.
Aiden: Estou sendo honesto
Sienna: Tchau, Aiden
Eu não podia acreditar que já tinha o considerado atraente. Quero dizer,
claro, ele tinha o corpo mais delicioso que eu já coloquei os olhos, mas se não
fosse por essa Bruma irritante, eu ficaria muito enojada com seu
comportamento para o querer perto de mim novamente.
Eu ainda estremeci ao pensar o que teria acontecido se Josh não tivesse
aparecido. Eu provavelmente corria mais perigo com Aiden lá, depois que ele
saiu.
Eu definitivamente não contaria a ele nada sobre o desaparecimento da
mulher agora também. Ele era um idiota e eu precisava desabafar.
Capítulo 14 - O Clube
Sienna
Usei minha minissaia xadrez vermelha e preta nova em folha, com botas de
couro preto de salto alto, meia-calça preta e um top curto com uma jaqueta de
couro preta por cima.
Pintei minhas unhas para combinar com o vermelho da minha saia e
separei meu cabelo em camadas bagunçadas que caíram pelas minhas costas e
ombros como uma cachoeira de cobre.
Eu apliquei meu delineador, rímel e batom cor de vinho. Para terminar,
coloquei meu ear cuff preferido e brincos de prata junto com anéis
combinando. Meu look era de pirigótica e eu estava amando.
Quando as garotas me viram, elas me encheram de elogios.
Michelle até disse que eu era sexy o suficiente para morder, o que para os
lobisomens era o melhor elogio que você poderia receber.
Como Michelle disse no Winston's, Lupin só estava aberto há algumas
semanas, mas todo o hype em torno dele significava que todas as noites da
semana havia longas filas de pessoas esperando para entrar.
Erica, no entanto, tinha conseguido passes VIP — um de seus irmãos
tinha conexões com todos os seguranças do centro, incluindo o do Lupin — e
nós entramos sem ter que esperar.
Sempre me senti um pouco culpada por pular a fila daquele jeito,
especialmente quando as pessoas que estavam esperando faziam cara feia para
você com inveja, mas esta noite eu não me importei.
Eu estava lá para me soltar e esquecer o lobisomem estúpido que colocou
essa marca no meu pescoço.
A entrada do clube tinha um teto baixo que dava a sensação de estar
entrando em uma caverna. A esquerda estava o bar, iluminado por LEDs que
piscavam com a música em padrões suaves.
À direita ficava o guarda-roupas, onde deixamos nossos casacos, e uma
escada que levava ao mezanino que dava para a pista de dança.
Era de forma circular e se abria para um átrio, onde grandes gaiolas
pendiam das vigas, abrigando belas dançarinas que se contorciam
sensualmente ao som da música.
Humanos e lobisomens se misturavam no enorme bar enquanto todos se
acotovelavam para pedir suas bebidas. Eu olhei para a pista de dança, que
estava cheia de corpos se esfregando.
O DJ mixava faixas de house de seu palco com vista para a multidão,
ocasionalmente incitando os clientes a fazerem mais barulho.
Michelle abriu caminho até o bar e pediu uma rodada de doses de vodca.
"Você acha que deveríamos conseguir mais já que estamos aqui? " ela
gritou por cima da música. Já tínhamos começado a beber no táxi, mas
Michelle nunca foi de ir devagar.
"Duas rodadas, pelo menos", respondeu Mia. "Estou fora do mercado
agora! Vocês ouviram isso, meninos? Você não tem chance com essa
gostosura", disse ela, sacudindo os quadris.
Bebemos shots no bar antes de encontrar uma mesa de pé para nos
amontoarmos com nosso bowl cheio de Curaçao azul, gim, tequila, rum e
vodca.
Fazendo a contagem regressiva juntas, cada um de nós pegou um canudo e
chupou o máximo que possível.
Michelle e eu duramos mais, mas eu venci. Ela se considerava a "garota
festeira" do nosso grupo, então foi um golpe para seu ego.
"Amanhã vai ser uma merda." Erica deu uma risadinha. "Eu sou fraca com
bebida."
"Então vamos para a pista de dança enquanto você ainda pode ficar de
pé", gritei, o que não era típico de mim porque eu não era, de forma alguma,
uma boa dançarina.
A única coisa em que eu era boa na vida era pintar, mas tinha ritmo
suficiente para mover meus pés e quadris com a batida.
Abrimos caminho até o meio da sala e começamos a nos exibir.
Os homens começaram a se aproximar de nós e a flertar com Erica, o que
não era problema, já que ela não estava marcada ou acasalada, mas para minha
surpresa, os homens estavam me atacando também.
Eles não me reconheceram ou não se importaram que eu tivesse a marca
do Alfa na base do meu pescoço.
Considerando os eventos recentes com Aiden, concluí, sem sombra de
dúvida, que os homens são porcos e estão dispostos a arriscar qualquer coisa,
incluindo suas vidas, se isso significar transar.
"Não entendo", gritei por cima da música para Mia depois de enxotar
outro homem. "Estou marcada como você, então por que os caras ainda estão
vindo em cima?"
Mia gritou de volta: "Porque minha marca é uma marca de acasalamento e
a sua não."
Novamente, minha inexperiência em ter um amante durante a temporada
significava que eu perdi algum conhecimento comum.
"A marca de acasalamento é um vermelho suave em torno das bordas,
enquanto a sua está mais machucada e roxa. Lobisomens machos também
podem sentir qual é qual, para evitar problemas sérios", ela explicou.
Quer eu tivesse uma marca de acasalamento ou não, qualquer um desses
caras teria sérios problemas se Aiden descobrisse que eles estavam tentando
me levar para casa. E eu adorei.
Depois de uma hora, Michelle levou Erica ao banheiro porque ela se sentiu
mal.
Eu fiquei na pista de dança com Mia, jogando meu corpo como se
estivesse em casa no meu quarto sem ninguém olhando.
As bebidas tinham nos atingido fortemente agora.
Mia e eu estávamos constantemente nos agarrando uma à outra para
manter o equilíbrio, e eu estava feliz por não ter decidido usar salto. Do
contrário, certamente teria torcido o tornozelo.
O DJ colocou um reggaeton sensual que fez todos formarem pares. Um
cara veio até mim com um sorriso sugestivo e estendeu a mão.
Ele era um lobisomem sem par que era claramente dominante, enquanto
segurava meu olhar sem problemas.
Ele também era muito gato, com cabelos dourados, olhos escuros sexy e
um físico esguio e talhado.
"Oi, mocinha sexy", disse ele, pegando minha mão e pressionando seus
lábios perto da minha orelha.
"Oi", respondi, olhando para Mia com o canto do olho.
Ela me deu uma piscadela e fugiu em direção ao bar, me deixando sozinha
com este lobisomem fofo. Eu não estava querendo muita privacidade.
Além disso, se ele tentasse qualquer coisa, eu poderia chutar sua bunda. Eu
lutei contra cinco homens sozinha na floresta. O que era um em um clube
cheio de pessoas?
"Qual o seu nome? " ele perguntou, erguendo as sobrancelhas para mim
em um convite aberto.
"Sem nomes", eu disse. Ele era simplesmente um rosto bonito de se olhar
e um corpo bonito para dançar. Eu queria manter assim.
Eu sei que provavelmente deveria ter recusado. Aiden só precisava dar uma
cheirada na minha pele para saber que outro homem tinha me tocado. O
imbecil. Ele claramente queria muito comer, mas não ia rolar.
Ele me girou e colocou as mãos nos meus quadris, puxando minha cintura
contra sua virilha.
No começo foi divertido ter as mãos de outro homem em mim, mas
quanto mais a música tocava, mais insistente ela se tornava.
Não era como o toque de Aiden, que deixou minha pele em chamas e me
fez doer. Eu não disse nada, mas continuei dançando. Afinal, eu estava lá para
me divertir, não para pegar ninguém.
Senti seu aperto se intensificar quando ele se pressionou contra mim com
mais força, balançando a parte inferior de seu corpo com o meu.
Quando sua ereção por debaixo do jeans cutucou em mim, eu sabia que
era hora de parar.
Tentei me desvencilhar de seu aperto, mas ele não me soltou. Ele apenas
me pressionou mais forte e começou a puxar minha saia.
"Solte! " Eu gritei, meu grito abafado pelo baixo.
"Qual é o problema, gatinha? " ele perguntou, tentando continuar o jogo.
"Vai se foder, cretino!" Eu gritei.
"Por quê? " Sua voz estava sombria de luxúria.
"Estamos nos divertindo."
"Não estou me divertindo com você", rebati, o coração martelando no
peito. "Então me solta, porra!"
De repente, percebi que, enquanto estávamos dançando, ele nos arrastou
em direção à borda da pista de dança e agora me puxou para um canto escuro
na saída dos fundos.
O sangue correu do meu rosto.
"Você devia ter pensado antes de provocar um homem na Bruma, gata",
ele rosnou, e de repente eu estava do lado de fora no ar frio de novembro,
minha transpiração congelando, o que, junto com a adrenalina bombeando por
mim, fez meu corpo tremer incontrolavelmente.
Ele me pressionou contra a parede de tijolos do beco vazio, seus olhos
luminosos e cheios de luxúria.
Agora eu não conseguia mais esconder meu pânico. "O que você pensa
que está fazendo?!" Eu gritei.
"Qual é, relaxa", ele disse, suas mãos como tornos, cavando em meus
lados.
"Eu quero voltar para dentro", eu atirei de volta.
"Não se preocupe, já voltamos. Vamos apenas ficar aqui um pouco,
aproveitar o ar fresco... nos conhecer."
Ele olhou para mim com uma intenção maliciosa. Eu sabia o que ele
procurava e precisava me afastar dele como pudesse.
"Estou com frio. Eu preciso voltar para as minhas amigas", eu respondi,
tentando empurrá-lo. Ele se inclinou, tentando me beijar. "Não!"
Ele enfiou a mão no meu seio e o apalpou violentamente. "Relaxe, querida,
eu não vou te machucar."
"Não! " Eu gritei, lutando contra seu aperto.
Tentei dar socos, cotovelos e joelhadas, mas ele era mais forte do que eu
pensava, e os efeitos do álcool me deixaram fraca e descoordenada.
Eu me senti impotente enquanto sua boca e mãos me violavam.
Ele apertou meu peito novamente e eu gritei. "Pare!"
Mas ele não estava parando agora e não estava falando. Ele só tinha uma
coisa em mente.
Ele me ergueu contra a parede e rasgou minha meia-calça, sufocando
minha boca com a mão.
As lágrimas queimaram meus olhos enquanto ele se atrapalhava com sua
braguilha, olhos selvagens.
Ninguém vai vir me salvar, pensei. As palavras me cortaram como o vento frio
que soprava pelo beco vazio.
Isso foi exatamente o que ela deve ter pensado.
Ninguém vem te salvar
E por um segundo, eu pude vê-la. Emily. Lutando, gritando, implorando
por ajuda.
Fechei os olhos e tentei afastar a imagem, ignorar seus dedos gelados
puxando minha pele, queimando-me com pontadas viscerais de raiva,
arrependimento e impotência.
Eu me senti deixar meu corpo, e quando olhei para baixo, era a forma de
Emily ao invés da minha.
Tentei gritar para o bastardo sair de cima dela, mas nenhum som saiu.
Tentei acertá-lo, mas minhas mãos passaram por seu corpo.
Emily. Não. De novo não. Estou aqui desta vez.
Eu voltei para o meu corpo. Alguém, qualquer um, me ajude!
Lutei para manter minhas pernas fechadas e enfiar minhas mãos sobre
minhas partes íntimas, mas ele usou sua coxa para separar a minha e puxou
minha mão com facilidade.
De repente, um rosnado profundo e horrível encheu o ar, e eu senti o peso
do corpo do meu atacante desaparecer com um grito angustiante.
Eu abri meus olhos e engasguei em choque. Era ele, de verdade?
Capítulo 15 - O Conto de Fadas
Sienna
Eu nunca tinha visto Aiden parecer tão assustador - cabelo arrepiado na
nuca, caninos saindo de sua boca rosnando, curvado sobre meu atacante com
sede de sangue em seus olhos.
O homem lutou de volta, mas Aiden facilmente o dominou, jogando-o
contra a parede.
Ele socou as costelas daquele bastardo uma e outra vez em uma raiva
animalesca até — BAM.
Eu engasguei em choque quando ouvi suas costelas quebrarem. Eu o
observei cair no chão, apenas um homem amassado e bagunçado agora —
patético.
Lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto.
Emily. Oh meu Deus. Isso foi o que ela passou quatro anos atrás.
Completamente desamparada e com medo, paralisada e incapaz de pedir
ajuda. Uma sensação de escuridão total. Ninguém estava lá para ela. Eu não
estava lá.
Enquanto eu observava Aiden arrastar o corpo inerte do homem pelo
beco, quase me senti culpada, culpada por ter sobrevivido e ela não.
Eu queria me levantar e sair correndo, mas duvidava que pudesse rastejar
agora.
Emily, seu estuprador, meu agressor, todos eles continuavam piscando
diante dos meus olhos. Eu queria vomitar os sentimentos distorcidos dentro
de mim.
Eu vacilei quando Aiden se ajoelhou e passou os braços em volta de mim.
"Eu não vou te machucar", ele disse suavemente.
Foi contra cada fibra do meu ser, mas eu o deixei me pegar e me levar para
seu carro.
Eu nunca me senti mais vulnerável com ele, mas algo sobre o calor de seu
peito e seu abraço apertado me fez sentir segura.
Minha Bruma não estava queimando. Esse sentimento era algo diferente.
"Para onde você está me levando?" Eu perguntei, meu corpo ainda
tremendo.
"Minha casa", ele respondeu calmamente. "Eu prometo que não tenho
intenção de tirar vantagem de você. Eu só quero te ajudar."
Minhas amigas ainda estavam no clube, sem noção dos horrores que
acabaram de acontecer do lado de fora, e eu preferia que continuasse assim.
Eu não queria enfrentá-las esta noite. Ir para casa também não era uma opção.
Meus pais olhariam para mim e saberiam que algo estava errado. Eu não estava
pronta para as perguntas, a pena ou o julgamento.
Ir com Aiden foi minha melhor opção. Eu ainda não confiava nele, mas o
que ele tinha feito por mim... Me deixou doente pensar o que teria acontecido
se ele não tivesse aparecido.
O comportamento de Aiden foi completamente mudado em relação ao
homem feroz que atacou meu atacante apenas alguns momentos atrás. Foi
atencioso e gentil.
Por mais que eu o desprezasse por me marcar e me forçar a assumir a
responsabilidade de ser sua companheira, eu não podia negar que queria que
ele estivesse lá para mim. Eu não sabia quanto tempo duraria, já que essa coisa
entre nós era imprevisível como o inferno, mas eu estava disposta a lhe dar
uma chance.
Ele disse que queria me ajudar? Tudo bem, eu o deixaria provar então.
Finalmente, cedi, deixando minha cabeça descansar em seu ombro. Ele me
colocou delicadamente no banco do passageiro e dirigimos em silêncio.
Enquanto eu observava os edifícios borrados e as árvores desaparecerem pela
janela, tentei fazer as memórias desta noite desaparecerem também, mas isso
parecia impossível.
Se eu me senti assustada com o que aconteceu, Emily deve ter ficado
absolutamente aterrorizada com o que ela passou.
Cravei minhas unhas nos assentos de couro caros de Aiden. Nunca mais
quis me sentir impotente dessa forma. Eu nunca deixaria um homem me fazer
sentir assim novamente.
Eu olhei de lado para Aiden e meu peito apertou. Eu não poderia mais
estar naquele carro. Eu precisava estar em outro lugar, em algum lugar seguro.
Assim que comecei a entrar em pânico, Aiden parou em sua garagem e
parecia que tínhamos acabado de entrar em um sonho, como se eu tivesse
manifestado o espaço mais seguro e convidativo que se possa imaginar.
Uma pequena ponte de paralelepípedos se estendia sobre um riacho,
levando a uma mansão modesta cercada por árvores frondosas e um jardim de
flores perfeitamente cuidado. Era um conto de fadas.
Talvez eu não soubesse tudo sobre Aiden, afinal? Ele deve ter percebido
minha surpresa, porque sorriu com minha expressão em transe.
"Não é o que você esperava?"
Eu não respondi, minha voz ainda estava presa na minha garganta.
Ele percebeu que eu não estava pronta para falar, então me ajudou a sair
do carro e colocou a mão nas minhas costas, gentilmente me guiando pela
porta. Eu não me importei.
Sua proximidade realmente me fez sentir segura, o que nunca foi um
sentimento que eu pensei que extrairia de Aiden. Isso não parecia como se
alguém estivesse tentando me controlar. Parecia que alguém estava tentando
me confortar.
O crepitar do café fervendo foi o único som que quebrou o silêncio
ensurdecedor entre nós enquanto nos sentávamos frente a frente sem fazer
contato visual.
Claro que nenhum de nós sabia o que dizer. O que devo dizer a um
homem que acabei de assistir quebrar outro homem ao meio? O que ele disse
a uma mulher que quase foi estuprada? As palavras realmente tornariam
alguma coisa melhor? Não, mas pelo menos sua presença era reconfortante.
Finalmente, Aiden quebrou o silêncio, mas seria melhor ter continuado
quieto.
"Por que você estava com aquele homem no clube?"
"O que você está perguntando exatamente? " Senti meu rosto esquentar.
"Você nunca deveria ter ficado sozinha com outro homem durante a
Bruma. E a porra da temporada. Por que você se colocaria nessa posição?" ele
respondeu.
Eu me levantei de repente. "Você está falando sério? Você está insinuando
que o que aconteceu comigo foi minha culpa?"
"Não rosne para mim. Eu não estava dizendo ISSO.
‘"Como você me encontrou? Você estava me seguindo?"
"É minha função saber onde você está o tempo todo, Sienna. Como uma
mulher marcada, você não deveria ser..."
"E de quem é a culpa? " Eu joguei de volta. "Foi você quem me marcou!
Contra minha vontade! Você me forçou a entrar na Bruma, Aiden! Você pegou
meu livre arbítrio e o torceu para atender às suas próprias necessidades
egoístas!"
"Você não entende que, uma vez que a temporada chegue e você seja
marcada, a Bruma não irá embora a menos que você ceda e faça sexo com
aquele que a marcou?"
"Eu sei!" Eu rebati, furiosa agora. "E por isso que eu nunca quis ser
marcada para começar!"
"Você me queria na Casa da Matilha. Não negue isso", ele rebateu.
Ele não estava vindo para cima de mim. Ele nunca ousaria depois do que
aconteceu no clube. Mas eu ainda estava me debatendo, incapaz de manter o
passado e o presente em ordem.
Ele se moveu em minha direção, não de uma maneira agressiva, mas ainda
parecia que eu estava ficando sem espaço para escapar, me encontrando presa
contra uma parede mais uma vez.
"Por favor, você está perto demais, você..." Eu chorei. A umidade encheu
meus olhos e eu desviei o olhar dele, com vergonha de mim mesma por me
sentir tão fraca.
Aiden parou em seu caminho, parecendo surpreso. Sua mão agarrou meu
queixo e o virou para encará-lo novamente. Ele não estava se movendo em
minha direção para me machucar ou me foder. Ele estava se aproximando para
me confortar.
"Sienna", disse ele. "Eu não vou tirar vantagem de você. Nem agora nem
nunca. Tudo que eu quero é proteger você."
Ele me puxou para um abraço e eu me rendi ao gesto. "Você não deveria
ter me marcado", eu disse, minha voz abafada por seu peito.
Ele suspirou e de repente me puxou para baixo até que eu estava sentada
em seu colo e ele estava me segurando ainda mais perto. "Há algo entre nós.
Não podemos negar. Senti quando te marquei, mas até senti na primeira vez
que te vi, na margem do rio."
"Você lembra disso?" Eu perguntei, um pouco incrédula.
"Claro que sim", disse ele calmamente, apertando seu aperto em mim. "Eu
senti seu poder desde então. Seu cheiro irradiava uma força e sensualidade que
eu não pude resistir."
Eu me retraí um pouco de seu aperto. "Eu não irradiei nenhuma força esta
noite. Eu estava fraca."
"Pare. O que eu disse um minuto atrás... eu estava errado. Deixe-me te
contar algo. Seu cheiro me atingiu no momento em que entrei naquele jantar.
Não é algo que acontece na forma humana, mas você me desequilibrou."
"A Bruma me atingiu, e eu tive que seguir você, para descobrir mais sobre
você, para apenas estar na sua presença. Eu nunca fui tão dominado por algo
mais poderoso em minha vida. Essa é a sua força, o tipo de poder você tem
sobre mim. É por isso que eu marquei você."
Levantei-me de seu colo e olhei para ele como se estivesse olhando para
um estranho.
O que diabos ele estava dizendo? Nenhum de nós estava na Bruma, mas
ele estava olhando para mim com desejo inconfundível em seus olhos, apenas
um tipo diferente de desejo, um desejo de estar perto de mim.
"Por que de repente você está me contando tudo isso?"
"Porque eu acho que você pode ser minha companheira."
Capítulo 16 – O Beijo
Sienna
O que Aiden disse não podia ser verdade, podia? O reconhecimento de seu
companheiro aconteceu no instante em que seu olhar se conectou com o
outro. Meu olhar tinha se conectado com o de Aiden dezenas de vezes, mas
geralmente os únicos sentimentos despertados dentro de mim eram raiva e
arrependimento.
"Você está mentindo", eu soltei, minha garganta seca. "Eu sei como
funciona o processo de acasalamento, e se fôssemos companheiros, já
saberíamos!"
"Eu sou o Alfa. As regras não se aplicam a mim. A única maneira de saber
se você é minha companheira é passar um tempo com você e ficar mais perto
de você."
"Chegar mais perto de mim? Claro", respondi com ceticismo, "Na cama,
suponho?"
"Quando um Alfa encontra seu companheiro em potencial, suas emoções
ficam descontroladas. Ele tem que confiar em seus sentidos e nada mais.
Primeiro ele a marca, e então ele a deixa vir de boa vontade para sua cama para
sentir seu domínio e ver se ela é capaz de lidar com ele."
Meu coração começou a bater no meu peito quando Aiden se aproximou.
"Nós dois sabemos que você é mais do que forte o suficiente para liderar
um bando. Você é linda, dominante, e me faz dobrar como nunca ninguém
conseguiu. Ninguém me faz curvar assim, a não ser você."
Ele estava realmente sendo submisso a mim? Suas palavras estavam me
tocando de uma forma que me fez querer que ele me tocasse em todos os lugares.
O que havia de errado comigo? A Bruma estava se tornando insuportável.
Ele podia sentir minha necessidade física, mas ele também sabia o que eu
tinha passado esta noite. Ele gentilmente colocou os braços em volta da minha
cintura.
"Você quer mais? " ele perguntou.
Sim, eu queria mais, porra. Eu estava cansada de reprimir tudo, mas esta
era a Bruma, não eu. Havia uma chance de que ele fosse meu companheiro,
mas e se ele não fosse?
Quando comecei a me afastar, Aiden deve ter sentido minha apreensão,
porque ele aliviou e gentilmente me colocou na beira da cama, descansando a
mão no meu rosto.
Sem aviso, ele se inclinou e seus lábios encontraram os meus. Tudo
derreteu, e meu mundo se tornou uma explosão sensorial de sentimentos
enquanto cada um dos meus sentidos aguçados enlouqueciam com o estímulo.
Foi tudo que eu esperava — meu primeiro beijo.
Fiquei emocionada, não só por causa do beijo, mas do clube, da Bruma, de
tudo. Quando eu desabei, Aiden me segurou.
Caímos de costas na cama e me aninhei em seu corpo até que as lágrimas
correram. Minha mente finalmente desligou, permitindo-me adormecer em
seus braços.
Eu mantive minha distância de Aiden por vários dias após o incidente no
clube. Eu precisava de espaço para processar o que quase aconteceu comigo e,
como a Bruma não se importava com o que era apropriado, parecia a melhor
decisão.
Mas depois daquele beijo, Aiden era tudo em que eu conseguia pensar. Eu
realmente não tive a chance de agradecê-lo depois que ele me trouxe para casa
naquela noite, então agora eu me encontrei na porta dele mais uma vez.
Antes que eu pudesse bater, ele abriu a porta.
"Sienna." Ele sorriu. "Eu pensei que tinha farejado!!!"
"Eu... uh... eu só vim agradecê-lo pela outra noite", gaguejei. "Você
realmente me deu suporte quando eu precisei de você."
Aiden me puxou pela porta e me pegou em seus braços. "Você não tem
que me agradecer. Eu nunca deixaria ninguém te machucar. Você precisa saber
disso."
Eu pude ver que ele quis dizer isso. E eu queria agradecer a ele. Eu
precisava agradecê-lo. Sem palavras.
Então, desta vez, eu o beijei.
E agora sua boca estava na minha, lambendo, beliscando e me mordendo
em um estado de êxtase.
Quando eu abri, deixando-o entrar, sua língua roçou a minha e eu sucumbi
ao calor poderoso.
O beijo começou lentamente, nossas bocas testando uma à outra, sentindo
o que o outro gostava, mas nenhum de nós poderia se conter mais, e antes que
eu percebesse, estávamos nos beijando como se fôssemos dois lobos famintos
e vorazes.
Nós tropeçamos para trás no quarto, e ele me jogou na cama, rastejando
sobre meu corpo com pura luxúria em seus olhos. Seus movimentos eram
lentos e metódicos, medindo meu corpo, decidindo onde atacar em seguida.
Ele acariciou a marca que havia feito no meu pescoço com seus lábios macios.
Os minúsculos cabelos do meu corpo se arrepiaram com a sensação dele
flutuando sobre a minha marca.
Ele deu um beijo na marca, em seguida, abriu a boca e deixou sua língua
brincar ao redor do hematoma, lambendo-o com golpes longos e profundos
que fizeram meu corpo estremecer incontrolavelmente.
Então ele mordeu, no mesmo lugar, e eu quase explodi com a sensação
brutal da Bruma. Minha visão ficou turva e gritei, não de dor, mas de prazer
incomparável que percorreu meu corpo.
Eu tinha certeza de que esse tipo de sentimento só poderia vir do poder de
um verdadeiro Alfa. Perdi o controle do meu lobo e minhas unhas se
transformaram em garras, que cavei em suas costas, rasgando sua camisa,
fazendo-o rosnar de surpresa.
Eu deixaria minhas próprias marcas, finas e vermelhas, em toda a suas
costas.
Ele me virou de bruços em retaliação, subindo meu vestido até minha
cintura e pressionando sua protuberância contra minha bunda enquanto
agarrava meus quadris. Sua mão voltou para o meio das minhas pernas,
deslizou minha calcinha de lado e entrou fundo desta vez.
Depois de anos me masturbando com meus próprios dedos, nunca percebi
como seria melhor quando os dedos de outra pessoa estivessem dentro de
mim. Agora eu sabia o que estava perdendo.
O orgasmo me rasgou em dois, e isso foi apenas com seus dedos. De
repente, estava ansiosa para descobrir como seria a sensação de algo muito
maior dentro de mim.
Deus, a Bruma estava me dominando completamente. Eu não estava
pensando direito. Eu só sabia que o prazer era tão bom que não queria que
acabasse.
Por que não deixei isso acontecer antes? Minha mente estava tão confusa
que não conseguia me lembrar. Aiden começou a abrir o zíper de suas calças.
Seria esta a minha primeira vez?
Não, ele ainda não é meu companheiro.
Mas por que isso importa?
Minha cabeça começou a doer. Aiden começou a abrir minhas pernas e
uma sensação de náusea entrou na boca do meu estômago.
Não... Emily. Não assim.
"Não, pare... PARE. Não quero continuar", gritei.
Aiden ergueu a sobrancelha, pensando que ainda estávamos jogando.
"Você ainda está confusa", ele murmurou, se aproximando de mim
novamente, sua boca a uma polegada de distância da minha, "É eu também.
Você não quer que eu te ajude a aliviá-la?"
"Não! Eu não sei se você é meu companheiro ainda, e eu não sei se você
algum dia será!" Culpei a Bruma por ser tão dura, mas não tive forças para
lutar contra meu desejo naquele momento.
Aiden parecia um cachorrinho assustado quando me sentei ao acaso e
tentei me recompor. Sua surpresa rapidamente mudou para realização
enquanto ele me olhava de cima a baixo.
"Sienna", ele rosnou, "você é virgem?"
Meu coração parou. Eu queria dizer a ele qualquer coisa, exceto a verdade
naquele momento, mas por algum motivo, abri minha boca e proferi um
tímido "Sim."
Sua expressão de confusão disse tudo. Era inédito um lobisomem ser
virgem na minha idade. O sexo estava embutido em nossos próprios seres,
mas eu tinha meus motivos para permanecer virgem, e Aiden não precisava
conhecê-los.
Esse era meu fardo a carregar, minha promessa de cumprir.
"Por quê?" ele perguntou de repente.
Baixei meu olhar para minhas palmas suadas. "Aiden..." eu disse hesitante.
"Responda minha pergunta, Sienna."
A névoa estava morrendo e minha clareza estava voltando, mas a resposta
à pergunta de Aiden nunca seria clara. Ele não conseguia entender o quão
profundamente Emily me afetou e como eu fui cúmplice do que aconteceu.
Fechei meus punhos com força, cravando minhas unhas em minha pele,
tentando bloquear as memórias amargas.
"Eu tenho me guardado para o meu companheiro", eu disse, não
totalmente convincente. "Só posso amar verdadeiramente meu cônjuge e não
quero dar algo especial a alguém que não o é."
Ficou imediatamente claro que Aiden podia ver que eu não estava
contando toda a história. Ele se aproximou de mim e abriu minhas palmas. O
sangue escorreu enquanto minhas garras se retraíam. Ele olhou para mim com
profunda preocupação, mas tudo que eu pude fazer foi me virar.
"Sienna, preciso que você me diga o que está acontecendo. Eu não vou
conseguir deixar pra lá."
"Isso está claramente rasgando você por dentro, seja o que for isso", Aiden
rosnou. "Como você espera que eu ignore isso e finja que nada está errado?"
"Eu não sou sua companheira. Não é sua responsabilidade cuidar de mim",
retruquei.
"Eu a tornei minha responsabilidade quando te marquei!"
Eu vi que ele não iria recuar, mas eu também não iria. Quando duas
pessoas chegaram a um impasse, uma teve que se comprometer e eu estava
cansada.
"Olha, se você deixar pra lá, eu..." Hesitei. "Eu farei qualquer coisa."
"Mesmo?"
A contragosto, eu balancei a cabeça que sim.
"Você vai se mudar para cá amanhã para que eu possa ficar de olho em
você. Sem desculpas, sem atrasos. Amanhã."
"Eu não vou fazer sexo com você", eu disse a ele, apenas para que ele
tirasse qualquer ideia de sua mente confusa "Não até que saibamos se você é
meu companheiro ou não. Além disso, você não consegue me dominar. Eu
não vou deixar você mandar em mim, então se você está pensando que eu me
torno sua propriedade ao me mudar, então as garras estão saindo e eu vou
parar de jogar bem."
Sua boca se curvou em um sorriso diabólico. "Não ia querer que fosse
diferente."
Capítulo 17 – O Compromisso
Sienna
"Diga-me novamente por que isso tem que acontecer?" Meu pai
questionou, nem mesmo tentando esconder a preocupação em sua voz.
"Já falamos sobre isso, Peter." Minha mãe suspirou. "O Alfa não pode ser
o companheiro de Sienna se a mantivermos trancada aqui. Ela precisa de
espaço para respirar."
"Nós não sabemos se ele é meu companheiro", eu a corrigi.
A escolha de palavras da minha mãe foi dolorosamente irônica,
considerando que eu ficaria muito mais sufocada e confinada na casa de Aiden
do que aqui.
Meu pai me puxou para um abraço de urso. "Eu sei que você tem que
descobrir se ele é seu companheiro ou não, mas isso não significa que eu não
vou ficar muito preocupado com a minha garotinha. Eu gostaria que você
ficasse."
Quanto mais eu pensava sobre isso, mas eu sabia que isso era algo que eu
tinha que fazer, quisesse ou não. Eu nunca saberia se Aiden e eu tínhamos uma
chance real de um relacionamento se eu pelo menos não desse uma chance,
embora eu tivesse minhas dúvidas sobre suas intenções.
Abracei meus pais com força. "Vocês não precisam se preocupar comigo.
Eu prometo."
"Sim, é claro... você vai ficar bem", disse mamãe, começando a chorar.
"Minha última filha saindo de casa e acasalando com um Alfa. Eu não posso
acreditar que você está crescida!"
Lembrei-me de como meus pais agiram quando Selene se mudou. Foi
exatamente a mesma coisa. Mesmo que ela fosse sua filha de sangue e eu
tivesse sido adotada, isso não fazia a menor diferença para eles.
Isso me fez amá-los ainda mais por isso. Eu ia sentir falta deles. Pais
biológicos ou não, eles eram meus. E talvez minha mãe estivesse sendo
melodramática, mas, agora, eu gostava disso.
"Volto logo, relaxe", eu disse, abraçando-os uma última vez. O abraço da
minha mãe foi um pouco apertado demais para meu conforto.
Felizmente, uma buzina de carro buzinou do lado de fora, oferecendo uma
fuga.
"Deve ser meu motorista! Eu tenho que ir, mas eu amo muito vocês! "Eu
gritei enquanto saía pela porta.
Lá fora. Josh estava esperando por mim. Ele tinha um sorriso quase
suspeito no rosto. Ele pegou minhas duas malas e as colocou no porta-malas
enquanto eu me sentei no banco do passageiro.
Josh entrou no carro e acelerou o motor como um garoto de fraternidade
prestes a dar um passeio. Embora eu duvidasse que seria um passeio agradável.
Nós dirigimos em um silêncio constrangedor por um tempo antes de Josh
finalmente virar a cabeça para olhar para mim.
"É um prazer conhecê-la oficialmente, Sienna Mercer", ele disse com
aquele sorriso estranho. "Eu sou Josh Daniels, o Beta da Matilha da Costa
Leste."
"Sim. eu sei", eu disse, ainda tentando lê-lo. "Deve ser bom ser escolhido
para essa posição."
"Deve ser bom estar na sua posição também", Josh disse com um tom
acusatório. "Então, enquanto estamos aqui, por que você não me diz como
você fez isso?"
"Desculpe?" Eu sabia que havia algo estranho naquele sorriso falso.
"Não seja modesta." Sua voz estava encharcada de sarcasmo agora. Você
precisa me dizer sua técnica. Como você enganou o Alfa para marcá-la?"
Eu não ia sentar aqui e aceitar essa merda. "Enganá-lo? Eu nem tive
escolha em nada disso. O que lhe dá o direito de questionar meus motivos?"
"Eu sou o Beta. É meio que meu trabalho, e se você está se aproveitando
dele quando ele está em um estado vulnerável, eu serei o primeiro a saber
sobre isso."
"Se você está tão curioso sobre mim, então por que não pergunta ao seu
melhor amigo por que ele me marcou?" Eu atirei de volta.
"Bem, eu faria, mas Aiden se recusa a responder qualquer uma das minhas
perguntas sobre você." Sua carranca se aprofundou. "Ele tem sido tão
reservado sobre porque ele marcou você. Todo mundo está perplexo."
Ele olhou para mim. "Eu me ofereci para buscá-la na esperança de que
você me desse uma pista sobre este pequeno relacionamento que vocês dois
começaram."
"Se Aiden não te disse nada, então por que diabos eu contaria? Talvez você
esteja apenas tentando obter informações para usar contra ele."
Josh massageou sua têmpora em frustração. "Eu realmente deveria ter
deixado Jocelyn lidar com isso. Ela está acostumada a lidar com pessoas
delirantes."
"Isso faz sentido, considerando o histórico de namoro dela", retruquei.
Josh estreitou os olhos para mim. "Vou ser franco com você. Eu não acho
que você seja forte ou madura o suficiente para lidar com um domínio tão
poderoso quanto o dele, e não importa se você pensa que é uma loba durona
ou sei lá."
"Você está me subestimando", eu disse, desafiando-o.
"O tempo vai dizer. Agora saia do meu carro", Josh disse
presunçosamente.
Durante nossa discussão, não percebi que já havíamos chegado à casa de
Aiden.
Saí do carro de Josh, batendo a porta atrás de mim. Peguei minhas malas e
atravessei a ponte para o meu feriado Bruma do inferno.
Uma coisa era certa, porém. Eu não deixaria Josh ou qualquer outra pessoa
me subestimar.
***

Quando Aiden abriu a porta, meus olhos foram imediatamente atraídos


para seu peito brilhante sem camisa. Seus músculos incharam com cada
movimento menor.
Minha Bruma começou a brilhar.
Porra, isso já está realmente acontecendo?
Ele tentou me agarrar e me puxar para dentro, mas consegui passar por
baixo de seu corpo enorme e entrar na casa. Ele se achava inteligente, mas não
me pegaria tão facilmente.
"Você pode trazer minha bagagem para o quarto de hóspedes". Eu disse
timidamente enquanto caminhava pelo saguão, certificando-me de estar vários
passos à frente dele. "Você vai me mostrar o tour ou terei que fazer tudo
sozinha?"
"Oh, você tem feito tudo sozinha por muito tempo. É hora de você deixar
outra pessoa te ajudar", ele disse, sorrindo com aquele sorriso sexy e irritante.
Eu apenas rolei meus olhos. "Eu disse a você — nada de sexo. Isso fazia
parte do nosso acordo."
"Nós concordamos que não faremos sexo", ele disse, começando a fazer
uma carranca. "Isso não significa que não podemos nos entregar a outras
atividades."
Apesar de minhas tentativas de suprimi-lo, minha Bruma continuou a
crescer. Eu estava tentando o meu melhor, mas era quase impossível com seu
cheiro por todo o lugar, e com ele sem camisa e suado, a apenas alguns passos
de distância.
Eu poderia muito bem ter apenas me entregado em uma bandeja de prata.
Isso não significava que eu não lutaria de volta, no entanto. "Aiden, estou
falando sério", disse. "Eu não vou dormir com você. Não somos
companheiros e também não somos amantes. Preciso do meu próprio quarto e
isso não é negociável."
Nós travamos os olhos em uma batalha de vontades, ambos afirmando
nosso domínio. Recusei-me a recuar, especialmente depois do que Josh tinha
dito. Para minha surpresa, Aiden, rosnando levemente baixinho, pegou minhas
malas e me levou para a sala mais próxima, jogando-as dentro.
Eu não conseguia acreditar nos meus olhos. Eu realmente tinha acabado
de fazer Aiden se comprometer sobre algo? Eu fiz o Alfa do Matilha da Costa
Leste assumir um compromisso!
Talvez eu tivesse uma chance de sobreviver a isso, afinal. Acontece que
minha empolgação foi minha traição final. No entanto, a Bruma me atingiu
com força total no meio da minha vertigem.
Os sentidos de Aiden explodiram imediatamente, e ele estava na Bruma.
Foda-se, lá vamos nós.
Nós nos encontramos no meio da sala, e seus braços estavam em volta de
mim em meros segundos enquanto minhas mãos estavam agarrando seus
cabelos negros desgrenhados. Ele me empurrou na cama e caiu em cima de
mim.
Ele puxou as alças do meu vestido, expondo meu sutiã, e começou a
chupar minha marca, me deixando louca. Sua boca desceu para os meus seios
e eu engasguei quando senti sua língua e dentes vagando em torno dos meus
mamilos.
Eu queria que ele tirasse minha roupa. Eu queria que nós dois estivéssemos
nus com nossa pele suada se tocando. Era uma forma de tortura tê-lo tão
perto, mas não perto o suficiente. Eu precisava dele dentro de mim, e
precisava agora.
Eu não podia esperar até descobrir se éramos companheiros. Eu tinha que
tê-lo bem aqui, agora, ou ficaria louca.
Merda, fique sob controle, Sienna! Eu finalmente ganhei a vantagem e fiz com
que ele se comprometesse. Eu não poderia simplesmente jogar isso fora agora.
"Pare!" Eu gritei. "Me larga! Por favor. Dê-me espaço para pensar."
Aiden parecia exasperado. "Sienna, você não pode continuar fazendo isso.
É uma coisa natural querer que seus desejos sexuais sejam realizados."
"Saia", eu ordenei enquanto as lágrimas brotaram em meus olhos.
"Esta é a minha casa", rosnou Aiden. "Você é só uma convidada aqui."
"Eu sou sua convidada?" Eu perguntei, engasgada. "Ou eu sou apenas uma
prisioneira da porra do seu ego de Alfa?"
Antes que ele pudesse responder, corri para o banheiro e tranquei a porta.
Tirei minhas roupas e sentei no chuveiro, deixando a água correr pelo meu
rosto, escondendo minhas lágrimas. Eu sabia que estava amaldiçoada por
sempre me sentir assim por causa do passado.
E talvez eu merecesse essa maldição. Alfa ou não, ninguém poderia tirar
esses demônios de mim.
Para piorar as coisas, agora eu tinha que estar perto de Aiden todos os dias.
Eu não poderia passar por isso novamente diariamente. Apenas alguns
minutos se passaram desde que eu cheguei. Se não pudéssemos sobreviver
menos de uma hora juntos, como poderíamos sobreviver às próximas
semanas?
Em dez minutos, tínhamos conseguido lutar, inflamar nossa Bruma e ter
uma sessão de rebatidas secas e cheia de raiva da qual eu fugi com um ataque
irregular.
Isso não era saudável.
Quando me levantei do chão do chuveiro, percebi uma linha fina de sangue
circulando pelo ralo. Senti uma pontada de esperança no peito.
Minha menstruação.
Eu pulei fora do chuveiro e rapidamente verifiquei meu calendário. Era
aquela época do mês. Minha menstruação significava sem sexo, e sem sexo
significava manter minha virgindade e minha sanidade intacta por mais uma
semana sem ter que enfrentar as tentações de Aiden.
Nunca, em toda a minha vida, senti tanta gratidão pela Mamãe Natureza.
Capítulo 18 – A Ruptura
Sienna
A expressão no rosto de Aiden quando ele me cheirou quando saí do meu
quarto à noite foi hilária. Seu nariz estava enrugado em insatisfação, e ele
rosnou, "Merda", antes de retornar para seu próprio quarto e bater à porta.
Sangue era um problema óbvio para os lobisomens, mas por alguma razão,
o sangue de menstruação fazia os machos correrem para as colinas com o rabo
entre as pernas. E por isso, eu estava grata.
Pelo menos eu poderia evitar mais encontros sexuais por um tempo
enquanto descobria um novo plano, sem mencionar o bônus adicional de
mexer com Aiden.
Enquanto apreciava minha pequena vitória, meu telefone começou a
zumbir.

Michelle: Ei garota, você vem amanhã?


Sienna: Vem pra onde?
Michelle: Sienna...
Michelle: sério?
Sienna: Me desculpe, eu realmente não tenho ideia
Michelle: vamos comprar o vestido da cerimônia de
acasalamento de Mia
Michelle: você sabe disso há muito tempo.
Sienna: Meu Deus, esqueci completamente
Sienna: As coisas têm estado tão agitadas
Sienna: Desde, você sabe...
Michelle: eu percebi...
Michelle: você não tem saído muito ultimamente
Sienna: Eu sei, eu sei
Sienna: É só
Sienna: Aiden
Sienna: e a Bruma
Sienna: e toda essa coisa de morar juntos
Sienna: Sinto que estou ficando louca
Michelle: entendi
Michelle: você tem muita coisa acontecendo
Michelle: estou bem por falar nisso
Sienna: O quê?
Michelle: nada
Michelle: Então você vem ou não?
Sienna: Vou tentar
Michelle: Sienna
Sienna: Ok, estou indo
Michelle: vejo você aí

Uma anfitriã humana nos serviu champanhe enquanto Mia experimentava


vestidos diferentes em uma boutique reconhecidamente chique. Erica e
Michelle cuidaram de seu véu, elogiando suas escolhas de estilo.
Fiquei sentada no canto, olhando para minha taça de champanhe como se
fosse algum poço mágico que contivesse todas as respostas para meus
problemas.
"Ei, Terra para Sienna", Erica chamou do outro lado da sala. "Estamos
entediando você?"
"Desculpe, só estou um pouco distraída", pedi desculpas.
Michelle estalou a língua em aborrecimento e começou a beber seu
champanhe como se para manter a boca ocupada para não dizer algo de que se
arrependesse.
"Venha aqui e me ajude a tirar este vestido antes que eu desmaie", Mia
resmungou, respirando pesadamente. "Essa coisa é mais apertada do que
minha amiguinha antes da minha primeira Bruma."
"Você já deu suas voltas, sem dúvida." Michelle riu. "Há algum homem
nesta cidade em que você não cravou suas garras em algum momento?"
"Ei, estou comprometida agora, ok?" Mia respondeu. "Pelo menos eu
ainda posso viver através de vocês, meninas. Principalmente Sienna. Você deve
estar sendo devastada todas as noites por aquele Alfa sexy. Estou com tanta
inveja, você não tem ideia."
"Você está se unindo ao seu melhor amigo" Erica disse em tom de censura.
"Sim, eu acho que isso é bom também. Deixe-me fantasiar um pouco,
certo?" Mia derramou seu champanhe em um dos vestidos.
Eles não tinham ideia de quão desconfortável toda essa conversa de sexo
me deixou, mas eu não estava prestes a revelar que era virgem para um grupo
de lobas embriagadas e loucas por sexo.
"Nossa, totalmente", tentei dizer de maneira convincente. "Quase não há
um momento em que Aiden não me deixe de quatro."
"Oh meu Deus, conte-nos tudo. " Erica praticamente desmaiou.
Droga, eu não tinha pensado nisso. Enquanto Mia se espremia para fora de
seu vestido, notei um unicórnio pintado olhando para mim de forma
extravagante por cima de sua bunda. Oh, graças a Deus pelas decisões erradas
de Mia.
"Não, Mia precisa me contar tudo sobre aquela tatuagem, e eu preciso
saber agora" eu gritei, tentando mudar de assunto.
Mia ergueu as sobrancelhas sugestivamente. "Ei, o que acontece na feira do
condado fica na feira do condado. Talvez você e Aiden possam conseguir
tatuagens iguais quando forem juntos este ano."
Prefiro morrer. "Deus, Mia, você é demais." Eu fingi rir.
"Por que você não nos conta por que você deixou o clube com Aiden
durante a noite das meninas sem nem mesmo dizer adeus", Michelle
perguntou, fazendo com que toda a sala ficasse em silêncio. Todos olharam
para mim com expectativa, como se essa fosse uma discussão inevitável que
iria acontecer.
"Eu... eu uh, eu estava.."
Droga, eu não poderia contar a elas sobre como quase fui estuprada. Eu já
estava diminuindo o clima do jeito que estava. E isso apenas traria outras
questões que eu não estava pronta para responder. Então, eu acho que minha
única opção era — "Aiden pode ser meu companheiro", eu deixei escapar.
O queixo de Erica e Michelle caiu no chão.
"Cale a boca, porra", Mia gritou. "Você está falando sério? Oh meu Deus,
isso explica tudo, porque você tem estado tão distante e estranha ultimamente.
Isso é SUPER IMPORTANTE."
"Sim, eu não tinha ideia. Essa é uma razão totalmente válida para nos
abandonar", Erica falou quando Michelle lançou-lhe um olhar sujo.
"Está tudo acontecendo tão rápido", eu disse, dando minha melhor
impressão de Selene. "Eu pensei que ia morrer quando ele me disse. Ainda
estamos descobrindo."
"Parece que você pode ser a próxima no altar", provocou Erica.
"De jeito nenhum, definitivamente vai ser Michelle", eu disse, sorrindo,
mas quando olhei para ela, ela não estava sorrindo de volta.
Michelle agarrou sua bolsa e se levantou repentinamente. "Você está
realmente vivendo em seu próprio mundo atualmente, não é, Sienna? "Ela saiu
da boutique, me deixando totalmente confusa.
"Michelle, espere! " Eu chamei por ela. "O que foi que eu disse?"
Mia e Erica trocaram olhares.
"Michelle está um pouco nervosa agora. Ela está tendo alguns problemas
com Ross", explicou Erica.
"Merda, eu não tinha ideia", eu disse. "Eles ficarão bem, certo?"
Mia apenas encolheu os ombros. "Talvez, mas você pode ver por que ela
está brava. Se você tivesse mais presente nas últimas semanas, saberia o que ela
estava passando."
Droga, ela estava certa? Eu tinha estado tão absorta em tudo que acontecia
que negligenciei completamente minha melhor amiga? Doeu muito esconder a
verdade das meninas, mas eu tinha que fazer isso sozinha. Esperançosamente
elas entenderiam em algum momento, mas agora simplesmente não era a hora
certa.
Eu estava cozinhando o jantar, pensando em Michelle, quando Aiden
voltou do trabalho, ainda com a mesma expressão irritada daquela manhã.
"Eu pensei que você não queria ser considerada uma mulher submissa que
não fazia nada além de cozinhar para seu homem", ele comentou secamente.
Eu atirei-lhe um olhar furioso. "Cozinhar não é um traço submisso. Se
você não pode fazer sua própria comida, é você quem depende de outra
pessoa."
Ele sorriu como um lobo. "Estou te irritando, Sienna?" ele perguntou, um
brilho malicioso em seus olhos.
De repente, ele estava atrás de mim, as mãos na minha cintura,
pressionadas contra minhas costas. Seus lábios estavam roçando minha orelha
quando ele disse: "Você quer punir o grande alfa mau?"
Eu fiz, mas eu me conteria por enquanto. "Saia de cima de mim", eu
rosnei, mas em vez disso, ele me beijou. Desta vez, o beijo não foi tão
apressado como antes.
Sua Bruma estava completamente sob seu controle e ele me deixou louca.
Eu queria que ele pressionasse com mais força, me empurrasse contra a ilha e
me devorasse.
Ele provocou meus lábios para aceitar os seus, chupando e mordendo-os.
Quando estremeci e não consegui mais manter minha boca fechada, sua
língua escorregadia rompeu e zombou da minha, me deixando louca de paixão.
De repente, ele parou e se afastou com um sorriso no rosto.
"Eu acho que é o suficiente por esta noite", ele disse, ecoando minhas
próprias palavras, que eu usei contra ele várias vezes.
Esse idiota. Então é assim que ele queria jogar este jogo? Bem, bola pra
frente, vadia. Ele não é o único que tem controle sobre sua Bruma.
"Sente-se. O jantar está servido, eu disse bruscamente.
"Bem, olhe para você, uma dona de casa tão fofa. Combina com você..."
Aiden soltou um uivo agudo enquanto eu despejava uma pilha de
espaguete à bolonhesa quente em seu colo.
"Opa. desculpe, querido. Deixe-me limpar isso para você", eu sorri.
Enquanto pegava uma toalha e fingia limpar a comida em seu colo, fiz
questão de dar atenção especial à sua virilha. Eu o senti ficando duro, e sua
Bruma explodiu quase imediatamente.
Eu o massageei cuidadosamente enquanto seus olhos se fechavam e um
olhar de puro prazer apareceu em seu rosto. Eu abruptamente parei de tocá-lo
e joguei a toalha coberta de molho em seu rosto.
"Você está um pouco bagunçado aí embaixo", zombei. "É melhor limpar
isso. Não gostaria de tocar em você durante a menstruação."
Aiden disparou, rosnando, e enfiou o garfo na mesa. Olhamos um para o
outro, afirmando nosso domínio ao mais alto grau até...
Minha boca se abriu quando Aiden abriu um sorriso enorme. Ele começou
a rir histericamente, dobrando-se e segurando o estômago. Sua risada foi baixa
e grave, e foi tão contagiante que eu mesma comecei a rir. O que diabos
estávamos fazendo?
Quando a risada diminuiu, sorrimos um para o outro e pude ver seus olhos
se suavizando. O silêncio após as risadas foi o silêncio mais confortável que eu
já senti com alguém, e enquanto nos olhamos, sorrindo assim, parecia que
tudo se encaixava.
Finalmente tudo fez sentido. Foi um momento surreal, mas não o
questionaria.
Comemos no mesmo silêncio, nenhum de nós ousando quebrá-lo. Ele
parecia adorar minha comida pela maneira como devorava a refeição inteira e
voltava por alguns segundos.
Assistir Aiden comer minha comida com tanta fome, tanta satisfação, foi
um tipo diferente de prazer.
Ele olhou para cima e encontrou meu olhar, olhos intensamente
penetrantes nos meus, e meu coração deu um pulo. Ele olhou profundamente
nos meus olhos, como se tentasse me ler, me apreciar, e eu me vi fazendo o
mesmo com ele, tentando decifrar seu olhar repentinamente inescrutável.
O que ele estava pensando? O que ele estava sentindo? Talvez um dia nós
realmente nos entendêssemos.
De repente, ele abriu um sorriso e voltou a atacar seu jantar.
"Bom apetite", eu sussurrei suavemente.
Capítulo 19 – Os Iguais
Aiden
Estou profundamente envolvido. Não há mais volta agora, não que tenha existido para
mim.
Sienna tinha-me na coleira. Como um cachorro domesticado. Mas ela me odiava
ou sentia algo por mim?
Eu nunca poderia dizer com ela. Se ela finalmente decidiu me rejeitar...
Porra!
Passei minhas garras na minha mesa, jogando tudo, desde pilhas de
documentos assinados até velhos troféus de esportes, no chão com um
barulho.
Josh se encolheu especialmente quando eu espalhei centenas de convites
do Baile de Natal pela sala, alguns deles batendo no ventilador de teto e caindo
no esquecimento.
"Aquela garota", eu rosnei. "Eu não posso tirá-la da porra da minha
cabeça. Ela assumiu completamente cada pensamento meu, e isso está me
deixando louco."
"Tenho certeza de que é apenas a Bruma", disse Josh com cautela,
enquanto tentava recuperar o que restava dos convites.
A maldita Bruma. Parecia sem fim. Eu provoquei Sienna implacavelmente
sobre seu controle, mas a verdade é que eu mal conseguia me controlar.
Quando eu estava na presença dela, todo o resto parecia turvo — eu não
conseguia me concentrar.
Mas para eu me sentir assim quando ela nem estava por perto? Isso me fez
querer arrancar meus olhos.
"Como diabos você está lidando com isso? " Eu perguntei, andando em
círculos. "Jocelyn não distrai você de suas tarefas mais importantes, se enterra
em seu cérebro como um parasita e faz você querer rasgar algo ao meio,
porra?"
"Uhhh..." Josh rapidamente puxou um mural vintage da minha árvore
genealógica fora do meu alcance.
Ele parou por um momento para pensar sobre minha pergunta. "Na
verdade, não." disse ele, parecendo um pouco confuso. "Quer dizer, Jocelyn é
ótima e tudo, mas não posso dizer que senti algo parecido com o que você está
descrevendo."
"Bem, você tem sorte então", eu rosnei. " Porque isso é uma tortura."
Meu telefone começou a zumbir no bolso e eu o puxei com cautela,
sabendo exatamente quem seria.

Sienna: Olá Aiden


Sienna: Vi seu bilhete
Sienna: Espero que você tenha um bom dia no trabalho
Sienna: Parece ocupado
Sienna: Talvez eu possa encontrar uma maneira de tornar o
seu dia menos estressante

Eu joguei meu telefone do outro lado da sala quando minha Bruma


começou a acender novamente, vendo-o quebrar contra a parede.
"Josh, eu não tenho mais acesso ao meu planejador." eu disse sem um
pingo de ironia. "O que está na minha agenda para o resto do dia?"
"Só o almoço", respondeu Josh. "Você quer que eu cancele?"
"Inferno, não, isso é exatamente o que eu preciso. Uma sala cheia de
testosterona. Sem mulheres e especialmente sem Sienna."
Sienna
Acordei com uma casa vazia, mas o cheiro de Aiden ainda pairava no ar.
Ele deixou um bilhete preso por um ímã na geladeira. Dizia que ele tinha saído
para algum negócio alfa e ficaria na Casa da Matilha o dia todo e poderia não
chegar em casa para o jantar.
Por algum motivo, um sorriso idiota se espalhou pelo meu rosto enquanto
eu me vestia. Quando me olhei no espelho e puxei meu cabelo ruivo para trás
em um rabo de cavalo, vi minha marca sob uma luz diferente.
Pela primeira vez, isso não me incomodou ou enfureceu. Na verdade, eu
estava meio orgulhosa disso.
Decidi enviar uma mensagem de texto para Aiden e dizer a ele para ter um
bom dia no trabalho, talvez até paquerar um pouco, mas depois de algumas
mensagens, ele parou de atender e ele não respondeu. Ele provavelmente
estava sobrecarregado de trabalho e teve que desligar o telefone.
E se eu o surpreendesse na Casa da Matilha para o almoço? Parecia uma
boa ideia, considerando que ele não teria um momento livre de outra forma,
hoje.
Eu estava praticamente radiante e queria tirar meu próprio sorriso bobo do
rosto, mas talvez esse sentimento não fosse tão ruim.
***

Quando cheguei ao portão, vi o guarda que estava lá da última vez que


atravessei a Casa da Matilha. Ele olhou para mim e ficou branco como um
fantasma. Sem nem mesmo um "alô", ele abriu o portão e me conduziu,
tentando evitar o contato visual.
"Desculpe pela última vez", eu disse timidamente, fazendo-o pular.
"Posso ter alguns problemas de controle da raiva."
Com os olhos arregalados, ele sorriu nervosamente, balançando a cabeça
como um boneco quebrado. Talvez eu precise pagar por sua terapia.
Quando eu entrei, peguei o cheiro de Aiden, mas estava um tanto
obscurecido por vários outros cheiros masculinos. Eu me perguntei se ele
poderia me cheirar ou se o meu também estava mascarado? Enquanto estava
farejando o ar, quase esbarrei em Jocelyn.
"Ei, Sienna", disse ela enquanto sorria. "O que você está fazendo aqui?"
Droga, eu sempre me esquecia de como ela era linda. "Ei, Jocelyn", eu
disse, sorrindo timidamente de volta.
Eu ainda não tinha certeza se podia confiar nela ou não. Michelle sempre
me dizia que era obscura, mas Jocelyn sempre foi gentil e prestativa comigo.
Normalmente eu confiava no julgamento de Michelle, mas desta vez não tinha
tanta certeza.
Especialmente porque o momento da desconfiança de Michelle em Jocelyn
se aliou ao fato de ela namorar Josh, por quem tenho certeza de que Michelle
tinha uma queda, apesar de nunca ter conhecido oficialmente.
"Você está aqui por Aiden?" Ela perguntou maliciosamente.
"Ele está ocupado? Sempre posso voltar mais tarde."
"Não, ele está apenas no almoço da matilha.
"Homens apenas "ela disse, revirando os olhos." Josh também está lá."
"Parece importante", eu disse, começando a perder minha coragem.
"Talvez eu não deva interromper."
Jocelyn agarrou meu braço, rindo. "Eu acho que é exatamente o que você
deve fazer. Espere, tente isso."
Ela se inclinou e puxou meu cabelo para baixo do rabo de cavalo, brigando
e bagunçando até ficar com uma aparência sexy de que acabei de acordar.
Droga, sua bela aparência era uma coisa, mas ela também tinha um cheiro que
poderia matar. Era absolutamente inebriante. Ela puxou para baixo o ombro
da minha camisa, expondo minha marca.
"Você tem certeza? " Eu perguntei.
"Sienna, Aiden é louco por você. E se o que Josh tem me contado for
verdade, então ele pode estar literalmente enlouquecendo por sua causa. Você
é provavelmente a loba mais dominante que já conheci, e está muito sexy
agora. Abrace isso! Vá para aquele almoço e mostre a ele sua força."
Ela me deu um sorriso malicioso e colocou a mão acima do meu coração.
"Confie em mim... e boa sorte."
Enquanto ela se afastava, senti que realmente podia confiar nela
implicitamente.
Um domínio de fogo começou a queimar dentro de mim assim que ela me
tocou. Era como se ela tivesse ativado algum poder enterrado dentro de mim.
Com o queixo para cima e o domínio irradiando de todos os meus poros,
eu irrompi pelas pesadas portas da sala de reuniões, caminhando em direção a
Aiden e os outros homens com total confiança.
Todos eles levantaram suas cabeças, perplexos, mandíbulas caindo e olhos
cheios de luxúria, exceto Josh, que apenas fez uma careta.
A Bruma de Aiden chamejou quando ele sentiu meu cheiro, mas havia um
olhar voraz de orgulho e posse em seus olhos que não tinha nada a ver com a
Bruma.
Despertar Aiden na frente de seu bando foi uma das coisas mais arriscadas
que eu já fiz, mas eu poderia dizer que estava funcionando pelo jeito que ele
estava suando e cravando suas garras na mesa.
Foi uma jogada ousada, mas Jocelyn acertou o alvo. Não era qualquer um
que poderia fazer isso.
Aiden tentou lutar contra sua Bruma, mas pela primeira vez, eu não queria
que ele lutasse. Eu queria que isso o engolisse completamente. Não era
exatamente vingança — eu também o queria — mas estava aproveitando cada
doce segundo de seu desconforto.
Inclinei-me sobre a mesa e lambi meus lábios.
"Senti sua falta quando acordei esta manhã. Comecei a me tocar, mas não
era tão divertido sem você. Seus dedos são muito mais satisfatórios."
Isso era tudo que ele precisava. Antes mesmo que eu soubesse o que estava
acontecendo, ele me pegou e me jogou na mesa, fazendo com que o resto de
sua matilha se sacudisse.
Ele rastejou sobre mim, rosnando em antecipação, enquanto eu estava
deitada esparramada sobre a mesa à vista de todos os outros.
"Fora", ele rosnou para sua matilha sem quebrar o contato visual comigo.
"Todo mundo fora AGORA."
O bando rapidamente se levantou da mesa e se dirigiu para a saída, mas
Aiden estava em cima de mim antes mesmo de eles terem saído.
Ele agarrou meus seios através da minha camisa, apertando quase
dolorosamente. Eu o beijei de volta, mas ao contrário dele, eu tinha controle
sobre minha Bruma agora. Consegui provocar sua boca até que um grunhido
explodiu de sua garganta, fazendo seu peito roncar.
Estremeci com a sensação da vibração e ri baixinho. "Ah. alguém está com
raiva", eu disse sedutoramente.
"Você não tem ideia", ele rosnou e me beijou novamente. Desta vez, eu o
deixei me beijar tão possessivamente quanto ele queria enquanto eu envolvia
meus braços em volta de seu pescoço e colocava minhas pernas em volta de
sua cintura. Eu agarrei um punhado de seu cabelo e puxei o mais forte que
pude até que ele mostrou suas presas.
"Me morda, porra", eu ordenei.
"O que?" ele respondeu, perplexo. " Desde quando você..."
"Faça o que eu digo a você. Crave seus dentes em mim!"
Aiden me pegou e me colocou suavemente na beirada da mesa, me
examinando com preocupação. "Sienna, o que está acontecendo?"
"O que você está falando? Você não me quer?" Eu respondi, irritada.
"Claro que sim", disse ele. "Mas não assim."
O que eu estava fazendo? Me jogando no Alfa? Esta foi uma ideia tão
idiota.
A dúvida começou a afundar, e tudo o que Jocelyn tinha feito estava
desaparecendo rapidamente. Todas as minhas inseguranças vieram à tona.
"Você ao menos acha meu cheiro atraente? " Eu cuspi. "E se eu não fosse
sua companheira em potencial? Você prestaria atenção em mim? Você é um
alfa, um pedigree diferente. Sou apenas uma plebeia, uma garota que foi
abandonada pelos pais. Eu não sou ninguém."
Eu comecei a chorar. "Eu não posso estar com alguém que é superior a
mim. Não posso estar em um relacionamento em que sempre me sinto
insignificante e com o fardo de corresponder às suas expectativas. Isso
simplesmente não vai funcionar."
Aiden parecia atordoado, mas ele suavemente colocou a mão na minha
bochecha e olhou diretamente nos meus olhos.
"Sienna, eu não vejo você como uma plebeia que tem que se curvar a todos
os meus caprichos." Ele sorriu. "Eu vejo você como uma igual."
Agora, era eu que parecia atordoada. Uma igual?
"Olha, não posso explicar, mas... - disse Aiden, franzindo a testa. "Mas,
ultimamente, me sinto conectado a você, ao que você quer. Posso sentir seus
desejos e suas dúvidas como se fossem meus. E eu sei que você não quer isso
aqui — em meu escritório, na mesa de conferência."
Aiden começou a andar agora, claramente nervoso, uma emoção que eu
não pensei que Aiden possuísse.
Isso era estranho como o inferno, e eu me senti completamente perplexa,
sem saber o que viria a seguir nesta peça de um homem só.
"O que estou tentando dizer é... " Ele se virou para mim com uma
explosão de confiança. "Acho que é hora de fugirmos."
Ai. Meu. Deus.
Capítulo 20 – A Fuga
Sienna: Ei, Selene
Sienna: Você está acordada?
Selene: Ugh, mais ou menos
Selene: É melhor ser vida ou morte
Selene: são 2 da manhã
Selene: O que está acontecendo?
Sienna: Quando você soube pela primeira vez
Selene: Soube o quê??
Sienna: Que você estava apaixonada por Jeremy
Selene: Espere, o quê?
Selene: Sienna...
Selene: Isso realmente não poderia esperar até amanhã?
Sienna: Aiden me pediu para fugir hoje à noite
Selene: O QUE
Selene: OH MEU DEUS
Selene: Por que você não começou com isso??
Selene: Eu estou hiperventilando aqui
Selene: Espera aí, deixa eu ir para a sala
Selene: Jeremy está roncando
Selene: emoji cara de tédio
Sienna: Hum, tudo bem, respire fundo
Sienna: Sou eu quem vai fugir
Selene: ENTÃO VOCÊ VAI??
Sienna: Sim, e preciso do seu conselho
Sienna: Tipo... agora
Selene: Ok. o que você precisa saber?
Sienna: Sua primeira fuga com Jeremy
Sienna: Como foi? O que você vestiu? Foi intenso ou íntimo?
Selene: Bem, foi mágico
Selene: E o que você veste não importa
Selene: Já que você vai tirar suas roupas
Selene: É íntimo e intenso
Selene: É realmente uma experiência espiritual mais do que
qualquer coisa
Selene: Deixando o lobo assumir o controle e cedendo aos
seus instintos mais primitivos
Sienna: E se nossas formas de lobo não se conectarem?
Sienna: Isso pode arruinar tudo se não estivermos prontos
Selene: Eu não posso te dar uma resposta para isso
Selene: Mas se você já disse sim, acho que tem sua resposta
Selene: emoji de coração
Sienna: Obrigado, mana
Sienna: Tenho que ir
Sienna: Aiden acabou de entrar
Sienna

Eu olhei para o homem com quem eu estava prestes a sair em uma corrida
— a experiência mais íntima que dois lobisomens poderiam compartilhar — e
de repente eu senti uma onda de ansiedade nervosa.
Rumores diziam que uma corrida foi o que encerrou o relacionamento de
Aiden e Jocelyn. Eles não se conectaram de forma alguma na forma de lobo.
E se isso acontecer conosco também?
"Preparada?" Aiden perguntou.
Essa foi uma pergunta maldita carregada. Quando Aiden me pediu pela
primeira vez para fugir, meu lobo assumiu e eu deixei escapar "sim" antes
mesmo que pudesse processar o peso desse compromisso.
Sua expressão estava tão sinceramente satisfeita com a rapidez da minha
resposta que não tive coragem de desistir.
Agora minha cabeça gritava para que eu corresse o mais longe possível na
outra direção enquanto meu lobo uivava por cima, afogando minha apreensão
e me dizendo para sair da minha bunda e ir com ele.
Eu balancei a cabeça e me levantei enquanto ele pegava minha mão e me
levava para fora da floresta. Demos o primeiro passo juntos, cruzando o limiar
para uma experiência sobrenatural que mudaria tudo.
"Espere", gritei de repente. "Podemos caminhar um pouco primeiro?"
Aiden sorriu para minha ansiedade óbvia. " Claro."
Começamos a caminhar em silêncio pela floresta, minha inquietação
começando a desaparecer enquanto seguíamos o riacho mais fundo na floresta.
Havia algo calmante na maneira como a água fluía tão livremente.
Eu olhei para Aiden. Esta foi talvez a primeira vez que me senti livre para
fazer minhas próprias escolhas — sem pressão, sem manipulação. Aiden estava
me deixando fazer isso no meu próprio ritmo, do meu jeito.
Eu engasguei quando chegamos a um lago iluminado pelo luar. Suas
bordas eram suaves e musgosas, e o reflexo da luz fazia a água cintilar como
um eco do céu estrelado.
Nós dois sabíamos que aquele era o lugar. Foi perfeito. Meu coração
começou a bater forte no meu peito.
Não houve mais protelação.
Já era tempo.
Aiden começou a tirar sua camisa, revelando seu abdômen perfeito. Ele se
encostou em uma árvore e sorriu enquanto eu agarrava minha própria camisa
com mais força.
"Vire-se." eu disse, corando. "Eu não quero que você veja."
"Por que? "Ele riu." Eu vou te ver nua de uma forma ou de outra. É
natural."
Ele estava certo. Era outro código não falado entre os lobos. A nudez
antes e depois da mudança era inevitável, então os lobisomens não faziam
muito disso. Foi o mesmo que perder a virgindade quando surgiu a primeira
Bruma. Mas as regras tomaram-se diferentes para mim depois da Emily.
"Já estabelecemos que eu não sou como todas as outras lobas que você
conhece", eu atirei de volta enquanto me atrapalhava com o zíper da minha
calça jeans.
"Acredite em mim, eu sei", disse Aiden, de repente olhando para mim com
olhos calmantes. Aquele olhar era puro Alfa, não de uma forma intimidante,
mas tranquilizadora.
Ser um Alfa não era apenas uma questão de controle. Às vezes, tratava-se
de manter a manada lúcida. "Não se preocupe, você está linda."
Eu me virei, mas lentamente deslizei minhas calças até os tornozelos e tirei
minha blusa. De pé apenas com a minha calcinha, respirei fundo. Tirei meu
sutiã e calcinha e me virei para enfrentar Aiden.
Ele já estava nu, deixando tudo sair sem um pingo de vergonha. Afinal, ele
era o Alfa. Ainda assim, enquanto estávamos completamente nus, olhando os
corpos um do outro, não parecia da maneira que eu pensei que seria.
Não era uma aura de luxúria entre nós, mas de conexão. Éramos um e o
mesmo.
Selene estava certa sobre ser uma experiência espiritual e eu estava
começando a entender.
"Você primeiro", ele persuadiu.
Eu dei um passo à frente e fiquei diretamente sob o luar em cascata.
Deixando meu lobo me consumir, eu me transformei, pousando
graciosamente de quatro. Eu olhei para o meu reflexo na lagoa para ver minha
pele marrom-avermelhada acesa como um fogo ardente. Eu nunca tinha visto
isso brilhar assim.
Aiden mudou em seguida, e sua forma de lobo era tão grande quanto eu
lembrava.
Seu pêlo preto sedoso e olhos castanhos penetrantes eram lindos sob o céu
noturno. Nossos olhares permaneceram um no outro em reconhecimento, e
quaisquer dúvidas que eu tinha sobre nossos lobos não se conectando
desapareceram em um instante.
Ele se virou regiamente e acenou com a cabeça para a floresta, e essa foi a
minha deixa. Cravei minhas patas na terra e corri para o mato. Agora eu só
tinha que ter certeza de que ele não me pegaria.
Era um jogo de intimidade, mas também um desafio. Eu tinha que mostrar
a ele o quão dominante eu era para provar que poderia me defender contra o
Alfa.
As árvores ficaram borradas ao meu redor enquanto eu corria pela floresta,
e o vento em minha pele era estimulante. Se Aiden ia me pegar, eu não ia
facilitar para ele. Eu sabia que a primeira coisa que tinha que fazer era mascarar
meu cheiro.
Eu mergulhei em uma poça de lama e rolei antes de me levantar
rapidamente e mudar de direção. Minha melhor aposta era confundi-lo e
encobrir meus rastros da melhor maneira possível.
Enquanto eu disparava para frente e para trás, um uivo agudo penetrou no
silêncio da noite. Aiden queria que eu soubesse que ele estava se aproximando.
Ele estava brincando comigo, mas também me deu uma vantagem. Eu sabia
sua localização agora.
Eu mergulhei no rio e remei para o outro lado. Com sorte, ele estava com
vontade de se molhar. Eu balancei meu pêlo para secar uma vez que estava na
outra margem e continuei mais fundo na floresta.
Horas se passaram desde que começamos nossa perseguição. Eu só podia
imaginar a frustração que ele estava sentindo. Alguns podem dizer que você
deveria deixar seu parceiro sentir que ele estava na liderança, mas foda-se, este
era um jogo de dominação.
Encontrei uma colina rochosa onde não deixaria rastros. Subi até o topo e
tentei me orientar. Com todo o ziguezague, até eu havia me perdido um pouco.
Meus ouvidos dispararam quando, sem aviso, uma batida pesada começou
a ecoar do leste, e estava se aproximando rapidamente de mim. Aiden saltou
para fora do arbusto, as garras cerradas, a baba voando para fora de suas
mandíbulas abertas.
Eu tive apenas um momento. Eu joguei meu corpo para o lado enquanto
seus dentes beliscaram meus calcanhares. Ele parecia selvagem e indomado,
sujeira e detritos cobrindo seu pelo anteriormente sedoso. Eu me perguntei o
quanto eu também estava assim.
Começamos a fazer uma espécie de dança, circulando um ao outro,
esperando para ver quem daria o primeiro passo. Nós rosnamos de brincadeira
um para o outro.
Finalmente, chegamos ao fim.
Um galho quebrou e eu me deixei distrair por apenas um milissegundo. Era
tudo que Aiden precisava. Ele investiu contra mim, me acertando bem nas
costelas.
Nós dois caímos colina abaixo, quebrando pedras e amoreiras, caindo em
uma pilha no fundo.
Ele se recuperou primeiro e imediatamente me imobilizou. Eu gritei e me
debati, tentando escapar, mas ele me tinha bem onde ele me queria. Seu rabo
balançou de excitação enquanto ele mostrava suas presas.
Ele soltou um uivo triunfante e cravou os dentes no meu ombro, bem
onde minha marca estaria em forma humana.
Este foi o ato final de uma fuga entre parceiros em potencial. Eu agora
estava marcada tanto na forma humana quanto na forma de lobo.
Eu era total e completamente dele agora. Um amante e um companheiro
em potencial. Nenhum outro homem ousaria se aproximar de mim durante a
Bruma na minha marca. Olhamos um para o outro sem nos mover, sem falar,
sem fazer nada, na verdade.
Foi o momento mais íntimo e intenso de toda a minha vida — assim como
Selene havia dito — e eu nunca teria pensado em um milhão de anos que
estaria compartilhando isso com Aiden Norwood.
Ele me ajudou a ficar de pé e me conduziu até a água. Eu nem estava mais
ciente da minha nudez, apenas da minha conexão com Aiden.
Nós entramos profundamente no lago até a cintura, e ele suavemente lavou
o sangue da minha marca. Doeu, mas uma marca não era tanto uma dor física,
mas uma conexão mental. O que eu senti naquele momento, Aiden também
sentiu.
E o que eu estava sentindo era meu coração sendo preenchido com um
desejo por alguém como nunca antes.
Eu me apaixonei pelo Alfa.
Capítulo 21 – Dura Realidade
Sienna
Três dias se passaram desde a fuga, e o período posterior foi como descer
do alto, o que significava que minhas emoções estavam uma bagunça.
Às vezes, eu sentia um lampejo de euforia, lembrando-me da emoção da
perseguição, enquanto outras vezes atingia um ponto fraco emocional,
pensando que nunca mais me sentiria assim.
Aiden também sentiu. Ele ficou mais distante nos últimos dias, enterrando-
se no trabalho. Selene convenientemente deixou de fora que a melhor
experiência da minha vida seria seguida por uma sensação paralisante de mal-
estar.
Eu precisava fazer algo para tirar nós dois do medo, então decidi assar para
Aiden sua sobremesa favorita, torta de maçã.
Jocelyn me disse que o Alfa gostava muito de doces e que eu ainda não
tinha usado essa arma em meu arsenal contra ele. Desta vez, porém, usaria
comida para sempre.
Eu me encontrei cantarolando e movendo meus quadris enquanto vagava
pela cozinha, derramando farinha em todos os lugares. Eu não esperava que
um coro de criaturas da floresta aparecesse pela janela e começasse a me
envolver em seda ou algo assim, mas essa sensação? Foi ótimo pra caralho.
O cronômetro do forno apitou, sinalizando que a torta de maçã estava
pronta. Cheirava a céu. Se eu pudesse ter escolhido um perfume permanente
para mim, seria este. Eu enviei uma mensagem de texto com entusiasmo para
Aiden para ver quando ele estaria em casa. Eu não sabia quanto tempo eu
poderia esperar para ver a expressão em seu rosto.

Sienna: Ei, você está vindo para casa?


Sienna: Eu tenho uma surpresa
Sienna: :)
Aiden: Ainda preso no trabalho
Aiden: Tivemos nossa própria surpresa hoje
Aiden: Um convidado VIP de última hora para o Baile de
Inverno
Aiden: Vou trabalhar até tarde
Sienna: De novo?
Sienna: É a terceira vez esta semana
Aiden: Eu sei
Aiden: Não é ideal
Aiden: Mas é o momento
Aiden: O Baile de Inverno é em duas semanas
Aiden: Está o caos aqui
Sienna: Você pelo menos volta antes de eu dormir?
Aiden: Não sei
Aiden: Eu não esperaria acordado
Sienna: Tudo bem
Sienna: Falo com você mais tarde, eu acho

Todo o entusiasmo foi imediatamente drenado do meu corpo. De repente,


fiquei furiosa. Com raiva de mim mesma, por colocar tanto esforço na
cozinha, como uma dona de casa submissa. Eu não tinha nada melhor para
fazer do que cozinhar para um homem? Para esperar por sua validação?
Mas eu estava tão brava com o quão chateada suas mensagens me
deixavam. Que sua ausência estava me afetando muito.
Eu costumava orar por esse tipo de distância entre nós. Inferno, às vezes
eu desejava que estivéssemos em lados opostos da Terra. Mas agora eu não
aguentava estar longe dele por um dia inteiro.
E eu não gostei.
À medida que o calor da torta de maçã diminuía, seu cheiro também
diminuía. O odor inconfundível de Aiden — uma mistura de amadeirado e
viril — encheu a sala novamente. Aparentemente, era forte o suficiente para
fazer isso, mesmo quando ele não estava em casa.
O cheiro dele sozinho foi o suficiente para enviar uma pontada visceral de
sentir falta dele através de mim. Desde a corrida, quando chegamos perto como
lobos, meu lobo interior tinha esse desejo constante de estar perto dele. Era
como se ele irradiasse algo que nos conectasse, e eu queria estar amarrada a
essa conexão o tempo todo.
Lágrimas inundaram meus olhos. Coloquei minha mão sobre minha marca
enquanto meu corpo tremia.
Eu sabia que estava sendo dramática. Eu me sentia uma adolescente tola.
Mas não me importei. Eu só queria ele aqui comigo, me segurando, me
beijando, me dizendo que tudo daria certo entre nós.
Mas em vez disso, eu estava aqui sozinha.
Aiden
Larguei meu telefone de volta na mesa. "Droga", eu murmurei baixinho.
Eu odiava fazer isso com Sienna. Eu mal a tinha visto nos últimos três dias
porque parecia que estava morando na Casa da Matilha. Tudo estava em
completa desordem desde o anúncio surpresa de que o Alfa do Milênio
compareceria ao nosso Baile de Inverno.
Por um lado, foi uma honra ter um convidado deste calibre presente em
nossa humilde celebração. O Alfa do Milênio era o imperador de, bem, da
porra toda. Ele era o farol de poder que todos reverenciavam e agraciar-nos
com sua presença era uma honra que talvez não recebêssemos novamente.
Mas, por outro lado, era suspeito. Por que o Alfa do Milênio decidiria vir
ao nosso Baile de Inverno, e de última hora? Ele estava apenas interessado na
celebração anual, em visitar nosso bando, ou havia algo mais em seu motivo?
Não sabia dizer. Mas eu estava planejando manter meus sentidos aguçados
até o baile terminar para ter certeza de que estava preparado para qualquer
coisa.
Já tinha ordenado que a segurança fosse multiplicada por dez, tanto no
Baile como nos dias que o antecederam. Ser o homem mais poderoso do
mundo — e isso era o que o Alfa do Milênio era — significava que você
construía uma lista impressionante de inimigos. E com a recente violação do
perímetro, ficou claro que havia falhas em nosso sistema.
Eu certamente não iria correr nenhum risco.
Quando eu ordenei o aumento da segurança, alguns membros do bando
me olharam como se eu fosse paranoico. Mas estava disposto a lutar pelo time
defensivo de que sabia que precisávamos. Mesmo se tudo correr conforme o
planejado, prefiro prevenir do que remediar.
Eu tinha total confiança em meu bando, em sua habilidade de seguir
ordens e alcançar resultados, mas ultimamente eu estava me perguntando se
eles tinham a mesma confiança em mim.
Eu vi a maneira como seus olhos se conectavam quando eu dava ordens e
ouvi os sussurros que flutuavam ao meu redor de vez em quando.
Paranoico.
Não tão forte.
Solitário.
Não é que eles estivessem me desobedecendo ou desrespeitando. Isso teria
sido inaceitável. Eles teriam sido punidos e substituídos imediatamente. Eu era
o Alfa e estava no comando.
Era mais... eles estavam preocupados comigo. Eles queriam o melhor para
seu Alfa e não sabiam como me ajudar a consegui-lo.
Sempre voltava para encontrar um companheiro. Isso estava claro. Os
olhares, os sussurros, nada disso aconteceria se eu já estivesse acasalado.
Mas, novamente, talvez eles estivessem certos em se preocupar comigo. Eu
não podia deixar minha mente vagar para Sienna por um minuto maldito. Eu
deveria estar focado na Matilha, no Baile de Inverno e no aparecimento do
Alfa do Milênio, mas em vez disso, estava preocupado com umas mensagens?
Meu lobo interior rosnou. Chega. Eu era o Alfa. O Alfa não se questiona.
Virei-me para olhar para a mesa da sala de reuniões, onde Josh estava lendo
alguns documentos. Tínhamos concordado em passar pelo processo legal e
fazer as assinaturas, mas Jeremy estava atrasado.
"Josh, esqueça a papelada. Chame uma reunião da Matilha. Temos algumas
coisas para discutir." Josh olhou para mim e acenou com a cabeça.
Ele caminhou até o telefone da sala, apertou um botão e gritou: "Conselho
para a sala de reuniões. Conselho para a diretoria. Ordens do Alfa."
Ordens do Alfa. Pode ter certeza.
Sienna
Eu já tinha me jogado debaixo das cobertas várias vezes, mas essa atividade
pouco fez para me confortar. Isso me fez sentir apenas mais isolada.
Eu precisava de alguém para conversar. Alguém que entenderia essa
ansiedade de separação. Normalmente, esse alguém seria Michelle, mas não
tínhamos conversado desde que compramos o vestido de cerimônia de
acasalamento de Mia.
Eu brinquei com meu telefone por vários minutos, tentando criar coragem
para mandar uma mensagem de texto para Michelle. Meu lobo interior estava
dando cambalhotas na minha cabeça.
Anda logo, vaca.

Sienna: Ei
Sienna: Como você está?

Eu pausei. Olhando para a tela. Um minuto se passou, depois dois. Eu


sabia que não podia fingir que nada tinha acontecido, como se não tivéssemos
acabado de ter nossa maior briga. Eu tinha certeza de que, se não pedisse
desculpas agora, ela não responderia.
E então como eu recuperaria minha amiga?

Sienna: Mich, eu sei que não estamos nas melhores condições


agora
Sienna: Mas estou com saudades
Sienna: Eu deveria ter estado lá para você
Sienna: sinto muito
Sienna: De verdade, sinto muito

Eu respirei fundo. Espera. Nada ainda. Então eu segui em frente,


decidindo falar tudo de uma vez. Eu não tinha mais nada a perder.

Sienna: Eu sei que não tenho o direito de pedir isso a você.


Mas há tanta coisa acontecendo entre mim e Aiden
Sienna: E eu só... preciso muito de um amigo
Larguei meu telefone na cama, puxando o cobertor sobre os olhos. Eu
coloquei tudo em aberto, mas parte de mim pensou que ela não iria responder,
de qualquer maneira. Eu não estava lá para ela quando ela realmente precisava
de mim.
Eu fui muito egocêntrica para perceber que ela esteve.
Então, eu não tinha permissão para ficar surpresa, ou chateada, quando ela
não estava lá para mim também. Exatamente quando estava repetindo isso
para mim mesma, senti meu telefone vibrar. Meu coração saltou do meu peito.
Peguei o telefone e virei, vendo a tela iluminada.

Michelle: desculpe, sienna


Michelle: eu preciso de um pouco de espaço agora

Meu estômago caiu como se eu estivesse em uma montanha-russa. Toda a


esperança que brotou dentro de mim... estourou. Como um balão.
Eu sabia que não podia culpá-la. Eu não me permitiria fazer isso. Mesmo
assim, perceber que fui eu quem a afastou... isso me fez sentir ainda mais
isolada.
Era como se todos ao meu redor precisassem de espaço. Longe de mim.
Olhei para o canto, onde todos os meus materiais de arte não usados e
pinturas semiacabadas estavam acumulando poeira. Pelo menos meu material
de arte estava lá para mim. Saí da cama, estiquei uma nova tela e coloquei-a
sobre um cavalete.
Se todas essas emoções estivessem girando dentro de mim, eu poderia
muito bem colocá-las em bom uso. Já fazia algum tempo desde que comecei
uma nova peça.
Eu não tinha ideia do que aconteceria, mas pelo menos a pintura
forneceria uma distração temporária de como eu estava me sentindo péssima.
Comecei com preto, o que combinava com o que eu estava sentindo.
Pinceladas longas e onduladas.
Em seguida, um branco cremoso. Macio e delicado.
Roxo, eu precisava de roxo. Dois círculos. Pupilas penetrantes.
Por último, uma moldura esguia e esguia, iluminada pelo luar.
Eu dei um passo para trás. Eu pintei uma mulher. Uma mulher bonita, mas
triste. Ela parecia estranhamente familiar. Por que ela estava tão assombrada?
Eu engasguei quando fiz a conexão.
Era a mulher misteriosa da floresta.
Eu quase me esqueci dela, então por que ela estava olhando para mim da
minha tela agora? Parte de mim se perguntou se ela era mesmo real. Talvez
minha mente estivesse tão desesperada por interconexão que estava fabricando
alucinações que pareciam reais o suficiente para o resto de mim acreditar.
Mas eu sabia melhor do que isso. Ela era real.
Eu podia senti-la, não fisicamente, mas sua energia. Havia algo único sobre
ela. Algo que eu nunca tinha sentido antes.
Aiden
Eu pulei na mesa da sala de reuniões que atualmente acomodava meus
membros do bando. Andei para frente e para trás olhando cada um deles nos
olhos, afirmando meu domínio.
"Todo mundo, ouçam", eu ordenei. "As coisas vão mudar aqui a partir de
agora. O Alfa do Milênio está chegando, e eu preciso que esta Matilha seja
uma frente coesa. Tão forte que nenhuma ameaça pode romper.
Entenderam?"
Eu olhei em volta, vendo os rostos solenes acenando de volta para mim.
"Este bando sempre terá minha atenção total, nunca duvidem. Mas se vocês
não confiarem em minhas decisões, todos estaremos em apuros. Se algum de
vocês não sente que minha liderança é digna de sua obediência", eu disse,
apontando para a porta, "a saída é por ali."
Eu respirei enquanto olhava de rosto em rosto. Ninguém moveu um
músculo. Então continuei. "Se estamos divididos, somos fracos. E se
estivermos fracos, algo como a violação do perímetro acontecerá novamente.
Isso não é uma possibilidade. Vocês entendem? Estamos falando do Alfa do
Milênio. Se não podemos protegê-lo, então não somos uma matilha de
verdade." Eu lati.
Eu fui até o assento de Josh e me abaixei, então eu estava agachado. Olhei
bem nos olhos dele. "Josh, meu Beta. Preciso saber que você está totalmente
comprometido com seu Alfa. Que você seguirá minhas ordens, sem fazer
perguntas."
Ele olhou ao redor da sala, tentando manter sua expressão neutra.
"Por que você está olhando para eles? Estou bem aqui", eu disse, rosnando.
"Sim, meu Alfa", ele disse, olhos finalmente fixos nos meus "Eu tenho
plena confiança em você como líder da Manada. Vou te seguir."
"Sem dúvida."
"Sem dúvida", ele repetiu.
"E o resto de vocês? " Eu perguntei, levantando-me e olhando ao redor da
mesa.
"Sim, meu Alfa!" Eles gritaram.
"Qual Matilha é o mais forte de costa a costa? " Eu gritei, pisando forte na
mesa.
"Matilha da Costa Leste", eles ecoaram, batendo os pés de volta.
"Mais alto, porra!"
"MATILHA DA COSTA LESTE!"
A Matilha uivou como os guerreiros que eram, e eu senti uma onda de
orgulho que não sentia há meses. Esta era a nossa casa, e nós a protegeríamos
com nossas vidas.
Meu telefone começou a zumbir e eu o tirei, a adrenalina ainda pulsando
em minhas veias.

Sienna: Um verdadeiro Alfa não deixaria sua mulher sozinha

Droga. Eu estava todo irritado, cercado por pura energia alimentada por
lobo, pronto para ir para a batalha. E lá estava ela, questionando meu domínio.
Questionando minha masculinidade.
Eu não aceitaria.
"Josh, como Beta, você comandará a segurança do Baile de Inverno. Você
está disposto a isso?
"Absolutamente. Com certeza. Alfa", ele gaguejou. Claramente ele não
esperava uma promoção depois do questionamento que eu acabei de empurrar
para ele.
"Você tomou a iniciativa durante a violação e o bloqueio foi ideia sua. Você
merece", eu disse com um aceno de cabeça. Tinha que manter os soldados
orgulhosos, supus.
"Não vou decepcionar você", respondeu ele.
"Você não vai", eu disse de volta. E com um aceno final para o resto do
bando, saí da sala de reuniões com minha cabeça erguida. Prestes a entrar em
um outro tipo de batalha.
Capítulo 22 – A Torta de Maçã
Sienna
Assim que enviei a última mensagem, me enterrei mais profundamente sob
suas cobertas. Não tinha a intenção de acabar aqui, na cama dele, mas depois
que terminei a pintura... comecei a vagar.
Parecia que eu não aguentava mais, o desejo dentro de mim de encontrá-lo,
de mantê-lo ao meu lado. Então enviei a maldita mensagem de texto. E agora
eu estava em seu quarto, em sua cama, porque era o mais perto que eu podia
chegar dele agora.
O que está acontecendo comigo?
Eu estava enviando mensagens passivo-agressivas. Eu estava fantasiando
sobre abraços. Eu me tornei o tipo de garota que jurei que nunca seria — o
tipo que depende de um cara. A verdade dessa constatação fez com que as
lágrimas começassem a cair. Ótimo. Eu sou ainda mais um clichê agora.
Eu estava virando o travesseiro, tentando me dar um recomeço e me
acalmar um pouco, quando a porta do quarto se abriu. Eu não tinha ouvido
um carro estacionar na garagem. Eu não tinha ouvido a porta da frente abrir
ou fechar. Mas não importa.
Porque Aiden estava aqui.
Ele rosnou, e o som causou arrepios na minha espinha. Seus olhos
castanhos estavam em mim, eu podia senti-los, mas meus próprios olhos
estavam fechados. Não que eu estivesse com medo de enfrentá-lo depois do
que enviei. Eu era um dominante. Eu sempre poderia me cuidar.
Não, era o constrangimento que eu não queria reconhecer. A vergonha que
encheu a sala e deixou o ar pesado, dificultando a respiração.
Porque agora não era só eu que sabia o quanto o Alfa me afetou. Não,
agora o Alfa também sabia.
E então ele estava perto de mim.
"Olhe para mim", ele rosnou novamente, e eu podia sentir o calor em suas
mãos irradiando pelos meus ombros enquanto ele me puxava para cima. Eu
estava sentada agora, olhando diretamente para ele, e ele não tinha deixado
meus ombros fora de seu alcance. " Você está chorando." Limpei
imediatamente as lágrimas dos meus olhos, ou tentei, pelo menos. Eu sabia
que se tentasse responder, minha voz me trairia e ele ouviria a vergonha em
alto e bom som. Então, eu apenas me concentrei em seu rosto. Seu lindo rosto,
aquele que era quase demais para se olhar.
Mas agora, com as mãos nos meus ombros, ele garantiu que meu olhar
permanecesse nele.
Tentei olhar para baixo, mas ele colocou o polegar sob meu queixo e
ergueu meu rosto de volta. "Me conte", ele ordenou.
"Eu não deveria ter..."
"Você não deveria ter questionado minha masculinidade." Ele rosnou para
mim, tão baixo, tão sincero, que o peso do que eu fiz permaneceu entre nós.
Eu havia questionado o Alfa.
"Mas o mais importante", ele continuou, "você não deveria ter estado aqui
sozinha. Chorando. Triste. Chega disso."
E em um instante, ele pulou sobre mim e me puxou para ele, de modo que
ficamos deitados de lado, pressionados um contra o outro. Seus braços me
puxaram para perto dele e eu pude senti-lo cheirar meu cabelo.
"Estou aqui. E estarei aqui." Sua voz estava bem no meu ouvido e me fez
sentir como se todo o meu corpo estivesse envolto em veludo. Tudo quente e
suave.
Eu me mexi para que ficássemos de frente um para o outro, entrelaçando
meus braços em suas costas. Nossas bocas estavam a centímetros de distância.
Nossos olhos estavam bem abertos, fixos um no outro.
"Eu odeio isso", eu disse suavemente.
"Você.. odeia?" ele perguntou incrédulo.
Eu revirei meus olhos. "Isso não. Você não. Mas sim, isso. E sim, você. Eu
não sou essa garota! Eu nunca fui essa garota. E agora estou chorando, estou
com saudades de você e não gosto dessa sensação. De precisar de você."
"Precisar de mim não é a pior coisa do mundo."
"Com certeza parece."
"Bem, eu poderia ficar ofendido", disse ele, deslizando o dedo pelo meu
nariz. O contato fez meu corpo estremecer. "Mas, como um homem de
verdade, direi apenas... que nunca vou deixar minha mulher sozinha. De novo
não. Eu prometo."
Algo sobre ouvir minhas palavras saindo de sua boca, sobre a proximidade
de como éramos, todos enredados em seus lençóis, fez a tristeza de antes
desaparecer.
Era como se tudo dentro de mim estivesse me dizendo para deixá-lo
entrar, confiar nele, me entregar.
Ainda era assustador, mas parecia controlável agora. Como se eu pudesse
superar o medo, desde que ele estivesse ao meu redor. Eu olhei para ele
novamente, me sentindo segura e robusta com um homem que tinha sido um
estranho poucas semanas atrás.
Cordialidade. Luz difusa. Envolvido em... alguma coisa.
"Mmmm. " Soltei o som antes que pudesse detê-lo, antes que meus olhos
pudessem abrir. Era tudo muito... muito delicioso. Como uma torta de maçã
quente.
Meus olhos se abriram. Torta de maçã quente.
Tudo voltou para mim. As lágrimas, a mensagem, o rosnado. E o homem
ao meu lado, ainda enrolado em volta de mim, dormindo profundamente.
O sol brilhava pelo espaço da janela que a cortina não cobria. "Ei", eu
disse, cutucando o bíceps de Aiden. Ele parecia tão em paz, tão calmo, que eu
não queria acordá-lo. Esta pode ter sido a primeira vez que ele ficou mais
vulnerável do que eu.
Mas eu sabia que ele havia saído do trabalho mais cedo para ficar comigo
ontem e que tinha que cuidar dos negócios.
Afinal, ele era o Alfa. "Aiden." Eu o cutuquei novamente, e desta vez ele se
mexeu.
Seus olhos se abriram lentamente e ele soltou um grande suspiro, esticando
os braços no ar. "Bom dia", disse ele, e então me puxou de volta para ele.
"Eu não consigo... respirar..." eu disse, rindo e me contorcendo contra ele.
Eu podia senti-lo ficar animado enquanto movia meus quadris, tentando me
libertar, mas ele apenas me segurou com mais força. " Aiden! " Eu soltei e ele
me soltou.
Eu me virei para ficar de frente para ele, para poder sentir sua respiração
em minha bochecha. "Você tem que ir trabalhar", eu disse suavemente,
tentando esconder minhas emoções.
Eu tinha sido carente o suficiente na noite passada. Eu não queria que ele
pensasse que eu seria assim o tempo todo. E eu não queria pensar isso de mim
também.
"Não, eu não sei", disse ele, saltando sobre mim. Ele estava montado em
mim agora, prendendo minhas mãos acima da minha cabeça.
"Você não quer?" Tentei lutar com as mãos dele, tentei me libertar de suas
garras, mas era como se ele fosse o Hulk. Ou um Alfa, pensei, rindo. Claro que
ele era mais forte do que eu, mesmo se eu fosse um dominante.
"Tirei o dia de folga. Eu te disse, não deixo minha mulher sozinha. " Ele se
abaixou até o meu pescoço e começou a beijar, passando os lábios pela minha
marca.
Eu imediatamente senti a névoa começar a me atingir. Lentamente no
início, mas continuou crescendo, me importunando para reconhecê-lo.
"Você vai ter que sair em algum momento", eu disse como uma forma de
me distrair, para distraí-lo. Eu ainda estava menstruada e ainda não ia fazer
sexo com ele.
Repita isso, eu me ordenei.
Eu ainda estou no meu período. Eu ainda não vou fazer sexo com ele.
Mas então ele agarrou a parte de trás da minha cabeça e me içou para que
estivéssemos sentados peito a peito. Ele arrastou os dedos pelo meu pescoço,
ainda molhado com seus beijos, e pela minha clavícula. Ele os moveu pelos
meus braços, todo o caminho até a ponta dos dedos, e a suavidade de seu
toque me fez querer explodir.
"Aiden... " Eu parei, meus olhos fechando. E então ele estava perto da
minha orelha, mordiscando minha orelha.
"Sim?" ele rosnou. Mas não. Eu tive que pensar em uma distração. Então
eu disse a primeira coisa que me veio à mente.
"Eu fiz torta de maçã."
***

Torta de maçã no café da manhã. Em frente a um Alfa sem camisa. Eu


poderia me acostumar com isso, pensei.
"Está deliciosa", disse ele, enfiando o garfo em outra fatia, sua terceira fatia
— eu estava contando — mas não me importava que ele estivesse comendo a
maior parte da torta. Eu estava com fome de outra coisa.
Pare com isso, Sienna.
Eu o observei mastigar bocado após bocado, mal parando para respirar. Eu
gostava de cozinhar para ele. Gostei de vê-lo curtir as coisas que eu fiz. Parecia
íntimo. Como se ele estivesse gostando de mim.
"Sério, como você sabia que este era o meu favorito?" ele perguntou, já
colocando outra fatia em seu prato.
"Jocelyn me contou."
"Vocês duas andam fofocando sobre mim?" ele perguntou, mastigando,
um sorriso no rosto.
"Tire suas conclusões. " Isso foi ousado, mesmo para mim, e Aiden deixou
o garfo cair em seu prato antes de pular sobre a mesa e me jogar no chão. Eu
estava rindo tanto que não conseguia recuperar o fôlego.
"Respondona hoje, né?"
Mais uma vez, minhas mãos estavam presas atrás de mim, mas desta vez
ele tinha uma mão livre para fazer cócegas em mim. Seus dedos cobriram
minha caixa torácica e achei que fosse desmaiar.
"PARE! " Tentei gritar, mas soou mais como uma risada. " Se não..."
"Ou então o quê? " ele rosnou, e eu senti a névoa ressurgir.
Ele estava entre minhas pernas e comecei a mover meus quadris contra ele
sem pensar nisso. Ele percebeu, seus dedos fazendo cócegas diminuindo, me
tocando de uma maneira diferente. Ele tirou a alça da minha blusa do meu
ombro e beijou o local onde estava.
Esta é minha chance. Com um movimento rápido, eu libertei minhas mãos de
seu aperto desavisado e nos virei para que eu fosse a única montada nele. Suas
sobrancelhas se arquearam, surpreso com minha força ou minha iniciativa ou
qualquer outra coisa.
"Ou então isso " eu disse, me abaixando para beijá-lo. Eu o beijei
suavemente, brevemente, e então me movi mais abaixo de sua boca.
Suas mãos estavam nas minhas costas, me empurrando para mais perto
dele, e a Bruma estava torcendo por eles.
Não. pensei, então peguei suas mãos nas minhas e as tirei, desta vez
prendendo suas mãos acima dele. Algo sobre se sentir no controle estava me
deixando ainda mais quente. E eu podia sentir que isso tinha o mesmo efeito
sobre ele.
"Sabe", ele começou, sua voz cheia de desejo", se você é realmente minha
mulher, e eu realmente sou seu homem, então você tem que me marcar
também."
No próximo segundo eu estava em seu pescoço, meu instinto primordial
garantindo que todos soubessem que ele era meu. Quando terminei, olhei para
o meu trabalho. Essa foi a primeira vez que marquei alguém, e tinha sido um
Alfa. Eu me sentia selvagem de orgulho e luxúria.
Então eu me abaixei ainda mais, deixando minhas mãos percorrerem seu
peito musculoso, sobre seu abdômen tenso. Comecei a beijar um caminho para
baixo.
"Sienna", disse ele, em algum lugar entre um gemido e um aviso. Eu estava
na cintura de sua calça de moletom quando olhei para ele.
"Eu quero fazer isso. Por você."
O olhar que ele me deu depois que eu disse isso foi o suficiente para fazer
uma lenha molhada acender o fogo.
Capítulo 23 – A Feira
Sienna
Parte de mim não conseguia acreditar no que estava para acontecer. O que
eu estava prestes a fazer. Esta foi a primeira vez que estive tão perto de tocar
um homem e me senti pronta.
Parecia certo.
"Eu quero fazer isso. Por você", eu disse, e seu olhar perfurou-se em mim.
Bem dentro de mim. Minha Bruma estava com fome e, se eu não conseguisse
cumprir tudo, isso daria certo. Então eu abaixei meus lábios em seus quadris e
continuei deixando beijos suaves ao longo da borda de sua calça de moletom.
E então meus dedos lentamente puxaram o cós para baixo até que eu pudesse
ver tudo dele.
E quando eu pude, minha respiração engatou na minha garganta. Ele era
grande e gordo, exatamente o que você esperaria que um Alfa se parecesse. Eu
já tinha assistido pornografia antes, claro, então sabia o que era normal para as
estrelas pornôs terem. Mas vendo de perto, com um homem que eu conhecia
— um homem de quem gostava — era diferente. Muito diferente.
Corri meus dedos ao longo dele primeiro, observando-o ficar cada vez
mais duro.
- Merda, Sienna, — Aiden murmurou. " Você já...?"
"Não", eu disse suavemente, respirando ar quente nele. E então eu
coloquei minha língua para fora, provando-o. Eu ouvi Aiden soltar um suspiro
e tomei isso como motivação para colocar o topo dele em minha boca. Eu
chupei suavemente por alguns momentos, e então tomei mais dele. Tanto
quanto pude.
Eu estava me movendo para cima e para baixo em um ritmo. Eu não tinha
feito isso antes, por si só, mas era uma garota de dezenove anos. Eu não era
surda para ouvir histórias sobre sexo oral dos meus amigos e, dessas, eram
muitas. Então, eu tinha quase certeza de que sabia exatamente o que fazer, e
pelo jeito que ele estava respondendo, eu não estava nada mal.
Ele estava ficando mais alto. Eu gostava de ser responsável por isso. Era
bom deixá-lo louco.
Depois de mais alguns minutos disso, senti suas mãos alcançarem minha
nuca. Ele estava tentando me tirar de cima dele. Eu sabia por quê.
Ele não queria que eu engolisse o que viria a seguir. Mas eu queria. Não, eu
precisava. Eu queria provar tudo dele, conhecer cada pedacinho do que ele era.
Então, dei um tapa em suas mãos e movi minha cabeça para cima e para
baixo ainda mais rápido, usando minha língua para girar em torno dele.
Demorou apenas alguns segundos, mas então ele estava gozando, e uma
substância espessa e salgada, de gosto não ruim, encheu minha boca.
Eu engoli e olhei para ele, para o homem que foi o primeiro a entrar em
minha boca daquele jeito.
Ele estava recuperando o fôlego, mas seus olhos estavam dançando. Ele
me puxou para perto dele e colocou uma mecha de cabelo atrás da minha
orelha.
"Você é espetacular", disse ele, a palavra de alguma forma contendo mais
lisonja do que todos os elogios que eu já recebi juntos.
***

Aiden

Josh: alfa se apresse


Josh: já estávamos todos aqui
Aiden: Estou indo
Josh: alfas não se atrasam
Josh: lol

Sienna tinha acabado de fazer minha cabeça explodir. Não havia outra
maneira de expressar isso. Claro, eu sabia que ela era gostosa pra cacete. Essa
nunca foi a questão.
Mas sabendo o quão inexperiente ela era, o quão inocente ela parecia ser,
eu não esperava isso. Nem mesmo as garotas que já tinham muita experiência
me fizeram me sentir assim.
Ela estava no quarto de hóspedes se preparando agora. Eu podia ouvi-la se
mexendo ali, e minha imaginação estava pensando nela se vestindo. A maneira
como seu corpo parecia completamente descoberto, a maneira como ela
parecia enquanto puxava uma calcinha para cima...
Pare, eu me ordenei. Era como se eu não conseguisse me controlar quando
estávamos na mesma casa. Deve ser a Bruma.
Eu coloquei um suéter e depois me dirigi para o corredor, batendo uma
vez na porta que Sienna estava atrás. "Sienna? Pronta?"
Nem mesmo um segundo depois, a porta estava se abrindo e lá estava ela.
Em uma blusa preta elegante e jeans, o cabelo ruivo caindo sobre os ombros.
Suas curvas... a maneira como o tecido se agarrou a ela de todas as maneiras
certas... era demais. Eu rosnei, puxando-a para mim.
"Não vamos. Vamos ficar aqui e... " Eu parei, minha sugestão persistindo
entre nossas respirações pesadas.
"Ok, Sr. Alfa." Ela revirou os olhos." Como se você pudesse perder a
feira."
Ela estava certa. Eu não pude.
"Se dependesse de mim, ficaríamos aqui o dia todo. Foda-se a
oportunidade de foto." Eu disse, beijando-a.
"Foda-se a oportunidade de foto", disse ela de volta, olhando-me nos
olhos. Mas não conseguimos. Porque eu era o Alfa e a feira era o evento pré-
baile de Inverno que reunia toda a comunidade. E o que era uma comunidade
sem seu líder?
Sienna

No segundo em que nos aproximamos da feira, senti meus nervos


dançando na minha corrente sanguínea. Eu nunca tinha sido uma pessoa tão
nervosa, nunca em toda a minha maldita vida. Mas eu estava segurando a mão
do Alfa, morando em sua casa. Então, eu não era mais apenas uma adolescente
normal.
Eu era a garota ao lado de Aiden Norwood. A garota que seria examinada
e observada, que seria assunto de fofoca, até que todos parassem de se
importar.
E eu aposto que demoraria um pouco para que todos parassem de se
importar.
Tínhamos acabado de chegar aos jardins fora da feira, e fiquei surpresa.
Alguém havia colocado luzes por entre as árvores, dando ao céu do crepúsculo
um lindo brilho.
Mesmo daqui eu podia ver como estava lotado. Enquanto o Baile de
Inverno era o principal evento da temporada de férias todos os anos, a feira
era a versão para toda a família que levava todos da cidade para beber
chocolate quente e jogar carnaval. Algo sobre estar aqui sempre me fazia sentir
como uma criança.
Então eu senti minha mão sendo apertada e minha mente se voltou para o
homem ao meu lado. O homem que enviou arrepios na minha espinha uma e
outra vez. E de repente eu não me sentia mais criança.
"Está pronta?" ele perguntou, olhando para mim.
Eu dei a ele um aceno de cabeça. Eu estava pronta — Sienna Mercer, se
apresentando para o dever de papel cerimonial. E então ele estava me levando
pelos jardins, por entre as pessoas de todas as idades rindo e se amontoando, e
me levando direto para a mesa sob a tenda de dossel.
A mesa que abrigava toda a elite da Matilha, incluindo Josh e Jocelyn.
Eu os vi dividindo uma cadeira — bem, Jocelyn tratando o colo de Josh
como uma cadeira, mais especificamente — e eles acenaram para nós.
"Finalmente. Eu me pergunto por que eles demoraram tanto." Josh piscou
para Jocelyn e eu senti minhas bochechas queimarem.
"Cuidado", Aiden ordenou a ele, colocando um braço protetor em volta
dos meus ombros. Aproximei-me dele, gostando do calor.
"Monica do Matilha News estava procurando por você. Ela quer uma
entrevista", Josh disse para Aiden, e Aiden apenas balançou a cabeça. Ele
pegou algumas xícaras de chocolate quente do bar atrás da mesa e me
entregou uma antes de me guiar de volta ao centro da feira.
"Espero que você não se importe que estou puxando você comigo para
fazer negócios", ele rosnou em meu ouvido.
Algo sobre o jeito que ele disse fez parecer sexy, embora fosse um assunto
bem mundano. Eu olhei para ele, para a maneira como seu cabelo caía tão
forte, para a nuca em suas bochechas.
Havia algo tão sexy sobre ele o tempo todo. E então ele me beijou, no
meio da feira, rodeado de famílias. E tudo que eu conseguia pensar era, deixe-os
ver.
O flash da câmera me tirou do beijo. "Ei, Alfa, aqui!"
Virei-me para encontrar a origem da combinação flash-grito e vi uma
mulher baixa, seu cabelo escuro encaracolado parecendo um vulcão em
erupção em todas as direções de seu couro cabeludo. Mesmo que ela estivesse
parada, eu poderia jurar que ela estava se movendo a uma milha por minuto.
"Monica", Aiden a cumprimentou, estendendo a mão para um aperto. Ela
apertou com gosto, e eu pensei ter visto um rubor subindo por suas
bochechas.
"Diga-me, diga-me", disse ela, olhando entre ele e eu. "É sério?"
"Achei que você queria uma entrevista sobre a feira?"
Ela acenou com esse sentimento. "Feiras vendem cacau. Sexo vende
jornais." Ela soltou uma piscadela e uma gargalhada de sua própria piada, e
Aiden ergueu a sobrancelha para mim antes de se virar para ela. Ele tirou a
jaqueta e, puxando a gola do suéter para longe do pescoço, expôs a marca que
eu tinha dado a ele na noite anterior.
Monica engasgou e eu mal me impedi de fazer o mesmo. E então o calor
subiu para minhas bochechas, me enchendo com um tipo distinto de orgulho,
que deixou claro que eu era desejada. Pelo Alfa.
"Então, está fechado?" Monica pressionou. Eu endireitei meus ombros. Eu
não estava revelando nada. Este era o seu mundo, sua plataforma. Ele poderia
dizer o que quisesse.
"Nada é certo neste mundo", disse Aiden.
"Então, pode haver espaço para outra dama?"
Com essa pergunta, Aiden me puxou para perto dele, envolvendo os
braços em volta do meu peito por trás. "Neste momento, esta é toda a dama
de que preciso."
Monica rosnou — sim, rosnou — e antes que ela pudesse fazer outra
pergunta, Aiden pegou minha mão e me guiou para longe.
"Eu vou te encontrar mais tarde para essa entrevista! " ele falou por cima
do ombro para ela.
E então estávamos na beira da feira, perto das árvores.
"Desculpe por isso", ele disse, seus olhos procurando os meus. "Você foi
ótima."
"Eu? Eu não disse uma palavra."
"Exatamente. Foi profissional. Que tal eu compensar você?"
"E como você planeja fazer isso?"
Ele examinou a feira em busca de uma resposta e então me virou para que
eu estivesse olhando para a mesma coisa que ele. A roda gigante.
"A roda-gigante é, na verdade, minha favorita", eu disse. Era verdade.
Todos os anos, era o que eu mais esperava. Algo sobre estar acima do mundo,
alto o suficiente para se sentir como se estivesse acima de todos os perigos,
todas as ameaças, era revigorante. " Você pode tirar sarro de mim por isso, se
quiser."
"Tirar sarro de você amando a roda-gigante?"
"Eu não disse que amei isso. Eu simplesmente gosto mais." Ele balançou a
cabeça e sorriu para mim, como se não pudesse acreditar que eu era um
humano totalmente funcional.
"Vamos", disse ele, puxando-me para lá.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, vi algo com o canto do meu
olho. De volta às árvores.
Um rosto. O mesmo rosto que eu tinha visto antes na floresta.
A mulher com olhos roxos misteriosos, a beleza de outro mundo. O tipo
de rosto que você não pode simplesmente esquecer. Mas então, ela se foi.
"Você viu aquilo? " Eu perguntei, de repente sem fôlego.
Aiden apenas olhou ao redor com curiosidade. "O que?"
"A mulher!"
"Que mulher?"
"Ela estava bem ali!"
"Sienna, você está bem?"
Capítulo 24 – A Confissão
Sienna
Estávamos nos aproximando da roda-gigante e eu tentava tirar a imagem
da mulher de olhos roxos da minha cabeça. Aiden claramente não a tinha visto,
e se eu a trouxesse de novo, tinha certeza de que ele iria me internar em uma
ala psiquiátrica ou algo assim.
''Vamos lá", eu disse, puxando Aiden até o adolescente que comandava a
bilheteria da roda gigante.
Enfiei a mão na bolsa para comprar uma carona para nós dois, mas o
adolescente apenas ergueu a mão.
"Alfa, cara, você é bom", disse ele para Aiden. Então ele acenou para mim.
"Ela também."
Huh. Parecia que viajar com o Alfa tinha algumas vantagens.
O adolescente nos acompanhou além da linha — eu me virei para avaliar a
reação de Aiden e ele apenas deu de ombros — e então estávamos entrando
em nosso próprio carro particular. Eu deslizei pelo banco e Aiden veio se
sentar ao meu lado. O adolescente nos ajudou a derrubar a barra, certificando-
se de que estávamos seguros.
"Aproveite a roda do amor", disse ele com uma piscadela, e então ele
desapareceu de volta na multidão.
"Não foi chamado de Roda do Amor no ano passado", eu disse a Aiden,
sentindo um rubor espalhar-se por minhas bochechas antes que eu pudesse
impedir.
"Talvez algo esteja diferente este ano", ele disse, e sua mão se entrelaçou
com a minha. Antes que eu pudesse ler muito sobre isso, começamos a nos
mover. Nosso carro subiu rapidamente até que estávamos bem no topo da
roda, olhando para a cidade abaixo de nós.
"É lindo."
"Isto é. " Eu olhei para ele quando ele disse isso e tive uma sensação
esmagadora de que ele não estava falando sobre a vista. Eu olhei para o meu
colo. Eu ainda não estava confortável com toda a atenção.
"Quem é Emily? " Ao som de seu nome, minha cabeça chicoteou para
cima. "Eu ouvi você dizer o nome dela enquanto você estava dormindo. Você
ficava repetindo."
Seus olhos procuraram respostas em meu rosto, mas eu não estava pronta
para falar sobre isso. Eu não tinha falado sobre isso com ninguém antes.
"Eu não posso... " eu disse, não querendo mentir para ele.
Ele suspirou e olhou para a vista, e eu pensei que o tinha perdido. Mas
então ele começou a falar.
Aiden
Eu ouvi Sienna choramingando em seu sono na noite passada, quando eu a
estava segurando em meus braços. Eu podia sentir seu corpo tremendo e não
conseguia ver as lágrimas na escuridão, mas não ficaria surpreso se houvesse
algumas em suas bochechas.
Ela chamou por uma Emily, uma e outra vez, alto o suficiente para que eu
fosse acordado. Eu não me importei, é claro. Talvez fosse o Alfa em mim, mas
eu gostava de me sentir necessário.
Eu a abracei com mais força e alisei seu cabelo até que ela parou de
choramingar, e então caí no sono. Eu tinha quase certeza de que ela tinha
estado profundamente adormecida durante a coisa toda, mas eu sabia que esse
tipo de emoção inconsciente não vinha apenas de algum personagem arbitrário
em sua imaginação. Havia mais coisas sobre o que ela choramingava do que eu
sabia, e minha curiosidade me dominou.
Então, quando estávamos trancados em nosso carro com roda gigante,
olhando para a feira, lá embaixo, eu trouxe o assunto à tona. Algo mudou
imediatamente dentro dela. Ela se afastou um pouco de mim, mas não acho
que ela fez de propósito. Acho que o instinto dela, quando alguém lhe
pergunta algo pessoal e importante, é criar espaço.
Sendo Alfa, eu aprendi há muito tempo como colocar aqueles ao meu
redor à vontade. Uma coisa que meu pai me ensinou quando eu era jovem foi
nunca esperar nada de graça. " Dê algo para conseguir algo", ele dizia, e essa
ideia ficou comigo.
Então, na roda-gigante, preparei-me para dar algo.
"Eu tinha um irmão", comecei, olhando para longe. Eu podia sentir seu
olhar cair sobre mim quase imediatamente. "O nome dele era Aaron."
"Tinha?" ela engasgou. Eu olhei para ela agora, balançando a cabeça.
"Ele era mais velho do que eu. Por alguns anos. Ele sempre soube que eu o
ultrapassaria como um Alfa, disse que podia sentir isso o tempo todo que
éramos crianças. Mas ele não se importou. Ele me atacaria e vinha pra cima
mesmo assim. " Eu sorri, lembrando-me dos tempos que passamos juntos
enquanto cresciam. Éramos apenas nós dois e nossos pais, então sempre
fomos próximos.
"O que aconteceu? " Sienna sussurrou.
"Ele conheceu sua companheira", eu disse. "O nome dela era Jen. Ela era
humana. Uma cientista. Linda e inteligente, ela era sua combinação perfeita.
Eu nunca o tinha visto tão feliz como quando ele estava com ela."
Era verdade. Vê-los juntos foi o que me deu a inspiração para manter
minha esperança intacta — a esperança de que, um dia, eu encontraria minha
companheira também.
"Então, um dia, no laboratório em que ela estava trabalhando, houve uma
explosão. Estava na estação ao lado dela, uma mistura de produtos químicos
que não deveriam estar juntos. Um acidente. Erro humano, eles disseram. Mas
era tarde demais. Ela se foi."
Eu vi os olhos de Sienna se encherem de lágrimas. Ela estava esperando
que eu terminasse, em silêncio.
"Você sabe o que acontece quando perdemos nosso companheiro. O
coração de Aaron não aguentou. Quebrou-se em pedaços, desintegrando-se
dia após dia, até não sobrar mais nada. E então ele se foi também."
Sienna envolveu a mão na minha, puxando-a para o colo. Então ela olhou
para mim, seus olhos de alguma forma me proporcionando algum tipo de
alívio. Como se ela estivesse acalmando minha alma sem dizer uma palavra.
"Sinto muito", disse ela depois de um momento. E então ela respirou
fundo, como se estivesse se preparando para enfiar a cabeça em um novo
mundo. Um que ela não tinha estado antes.
Sienna
Respirei fundo e seu rosto encheu minha cabeça. Algo sobre a maneira
como Aiden tinha sido tão aberto comigo, tão cru, deixou todas as minhas
memórias livres. Como se ele tivesse sido capaz de dizer a eles que estava tudo
bem — não precisávamos ter medo, não mais.
A última vez que vi Emily, foi no dia seguinte. Eu não sabia por que ela
estava com tanto frio naquela manhã, por que ela estava hesitante sobre eu vir.
Ela teve um grande encontro na noite anterior, com o cara que ela estava
por um tempo.
Ela estava nervosa, com certeza, mas tínhamos quinze anos. Que garota
não estava nervosa para ir a um encontro? Eu a ajudei a se preparar,
garantindo que sua roupa fosse sexy o suficiente para chamar sua atenção.
Eu até trouxe a loção com glitter da Selene, o tipo que, quando aplicado,
deixava um rastro de brilho para trás. Eu ajudei Emily a esfregar em seu
pescoço e peito e então dei a ela um sorriso de aprovação.
"Você tá super comível" eu disse, rindo. E então eu a mandei embora.
Ela me mandou uma mensagem algumas vezes quando eu estava jantando
com minha família, dizendo que ele estava sendo muito sensível, muito
agressivo, mas eu não pensei em nada disso. Eu era um dominante, então
sempre pensei que todos ao meu redor deveriam ser também.
Quer dizer, eu não poderia imaginar um companheiro submisso. Na minha
opinião, essa era a pior opção possível.
Adormeci cedo e, quando acordei na manhã seguinte, meu telefone
mostrou que tinha quatro ligações perdidas dela. Novamente, eu não liguei
muito. Achei que minha amiga quisesse falar sobre como ela teve seu primeiro
beijo ou como ele era sexy. E eu ainda não tinha uma queda por ninguém,
então não fiquei tão chateada por ter perdido as ligações.
Mas então eu apareci na casa dela, como fazia todos os sábados. E sua mãe
me cumprimentou na porta, dizendo que Emily não estava se sentindo muito
bem. Mas eu fui para o quarto dela de qualquer maneira, a vi escondida sob as
cobertas, a maquiagem da noite passada por todo o rosto.
"O que foi?" Eu perguntei, correndo até ela.
"Nada." Sua voz estava cortada e seus olhos pareciam vagos. Mas então
eles viraram para mim, e ela empurrou os cobertores de cima dela. Meus olhos
se moveram sobre o brilho em seu peito, mas também vi as marcas de garras,
o rastro de sangue seco.
"Emily!" Eu chorei, agarrando suas mãos. "Você está bem? O que
aconteceu?"
"Ele pensou... " ela começou, e seus olhos se encheram de lágrimas. "Ele
também me achou comível."
Eu tinha deixado minha melhor amiga sair com um cara que queria uma
coisa. E quando ela não quis dar a ele, ele pegou de qualquer maneira.
"Ela foi estuprada", eu disse, finalmente olhando para Aiden. Descrevi os
detalhes da minha memória em voz alta, pela primeira vez. "Eu a incentivei a
sair com o cara que a estuprou. E eu não estava lá quando ela pediu ajuda."
Ele estendeu a mão para enxugar uma lágrima que havia caído. "Não é sua
culpa", disse ele. "Aquele lobisomem de merda é quem deveria estar
chorando."
"Ela se matou. Dois dias depois." Eu olhei diretamente para Aiden,
querendo ver como ele reagiria. Era algo que eu mantive dentro por tanto
tempo, e eu não sabia como compartilhar isso me faria sentir.
Ele respirou fundo, fechando os olhos. Quando eles abriram novamente,
eles estavam vermelhos. Como se ele estivesse sentindo a dor junto comigo.
"Eu entendo", disse ele, e levou minha mão aos lábios. Ele a beijou
suavemente, tão suavemente que me perguntei se, se meus olhos estivessem
fechados, eu teria sentido.
"O que?"
"Porque você está mantendo sua virgindade. É sagrado e deve ser
respeitado. Vou respeitar isso, Sienna. Vou respeitar você."
Eles não escrevem livros didáticos para esse tipo de conversa, mas se o
fizessem, essa seria a resposta que toda criança deveria memorizar.
Eu senti a facilidade surgir em mim, como se todo o estresse que eu estava
nervosa em sentir na primeira vez que tive a conversa com Emily tivesse
desaparecido. E foi por causa do homem sentado ao meu lado, segurando
minha mão.
O Alfa.
O Alfa fez meu coração bater mais devagar, me fez sentir em casa em um
carro a trinta metros do chão. E quando a roda começou a girar, quando
fomos baixados de volta para onde pertencíamos, não pude deixar de pensar
que Aiden...
Aiden talvez pudesse ser o companheiro que eu procurava.
Capítulo 25 – A Conexão
Sienna
"Sienna, você pode pegar o champanhe?"
Olhei para o outro lado da sala de jantar para Aiden, que estava trazendo
um prato de queijo e biscoitos para a mesa. Quase me belisquei. Parecia
surreal. Estávamos dando um jantar, nosso primeiro jantar, como um casal.
Não um casal acasalado, é claro, mas um casal para a temporada.
A coisa toda de acasalamento... isso levaria um pouco mais de tempo para
descobrir.
Eu ainda não tinha tido o momento ah-ha que estava procurando, aquele
que sempre assumi que viria quando visse meu companheiro. Selene disse que
às vezes leva mais tempo para perceber.
Como com Mia e Harry. Eles foram melhores amigos por anos antes de
acasalar. Mas eu precisava ter certeza de que Aiden era meu companheiro ou
não antes de decidir algo drástico. Eu estava esperando por um sinal.
"Claro", eu gritei de volta para ele, entrando na cozinha e puxando uma
garrafa de champanhe da geladeira. Enquanto eu caminhava de volta para a
sala de jantar, a campainha tocou.
"Lá vamos nós", ele gritou. E então ele abriu a porta.
Houve abraços e beijos, exclamações e risos, e quando a porta se fechou
novamente, havia mais quatro rostos familiares na sala.
"Sienna, querida", Jocelyn me cumprimentou.
"Você está linda."
Eu abracei Josh e então beijei Mia e Harry nas bochechas. " Gente,
obrigado por terem vindo! " Exclamei para o casal recém-acasalado.
"Não perderíamos", disse Harry, e eu não pude deixar de me sentir muito
feliz por meu amigo. Harry era um cara tão bom, e eu sabia que eles realmente
deveriam ser. Nesse momento, Erica agarrou meu braço, forçando-me a girar,
e vi que ela havia localizado a garrafa de champanhe.
Em um movimento rápido, ela estourou, entregou a cada um de nós uma
taça de champanhe e despejou uma boa dose de espumante nos copos.
"Saúde!" ela disse, e nós trouxemos nossas flute juntas. Eu olhei para Mia e
nós trocamos um olhar. Desde que Erica foi a única de nós a ficar sem uma
verdadeira captura para a temporada, ela tem bebido muito mais. Não achei
que fosse motivo de preocupação, mas ainda esperava que ela encontrasse
alguém. Olhei por cima do ombro de Harry e encontrei Aiden conversando
com Rhys, um de seus amigos mais antigos.
"Ei, Aiden, temos champanhe aqui!" Eu gritei e observei enquanto seu
pequeno grupo veio se fundir com o nosso. As apresentações foram feitas,
conforme meu plano. Aiden tinha mencionado que Rhys estava solteiro para a
temporada, então eu queria que ele e Erica conversassem.
"Erica, acho que Rhys quer uma bebida."
"Você?" Ela perguntou a ele. Ele sorriu para ela, pegando uma flute da
mesa e a estendendo para ela servir. Bom.
Senti um toque em meu ombro e me virei para encontrar Mia. "Onde está
Michelle? " ela perguntou.
"Não sei. Achei que ela estava vindo com vocês."
Mia balançou a cabeça." Ela deveria estar vindo com Ross. Tentei ligar para
ela antes de sairmos, mas ela não atendeu."
"Esquisito. Eles provavelmente vão se atrasar. Você sabe como eles são
quando estão juntos."
"Não posso ficar cinco segundos sem..." Olhamos um para o outro e
explodimos em risadas. Algo sobre o champanhe e ter todos os meus amigos
juntos, com Aiden, meio que me deixou tonta.

Michelle: estou aqui


Sienna: ??
Sienna: Entre, boba
Michelle: você pode sair
Sienna: Mich
Sienna: O que está acontecendo
Michelle: por favor, Siena
Michelle: eu preciso que você venha
Eu escapei da sala de jantar enquanto todos estavam se sentando à mesa,
fechando a porta da frente suavemente atrás de mim. "Michelle?" Gritei
baixinho, não querendo que ninguém ficasse preocupado.
Eu não vi ou ouvi nada no começo. Mas então, alguns segundos depois, vi
algum movimento na beira do gramado. Michelle saiu da sombra de uma
árvore.
"Estou aqui", disse ela, e percebi que ela estava chorando. Imediatamente
minha mente foi para o pior — o que aconteceu com Emily e como eu tinha
chegado tarde demais para isso também.
Corri até ela. "Você está bem? O que aconteceu?" Eu perguntei tão
rapidamente que as palavras eram incoerentes.
"Ele..."
"Shhh, venha aqui. Respire fundo", eu disse, guiando-a para a grande pedra
ao lado da garagem. Nós duas nos apoiamos nela enquanto eu esfregava suas
costas. Observei Michelle, geralmente muito segura, durona e franca amiga,
levantar a mão trêmula para enxugar as lágrimas da bochecha. "Ele te
machucou?"
Ela olhou para mim, seus olhos cheios de dor, mas um tipo diferente de
dor do que Emily tinha sentido naquele dia.
"Ele me largou."
"O que?"
"Por outra garota. Ele disse que ela... ela é mais gostosa. E melhor na... na
cama." Eu mal conseguia entendê-la através das fungadas, mas sabia que era a
pior coisa que Michelle podia ouvir. Ela estava acostumada a conseguir o que
queria, especialmente com os meninos e Ross era um cara em quem ela
confiava.
"Eu sinto muito. Sinto muito, Mich", eu disse, abraçando-a. Ela me
abraçou de volta. Então ela se afastou.
"Eu não acho que posso entrar..."
"Pare com isso. Claro que você vai entrar."
"Olha pra mim, estou um desastre."
"Se você for para casa, ele ganha. Você precisa ter uma noite divertida.
Você merece."
Ela sorriu para mim. "Senti sua falta, Si", ela disse." Sinto muito por
termos..."
"Sim. Eu também", eu disse, agarrando a mão dela. "Podemos não brigar
mais? Nunca mais?"
"Prometo", ela disse, e nós duas rimos. Então ela se levantou, jogou os
ombros para trás e tirou o cabelo do rabo de cavalo.
"Como estou?"
"Linda", eu disse. E então voltamos para dentro.
Aiden
Não parecia que conhecia Sienna há apenas algumas semanas. Olhando ao
redor da sala de jantar, vendo todos os nossos amigos se misturando, parecia...
normal. E agradável.
"Ei, cara, este gouda é goudci", Josh disse, batendo no meu ombro enquanto
mastigava um pedaço de queijo. Eu não pude deixar de rir. Algumas coisas
mudaram, mas outras... nunca mudariam.
"Você quer outra bebida? " Eu perguntei a Josh.
"Cerveja", ele respondeu, então me levantei para pegar algumas cervejas na
geladeira. Josh era meu amigo mais antigo, meu melhor amigo e, agora que
deixamos algumas coisas claras na semana passada, um Beta em que eu podia
confiar.
Quero dizer, ele sempre foi um cara em quem eu podia confiar. Ele sabia
tudo o que tinha acontecido com Aaron, como isso me deixou confuso por
um tempo.
Mas agora, com toda a estranheza acontecendo ao redor da Matilha —
com o incidente com a ameaça desconhecida e agora o surgimento do Alfa do
Milênio — eu finalmente senti que seria capaz de me apoiar nele de uma
forma transparente para assuntos relacionados aos problemas de trabalho
também.
Ele era mais inteligente do que seu comportamento de lobisomem playboy
deixava transparecer, afinal.
Peguei algumas cervejas e as trouxe de volta para a mesa. Levamos as
garrafas à boca — parte de ser um lobisomem significava que você nunca
precisava de um abridor de garrafas — e prendemos nossos dentes em volta
da tampa.
Josh abriu em menos de um segundo, mas por algum motivo, o meu não
estava se mexendo.
"Qual é, mano, o que está acontecendo?"
Eu acenei para ele, tentando mexer a tampa, mas ainda nada. As pessoas
estavam começando a notar.
"Ele está fraco! " Josh berrou do assento ao meu lado, e agora todos na
mesa estavam me observando me contorcer contra a tampa.
"Vamos, Alfa! " Rhys gritou do outro lado da linha.
"Alfa versus tampinha! Alfa versus tampinha! " Josh cantou, batendo as
mãos contra a mesa.
Agora eu estava chateado. Peguei a tampa entre meus molares traseiros e a
arranquei, cuspindo-a sobre a mesa. Josh me deu um tapinha nas costas.
"Olha só você, amigão. Achei que você estava realmente perdendo o seu
poder por um segundo." Eu olhei para ele antes que ele fosse mais longe.
Claro, não estávamos no trabalho ou na Casa da Matilha, mas eu ainda era seu
maldito Alfa. Ele recuou para seu assento.
"Era uma garrafa quebrada", eu murmurei.
"Sim, ou talvez ela não seja sua companheira."
Antes que ele pudesse ir mais longe, eu estava em sua garganta." O que
você me disse?"
Ele me olhou, meio nervoso, e então seu olhar disparou ao redor da mesa.
Rhys tinha notado, mas todos os outros ainda estavam conversando
profundamente. Eu recuei, não querendo causar uma cena.
Josh se inclinou. "Só estou dizendo, se ela fosse sua companheira, você
teria toda a força que você já teve. Você saberia."
Antes que eu pudesse responder, Sienna estava entrando na sala, sua amiga
a reboque. E eu percebi que não a via há algum tempo, que ela tinha saído da
sala.
Para onde ela foi? Por que não percebi?
E assim, Josh entrou na minha mente. Me fazendo me questionar de um
jeito que nunca tinha acontecido antes.
Sienna
Levei Michelle para a sala de jantar, observando enquanto ela se
transformava na garota que eu conhecia. Aquela que mantinha a cabeça
erguida em todas as situações, que se recusava a aceitar qualquer merda de
ninguém.
Eu travei o olhar nos olhos com Aiden. Eu sabia que deveria estar
acostumada com sua aparência agora, a forma como sua nuca iluminava seu
queixo marcante e como sua boca se curvava em um pequeno sorriso que fazia
minhas borboletas dançarem.
Mas não estava. Ele ainda me dava arrepios.
"Michelle está aqui", eu disse a todos na mesa, e todos se viraram para ver.
E então algo que não consegui explicar bem aconteceu.
Foi como uma onda de eletricidade disparada pela sala, mas atingiu apenas
duas pessoas.
O ar ficou mais rarefeito, todo o barulho ficou mudo e Michelle e Josh
foram conectados por alguma corrente de outro mundo. Seus olhos estavam
fixos um no outro com uma intensidade tão distinta que todos na sala
imediatamente souberam o que tinha acontecido.
Michelle e Josh, a primeira vez que se viram, se acasalaram.
Eu não pude deixar de ficar feliz — um tanto egoísta, já que fui eu quem
convenceu Michelle a entrar, e agora eu faria parte de sua história de
acasalamento para sempre. Olhei ao redor da sala, querendo compartilhar
minha alegria, mas então meus olhos pousaram em Jocelyn.
Caramba. Jocelyn.
Lentamente, mas com segurança, todos, exceto Michelle e Josh — cujos
olhos ainda estavam travados — desviaram sua atenção para ela. Ela sabia o
que estava acontecendo. Ela não estava no escuro. De jeito nenhum. Mas em
vez da reação que esperávamos, com lágrimas, gritos ou dramas, Jocelyn
apenas se levantou.
Ela pegou a taça de champanhe em uma das mãos e a ergueu no ar. "Um
brinde. Aos dois novos companheiros", ela disse, sua voz elegante como uma
cristal. Michelle e Josh tinham saído do transe, e Josh correu ao redor da mesa
para trazer uma taça de champanhe para Michelle.
"A Michelle e Josh", disse Aiden, e todos ergueram os copos, fazendo o
mesmo.
Eu lancei outro olhar para Jocelyn depois que todos nós nos sentamos de
volta, e eu não pude deixar de me perguntar se havia algo menos elegante sob
a superfície. Ela estava sorrindo e dizendo as coisas certas, claro, mas o
homem com quem ela tinha estado naquela temporada acabara de se apaixonar
por outra mulher, uma mulher que ele nem conhecia dez minutos atrás, bem
na frente dela.
Jocelyn pode ser uma curandeira, mas uma coisa que minha mãe sempre
me disse é que você não pode encher o copo de outra pessoa se o seu estiver
vazio. E se o copo de Jocelyn estava vazio, eu estava me perguntando quando
ela notaria.
Eu esperava que fosse antes de quebrar.
Capítulo 26 - O Baile de Inverno
Sienna
Em vez de causar uma cena na noite passada depois que Josh e Michelle se
acasalaram publicamente, Jocelyn apenas aceitou. Ela se levantou à mesa e
ergueu o copo, propondo um brinde ao novo casal. E assim, todos ficaram à
vontade.
A curandeira havia curado.
Mas quando acordei esta manhã, não senti nada curado de forma alguma.
Porque havia um espaço vazio ao meu lado, onde Aiden geralmente estava.
Normalmente eu era a primeira a levantar, então era mais do que estranho. Ele
não tinha acabado de acordar. Ele foi embora.
E então me dei conta: hoje não era um dia qualquer. Hoje era o Baile de
Inverno.
Aiden estaria na Casa da Matilha o dia todo se preparando, certificando-se
de que tudo estava preparado para o maior evento da cidade do ano. Este foi o
baile para o qual todos com mais de dezesseis anos foram convidados, tanto
humanos quanto lobisomens. Era o evento festivo que reuniu todos para
celebrar o ano que passou e para ter esperança e alegria pelo ano que se
aproxima.
E era um espetáculo. Todos se vestiam com esmero, certificando-se de que
seus filhos acompanhantes companheiros fizessem o mesmo. Era o lugar para ver
e ser visto e um evento especialmente popular para os jovens solteiros em
busca de seus companheiros.
Mesmo que nos anos anteriores eu nunca tivesse realmente olhado, meu
subconsciente tinha ficado de olho, só para garantir. Mas este ano seria
diferente. Este ano eu tinha uma mão para segurar — a do Alfa. Se você
tivesse me dito isso há um ano, eu teria rido da sua cara. Mas agora, o
pensamento parecia... certo.
Só então, meu telefone vibrou na mesa de cabeceira. Peguei-o, olhando
para a tela.
Michelle: olá??
Michelle: estou aqui fora
Michelle: to batendo!!!

Ops. Pulei da cama e desci as escadas correndo, abrindo a porta da frente.


Michelle olhou para mim e se dobrou de tanto rir.
"Seu cabelo..."
"Cale-se!"
Fui até o espelho no corredor e, ao ver meu reflexo, comecei a rir também.
"OK tudo bem. Tá péssimo."
Meu cabelo estava caindo em tufos em todas as direções e eu tinha uma
marca estranha na minha bochecha. Devo ter adormecido na minha mão ou
algo assim.
"Você acabou de acordar?"
Michelle me entregou um café e eu balancei a cabeça, tomando um gole
agradecido.
"São dez e meia. Desde quando você dorme até tarde?"
Quase cuspi meu café." São dez e meia?! "Eu perguntei. Como isso
aconteceu?
"Vamos, arraste sua bunda mole pro chuveiro. Selene estará aqui em breve
com os vestidos, e precisamos arrumar nosso cabelo com antecedência."
Estávamos subindo as escadas de volta quando me virei para Michelle e fiz
a pergunta que vinha pesando em minha mente desde o jantar. "Você
conversou com Jocelyn?"
Michelle concordou com a cabeça. "Sim, fomos tomar um café."
"E?"
"Não sei o que há com aquela garota, Sienna. Ela é tão... adorável. Isso me
mata."
"O que você quer dizer?"
"Quando Ross me largou, eu perdi o controle. Você me viu. Você deveria
ter me visto quando ele me disse. Eu estava tentando nocauteá-lo.
Literalmente. Era tudo apenas raiva cega. Mas Jocelyn... era como se ela tivesse
essa sensação, como se ela tivesse previsto. Ela me disse que o amor é a coisa
mais importante para ela. Que ela está honestamente feliz por termos
encontrado."
"Deus."
"Eu sei. Eu nunca poderia ser esse tipo."
"Não diga isso. Você é gentil", eu disse, pegando uma toalha e indo para o
banheiro.
"Sim. Meio de uma vadia! " ela chamou do corredor. Eu não pude deixar de
rir. Eu estava tão feliz por minha amiga ter voltado a ser quem era. E que ela
tinha encontrado seu par perfeito.
Tive um bom pressentimento sobre o baile. Quem sabe tudo daria certo.
"Você parece louca".
"Oh meu Deus, Sienna!"
"Deixe ela olhar!"
Michelle e Selene me fizeram evitar o espelho enquanto faziam minha
maquiagem e me ajudaram a colocar o vestido, mas agora estávamos todas em
pé na frente dele. Bem, foi o que elas disseram, de qualquer maneira. As mãos
de Selene estavam cobrindo meus olhos.
"Ok, pronto? Um dois três! " Ela tirou as mãos.
De repente, pude me ver de novo e não pude acreditar no reflexo na minha
frente. Era eu, eu sabia que era, mas era muito mais... sofisticado. E sexy. Não,
não só sexy.
Um show.
Michelle havia arrumado meu cabelo para que caísse em ondas suaves
pelos meus ombros, e ela conseguiu fazer meus cachos geralmente rebeldes
caírem suavemente, sem frizz.
O estilo de alguma forma deixou meu cabelo ainda mais vermelho. Era
naturalmente um vermelho profundo, mas agora parecia veludo vermelho. E
estalou contra minha pele.
Passei muitas noites sonhando em ter a pele bronzeada, mas minha tez
nunca cooperou. Mas agora eu não me importava com minha palidez porque
parecia fazer tudo sobre mim se destacar.
Meus lábios pareciam extremamente vermelhos, devido ao batom que
Selene havia escolhido para combinar com meu cabelo. E meus olhos, meus
olhos azuis, pareciam claros como sempre, grandes e brilhantes. Michelle fez
mágica com sua paleta de sombras neutras, fazendo meus cílios parecerem
centímetros mais longos do que antes, também.
E então havia o vestido.
Um dos designs originais de Selene, ela insistiu que eu o usasse esta noite.
"Só não derrame nada nele, ou eu vou te matar", ela avisou, mas então ela
abriu o zíper da bolsa e eu soube que se eu derramasse alguma coisa, eu me
mataria antes que ela pudesse.
Foi tão lindo.
Era um azul profundo, como safira, e justo, com um decote de gola alta e
sem mangas. A parte de trás estava completamente aberta e o vestido era tão
longo que batia no chão.
Acentuou minhas curvas como nada que eu usei antes. Ele se agarrou e
caiu em todos os lugares certos, e quando coloquei os sapatos de salto agulha
combinando, me senti como uma pessoa completamente diferente.
"Como você está se sentindo?" Selene perguntou, puxando meu cabelo
para trás dos ombros. Ambos os olhos delas ainda estavam em mim, mas,
novamente, eu não conseguia tirar meus próprios olhos de mim também.
"Parece que não sou eu."
"Oh, é você, Sienna", disse Michelle, com as mãos na cintura. "Aiden vai
enlouquecer."
"Você é definitivamente a dama de um Alfa", Selene acrescentou, pegando
sua bolsa da cadeira.
"Obrigada. Vocês duas", eu disse, finalmente me virando do espelho para
encará-las. " Eu não poderia ter feito nada disso sozinha."
Michelle estava calçando seus sapatos plataforma prateados, mas parou
para me mandar um beijo. Ela estava espetacular em um elegante vestido de
cetim preto e um profundo batom cor de vinho, o cabelo preso em um coque
perfeito.
E Selene estava imaculada como sempre, usando um vestido rosa pastel
com fendas ao longo da caixa torácica que só ela poderia tirar.
"Estamos prontas, senhoras?" Selene perguntou, enxugando uma mancha
final de blush em suas maçãs do rosto salientes.
"Prontas!" Michelle exclamou, levantando-se.
As duas olharam para mim. Empurrei meus ombros para trás e ergui meu
queixo.
''Vamos lá", eu disse.

Aiden: Não vou ter tempo de te ver antes


Aiden: Me encontre lá dentro?
Sienna: Claro

Eu estava tão feliz que nem me importei de entrar no baile sem Aiden. Eu
me sentia invencível, como se nada pudesse dar errado quando eu estava
assim, quando tinha essas mulheres ao meu lado.
Nós estávamos no carro. Selene estava nos levando porque Jeremy e Josh
já estavam na Casa da Matilha também.
Passamos pela cabine do guarda de segurança e ele acenou para que
continuássemos. Todos os anos antes, estacionávamos no estacionamento
normal, aquele pelo qual estávamos passando agora, onde inúmeras famílias e
encontros estavam começando a caminhada do carro para o salão de baile.
Mas este ano, Aiden arranjou para nós estacionarmos no estacionamento
da Casa da Matilha. Era muito mais perto do salão de baile, o que tornaria o
andar com esses sapatos muito mais suportável.
Selene parou em uma vaga no estacionamento da Casa da Matilha e saímos
do carro, endireitando nossos vestidos. Já era tempo.
Poucos minutos depois, estávamos passando pelas portas do salão de baile.
O lugar estava incrível. Árvores de Natal alinhavam-se nas paredes e lustres
brilhantes pendurados no teto. Cada mesa tinha um candelabro magnífico no
centro, e toda a sala tinha um brilho suave.
Selene encontrou Jeremy quase imediatamente, e ele a pegou em seus
braços, beijando-a intensamente. Então ouvi Michelle gritar e me virei para
encontrá-la correndo em direção a Josh, que vinha em nossa direção.
Eu podia ouvir o "droga!" Que ele deixou escapar de onde eu estava.
Senti uma pontada de ciúme, olhando em volta para ver se conseguia
localizar meu Alfa. Mas eu não conseguia vê-lo em lugar nenhum e, antes que
pudesse perguntar a Josh, ele e Michelle desapareceram na multidão.
Peguei meu telefone, pensando em mandar uma mensagem para ele, mas vi
que não tinha nenhum serviço lá dentro.
Eu voltei pelas portas, para fora, e estava andando para o lado do salão
tentando encontrar um sinal. Nada ainda.
Então eu andei alguns passos pelo beco ao lado do salão de baile — olhos
grudados no meu telefone — e foi quando eu vi algo.
Minha cabeça se levantou, mas não havia nada lá. Voltei minha atenção
para o meu telefone. Mas então, com o canto do olho, vi de novo. Eu girei
minha cabeça e lá estava ela.
A mesma mulher com os olhos roxos que eu tinha visto na floresta e na
feira.
Só que desta vez ela não desapareceu.
"Você", eu falei, sentindo que deveria estar com medo. Mas havia algo
sobre ela que era calmante. Como eu sabia, no fundo, ela não me machucaria.
"Sienna Mercer." Era como se suas palavras estivessem envoltas em
cashmere.
"Como você sabe meu nome? Quem é você?"
Ela deu um passo em minha direção, a seda que envolvia seu corpo
brilhando a cada movimento. E então seu dedo estava sob meu queixo, e seus
olhos estavam a centímetros dos meus.
"Quem eu sou não é importante. Mas quem você é... quem está atrás de
você... isso é algo que você deve saber."
Capítulo 27-A Mulher Misteriosa
Aiden
Eu estava na sala dos fundos, a única a que só eu, e quem quer que eu
convidasse, tínhamos acesso. Era uma espécie de sala entre uma biblioteca e
um camarim, aonde eu poderia vir para me arrumar ou ficar um momento
sozinho durante os movimentados eventos de salão.
Eu estive no salão de baile brevemente esta noite, mas o Baile de Inverno
tinha apenas começado. Eu organizei e dirigi mais do que o meu quinhão de
bailes, mas nesta noite havia mais em jogo.
Esta noite, o Millenium Alfa estava aparecendo, por algum motivo,
nenhum de nós sabia.
Foi por isso que tentei ir mais longe com os preparativos, porque estive
trabalhando tantas horas e me sentindo mais estressado com isso do que
nunca. Não fazia sentido porque ele insistiu em vir esta noite.
Claro, fiquei mais do que feliz em recebê-lo. Ele era o Alfa do Milênio.
Havia um grau inerente de orgulho ligado a ele querer vir ao meu baile.
Mesmo assim, parecia que algo não fazia sentido.
Eu ouvi uma batida, então parei de andar e caminhei até a porta, abrindo
uma fresta. Quando vi que era Josh, eu o deixei entrar.
"Cara, o que você ainda está fazendo aqui?"
"Ele está aqui?"
"Ainda não, mas vamos. As pessoas estão esperando." Foi quando notei os
dois copos nas mãos de Josh. Ambos continham uísque puro. Ele me entregou
um. É para isso que serve um Beta, pensei.
"Para o Baile de Inverno", eu disse.
"Para o baile."
Abaixamos as bebidas e Josh se virou para sair, mas eu agarrei seu ombro.
"Josh", eu comecei, deixando meus nervos mostrarem ao meu Beta pela
primeira vez. " Por que ele está vindo? Por que agora?"
Por um segundo, vi algo brilhar atrás de seus olhos, como se ele soubesse
de algo que eu não sabia. Mas então ele piscou e olhou para mim com o
mesmo sorriso de sempre. — " Aiden, acalme-se. Até o Alfa do Milênio adora
um bom bar aberto."
Ele me deu um tapinha no ombro e passou pela porta, parando alguns
passos no corredor para esperar por mim. " Você vem ou o quê?"
Talvez ele estivesse certo. Talvez eu estivesse pensando demais nisso.
Coloquei o copo vazio sobre a mesa, fechei a porta da sala dos fundos
atrás de mim e comecei a ir para o salão de baile ao lado do meu Beta.
Sienna
Seu dedo ainda estava sob meu queixo. Parecia que estava lá há horas,
como se tivesse estado lá minha vida toda. Havia algo sobre seu toque, a
maneira como ele permeou minha pele e alcançou todo o caminho. Para
minha mente.
"Calma agora. Não se preocupe."
"Não estou preocupada", eu disse, tentando manter meu nível de voz "Mas
de onde você me conhece?"
"Não nos conhecemos", disse ela, seus olhos viajando sobre minha figura e
me deixando constrangida por um motivo que não pude explicar. "Mas eu vim
avisá-la. Uma ameaça está se aproximando rapidamente."
"Uma ameaça? O que você está falando?"
"Cuidado. Ele não vai descansar até que você seja dele."
"Quem?" Eu sussurrei, de repente me sentindo desconfortável. Senti a cor
sumir do meu rosto quando meus olhos se concentraram nos dela, tentando
encontrar uma resposta dentro deles. Mas não consegui. Seus olhos eram tão
roxos, tão infinitos, que seria necessária uma chave que eu não precisasse
destrancá-los.
"Você deve saber que tem poder. Poderes misteriosos."
"Por que... por que você está aqui?"
"Eu estou aqui", ela começou, cada palavra segurando sua própria força",
pelo Alfa. " Um arrepio percorreu meu corpo, dos dedos dos pés ao couro
cabeludo.
Aiden.
"Mas não seu Alfa", ela declarou claramente.
"Por que — eu não entendo", eu disse, confusa. Mas a mulher apenas
desviou o olhar, seus olhos focalizando algo à distância.
Virei minha cabeça para ver o que ela estava olhando, mas não havia nada
lá. Apenas uma calçada vazia.
"Qual o seu nome? " Eu perguntei, voltando-me para ela, precisando de
mais respostas. No entanto, ela não estava mais lá. Era só eu no beco, sozinho.
Quando comecei a sair, parei quando ouvi um sussurro final de um nome
ecoando no ar fresco da noite...
"Eve."
Aiden
Eu estava cumprimentando os habitantes da cidade que haviam feito fila
para me encontrar no topo do salão de baile, em frente à mesa principal,
quando ouvi meu nome ser falado na outra direção.
Eu me virei e vi um cara confiante, de aparência atlética, com cabelo preto
azeviche e um carisma natural. Sem tentar, ele chamou a atenção de todos ao
nosso redor. Algo que eu estava acostumado a fazer, mas não a ver.
"Alfa do Milênio", eu disse, estendendo minha mão para ele.
"Alfa da Costa Leste", ele respondeu, e nos sacudimos. Em algum lugar ao
longe, uma câmera disparou.
"Bem-vindo", eu disse. " Estamos felizes por ter você no Baile de Inverno
deste ano."
Ele sorriu, expondo dentes que não podiam ser tão brancos quanto eram
naturalmente.
"É uma honra ver a beleza de seu bando", ele respondeu.
"Vamos pegar uma bebida para você. "Eu sorri para a fila de moradores da
cidade esperando — nenhuma explicação adicional era necessária, já que ele
era o Alfa do Milênio — e então o guiei em direção ao bar.
Com o canto do olho, vi Josh conversando com sua nova companheira,
Michelle, e ele deve ter sentido meu olhar sobre ele, porque me encarou
instantaneamente. E então ele desviou o olhar. Estranho.
Voltei minha atenção para o homem ao meu lado. "Então me diga, o que o
traz aqui?"
"Além da festa?"
"Além da festa."
Ele suspirou. Olhou ao redor da sala. E então seus olhos pousaram de
volta em mim.
"Serei direto com você. Alfa. Vim verificar a liderança da matilha."
"E o que isso significa exatamente?" Eu perguntei antes que pudesse
morder minha língua. Mas o Alfa do Milênio apenas sorriu, dando um tapinha
no meu ombro e chamando a atenção do barman.
"Primeiro as bebidas, depois os negócios", disse ele. E, como todo mundo,
não tive escolha a não ser cumprir suas ordens.
Sienna
Eu estava voltando para o salão de baile, minha cabeça ainda cambaleando
com a conversa que acabei de ter com a mulher de olhos roxos. Como ela
sabia quem eu era? O que ela queria com Aiden? E como ela simplesmente
desapareceu?
Eu precisava encontrar Aiden, para dizer a ele o que ela disse. Que ela
estava aqui para ele.
Eu sabia em meus ossos que ela era a ameaça que o bando havia sentido,
aquela pela qual eles estavam pirando. E se ela estivesse aqui para lhe causar
mal?
Olhei em volta com urgência, tentando colocá-lo no meio de uma multidão
de habitantes bem-vestidos. Ele estaria vestindo um smoking, mas isso
realmente não restringia para mim. Assim como noventa por cento dos
homens aqui.
Eu estava na ponta dos pés, tentando ver mais longe na sala, quando notei
Josh e Michelle conversando perto do DJ. Corri até eles, o mais rápido que
meus pés vestidos de estilete conseguiram me levar.
"Ei! " Exclamei assim que estava ao alcance da voz.
"Sienna!" Michelle cumprimentou. "Onde está Aiden?"
"Eu não sei, mas eu preciso encontrá-lo. Josh, você o viu?"
Josh terminou sua bebida com um gole. "Ele estava com o Alfa do Milênio
da última vez que o vi."
"Onde?" Eu perguntei, impaciente.
"Perto do bar. " Eu me virei, prestes a marchar, quando Josh agarrou meu
braço. " Você não pode interrompê-los. Esse é o Alfa do Milênio de que
estamos falando."
"Eu sei, mas Aiden está com problemas. Josh. Eu tenho que avisá-lo."
"O que?"
"A mulher que vi lá fora disse…" Josh ergueu um dedo, sinalizando para
eu segurar. Então ele se virou para Michelle. " Nós já voltamos, gatinha, ok?"
"Ok", ela gritou, o gim com tônica em seu copo claramente a deixando
feliz. Eu sabia que o gim-tônica era o seu favorito. Mas então Josh estava me
puxando para a frente do salão de baile, perto do guarda-volumes. Longe de
ouvidos curiosos.
"O que você estava dizendo?"
"Eu vi essa mulher. Lá fora, com olhos roxos. Ela parecia... assustadora.
De alguma forma. E ela disse que estava aqui por Aiden."
"Você tem certeza?"
Eu balancei a cabeça freneticamente." Eu senti essa... sensação dela, Josh. Eu
tenho que avisá-lo."
"Eu vou fazer isso. Vou puxá-lo de lado agora mesmo."
"Por que não posso?"
"Eu sou o Beta dele, Sienna. É uma coisa política." Uma coisa política. Era
uma grande besteira. Mas isso era muito urgente para lutar, então deixei para
lá.
"Tudo bem", eu disse. "Mas rápido." Ele estava prestes a ir quando se virou
para olhar para mim. Ele abriu a boca, como se estivesse prestes a dizer algo,
mas fechou depois de um segundo e balançou a cabeça.
"O que? " Eu perguntei.
"O que você quer com ele?"
"Com quem? Aiden?"
Josh acenou com a cabeça.
"O que você quer dizer com o que eu quero com ele?"
"Olha, você é jovem. Você não experimentou muito."
"Tenho a mesma idade que Michelle, se você está se esquecendo."
"Mas eu sei que ela é muito mais experiente do que você", ele disse com
algum tipo de olhar pomposo. Eu queria dar um tapa nele. " Só não quero ver
você se machucar."
"Por que Aiden me machucaria?" Eu perguntei, ignorando a rotina de falso
irmão mais velho que Josh estava usando. Ele desviou o olhar para a pista de
dança lotada e depois de volta para mim.
"Ele tem estado sob algum escrutínio. Do Pack."
"OK..."
"Sabe, quanto mais tempo um Alfa fica sem uma companheira, mais força
ele perde. Alguns acham que ele não é forte o suficiente para liderar, já que
está sem uma companheira."
"Josh, você não está fazendo nenhum sentido."
"Você veio em um momento muito conveniente, Sienna. É tudo o que
estou dizendo."
Meu estômago embrulhou. " Mas Aiden e eu nem estamos acasalados."
"Então é apenas diversão casual? Ele não falou com você sobre qualquer
tipo de futuro?"
Olhei para o chão, com a sensação de que ia vomitar. Eu o deixei entrar.
Eu disse a ele coisas que nunca disse a ninguém antes. Eu dormi ao lado dele e
cozinhei para ele e... e se ele estivesse apenas me usando?
E se tudo fosse um show para seu bando?
Aiden
Eu estava bebendo com o Alfa do Milênio — e o homem podia beber,
deixe-me dizer — quando a vi.
Sienna.
Do outro lado do salão de baile, ela estava irradiando. Minha pulsação
acelerou imediatamente e eu senti uma atração tão magnética que pensei que
seria carregado pela sala sem mover um músculo.
Eu podia ver a forma como seu corpo se curvava a partir daqui, a forma
como seu cabelo caía em mechas sedutoras. Eu queria correr minhas mãos por
seus cabelos, descendo por seu corpo, em todos os lugares. Ela estava me
consumindo. Mas então eu vi que ela estava conversando com Josh, e os dois
estavam imersos na conversa.
Eu estava me perguntando o que poderia ser quando a vi olhar para mim.
Mesmo a alguns metros de distância, o poder de compartilhar um olhar com
ela era inacreditável.
Mas era como se ela não sentisse ou não se importasse. Porque, sem outra
palavra para Josh, ela fugiu dele, correndo direto para fora das portas do salão
de baile.
Capítulo 28 – A Questão
Sienna
Eu corri em direção às portas principais, correndo tão rápido quanto meus
saltos altos podiam coordenar. Corri pelas portas, para o gramado, passei pelo
estacionamento da Casa da Matilha e saí para a estrada.
Eu não pude acreditar. Eu tinha sido um adereço o tempo todo. Lá estava
eu, tentando avisá-lo sobre algum perigo iminente, e ele estava me usando
como uma maldita boneca de pano.
Foi por isso que ele me fez morar com ele, porque ele me disse para ir para
a feira. Foi tudo uma oportunidade de foto gigante.
E eu era a adolescente idiota que se apaixonou por isso.
O ar fresco estava atingindo meu rosto, mas não estava ajudando muito.
Minha dor — minha raiva — ainda estava florescendo.
Olhei em volta, vendo a orla da floresta alguns metros à minha direita.
Corri em direção a ela e então parei para abrir o zíper do vestido de Selene
com cuidado. Se algo acontecesse com ele, eu não me perdoaria.
Mas eu precisava estar livre de tecido, livre de qualquer coisa remotamente
humana.
Minhas emoções não seriam reprimidas, não mais. Eu precisava deixá-los
sair.
Tirei o vestido e o pendurei no primeiro galho limpo que pude encontrar
ao nível dos olhos, para que a cauda não batesse no chão lamacento.
Então eu chutei os sapatos e deixei a raiva me consumir.
Senti meu corpo mudar enquanto corria. Eu zumbia por entre árvores e
troncos, folhas e lama, meus membros esticando e meus músculos tensos até
que eu não estava mais correndo em dois pés, mas nos quatro.
Senti minha cauda balançando atrás de mim e percebi o vento batendo no
cabelo ruivo e espesso que agora cobria cada centímetro de mim.
A donzela de vestido de baile se foi. Não, eu não era a porra da donzela em
perigo.
Eu era um lobo.
Um dominante.
E a floresta estava prestes a ver o quão louca eu estava.
Aiden
Eu ainda estava no bar. Com o Alfa do Milênio. Eu assisti Sienna sair sete
minutos atrás e sabia que algo estava errado. Mas ele continuou falando,
continuou nos pedindo outra rodada de bebidas.
Eu não poderia deixá-lo. Eu sabia disso... mas tinha que saber.
"Você me daria licença por alguns minutos? Meu Beta... aí embaixo, deixe-
me apresentar vocês dois. Ele é um grande parceiro de bebida", eu disse,
apontando para a parede onde Josh estava se misturando.
"Não há necessidade", o Alfa do Milênio disse, me impedindo de dar mais
nenhum passo em direção a Josh. " Eu vou com você."
"Eu estava indo para fora, pegar um pouco de ar fresco."
"Eu poderia usar um pouco também." Huh. Ele não estava se mexendo do
meu lado.
"Ótimo", eu disse e o conduzi através do salão de baile e para fora das
portas. Olhei em volta quando saímos, mas não vi ninguém. Tentei fechar os
olhos para senti-la — mas não consegui.
Pense.
Ela parecia chateada. Ela não teria saído do baile, não se não houvesse um
motivo real. Se ela estivesse realmente chateada, brava, ela mudaria. Na
floresta.
"Como você se sente ao ver a floresta? É lindo nesta época do ano."
"Estou pronto para qualquer coisa." Ele encolheu os ombros. Então eu
virei para a direita, andamos até a orla da floresta e então continuamos,
sentindo o cheiro distinto de carvalho e lama.
"Você está aqui por mim, não está?" Eu perguntei.
"Volte novamente?"
"Você vem ao Baile de Inverno sem nenhuma explicação... Desculpe minha
franqueza. Alfa do Milênio, estamos felizes em recebê-lo, mas não sabemos
nada sobre sua visita. E você não saiu do meu lado desde que chegou aqui.
Você está aqui para descobrir algo sobre mim ou para descobrir algo sobre
mim. Isso está certo?"
Ele parou de andar, olhando-me bem nos olhos. Eu podia sentir seu poder
através do olhar e sabia que poderia muito bem ter cruzado os limites. Mas
depois de um momento ele piscou e começou a falar.
"Sim. Isso mesmo."
Suspirei. Mas o alívio que senti por estar certo não durou muito. Foi
substituído por mais perguntas.
"Quem te mandou?"
"Ninguém me enviou. Mas eu estava ouvindo coisas. Sobre a possibilidade
de seu poder diminuir." Soltei um grunhido antes que pudesse me conter.
Alguém em minha matilha estava indo pelas minhas costas, questionando
minha força, para o maldito Alfa do Milênio?!
"De quem? " Eu fervi.
"Isso não é importante. O importante é que estou aqui. Para sentir você,
para ver se o problema potencial é realmente um problema potencial." Ele fez
uma pausa, olhando para as árvores antes de se virar para mim. "Você está
procurando?"
"Procurando?"
"Sua companheira."
Então era disso que se tratava. Minha força diminuindo, os rumores de que
eu não era tão dominante como costumava ser porque não tinha encontrado
ninguém.
Mas eu tinha.
"Não há necessidade. Eu já a encontrei."
"Já?" o Alfa do Milênio perguntou ceticamente.
"Eu não sinto isso em você."
Agora eu olhei para o chão." Ela não sabe ainda. Somos um par, para a
temporada. Mas estou indo devagar. Para o bem dela."
Eu poderia jurar que sua expressão se suavizou, apenas por um segundo.
"É por isso que você não consumou. Eu posso sentir isso. Sua frustração, sua
hostilidade. Isso é o que está interferindo no seu domínio."
"Esta noite ia ser a noite", eu disse sem pensar " Mas ela... ela fugiu do
baile. Algo deve ter acontecido..." E então, naquele momento, eu a farejei. Tão
claro como o cristal, eu tinha certeza de que o aroma era dela. E ela estava
perto.
"Ela está aqui. Ela partiu para a floresta. Eu só... tenho que encontrá-la. Eu
tenho que dizer a ela."
Ele me deu um aceno de cabeça, nada mais, nada menos.
"Obrigado, Alfa do Milênio."
"Aiden. É o Raphael. Te vejo lá dentro." E então ele se virou e começou a
voltar pelo caminho por onde tínhamos vindo. Sem perder mais um segundo,
tirei cada artigo do meu smoking e me mexi, dando uma cheirada mais
profunda.
Soltei um uivo, deixando-a saber que eu estava perto. Mas ela não
respondeu. Então comecei a correr.
Depois de alguns metros, comecei a ver o vermelho de seu pelo na minha
frente. Ela estava cerca de meia milha à frente, então aumentei meu ritmo. Eu
uivei de novo para que ela soubesse que eu estava lá, mas isso só pareceu fazê-
la correr mais rápido.
Em segundos, eu estava atrás dela, mas ela ainda não estava parando. Não
importa o quanto eu uivasse, ela não diminuiu a velocidade ou parou. Eu não
tinha outra escolha, então me lancei para frente e a agarrei.
Nós caímos por um tempo, seus membros tentando lutar contra mim, mas
quando paramos, eu a prendi embaixo de mim.
Eu rosnei. Shift. Ela balançou a cabeça. Não.
Eu rosnei mais alto. SHIFT! Mas ela apenas balançou a cabeça com mais
força.
Eu apertei meu aperto em suas mãos e rosnei diretamente em seu rosto.
Seus grandes olhos azuis giraram em um círculo completo.
E então ela começou a mudar. Observei enquanto o pelo desaparecia, seus
membros condensavam e seus músculos se contraíam até a forma humana.
Ela estava embaixo de mim, nua, de costas no chão lamacento da floresta.
Eu mudei também, segurando-a como humana.
Foi quando vi as lágrimas.
"Você mentiu para mim. Você estava me usando para... convencer o Alfa
do Milênio de que é forte..."
"O que? O que você está falando?"
"Josh me disse... ele disse que você sabia que não era meu companheiro."
"Josh disse o quê?"
"Ele disse que você não é meu companheiro. Que você está apenas
fingindo." Eu agarrei seu rosto em minhas mãos, forçando-a a olhar
diretamente para mim.
"Eu menti para você. Eu admito, eu fiz. Todo esse tempo." Mais lágrimas
acumularam em seus olhos e seu rosto ficou todo vermelho.
Eu continuei, minha voz falhando um pouco. "Porque eu sabia que você
era minha companheira no segundo em que coloquei os olhos em você, Sienna
Mercer. Eu sabia quando você estava desenhando perto do rio. E eu soube
disso a cada segundo que estivemos juntos desde então.
O vermelho em suas bochechas lentamente desbotou para rosa, e eu pude
ver a compreensão passando por seus olhos." Se você está mentindo para
mim, Aiden, juro por Deus, vou matá-lo."
Eu ri. Eu não pude evitar. "Eu sei. E é por isso que te amo."
Sienna
"Eu também te amo", respondi, e me senti bem. Como se fosse uma noção
familiar, algo que parecia em casa na minha língua.
E naquele momento, eu sabia que este homem não era apenas meu
parceiro para a temporada ou um alfa sexualmente frustrado.
Não, Aiden Norwood era meu companheiro.
Eu podia sentir a verdade daquelas palavras de todo o meu coração. Isso
me fez explodir positivamente de alegria e... necessidade dele.
Ele se inclinou para me beijar e eu pude sentir o gosto salgado de minhas
velhas lágrimas nele. Mas então algo mudou. Não estávamos nos beijando de
uma forma feliz e doce. Estávamos nos beijando em um eu preciso de você agora .
Era urgente e perigoso e... quente.
Embora um dossel de folhas nos cobrisse, senti uma onda de excitação por
estarmos completamente expostos.
Empurrei quaisquer reservas profundamente nos recônditos da minha
mente.
Normalmente, eu teria me sentido insegura sobre tomar uma decisão tão
precipitada. Eu gostaria que tudo fosse perfeito na minha primeira vez.
Mas naquele momento, tudo que eu conseguia pensar era como eu queria
que Aiden absolutamente devastasse meu corpo.
Ele me queria. E eu o queria. Cada maldito centímetro da minha pele
estremeceu com seu toque.
Eu podia sentir ele ficando cada vez mais duro enquanto eu me contorcia
em cima dele, nossos corpos nus se movendo bem em cima da terra e raízes
do chão da floresta.
Era tão natural, tão cru. Especialmente agora que eu sabia que éramos
amigos. Meu corpo, minha mente, meu coração, cada parte de mim ansiava por
ele.
Suas mãos começaram a se mover em cima de mim, me esfregando, me
apertando, e então eu as senti na minha bunda, controlando o ritmo de como
eu me movia sobre ele. Nas outras vezes, tínhamos ido mais longe do que
apenas transar a seco, tinha sido mais lento, mais intencional.
Mas agora eu precisava de uma liberação. Não tive tempo de esperar.
Oh meu Deus...
Estou realmente prestes a fazer isso?
Quando os olhos verde-dourados de Aiden se enterraram em minha alma,
ele me fez a mesma pergunta que eu estava me perguntando.
"Sienna... você está pronta?"
Capítulo 29 - A Promessa
Sienna
A resposta à pergunta de Aiden estava na ponta da minha língua.
Minha cabeça estava nadando com luxúria, desejo, paixão. Era uma
combinação inebriante e fui pego no redemoinho.
Eu sabia em meu coração o que eu queria, ou melhor, precisava.
Mas nenhuma palavra saiu da minha boca.
Então, em vez disso, agarrei o cabelo preto sedoso de Aiden e puxei com
força enquanto puxava sua cabeça para a minha.
Eu o beijei, não apenas com paixão, mas com um desejo insaciável.
Eu queria que nos uníssemos como um — para dar cada parte de nós um
ao outro.
Aiden levantou minhas pernas e eu senti seu pau esfregar contra o meu
sexo. A maneira como isso me provocou era quase insuportável.
Quando meu sexo começou a se separar, gemi de êxtase.
"Aiden. espere..." murmurei, cravando minhas garras em suas costas.
"Você quer que eu pare? " ele perguntou, acariciando meu cabelo e me
dando um olhar afetuoso.
"Eu... Sim... quero dizer, eu não sei", eu gaguejei, me sentindo em conflito.
Claro que eu não queria que ele parasse, mas ao mesmo tempo...
"Aqui, agora... Simplesmente não parece..."
Enquanto eu procurava as palavras certas, Aiden as encontrou para mim.
"Perfeito", disse ele calmamente. "Você tem razão. E a sua primeira vez.
Eu quero que seja tão especial quanto você."
O corpo de Aiden se afastou, e isso fez meu coração doer, embora eu
soubesse que era o melhor.
"Você me odeia por querer esperar?" Eu perguntei.
"Claro que não", respondeu ele. " Você já me fez esperar tanto tempo. Que
tipo de alfa eu seria se não pudesse esperar um pouco mais. Além disso, vale a
pena esperar."
Eu beijei seus lábios com ternura, saboreando sua doce saliva enquanto
nossas línguas rolavam em uma.
Eu me afastei e sorri. "Depois da nossa cerimônia de acasalamento, eu
prometo... sou toda sua."
"E eu posso prometer a você que será uma noite da qual você se lembrará
para sempre", ele disse em um rosnado suave.
Aiden me segurou em seus braços enquanto deitamos no chão musgoso da
floresta. Fechei meus olhos e ouvi o som de sua respiração estável.
Eu pensei no que o futuro reservava para Aiden e eu, e pela primeira vez
eu não estava com medo.
Na verdade, nunca me senti mais segura e protegida em toda a minha vida.
Com esse pensamento reconfortante, adormeci.
Duas Semanas Depois
"Puta merda", disse Aiden, seus olhos brilhantes olhando diretamente para
os meus. Ele estava do outro lado da sala e literalmente parou no meio do
caminho.
"Puta merda." Eu repeti. Ele estava parecendo mais afiado do que uma
maldita faca de carne. Vestindo um smoking azul marinho e barbeado
recentemente pela primeira vez que eu já vi. Suas maçãs do rosto eram tão
fortes quanto sua mandíbula, e ambas eram minhas. Todo meu, por toda a
eternidade.
Foi o dia da nossa cerimônia de acasalamento. Ao contrário dos humanos,
nós não tínhamos os mesmos rituais típicos de casamentos. Não havia
nenhuma regra contra os companheiros se verem antes de caminhar pelo
corredor, razão pela qual Aiden estava no meu camarim.
Era por isso que ele estava vindo em minha direção neste exato momento,
uma fome profunda em seus olhos. Eu o encontrei no meio do caminho, no
meio da sala, e nos abraçamos com tanta intensidade que pensei que ele fosse
me arrancar os lábios.
Não se eu morder primeiro, pensei.
"Você está espetacular", ele suspirou em meu ouvido. Eu também acreditei
nele. Eu estava usando outro Selene original, um vestido de cerimônia de
acasalamento especialmente desenhado que ela trabalhou horas extras para
deixar pronto para o meu dia especial.
Tinha um corpete sem alças e um vestido esvoaçante que se movia sempre
que eu o fazia. A longa cauda na parte de trás me fez sentir como uma deusa.
Era ainda melhor do que o vestido que usei no Baile de Inverno, e pensei
que seria impossível vencê-lo.
"Você também não está muito maltrapilho", eu disse, me afastando. "Mas
você tem que ir agora! Está quase na hora de ir."
"Sim, senhora", disse ele e se dirigiu para a porta. Mas não antes de dar
uma última olhada em mim e soltar um assobio suave. Eu não pude deixar de
sorrir, mesmo que meus olhos rolassem um pouco também.
Ele saiu e eu respirei fundo, me preparando para o que estava prestes a ver.
Um salão de baile cheio de nossos amigos e familiares e os membros sortudos
do bando que foram convidados para a cerimônia de acasalamento do alfa.
Seriam muitos olhos, todos voltados para nós.
Respirei fundo novamente e observei meus pés, usando salto agulha cor de
casca de ovo, dar um passo cuidadoso de cada vez para fora do provador.
"Uau", ouvi na minha frente. Eu olhei para cima e vi meu pai, segurando a
mão sobre a boca. "Você está linda, querida", disse ele.
Ver meu pai ficar tão emocionado estava me deixando emocionada
também.
Mesmo que ele não fosse meu pai biológico, ou mesmo um lobisomem, ele
era o homem mais importante da minha vida, ao lado de Aiden.
Eu ainda não tinha contado aos meus pais o que a senhora de olhos roxos
havia dito. Eu não tinha certeza de como eles reagiriam, ou se eles já sabiam.
Mas, novamente, eu sabia como eles me encontraram. Abandonada, em
um beco. Como eles poderiam saber que eu vim de alfas?
Independentemente disso, minha cerimônia de acasalamento
definitivamente não era o momento certo para trazer isso à tona. Ou mesmo
para pensar sobre isso. Então corri até meu pai e o abracei o mais forte que
pude.
Eu estava sentindo as emoções começando a tomar conta, mas desejei que
meus olhos segurassem as lágrimas. Se eu estragasse a maquiagem que
Michelle passara uma hora fazendo, ela me mataria.
Meu pai agarrou minha mão e olhou nos meus olhos. "Você está pronta?"
Eu não pude evitar, mas deixei um sorriso enorme se espalhar pelo meu
rosto enquanto eu assentia. " Você está?"
"Claro, querida." E então ele abriu as portas do salão de baile, as mesmas
portas que eu tinha saído correndo apenas três semanas atrás.
Minha respiração engatou. O salão de baile estava perfeitamente arrumado.
Havia um longo tapete branco, pelo qual eu desceria, e uma plataforma
elevada onde normalmente ficava a mesa principal.
As árvores que ladeavam a sala eram cobertas por luzes brancas e fitas
brancas, e cada mesa tinha uma pequena peça central floral.
Queríamos trazer a floresta para dentro, para fazer deste nosso próprio
país das maravilhas florestais.
Papai prendeu o cotovelo no meu e, quando a música começou,
começamos a andar. Eu sorri para todos os rostos familiares nos bancos que
foram arranjados.
Passei por Mia e Harry, que tinham acabado de fazer sua cerimônia de
acasalamento na semana passada, e Erica e Rhys, sentados ao lado deles.
Quando nos aproximamos da frente, vi mamãe, Selene e Jeremy, e ao lado
deles estavam Michelle e Josh.
Os bancos restantes da frente foram ocupados por outros membros da
matilha de elite, e o resto dos bancos cobrindo toda a sala foram ocupados
pelo que parecia ser metade da cidade. Aparentemente, o casamento do alfa foi
um bilhete quente.
Cheguei à plataforma e papai beijou minha bochecha e apertou a mão de
Aiden. E então Aiden me ajudou a subir na plataforma.
"Eu quero devorar você", ele disse em meu ouvido para que só eu pudesse
ouvir. Um rubor imediatamente subiu por minhas bochechas.
"Estamos reunidos aqui hoje para celebrar o acasalamento do Alfa da
Manada da Costa Leste, Aiden Norwood e Sienna Mercer", começou o Alfa
do Milênio.
Oh sim, eu mencionei que o Alfa do Milênio estava oficializando nossa
cerimônia de acasalamento?
***
Fui atacada com rosas, sim, rosas. Voando pelo ar, atingindo a mim e
Aiden bem no rosto. Isso era típico de cerimônias de acasalamento,
especialmente aquelas que tinham tantos acompanhantes: o ritual de jogar
rosas no casal antes de seu primeiro beijo como companheiros.
"Ok, ok", o Alfa do Milênio berrou, rindo e erguendo as mãos. "Está na
hora." A sala ficou em silêncio e as rosas pararam de voar no ar."
Companheiro Aiden Norwood. Alfa, você pode beijar sua Sienna."
E então suas mãos grandes envolveram meu pescoço e seu queixo se
inclinou para baixo. Seus lábios macios estavam nos meus em um instante, e eu
pensei que as borboletas dentro de mim fossem explodir.
Todos nos bancos, todos que eu amava, com quem me importava, todos
eles ficaram em segundo plano. Eles não importavam. Não agora.
Quando paramos de nos beijar, Aiden agarrou minha mão e me puxou de
volta para o tapete branco. Ouvimos o que parecia ser uma torrente
interminável de aplausos e gritos de ambos os lados, e isso não diminuiu até
que estávamos na pista de dança.
O DJ mudou dos instrumentais que tocava para a música que Aiden e eu
escolhemos para nossa primeira dança. Tudo começou e Aiden me girou. Ele
pode ser bom em muitas coisas, mas dançar não era uma delas.
Eu estava rindo tanto que pensei que ia desmaiar. E então a música
terminou, e eu vi Michelle e Josh aparecerem atrás de Aiden.
"Ei!" Eu exclamei. Aiden me soltou e Michelle beijou minhas duas
bochechas.
"Eu nem sei. Si. Isso foi um conto de fadas. Parabéns! " ela gritou.
"Obrigada!" Eu gritei de volta. Eu não me importava que aparecêssemos
desagradáveis. Era o dia da minha cerimônia de acasalamento e eu poderia
gritar se quisesse.
Eu estava prestes a perguntar a Aiden e Josh se eles se importariam se
Michelle e eu dançássemos a nova música, apenas nós, meninas, mas vi que
eles já tinham ido para o bar. Clássico.
Aiden
Josh perguntou se eu queria beber alguma coisa, e eu não recusaria um
brinde de uísque no dia da minha cerimônia de acasalamento. Mesmo que
fosse com meu suposto Beta, que sempre ficava atrás de mim.
Eu não o confrontei. Ainda. Mesmo depois do que Sienna me contou na
floresta e da sensação que tive de que foi ele quem trouxe minha "força cada
vez menor" para o Alfa do Milênio.
Eu tinha certeza de que era ele. Eu não sabia o que ele queria. Era porque
ele queria ser alfa? O ciúme o levaria tão longe que ele estava traindo a si
mesmo?
"Para você e Sienna", disse ele, seu tiro no ar.
"Obrigada, Josh", eu disse, forçando um sorriso e aumentando minha
chance também.
"Vamos, anime-se! Você está acasalado!" ele exclamou.
"Não podia estar mais feliz." Eu engoli a dose, sentindo-a queimar. Era
estranho estar perto dele assim, sabendo o que eu sabia. Eu deveria ter lidado
com isso antes. Eu sabia que deveria. Mas eu simplesmente... não consegui.
Eu estava nas nuvens com Sienna desde o Baile de Inverno. E eu não
queria que nada me distraísse disso, nem a vida profissional, nem a vida
pessoal. Eu só queria pegar a onda de felicidade em que estávamos.
"Vamos, outro! " Josh gritou comigo, desnecessariamente barulhento. Ele
segurou mais duas doses de uísque e projetou uma na minha direção.
"Você realmente precisa de outro? " Eu perguntei, olhando diretamente
para o frasco em sua cintura. Seus olhos se estreitaram.
"O que isso deveria significar?"
"Pense na sua idade, Josh", eu disse, virando-me para voltar para Sienna.
Mas ele baixou os tiros e agarrou meu braço, me puxando para trás.
"Isso porque você teve sua cerimônia e eu não? Eu sou tão adulto quanto
você."
"Você está bêbado e a festa acabou de começar."
"Estou comemorando."
"Celebrando o quê? Agir pelas costas do seu alfa? Traindo seu amigo?" Eu
não pude evitar. As palavras simplesmente escaparam.
Seu rosto empalideceu imediatamente. "O que... do que você está falando?"
"Eu sei o que você disse a Sienna. Que eu estava apenas usando ela."
"Eu realmente não disse nada disso... merda... para machucar você. Eu sei
que era sombrio. Eu posso ver o quão inapropriado foi. Você é meu alfa,
porra; " ele disse, e eu pude ver seus olhos ficando vermelhos.
"Então por que você fez isso, Josh?" Ele estava olhando para seus sapatos.
Depois de um momento, seus olhos se ergueram para os meus. "Não sei.
Quero que você tenha sucesso. Eu quero que o bando tenha sucesso. Mas algo
dentro de mim... apenas... queria levar a glória de ter algo que você não tinha.
Pela primeira vez na minha vida, a primeira vez desde que te conheci, Aiden,
eu tinha algo que você não tinha".
"Uma companheira", eu disse, de repente entendendo. Josh sempre se
sentiu como se estivesse na minha sombra, e talvez eu estivesse um pouco
confortável demais mantendo-o ali, mesmo sendo seu alfa.
"Eu só queria saber como seria. Ser o respeitado, aquele a quem todos
recorrem para obter respostas", disse.
Eu exalei. Lá estava — a admissão de culpa do meu Beta.
Mas então ele continuou. "Entenda que, mesmo quando eu estava me
intrometendo, eu sabia que era errado. Eu não me senti bem. Não me fez
sentir melhor, de jeito nenhum. E eu entendo que este não é o lugar para falar
de negócios, que você terá que decidir o que fazer comigo com base no que é
melhor para o bando. Eu realmente sinto muito. Eu devia a você mais do que
isso. Você merece o melhor."
Depois de um momento, ele acenou com a cabeça e, em seguida, girou e
caminhou de volta pelo corredor.
Eu o deixei andar alguns passos antes de chamá-lo: "Josh".
Ele se virou e deu os passos em minha direção. "Você sabe que você fodeu
tudo", eu disse, um rosnado baixo escapando dos meus lábios.
"Sim, Alfa."
"Você jura por sua vida, pela vida da matilha, você nunca vai me trair ou a
matilha novamente."
"Sim, Alfa", ele disse, e pude ver a seriedade em seus olhos.
Eu estendi minha mão e ele a pegou, mas eu o puxei para um abraço em
vez disso. Foi preciso um verdadeiro alfa para mostrar perdão.
Eu não conseguia ficar bravo com Josh — ele tem sido como um irmão
para mim desde que Aaron morreu.
"Amo você, cara. Mesmo que você seja um pé no saco às vezes", eu disse.
"Também te amo, mano. E isso não é só o uísque falando", respondeu ele.
Quando nos separamos, Josh me deu um soco no ombro, tentando aliviar
o clima. — Ei, guarde um pouco desse sentimento para Sienna. É a sua
maldita noite da cerimônia de acasalamento."
Observei enquanto Sienna dançava com Michelle, sorrindo e girando, mais
feliz do que nunca.
Ela estava radiante pra caralho. A criatura mais linda que eu já vi.
E ela finalmente era minha.
Sienna
Eu não conseguia parar de rir quando Michelle me mergulhou na pista de
dança, depois me girou e me puxou para que ficássemos peito a peito.
"Por que sou eu quem está guiando?" ela perguntou, arqueando a
sobrancelha. "Você não deveria ser um dominante?"
"Às vezes é bom deixar outra pessoa assumir o controle", respondi.
Quando Michelle me soltou, tropecei para trás, me sentindo tonta, mas fui
imediatamente estabilizado por um par de braços poderosos.
O cheiro de almíscar amadeirado e frutas cítricas de Aiden flutuou em meu
nariz enquanto ele pressionava em mim por trás.
"Encontro você mais tarde", disse Michelle, piscando para mim. " Devo ter
certeza de que Josh não está ficando muito bêbado."
Agora que ele me tinha só para ele, Aiden aumentou seu aperto, e eu podia
sentir sua ereção latejando através de suas calças.
"Vamos sair daqui", disse ele em um rosnado baixo.
"O que você tem em mente? " Eu perguntei sem fôlego quando senti meu
sexo formigar.
Seu cheiro estava se tornando tão inebriante que me senti tonta.
As mãos ásperas de Aiden cavaram em meus quadris. Ele se inclinou para
perto, de modo que seus lábios estavam pairando perto da minha orelha.
"Você se lembra da promessa que fez sobre a nossa noite de cerimônia de
acasalamento?" Ele sussurrou, mas não perdeu seu tom dominador.
"Sim", respondi, engolindo em seco.
Meu coração estava batendo fora do meu peito, e uma sensação mais forte
do que a Bruma estava tomando conta do meu corpo. Meu sexo estava
molhado de antecipação.
"Bom", ele rosnou, quase faminto. " Porque você estará uivando aos céus
por misericórdia quando eu terminar com você."
Capítulo 30 – A Noite de…
Sienna
Aiden me carregou como uma noiva em seus braços enquanto descia o
caminho de paralelepípedos que levava à nossa casa. Meu coração não tinha
parado de bater desde que saímos da recepção, e eu não sabia se pararia.
Minhas inseguranças eram como ondas crescentes, batendo contra as
bordas da minha mente.
E se eu não for boa de cama?
E se eu não atender suas fantasias?
E se eu não conseguir satisfazer um alfa?
Aiden parou na porta da frente, como se sentisse meus medos. E talvez ele
tenha. Os companheiros estavam conectados de uma forma tão intensa que
era quase indescritível.
"O que há de errado? " ele perguntou em um tom gentil que era incomum
para ele.
"Eu... eu só não quero decepcionar você", murmurei. Naquele momento,
eu nunca me senti menos dominante em minha vida.
Para minha surpresa, Aiden riu. "Oh, Sienna... você não tem ideia..."
"Não tem ideia sobre o quê? " Eu perguntei, um pouco irritada com a
risada dele.
"Não faz ideia de quanto poder você tem sobre mim."
Meu rosto ficou quente e um suspiro escapou dos meus lábios.
Ele continuou, segurando meu olhar. "Sim. eu marquei você. E sim, eu te
fiz minha, mas..."
Aiden respirou fundo enquanto pressionava sua testa na minha.
"Você me fez seu também. Não se engane — eu não sou apenas seu alfa,
sou seu companheiro. E não há nada que vá jamais mudar isso. Seu amor me
tornou mais forte do que qualquer sangue alfa poderia."
O calor em minhas bochechas se espalhou pelo resto do meu corpo como
um incêndio, e assim, meu domínio voltou.
Eu amava Aiden mais do que palavras poderiam expressar. Então, eu não
usaria minhas palavras.
Eu agarrei o cabelo da parte de trás de sua cabeça e pressionei febrilmente
meus lábios nos dele.
Eu queria que meu fogo se espalhasse. Eu queria consumir tudo até que o
mundo inteiro se transformasse em cinzas e nós fôssemos os únicos de pé.
O paletó do smoking de Aiden estava explodindo nas costuras enquanto
seus músculos inchavam por baixo. Ele estava praticamente mudando quando
deu um passo em direção à porta e levantou a perna.
CRACK!
Aiden chutou a porta para fora de suas dobradiças, enviando madeira
estilhaçada pelo chão de mármore.
Ele passou por cima dos escombros, me trazendo para dentro.
Bem, essa é certamente uma maneira de carregar seu cônjuge além do limite...
Quando ele entrou em nosso quarto, Aiden me colocou no chão, em
seguida, empurrou minhas costas contra a parede. Nosso beijo febril
recomeçou quando comecei a tirar seu smoking, peça por peça.
Uma vez que seu torso estava nu, corri meus dedos pelas profundas cristas
de seu abdômen, até a fivela do cinto.
Os próprios dedos de Aiden estavam ocupados correndo para desamarrar
meu espartilho. Ele estava ficando frustrado, e eu não pude deixar de me
divertir.
Finalmente, foi desamarrado e meu vestido caiu no chão. Eu tirei seu cinto
através das alças em um movimento rápido e, segundos depois, suas calças
seguiram enquanto Aiden as arrancava e as jogava do outro lado da sala.
Passamos um momento nos observando, oficialmente companheiros. Mas
um momento era tudo que estávamos dispostos a poupar. Nós dois esperamos
o suficiente.
Aiden me pegou como se eu fosse mais leve do que uma pena, e envolvi
minhas pernas em volta de sua cintura.
Caímos na cama de uma vez. Havia mãos e bocas em todos os lugares, nós
dois tentando agarrar e morder tudo o que podíamos.
As garras de Aiden estavam cavando levemente em minha carne nua, e eu
queria que elas cavassem ainda mais fundo. Eu segurei seu pescoço com força,
beijando-o, antes que meus beijos se movessem para seu peito.
Eu deixei meus dentes rasparem em seu estômago, e quando cheguei em
seu pênis rígido, coloquei-o direto na minha boca sem hesitar.
Comecei a me mover devagar, deixando-o louco, e então aumentei meu
ritmo até que ele começou a gritar. Era tão grande que eu mal consegui conter,
mas forcei mais fundo em minha garganta.
Quando subi para respirar, minha saliva escorregou por seu pau grosso
como uma teia de aranha translúcida e prateada. Aiden enxugou minha boca
com o polegar, em seguida, agarrou meu pescoço, me empurrando de volta
para baixo.
Eu poderia dizer por seus grunhidos de satisfação que ele estava sentindo
pura felicidade. Mas isso não foi suficiente. Eu queria levá-lo para a porra do
Nirvana.
Eu saboreei seu sabor salgado e doce enquanto minha língua trabalhava na
ponta, então coloquei a coisa toda em minha boca novamente até chegar à
base.
Meus lábios se apertaram em torno de seu pau enquanto eu os deslizava
lentamente por seu comprimento.
Ele separou minhas pernas tão rápido que me fez respirar fundo.
Aiden usou seus dedos para abrir meu sexo, então ele inseriu sua língua,
habilmente sacudindo ao redor e lambendo minhas áreas mais sensíveis.
Eu gemia enquanto meu corpo convulsionava com rapsódia. Era como se
ele estivesse usando a língua para compor uma sinfonia na minha boceta. E
meus gritos involuntários de prazer eram o coro.
Sua língua continuou a trabalhar enquanto seus dedos deslizavam dentro
de mim, testando minha flexibilidade, preparando-me para sua enorme
masculinidade.
Enquanto seus dedos me exploravam, eu senti uma pontada de dor
misturada com o prazer. Eu só poderia imaginar o que estava reservado para
mim em apenas um momento.
Uma emoção percorreu minha espinha com o pensamento de Aiden
finalmente me penetrando. Eu estava assustada e animada ao mesmo tempo.
Enquanto o pau de Aiden esfregava o exterior do meu sexo com força,
seus beijos suaves contrastavam com a aspereza.
"Você está pronta?" Aiden perguntou, tirando meu cabelo dos olhos e
olhando para eles profundamente.
Foi a mesma pergunta que ele me fez antes. Mas desta vez, eu sabia minha
resposta sem sombra de dúvida.
"Sim", eu sussurrei enquanto meus braços embalaram seu pescoço.
Minha respiração engatou quando Aiden finalmente deslizou dentro de
mim.
No início, a tensão era quase insuportável, como se eu estivesse sendo
separada, mas lentamente, a dor se transformou em prazer. Quanto mais eu
relaxava, mais nos tornávamos um ajuste perfeito um para o outro.
"Está tudo bem?" Aiden perguntou, sem mover um músculo.
Eu balancei a cabeça, sorrindo com o quão sensível ele estava sendo às
minhas necessidades.
Mas quanto mais ele ficava dentro de mim, mais eu tinha certeza...
Minha boceta não era feita de porcelana.
"Você disse que ia me fazer uivar para os céus", eu rosnei sensualmente.
"Então, vamos. Alfa. Mostre-me do que você é feito."
Os lábios de Aiden se curvaram em um sorriso perverso que quase me fez
lamentar minhas palavras.
Quase.
Ele puxou para fora, então empurrou de volta. Com força.
Eu gritei quando o senti ainda mais fundo dentro de mim. Meu sexo cada
vez mais molhado o aceitou com fervor enquanto ele começava a se mover
cada vez mais rápido.
Mas ainda não foi o suficiente. Então eu o agarrei pelos ombros e rolei
perfeitamente em cima dele.
Agora eu estava montando nele, controlando o ritmo. Eu levantei meu
cabelo da nuca e girei o mais rápido que pude, certificando-me de que ele
pudesse ouvir o quanto eu estava me divertindo.
Parecia que o atrito entre nós era suficiente para nos incendiar.
Então não era apenas construção — aquele fogo por dentro — estava
vindo. Como um inferno furioso.
"Porra, Sienna", Aiden gemeu, e eu estava lá com ele.
"Oh meu Deus! "Eu gritei, uma sensação envolvendo todo o meu corpo
como uma explosão.
As luzes diante dos meus olhos estavam piscando como fogos de artifício,
e eu senti como se fosse desmaiar.
Aiden agarrou meus quadris e puxou, sua semente disparando no ar como
um gêiser.
Eu desabei ao lado dele, ofegante e tentando processar a euforia que
acabara de experimentar.
Ele agarrou minha mão na sua e levou-a à boca, beijando-a com ternura.
"Você é inacreditável", disse ele.
Viramos de lado e olhamos nos olhos um do outro. Tudo parecia
exatamente certo.
"Eu te amo", eu disse sem fôlego.
"Eu te amo mais do que tudo", respondeu ele, igualmente sem fôlego. "Eu
nem precisei te levar para o céu... Você é o céu."
Enquanto seus olhos verde-dourados piscaram na luz fraca da lâmpada,
cheios de adoração, eu me perguntei como eu tinha chegado lá. Acasalado com
o alfa.
Eu apenas me vi como uma garota normal, mas Aiden...
Ele me viu como uma deusa.
Eu mal podia esperar para começar o resto da minha vida com ele.
***

Quando acordei na manhã seguinte, ainda estava sentindo o barato da


noite anterior com Aiden.
Meu corpo doía, mas de um jeito bom. Serei capaz de andar direito de novo?
Eu me virei para ver como Aiden estava se saindo e fiquei surpresa com a
reentrância vazia ao meu lado.
Onde ele poderia ter ido?
Meu telefone começou a zumbir na mesa de cabeceira e me estiquei para
pegá-lo. Meu coração saltou na minha garganta quando vi uma mensagem de
Aiden.
Aiden: Tenho uma surpresa para você.
Aiden: Encontre-me na Avenida Furtaugh, 121.
Sienna: Uma surpresa??
Aiden: Quão rápido você consegue chegar aqui?
Sienna: To indo!
Aiden

Fiquei do lado de fora, esperando ansiosamente Sienna. Eu mal podia


esperar para ver a expressão em seu rosto quando ela visse a surpresa. O carro
dela parou na frente e eu dei a volta para abrir a porta para ela.
"Oi", ela disse, seus olhos brilhando enquanto ela pulava para me beijar.
"Oi, meu amor", eu disse, pegando sua mão e a guiando até a loja. Era um
local vazio. A loja de discos que costumava habitar havia acabado de fechar.
Um amigo meu no ramo imobiliário me contou sobre isso. Ele sabia que
eu estava procurando um espaço.
Abri a porta para ela e observei enquanto seus olhos se arregalaram,
olhando para o piso de madeira e as paredes vazias. "O que é?"
"Costumava ser uma loja de discos", eu disse. "O proprietário se aposentou
e colocou o espaço à venda."
"E daí? Vamos fazer um piquenique aqui?"
Eu passei meus braços em torno dela e puxei-a para perto de mim,
inclinando-me para beijar sua bochecha. "Podemos fazer um piquenique aqui,
se quiser."
Ela se virou para que ficássemos cara a cara.
"Aiden Norwood, o que estamos fazendo aqui?"
Eu olhei profundamente em seus olhos, tentando esconder o sorriso
puxando meus lábios. "Sienna Mercer-Norwood, achei que você gostaria de
ver sua nova galeria."
Sua boca formou um "o" mas nenhuma palavra saiu. Então sua cabeça
girou, absorvendo o espaço como se ela estivesse vendo pela primeira vez. Ela
se virou para mim, os olhos ainda arregalados.
"Feliz aniversário de uma semana, Sienna."
Ela gritou — eu nem sabia que sua voz poderia atingir aquela oitava — e
então ela correu ao redor de toda a circunferência da loja, olhando para cada
parede por um momento antes de passar para a próxima.
Algo dentro de mim brotou, algo feito de alegria e amor, de paixão e
familiaridade, como se meu coração finalmente estivesse batendo, batendo de
verdade, pela primeira vez.
Então ela voltou para mim. "Não acredito que você fez isso... por mim",
disse ela.
"Eu faria qualquer coisa por você."
Ela olhou para o chão e depois para mim. "Há algo que eu quero te dizer.
Eu descobri algo. Sobre meus... meus pais biológicos."
Eu sabia que Sienna tinha sido adotada por seus pais, mas nunca tínhamos
conversado muito sobre isso antes. Eu podia ver o quão importante isso era
para ela, o quanto deixava seu corpo todo tenso, como se ela estivesse
tentando manter a informação dentro de você.
"Eles eram alfas."
Minha mente ficou em branco. Eu pisquei. "Nós estamos? Onde?
Quando?"
"Eles se foram agora, mas... na Matilha Texana. Eles eram alfas, Aiden."
"Eles eram alfas", eu sussurrei de volta, e tudo começou a fazer sentido.
Seu poder, a maneira como podíamos nos comunicar, a maneira como ela se
sentia, o ajuste mais perfeito. Eu a agarrei e beijei porque hoje... não poderia
ficar melhor.
Sienna
Eu fiquei tão animada com a nova galeria que Aiden insistiu em me dar
algum tempo para conhecê-la sozinha.
Ele provavelmente só quer fugir de todos os meus gritos.
Eu já tinha feito uma parada na casa dos meus pais para pegar alguns dos
meus cadernos e pinturas na garagem. Ele serviu como meu estúdio
improvisado por um tempo, mas agora...
"Eu tenho minha própria merda de galeria" eu disse em voz alta para
ninguém. Eu ainda não conseguia acreditar que era real.
Peguei um dos meus velhos cadernos de desenho e comecei a folhear as
páginas para ver se havia algo com potencial.
Sorri quando vi um esboço inacabado de um homem bonito e musculoso,
parecendo ter o peso do mundo em seus ombros largos.
Foi desde a primeira vez que conheci Aiden.
Pensei naquele dia no rio. O dia que mudou tudo. Agora tudo estava tão
diferente, mas parecia que tudo tinha acontecido da maneira que deveria.
Ao passar para a próxima página, meu coração parou.
Era o outro esboço que eu havia desenhado naquele dia. A assombrosa
visão sexual que pairava sobre mim como uma nuvem negra.
Mas quando olhei para ele agora, não me encheu de pavor. Em vez disso,
tive uma sensação de paz.
Pensei em Emily e senti as lágrimas transbordando dos meus olhos. Eu
finalmente encontrei uma maneira de superar o passado. Eu sabia que Emily
ficaria orgulhosa de mim.
Eu esperava que, apenas talvez, ela estivesse lá em cima cuidando de mim.
Talvez minha paz também pudesse ser dela.
Enxuguei as lágrimas e peguei um lápis, em seguida, virei para uma página
em branco.
Um novo começo.
Enquanto estava sentada em minha galeria, observando meu lápis rabiscar
sobre a página em movimentos abstratos, tive um tipo diferente de
determinação. Um que não foi alimentado por nenhuma memória passada
traumática ou arrependimentos ou julgamentos de outra pessoa.
Não, agora minha determinação era para o meu futuro.
Eu tinha uma galeria para preencher — minha própria galeria, com paredes
tão vazias que gritavam possibilidade. Então, prometi a mim mesma que ficaria
aqui desenhando todas as manhãs até não sobrar espaço na galeria para novos
trabalhos.
De repente, senti uma rajada de vento me atingir, mas o frio que veio com
ela durou muito depois de ter passado. Eu deixei a porta aberta? Foi quando virei
para a esquerda. E a vi.
A senhora de olhos roxos.
Ela estava de volta.
"Olá, Sienna." Ela caminhou em minha direção, cada um de seus
movimentos mais graciosos do que o anterior.
"Você nunca me disse seu nome", respondi, mantendo minha guarda alta.
Algo sobre estar acasalado com um alfa estava me deixando mais confiante em
mim mesma.
"É Eve", ela disse, seus olhos roxos brilhando para mim. "Você estava
linda em sua cerimônia de acasalamento."
"Você estava lá?"
Ela apenas sorriu. Claro que ela estava lá. Ela estava em toda parte. Mas eu
fiz a pergunta errada...
"Por que você está aqui?"
"Estou saindo da cidade. Mas eu queria avisá-la sobre o caminho perigoso
à frente, visto que fui eu que a coloquei nele", ela respondeu enigmaticamente.
"Avisar? Qual caminho?"
"O caminho para encontrar a verdade sobre seus pais biológicos."
Fiquei atordoada em silêncio, mas Eve continuou falando." Basta ter
cuidado com quem você confia. Existem aqueles que não pensam nos seus
melhores interesses."
"Como quem?" Eu perguntei, mas Eve já estava deslizando de volta para a
porta. "Como faço para encontrar a verdade?"
"Só você pode responder isso, Sienna. Você pode até descobrir que a
resposta já está dentro de você."
Com essas palavras finais, Eve desapareceu, me deixando mais confusa do
que nunca.
Quando meus olhos voltaram para o meu caderno de desenho, aquela
confusão se transformou em um sentimento de mau agouro. O esboço
abstrato no qual eu estava trabalhando quando Eve entrou de repente tinha
uma forma muito clara.
Uma figura sombria com presas alongadas.
Um vampiro.
Livro 2
Capítulo 31 - Tradições
Sienna
A água batia contra nossos corpos nus enquanto estávamos de frente um para o outro
na chuva quente do verão.
Nossas silhuetas brilhantes foram banhadas por uma luz âmbar que bronzeou todo o
pasto.
Os olhos dele vagavam pelas minhas curvas num desejo descarado.
Corei, não acostumada à atenção.
A corrida durou horas e nos levou ao topo de uma colina com vista para toda a ilha.
Ao longe, mal se viam as torres brilhantes do resto no horizonte.
Só paramos quando tivemos certeza de que estávamos completamente sozinhos.
"Venha aqui", ele acenou, estendendo sua mão.
O meu coração disparou enquanto eu andava em sua direção. O vapor subia por seus
ombros salientes.
Senti sua mão áspera contra minha bochecha enquanto ele me puxava para um beijo.
Logo ele estava em cima de mim, nossos corpos deslizando um contra o outro sobre a
grama macia, como se estivéssemos tentando incendiar o lugar.
O volume dele se esfregava contra o exterior do meu sexo em um ritmo tentador, abrindo
meus lábios, mas recusando-se a entrar
Foi uma tortura que eu não pude suportar
Puxei-o para dentro de mim, ofegando de prazer e um pouco de dor. Ele estava mais
fundo do que eu jamais havia sentido antes.
Gemi de alegria, chamando seu nome, implorando para que ele não parasse enquanto a
chuva caía sobre nós.
***

Eu fechei o registro, deixando os últimos rastros de água escaparem pelo


meu peito.
Era inverno, e nossa lua-de-mel havia terminado há muito tempo, mas os
banhos quentes ainda me lembravam aquele dia na ilha com Aiden.
O vapor abraçou minha pele como um cobertor quente quando eu saí do
chuveiro.
Foi engraçado pensar que, um ano atrás, eu tinha ficado no mesmo
banheiro, furiosa por ter sido enganada para ficar com Aiden, mas agora aqui
estava eu, acasalada ao Alfa da Matilha da Costa Leste e querendo estar em
nenhum outro lugar a não ser nesta casa com o homem que eu amava.
"Você precisa de ajuda aí dentro?", perguntou ele através da porta com sua
voz grave.
"Não, sou perfeitamente capaz de me secar sozinha, muito obrigada",
respondi, sorrindo para mim mesma.
Nos últimos doze meses, ele havia se tornado mais brincalhão, baixando
sua guarda e me mostrando um lado que era diferente daquele Alfa dominante
que ele tinha que exibir para o resto da matilha.
"Fico feliz em ajudar", continuou ele, com uma persistência encantadora
que me fez rir. "Não é problema algum".
"Senta, rapaz", disse eu, me embrulhando em uma toalha e rindo.
"Mas eu tenho sido tão bonzinho ", protestou ele.
"Quem espera sempre alcança", respondi, limpando o vapor do espelho e
desembaraçando meus cabelos úmidos.
Abri a porta e dei um passo à frente, pressionando meu corpo molhado
contra seu peito aberto, envolvendo meus braços em torno dele, e agarrando
suas costas musculosas.
Ele inclinou a cabeça como se quisesse me beijar, e eu me afastei. "Eu disse
que quem espera sempre alcança... e você não esperou".
Eu o afastei e mergulhei dentro do meu armário, garantindo que ele tivesse
uma boa visão da minha bunda. Quando fiz a curva, tirei minha toalha para
que ele visse que eu estava nua e fechei a porta de correr.
Eu mal tinha vestido minha roupa íntima quando a porta se abriu e me vi
envolta nos braços de Aiden, seus lábios nos meus em uma paixão ardente.
Eu senti ele me puxando de novo, e caímos no colchão cheio de
travesseiros. O peso de Aiden pressionado contra mim com um forte desejo.
Eu podia sentir como ele estava duro, e eu já estava ficando molhada.
Ele rasgou sua camisa, revelando seu tronco definido e seus braços
salientes. Seu peito pesado de desejo e seus olhos verde-ouro cintilavam de
luxúria.
Eu me inclinei e beijei meu Alfa. Seus lábios estavam macios e quentes, e
cada vez que eu os tocava, parecia que eu estava derretendo neles.
"Eu quero começar uma família com você, Sienna", disse ele de repente.
"Eu sei", eu respondi. "Nós vamos".
"Quero dizer, agora mesmo. Eu quero começar a tentar".
As palavras de Aiden me pegaram desprevenida. Eu sabia que
eventualmente teríamos que falar sobre isso, mas nos últimos seis meses eu
tinha esquecido desse assunto.
Havia tanto para se acostumar depois de acasalar com o Alfa da segunda
matilha mais poderosa dos Estados Unidos. Eu não podia mais me vestir
como antes, não podia sair em público sem guarda-costas, e estava
constantemente sob vigilância.
Chega de encontros espontâneos com as garotas na Winston's.
Chega de tardes tranquilas no parque, onde eu poderia ficar sozinha com
meu caderno de rascunho e meus pensamentos.
Eu tinha tarefas agora, como a que eu tinha que cumprir esta tarde. Era o
primeiro dia do Festival de Fertilidade, e a tradição da matilha exigia que eu me
transformasse com Aiden na frente da matilha inteira e o deixasse montar-me.
Pensei que Aiden estava brincando quando ele me contou pela primeira
vez, mas acho que quando você é criado como um Alfa, não questiona o status
quo e as cerimônias ultrapassadas.
Mas eu não vim da realeza da matilha. Antes de ser sua cônjuge, eu era
uma adotada de dezenove anos com um pai humano e uma enorme aversão
aos holofotes.
A ideia de ser tão vulnerável em um ambiente tão público era absurda, para
não dizer humilhante.
Eu havia tentado confrontar Aiden sobre isso, mas toda vez que eu tocava
no assunto, ele desconversava dizendo que isso não era grande coisa, mas que
era importante para a matilha.
Não estávamos fazendo sexo nem nada, mas ainda assim o considerava
como um caso bastante íntimo e privado.
"Sienna? " perguntou Aiden, agarrando minha coxa.
"Sim, desculpe. Eu estava viajando."
"Você quer continuar?"
"Aiden, ainda não sei se estou pronta."
"O que você quer dizer? Já faz um ano. Alfas e seus companheiros devem
começar a tentar os filhotes no início da primeira Bruma depois de terem se
acasalado. É uma tradição".
Houve essa palavra novamente. "Tradição".
Deus, como eu estava começando a odiar o som dela. E a Bruma, aquela
loucura luxuriosa que possuía todos os lobisomens durante a época do
Acasalamento, estava prestes a piorar dez vezes a situação.
"Podemos falar sobre isso mais tarde?" perguntei, tentando resgatar o
momento romântico, que estava rapidamente escapando.
"Claro, podemos conversar após a cerimônia", respondeu Aiden, olhando
para mim com seus olhos suaves e inocentes. Quanto mais eu olhava para eles,
porém, mais confiante eu ficava de que não poderia continuar com o ritual esta
tarde.
Me matava fazer isso com ele, e eu sabia que era minha culpa por ter
deixado passar tanto tempo, mas algo dentro de mim não me parecia certo.
"Isso é algo mais que eu queria falar com você", disse eu, interrompendo o
olhar dele.
"O que você quer dizer? Você está nervosa?", perguntou ele, acariciando
meu braço.
Por que ele tem que ser tão doce logo agora?
Mas eu não poderia voltar atrás. Não havia mais tempo para adiar. Eu tinha
que dizer a ele como me sentia.
"Aiden, eu não quero fazer isso".
Um olhar confuso lhe passou pela cara, e eu esperava que pudéssemos
resolver isso sem que isso explodisse em uma briga.
"Por quê? E apenas uma pequena exposição para a matilha para que eles
possam nos dar suas bênçãos enquanto tentamos conceber".
"Se é só para a bênção da matilha, então por que precisamos nos
transformar e fazer todas as outras coisas"?
"É simbólico".
Eu esperava que Aiden tirasse um momento para ouvir a si mesmo e
perceber o quão fraco era o seu argumento, mas sua expressão era tão sincera
que me fez soletrar minha objeção.
"Talvez para você, mas eu acho que é degradante".
"Minha mãe o fez, assim como a mãe de meu pai. Você é minha
companheira, Sienna. Ninguém vai te julgar..."
"Não é o que as outras pessoas pensam, Aiden. É com o que me sinto
confortável".
"Escute", disse ele, saindo de baixo de mim e sentado em cima da cama.
"Isto só acontece uma ou duas vezes na vida". Vamos nos transformar por
menos de um minuto. A tradição é o que mantém a matilha unida. Sem ela,
perdemos nossa identidade".
Lá vem aquela palavra estúpida de novo. "Sinto que estou perdendo minha
identidade por ter que seguir todas essas regras estúpidas", eu retruquei.
Coloquei um olhar severo no meu rosto, deixando-o saber que eu não
mudaria de ideia "Olhe, Sienna, esqueça a matilha. Você pode fazer isso por
mim? E eu juro que nunca mais te pedirei para fazer algo assim".
Aiden era meu mundo, e eu faria qualquer coisa para fazê-lo feliz, mas
neste momento eu odiava que ele não estivesse me ouvindo. Como um Alfa,
ele não estava acostumado a comprometer-se, mas se nosso relacionamento
continuasse a crescer, ele precisaria descobrir como fazer isso.
"Você realmente não entende o meu lado?"
"É só desta vez, Sienna", respondeu ele. "Depois disto, você é que manda,
meu amor". Eu tinha certeza de que ele não ia ceder.
"Preciso terminar de me preparar", disse eu, saltando da cama e voltando
para o armário.
"Você precisa de ajuda?" ele disse com um tom lúdico.
"Não, eu consigo me virar sozinha", respondi sem entusiasmo.
"Não demore muito", disse Aiden, pegando sua camisa e me mandando
um beijo antes de sair do quarto.
Vesti o vestido do festival e me olhei no espelho, pensando em todas as
companheiras de Alfas que suportaram isso antes de mim e me perguntando
se elas se sentiam ou não tão enojadas quanto eu.
É menos de um minuto, Sienna. É menos de um minuto.
***

O palco foi construído em uma clareira na floresta. Árvores gigantes


tinham sido derrubadas e seus corpos unidos para criar a gigantesca
plataforma em que Aiden e eu agora estávamos. Atrás de nós estava o resto do
conselho e um convidado surpresa, Raphael Fernández, o Alfa do Milênio.
Não admira que Aiden não quisesse cancelar o festival.
Em todos os lugares, olhando para nós com excitação, estava praticamente
toda a Matilha da Costa Leste
Por um momento eu pensei ter visto um par de olhos roxos, mas deve ter
sido apenas minha imaginação.
Eu não tinha visto Eve desde que ela passou pela minha galeria há mais de
seis meses. Tampouco tinha recebido nenhum esclarecimento sobre aquele
aviso vago sobre meus pais biológicos com os quais ela me deixou.
Se meus pais realmente tivessem sido Alfas, eu me perguntava se eles
também teriam que participar deste ritual horrível.
Quando as declarações de abertura foram feitas, meu coração começou a
bater. Eu não podia acreditar que ia fazer isto. Eu fiquei pensando nisso
dezenas de vezes enquanto dirigia para o festival.
Senti a mão de Aiden agarrar a minha e apertá-la com tranquilidade. Ele
então retirou seu manto, revelando sua figura escura e estatuária, e começou a
transformação.
É isso. Não tem mais volta.
Eu fiquei no lugar, sem me mover. Um suspiro ondulou através da
multidão como uma onda.
O enorme lobo de Aiden agora estava ao meu lado, olhando com
expectativa para a minha forma humana.
Fui até o microfone e examinei os rostos estupefatos na multidão. Minha
mão tremeu enquanto eu puxava o microfone para baixo, apontando-o para
meus lábios.
Não é tarde demais. Você ainda pode se transformar.
Não, você consegue, Sienna.
Eu tentei forçar as palavras, mas elas se recusaram a ceder. Minha
adrenalina estava aumentando, apertando minha garganta e todos os músculos
do meu corpo.
Você também é uma Alfa, Sienna. Comece a agir como tal.
Fechei meus olhos, bloqueando o mar de pessoas e acalmando meus
nervos. Minha garganta relaxou, e as palavras saíram antes que eu tivesse a
chance de pensar.
"Estarei com meu companheiro, mas apenas como seu igual, não como seu
prêmio. Ainda peço a sua bênção, mas não vou me transformar ".
Houve um momento de silêncio enquanto minhas palavras surtiam efeito,
mas uivos furiosos logo romperam em um tumulto crescente. Eu me afastei do
pódio, sem saber o que fazer agora que havia feito meu protesto.
Os gritos se intensificaram, e os rostos dos espectadores estavam repletos
de malícia. Eu comecei a me sentir assustada, ameaçada.
Teria eu acabado de cometer um grande erro?
Capítulo 32 – Ninguém Humilha a
Matilha
Sienna
Eu senti um empurrão nas costas, me virei e vi Aiden ainda em forma de
lobo.
"Sinto muito, não posso", disse eu, colocando minha mão em seu focinho.
"Esta é uma tradição que me recuso a manter".
Até mesmo os olhos de lobo do meu companheiro estavam cheios de
desapontamento. Aquilo apunhalou-me no coração como uma faca afiada. Era
demais para aguentar. Tive que fugir antes de me despedaçar completamente.
Virei e saí do palco o mais rápido que pude, sem correr.
Quando cheguei ao chão, Jocelyn estava lá esperando para me interceptar.
"Sienna, espere!"
"Jocelyn, não consigo. Eu preciso sair daqui".
"Certo", disse ela, olhando para mim e percebendo que eu não estava em
condições de ouvir nada do que ela tinha a dizer. "Venha comigo".
Ela pegou minha mão e me puxou para além das vans dos jornais. Já os
repórteres e operadores de câmera tinham começado a se aglomerar ao meu
redor, com lentes e microfones.
Quando minha equipe de segurança nos alcançou, já tínhamos chegado aos
carros da matilha. Um dos seguranças abriu a porta de uma limusine e colocou
nós duas lá dentro.
Fecharam a porta, e os sons do lado de fora foram instantaneamente
silenciados. Enquanto aceleramos, olhei para fora das janelas escurecidas para
a multidão de lobos furiosos gritando para o nosso carro. Acho que nunca
havia me sentido tão odiada em minha vida.
Felizmente, eu ainda tinha a Jocelyn.
Como curandeira, ela não apenas curava feridas físicas, mas também
emocionais.
Tínhamos nos tornado como irmãs no ano passado, e seu relacionamento
anterior com Aiden significava que ela o conhecia tão bem quanto eu, se não
melhor.
Dito isto, eu tinha mantido minhas apreensões em segredo. Ela tinha sido
criada no mesmo mundo centrado em matilhas que Aiden, e se ela estava do
lado dele, bem, eu decidi que preferia continuar sozinha a correr o risco de
rachar nossa amizade.
"Si, por que você não veio até mim?"
"Achei que você não entenderia. Pensei que você me diria o mesmo que
Aiden ".
"O que ele disse?"
"Que não era nada demais. Que é importante para a matilha. Que eu estou
exagerando. Mas agora vejo como foi estúpido manter tudo entalado. E agora
vocês dois me odeiam".
"Eu não te odeio, Sienna, e nem Aiden".
"Você não olhou nos olhos dele como eu olhei", respondi, repondo as
lágrimas.
"Tenho certeza de que ele se sentiu envergonhado", respondeu Jocelyn. "E
certamente a presença do Alfa do Milênio não ajudou".
"Obrigada por me lembrar", eu chorei, enterrando meu rosto em minhas
mãos.
Jocelyn colocou seu braço ao meu redor e acariciou meus cabelos,
tentando me acalmar. Eu só podia imaginar com o que Aiden estava lidando
neste momento. Eu o havia abandonado ali, com a multidão, com Raphael.
Eu era uma companheira horrenda.
"Posso dizer que se trata de mais do que apenas o ritual", disse Jocelyn em
sua voz calmante de curandeira.
Às vezes eu odiava como ela era boa em seu trabalho, mas acabara de
testemunhar o que aconteceu quando guardei as coisas para mim mesma.
Além disso, eu não tinha motivos para ter medo do julgamento de Jocelyn.
Ela era minha melhor amiga. Sentime envergonhada de que o pensamento
tivesse sequer entrado em minha mente.
"Aiden quer começar a tentar uma família agora, e eu não estou pronta de
jeito nenhum".
"O que a faz sentir que não está pronta?"
"Eu não sei. É esta sensação que está pairando sobre mim. Eu não consigo
explicar".
"Tem a ver com o Aiden?"
"Com certeza ele é uma parte importante. É como se ele só quisesse
filhotes de cachorro porque a tradição diz que começamos agora. Isso é uma
loucura, certo? Você deveria querer ter filhos porque quer ter filhos, não
porque algumas regras ultrapassadas dizem que você deveria".
"Você disse isso a ele?"
"Não quero que ele pense que sou ingrata ou que não quero ter filhos com
ele". O que eu quero dizer é que acho que uma grande parte do mundo em
que ele foi criado é uma grande bobagem".
"Talvez não deva usar essa palavra", respondeu Jocelyn, rindo, "mas todo
relacionamento saudável é baseado na comunicação aberta".
Sim, mas isso só funciona quando seu cônjuge está disposto a ouvir.
Me encolhi no banco frustrada, pensando na minha conversa com o Aiden
antes de sairmos para o festival, amaldiçoando-me por não ser mais assertiva.
"E a outra parte? " perguntou Jocelyn.
"O quê?" Eu respondi, voltando de meus pensamentos.
"Qual é a outra parte da sensação que está pairando sobre você?"
Eu não tinha certeza se sabia sequer, apenas que estava ali, pairando
ameaçadoramente acima de mim sempre que a conversa de ter filhos surgisse.
"É como este medo escondido no fundo da minha mente".
"Medo de quê?"
"Eu não sei. O desconhecido, eu acho".
"É normal ficar apreensiva quanto ao futuro. Si. Especialmente quando se
trata de começar uma família".
"Não, não se trata tanto do futuro, mas sim do passado de onde eu venho".
"Você quer dizer sua família?"
"Sim, mas não minha família adotiva, minha família biológica. Eu não sei
nada sobre eles".
"E quanto isso te assusta?"
"Quero dizer, fui encontrada em uma carruagem. Eles podem ser qualquer
um. Antes de passar seus genes, você não acha que deveria saber o que eles
estão carregando?"
"A família é mais do que genética, Sienna. Olhe para seus pais adotivos.
Você acha que eles se importaram com quem eram seus pais quando a levaram
para casa?"
"Isso é diferente", eu protestei.
"Mas será?", respondeu Jocelyn.
"Claro que é. Fui literalmente empurrada nas mãos deles. Eles deveriam
esperar por uma checagem de antecedentes de meus pais antes de me trazerem
para casa"?
"Si, eu acho que você está obcecada demais com isso. Qualquer criança que
você tenha com Aiden ficará bem. Você é uma loba perfeitamente saudável,
amorosa, e ele é um Alfa. Eles também recebem metade dos genes dele".
"Isso é fácil para você dizer. Você nem sequer acasalou ".
Lamentei imediatamente ter deixado sair as palavras da minha boca. Não
ter acasalado era algo que importava para Jocelyn, e embora eu não tenha dito
por mal, eu sabia que tinha soado mal.
"Jocelyn, eu não queria dizer isso. Eu estava tentando..."
"Está tudo bem, Sienna. Eu sei que sua cabeça está em um milhão de
lugares". Seu sorriso reconfortante me fez saber que ela não tinha levado isso a
sério. Eu respirei um suspiro de alívio.
"Você precisa falar com o Aiden, no entanto... sobre as duas partes ".
Como sempre, Jocelyn estava certa, mas como eu deveria abordá-lo depois
do que acabara de fazer?
"Bem, esse é o seu conselho sobre como reatar a relação com meu
companheiro. O que você prescreveria para reparar minha imagem com o
resto da matilha"?
"Sou uma curandeira, não uma milagreira", respondeu Jocelyn, levantando
suas mãos em protesto.
Eu tinha silenciado meu telefone quando entramos no carro, ignorando
uma enxurrada de notificações, mas olhei para baixo e vi que tinha novas
mensagens de minha mãe e Selene.
Além de Jocelyn, elas eram as únicas pessoas em minha vida com quem eu
me sentia à vontade para falar naquele momento. Eu sabia que elas não me
julgariam pelo que eu tinha feito.
"Fale com elas", disse Jocelyn. "Acho que já dei todos os conselhos que
tenho, seja como for".

Mãe: Querida, me ligue.


Mãe: Eu não estou com raiva. Eu só quero saber se você está
bem.
Mãe: Não escute o que as pessoas horríveis da mídia estão
dizendo.
Mãe: Si?
Sienna: OI
Sienna: Obrigada por perguntar, mãe
Sienna: Eu estou bem
Mãe: O que você fez foi tão corajoso.
Mãe: Seu pai e eu estamos aqui para você se precisar de nós.
Nós te amamos.
Sienna: Obrigada. Isso significa muito
Mãe: Tudo isto está me mostrando muitas coisas sobre meus
amigos.
Mãe: Patty veio na hora e começou a dizer algumas coisas
não agradáveis.
Mãe: Acho que não vou mais falar com ela.

Minha mãe estava perdendo amigos por causa do que eu havia feito? Essa
era a última coisa que eu queria que acontecesse.
Eu não tinha a intenção de dividir a matilha. E o que a mídia estava
dizendo sobre mim?

Selene: Irmã, todas as garotas no trabalho pensam que você


é incrível
Selene: Estou tão orgulhosa de ser sua parente!
Selene: Não que eu não fosse antes rs
Sienna: Obrigada, mana (emoji de carinha rindo)
Sienna: Agradeço o apoio
Selene: Estou começando uma nova coleção
Selene: se chama "foda-se o "matriarcado"
Selene: exagerei?
Sienna: Muito bem, Cachinhos dourados

Então, eu estava destruindo amizades e liderando movimentos sociais.


Ótimo.
***

O carro nos deixou na Casa da Matilha. Pensei em ir para casa, mas as


inúmeras mensagens de Aiden deixaram claro que ele tinha que lidar com
aquela situação e que estaria lá pelo resto do dia.
Aiden estava ao telefone quando cheguei em seu escritório. Ele ergueu um
dedo para me avisar que estaria livre em apenas um momento.
Fiquei confortada com o fato de que ele me olhou com o rosto de um
homem mergulhado no trabalho, não de um companheiro enraivecido.
Ainda assim, sua distância me aborreceu.
Comecei a pensar no que eu diria a ele quando ele desligasse o telefone.
Como eu começaria? E se ele dissesse que estava trabalhando até tarde e que
eu deveria ir para casa sem ele?
"Olá, garotinha".
Ele já estava pronto? Eu ainda não tinha ideia de como deveria começar.
"Ei, Sr. Wolf," eu disse, empatando. "Eu queria saber se você precisava de
uma carona para casa hoje à noite".
O que? Uma carona para casa? Não, eu quero saber se podemos falar sobre como eu
acabei de virar nossa vida de cabeça para baixo.
"Depende de quem está dirigindo", respondeu ele, caminhando na minha
direção com uma sensualidade que me deixou com água na boca.
Foco, Sienna.
Ao invés de me beijar como eu queria, ele parou alguns passos e cruzou os
braços, esperando uma resposta.
Eu não podia suportar esta tensão entre nós. Era como se estivéssemos
cada um esperando que o outro tomasse uma atitude. Os flertes brincalhões
daquela manhã pareceram como se fosse um milênio atrás.
"Aiden, quero falar sobre esta tarde".
"O que que tem?"
"Não faça isso".
"O quê?"
"Não me faça soletrar. Você sabe que eu sinto muito por tudo isso. Não
era minha intenção..."
"Olhe, Sienna, eu entendo porque você não se transformou.
"Então por que você está agindo com tanta frieza?"
"Eu não disse que concordava com isso", respondeu ele, mudando sua
expressão para uma de desdém.
Não conseguia descobrir o que me machucava mais, o fato de que ele
entendia quanta dor aquilo me causaria, ou que, mesmo após o fato, ele estava
chateado com minha decisão.
Qualquer sentimento de reconciliação começou a evaporar e foi
imediatamente substituído por uma raiva fervente.
"Por que é tão difícil para você deixar de lado suas estúpidas tradições"?
Eu gritei. "Você não vê que eles estão nos despedaçando, Aiden? E para quê?
Para que a matilha possa dormir feliz, sabendo que seu Alfa e sua companheira
estão em casa fodendo todas as noites, tentando conceber o próximo Alfa?"
Eu não podia acreditar que ele quisesse deixar isso de lado como se fosse
um item trivial em sua agenda. Sua indiferença só alimentou o fogo que
jorrava da minha boca.
"Ou falamos sobre isso agora ou você encontra outro lugar para dormir
hoje à noite"!
Certamente ele saberia que eu estava falando sério agora.
"Vejo você pela manhã então", disse ele, sem hesitar.
Eu não podia acreditar que aquilo estava acontecendo.
O que foi que eu fiz?
Capítulo 33 - Visitantes Inesperados
Sienna
A noite anterior foi a primeira que passei sozinha desde que nos
acasalamos.
Eu mal conseguia dormir, fiquei deitada na cama lembrando do que tinha
acontecido no escritório de Aiden. Eu queria poder voltar atrás e lidar com
tudo de outra maneira.
Eu me sentia incompleta quando acordei naquela manhã. Eu mal
conseguia comer. As pontadas de arrependimento suprimiram qualquer apetite
que eu pudesse ter.
Eu não conseguia nem mesmo me obrigar a ir para a Casa da Matilha. Em
vez disso, passei o dia na casa dos meus pais pintando.
Quando eu precisava endireitar minha cabeça, geralmente recuava para o
estúdio anexo à minha galeria, mas esses dois lugares eram presentes de Aiden,
e eu não queria mais deixá-lo perturbar minha mente.
Mas eu sabia que não poderia evitá-lo para sempre. Não só porque ele era
meu companheiro, mas porque naquela noite era o chá de bebê da minha irmã.
Ela e seu marido, Jeremy, estavam esperando seu primeiro filho, e Aiden e
eu éramos os padrinhos lunares, então nós dois tínhamos que comparecer.
Uma hora antes de termos que estar no restaurante, ele parou em nossa
casa. Eu tinha voltado para casa mais cedo, com a intenção de consertar as
coisas e estava esperando por ele na cozinha.
A porta da garagem se abriu e ele entrou com a mesma expressão
indiferente de ontem à noite, antes de eu sair de seu escritório.
Ele me olhou, nem um pouco surpreso em me ver ali. "Você pintou
alguma coisa de que gostou?"
"Como você... " Então eu olhei para baixo e vi as pequenas manchas de
tinta seca em minhas calças. "Olha, Aiden, vamos só passar por essa noite?"
"Não acho que vamos ter problemas. Eu adoro bebês."
"Eu nunca disse que não queria um filho. Claramente, você não ouviu nada
do que eu disse."
"Ser minha companheira significa que nossa família não é só você e eu; é a
Matilha toda."
"Isso é engraçado vindo de um homem que nem fala com os próprios pais.
Quanto tempo se passou desde que eles navegaram em direção ao pôr do sol?
Dez anos?"
"É complicado, Sienna."
"É isso não é? Acho extremamente hipócrita da sua parte querer uma
família, considerando o pouco esforço que faz para manter contato com a sua.
Eles nem mesmo vieram para a nossa cerimônia de acasalamento."
"Não vou cometer os mesmos erros que eles." Ele fez uma pausa,
suspirando. "Se é assim que vai ser, eu não acho que devo ir esta noite. Você
pode dizer a eles que estou ocupado com o trabalho."
"Eu não vou fazer isso porque, ao contrário de você, eu me preocupo em
estar presente com a família, e você vai ser o padrinho lunar da minha futura
sobrinha, então você vai estar lá esta noite, goste ou não. A Matilha pode ser
minha família agora, mas vale para os dois lados, e Selene é sua família agora
também."
Eu não tinha notado até agora, mas minhas mãos estavam fechadas e
minhas unhas estavam cravadas nas minhas palmas.
Não tinha percebido até então que talvez a relação complicada de Aiden
com seus pais fosse a razão de ele ser tão inflexível sobre começar um
relacionamento para o bem da Matilha.
Eles eram a coisa mais próxima de uma família que ele tivera até eu
aparecer.
Talvez esta noite fosse algo bom para ele. Ele podia ver como uma família
saudável funcionava unida.
Eu só esperava que Selene e minha mãe não fossem tão loucas por bebês a
ponto de ficarem do lado de Aiden quando o assunto surgisse, o que eu sabia
que aconteceria.
Nós dois nos transformamos em silêncio. Um contraste gritante com
nossa brincadeira de duas manhãs atrás.
Eu não pude deixar de olhar furtivamente enquanto ele puxava a calça por
cima das coxas rasgadas e da bunda forte e musculosa. Posso ter ficado com
raiva dele, mas ele ainda era meu companheiro, e essa distância estava me
matando.
Eu o queria muito. Cada parte de mim ansiava por seu toque, fantasiava
sobre o gosto de seus lábios.
Quando a Bruma chegou, eu não sabia o que fazer. Aquilo nos
transformou em animais selvagens e completamente enlouquecidos por sexo.
No ano passado, meu sexo praticamente explodia sempre que Aiden olhava
para mim.
"Você vai ficar me olhando a noite toda ou vai terminar de se arrumar?"
ele perguntou, tirando-me do meu devaneio.
"Não se iluda. Eu só queria ter certeza de que sua roupa estava bonita."
"Então agora sou um tirano e ainda por cima não me visto bem?"
"Pare com essa maldade" eu disse, ficando um pouco chateada.
"Ei, Sienna", disse ele, arrumando a gravata.
"O quê? " Eu disparei, esperando pelo próximo comentário sarcástico.
"Você está linda."
Por mais que tentasse, não pude evitar de corar. Meu deus, ele era um
idiota, mas eu o amava por isso.
"Depressa, vamos nos atrasar", eu disse, pegando meu casaco. "Vejo você
no carro."
***

O lugar era um restaurante tailandês divertido, que, de acordo com Selene,


ficava na cidade onde ela e Jeremy conceberam minha futura sobrinha. Um
fato que minha irmã fez questão de me dizer quando ela estava planejando esta
noite.
Selene estava sempre me dando informações demais, provavelmente
porque ela sabia o quão desconfortável me deixava ouvir sobre sua vida
amorosa. Mas acho que irmãos são assim mesmo.
Aiden tinha um irmão mais velho também, Aaron, que morreu onze anos
atrás depois que sua companheira foi morta em um acidente de trabalho.
Esse era o poder do vínculo de acasalamento. Se um do par morresse, o
outro o seguia logo após. Um coração não poderia bater sem seu parceiro.
Isso foi na época em que ele parou de falar com seus pais.
Pelo que Aiden me disse, a morte de Aaron os afetou demais, os fazendo
mergulhar em viagens e extravagâncias para se distrair.
No que me dizia respeito, não me importava em não os ter por perto. Se
eles foram capazes de fazer uma lavagem cerebral em Aiden para seguir todas
essas tradições idiotas da Matilha, só deus sabe o que mais eles poderiam
manipulá-lo a fazer.
Do lado de fora do carro, os postes da rua passavam e as luzes da cidade
cortavam a noite como aglomerados de vaga-lumes, congelados em prisões
geométricas.
Virei-me para Aiden, seu rosto recém-barbeado piscando para dentro e
para fora das sombras enquanto avançávamos pela rua.
Ninguém me preparou para esse tipo de amor — o tipo em que você pode
olhar para seu parceiro por horas sem dizer uma única palavra e ficar
totalmente satisfeito.
Fui dominada pelo desejo de tocá-lo, de me conectar com ele.
Eu deslizei minha mão sobre a dele enquanto ela descansava no câmbio.
Ele pareceu ignorar isso, e eu imediatamente me senti uma idiota. Comecei
a me afastar quando ele me parou.
"Continua", disse ele, suavemente, deixando meus dedos caírem entre os
dele.
***

Antes que eu percebesse, estávamos no restaurante. Aiden deu ao


manobrista a chave e nós entramos.
Eu podia ouvir minha mãe antes de vê-la; sua risada foi imediatamente
reconhecível e carregada por pelo menos 400 metros.
Ela e Selene eram bem mais extrovertidas do que eu, mas acho que fazia
sentido, visto que Selene é sua filha biológica.
São pequenas coisas como essa que me deixam tão hesitante em ter meus
próprios filhos.
O que será que eu vou passar para meus filhotes? Eu precisava saber.
"Sienna! Ah, você está tão linda", gritou minha mãe quando entramos na
sala de jantar. "Aiden, você está perfeito, como de costume."
"Tudo por você, Melissa", ele respondeu, beijando-a na bochecha.
"Calma aí, " disse meu pai, aproximando-se e dando um abraço em Aiden.
"Eu posso ser humano, mas ainda posso sentir quando alguém está dando em
cima da minha companheira."
"Como vai, Robert? Ansioso para ser avô?"
"Sim, mas não tanto quanto Melissa está ansiosa para ser avó. Ela já
transformou o antigo quarto de Selene em um berçário e agora está adaptando
a casa inteira para proteger os bebês."
"Ah, pare", minha mãe respondeu, batendo no braço do meu pai. "Você
me faz parecer uma pessoa maluca. Gosto de planejar com antecedência, só
isso. Falando nisso, quais são as novidades em relação ao bebê com..."
"Melissa, por que você não vem me ajudar com os presentes?" disse meu
pai, agarrando-a pelo braço. "Deixe-a dizer olá para Selene."
"Aí, tudo bem. Continuaremos isso mais tarde", minha mãe disse, tomando
outro gole de vinho.
Meu pai me lançou um olhar compreensivo e agradeci a ele por garantir
que evitássemos uma conversa desconfortável. Ele sempre teve uma maneira
estranha de saber como eu me sentia, mesmo sem eu dizer nada.
"Mana!" gritou Selene, aproximando-se com sua barriga grande. Ela estava
simplesmente radiante. "Estou tão feliz por você estar aqui. Desculpe pela
mamãe. Eu não estava controlando quantos copos ela tomou."
"Está tudo bem", eu disse, rindo. "Deixe-a aproveitar a noite."
"Bem, ela vai poder fazer tudo de novo quando você tiver o seu. Não
importa quando for."
"Obrigado por esclarecer." Eu revirei meus olhos.
A conversa na mesa era obviamente sobre bebês, e nas poucas vezes que
começou a se desviar em minha direção, Selene era hábil o suficiente para se
intrometer.
Eu sabia que todos queriam perguntar sobre o festival, e acho que a única
razão pela qual eles não perguntaram foi porque Aiden estava sentado ao meu
lado.
Os lobos fofocavam tanto quanto os humanos, mas era praticamente
sentença de morte falar sobre a companheira do alfa bem na frente dele.
Apesar de tudo que estava acontecendo entre nós, Aiden estava com seu
jeito encantador de sempre. Apreciava o esforço que ele fazia para sempre
garantir que a minha família viesse em primeiro lugar nesses eventos, nunca
deixando-a ser superada por sua fama.
"Eu gostaria de fazer um brinde", disse Jeremy, pondo-se de pé. "A minha
adorável esposa, Selene, a futura mãe de nossa linda garotinha. Eu te amo,
querida, e mal posso esperar para criar essa lobinha tão especial com você."
"Olha só!" disse uma voz desconhecida.
Virei-me e dei de cara com um homem e uma mulher de meia-idade
parados na porta.
Ela tinha cabelos pretos ondulados que iam até os ombros e usava calça
pantalona vermelha e um blusa azul-marinho despojada. Ele era enorme e
usava um blazer xadrez com um ascot lilás horroroso.
Havia algo em seu rosto que parecia familiar, mas não tinha ideia do que
era.
"O que eles estão fazendo aqui?" disse Aiden.
"Você os conhece?" Eu perguntei um pouco confusa.
"Sim", respondeu ele, enrolando o guardanapo. "São os meus pais."
Capítulo 34 – Quanta Audácia
Sienna
Enquanto preparava o café, esforcei-me para ouvir qualquer boato que eles
pudessem deixar escapar enquanto eu estava fora da sala. O chá de bebê da
Selene estava bem mais quente do que eu imaginava.
Após o choque inicial, todos trocaram gentilezas; afinal, eles eram meus
sogros.
Aiden, no entanto, rapidamente os levou para longe.
Ele queria me manter longe, mas eu queria ir junto. Eles claramente tinham
um motivo para aparecer do nada, e eu não queria ficar de fora.
Terminei de preparar a bandeja e levei para a sala, onde todos se sentaram.
Eu sorri para a mãe de Aiden, e ela retribuiu meu gesto com um sorriso
educado. Eu sabia que ela estava me julgando.
"Charlotte, se você não se importa que eu pergunte, como você e Daniel
souberam sobre o chá de bebê da minha irmã?"
"Ah, querida, que pergunta mais boba," ela respondeu com uma risada
tolerante. Ela bateu seus óculos escuros de grife contra os lábios enquanto ria,
como se ela achasse que isso a fazia parecer pensativa.
"Nós sempre sabemos onde Aiden está", ela continuou, pegando a caneca
de café como se nunca tivesse visto uma antes. "Aiden, toda a sua porcelana
está lavando?"
Eu queria gostar dessa mulher, queria mesmo, mas com ela agindo desse
jeito, não tinha certeza de quanto mais eu aguentaria.
"Onde vocês estão hospedados?" perguntou Aiden, tentando mudar de
assunto.
"O que você quer dizer?" respondeu Daniel. "Você ainda tem a casa de
hóspedes, não é?"
Nem por cima do meu cadáver Eu sutilmente movi meu pé sobre o de Aiden e
pressionei seus dedos.
"Não tenho certeza se está de acordo com os padrões da mamãe", ele
rebateu.
Bom menino.
"Ah, nós podemos cuidar disso'', respondeu Daniel, tomando um gole de
café. "Além disso, ficar em outro lugar iria anular o propósito de nossa visita."
"E qual seria o propósito?" Eu perguntei o mais inocentemente possível.
"Ora, para conhecê-la, querida," respondeu Charlotte. "Eu queria ver que
tipo de mulher estava acasalada com meu filho."
"Se você estivesse tão interessada, você poderia ter vindo para a nossa
cerimônia de acasalamento", disse Aiden severamente.
"Não se irrite, Addy. As cerimônias de acasalamento são um monte de
pompa e lengalenga. Não é como se você tivesse que se transformar ou algo
assim."
Charlotte deixou as últimas palavras pingarem de sua língua como ácido.
Mas que bela vagabunda.
Então, tudo isso tinha a ver com o festival da fertilidade. Eu tinha causado
um escândalo, e agora ela queria ver quem tinha bagunçado o mundinho alfa e
perfeito de seu filho.
"Você mesmo decorou este lugar ou contratou alguém?" Charlotte
perguntou enquanto examinava a sala.
"Eu mesma decorei", eu disse.
"Foi o que pensei", respondeu ela, levando a caneca aos lábios. "Hm", disse
ela, sentindo o cheiro.
"Algo está errado? Posso trazer outra coisa para você beber" eu ofereci.
"Não, isso está maravilhoso", respondeu ela, pousando a caneca. "Só acho
que não estou mais com disposição para líquidos. Addy, o que deu em você
para comprar aquele quadro? É um pouco amador, ou era essa a intenção?"
"Sienna pintou, na verdade", respondeu Aiden. "Ela tem sua própria
galeria."
"Então, é isso que você faz quando não está nas manchetes", comentou
Charlotte, ainda mastigando seus estúpidos óculos de sol.
"Aiden, que tal você colocar esses músculos para trabalhar e me ajudar a
trazer nossas malas", disse Daniel, pondo-se de pé.
Aiden me lançou um olhar como se dissesse que não havia nada que ele
pudesse fazer, e eu respondi com um sorriso forçado.
Eu assisti ele e seu pai saírem da sala, e parecia que eu estava sendo
abandonada em uma ilha com uma leoa faminta.
"Você não tem ideia da sorte que tem", disse Charlotte, recostando-se na
cadeira. "Eu tinha vinte e quatro anos quando acasalei com Daniel. Quantos
anos você tem mesmo?"
"Vinte."
"Então você tinha apenas dezenove anos? Que beleza, " ela disse,
entusiasmada. "Agora tudo faz sentido. Dezenove, meu deus."
"Desculpe?"
"Eu estava tentando descobrir por que você sentiu que era importante
fazer o meu filho e toda a nossa Matilha de bobo. Mas agora está claro que
você não sabia de nada. Não se preocupe, vamos esclarecer tudo agora
mesmo."
"Na verdade, eu sabia exatamente o que estava fazendo", retruquei.
"E o que você achou que era, querida?"
"Protestar contra um ritual arcaico que me deixou extremamente
desconfortável."
"Você já se perguntou por que, nos milhares de anos em que a Matilha
existe, você foi a primeira a recusar a se transformar?"
"As coisas mudam."
"Sim, minha querida, elas mudam, mas as pessoas não."
"Claramente", eu murmurei baixinho. "Talvez eu deva ir ver se Aiden e
Daniel precisam de ajuda."
"Não precisa", respondeu Aiden, carregando duas malas de couro
ridiculamente grandes.
"Tem certeza? Posso colocar lençóis na cama."
"Não, eu posso fazer isso quando eu deixar essas malas", disse Aiden.
"Bem, nesse caso, se não precisam mais de mim, acho que vou dormir."
"São apenas nove e meia", protestou Daniel. "Eu estava prestes a fazer
Manhattans para todos nós."
"Podemos adiar para amanhã?"
"Claro. Vejo você de manhã, minha querida" ele respondeu.
"Quanto tempo você e mamãe vão ficar?" perguntou Aiden.
"Você já se cansou de nós? " disse Charlotte, brincando com seus óculos
de sol novamente.
Eu juro que queria pegar aquele negócio idiota da mão dela e parti-lo ao
meio. A audácia dessa mulher, entrando em nossa casa e me dizendo que meu
protesto era infantil.
Eu não me importava se ela era minha sogra; ela iria descobrir que tipo de
mulher eu era.
"Sienna e eu temos muitas coisas para cuidar", disse Aiden. "Vocês sabem
como é liderar a Matilha. Só quero ter certeza de que vocês entendem que não
estaremos por perto o tempo todo."
"Não se preocupe conosco, Addy. Seu pai e eu não precisamos de babá.
Nós sabemos que você já está cansado disso" ela disse, piscando seus olhos
para mim.
Essa vaca está pedindo para apanhar.
"Boa noite a todos. Charlotte e Daniel, vejo vocês pela manhã."
"Eu te encontro daqui a pouco", disse Aiden. "Vou tentar não te acordar."
"Aiden, não se preocupe comigo, querido," eu respondi, agarrando-o pelo
rosto e cravando meus lábios nos dele. Eu fiz de tudo para que minha língua
explorasse toda a sua boca antes de deixá-lo ir. "Não demore muito."
Eu lancei um olhar presunçoso para Charlotte, que estava fervilhando
silenciosamente.
Quando fechei a porta do quarto, sabia que não havia nenhuma maneira de
ficar em casa no dia seguinte.
Eu precisava encontrar uma desculpa para sair.

Sienna: O que você vai fazer amanhã?


Michelle: nada demais, na real
Michelle: pq?
Sienna: Os pais do Aiden apareceram no chá ontem Michelle:
O QUÊ?????
Michelle: mds, quer me ver agora?
Michelle: como eles são?
Sienna: Não, pode ser amanhã
Sienna: Pego você às 9
Sienna: O pai parece legal
Michelle: e a mãe?
Sienna: Te conto amanhã
Michelle: (emoji de boca aberta) AFF
Michelle: mal posso esperar

Sempre que Michelle e eu precisávamos de um momento só nosso,


tínhamos que dispensar os guarda-costas que me acompanhavam quando eu
saía da minha casa ou da Casa da Matilha.
Eu achava que ter seguranças era bobagem, considerando que eu era uma
loba dominante que podia cuidar de mim mesma, mas agora que havia
literalmente uma multidão fora da Casa da Matilha querendo acasalar, eu não
me importava de tê-los por perto.
Desde que Michelle se acasalou com o Beta de Aiden, Josh, nós duas
tivemos que lidar com a adaptação às nossas novas vidas. A transição dela foi
muito mais fácil do que a minha, no entanto. Michelle adorava todas as roupas
elegantes e regras de etiqueta.
Ao contrário de mim, ela sempre gostou de ser o centro das atenções.
Na manhã seguinte, enquanto calçava os sapatos, preparei uma desculpa
para não poder ficar para o café da manhã, mas quando desci, Aiden me
informou que seus pais já tinham saído, o que para mim era ótimo.
Para mim, a mãe dele nem precisava voltar.
Quando cheguei à casa de Michelle, ela já estava esperando do lado de fora.
Ela era movida a fofoca e sabia que estava prestes a receber o suficiente para
mantê-la satisfeita por um mês.
Ela se amontoou no banco de trás e imediatamente jogou os braços em
volta de mim.
"Si! Eu literalmente não consegui dormir ontem depois das suas
mensagens."
"Não é nada demais."
"Você está brincando? Isso é melhor do que quando Mia descobriu que
estava grávida de gêmeos!
"Todo mundo só quer saber de crianças?"
"Desculpe, desculpe! Eu esqueci."
"Para onde, senhoras?" perguntou meu guarda-costas. Eu gostaria muito
que eles não fossem trocados com tanta frequência, para que eu pudesse
lembrar seus nomes.
"Na parte alta da cidade, por favor, vamos experimentar alguns vestidos",
respondeu Michelle.
"Compra de vestidos? Não dava para ser mais criativa?"
"Você me avisou de última hora, Si. Fazer o quê."
"Vai ter que servir, " eu disse, sarcasticamente.
A loja de vestidos que Michelle escolheu era a mais feminina de todas. Meu
guarda-costas estava claramente desconfortável em pé entre as decorações
floridas e os manequins extravagantes.
''Vamos experimentá-los", disse Michelle, pegando alguns vestidos de verão
aleatórios da prateleira.
Depois que sumimos de vista, uma das garotas que trabalhava lá se
aproximou e Michelle entregou-lhe os vestidos e uma nota de cinquenta
dólares.
"Jas, finja que está pegando vestidos para nós, e depois de dez minutos,
você pode dizer a eles que desaparecemos para que você não tenha
problemas."
"Não é um problema", respondeu a adolescente corajosa.
Eu normalmente me apressava sempre que estávamos prestes a escapar,
mas desta vez tive um mau pressentimento.
"Michelle, talvez devêssemos ficar com meu guarda-costas desta vez. Irritei
muita gente no festival. Eu não me importo se ele nos ouvir conversar."
"Si, por favor", respondeu Michelle, tirando da bolsa um gorro, um
cachecol e um grande par de óculos de sol.
"Você não achou que eu levaria sua segurança em consideração? A gente
vai por apenas uma hora ou duas. Não seja uma gatinha assustada, Madame
Alfa."
Uma voz dentro da minha cabeça estava me dizendo para não ir, mas
talvez eu estivesse sendo cautelosa demais.
"Você está certa, vamos embora"’, eu disse, colocando o disfarce.
Jas nos conduziu pelo corredor e destrancou a saída de emergência.
"Ok, estou impressionada", disse eu enquanto corríamos para fora da loja,
até a traseira de um táxi em marcha lenta.
"Viu? Deixa comigo, garota."
"Mal posso esperar para que tudo isso passe."
"Eu que o diga. Josh ficou superirritado com isso, mas eu o acalmei."
"Você não precisava fazer isso, Michelle."
"Você está brincando? Quer dizer, se eu estivesse no seu lugar, teria
deixado Josh montar a noite toda em mim. Quanto mais pessoas, melhor. Eu
gosto desse tipo de coisa. Mas cada um com seu lobo. Isso que importa,
certo?"
"Isso também", respondi, rindo. "Como estou?"
"Está acabada", disse Michelle com um sorriso.
Quando saímos do shopping, não pude evitar a sensação de que estávamos
sendo seguidos.
Olhei pela janela traseira, mas não vi nada fora do comum.
Você está sendo paranoica. Relaxe.
"Então, Michelle, para onde estamos indo?"
"Onde você acha que vamos antes das onze em um dia de semana? mi-mo-
saaaaas, caralho!"
Capítulo 35 - Entrando na Fila
Aiden
Eu não era idiota. Eu sabia que meus pais não tinham vindo para a cidade
com o desejo de se reconectar.
Depois que Aaron morreu, eles deixaram claro quais eram suas
prioridades. Claro, eu era tão culpado quanto eles por não manter contato, mas
tinha dezoito anos quando eles começaram sua jornada pelo mundo.
Eu havia perdido meu irmão e precisava deles mais do que nunca. Em vez
de se certificarem de que eu estava bem, eles me entregaram à Matilha e, ao
mesmo tempo, me disseram adeus.
Posso ter sido o alfa, mas não significava que tinha todas as respostas.
Foi um alívio quando acordei e vi que o carro deles havia sumido.
Depois que Sienna foi para a cama ontem à noite, eu esperava algum tipo
de conversa séria, inferno, talvez até um pedido de desculpas. Em vez disso,
acabamos de falar sobre suas viagens e ouvi suas críticas e elogios a pessoas
que nunca havia conhecido antes.
Por que eu estava ficando nervoso com isso? Não é como se eles fossem
ficar para sempre. Dei a eles uma semana no máximo antes que fossem
obrigados a viajar novamente.
Talvez eu os visse novamente em mais dez anos. Até então, eu estava mais
do que satisfeito em receber um ou dois cartões postais aleatórios que eles
mandariam.
Eu poderia lidar com tudo isso mais tarde esta noite, no entanto. Agora eu
estava finalmente sozinho e podia começar a trabalhar na montanha de
papelada que estava na minha mesa.
Quando abri a primeira pasta da pilha, ouvi uma batida suave na porta do
meu quarto.
"Sim? Entre" eu disse.
"Espero não estarmos interrompendo nada'’, começou minha mãe,
entrando com meu pai como se fossem os donos do lugar. "Quando você se
livrou das secretárias? Eu me sinto tão rude em aparecer sem alguém para me
anunciar."
"Gosto do que você fez no escritório, filho", disse meu pai, examinando a
sala. "Você contratou alguém ou fez o trabalho sozinho?"
"Eu mesmo fiz. Acho que o papel de parede e as tapeçarias não
combinavam muito comigo."
"Você não jogou fora as tapeçarias, jogou, Addy? Aquelas eram peças
inestimáveis da herança da Matilha."
É claro que essa foi a primeira coisa que lhe veio à mente. Foi ela quem fez
com que eu crescesse conhecendo cada pedaço da tradição e história da
Matilha.
Quando eu era pequeno, ela me fazia recitar os nomes dos últimos vinte
alfas e o que cada um deles tinha feito para contribuir com nossa Matilha antes
que eu pudesse jantar.
"Onde está aquela sua esposa cabeça quente?" perguntou Daniel.
"Não sei", respondi.
"Eu a controlaria com mais vontade se fosse você", respondeu ele. "Ela
tem o pavio curto, e não há como adivinhar que outras 'declarações' ela possa
fazer"
"Eu não sou o dono dela, pai. Ela é uma mulher adulta."
"Bem, de acordo com as notícias, você deve ser o único que acha isso",
interrompeu minha mãe. "Aquela façanha no festival foi inescrupulosa.
Mesmo estando do outro lado do mundo, nós ficamos sabendo, pelo amor de
deus.
"Ela e eu estamos conversando sobre isso, mãe. Eu não preciso que vocês
interfiram."
"Pelo contrário, acho que é exatamente o que você precisa que façamos. É
claro que ela não tem conceito de dever ou tradição. Daniel, ajude a explicar ao
nosso filho a importância do que está acontecendo."
"Aiden, você tem que perceber que Sienna não cresceu como você.
Sabemos que você não pode escolher com quem acasalar, então não estamos
dizendo que nada disso é culpa sua, mas ela é muito jovem, filho.
"Ela simplesmente não entende o que significa estar à frente do grupo.
Quando o deixamos no comando, sabíamos que tudo estaria em boas mãos.
Você foi preparado para isso. Ela não foi."
"E daí? Você está dizendo que as coisas não estão em boas mãos?" Eu
perguntei, perplexo.
"Sinceramente, Addy, não estão. Esta família tem sido a cabeça da Matilha
por cinco gerações, e essa garota qualquer pode acabar manchando todo o
nosso legado."
Eu estava farto de seus insultos. Eles eram meus pais, mas havia um limite
que eu não os deixaria ultrapassar.
"É da minha companheira que você está falando, mãe."
"Sim, tenho plena ciência disso. Suas origens humildes são de
conhecimento comum, querido. Não há necessidade de ficar irritado."
"Estamos aqui para ajudá-lo com esse pequeno problema, Aiden. Se você,
sua mãe e eu nos sentarmos com Sienna, sei que podemos fazê-la entender
que a união da Matilha é mais importante do que seus protestos fantasiosos.
"Pai, eu já disse, estamos trabalhando nisso juntos."
"E você acha que está dando certo?" minha mãe respondeu. — Você tem
29 anos, Addy. O que você acha que acontece quando o alfa de uma Matilha
chega aos trinta e ainda não tem filhotes? As pessoas começam a ficar
preocupadas. Outros alfas começam a observar seu território."
"Você precisa colocá-la sob controle e tentar criar uma família, Aiden. É
sua responsabilidade como alfa."
Antes que eu pudesse dizer outra palavra. Josh entrou pela porta, sem
saber da briga que eu estava tendo com meus pais. Ele os viu e então olhou
para mim.
"Eu volto depois" ele disse, começando a recuar.
"Não, eles já estavam saindo", respondi, feliz por encerrar a conversa.
"Josh, é você?" perguntou minha mãe, radiante. "Ah, que homem bonito
você se tornou. Eu também ouvi que você acasalou."
"Olá, Sra. Norwood, Sr. Norwood. Sim, já faz um tempo. Na verdade, é
por isso que estou aqui. Aiden, nossas amáveis esposas escaparam do
segurança de Sienna. Meus rapazes estão meio que perdendo a paciência."
Ótimo, isso era exatamente o que eu precisava agora.
Olhei para minha mãe, que estava prestes a proferir algo presunçoso,
como: "Eu te avisei". Nós nos olhamos, e eu soube imediatamente que ela não
ficaria em silêncio. O momento era bom demais para ela desperdiçá-lo.
"Sim, parece que você tem total controle sobre sua companheira" ela disse,
mordendo a ponta de seus óculos de sol. "Bem, já que tudo está sob controle
por aqui, acho que podemos encontrar um lugar para almoçar, Daniel. Você
não acha?"
"Sim, vamos deixar Aiden em paz. Veremos você e Sienna esta noite, filho.
Manhattans às oito. Sem desculpas."
Fiz questão de acompanhá-los até a porta e a fechei prontamente após sua
saída.
Minha vida estava indo de mal a uma merda completa, mas a primeira coisa
a fazer era ter certeza de que Sienna estava segura.
Esta foi a quarta vez que ela e Michelle escaparam de seus guarda-costas.
Insisti neles desde que aquela mulher estranha, Eve, apareceu no Baile de
Inverno do ano passado e disse a Sienna que ela estava em perigo.
"Eu não sabia que seus pais estavam na cidade", disse Josh.
"Eu também não, até ontem à noite. E mal posso esperar que eles saiam."
"Você... quer falar sobre isso? " disse Josh, claramente se sentindo um
pouco estranho, mas também obrigado a perguntar. A comunicação
interpessoal nunca foi seu ponto forte.
"Está tudo bem", respondi, para grande alívio de Josh. "No momento,
precisamos descobrir onde nossas esposas estão."
"Como é o horário nobre do brunch, e estamos em uma quinta-feira,
tenho um bom palpite de onde Michelle levou Sienna."
"Ótimo, você pode ir buscá-las? Preciso resolver algumas coisas aqui."
"Sim, sem problemas. Eu as trarei de volta aqui imediatamente."
"Mande Sienna direto para o meu escritório. Vou ter uma longa conversa
com ela."
Sienna
A doçura borbulhante da mimosa era exatamente o que eu precisava. Mais
um motivo para eu estar feliz por não estar grávida.
"Então, como ela é? " perguntou Michelle.
"Ah, a Charlotte é um anjo, " eu respondi. "Ela basicamente falou na
minha cara que acha que sou muito jovem para estar com seu filho e que eu
estava sendo imatura por não seguir o ritual. Quem ela pensa que é para me
julgar sendo que foi ela quem basicamente abandonou seu filho por dez
anos?"
"E eles vão ficar aqui?"
"Sim, na casa de hóspedes, embora eu duvide que eles vão ficar só lá."
"E o pai do Aiden?"
"Ele não é tão nojento quanto a mãe, mas tem uma mente muito fechada.
Ela é literalmente a pior."
"Caramba, lembre-me de dar um grande abraço na mãe de Josh quando eu
a vir. A pior coisa que Nancy já fez foi me dizer que achava que minhas batatas
precisavam de mais sal."
"Eu nem quero ir para casa. Para você ver como é ruim, Michelle. Não há
como aguentar essa mulher. Ela está presa em uma máquina do tempo. É
como se ela tivesse sofrido tanta lavagem cerebral pela tradição que não tem
ideia de como ela é louca."
"Por que não juntamos as garotas e fazemos uma viagem neste fim de
semana? Isso manteria você fora de casa."
"Não, ela vai pensar que estou fugindo. Eu não posso dar esse motivo para
ela."
"E Aiden? O que ele pensa?"
"Na real, não tivemos um momento a sós desde que eles chegaram aqui."
"Sienna, querida, você precisa falar com ele", respondeu Michelle, virando
outro copo. "Você ainda nem resolveu toda a situação das crianças. Quanto
mais você esperar, mais difícil vai ficar.
"Eu sei, eu sei", respondi, servindo-me de outra mimosa. "Eu só preciso
que a Bruma aguarde mais alguns dias."
"Fale por você", disse Michelle enquanto passava manteiga em um bolinho.
"Mal posso esperar pela minha primeira temporada com Josh. Tenho todos os
tipos de surpresas sensuais planejadas para ele. Coitado, mal vai ter tempo de
dormir."
"Ai, Michelle, para," eu disse, rindo. "Minha imaginação é fértil."
"Quem sabe, você aprende alguma coisa", respondeu Michelle, dando uma
mordida sedutora em seu bolinho.
Eu estava me divertindo com Michelle, mas, ao mesmo tempo, não pude
deixar de sentir que estava passando a manhã inteira provando que Charlotte
estava certa.
Uma mulher forte não teria fugido de seu guarda-costas para fazer um
brunch. Uma mulher forte a enfrentaria de frente, e era exatamente isso que eu
pretendia fazer.
Michelle
Sinalizei para o garçom trazer outro jarro.
Eu amava Sienna, de verdade, mas às vezes ela tornava sua vida mais
complicada do que precisava ser.
No fim das contas, ela ainda estava acasalada com o alfa da matilha. Tipo,
olá, quão ruins as coisas podem realmente ser?
Claro, eu não poderia dizer isso a ela.
Agora, animá-la era a prioridade número um.
Razão pela qual eu me certifiquei de ficar longe de tudo relacionado à
Matilha esta manhã. Além disso, o suco de laranja e o champanhe curam todas
as feridas.
"O que você está fazendo? " Eu perguntei, pegando Sienna olhando por
cima do ombro.
"Nada, é só..."
"O que? Fale, garota." Sienna se inclinou sobre a mesa como se estivesse
prestes a me contar um segredo da Matilha. O espírito de fofoqueira que
habita nela começou a surtar de empolgação.
"Desde que saímos da loja, estou com uma sensação estranha... como se
estivéssemos sendo observados."
Capítulo 36 – Aumentando as Apostas
Michelle
"Espera aí, você quer dizer que alguém está nos espionando?" Eu
perguntei. "Tipo, agora?"
"Não tenho certeza, mas não consigo me livrar dessa sensação sinistra que
começou assim que entramos no táxi."
Eu examinei a área atrás de Sienna e não pude ver nada incomum além de
uma mulher usando tons pastéis fora da estação.
"Si, eu acho que você está sendo paranoica. Além disso, é impossível
reconhecê-la com essa roupa.
Antes que Sienna pudesse responder, meu telefone explodiu com
notificações.
Porra, é o Josh.
Ele não é dos mais espertos, mas ele tinha uma habilidade incrível de saber
quando eu estava aprontando.
"Me dê um segundo. Acho que fomos pegas."
"Nossa sorte ia acabar uma hora", respondeu Sienna, virando sua taça de
champanhe.
Sienna
Peguei o morango do fundo do copo e coloquei na boca, rolando-o na
minha língua e deixando as últimas gotas de suco de laranja e álcool vazarem
antes de esmagá-lo entre os dentes.
A polpa doce tinha um gosto bom.
Pelo menos no meio de todo esse drama, eu ainda estava me lembrando de
tomar minha vitamina C.
Uma leve brisa agitou os guardanapos sobre a mesa e beijou meu nariz
exposto. Apreciei o ar fresco do inverno que envolvia a cidade nesta época do
ano. Sempre me pareceu mais saudável por algum motivo.
Observei as pessoas passando por trás de minhas lentes coloridas. Eu me
perguntei se algum deles tinha ideia de quem eu era. Todo o conceito de ser
uma figura pública ainda me confundia.
Por que eu tive que mudar quem eu era para me conformar com este
padrão que significava ser a companheira de um alfa? Eu não me importava se
todos me amavam. Não amo todo mundo e não acho que seja natural.
Se as pessoas cuidassem de seus próprios negócios e gastassem tanto
tempo focando em suas próprias vidas quanto gastam na minha, o território
seria preenchido com muitos lobos e humanos mais felizes.
Pelo canto do olho, percebi uma figura se movendo mais rápido do que o
resto das pessoas na rua. Ele estava vestindo um sobretudo e escondendo algo
em suas dobras.
Meu coração começou a acelerar e a adrenalina disparou em todos os
cantos do meu corpo.
Eu me senti uma idiota por deixar Michelle me convencer a abandonar
meu guarda-costas, mas não podia perder tempo.
"Michelle, levante-se."
"Tá, espera."
"Não, levante-se agora! " Eu gritei.
Todos do lado de fora se viraram para olhar para nós, mas eu não tive
tempo para me importar. Havia uma pequena cerca separando a mesa da rua,
então não pude confrontá-lo. Ele estava olhando diretamente para mim agora,
seu rosto contorcido em um sorriso diabólico.
Tudo entrou em câmera lenta quando ele puxou o casaco e eu me enrolei
em Michelle.
Clique! Clique!
Clique! Clique! Clique!
"Sorria, Sienna!" chamou o homem por trás de sua câmera, tirando
dezenas de fotos.
Levei um segundo para perceber o que estava acontecendo e, antes que eu
percebesse, todos no restaurante estavam com o telefone na mão e tirando
fotos de Michelle e eu.
Eu ouvi o rugido alto de um motor quando um carro da Matilha parou, e
Josh saltou com dois homens. Eles empurraram a multidão e ergueram as
mãos sobre as lentes do paparazzo.
"Entre agora!" ordenou Josh.
"Não grite conosco como se fôssemos crianças", rebateu Michelle.
"Onde está Aiden?" Eu perguntei.
"Ele disse que falaria com você quando chegarmos à Casa da Matilha.
Espero que vocês duas percebam quantos problemas vocês criaram."
Eu acho que Josh não queria parecer pouco profissional com os outros
dois homens no carro, então ele não falou muito no caminho. Mas pelos
olhares que ele e Michelle trocavam, era óbvio que uma discussão silenciosa
estava ocorrendo dentro do carro.
Quando chegamos à Casa da Matilha, eu saltei do carro e marchei direto
para o escritório de Aiden. Parecia que eu estava me reportando ao escritório
do diretor por faltar às aulas, mas, neste caso, eu é que queria dar uma bronca
nele.
"Tem um minuto para a sua companheira? " Eu disse, me intrometendo.
"Acho que posso dispensar dois ou três, na verdade", respondeu ele,
deixando de lado alguns documentos.
— "Chega de brincadeiras, Aiden. Por que você não veio com Josh esta
tarde?"
"Eu não vi a necessidade."
"Eu sou sua companheira. Eu não preciso de outra pessoa me
repreendendo por estragar tudo."
"Então você admite que deixar sua segurança para trás foi um erro?"
Caramba. Eu não queria falar disso. Foi o que ganhei por deixar meu
temperamento controlar a conversa.
"Olha, acho que você não lembra de tudo que desisti para ficar com você,
Aiden. Quando nos acasalamos, sua vida não mudou. Você continuou sendo o
alfa. A minha foi virada de cabeça para baixo. De repente, todos se importam
com o que eu visto, como eu falo. Têm guarda-costas me seguindo sempre que
eu saio de casa."
"Eu tive que desistir de ser uma pessoa normal. E caso você não tenha
notado, não sou do tipo que gosta de holofotes. Esta... esta nova vida é muito
difícil para mim. E quando você me pressionou com o festival e todas as coisas
de família, foi demais para mim. Preciso de tempo para me ajustar."
"Você teve um ano, Sienna", Aiden disparou de volta. "Quanto tempo mais
você precisa? Toda matilha está revoltada com o que aconteceu no festival e
agora meus pais estão aqui fungando no meu cangote. Enquanto você estava
bancando a coitadinha com a Michelle, sabe com o que eu estava lidando?
"Meus pais decidiram fazer uma pequena inquisição aqui e me informaram
que é meu dever colocá-la na linha antes que você destrua a Matilha da Costa
Leste e manche o nome Norwood", ele rosnou. — E pensar que defendi você.
Eu disse a eles que você era uma mulher adulta e não precisava ser controlada,
mas me parece que eu estava errado."
Coitadinha? Ele só podia estar brincando. Se seu plano era me deixar ainda
mais irritada, estava funcionando.
"Você realmente acha isso?" Eu perguntei, prestes a entrar em colapso.
"Eu acho que se você realmente se importasse comigo, você saberia que
minha vida é a Matilha, então quando você a desrespeita e as tradições sobre as
quais ela se baseia, você me desrespeita." Eu não podia acreditar que ele estava
virando o jogo para sair como a vítima. Isso só pode ser resultado de qualquer
conversa que ele teve com seus pais naquela manhã.
"Sienna, você está me ouvindo?"
"Sim, eu ouvi cada palavra, Aiden."
"Isto não é um jogo, Sienna. A Matilha precisa saber que tem um
herdeiro."
"É você falando ou é sua mãe?"
"Ei, também não gosto da maneira como ela tratou você, mas ela tem
razão. Eles podem ser indelicados, mas são sinceros. Eles só querem o
melhor."
"Para nós ou para a Matilha?"
"Isso é o que você não entende, Sienna. E tudo a mesma coisa."
Eu estava cansada dessa conversa. Estava claro que ele não iria ceder,
especialmente depois de ser influenciado por seus pais.
Eu me virei e comecei a sair pela porta.
"Aonde você está indo?"
"Vou voltar para nossa casa. Eu prometi a seu pai que provaria os
Manhattans."
"Eu acho que você deveria se acalmar antes de ir lá."
"Eu não vou arranjar uma briga com sua mãe, se é isso que você quer
dizer" eu disse, irritada.
"Mesmo? Porque você explodiu comigo facilmente, e tudo que eu fiz foi
tentar dialogar com você."
Eu não estou acreditando nisso!
"Você chama isso de diálogo? Se não fosse por essas regras arbitrárias,
você gostaria de ter filhos? Quando foi a última vez que você realmente fez
algo porque queria e não porque foi ditado por algum livro empoeirado?"
Aiden fez uma careta para mim, e eu podia ouvir sua respiração aquecida
escapando por suas narinas dilatadas.
Ele se aproximou. Tive que inclinar minha cabeça para trás para poder
olhar nos olhos dele. Nos encaramos por um minuto inteiro, ambos esperando
que o outro falasse, até que finalmente Aiden quebrou o silêncio.
"Cresça, Sienna."
De todas as coisas que Aiden poderia ter dito, essa deve ter sido a que mais
doeu.
Eu poderia lidar com seus pais e a mídia pensando que eu era uma criança
mimada, mas ouvir isso de meu companheiro, a única pessoa que pensei que
sempre me amaria e me respeitaria, me magoou demais.
Estava claro para mim agora que eu nunca o convenceria apenas com
palavras. Eu precisava fazer algo que chamasse sua atenção. Eu teria que
cutucar a ferida.
Quando percebi seu olhar vagando pelo meu decote, eu encontrei a ferida.
"Escuta aqui. Eu me recuso a tolerar o desrespeito de seus pais por mais
uma noite. Ou você diz a eles para se adaptarem ou eu os quero fora de nossa
casa. E se você acha que estou brincando, é melhor se preparar..."
Espero que você esteja pronto, garotão.
"Até que você e eu cheguemos a um acordo sobre começar uma família e
seus pais decidam se atualizar ou permanecer no passado e nos enviar um
cartão-postal de vez em quando, não faremos sexo."
Aiden tentou manter a compostura enquanto olhava para mim, avaliando
se eu estava falando sério ou não.
"Você tá blefando. A Bruma vai chegar a qualquer momento."
"Eu passei por duas estações antes de te conhecer, Aiden. Tenho certeza
de que aguento uma terceira.
"Isso foi antes de você ter acasalado. A Bruma me permite fazer coisas
com você, que você não poderia imaginar."
"Você não me intimida. Fazemos amor há um ano inteiro. Mesmo se você
tiver alguns truques novos, eles não serão o suficiente para me encantar."
Aiden se inclinou para que seus lábios estivessem a centímetros da minha
orelha. "Veremos, então", ele sussurrou. "Cai dentro." eu respondi, cerrando
meus dentes.
Capítulo 37 - Controle de Danos
Aiden
Então, isso é o que significa amar alguém...
Se qualquer outra pessoa tivesse criado tantas dores de cabeça quanto
Sienna na semana passada, eu já a teria chutado para fora da Matilha, mas não
importa o que Sienna parecesse fazer, esta pequena brasa de devoção ainda
brilhava dentro de mim.
Olhei para o outro lado da mesa. Josh, Jocelyn, Rhys, Nelson e, claro,
Sienna. Nossa, ela estava bem mais gostosa, e eu sabia que era de propósito.
Todos os outros pareciam inquietos e evitaram fazer contato visual
comigo. Eles podiam sentir a tensão que pairava no ar.
Eu tinha convocado essa reunião de emergência depois que o jornal da
tarde saiu. Eu sabia que todos já tinham lido a notícia, mas arranjei uma cópia
física, que agora estava enrolada em meu punho cerrado.
Eu a bati contra a mesa e deslizei sobre a superfície de carvalho polido
para que todos pudessem ler a manchete impressa em negrito na primeira
página:
COMPANHEIRA DE ALFA FOGE DE GUARDA-COSTAS E FAZ
BRUNCH ALCOÓLICO.
"Você está saindo pior do que a encomenda! " Eu rugi, olhando
diretamente para Sienna. "Agora temos que lidar com as consequências do
festival e deste fiasco."
"Não é tão horrível assim, Aiden", disse Rhys hesitante. "O título é
sensacional, mas se você ler o artigo..."
"Quantas pessoas você acha que realmente leram o artigo?" Eu gritei. "E é
horrível, sim, Rhys. Deixe-me ler algumas linhas."
Dei a volta na mesa e peguei o papel, quase rasgando-o em dois quando o
abri.
"Abre aspas: 'Tal desrespeito flagrante pelo protocolo da Matilha levaria
qualquer lobo racional a acreditar que Sienna Norwood não tem interesse em
cumprir suas responsabilidades como companheira de nosso alfa e, em vez
disso, prefere passar seu tempo cedendo às vantagens de sua posição.' Fecha
aspas.
"Este artigo inteiro faz Sienna parecer uma loba qualquer, obcecada por
festas e em gastar o dinheiro da Matilha. Essas acusações não apenas destroem
a imagem de Sienna, mas também prejudicam todo este conselho. Cada um de
vocês deveria estar tão furioso com isso quanto eu.
"Nós trabalhamos muito duro nesta Matilha, e eu não vou deixar um
jornalista qualquer manchar nossa reputação. Não é sobre Sienna ser minha
companheira. É sobre como a nossa matilha é vista pelo público."
"O que você acha que devemos fazer?" perguntou Josh.
"Não sei. E por isso que convoquei esta reunião, respondi, cruzando os
braços. Eu odiava a raiva que esse artigo estava me dando, mas foi a gota
d’água que me levou ao limite.
Entre meus pais, a obstinação de Sienna e a confusão do festival, eu estava
pronto para derrubar uma parede no soco.
"A Matilha precisa saber que você apoia sua companheira. Você deve fazer
uma declaração defendendo as ações de Sienna" respondeu Jocelyn. "Se você
ataca o jornal, só dá mais credibilidade à história".
Claro que era isso que Jocelyn iria querer. Seria bom para Sienna e para
mim, mas pioraria as coisas com a imprensa.
Eu tinha evitado propositalmente fazer qualquer declaração que pudesse
dar a eles uma pista de como eu me sentia sobre as ações de Sienna no festival.
Isso deixaria tudo muito claro.
"Se ele fizer isso, vai parecer que Aiden é facilmente influenciado", rebateu
Nelson.
Ele era um lobisomem magro e pálido que, apesar de sua estatura
moderada, sempre defendia qualquer opção que projetasse mais força. "Acho
que você deveria negar as acusações e, simultaneamente, anunciar algum
projeto importante do qual Sienna se encarregará."
"Talvez possamos matar dois coelhos com uma cajadada só", acrescentou
Josh. "Faça com que eles acreditem que Sienna teria se encontrando com
Michelle para anunciar secretamente que vocês dois vão começar a tentar ter
um filhote ou algo assim, sabe?
"Todos vão esquecer a história assim que souberem que você está tentando
formar uma família. As pessoas são loucas por bebês, então apenas dê a eles o
que eles querem."
Josh tinha razão. Pelo menos isso acabaria com toda a pressão pública. Ou
talvez apenas mudaria seu foco. Dava para ver vans de noticiários fora de
nossa casa, esperando para obter qualquer pista de que estávamos transando.
Até parece.
"Então, você quer que Aiden minta?" respondeu Jocelyn.
"Eu disse que eles vão 'começar a tentar'. Não que Sienna já está grávida"
respondeu Josh, irritado. "Além disso, foram esses tabloides que começaram.
Por que não dar a eles um gostinho de seu próprio remédio?"
"Vocês estão tentando?" perguntou Rhys. "Isso faria todo esse problema
desaparecer em um instante."
Sienna pigarreou com raiva. "Eu acho que tudo o que eu tenho a dizer não
importa?"
Lá vamos nós. Eu não estava a fim de brigar.
"Eu não preciso que você ou qualquer outra pessoa fale por mim" ela
continuou."
"Companheira de Alfa ou não, eles não têm o direito de se intrometer em
nossa vida."
"Não funciona assim", respondi, cerrando os dentes.
Os olhos azuis de Sienna acenderam quando ela me encarou. Eu tinha
certeza de que ela estava prestes a explodir pelo jeito que ela umedeceu os
lábios. Como um velocista se alongando antes de uma corrida, ela estava os
lubrificando antes de descarregar uma torrente de insultos em minha direção.
Os outros podiam sentir o que estava por vir e imediatamente se calaram,
desviando os olhares, sem saber se deveriam sair ou ficar.
Jocelyn, que normalmente mediava qualquer desavença entre os membros
do conselho, ficou em silêncio como o resto. Este era um confronto entre
companheiros, e apenas Sienna e eu poderíamos resolver isso.
As dobradiças da porta do conselho rangeram atrás de mim.
"Volte mais tarde. Estamos em reunião! " Eu lati.
"É isso que você chama de decoro?" cantou a voz da minha mãe.
Ótimo. Era a última pessoa que eu precisava nessa porra de sala.
"Mãe, você pode esperar por mim em meu escritório. Temos alguns
negócios para terminar."
"Se refere a como você vai responder a esse artigo terrível? Seu pai e eu já
cuidamos disso."
"O que você quer dizer?"
"Ainda temos contatos no jornal, então ligamos para eles e tomamos a
liberdade de divulgar um comunicado em seu nome e de Sienna", ela
respondeu, girando os óculos de sol contente.
"O que você disse? " Eu perguntei, enquanto um buraco começava a se
formar no meu estômago. Eu olhei para Sienna. Ela estava fervendo. Isso não
ia acabar bem.
"Dissemos a eles que Sienna iria emitir um pedido público de desculpas
por seu comportamento recente e que ela concordou em refazer o ritual do
festival da fertilidade durante a próxima lua cheia."
O buraco no meu estômago se transformou em um desfiladeiro enquanto
ela falava.
Eu sabia que ela e meu pai tinham um plano, mas nunca pensei que eles
iriam passar por cima de mim dessa forma. Eles podem ser meus pais, mas eu
ainda era o alfa, caramba.
"Você deveria ter falado comigo primeiro", respondi, ansioso para
interromper Sienna que estava prestes a explodir.
"Sabemos como é importante agir rapidamente nessas situações, querido."
"Você não pensou em ligar, talvez mandar uma mensagem?"
"Ah, Addy, você sabe que nunca vou entender como mexer nesses
smartphones. Por que parece tão chateado? Você se opõe a algo que
dissemos?"
Ela lançou um olhar confuso e inocente, mas ela sabia exatamente o que
estava fazendo. Ela estava me forçando a escolher lados na frente do meu
conselho, na frente da Sienna.
Nos últimos dez anos, tornei-me indiferente em relação à minha mãe, mas
nunca pensei que ficaria ressentido com ela como eu estava.
Mesmo que nós dois quiséssemos as mesmas coisas, seus métodos para
obtê-los eram baixos e desonestos.
"Você não vai me oferecer um assento?" ela perguntou.
Eu podia sentir os olhos de Sienna em mim, como adagas pairando em
volta da minha cabeça. Não ousei olhar para ela.
"Claro," eu respondi. "Você pode sentar onde quiser."
Sienna se levantou, sua cadeira praticamente voando para trás contra a
parede.
"Eu não vou sentar na mesma mesa que aquela mulher. Se você deixá-la
sentar, você está validando tudo o que ela fez para minar sua posição nesta
matilha."
"Sienna", disparei de volta, "não tivemos a chance de discutir..."
"Não parece que nada do que ela disse está aberto para discutirmos, Aiden.
Não vou emitir nenhum pedido de desculpas e certamente não tenho intenção
de seguir com o ritual de fertilidade na próxima lua cheia."
Sienna voltou sua atenção para minha mãe, que calmamente fixou os olhos
nos dela. "Quem você pensa que é?"
"Alguém que está cuidando do bem-estar desta matilha, minha querida."
"Se isso é o que você realmente se preocupa, você não estaria tentando
sabotar meu relacionamento com seu filho", respondeu Sienna friamente. —
Caso você tenha esquecido, sempre estarei acasalada ao Aiden, então você
pode aceitar isso ou dar o fora desta Casa e de nossas vidas.
"Só estou aqui por causa das escolhas erradas que você continua a fazer,
querida. Talvez eu não seja a única que tem dificuldade em aceitar os fatos.
Sem esta matilha, você não é nada."
Os olhos de cada membro do conselho se voltaram para mim, implorando
para que eu fizesse alguma coisa antes que aquelas duas voassem na garganta
uma da outra.
"Mãe, por que você não volta para casa. Podemos conversar sobre isso esta
noite, em família."
"O jornal espera que Sienna faça uma declaração esta tarde, Addy."
"Sienna e eu cuidaremos disso."
"Não precisa, querido, eu já tenho um rascunho. Tudo que ela precisa fazer
é ler" respondeu Charlotte, puxando um pedaço de papel dobrado do bolso de
seu casaco curto.
"Obrigado. você já fez o suficiente por um dia, mãe. O conselho tem
outros negócios que precisamos discutir."
"Oh, entendo", respondeu ela, visivelmente descontente. "Bem, vou deixar
isso aqui para você examinar. Acho que você descobrirá que não requer
nenhuma alteração."
Ela colocou o papel na mesa e se virou para sair. Apenas mais alguns
passos e ela estaria fora do meu alcance por algumas horas enquanto eu
controlava a Sienna.
"Pensando bem", ela disse, parando na porta, "você pode precisar fazer
alguns ajustes para dar conta de sua maneira rústica de falar. Ciao querido."
A porta se fechou com um clique gracioso da trava, mas o veneno de suas
palavras agarrou-se a todas as superfícies da sala.
Um olhar para Sienna e eu poderia dizer que as coisas iam ficar feias.
"Eu preciso de um momento a sós com Sienna."
"É claro", respondeu Josh, ansioso por qualquer desculpa para ir embora.
"Sim, estaremos em nossos escritórios", acrescentou Rhiys. "Vamos,
Nelson."
"Tem certeza de que não quer que eu fique? " perguntou Jocelyn. Seus
instintos de cura sabiam quanta discórdia minha mãe havia semeado, mas este
não era o momento de trazer uma terceira pessoa para o nosso conflito.
"Sim, eu tenho certeza. Voltaremos a nos reunir depois do almoço."
Todos saíram da sala em ordem rápida, exceto Sienna, que permaneceu em
pé na frente de sua cadeira.
A chama em seus olhos havia diminuído, mas o resto de seu corpo estava
tenso de agitação.
"E então?" ela perguntou, olhando para o papel e de volta para mim. Ela
estava esperando para ver se eu pegaria, esperando para ver de que lado eu
ficaria.
Ambos eram complicados. Ambos exigiam sacrifícios.
Eu ponderei minhas opções, soltei um longo suspiro e fiz minha escolha.
Capítulo 38 - Fricção Aquecida
Sienna
Eu assisti calada e com ódio quando a mão de Aiden alcançou o papel que
Charlotte tinha deixado sobre a mesa. Só o fato de ele estar curioso para ler fez
meu sangue ferver.
Ele estava realmente escolhendo sua mãe em vez de mim? Ele sabia que
estaríamos acasalados para o resto da vida, certo?
Com sorte, Charlotte tinha apenas mais alguns anos antes de bater as
botas.
Dei um passo em sua direção e separei meus lábios, mas antes que uma
única palavra pudesse escapar, ele ergueu um dedo e caminhou até a cesta de
lixo, deixando o papel dobrado cair dentro dela.
"Isso não significa que eu tenha ficado do seu lado", disse ele friamente.
Fiquei atordoada, mas principalmente aliviada. Talvez ele não tenha sofrido
uma lavagem cerebral como eu pensava. Ainda assim, o fato de eu ter dúvidas
sobre qual de nós ele apoiaria me deixou furiosa. Eu precisava saber o que ele
estava pensando.
"O que isso significa? " Eu perguntei.
"Sienna, eu te entendo, mas aquele artigo não te ajudou em nada."
"E nem seus pais", eu disparei.
"Deixe que eu cuido deles", ele disse, entrando no meu espaço.
Está bem, Aiden. Não é como se eles estivessem fazendo você de gato e sapato.
Era típico dele pensar que poderia me intimidar dessa maneira. Foi como
ele lidou com qualquer outra pessoa que o questionou, mas não funcionou
comigo. Eu o conhecia por quem ele realmente era.
Eu sabia de sua compaixão, sua doçura, e era por isso que todo esse drama
entre nós estava me matando.
Talvez se eu explicasse o meu ponto de vista, ele entenderia por que fui tão
hostil com sua mãe.
"Aiden, você está sob o controle deles. Dê um passo para trás e veja todas
as coisas que eles estão pressionando você a fazer."
"Eu não acabei de jogar fora a declaração da minha mãe? " ele protestou.
"Você acha que eu gostei quando minha mãe me acusou de ser incompetente
na frente de todo o meu conselho?"
Fala sério. Eu não conseguia acreditar que depois de toda aquela palhaçada,
ele se preocupou mais com a sua aparência na frente de seus amigos.
Talvez eu estivesse errada sobre haver esperança de que ele pudesse ver as
coisas através da minha perspectiva.
"Então, você acha que esse foi o problema? Não toda aquela história de
prometer me submeter a você na próxima lua cheia?"
"Ainda estou esperando que você proponha uma solução para esse
problema", respondeu ele. "Concordar em reagendar isso me pouparia muita
dor de cabeça."
"Tirar seus pais da nossa cola pouparia nós dois de muita dor de cabeça,"
eu disse friamente. "Não entendo por que você os deixou escapar impunes de
tudo isso."
"No fim das contas, eles ainda são meus pais, Sienna. Achei que você, entre
todas as pessoas, entenderia isso."
É sério que ele estava me chamando de hipócrita?
Se seus pais fossem pessoas adoráveis e eu fosse uma companheira louca e
ciumenta, tudo bem, mas o relacionamento de Aiden com Charlotte e Daniel
era tóxico. Me deixou completamente perplexa saber que ele não percebia isso.
Aiden estava redondamente enganado se pensava que sua mãe merecia sair
impune simplesmente porque ela era da família.
"Me desculpe, eu entendo o que significa ter um relacionamento saudável
com os pais. Um baseado no respeito e na empatia, não em legados e política.
Não é assim que famílias saudáveis tratam umas às outras, Aiden."
Eu percebi que o estava deixando desconfortável. Talvez eu tenha pegado
pesado demais.
Ele não tinha crescido em um lar amoroso como eu, e apesar do fato de eu
não compartilhar uma gota de sangue com o resto da minha família, eu sabia
que eles me amavam de uma maneira que Aiden não conseguia entender.
Quando nos acasalamos pela primeira vez, nosso relacionamento foi
dominado pela luxúria e paixão, mas conforme as semanas se transformaram
em meses, descobri o vazio emocional que existia no coração de Aiden.
Eu tinha feito o meu melhor para preenchê-lo, mostrando a ele o que
significava ter alguém que o amava incondicionalmente, que ele era valorizado
e desejado por algo além de ser o alfa.
Talvez eu não tivesse feito um bom trabalho remendando ele. Ou talvez eu
tivesse que enfrentar o fato de que nunca poderia substituir o amor que ele
buscava em seus pais.
Após meus últimos comentários, Aiden cruzou os braços e olhou
pensativamente para seus sapatos.
O silêncio estava começando a me incomodar.
"Sienna, desde que comecei a andar com seus pais e sua irmã, vi como uma
família deve funcionar. De certa forma, parece que seus pais também me
adotaram.
"Eles me lembram da família que eu costumava ter, aquela antes de Aaron
morrer. E agora que meus pais estão aqui de novo, quero tanto fazer
funcionar. Eu quero tê-los de volta na minha vida."
Eu podia ver a dor em seus olhos enquanto ele lutava para se abrir. Eu
sabia que não era fácil para ele.
Falar sobre rompimentos e paixões com as meninas era uma coisa, mas
isso era um trauma emocional sério. Eu me senti completamente perdida.
"Aiden, eles o abandonaram", respondi, decidindo ser franca. "O que o faz
pensar que pode fazer com que eles mudem agora?"
"Naquela primeira noite, quando você foi para a cama cedo, eles me
disseram que queriam estar aqui para cuidar de nossos filhos. Então, eu pensei
que se eu dissesse a eles que estávamos tentando..."
"Espere, você disse a eles que estávamos tentando engravidar para ganhar
seu afeto? Aiden, por que você não me disse isso?"
"O que você quer dizer?" ele respondeu amargamente. "Se eu te contasse,
você teria surtado. Achei que poderia ganhar tempo suficiente para fazer você
mudar de ideia, mas então este artigo foi publicado e virou tudo uma grande
bagunça."
Ok, eu tinha que admitir que provavelmente teria surtado, mas ele não
deveria estar fazendo promessas por nós dois.
Deveríamos ser parceiros e, agora, eu me sentia mais como um
aborrecimento do que como uma parceira. Uma linda garota jovem que ele
mantinha por perto para dar à luz bebês e ficar bonita em eventos especiais.
"O amor não é condicional, Aiden. Você não deveria precisar prometer
netos aos seus pais para ganhar o afeto deles."
"Porque você não... Aiden parou abruptamente, segurando o peito. Sua
respiração ficou pesada e ele virou a cabeça para o lado. "Droga, está
acontecendo."
Meu rosto ficou pálido quando o terror me atingiu.
O que ele quis dizer?
Ele estava tendo um ataque cardíaco?
"Aiden, o que está acontecendo? Diga-me! " Eu implorei, mas antes que
ele pudesse responder, eu tive minha resposta.
O calor pulsante e fundido da Bruma se acendeu dentro do meu peito e se
espalhou por todo o meu corpo como um incêndio. Minhas pernas
formigaram e meus seios incharam. Quando o cheiro de Aiden atingiu meu
nariz, foi como derramar gasolina em chamas.
Eu olhei para ele com um desejo enlouquecido.
Eu precisava ter ele.
Eu ansiava por ele estar dentro de mim.
A maneira como ele olhou para mim, aqueles olhos verde-dourados em
chamas de luxúria, me mostraram que ele estava lutando contra os mesmos
impulsos primitivos.
Seus músculos flexionaram e tensionaram enquanto ele tentava lutar contra
isso, mas com cada respiração, ele sentia mais e mais dos meus feromônios,
tomado por uma fome violenta induzida pela Bruma.
"Ainda quer tentar um desses truques de mágica?" Eu perguntei, tentando
firmar minha respiração.
"Pelo que parece, eu não preciso," ele disse com um sorriso irônico.
"Fale por si mesmo," eu disparei de volta, lutando com o desejo do meu
corpo de me jogar contra seus músculos protuberantes e começar a rasgar suas
roupas.
Ele diminuiu a distância entre nós, para que eu pudesse sentir sua
respiração no meu rosto.
Corri meus dedos por seus cachos negros bagunçados antes de torcer sua
cabeça para o lado. Ele cerrou os dentes em êxtase.
"Sinto muito, doeu?" Eu perguntei, de pirraça.
"Só fez cócegas."
"E isso aqui?" Eu disse, deslizando minha mão até sua virilha. Ele mordeu
a língua e bateu com o punho contra a parede.
"Isso é tudo que você tem? " ele gritou.
Eu sabia que tinha que ter cuidado com o quão longe eu levaria isso. A
sensação de seu membro rígido em minha mão estava quase me deixando
louca também. Ele latejava com o meu toque e eu o imaginei deslizando
dentro de mim, me alargando.
"Você não vai mesmo fazer nada?" Eu perguntei, apertando com mais
força.
"Você não é a única teimosa... nesta rela... relação, " ele conseguiu falar
entre as respirações.
Quanto mais eu olhava para ele, mais perigoso meu jogo se tornava. Senti
que estava ficando molhada e o ar em meus pulmões esquentou. Eu mal
conseguia respirar enquanto minhas roupas apertavam contra meu corpo.
Mas eu não podia recuar agora. Para isso funcionar, ele tinha que dar o
braço a torcer.
"Você está bem?" perguntou Aiden, soprando contra meu pescoço. "Você
parece meio febril."
"Estou perfeitamente bem", respondi, com a voz trêmula.
"Tem certeza de que não precisa de uma mão?" ele perguntou, guiando sua
mão para baixo, entre as minhas pernas, segurando meu sexo. "Porque você
está meio quente."
Seu toque enviou tremores pelo meu corpo e minhas coxas se apertaram
em torno de sua mão. Eu estava praticamente ofegante enquanto a Bruma me
devastava.
"Não se iluda, querido. Isso é normal para a primeira onda da temporada."
Eu precisava virar o jogo antes de perder todo o controle. Comecei a
esfregá-lo através das calças.
Seu aperto na minha virilha afrouxou quando ele se dobrou sob o estímulo.
"Essa é apenas a minha mão. Imagina como seria bom com a minha boca"
eu disse, lambendo atrás de sua orelha. Senti sua mão começar a deslizar de
volta para o meu sexo, mas não iria deixá-lo lutar. Eu o tinha nas mãos; era
hora do nocaute.
Em um movimento rápido, eu levantei sua camisa e mergulhei minha mão
em suas calças. Não havia barreira agora.
Meus dedos envolveram sua base lisa, deslizando suavemente para cima e
para baixo em seu comprimento.
O toque da minha pele contra a dele nos deixou em um frenesi. Aiden
agarrou meu braço, me empurrando contra a parede. Ele trouxe seus lábios
para um beijo, mas eu me afastei.
Ele tentou colocar as mãos em meus seios, minha bunda, em qualquer
lugar que pudesse ganhar a vantagem, mas eu apenas acariciei cada vez mais
rápido até que pude sentir que ele estava à beira do clímax.
Só mais um pouquinho.
Aiden estava respirando com dificuldade, perdido no prazer da minha
obra. Qualquer luta restante nele havia desaparecido, e ele se entregou
completamente à sua Bruma. Ele estava exatamente onde eu o queria.
"Já é o suficiente" eu disse, puxando minha mão para fora de sua calça.
"É o melhor que você tem?" perguntou Aiden, o suor escorrendo pelo
rosto.
"Nem perto, amor," eu respondi. "Estou apenas aquecendo."
Capítulo 39 - Lavagem de Roupas
Jocelyn
Desde aquela viagem de carro com Sienna, minha cabeça tinha virado uma
teia emaranhada de pensamentos e emoções. Tentei meditar, mas não consegui
clarear minha consciência. Sempre que ficava assim, tinha que apelar pros
velhos hábitos.
Eu precisava de uma bebida.
O Housman's era o meu lugar preferido quando eu precisava fugir. Era um
antigo bar escondido em um beco. Não tinha nada do brilho e do glamour dos
bares e clubes populares, mas isso que eu amava nele.
Eu nunca tive que me preocupar com um lobo da Casa da Matilha
entrando pela porta ou qualquer outra pessoa que pudesse me reconhecer.
A mulher atrás do bar era uma doce senhora chamada Clementine. Ela me
tratava como uma filha, sempre fazendo questão de me agarrar pela mão e me
perguntar como eu estava.
Ela sabia que eu só a visitava quando precisava resolver alguma coisa, e
cara, eu tinha muita coisa para resolver.
Sienna era como uma irmã mais nova para mim. Eu via muito de mim
mesma nela, e quando ela se acasalou com Aiden, meus sentidos de cura me
disseram que ela precisava de alguém para ajudá-la a viver na Matilha.
Eu cresci naquele mundo e podia ajudá-la de uma forma que sua mãe e sua
irmã não conseguiam.
Claro que a ironia não passou despercebida. Eu tinha 25 anos e não estava
acasalada, praticamente uma solteirona nos anos de lobisomem, aconselhando
uma garota de 20 anos sobre como planejar uma família e lidar com seu
companheiro.
Depois de minhas aventuras fracassadas com Aiden e Josh, eu estava
impaciente para encontrar meu companheiro. A cura era um trabalho solitário.
Fui a quem todos procuraram, mas para onde a Curandeira deveria ir quando
tinha problemas?
Era isso que eu estava tentando descobrir no Housman’s.
Tomei um gole da minha bebida.
Escorreu pela minha garganta e espalhou seu fogo pelo meu peito. Mas em
vez de parar ali, seu calor continuou descendo pelo meu corpo, estabelecendo-
se entre minhas pernas em um inferno inesperado.
Porra, a Bruma está perto.
Enquanto as explosões pulsavam na minha virilha, examinei o bar.
Nenhum dos homens estava me olhando.
A Bruma pode deixar as lobas com tesão, mas ainda deve haver alguma
atração entre os amantes.
Eu me virei e examinei as cabines. O frio na barriga começou a percorrer
todo o meu estômago. Isso não poderia estar certo.
Eu estava olhando para um casal que estava se tocando. Eles não eram
amigos, eu sabia disso, mas por que minha Bruma estava me puxando em
direção a eles?
Eles devem ter sentido o quão excitada eu estava ficando porque a mulher
parou de beijar o pescoço de seu parceiro e olhou em minha direção.
Nós nos olhamos, e então ela sussurrou no ouvido de seu homem. Ele me
deu uma olhada e sorriu antes de dar sua resposta.
A mulher se levantou e caminhou em minha direção. Ela tinha cabelos
crespos e ruivos e uma linda pele cor de café. Seus quadris balançavam de um
lado para o outro em um ritmo hipnotizante.
Talvez ela queira apenas pedir uma bebida no bar. Olhe para a sua bebida. Não faça
contato visual.
"Meu parceiro e eu não pudemos deixar de notar você."
Merda.
Meu rosto corou quando me virei para encará-la. "Eu sinto muito. Eu não
queria ficar olhando."
"Gostou do que viu?" ela perguntou com um sorriso brincalhão.
Espere, o que ela quer dizer?
Antes que eu pudesse pensar em uma resposta, minha Bruma explodiu.
Eu agarrei o balcão para me manter de pé. Algo nessa mulher e no seu
homem fez meu corpo derreter. Olhei para o parceiro dela, um dominante alto
e musculoso com cabelos castanhos esvoaçantes e barba áspera.
Eles eram tão lindos e sexy. Eu nunca tinha feito nada assim antes, mas
nada sobre isso parecia errado.
"Gostei muito", respondi, tocando a mão da mulher.
Nós três caímos na cama, arrancando as roupas um do outro em um
frenesi acalorado. Eu agarrei o homem e comecei a beijá-lo, mas a pressão
quente dos lábios da mulher em meus seios me fez ofegar.
Antes que eu percebesse, entreguei meu corpo às suas mãos e lábios. Eu
me torci e flexionei sob o intenso prazer que agarrou cada músculo e
terminação nervosa.
Eles se revezaram entrando em mim. Ele com seu pênis e ela com seus
dedos e sua língua.
Senti tudo apertar e uma pressão começar a crescer dentro de mim.
Eu estava com tanto calor, quase delirando. Minha pele estava coberta de
suor e eu mal conseguia recuperar o fôlego.
"Eu vou gozar!" Eu gritei.
Eu agarrei a mulher e puxei seu rosto para o meu. Nós fechamos os lábios,
nossas línguas se tocaram alegremente, sensualmente.
Naquele instante, tudo foi liberado em uma violenta erupção e ondas de
contrações quentes sacudiram meu corpo. Todo o ar saiu correndo dos meus
pulmões e minha boca se abriu, mas não consegui gritar.
Agarrei-me a ela e ela me abraçou, olhando para mim com seus olhos
escuros e reconfortantes.
O orgasmo me deixou completamente mole. Eu me sentia como se tivesse
acabado de correr uma maratona e as únicas partes de mim que ainda
funcionassem eram o coração e os pulmões.
"Você se divertiu?" ela perguntou.
"Você está brincando?" Eu disse, ainda recuperando o fôlego. "Sim. Eu me
diverti muito.
"Bom. Nós também, "ela respondeu, sorrindo. Ela e seu parceiro deitaram-
se um de cada lado meu e acariciaram meu corpo suavemente com a ponta dos
dedos.
Fiquei lá por meia hora e os observei fazer amor enquanto recuperava
minhas forças. Por alguma razão, eu me sentia à vontade com eles de uma
maneira que nunca havia experimentado com nenhum de meus amantes
anteriores.
Quando saí, os dois ofereceram um beijo de despedida.
"Talvez a gente volte a ver você", disse a mulher, puxando-me para seu
abraço.
Eu a cheirei uma última vez.
Eu não queria ir embora.
"Sim, eu adoraria", respondi, segurando-a com força.
Josh
Eu não me importava de ter Sienna no conselho. Como companheira do
Alfa, ela tinha todo o direito de estar envolvida na governança da Matilha. O
que me incomodava mesmo era todo o drama que isso estava gerando.
Eu sempre me achei um Beta bem tranquilo, mas ainda precisava fazer a
Matilha funcionar da maneira mais tranquila e eficiente possível.
Não apenas porque era meu trabalho, mas também porque Aiden era meu
melhor amigo, e se eu me saísse bem, isso tornaria a vida dele um pouco mais
fácil. Isso era o que os melhores amigos faziam um pelo outro.
Toda essa sobreposição entre sua vida doméstica e a vida da Matilha,
entretanto, estava causando alguns problemas importantes.
Isso não quer dizer que eu achasse que Aiden e Sienna deviam varrer suas
diferenças para baixo do tapete, mas dado o arranjo atual, quando eles
brigavam, a Matilha sofria.
"Aiden, você tem um minuto?" Eu perguntei, alcançando-o no corredor.
"Claro, Josh. O que aconteceu?"
"Eu estava procurando a lista de instituições de caridade para as quais
vamos doar neste feriado, e não consigo encontrar."
"Sienna está cuidando disso."
Isso ia ser mais difícil do que eu pensava. Como eu deveria dizer a ele que
sua companheira estava deixando a peteca cair sem irritá-lo?
"Ótimo, mas eu meio que preciso da lista até quarta-feira. Caso contrário,
as doações não serão entregues a tempo. Eu posso cuidar tranquilamente disso
se ela estiver ocupada."
"Não, vou lembrá-la esta tarde."
Ele ainda não estava entendendo. Se ele tratava a Sienna assim, eu
entenderia por que ela estava chateada com ele. Acho que precisava ser mais
direto.
"Acho que você a sobrecarregou com coisas demais, Aiden. Especialmente
quando está claro que a Matilha não é necessariamente sua prioridade número
um. Se ela quiser reduzir seu envolvimento, posso assumir o trabalho. Eu
estava fazendo tudo antes de qualquer maneira."
Prendi a respiração, esperando para ver qual versão de Aiden eu estava
prestes a encarar.
"Josh, ela precisa aprender que os negócios da Matilha são tão importantes
quanto qualquer outra coisa que ela faça. Ela é minha companheira, e isso faz
parte de suas responsabilidades."
"Certo, mas dado tudo o que está acontecendo entre vocês dois..."
"Eu disse que vou falar com ela sobre isso esta tarde. Você receberá sua
lista."
Eu sabia que não devia pressioná-lo quando ele ficava assim. Eu disse o
que queria e saí antes que ele explodisse.
Sienna
Winston's sempre foi o lugar onde meus amigos e eu frequentávamos antes
de Michelle e eu nos casarmos.
Era um restaurante mediano, sem nada demais, a não ser o fato de que era
consistentemente mediano.
No momento, Michelle e eu estávamos dividindo uma cesta de batatas
fritas enquanto cada uma de nós bebia um milk-shake. Depois de pintar no
parque, decidi que precisava de Michelle para minha dose de besteirol diária.
"Ter esses espantalhos por perto acaba com o clima", comentou Michelle
enquanto balançava uma batata em direção à nossa equipe de segurança.
"Vocês querem um pouco? " ela perguntou, oferecendo a cesta gordurosa de
batatas fritas. "Se você vai ficar aí, é melhor entrar na conversa."
"Estou bem, senhora, obrigado", respondeu friamente um dos guarda-
costas através de um drone.
"Como quiser", disse Michelle, revirando os olhos. — "Então, Si, você e o
Aiden já passaram pela Bruma? Josh e eu perdemos o controle enquanto ele
dirigia, então tivemos que parar e fazer ali mesmo, na beira da estrada. Não sei
se foi o espaço confinado, o fato de que as pessoas podiam nos ver, ou apenas
o fato de que eu estava montando no meu companheiro, mas foi o melhor
sexo que já fiz."
"Meu deus, Michelle, estamos em público."
"E daí? Quando você se tornou tão santa? ", disse ela, sorrindo.
A campainha pendurada acima da porta tocou, eu olhei para cima e
encontrei um homem elegante olhando ao redor curiosamente. Ao ver
Michelle e eu, ele imediatamente se animou e se dirigiu para a nossa mesa.
Pela primeira vez, fiquei grata por ter segurança. O homem mal conseguiu
chegar a dez pés antes de uma grande mão surgir e agarrá-lo.
"Nossa, sou apenas um mensageiro. Tenho uma carta para entregar a
Sienna Norwood de sua sogra", disse ele, segurando o envelope.
Ótimo, o que Charlotte queria comigo agora? O segurança pegou a carta e
me entregou. Rasguei a tampa e quase vomitei com o convite ostentoso.
"O que a velhota quer?" perguntou Michelle, saboreando o último pedaço
de milk-shake de seu copo.
"É um convite para um almoço amanhã à tarde," eu disse cautelosamente.
"Ela quer que eu seja a convidada de honra."
Capítulo 40 - Hora do Almoço
Aiden
"Mãe, este é exatamente o tipo de coisa que eu pedi para você não fazer."
"Não tenho a menor ideia a que você está se referindo, Addy. Estou
simplesmente organizando um bom almoço para sua companheira e alguns de
seus amigos e familiares."
Ela sempre fez isso, reformulando as coisas para se adequar a sua visão,
sua versão da realidade. Ela fez isso quando Aaron morreu, e ela estava
fazendo de novo agora.
Às vezes eu pensava que ela realmente acreditava, mas sempre houve uma
parte de mim que permaneceu cética. Ela era muito astuta para ser vítima de
tais delírios obstinados.
O almoço foi uma completa surpresa para mim.
Depois que Sienna e eu tivemos nosso momento na câmara do conselho,
conversei com meus pais e eles concordaram em se mudar para um lugar na
cidade. Certamente aliviou a tensão em casa, mas também significava que eu
não poderia controlá-los.
Naquele momento, eu estava observando o refeitório da Casa da Matilha se
transformar com talheres extravagantes e comidas que fariam você pensar que
o Alfa do Milênio estava vindo nos visitar.
"Isso fica aqui, querida", chamou minha mãe, apontando para um dos
funcionários. "Quem colocou esta colher? Você não viu que está manchada?"
Ela estava tramando alguma coisa, eu tinha certeza disso.
"Addy, xô! Este almoço é só para nós, garotas. Vá cuidar de sua Matilha."
Eu dei a ela uma última olhada, na esperança de flagrar qualquer truque
que pudesse estar escondido em seus olhos. Sienna pareceu estranhamente
receptiva quando me contou sobre o almoço, então talvez as duas estivessem
dispostas a seguir em frente.
Se fosse esse o caso, eu não iria atrapalhar.
Sienna
Corri minhas mãos sobre minha saia, alisando-a antes de seguir pelo
corredor em direção ao refeitório.
Eu queria usar calças, mas Michelle me convenceu de que seria muito
casual, então coloquei uma meia-calça e encontrei o vestido de inverno mais
pesado que eu tinha.
Ajudou o fato de Aiden manter a Casa da Matilha quentinha durante os
meses de inverno, mas eu ainda estava irritada sabendo que tinha me trocado
por causa de Charlotte.
"Boa tarde, Sra. Norwood", disse a funcionária ansiosa parada do lado de
fora da porta. Ela era uma jovem garota de olhos arregalados com cabelo loiro
escuro trançado em um coque elegante e duas pintas em sua bochecha
esquerda.
"Existe uma senha? " Eu perguntei depois que ela permaneceu imóvel.
"Aí, eu sinto muito, eu sou tão boba. Eu estava distraída com seu vestido.
É tão bonito. Ai, meu deus, será que falei demais? Eu sinto muito. Eu nunca
sei quando calar a boca."
"Tudo bem. Não tem problema" eu respondi, sorrindo. "Obrigado pelo
elogio. Eu adorei seu penteado."
"Mesmo?" ela disse, radiante. "Obrigada. Sra. Norwood. É uma honra
conhecê-la. Você é meu ídolo."
"Como assim?"
"Tudo o que você está fazendo por jovens lobas. Informando-nos que
podemos tomar nossas próprias decisões. É empoderador ver nossa senhora
alfa assumir a postura que você assumiu no festival."
Eu não tinha certeza de como responder. A ideia de ser um modelo me
pegou de surpresa. Selene tinha brincado comigo sobre isso, mas eu nunca
pensei em nada disso.
Além do mais, essa garota deveria ser só alguns anos mais nova do que eu.
Como ela poderia me admirar?
"Obrigado pelas adoráveis palavras", disse eu, "mas não quero deixá-los
esperando ali."
"Claro, sinto muito ter atrasado você, Sra. Norwood," ela respondeu,
abrindo a porta.
Eu esperava ver apenas Aiden e seus pais, mas em vez disso fui recebida
por uma mesa cheia de todas as minhas amigas mais próximas e familiares.
Minha mãe, Selene, Jocelyn, Michelle, Mia... até Erica estava lá.
"Bem, não fique aí parada como um poste, querida. Venha e tome o seu
lugar como nossa convidada de honra."
"O que vocês estão fazendo aqui? " Eu perguntei, caminhando em direção
à mesa.
"Agora que somos uma família, achei que seria bom para todas nós,
garotas, nos conhecermos. Afinal, todos nós sabemos quem realmente
comanda as coisas na Casa da Matilha" disse Charlotte com um sorriso
brincalhão. "Aqui, sente-se", disse ela, puxando minha cadeira.
Fiz uma careta para Michelle como se perguntasse "o que é que está
acontecendo", mas ela apenas deu de ombros.
"Agora, gostaria de fazer um brinde à minha nora", disse Charlotte,
erguendo o copo.
"Sienna, querida, você passou por tanta coisa na semana passada, e eu
admito que a chegada de Daniel e eu foi... um pouco chocante.
"Eu gostaria de me desculpar por isso. Acho que todos poderíamos ter nos
comportado melhor, por isso organizei este encontro. Acho que é hora de
começarmos do zero, Sienna. A novos começos e ao futuro desta família."
Todos aplaudiram e brindaram com as taças. Eu acho que Aiden estava
certo; talvez Charlotte tivesse um lado sincero, afinal.
"Selene, querida, quando é o parto?" continuou Charlotte. "Você está uma
grávida tão radiante".
"Ah, obrigada, Charlotte," Selene respondeu, corando. "Eu dou à luz em
três semanas. Então teremos mais uma mocinha para se juntar a nós na mesa."
"Tenho certeza de que você também está ansiosa, Melissa."
"Ansiosa é pouco", disse Selene.
"Ei, tenho sido muito boa em não meter o nariz nas coisas."
"Mãe, você almoça com meu obstetra três vezes por semana."
"Somos amigos médicos, Selene. Nem tudo gira ao seu redor" ela
respondeu com um sorriso culpado. "Mas, para responder à sua pergunta,
Charlotte, mal posso esperar pela chegada da minha primeira neta."
"O primeiro bebê de muitos, tenho certeza", respondeu Charlotte.
Quando os garçons saíram com o primeiro prato, Charlotte continuou sua
conversa.
"E, Mia, você já tem um filhotinho, não é?"
"Sim, gêmeos, na verdade. Eles estão com quatro meses agora.
"Você deveria tê-los trazido", disse Michelle. "Eles são os bebês mais fofos
que eu já vi na vida."
"Eles estão com o pai durante a tarde, então se eu estiver checando muito
meu telefone, é por isso."
"É muito corajosa por deixar Kyler e Emmett sozinhos com Harry."
"Eu sei, é por isso que estou voltando em duas horas. Estamos indo aos
poucos."
"E você, Michelle?" disse Charlotte. "As crianças estão no seu radar?"
"Veremos. Josh e eu queremos muito, e agora que a Bruma chegou, eu não
ficaria surpresa se tivesse um anúncio a fazer antes do ano novo."
"Meu Deus, parece que pode haver um bando de pequeninos correndo por
aqui em breve. Erica, quais são seus planos?"
"Não estou acasalada", respondeu Erica, um pouco na defensiva.
'Entendo", respondeu Charlotte. "Bem, a temporada está chegando, minha
querida. Talvez este seja o seu ano de sorte. Jocelyn, querida, o que você estava
me contando outro dia sobre como a saúde de uma Matilha se baseia na
preservação de sua posteridade?"
Eu lancei a Jocelyn um olhar interrogativo.
Ela tinha falado com Charlotte pelas minhas costas? Por que ela não
mencionou nada quando fui vê-la outro dia?
"Eu acho que você está interpretando minhas palavras um pouco fora do
contexto, Charlotte," respondeu Jocelyn calmamente. "O que eu disse foi: a
consciência coletiva de uma Matilha é melhorada quando eles sabem que o
futuro é estável, e parte dessa estabilidade envolve a criação de um grupo
saudável de filhotes."
"Sim, sim, mas resumindo, ter bebês é bom para a Matilha. Acho que todos
nesta mesa concordam. Você não acha, Sienna?"
Eu estava começando a ficar incomodada. Todo esse almoço não era para
nos conhecermos, mas sim para me lembrar de que todas ao meu redor
estavam tendo bebês.
"Claro", respondi com cautela. "Estou feliz que minhas amigas e irmã
tenham escolhido ter filhos. É uma decisão bem significante."
"Eu concordo plenamente," respondeu Charlotte. "Muita coisa pode
mudar quando você decide ter filhos ou não."
Ela fez uma pausa para se certificar de que tinha toda a minha atenção, e
de repente eu me senti como se fôssemos as únicas duas pessoas na sala.
"Outras áreas da sua vida que você pode nem pensar que estão
relacionadas podem ser afetadas. Seu trabalho, seus hobbies... seu
companheiro. Sim, começar uma família é uma decisão muito significante.
Aquela foi a gota d’água. Eu podia ver que atrás daquela pele de cordeiro,
havia uma loba.
Era impossível um mundo onde ela e eu nos reconciliássemos. Mesmo se
eu engravidasse amanhã, ela não daria a mínima para mim. Ela só queria ter
um neto, um neto Norwood.
"Charlotte, você não precisa fingir que gosta de mim."
"O que você quer dizer querida?"
"Este teatrinho não vai funcionar. Você não vai me pressionar a ter um
bebê me cercando de mulheres que querem ser mães. Amo cada uma dessas
mulheres de todo o coração e respeito suas escolhas, mas elas nunca me
pressionariam para começar uma família como você está tentando fazer
agora."
"Quando você vai parar de me ver como uma vilã, Sienna?"
"Quando você parar de agir como tal e começar a me respeitar".
"É difícil respeitar uma pessoa que só pensa em si mesma, querida."
"Engraçado" eu respondi. "A única razão pela qual você voltou aqui foi
para se certificar de que o legado de sua família não fosse manchado por uma
novata que não tem medo de ser sincera."
"Sienna. Charlotte, por favor, parem com isso," implorou Melissa, pondo-
se de pé.
"Tudo bem, você pode pensar que sou horrível, mas sempre serei a mãe de
Aiden e sempre o colocarei em primeiro lugar.
"Isso é o que significa ser acasalado, senhorita. Você faz sacrifícios. Aiden
está fazendo de tudo para atender às suas frívolas exigências, e o que você fez
em troca? O envergonhou na frente de toda a Matilha e o privou da maior
alegria que um lobo pode ter. Você não merece meu filho e nunca vai
merecer."
As palavras de Charlotte me consumiram como ácido enquanto meu
coração afundava em meu estômago. Eu não ia dar a ela a satisfação de me ver
chorar.
"Com licença, senhoras, mas acho que não posso continuar aqui."
Assim que saí do refeitório, corri para o meu escritório e tranquei a porta.
As lágrimas derramaram e eu deslizei para o chão, incapaz de controlar a
dor que me dominou. Eu não pude evitar, mas senti que havia um fiapo de
verdade nas palavras de Charlotte.
Naquele momento, eu não queria ver ninguém, exceto Aiden. Eu queria
senti-lo e ouvi-lo me dizer que eu era o suficiente, que era sua companheira e
que ele me amaria para sempre.
Capítulo 41 - Declarações
Sienna
Meu telefone vibrou sem parar pelo resto da tarde. Todo mundo estava
tentando falar comigo depois que eu fugi do almoço de Charlotte.
Achei que queria ficar sozinha, mas estava completamente enganada. Eu
precisava falar com alguém.
Pensei em Jocelyn, mas ainda não tinha certeza de qual era sua conexão
com Charlotte, e Michelle e Mia não entenderiam o que eu estava passando.
Eu precisava da minha mãe.

Sienna: Oi, mãe, posso passar aí?


Mãe: Sim! Claro!
Mãe: Eu vou estar em casa o dia todo.
Sienna: Obrigada. Em 20 minutos tô aí
Mãe: Combinado!
Mãe: Te amo, Si. Bjs

Antes mesmo que eu pudesse alcançar a porta, ela e Selene já estavam lá


fora me abraçando.
"Aí. Si, eu sinto muito. Não tínhamos ideia de que isso iria acontecer. A
gente tinha certeza de que seria um almoço normal."
"Eu briguei com ela depois que você saiu, mas mamãe me fez parar",
acrescentou Selene.
"Tudo bem", respondi. "Eu sei que você ficou tão surpresa quanto eu."
"Entre querida, e saia do frio. Tenho uma caneca grande de chocolate
esperando por você."
A familiaridade de estar dentro da casa da minha infância já bastava para
me fazer sentir melhor. Não tinha que pensar duas vezes antes de falar ou
olhar ao redor, como fazia na Casa da Matilha.
Eu me enrolei no sofá, e minha mãe me trouxe o chocolate e um prato de
biscoitos enquanto Selene me cobria com um cobertor.
"Pronto, maninha. Bem quentinha."
"Há mais alguma coisa que eu possa fazer por você?" Minha mãe
perguntou.
"Não. Está perfeito. Eu só preciso saber que vocês duas não me odeiam."
"Nossa, Sienna, por que nós odiaríamos você?"
"Não sei. Eu vejo como você está animada com o bebê da Selene, e eu
sinto que seria perfeito se nós duas tivéssemos filhos na mesma época para
que eles pudessem crescer juntos e..."
"Si, você está falando a maior bobagem" interrompeu Selene. "Você não
deveria ter filhos porque acha que seria fofo nossos bebês terem mais ou
menos a mesma idade. Há um motivo pelo qual Jeremy e eu esperamos até que
o fizéssemos. Tínhamos outras coisas que queríamos fazer antes de nos
estabelecermos."
"Sim, e não pense que eu te amo menos porque você não está me dando
um neto. Tudo o que me importa é que você seja feliz com qualquer caminho
que tomar na vida."
"Sim, não deixe aquela velha enrugada te perturbar, Si. Seu corpo, suas
regras."
Eu estava muito grata por ter aquelas duas em minha vida. Passamos o
resto da tarde assistindo a filmes e sem falar nada sobre crianças ou a Matilha.
Aiden
Sienna voltou para casa com um humor incomum. Pela primeira vez desde
o Festival, ela parecia à vontade.
Jocelyn já tinha me contado o que aconteceu no almoço, e eu esperava que
Sienna me desse outro ultimato em relação à minha mãe, mas em vez disso, ela
rastejou em meus braços e me perguntou sobre o meu dia.
Eu não conseguia entender.
Simplesmente deitamos nos braços um do outro e conversamos.
Conversamos sobre tudo e qualquer coisa. Conversamos até o sol nascer.
Foi tão simples e fácil. Era como se reconectar com um velho amigo
depois de passar décadas separados.
Isso me lembrou o quão louco eu era por ela, que companheira perfeita ela
era. Depois de ontem à noite, eu nunca poderia imaginar uma vida sem ela ao
meu lado.
Uma batida forte na minha porta me distraiu dos meus devaneios.
"Addy, a imprensa está aqui para você atualizá-los sobre o novo Festival."
"Sim, já vou, mãe."
"Bom. É péssimo manter a imprensa esperando. Mentes ociosas escrevem
histórias fantásticas."
Ela sempre tinha que transmitir um pouco de sua sabedoria? Ela sempre tinha que dar
a palavra final?
Caminhei em direção à sala de imprensa com o conflito se formando em
minhas entranhas. Eu não tinha certeza do que queria dizer, mas o que quer
que eu dissesse, precisava aguardar. Um alfa nunca vacila com suas palavras.
Cheguei para ver minha mãe, meu pai, Sienna e o resto do conselho
flanqueando o pódio em uma linha organizada. Os repórteres se amontoaram
na sala como sardinhas.
Senti seus olhos em mim, rastreando todos os meus movimentos e
expressões faciais.
Minha mãe e meu pai sorriram como se nada tivesse acontecido entre nós.
Então eu flagrei o olhar de Sienna, sua expressão mais reservada, mas dez
vezes mais genuína.
Ia doer, mas eu já tinha decidido.
Coloquei minhas mãos em cada lado do pódio e inclinei-me para o buquê
de microfones apontado para meu rosto.
"Bom dia", comecei. "Há alguns dias, Sienna e eu anunciamos que
concordamos em reagendar o ritual do Festival da Fertilidade para a próxima
lua cheia. Desde então, divulgamos muito poucas informações a respeito."
Com o canto do olho, vi minha mãe balançando a cabeça. Tudo estava
indo como ela havia planejado.
''Bem, a razão para isso é porque eu decidi respeitar a decisão de minha
companheira e adiar indefinidamente o ritual.
"Quando Sienna e eu estivermos prontos para começar a ter filhos, nós
avisaremos a Matilha, mas por ora, nossa decisão de começar uma família não
será ditada por nada, exceto por nossos próprios desejos pessoais. Obrigado."
Uma ladainha de objeções disparou da multidão junto com mãos ansiosas,
mas eu não tinha intenção de responder às suas perguntas. Tudo o que me
importava naquele momento era estar com minha companheira.
Eu me virei para Sienna, que estava radiante. Ela murmurou um silencioso
"eu te amo" que me encheu de orgulho e alegria.
Todos, incluindo meu conselho, ficaram pasmos. Eu podia ver meus pais
inquietos, seus olhos tremendo, tentando não perder o rumo na frente das
câmeras.
"Encontre-me no meu escritório em dez minutos," eu disse, beijando
minha mãe na bochecha. "Pai, você também está convidado." Os dois estavam
furiosos demais para proferir uma resposta adequada, mas eu não me
importava se eles aparecessem.
Peguei Sienna pela mão e dei um beijo suave em seus lábios. "Sinto muito
por ter demorado tanto."
***

"Ah, Addy! Eu não posso acreditar que você foi tão tolo!"
"Esta não é a decisão de um alfa forte, filho. Você está estabelecendo um
precedente perigoso."
Sentei-me em minha cadeira, encarando-os com uma alegria inesperada.
Havia algo de engraçado em como todas as críticas que eles estavam
guardando, acabaram sendo disparadas de uma forma desesperada.
"O que quer que aquela garota tenha feito com você", censurou minha
mãe, apontando o dedo para Sienna, "é o resultado de motivações egoístas. Ela
não se importa nem um pouco com a Matilha e com esta família."
"Sua mãe e eu tentamos tirar você da bagunça que ela criou, mas você
simplesmente mergulhou de cabeça dentro dela. Diga alguma coisa, inferno."
Eu contemplei as duas figuras fumegantes na minha frente.
Nada que eles pudessem fazer ou dizer me deixaria tão feliz quanto Sienna.
Nada que eles pudessem fornecer me faria sentir tão completo quanto eu
me sentia quando estava com ela.
"Mãe. pai, desde que vocês chegaram aqui, deixaram uma coisa bem clara
para mim: sua prioridade sempre será proteger o legado de nossa família.
Achei que isso poderia ter mudado quando mamãe ofereceu aquele almoço,
mas estava claramente enganado."
"Vocês estão tão envolvidos com o que é melhor para a família que não
têm ideia do que significa ser família. Sienna é minha companheira. Ponto final.
Fim da história."
"Não há mais ninguém neste mundo com quem eu queira viver. E nada vai
comprometer nossa parceria. Nem vocês, nem a matilha, e certamente nem se
tivermos filhos ou quando tivermos.
"Não espero que vocês entendam, então direi de outra forma: Eu não
quero ver nenhum de vocês mais."
O rosto de meu pai ficou sério e ele apertou a mandíbula. Eu não me
importei se ele estava chateado. Ele mesmo havia causado isso; ambos tinham.
"Entendo perfeitamente", disse Daniel, colocando as mãos nos ombros de
minha mãe. "Estou feliz que Aaron não está por perto para ver que tipo de
lobo você se tornou."
Os olhos da minha mãe lacrimejaram enquanto ela me olhava incrédula,
balançando a cabeça. "Addy... Aí, Addy. Estou tão desapontada."
Eles deixaram a sala rapidamente, mas fizeram questão de fechar a porta
atrás deles com um barulho frio e sem cerimônia.
Qualquer gota de culpa que eu pensei que pudesse ter falhou em se
materializar. A tentativa de meu pai de usar a morte de Aaron em seu benefício
apenas tornou a decisão mais fácil.
Voltei minha atenção para Sienna, que, pela primeira vez na memória
recente, estava sem palavras.
"Eu não fiz isso apenas por você," eu disse, desconfortável com o silêncio
dela." Já faz muito tempo que preciso enfrentá-los."
Sienna caminhou em minha direção e deslizou a mão em volta da minha
cintura, puxando-me para um beijo apaixonado. Fechei meus olhos e me perdi
em seu abraço.
Sienna
Eu senti seu cheiro enquanto nossos lábios se apertavam em uma fricção
feroz.
Eu me afastei, ainda saboreando seu sabor.
Eu estava pronta para cumprir minha promessa. Eu raspei sua bochecha
com meus dedos, deixando meu polegar descansar em seus lábios escuros e
deliciosos.
Ele abriu os olhos, silenciosamente implorando para libertá-lo dessa
agonia.
Ele cedeu. Eu não precisava ouvi-lo dizer isso. Nós dois sabíamos.
Pressionei meu polegar em seus lábios e ele o deixou mergulhar em sua
boca. Sua língua quente engolfou meu dedo, enviando tremores pelo meu
corpo.
Senti meus mamilos endurecerem e todo o meu corpo começou a
formigar. Minha visão ficou turva e senti minhas pernas cederem.
Quando desabei, senti seus braços fortes me envolverem, me puxando
com força contra seu corpo esculpido.
Cada centímetro de mim estava gritando por ele, e meu sexo doía em
antecipação.
Ele passou a mão pelo meu cabelo, em seguida, puxou minha cabeça para
o lado, expondo meu pescoço nu. Eu engasguei quando seus dentes morderam
minha pele e sua boca massageava a dor.
Eu me perdi no êxtase do toque de Aiden, rasgando sua camisa e
espalhando os botões pelo chão.
"É agora ou nunca," ordenei.
Aiden nunca teve problemas em seguir ordens desse tipo.
Ele agarrou a parte inferior da minha blusa e puxou pela minha cabeça.
Tirando sua própria camisa, ele me ergueu sobre a mesa de modo que minhas
pernas pendessem para o lado, montando nele.
"Anda logo" eu gemi.
"Paciência. Quem espera sempre alcança."
"Foda-se," eu protestei.
Uma de suas mãos agarrou minha perna e a outra puxou minha calcinha
para o lado. Ele se abaixou e pairou sua boca acima do meu sexo, seu hálito
quente batendo contra a superfície.
Fechei meus olhos, esperando, ansiando.
Eu não aguentava mais. Eu o queria dentro de mim.
Agarrando-o pelos cabelos, puxei sua cabeça para trás para que
travássemos os olhos.
"Venha aqui e me foda."
Sem dizer uma palavra, ele tirou as calças e subiu na mesa. Ela rangeu sob
seu peso, mas não importava se ela desmoronasse embaixo de nós.
Ele agarrou minha mão e a prendeu na minha cabeça. Antes que eu
pudesse protestar, o senti afundar em mim. A respiração voou para fora dos
meus pulmões e minha boca se abriu, ofegando por ar.
Suas estocadas poderosas me sacudiram e eu afundei meus dentes em seu
ombro para não gritar.
Eu podia sentir ele ficando mais duro dentro de mim, e eu sabia que ele iria
gozar.
Os golpes de Aiden ficaram cada vez mais rápidos enquanto nós dois
crescíamos em um orgasmo atômico que parecia que iria me dividir em dois.
Aiden rugiu quando chegou ao clímax, e eu gritei de tanto prazer.
Depois de me recompor, olhei para seu rosto suado e afastei o cabelo
grudado em sua testa.
Eu não podia acreditar que este homem lindo e sensível era meu
companheiro, e eu não via a hora de passar o resto da minha vida com ele.
Capítulo 42 - Pânico no Paraíso
Sienna
O encontro na câmara do conselho ajudou Aiden e eu a redefinir nossa
comunicação. Depois que seus pais fizeram as malas e deixaram a cidade,
passamos a semana seguinte reacendendo a paixão que tínhamos antes de todo
o drama do festival.
Deixamos nossas Brumas correr soltas, fazendo amor em todos os lugares
que podíamos. Realmente parecia que tinha meu companheiro de volta.
Uma coisa era certa; não podíamos usar sexo para resolver discussões.
Não apenas porque éramos loucos um pelo outro, mas não funcionou. Isso
só fez Aiden e eu nos ressentirmos.
Toda a experiência com o festival e os pais de Aiden realmente me forçou a
crescer.
Seguindo em frente, se tivéssemos uma diferença de opinião, o consenso
teria que vir de uma compreensão verdadeira e a mudança tinha que vir do
coração. Nada de ameaças maldosas.
Aiden tinha saído cedo, mas eu escolhi dormir. Meu corpo ainda estava
dolorido das atividades da noite anterior.
Eu comecei a adormecer novamente quando o som do meu telefone me
acordou de repente.

Aiden: Acorda, dorminhoca


Sienna: Você não me beijou quando saiu Sienna: Maldade
Aiden: Você estava tão relaxada
Aiden: Além disso, sei como você fica quando acorda Aiden:
emoji de diabo
Sienna: Experimenta
Aiden: Claro. Adoro te experimentar (emoji de língua) Sienna:
Não é o que eu quis dizer, idiota rs Aiden: Vem logo, minha
linda
Sienna: Quem espera, sempre alcança...
Aiden: emoji
Sienna: Não me faça voltar com a castidade
As mensagens de Aiden me deixaram com vontade de tomar uma dose
matinal de Bruma. Definitivamente não havia como voltar a dormir agora.
Ele iria se ver comigo. Eu ia garantir isso.
Saí da cama e fui ao banheiro escovar os dentes. Eu olhei para o relógio
digital na prateleira. Eram quase dez e meia.
Você precisa ir para a cama cedo esta noite, garota.
Cuspi minha pasta de dente e estava limpando minha boca quando olhei
para o relógio novamente e o horror tomou conta de mim.
A data. Isso estava certo? Não pode ser. Fui para o quarto e peguei meu
telefone. A mesma data apareceu na minha tela de bloqueio.
Meu estômago embrulhou e uma onda de pânico tomou conta de mim.
Minha menstruação estava atrasada.

Sienna: Você estará no seu escritório?


Jocelyn: Sienna, posso ir agora mesmo se precisar de mim
Sienna: Não, não se preocupa
Sienna: Não é uma emergência
Sienna: Só é meio pessoal, só isso
Jocelyn: Ok, se você diz
Jocelyn: Vejo você às 2 então! bjs
Sienna: Eu preciso pedir um favor
Jocelyn: Claro, o que é?
Sienna: Podemos falar pessoalmente?
Jocelyn: Estou livre depois das 2
Jocelyn: Quer passar aqui?
Sienna: Sim
Sienna: Você estará no seu escritório?
Jocelyn: Sim
Essa era a verdadeira beleza de Jocelyn. Ela podia olhar através do exterior
das pessoas e focar no que eles estavam passando por dentro.
Naquele momento, enquanto eu estava do lado de fora da porta de seu
escritório, eu precisava de seus serviços em dobro. Eu tinha muita coisa na
cabeça que precisava botar para fora, e também precisava que ela visse se
alguma criaturinha havia pegado uma carona dentro de mim.
A porta se abriu e o cheiro reconfortante de incenso e jasmim fluiu em
minhas narinas.
A ansiedade que tomou conta de mim durante toda a manhã começou a se
dissipar quando Jocelyn pegou minhas duas mãos nas dela e olhou para mim
com seus olhos cor de avelã esfumaçados, procurando o que poderia estar me
incomodando.
"O que te traz a mim, deusa? " ela perguntou, me conduzindo para dentro.
"Suas mensagens me preocuparam."
Certifiquei-me de que a porta estava fechada antes de dizer a ela o motivo
da minha visita.
"Minha menstruação atrasou, Jocelyn."
"Por quantos dias? A Bruma pode atrapalhar às vezes."
"Estou seis dias atrasada."
Jocelyn ficou quieta por um momento, então me convidou para sentar no
sofá. "Eu estou supondo que você e Aiden fizeram sexo recentemente."
Eu dei a ela um olhar como se dissesse: "Mentira, menina!". "Ei, eu tenho
que fazer essas perguntas," ela respondeu, sorrindo. "Estou feliz em saber que
vocês dois conseguiram consertar as coisas."
"Eu também. Quero dizer, estou feliz por Aiden ter progredido em toda a
questão da família, mas posso dizer que é difícil para ele. Ele ainda tem que
lutar contra a vontade de brigar comigo às vezes."
"Na verdade, sinto que há mais pressão agora porque ele é muito
compreensivo. Eu quero dar a ele o que ele quer, mas ainda tem toda aquela
história sobre meus pais biológicos atrapalhando."
"Claro," respondeu Jocelyn, "você não é a primeira loba que veio até mim
se sentindo pressionada a começar uma família. O vínculo de acasalamento é
uma coisa linda, e quando acontece pela primeira vez, ambos os parceiros
chegam a um pico de felicidade.
"E depois?"
"Depois os casais às vezes podem discordar sobre como manter essa
emoção. Um pode levar alguns anos para se ajustar ao acasalamento antes de
começar uma família, enquanto o outro vê os filhos como uma nova aventura
maravilhosa."
"E em alguns casos, um deles pode não querer filhotes de jeito nenhum. O
que estou tentando dizer é que os dois querem o melhor para o
relacionamento, mas podem não concordar sobre o que é."
"Eu quero começar uma família com Aiden, Jocelyn, eu quero de verdade.
Ele vai conseguir o que quer. Eu só me sinto culpada por estar esperando o
momento certo."
"Você não deveria. Aiden não está tentando enganar você."
"Eu sei," eu disse, me sentindo estúpida por ter sugerido que era esse o
caso.
"Então, o que acontece com seus pais biológicos que você quer saber? Se
eles realmente são o único obstáculo à sua frente, o que lhe daria a paz de
espírito que você está procurando?"
Eu tinha pensado na pergunta de Jocelyn mil vezes na semana anterior.
Havia muito que eu queria saber sobre eles, mas tudo se resumia a uma
pergunta.
"Eu quero saber por que eles fizeram aquilo, Jocelyn. Preciso saber por que
eles me abandonaram naquela carruagem."
"E por que essa é a pergunta mais importante para você?"
"Olhe para os pais de Aiden e como eles o abandonaram. Veja como isso o
deixou emocionalmente confuso e olhe para mim. Não consigo nem me sentir
confortável tendo filhos por causa dos meus problemas. Se eu não descobrir
por que eles me abandonaram, tenho medo de acabar fazendo o mesmo."
"Sienna, você não vai abandonar seu filho", respondeu Jocelyn, apoiando a
mão no meu joelho. "Ao mesmo tempo, não vou mentir para você. Ser pai traz
incertezas."
"É como qualquer outra decisão que você toma na vida. O resultado nunca
pode ser garantido. Então, se é isso que você está esperando, acho que nunca
se sentirá pronta para começar uma família."
Será que era isso? Eu estava usando meus pais como desculpa?
Mesmo se estivesse, não poderia evitar o fato de que a ideia de ter um filho
não parecia certa para mim. Não agora, pelo menos.
"Você acha que estou pronta?" Eu perguntei, captando o olhar de Jocelyn.
"Você é a única que pode responder a essa pergunta, Sienna."
"Mas você me conhece, Jocelyn. E se eu estiver grávida? Preciso saber se
estou pronta."
"Está tudo bem se você não estiver," ela disse de forma tranquilizadora.
"É isso? E se minha mãe não estivesse pronta? E se for por isso que ela me
abandonou?"
De repente, a ideia de ter um filho crescendo dentro de mim tornou-se
assustadora. E se foi assim que minha mãe ficou grávida de mim? Eu ficaria
com ele? O que eu diria a Aiden?
As coisas estavam começando a melhorar.
Tudo isso estava errado.
Parecia errado.
Eu deveria estar muito feliz por estar grávida. Mas por que eu estava
sentindo aterrorizada em vez disso?
Isso não era normal. Por que eu não podia simplesmente me sentir feliz
como deveria?
Comecei a hiperventilar.
"Calma, Sienna," Jocelyn disse, esfregando minhas costas. "Respire
lentamente pela boca. Respire fundo, enchendo sua barriga."
"Não estou pronta, Jocelyn, não estou. Vou ter esse bebê e não estou
pronta."
"Você não precisa ter se não quiser, Sienna."
"O que você quer dizer? Eu não tenho escolha."
"Você sempre tem uma escolha. É o seu corpo."
Ela estava dizendo o que eu pensei que ela estava? Eu olhei em seus olhos
para ter certeza.
"Como eu disse, você não é a primeira loba que veio até mim sem querer
começar uma família." Eu agarrei a mão de Jocelyn. Eu estava pronta para que
ela me contasse o que eu já havia me convencido de que era verdade. "Diga-
me se estou grávida, Jocelyn."
"Tudo bem, deite no sofá", respondeu ela, colocando um travesseiro atrás
da minha cabeça. "Você precisa ficar quieta."
Observei enquanto Jocelyn levantava minha camisa e colocava as mãos
logo abaixo do meu umbigo. Suas mãos pareciam suaves e limpas contra
minha pele. Eu tremi, não acostumada a ser tocada tão clinicamente.
"Tente não se mover," ela repetiu, profundamente concentrada.
Senti a área sob suas mãos ficar dormente. Logo depois, um calor
desconfortável irradiou entre meus quadris.
Olhei para o teto, esperando que ela dissesse as palavras que eu temia, mas
sabia que viriam.
Fiquei lá pelo que pareceu uma eternidade, minha mente pensando em
tudo o que podia mudar na minha vida.
Eu odiava a Bruma, odiava o que ela tinha feito comigo, o quão fraca eu
tinha sido.
Quando percebi, Jocelyn estava enrolando minha camisa.
Ela olhou para mim e agarrou minha mão, seus olhos cheios de emoção.
Capítulo 43 – Um Tempo a Sós
Sienna
Não importa como eu me envolvia nos lençóis, eles se agarravam a mim
como uma centena de mãos indesejadas.
Mas quando os tirava, me sentia nua e com frio.
Eu vim direto para casa depois de deixar a casa de Jocelyn, na esperança de
encontrar conforto na minha cama. Mas tudo que eu fiz nas últimas horas foi
vagar a esmo.
Eu não conseguia afastar a preocupação de que alguma parte da minha
constituição biológica pudesse ter predeterminado meu fracasso como mãe.
De repente, ouvi o carro de Aiden estacionar na garagem.
Eu não esperava que ele estivesse em casa até mais tarde. Eu não queria
que ele me visse reagindo dessa maneira.
E eu estava preocupada em não ser capaz de me comunicar direito porque
estava sentindo esse mal-estar.
Assim que ele abriu a porta, ele chamou meu nome.
"Estou aqui em cima", gritei, tentando me recompor antes que ele me
visse.
Quando ele entrou na sala, olhei para ele e fiquei impressionada com o
quão escultural e bonito ele parecia.
Sua camisa de colarinho engomada se agarrava ao peito e se esticava ao
redor de seus braços, estreitando-se perfeitamente até a cintura fina. Seus
cabelos negros selvagens descansavam perfeitamente em cima de sua cabeça,
implorando para que eu corresse meus dedos por eles.
E o rosto dele, aquele rosto único que era tudo que eu queria ver quando
acordasse e antes de ir para a cama... E eu estava completamente bagunçada,
agarrada aos lençóis como uma criança.
"Você chegou em casa cedo," eu disse, tentando mantê-lo no foco.
"Você não estava atendendo ao telefone. Jocelyn disse que você poderia
estar aqui."
"Eu precisava de um tempo sozinha. Me desculpe se preocupei você."
Aiden caminhou até a cama e se deitou ao meu lado, sua mão poderosa
pousando no meu quadril. "Diga-me o que há de errado, Sienna."
Aquele era o momento. Eu tinha que ser honesta com ele.
"Minha menstruação atrasou."
Seu rosto ficou em branco por um momento antes de processar as
implicações. "Espere, você está dizendo que..."
"Eu pensei que eu estava. Eu fui para Jocelyn. Ela não viu nada. Ela disse
que é a Bruma atrapalhando meu ciclo."
"Tem certeza? Quer dizer, talvez fosse muito pequeno para ela ver."
"Tenho certeza, Aiden."
A luz em seu rosto se apagou e ele olhou para o meu travesseiro.
Percebendo as manchas de lágrimas ali, ele disse: "Está tudo bem. Você
não precisa ficar chateada. Podemos tentar novamente."
"Não é por isso que estou chorando, Aiden. E se for minha culpa? E se eu
não for mãe? Você já desistiu de tanto por mim, eu não quero que você tenha
que sacrificar crianças também."
"Claro, adoraria ter filhos com você um dia. Mas você é a coisa mais
importante para mim. Além disso, acho que você está esquecendo que somos
amigos, Sienna. Você está presa a mim para o resto da vida."
"Eu sei. E por isso que estou tão assustada, Aiden. E se houver algo na
minha família biológica que signifique que não posso ter filhos?"
"Não faria diferença, Sienna" — respondeu ele, sentando-se. "Você é
minha principal prioridade. Achei que tinha deixado isso bem claro."
Ele tinha, e eu sabia que era bobagem da minha parte pensar o contrário.
"Sei que você está nervosa por ter filhos, mas não estará sozinha, Sienna.
Estou aqui; sua família está aqui."
"Honestamente, também estou com medo, mas sei que mãe maravilhosa
você será e que, juntos, podemos resolver tudo."
Como ele poderia ter tanta certeza? Não havia como saber. Ele estava
apenas me dizendo o que eu queria ouvir para me acalmar?
Acho que ele percebeu a dúvida que pairava na minha expressão, porque
ele estendeu a mão para acariciar meu braço.
"Sienna, você não sabe o que levou seus pais a deixar você. Você nem sabe
se foi decisão deles."
Ele tinha razão. Eu meio que parti direto para a pior hipótese possível. Eu
simplesmente odiava sentir que estava decepcionando Aiden.
"Você tem razão. Sinto muito", eu respondi.
Aiden deitou-se novamente e aninhou-se ao meu lado.
"Você não acha que eu sou como meus pais, acha? " ele perguntou.
"Claro que não!" Eu respondi, quase rindo de quão ridícula era essa
pergunta.
Claro, ele tinha a mesma testa severa de seu pai e o gênio forte de sua
mãe... mas Aiden não era nada parecido com seus pais.
"Então, veja", disse ele, parecendo presunçoso, "não importa quem são
seus pais biológicos ou por que eles a deixaram. Você não é eles e vai ser uma
mãe incrível, não importa quando isso acontecer."
Eu rolei e beijei sua bochecha.
"Interessada em tentar isso agora? " disse ele, levantando uma sobrancelha.
Eu bati nele de brincadeira. Ele sempre tinha que estragar um bom
momento com seus comentários pervertidos.
"Era um momento fofo!" Eu disse, rolando para o outro lado.
Por um tempo, apenas ficamos ali deitados, com os braços pressionados
um contra o outro.
Eu sabia que ele estava certo. Quem quer que fossem meus pais biológicos,
não definia quem eu era, ou que tipo de mãe eu seria.
Mas eu ainda sentia aquele espaço vazio em meu coração.
Eu ainda queria saber quem eles eram.
***

Nessa época do ano, as árvores do parque haviam perdido as folhas. Tudo


o que restou foram aglomerados de esqueletos finos amontoados para se
aquecer.
Enquanto estava sentada pintando no parque, também me senti nua.
Selene sempre me disse que relacionamentos exigem trabalho duro, mas eu
pensei que ela estava sendo dramática.
Ela e Jeremy eram constantemente felizes e agora, com o bebê a caminho,
eles teriam a família que sempre quiseram.
Eles esperaram, no entanto. Ela e Jeremy estavam casados há três anos
antes de ela engravidar. Talvez isso fosse tudo de que eu precisava para
acalmar meus medos: um certo tempo para respirar.
Perdi-me nas pinceladas da minha aquarela. Foi relaxante ver os pigmentos
se misturarem e secarem.
Eu poderia escolher quais cores eu queria e os limites de onde elas se
espalhavam, mas sempre havia um grau de imprevisibilidade na forma como
elas se misturavam.
Eu nunca estaria totalmente no controle.
Mas a pintura ainda era linda.
Talvez eu precisasse ser mais parecida com minhas aquarelas.
Eu ainda podia ditar as coisas maiores, mas tinha que aceitar que sempre
haveria uma parte da minha vida que eu não conseguia controlar, uma mistura
de possibilidades.
A pintura à minha frente provou que nem sempre isso era ruim, que
poderia levar a belos resultados.
"Uau, seu trabalho é excelente", disse uma voz atrás de mim.
Eu me virei, esperando ver um dos muitos aposentados que visitavam o
parque durante a semana, mas em vez disso estava um homem bonito e bem-
vestido.
Seu cabelo loiro-branco imaculado estava penteado para trás e seus
penetrantes olhos cinza quase me colocaram em transe.
Ele não podia ser muito mais velho do que Aiden, mas havia alguma
característica nele que me fez sentir como se ele já tivesse vivido uma vida
inteira.
"Perdoe minha intrusão", disse ele, exibindo um sorriso arrojado. "Eu
estava passando e algo sobre a sua pintura me impressionou. Você é uma
profissional?"
Este não foi o primeiro estranho a me elogiar, mas de alguma forma seus
comentários pareciam meio exagerados e propositais.
"Eu sou," eu respondi. "Quer dizer, eu vendo algumas peças de vez em
quando."
"Mesmo? Onde posso ver mais do seu trabalho?"
"Eu tenho uma galeria em que você pode passar."
"Eu adoraria", ele respondeu calorosamente. "Este estará à venda?"
"Este?" Eu disse, corando. "Isso não é nada. Não é tão bom."
"Eu achei incrível", ele comentou. "Meu nome é Konstantin, a propósito."
"Sienna", respondi.
"Sienna, que nome adorável", disse ele, estendendo a mão enluvada.
Eu estendi a mão e sacudi.
"Acabei de me mudar para a cidade e tenho um apartamento com muitas
paredes vazias. Eu adoraria marcar uma visita à sua galeria algum dia.
"Aqui está meu cartão," disse ele, colocando a mão no bolso do casaco e
tirando um pedaço de papel cartão branco e elegante com letras em relevo.
"Você encontrará meu número na parte inferior."
"Sim, claro", respondi, sem saber o que fazer com seu intenso interesse
pelo meu trabalho.
"Bom. Estou ansioso para ver o resto de sua arte, se for como este
quadro."
Ele me deu um sorriso e saiu pelo caminho.
Havia algo estranho nele que eu não conseguia identificar, e isso me fez
querer saber mais.
Ele se portava de uma maneira tão refinada, mas também tinha um ar
misterioso.
Eu olhei para o cartão que ele me entregou e fiquei surpresa com o que
estava impresso lá:
Konstantin, Doutor em Psicologia, Terapeuta.
Especialização em conexão de mentes e mapeamento de memória.
Sem dúvidas, parecia impressionante.
Eu tracei a borda de seu cartão com meu dedo indicador, pensando no que
eu faria. Foi emocionante ter um cliente potencial interessado no meu
trabalho.
Mas havia algo estranho nele que eu não conseguia identificar...
Algo me diz que verei Konstantin novamente em breve.
Capítulo 44 - Arte Nebulosa
Sienna: Bom dia, Konstantin, aqui é Sienna Sienna: A artista do
parque
Konstantin: Claro! Como você está?
Sienna: Estou bem, obrigada
Sienna: Ainda tem interesse em passar na galeria?
Konstantin: Com certeza. Que horas é melhor para você?
Sienna: Hoje às 4?
Sienna: 1071 5th Ave
Konstantin: Perfeito. Até mais tarde, Sienna.
Sienna

Fiquei animada por conhecer um novo cliente, especialmente um com bom


gosto. Era uma boa distração de todos os meus pensamentos em torno de
meus pais biológicos.
Dito isso, eu ainda tinha que pôr em dia todas as tarefas administrativas
que havia atrasado, como a lista de caridade que Josh sempre me pedia.
Ele era um cara muito legal fora do trabalho, mas quando se tratava de
negócios da Matilha, acho que ele levava seu trabalho um pouco a sério
demais.
Eu tinha acabado de revisar as propostas e estava prestes a começar a
minha lista quando senti um formigamento estranho na minha coxa.
Parecia um espasmo muscular, mas não me lembrava de ter batido em nada
no início do dia e não fazia exercícios havia mais de uma semana.
Abaixei minha mão e comecei a massagear o local.
Ai, merda, então é isso.
O toque da minha mão contra a minha coxa desencadeou uma explosão de
prazer que se acumulou dentro do meu sexo e disparou pelo meu núcleo e em
meus seios, endurecendo meus mamilos e encurtando minha respiração.
Porra, cadê o Aiden? Não importa, eu não tenho tempo.
Eu voei para fora do meu escritório e me dirigi para as escadas, firmando-
me contra a grade enquanto seguia para os banheiros do porão. Não havia
escritórios naquele andar e, a essa hora do dia, todos haviam saído para
almoçar.
Eu precisava de privacidade urgentemente, e esse era meu melhor plano.
Eu pensei em resolver isso no meu escritório, mas eu estava exalando
hormônios, e toda a Matilha levaria dois segundos para saber o que estava
acontecendo atrás da minha porta.
O peso de cada passo foi ficando cada vez mais pesado, até que tive certeza
de que desabaria no chão.
Meu deus, essa escada ficou maior?
Eu tropecei no corredor e olhei para os dois lados do corredor de
mármore silencioso. A área estava limpa.
Naquela hora, minha pele estava em chamas, e todas as minhas partes
sensíveis estavam pulsando de tesão.
Encontrei o banheiro mais próximo e atravessei a porta.
"Olá?"
Perfeito, não havia ninguém aqui e, pela aparência e cheiro das coisas, todo
o lugar tinha sido limpo há menos de uma hora.
Eu me esforcei para entrar na cabine mais próxima e a fechei, então me
esforcei para puxar meu vestido para cima e tirar minha calcinha do caminho.
Merda, merda, merda.
Abrindo minhas pernas, mergulhei meus dedos profundamente em meus
lábios molhados e gemi na mesma hora.
Comecei a movimentar meus dedos para frente e para trás, acariciando
meu clitóris. Eu me segurei no vaso, massageando meus seios e imaginando
Aiden em cima de mim, empurrando para dentro, seus lábios dançando em
meu pescoço.
Fechando meus olhos, eu poderia jurar que comecei a sentir o cheiro dele,
seu almíscar flutuando em meu nariz, me excitando ainda mais. Eu acelerei
minha mão, esfregando-me desenfreadamente.
Isso! Porra! Isso!
"Eu sinto seu cheiro, mulher."
Minha mão parou. Prendi minha respiração. Aquilo era real?
Eu ouvi seus passos pesados se aproximando da porta.
"Você vai me deixar entrar?"
"Você vai ter que assoprar e assoprar se quiser que a porta se abra."
"Muito bem."
Em um instante, a porta foi arrancada de suas dobradiças e diante de mim
estava Aiden, enorme, as veias saltando de seus braços.
"Você está atrasado. " eu disse em um tom sexy. "Espero que não se
importe por ter começado sem você."
Um sorriso malicioso se espalhou pelo rosto de Aiden. "Tenho certeza de
que posso encontrar algo que me satisfaça."
● Ele se lançou para frente, mas eu fui mais rápida e o joguei contra a
parede do box.
Eu estava com muita vontade.
Abaixei-me e agarrei seu volume. "Vejo que você veio preparado."
"Isso é um problema?"
"De jeito nenhum. " Eu puxei seu cabelo e pressionei meus lábios contra
os dele, prendendo seu lábio inferior entre meus dentes e mordendo.
Senti seu aperto em mim mais forte enquanto ele sentia a dor. Ele
devolveu na mesma moeda mordendo meu pescoço. Soltei um gemido e puxei
sua cabeça para trás.
Agora era ele quem tinha me jogado contra a parede. Toda a estrutura
estremeceu com o impacto do meu corpo, mas não me importei.
Prazer e dor eram a mesma coisa para mim.
"Tire a camisa," eu ordenei, e enquanto Aiden a puxava pela cabeça, eu caí
de joelhos e desafivelei seu cinto.
Eu já podia ver sua ereção lutando contra suas calças, esperando que eu a
libertasse.
Ele puxou minha cabeça para trás pelo meu cabelo, enquanto eu tirava sua
calça e cueca. Eu o agarrei pela base e coloquei sua ponta contra meus lábios.
A respiração de Aiden estremeceu e eu o senti enrijecer ainda mais em minha
mão.
Eu o provoquei com minha língua, correndo ao longo de seu mastro,
deliciando-me em como seu rosto se contraiu sob a tortura.
Então eu coloquei tudo em minha boca, deslizando meus lábios para frente
e para trás enquanto acariciava com minha mão.
"Caralho, Sienna. É assim mesmo."
Eu adorava quando ele mostrava que estava gostando, mas não o deixaria
terminar. Eu ainda precisava dele para outras atividades.
Eu me levantei e lambi seu rosto. Ele rosnou e me empurrou de volta para
a cabine.
Ele me levantou no corrimão e deslizou a mão entre minhas pernas. Apoiei
um pé contra o vaso sanitário enquanto ele enterrava seus dedos
profundamente dentro de mim. Soltei um suspiro quando ele começou a
balançá-los para dentro e para fora.
"Mais forte," eu sussurrei em seu ouvido.
Eu estava ficando tão molhada que mal podia sentir seus dedos deslizando
dentro de mim.
Aiden pegou o ritmo, pressionando seus dedos firmemente contra as
paredes do meu sexo enquanto seu braço inteiro balançava para frente e para
trás.
Cada vez que sua palma batia contra meu clitóris, eu deixava escapar um
grito de alegria.
Eu agarrei sua garganta.
Ele não vacilou.
Eu apertei com mais força.
"Isso é tudo que você tem? " ele gritou.
Enfurecida com o desafio de Aiden, eu empurrei seus dedos para fora de
mim e o joguei na tampa do vaso sanitário.
Eu joguei minha perna sobre seu colo, então eu estava montada nele e me
agarrei aos corrimãos que ficavam nas laterais da cabine. Comecei a balançar
meus quadris, esfregando meu sexo molhado contra o dele.
A cabine inteira começou a tremer e eu tinha certeza de que a parede iria
cair.
Ele estava muito dentro de mim, nunca tinha estado tão profundo antes.
Meus músculos se contraíram enquanto eu me sentia cada vez mais perto de
gozar.
Os dedos de Aiden cravaram em meus lados, e eu sabia que ele não estava
muito longe também.
A pressão continuou a crescer dentro de mim, fervendo pelo meu corpo.
Meu coração disparou e senti minha pele começar a formigar.
Eu o montei ainda mais forte, jogando todo o meu peso contra ele em uma
fúria estúpida.
"Aiden, não pare. Não pare!"
O orgasmo me rasgou como um raio.
Meus braços se transformaram em geleia e eu desabei sobre meu
companheiro.
Aiden saiu com um grunhido e disparou seu fluido quente na minha coxa.
Ele pressionou seus lábios macios contra os meus e eu segurei seu beijo,
não querendo que acabasse.
Nós dois ficamos sentados ali, ofegantes, o suor escorrendo de nossos
corpos exaustos.
Aiden colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha e sorriu.
"Devemos voltar ao trabalho."
"Claro," eu respondi, deslizando para fora dele. "Eu não gostaria de privar
a Matilha de seu alfa. Vejo você mais tarde esta noite."
Eu dei um último beijo em sua bochecha e puxei meu vestido, então olhei
no espelho e ri.
Eu definitivamente precisava ir para casa e me limpar antes de encontrar
Konstantin na galeria.
***

Eu ainda estava organizando pinturas na parede quando ele entrou


vestindo um sobretudo azul-marinho elegante e um Fedora cor de carvão.
Cada vez que eu o via, ele parecia ter acabado de sair de um catálogo caro
de roupas masculinas.
"Não cheguei cedo demais, certo?"
"Não, de forma alguma. Estou atrasada. Por favor, entre."
Sua colônia cheirava a rosas e especiarias e tinha uma odor quase
inebriante.
Eu não sabia o que este homem tinha, mas ele não era como a maioria dos
lobisomens que eu conhecia. Na verdade, eu nem tinha certeza se ele era um
lobisomem.
"Este seu pequeno espaço é adorável."
"Obrigado, foi um presente do meu companheiro.
"Sim, ouvi falar dele. O estimado alfa."
Bem, parece que ele está por dentro do mundo dos lobisomens...
"Como você... "
"Você esteve em todas as notícias. A menos que eu esteja lendo sobre sua
irmã gêmea."
Claro, o que eu estava pensando? Eu tinha me desligado tanto daquela
zona que tinha esquecido que os jornais e blogs ainda estavam se recuperando
da coletiva de imprensa de Aiden.
Ser instantaneamente reconhecida era algo com o qual ainda precisava me
acostumar.
"Deve ser difícil", disse ele, lançando-me um olhar simpático. "Ter seu
histórico familiar examinado, ser desprezada, liderar uma Matilha sendo tão
jovem; é demais para uma pessoa só."
De repente, lembrei-me de que o cartão de Konstantin dizia que ele era
psicólogo e eu estava começando a me sentir meio examinada.
Eu queria mudar de assunto.
Mesmo que sua análise estivesse certa.
"Eu tento ignorar os tabloides," eu disse, evitando contato visual.
Ele deve ter percebido meu desconforto com o assunto porque não o
forçou mais.
"Você administra este lugar por conta própria? " ele perguntou.
"Por enquanto", respondi. "Talvez se eu começar a dedicar mais tempo, eu
contrate ajudantes. Agora é uma espécie de santuário pessoal."
"Adorável," ele respondeu, começando a caminhar ao longo da parede.
"Então, que tipo de peças você está procurando?"
"Como mencionei no parque, tenho uma cobertura que preciso decorar e
estou procurando algumas peças de destaque", respondeu ele, tirando o casaco
e o chapéu para revelar um terno preto ajustado.
Ele se aproximou de mim e começou a inspecionar as telas que eu acabara
de pendurar na parede.
"Você está procurando uma natureza-morta ou uma paisagem?" Eu
perguntei.
"Espero algo mais abstrato. Provocante. Assim", disse ele, apontando para
uma pintura no canto posterior da galeria.
Fiquei surpresa com sua escolha.
A pintura era uma que eu tinha feito há algum tempo: uma linda mulher
etérea com cabelos negros e olhos roxos assustadores.
Eve.
Eu não a via desde aquela noite, mais de um ano atrás, quando ela passou
na minha galeria. Eu não conseguia nem me lembrar do que tínhamos falado.
"Por que esse aqui? " Eu perguntei.
Ele acariciou o queixo ao se aproximar da pintura e ficar na frente dela.
"Ela fala comigo", ele respondeu enigmaticamente. "Acho que consigo ver
um pouco de mim mesmo nela."
Eve era a pessoa mais misteriosa que eu já conheci, então isso me deixou
ainda mais curiosa.
"Como assim?"
Konstantin se virou para mim e sorriu. Quando vi seus dentes, engasguei.
Presas.
"Pode-se dizer que há uma espécie de relação de sangue entre nós."
"Você... você é... um...", gaguejei.
Os olhos cinzentos de Konstantin brilharam entusiasmados.
"Eu sou um vampiro."
Capítulo 45 – O Elevador do Êxtase
Sienna
Fiquei parada na minha galeria, boquiaberta, enquanto Konstantin reprimia
uma risada.
De repente, todas as peças daquele misterioso quebra-cabeça se
encaixaram no lugar.
Seu comportamento atemporal...
Seu senso de estilo...
Seu nível de intuição quase psíquico...
Konstantin era um VAMPYRO.
"Vejo que deixei você sem palavras", disse ele, incapaz de conter a risada
por mais tempo.
Corei, me sentindo uma tola.
"Desculpe, eu só... nunca conheci ninguém como você antes," eu respondi.
Konstantin olhou para trás, para a pintura de Eve. "Você tem certeza
disso?"
"Espere, você quer dizer... ela era uma vampira também?"
Isso certamente explicaria muita coisa...
Konstantin assentiu. "Sim, mas ela é uma vampira com um i, não um y
como eu.
"Qual é a diferença? " Eu perguntei, percebendo que não sabia quase nada
sobre o mundo fora da minha bolha de lobisomem.
"Os vampiros nascem com o gene, enquanto os vampyros são transformados
por vampiros", explicou ele.
"Então alguém transformou você," eu disse, pensando em longas presas
afundando em meu pescoço.
Eu imaginei que fosse uma experiência muito diferente de ser marcada por
seu companheiro.
Konstantin sorriu melancolicamente. "Há muito tempo."
Eu estava morrendo de vontade de saber quantos anos ele tinha, mas não
tive coragem de perguntar. Eu não conhecia a etiqueta dos vampiros, e poderia
ser uma pergunta rude.
Ainda assim, eu tinha muitas outras perguntas a fazer.
"O que te trouxe aqui?"
Os olhos cinzentos de Konstantin quase pareceram prateados por um
momento, pois brilharam com intensidade. Ele parecia estar considerando a
resposta à minha pergunta, mas então ele finalmente falou.
"Estou abrindo meu consultório aqui", disse ele. "Viajei por todo o mundo
em busca de conhecimento e agora só quero ajudar outras pessoas a encontrar
o que procuram."
Ah, certo... Eu sempre esqueço que ele é um médico.
"Eu uso meus poderes para o bem", disse Konstantin. "Eu posso
desbloquear coisas na mente das pessoas que elas nem sabiam que estavam lá.
Posso agendar uma sessão com você, se desejar."
Meu coração começou a bater mais rápido.
Havia tanto sobre meu próprio passado que eu ainda não sabia.
Tantas perguntas pairando sobre a minha cabeça. De onde — e de quem
— eu vim.
Será que Konstantin poderia me ajudar a descobrir as respostas?
***

Deitei na cama olhando para o teto. Não conseguia parar de pensar na


minha conversa com Konstantin ontem.
Ele se ofereceu para me ajudar a resolver meus problemas como meu
terapeuta, mas eu estava meio insegura.
Eu nunca tinha pensado em fazer terapia.
Mas Konstantin não era um terapeuta comum...
Será que ele realmente poderia me ajudar a encontrar as respostas que eu
estava procurando?
Suspirei, tirando as cobertas e saindo da cama. Eu precisava me preparar
para uma reunião da matilha.
Coloquei meu vestido da noite anterior, que estava largado no chão, e
puxei-o sobre o meu corpo. Aiden entrou exatamente quando eu estava
fechando o zíper.
Ele se aproximou de mim por trás e puxou o zíper de volta para baixo.
"Aiden", eu disse em tom de censura. "É um milagre eu conseguir me
arrumar tendo você como meu companheiro."
Ele puxou a parte de cima do meu vestido para baixo e eu deixei meus
braços caírem nas mangas.
"Não vamos nos atrasar para a reunião?"
"Eles podem esperar", disse ele, colocando as mãos sobre meus seios
expostos. Eu não estava usando sutiã, e a sensação de suas mãos quentes
contra meu corpo acendeu minha Bruma.
Seus dedos brincaram com meus mamilos, circulando-os, esfregando-os.
Senti minha pele sendo apertada e o calor envolvente da Bruma começou a
me dominar.
Aiden trancou sua boca na minha e deixou nossas línguas dançarem uma
com a outra. Ele começou a me levar em direção à nossa cama.
Não tínhamos tempo para isso, mas meu corpo não deu a mínima para o
que eu estava pensando.
"Nós vamos nos atrasar," eu disse novamente.
"Vai ser rápido", respondeu ele, apertando minha bunda.
Meu vestido caiu no chão formando uma pilha novamente, e eu estava de
volta ao ponto de partida.
Em um movimento rápido, ele me empurrou para a cama e me prendeu
sob seu corpo. Senti o peso de seus quadris pressionando contra meu sexo.
Ele colocou sua boca em meus seios, sugando suavemente meus mamilos.
Eu gemi em êxtase.
Meu deus, por que a Bruma sempre me faz perder a cabeça?
Envolvi minhas pernas em torno de Aiden enquanto ele distribuía beijos
pelo meu abdômen até chegar ao meu sexo.
Sua língua me lambeu e eu ficava mais molhada a cada segundo.
Então seus dedos começaram a brincar com meu clitóris e meu corpo
parecia que estava voando através das nuvens.
"Aiden... nós... temos... que... ir." Eu mal conseguia falar entre meus
gemidos incontroláveis de prazer.
Ele finalmente afastou o rosto do meu sexo e olhou para mim.
"Amor, quando a Bruma chega, não dá para ignorar."
"Olha, a Bruma vai ter que esperar desta vez porque eu realmente quero
levar meus deveres a sério," eu disse. "A matilha está finalmente começando a
confiar em mim, e eu não quero perder isso."
Aiden suspirou, sentando-se e apertando minha coxa com ternura. "Certo.
Mas não diga que não te avisei."
Aiden
Eu não gostava dessas reuniões inúteis. Eu preferia agradar minha
companheira.
Josh, no entanto, insistiu nessas recapitulações semanais, onde todos no
conselho atualizavam uns aos outros sobre o que haviam conquistado durante
a semana e mencionavam todos os tópicos que gostariam de discutir com o
grupo.
Eles eram normalmente monótonos e não tinham muito valor para mim, e
era por isso que eu não ligava se Sienna e eu estivéssemos alguns minutos
atrasados.
Eu os tolerava porque podia sentir que Josh estava tentando provar a si
mesmo.
Essas reuniões deram a ele um pouco de controle — algo que ele poderia
possuir.
Eu não agi com nenhuma má vontade. Suas motivações faziam sentido.
Por grande parte de nossas vidas, ele era aquele a quem eu recorria quando
precisava de um conselho ou de alguém com quem desabafar. Mas isso mudou
no ano passado, quando ele me traiu.
Agora eu tinha Sienna para preencher esse papel e percebi que às vezes ele
se sentia posto de lado.
"Sienna, você terminou a lista de caridade?" questionou Josh, erguendo os
olhos da planilha.
Por todos nós, Sienna. Por favor, diga sim.
"Eu estava prestes a mandar para você, acabei me distraindo. Mas está
praticamente pronta. Amanhã cedo eu te entrego."
"O que te distraiu? " perguntou Josh.
Sienna corou e me lançou um olhar tímido. "Não me lembro exatamente."
"Tudo bem. Consegue enviá-la hoje antes de sair?"
"Claro."
"Se você precisar de ajuda para colocar em dia qualquer coisa, é só me
avisar e eu te ajudarei."
"Combinado. Josh. Obrigada."
Eu tinha que dar o braço a torcer. Sienna havia aprendido a ambiguidade
passivo-agressiva da Casa da Matilha mais rápido do que o esperado. Era
estranhamente atraente, na verdade.
"Terminou, Josh?" Eu perguntei, tentando acelerar as coisas para que eu
pudesse levar Sienna para casa e continuar de onde paramos.
"Sim, não tenho mais nada na minha lista, a menos que alguém tenha
outros tópicos", respondeu ele, olhando em volta. "Ótimo, nesse caso, reunião
encerrada."
Josh
Achei que estava sendo bastante razoável, mas Sienna me irritou. Eu não
sabia como ser mais legal.
Eu dei a ela uma saída fácil. Por que ela não aceitou?
Era como se ela não levasse sua posição a sério.
Uma posição que costumava ser preenchida por mim.
Eu precisava de Michelle. Ela sempre soube como me acalmar quando eu
ficava assim.

Josh: Ela ainda não tinha terminado a lista (emoji de raiva)


Michelle: Ah, relaxa rs
Josh: Foi mal, eu precisava desabafar Josh: É como se Aiden
nem se importasse Josh: Eu tô dando o maior duro e ela não
consegue fazer uma lista Michelle: Muita coisa rolou com ela
nos últimos meses Josh: Eu sei, mas ela é a LUNA
Josh: Aparentemente, Aiden quer que ela seja sua nova beta
também...
Josh: Eu gostaria que ele apenas dissesse Michelle: você não
foi o único que teve que se ajustar Michelle: Si sempre foi
quietinha, mas agora tá famosinha Michelle: Eu basicamente
vivo na sombra dela Josh: Isso não é verdade
Josh: Você sempre será meu raio de sol Michelle: para de
graça
Josh: Você adora
Michelle: Vem logo pra casa. Eu tenho uma surpresa para
você
Sienna
Eu não conseguia acreditar que estava fazendo isso. Josh não iria nem
olhar para isso até de manhã.
Na verdade, pelo jeito que ele estava me importunando, eu não tinha tanta
certeza. Ele realmente se importava em doar para instituições de caridade ou
estava tentando me dar uma bronca na frente de todos.
Tudo porque ele errou e estava tentando fazer as pazes.
Antes de Aiden e eu termos acasalado. Josh e eu já estávamos meio
brigados. Eu o achava um idiota, e ele me achava uma cabeça de vento.
Mas depois que passamos mais tempo juntos, aprendemos a tolerar um ao
outro. Quer dizer, nós fomos obrigados a isso.
Josh não era apenas o melhor amigo de Aiden, mas também estava
acasalado com minha melhor amiga, Michelle. Em outras palavras, nossos
relacionamentos pessoais dependiam de nós dois nos darmos bem.
E Josh não entendia que eu estava lidando com muitas dúvidas e
inseguranças.
Ninguém entendeu, realmente — eu incluída.
Eu estava dando o meu melhor para ser uma boa Luna, mas precisava
começar a aceitar ajuda.
Razão pela qual decidi que precisava finalmente confrontar meus
problemas em vez de varrê-los para debaixo do tapete.

Sienna: Oi Konstantin
Sienna: Sua oferta de agendarmos uma consulta ainda está
de pé?
Konstantin: Claro!
Konstantin: Quando você pode?
Sienna: Você está livre agora?

Dentro do elevador, pressionei o botão da cobertura.


A julgar pelo hotel, o apartamento de Konstantin deveria ser mais luxuoso
do que eu imaginava.
Quando o elevador começou a subir, comecei a sentir uma sensação de
formigamento nas coxas.
Será que eu estava nervosa por causa da minha primeira sessão de terapia?
Você consegue, Sienna. Não há nada com que se preocupar
Além, é claro, do calor lento que começou a me derreter enquanto
rastejava pelo meu corpo. Meu estômago tremia e eu estava com dificuldade
para respirar.
O rosto de Aiden brilhou diante de mim e eu o senti. Senti suas mãos
acariciando meu pescoço, meus seios, minha barriga... meu sexo.
Que porra é essa?
O elevador continuou subindo, chegando cada vez mais perto do
apartamento de Konstantin.
Para meu horror, meu corpo abraçou o toque fantasma de Aiden.
Comecei a transpirar e me senti à disposição de suas carícias. Seu cheiro
encheu meu nariz e seu rosto preencheu minha imaginação. Eu não pude
escapar disso. Eu não queria escapar disso.
Eu estava queimando em minhas roupas. Se eu não as tirasse, iria sufocar.
Eu desabotoei minha blusa enquanto desabava no chão, ofegando por ar.
As pontas dos dedos de Aiden dançaram ao longo da minha coxa e
traçaram o lado de fora dos meus lábios.
Eu estava ficando louca de desejo e não conseguia parar o que estava
acontecendo.
Aiden estava certo antes...
Quando a Bruma chega, não dá para ignorar.
E agora minha Bruma estava ainda mais forte do que antes.
Tentei apertar minhas pernas o mais forte que pude, lutando contra a
sensação do toque de Aiden, mas minha calcinha estava ficando molhada.
O fogo estava ameaçando me consumir, e eu precisava de um alívio antes
que eu explodisse.
Aqui não! Agora não, cacete!
DING!
Ai, meu deus...
O elevador chegou ao último andar e as portas se abriram.
E Konstantin estava bem na minha frente.
Capítulo 46 – Perguntas
Sienna
Eu estava sentada no chão do elevador, minhas pernas abertas, a blusa
desabotoada, o suor escorrendo pelo meu peito e em meu decote.
E meu novo terapeuta estava parado ali na minha frente, completamente
confuso.
Tem como estar mais desesperada do que isso?
"Sienna... você está bem? " ele perguntou.
Eu me levantei, tentando ignorar as ondas de prazer implacáveis que ainda
estavam me balançando.
"Estou bem," eu disse rapidamente. "Posso usar seu banheiro?"
Mantenha a calma!
"Claro, fica no final do corredor, à esquerda", respondeu ele, ainda
parecendo preocupado.
Passei por ele imediatamente, mas cada passo me deixava mais tonta.
Concentre-se em outra coisa!
A entrada da cobertura era adornada com estátuas de mármore grego, que
pareciam ter sido realmente importadas do Partenon.
Na verdade, todo o seu apartamento estava repleto de arte rara de
diferentes épocas ao longo do tempo.
Como ele conseguiu tudo isso?
Acho que ser um vampiro tem suas vantagens.
Virei à esquerda no final do corredor e dei de cara com o banheiro. Depois
de entrar, fechei a porta e tranquei-a.
A Bruma se espalhou por cada centímetro do meu corpo, me fazendo
desistir.
Eu precisava de Aiden ao meu lado. Eu precisava de Aiden — dentro de
mim.
Era difícil demais aguentar.
Eu deslizei para o chão e respirei fundo.
Tudo que eu queria fazer era mergulhar meus dedos no meu sexo e fazer
ali mesmo, mas resisti.
1, 2, 3... e respira.
1, 2, 3... e respira.
1, 2, 3... e...
A Bruma finalmente começou a diminuir e, com ela, minha ansiedade.
Meu corpo parecia que tinha acabado de retomar da guerra — uma guerra
que quase perdeu.
Essa é a ÚLTIMA vez que vou adiar o sexo durante a temporada.
Eu vim aqui para fazer terapia, não para criar mais razões para precisar
dela.
Konstantin deve achar que sou louca.
Levantei-me e endireitei minhas roupas enquanto caminhava até o espelho.
Eu estava completamente bagunçada.
Eu rapidamente abotoei minha camisa e amarrei meu cabelo em um rabo
de cavalo.
Dá pro gasto.
Eu destranquei a porta e voltei para o corredor. Eu vi Konstantin sentado
no que parecia ser um escritório. Era tão impressionante quanto sua entrada.
Quadros e artefatos adornavam as paredes. Os móveis pareciam ter vindo
do Palácio de Buckingham. As prateleiras estavam cheias de centenas de livros
grossos.
"Você realmente leu tudo isso?" Eu perguntei, entrando no escritório e
passando meu dedo pelas lombadas do livro.
"Sou mais velho do que pareço", disse ele com uma risada. "Tive muito
tempo."
Konstantin apontou para uma cadeira em frente a ele e eu me sentei.
"Você está... melhor?" ele perguntou hesitante.
"Sim, é que eu precisava muito fazer xixi," eu respondi, tentando me
esquivar.
Konstantin sorriu para mim e juntou os dedos. "Desculpe pela
inconveniência. Eu não tive a chance de montar meu escritório ainda, então
estou conduzindo minhas sessões em casa por enquanto."
"Não precisa se desculpar. Este lugar é deslumbrante," eu disse.
Houve um momento de silêncio enquanto Konstantin me estudava. Era
como se ele estivesse tentando me ler, como se eu fosse um de seus livros.
"O que a traz aqui, Sienna?"
Bom, acho que vamos direto ao assunto.
Eu me sentia um pouco estranha por não saber como as sessões de terapia
funcionavam.
"Eu... eu não tenho certeza," eu disse.
Konstantin assentiu. "Tudo bem. Não há respostas certas ou erradas. Na
verdade, você não precisa ter respostas. É por isso que você está aqui."
Isso me fez sentir um pouco melhor, mais à vontade.
"Acho que... me sinto perdida", eu disse.
"Como assim?"
"Bem, você meio que acertou em cheio quando estava na minha galeria
outro dia."
Konstantin não falou, apenas ouviu, então continuei.
"Tornar-se Luna, forçada a ser o centro das atenções, sem saber quem são
meus pais biológicos..."
"Seus pais", disse Konstantin, me detendo. "Diga-me sobre eles."
"É esse o problema... eu não posso. Não sei nada sobre minha origem."
"Você não tem nenhuma memória deles?"
"Nenhuma", respondi. "Eu tentei cavar o mais fundo que pude para
encontrar nem que seja um fragmento de memória, mas nunca consegui."
"Isso deve ser frustrante," Konstantin disse, em um tom simpático.
"Eu sempre quis saber quem eram meus pais biológicos, mas não pensava
muito nisso", disse eu. "Mas quando me tornei Luna, esse meu desejo só
aumentou."
"Você acha que esse desejo veio à tona como resultado de sua relação com
a mídia?" Perguntou Konstantin.
Eu concordei. "Quando eles começaram a fazer perguntas... surgiram todas
aquelas que eu tinha medo de fazer a mim mesma."
Konstantin já estava começando a chegar à raiz dos meus problemas.
Eu deixei isso me afetar por muito tempo, e só falar sobre isso já estava me
deixando mais leve.
Inclinei-me para a frente e olhei Konstantin diretamente nos olhos. "Você
disse antes que usa seus poderes para ajudar a desbloquear a mente das
pessoas. Para encontrar coisas que eles nem sabiam que estavam lá."
"Sim", disse ele. "Mas não é tão fácil assim. O processo pode ser um
pouco... intenso. Não é para todos. Você deve ter certeza absoluta de que pode
lidar com isso."
Eu não queria que isso me impedisse mais.
Eu precisava da verdade.
Mas será que eu estava pronta de verdade para isso?
Aiden
Minhas patas batiam no chão lamacento enquanto eu ziguezagueava para
dentro e para fora da floresta densa.
Adorei a sensação do vento soprando em minha pele.
A sensação dos meus sentidos em seu ponto máximo.
A emoção da caça.
Eu sempre tinha pressa em sair em patrulha com meu beta, mas ainda mais
quando envolvia uma perseguição — e esta noite, não tínhamos a menor ideia
do que estávamos perseguindo.
"Josh, você está vendo alguma trilha?" Eu perguntei, me comunicando através de
nossa conexão mental.
"Nenhuma" respondeu ele, disparando de um arbusto próximo e se
juntando a mim em minha perseguição. "Não acho que essa coisa esteja a pé — se é
que ela tem pés."
"Estou sentindo o cheiro de alguém logo à frente. Há mais de um cheiro," eu disse,
farejando o ar. "Um é definitivamente um lobisomem. Mas o outro...
No ano passado, eu me tornei ciente da existência de outras criaturas, algo
anteriormente conhecido apenas pelos Lobos do Milênio, e com o que
Raphael me contou sobre o quão perigosos os vampiros podem ser...
Eu estava pronto para tudo.
Seguimos em direção a uma clareira. "Estamos quase che..."
De repente, um raio de luz explodiu em toda a floresta, nos cegando
completamente. Foi como se o sol tivesse parado bem em cima de nós.
Perdi o equilíbrio e bati em uma árvore, rolando no chão. Eu ouvi Josh
uivando; deveria ter acontecido o mesmo com ele.
"Que porra foi essa? Josh, continue uivando para que eu possa te encontrar!"
O flash sumiu de repente, mas minha visão ainda estava se ajustando.
Quando meus olhos finalmente voltaram ao normal, eu vi que Josh já havia
se transformado, ele estava nu e deitado no chão. Me transformei na forma
humana e o ajudei a se levantar.
"Você se machucou, amigo?"
"Apenas alguns arranhões." Josh sorriu. "Acho que precisamos informar
que é proibido tirar fotos com flash por aqui."
"Mantenha seus sentidos alertas. Podemos estar sob ataque" eu rosnei
quando comecei a me transformar novamente.
"Aiden, espere! " Josh me parou. "Atrás de você."
Eu me virei para ver o que Josh estava olhando.
Uma mulher, deitada sozinha na clareira, gravemente ferida e mal
conseguindo sobreviver.
Jocelyn
Na maior parte do tempo, não me deixava desconfortável ver meus dois
ex-namorados juntos.
Mas quando eles atravessaram a porta do meu escritório na Casa da
Matilha completamente nus, carregando uma mulher igualmente nua, eu fiquei
mais desconfortável do que nunca.
"Jocelyn, precisamos de sua ajuda," Aiden gritou, colocando a mulher
machucada e ensanguentada na minha mesa. "Ela não está se movendo."
"O que foi que aconteceu?" Eu gritei.
"Não há tempo para explicar", respondeu Josh. "Ela está gravemente
ferida. Ela não vai sobreviver se você não fizer algo agora."
Ele estava certo. Não era hora de explicações. Eu entrei em ação e coloquei
minhas mãos acima de seu coração, transferindo um pouco da minha energia
para ela.
Ok, pelo menos há batimento cardíaco.
Quem quer que a tenha atacado assim deveria ser um verdadeiro monstro.
Ao examiná-la em busca de mais ferimentos, percebi que, apesar de sua
aparência selvagem, essa mulher era incrivelmente bela.
Quando abri suas pálpebras para verificar suas pupilas, engasguei de
surpresa. "Meu deus, ela é..."
"O quê? " Aiden questionou.
"Ela é uma loba ômega."
Uma ladina. Uma loba sem Matilha.
Capítulo 47 - Deixe-me Entrar
Jocelyn
Terminei de colocar as folhas de sálvia em volta da loba ômega e coloquei
um cristal de quartzo na base de seus pés.
Minha mãe me ensinou esse ritual quando eu era apenas uma criança. Ela
disse que se eu estivesse perdida ou sozinha, isso me guiaria de volta a um
lugar seguro.
Eu não sabia se o ritual dela se aplicava a esta situação, mas eu tentei de
tudo nas últimas vinte e quatro horas, e nada funcionou.
Aquela lobo ômega estava muito sozinha, e eu estava tentando trazê-la de
volta à consciência, então talvez isso bastasse. Ou talvez eu acabasse fazendo
papel de tonta.
Os lobisomens se curavam rápido, mas esta havia levado uma surra. Eu
não conseguia imaginar o que tinha feito isso, mas Aiden e Josh estariam
esperando respostas de mim, e agora, tudo que eu tinha eram perguntas.
"Quem é você?" Expressei meu pensamento em voz alta. "Eu não posso
simplesmente continuar chamando você de loba ômega, posso? Aposto que você
tem um nome lindo."
Esta mulher misteriosa me encantou. Eu me perguntei como ela soaria se
pudesse falar.
Como ela corria em forma de lobo.
Qual era sua refeição favorita.
Sua flor favorita.
Deus, o que há de errado comigo? Talvez eu mesma precise ir ver um curandeiro.
Comecei a arrumar minhas coisas. Já estava tarde, ou melhor, cedo demais.
Eu já estava delirando.
"Se eu continuar falando com pacientes inconscientes, posso ter meu status
de curandeiro revogado", disse a ninguém em particular.
"Bem, isso seria uma merda. Quem me faria companhia?"
Deixei cair minha bolsa, fazendo com que minhas ervas medicinais e
pomadas se espalhassem por todo o chão.
"Ai, meu deus, você é — você é...," gaguejei.
"Nina", disse ela, lutando para se apoiar em um cotovelo. "Ou você ainda
prefere loba ômega?"
Nina. Que nome lindo.
O lençol fino que a cobria começou a deslizar por seu torso nu, e isso me
fez corar.
Sua pele era escura e brilhante, como o céu noturno, e seus mamilos como
estrelas cintilantes — eu queria me perder em suas galáxias.
"Olá, chamando a Doutora Distraída. Meus olhos estão aqui" ela disse
vacilante.
"Eu só estava... apenas examinando suas feridas" eu gaguejei rapidamente,
tentando me recompor. "Escute... você não deveria tentar se sentar. Você ainda
está muito ferida."
"Ah, isso? É só um ferimento na carne" ela disse, apontando para um
enorme corte em sua coxa. "Nada que eu não possa..."
Nina estremeceu de dor ao tentar sair da cama e suas pernas se dobraram,
mandando-a diretamente para meus braços.
Eu tinha certeza de que todo o sangue em todo o meu corpo havia se
deslocado para o meu rosto enquanto eu segurava Nina em meus braços. Não
tinha como ela não perceber o maldito rosto cor de morango olhando para ela.
"Eu gostei do seu atendimento, doutora." Nina cerrou os dentes enquanto
transferia seu peso para mim e me permitia colocá-la de volta na cama.
"Você sempre faz piadas, mesmo quando está prestes a sangrar?" Eu
perguntei em tom de censura.
"Isso ajuda a esquecer da dor", ela respondeu. "Você tem alguma outra
maneira de me distrair da dor?"
Eu cruzei meus braços. "Se você está sugerindo drogas, saiba que eu
não…"
"Eu ia sugerir que você se sentasse aqui e falasse comigo por um tempo".
Nina sorriu.
"Ah, bem, ok. Acho que posso fazer isso", eu disse, me sentindo uma
idiota.
Falar não era uma ideia tão ruim. Eu precisava descobrir quem era essa
mulher pelo bem de Aiden e pela segurança da matilha.
Ou eu estava apenas dizendo isso a mim mesma para justificar minha
curiosidade? Eu não conseguia tirar meus olhos de Nina desde que ela havia
chegado.
"Então, quem começa? Você prefere verdade ou desafio?" Nina perguntou,
felizmente se cobrindo com um cobertor grosso.
"Eu começo, Nina, mas isso não é um jogo. Se você quer que eu continue
tratando você, precisa me dizer o que aconteceu", eu disse em um tom sério.
"Você quase morreu. Preciso saber o que fez isso com você e se ainda está
por aí."
Nina rolou, evitando contato visual comigo. "Caçadores", ela murmurou.
"Caçadores Divinos?"
"Sim. eles estavam me rastreando — quase me pegaram. Seu alfa deve tê-
los assustado", disse ela. "Qual o nome dele?"
"Aiden", respondi, já querendo falar sobre qualquer coisa além do meu ex.
"Conte-me mais sobre os Caçadores."
"Apenas humanos comuns que odeiam o que não entendem," ela rosnou.
Este foi o primeiro indício de raiva que vi em Nina.
Sentei-me na beira da cama, de repente sentindo uma atração emocional
por ela.
"Colocando minhas funções de curandeira de lado por um momento,
posso te perguntar algo pessoal?"
Nina parecia intrigada. "Claro, manda ver."
"O que aconteceu com sua mochila? Por que você está sozinha? Quer
dizer, sozinha na selva. Sem matilha."
Ela suspirou, parecendo desapontada.
Droga, eu poderia ter formulado isso de uma forma muito mais eloquente. Eu tinha
mesmo que perguntar a ela por que ela estava sozinha? Era uma pergunta que
eu tinha que responder com muita frequência.
"O que você está realmente tentando perguntar é por que fui exilada,
certo? Os lobos não correm por aí sozinhos, a menos que sejam forçados."
"Se você não se sentir confortável em dizer, não vou me intrometer", eu
disse, pensando em como Aiden provavelmente a estaria interrogando em uma
cela agora se soubesse que ela estava consciente.
"Não, está bem. Eu serei honesta. Eu fui pega roubando. Eu sou uma
ladra", ela disse abruptamente. "E das boas. Não me orgulhoso disso —A ok,
talvez me orgulhe um pouco — mas fiz o que tinha que fazer para minha
própria sobrevivência.
"Eu aprendi há muito tempo que ninguém vai cuidar de você, então é
melhor você aprender a fazer isso sozinho."
"Você não tinha alguns membros da família a quem pudesse recorrer para
pedir ajuda?" Eu perguntei, me aproximando dela.
Nina franziu a testa com a menção de família. "Eu estava morta para meus
pais anos atrás, e eles estão mortos para mim também. Eu não tenho família."
Aiden
Meu estômago roncou de expectativa com a propagação de macarrão e
pães assados colocados diante de mim.
A mãe de Sienna era uma cozinheira muito boa e, embora eu tenha
protestado contra esses jantares semanais em família inicialmente, sua família
se tornou algo importante para mim.
Comecei a considerá-los como parte da minha.
Eu iria devorar o espaguete, mas Melissa bateu na minha mão.
"Calma, Aiden, temos que esperar por todos", disse ela com firmeza.
"Selene e Jeremy ainda não chegaram."
Se for para comer mais cedo, posso dar menos trabalho para o Jeremy na Casa da
Matilha.
Eu me virei para Sienna, que estava perdida em pensamentos. Ela tinha
estado assim o dia todo. "Você está se sentindo bem?" Eu perguntei,
colocando minha mão na dela.
"Estou bem. Apenas repassando algumas artes para um cliente na minha
cabeça" ela disse, forçando um sorriso.
Os sons da porta da frente batendo e de saltos altos batendo no chão de
madeira ecoaram pelo corredor.
Pronto, chegamos. Desculpe pelo atraso — bufou Selene, puxando Jeremy
para a sala de jantar e sentando-se em sua cadeira sem respirar.
Jeremy me deu um aceno estranho. Ele ainda não havia se acostumado
com o fato de seu chefe estar no jantar de família.
"Tudo bem, eu declaro oficialmente esta refeição iniciada." Robert sorriu.
"Mandem ver!"
"Finalmente," eu rosnei. "A culinária da Melissa é uma obra de arte que
necessita ser apreciada."
"Ah, pare," ela riu. "Você devoraria qualquer coisa que fosse colocada na
sua frente."
Eu olhei para Sienna novamente. Ela mal tocava na comida.
O que diabos está acontecendo com ela hoje?
"Ei, mãe, pai, eu tenho uma pergunta", disse Sienna, falando com cuidado.
"O que aconteceu naquele dia em que você me encontrou abandonada do lado
de fora do hospital?"
A sala ficou desconfortavelmente silenciosa e os pais de Sienna se
entreolharam com apreensão.
"Por que perguntou isso do nada, querida? " Robert questionou.
Eu me perguntei o mesmo. Eu sabia que Sienna tinha pensado muito em
seus pais biológicos ultimamente, mas eu não tinha certeza se um jantar com
sua família inteira era o lugar certo para perguntar sobre eles.
"Eu só queria saber mais sobre de onde eu vim — de quem eu vim", ela
disse calmamente. "Meus pais... eles deixaram um bilhete? Eles se
arrependeram de me abandonar? Você nunca me contou detalhes."
Observei Melissa ficar tensa após Sienna usar a palavra pais para se referir a
outras pessoas.
"Por que isso importa?" Eu perguntei, irritado. "Quem quer que tenham
sido, eles foram uns merdas abandonando você, e eles merecem morrer de
arrependimento."
Os olhos de Sienna brilharam como um vulcão.
Foda-se.
Na verdade, esperava que as chamas começassem a sair de seus olhos a
qualquer segundo.
Selene e Jeremy trocaram olhares.
"Você não sabe nada sobre eles — gritou Sienna." Só porque seus pais
biológicos são um pesadelo, não significa que os meus sejam."
Sienna empurrou a cadeira para trás, raspando-a no chão, e se levantou
furiosa.
"Onde diabos você pensa que está indo?" Eu rosnei com raiva.
"Terapia! " ela gritou.
TERAPIA?!
Levantei-me para segui-la, mas ela já estava na metade do corredor.
"Sienna, espere!"
Ela parou, mas não se virou. Quando coloquei minhas mãos em seus
ombros, a senti relaxar ao meu toque.
"Sinto muito", eu disse. "Não sabia que era um assunto tão delicado."
Sienna se virou para mim e ela tinha lágrimas nos olhos.
Eu a puxei para perto do meu corpo, segurando-a com força. "Diga-me o
que se passa."
"Há muito tempo que estou lidando com essa dor sozinha", disse ela.
"E é por isso que você vai para a... " Foi difícil para mim dizer a palavra em
voz alta por algum motivo.
"Terapia", disse ela calmamente.
"É algo que eu fiz?" Eu perguntei. "Porque se eu …" — "Não, Aiden...
não é sobre você. Eu prometo."
Seu tom era reconfortante, mas eu ainda sentia que estava falhando com
ela de alguma forma.
"Eu só preciso trabalhar alguns problemas e acho que a terapia é a melhor
maneira", disse ela.
Eu levantei o queixo de Sienna para que eu pudesse olhar em seus olhos.
Eu queria tirar toda a sua dor e tristeza sozinho. Jamais queria ver lágrimas
naqueles lindos olhos, a menos que fossem de felicidade.
Mas talvez eu precisasse dar um passo para trás desta vez — deixar Sienna
lidar com isso do seu próprio jeito.
Suspirei e dei um beijo na testa dela. "Eu vou te apoiar, se isso é o que
você acha melhor para você."
Sienna agarrou meu colarinho e ficou na ponta dos pés, pressionando seus
lábios contra os meus.
Depois que ela finalmente se afastou, ela sorriu. "Obrigada."
Sienna
Eu estava sentada em frente a Konstantin em seu escritório novamente,
mas desta vez eu sabia por que estava aqui.
Eu sabia o que queria.
"Você tem certeza disso? " Perguntou
Konstantin. "Eu já avisei, isso vai ser intenso. Você pode não gostar do que
encontrará — mesmo estando na sua própria cabeça."
"Tenho certeza", respondi. "Ajude-me a desbloquear minhas memórias.
Quero saber quem são meus pais biológicos."
Konstantin assentiu e então fixou seu olhar no meu. Seus olhos brilharam
com aquele prata intenso que surgia quando ele estava focado.
"Muito bem, vamos começar. Primeiro, você deve abrir sua mente para
mim."
Quase caí da cadeira quando a voz de Konstantin de repente ecoou em
minha cabeça.
"Você tem que me deixar entrar."
Capítulo 48 - Mémorie
Sienna
A Torre Eiffel parecia absolutamente deslumbrante do meu ponto de vista do Rio Sena
— a estrutura magnífica brilhando no céu noturno.
Eu imaginei que o ar estava realmente fresco naquela noite. Todo mundo estava
embrulhado em seus casacos e cachecóis.
Eu estava apenas de jeans e uma camiseta, mas não conseguia sentir nada de qualquer
maneira.
Ou cheirar.
Ou experimentar.
Foi uma sensação estranha, ser capaz de ver tudo, mas não ser capaz de sentir nada.
Essa era a desvantagem de estar na memória de outra pessoa.
Eu assisti enquanto Konstantin passeava de braço dado com uma bela mulher próximo
ao Sena. Eu me perguntei quem ela era.
Uma modelo?
Uma atriz?
Uma ex-amante, talvez?
Quando eles entraram em um beco, comecei a segui-los. Para onde eles poderiam estar
indo, tão tarde da noite?
Antes que eu pudesse descobrir, fui arrancada do chão novamente e senti a
terrível sensação de ser forçada a passar por um buraco de fechadura.
***

"Por que você me tirou tão cedo?" Eu perguntei, aborrecida, quando me vi


sentada em frente a Konstantin em sua poltrona de veludo. "Eu queria ver
mais de Paris. Foi incrível."
"Sim, sempre posso mostrar mais, Sienna. Posso mostrar a você quase
qualquer lugar que você possa imaginar. Existem poucos lugares neste mundo
que eu não tenha conhecido", disse Konstantin.
"Onde você estava indo com aquela mulher?" Eu perguntei. "Ela era
linda."
"Ah, apenas uma festa, tenho certeza", disse ele, acenando com a mão
como se não fosse nada.
"Parecia tão real," eu disse, ainda hipnotizada pela memória. "É assim que
vai ser quando eu entrar em minhas memórias?"
"Sim," Konstantin assentiu. "Eu queria mostrar a você como seria. Posso
usar meus poderes para ajudar a trazer memórias à vida, mas quando
estivermos em sua cabeça, você será a única no controle."
"Como vou saber que memória devo procurar?"
"Isso pode parecer bobagem, mas você seguirá seu coração — literalmente.
Sua mente criará um guia que assume a forma de alguém em quem você confia
e que a levará ao que seu coração mais deseja."
Minha cabeça estava girando. Essa coisa de vampiro era muito nova para
mim, e mesmo para um lobisomem, era meio fantástico.
"Eu nunca soube que vampiros eram tão... mágicos."
Konstantin riu da minha escolha de palavras. "Nem todo mundo pensa
assim. Por anos, os vampiros tiveram que viver nas sombras."
"Mesmo? Por quê?"
"Os lobos do milênio não se importavam muito com a minha espécie",
respondeu ele.
Os lobos do milênio? Isso incluía Raphael?
"Ninguém deveria ter que esconder quem é", eu disse.
"As pessoas geralmente odeiam o que não entendem. Tem sido assim há
séculos. Mas você não é como a maioria das pessoas, não é, Sienna?"
Konstantin sorriu para mim e eu sorri de volta.
Ele me entendia porque ele também sabia como era se sentir excluído.
"Espero poder ajudá-la a encontrar as respostas que está procurando",
disse ele.
Eu estava nervosa, mas também animada para finalmente descobrir de
onde vim.
Eu precisava saber quem eles eram...
Meus pais.
Eles foram a razão de eu estar aqui em primeiro lugar. As viagens para
Paris eram uma boa fuga momentânea, um truque de mágica, mas não era isso
que eu procurava.
"Estou preparada", eu disse. "Vamos examinar minhas memórias."
"Na hora certa, Sienna. Mas você deve ser paciente neste processo. Não
será bom se você agir de maneira muito rápida ou intensa".
"O que você quer dizer?"
"Quero dizer que a chave para encontrar seus pais está nas profundezas do
seu subconsciente", explicou ele. "E mergulhar tão fundo será difícil."
Konstantin se levantou e se aproximou de mim, passando suavemente o dedo
pelo perímetro da minha cabeça, como se estivesse me marcando para uma
cirurgia.
"Por favor, me mostre outra memória," eu disse. "Não me sinto nem um
pouco exausta."
"Muito bem, se você insiste," ele disse, suspirando.
Konstantin colocou a mão no topo da minha cabeça, com o polegar
pressionando minha testa.
A sala começou a girar novamente, mas apenas por um momento, porque
Konstantin de repente desabou no chão, gritando em agonia.
"Konstantin", gritei, ajoelhando-me ao lado dele. "O que aconteceu? Você
está bem?"
"Estou bem, estou bem... não precisa se preocupar comigo. É que... só
consigo usar uma certa quantidade de energia de cada vez, e hoje, infelizmente,
estou esgotado."
Sua pele parecia mesmo mais pálida do que o normal. Eu o ajudei a sentar,
desculpando-me.
"Eu sinto muito. Eu não teria insistido tanto se soubesse."
"Não, não se desculpe", disse ele. "Eu deveria saber meus limites."
"Espero que isso não o desencoraje de outra sessão", eu disse.
Konstantin balançou a cabeça e sorriu. "Não, claro que não. Eu prometo a
você que da próxima vez que nos encontrarmos... vamos investigar sua
mente."
E espero encontrar as respostas de que preciso...
Aiden
"Ela não tem ninguém a quem recorrer. Ela está completamente sozinha",
Jocelyn gritou na minha cara. "Você só vai jogá-la de volta lá para se defender
sozinha?"
"Ela se saiu bem sozinha até agora," eu rosnei. "De jeito nenhum vou
deixar uma ladina correr solta em meu domínio."
"Correr?" Jocelyn empacou. "Ela nem consegue andar direito."
"Esta é uma casa de Matilha, não um ponto de passagem para lobos
solitários em busca de esmola."
"Falou como um verdadeiro líder", Jocelyn disse sarcasticamente, me
encarando. "Desde quando a Matilha da Costa Leste se tornou tão egoísta?"
"Cuidado com o que fala", eu rosnei.
"Jocelyn, você confia facilmente nas pessoas. Não estou dizendo que isso é
uma coisa ruim — não mesmo — mas às vezes você acaba confiando demais,
e esta pode ser uma dessas vezes", Josh interrompeu.
"Não venha falar comigo sobre confiança, Josh. Ou você se esqueceu de
quando chamou o Alfa do Milênio porque não confiava em seu Alfa para fazer
o trabalho dele? " Jocelyn retrucou.
Droga, ela estava com as garras de fora esta noite.
Eu tinha perdoado Josh por seu erro, mas com certeza não tinha esquecido
disso. Ele me olhou nervosamente, verificando minha reação.
"Sim, Josh pode ser um idiota, isso não é novidade para nenhum de nós,
mas não tem nada a ver com agora."
"A loba ômega precisa ir embora", disse Josh.
"O nome dela é Nina," Jocelyn rosnou.
Eu nunca tinha visto Jocelyn expor suas presas antes.
Nunca.
Isso era importante para ela.
"Nenhum lobo é exilado sem uma boa razão — você sabe disso. É um
risco mantê-la aqui."
"É um risco pelo qual estou disposta a assumir a responsabilidade", disse
Jocelyn, mantendo-se firme.
"Como curandeira, tenho a obrigação de fazer o juramento de reabilitar
qualquer lobo que venha a mim e precise de ajuda, da melhor maneira
possível."
Não adiantava discutir com ela depois da cartada do juramento. Eu tinha
muito respeito por Jocelyn, embora discordasse dela em relação a isso.
"Tudo bem, ela pode ficar — mas apenas até que ela esteja saudável o
suficiente para ir embora. E espero um relatório diário sobre esse progresso,
junto com qualquer outra informação que você possa obter."
"Combinado" ela respondeu, balançando a cabeça.
Espero que saiba o que está fazendo, Jocelyn.
Nina
"É um risco pelo qual estou disposta a assumir a responsabilidade," Jocelyn
declarou enquanto eu estava no corredor escutando sua conversa com o alfa.
Ah, Jocelyn — por que você é tão inocente? Isso torna as coisas muito mais difíceis.
Doía muito saber que ela confiava tanto em mim, sendo que eu era
completamente indigna dessa confiança. Não tinha como ser mais baixa do
que eu.
Aquele anjo merecia o mundo, mas tudo que eu poderia dar a ela eram
mentiras.
Eu escapei de volta para o meu quarto e estiquei meus membros.
Nossa, ficar deitada na cama o dia todo realmente deixa você dolorido.
Os poderes do meu benfeitor fizeram um bom trabalho. Esses ferimentos
falsos pareciam reais. Eles eram o suficiente para enganar até mesmo uma
curandeira talentosa e um alfa.
Eu mesma teria acreditado que estava perto da morte, se esses hematomas
e fraturas não fossem completamente indolores.
Na verdade, gostaria que fossem reais.
Era o que eu merecia em reparação pelo que fui enviada para fazer aqui.
Mas eu não tinha escolha, não importa o que eu quisesse. Aquele era um
trabalho que eu precisava acompanhar até o fim.
E eu estava ficando sem tempo.
Capítulo 49 – Spotlight
Michelle: noite das garotas!!!!!
Mia: Nossa, eu preciso disso
Mia: Vocês vão ter que me carregar de volta pra casa Erica:
Nem a pau!
Erica: A gente prometeu se comportar, lembra?
Erica: (emoji de proibido) balada
Michelle: só vinho e jantar no Château Erica: Ahhhhh,
Château! Magnifique Mia: Ok, em primeiro lugar
Mia: Se acham que não consigo dar P. T. com vinho Mia:
melhor se prepararem
Mia: Em segundo lugar
Mia: Vocês estão loucas achando que vamos entrar no
Chateau em uma sexta-feira Erica: Pois é, eles não estão com
agenda lotada, tipo, por vários meses?
Michelle: relaxem
Michelle: Eu tenho meus contatinhos Mia: Cadê a Sienna? Tá
viva, miga?
Sienna: Foi mal, galera
Sienna: Acabei de ver as mensagens Sienna: Beleza, estarei lá,
mas talvez eu atrase Michelle: tá bom, gata, melhor não furar
com a gente de novo!
Sienna: Não vou, prometo!
Michelle: chateauuuuu!!!!
Michelle

"Como assim não têm?" Eu disse desesperada.


"Como eu disse, não temos assentos disponíveis esta noite", disse o
anfitrião, sorrindo por entre os dentes. Apenas reservas"
"Eu te disse," Mia suspirou, reaplicando o batom pela quarta vez.
"Acabei de ver você deixar um casal entrar sem reserva", gritei.
"Ah, por que você não me disse que era o primeiro-ministro da França?
Por aqui, senhorita", ele zombou.
"Acho bom você saber que estou acasalada com o beta" eu sorri. Isso
sempre funcionava.
O anfitrião colocou a mão sobre os olhos e semicerrou os olhos por cima
de mim. "Ah sim, onde ele está? Porque tudo que vejo são três lobas bêbadas."
"Não estamos bêbadas", Erica respondeu, indignada.
"Fale por você mesmo," Mia arrastou.
"Se meu companheiro, Josh, ficar sabendo disso, ele... ele fará com que
você seja despedido."
"Bem, então você beta vá buscá-lo."
Eu queria socar aquele atrevido, mas aí é que não entraríamos.
Não grite.
Não dê show.
Respira fundo.
Eu me virei para as meninas, murchando. "O que fazemos agora? Eu tinha
certeza de que a gente iria entrar."
"Desculpe pelo atraso, pessoal!"
Sienna, saltando de um carro com chofer, correu até nós parecendo uma
beldade sem fôlego.
Seu vestido estava coberto com strass requintados, e o colar que ficava em
sua clavícula dizia: Ei, pessoal, agora estou rica pra caralho.
Ela está usando um original Wolfric? Aquela vadia.
"Sienna, garota, você está linda! " Eu gritei, provavelmente um pouco alto
demais.
"Obrigada, você também, Michelle! Adorei seus brincos", ela respondeu.
"Podemos entrar? Estou faminta."
"Então, sobre isso... " Erica começou.
Sienna passou por nós e se aproximou do anfitrião. "Reserva para quatro,
Sienna Mercer-Norwood."
"Ah sim, Sra. Mercer-Norwood, seu nome está bem aqui. Siga-me", ele
disse, lançando um olhar de soslaio para mim.
"Você tinha uma reserva? " Eu perguntei, pasma.
"Eu liguei no caminho até aqui e eles disseram que nos acomodariam em
uma mesa da varanda. Que sorte, não é? " ela disse com total sinceridade.
"Nossa, sim, quanta SORTE", eu disse.
Sra. Mercer-Norwood.
***

É difícil desfrutar de uma comida cinco estrelas quando seu estômago está
embrulhado.
Ouvir como Mia e Erica bajulavam cada palavra que saía da boca de Sienna
me deixava ainda mais enjoada.
"O Baile de Inverno deste ano será o seu primeiro como companheira de
Aiden. Vocês vão descer a grande escadaria juntos! " Erica suspirou.
"Sua vida é tão romântica, Sienna. Eu não consigo lidar com isso", Mia
jorrou.
Nem eu.
Não é que eu não estivesse feliz por Sienna. Ela era minha melhor amiga.
Claro que estava.
Mas ser completamente ofuscada pela minha melhor amiga enquanto ela
nem ligava para o seu tratamento especial era totalmente frustrante.
Eu tinha conquistado muitas coisas no ano passado também, mas minhas
realizações sempre ficariam em segundo lugar ou como vice-campeãs em
relação às de Sienna — até mesmo meu marido, o beta.
Sienna nem apreciava a atenção. Ela ficou com os olhos grudados no
telefone a noite toda, mandando mensagens de texto para alguém,
provavelmente para Aiden. Não poderia nem mesmo ter uma noite longe dele.
Sienna se levantou abruptamente, me assustando. Por um momento, pensei
que talvez ela pudesse ler minha mente, e fiquei vermelha.
"Sinto muito interromper os trabalhos mais cedo, meninas, mas tenho uma
reunião com um cliente", desculpou-se Sienna.
"Você faz reuniões a esta hora? " Eu perguntei, levantando minhas
sobrancelhas.
"Vá, seja brilhante, faça sua mágica", disse Erica, mandando beijos. "Estou
orgulhosa de você, amiga."
Acho que vou vomitar.
Meio bêbada, larguei minha bolsa no chão enquanto entrava cambaleando
em casa. Josh estava assistindo o Jornal da Matilha e nem mesmo ergueu os
olhos quando entrei.
Típico.
Aposto que quando Sienna chegou em casa, Aiden encheu a calçada com
rosas e a pegou em seus braços na entrada, beijando-a, como em um conto de
fadas do caralho.
Era completamente irracional para mim ficar com raiva de Josh, mas agora,
eu não estava pensando racionalmente.
"Josh, você vai apenas me deixar parada aqui? Me segura, caramba!"
Josh se virou, meio confuso. "Espere, o quê?"
"Por que você não faz algo. Porra, faça alguma coisa... Você sempre deixa
os outros te deixarem de fora", eu gritei.
"Ah, você só está bêbada", disse ele, Virando-se e me ignorando.
Eu marchei na frente da TV e encarei Josh. "Você está realmente contente
em ser sempre o segundo melhor? Sendo pisoteado enquanto outra pessoa o
substitui?"
"Ah, já entendi. Isso nem tem a ver comigo. Tem a ver com você e
Sienna", Josh respondeu presunçosamente.
"Não, não tem" eu recusei. "Tem a ver com você virar homem e dizer ao
Aiden que não quer que Sienna assuma todas as suas responsabilidades, agora
que ela está no conselho."
Josh saltou da cadeira, enfurecido. "Sabe de uma coisa, Michelle? Você é
uma hipócrita do caralho. Você está latindo para mim sobre confrontar Aiden
quando você nem mesmo fala com Sienna sobre como você se sente
ofuscada." Ele estava certo. Nós dois estávamos nos sentindo eclipsados e
nenhum de nós estava fazendo nada a respeito.
De repente, o fogo e a raiva que eu sentia por Josh começaram a descer
pelo meu corpo. Agarrei meu sexo enquanto sentia um desejo ardente pelo
meu companheiro.
Ele também sentiu — eu já podia ver que ele estava ficando excitado
através das calças.
A Bruma estava nos chamando e não poderia ter vindo em melhor hora.
Eu queria que Josh me pegasse? Bom, ele me pegou pra caralho, me
tirando do chão e me empurrando contra a parede.
Ele levantou minha saia sobre meus quadris e pressionou seu pau enorme
entre minhas pernas.
"Sem calcinha? " Josh sorriu.
"Cale a boca e coloca dentro de mim," eu rosnei, cravando minhas unhas
em suas costas.
Quando ele deslizou dentro de mim, gritei em êxtase. Nossa, era tão bom.
Eu não conseguia nem lembrar por que estávamos brigando.
Com cada impulso, a Bruma se tomou mais intensa e meus gemidos
ficaram mais altos. Os braços volumosos de Josh me prendiam, e tudo que eu
queria era que ele metesse — "Mais forte!"
"Deixa comigo, amor" Josh disse enquanto começava a foder mais forte e
mais rápido.
Isso.
Isso, porra.
Josh podia ser um beta, mas fodia como um alfa.
Sienna
"Você está pronta?"
Os olhos penetrantes de Konstantin olharam através de mim enquanto eu
me sentava em frente a ele na cobertura. Parecia que ele podia me ver de uma
outra maneira que ninguém mais podia.
Será que eu estava pronta?
Parte de mim sentia que isso era errado — deixar alguém entrar em minha
mente, meus pensamentos mais íntimos que nem mesmo Aiden sabia.
Mas Konstantin era meu terapeuta e eu precisava aceitar que havia algumas
coisas que eu não poderia fazer sozinha.
Nada estava claro, mas se eu quisesse encontrar meus pais, tinha que
confiar nele.
"Estou pronta", eu disse. "Me diga o que fazer."
"Feche os olhos."
Ele estava falando comigo telepaticamente novamente. Eu segui suas
instruções.
"Agora, pegue minhas mãos."
Eu gentilmente agarrei suas mãos.
"Lembre-se... siga seu coração."
Sem nem mesmo uma ondulação, meu ambiente mudou completamente. Eu estava no
que parecia ser um castelo, vestindo um manto transparente sem nada por baixo.
Eu estremeci, meus mamilos endureceram sob o manto. Esta era definitivamente minha
mente.
Na mente de Konstantin, eu não conseguia sentir nada, mas na minha, tudo parecia
real — real até demais.
Comecei a descer uma escada à luz de velas, mas o caminho estava bloqueado por uma
porta trancada. Quando minha mão deslizou para o bolso do manto, encontrei uma chave.
Achei que essa fosse a minha mente. Por que eu não teria a chave?
Eu destranquei a porta e empurrei, tropeçando direto em um par de braços musculosos.
Eu olhei para cima e engasguei.
"Aiden?"
"Ah, aí está você. "Ele sorriu. "Eu estava me perguntando quando você viria me
buscar."
Mas aquele não era o Aiden real — era o guia que minha mente havia criado, a pessoa
em quem eu mais confiava.
Eu olhei ao meu redor...
Estranho, esta sala parecia uma masmorra; a porta destrancada era a única saída.
"Para onde vamos? " Eu perguntei.
Aiden acenou com a cabeça silenciosamente em direção às escadas.
Enquanto subíamos a escada em espiral, percebi como meu manto era transparente.
Amaldiçoei minha mente por projetar essa roupa. Por que diabos eu escolhi isso? Eu
estava praticamente nua.
Aiden não pareceu se importar, a julgar pela maneira como senti seus olhos seguindo
minha bunda.
A escada parecia não ter fim, e de repente percebi que não tinha demorado tanto para
descer.
"Sienna, acho que você está se segurando. Vamos continuar em um loop se você não se
abrir.
"Sinto muito, minha mente está uma bagunça. Eu não sei como controlar..."
Meu corpo foi sacudido por uma onda de choque de eletricidade que se espalhou por cada
centímetro da minha pele.
Ah não...
Não aqui.
Como isso está acontecendo aqui?
A Bruma me atingiu como um trem de carga. Ou alguma versão disso na minha
cabeça.
Como eu poderia estar tão desconfortável e tão excitada ao mesmo tempo?
Meu manto começou a afrouxar e meu peito começou a arfar. Meu sexo ansiava por
alguém estar dentro dele.
Aiden pareceu surpreso. "Sienna, o que está acontecendo? O que você está sentindo?
Diga-me."
Eu estava sentindo...
Tudo.
E era bom pra caramba.
Capítulo 50 - Restrições
Sienna
Acordei de repente, suando e ofegante. Konstantin ainda estava segurando
minhas mãos, e eu rapidamente as afastei e coloquei sob meus braços para
aquecê-las.
Eu estava bem molhada, mas não por causa de um orgasmo. Fora da
minha mente, eu estava úmida e encharcada de suor frio.
Konstantin correu para o meu lado, jogando um cobertor sobre meus
ombros.
"F-foi a Bruma", eu disse, batendo os dentes. "Não entendo o que
aconteceu."
"Fascinante", disse Konstantin, me estudando. "Então, é assim que isso se
manifesta em sua mente."
"O que você quer dizer?"
"Aquela não era a Bruma, pelo menos não a real. Sua mente vai tentar lutar
com você. É natural. Seu cérebro tem uma espécie de mecanismo de defesa —
como glóbulos brancos do sangue — para impedir que você vá longe demais."
"Não consigo controlar", tossi.
"Eu sei. É por isso que trabalharemos juntos, disse Konstantin com calma.
"Este mecanismo de defesa se manifesta de maneira diferente para cada
indivíduo e, no seu caso, deve estar se manifestando como uma Bruma."
É claro. Isso significava que toda vez que eu tentasse acessar minhas
memórias, iria sentir uma versão superintensa da Bruma.
Porra, que maravilha.
A última coisa que eu queria era ficar desconfortável e com tesão durante a
terapia.
"É importante lembrar que, embora pareça muito real, nada do que está
acontecendo em sua mente está realmente acontecendo fisicamente no mundo
real. Está tudo na sua imaginação."
"Por hoje já deu. É muita coisa para lidar."
"Eu entendo; amanhã continuamos. Eu não quero a pressionar se não
estiver pronta", ele disse, pegando minha jaqueta e me guiando até o elevador.
"Obrigada pela compreensão. " Eu sorri fracamente. "Eu me sinto
envergonhada."
"Absurdo. Vá para casa e descanse um pouco. Tentaremos novamente
amanhã. " A água quente rolou pelas minhas costas enquanto eu estava no
chuveiro, tentando entender o que estava acontecendo comigo.
Por que minha mente me colocou em uma posição tão vulnerável?
O que eu estava escondendo de mim mesma?
Seja lá o que fosse, estava enterrado profundamente.
Enquanto eu espirrava água no rosto, ouvi a porta do chuveiro se abrir
atrás de mim.
"Quer companhia?"
Eu me virei para encontrar Aiden, nu e totalmente ereto, sorrindo para
mim com antecipação.
Era a Bruma.
O tipo real de Bruma.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele me prendeu contra a parede
e estávamos nos beijando.
Ele mordeu meus lábios e sua língua começou a se mover pelo meu
pescoço, depois meu torso, até que ele estava de joelhos e sua cabeça estava no
meu sexo.
Eu estremeci de prazer quando sua língua sacudiu dentro de mim. Fechei
meus olhos e cedi ao meu desejo quando minha Bruma apareceu.
Aiden conseguia trazê-la à tona apenas olhando para mim da maneira certa,
mas seu toque era ainda melhor.
"Você adora quando estou dentro de você, não é, Sienna?" Aiden disse,
olhando para mim.
"Nossa, sim," eu gemi.
Aiden se levantou e a cabeça de seu pau roçou meu sexo.
"Faz um tempinho que a gente não sente a Bruma" Aiden sussurrou em
meu ouvido.
Tirando a Bruma que tinha aparecido na minha cabeça.
"Desculpa, tenho trabalhado tanto", disse Aiden, seu pau começando a
violar meu sexo. "Deixe-me compensar isso."
Eu gemia em aprovação quando sua ponta escorregou.
Aiden se afastou, então me agarrou pelos ombros e me virou,
pressionando-me contra a parede.
Ele de repente entrou em mim por trás, e eu engasguei quando senti sua
masculinidade me preenchendo.
Caralho!
Eu coloquei minhas mãos na parede para me segurar quando Aiden
começou a meter em mim com sua força de alfa.
"Isso, me fode! " Eu gaguejei enquanto cada impulso me atingia exatamente
no lugar certo.
Meu corpo inteiro tremia de desejo, implorando por mais.
Eu senti como se estivesse prestes a desmaiar de prazer.
Era exatamente o que eu precisava para limpar minha mente — ser fodida
pelo meu companheiro.

Aiden: Você não me deu atualizações hoje


Aiden: Ela já está saudável o suficiente para ir embora?
Aiden: Eu quero uma data e hora
Jocelyn: Aiden, estou cuidando dela, mas ela não vai se curar
da noite para o dia.
Jocelyn: Você precisa me deixar fazer meu trabalho.
Aiden: E você precisa me deixar fazer o meu hoje
Aiden: Ela já está saudável o suficiente para ir embora?
Aiden: Eu quero uma data e hora
Jocelyn: Aiden, estou cuidando dela, mas ela não vai se curar
da noite para o dia.
Jocelyn: Você precisa me deixar fazer meu trabalho.
Aiden: E você precisa me deixar fazer o meu
Aiden: Não podemos confiar nela
Jocelyn

Exasperada, coloquei meu telefone virado para baixo na minha mesa. Nina
me lançou um olhar curioso.
"Problemas com o namorado?" ela perguntou provocativamente.
"Ex-namorado, na verdade."
"É o beta ou o alfa que está fazendo você parecer que acabou de provar
algo amargo?"
"Alfa," eu ri. "Espere, como você sabia sobre..."
"Você acha que não percebi toda a tensão no ar quando vocês três estão
juntos em uma sala? O clima fica tão tenso que não dá nem para respirar —
disse Nina, segurando seu pescoço e fingindo engasgar-se.
"Isso é passado. Não deu certo com nenhum deles.
"Alfa, beta... talvez você precise é de um ômega" Nina sorriu.
Eu me vi corando novamente. Por que isso sempre acontecia comigo
quando eu estava perto dela?
Ajudei Nina a se levantar e mancar até as barras paralelas para que
pudéssemos trabalhar em sua fisioterapia. Meu rubor só aumentou quando ela
agarrou meu braço com força.
"O alfa não gosta que eu esteja aqui, não é? Ele quer que eu vá embora."
"Aiden é muito protetor com sua matilha, como um bom líder deve ser,"
eu respondi. "Ele nem sempre é a pessoa mais aberta, mas geralmente se torna
mais gentil com o tempo"
"Foi o que aconteceu com sua companheira? Qual era o nome dela? Ouvi
dizer que eles têm um romance de contos de fadas."
"Sienna — e onde você ouviu isso? Nos tabloides?" Eu perguntei
cautelosamente.
"Quem me conhece sabe que eu leio umas revistas inúteis", admitiu Nina.
"Então, qual é o problema de Sienna? Eu não a vi na Casa da Matilha até
agora. Ela não trabalha aqui?"
"Normalmente, sim, mas ela não veio nos últimos dias. Por que você está
fazendo todas essas perguntas sobre Aiden e Sienna?" Eu perguntei.
Nina de repente perdeu o equilíbrio e caiu no chão com um baque,
gritando de dor.
"Nina!" Eu me joguei no chão e a ajudei a se levantar, inspecionando seu
tornozelo; estava roxo.
"Acho que o torci. " Ela estremeceu.
"Nós tentamos muito cedo. Eu não deveria ter te pressionado tanto", eu
me desculpei.
Nina colocou a mão na minha e olhou para mim com seus olhos
encantadores.
Meu coração começou a bater no meu peito, mas eu não movi minha mão.
Por que é que eu não estou movendo minha mão?
Eu finalmente consegui me afastar e recuperar minha compostura. "Eu
acho que devemos continuar amanhã," eu disse, limpando minha garganta.
"Tudo bem", disse ela, desapontada. "Mas, Jocelyn, às vezes é bom insistir.
Às vezes, você precisa tentar para descobrir se está pronta."
Sienna
Depois que Aiden ajudou a limpar minha mente e lidar com a minha
Bruma, me senti muito mais confiante em tentar outra sessão com Konstantin.
"Você está pronta para tentar novamente? " ele perguntou, sentando na
minha frente em seu escritório.
"Acho que sim."
Eu respirei fundo.
"Eu tenho certeza."
"Aconteça o que acontecer, não lute. Entende? Você tem que ceder", disse
Konstantin. "É a única maneira de descobrir o que sua mente esconde."
"Vou fazer o meu melhor."
"Me dê suas mãos."
Um exuberante jardim cheio de arcos floridos e fontes jorrando abriu o caminho para
uma linda mansão de tijolos. Eu levantei meu vestido enquanto caminhava em direção a ele,
tentando não sujá-lo.
Espere, o que eu estava fazendo? Isso não era real.
Enquanto eu acelerava meu ritmo, meus seios praticamente derramaram do corpete
apertado que os estava impulsionando.
Mais uma vez, isso foi obra da minha própria mente. Tudo na minha
cabeça foi projetado por mim. Da última vez, foi um castelo assustador, desta
vez, uma encantadora propriedade rural no período vitoriano.
Sinceramente, eu preferia este lugar
Quando cheguei à mansão, encontrei Aiden dentro, vestido com um terno elegante e
gravata.
Minha mente, de alguma forma, o tornava ainda mais bonito.
"Para onde?" Eu perguntei, examinando a enorme mansão.
"Este é o seu cérebro," respondeu ele. "Siga seus instintos. Onde está dizendo para você
ir?"
Sem pensar, comecei a subir a grande escadaria, com Aiden seguindo atrás. Passei por
dezenas de portas, mas sabia que nenhuma delas era a que eu estava procurando.
Corredores tortuosos.
Escadas mais estreitas.
Papéis de parede mudando constantemente.
Este lugar era mais um labirinto do que uma mansão. Eu estava começando a sentir
como se algo estivesse faltando até que me vi parando abruptamente no meio de um corredor.
"Acho que está aqui, mas não sei por quê," disse eu, confusa. "Não há nem portas
neste corredor."
Eu instintivamente olhei para o teto e encontrei uma porta do sótão, ligeiramente
entreaberta.
"É muito alto para alcançar. Dê-me um impulso."
Eu esperava de verdade que minha mente tivesse sido cortês o suficiente para me dar
roupas íntimas desta vez.
Quando Aiden me levantou, comecei a sentir um formigamento por todo o meu corpo.
A maldita Bruma de novo, o mecanismo de defesa do meu corpo. Isso significa que
devemos estar perto.
"Está acontecendo de novo", choraminguei.
O rosto de Aiden estava perigosamente perto da minha bunda.
"Não lute contra isso. Ceda a tudo o que sua mente lhe disser para fazer quando
entrarmos naquela sala."
Consegui puxar a escada para baixo e subi-la, tentando não pensar em como estava me
sentindo extremamente excitada.
Quando vi o que havia dentro do sótão, meu queixo caiu.
"Que porra é essa?"
Acessórios BDSM artigos de madeira enchiam a sala, junto com muitos chicotes e
correntes.
Eu tinha acabado de nos levar a uma maldita masmorra de sexo — exceto que era no
sótão.
A Bruma se espalhou pelo meu corpo como um incêndio. Eu queria arrancar minhas
roupas, e quando olhei para Aiden, parecia que o mesmo pensamento passava por sua
cabeça também.
Aproximei-me de uma das engenhocas de madeira, sem controle do meu próprio corpo,
como se estivesse sonâmbula.
Minha mente prendeu as alças em volta dos meus pulsos.
"O que você está fazendo?" Aiden perguntou com um sorriso malicioso.
"Sinceramente, não sei", eu disse, tentando não entrar em pânico.
Outra onda de Bruma me atingiu, e tudo que eu queria era sentir algo.
Sentir qualquer coisa.
"Pegue um chicote", ordenei.
Capítulo 51 – Mente Aberta
Sienna
Aiden desamarrou meu vestido até que minhas costas estivessem expostas, enquanto
minhas mãos permaneciam amarradas. Minha Bruma, ou melhor, meu subconsciente,
queria tanto isso que doía.
Seus dedos traçaram minhas costas nuas. Havia luxúria em seu toque. Suas
unhas estavam cravadas em minha pele. Eu estava sedenta por algo maior do
que apenas um leve arranhão.
Eu precisava sentir algo real.
"O chicote", eu disse novamente.
Aiden examinou a variedade de chicotes na parede e escolheu um com várias tiras. Ele
brincou com meu corpo antes de dar uma leve chicotada na minha bunda.
Ainda não era suficiente.
"Mais forte," exigi.
"Com prazer", respondeu ele, com um brilho diabólico nos olhos.
Ele bateu o chicote contra minha carne novamente. Doeu dessa vez, mas meu corpo
queria mais.
"MAIS FORTE", gritei.
Quando ele desceu o chicote novamente, eu estremeci.
O que eu estava fazendo?
Isso não parecia certo. Aquela não era eu.
E aquele também não parecia Aiden.
O que estava acontecendo na minha cabeça?
Meus desejos mudaram. De repente eu não queria mais isso.
"Aiden, pare," eu disse, lutando contra as amarras em que me coloquei.
Mas ele não parou.
Ele me chicoteou com o chicote novamente.
E de novo.
"Aiden," eu gritei. "Ouça-me!"
"Não, não podemos parar."
CHICOTADA
"Temos que continuar..."
CHICOTADA
"Precisamos saber"
CHICOTADA
Eu estiquei meu pescoço para olhar para Aiden, e não pude nem reconhecê-lo.
Ele parecia tão intenso e determinado, mas seus lábios estavam curvados em um sorriso
perturbador.
Ele estava gostando disso.
"Não lute contra isso," ele gritou.
Eu senti algo uivar dentro de mim — meu lobo interior. Ele começou a ficar cada vez
mais alto até abafar todo o resto.
A sala começou a girar Então tudo desapareceu.
***

"Que porra foi essa? " Eu perguntei, voltando à realidade.


Eu me levantei e me afastei de Konstantin.
"Sienna, acalme-se. Eu entendo que você esteja incomodada, mas não era
real. Estava tudo na sua cabeça, e só você tem o controle lá," disse Konstantin,
erguendo as mãos e me dando espaço.
"Não me pareceu assim", disse eu.
"Esta foi apenas a sua maneira mental de pedir que você se submetesse. Se
vamos descobrir o que está nos recessos mais profundos do seu
subconsciente, você terá que ceder a tudo o que está se pedindo para fazer,
mesmo que pareça insano."
Eu balancei minha cabeça, não querendo ouvir nada disso. "Ele... ele se
transformou em algo... vil," eu disse, com lágrimas nos olhos. "Eu nem o
reconheci."
"Seu companheiro? " Perguntou Konstantin. "Aquilo era apenas sua
imaginação."
"Já chega."
"Sienna, estamos tão perto. Eu posso sentir isso."
"Não, eu não posso fazer isso."
Konstantin tinha me avisado que seria intenso, mas o que eu tinha acabado
de experimentar estava em outro nível. Eu não fui feita para isso.
Peguei meu casaco e corri para o elevador, apertando o botão de descer até
que a porta se abriu.
"Sienna, não fuja disso de novo", Konstantin gritou atrás de mim.
Quando o elevador fechou, jurei que esta seria a última vez que colocaria
os pés na terapia.
***

Konstantin: Sienna, estou preocupado com você.


Konstantin: Já se passaram três dias.
Konstantin: Se você não retornar às nossas sessões, todo o
nosso progresso será perdido.
Konstantin: Eu entendo que você se sentiu vulnerável.
Konstantin: Mas a verdade sempre nos faz sentir assim.
Konstantin: Não desista ainda.

Eu olhei para a sequência de mensagens e as ignorei, assim como tinha


feito nos últimos dias.
Eu sabia que ele tinha razão, mas simplesmente não conseguia voltar atrás.
Talvez eu não fosse tão forte e dominante quanto pensava...
Minhas sessões com ele exigiram mais de mim do que eu imaginava. Elas
minaram minha energia, meu impulso sexual e meu apetite e substituíram tudo
por melancolia.
Eu fiquei na cama a maior parte dos últimos dias, me recuperando. Aiden
até fez Jocelyn fazer uma visita domiciliar, mas ela não conseguia perceber
nada de errado comigo.
Eu não tinha como explicar que eu só estava com uma ressaca mental
muito forte.
Eu ouvi uma batida suave na porta, e Aiden entrou e sentou-se na ponta da
cama.
"Está se sentindo melhor hoje?"
"Estou me sentindo ótima. " Eu sorri.
"Bom, porque eu tenho uma surpresa para você", disse ele, lançando-me
um sorriso de lobo.
Aiden
"Para onde você está me levando?" Sienna perguntou enquanto eu a
conduzia pela floresta. "Você não tem que trabalhar esta noite?"
Trabalho — eu estive profundamente envolvido ultimamente. E isso estava
afetando Sienna. Eu nunca a tinha visto tão emocionalmente distante antes.
Eu me sentia fraco pra caralho sabendo que eu não pude ajudá-la e ela teve
que recorrer à terapia.
Eu sabia que de alguma forma eu tinha culpa. Então talvez isso nos desse a
chance de nos reconectarmos.
"Tecnicamente, estou trabalhando. E você também", eu disse. "Estamos
em patrulha."
"O que você quer dizer?" ela perguntou, cética. "A patrulha não é algo que
você só faz com o seu beta?"
"Normalmente, mas eu quero começar a fazer isso com você. Quero
envolvê-la mais na minha vida profissional."
Para minha surpresa, Sienna começou a tirar as roupas. Ela se virou e
sorriu para mim.
"Bem, é melhor nós irmos então. Tire suas calças."
Ninguém teve que me dizer duas vezes para ficar nu. Eu amei a sensação
de me livrar das roupas antes de transformar.
Enquanto eu observava Sienna remover sua calcinha tão casualmente,
comecei a ficar excitado. Ela não tinha mais vergonha de seu corpo há um ano.
Agora ela estava toda confiante e sexy pra caralho.
Ela se virou e me deixou ver sua silhueta sob o luar.
Sua pele branca e macia.
Seus seios perfeitos e mamilos rosados.
"Pensei que era uma patrulha," ela riu, vendo que eu estava excitado. "Ou
você está apenas nos apontando em que direção devemos ir?"
Nós dois nos transformamos e começamos a nos comunicar por meio de
nossa conexão.
"Tente acompanhar," incitei.
Sienna correu para a floresta em um piscar de olhos.
"O que você estava dizendo?"
Tudo bem, se era assim que ela queria brincar.
Corri atrás dela, alcançando-a e beliscando seus calcanhares, mas ela
conseguiu manter um passo à frente.
Ela correu mais rápido — muito mais rápido.
Lembrei-me de nossa primeira corrida enquanto ziguezagueávamos pela
floresta. Eu nunca esquecerei aquela perseguição emocionante — o jeito que
Sienna me fez caçá-la por horas.
Agora, estávamos correndo lado a lado — companheiros alfa — e era
perfeito.
De repente, Sienna me abordou com todo o seu peso e eu perdi o
equilíbrio, rolando por uma colina e caindo com toda força dentro de um rio.
Fiquei submerso por um momento e vi Sienna acima de mim, olhando
para baixo.
Minha cabeça surgiu na superfície e eu remei até a costa. "Que porra foi essa?
" Eu rosnei.
Sienna mudou de volta para a forma humana e começou a rir
histericamente.
"Vingança, pela nossa primeira corrida."
Eu sacudi meu pelo molhado na direção dela antes de também me
transformar.
"Ei, você está me molhando", ela gritou.
"Ainda não, não estou," eu disse, levantando-a e prendendo-a contra uma
árvore. "Mas vou te molhar pra caralho."
Começamos a nos beijar e morder como animais enquanto ela colocava as
pernas em volta da minha cintura.
Meu pau pressionou contra seu sexo, fazendo-a gemer, e isso me deixou
louco.
A Bruma estava forte pra caralho, e tudo que eu queria era fazer ela se
sentir tão bem quanto eu.
"Tá sentindo? " Eu olhei para ela, esperançosamente.
Sienna me empurrou para o chão e começou a montar em mim sem
qualquer hesitação.
"Tô", disse ela com um sorriso.
Porra, foi incrível. Ela sabia exatamente como se mover quando estava em
cima de mim.
"Aiden... Isso!" ela gritou.
Ela balançava para frente e para trás no meu pau, assumindo o controle.
Cravei meus dedos no chão enquanto ela deslizava pelo meu membro com
precisão.
Isso, porra!
Ela estava louca de tesão.
E eu ia fazê-la sentir tesão...
A noite toda.
Jocelyn
Nina não estava progredindo da forma que eu esperava. Lobisomens
curam muito mais rápido do que humanos, mas os ferimentos de Nina me
deixavam perplexa.
Por fora, os hematomas e cortes pareciam terrivelmente doloridos, mas
meus sentidos me diziam que algo estava errado.
Eu estava ficando mais perto de Nina a cada dia, mas não pude evitar de
sentir que ela não estava sendo completamente honesta comigo.
Havia uma maneira — uma técnica de cura arriscada — que eu poderia
usar para descobrir a verdade...
"O que você está pensando?" Nina perguntou, mancando lentamente até
mim.
"Só estou tentando descobrir como podemos acelerar sua recuperação."
Eu sorri, mas Nina não retribuiu.
"Ih, você está ficando cansada de mim, né?
"Não, não estou me cansando de você. Eu só quero que você melhore", eu
a tranquilizei. "Sinto que não tenho feito tudo o que posso."
Ajudei Nina a se sentar à minha frente e agarrei suas mãos.
"Eu gostaria de tentar algo novo — se você me permitir".
Nina sorriu, interessada. "Estou sempre disposta a experimentar coisas
novas."
Merda, esta pode ser a pior ideia que já tive, mas preciso saber.
Havia uma técnica antiga que permitia aos curandeiros absorver a dor de
outro lobo em seus próprios corpos.
Era perigoso, mas se ela estava realmente ferida, então talvez isso pudesse
mudar as coisas, e se ela não estivesse...
Coloquei minhas duas mãos em sua perna quebrada e concentrei toda a
minha energia em seu ferimento.
Em seguida, inverti o fluxo de sua energia em meu corpo.
As veias dos meus braços começaram a brilhar e me preparei para a dor
excruciante que estava prestes a se infiltrar dentro de mim, mas...
Nada.
Sem dor.
Eu olhei para Nina, permitindo que a traição aparecesse em meus olhos.
"Você mentiu para mim," eu disse, chocada. "Você nem mesmo está ferida.
Você nem está com dor, porra."
"O que você quer dizer? É claro que estou..." — " Não... sem mais
mentiras, Nina. Você só vai piorar as coisas. Eu posso sentir o que está dentro
de você."
"Merda, Jocelyn. Eu queria te dizer", ela disse, enquanto seus olhos se
arregalavam. "Por favor, estou te implorando, não me odeie."
Sobre o que mais ela estava mentindo? Qual o real motivo de ela estar
aqui?
"Você precisa ir embora," eu disse, as lágrimas começando a rolar pelo
meu rosto. "Vá agora, antes que eu conte a Aiden."
"Jocelyn, por favor, me escute," ela gritou, mas eu já estava pegando meu
telefone.
Nina se lançou sobre mim e eu vacilei, fechando os olhos, mas congelei
quando senti seus lábios encontrarem os meus.
O que estava acontecendo?
Por que eu estava deixando isso acontecer?
Quando seus lábios macios se fecharam sobre os meus, senti uma onda de
emoção.
Em vez de me afastar, inclinei-me e ela me beijou ainda mais forte. Cada
pingo de raiva que eu sentia um momento atrás desapareceu.
Abri os olhos e Nina também tinha lágrimas nos olhos.
"É por isso que eu não disse que já estava curada," ela disse, colocando a
mão no meu rosto.
"Eu não queria que você me mandasse embora. Não antes de ter a chance
de dizer o que realmente sinto por você. Há uma conexão entre nós — é forte.
Você sente isso também?"
"Sim," eu respondi, enxugando suas lágrimas. "Eu também sinto."
Capítulo 52 – Inseguranças
Sienna
Depois de um tempo longe de Konstantin, minha Bruma estava correndo
solta, e Aiden e eu estávamos mais próximos do que nas últimas semanas.
A questão dos meus pais ainda me incomodava, mas minha mente estava
tão confusa que eu precisava limpá-la para tentar tomar qualquer decisão
racional.
Se meus pais estivessem por aí, eu encontraria uma maneira de rastreá-los
— uma maneira que não envolvesse exercícios mentais.
Claramente minha mente não ajudou, não importa o quanto eu quisesse.
Konstantin havia tentado o seu melhor, mas eu simplesmente não
consegui.
Aiden girou em sua cadeira e passou os braços em volta de mim, me
puxando para seu colo.
"O que podemos fazer hoje? " Aiden perguntou. "Que tal um encontro?"
"Aiden, esta é a primeira vez que trabalho no escritório durante toda a
semana. Não posso sair toda hora. As pessoas vão pensar que estou recebendo
tratamento preferencial."
"Você é a companheira do alfa. Claro que você está recebendo tratamento
especial. Na verdade, acho que vou dar isso a você agora", ele disse, deslizando
a mão pela minha perna e por baixo da minha saia.
"Para, Aiden, agora não. Tenho tanta papelada para preencher", eu disse,
mas não fiz nenhum esforço para impedi-lo de puxar minha calcinha até meus
tornozelos e calcanhares.
"Há algo que precisa ser preenchido bem aqui", ele rosnou, lentamente
mergulhando seus dedos profundamente no meu sexo.
Porra, era tão bom, e minha Bruma começou a atacar, deixando tudo ainda
melhor.
Estava ficando tão quente no escritório de Aiden que comecei a
desabotoar minha blusa, revelando meu sutiã de renda.
Eu dei a ele um olhar de aprovação e, em um movimento rápido, ele
limpou tudo de sua mesa e me deitou.
Aiden rastejou sobre mim e começou a puxar para baixo suas calças,
pronto para realizar sua fantasia de escritório, mas eu tinha a minha própria.
"Espere." eu exclamei. "Eu quero tentar algo."
Virei Aiden e subi em cima dele, sentindo meu domínio emergir pelo meu
corpo.
Inclinando-me o mais próximo possível de seu ouvido, sussurrei...
"Sou eu quem manda."
Michelle
"É um absurdo", gritei, andando de um lado para o outro no escritório de
Josh. "Como ele pode fazer isso com você?"
Josh apenas balançou a cabeça. "Ele a levou em patrulha quase todas as
noites esta semana. Era uma coisa nossa."
Ok, eu tive que admitir que o bromance do Josh com seu melhor amigo e
subsequente reclamação sobre ser deixado de lado era meio broxante...
Mas eu tinha meus próprios problemas com Sienna.
E agora ela estava interferindo no trabalho do meu companheiro também?
De jeito nenhum isso iria continuar.
"Josh, você tem que falar com Aiden hoje. Você é o beta dele, não Sienna,
e tem se esforçado tanto para mostrar seu valor. Você merece o melhor."
"Tudo bem, farei isso hoje — se você concordar em falar com Sienna e
parar de ser tão passivo-agressiva", disse Josh, cruzando os braços.
"Não sou passivo-agressiva", zombei.
Eu tinha que admitir que queria que as coisas melhorassem entre mim e
Sienna, mas queria que ela viesse até mim primeiro. Eu mal tinha ouvido falar
dela nas últimas semanas.
Às vezes eu me perguntava se estava sendo mesquinha, mas realmente doía
ver minha melhor amiga de toda a vida se distanciando cada vez mais de mim.
Uma batida forte no escritório de Aiden na porta ao lado me tirou dos
meus pensamentos e Josh pulou da cadeira.
"Estamos sob ataque?" ele deixou escapar, rasgando sua camisa, pronto
para se transformar.
Os sons inconfundíveis de gemidos e grunhidos começaram a sangrar pela
parede como se ela fosse feita de papel.
Meu queixo caiu. "Espere um segundo... eles estão?"
"Aiden."
"Ai, Aiden."
"Isso. Isso. Isso."
"AIDEN."
"Josh, temos que superá-los", gritei.
Ok, talvez eu fosse um pouco passivo-agressiva às vezes.
Empurrei Josh contra a parede e baixei suas calças. Ainda bem que ele
estava literalmente sempre pronto para agir.
Eu agarrei seu rosto e olhei profundamente em seus olhos.
"Eu quero que você me faça uivar, porra."
"Pode deixar", disse ele, rasgando minha camisa para que meus seios se
espalhassem em seu rosto. Comecei a gemer o mais alto que pude, bem contra
a parede que dividia os escritórios de Josh e Aiden.
"Michelle, ainda nem estou dentro de você", disse Josh, confuso.
"Bem, então se apresse," eu gritei impaciente.
Sério que ele não estava entendendo o que estávamos fazendo? Graças a
deus ele era lindo.
Eu cravei minhas unhas no abdômen de Josh enquanto ele metia e a gente
gemia loucamente.
Foi alucinante.
Quem diria que a foda competitiva induzida pela Bruma seria tão boa?
Saí do escritório de Josh, ofegando bastante, no momento exato em que
Sienna saiu do de Aiden.
"Ótimo", eu murmurei baixinho.
"Ah, Michelle... oi," Sienna gaguejou.
Nós duas nos olhamos de cima a baixo, ficando vermelhas. Estávamos
completamente bagunçadas — cabelos amassados, roupas rasgadas, ambas
sem fôlego.
Percebi que minha calcinha estava pendurada no bolso da jaqueta e tentei
escondê-la discretamente.
Sienna ajustou a alça do sutiã que estava exposta por causa de vários
botões faltando em sua blusa.
Antes que eu percebesse, Sienna caiu na gargalhada e eu fiz o mesmo.
"Isso é estranho pra caralho". Eu estava chorando de rir.
"Não, é por isso que você é minha melhor amiga", respondeu Sienna.
Aquelas palavras me tocaram.
Talvez Josh estivesse certo. Era só eu falar com ela.
"Ei, e se a gente fosse..."
O telefone de Sienna tocou e ela o puxou, deixando escapar um suspiro
pesado.
"Si, o que foi?" Eu perguntei, estendendo a mão para tocar seu ombro, mas
ela se afastou.
"Desculpe, não é nada. Apenas uma coisa com um cliente. Só estou sendo
dramática — disse Sienna, se atrapalhando para puxar as chaves da bolsa. "Eu
tenho que ir para a galeria."
Algo estava claramente errado.
Sem nem mesmo se despedir, Sienna entrou no elevador, os olhos
grudados no telefone.
Eu olhei para a escada ao lado.
Eu estava cansada de segredos.
Eu iria descobrir o que estava acontecendo, quer Sienna quisesse confiar
em mim ou não.
***

Konstantin: Sienna, você pensou no que eu disse?


Konstantin: Você estava tão perto de fazer uma descoberta.
Konstantin: Não quero que você jogue fora todo o seu
progresso.
Sienna: Acho que não posso continuar com nossas sessões
Sienna: Não é saudável para mim Sienna: Tem que haver
outra maneira Konstantin: Enfrentar seus medos é a única
maneira.
Konstantin: Você não pode continuar correndo deles.
Konstantin: Prometo que se você voltar...
Konstantin: Farei tudo ao meu alcance para ajudá-la a
encontrar as respostas de que precisa.
Sienna: Não sei se sou forte o suficiente...
Konstantin: Você é.
Konstantin: Confie em mim.
Sienna: Ok...
Sienna: Vou tentar de novo. Mais uma vez.
Konstantin: Isso é tudo que você precisa.
Josh

Bati na porta de Aiden e entrei em seu escritório. Tudo que estava em cima
de sua mesa estava espalhado pelo chão, e o almíscar do sexo pairava no ar.
Ele ainda não tinha vestido a camisa e a gravata estava frouxa no pescoço.
Pelo menos ele estará de bom humor. Ele acabou de transar. "Ei, podemos
conversar? " Eu perguntei hesitante.
Esses momentos com Aiden sempre foram estranhos. Eu não sabia se
deveria cumprimentá-lo ou me curvar e chamá-lo de meu alfa.
Minha amizade com Aiden começou muito antes de ele se tornar o alfa da
Matilha da Costa Leste, mas na casa da Matilha, a linha entre nossa amizade e
relacionamento profissional era confusa.
"Parece que nós dois tivemos tardes produtivas." Aiden sorriu.
"Pois é, acho que sim", eu disse, coçando minha nuca. "Na verdade, é
sobre isso que eu queria falar com você — minha produtividade."
"O quê, vai me dizer que está sobrecarregado? " Aiden riu. "Porque parece
que Michelle estava mantendo você bem ocupado."
"Você fez de Sienna seu novo beta", eu gritei, incapaz de segurar mais.
Aiden parecia atordoado.
Ele claramente não esperava aquela explosão.
"Isso tem a ver com a patrulha?" Aiden perguntou.
"Sim, mas não tem a ver só com a patrulha. Eu me um sinto inútil do
caralho quando venho trabalhar e vejo todas as minhas tarefas nas mãos da
Sienna.
"Josh, para falar a verdade, tenho tentado envolver Sienna na minha vida
profissional porque ela tem estado distante ultimamente. Mas ela também tem
sido um grande trunfo para a Casa da Matilha."
"Eu tenho trabalhado tanto para mostrar a você que ainda me dedico a esta
matilha e a você."
"Eu sei, Josh. E eu agradeço. Mas depois do que aconteceu com a Sienna
no festival, preciso provar que esses fanáticos estão errados e mostrar à
matilha o quanto Sienna pode brilhar quando tem a oportunidade."
Ele suspirou profundamente e recostou-se na cadeira da escrivaninha.
"Com Sienna, estou começando a ver um novo caminho para nossa Matilha
que eu nunca teria visto por conta própria.
"Claro, mas onde me encaixo nessa visão do futuro? " Eu perguntei.
Houve um silêncio tenso entre nós.
Não importa se Aiden me perdoou ou não, as coisas estavam diferentes
agora. E isso era difícil de aceitar.
Michelle
Todas aquelas corridas com Aiden devem ter trabalhado bastante as pernas
da Sienna, porque as minhas estavam pegando fogo tentando acompanhar
aquela garota.
Minha melhor amiga definitivamente estava guardando segredos. Ela não
apenas não foi à galeria, mas chamou um táxi em vez de usar o motorista de
Aiden.
E de repente eu estava assistindo Sienna entrar no hotel mais caro da
cidade, tentando passar despercebida.
Graças a deus essa perseguição finalmente acabou, porque eu não fui feita
para essa merda.
Eu me agachei atrás de uma cadeira no saguão enquanto a observava entrar
no elevador. Eu queria ter visto pelo menos para que andar essa vadia
sorrateira estava indo.
"Que merda," eu murmurei para mim mesma quando a luz parou na
cobertura.
Por que diabos ela estava encontrando alguém em um hotel, a menos...
Sienna
Mal pude conter minha ansiedade enquanto esperava o elevador do hotel
de Konstantin. Eu finalmente obteria as respostas que estava procurando.
Fechei meus olhos e respirei fundo.
Eu finalmente saberia de onde vim.
De quem eu vim.
E eu poderia perguntar na cara deles por que eles me abandonaram...
Mesmo que fosse doloroso, eu precisava saber...
Porque eu não era boa o suficiente.
Capítulo 53 – A Ópera
Aiden
Faltando apenas alguns dias para o Baile de Inverno, eu estava preso
trabalhando até tarde no escritório novamente.
Meu único consolo foi que não teríamos nenhum convidado surpresa este
ano. O Alfa do Milênio ficaria na Costa Oeste para as festividades deste ano.
Sienna me mandou uma mensagem dizendo que estava indo para uma
sessão de terapia e depois indo para a galeria, o que pelo menos me fez sentir
menos culpado, mas eu não queria que essa fosse a nossa vida — ambos
trabalhando até tarde em lados opostos da cidade.
Eu não conseguia parar de pensar no que Josh havia me dito. Foi chocante
ver meu amigo, que sempre estava tranquilo, tão chateado e, embora eu não
quisesse admitir, muito do que ele disse fazia sentido.
Havia uma energia ruim no ar. Ela estava presente nas últimas semanas.
Não era algo que eu pudesse cheirar ou ver, mas podia sentir em meus
ossos.
E estava afetando todos com quem eu me importava.
Talvez o Baile de Inverno fosse a coisa certa para tirar todo mundo desse
clima. Ou talvez acabasse sendo um desastre ainda maior do que o do ano
passado.
Pelo menos uma coisa era certa: Sienna estaria linda.
Peguei uma caixa de vestido debaixo da minha mesa. Selene projetou isso
exclusivamente para a estreia de Sienna no Baile de Inverno como minha
companheira.
Eu não sabia absolutamente nada sobre vestidos, mas Selene tinha me
garantido que ela adoraria.
Quando apaguei as luzes do meu escritório, lembrei-me de que Sienna
tinha saído correndo. É melhor eu verificar se ela deixou alguma coisa para trás.
***

"Preciso de mais tempo."


Ao me aproximar do escritório de Sienna, percebi que a porta estava
entreaberta, apesar das luzes terem sido apagadas.
Havia alguém lá dentro, conversando, mas eu só conseguia ouvir uma voz,
e não era a de Sienna.
Eu preparei minhas garras e rastejei silenciosamente até a borda da porta
para ouvir.
"Isso não fazia parte do acordo... Faça seu próprio trabalho sujo... Por
favor, deve haver outra maneira... eu entendo."
O que era aquela baboseira? Era hora de acabar com aquilo.
Eu irrompi pela porta e encontrei Nina parada no meio da sala, sozinha.
Ela se virou para olhar para mim, assustada.
"O que diabos você está fazendo no escritório da minha companheira, loba
ômega? " Eu rosnei. "E-eu deve ter sido meu sonambulismo", ela balbuciou.
"Com quem você estava falando? Quem mais está aqui?" Eu cheirei o ar,
mas o único cheiro na sala era o de Nina.
"Juro, não sei como vim parar aqui", disse ela, começando a tremer.
"Mentira", eu cuspi, circulando-a. "Você é um ladrão. Então, o que você
veio roubar aqui?"
"Cometi erros na minha vida, mas não sou assim", disse ela, chorando.
Eu não acredito nessas lágrimas de crocodilo nem por um segundo.
"De qual matilha você foi exilada? " Eu investiguei.
"A matilha da Colômbia", ela divulgou. "Você não faz ideia... você não
sabe como era lá. Eu só roubei para me manter viva."
Eu duvidava que fosse uma coincidência ela ter escolhido uma das matilhas
mais distantes e remotas possíveis. Levaria uma semana para verificar sua
história.
"Volte para seus aposentos," eu rosnei. "Mas não se acostume. Você não
vai ficar aqui por muito mais tempo."
Enquanto ela mancava para fora do escritório de Sienna, ela se virou para
mim. "Lamento ser um inconveniente, meu alfa."
"Eu não sou seu alfa," eu cuspi. "Você pode ter enganado Jocelyn, mas sei
quem você é de verdade."
Sienna
Mais uma vez, encontrei-me sentada em frente a Konstantin enquanto ele
olhava através de mim, embora eu tivesse jurado nunca mais voltar aqui.
Ele conhecia meus medos mais profundos.
Meus maiores arrependimentos.
Meus desejos mais profundos.
Eu estava em desvantagem naquele jogo e nunca estive tão vulnerável
quanto ficava em suas sessões, mas se o que ele havia me dito fosse verdade,
eu finalmente descobriria quem eram meus pais.
"Você está pronta para entrar em suas memórias?" ele perguntou.
"Não, mas vamos fazer isso antes que eu mude de ideia," eu disse,
suspirando. "Se eu der a você acesso às minhas memórias, esta será a última
vez."
"Sim, eu posso te prometer isso. Eu sei como isso deve ser cansativo para
você."
Konstantin se inclinou e segurou minhas mãos. "Tudo bem, vamos
descobrir a verdade..."
Comecei a perder a consciência.
"... juntos."
Uma casa de ópera italiana desta vez — um teatro do tamanho do Coliseu.
Eu estava em um camarote olhando o espetáculo no palco. Um caçador, em uma
paisagem de inverno, estava de pé ao lado de seu prêmio, berrando uma enxurrada de
palavras melódicas que eu não entendia.
O simbolismo, entretanto, era dolorosamente claro — o prêmio daquele caçador?
Um lobo morto, sangrando de lado.
Meu cérebro não era sutil.
Senti meu lobo interior queimando dentro de mim. Isso me salvou da última vez que me
perdi em minha própria cabeça; talvez me protegesse desta vez também.
Usei meu mini binóculo para examinar a multidão, procurando por Aiden. Eu o
localizei na primeira fila. Ele estava indo para os bastidores.
Eu levantei meu vestido de baile magnífico e desci correndo as escadas enquanto ele se
arrastava atrás de mim.
Quanto mais perto eu chegava do palco, mais começava a sentir a Bruma.
Força, Sienna. Lembre-se, isso não é real.
Enquanto eu tentava me convencer de que era apenas minha imaginação, o prazer
avassalador que crescia em meu sexo me dizia o contrário.
Eu preciso ser tocada — agora.
Atrás do palco, passei por fileiras de figurinos e adereços detalhados, em busca de Aiden.
Ele apareceu por trás de uma cortina, usando uma máscara meia face dourada.
"Sua mente sempre traz você para mim. Toda vez", ele disse suavemente. "Você sabe o
que você quer, o que tem que ser feito."
Aiden estalou os dedos e a cortina de veludo gigante caiu, deixando-nos expostos no
palco na frente de milhares de pessoas.
Os atores haviam sumido; éramos apenas nós.
Meu lobo interior tentou uivar, como se quisesse me avisar de algo, mas a orquestra
começou a tocar e meu lobo foi afogado.
Aiden estendeu a mão e nós dois começamos a dançar quando a neve caiu do teto e
cobriu o palco.
Eu estava em transe, sem controle do meu próprio corpo, mas parecia uma adorável
canção de ninar. Eu não queria que acabasse.
Antes que eu soubesse o que estava acontecendo...
Nós nos beijamos.
Sob as luzes.
Na neve.
Com milhares de olhos em nós.
Era mágico.
"Você é realmente linda, Sienna. Agora, deixe-me entrar nessa bela mente."
Aiden me deitou suavemente em algumas peles escuras no meio do palco. Corri meus
dedos por sua maciez enquanto ele estava em cima de mim.
"Isso é real? "Eu perguntei, mergulhando mais fundo no meu subconsciente. "Parece um
sonho."
"Sim, minha querida, é apenas um sonho," Aiden persuadiu, desabotoando as calças e
rastejando em cima de mim.
Ele começou a beijar meu pescoço, mas isso estava errado.
"Deixe-me entrar."
Eu não queria.
Ele não se parecia com Aiden. Seu toque era estranho.
Esses não poderiam ser meus desejos — com ou sem Bruma.
Eu virei minha cabeça para evitar seus beijos e...
Ai, meu deus.
Gritei a plenos pulmões.
Eu estava deitada sobre a pele de um lobo.
O lobo de Aiden.
Sua língua estava pendurada grotescamente para fora de sua boca, e seus olhos mortos
me encararam com o vazio.
Quando me virei para Aiden, meu sangue gelou.
Meu coração afundou profundamente no buraco negro sem fim em que meu estômago se
tornou.
Porque não era mais Aiden deitado em cima de mim...
Era Konstantin.
Suas presas estavam estendidas e ele estava se movendo em direção ao meu pescoço.
"Dê-me o que eu quero," disse ele nervoso e irritado.
Eu lutei embaixo dele, mas ele me prendeu.
"Pare com isso! "Eu gritei. "Por que você está fazendo isso?"
"Apenas me deixe entrar! " ele gritou. "E tudo isso vai acabar."
"Saia de perto de mim," gritei.
Mudei e saltei sobre Konstantin, afundando meus dentes em seu ombro.
Enquanto ele gritava, não fomos apenas arrancados do chão. Fomos jogados no que
parecia um furacão.
Eu rompi nossa conexão.
***

Assim que recuperei a consciência, puxei minhas garras e passei-as pela


pele de Konstantin.
"Desgraçada, meu rosto! " ele gritou.
Eu deveria ter mirado mais baixo — entre suas pernas.
"Esse tempo todo era você", eu disse com minha voz tremendo. "Minha
mente nunca criou Aiden como meu guia. Sempre foi você."
Nunca senti uma traição tão profunda e condenatória.
Minha cabeça estava girando. Tive vontade de vomitar.
"Você estava apenas me usando", eu disse.
Konstantin deu um passo em minha direção e eu imediatamente recuei.
"Por quê?" Eu perguntei enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas.
"Porque você tem algo que eu quero", respondeu ele. "Bem no fundo de
sua mente."
Sua voz e comportamento mudaram completamente, e eu sabia que não
estava segura aqui.
Corri para o elevador enquanto ele tentava me seguir.
"Você não sabe o que está fazendo."
"Isso é porque você está mexendo com a minha cabeça, me manipulando,"
eu gritei, quase me transformando.
As costuras do meu vestido começaram a estourar.
Enquanto Konstantin caminhava em minha direção, soltei um rugido tão
poderoso que o desequilibrou.
Como diabos eu fiz isso? Eu nunca tinha visto nem mesmo Aiden derrubar
alguém antes.
"Nunca mais chegue perto de mim de novo", eu disse, com lágrimas
escorrendo pelo rosto.
Assim que a porta do elevador estava para fechar, vi o rosto normalmente
bonito de Konstantin se contorcer em uma carranca feia, cheia de ódio.
Michelle
Finalmente, lá está ela!
Eu estava prestes a adormecer esperando para emboscar Sienna no hotel,
mas pulei quando a vi correndo para fora do elevador.
Espere, por que ela está correndo?
E... ela está chorando?
Ela passou correndo, sem nem mesmo me notar...
Um homem bonito e de aparência distinta saiu correndo de um elevador
imediatamente depois, limpando o sangue da boca e olhando ao redor do
saguão com uma raiva selvagem nos olhos.
Que porra é essa?
Não era difícil de somar dois e dois.
Eu não me importava com os problemas que estava tendo com Sienna.
Este homem tinha feito algo à minha melhor amiga — e ele iria se arrepender.
Eu marchei até o homem, as garras em punho, pronto para uma luta.
Ele me olhou de cima a baixo com um sorriso sedutor. "Quem é você?"
"Que merda você fez com Sienna?" Eu rosnei.
"Por quê você se importa? " ele perguntou, divertido.
"Ela é minha melhor amiga, idiota. Agora me diga por que você a fez
chorar, ou você é quem vai chorar."
Ele sorriu calmamente e cravou as unhas no meu ombro, dando-me um
olhar hipnotizante.
"Por que eu não mostro a você?"
Capítulo 54 - Yuletide
Sienna
"Sienna, aqui!"
"Não, aqui, Sra. Norwood!"
"Esse vestido é lindo. Quem o desenhou?"
"Dê-nos um sorriso!"
Um sorriso.
O tapete vermelho se estendeu na minha frente, parecendo que continuava
por um milhão de quilômetros.
Flashes ofuscantes, perguntas invasivas, observadores cobiçando.
Eu poderia lidar com tudo isso.
Sorrir parecia impossível agora.
O que aconteceu com Konstantin estava me consumindo por dentro, sua
presença ainda persistia em minha mente.
Ele estava me usando.
Por quê, eu não tinha certeza, mas ele era poderoso e tinha exercido algum
nível de controle sobre mim que eu nem tinha percebido.
Eu precisava contar a Aiden o que tinha acontecido, mas o Baile de
Inverno não era o lugar. Ou talvez fosse e eu estava com muito medo de
reviver aquilo...
Aiden apertou minha mão. "Sienna, você está bem? Eu sei que isso é um
pouco demais, mas estaremos lá dentro antes que você perceba."
"Não, está tudo bem — você está certo," eu disse, forçando um sorriso.
"Vamos."
Eu praticamente puxei Aiden ao longo do tapete vermelho, parando o
mínimo de vezes possível. Talvez se apenas entrássemos, tudo seria...
Dez vezes pior.
Quando entramos no Casa da Matilha no topo da escada, todos pararam o
que estavam fazendo e olharam para nós.
Todos.
Eu vi minha mãe puxando a manga do meu pai e apontando para mim e
Aiden, parecendo que ela estava prestes a ter um derrame de emoção ao ver
sua filha fazer sua grande entrada no Baile de Inverno.
Selene sorriu para mim. Eu esperava estar fazendo justiça ao vestido dela.
Honestamente, foi a peça de roupa mais elegante que eu já vi.
Um vestido decotado, longo com lantejoulas douradas, que deve ter levado
semanas para ser feito. Ela até fez para Aiden uma gravata dourada
combinando.
Você realmente deveria ter passado mais tempo no tapete vermelho. Por que você é tão
egoísta, Sienna? Apenas pensando em si mesma.
Meu olhar começou a disparar para frente e para trás entre Mia, Erica, Josh
e Michelle. Eu senti como se todos eles pudessem ler minha mente, como se
conhecessem meus segredos.
Do jeito que Konstantin fez.
Aguenta firme, Sienna.
Eu joguei minha cabeça para o alto e acenei para a multidão, segurando a
mão de Aiden com força com a minha outra mão enquanto descíamos a
escada.
Eu sabia que poderia superar isso com ele ao meu lado.
Ele só está ao seu lado porque não sabe a verdade.
Que pensamentos horríveis que continuavam rastejando em minha cabeça?
Minha ansiedade estava gritando.
Quando chegamos ao fim da escada, a multidão voltou a tagarelar. Eu
tinha que contar a Aiden sobre Konstantin antes de explodir.
"Aiden, eu tenho algo para contar."
"Sienna, tenho que cumprimentar todos os dignitários e resolver alguns
assuntos antes do banquete. Você ficará bem por conta própria por um
tempo?"
"Claro," eu disse, tentando sorrir. "Vou encontrar minha família."
Enquanto ele se afastava, a voz voltou:
Veja, ele não consegue nem ficar perto de você. Ele odeia a maneira como você tira toda
a diversão e festividade da festa com o seu desespero.
"Pare... pare de me atormentar," eu murmurei, segurando minhas mãos na
minha cabeça.
Quando me virei, Michelle estava parada a poucos centímetros de mim e
quase gritei.
"Ai, meu Deus, Michelle, você me assustou. Mas estou muito feliz em ver
você," eu disse, aliviada. "Estou quase enlouquecendo."
"Sienna, você é uma maravilha", disse Michelle, acariciando meu cabelo. "E
esse vestido - ouro puro."
"Selene que fez. Ela provavelmente faria algo para você se..."
"Sua irmã sabe que você é uma vagabunda?" Michelle perguntou
abruptamente com um sorriso meio estranho.
"Como é? " Eu disse, recuando.
"E quanto ao Aiden? Ele sabe onde você tem passado as noites?"
"Michelle, não sei o que você viu, mas posso explicar. Na verdade, eu
preciso contar para alguém."
"Me poupe, Sienna. Eu sei quem você realmente é. Seus segredos não
permanecerão assim por muito tempo. Em breve, todos conhecerão sua
verdadeira natureza," disse ela.
Estreitando os olhos, ela apontou para a festa lotada cheia de minha família
e amigos.
Por que ela estava sendo tão cruel? Aquilo não parecia ser minha melhor
amiga de forma alguma.
A sala começou a parecer que estava se fechando sobre mim.
Todo mundo se tornou um borrão de lágrimas.
Eu não poderia estar ali. Eu não aguentaria.
Então eu corri.
É o que você faz de melhor.
Jocelyn
Tentei conter minha risada quando Nina me empurrou para a biblioteca e
nosso champanhe espirrou no chão.
"Nina, tenha cuidado. Este é um tapete persa. Você sabe como são caros? "
Eu disse, rindo enquanto tentava enxugá-lo com meu vestido.
"Não sabia. Obrigado pela dica." Nina sorriu. "Mas como vou colocá-lo na
minha bolsa antes de sair?"
"Para seus dias de ladra acabaram," eu disse, puxando-a para baixo no
tapete ao meu lado. "Você está no caminho de Deus agora."
"Hmm, definitivamente isso não é de Deus", disse ela, puxando-me para
um beijo.
Cada vez que seus lábios tocavam os meus, parecia mágica. Eu gostaria de
poder engarrafar aquele sentimento e usá-lo como um remédio, porque parecia
tornar tudo melhor — pelo menos naquele momento.
"Tive uma ideia", anunciei, embriagada. "Aqui, me ajude com isso."
Arrastei o tapete persa para perto da lareira crepitante e agarrei o máximo
de almofadas e travesseiros que pude encontrar, criando um covil macio para
desabarmos.
Nós seguramos as mãos e caímos para trás, caindo na pilha de travesseiros
em um ataque de risos.
"Obrigado por abandonar a festa comigo." Eu sorri. "Estou meio de saco
cheio com os bailes de inverno."
"Você não tem que me agradecer. Não sou uma garota que curte muito
multidões — afinal, eu sou uma ladina."
Nós nos viramos e olhamos uma para a outra. Os olhos ômega de Nina
brilhavam com as chamas dançantes e fizeram meu coração palpitar.
"Meus pais eram ambos ladinos", eu disse de repente. "Eu nunca disse isso
a ninguém antes."
"É sério?" Nina perguntou, surpresa. "Por que eles foram exilados?"
"Eles eram soldados na milícia da matilha. Eles discordaram de seu alfa —
pessoas inocentes estavam sendo feridas e não podiam mais ser cúmplices.
"Então eles escolheram ser lobos ômega. Eles passaram a vida inteira
tentando compensar os erros do passado."
"Eles parecem pessoas boas, não como eu", disse Nina, virando-se.
"Todos cometemos erros, mas eles não nos definem. A Matilha da Costa
Leste reconheceu isso e os acolheu. Eles podem fazer o mesmo por você.
Pressionei meu corpo contra o de Nina e a beijei novamente. "Você não
precisa mais ficar sozinha."
"Nem você", disse ela, beijando-me apaixonadamente de volta.
Minha Bruma se acendeu com desejo e comecei a morder seus lábios
enquanto suas mãos acariciavam meus seios.
Eu montei nela e puxei meu vestido pela cabeça enquanto ela tirava o dela.
O calor do fogo no corpo nu de Nina aqueceu sua pele, e quando minha
própria carne nua tocou a dela, desejei que nos fundíssemos em um único ser.
Eu belisquei e chupei seus mamilos, provocando um gemido suave.
Eu estava por cima, mas não por muito tempo. Nina gostava de me
dominar...
Ela assumiu o controle, me virando, deitando-me de costas e afastando
meus joelhos.
Ela foi beijando minha barriga até chegar no meu sexo e começou a
sacudir sua língua dentro de mim com tal habilidade que instantaneamente me
deixou molhada.
Comecei a gemer alto, incapaz de me controlar. Eu torcia para que
ninguém estivesse passando lá fora, ou eles poderiam ouvir.
Nina mergulhou seus dedos dentro de mim e começou a massagear partes
do meu sexo que a maioria dos homens nem sabia que existiam.
Enquanto ela movia os dedos ritmicamente, minha Bruma explodiu e
comecei a ter um orgasmo.
"Porra! " Eu gritei em êxtase.
Naquele momento, toda a maldita festa provavelmente poderia me ouvir.
E eu não me importava nem um pouco.
Aiden
Embora Raphael tenha perdido o evento deste ano, muitos outros alfas
notáveis estavam presentes.
Normalmente ficávamos bêbados com as melhores garrafas de uísque e
trocávamos histórias de caça a noite toda, mas este ano foi diferente.
Eu estava acasalado, e era Sienna, não esses dignitários, com quem eu
queria passar a noite.
"Aiden, seu cachorro velho, finalmente sossegou, hein? " George, o alfa da
matilha canadense, me deu um tapa nas costas. "Eu já estava ficando
preocupado com você sozinho chegando perto dos trinta."
Eu não estava com humor para aturar aquele idiota.
Notei Josh socializando com os outros betas, e uma ideia me ocorreu.
"Você me daria licença por um momento? " Eu disse, abandonando
George e correndo até Josh.
"Josh, precisamos conversar — sobre as coisas que você disse no meu
escritório outro dia."
"Ah, Aiden, ouça... Eu estava errado quando disse que você fez de Sienna
seu novo beta, — Josh se desculpou.
"Não, tenho pensado muito sobre o que você disse, e você está certo.
Tenho tirado suas responsabilidades a fim de tornar Sienna mais envolvida."
Josh parecia atordoado.
"Agora que estou acasalado, não posso viajar tanto quanto antes. Quero
que você seja meu novo embaixador — meu dignitário, que posso enviar ao
exterior em meu lugar quando surgir a oportunidade. O que acha disso?"
"Aiden, não sei o que dizer, seria uma honra", respondeu Josh,
boquiaberto.
"Ótimo," eu disse, apertando seu ombro. "Porque eu preciso que você
comece agora. Vá se embebedar com todos aqueles dignitários estrangeiros em
meu lugar e mantenha-os distraídos."
"Se esse é meu dever, então acho que não tenho escolha," Josh riu.
Enquanto eu inspecionava os alfas, um deles em particular chamou minha
atenção — um homem mais velho com pele marrom e uma túnica cerimonial
amarela. Havia algo familiar sobre ele, mas eu não conseguia identificá-lo.
"Josh, quem é aquele alfa de manto amarelo?"
"Aquele é Mateo, líder da matilha Colombiana."
A matilha Colombiana.
"Josh, venha comigo," eu disse, imediatamente marchando até Mateo.
"Mateo, já faz algum tempo que não vejo você no Baile de Inverno",
cumprimentei-o, esperando que não fosse óbvio que tinha esquecido quem ele
era.
"Aiden, sim, é bom ver você. E uma grande jornada para mim com nossas
Matilhas tão distantes uma da outra", Mateo disse, apertando minha mão.
"Eu coincidentemente tive um encontro recentemente com um membro
da sua matilha — bem, um ex-membro na verdade. Eu queria saber se você
poderia esclarecer algo para mim."
Mateo ergueu as sobrancelhas: "Um ex-membro? Um lobo ômega então.
Qual é o nome dele?"
"O nome dela é Nina — uma loba. Você a exilou por roubo."
"Receio que você esteja enganado, Aiden... Ninguém com esse nome, ou
por esse crime, jamais foi exilado da matilha colombiana."
Capítulo 55 - Correndo
Sienna
O ar gelado do inverno feria minha pele nua enquanto eu corria pela rua
com meu vestido e salto alto. Estava difícil de respirar, mas era mais fácil do
que no Baile de Inverno.
Lá, eu não conseguia respirar de jeito nenhum.
Minha mente estava me sufocando e eu precisava clarear a cabeça.
Aquelas vozes... as coisas horríveis que me disseram. Será que estavam
certas? Eu fui a causa da miséria de todos?
O que Michelle disse me assombrou mais — e a maneira como ela disse,
com aquele sorriso estampado no rosto.
Ela não era ela mesma. Não poderia ser...
Ou talvez você simplesmente não queira admitir que ela estava certa. Você é uma
vagabunda.
"PARE," eu gritei. "Saia da minha cabeça."
As luzes da rua piscaram assustadoramente ao meu redor quando parei e
segurei minha cabeça.
Eu acabei de fazer isso acontecer?
Eu não sabia mais o que era real e o que era fantasia.
Eu estava perdendo o controle da realidade.
A neve começou a cair enquanto eu prosseguia pela rua inquietantemente
silenciosa. Aquilo era real ou era outro truque que minha mente estava
pregando em mim?
Eu me lembrei daquele pesadelo horrível na minha cabeça:
Dançando com Konstantin.
Debaixo das luzes.
Deitado sobre as peles — o lobo de Aiden.
Eu fiquei tonta. Olhei para cima e todas as luzes da rua pareciam estar me
iluminando. Eu estava de volta ao palco.
"Não," eu disse, balançando minha cabeça. "Aquilo não era real."
Mas parecia real.
Eu precisava estar em algum lugar seguro. Em algum lugar onde eu
pudesse me esconder. Minha galeria.
Corre, Sienna.
Meus calcanhares começaram a bater na neve recém-caída.
Continue correndo.
Nina
Apenas.
Continue.
Correndo.
Não pare. Não olhe para trás.
Meus pés estavam ficando cansados. Eu poderia correr muito mais rápido se estivesse
transformada, mas não poderia fazer isso enquanto carregava um artefato inestimável.
Merda, o corredor à minha frente estava começando a fechar. Que sorte a minha.
Eu fui extremamente estúpida por pensar que roubar de uma divindade seria uma
tarefa fácil.
Foda-se. Eu não tinha escolha.
Me transformei em loba, arrancando minhas roupas.
Peguei minha mochila em minhas mandíbulas e corri enlouquecidamente até a luz no
fim do túnel.
Eu estava por um triz.
Pressionei minhas patas traseiras no chão e saltei pela abertura, assim que as paredes se
fecharam atrás de mim.
Eu rolei pela terra e caí em uma pilha na borda de uma floresta.
Eu me transformei em um humano e me levantei, olhando para trás, para o templo que
quase tirou minha vida.
Sorrindo, levantei meu dedo do meio para o céu e mostrei minha língua.
"Chupem, deuses. Sobrevivi para roubar ainda mais."
O ar úmido parecia pegajoso contra meu corpo nu enquanto eu olhava ao redor,
procurando por minha mochila descartada. Eu a encontrei alojada em um arbusto próximo,
enquanto o artefato captava o reflexo da luz do sol dentro dela.
"Ai está você," eu disse, puxando meu prêmio.
A Balança de Llinos. Ela não parecia nada demais, mas era feita de ouro maciço.
Uma balança como qualquer outra.
Ela custaria um preço alto no Covil, o maior mercado negro para lobisomens da
América do Sul.
Era um objeto sagrado, supostamente contendo algum tipo de poder divino, mas eu não
acreditava nessa besteira.
Eu acreditava no que eu podia ver. No que eu poderia gastar.
O poder do dólar todo-poderoso foi o que me manteve viva, não orações a divindades.
Eu coloquei a balança em uma pedra e comecei a incliná-la para frente e para trás.
"Você vai determinar meu destino?" Eu perguntei ironicamente.
"Não, criança, mas eu vou," retumbou uma voz profunda, mas feminina atrás de mim.
Uma figura alta, esguia e encapuzada pairou sobre mim. Embora seu rosto estivesse
obscurecido, seu corpo e características eram andróginos.
"Quem — quem diabos é você? "Eu perguntei, segurando a balança no meu peito nu.
"Sou eu quem mantém este mundo equilibrado, você alterou esse equilíbrio", explicou
ela.
As escamas dispararam de meus braços para a mão da mulher e fiquei paralisada. Não
importa o quanto eu tentasse, eu não conseguia me mover.
Será que era uma...
Ela colocou uma pedra em cada lado da balança. "A balança vai determinar se você
viverá ou morrerá."
Eu assisti com horror quando eles balançaram para frente e para trás, até que
finalmente o lado direito caiu.
Meu corpo descongelou e eu caí no chão. "O que — o que isso significa?"
"Significa que vou lhe conceder um favor. Você vive — por enquanto. Mas,
para restaurar o equilíbrio, você permanece em dívida comigo até que cumpra
um favor em troca," ela respondeu.
"E que tipo de favor você está sugerindo?" Eu perguntei, tremendo.
"Qualquer indulgência que atenda às minhas necessidades. Vou visitá-la novamente
quando chegar a hora," ela disse enquanto desaparecia no ar denso, me deixando sozinha.
***

"No que você está pensando?" Jocelyn perguntou, acariciando meu rosto
enquanto deitamos perto da lareira. "Parece que você está em algum lugar
longe."
"Eu estava por um minuto, mas estou de volta," eu disse, aconchegando-
me ao lado dela. "Não há nenhum lugar que eu prefira estar do que aqui, perto
de você."
"Nina, aquele sexo foi..."
"Incrível? Surpreendente? O melhor que você já experimentou?" Eu disse,
terminando a frase dela.
"Que presunçosa", Jocelyn riu. "Eu ia dizer que... foi perfeito."
"Também achei", eu corei. Eu nunca corei.
"Sabe qual a melhor parte de ser mulher? " Jocelyn perguntou timidamente.
"Talvez, mas me diga mesmo assim."
"Orgasmos múltiplos", respondeu ela. "E sabe o que mais? Minha Bruma
ainda está queimando."
"O que você está sugerindo, doutora?"
Jocelyn subiu em cima de mim e me deu um beijo longo e profundo — do
tipo em que parecia que sua alma estava deixando seu corpo por um plano
superior.
Droga, como aquela garota beijava bem.
"Você está pronta para a segunda rodada? " ela perguntou, olhando nos
meus olhos.
Porra, claro que estou.
Eu peguei Jocelyn enquanto ela colocava seus braços e pernas em volta de
mim. Caímos de costas em uma estante, derrubando dezenas de livros
históricos no chão.
Comecei a dedilhar seu sexo, deixando-a ainda mais molhada enquanto
continuava a empurrá-la contra a prateleira. Jocelyn agarrou minhas costas e
engasgou de alegria.
"Ai, meu Deus. Nossa. Esta é a melhor... a melhor sensação de todas", ela
gritou.
Tá aí algo que eles podem adicionar aos livros de história da Matilha da Costa Leste.
Jocelyn se soltou de meus dedos e ficou de joelhos.
"É a sua vez", disse ela, beijando meu umbigo.
Ela colocou a língua no meu sexo e começou a movê-la como se estivesse
falando a mil por hora.
Ela está recitando o maldito juramento hipocrático do curandeiro lá
embaixo?
O que quer que ela estivesse fazendo, era incrível.
"Não pare — continue," eu disse, agarrando seu cabelo.
Jocelyn começou a brincar com seu sexo enquanto me estimulava, e nós
duas gritamos de prazer em orgasmos simultâneos.
Caímos de volta no chão, rindo e respirando pesadamente ao mesmo
tempo.
"Eu vou ter um ataque cardíaco," Jocelyn ofegou enquanto colocava sua
calcinha de volta.
O jeito que ela me olhou com desejo enquanto eu prendia meu sutiã de
volta no lugar... Eu nunca tinha visto alguém me olhando assim antes, como se
eu fosse realmente desejada.
Ela era tão linda, e eu não a merecia. Eu me perguntei o que ela diria se
soubesse por que eu realmente estava aqui.
Talvez fosse melhor se eu apenas concluísse minha tarefa esta noite — e desaparecesse
como a covarde que sou...
Não importa o que eu fizesse, eu iria machucá-la.
"Nina, venha sentar-se comigo," Jocelyn me persuadiu com o sorriso mais
fofo do mundo.
Sentei-me em frente a ela, e ela agarrou minhas mãos, corando em um tom
forte de vermelho.
"Eu... eu quero, porra... eu não sei como dizer isso," ela disse, tropeçando
em suas palavras.
Espere um segundo, ela estava prestes a dizer...
Jocelyn
Meu deus, eu parecia uma idiota. Por que eu ficava tão nervosa perto dela?
É que... eu nunca disse essas palavras a ninguém antes.
E se ela não retribuísse?
A verdade é que eu nem sabia se Nina era minha companheira. Não
tínhamos tido aquele momento de confirmação ainda — aquele momento de
certeza.
Mas, apesar disso, havia uma coisa que se tornava cada vez mais clara para
mim.
"Jocelyn...," ela começou.
"Nina, acho que estou me apaixonando por você", deixei escapar.
Ela estava atordoada, completamente silenciosa e imóvel.
Aí, diga alguma coisa — qualquer coisa. Isso é insuportável.
"Eu... eu, bem... " Ela trouxe seu olhar para o meu.
A última coisa que eu queria fazer era assustá-la, mas nossa conexão era
tão forte que eu sabia que ela também sentia.
Quando eu estava com Nina, era como se eu estivesse realmente viva. Ela
acendeu um fogo em meu coração, e estava queimando mais forte a cada dia.
Ela colocou a mão sobre a minha e apertou. "Jocelyn, eu estou..."
A porta da biblioteca se abriu e Aiden invadiu com Josh e um enxame de
soldados.
"Jocelyn, saia de perto dela — Aiden rosnou. "Ela não é quem diz ser."
"Aiden, que merda você está falando? " Eu exigi. "Você não pode
simplesmente invadir aqui e..."
"Ouça, Jocelyn," Josh avisou. "Ela está mentindo para nós esse tempo
todo."
Dois soldados agarraram Nina e amarraram suas mãos atrás das costas
enquanto eu olhava com horror, incapaz de parar aquela loucura.
"Nina, o que está acontecendo?" Eu disse, engasgando.
"Sinto muito, Jocelyn. Sinto muito", ela disse, com lágrimas escorrendo
pelo rosto.
Eles a arrastaram para fora da sala enquanto eu me sentava em nossa pilha
de travesseiros, soluçando.
Aiden olhou para mim enquanto fechava a porta, me deixando sozinha.
Eu sempre acabo sozinha.
Capítulo 56 - Caminhos da Mente
Sienna
Trancada com segurança em minha galeria, me retirei para meu estúdio
pessoal nos fundos para trabalhar em uma nova peça. Pintar sempre foi a
melhor maneira de clarear minha cabeça.
Coloquei um avental sobre o vestido para evitar respingos de tinta nele.
Selene me mataria se soubesse que eu estava a menos de quinze metros do
meu estúdio usando um de seus originais.
Com meu telefone desligado e sem janelas ao meu redor, me senti
realmente isolada do resto do mundo, e era exatamente disso que eu precisava
agora.
Todas as minhas pinturas representavam memórias felizes, não toda aquela
merda que estava passando pela minha cabeça ultimamente.
Era bom ter um lembrete de que as coisas iriam melhorar eventualmente.
As coisas só vão piorar.
"Não," eu disse, balançando minha cabeça. "Isso não é verdade."
Ok, eu só precisava me concentrar, sair da minha própria cabeça.
De repente, estar em uma caixa isolada com apenas meus pensamentos
para me fazer companhia parecia a pior ideia que eu poderia ter.
Meu telefone começou a vibrar, mas era impossível. Ele estava desligado.
Eu cautelosamente estendi a mão até ele e abri as mensagens.

Konstantin: Estou na sua cabeça, Sienna.


Konstantin: Eu gosto bastante daqui.
Konstantin: Acho que vou ficar mais um pouco...

Joguei meu telefone longe e me virei, mas ainda estava sozinha.


"Saia da minha cabeça", gritei. "Eu não te dei permissão."
"Ah, mas você deu. Muitas vezes. E você ainda não me deu o que eu preciso."
"Então, vou ter que tomar à força."
Eu tropecei para trás, tropeçando em algumas telas e caindo em um balde
de tinta.
Meu lindo vestido estava arruinado - manchado em um tom escuro de
vermelho.
Mas aquilo não era tinta...
É sangue!
Eu gritei enquanto tentava enxugá-lo, mas momentos depois, não havia
nada em mim.
"Você nem sabe mais o que é real."
A risada de Konstantin ecoou em minha cabeça.
"Isso tudo vai acabar se você me deixar ter o controle. Vou desbloquear partes de você
que você nem sabia que existiam."
"Nunca", gritei. "Esta é a MINHA mente e NÃO vou dar-lhe acesso a
ela."
"Eu tentei ser bonzinho, Sienna, mas agora acabou. Você não tem escolha."
A sala começou a girar e minhas pernas ficaram bambas.
Não, não vou deixá-lo entrar de novo.
Pense, Sienna... como você pode bloqueá-lo?
São suas memórias.
São SUAS memórias.
As pinturas. Talvez se eu me concentrasse nas memórias das minhas
pinturas, isso o forçaria entrar em minhas boas memórias - e me manteria no
controle.
Comecei a correr pelo estúdio, reunindo pinturas que representavam os
melhores momentos da minha vida e colocando-as lado a lado contra a parede.
"Você é fraca e está sozinha. Seja qual for seu plano tolo, não funcionará. Você apenas
falhará de novo."
Dada a maneira como Konstantin começou a chiar, percebi que ele estava
ficando nervoso.
Peguei a primeira pintura, minha casa de infância, e fechei os olhos.
Meu deus, espero que funcione.
"Você quer entrar? " Eu gritei. "Então venha, porra."
***

Eu estava no meu antigo quarto na casa da mamãe e do papai. Eu me vi sentada na


cama chorando enquanto meu pai me confortava.
De quando é essa memória? Foi no ano passado?
"Está tudo bem", disse papai, acariciando minhas costas. "É perfeitamente normal
sentir-se assim."
"Não, não é," eu me ouvi dizer com raiva. "Eu sou uma dominante. Dominantes não
permitem que coisas estúpidas como essa os afetem."
Agora eu me lembrei - a noite em que Aiden me deixou sozinha na floresta.
"Eu não acho que o que você está sentindo é estúpido, Sienna," papai disse. "E
dominante ou não, todo mundo tem um coração.
"Sabe, quando trouxemos você para casa, eu pude perceber imediatamente que você era
especial. Você tinha essa confiança em tudo o que fazia, mesmo quando era bebê.
"Assistindo você crescer, eu vi essa confiança se manifestar em tudo, desde como você se
comporta até a sua arte. Chorar não tira isso de você, Sienna. Você ainda é a lobisomem
mais forte que conheço."
Uma sensação de calor começou a irradiar por todo o meu corpo. Era boa - não, não
apenas boa, era poderosa. Eu nunca senti esse poder antes.
A sala se transformou em aquarelas e, à medida que ela foi sumindo, eu me vi vagando
para outro lugar.
***

A Casa de Aiden. O quarto em que eu estava antes de nos acasalarmos.


"Há algo entre nós. Nenhum de nós pode negar. Eu senti quando te marquei, mas eu
até senti na primeira vez que te vi, na margem do rio", Aiden disse, me puxando parei seu
colo.
Fiquei com ciúme ao vê-la sentindo seu caloroso abraço, mas só de ver essa memória se
desenrolar me fez sentir mais poderosa.
"Você se lembra disso? "Meu eu da memória perguntou, um pouco incrédulo.
"Claro que sim", Aiden disse calmamente. "Eu senti seu poder desde então. Seu cheiro
irradiava uma força e sensualidade que eu não pude resistir."
"Eu não irradiei nenhuma força esta noite. Eu estava fraco."
"Pare. O que eu disse um minuto atrás... eu estava errado. Deixe-me te contar algo. Seu
cheiro me atingiu no momento em que entrei naquele jantar Não é algo que acontece na
forma humana, então você me desequilibrou.
"A Bruma me atingiu, e eu tive que segui-lo, para descobrir mais sobre você, apenas
para estar em sua presença.
"Eu nunca fui tão dominado por algo mais poderoso em minha vida. Essa é a sua
força, o tipo de poder que você tem sobre mim. É por isso que te marquei."
As palavras de Aiden me atingiram como um raio e fui catapultada através da tinta
pingando que começou a formar uma nova paisagem.
***

Eu estava em uma clareira iluminada pela lua na floresta. Um riacho silencioso correu
por ele enquanto dois lobos lutavam um com o outro de brincadeira.
Ai meu Deus, isso foi...
Nossa primeira corrida.
Eu assisti quando Aiden soltou um uivo visceral e afundou seus dentes no ombro do
meu lobo, bem onde minha marca estaria em forma humana - o ato final de uma corrida
entre parceiros em potencial.
Lembrei-me daquela noite como se fosse ontem. Cada detalhe.
Foi a noite mais íntima e intensa de toda a minha vida.
Eu assisti enquanto Aiden e eu nos transformamos e entramos na água para lavar um
ao outro. Aquele momento foi perfeito.
O mesmo sentimento que eu tinha em meu coração então... eu sentia agora.
O momento em que me apaixonei por Aiden pela primeira vez.
***

De repente, eu estava de volta à galeria.


Acabou?
Onde estava Konstantin?
As paredes - estavam todas vazias. As telas tinham sumido.
Não, deveria ser outra memória.
Um sino tocou quando a porta da galeria se abriu e eu me observei entrando no espaço
vazio com Aiden.
"Aiden Norwood, o que estamos fazendo aqui?"
"Sienna Mercer-Norwood, achei que você gostaria de ver sua nova galeria."
Eu me vi gritar de alegria e começar a correr pela galeria, me atravessando
eventualmente.
"Feliz aniversário de uma semana, Sienna. " Aiden sorriu.
"Eu não posso acreditar que você fez isso... por mim," eu disse.
"Eu faria qualquer coisa por você."
Eu murmurei as palavras junto com ele, e meu coração se encheu de poder Foi como se
eu tivesse desbloqueado algo profundo dentro de mim.
***

Eu estava de repente em outro espaço, algum tipo de laboratório, e Konstantin também,


mas ele estava vestido de forma diferente - e agindo como se eu não estivesse lá.
Isso era outra memória? Havia algo diferente das outras.
Uma porta se abriu e uma mulher entrou na sala, cumprimentando Konstantin.
"Quase deciframos as runas. Então vamos entender. Saberemos como aproveitar o
poder.
"Isso é motivo para comemorar, Vanessa. " A boca de Konstantin se curvou em um
sorriso.
Soltei um grito quando me virei para olhar para a mulher, mas ninguém teria ouvido de
qualquer maneira.
Por um momento, pensei que estava olhando para mim mesma. Aquela mulher tinha
cabelo vermelho-fogo, assim como o meu, e os mesmos olhos intensos. Com a maneira como
ela se movia pela sala, eu tinha certeza que ela era uma dominante como eu também.
Seus olhos não eram mais ferozes. Eles estavam cheios de tristeza.
De repente, ocorreu-me - esta mulher... será que era minha...
"Mãe? " Eu gritei para o ar vazio.
"O que estamos fazendo... é uma blasfêmia. As divindades vão destruir a
todos nós se não abandonarmos essa loucura", disse ela.
Minha mãe caminhou direto em minha direção, e eu vacilei quando ela passou por mim
como se eu fosse um fantasma.
Quando me virei, ela estava balançando algo na frente dela. Enquanto me movia para
olhar mais de perto, eu engasguei.
Era um bebê, em um berço.
Era eu.
Esta ERA minha memória.
"Vanessa, as divindades não podem nos tocar se tivermos sucesso," Konstantin rebateu,
esgueirando-se ao redor dela como uma cobra. "Teremos tanto poder quanto eles."
"Não vou arriscar a vida da minha filha," afirmou ela. "Nenhuma quantidade de
poder vale a vida dela."
Fui até minha mãe, um reflexo meu, e tentei segurar sua mão, para confortá-la, mas
simplesmente passei por ela novamente.
"O seu companheiro - o pai dela - tem algo a dizer sobre isso?"
"Konstantin... ele não é o pai", disse ela, sufocando as lágrimas.
"Então... quem? Quem é?" ele perguntou, horrorizado.
"O pai dela é... Rowan."
A reação de Konstantin foi extrema. Ele derrubou uma prateleira de frascos de vidro no
chão quando quase caiu.
"Não, eu nunca vou deixar ela se envolver nisso. "Ela olhou feio. ‘‘Nunca."
Eu estava de volta ao meu estúdio - de verdade dessa vez. Todas as
pinturas que reuni ainda estavam encostadas na parede.
Que porra foi essa?
Eu finalmente fui capaz de alcançar as memórias que eu estava
suprimindo?
Uma coisa era certa - Konstantin conhecia minha mãe. Ele estava
mentindo para mim desde que me conheceu.
Eles estavam trabalhando juntos em algo, mas ela não queria continuar.
Ela queria me proteger.
Mas de quem?
Meu pai?
Quem era Rowan?
Aproximei-me de uma pintura caída no chão e coloquei-a sobre um
cavalete.
Quando eu pintei isso? Quando eu estava em minhas memórias?
Era o retrato de uma linda mulher com cabelo vermelho-fogo caindo sobre
os ombros - minha mãe biológica.
Fechei meus olhos mais uma vez e ouvi sua voz.
"Não vou arriscar a vida da minha filha", afirmou ela. "Nenhuma quantidade de
poder vale a vida dela."
Abri meus olhos e senti como se eles estivessem brilhando. Eu estava
irradiando um nível de poder que nunca senti antes.
Eu não sabia o que era, mas não era comum para um lobisomem. Eu tinha
certeza disso.
Quando voltei meu olhar para o retrato de minha mãe, seu rosto começou
a derreter. As tintas a óleo que usei estavam pingando no chão em uma poça e,
à medida que sua carne derretia, seu rosto foi substituído por um esqueleto
apodrecido.
A risada de Konstantin começou a ecoar em minha cabeça novamente.
"Essa viagem por suas memórias deveriam me enfraquecer de alguma forma? Ou você só
queria me mostrar momentos patéticos de sua curta vida?
"Honestamente, Konstantin... aquilo não foi para você."
Eu convoquei todo o poder que pude reunir - toda a força que eu obtive
das pessoas que acreditaram em mim, me protegeram, me amaram - e eu o
libertei como um ciclone.
Minhas pinturas voaram ao redor da sala quando senti a presença de
Konstantin finalmente deixar meu corpo.
Eu o vomitei em uma tela em uma pilha de lama preta.
"Você acha que ganhou? Vou voltar e tornar as coisas ainda mais difíceis. E não
apenas parei você - parei seus amigos e familiares também. Vou fazê-los sofrer."
"SAIA! " Um vento soprou pela minha galeria devastada e, depois de um
momento, só havia silêncio.
Minha mente parecia ter sido purgada de um veneno.
Eu desabei no chão, significativamente mais leve, mas ainda sobrecarregada
por uma sombra escura.
Konstantin finalmente se foi...
Mas por quanto tempo?
Capítulo 57 - Marionetistas
Nina
"Esse é seu melhor, bonitão? Tem medo de me bater com mais força e
quebrar uma garra?"
TOMA!
Merda.
Ok, essa realmente doeu.
Não achei que o beta tivesse coragem.
O sangue escorria pelo meu queixo enquanto eu olhava para Josh. Aiden
estava atrás dele, encostado na parede, deixando sua cadela fazer o trabalho
sujo.
"Quando você vai pular no ringue, Alfa? Não quer sujar as mãos? " Eu
cuspi.
"Por que você não me desamarra e a gente cai no mano a mano. Uma luta
real - não essa besteira de tortura no porão. Alfa versus ômega."
Eu sabia que não deveria provocá-lo - eu era tecnicamente o inimigo, afinal
- mas não pude evitar. Falar demais fazia parte da minha natureza.
Aiden sorriu como um idiota arrogante.
Ele começou a me circundar com as mãos atrás das costas, perfeitamente
composto. Ele estava no controle e sabia disso.
"Você não vai querer deixar isso chegar ao ponto em que eu entre no
ringue", Aiden desafiou. "Seria uma luta mortal."
Eu me perguntei se esse alfa já havia matado alguém que o cruzou antes.
Sinceramente, eu não queria descobrir.
"Qual era o seu objetivo aqui?" Josh interrompeu. "Por que você estava
manipulando Jocelyn?"
"Eu não estava-"
Porra, não dê a eles nenhuma informação.
"Jocelyn não teve nada a ver com isso, ok? Ela só me ofereceu uma boa
foda ao longo do caminho."
Sua mentirosa imunda. Você é a pessoa mais baixa de todas, Nina.
"Sua vadia de merda", Josh gritou, ecoando meus próprios pensamentos.
Ele balançou o punho para mim novamente, mas desta vez, Aiden o
bloqueou antes que ele pudesse se conectar.
"Que merda é essa? Josh gritou.
"Que merda é essa " digo eu. Desta vez, foram meus pensamentos ecoando os
de Josh.
Por que Aiden parou aquele soco?
Será que ele percebeu que eu estava mentindo sobre meus verdadeiros
sentimentos por Jocelyn?
"Por quê você está aqui? " Aiden perguntou, seu rosto pairando a apenas
alguns centímetros do meu.
"Bem, eu certamente não vim pelas acomodações," eu disse
sarcasticamente, olhando ao redor para a cela úmida da prisão em que eu
estava algemada. "Vou dar uma estrela pra vocês no Uivo."
"Você é uma ladina, o que significa que ninguém virá atrás de você.
Ninguém se importa se você vive ou morre, - Aiden rosnou. "Então é melhor
você começar a falar, ou vai passar o resto de sua vida solitária e miserável
nesta prisão."
"Vocês servem pelo menos um café da manhã básico?"
Aiden chegou perto de me bater, mas em vez disso soltou um rugido
monstruoso e socou a parede de tijolos, deixando um buraco em forma de
punho.
Certo, acho que falei cedo demais sobre entrar no ringue com ele.
Provavelmente estamos em diferentes classes de peso. ~
"Vamos ver se você tem vontade de conversar depois que eu te deixar aqui
embaixo por dois dias na sua própria sujeira, como a rata fedorenta que você
é", ele rosnou.
"Parece divertido", gritei quando ele saiu da cela.
Antes de Josh trancar a porta, ele se inclinou para trás e me encarou. "O
que você fez com Jocelyn... você é realmente desprezível. Espero que apodreça
aqui."
A porta se fechou, deixando-me isolada.
Plateia exigente. Mas ele não estava errado sobre Jocelyn.
Estava me consumindo por dentro saber que eu havia a machucado e não
havia nada que eu pudesse fazer para consertar.
"Eu elogio você por sua resiliência, Nina. Você não é do tipo que se
desestabiliza sob pressão."
Uma figura alta encapuzada emergiu das sombras.
"Ah, ótimo, é você," eu gemi. "Se estes são os tipos de visitas conjugais
que vou receber, gostaria de revogar meus privilégios de visitação."
"Seu trabalho ainda não está completo. Você não deve deixar de manter
nosso acordo. Se você perturbar o equilíbrio, seus grilhões aqui não serão
páreo para as correntes que prenderão sua alma na vida após a morte", ela
respondeu sem se abalar.
Eu balancei a cabeça, cerrando meus dentes. Ela não estava me dando
escolha. Estaríamos unidas até que minha tarefa fosse concluída.
"Você tem as ferramentas necessárias para completar sua missão, então
preste atenção ao meu aviso - não falhe de novo," ela disse, desaparecendo no
ar.
Senti algo se materializar em meu bolso.
A chave para minhas algemas.
Jocelyn
Eu sentia a dor de Nina. Mesmo que não estivéssemos acasaladas, eu a
sentia fluindo em minhas veias. Tínhamos algum tipo de conexão, um ligação
que não compartilhei com mais ninguém.
Eu também sentia sua força. Ela era uma baita sobrevivente. O que quer
que Aiden e Josh estivessem fazendo com ela lá embaixo, ela havia lutado
contra.
E o que exatamente aqueles dois idiotas teimosos estão fazendo lá
embaixo?
Eu nunca perdoaria meus ex-namorados se eles machucassem minha
namorada.
É isso que ela é?
Nossa, isso era complicado e fazia minha cabeça doer.
Eu só sabia que Nina era alguém por quem eu lutaria.
Aiden veio marchando pelo corredor e eu saí e bloqueei seu caminho.
"Aiden, que merda você fez?"
"Agora não, Jocelyn," ele rosnou.
"Agora, sim", eu rosnei de volta. "Eu mereço uma explicação."
"Ok, você quer que eu explique para você? " Aiden disse, furioso.
"Vou te dar uma dica, Jocelyn. Você foi usada. Por quê, eu não sei, porra,
porque ela se recusa a falar. Mas ela não dá a mínima para você. Você era
apenas um alvo fácil para ela."
Lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos. — Isso... isso não é
verdade, Aiden. Você não a conhece."
"Não. Jocelyn, você não a conhece — apenas as mentiras que ela lhe contou.
Talvez se você não tivesse pensado com sua buceta, não teríamos uma maldita
espiã em nosso meio durante o evento mais importante do ano."
Eu não conseguia parar. Comecei a soluçar descontroladamente. Aiden
estava sendo cruel, e ele sabia disso. Sempre odiei esse lado dele.
Ele parou de me atacar e pareceu genuinamente arrependido quando viu o
quão afetada eu estava.
"Jocelyn, escuta... eu não tive a intenção de ser tão duro. Não é sua culpa."
"Vá embora, Aiden. Eu quero ficar sozinha", eu disse bruscamente.
Enquanto caminhava pelo corredor, ele parou e se virou por um momento.
"A loba ômega, ela nos contou muitas mentiras, mas acho que uma delas
foi quando ela disse que não se importava com você. Eu podia sentir isso.
Aquilo não era verdade."
Eu não sabia em que acreditar. Esses sentimentos ainda eram novos, mas
eu precisava ver Nina novamente e ouvir essas palavras por mim mesma.
Aiden
Eu sabia que o Baile de Inverno seria um desastre. Sempre foi.
Eu teria que voltar e fingir que estava tudo bem — que eu não tinha
acabado de descobrir uma espiã em uma festa cheia de alfas mais importantes
do mundo.
Se alguém descobrisse, seria outro pesadelo de relações públicas para a
Matilha da Costa Leste. Sem falar no prejuízo que causaria às parcerias
estrangeiras.
Aquela loba ômega poderia ter estado aqui para assassinar qualquer um
deles.
Eu me senti horrível por partir para cima de Jocelyn daquele jeito. Meus
nervos tinham me dominado. Eu só queria que ela tivesse sido mais cuidadosa.
Ainda assim, não importa o quanto aquela ladina desgraçada me enfureceu,
eu realmente senti que ela se importava com Jocelyn. Havia mais sobre ela do
que eu sabia, mas, por enquanto, estava feliz por ela estar trancada em uma
cela.
Enquanto eu voltava para o baile, examinei a sala em busca de Sienna. Mais
do que qualquer outra coisa, eu precisava ter certeza de que ela estava segura.
Eu já a tinha negligenciado por muito tempo, e ela fazia parte do conselho
agora também. Ela precisava saber o que estava acontecendo.
Avistei Selene perto do bar, cuidando de sua mãe embriagada.
"Ei, meninas, viram Sienna? " Eu perguntei, certificando-me de esconder
qualquer preocupação em minha voz.
"Pensando bem, não", respondeu Melissa. "Ela está perdendo a chance de
beber com a mãe dela."
"Selene? Alguma ideia?"
"A última vez que a vi, ela estava conversando com Michelle", respondeu
Selene, levando embora a bebida da mãe.
Antes mesmo de começar minha busca por Michelle, ela me encontrou.
"Aiden, o alfa da noite, apenas o homem que eu preciso", disse ela,
passeando, balançando os quadris.
Algo estava errado com Michelle esta noite e, pela maneira como Josh
estava olhando para ela, ele notou.
"Onde está Sienna? Você viu ela?"
"Ah, eu a vi, sim. Eu vi a prostituta da sua companheira saindo da
cobertura de outro homem na noite passada", Michelle disse, batendo seus
cílios.
"Michelle, que merda você disse?" Selene perguntou com raiva. Melissa
parecia branca como um fantasma.
"Você quer dizer que nenhum de vocês sabe que Sienna tem recebido
tratamento especial de seu terapeuta?" Michelle estava saboreando cada
palavra.
Essa não era a Michelle que eu conhecia.
"Amor, você está bêbada? Que merda é essa que você está dizendo?," Josh
perguntou, estupefato.
"Melhor ter cuidado com o que vai dizer a seguir, Michelle", avisei.
"Qual é, Aiden, você não é um idiota. Você notou como ela estava distante.
As madrugadas na galeria. A falta de vontade de transar — com você no caso."
"Você é uma puta mentirosa" eu rosnei. "Lobisomens não podem quebrar
o vínculo de acasalamento."
Por que ela está tentando me provocar?
Michelle sorriu de uma forma que fez meu cabelo se arrepiar.
"Tem certeza? " ela perguntou em uma voz profunda que não era a dela.
Que porra é essa...
Melissa largou a taça de champanhe e gritou quando Selene cobriu a boca
de horror.
Eu agarrei Michelle, ou quem quer que seja, e comecei a sacudi-la.
"Onde está Sienna? Fala logo!"
Josh tentou me impedir, mas eu o empurrei.
"Ela está sozinha", provocou a voz, falando através de Michelle. "Mas não
por muito tempo."
"Michelle, o que está acontecendo com você? O que é isso no seu
pescoço? Josh perguntou, agarrando-a.
Havia dois pequenos pontos — como picadas de cobra — na lateral do
pescoço de Michelle.
Algo a marcou, e não era um lobisomem.
"Você gostou?" A boca de Michelle começou a espumar. "Talvez Sienna
faça como eu e consiga também."
Não.
Meu coração começou a bater no meu peito.
"Michelle, onde diabos está Sienna? " Eu gritei.
Seus olhos rolaram para a nuca e ela começou a ter convulsões nos braços
de Josh.
"MICHELLE!" Josh gritou.
Quem quer que tenha feito isso com Michelle, iria atrás de Sienna em
seguida.
Então, eu tenho que chegar até ela primeiro.
Capítulo 58 - Cortado
Jocelyn
O calabouço da Casa da Matilha era um resquício de outra época.
Enquanto os alfas anteriores o usavam sempre que alguém olhava de
maneira errada para eles, eu nunca tinha visto isso ser usado durante minha
vivência na Matilha da Costa Leste.
Eu vaguei pelos corredores mal iluminados, deixando nossa conexão guiar
o caminho através dos túneis sinuosos que ficavam sob a Casa.
Os sentimentos que eu tinha por Nina em meu coração ainda eram fortes,
embora minha cabeça estivesse me dizendo que tudo o que eu sabia sobre ela
era baseado em uma mentira.
Quando fiz a curva em um corredor, encontrei Nina algemada à parede de
uma cela, coberta de sujeira e sangue seco.
Passei os dedos pelas barras quando meus olhos começaram a lacrimejar.
Eu odiava vê-la nesse estado.
Eu não me importava com os motivos ocultos que ela tinha; ninguém
merecia ser tratado assim.
Ela ergueu a cabeça e sorriu fracamente ao me ver.
"Jocelyn? Pensei ter sentido você aqui embaixo, mas não acreditei. Achei
que você nunca mais iria querer me ver..."
"Eu queria dar a você uma chance de me dizer como você realmente se
sente. Nina, seja honesta comigo, o que Aiden disse é verdade?"
"Ele disse que eu sou uma canalha, uma causa perdida da escória da terra?
Porque se sim, então sim, é verdade."
Normalmente Nina teria dito algo assim como uma piada, mas não havia
nenhum pingo de humor em sua voz. Apenas dor.
"Estou entrando," eu disse, destrancando a porta.
Ajoelhei-me na frente de Nina e tirei um pano e um antisséptico da minha
bolsa de suprimentos médicos.
"Deixe-me tratar este corte em seu rosto," eu disse, enxugando seu queixo
enquanto ela estremecia. "Quem fez isto com você?"
"Jocelyn, você sabe que eu não sou dedo-duro", brincou Nina.
Nada nessa situação era engraçado, mas seria melhor mesmo eu não saber
quem tinha sido. Eu deveria tirar as pessoas do hospital, não colocá-las nele.
"Eu imaginei que minha primeira vez usando algemas com você seria de
uma forma muito mais sexy do que essa", disse Nina, forçando um sorriso.
"Então, eu seria a dominante? Estou intrigada. " Coloquei minhas mãos
acima do coração de Nina. "Eu posso?"
Ela acenou positivamente com a cabeça.
Fechei meus olhos e foquei minha energia. Comecei a absorver a dor de
Nina em meu corpo, e desta vez realmente funcionou.
Minhas veias ficaram pretas e meu corpo começou a doer como se tivesse
acabado de cair de um penhasco.
"Pare, já chega", gritou Nina.
Eu caí para trás, esgotada, mas Nina parecia já estar em melhores
condições. A cor estava voltando a suas bochechas rosadas, e ela parecia tão
selvagem e linda como sempre.
"Por que foi que você fez isso?"
"Porque você vai precisar de sua força... Estou te libertando."
"Jocelyn, não. Você vai ser presa por isso", ela protestou.
Coloquei minha mão no rosto de Nina. "Você ainda não percebeu que eu
faria qualquer coisa por você? " Eu a beijei suavemente e ela me beijou de
volta.
"Eu só preciso encontrar algo para quebrar essas correntes", eu disse,
procurando na cela.
"Na verdade... " Nina puxou uma chave do bolso.
"Espere... como? Por que você ainda esta aqui? " Eu suspirei.
"Não é óbvio? " ela perguntou. "Eu não ia sair sem te dar uma explicação."
"Nina, eu não preciso disso", eu disse, destravando suas algemas.
"Por favor, Jocelyn, eu tenho que te dizer."
Eu cruzei meus braços e desviei o olhar. "Certo, vá em frente."
"Primeiro, você tem que saber que meus sentimentos por você sempre
foram reais. Nunca menti sobre isso, nem por um segundo. Mas eu sou uma
espiã. Fui enviada aqui... por alguém muito poderoso", ela disse em um tom
sério.
"Quem? Outra matilha?"
"Não, não é uma matilha, mas eu não posso dizer o nome. É para sua
própria segurança. Mas Jocelyn... sua amiga, Sienna... ela atraiu o interesse de
alguém com quem não se brinca.
"Espere... Sienna? Você foi enviado aqui para espionar Sienna? " Eu
perguntei, chocada.
"Sim, eu deveria vigiá-la e... se certos eventos acontecessem, eu deveria
eliminá-la. Essas foram as minhas ordens."
"Quem iria querer machucar Sienna? Que ameaça ela poderia representar?"
"Jocelyn, prometa-me que você vai ficar longe disso. Não suportaria ver
você se machucar. Eu já te machuquei o suficiente."
Nina me puxou para seus braços e colocou sua testa contra a minha.
"Eu tenho que ir, Jocelyn. Eu nunca poderia fazer o que me pedem,
especialmente não para alguém próximo a você. Mas quando eu quebrar meu
vínculo com meu benfeitor, terei que enfrentar as consequências.
"Então eu as enfrentarei com você. Nós iremos juntas", eu disse com
firmeza.
"Eu tenho que enfrentar isso sozinha. Mas, Jocelyn, saiba que...," Nina
ergueu meu queixo e pressionou seus lábios contra os meus com toda sua
paixão. "Você merece o mundo — e eu só queria poder dá-lo a você."
"Não vá, Nina", eu disse, minha voz falhando.
Ela saiu da cela com lágrimas escorrendo pelo rosto. "Isto não é um adeus.
Nós veremos novamente."
Nina era uma boa mentirosa. Mas ela não podia mentir para mim.
Ela se foi.
***

Quando voltei para o Baile de Inverno, enxugando minhas lágrimas, ouvi


barulho e gritos vindos do salão de baile, ressaltados por Josh gritando a
plenos pulmões.
"MICHELLE!"
Que merda estava acontecendo lá?
Eu me recompus e corri para o salão de baile para encontrar o caos. Todos
os convidados estavam se dispersando enquanto Michelle — Meu deus.
Ela estava suspensa no ar, meio deslocada, com mesas, cadeiras e talheres
flutuando em um vórtice ao seu redor.
Eu tinha lido histórias raras como essa em diários restritos de curandeiros,
mas nunca pensei que veria em toda a minha vida.
Possessão.
Corri até Josh, que estava tentando falar com ela.
"Michelle, ouça minha voz. Você pode lutar contra isso. Eu sei que você
está aí", disse ele, com lágrimas escorrendo pelo rosto.
"Josh, cuidado", eu gritei, empurrando-o assim que uma mesa voadora se
chocou contra o local onde ele estava.
"Jocelyn, eu não sei o que fazer", ele disse, desesperado.
"Eu acho que tenho uma ideia... mas você vai ter que me manter perto."
Sienna
Eu não poderia ficar aqui. Eu não estava segura.
Konstantin sabia minha localização, e só porque eu o bani da minha cabeça
não significava que ele não viria me procurar novamente.
Eu precisava chegar até Aiden na Casa da Matilha. Ele nem tinha ideia de
que um vampiro estava em nosso meio.
Um vampiro que eu convidei.
Konstantin era uma ameaça para a matilha, e ele esteve bem na minha
frente o tempo todo.
Enquanto corria pela minha galeria, as luzes começaram a piscar.
Já era tarde demais.
Konstantin apareceu em uma nuvem de fumaça negra, bloqueando minha
saída.
"Sienna, minha querida, você estava indo embora? Acabei de chegar aqui."
"Você está doente, eu nunca deveria ter confiado em você! " Eu cuspi.
"De que outra forma você iria encontrar seus pais? " ele zombou.
"Eu os encontrarei sozinha. Eu não preciso de você ou de seus poderes."
Konstantin soltou uma risada maligna e se materializou bem na minha
frente.
"Eu tenho mais um presente para você, Sienna", disse ele, tocando minha
testa antes que eu pudesse impedi-lo.
***

Eu estava na floresta à noite, mas não era nenhuma floresta que eu reconhecia.
Esta não era minha memória; era de Konstantin.
Eu ouvi galhos quebrando à distância e me preparei.
Eu tinha certeza de que Konstantin não poderia me machucar fisicamente quando
estávamos mentalmente ligados — caso contrário, ele já teria feito isso. Mas tudo o que ele
quisesse me mostrar seria projetado para me machucar psicologicamente.
Passos. Eles estavam se aproximando.
Minha mãe irrompeu na clareira, ofegante e sem fôlego. Ela estava fugindo de alguma
coisa.
Uma nuvem familiar de fumaça negra desceu sobre a clareira, tornando impossível ver
qualquer coisa, até que se materializou em Konstantin.
Ele avançou em direção a minha mãe com uma intenção ameaçadora.
"Onde ela está? Onde está a criança, Vanessa?"
"Você nunca a encontrará, Konstantin. Eu tenho certeza disso.
"Mulher tola. Você permitiu que seu amor por uma criança anulasse seu bom senso.
Poderíamos ter um poder incalculável.
"Não, Konstantin. Você deixou seu desejo de poder destruir tudo o que havia de bom
em você — se é que já houve alguma algo bom."
"Vanessa, não há necessidade de você ter o mesmo destino que seu companheiro. Ele
também não queria cooperar — e você viu as consequências disso.
"Eu mereço qualquer destino que as divindades considerem adequado para mim depois
do que fizemos. Aceito minha penitência, mas minha filha não será um peão para você ou
para eles. Ela merece uma vida normal."
Do que diabos ela estava falando? Eu estava tremendo.
Não havia nada que eu pudesse fazer a não ser assistir; Eu não conseguia sair dali.
"Você me decepcionou, Vanessa. Você tem sangue de alfa. O poder corre por ele. Mas se
você se recusa a reconhecer isso..."
Konstantin desapareceu e reapareceu atrás de minha mãe com uma lâmina em sua
garganta.
"Não, seu desgraçado!" Eu gritei.
Ela fechou os olhos, um olhar pacífico em seu rosto.
Tudo que eu podia ver era vermelho.
Nossa conexão foi interrompida e eu caí no chão.
"Tudo o que você me disse era mentira", falei, sem fôlego.
Parecia que minha própria garganta tinha acabado de ser cortada.
"Você julgou mal minhas intenções. Eu sou o único tentando levá-la à
verdade."
Konstantin se ajoelhou e ergueu meu queixo, então fui forçada a encontrar
seu olhar. Eu estava chocada demais para lutar.
"Você não tem ideia de quem realmente é, do poder que detém. Existem
aqueles muito mais perigosos do que eu que procuram destruí-la antes de
desbloquear esse poder. Eu simplesmente quero te ajudar."
Uma fumaça negra saiu da capa de Konstantin e me envolveu.
"Deixe-me aliviá-la de seu fardo."
Capítulo 59 - Desperta
Aiden
Se ele a machucar, eu vou...
Meu carro desviou na estrada gelada enquanto eu acelerava em direção à
galeria de Sienna.
Era o primeiro lugar para onde ela iria se precisasse de espaço.
Ela tinha que estar lá.
Mas e se eu chegasse tarde demais? E se ele tivesse controle sobre ela
como fez com Michelle?
Não, não havia como.
Sienna era forte. Ela resistiria. Ela lutaria com ele.
Mas esse poder... Eu nunca tinha visto nada parecido. Que tipo de criatura
poderia fazer isso?
Conforme me aproximei da galeria de Sienna, pude senti-la. Ela ainda
estava viva — e ainda era ela mesma.
Mas também senti outra coisa.
Algo escuro.
Ele já está dentro.
Fiz uma curva fechada e a rua congelada me fez girar descontroladamente
na frente da galeria.
Eu bati em um hidrante e fui arremessado para frente, batendo minha
cabeça no para-brisa.
Quando a água jorrou do hidrante e começou a vazar pelas frestas da
janela, lutei para me manter consciente.
Tudo estava embaçado. O sangue escorria pelo meu rosto.
"Porra."
Sienna.
Chutei a porta do passageiro com tanta força que ela voou, raspando a
calçada.
Sua galeria estava cheia de algum tipo de fumaça negra que obscurecia
minha visão.
Estou indo atrás de você, filho da puta.
Eu dei um passo para trás e comecei a saltar para frente, meus músculos
rasgando minha camisa quando comecei a me mover.
Eu pulei e me transformei no ar, batendo na fachada de vidro grosso.
Um homem — não, algum tipo de demônio — pairava sobre o corpo de
Sienna. Ele se virou quando eu entrei rugindo e sibilou, revelando suas longas
e protuberantes presas.
Era um vampiro; Eu tinha certeza disso. Raphael tinha me avisado sobre
essa espécie.
Eu abri minhas mandíbulas, expondo minhas próprias presas, e uivei com
todas as minhas forças.
Eu ia mandar esse pálido filho da puta de volta para o inferno.
Jocelyn
Eu não tinha ideia se era forte o suficiente para fazer isso, mas tinha que
tentar. Eu fui capaz de absorver a dor de Nina, mas Michelle...
Ela não estava apenas com dor.
Ela estava possuída.
Os curandeiros eram resistentes à possessão — pelo menos foi o que eu li
— mas a teoria era diferente da prática.
Eu olhei para o vórtice rodopiante de móveis da Casa da Matilha que
protegia Michelle de nós chegarmos muito perto.
Selene e alguns outros ficaram presos atrás de um pódio do outro lado da
sala, sem rota de fuga.
Fiz sinal para ela correr quando dei o sinal.
"Josh, preciso que você distraia Michelle enquanto tento chegar perto."
"Estou cuidando disso," ele gritou, avançando em direção a ela, usando
suas garras para rasgar qualquer coisa que voasse para ele.
"O beta finalmente deu um passo à frente", zombou o possuidor de
Michelle. "Mas será que está à altura da ocasião?"
Ela ergueu os braços no ar e Josh saltou contra um lustre, quicando como
uma boneca de pano e caindo no chão.
Selene correu para a porta com seu grupo, tentando colocá-los em
segurança.
"Todo mundo corre. Não olhem para trás", Selene gritou.
"Onde você pensa que está indo?"
Selene gritou ao ser puxada para trás, deslizando pelo chão em direção a
Michelle. Eu mergulhei para frente e agarrei a mão dela.
"Jocelyn, por favor, não deixe ir," ela chorou.
Michelle era muito poderosa. Não tínhamos chance.
Precisamos de um milagre.
Aiden
Eu agarrei o vampiro por sua capa e o joguei contra a parede, arrastando-o
pelas pinturas de Sienna e jogando-o em uma escultura.
Quando eu era capaz de agarrá-lo, eu conseguia causar algum dano de
verdade, mas ele estava tão escorregadio, desaparecendo e reaparecendo em
segundos.
Eu me lancei contra ele, e ele se dividiu em dois, me dando um olhar
presunçoso. Antes que eu pudesse decidir qual deles mutilar primeiro, eles se
transformaram em minha mãe e meu pai.
"Você é um idiota. Você não sabe fazer nada certo", Charlotte chiou.
"Eu gostaria que você tivesse morrido em vez de Aaron", Daniel sussurrou
em meu ouvido enquanto ele girava ao meu redor.
Que merda! Como ele sabe tanto sobre mim?
"Sienna revelou todos os seus medos e desejos mais profundos para mim
— e os seus também. " Ele riu.
Ele se multiplicou em uma dúzia de versões de si mesmo, todas rindo em
uníssono.
Este idiota era apenas um aspirante a mágico, cheio de truques baratos. Eu
não cairia em seus jogos mentais.
Peguei um balde de tinta com minhas mandíbulas e respinguei em toda a
sala em todas as suas cópias. Só ficou presa a um deles...
Eu aproveitei minha chance. Me lancei contra ele e mordi seu lado.
Jocelyn
Michelle gritou de dor, como se algo dentro dela estivesse pegando fogo.
Todos os móveis flutuantes caíram no chão, e ela própria começou a cair em
queda livre.
Josh entrou em ação e a segurou, dando uma cambalhota e segurando-a
com força.
Podemos não ter outra chance.
Eu corri em direção a Michelle. Seu corpo estava se contraindo e ela estava
tentando se livrar de Josh.
"Jocelyn, se apresse. Eu não posso segurá-la por muito mais tempo", Josh
gritou.
"Selene, tire todo mundo daqui e tranque as portas atrás de você", eu
ordenei.
Ela assentiu e começou a conduzir os convidados restantes até a saída.
Eu agarrei o rosto de Michelle enquanto Josh a segurava.
"Tudo bem, garota, vamos trazê-la de volta."
Comecei a absorver o que quer que estivesse dentro de Michelle em meu
corpo. Puta merda, isso é estranho.
Minhas veias começaram a ficar pretas de novo e eu suguei toda a
escuridão até que a energia se infiltrou ao longo do meu cérebro.
Meus olhos escureceram e de repente não consegui ver nada.
Comecei a vomitar, minha fisiologia de curandeira rejeitou o convidado
indesejado.
De repente, cuspi um monte de gosma preta por todo o chão e minha
visão voltou ao normal.
Que merda.
Parecia que tinha acabado de beber um galão de alcatrão.
Michelle estava deitada pacificamente nos braços de Josh.
"Eu... acho que ele se foi."
"Jocelyn... ela não está se movendo," Josh disse calmamente.
Eu imediatamente senti seu pulso. Ela estava...
Viva.
Graças a deus.
Viva, mas sem vida.
Tentei transferir minha energia para ela, mas seu corpo não aceitava.
A escuridão se foi, mas Michelle estava em coma e eu não tinha ideia de
como trazê-la de volta.
Aiden
O vampiro estava ferido, mas eu senti que seu poder tinha ficado ainda
mais forte. Ele não estava brincando.
"Eu tentei estar em dois lugares ao mesmo tempo. Esse foi meu erro, mas
não se engane, estou por completo aqui agora", ele fervia.
Eu olhei para o corpo inconsciente de Sienna no meio da galeria. Eu
precisava mantê-lo longe dela a todo custo.
"Sienna."
"Sienna, você tem que acordar."
"Eu preciso de você."
Eu esperava que ela não estivesse muito longe, mas nossa conexão
permanecia estática.
O vampiro disparou em minha direção como uma flecha, me derrubando e
me fazendo derrapar no chão.
Enquanto eu tentava ficar de pé, ele investiu contra mim repetidamente.
Minhas costelas quebraram com os golpes rápidos e eu gritei de agonia.
Ele me deixou caído no chão e voltou sua atenção para Sienna.
Não, não o deixe chegar perto dela!
Eu mudei de volta para minha forma humana e lutei para ficar de pé,
segurando meu torso.
"Ei, idiota, se você quer mexer com a cabeça de alguém, por que não tenta
a minha? No momento, estou tendo ótimas ideias sobre como vou rasgá-lo ao
meio."
Ele se virou e zombou de mim por tentar enfrentá-lo em minha forma
humana ferida.
— "Se você insiste, Alfa, vou matá-lo primeiro com prazer. Então, posso
repetir a memória de arrancar sua cabeça na mente de Sienna, várias vezes.
Enquanto o vampiro avançava em minha direção, um lobo rosnou atrás
dele.
Sienna.
Ela o agarrou e cravou suas presas profundamente em seu ombro em um
movimento rápido.
Ele gritou quando ela puxou com toda a força e arrancou um pedaço de
seu corpo, fazendo-o evaporar no ar.
O resto dele começou a desaparecer também, e estava claro que ele não
tinha controle sobre sua desestabilização repentina.
"Não, ainda não, droga. Eu estava tão perto! " Sienna se mexeu e correu
para mim, colocando meu braço em volta do ombro dela, ajudando-me a me
equilibrar. Nós dois o encaramos enquanto ele virava pó.
"Não vou desaparecer para sempre, Sienna. Eu sempre estarei dentro de
você. Você me convidou para entrar e eu voltarei...," Konstantin berrou.
Seu corpo evaporou antes que ele pudesse terminar seu discurso.
Sienna me abraçou e se aninhou em meu ombro. Estremeci com as
costelas quebradas, mas não me importei.
Era tão bom abraçá-la, saber que ela estava segura em meus braços.
Sienna
Eu usava um avental de artista e um par de jeans e botas velhas de Aiden
enquanto caminhávamos para casa. Ele conseguiu salvar suas roupas depois da
transformação, mas meu vestido dourado não teve tanta sorte. E nem o carro
de Aiden.
Caminhamos em silêncio, mas eu sabia que Aiden tinha um milhão de
perguntas. Eu estava pronta para respondê-las.
Eu desenterrei tantos segredos enterrados, e agora eles estavam me
assombrando.
Havia muito para contar.
Sobre Konstantin.
Seus poderes.
Meus poderes, que eu ainda não compreendia.
Minha mãe.
Meu pai, Rowan, que ainda pode estar por aí em algum lugar.
Mas naquele momento, estava feliz por ele ter apenas segurado minha mão
e caminhado em silêncio.
Ele estava lá para me ajudar, e eu estava lá para ajudá-lo. Era assim que
sempre seria.
Eu contaria tudo a ele quando estivéssemos sãos e salvos em casa.
Ao nos aproximarmos da casa, começou a nevar novamente, mas parecia
quente demais para neve.
A luz no horizonte estava laranja e percebi que não era neve...
Era cinza.
"Aiden..."
Ele correu na minha frente, sobre a ponte de paralelepípedos e por entre as
árvores.
Eu sabia o que estava prestes a ver, mas quando a casa apareceu, eu ainda
cobri minha boca em descrença.
Nosso Lar.
Aceso, um inferno furioso.
Capítulo 60 – Família
Sienna
Depois do incêndio, nossa vida ficou um caos absoluto.
"Aiden, saia do maldito banheiro. Eu tenho que urinar! " Selene gritou,
batendo na porta. "Eu tenho um bebê inteiro pressionado contra minha
bexiga, todo dia." "Selene, você pode por favor não gritar com meu chefe?"
Jeremy disse cautelosamente.
"Ele não é seu chefe aqui, Jeremy. Ele é família," minha mãe disse em um
tom alegre enquanto ela passava por mim com três cargas de roupa suja.
"Não, quando ele está no banheiro, ele é meu inimigo mortal," Selene
amuou. "Aiden, SAIA."
Era um bom tipo de caos.
A porta do banheiro se abriu e Aiden estava parado na porta, recém-saído
do chuveiro, vestindo nada além de uma toalha, as gotas de água ainda
grudadas em seu abdômen brilhante.
Graças a Deus, a Bruma passou.
"Minha nossa senhora dos lobos," Aiden rosnou. "Pronto. Dá pra relaxar?"
"Essa não", murmurou Jeremy baixinho. Os olhos de Selene saltaram tanto
de sua cabeça que pareciam que também estavam grávidos.
"Nunca. Diga a uma mulher grávida. Que está prestes a explodir. Para
relaxar", ela quase uivou, passando por ele e batendo a porta do banheiro atrás
dela.
Aiden apenas encolheu os ombros. "Ah, Melissa, pode adicionar isso à sua
pilha", disse ele, puxando a toalha e jogando-a no cesto que ela carregava.
Ele caminhou pelo corredor completamente nu enquanto eu olhava,
mortificada.
Era um caos bom, sim, mas eu não via a hora de nossa casa ficar pronta.
A casinha dos meus pais tinha ficado completamente lotada desde que
Selene e Jeremy decidiram ficar até o bebê nascer, o que aconteceria a qualquer
momento.
"Sienna, venha me ajudar com os sanduíches," meu pai chamou da
cozinha.
Quando me juntei a ele, ele me lançou um olhar de preocupação. Ele tem
feito muito isso desde que nos mudamos.
"Como você está, querida? Está tudo bem? Estamos tornando nossa casa
confortável para você e Aiden? Porque se você precisar de alguma coisa,
apenas..."
"Pai, estou bem, de verdade. Vocês têm sido incríveis, abrindo sua casa
para nós enquanto reconstruímos a nossa."
Não tinha contado à minha família tudo o que aconteceu com Konstantin,
mas eles sabiam o suficiente.
Eu deixei de fora os detalhes sobre meus pais biológicos porque sabia que
isso iria quebrar seus corações e, honestamente, ainda não estava pronta para
falar sobre isso.
Aiden, por outro lado, sabia de tudo.
Foi difícil no início reviver o que havia acontecido comigo. Eu me senti tão
violada e traída pelo que Konstantin fez.
Ele tinha me usado. Ele tentou me manipular, me destruir mentalmente,
destruir Aiden fisicamente, e ainda incendiou nossa casa inteirinha, mas no
final das contas, nosso vínculo de acasalamento era mais forte.
Não seremos destruídos tão facilmente; ele sabia disso agora.
E ele estava lá fora em algum lugar — em um estado enfraquecido, talvez,
mas ainda escondido nas sombras. Isso fazia meu sangue gelar.
Josh havia estabelecido uma força-tarefa anti-vampiro depois de tudo o
que aconteceu.
Era uma quase obsessão para ele caçar Konstantin, mas até agora, haviam
se passado quatro semanas sem nem mesmo uma pista.
A vigilância de Josh me fez sentir mais segura, mas também triste. Ele
costumava ter muito tempo livre antes...
Enquanto eu silenciosamente cortava vegetais ao lado de meu pai, isso me
fez pensar sobre o paradeiro de meu pai biológico, seja ele quem for. Mas
apenas por um momento.
Eu sorri para meu pai e apertei sua mão. Não precisei procurar meu pai.
Ele estava bem do meu lado.
Aiden entrou na cozinha, felizmente totalmente vestido, e abriu uma
cerveja. "Quer uma, Robert?"
Ele parecia mesmo estar gostando de todo esse tempo forçado em família.
E eu não poderia culpá-lo. Ele nunca tinha vivido isso.
"Eu adoraria", disse ele, pegando a cerveja e batendo contra a de Aiden.
"Ei, não me deixe fora disso," eu disse, pegando minha própria cerveja.
Selene entrou arrastando os pés com a ajuda de Jeremy e afundou na mesa.
Mamãe trouxe uma torta de maçã da sala de jantar que fez Aiden começar
a babar.
"Resfriada recentemente no peitoril da janela, assim como minha mãe
costumava fazer", disse Aiden.
"Aiden, coloque essa língua de lado", eu ri. "Você não olha nem para mim
desse jeito, a menos que esteja sob efeito da Bruma."
"Todo mundo tem uma bebida?," meu pai perguntou enquanto
levantávamos nossas garrafas no ar.
"Eu bem que queria", suspirou Selene, segurando seu estômago.
"A que devemos brindar? " Aiden disse, olhando ao redor da sala.
Eu não sabia o que faria sem essas pessoas incríveis em minha vida. Eles
me ancoraram e me trouxeram de volta à costa quando Konstantin tentou me
afogar.
As pessoas nesta sala eram de onde vinha minha verdadeira força.
"À família. " Eu sorri.
Enquanto me arrumava para dormir, olhei para meu reflexo no pequeno
espelho que meus pais haviam comprado para mim quando era uma garotinha.
Eu me senti infantil ao usá-lo agora.
Tanta coisa mudou nos últimos dois anos.
Eu ainda não tinha me acostumado a ficar no meu quarto de infância com
Aiden também, mas ele estava totalmente fascinado por tudo isso...
Minhas pinturas em aquarela desleixadas da escola primária.
Minha extensa coleção de troféus de atletismo.
Os bichinhos de pelúcia que eu rasguei em pedaços quando era apenas um
filhote.
Eu o peguei lendo um dos meus antigos diários quando nos mudamos pela
primeira vez, e ele quase se juntou àqueles pobres brinquedos de pelúcia em
sua morte.
Mas agora, ele estava deitado na minha cama de samba-canção, olhando
para o mural de estrelas que eu pintei no teto quando tinha quinze anos. Sua
sincera expressão de admiração me fez amá-lo ainda mais.
Eu rastejei em cima dele e dei-lhe um beijo apaixonado.
A Bruma pode ter passado, mas eu ainda tinha necessidades.
"Tem gente procurando encrenca", ele rosnou, sorrindo e me erguendo
contra a cabeceira da cama.
"E eu sempre consigo encontrar" eu rosnei de volta, agarrando a tenda
levantada em sua cueca.
Ele me jogou na cama e não perdeu tempo em puxar minha calcinha para
baixo e espalhar minhas pernas.
A barba por fazer de Aiden esfregou contra a parte interna das minhas
coxas enquanto ele mergulhava em meu sexo com sua língua.
"Isso, vai," eu murmurei, agarrando meus lençóis.
Aiden se sentou e empurrou minhas pernas abertas ainda mais, batendo
seu pau duro contra a minha entrada.
Ele provocou meu sexo, empurrando a ponta, em seguida, puxando de
volta.
"Mais," eu disse sem fôlego.
"Você quem sabe" Aiden rosnou, colocando a mão levemente no meu
pescoço.
Soltei um gemido suave, que se transformou em um grito agudo quando
ele entrou em mim, alargando e acertando todos os pontos certos.
Uma vez que ele entrou no ritmo, suas estocadas pareciam o paraíso.
Minha boceta estava prestes a explodir de prazer.
"Aiden, eu vou - porra - eu vou..."
Meu abdômen se contraiu e minhas costas arquearam enquanto eu gritava.
"Tô gozando. Caralho, tô gozando…"
"ESTÁ VINDO," minha mãe começou a gritar, batendo na porta do meu
quarto.
"O BEBÊ - ESTÁ PARA NASCER!"
Apesar de minha sobrinha escolher o momento mais estranho possível
para entrar neste mundo, eu estava muito animada para conhecê-la.
Meus pais ansiosamente agarraram as mãos um do outro enquanto
sentavam com Aiden e eu na sala de espera. Já haviam se passado duas horas
desde que Selene entrou em trabalho de parto.
"Sabia que a sala do zelador fica ali virando o corredor?" — sussurrou
Aiden, deslizando a mão pela minha perna. "Poderíamos terminar o que
começamos."
Eu dei um tapa na mão dele. Homens. Sempre pensando em foder.
Embora eu tivesse que admitir que não seria a pior maneira de matar o
tempo.
Jocelyn de repente empurrou as portas duplas de uniforme, sorrindo de
orelha a orelha.
"Quais as novidades? " Minha mãe saltou da cadeira.
"Uma menina feliz e saudável. Ela está pronta para conhecê-los agora",
Jocelyn disse, nos levando para o quarto de Selene.
Jeremy pairava sobre sua esposa e filha com absoluta admiração e devoção
em seus olhos. Selene segurou sua linda garotinha — minha primeira sobrinha
— nos braços. Seu rosto estava molhado de lágrimas.
Eu caí no choro. Dominância que se dane. Fiquei muito feliz por ela.
Aiden agarrou minha mão. Ele quase parecia ter os olhos um pouco
embrumados. Quase.
"Qual é o nome dela?" minha mãe arrulhou, observando o lindo pacote de
uma neta na frente dela.
"Meu deus, não pensamos em nenhum ainda", Selene disse, abruptamente
explodindo em lágrimas. "Ela não tem nome!"
"Querida, está tudo bem, não chore. Vamos pensar em um. Temos tempo",
ele disse, nervosamente tentando consolá-la e entender seus hormônios
erráticos.
Uma visão de repente surgiu em minha mente — cabelos ruivos
esvoaçantes, olhos ferozes. Alguém importante, que merece ser homenageado.
"E se fosse... Vanessa? " Eu sugeri.
Os olhos de Selene brilharam. "Isso... esse é perfeito. É lindo. Mas por que
Vanessa?"
"Por nada", eu disse enquanto Aiden me olhava, entendendo tudo. "Eu só
acho que combina."
"Eu também," ela respondeu, bocejando, suas pálpebras ficando pesadas.
"Certo, a mamãe e a pequena Vanessa precisam descansar um pouco",
Jocelyn ordenou. "Todos nós podemos admirar a bebê de manhã."
Jocelyn tocou levemente meu ombro quando eu estava prestes a sair.
"Tenho outro paciente que preciso verificar, se você quiser se juntar a mim."
Eu balancei a cabeça enquanto meu estômago se retorceu em nós.
Ela parecia tão tranquila dormindo — exceto que ela não estava realmente
dormindo, pelo menos não por vontade própria.
Ah, Michelle, isso é tudo culpa minha.
Enquanto Michelle permanecia imóvel em sua cama de hospital, uma onda
de culpa tomou conta de mim. Se não fosse por mim, ela nunca teria ido para
a casa de Konstantin em primeiro lugar e ele nunca a teria usado para tentar
me machucar.
Jocelyn agarrou minha mão quando comecei a chorar. "Não se culpe",
disse ela. "Às vezes, as pessoas entram em nossas vidas e mentem, e essas
mentiras contaminam todos ao nosso redor."
"Mas e se eu tiver ajudado a espalhar essa doença?"
"Você estava apenas tentando encontrar respostas sobre o seu passado.
Tenho certeza que Aiden entende isso", ela respondeu, olhando para longe.
"Ele não quer nada mais do que proteger você. "
"Talvez ela só estivesse tentando proteger você também", eu disse
delicadamente enquanto observava Jocelyn enrijecer.
"Não", Jocelyn respondeu vagamente. "Mas prefiro não falar sobre isso."
A porta se abriu e Josh entrou pesadamente, com uma expressão triste e
cansada. Ele estava com a barba cheia e olheiras.
Ele não havia desistido de procurar Konstantin por um momento sequer,
desde que Michelle entrara em coma.
"Ah, eu achei que não tinha ninguém aqui", Josh murmurou, sem fazer
contato visual comigo.
"Nós vamos sair", Jocelyn disse suavemente. "Me avise se você precisar de
alguma coisa."
Enquanto Jocelyn me conduzia para fora da sala, me virei por um segundo
para ver Josh encostar sua testa na de Michelle.
Eu não vou deixar você fazer isso sozinho, Josh. Nós o encontraremos. E nós a
traremos de volta.
***

Aiden colocou o braço em volta do meu ombro enquanto caminhávamos


pela garagem para a casa dos meus pais. O sol estava começando a nascer
sobre as copas das árvores.
"As coisas vão voltar ao normal, Sienna. Sua família sempre estará lá para
ajudar, com as coisas boas e ruins. Nossa família sempre estará lá para nos
ajudar", Aiden me assegurou.
"Claro", eu disse, forçando um sorriso e inclinando minha cabeça em seu
peito.
Nada dentro de mim parecia normal desde que Konstantin havia invadido
minha mente e corpo, mas eu não queria preocupar Aiden.
Eu sentia um poder desconhecido dentro de mim, um que eu não
entendia...
E estava crescendo a cada dia.
Rowan

Quando os raios do sol nascente caíram sobre sua cabeça, seus magníficos
cabelos ruivos ficaram em chamas. Ela era linda, quase uma imagem espelhada.
Eu a observei caminhando com seu companheiro, e isso despertou em
mim uma emoção que estava adormecida há muito tempo.
"Ela se parece... com a mãe."
Livro 3
Capítulo 61 – De Volta à Vida
Sienna
Gemidos de êxtase ecoaram pelos corredores da Casa da Matilha.
Os vastos corredores estavam estranhamente vazios — nenhuma alma à
vista.
Uma corrente de ar frio soprou pela minha camisola transparente,
desencadeando uma onda de arrepios na minha espinha. O ar carregava
consigo o som da paixão — um fervor sexualmente carregado cobrindo-se ao
meu redor.
Me chamando.
Me atraindo.
De onde estava vindo?
Uma escada em espiral apareceu à frente e eu subi, girando e girando, até
ficar tonta. Finalmente, cheguei à entrada do salão de baile.
Abrindo as portas de carvalho centenárias, eu me vi iluminada por um
brilho quente de uma lareira próxima.
Uma cama com dossel estava no centro da pista de dança. Meus olhos
estavam vidrados nela.
Sob lençóis vermelho-carmesim, três corpos nus se retorciam e se
contorciam.
Apesar das chamas próximas lançando sombras escuras em suas peles
brilhantes e obscurecendo-os de vista, pude ver que havia um homem e duas
mulheres, todos emaranhados.
Quando me aproximei cautelosamente, um rosto familiar ergueu os olhos
de seus espasmos de paixão. Seus olhos penetrantes fizeram meu coração parar
de repente.
Konstantin.
Mas eu não conseguia me mover. Ele havia assumido o controle do meu
corpo.
Assim como antes.
Não sendo mais capaz de desviar o olhar, observei enquanto o vampyro
continuava penetrando desenfreadamente uma das mulheres esparramada
embaixo dele.
Os lençóis escorregaram lentamente, expondo suas coxas, cintura e seios
até que ela jogou para trás suas mechas de cabelo castanho ondulado...
Era Michelle.
Ela olhou para mim, consumida pelo prazer — sorrindo, como se estivesse
apreciando a audiência.
Ao lado dela, a outra mulher parecia jovem e dolorosamente vulnerável
enquanto acariciava os dois amantes entrelaçados.
Foi só quando ela olhou para mim que vi que era Emily.
Minha ex-amiga, que agora estava morta. E minha melhor amiga atual.
Ambas estavam gritando de dor e prazer enquanto as presas do vampyro
deslizavam para fora.
Gritei para ele parar, mas nenhuma palavra saiu.
"Sienna..." Michelle gemeu, estendendo a mão na minha direção. "Você
deixou isso acontecer..."
"Ela vai morrer, Sienna. E é sua culpa. Assim como eu..." disse Emily,
tocando-se entre as coxas abertas.
Em seguida, ela e Michelle começaram a chegar ao clímax, os olhos
revirando assustadoramente para o crânio.
A lama negra começou a escorrer de todos os poros do corpo de Emily,
acumulando-se no chão.
E então uma onda de líquido preto tomou conta de mim enquanto o
vampyro afundava os dentes na garganta de Michelle.
Sentei-me na cama, tentando recuperar o fôlego. Demorei um pouco para
me orientar.
O sol da manhã lançava raios brilhantes sobre a cama king-size do hotel,
onde nossas malas estavam abertas.
Fazia cerca de uma semana desde o desastroso Baile de Inverno, onde
nosso vampyro amigo Konstantin quase nos derrotou.
A casa dos meus pais tinha se tornado um pouco... lotada, para dizer o
mínimo, então decidimos ficar em outro lugar.
Para a sanidade de todos.
Aiden arrastou-se para fora do banheiro, úmido e vestindo uma toalha. Ele
correu para o meu lado.
"Ei, você está bem? " ele perguntou, gentilmente pegando minha mão.
"Sim..., " eu disse. "Foi apenas mais um sonho bizarro. "
Como sempre, o olhar do meu companheiro, seus olhos verdes cheios de
amor e preocupação, foram suficientes para desacelerar meu batimento
cardíaco acelerado.
"Konstantin?" Ele parecia já saber a resposta.
Eu concordei. "Mas estou bem agora. Juro. "
Na luz da manhã, sua pele era dourada. Minhas pernas ficavam fracas só de
olhar para ele... o brilho em seus ombros... as linhas esculpidas de seu
abdômen.
"Especialmente quando você vem me salvar vestindo isso", eu disse,
sorrindo e olhando a toalha em volta de sua cintura.
"Ah, essa coisa velha?" ele brincou.
Eu balancei a cabeça enquanto corria um dedo pelas gotas de água em seu
pescoço.
Eu me exibi lambendo meus lábios.
Os olhos de Aiden escureceram, o desejo estava substituindo a diversão em
seu rosto.
"Bem, eu acho que deveria usar isso com mais frequência," ele brincou.
Como uma chama fervente sob minha pele, minha Bruma se acendeu com
tanta força que quase me deixou sem fôlego.
Em pouco tempo, eu estava correndo meus dedos por seu abdômen,
deslizando-os entre a toalha e sua pele.
Pressionando minha boca contra seus lábios maleáveis, eu o beijei
profundamente.
Aiden fez um ruído baixo em sua garganta, suas mãos encontrando o
caminho por baixo da minha camisola e até meus seios, segurando-os e
apertando.
Nosso beijo se aprofundou e eu me perdi nele.
Aiden me agarrou pela cintura, abraçando minhas costas nuas em seu
corpo úmido.
Eu respirei profundamente, sentindo seu toque mais uma vez banir todos
os meus pensamentos sombrios.
Se eu pudesse ficar ali, para sempre. Segura nos braços do meu
companheiro.
Minha Bruma estava cantando em minhas veias.
Meus dedos percorreram o tanquinho dele, descendo até embaixo.
Aiden gemeu de prazer enquanto eu puxava a toalha.
Virando-me, ele puxou minha calcinha, revelando meu traseiro. Ele bateu
duas vezes, me fazendo ofegar.
Mais duas palmadas levaram minha Bruma às alturas.
Suas mãos quentes e calejadas deslizaram entre minhas coxas, contra os
lábios molhados da minha vagina.
Eu gemi, inclinando-me contra a outra mão que ele pressionava contra
minha barriga para me firmar.
Senti a cabeça do pênis dele então, deslizando, empurrando para encontrar
minha abertura.
Minha respiração estava ofegante. Eu levantei um joelho, pressionando-o
na cama. Balançando meus quadris para trás, eu me ofereci a ele.
Não havia mais nenhum pesadelo. Nada poderia me machucar quando eu
estava com Aiden.
Quando estávamos juntos.
Nós dois estávamos ofegantes.
Suas estocadas eram profundas e rítmicas. Fechei meus olhos, perdendo-
me em minha Bruma e as sensações que surgiam dentro de mim.
"Ai, Aiden," eu gemi. "Ai, meu deus, eu vou gozar..."
Seus movimentos se aceleraram em resposta.
Meu orgasmo veio de repente e eu gemi com ele, deixando-o me
desvendar.
Aiden gozou logo depois de mim. Eu podia senti-lo derramando seu
esperma dentro de mim.
Nós nos abraçamos por um longo momento, respirando o cheiro um do
outro com nossa luxúria saciada.
Quando voltei a mim, estávamos deitados juntos na cama. Eu nem tinha
certeza de como havíamos chegado ali.
Então o celular ao lado da cama tocou.
Relutantemente, me afastei dele e atendi.
"Olá?"
"Sra. Mercer-Norwood? Tem um grupo de pessoas esperando por você. "
"Ah. sim, obrigada, " eu disse, desligando.
Aiden ergueu as sobrancelhas.
"É a Curandeira Lowell. Acho que ela está lá embaixo", eu disse.
Meu coração apertou.
Ela estava aqui.
Talvez ela pudesse fazer algo para ajudá-la.
Para ajudar Michelle.
Uma imagem do meu sonho veio à tona. As pernas de minha melhor
amiga envolviam os quadris de Konstantin enquanto ela gozava. Ela gemia de
luxúria.
Estremeci, mas tentei fingir que estava com frio.
Uma das Curandeiras Chefes do Retiro de Lawrence estava esperando no
saguão.
Sharon Lowell raramente fazia visitas domiciliares, mas concordou em
consultar Michelle a pedido pessoal do Alfa.
Ela era uma mulher baixa e robusta com cabelos grisalhos presos em um
coque realista, mas sua voz estava calorosa e gentil quando nos cumprimentou.
"Alfa Norwood! " ela exclamou. "E Sra. Norwood! " Ela estendeu as mãos.
"Mercer-Norwood, " eu disse, sorrindo.
Peguei uma de suas mãos e Aiden pegou a outra. Ela deu uma pequena
sacudida em cada um.
"Sra. Mercer-Norwood", ela disse com um aceno firme.
"Muito obrigado por ter vindo", disse Aiden. "Tem um carro vindo nos
buscar. " Enquanto nos dirigíamos para a frente do hotel, eu esperava
fervorosamente que a Curandeira Lowell fosse capaz de fazer o que Jocelyn
não conseguiu: Encontrar uma maneira de ajudar Michelle a acordar.
***

Jocelyn nos cumprimentou no saguão da Casa da Matilha, então liderou o


caminho escada acima para a suíte médica.
Quando todos entramos no quarto de Michelle, meus olhos foram
imediatamente para minha amiga.
Um monitor cardíaco apitou ao seu lado. Tubos presos em seu braço. Meu
coração se apertou ao vê-la — ela parecia tão pálida e magra.
Seus olhos não se abriram desde o ataque de Konstantin no Baile de
Inverno.
Ninguém sabia se ela iria acordar.
A televisão no quarto de Michelle estava ligada e meus ouvidos se
aguçaram ao ouvir meu nome.
"Já se passou mais de uma semana desde os acontecimentos assustadores
em torno do Alfa Aiden Norwood e sua companheira Sienna no Baile de
Inverno deste ano", disse a repórter.
Ela era pequena, com cabelos castanhos encaracolados e um sorriso
pronto para a câmera.
"E as autoridades ainda não estão nem perto de encontrar o culpado.
Enquanto isso, a companheira do Beta, Michelle Daniels, permanece em
coma..."
Ela estava relatando de dentro da Casa da Matilha!
Notei o nome da repórter na parte inferior da tela. Monica Birch.
Enquanto tentava descobrir como ela havia entrado, notei que Josh
desabou na poltrona ao lado da cama de Michelle.
Ele parecia terrível — barba por fazer no rosto, cavidades escuras ao redor
dos olhos...
Ele parecia atormentado pela culpa.
Peguei o controle remoto da TV e coloquei no mudo.
"Bom dia, Josh, " eu disse gentilmente.
Ele ergueu os olhos e olhou para mim com hostilidade.
Eu não poderia culpá-lo.
Nós dois sabíamos que o que acontecera com Michelle fora minha culpa.
Aiden

Incapaz de suportar a visão da forma imóvel de Michelle, conduzi Josh e


Sienna para a área de espera, deixando os curandeiros cuidando da paciente.
Eu falhei com Michelle. Eu falhei com todos quando deixei aquele
vampyro desgraçado invadir meu território. Minha família.
Eu admirava Konstantin.
Confiava nele e o respeitava.
Ele usou a dor pela morte do meu irmão Aaron contra mim.
Eu aceitei, ignorei os sinais de alerta porque estava tão desesperado para
saber a verdade sobre como a companheira de Aaron, Jen, havia morrido.
Bem, agora eu sabia.
Konstantin a matou quando explodiu o laboratório.
Konstantin havia matado a mãe biológica de Sienna também e,
consequentemente, seu pai.
Ele tinha matado Jen e, consequentemente, Aaron — por causa do vínculo
de acasalamento.
Ele havia posto fogo em nossa casa. Deixou a Michelle em coma.
Violou a mente de Sienna.
Na semana desde o Baile de Inverno, a necessidade de encontrá-lo, de
matá-lo — de rasgá-lo membro por membro. Só tinha crescido.
Eu poderia colocar a raiva pulsante, o desejo de vingança, de lado por
curtos períodos.
Escondi bem de Sienna. Ela já tinha sofrido bastante. Ela não precisava da
minha fúria para controlar seu próprio trauma.
Os pesadelos — ela chorava durante a noite, todas as noites, me acordando
sem parar.
Eu não acho que ela estava ciente de quantas vezes eu rolei e a acariciei,
acalmando seus gemidos, acalmando seus músculos tensos — confortando-a
para que ela pudesse se livrar do medo e dormir em paz.
Cada vez, eu fiz a ela o mesmo voto silencioso.
Konstantin pagaria pelo que fizera.
Sienna
A porta do quarto de Michelle se abriu.
Jocelyn e a curandeira Lowell olharam para nós. Seus rostos estavam sérios.
"Terminamos o exame", disse Jocelyn. "Melhor se sentar."
Ninguém se mexeu.
Isso não pode ser uma boa notícia.
"O resto da família de Michelle já chegou? Nós também podemos esperar
por ... " "Não! Conte-nos agora, "Josh insistiu.
Eles estão perguntando pela família de Michelle?
Soltei um suspiro profundo. Isso era muito mais sério do que eu imaginava.
Eu enrolei minhas mãos em punhos.
"Muito bem, " Jocelyn disse. "Michelle não dá sinais de recuperação. O que
é pior, suas funções vitais estão começando a falhar. " "O que... o que você
quer dizer com 'começando a falhar?' " Josh exigiu.
Peguei a mão de Aiden, apertando-a com força.
Jocelyn inclinou a cabeça. Ela estava claramente preocupada, as
sobrancelhas franzidas, como se tentando encontrar as palavras certas para
dizer.
"Os órgãos de Michelle estão falhando."
Capítulo 62 - Ataque de Persuasão
Sienna
Os órgãos de Michelle estão falhando...
As palavras eram tão claras, mas eu não conseguia envolver minha cabeça
em torno delas.
"Espere aí! O que você está dizendo? " Josh perguntou. Ele estava
segurando a parede como se fosse a única coisa que o mantinha de pé.
"Eu estou dizendo... ", disse Jocelyn, tocando a pulseira de prata
ornamentada que ela usava em seu pulso, "ela não vai sobreviver à noite."
O silêncio pairou sobre todos nós. Ninguém se mexeu.
"Mas e as máquinas? " Eu soltei.
"Nós a colocamos no ventilador por causa de sua respiração
anormalmente rápida", disse Jocelyn. "Mas seus rins e seu fígado são o
verdadeiro problema."
"Ela está demonstrando oligúria", disse a Curandeira Lowell.
Ela olhou para nossas expressões em branco. "Ela não está produzindo
urina suficiente, " ela esclareceu.
Meu coração começou a bater mais forte.
"Sem os rins fazendo seu trabalho, eventualmente ela entrará em choque. "
"Não entendo. Por que isso está acontecendo? " Josh disse.
"O trauma que ela suportou causou uma quantidade significativa de danos
internos, " Jocelyn disse, sua voz gentil.
"Mas... você vai curá-la ou não? " Josh exigiu.
"Eu tentei ..." Jocelyn começou.
"Então continue tentando! " Josh rebateu.
A curandeira Lowell balançou a cabeça. "Eu vim aqui hoje para ajudar a
realizar um ritual com Jocelyn. Um que requer dois curandeiros de grande
habilidade. Mas mesmo assim foi uma aposta e, infelizmente, não teve
sucesso."
"Não teve sucesso? " Josh ecoou.
"Michelle foi atacada por um vampyro", a Curandeira Lowell explicou.
"Sua companheira foi essencialmente envenenada por ele. A magia de cura
do lobisomem... é poderosa. Mas nós estamos lutando contra magia
vampírica."
Josh fez um som de desgosto.
"Aquele vampyro era fora do comum" ela continuou. "Ele tinha um poder
como nada que eu já tenha visto. Um poder antigo, tenho certeza disso."
Meu Deus, Michelle.
"Então o que você está dizendo? " Josh exigiu, tremendo com sua voz
zangada. "Você não pode salvá-la?"
Jocelyn arregalou os olhos. "Existe um ritual "Não, não há, " a Curandeira
Lowell a interrompeu, sua voz repentinamente fria.
"Um ritual, " Jocelyn continuou, "mas é proibido..."
"É absolutamente proibido! E perigoso e vai contra a Doutrina do
Curandeiro. É melhor tirar isso da cabeça. Agora."
O comportamento caloroso da Curandeira Lowell agora estava rígido e
tenso. Ela olhou carrancuda para Jocelyn, que olhou para o chão.
Josh olhava desesperadamente de uma curandeira para a outra, desejando
que um deles sugerisse uma nova solução.
Mas eu entendi o que a Curandeira Lowell estava dizendo.
"Ela vai morrer, não é?"
Todos se voltaram para mim. O rosto de Josh perdeu toda a cor.
Então todos nós nos viramos para olhar para Jocelyn.
Ela estava balançando a cabeça. "Não, " ela disse. "Eu não vou deixar isso
acontecer-"
"Sinto muito, mas não concordo", rebateu a Curandeira Lowell.
Todos nós olhamos para ela, horrorizados.
Ela encontrou nossos olhos sinceramente, um por um. "Não vou dar falsas
esperanças a ninguém. Não estou dizendo que Michelle não vai conseguir
superar isso... mas agora, nós curandeiras não temos o que fazer."
"Jocelyn quer que ela supere — todos nós queremos, " ela continuou. "Mas
o que quero dizer é que — para ela — é pessoal."
Jocelyn baixou os olhos.
A curandeira Lowell ergueu as mãos, gesticulando para que entrássemos no
quarto de Michelle.
"Eu acho que seria sábio para todos vocês visitarem Michelle. Para se
preparar. Talvez até para dizer adeus."
Eu segurei o soluço que subiu em minha garganta.
Adeus? Michelle tem apenas 20 anos.
Como a vida dela pode ser encurtada tão tragicamente?
Emily tinha apenas quinze anos quando morreu.
Porque eu não tinha percebido que ela estava em apuros até que fosse tarde demais.
Ela foi estuprada por um homem violento e malvado e tirou a própria vida
apenas dois dias depois.
E eu estava impotente para ajudá-la.
Assim como Michelle. Ela estava presa e gritando dentro de sua própria
mente, e eu nem tinha percebido.
Afinal, Konstantin havia vencido.
"Não, " Josh engasgou.
A carranca da curandeira se aprofundou enquanto ela o considerava. "Eu
sinto muito, Beta Daniels. Mas acho que você precisa colocar seus negócios em
ordem."
"Nós vamos fazer essas ligações agora, " Jocelyn administrou, e ela
caminhou pelo corredor.
Com um breve e triste aceno de cabeça, a Curandeira Lowell a seguiu.
O resto de nós ficou parado na sala de espera, olhando um para o outro.
Josh
Eu cerrei meus dentes. Eu não poderia deixar o Alfa e sua companheira
ver o ódio em meus olhos.
Não podia deixá-los ver que os culpava — os dois — pelo que acontecera
com Michelle.
Minha companheira estava naquela cama de hospital, lutando por sua vida,
ligada a máquinas.
Isso foi minha culpa. Eu não a tinha protegido.
Mas nem o todo-poderoso Alfa da Costa Leste.
Não, ele levou aquele maldito vampyro direto para a Casa da Matilha.
"Se minha companheira morrer", eu disse, "eu mereço morrer também".
E todos vocês também.
"Josh... ", disse Aiden.
Eu falhei com Michelle. Falhei em protegê-la e falhei em punir quem a
machucou.
Eu cerrei meus dentes ao tomar conhecimento disso.
Konstantin estava lá fora, e aqui estava eu, inútil.
"Ela estava com problemas", continuei. "Ela estava lutando contra aquilo
— aquela coisa e o que ele estava fazendo com ela.
"E eu apenas a deixei lidar com isso. Sozinha. " Eu nunca me perdoaria.
"Você estava investigando Konstantin", disse Aiden. "Você estava tentando
nos proteger dele. É minha culpa que Konstantin tenha ficado tão perto de
todos nós, não sua, Josh.
Meus punhos cerraram-se.
Ele realmente não quis dizer isso. Ele não tinha ideia do que era ver minha
companheira prestes a morrer naquele quarto.
Eu queria atacar, mas uma voz profunda por trás parou minha mão.
"Você tem razão. E é sua culpa. Meu Alfa."
Aiden
Eu virei minha cabeça para ver a família de Michelle, os Pearces, vindo
pelo corredor. Seu pai, Owen, estava liderando o grupo.
Seu peito largo e estatura alta faziam dele uma figura imponente, até
mesmo para mim.
Em seguida veio a mãe de Michelle, Irene, com seus cabelos curtos cor de
âmbar.
Havia fúria em seus olhos.
Mas o que mais me surpreendeu não foi a chegada dos Pearces, mas o
cinegrafista e a morena com o microfone que se manifestaram do nada.
"Alfa Norwood! " a repórter gritou, empurrando seu microfone na minha
cara. "Monica Birch, Jornal da Matilha. Eu estava falando com a família de
Michelle Daniels. Eles acham que você é o culpado pelo estado de Michelle."
Fiquei surpreso. Acusações diretas raramente são feitas contra o Alfa de
alguém — para não mencionar publicamente.
"Espere um minuto... " eu comecei.
"Que sua negligência com as responsabilidades da Matilha a colocou, assim
como a incontáveis outros, em perigo. Importa-se de comentar?"
A luz da câmera estava ofuscante. Eu não conseguia pensar direito. Eu abri
minha boca para responder.
"Como você pôde! " Irene gritou acusadoramente, me interrompendo. Sua
boca se retorceu de tristeza. "Como você pôde deixar um vampyro à solta perto
da minha garota?"
Eu balancei minha cabeça, levantei minhas mãos, e então as deixei cair
desamparadamente.
"Eu cometi um erro, " eu disse com pesar. "Eu não sabia que ele era um
vampyro."
"Não sabia! " Owen rosnou.
"Ele tinha um broche que mascarava seu cheiro", disse Sienna, deslizando
sua mão na minha.
Eu apertei com gratidão.
Durante a maior parte da minha vida como Alfa, estive sozinho.
Às vezes ainda era difícil acreditar que agora tinha minha companheira
para ficar ao meu lado.
E eu tinha que ficar ao lado dela.
"Ninguém te perguntou! " Owen zombou de Sienna.
O cameraman se aproximou para uma foto mais próxima.
O rosto de Sienna tinha se tornado uma máscara de tristeza.
Eu endireitei meus ombros. "Não grite com ela", eu disse, tentando ignorar
a câmera. "Ela é tão vítima quanto..."
"Besteira! " Owen zombou, então empalideceu quando lhe ocorreu que
acabara de dizer isso a seu Alfa.
Eu olhei para ele, e ele desviou o olhar.
"Eu entendo que você pode ter sido vítima de uma presa", disse Irene para
Sienna, ainda olhando para mim. "Você precisava de proteção também. Mas
Michelle está em coma, e você me parece muito bem."
"Uau. Palavras fortes", Monica interrompeu inadequadamente antes de se
virar para a minha companheira. "O que você tem a dizer sobre essas
acusações?"
Sienna
Senti um ruído de asfixia sair da minha garganta.
O que eu tenho a dizer?
A mãe de Michelle, que havia me dado leite e biscoitos depois da escola
durante anos, estava acusando Aiden e eu de sermos responsáveis pela
condição de quase morte de sua filha.
Aproveitei cada restinho do meu autocontrole para não fugir da sala de
espera.
Meu corpo inteiro tremia, e então eu senti a presença quente de Aiden ao
meu lado.
"Se você quiser falar com minha companheira, você pode agendar uma
reunião com nosso secretário de imprensa..."
Eu olhei para ele, então de volta para as câmeras.
Diga alguma coisa. Eu preciso DIZER algo.
Não posso permitir que Michelle simplesmente fique sem voz.
"Não, está tudo bem", eu disse, dando um passo ao lado de Aiden.
Reunindo minha coragem, me virei para Monica e os Pearces. "Você tem
razão. Todos vocês. Não é justo. Eu sinto muito."
Meu corpo inteiro estava tremendo.
Aiden colocou o braço em volta de mim. "Atacar minha companheira com
certeza não vai resolver o problema", disse ele, mas eu interrompi, totalmente
ciente de que a câmera estava gravando cada movimento meu. " Nada disso
está ajudando Michelle. " "Talvez não", zombou Irene. "Mas não vejo mais
ninguém fazendo nada de útil."
"Onde está Konstantin agora? " Owen perguntou. "Em uma de suas
masmorras? Ou melhor ainda, decapitado?"
Seu tom incrédulo sugeria que ele sabia exatamente onde Konstantin
realmente estava.
À solta. E provavelmente cada vez mais forte.
Uma onda de náusea tomou conta de mim.
"Você deixou Konstantin escapar, não foi Alfa Norwood? " Monica Birch
perguntou retoricamente. "E ele está à solta agora. Livre para atacar os
membros inocentes da Manada da Costa Leste."
Todos assistiram Aiden, esperando pela resposta do Alfa.
Eu podia sentir suas unhas em meu ombro começando a se transformar
em garras.
Com um olhar para mim, Aiden respirou fundo.
"Você está certo", disse ele a Owen.
Eu olhei para o meu companheiro com surpresa.
"Eu vou encontrar aquele filho da puta. Eu ju..."
Mas Aiden foi cortado por um som estridente de alta frequência.
Alarmes.
Vindo do quarto de Michelle.
"O que é isso?! " Josh gritou. "O que está fazendo esse barulho?"
A câmera disparou em direção à origem do som.
Corri para a porta de Michelle. Aiden e os outros o seguiram rapidamente.
Minha mão foi para minha boca quando vi minha melhor amiga.
Michelle estava hiperventilando, seu corpo inteiro tremendo. O monitor
cardíaco estava enlouquecendo.
Monica, empunhando seu microfone, abriu caminho para dentro da sala.
"O que... o que está acontecendo? " Eu mal consegui gritar, mas Aiden
estava tão sem palavras quanto.
"Seus órgãos vitais... ", Jocelyn disse, vindo atrás de nós. "Eles estão
falindo."
Capítulo 63 - Tempos de Desespero
Sienna
Meu estômago tremia com os alarmes estridentes do quarto de Michelle.
"Não", eu respirei.
Josh correu para o quarto de sua companheira, e todos nós o seguimos.
"Saiam! " Aiden rugiu para a equipe de notícias, que estava tentando se
espremer atrás de nós. Eles se foram antes que ele se repetisse.
Lá dentro, o bipe do monitor cardíaco estava disparando.
Michelle parecia estar lutando contra o ventilador. Por um momento,
pensei que ela estava acordada.
Mas seus movimentos estavam muito descontrolados, como se ela estivesse
tendo algum tipo de convulsão.
Josh agarrou a mão esquerda de Michelle, implorando. "Calma, amor. Tudo
bem. Vamos. Você tem que superar isso! " Enquanto eu observava, o corpo de
Michelle se soltou e se imobilizou. Os bipes do monitor cardíaco estavam
diminuindo.
Jocelyn estava trabalhando rapidamente — fazendo o quê, eu não tinha
ideia. Mas sua expressão era sombria.
O monitor cardíaco continuou a apitar irregularmente, mesmo enquanto o
corpo de Michelle permanecia em repouso.
Sua frequência cardíaca aumentava e diminuía.
Rápido e lento.
Empurrei Irene para o outro lado de Michelle, agarrando sua mão direita.
"Michelle, estamos todos aqui. Amamos você, Michelle. Aguenta firme", eu
implorei.
"Afaste-se dela", Irene disparou para mim.
Eu cambaleei para trás em estado de choque.
"Você deixou aquele vampyro chegar perto dela, Sienna. Você deveria ser
amiga dela, e você nem percebeu que ele a estava possuindo."
Ela se virou, fixando seus grandes olhos castanhos em Michelle. "Por
favor, apenas... saia. Deixe-me ficar com minha filha. Pela última vez."
Entorpecida, voltei para onde Aiden estava de pé contra a parede.
Percebi que o tempo todo, o olho fixo da câmera havia captado tudo.
Monica esperou do lado de fora do quarto do hospital, seu cameraman
observando tudo.
Abutres imundos.
Pressionei minhas mãos em minhas bochechas, meus olhos ardendo.
Irene estava certa. Qualquer um poderia ver isso.
É minha culpa Michelle estar aqui.
Lutando por sua vida.
E perdendo a batalha.
Balançando a cabeça, observei enquanto o monitor apitava em uma rápida
série de bipes novamente.
Eu sabia que algo estava acontecendo.
Eu poderia dizer que algo estava errado.
A maneira como ela agiu.
O jeito que ela falou.
Eu deveria ter visto. As mil maneiras pelas quais Michelle havia chorado
por ajuda.
Mas eu estava cega demais. Muito envolvida em meus próprios problemas
egoístas.
Ah, claro, eu disse algo a Jocelyn sobre isso, mas nada útil.
Eu fiz soar como uma preocupação ridícula — não ser levada a sério.
Eu falhei em ajudá-la.
Falhei completamente.
Uma longa pausa nos bipes de repente encharcou a sala em um silêncio
opressor. Prendi a respiração e eles começaram de novo.
E naquele momento, busquei qualquer poder divino lá fora.
Qualquer um. Nada.
Por favor, orei.
Salve Michelle.
Faça alguma coisa. Qualquer coisa.
Eu não posso perder minha melhor amiga.
De novo não.
Aiden
A sala estava lotada demais.
Eu não era da família, e Michelle e eu nunca fomos muito próximos.
Eu saí da sala, tentando não chamar atenção para mim.
Até quase colidir com Monica Birch.
"Com licença, Alfa Norwood! " ela disse, olhando feio. "Você está
bloqueando a visão."
Eu me virei para ela, toda a minha raiva inútil por não ser capaz de ajudar
Michelle estava vindo à tona.
"Saiam daqui. Agora! " Eu rosnei.
Em vez de obedecer, no entanto, Monica se virou para olhar para mim,
seus olhos brilhantes e penetrantes.
"Tem noção do tamanho da tragédia, Alfa Norwood? Se Michelle Daniels
não se recuperar, o número total de mortes na tragédia de Konstantin chega a
três. Ou seja, três que conhecemos..."
"Michelle vai ficar bem! " Eu disparei de volta, mais emocional do que
pretendia. "Ela vai se recuperar."
"Mas se ela não..."
"Isso não vai acontecer! Não sob meu comando!"
Enfurecido, girei nos calcanhares e voltei para o quarto do hospital.
"E saiam do terreno da Casa da Matilha antes que eu os expulse! " Eu.
"Temos passes de imprensa por um motivo!"
Dentro do quarto de Michelle, todos estavam em um círculo tenso, a
poucos metros da cama para que os curandeiros pudessem trabalhar.
Jocelyn estava com as mãos no peito de Michelle, realizando a RCP.
A Curandeira Lowell estava se movendo, sentindo diferentes pontos —
seus pulsos, sua barriga, seus pés, gritando coisas que eram incompreensíveis
para mim.
"Rigidez abdominal no quadrante inferior direito. " Ela correu algo que
não consegui ver na sola do pé de Michelle. "Resposta ascendente do hálux."
Jocelyn deu a ela um olhar alarmado.
Owen cobriu a boca com as mãos, afastando-se da cama.
Eu não aguentava ver tudo isso se desenrolar.
Com um olhar para Sienna — que estava congelada, olhando para sua
amiga moribunda — eu hesitei.
Se Michelle morresse, Sienna precisaria de mim.
Mas o que isso significa?
Estar ao lado de Sienna não significa focar em derrotar ameaças externas?
Ou significa ficar ao lado dela quando ela está perdida e temerosa por sua amiga?
O que um Alfa deve fazer quando dividido entre o dever para com sua
matilha e o dever para com sua companheira?
Eu estava no quarto do hospital, lutando comigo mesmo.
A melhor maneira de ajudar Sienna — ajudar a todos — é matar Konstantin.
Eu balancei a cabeça em meus próprios pensamentos.
Se Michelle morresse, seria um golpe devastador para Sienna, e eu não
poderia abandoná-la assim.
Mas se eu não saísse daqui e começasse a fazer algo sobre o vil assassino
que já tinha feito tanto para me prejudicar e aos meus entes queridos, eu iria
enlouquecer.
Havia uma coisa que eu poderia fazer, mas eu tinha que fazer rapidamente
para poder voltar aqui o mais rápido possível.
Saí da sala.
Monica
Observei a família de luto de Michelle Daniels enquanto a jovem se debatia
e resistia na cama médica.
Eu soube então que meus instintos estavam certos.
Era isso. A matéria que solidificaria minha carreira.
"Ei, devemos parar de filmar? " meu cameraman, Curtis, perguntou,
olhando para mim com o canto do olho. "O Alfa acabou de nos expulsar da
Casa da Matilha."
Como eu poderia desligar as câmeras agora, sendo que a companheira do Beta está
prestes a bater as botas?
Era entretenimento puro.
Mas se Aiden Norwood nos visse no local depois de nos dizer para
sairmos, isso poderia interferir em meus planos maiores.
E isso não serviria de jeito nenhum.
"Guarde isso. Vamos sair daqui", eu disse decididamente, já me virando
para sair.
"Mas e se ela morrer? " Curtis perguntou, baixando a câmera de seu ombro
e seguindo atrás.
Meus sapatos de salto alto ecoaram alto nas escadas quando saímos da ala
médica e fomos para o gramado.
Dei de ombros. "Se ela morrer, ela morre. Encontraremos um novo
ângulo."
Sempre há um novo ângulo.
"Não deveríamos falar com a matriz sobre isso? Na verdade, não temos
permissão para estar aqui. " Curtis parecia nervoso e revirei os olhos.
Se ele não criasse coragem — e logo — eu teria que encontrar um novo
cinegrafista.
O que seria uma pena, porque Curtis não era péssimo na cama.
"Pare de ser molenga e confie em mim. Os Norwoods são o nosso bilhete
de loteria".
Minha van estava esperando. Entramos e saímos para compilar as
filmagens do dia.
Os caras do Jornal da Matilha iriam me amar.
E logo, o mundo também.
Quando tudo isso fosse dito e feito, Aiden Norwood se lembraria de mim para sempre.
Josh
Meu coração bateu forte contra minhas costelas enquanto eu observava
Jocelyn e a outra curandeira — Lowell — se moverem em tomo de Michelle.
Eu estava vagamente ciente de Aiden recuando para fora da sala e, em
seguida, pelo corredor.
Onde ele está indo?
Para finalmente caçar Konstantin?
Eu deveria ir também.
Mas como eu poderia?
Eu não conseguia tirar meus olhos de Michelle.
O monitor ainda estava enlouquecendo.
"Precisamos do quarto! " Jocelyn latiu. "Por favor, todos, limpem a sala!"
"Por cima do meu cadáver", rugi.
Sem. Chance.
Eles teriam que me carregar chutando e gritando.
"Ela precisa de uma tomografia computadorizada e possivelmente uma
ressonância magnética", argumentou a Curandeira Lowell. "Temos que
transferi-la da Casa da Matilha para um hospital cirúrgico!"
"Ela não vai aguentar. Temos que estabilizá-la primeiro! " Jocelyn explodiu.
"Você não tem os recursos aqui, Jocelyn. Temos que transferi-la para uma
instalação externa imediatamente ", Lowell insistiu.
Jocelyn balançou a cabeça. "Eu não posso parar, ou ela pode ter uma
parada cardíaca! " ela disse novamente.
"Ninguém vai a lugar nenhum até que Michelle esteja estabilizada! " Eu
gritei.
A Curandeira Lowell se virou para me encarar. "Você não entende, Beta
Daniels. Jocelyn não pode fazer muito. Michelle está mostrando sinais de uma
lesão cerebral muito grave."
Minha respiração ficou presa na minha garganta.
Eu cavei minhas mãos em meu cabelo.
"Jocelyn está tentando estabilizar sua frequência cardíaca", Lowell
continuou, "mas se o problema se origina em seu cérebro, o que Jocelyn está
fazendo não a salvará".
Eu não entendo isso.
Não entendo por que isso está acontecendo.
"Mas se eu parar durante o tempo suficiente para movê-la, ela pode sofrer
uma parada cardíaca assim que eu remover minhas mãos", argumentou
Jocelyn.
"Você não pode entrar e... consertar o que quer que esteja errado com o
cérebro dela? " Eu perguntei, agarrando-me a qualquer esperança.
Lowell franziu os lábios e balançou a cabeça. "Não há tempo suficiente."
A finalidade de suas palavras retiniu na minha cabeça.
Eu estava prestes a assistir minha companheira morrer.
"Nenhuma de vocês pode fazer alguma coisa? " Eu perguntei, forçando-as
a encontrar meus olhos.
Os olhos de Jocelyn se estreitaram.
"Eu posso, " ela disse.
A Curandeira Lowell e eu nos viramos para olhar para ela.
"Não, você não pode", ela disse.
"O que? " Eu exigi. "O que você está falando? " "O ritual."
"É proibido por uma razão, Curandeira White. Não terei essa discussão
novamente. Nem vou participar. " A outra mulher parecia furiosa.
Nesse momento, o monitor cardíaco disparou com uma série de bipes
estridentes, depois se estabilizou.
"Talvez, " Jocelyn disse, sua voz tremendo. "Mas eu tenho que fazer algo. "
"Não! " A Curandeira mais velha saltou para frente, mas era tarde demais.
Jocelyn fechou os olhos, pressionando as palmas das mãos firmemente no
peito de Michelle.
A Curandeira Lowell recuou.
Por um momento, nada aconteceu.
Em seguida, a sala foi envolvida por uma luz branca ofuscante.
Capítulo 64 - Olhos Brilhantes
Jocelyn
Reunindo toda a minha força e foco espiritual, eu mergulhei minha magia
no corpo angustiado de Michelle.
Eu nunca havia realizado o ritual que estava tentando agora.
Ninguém que eu conhecia tinha.
Foi ensinado apenas como um conto de advertência, porque qualquer
curandeiro que tivesse tentado antes havia sido prejudicado, tanto física quanto
espiritualmente.
Era uma técnica que permitia ao curandeiro usar toda a sua magia de uma
vez e então limpar o sistema do paciente com ela.
Se for bem-sucedida, pode curar vários pontos de trauma de uma vez e
reverter falhas sistêmicas como a que Michelle estava sofrendo.
Mas levaria tudo o que o curandeiro tinha.
O drenaria completamente.
E se um curandeiro oferecesse mais do que podiam aguentar, eles
morriam.
Mesmo que sobrevivessem, os danos eram irreversíveis.
Mas não tive escolha.
Não pude ficar parada e aceitar que o coração de Michelle havia parado de
bater.
Eu não poderia recorrer a seus pais e pedir desculpas por ter falhado.
Eu não permitiria que ela morresse quando tive esta última chance de
salvá-la.
A pulseira de prata em meu pulso tilintou suavemente.
Eu sou uma curandeira. Minha tarefa é curar.
Fechando meus olhos, lancei meu poder pelo corpo de Michelle. Em
minha mente, eu o vi se espalhar, arqueando e se dividindo tão rápido quanto
um raio.
Meu poder encontrou as lesões em seu cérebro — ela teve vários ataques
que só agora eu podia perceber.
Seu coração também sofreu danos.
Seus rins.
Seu fígado.
Eu empurrei minha magia o mais longe que pude, arrancando cada gota do
meu corpo, afogando-a com ela.
Isso a encheu e se libertou de mim.
Abrindo meus olhos, tropecei para trás.
Josh
Jocelyn se afastou de Michelle e ergueu as mãos. Seus olhos se abriram; eles
estavam brilhando com uma luz misteriosa.
Então, abruptamente, a luz se apagou.
Voltei-me para Michelle.
Por favor, não esteja morta.
Mas o rosto de Michelle estava totalmente pálido e imóvel.
Não funcionou.
Um soluço áspero saiu da minha garganta.
Eu nem sequer pude dizer adeus.
Mas não se preocupe, meu amor Onde quer que você vá, estarei com você em breve.
Seus olhos se abriram.
Jocelyn desmaiou.
Por um instante, fiquei paralisado.
Então meus músculos se soltaram e corri para Michelle.
Seus olhos castanhos piscaram e se fixaram em mim, cheios de amor e
reconhecimento.
Sienna
Eu não sabia para que lado me virar — correr para Jocelyn, que estava
jogada no chão, ou para Michelle, que estava acordada.
A Curandeira Lowell zumbia em torno de Michelle.
Eu fiquei parada, congelada, observando.
Por que Aiden havia ido embora? Onde ele estava?
Eu precisava dele. Eu estava sozinha, totalmente invisível.
Ok. Pensa. Como posso ajudar?
Jocelyn!
Corri para a curandeira, que estava caída no chão.
Pressionando um dedo em seu pescoço, tentei encontrar seu pulso.
Mas não havia nada. Minha cabeça pulsava enquanto eu me inclinava sobre
seu rosto para checar se havia ar saindo de seu nariz.
"Ela não está respirando", eu disse.
Irene se aproximou de Michelle, com Owen logo atrás dela.
Ninguém me notou.
"Ela não está respirando! " Eu repeti, gritando agora.
"Minha primeira responsabilidade é com Michelle", disse a Curandeira
Lowell. "Jocelyn sabe disso."
Meu sangue parecia água gelada.
Jocelyn acabara de se matar para salvar Michelle?
Como isso aconteceu?
Eu me agachei ao lado de Jocelyn, pegando sua mão na minha.
"Joce! Ei! Vamos, Joce, volte para nós ", disse eu. "Você conseguiu!
Michelle está acordada."
Um momento depois, a Curandeira Lowell estava ao meu lado.
Ela me deu um sorriso e tirou a mão de Jocelyn da minha.
Vamos, Jocelyn.
Vamos, você tem que estar bem.
Jocelyn inalou abruptamente e começou a tossir. Sua cabeça caiu para o
lado, suas pálpebras tremulando brevemente.
Uma onda de alívio tomou conta de mim.
Mas seus olhos permaneceram fechados.
"Temos que levá-la para o Retiro do Curandeiro", disse a Curandeira
Lowell.
Eu me levantei, me afastando do caminho deles.
Onde estava Aiden? Eu precisava que ele estivesse ali presente.
Olhando em volta, o que vi aqueceu e partiu meu coração ao mesmo
tempo.
Josh estava olhando nos olhos de Michelle; seus próprios olhos estavam
lacrimejando enquanto sua boca se arqueava em um sorriso dolorido.
Eu sorri para ela, mas meu coração estava apertado.
"Ei" eu disse. "Você voltou."
Ela hesitou. Seu rosto permaneceu em branco, e então ela se virou para
Josh e sorriu.
Ela sabe o que aconteceu?
"Oi, amor" ela disse a ele.
Ele pressionou os dedos dela contra a boca. "Estou aqui, querida. Estou
aqui. Eu sempre estarei ao seu lado."
Aiden
"Obrigado por ter vindo tão rápido", eu disse.
Sayyid Hamdi era um jovem alto e musculoso com cabelo curto e escuro.
Ele ficou de frente para a mesa em meu escritório.
Eu estava do outro lado, sem vontade de sentar.
Sayyid era membro da Polícia de Mahiganote, mas também servia como
Caçador quando necessário. Eu o conhecia desde que estudávamos juntos.
"Como você sabe, nossa Matilha foi atacada por um vampyro poderoso
chamado Konstantin, " eu disse, engolindo a culpa e a raiva que cresciam toda
vez que eu era forçado a falar seu nome.
Ele possuiu Sienna, machucou-a. E eu não estive lá.
A única maneira que eu conhecia de ajudá-la, para acalmar os pesadelos
que a assolavam todas as noites, era caçar o vampyro e matá-lo.
Você a deixou novamente. Ela precisava de você no hospital e você saiu.
Sienna é inteligente, ela entende. Ela quer que Konstantin vá embora tanto quanto eu.
Mais. Foi a mente dela que ele invadiu.
Eu me senti mal, mas cerrei os dentes.
Só havia uma maneira de terminar isso.
"Estou formando um Esquadrão de Caçadores, " eu disse a ele. "Eu quero
você nisso. Como capitão. Tire quem você precisa de suas atribuições
regulares."
Sayyid me deu um aceno de cabeça. "Como desejar, meu Alfa."
"Konstantin é extremamente perigoso", eu disse. "Não é um vampyro
comum."
Abri o livro que Josh havia recebido da colônia de vampyros no Maine.
"Ele provavelmente é conhecido como um vampyro 'santo'. " Eu apontei
um parágrafo dentro das páginas do livro.
"É uma designação para vampyros muito antigos que alcançaram poderes
especiais. Os poderes de Konstantin parecem ser mentais, principalmente."
Eu olhei para Sayyid, mantendo contato visual.
"Ele é extremamente perigoso. Se ele morder alguém, ele pode dominá-lo.
Você entende? Não o subestime."
"Sim, senhor", Sayyid me deu outro aceno curto. Ele era um homem que
não gostava de medir palavras, e eu gostava disso.
Agora, mais do que nunca, quando o tempo era de extrema importância.
Eu peguei uma pasta de arquivos: "Tudo o que temos sobre sua recente
estada em Mahiganote. Também enviei links de documentos para o seu e-
mail."
Sayyid pegou a pasta de mim.
"Encontre-o", eu disse. "É pra ontem, entendeu?"
Sayyid começou a se virar, mas então disse: "E quando o fizermos, meu
Alfa, quais são nossas ordens?"
Hesitei, pensando no que dizer.
Sayyid era eficaz e confiável.
Mas Konstantin era perigoso e nós o havíamos subestimado antes.
"Quando isso acontecer, entre em contato comigo", eu disse por fim.
"Não o enfrente sem mim."
Sienna
Michelle vai ficar bem agora.
Não vai ser como Emily. Michelle vai SOBREVIVER.
E Jocelyn também.
Eles vão levá-la para o Retiro do Curandeiro. Ela vai sobreviver.
Tudo vai ficar bem.
A Curandeira Lowell e dois paramédicos colocaram Jocelyn em uma maca.
Observei Michelle e Josh enquanto eles silenciosamente se abraçavam. Eu
podia praticamente sentir o amor de seu vínculo de acasalamento reacendendo.
Meu coração se apertou de culpa.
Se não fosse por mim, Konstantin nunca teria feito parte de nossas vidas.
Nada disso teria acontecido.
Enquanto eu observava seu feliz reencontro, de repente me senti perdida.
Devo sair?
Eu não sentia que era necessária ali. Eu senti como se estivesse me
intrometendo.
Eu sentia falta do Aiden. Assistir a força do vínculo de Josh e Michelle me
fez sentir saudades do meu companheiro.
Mas se eu fosse embora, ficaria tudo bem?
"Posso pegar alguma coisa para você? " Eu disse finalmente. "Qualquer
coisa? Alguém precisa de um copo d'água?"
Josh olhou para mim por cima do ombro por um momento, então fixou
seu olhar novamente em sua companheira.
"Ninguém precisa de você aqui, Sienna" disse ele categoricamente.
Eu me encolhi com seu tom amargo, e as verdadeiras palavras encobertas
por ele.
Pelo menos Michelle estava de volta. Isso era tudo o que importava agora.
Mesmo que minha amiga nunca pudesse me perdoar.
Michelle recostou-se no travesseiro, fechando os olhos.
Ela parecia exausta.
Agora não era hora de brigar por nada.
Assim que Jocelyn foi presa à maca, eles a levaram para fora da sala.
Sabendo que Michelle estava em boas mãos, fui atrás.
***

Durante todo o caminho para o aeroporto privado da matilha, Jocelyn


permaneceu inconsciente.
A Curandeira Lowell continuou a cuidar de Jocelyn na parte de trás da
ambulância, que estava ultrapassando todos os limites de velocidade para
chegar lá o mais rápido possível.
A pele de Jocelyn tinha adquirido um tom acinzentado que não gostei nem
um pouco da aparência.
"Tem alguma coisa que eu possa..., " comecei, mas ninguém estava
ouvindo.
A curandeira estava colocando as duas mãos em Jocelyn, enviando energia
de cura — pelo que eu poderia dizer — encorajando suas células a se
recuperarem.
Mas nada parecia estar acontecendo.
Ela ainda estava respirando, mas esse era o único consolo.
Estendi a mão para alisar seu cabelo, tentando dizer a ela de alguma forma
o quanto eu estava arrependida e grata pelo que ela fez.
Mas a Curandeira Lowell segurou minha mão.
"Desculpe, Sienna. Podemos cuidar dela agora", ela disse enquanto a
ambulância estacionava no aeroporto.
Uma equipe de curandeiros estava esperando perto de um helicóptero.
"Tem certeza? " Eu perguntei.
Michelle estava bem, mas agora Jocelyn pagaria o preço pela minha
estupidez.
Eu tinha que fazer alguma coisa.
"Sim, querida, tenho certeza. Vamos cuidar dela. Você se saiu
maravilhosamente bem", as palavras da curandeira me deixaram mais calma,
mas ela foi interrompida quando os médicos começaram a colocar Jocelyn no
helicóptero.
"Entrarei em contato", disse ela a caminho.
"Por favor, me diga que ela vai ficar bem! " Eu chorei.
Mas minhas palavras desapareceram no rugido das hélices do helicóptero
enquanto ganhavam vida.
Meu cabelo girou em tomo do meu rosto e eu recuei.
A aeronave decolou do solo.
Medo e esperança desesperada tomaram conta de mim enquanto ele subia
para o céu nublado e sumia de vista.
Quando fui deixada na Casa da Matilha, parei do lado de fora da porta da
frente e cobri minha boca com a mão.
Lágrimas picaram meus olhos quando me sentei nos degraus da frente.
Como tudo deu tão errado?
Michelle vai ficar bem, eu disse a mim mesma.
E Jocelyn também.
Ambas ficarão bem. Elas têm que ficar
Olhei para o terreno da Casa da Matilha e respirei fundo. Eu concordei.
Tudo voltará ao normal.
Exceto eu.
Não vou voltar a ser como era.
Naquele momento, sozinha e fria no ar amargo do inverno, fiz um voto
desesperado e silencioso a qualquer poder superior que se importasse em
ouvir.
Eu seria melhor. Eu me concentraria nos outros em vez de em mim
mesma.
Eu seria a melhor amiga, a melhor companheira, que qualquer um poderia
pedir.
Não importa o que aconteça.
Capítulo 65 - Medidas Extremas
Jocelyn
Eu sabia que estava sonhando, porque Nina estava lá.
Sentamos em um barco a remo, à deriva enquanto ríamos, tentando
recuperar um remo que flutuava cada vez mais longe.
Mas mesmo enquanto ria, admirando seus lindos olhos e o brilho de ébano
de sua pele, uma parte de mim sofreu.
Eu não tinha visto ou ouvido falar de Nina desde que ela havia
desaparecido do Baile de Inverno.
Ela ficou e ajudou por um tempo.
E então ela fugiu, sem nem mesmo se despedir.
No sonho, o barco a remo se dividiu em dois.
Não entrou água — tornou-se apenas dois barcos separados.
Alcancei Nina do outro lado da água: "Pega na minha mão!"
Ela desviou o olhar de mim, ainda rindo.
Seu barco girou de modo que ela ficou de costas para mim.
"Nina! Nina, você está flutuando para longe!"
Mas ela não voltou.
"Nina, por favor! Não me deixe!"
Cravei meus dedos na borda do casco do barco.
E senti lençóis macios e sedosos.
Um aroma de lavanda.
Minha pulseira de prata pressionada na carne do meu braço.
Onde estou?
Meu corpo inteiro doía, como se todos os músculos do meu corpo
tivessem sido esticados até o ponto de ruptura.
Meus olhos se abriram.
Papel de parede rosa e branco.
Que lugar é esse?
Eu olhei em volta.
Sharon Lowell estava sentada na poltrona à minha esquerda.
"Olá Jocelyn, " ela disse. "Bem-vinda ao Retiro do Curandeiro de
Lawrence."
Sienna
No dia seguinte, após os acontecimentos no hospital, voltei para minha
galeria. Os sinos da minha porta tilintaram quando entrei. Tranquei a porta
atrás de mim.
Lá fora, uma pequena Matilha de repórteres grasnou para mim, liderados
por ninguém menos que Monica Birch, mas eu os ignorei.
Eles receberiam uma atualização oficial de Aiden em breve.
Pobre Aiden. Eu havia passado em seu escritório antes de vir para a galeria.
Ele parecia cansado e esgotado, murmurando para si mesmo sobre o possível
paradeiro de Konstantin.
Eu sabia que meu companheiro não iria parar por nada para pegar o
vampyro, e me deu um imenso conforto saber o quão duro ele estava
trabalhando.
Mas ainda assim, eu sentia falta dele.
Aquela era a primeira vez que fui ao meu estúdio desde os eventos
desastrosos do Baile de Inverno.
Tudo estava em perfeita ordem, mas estar de volta a este espaço me dava
arrepios.
Konstantin e eu passamos várias horas juntos.
Eu ri e conversei com aquele vampyro, enquanto ele invadia a mente da
minha amiga.
E a minha. Mas pelo menos eu consegui lutar contra ele.
De maneiras surpreendentes também, pensei, lembrando-me do incidente
na floresta onde eu joguei uma árvore no vampyro que estava atacando.
Eu ainda não tinha ideia de como tinha feito aquilo. Se não tivesse sido tão
marcante, teria pensado que tinha imaginado a coisa toda.
Mas Michelle não teve tanta sorte. O vampyro a possuiu inteiramente.
Eu não conseguia nem imaginar o que ela estava passando.
Eu me dirigi ao meu estúdio na sala dos fundos, me preparando para
finalmente me reconectar através da arte.
O que eu pintaria?
Algo representacional? Michelle na cama do hospital? Jocelyn lutando para
salvá-la?
Jocelyn...
Ela quase se sacrificou para salvar a vida da minha melhor amiga. Ouvimos
dizer que ela ainda estava viva no Retiro do Curandeiro em Kansas, mas não
havia notícias ainda sobre sua condição.
Pensei em pintar algo abstrato como uma forma de lidar com todos esses
sentimentos.
Mas quando entrei em meu estúdio, todos os pensamentos sobre novas
artes passaram instantaneamente de minha mente para os pensamentos de
Konstantin.
Meu coração martelou contra meu esterno enquanto a imagem de seus
olhos vermelhos brilhantes queimava em meu cérebro.
Você realmente vai sair da minha cabeça?
Será que algum dia estarei realmente livre de você?
Minha respiração parecia tensa, meu peito apertado.
Ai, Aiden. Eu queria que você estivesse aqui.
Quase havia perdido a batalha para me libertar de Konstantin.
Mesmo que eu tenha resistido a ele, o custo foi muito alto.
Com algumas respirações profundas, conectei meu celular ao sistema de
som e coloquei uma música relaxante.
Ainda inspirando e expirando conscientemente, coloquei uma tela em
branco no cavalete e me sentei no banquinho de madeira que estava diante
dela.
Mas meu coração continuou a bater forte.
Movendo-me rapidamente, como se a pressa me permitisse superar minha
crescente angústia, eu espremi um pouco de azul escuro em uma paleta limpa.
Eu adicionei carmesim e âmbar queimado e agitei um pincel nas cores,
misturando-as.
O que eu vou pintar?
Minha mente parecia em branco e vazia como a tela diante de mim.
O que eu estava fazendo aqui?
Minha melhor amiga estava no hospital, se recuperando de um ataque que
quase a matou.
Minha outra boa amiga estava lutando pela sobrevivência no Kansas,
depois de quase se sacrificar para salvar Michelle.
E eu estava... enxugando tinta.
Eu guardei a paleta e me levantei do banquinho.
Devo ligar para Aiden?
Agora, a visão do rosto do meu companheiro, a sensação de seus lábios
contra os meus, era tudo o que eu ansiava no mundo.
Mas Aiden estava ocupado. Caçando o vampyro que começou tudo isso.
Eu não precisava incomodá-lo com meus problemas.
Eu torci minhas mãos e andei inquieta pelo estúdio.
Eu não conseguia respirar.
Este lugar cheirava a Konstantin.
Não literalmente — o vampyro sempre teve o cuidado de usar seu broche
mágico quando estávamos juntos.
Mas o estúdio que Aiden tinha me dado como presente de acasalamento,
onde eu tinha tantas memórias maravilhosas, agora parecia... contaminado.
Imundo.
Como eu.
Meus pensamentos estavam girando.
Controle-se, Sienna.
Eu me forcei a parar de andar.
Desistindo da arte terapia como uma causa perdida, saí da galeria pela
porta dos fundos, querendo evitar os membros da imprensa que ainda
esperavam do lado de fora.
Eu precisava falar com alguém, mas definitivamente não com eles.
Mas Aiden estava ocupado. Eu tinha que deixá-lo trabalhar.
Meu coração disparou.
Pare de enlouquecer e pensar!
Você tem muitas pessoas no mundo que amam você. Não os exclua como da última vez.

Sienna: ei
Sienna: você está ocupada agora?
Selene: oi mana
Selene: mais ou menos. Tenho uma consulta com Vanessa
Sienna: ah sim
Sienna: espero que dê tudo certo. Ela vai tomar injeção?
Selene: sim: (
Sienna: aí, pobre bebê Sienna: e pobre mamãe Sienna:
aguenta aí ok Selene: vou tentar, mas quando ela chorar
Sienna: sim
Sienna: a gente se fala
Claro que minha irmã estava ocupada. Ela tinha um bebê recém-nascido.
Com um suspiro, tentei Erica.

Sienna: ei erica
Sienna: imagino que você não tenha algum tempo livre hoje
Erica: foi mal, não tenho haha Erica: nesta sexta temos todas
as aulas e depois vai ter um jogo Sienna: ai que chatice Erica:
Eu tenho que vender ingressos rs Sienna: sim, entendi Erica:
está tudo bem?
Sienna: claro
Sienna: a gente se fala
Mia? Talvez ela recebesse a minha visita para sair com ela e os gêmeos?

Sienna: ei Mia, como vão os gêmeos?


Mia: (emojis de merda e mamadeira) Sienna: kkkkkk
Sienna: quer companhia?
Mia: A mãe do Harry acabou de chegar e vai me deixar tirar
uma soneca Mia: desculpa, amiga Mia: outra hora?
Sienna: claro
Sienna: a gente se fala
No beco mal iluminado atrás do meu estúdio, eu caí contra a parede de
tijolos ásperos.
Acho que estou sozinha.
Michelle
Minhas mãos tremiam. Eu as escondi debaixo do cobertor.
Estou bem. Estou bem.
Eu vinha repetindo esse mantra desde que acordei.
Talvez se eu dissesse isso várias vezes, seria verdade.
A maquiadora se sentou na beira da cama do hospital e retocou meu blush.
Era o final da manhã de sábado. Eu ainda estava me recuperando na suíte
médica da Casa da Matilha depois que Jocelyn me acordou no dia anterior.
Monica Birch, repórter do jornal da Matilha, ergueu um espelho e eu olhei
para meu reflexo.
Nada mal. Ela conseguiu esconder as sombras sob meus olhos.
Eu não parecia estar me recuperando de um coma.
Quando a repórter apareceu esta manhã e sugeriu uma entrevista exclusiva
no horário nobre com a "valente sobrevivente do ataque de vampyros que
cativou o mundo", eu não fui capaz de recusar.
Se algo de bom pudesse resultar desse pesadelo, eu estava determinada a
encontrá-lo.
Esta pode ser minha grande chance. Meu tiro nos corações e vidas da
Manada da Costa Leste.
Monica já havia me falado o quanto eles me amavam.
E eu estava bem.
Totalmente bem.
Quanto mais cedo eu mostrar isso ao mundo, melhor Eu encontrei os olhos de
Josh. Ele estava encostado na parede, observando os preparativos.
Ele mal tirou os olhos de mim desde que acordei. Mesmo agora, a
intensidade desesperada de seu olhar era o suficiente para fazer meu coração
pular de alegria.
Sorri para ele e disse: "Como estou?"
"Linda, " ele respondeu, seus olhos azuis brilhando.
Meu coração aqueceu. Só de olhar para o meu companheiro me fez sentir
melhor.
Tínhamos chegado tão perto — tão perto — de perder um ao outro.
Por causa do vampyro. Porque Konstantin sugou meu sangue e me
possuiu, deixando-me incapaz de lutar contra ele por dias.
As lágrimas ameaçaram subir, mas eu pisquei de volta. Não podia mostrar
fraqueza.
"Eu quero encontrar o equilíbrio certo", eu disse olhando para Monica.
"Eu quero evocar... simpatia, você sabe, pela provação que acabei de passar.
Mas força também."
A testa de Josh franziu enquanto ele ouvia.
Eu sabia que ele achava que dar esta entrevista era muito cedo.
Você não entende, amor.
Eu quase morri.
Não vou deixar passar mais nenhuma chance como essa.
Essa coisa toda com Konstantin tinha sido um pesadelo horrível...
Mas eu encontraria uma maneira de transformar limões em limonada.
Monica havia me preparado sobre o que dizer quando a entrevista
começou.
Isso iria surpreender a todos.
E me catapultar para o estrelato.
Mesmo que isso significasse jogar algumas pessoas na fogueira.
Monica
"Você vai se dar bem", assegurei a Michelle enquanto as câmeras se
preparavam para filmar. "Com licença por um momento."
Saí para o corredor para desamarrar meu cabelo do coque pela milionésima
vez, prendendo-o ainda mais forte.
Eu assisti pela porta enquanto Michelle fazia alguns ajustes finais em seu
cabelo enquanto a equipe de filmagem terminava de configurar.
Eu mal pude acreditar.
Uma entrevista exclusiva com a companheira do Beta.
Não poderia haver oportunidade mais perfeita.
Depois de quatro anos no Jornal da Matilha, era isso.
Eu podia imaginar. Monica Birch: Repórter Número Um da Matilha da
Costa Leste.
E se Aiden Norwood ou sua pequena cadela ruiva tentassem ficar no meu
caminho, eu os derrubaria.
Eu olhei para a companheira do Beta em sua cama de hospital.
Ela estava tão desesperada por atenção. Tão ansiosa para ser amada.
Patética.
Mas eu tinha um pressentimento de que Michelle Daniels era exatamente a
pessoa de quem eu precisava me aproximar agora.
E eu sempre segui meus palpites.
Capítulo 66 - Para o Bem de Todos
Sienna
Na manhã de sábado, Aiden estava de pé e fora de casa às sete.
As responsabilidades de um Alfa eram infinitas.
Mas saber que ele estava fazendo o trabalho necessário não tornava a falta
dele mais fácil.
Honestamente, eu não tinha ideia do que fazer comigo mesma.
A pintura não havia funcionado.
Nenhum dos dois tinha alcançado as pessoas, embora eu soubesse que era
o que deveria tentar fazer novamente.
Ligar para minha mãe ou meu pai — ou tentar Selene ou Mia novamente.
Qualquer coisa menos ficar neste quarto de hotel, enlouquecedor.
Em vez disso, peguei uma xícara de café e verifiquei meu celular, onde
encontrei uma série de notificações de mídia social.
Sir Fredsalot @allottaavocados
Essa entrevista com #MichelleDaniels é uma viagem
Marco Lupo @LupoAtor
#MichelleDaniels adoro ver sua entrevista contando sua história!
Entrevista?
Eu rolei para baixo, procurando por um latido que esclarecesse o resto.
Curtis Paul @CurtisJomaldaMatilha
Não perca a entrevista exclusiva do jornal da Matilha com
#MichelleDaniels, a companheira do Beta da Costa Leste! Ela saiu do coma e
falando tudo. O que ela revelou vai te chocar!
Eu cliquei no link.
O vídeo começou.
Michelle estava sentada em sua cama de hospital, com as bochechas
rosadas e bonitas.
Seu vestido de hospital era suspeitamente bem ajustado.
Mas nada conseguia esconder a palidez do rosto de Michelle, ou o fato de
que ela estava mordendo o lábio nervosamente.
Como foi que a imprensa teve permissão para vê-la tão cedo?
"Diga-nos, como você acabou em coma, em primeiro lugar? " Monica
Birch, a repórter, disse. "Quem é essa pessoa de quem todos temos ouvido
falar desde o Baile de Inverno?"
"Konstantin? " Michelle respondeu.
Monica acenou com a cabeça. "Que papel Konstantin desempenhou?"
Um músculo saltou na bochecha de Michelle, mas ela sorriu para Monica.
"Konstantin era… é…"
"Um vampyro", Monica interrompeu. "Que se infiltrou na matilha. " Suas
sobrancelhas se arquearam, em falsa surpresa. "Como isso é possível?"
Michelle sorriu sem jeito para a câmera. Ela olhou para trás em direção a
Monica, que deu a ela um aceno encorajador.
"Muitas pessoas estão culpando o Alfa Norwood por permitir que
Konstantin fizesse todos esses estragos sem controle", disse Michelle. "Mas
isso não é realmente justo ou preciso."
Meu coração aqueceu em sua defesa de Aiden.
"E por que isto? " Monica perguntou, pressionando.
Michelle parou por um longo tempo antes de dizer em voz baixa: "Porque
foi a companheira dele. Foi culpa de Sienna."
Eu pisquei.
"Sienna Norwood? " Monica engasgou com um choque exagerado.
"Isso mesmo", disse Michelle. "Ela é quem Konstantin estava realmente
procurando. Algo a ver com seus pais biológicos, que ninguém nunca
conheceu — ou assim me disseram..."
Seus olhos caíram e ela começou a mexer no cabelo.
Eu sabia que nunca havia revelado essa informação a Michelle.
Ela só poderia ter aprendido com ...
"Konstantin. " Michelle continuou. "Ele a perseguiu... foi assim que ele
acabou me atacando. Eu estava cuidando da minha vida e me tornei a grande
vítima."
Eu assisti, chocada.
Monica se inclinou. "E esse vampyro — ele ainda está solto. Ainda é um
perigo para todos."
Isso foi uma pergunta ou uma afirmação?
O medo cintilou nos olhos de Michelle. Então ela acenou com a cabeça.
"Isso mesmo. Eu... eu acho que deveria haver algum tipo de anúncio público
para alertar as pessoas para ficarem longe dele."
"O Alfa Norwood não emitiu nenhum tipo de aviso, não é? " Monica
pressionou.
Cravei minhas unhas em minhas palmas.
Michelle balançou a cabeça hesitantemente. "Não, ele não emitiu."
"Portanto, parece que ele está tentando varrer todo o escândalo para
debaixo do tapete — em detrimento da segurança de todos", continuou a
repórter.
Isso não é verdade!
"Mas não temam meus telespectadores", disse Monica, dirigindo-se à
câmera. A câmera havia saído de Michelle, mas antes disso, percebi tristeza em
seu rosto.
Eu já tinha visto essa tristeza antes.
No rosto de Emily, a última vez que a vi antes de ela se matar.
Meu estômago doeu de tristeza por minha amiga.
Por ambas.
"O Monica Birch Show não te decepcionará. Estamos aqui para mantê-lo
atualizado sobre a ameaça deste vampyro perigoso e o que isso significa para a
sua segurança e da sua família", ela disse de forma tranquilizadora, mas
sugerindo interpretações sinistras.
Michelle
Mais tarde naquela tarde, mergulhei em um luxuoso banho.
Eu estava em casa. E era tão bom estar fora daquela cama de hospital e
longe da família.
Josh estava na Casa da Matilha. Esta era a primeira vez que estive sozinha
desde...
Quando foi a última vez que estive sozinha?
Konstantin foi uma presença constante em minha mente por muito tempo.
Me controlando. Mandando em mim.
Fazendo-me comer alimentos que engordam.
Respirei fundo, afundando mais nas bolhas.
Pegando meu celular para me distrair, eu rolei pelas minhas redes sociais,
absorvendo os comentários que as pessoas estavam fazendo sobre minha
entrevista.
Foi glorioso.
Patriota Nancy @ECPdweller
OMG #MichelleDaniels é incrível NÃO POSSO acreditar no que ela
passou, tão preocupada com todos nós Alfa Etienne Tremblay @CanadaAlfa
Fiquei surpreso ao saber da provação enfrentada por #MichelleDaniels
hoje. Ela mostrou verdadeira bravura e graça em sua entrevista. Você está em
meus pensamentos durante este período de recuperação, Michelle.
Foi o suficiente para dar a uma garota o gosto pela celebridade.
Ainda assim, a culpa corroeu meu estômago.
Quando Monica me contou sobre a entrevista, ela deixou claro que o
público precisava de alguém para culpar.
E se eles odiassem Sienna por um tempo, estaria tudo bem. Eles
superariam isso.
Afinal, Sienna era a garota de ouro.
E de qualquer maneira, talvez fosse hora de outra pessoa assumir os
holofotes.
Pousei o celular e sorri, voltando para a água quente e borbulhante.
Minhas mãos viajaram pelo meu corpo, leves formigamentos da Bruma
enviando pequenos choques de prazer ao meu corpo.
Passou pela minha cabeça chamar por Josh, mas desde que eu acordei, a
preocupação por trás de seus olhos me fez sentir...
Bem, isso me lembrou de como as coisas estavam ruins, e eu não queria
pensar sobre isso.
Então fechei meus olhos e relaxei um pouco, sozinha.
Passei meus braços na água, sentindo-a bater na minha pele.
Minhas coxas esfregaram uma contra a outra, escorregadias e molhadas.
Lambi meus lábios, deixando minhas mãos vagarem sobre meus seios.
Esfregando meus mamilos.
A Bruma me aqueceu.
Assim que meus dedos deslizaram pela minha barriga, a porta do banheiro
se abriu.
Josh ficou lá ofegante, seus olhos famintos vagando pela minha pele
espumosa.
"Permita-me", disse ele.
Eu sorri, mordendo meu lábio inferior.
Josh foi a primeira pessoa que vi quando acordei. Eu o queria agora, mais
do que nunca.
Sua mão mergulhou na banheira, encharcando sua manga enquanto seus
dedos sensíveis pressionavam contra meu sexo.
Recuperando o fôlego, encontrei seus olhos azuis.
Ele empurrou um dedo dentro de mim, a palma de sua mão esfregando a
protuberância sensível que ansiava por contato.
Eu agarrei seu braço, cavando minhas unhas.
Quando ele enfiou outro dedo, minhas unhas se transformaram em garras.
Josh começou a girar sua mão, massageando e empurrando contra mim —
minhas paredes apertando em torno dele.
Eu podia sentir o calor aumentando. Eu suprimi o máximo que pude, até
não aguentar mais.
Eu balancei minha cabeça para trás e soltei um grito quando uma onda de
euforia se espalhou por cada centímetro do meu corpo.
Finalmente, por um breve momento emocionante, lembrei-me de como é
estar viva.
Sienna
Um dia após a entrevista de Michelle chegar à internet, decidi voltar para
minha galeria. Tentei pintar novamente.
Mas assim que cheguei lá, tudo que pude fazer foi olhar para a minha tela e
misturar cores que nunca pareceram combinar.
Demorei-me por quarenta e cinco minutos, enxugando a tela, até que a
influência da mídia social finalmente venceu, me distraindo da minha arte e
puxando meu ânimo para baixo.
Mas depois de rolar pelo que parecia ser uma infinidade de postagens
negativas, soltei um longo suspiro, enfiei meu celular na bolsa e saí da galeria.
Aiden ergueu os olhos de sua mesa com um sorriso quando me viu.
Eu segurei o saco de comida gordurosa que peguei no caminho para cá.
"Com fome?"
"Como um lobo", ele disse.
Enquanto eu observava Aiden devorando seu hambúrguer, o desejo de
contar a ele sobre como eu não conseguia pintar, como estava me sentindo
oprimida, me pressionava.
Mordisquei meu próprio sanduíche de frango, mas não estava com muita
fome ultimamente.
"Então, como vão as coisas? " Eu perguntei.
"Uma loucura, " ele disse finalmente. "Fiquei fora por seis dias... e as coisas
mais do que se acumularam. Eles avançaram."
Passei a mão em sua coxa. "Parece estressante."
Eu queria contar a ele como me sentia, mas em comparação com o que ele
estava enfrentando, meus problemas pareciam triviais. Não era como se
estivéssemos esperando mais ataques de vampyros, certo?
O pensamento de que Konstantin ainda estava lá fora fez meu coração
acelerar.
Eu podia sentir que batia cada vez mais rápido.
Fale com ele! Ele vai entender!
Mas assim que abri minha boca para contar a Aiden sobre como eu estava
me sentindo desequilibrada, Felix entrou no escritório.
"Sinto muito interromper, meu Alfa", disse ele em voz baixa.
Aiden ergueu as sobrancelhas para ele.
"É Georgina Tate", Felix disse. "Alugamos os grandes vasos da galeria dela
para o Baile de Inverno, aqueles que foram destruídos, e ela está lá e..."
Ele baixou a voz. "Ela está um pouco perturbada."
Aiden gemeu.
Felix não fez menção de sair.
"Sinto muito, Sienna, eu tenho que lidar com isso", disse Aiden,
levantando-se.
"Na verdade, Aiden...?"
"Sim? " disse ele, voltando-se.
Comecei a falar, mas as palavras não saíam.
"Não é nada. Não se preocupe. " Eu finalmente respondi.
Ele percebeu que algo estava errado. Eu podia ver em seus olhos.
"Tem certeza? " ele perguntou.
"Claro", eu disse o mais alegremente que pude. "Vá fazer suas coisas de
Alfa."
"Tudo bem, então", respondeu ele, sorrindo calorosamente para mim.
Forcei um sorriso de volta quando Aiden saiu.
Meu companheiro tinha tanta coisa para resolver, como eu poderia
preocupá-lo com algo tão ridículo quanto pintar?
Ainda assim, enquanto me dirigia para o meu carro, meu peito parecia
apertado.
Eu não podia falar com meu companheiro sobre o que estava acontecendo.
Não consegui falar com ninguém.
Porque estava tudo na minha cabeça. E havia problemas reais com os quais
precisávamos lidar.
Meu companheiro tinha tanta coisa para resolver, como eu poderia
preocupá-lo com algo tão ridículo quanto pintar?
Era hora de crescer e parar de se preocupar com besteiras triviais como
arte.
Eu precisava melhorar.
Para mostrar a todos que eu poderia ser mais do que aquilo que leram na
internet.
Que eu poderia ser uma verdadeira companheira para o Alfa.
Mas como?
De repente, me senti muito pequena e sozinha.
Capítulo 67-Bar do Sonny
Aiden
Josh entrou na Casa da Matilha por volta das cinco horas para falar
comigo.
"Como está Michelle? " Eu perguntei, sabendo que ela voltaria para casa
naquele dia.
Meu Beta tinha um olhar bobo em seu rosto que eu reconheci bem.
Minha própria Bruma estava fervendo em minhas veias, mas Sienna
parecia tão retraída ultimamente que não estávamos aproveitando a temporada
tanto quanto costumávamos.
Mesmo assim, fiquei satisfeito por Josh. Ele e Michelle haviam passado por
muita coisa ultimamente.
Para dizer o mínimo.
O alívio também me atingiu. Se Michelle estivesse saudável o suficiente
para atividades mais... rigorosas, talvez ela realmente estivesse se recuperando
por completo.
Uma morte a menos na minha consciência.
Passei a Josh uma cópia de um resumo das instruções da Delta Nelson e
recostei-me enquanto ele folheava as páginas.
Josh virou uma página, lendo.
Recebi uma chamada na linha do meu escritório.
"Sayyid Hamdi na linha 1 para você, meu Alfa, " Felix anunciou.
Com outro olhar para Josh, coloquei o telefone no viva-voz.
"Sayyid", eu disse.
"Nós temos uma dica sobre um caçador de vampyros que pode ter tido
alguns negócios com Konstantin", ele disse sem rodeios.
"Caçador de vampyros? " Eu ecoei. "Um Caçador Divino?"
Meu coração disparou.
Os Caçadores Divinos odiavam lobisomens e eram amplamente
considerados uma organização terrorista.
"Não, embora ele seja um humano", disse Sayyid. "Bobby Turner, cara
branco, cinquenta e sete anos. Sem antecedentes contra lobisomens,
entretanto, apenas vampyros. Ele é suspeito de matar pelo menos dois."
"Hm, " eu disse. Vampyros eram raros. E geralmente muito fortes, embora
a maioria não se comparasse a Konstantin. Como um humano — e alguém
que está passando da idade de aposentadoria — este caçador deveria entender
bastante do assunto.
Sayyid continuou: "Ele foi visto pela última vez em um bar de motoqueiros
em Crescent Grove". Um farfalhar de páginas. "Bar do Sonny."
Jocelyn
"É bom ver você de pé novamente, Jocelyn", Sharon Lowell disse quando
entrei na sala da curandeira.
Eu só recentemente consegui ficar de pé novamente. Ficar acamada por
tanto tempo quanto estive era muito mais exaustivo do que eu poderia ter
imaginado.
Quando fechei a porta, Sharon fez um gesto em direção à mesa de exame.
"Por favor sente-se."
Eu mexi na pulseira em meu pulso.
"Essa bugiganga deve ser importante para você", disse a curandeira.
Eu concordei. "Minha mãe me deu quando fui aceita como curandeira da
Matilha. Ela disse que sempre me traria força."
A curandeira Lowell acenou com a cabeça, seu rosto ficando sério. "Você
vai precisar de sua força agora, Jocelyn."
Meu sangue gelou. "O que você quer dizer?"
"Foi um milagre termos conseguido reanimá-la depois de sua façanha na
semana passada."
Meus olhos se voltaram para os dela. "Como está a Michelle?"
"Recuperando-se bem", disse Sharon, erguendo as sobrancelhas. "Graças à
sua loucura. Você teve muita, muita sorte, Jocelyn. Você sobreviveu, com sua
mente intacta. Acho que nunca vi alguém passar por esse ritual tão bem
quanto você. " "... Mas? " "O que você fez foi contra a natureza, Jocelyn",
disse Sharon. "Se Michelle não pudesse ser salva naquele momento por meios
de cura aprovados, então era sua hora de morrer."
Eu balancei minha cabeça. Eu não podia aceitar isso.
"Não é direito do curandeiro prolongar a vida além do que temos o dom
de curar. Jocelyn, o que você fez, apesar de sua resiliência, traz consequências
graves."
Eu encontrei seus olhos. "O que você quer dizer?"
"Sinto muito por ter que dizer isso, mas você se esgotou."
Uma onda de pavor me encheu.
"Eu não entendo", eu disse.
Sharon apertou as palmas das mãos, quase como se estivesse rezando. "Eu
não posso detectar nenhuma centelha de poder de cura dentro de você,
Jocelyn. Se foi."
Eu respirei fundo.
Eu conhecia os riscos. Vou aceitar as consequências.
No entanto, um soluço sufocado saiu da minha boca quando a curandeira
falou novamente.
"E tenho muito medo de que a perda seja permanente."
Josh
Bar do Sonny. Eu conhecia aquele lugar muito bem.
Era um dos lugares favoritos do meu pai. Era o único lugar que sabíamos
que ele estaria quando não voltava do trabalho.
Se misturando com humanos.
Ignorando sua família.
Pedaço de merda.
Eu dei a Aiden um aceno de cabeça e o deixei para encerrar a conversa
com Sayyid.
Então eu fui para minha caminhonete. Minhas mãos tremiam de frio
enquanto eu tirava um frasco do porta-luvas e tomava um longo gole.
Aquele momento que eu compartilhei, no início do dia, com Michelle em
seu banho...
Foi ótimo.
E eu sabia que ela estava emocionada com a forma como as pessoas
estavam reagindo à sua entrevista.
Mas por baixo de tudo isso, ela não estava bem.
Eu podia dizer — podia sentir isso. Ela era minha companheira.
Ela concordou com aquela entrevista por medo. Eu queria dizer algo, mas
não sabia como.
Afinal, eu havia falhado com ela.
Michelle estava trabalhando muito para provar a todos — especialmente a
si mesma — que estava perfeitamente bem.
Mas ela estava com medo. Eu podia sentir isso, fervendo sob a superfície,
pronto para borbulhar.
Eu queria, mais do que tudo, fazê-la se sentir segura novamente.
Então vá para casa com ela. Segurá-la. Aproveite a Bruma.
Ajude-a a se curar.
Mas não consegui. Eu não podia sentar e fingir que tudo estava bem
quando não estava.
Konstantin ainda estava lá fora.
E enquanto aquele vampyro imundo estivesse vivo, Michelle nunca estaria
realmente bem.
Só havia uma coisa a fazer:
Destruir Konstantin.
Fazê-lo pagar.
Fazer com que ele nunca mais seja capaz de machucar ninguém.
Depois de mais um gole de uísque, liguei o Bronco.
Estou bebendo muito.
Mas o álcool ofereceu um calor muito necessário enquanto meu pé
pressionava o pedal do acelerador.
Eu tomei outro gole enquanto dirigia para o centro.
Devo esperar por Aiden?
Pode ser. Mas, ao mesmo tempo, eu queria respostas e as queria já.
Além disso, eu não tinha esquecido o papel do Alfa em tudo isso.
A maneira como ele defendeu aquele sugador de sangue...
Demorou cada grama de energia para manter a cabeça fria.
Soltei um suspiro.
Melhor não confiar em Aiden novamente. Ou qualquer um além de mim.
Eu girei o volante e me dirigi ao bairro de Crescent Grove.
Fachadas de lojas degradadas deram lugar a prédios grandes e quadrados
cobertos de grafite.
Como Beta, essa área era familiar para mim. Estava repleto de crime e
violência.
O Sonny's era o único bar a três quarteirões.
A fila de motocicletas estacionadas do lado de fora facilitou a localização.
Certificando-me de trancar minha caminhonete, fui até a porta do Sonny's
Bar, terminando um segundo frasco.
O cheiro forte e fermentado de álcool derramado pairava no ar como uma
Bruma.
Cheirava a fracasso e promessas quebradas.
Mas também a possibilidades.
Este era um lugar onde você poderia obter respostas — desde que
soubesse como perguntar.
O interior parecia uma cena de um filme dos anos 70.
Iluminação escura.
Placas de cerveja com luzes neon nas paredes.
Uma mesa de sinuca arranhada com feltro vermelho manchado.
Todos os caras que pararam o que estavam fazendo pareciam normais —
todos barbudos e com tatuagens suadas.
Humanos, todos eles.
Meu lábio se curvou enquanto eu examinava a sala.
Um desses idiotas sujos sabia sobre Konstantin.
Talvez ele o estivesse caçando. Talvez não.
Mas quem quer que fosse, encontrou Konstantin — e ele e o vampyro
sobreviveram.
E isso tornou esse Bobby Turner meu suspeito.
"Eu sou Joshua Daniels, Beta da MCL", eu anunciei para a sala. "Eu
preciso falar com Bobby Turner. Ele vem silenciosamente, e vocês podem
voltar a fazer o que vocês fazem de melhor."
Meus olhos vasculharam a cena, sem ceder um centímetro.
Um lugar como este precisava ser dominado.
"Bobby não está disponível", disse um negro magro, apoiado em um taco
de sinuca.
Tentei olhar em volta dos corpos que estavam no caminho. "Você conhece
Bobby Turner?"
Ele me olhou com desdém. Com desrespeito.
Como se ele não estivesse nem um pouco assustado.
Esse perdedor realmente não sabia que eu poderia rasgá-lo membro por
membro?
"Eu te disse, Bobby não está disponível. Então, por que você simplesmente
não vai se foder?"
O homem pressionou a ponta do taco de sinuca no centro do meu peito.
Eu cerrei meus punhos.
Então é assim que você quer brincar
Aiden
Eu podia ouvir os sons de gritos e vidros quebrando enquanto eu
estacionava no Sonny's Bar.
Não era onde eu queria estar agora — fazia dias que não passava um
tempo com Sienna, mas Josh havia partido sem mim, e só agora eu havia
conseguido alcançá-lo.
Amaldiçoando a falta de autocontrole do meu Beta, desci do meu novo
BMW a tempo de ver um homem atravessar a janela do bar.
Maldito Josh.
Só um lobisomem teria força para atirar um homem assim. E não qualquer
lobisomem.
O homem caído, de pele escura, subiu em uma das motos, e então outro
homem, um branco com uma barba espessa, juntou-se a ele. Juntos, eles
fugiram para longe.
Meus olhos seguiram as motos desaparecerem ao longe.
Em seguida, o som de garrafas quebrando voltou minha atenção para o
bar.
Olhando para dentro, vi Josh lutando contra dois humanos enormes. Ele
balançou um taco de sinuca como se fosse um bastão de luta.
Senhor, me ajude.
Com um suspiro, mergulhei na luta, rasgando o terno que vestia enquanto
me mexia.
Eu soltei um grunhido.
Josh me notou e mudou para seu lobo dourado pálido, rasgando sua calça
jeans e camiseta.
Alguns estalos de minha mandíbula depois e os homens no bar estavam
prontos para recuar, segurando as palmas das mãos e resmungando.
Me transformando de volta, não fiz nenhum movimento para cobrir minha
nudez.
"Qual de vocês é Bobby Turner? " Eu exigi.
"Ele e Raul simplesmente fugiram daqui", gritou um homem careca com
tatuagens no crânio.
Eu ouvi o grito de raiva de Josh, e meus lábios se curvaram de raiva.
Meu Beta acabara de nos custar nossas melhores pistas.
Os dois homens que haviam partido nas motocicletas.
Capítulo 68 - Se você quiser que Algo seja
Feito da Maneira Certa
Aiden
"Merda! " Eu rosnei, olhando para Josh.
Ele estava de pé, nu, com uma cara carrancuda olhando para mim. "Eu
estava dando conta de tudo por aqui", disse ele com os dentes cerrados.
"Agora não", eu rebati, saindo do bar.
Josh me seguiu enquanto eu marchava até o porta-malas do meu BMW,
onde sempre mantive algumas mudas de roupa.
"Eles provavelmente estão mentindo", Josh disse enquanto eu empurrava
uma camisa para ele. "Provavelmente Bobby Turner ainda está dentro do bar.
Eles não cooperaram desde o momento que cheguei aqui ", disse ele, enquanto
sua cabeça emergia da gola da camiseta.
"Mesmo? " Eu disse. "Alguma ideia do porquê disso?"
Josh fez uma careta. "Os humanos deveriam pensar duas vezes antes de
serem arrogantes com o Beta da porra da Matilha."
E meu Beta deveria pensar duas vezes antes de agir como um cachorrinho arrogante.
Tenho problemas mais importantes para lidar do que o ego dele.
Mordendo minha língua, passei por ele e entrei no bar.
Uma mulher vestida de couro com cabelo loiro oxigenado estava me
olhando de uma mesa.
Levei um momento para imaginar como seria a aparência de Sienna
vestindo nada além de uma jaqueta de motociclista.
A Bruma passou pela minha virilha, mas me forcei a afastar a imagem da
minha mente.
Eu tinha um trabalho a fazer.
Aproximando-me do barman careca, segurei uma nota de cinquenta. "Você
tem alguma informação sobre onde posso encontrar Bobby Turner?"
O barman pegou o dinheiro com um sorriso de escárnio e acenou com a
mão na direção da mesa de bilhar.
"Fala com o Cabeça de Chave", disse ele. "O cara de jaqueta de couro
vermelha."
Com Josh atrás de mim, caminhei através do bar.
O homem de jaqueta de couro vermelha tinha uma barba de sete
centímetros. Seu cabelo castanho era pegajoso e tinha várias manchas.
Ele estava segurando um copo de uísque de centeio quase vazio.
"Cabeça de Chave? " Eu perguntei.
"Em carne e osso" ele disse, revelando uma grande lacuna entre seus dois
dentes da frente.
"Você sabe alguma coisa sobre Bobby Turner? Ele estava caçando um
vampyro que atende pelo nome de Konstantin."
Sua boca torceu como se ele tivesse chupado um limão. "Bobby estava
dolorido por causa daquele vampyro. " "Dolorido? Como assim? " "A esposa
de Bobby morreu há algum tempo. O vampyro o fez vê-la como se ela
estivesse viva e bem, depois ele o fez ver outras coisas, mas o Bobby não me
disse o quê."
Eu estremeci.
Ele me lançou um olhar calculista.
"Esse vampyro merece morrer. " O rosto do Cabeça de Chave ficou
sombrio. "Quanto a Bobby, tudo que sei é que ele disse algo sobre ir para o
oeste. " "Oeste", ecoei. Que específico.
Cabeça de Chave deu de ombros, claramente não querendo divulgar mais
detalhes.
"Obrigado pela ajuda, " eu disse sarcasticamente, lutando contra o desejo
de soltar minhas garras.
Com um olhar furioso para Josh, segui para fora do bar.
Sienna
Aiden voltou para casa carrancudo. Decidi não preocupá-lo com meus
problemas, então, em vez disso, persuadi-o a ir para a cama e juntos assistimos
a um filme, aninhados nos braços um do outro.
Na manhã seguinte, ele saiu às sete mais uma vez, uma garrafa térmica de
café na mão.
Eu sentia falta de nossa casa.
Este quarto de hotel era luxuoso, com papel de parede novo e móveis
elegantes e confortáveis, mas parecia estéril e sem vida.
Então, quando ouvi uma batida na porta, dei as boas-vindas.
Era Michelle.
Eu dei um passo para trás quando a vi, lembrando do que ela disse no
programa de Monica Birch.
Ela deve ter lido a expressão no meu rosto, porque ela ficou vermelha.
"Ei, espero que você não esteja com raiva de..."
A verdade é que fiquei incrivelmente magoada por Michelle ter me usado
como bode expiatório ao vivo na televisão, mas tentei deixar isso de lado.
Minha amiga havia praticamente ressuscitado. Eu poderia dar uma folga
para ela por enquanto.
Balançando minha cabeça, eu inalei profundamente. "Não, " eu menti.
"Você estava apenas dizendo a verdade."
Mas o que você fez ainda foi meio ruim.
Michelle tirou um pó compacto da bolsa e passou pó nas maçãs do rosto.
Pensei ter visto suas mãos tremendo, mas poderia ter sido minha
imaginação, porque um segundo depois ela fechou o estojo e olhou para mim,
com seus olhos castanhos brilhando.
"Bom", disse ela. "Porque eu tenho novidades. " Ela virou a cabeça em
direção à porta aberta. "Pode entrar agora! " ela chamou.
Espere, ela convidou outra pessoa?
Antes que eu pudesse registrar minha confusão, Monica Birch entrou no
meu quarto de hotel.
Meu queixo caiu.
"Olá, Srta. Mercer -Norwood, " ela disse. Seu sorriso era tão brilhante, não
havia como ser natural.
"O que está acontecendo? " Eu perguntei.
"Ok, antes de você dizer qualquer coisa, apenas nos escute, " Michelle disse
rapidamente.
Suspirei — mas não tive saída.
"Por favor sente-se."
Fiz um gesto para a mesa redonda de vidro. Michelle e Monica se sentaram
e eu fiz o mesmo.
Monica franziu os lábios, entrelaçando os dedos e me olhando por cima
das unhas meticulosamente cuidadas.
Eu inclinei minha cabeça. "Então? Acabe com o suspense."
"Eu decidi", disse Michelle, enquanto jogava o cabelo castanho ondulado
por cima do ombro, "trabalhar com Monica em um reality show que ela me
apresentou".
"Um reality show? " Eu ecoei, olhando para frente e para trás entre elas em
descrença.
Elas sorriram em uníssono com o meu choque.
Quando elas se tornaram tão próximas?
"Isso mesmo" Monica entrou na conversa, " Companheiras Reais da Costa
Leste.
Piscando, eu disse: "Entendo."
"É — é exatamente o que eu sempre quis, Sienna", disse Michelle, e por
um momento, percebi uma pitada de vulnerabilidade em seus olhos.
Que ideia terrível. Michelle era muito frágil para isso.
Ela conversou com Josh sobre isso? Eu não podia acreditar que ele toparia.
Mas Josh estava tão distraído ultimamente...
"Depois do sucesso estrondoso de sua estreia", disse Monica, sorrindo
para Michelle, "Fiquei inspirada a olhar mais de perto todas as companheiras
de nosso Conselho Interno da Costa Leste.
"E eu serei a estrela! Monica diz que sou natural na frente das câmeras! "
Michelle interrompeu.
"Bem, se Sienna concordar, vocês seriam coadjuvantes! " Monica disse
alegremente. "O que é ainda melhor!"
"Sim, protagonistas! " Mas o sorriso de Michelle vacilou e o ciúme cintilou
em suas feições.
Muita coisa aconteceu em dois minutos. Fiquei completamente surpresa.
Como Michelle poderia pensar que essa era uma boa ideia? Ela precisava
descansar e se recuperar depois de tudo o que havia passado, não ir galopando
para algum reality show.
"Olha... Michelle tem certeza de que pensou bem sobre isso? " Eu
perguntei.
"Eu disse a você que Sienna iria relutar", Monica murmurou para Michelle.
"Mas não tem como fazer o programa sem ela."
Michelle não deveria estar fazendo esse programa. Algo cheira mal sobre
tudo isso.
"Por favor, Si? " Michelle perguntou. "Não é como se fosse uma coisa
insuportável."
"Mas, estou muito ocupada. Eu tenho todas as minhas responsabilidades
da Matilha."
"E prometemos não interferir em nada. Além disso, você recebe todas as
vantagens! Maquiadores, cartas de fãs..."
"E-mails de haters", acrescentei.
"E-mails de haters! Claro que não! " Monica acenou com a mão
desdenhosa.
Michelle se contorceu desconfortavelmente, mas parecia firme.
Eu me perguntei novamente o quanto ela realmente queria isso, e o quanto
Monica estava apenas brincando com o desejo da minha amiga de ser o centro
das atenções.
"Olha, eu disse a Monica que você não gostaria de fazer isso", disse
Michelle, seu tom marcado pela decepção. "Eu disse a ela que faria o que ela
quisesse. Eu nem me importo. Mas você..."
Ela zombou e puxou o compacto de volta, retocando o rosto novamente.
Era como um pequeno escudo que ela segurava, pronto para desviar minha
recusa em cooperar.
Eu realmente queria dizer não.
Mas eu a observei enquanto ela se arrumava.
Vi como ela estava desesperada.
"Eu sou normal. Eu sou bonita. Estou saudável ", disse. "Konstantin não
deixou nenhuma marca em mim."
Nenhuma marca visível.
Ah, Michelle. Ela estava tão determinada a não deixar ninguém ver o quão
ferida ela estava.
E ela estava prestes a expor tudo isso ao vivo na TV.
Alguém tinha que protegê-la. E Josh e Aiden estavam ocupados rastreando
Konstantin.
Eu falhei com Emily — falhei em estar lá quando ela precisava de mim.
Eu não poderia decepcionar Michelle também.
"Você quer fazer isso mesmo? " Eu perguntei a ela novamente.
"Mais do que tudo, Sienna. Por favor! " ela disse, com sua voz aumentando
em um gemido.
Suspirei. Se Michelle estava determinada a fazer isso, eu tinha que
concordar. Eu tinha que encontrar uma maneira de reparar tudo o que a fiz
passar.
"Eu topo", deixei escapar, antes que eu mudasse de ideia.
Michelle se virou para mim então, os olhos arregalados. "É sério?"
"É sério? " Monica ecoou igualmente surpresa.
Eu concordei. "Sim, " eu disse, tentando soar convincente.
"Não consigo acreditar", disse Michelle, genuinamente emocionada.
"Obrigado, Sienna. Sério. Eu... eu realmente preciso disso agora."
"Não vou decepcionar você", eu disse, desejando estar mais animada.
"Maravilhoso! Você não vai se arrepender", Monica disse, com os olhos
arregalados.
Ela começou a falar sobre horários e contratos. Tentei ouvir, mas não pude
evitar a sensação de que ela havia preparado uma armadilha perfeita para eu
cair.
E eu não tinha ideia do que esperar em seguida.
Aiden
"Chamada de Sayyid na linha 2", disse Felix pelo intercomunicador.
Atendi a ligação, recostando-me na cadeira giratória. "Sayyid. Alguma
novidade sobre a caça ao Konstantin?"
"Na verdade, sim, meu Alfa. Direcionamos a busca para o noroeste, como
você disse, e acertamos."
A caneta que eu estava batendo parou.
"Diga-me."
"Robert Turner em um caixa eletrônico em Columbus, Ohio. Quais as
ordens?"
"Pegue o próximo voo para Columbus. Eu te encontro lá."
"Sim, meu Alfa."
Eu desliguei.
Agora, a questão era compartilhar ou não essa nova informação com Josh.
Ele era meu Beta. Segurança da matilha, aplicação da lei para todo o
território — era responsabilidade dele.
Além disso, se eu o deixasse cuidar disso, poderia ficar aqui em Mahiganote
e cuidar de Sienna.
Na noite passada, ela acordou gritando de terror, e levou mais de uma hora
para convencê-la a voltar a dormir.
Mas a única maneira de realmente apagar os pesadelos da mente de Sienna
era eliminar a ameaça daquele vampyro.
E depois da maneira como Josh complicou tudo no Bar do Sonny...
Eu não o culpava. Ou pelo menos... tentava não culpar ele.
Ele ainda estava perturbado com o que acontecera com Michelle.
Claro, ele estava aliviado — em muito melhor forma do que antes — mas
eu senti o cheiro de álcool em seu hálito.
Ele precisava de mais tempo para se recuperar.
E no final das contas, o velho ditado era verdade.
Se você quer algo bem feito, faça você mesmo.
Capítulo 69 - Planejando um Programa
Aiden: e aí, gatinha
Sienna: oi
Aiden: Eu sinto muito, mas vou ter que cancelar nosso brunch.
Estou indo para Ohio Sienna: o que
Sienna: OHIO???
Aiden: Tenho uma pista sobre Konstantin Sienna:...
Aiden: quer vir me assistir fazer as malas?
Sienna: encontro você no hotel
Aiden
Sienna estava sentada em uma poltrona, olhando distraidamente pela
janela, quando entrei em nosso quarto de hotel.
Ela parecia tão cansada e pálida; meu coração apertou em preocupação.
Eu acariciei sua bochecha. "Ei, " eu disse. "Você está bem? " "Estou bem",
disse ela com um encolher de ombros. "Apenas preocupada. Você está indo
atrás de Konstantin."
Coloquei suas mãos nas minhas. "Você não precisa se preocupar. Eu terei
meu Esquadrão de Caçadores como reforço. Vou tomar todas as precauções. "
"Ele é tão perigoso, Aiden. Ele matou meus pais... a companheira de Aaron.
Ele pode tentar matar você também."
Virei seu queixo, captando seu olhar. "Eu não vou deixar isso acontecer,
Sienna. " "Eu não quero que você vá", ela sussurrou.
"Eu sei, " eu disse. Inclinei-me e beijei sua testa. "Mas você sabe tão bem
quanto eu que ele deve ser eliminado."
Apertando a mão dela, levantei-me e comecei a montar uma mala de
viagem.
"Sinto muito, Sienna", eu disse com sinceridade. "Eu gostaria de não ter
que ir. Provavelmente vou ficar fora por um tempo também, a menos que
tenhamos sorte logo de cara."
Sienna suspirou. "Bem, pelo menos Michelle vai me manter ocupada."
"Ah, é?"
— " Sim," — disse Sienna, mais uma vez olhando pela janela. "Tanta coisa
para fazer e ela inventou de me envolver em um reality show. Companheiras
Reais da Costa Leste. Ela está muito feliz com isso, é claro."
De onde veio isso?
"Não soa como o seu tipo de projeto", eu disse com um sorriso irônico.
"Não é. Mas ela está decidida a fazer isso, e eu não acho que ela deveria
encarar sozinha. Ela está tão frágil agora."
Ela não é a única.
"Tem certeza de que é uma boa ideia? Posso acabar com essa coisa toda,
sabe?"
Sienna me deu um pequeno sorriso. "E decepcionar Michelle e sua
multidão de fãs apaixonados? Acho que ela iniciaria um golpe."
Ainda não convencido, levantei minhas sobrancelhas para ela.
Sienna acenou com a mão. "Tenho certeza de que não será nada. Só aquela
mulher Monica nos seguindo enquanto fazemos compras. Pode até ser
divertido. " "Se você diz, " eu disse. "Sinta-se à vontade para usar o cartão de
crédito da MCL se quiser."
Sienna me lançou um olhar de indignação fingida. "Eu nunca desviaria
fundos da Matilha, Alfa Norwood! " "Ok, " eu admiti. "Use nossos cartões de
crédito, então."
Seu rosto se iluminou. "Talvez eu use. " "Você definitivamente deveria.
Arranja algum tipo de roupa sexy e quando toda essa provação acabar, vou
levá-la para passear na cidade, que tal?"
Ela se levantou e veio até mim, envolvendo os braços em volta do meu
pescoço. "Parece. Incrível."
Minhas necessidade de fazer as malas desapareceu enquanto eu a beijava, o
toque suave de seus lábios nos meus despertavam minha Bruma.
Senti a tensão escapando de seus ombros e costas enquanto ela relaxava no
beijo.
Meu voo para Ohio de repente parecia sem importância. Columbus
poderia esperar mais alguns minutos enquanto eu passava algum tempo com
minha companheira.
Gentilmente, eu a guiei para a cama.
Sienna
Aiden me despiu lentamente, beijando a pele que ele revelou.
Corri meus dedos por seu cabelo sedoso, fechando meus olhos e desejando
que todas as minhas preocupações fossem embora, apenas por agora.
Quando ele tirou minha calça jeans e calcinha, ele deu um beijo na minha
virilha, arrepiando todo o meu corpo.
Com um gesto suave, ele deslizou as mãos ao longo do interior das minhas
pernas nuas, separando minhas coxas.
Sua língua foi em direção ao meu sexo, quente e pulsante.
Com um suspiro, arqueei minhas costas, enquanto meus dedos penetravam
seus cabelos.
"Aiden," eu sussurrei, enquanto minha respiração se tornava irregular.
Ele correu seus dedos ao longo da minha vagina enquanto sua língua me
provocava e me dava prazer.
Minha mente se esvaziou quando o tesão tomou conta, intensificado pela
minha Bruma ardente. Meu corpo estava implorando por liberdade.
Sua língua deslizou dentro de mim, atingindo os lugares certos várias vezes,
me deixando louca.
Eu não aguentei e comecei a gritar.
Os braços de Aiden envolveram meus quadris enquanto eu balançava em
êxtase.
Um momento depois, tudo acabou, e eu rastejei em seu abraço,
saboreando mais um momento de amor com meu companheiro antes que ele
tivesse que ir.

Michelle: ei Si
Michelle: ocupada?
Sienna: não muito, o que foi?
Michelle: acho que devemos nos encontrar para falar sobre o
programa Michelle: já almoçou?
Sienna: ainda não
Sienna: onde você quer me encontrar? Winston's?
Michelle: no country club
Sienna:...
Sienna: claro
Michelle: chego em quinze

Olhei para o celular por mais um momento e suspirei.


Parte de mim realmente desejava que Michelle escolhesse uma maneira
diferente de superar seu trauma.
Mas ela era minha amiga e eu iria ajudá-la.
Tomei um banho rápido, tentando animar a mim mesma.
Pode não ser tão ruim.
Posso tentar focar a maior parte da atenção em Michelle.
Ela vai adorar isso.
Eu sorri, esperando que minhas previsões estivessem certas, e isso não
fosse um pesadelo total.
Aiden
Meu celular vibrou assim que meu motorista entrou no aeroporto.
Sayyid estava na outra linha.
"Você vai ter que mudar seus planos de voo", disse ele de uma forma
abrupta.
"E por que isto? " Eu perguntei.
"Temos uma filmagem de Turner passando um sinal vermelho em Chicago
há 45 minutos."
"Entendo."
Fiz arranjos para encontrar Sayyid e o resto do Esquadrão de Caçadores
em O'Hare.
Saindo do carro, acenei para Bertrand, o piloto do jato particular da
Matilha da Costa Leste.
"Mudança de planos, capitão. Parece que estamos indo para Windy City."
Recostei-me na cadeira com um suspiro.
Essa caçada estava me levando cada vez mais longe de onde eu realmente
precisava estar.
Que era em casa, com Sienna, antes que ela acabasse consigo mesma por
conta da própria culpa.
Michelle

Entrei no Mahiganote Country Club sabendo que logo estaria fazendo isso
com uma câmera seguindo cada movimento meu.
Eu não via a hora.
Monica Birch já nos esperava na melhor mesa da casa. Ela sorriu quando
Sienna e eu entramos.
Mas notei que seu olhar foi direto para Sienna, e havia um brilho em seus
olhos.
Eu parei por um momento, uma carranca vindo ao meu rosto.
Sienna nem queria estar aqui. Fui eu quem sofreu, que merecia um pouco
de atenção.
Que acordou ontem à noite suando frio apenas para encontrar a cama ao lado vazia, e
então encontrou seu companheiro caído no sofá abraçando uma garrafa de uísque pela
metade.
Tanto faz. Espere até as câmeras começarem a rodar oficialmente. Vamos ver quem é a
verdadeira estrela do show.
Suavizando minha expressão, me sentei enquanto Monica corria para
encontrar minha amiga, estendendo as mãos como se fosse tentar abraçá-la.
"Sra. Mercer-Norwood! " Monica jorrou em um tom alegre e falso. "Eu
não posso te dizer o quão animada estou em trabalhar com você! " "Hm... sim.
Obrigada — disse Sienna, mordendo o lábio.
Eu sufoquei um suspiro de exasperação. Ela poderia pelo menos fingir estar
animada.
Isso significa muito para mim. Por que ninguém vê isso?
"Então por onde começamos? " Eu perguntei depois que todas pediram
suas bebidas.
"Este é o seu rodeio, Michelle. O que você tinha em mente? " Sienna
respondeu.
"Eu estava pensando que poderíamos fazer algumas ligações e reunir as
meninas para uma noite na cidade! " Eu disse.
Sienna franziu a testa. "Quer dizer, seria ótimo ver as meninas, mas Mia e
Selene estão muito ocupadas com os bebês..."
"Mais um motivo para elas saírem de casa e aproveitarem uma noite com
as garotas!"
"Senhoras, se me permitem, " Monica interrompeu, "Eu tenho uma ideia."
Pausando, eu olhei para ela com surpresa.
Monica me disse que minhas ideias teriam prioridade máxima. Esta foi a
primeira vez que ouvi sobre algum outro plano.
Monica sorriu, revelando seus dentes muito brancos. "Este show será uma
série de oito episódios, com muitos eventos de mídia social para acompanhar.
" "Eventos de mídia social? " Sienna ecoou.
"Sim, pequenos eventos únicos que podemos transmitir ao vivo", explicou
Monica.
Dava para sentir a desconfiança de Sienna.
Meu coração parou. Se ela não concordasse, meu sonho de ser famosa
estaria morto antes de começar.
Já doía bastante ficar na sombra da minha melhor amiga, mas era melhor
do que não ter programa nenhum...
Diante das câmeras foi o único lugar em que me senti saudável e completa.
Eu não poderia perder isso.
Não tão cedo.
Meu estômago se apertou de ansiedade.
Monica ergueu as mãos como se estivesse emoldurando uma faixa no ar.
"Você e Michelle vão planejar e realizar um grande evento, com o próprio
evento acontecendo no oitavo episódio."
"Que tipo de evento?"
"Ah, os detalhes não são tão importantes. O importante é mostrar a
companheira do Alfa."
Eu enrijeci, e Monica deve ter notado porque ela rapidamente acrescentou:
"E, claro, a companheira do Beta e o resto do conselho interno."
Sienna franziu a testa e olhou para mim. "Michelle, tem certeza de que é
isso que você quer?"
Eu pausei. Para ser honesto, "mostrar" minha melhor amiga já famosa era
a última coisa que eu queria.
Eu pensei que o show seria focado em mim, na minha jornada enquanto
mostrava ao mundo que estava mais forte do que nunca.
Mas agora era tarde demais para voltar atrás.
"Com certeza", eu disse.
"Ótimo", disse Monica, seu sorriso ainda mais largo. "Desta forma, todos
no mundo conhecerão a real Sienna Norwood."
Sienna
A "real " Sienna Norwood?
O que isso significa?
"E isso é... bom? " Eu perguntei.
"Pense na ótica! " Monica exclamou.
"Não tenho certeza se sei o que isso significa."
"Ela quer dizer que as pessoas formarão uma percepção de quem somos",
disse Michelle.
"Que tipo de percepção? " Eu perguntei. Eu já tinha testemunhado o
poder da mídia para distorcer e manipular a verdade.
"O planejamento e a execução de uma grande festa são perfeitos", insistiu
Monica, ignorando minha pergunta. "É divertido. É emocionante. Vamos
deixá-los esperando no final dos episódios, quando as coisas derem errado. "
"O que te dá tanta certeza de que as coisas vão dar errado? " Eu perguntei.
"Bem, sempre dão errado", Monica riu. "Além disso, acho que um pouco
de pressão de tempo seria bom. O que você acha de lançar um Festival da
Chama?"
"Um o quê?"
Michelle revirou os olhos. "Você sabe, Si. Aquela velha celebração onde
eles abençoavam todas as velas. Deve acontecer em 15 de janeiro."
"Ah, certo — espera, isso é daqui uma semana", eu suspirei.
Monica acenou com a cabeça. "O Festival da Chama costumava ser um
feriado importante. Ele saiu de moda — não foi celebrado nas últimas décadas
em nenhuma Matilha que eu conheça."
"Pense desta forma", ela continuou. "Você lidou com algumas... reações
adversas sobre a forma como as coisas correram neste outono com o Festival
da Fertilidade."
Pra dizer o mínimo.
"Revitalizar um antigo costume seria uma ótima maneira de acalmar as
coisas com os tradicionalistas", disse Monica, com os olhos brilhando.
Suspirei e olhei para Michelle. "O que você acha?"
Ela sorriu amplamente, mas a expressão não alcançou seus olhos.
Esta é uma ideia tão ruim.
Mas eu não estava prestes a atrapalhar o sonho da minha melhor amiga.
Eu devia muito a ela.
"Dar uma grande festa? Acho que devemos ir em frente! " Ela disse
brilhantemente.
Tentei sorrir de volta, mas saiu mais como uma careta. "Tudo bem então",
eu disse. "Vamos fazer isso."
Capítulo 70 – Limite de Chicago
Aiden: Sienna, mudança de pianos
Sienna: você não vai mais???
Aiden: Desculpe, querida. Na verdade, agora vou pra
Chicago, não pra Columbus Sienna: por quê?
Aiden: longa história. Câmera de trânsito... cara que estou
perseguindo...
Aiden: explico tudo quando eu chegar em casa Aiden: o que
eu espero que aconteça em breve Aiden: Estou com
saudades
Sienna: Eu também tô
Sienna: obrigado por me avisar
Sienna: bom voo (emojis mandando beijo)
Sienna
As dez, encontrei Michelle, Monica e o cinegrafista de Monica, Curtis —
acho que era esse o nome dele — do lado de fora do Regency Cove Mall.
Estávamos indo às compras para o "Festival da Chama".
Não era bem o tipo de compra que eu tinha em mente quando estava
conversando com Aiden, mas teria que servir.
Ao me aproximar deles, endireitei meus ombros.
Minha primeira prioridade era garantir que essas pessoas do
entretenimento não tirassem proveito de Michelle.
Mas melhorar minha imagem como companheira do Alfa também poderia
não ser uma ideia tão ruim.
Decidi torcer para que desse tudo certo.
"Ei", cumprimentei Michelle. "Você tá linda."
Ela estava usando um vestido Vera Wang marrom com uma fenda na
perna.
Eu, por outro lado, estava de suéter e jeans.
Uma de nós estava definitivamente mais adequada para a vida de
celebridade.
O olhar no rosto de Michelle quando ela deu uma olhada na minha roupa
apenas confirmou isso.
"Ei, pelo menos assim, a câmera vai te amar ainda mais em comparação",
eu disse com uma risada.
Michelle revirou os olhos, mas sorriu para mim.
"Bem", eu disse, "vamos?"
"Ah. temos que esperar mais um minuto, " disse Monica. "Há outro
membro se juntando à nossa pequena equipe."
Achei que ela quisesse dizer um técnico de som ou algo assim, mas então
uma mulher afro-americana chique se aproximou.
Era Blair King.
Claro. Ela era outra "companheira" da Manada da Costa Leste — acasalada
com Nelson King, Chefe do Bem-Estar Social.
Eu gostava da Blair, mas seu porte elegante podia ser intimidador. Não por
culpa dela, ela sempre me fez sentir como uma criança brincando de se vestir.
Eu vi Michelle olhando o vestido Chanel de Blair com inveja.
Aposto que ela aprecia minha falta de senso de moda agora, pensei ironicamente.
"Sienna, Michelle, que bom ver vocês" disse Blair com um sorriso caloroso.
Ela estendeu as mãos e cada um de nós pegou uma para apertar.
Todos trocaram beijos no ar — tudo isso estava sendo filmado.
Até agora tudo bem.
Exceto que sinto que não recebi o memorando sobre marcas de estilistas.
"Então, o Festival da Chama? " Disse Blair, erguendo as sobrancelhas para
mim. "Estou surpreso. Não consigo me lembrar da última vez que ouvi falar
de uma matilha celebrando isso."
"1998", interrompeu Michelle. "O último que encontrei em uma pesquisa
na web"
"Uau", disse Blair, olhando para mim com os olhos cheios de humor. "Não
pensei em você como alguém que reaviva as velhas tradições."
Dei de ombros. "Na verdade, não foi minha ideia."
"Sienna", Monica interrompeu, "Eu também esperava que sua irmã, Selene,
comparecesse. Ela é a companheira do advogado da Matilha, não é?"
"Ah, é... ", eu me atrapalhei.
"Você pode falar com ela por mim, não é? Ou sua mãe, por falar nisso. Já
será o suficiente", disse Monica. "Para a próxima vez."
Eu balancei a cabeça em concordância, mas, pessoalmente, duvidava que
Selene tivesse energia ou interesse, tendo um recém-nascido para cuidar.
E meus pais estavam ocupados ajudando com a bebê Vanessa.
Monica nos conduziu até o shopping, com as câmeras a reboque, e
seguimos para a Clair de Lune, uma loja de decoração de interiores de luxo.
O plano, pelo que entendi, era comprar muitas velas.
O que não era exatamente minha ideia de entretenimento televisivo, mas
tanto faz.
Porém, quando entramos na loja, vi que ela havia sido reorganizada para
acomodar a grande câmera e o equipamento de iluminação, tudo centralizado
em torno de três pódios bem iluminados.
"Ok. pessoal, tomem seus lugares! " Monica cantou quando entramos.
Uma dúzia de cinegrafistas correu para cumprir suas ordens.
Ela se virou para nós três. "Senhoras, se vocês me seguirem até seus
pódios, combinamos um joguinho para dar o pontapé inicial!"
"Que tipo de jogo? " Eu perguntei, lançando um olhar suspeito para
Michelle. Mas minha amiga estava muito ocupada verificando sua maquiagem
em um pó compacto para notar.
"Um jogo divertido! Com um prêmio fabuloso para a vencedora! " Monica
respondeu, sem olhar para mim.
Fui a única que percebeu como raramente ela fazia contato visual com
qualquer coisa que não fosse a lente de uma câmera?
Do meu outro lado, Blair King parecia tranquila como sempre.
Tomamos nossos lugares atrás dos pódios de plástico, que exibiam listras
amarelas e vermelhas, como chamas. Pequenas campainhas vermelhas foram
montadas no topo.
As câmeras foram apontadas diretamente para nós. O calor das lâmpadas
estava fazendo com que o suor pingasse no meu pescoço.
"Assim que estivermos prontas para começar, tudo o que vocês precisam
fazer é responder a algumas perguntas sobre o Festival da Chama. Após duas
rodadas, o competidor com as respostas mais corretas receberá um pacote de
spa com tudo incluído em um resort cinco estrelas!"
"Aí, mal posso esperar! " Michelle disse animadamente.
As câmeras apontaram suas faces vazias para mim.
Como eu deveria responder a perguntas quando mal conseguia me lembrar
por que estava ali?
Eu não sei nada sobre essas tradições velhas.
Minha garganta estava seca.
"Tudo bem, pessoal! " Monica disse: "Estamos ao vivo. Agora vamos
começar nosso jogo de O Show do Festival!"
Ela sorriu para nós três, alinhadas como competidoras de um programa de
auditório.
"Primeira pergunta: por que as velas vermelhas são consideradas sagradas
para o Festival das Chamas?"
Eu não fazia ideia.
Mas minhas mãos suavam e meus dedos escorregaram para a campainha.
PLIM!
"Sienna!"
Uhhhhh, inventa alguma coisa logo!
"Porque... simboliza o sangue da fertilidade? " "Correto! " Monica gritou.
Michelle me encarou, mas Blair parecia impressionada.
Tentei disfarçar meu sorriso quando um ponto apareceu sob meu nome no
placar.
"Próxima questão! Em que ano o primeiro Festival da Chama foi
gravado?"
PLIM!
Desta vez, toquei a campainha de propósito, embora tivesse apenas cerca
de vinte por cento de certeza de que minha resposta estava correta.
"1547!"
"Correto! " Monica gritou.
"Acho que minha campainha não está funcionando direito", disse Michelle
em seu pódio.
"Próxima pergunta, aqui no Show do Festival! " Monica disse como se
Michelle não tivesse falado.
Eu vi a mandíbula da minha amiga apertar de tensão.
Ah, qual é, é apenas um jogo, pensei, começando a me divertir. E estou
ganhando.
Mas então eu olhei de volta para Michelle, que estava olhando com um
sorriso fixo e brilhante demais para as câmeras.
Show do Festival
Eu pensei que isso deveria curar feridas, não causá-las.
Josh
Michelle me manteve acordado metade da noite falando sobre seu novo
reality show.
Parte de mim sabia que deveria estar mais atento — minha companheira
estava lutando para se recompor e eu precisava apoiá-la.
Mas, ao mesmo tempo, não entendia como andar na frente de um monte
de câmeras supostamente curava alguma coisa.
Não quando Konstantin poderia estar tramando sua vingança.
Acabei levando uma garrafa de uísque para o meu escritório, onde me
sentei sozinho, bebendo até as primeiras horas da manhã.
Então, no início, eu estava de ressaca e chateado quando cheguei à Casa da
Matilha na manhã de segunda-feira.
Minhas garras coçavam para devorar alguma coisa, e eu esperava continuar
a busca pelo vampyro.
Exceto pelo fato de que me disseram que o Alfa não estava no escritório
naquele dia.
"Bem, quando ele volta? " Eu perguntei a Felix, o assistente de Aiden.
Felix me deu seu habitual sorriso excessivamente afetado. "Ele mandou um
e-mail para me informar que havia pousado em Chicago na noite passada..."
"O que você está falando?"
Nelson desceu o corredor. "Ei, Josh, algum problema?"
Eu fiz uma careta. "Estou tentando entender o que Felix está me dizendo.
Aiden está em Chicago?"
Nelson me conduziu até seu escritório. "Aiden foi atrás de Konstantin."
Meu sangue começou a latejar em meus ouvidos. "Por que... por que só
estou ouvindo sobre isso agora? " Eu perguntei. Minha dor de cabeça estava
rasgando o meu crânio.
Nelson parecia desconfortável. "Aiden sentiu que com tudo o que você
tem para fazer... ele preferia lidar com isso sozinho."
Minhas mãos cerradas em punhos. " Eu sou o Beta dele."
Nelson concordou. "Claro. Mas você está muito estressado ultimamente,
Josh…"
"Já chega", eu lati e saí.
Eu não pude acreditar.
O desgraçado havia me deixado para trás.
Aiden
O sol estava nascendo sobre Chicago quando meu voo parou no portão.
Entre o fuso horário e a expectativa sobre a possibilidade de pegar
Konstantin, eu estava estranhamente nervoso.
Mas não havia tempo a perder. Assim que saí do avião, mandei uma
mensagem para Sayyid.

Aiden: acabei de pousar em O'Hare Aiden: o que você sabe


até agora?
Sayyid: Temos filmagens de Turner Sayyid: o reconhecimento
facial o sinalizou Sayyid: eu também falei com o comissário de
polícia local Aiden: e?
Sayyid: Houve uma série de ataques na cidade Aiden: que
tipo de ataques?
Sayyid: Exsanguinações. Quase todos sem-teto Aiden: quando
foi o primeiro ataque?
Sayyid: cerca de uma semana atrás Aiden: então é provável
que Konstantin esteja em Chicago?
Sayyid: parece que sim
Aiden: Tudo bem. Isso é bom.
Aiden: significa que estamos na cola do desgraçado Sayyid:
sim meu Alfa
Sayyid: como você gostaria de proceder?
Aiden: primeiro, vamos encontrar Turner Aiden: precisamos de
toda a ajuda possível Sayyid: Sim, meu alfa.
Sienna

PLIM
"Dezesseis! " Eu gritei. "Os lobisomens geralmente experimentam a
Bruma pela primeira vez aos dezesseis anos de idade."
"Correto! " Monica cantou.
Era a rodada final da competição, e Michelle e eu estávamos empatadas
com quatro pontos cada.
Blair, que parecia achar que bater na campainha era um tanto indelicado, só
tinha dois pontos e se resignou ao terceiro lugar.
"Ok, Sienna e Michelle, temos uma pergunta final para desempate. A
mulher que responder corretamente receberá o pacote de spa com tudo
incluso!"
Eu sorri para Michelle, curtindo a competição amistosa.
Mas seu olhar de resposta foi algo entre um rosnado e uma careta.
Monica estreitou os olhos. "Vamos lá: qual flor é tradicionalmente
associada ao Festival da Chama?"
Lírios-de-tigre! Puta merda, essa eu sei!
PLIM! Minha mão apertou a campainha, mas então fiz uma pausa antes de
falar.
Michelle realmente quer ganhar isso.
Então, deixe-a vencer O que você tá fazendo?
Essa coisa toda era pra ajudar Michelle.
"Hm... petúnias? " Eu disse.
"Ah, infelizmente a resposta está incorreta", disse Monica. "Agora.
Michelle, se você responder corretamente, você ganha! Mas se você errar, a
pergunta volta para Sienna para mais uma chance!"
Ok, Michelle. Você consegue.
Mas minha amiga estava mordendo o lábio inferior. "Eu acho que... Hm...
Lírios-de-calla?"
"Errada! " Monica disse, parecendo encantada.
Seus olhos se voltaram para mim. "Ok, Sienna, esta é sua chance de
conquistar a vitória. Se você não acertar, teremos que fazer outra rodada."
A diversão do jogo tinha acabado e eu definitivamente não queria fazer
outra rodada.
"Lírios-de-tigre", respondi com um suspiro.
"E nós temos uma vencedora! " Monica cantou com um brilho nos olhos.
"Sienna Norwood, a companheira do Alfa!"
Michelle parecia estar lutando para não chutar o pódio.
"Essa pergunta era muito difícil", eu disse, tentando suavizar as coisas.
Mas o puro veneno em seus olhos quando ela olhou para mim foi o
suficiente para parar minha língua.
"Nunca fui muito boa nesse tipo de jogo", concordou Blair.
"Então, Sienna, quando você vai aproveitar as vantagens de seu pacote de
spa VIP exclusivo? " Monica perguntou perto de uma câmera.
Olhei para Michelle e Blair e tive uma ideia. "Na verdade, acho que
devemos ir todas juntas. Algum tempo depois de terminar a filmagem. Será
um prazer para mim!
Os lábios de Michelle se curvaram nos cantos e Blair assentiu
graciosamente.
Mas com o canto do olho, vi o olhar de decepção de Monica.
Eu consegui evitar uma explosão com Michelle e garanti que Monica não
pudesse filmar nosso dia no spa.
Toma essa, pensei vitoriosamente.
Mas então Monica sorriu para mim e eu senti um arrepio percorrer minha
espinha.
Aiden
Mandei Sayyid ao legista para fazer perguntas sobre os assassinatos.
Gostaria de verificar a cena do crime mais recente.
Ficava em um dos muitos túneis de carga abandonados onde os sem-teto
costumavam se reunir em Chicago.
A chuva começou a cair, escurecendo o céu assim que entrei nos trechos
ainda mais escuros.
Uma cascata de água caía das grades da rua acima. Meus sapatos
respingaram ruidosamente nas poças crescentes.
Esses túneis de concreto foram ficando cada vez mais escuros e perigosos
— quase todos foram esquecidos, exceto por aqueles que foram forçados a
procurá-los para se abrigar no frio inverno de Chicago.
Trilhos enferrujados cortavam o solo em sua base.
O cheiro de mijo velho estava impregnado nas paredes.
Eu sentia falta do ar puro de Mahiganote, da paz da floresta.
Acima de tudo, sentia falta de Sienna.
Faça isso para que você possa ir para casa ficar com sua companheira.
Passei por um monte de abrigos, olhando para as caixas de papelão e
tendas enquanto caminhava.
As pessoas mal me olharam.
Pensei em parar para fazer perguntas, mas decidi fazê-lo no caminho de
volta, depois de examinar a área onde a polícia havia encontrado a vítima mais
recente.
As paredes perto dos barracos eram coloridas com pichações, mas quando
deixei a área habitada para trás, elas tomaram-se cinza.
Meus passos ecoaram.
Alcancei a fita da cena do crime, totalmente amarela contra a cena opaca e
sem cor.
Talvez por causa dos odores, ou por causa da falta de barulho, não percebi
que mais alguém estava ali comigo.
Até que ele atacou.
Capítulo 71 – Sienna pede Ajuda
Aiden
Dentes rangentes escaparam a centímetros de minha garganta.
Agora eu sentia o cheiro de vampyro — mas aquele não era Konstantin.
Ele era forte e tinha cabelos loiros desgrenhados.
Eu o tirei de cima de mim e mudei.
Minha forma de lobo elevou-se sobre ele. Eu rosnei e mostrei meus dentes.
Ele se lançou sobre mim e eu rugi, me contorcendo para tentar dar uma
mordida em sua carne.
Ele puxou uma faca de algum lugar em suas roupas e me cortou, abrindo
um ferimento em minhas costelas.
Com um grito, pulei para longe dele, então circulei, estreitando meus olhos
enquanto julgava em que lado atacar.
Aquela maldita faca estava complicando as coisas.
Eu não queria simplesmente pular sobre o cara e arrancar sua garganta. Ele
era um vampyro. Ele poderia saber algo sobre Konstantin.
Mas ele tinha a intenção de me matar — sem dúvida.
Ele atacou, levantando a faca e mergulhando-a.
Esquivando-me, eu parti para cima dele.
"Largue a faca, Walter! " uma voz grisalha veio atrás de mim.
Eu me virei. Um homem branco envelhecido usando um boné de beisebol
desbotado estava apontando uma espingarda para o vampyro.
Quando me virei para o vampyro, notei uma sombra se movendo na
penumbra atrás dele.
"Renda-se agora, Walter, e o bom Alfa aqui pode deixá-lo viver", disse o
rapaz com boné de beisebol com um aceno de cabeça para mim.
O vampyro não estava raciocinando, no entanto.
Ele cambaleou em direção ao cara com a espingarda, que puxou o gatilho,
mas levantou o cano para evitar matá-lo.
Os túneis amplificaram o barulho da explosão.
Foi muito alto para minhas orelhas de lobo, e eu vacilei. Explorando minha
distração momentânea, o vampyro me atacou novamente.
A adaga perfurou meu ombro e eu gritei de dor, então rosnei enquanto
mordia seu braço.
Ele puxou a faca para fora, levantando-a para me esfaquear novamente.
BANG!
O cara de boné de beisebol disparou sua segunda bala no peito do
vampyro.
O vampyro cambaleou e enquanto tropeçava, o humano negro que eu
tinha visto do lado de fora do Sonny's Bar emergiu das sombras atrás dele.
Com uma facilidade que só seria possível depois de anos de prática, ele
balançou um facão no ar.
A cabeça do vampyro fez um som de esmagamento ao atingir o pavimento.
Um momento depois, seu cadáver sem cabeça caiu para frente.
Mudei de volta para a forma humana, o sangue jorrava do meu ombro e do
corte ao longo das minhas costelas.
"Eu gostaria que você não o tivesse matado", eu disse.
O rapaz de boné me deu um olhar azedo. "De nada! " ele disse.
Eu estava de joelhos, nu e sangrando no ar frio do inverno.
"O rapaz precisa de primeiros socorros", disse o cara do facão.
"Vou ficar bem", eu disse. "Cura de lobisomem."
"Você ainda precisa de pontos", disse o cara de boné. "Vamos. Vamos
limpar você."
***

Meia hora depois, eu estava sentado em um caixote de madeira entre os


abrigos enquanto Raul, o rapaz negro, terminava de costurar meu ombro.
Bobby Turner, o homem de boné de beisebol, me entregou uma xícara de
café quente.
"Eu coloquei uma gota de uísque aí" disse ele. "É, bom pra anestesiar.
"Obrigado", eu disse.
"É uma pena que seu belo terno esteja todo rasgado", disse Bobby.
Eu olhei para o tecido caro com pesar.
Sienna escolheu este temo, mas de alguma forma eu não acho que ela se
importaria.
Não se eu trouxesse a cabeça de Konstantin como uma lembrança.
"Não se preocupe, eu dou um jeito", disse Raul, segurando uma mochila
amassada.
"Por que você fugiu do bar? " Eu perguntei.
"Seu Beta parecia hostil", Raul disse brevemente.
Eu encarei meu café. "Josh fica um pouco... nervoso em relação às coisas a
ver com o vampyro Konstantin", eu admiti.
"O fato é que não gosto de admitir quando estou derrotado", disse Bobby.
"Eu estava saindo da cidade porque tinha desistido de caçar aquele filho da
puta."
Eu levantei minhas sobrancelhas para ele.
"Konstantin é poderoso demais para um velhote como eu", disse ele. "Me
mata admitir, mas olhe para você."
Ele balançou sua cabeça. "Além disso, fiquei sem pistas. Mas você... eu
aposto que você tem algo que pode usar, se estiver realmente tentando
encontrá-lo. " "Eu tenho? " Eu disse.
"Sim, " Bobby confirmou. "Aquele doente te atacou, não foi? Fez uma
bagunça no seu baile de Inverno chique? Eu vi no noticiário. " "Sim, e daí? "
"Bem", disse Bobby. "Ele deixou alguma daquela lama preta nojenta para
trás?"
Sienna
Era terça-feira. Outro longo dia de filmagem estava à minha frente.
Pelo menos hoje eu teria algum reforço. Erica estava doente e a sogra de
Mia estava cuidando dos gêmeos pela manhã.
Tínhamos um compromisso para experimentar um bufê, e de jeito
nenhum minhas amigas perderiam a chance de provar comida gourmet grátis.
No estacionamento da Casa da Matilha, encontrei Mia, que usava um
moletom roxo com babados e um unicórnio-gato.
As câmeras já estavam esperando por nós, tornando tudo estranho, mas eu
a abracei com força mesmo assim.
Monica também estava esperando, um enorme sorriso falso estampado no
rosto.
Ela parece um boneco de ventríloquo assustador
"Senhoras! " Monica se emocionou. "Que amável da sua parte finalmente
se juntar a nós. " Ela de alguma forma conseguiu soar animada e irritada ao
mesmo tempo.
Eu lancei um olhar engraçado para Mia e não disse nada.
Monica nos conduziu à frente dela até uma grande sala de estar que havia
sido totalmente ocupada por equipamentos de câmera.
Uma luz ofuscante brilhou em luzes colocadas em vários intervalos, e uma
cabine de entrevista foi montada em um canto. Contra a parede estava uma
mesa elegantemente posta onde presumi que faríamos a degustação.
"Uau. Master Chef coma o quanto puder", Mia se engasgou.
Monica acenou com a cabeça. "E assim como aquele show, também vai ser
uma competição", disse ela. "Mas vocês serão as juradas. Sortudas!"
Curtis fixou a lente de sua câmera em mim enquanto Mia e eu nos
dirigíamos para a mesa.
Michelle já estava no centro do palco, com Blair sentada à sua direita e
Erica à sua esquerda.
Erica me deu um sorriso animado. "Isso é tão legal", disse ela. "Eu me
sinto uma celebridade!"
Sentei-me do outro lado dela, mas então Monica decidiu que queria mudar
a disposição da mesa.
Houve uma enxurrada de atividades enquanto eles reorganizavam tudo.
Quando tudo foi resolvido, Monica insistiu que eu me sentasse no meio.
Michelle parecia terrivelmente zangada, mas quando tentei protestar, Curtis
empurrou a câmera tão perto do meu rosto que quase encostou no meu nariz.
Perturbada, sentei-me no lugar que me foi atribuído.
Monica correu para a cozinha.
"O que você acha que eles vão nos servir? " Erica perguntou.
"Minha abuela faz uma refeição para o Dia de la Vela todos os anos", disse
Mia. "É assim que ela chama de Festival da Chama. Ela faz essas batatas
picantes... é uma delícia."
"Talvez devêssemos chamar sua avó para cuidar do evento, " eu disse com
uma risada.
"Ai, meu deus, Sienna! " Michelle explodiu.
A câmera girou em sua direção.
"Não seja ridícula. Monica tem três dos melhores fornecedores da cidade
participando desta competição."
A câmera se voltou para mim. A lente parecia um olho fixo.
"Eu — eu estava só brincando", eu disse hesitantemente.
"Bem, se você não se importa, alguns de nós estamos levando isso a sério",
retrucou Michelle.
Olhei para Mia, que havia perdido o sorriso.
Blair sorriu para todos. "Tenho certeza de que a abuela da Mia faz as
melhores batatas do mundo", ela disse suavemente.
Todos ficaram em silêncio. Michelle deu um gole em uma taça de vinho
branco, sem olhar para nenhum de nós.
Felizmente, três fornecedores entraram um momento depois, quebrando a
tensão.
"Isso tudo não parece maravilhoso? " Monica cantou. "Mandem ver!"
Tudo parecia delicioso, mas meu apetite tinha ido embora.
Decidi fazer esse programa para ajudar a cuidar de Michelle, mas minha
amiga parecia determinada a se exibir às minhas custas.
Por mais culpada que ainda me sentisse pelo que acontecera com
Konstantin, não conseguia imaginar semanas lidando com seus comentários
passivo-agressivos toda vez que eu cometia um erro.
Mia me cutucou por baixo da mesa. "Você está bem? " ela sussurrou.
Cutuquei meu queijo de cabra e couve. "Sim, mas prefiro batatas picantes
do que isso. " "Eu também", Mia riu.
Eu olhei para cima para ver a câmera fixada em nós. Os microfones
supersensíveis de Monica provavelmente haviam captado cada palavra.
Aquilo era uma loucura. Eu estava cansada de me sentir ridícula.
Levantei-me da mesa e me aproximei de Monica Birch, tentando não
deixar minha antipatia por ela transparecer em meu rosto.
"Podemos conversar um segundo? Em particular? " eu perguntei.
"É claro", ela acenou para Curtis capturar o espetáculo dramático da
salada.
"Eu acho que você não deveria focar tanto em mim. Michelle é... " "Ah,
Sienna. Não diga isso. Você está indo muito bem..."
"Não é isso. É que... eu não sei muito sobre essas coisas, e ela parece muito
animada, e..."
"Na verdade, você está absolutamente certa, Sienna", Monica disse, me
cortando novamente.
"Estou?"
Isso foi fácil.
"É claro que você não conhece as tradições tão bem quanto deveria.
Afinal, você é apenas uma garota. É por isso que acho que precisamos trazer
alguém com mais experiência."
"Hm, ok? " Eu disse, tentando não ficar ofendida.
"Alguém como Charlotte Norwood", Monica disse, se aproximando.
Meu queixo caiu. Eu não queria a mãe de Aiden a menos de trinta metros
deste evento.
Ou de mim.
"Ela iria adorar planejar um evento assim", Monica continuou.
"Charlotte Norwood organizou inúmeros eventos enormes. Ela saberá
tudo sobre as tradições do Festival da Chama. Ela pode garantir que tudo
esteja perfeito."
A facilidade com que ela sugeriu tudo isso me dizia que Monica já vinha
preparando esse argumento há algum tempo.
Do outro lado da sala, a câmera de Curtis estava me observando.
"Além disso", disse Monica. "Você está tentando mostrar ao mundo que é
uma companheira adequada para o Alfa, não está?"
Não. Claro que não.
Não há como você deixar essa mulher entrar de novo em sua vida.
Não depois da última vez.
"Acho que é uma ótima ideia! " Michelle disse da mesa. Ela e os outros
pararam de conversar e ficaram observando Monica e eu.
Eu olhei para minha amiga, surpresa. Michelle encolheu os ombros. "Ela
sabe sobre essas coisas. Você não quer passar vergonha no festival."
De novo. Eu praticamente pude ouvir o aborrecimento por trás de suas
palavras.
"Quer dizer... talvez... " eu disse.
"Excelente! " Monica disse alegremente. "Por que você não liga para ela?"
"Agora? " Eu perguntei surpresa. Como ela sempre me convencia a fazer
exatamente o que ela queria?
"Não deixe para amanhã o que pode fazer hoje!"
Com um suspiro relutante, peguei meu celular.
Eu não posso acreditar que estou realmente fazendo isso.
"Alô", veio a voz esnobe inconfundível de Charlotte pelo alto-falante.
Desligue. Finja que ligou para o número errado.
"Charlotte", eu disse. "Sou eu, Sienna."
"Sienna? " ela repetiu, parecendo genuinamente chocada.
"Sim. Hm..."
Acaba logo com isso.
"Acho que preciso da sua ajuda."
Capítulo 72 – Queda Livre
Sienna: me diga que você não vai entrar naquele avião hoje
Aiden: vai ficar tudo bem amor Sienna: Estou olhando a
previsão. Nevascas em todos os estados do norte Aiden: meu
celular está com pouca bateria, esqueci de carregar Sienna:
Aiden.
Aiden: não se preocupe, vou ficar bem Aiden: eu te amo
Sienna: Que droga, Aiden Sienna: Aiden
Sienna

Que ótimo.
Eu fechei meu laptop depois de ver a previsão do tempo que me
preocupava.
As chances de algo ruim acontecer são de cerca de um milhão.
Ainda assim, a ansiedade estava embrulhando meu estômago.
Eu descansei minha cabeça na superfície da mesa da cozinha.
Entre me preocupar com Aiden e me preocupar com o fato de que deveria
encontrar Charlotte Norwood esta tarde, eu senti que estava prestes a vomitar.
Eu gemi na madeira da mesa.
Pelo menos Aiden estaria em casa logo.
Aiden
Peguei meu assento no avião particular e imediatamente conectei meu
celular.
O que quer que estivesse acontecendo naquele reality show insano, estava
perturbando minha companheira.
Eu percebia isso em sua voz cada vez que falávamos.
Pelo menos eu estaria em casa logo.
Isso se o avião não despencasse naquela tempestade de neve monstruosa.
Tentei afastar qualquer inquietação.
Quanto mais rápido eu chegasse em casa, mais cedo poderia envolver meus
braços em volta da minha companheira e beijar cada centímetro de seu corpo.
Além disso, Sayyid não parecia nem um pouco preocupado com a
tempestade uivante, nem Bertrand, o piloto.
Ele parecia ter certeza de que poderia levar o avião de volta para a Virgínia
inteiro, embora parecesse um pouco atordoado quando embarcamos.
Qualquer um estaria. A neve estava tão densa que era difícil ver a três
metros de distância.
Vai ficar tudo bem e não há tempo a perder com preocupações inúteis.
Eu tinha que chegar em casa e desenterrar aquela lama de vampyro.
Revi o que Bobby Turner me disse.
A gosma preta deixada para trás na altercação com Konstantin no Baile de
Inverno era uma espécie de substância mágica.
Bobby se referiu àquilo como "ectoplasma", mas acho que era seu próprio
termo pessoal, em oposição a um rótulo científico.
O ectoplasma era aparentemente uma manifestação física do controle da
mente de Konstantin — espalhava-se dentro de sua vítima, permitindo-lhe
assumir o controle.
Quando a vítima conseguia resistir à dominação do vampyro, eles
vomitavam a substância.
A maior parte dele havia se dissipado, virando fumaça, mas algumas das
coisas parecidas com alcatrão foram deixadas para trás.
Nós as reunimos como evidência, armazenando-as no porão da Casa da
Matilha com outros resquícios do encontro.
Bobby disse que poderia ser usado para encantar um objeto. Ele
recomendou uma bússola. Então, o objeto me levaria a Konstantin.
Eu não tinha certeza de como fazer isso, mas estava ansioso para tentar.
Bertrand ligou os motores e o avião rugiu para a vida.
Eu me inclinei no meu assento, tentando não pensar sobre a forte
tempestade de neve do outro lado da janela.
Sienna
Charlotte e eu concordamos em nos encontrar na Casa da Matilha, onde
Monica ainda tinha a sala de estar preparada para as filmagens.
Eu originalmente queria evitar que Charlotte estivesse diretamente
envolvida com o show, mas ela foi surpreendentemente favorável à ideia.
Achei isso estranho no início. Pensei que Charlotte Norwood torceria o
nariz para algo tão "podre" como reality shows.
Mas pelo visto as pessoas ainda poderiam me surpreender, porque ela
estava ansiosa para discutir estratégias.
Eu assisti da janela do saguão quando uma limusine preta entrou na
garagem da Casa da Matilha.
Com uma inspiração sibilante, eu me preparei.
Alguns momentos depois, Charlotte entrou no hall com seus olhos fixados
nos meus, como os de um predador.
Ela era uma dominante — mas eu também, lembrei a mim mesma.
"Charlotte, " eu consegui dizer. "Obrigada por ter vindo."
Em um instante, fomos cercados por câmeras, mas Charlotte parecia mais
irritada do que alarmada.
"Eu não cedi meus direitos de imagem", disse ela, acenando para que se
afastassem e a tripulação recuou.
— Você está completamente pálida, Sienna — ela continuou, voltando-se
para mim. "Essa blusa cinza não combina com a sua cor."
Estava demorando.
"Agora, leve-me ao set de filmagem que você mencionou. Vamos falar
sobre Companheiras reais.
Mascarando minha surpresa contínua com seu interesse no show, eu a levei
à sala de estar.
As câmeras continuaram a manter distância.
Bem, pelo menos por isso é bom tê-la aqui.
"Foi ideia da Michelle", eu disse. "Mas Monica queria que todas estivessem
envolvidas."
"Entendo. Francamente, estou surpresa que você concordou. Depois
daquele infeliz acontecimento do Festival da Fertilidade..."
Eu mordi minha língua. Levaria muito tempo para explicar que eu só
estava fazendo isso para ter certeza de que minha amiga estava bem.
E eu não tenho que me justificar para ela.
Eu levantei meu queixo.
Quando entramos na sala de estar, Charlotte parou e observou tudo.
Luzes em suportes.
Cabos colados no chão.
As mesas ainda estavam em "V", por conta da competição do dia anterior.
"O menu foi decidido? " Charlotte perguntou como se já soubesse de tudo.
Eu pisquei para ela. "Ah, decidimos que La Grotta del Lupo fornecerá os
refrescos no festival."
Charlotte deu um meio aceno de cabeça. "Não é uma escolha ruim. Ligarei
para Marcelino mais tarde e me certificarei de que as seleções reflitam os
pratos tradicionais."
"Isso seria... ótimo, " eu disse sem jeito.
Do lado de fora das janelas da Casa da Matilha, a tempestade de neve
continuava.
Fiz uma breve oração para que o voo de Aiden pousasse com segurança.
Eu precisava do meu companheiro agora mais do que nunca. Ele sabia
melhor do que ninguém o quanto sua mãe era difícil de lidar.
Charlotte foi até o confessionário, que Mônica havia inaugurado com cada
um dos participantes falando sobre os desafios que enfrentaram na
competição.
Comecei a explicar isso a Charlotte, que ergueu a mão para me impedir.
"Eu sei como esses programas funcionam, Sienna. Não vivo debaixo de
uma rocha."
"Desculpe", eu disse, surpresa. "Eu só queria ter certeza de que você não
achava que era... eu não sei. De mau gosto."
Certamente pensei que fosse. Eu acho que talvez uma parte de mim
esperava que Charlotte viesse e acabasse com tudo isso.
Mas ela parecia extasiada com a ideia.
Eu não conseguia entender isso.
"Bem, não é de tão mau gosto quanto você se permitir se envolver com
um vampyro, " disse Charlotte. Seus olhos eram como lascas de sílex.
Meu queixo caiu.
"Como eu disse, Sienna, eu não vivo debaixo de uma rocha. Eu vi várias
matérias sobre a situação, incluindo aquela entrevista horrível. " "Mas... foi...
quero dizer... " Com o canto do olho, vi Monica Birch e seu cameraman
filmando nossa conversa.
Charlotte deu uma fungada altiva. "Eu não sei por que você parece tão
surpresa. O mundo todo sabe que ele foi capaz de penetrar no alto escalão da
matilha graças a você."
Você foi quem o trouxe para Mahiganote em primeiro lugar! Eu queria gritar.
"Sienna, você tem alguma resposta a essas alegações? " Monica perguntou,
vindo até nós com Curtis e sua câmera atrás dele.
"O que ela pode dizer? " Charlotte perguntou a Monica. "Todo mundo
sabe que se não fosse por Sienna, Konstantin nunca teria procurado nossa
Matilha em primeiro lugar."
As palavras eram como dardos envenenados, me atingindo uma após a
outra.
O pior é que ela estava absolutamente certa.
Konstantin viera a Mahiganote por minha causa. Pelas habilidades Divinas
que ele pensou que poderia encontrar em meu sangue.
E ele usou as pessoas que eu mais amava para chegar até mim.
Lembre-se de por que você está aqui, Sienna. Isso não é sobre você. E sobre Michelle e
ajudá-la a se levantar.
"Não estamos aqui para falar sobre Konstantin", eu disse, lutando para me
controlar. "Eu só quero ter certeza de que o Festival da Chama seja um
sucesso."
"Bem, então, " Charlotte disse. "Você fez bem em me ligar."
Jocelyn
Eu vaguei pelo jardim gelado, perdida em pensamentos.
Se Sharon Lowell estivesse certa, eu nunca praticaria a cura novamente.
Cruzando meus braços sobre o peito, tentei segurar a dor que floresceu
dentro de mim com o pensamento.
A prata da minha pulseira estava fria contra meu braço. Tentei extrair
forças daquilo, mas apenas me senti esgotada.
Quem eu seria, se não fosse uma curandeira?
Ninguém. Simplesmente, ninguém.
Virei uma esquina no jardim e parei no meio do caminho.
Uma mulher de pele negra e cabelo encaracolado cuidava de um canteiro
de flores quase vazio.
No início, não pude acreditar no que estava vendo.
Não podia ser.
Simplesmente não podia.
Então, ela se virou e nossos olhos se encontraram.
"Nina? " Seu nome deixou meus lábios em um sussurro.
Eu não conseguia respirar.
Ela parecia ainda mais bonita do que eu me lembrava.
Eu estava congelada.
"Jocelyn, " ela disse. Sua voz era baixa e rouca.
Eu engoli em seco ao vê-la.
"Jocelyn, " ela disse novamente. Ela se levantou e deu um passo em minha
direção.
Não.
Eu não consigo.
Minha paralisia cedeu. Eu dei meia-volta e corri.
Aiden
O cabelo de Sienna fez cócegas no meu peito enquanto ela beijava seu
caminho pelo meu abdômen.
Estávamos ambos nus, nossos corpos brilhando de suor.
A Bruma nos tomou em suas garras escaldantes; minha pele formigava
com eletricidade onde quer que ela me tocasse.
Meu pau estava duro e dolorido de tanto que ela o apertava.
"Aiden," ela sussurrou, a uma polegada de distância da cabeça inchada.
"Eu preciso de você. " Então ela colocou em sua boca, engolindo
profundamente.
Seus olhos verdes perfuraram os meus, levando minha Bruma a alturas
cada vez mais vertiginosas.
Então, sem aviso, ela se afastou.
"Cadê você, Aiden? " ela disse, com lágrimas escorrendo pelo rosto.
"Você me deixou..."
De repente, meu estômago deu uma guinada repentina.
Acordei com um solavanco quando o avião atingiu outra onda de
turbulência.
Sob minhas calças, eu estava duro como uma rocha e desconfortável.
Os olhos de Sienna no meu sonho haviam me penetrado, inflamando
minha Bruma.
Eu tinha que voltar para casa para ficar com minha companheira.
Enquanto isso, a turbulência estava... digamos... estimulante.
O vento sacudiu o casco, fazendo o avião chacoalhar como a pior
montanha-russa do mundo.
Onde estamos? Já deveríamos ter chegado.
Tocando na tela do meu assento, abri o mapa do progresso do avião.
Como assim?
A essa altura, deveríamos estar em West Virginia, a cerca de vinte minutos
de casa.
Mas em vez disso, o GPS estava nos mostrando voando sobre Nebraska.
Isso não pode estar certo.
Balançando a cabeça e fazendo uma careta, liguei meu celular e ativei o
aplicativo GPS.
Nebraska.
Filho da puta.
O que diabos está acontecendo?
Sem aviso, o avião caiu. Um ruído de trituração veio de meus pés.
Bati no interfone da cabine, mas nada aconteceu.
Sayyid estava acordado e me observando.
"O que está acontecendo? " Eu perguntei.
Sayyid desafivelou o cinto de segurança e se levantou; corri para seguir o
exemplo.
Fomos até a cabine e abrimos a porta.
Na cadeira do capitão, Bertrand olhava fixamente para fora da janela do
avião.
No assento ao lado dele, o copiloto estava curvado sobre o painel de
controle. O sangue escorria de um corte profundo em sua testa.
Com um gesto mecânico e espasmódico, a cabeça de Bertrand se virou
para mim.
Havia um vazio em seus olhos que me causou um arrepio pela minha
espinha.
"Você nunca deveria ter vindo atrás de mim", ele disse na voz de
Konstantin. "Adeus, Alfa Norwood."
Ao meu lado, ouvi a respiração aguda de Sayyid.
Olhei pela janela para o campo, que se aproximava rapidamente.
Estávamos caindo.
Capítulo 73 – Trem da Meia-noite para
Lawrence
Aiden
O chão sólido corria em nossa direção.
Sayyid arrancou o fone de ouvido da cabeça do piloto e o empurrou do
assento.
Ele apontou para o copiloto caído. "Assuma o controle dele! " ele disse.
Eu empurrei o homem grande de sua cadeira e me sentei em seu lugar.
"Você tem licença de piloto? " Eu perguntei a Sayyid.
"Apenas um certificado de piloto esportivo", disse ele. "Não deveria voar
acima de dez mil pés."
"Bem, em breve você não vai."
"Porra", Sayyid disse baixinho.
Coloquei o segundo fone de ouvido.
"Mayday, Mayday, " ele disse no fone de ouvido. "Esta é uma aeronave
particular Um-zero-um Echo Charlie Papa. Ambos os pilotos estão
inconscientes. Os civis estão pilotando o avião."
Uma voz metálica respondeu. "Perdão... Pode repetir?"
Sayyid se repetiu, e o Controle de Tráfego Aéreo captou a mensagem.
Depois disso, não consegui acompanhar a conversa devido a todo o jargão
técnico que eles usaram.
Mas quando ele apontava para algo e me dizia para apertar um botão ou
um interruptor, eu fazia exatamente o que me foi dito.
O chão estava vindo tão rápido que cerrei meus dentes, meus dedos
estavam cravados no manche.
Sienna, eu te amo. Espero poder vê-la novamente.
E de repente...
BUM!
O avião pousou com força, nos sacudindo como uma montanha-russa.
Sayyid lutou com o manche.
Atravessamos campos nevados, demolindo cercas.
E, finalmente, paramos.
Piscando, eu olhei para ele.
Com um movimento lento, ele se virou e encontrou meus olhos.
"Estamos — estamos vivos? " ele respirou.
Eu joguei minha cabeça para trás e ri.
"Sim! " Eu exclamei. "Graças a você!"
A tempestade derrubou a torre de celular mais próxima.
Vasculhamos os compartimentos de armazenamento do jato até encontrar
um mapa dos Estados Unidos.
A menos que eu estivesse muito enganado, a cidade mais próxima era
Lincoln, Nebraska.
Pela maneira como segurava a cabeça, Bertrand não parecia mais estar sob
o controle de Konstantin. E seu copiloto já estava começando a despertar.
Seus ferimentos não pareciam ser fatais e deveriam cicatrizar por conta
própria.
Assim que tive certeza de que todos ficariam bem logo, mudei para a
forma de lobo, fiz Sayyid prender um pequeno saco nas minhas costas e corri
para a tempestade.
Foi difícil, mas o tempo já estava começando a melhorar.
Quando cheguei à estação de trem em Lincoln, me vesti em um banheiro e
tirei meu celular do saco.

Aiden : Oi, amor Aiden: tenho uma história pra te contar ERRO:
Sem sinal. Mensagem não enviada ERRO: Sem sinal.
Mensagem não enviada.

Droga.
Tentei fazer uma ligação e, depois do que pareceu um ano e meio, consegui
entrar em contato com os serviços de emergência por tempo suficiente para
ordenar uma equipe de resgate para o avião.
Então corri para um quiosque para comprar uma passagem para o
primeiro trem de volta a Mahiganote.
Estudando meu itinerário, mordi meu lábio.
Tinha que trocar de trem em Lawrence, Kansas.
Jocelyn estava no Retiro do Curandeiro em Lawrence.
Fiquei tentado a parar e verificar como ela estava.
A vontade de chegar em casa, envolver meus braços em volta de Sienna...
Encontrar o ectoplasma do vampyro...
Era forte.
Mas Jocelyn era a curandeira da minha matilha...
... uma das pessoas mais leais que já conheci...
... se feriu quando arriscou tudo para ajudar Michelle...

Aiden: não sei se a mensagem vai chegar, mas vou fazer uma
parada em Lawrence Aiden: mas vou te segurar em meus
braços assim que eu puder Aiden: eu amo você, Sienna.

Então eu pulei no trem indo para o leste.


Nina
Ver Jocelyn mais cedo naquela manhã foi um choque, eu ainda não havia
me recuperado.
Tentei falar com ela, mas ela saiu correndo.
De jeito nenhum eu poderia deixar aquilo ficar assim, no entanto.
Eu tinha que encontrá-la.
Tinha que falar com ela.
Para tentar explicar.
Então, eu estava do lado de fora da porta de seu quarto, parando entre
batidas insistentes, quando ouvi o telefone tocar em seu quarto.
Pressionando meu ouvido na porta, eu escutei.
"Não", eu a ouvi dizer. "Não, prefiro não receber visitantes hoje."
Ela diria a eles que eu estava do lado de fora, tentando fazer com que ela
me deixasse entrar?
Os curandeiros aqui não sabiam nada sobre mim.
Eu tinha dado a eles um nome falso com documentos falsos, que eu tive
que fazer um grande favor para conseguir.
Se Jocelyn quisesse, ela poderia estragar tudo isso.
"O que? " ela estava dizendo. "Quem você disse...?"
Mas eu não podia fugir. De novo não. Eu tinha que tentar dizer a ela.
Eu esmaguei minha orelha contra a porta.
Ela disse: "Aqui? Tem certeza?"
Com quem ela estava falando?
Eu escolhi este lugar porque era o mais próximo que eu poderia chegar da
fronteira do território da MCL sem realmente cruzá-la.
O Alfa me mataria — ou talvez seu Beta o fizesse — se eles me
encontrassem ainda dentro dos limites da Matilha.
Mas também não queria ir muito longe.
E agora... ela estava aqui.
A porta se abriu. Jocelyn me agarrou, me puxando para dentro.
Fiquei tão atordoada que nenhuma palavra veio à mente.
O que quase nunca tinha acontecido comigo.
Os olhos de Jocelyn brilhavam de emoção. "Maldição, Nina. Eu juro por
Deus. Você escolheu o pior momento possível. Você só pode estar brincando
comigo."
"Joce" falei, finalmente encontrando minha voz. "Joce, por favor, deixe-me
explicar."
Mas ela estava me empurrando para o armário.
"Joce, o que você está fazendo?"
"Cale a boca, Nina", ela retrucou.
"Ei, não sei se posso voltar para o armário."
"Só cala a boca e fica aí, e pelo amor de tudo que é sagrado, fica quieta"
O pequeno espaço ficou escuro quando ela fechou a porta.
Um batimento cardíaco depois, houve uma batida na porta do lado de fora.
Prendendo a respiração, ouvi o barulho das dobradiças.
"Oi", disse um homem. "É tão bom ver você acordada, Jocelyn."
Eu conhecia aquela voz. Meu coração começou a martelar.
"Nossa", Jocelyn disse, parecendo nervosa enquanto ria. "Eu realmente
não acreditei neles quando disseram que era você, meu Alfa."
As duas últimas palavras soaram um pouco mais altas, como se ela as
estivesse mirando em mim.
Minhas entranhas se transformaram em água.
"Acredita que eu estava na vizinhança? Como você está? " Aiden Norwood
perguntou.
Porque, claro, era ele. Eu reconheci a voz agora.
"Eu estou — bem, " Jocelyn disse. "Ainda estou tentando aceitar tudo o
que aconteceu, eu acho."
Aceitar o quê? Ela tinha se machucado de alguma forma?
Sua voz sufocou e eu me esforcei para ouvir o resto da conversa.
Tentei controlar minha ansiedade crescente.
Então, algo que Jocelyn estava dizendo me deixou em pânico.
"Eu sei que é importante, Aiden, claro que é, mas vou ficar bem. Sienna
depende de você. Não se esqueça disso."
"Ela depende de mim para mantê-la segura, e isso significa matar
Konstantin", disse Aiden.
Konstantin. Lembrei-me da noite selvagem e terrível do Baile de Inverno.
Ele havia escapado.
Mas eu tinha ficado. Ajudado. O que era incrível, não?
"Aiden, " Jocelyn disse naquela voz uniforme dela. "Você está se
esquecendo de uma parte importante. Sim, defender Sienna de danos físicos
é... essencial. Mas isso não é tudo que ela precisa.
Não é tudo que ela precisa.
"Sienna tem enfrentado um trauma severo,"
Jocelyn continuou. "Todos nós temos."
Sua voz estava carregada de significado — eu sabia que ela não estava
apenas falando sobre Sienna.
"Ela deve estar mais vulnerável do que nunca, Aiden", disse Jocelyn. "Ela
precisa de você agora mais do que nunca."
Ela precisa de você agora mais do que nunca.
Jocelyn baixou a voz e ouvi o tilintar de metal.
Eu apurei meus ouvidos para pegar o final de sua frase.
"... diga a ela que ela é forte o suficiente para enfrentar qualquer coisa."
"Jocelyn... " Aiden parecia impressionado. "Tem certeza?"
"Sim, " ouvi sua resposta sussurrada. "Sienna precisa saber que as pessoas
que ela ama não a abandonaram."
A abandonaram.
Fechei meus olhos, pressionando meus dedos na minha boca.
Foi o que eu fiz.
Eu abandonei Jocelyn, quando ela estava se recuperando do ataque de
Konstantin.
Quando ela precisava de mim mais do que nunca.
E agora, ela estava tentando me proteger de novo, apesar de tudo.
Ah, Jocelyn.
Você vai me perdoar?
Sienna
Quarta à noite. Apenas alguns dias até o Festival da Chama.
Eu não tinha ideia de quando Aiden estaria em casa. Eu recebi uma série
de mensagens estranhas dizendo algo sobre o Kansas, mas isso tinha sido
horas atrás.
Michelle insistiu que jantássemos no Casa da Matilha, diante das câmeras,
para discutir como as coisas estavam indo.
Ela também "sugeriu" que eu convidasse Charlotte.
O que parecia tão divertido quanto jantar com uma cobra, mas eu
concordei. Michelle parecia tão... volátil ultimamente, era mais fácil
simplesmente dar o que ela queria.
Mas, claro, nada nunca era tão simples.
"Então, eu estava pensando em praticar o ritual da vela após a sobremesa",
sugeri.
Michelle encolheu os ombros. "Claro, é melhor acabar com isso. " "Porque
eu estava pensando..."
"Michelle? " Monica chamou da porta. "Posso falar com você um minuto?"
Michelle pediu licença. Ela e a repórter começaram a falar rapidamente em
um sussurro abafado.
Observei enquanto Michelle parecia concordar com o que quer que
Monica estivesse dizendo antes de voltar.
"Então, eu estava dizendo... se mudarmos o ritual da vela para depois..."
"Ai, meu deus! " Michelle interrompeu. "Quem se importa com isso?"
Eu a encarei. "Achei que o objetivo do festival fosse a cerimônia de
iluminação", eu disse, confusa com sua mudança repentina de atitude.
Curtis foi para trás de Michelle, focalizando a lente em meu rosto.
Ela revirou os olhos. "Tem como ser mais chato?"
Cerrei os dentes e tentei não parecer irritada.
"Não entendo", disse à Michelle. "Não escolhemos o Festival da Chama
porquê... porque você queria algum tipo de... evento espalhafatoso? Acender
velas não é a parte mais chamativa?"
Michelle tentou rir, mas pude ver a hesitação em seus olhos. Antes que ela
tivesse a chance de responder...
"Ai, sinceramente Sienna, " Charlotte disse, revirando os olhos.
"O quê? " Cravei minhas unhas em meu guardanapo.
"Como se o Festival da Chama fosse apenas feito de velas disse Charlotte.
"Exatamente! " Michelle entrou na conversa.
Sério, qual é o problema dela?
Lembre-se de por que você está fazendo isso.
"Se não é sobre velas, sobre o que é? " Eu perguntei, exasperada.
Charlotte deu um suspiro exagerado e olhou para mim. "O Festival da
Chama encerra a Bruma, Sienna. É uma celebração para abençoar e proteger
as novas gestações, pelo amor de Deus."
Eu fiquei boquiaberta.
"Bem, isso é... novidade para mim", eu finalmente consegui dizer.
Senti, mais do que vi, Curtis dar um close em meu rosto.
"Mas honestamente eu não posso imaginar por que você escolheu isso",
Charlotte disse. "Tão de repente, e você também não está grávida, está?"
Eu pisquei.
''Qualquer casal saudável que tentar durante a Bruma é quase garantido que
irão engravidar", acrescentou ela.
A tensão na sala era tão densa quanto a Bruma.
Meu corpo inteiro estremeceu de raiva. E incerteza.
Porque as palavras de Charlotte continham um fundo de verdade.
Por que Aiden e eu não estamos grávidos?
"Você e Aiden estão tentando? " Michelle perguntou.
Eu não conseguia acreditar que ela estava dizendo isso. Na câmera.
"Ou ele não quis tocar em você desde que você deixou aquele vampyro te
morder?"
Meu coração se contraiu.
Ouvi Monica Birch falhar em suprimir um grito de alegria.
Charlotte fungou, como se falar sobre a vida sexual do filho fosse uma
vergonha.
"Ok, espere um pouco", eu disse, tentando controlar a situação. "Michelle,
posso falar com você um segundo?"
Ela parecia desconfortável. Bom.
"Só se as câmeras vierem também! " Monica gargalhou.
Eu podia sentir a tensão no ar. Todos os olhos e câmeras estavam em mim,
esperando minha reação.
Meu lobo interior estava implorando para ser liberado — para perder o
controle de minhas emoções e dizer a todos nesta sala exatamente o que eu
pensava de todos eles.
Mas eu não fiz.
Em vez disso, respirei fundo, lutando para manter minha compostura.
"Michelle, você é minha melhor amiga e eu te amo. Mas você está
completamente equivocada. O vínculo entre Aiden e eu é mais forte do que
qualquer coisa que você possa imaginar."
Continuei: "Se me insultar de alguma forma vai fazer você se sentir melhor,
vá em frente. Não há nada que você possa dizer que me faça duvidar de meu
companheiro."
Minha voz tremeu um pouco enquanto eu falava, mas mantive a cabeça
erguida.
Todo mundo ficou em silêncio. As bochechas de Michelle estavam
vermelhas, mas Monica parecia que tinha acabado de ganhar na loteria.
Charlotte apenas olhou para baixo em dúvida. Nada que eu pudesse dizer
iria agradar aquela mulher.
Mas eu não me importei mais. Senti minha confiança começar a crescer
novamente.
"Bem, isso é uma declaração e tanto", disse uma voz atrás.
Todo mundo se virou. De pé na porta da sala de estar estava uma figura
alta com olhos verdes penetrantes.
"Aiden! " Eu chorei. Deixei de me importar com as câmeras quando me
joguei em seus braços.
Antes que eu tivesse a chance de explicar o que tinha acontecido, seus
lábios roçaram minha orelha enquanto ele sussurrava...
"Eu quero você... agora."
Capítulo 74 – Um ou Dois Sonhos que
Podem se Tornar Realidade
Sienna
Michelle, Monica e Charlotte — para não mencionar a equipe de filmagem
— estavam todos assistindo da sala de estar enquanto Aiden e eu nos
agarramos um ao outro.
Sem olhar para eles, ele me pegou em seus braços e me carregou de volta
para seu escritório.
Ele trancou a porta.
"Me desculpe por ter partido por tanto tempo", ele murmurou em meu
cabelo.
"Estou feliz que você esteja em casa", eu disse, erguendo meu queixo para
beijá-lo apaixonadamente.
Ele se afastou e olhou para mim com as sobrancelhas levantadas. "Por que
é que minha mãe está aqui?"
"É complicado."
Sua expressão ficou séria. "Sinto muito, Sienna", disse ele novamente. "Me
desculpe por não estar presente quando você precisava de mim."
Suas palavras me acalmaram, levando embora toda a confusão que eu
vinha vivendo há dias.
Tudo: o programa de TV, minha distância de Michelle, meus medos tácitos
sobre ela seguir o mesmo caminho que Emily — tudo começou a desaparecer
em segundo plano.
E então seus lábios terminaram o que suas palavras começaram.
Ele me levou para o sofá onde me enrolei em seus braços, saboreando o
calor dele, a firmeza suave de seu corpo.
Nós nos beijamos novamente e suas mãos começaram a viajar,
alimentando minha fome crescente por ele.
Subi em seu colo e ele desabotoou minha blusa, enterrando o rosto em
meus seios.
Eu me atrapalhei com suas calças.
Suas mãos quentes alisaram minhas costas para cima e para baixo através
da seda da minha blusa.
A alegria floresceu em meu coração quando o beijei profundamente e, em
seguida, tirei sua camisa.
Nossa, eu sentia tanta falta dele.
Fazia apenas alguns dias, mas estar com ele agora era tão bom, como se eu
estivesse aquele tempo todo sem um braço e nem mesmo percebesse isso.
Eu sabia que apenas estar com meu companheiro não poderia resolver
todos os meus problemas — só eu poderia fazer isso — mas naquele
momento, tudo que eu queria era esquecê-los por um tempo e me perder em
seus braços.
Aiden deslizou meu jeans pela minha bunda e puxou para baixo.
Eu me levantei e tirei o resto das minhas roupas com impaciência.
Quando me dei conta, ele estava nu também.
Por um momento, apenas olhamos um para o outro, absorvendo a visão
dos corpos um do outro.
"Você significa tudo para mim, Sienna", disse ele.
Ele era tão lindo. Eu não tinha palavras para descrever a emoção que me
enchia enquanto eu olhava para ele.
Então ele sorriu e me agarrou.
Minhas mãos acariciaram seus bíceps enquanto ele me levantava e me
pressionava contra a parede.
Eu engatei minhas pernas e ele entrou em mim com uma estocada.
Eu engasguei quando ele mergulhou para dentro e para fora, mais e mais.
Eu finalmente me senti inteira novamente.
Apertando minhas pernas ao redor dele, o cheiro dele — citrino e cedro
— me envolvendo, eu empurrei de volta contra a parede, levando-o mais
fundo.
Juntos, chegamos ao clímax, agarrando-nos com mais força, gritando de
uma vez.
Nós aproveitamos a sensação enquanto nos espatifamos.
Segura em seus braços, todo o meu corpo se soltou.
Desabando no sofá, entrelaçamos nossos membros, tentando ficar o mais
próximo possível.
E assim ficamos por muito tempo.
Aiden
Na manhã seguinte, fui com minha companheira até a imensa sala de jantar
da Casa da Matilha.
Antes de sairmos, coloquei o pequeno item que Jocelyn havia me dado,
agora cuidadosamente embrulhado em um lenço grosso, no bolso do meu
casaco.
Sienna tinha um ensaio para o programa de Monica Birch, e eu
acompanhei para garantir que mamãe não se transformasse em um monstro.
Pessoalmente, eu não tinha ideia de como Sienna concordou com o
programa em primeiro lugar. Ela nunca fora do tipo que buscava atenção
desnecessária.
Mas quando chegamos lá e vi Michelle se envaidecendo diante de um
espelho de maquiagem cravejado de luz, comecei a entender.
"Tem certeza de que não quer que eu simplesmente acabe com todo este
circo? " Eu perguntei a ela baixinho.
"Não vai durar por muito mais tempo. Mas se Michelle fizer mais merda
como ontem, vou reconsiderar."
Eu balancei a cabeça severamente, e então Monica estava correndo com
seu cameraman como sempre.
"Bom dia, Alfa Norwood, Sienna", Monica jorrou. Ela sorriu para nós, mas
então seu rosto ficou sério.
"Tudo certo? " Sienna perguntou. Ela olhou em volta, procurando por
alguém. "Onde está Charlotte?"
"Isso é o que eu precisava te dizer", Monica disse com um rápido olhar
para se certificar de que a câmera estava nela.
"La Grotta caiu! Ela está tentando ver se consegue reservar um dos outros
fornecedores."
O cara com a câmera se aproximou de Sienna, provavelmente esperando
que ela começasse a derreter.
Em vez disso, ela sorriu.
"Eu tenho uma ideia."
Momentos depois, ela estava com a avó de Mia ao celular e, em seguida,
ligou para a de Winston.
Eu a observei, o orgulho enchendo meu coração.
"Você consegue", eu sussurrei quando ela terminou sua ligação.
Dei um beijo nela, que ela retribuiu.
Com o canto do olho, notei que eles tinham gravado a cena.
Bom. Deixe o mundo ver o quanto eu amo minha companheira.
Mas então eu a puxei de lado, fora da vista de olhos curiosos. Do bolso do
meu casaco, tirei o pequeno embrulho e entreguei a Sienna.
"Jocelyn queria que você ficasse com isso, " eu disse a ela. "Não abra agora,
não onde todos possam ver. Mas eu apenas pensei que você deveria saber que
existem muitas pessoas por aí que se preocupam com você."
Sienna olhou com ternura para o pacote embrulhado e o enfiou na bolsa.
"Aiden, estou bem agora," Sienna disse suavemente. Ela entrelaçou os
dedos nos meus. "E o que você estava fazendo... procurando Konstantin... é
muito importante."
"Você também é muito importante", sussurrei. "Muito mais importante. "
"Você sempre me faz sentir assim", ela sorriu.
Então sua expressão ficou séria. "Mas eliminar Konstantin deve ser nossa
maior prioridade. Temos que terminar de uma vez por todas."
Eu dei a ela um aceno de cabeça. "Ok."
Estava na hora de encontrar aquela lama.
Sienna
Depois de passar a noite passada no abraço de Aiden e esta manhã
resolvendo a crise do bufê, eu estava me sentindo mais como antes.
E o peso suave do — presente de Jocelyn? Eu não tinha ideia do que havia
no pacote fino — me deu um impulso adicional.
Mesmo do Kansas, minha amiga queria que eu soubesse que ela estava
pensando em mim.
Eu o abriria assim que chegasse em casa, mas primeiro tinha que terminar
os preparativos para o festival.
Eu coloquei a abuela de Mia no comando dos chefs do Winston’s.
Foi perfeito.
Teríamos um toque tão caloroso e pessoal, e a comida seria autêntica e
tradicional.
Quando Charlotte chegou, ela agiu como se o incidente incômodo entre
nós ontem nunca tivesse acontecido — o que era diferente dela.
Eu nunca soube que minha sogra tivesse uma única opinião que ela não
compartilhasse imediatamente.
Ela apenas levantou uma sobrancelha quando mencionei minha escolha de
bufê, claramente mordendo a língua.
Felix trotou, segurando um telefone sem fio.
"Sra. Mercer-Norwood", ele disse com um sorriso. "Alguém de Miami quer
falar com você. " "Miami? " Eu ecoei, confusa.
"Sim", disse ele. "Eles têm uma proposta para você, Sra. Mercer-Norwood.
Acho que vai se interessar no que eles têm a dizer."
Com um aceno vago, aceitei o telefone.
"Alô? " Eu disse.
"Sra. Mercer-Norwood?"
"Sim."
Enquanto falava, notei Erica chegando. Ela veio para ajudar no ensaio e
chegou na hora certa, já que Curtis balançou a câmera para ela, dando-me um
raro momento de privacidade.
"Quem fala é Scott Tyler, da Westport Interior Design de Miami", disse o
homem na linha.
"Do que se trata?"
"Eu trabalho para a prefeitura, em um projeto de restauração do Senador,
um hotel histórico no centro da cidade. Estávamos interessados em falar com
você sobre uma comissão."
"Não tenho certeza do que você quer dizer", respondi.
"Ficamos imaginando se você estaria interessado em criar uma nova série,
especialmente para nós."
Meu queixo caiu.
"Ah" foi tudo que consegui dizer.
"Nossa única condição é que precisamos que você venha a Miami
imediatamente para se encontrar conosco, pois precisamos mostrar-lhe o
espaço. As coisas estão progredindo muito rápido aqui, Sra. Mercer-
Norwood."
"Imediatamente? " Eu respirei. O festival era amanhã à noite.
"Sim", disse Tyler. "Houve uma mudança de planos e agora estamos
atrasados, por isso precisamos de alguém que possa agir rapidamente.
Queremos as pinturas dentro de duas semanas."
"Uau, isso é... pouco tempo", eu disse. "De quantas peças você precisa?"
"Pelo menos uma dúzia. Mas estaríamos dispostos a compensá-la pelo
prazo tão curto, garanto-lhe.
Houve uma pausa.
Minha cabeça estava girando. A excitação lutou contra a hesitação.
"Bem, " eu disse por fim, "deixe-me pensar sobre isso. Você já deixou seu
número?"
"Sim", disse Tyler. "Mas, por favor, Sra.
Mercer-Norwood, você vai me ligar de volta no final do dia? Preciso
avançar com outro artista se o projeto não funcionar para você."
"Eu entendo", eu disse, e desliguei.
Fiquei de pé, segurando o telefone em uma das mãos, sentindo-me
entorpecida, quando Erica se aproximou de mim.
Curtis estava filmando Charlotte arrumando uma fileira de velas em um
estrado que havia sido montado na parede leste.
"E aí? " Erica sussurrou.
Contei a ela tudo sobre a ligação.
Seus olhos castanhos se arregalaram. "Isso é incrível!"
Era incrível. Mas também parecia bom demais para ser verdade.
E eu aprendi com a experiência a pensar antes de agir.
Piscando, eu não conseguia pensar no que fazer com o telefone, então
continuei segurando-o.
"Ligue de volta para eles" pediu Erica. "Diga a eles, sim!"
Eu balancei minha cabeça. "Como eu posso fazer isso? " Eu perguntei. "O
festival é amanhã e concordei em filmar o programa por mais um mês!
"Sienna, esta é uma grande oportunidade para você!"
Eu não sabia como dizer a ela que estava apavorada com a ideia dessa
responsabilidade. Eu não tinha conseguido pintar nem um boneco de palito
desde o ataque de Konstantin.
E eles queriam mais de uma dúzia de peças. E em apenas duas semanas.
Meu coração começou a bater forte enquanto observava Charlotte, que
estava mudando a ordem de algumas velas vermelhas e pretas.
"É que... não sei se consigo fazer isso."
"Sienna, esta é sua primeira grande comissão! Não é hora de duvidar de si
mesma."
Mas eu me senti paralisada.
Só a ideia de pintar foi o suficiente para me causar um ataque de pânico.
E Michelle…
Michelle estava mais desestabilizada do que ela imaginava. Essa foi a única
explicação que pude pensar para seu comportamento ontem.
E se eu virasse as costas para ela agora — que tipo de amiga isso me
tornaria?
O mesmo tipo de amiga que deixou Emily morrer...
Meu coração se apertou com um frio glacial.
Todo mundo está contando comigo.
Se eu desistisse agora, me faria parecer incrivelmente egoísta — e em rede
nacional.
Eu havia sofrido o bastante com isso no ano anterior.
Além disso, minha amiga precisava de mim. Mesmo que ela não soubesse.
Como eu poderia decepcioná-la?
Aiden
Ver Sienna enfrentando Monica e aquele reality show ridículo me lembrava
o quão longe ela tinha ido desde que nos conhecemos.
Ela estava me deixando tão orgulhoso, estava tão confiante em seu lugar
como minha companheira.
Cabia a mim mostrar a ela esse mesmo respeito e carinho em troca.
Ver minha mãe me lembrou que eu não tive exatamente o melhor modelo
de companheirismo enquanto crescia.
Ela e meu pai só demonstravam afeto durante as coletivas de imprensa e,
mesmo assim, era tudo forjado para vender a imagem impecável que insistiam
em projetar.
Eu tinha que ser melhor do que isso.
Mas por mais que eu quisesse garantir a felicidade de Sienna, eu não
poderia fazer isso a menos que soubesse que ela estava segura.
No porão da Casa da Matilha, tínhamos uma sala de armazenamento onde
temporariamente alojávamos qualquer coisa relacionada com as investigações
do Esquadrão de Caçadores.
Eventualmente, as evidências eram descartadas ou entregues à polícia para
serem armazenadas a longo prazo.
Mas se uma investigação ainda estava aberta, elas eram mantidas nos
arquivos da Casa da Matilha.
É por isso que, quando vasculhei a sala, passando por todas as caixas
marcadas com "Konstantin", bem como algumas que não estavam, fiquei
especialmente preocupado.
Olhei para cima e para baixo em busca da lama que havíamos coletado
meticulosamente após o ataque no Baile de Inverno.
Mas ela havia sumido.
Capítulo 75 – Minha Pequena Luz
Aiden
Minhas mãos tremiam enquanto eu mandava uma mensagem para o
capitão do Esquadrão de Caçadores.

Aiden: Você sabe de alguma evidência que esteja fora do


arquivo da CM?
Sayyid: não
Aiden: a evidência sumiu Sayyid: que evidência?
Aiden: a lama
Sayyid: foi armazenada em um balde na prateleira superior,
quarta fileira
Encontrei o balde, mas estava vazio.
No andar de cima, minha companheira estava olhando para as câmeras —
sem falar na minha mãe.
E eu estava preso em uma busca implacável.

Aiden: verifiquei novamente, nada Sayyid: Isso é


preocupante. Você já viu a filmagem da câmera de
segurança?
Aiden: Acho que é o que vou fazer a seguir.

Ao reproduzir a filmagem no meu laptop, eu não precisei assistir muito


para ver um homem familiar de cabelo loiro espetado entrar na sala de
evidências.
Josh.
Mas como ele sabia que a lama era importante?
Aiden: Parece que o Beta Daniels pegou.
Sayyid: Bem, isso é um alívio.
Aiden: Você falou com ele sobre isso?
Sayyid: sim, ontem Sayyid: Ele pediu uma atualização
Suspirei. Não havia razão para Sayyid se recusar a atualizar o Beta da MCL
em uma investigação em andamento.
Na verdade, era uma prática comum. Josh deveria ter conduzido a
investigação em primeiro lugar.
Ele estava apenas — envolvido demais.
Corri pela Casa da Matilha, mas não encontrei Josh.
Eu rosnei baixo.
Era exatamente por isso que eu estava preocupado em compartilhar
informações com ele.
Ele foi atrás de Konstantin.
Sozinho.
Sienna
Monica tinha insistido que todos se preparassem para o Festival da Chama
na Casa da Matilha.
"Diga-nos como você se sente sobre esta noite", Monica solicitou
enquanto me arrastava para uma cabine de entrevista antes que minha
maquiagem terminasse.
"Nervosa", admiti, tentando não olhar diretamente para a câmera. "Eu
realmente quero que tudo isso aconteça sem problemas."
"Claro. Todos nós fazemos, "Monica disse, seus lábios se curvando em um
sorriso.
Erica
Eles montaram cabines para gravar com o toque de um botão. Sentando-
me em uma delas, com um copo de hidromel tradicional na minha mão, dei
uma olhada séria para a câmera.
"O que as pessoas não sabem", eu disse, "é o quanto Sienna está se
sacrificando por este evento. Para esta Matilha, sinceramente."
Tomei um gole da minha bebida.
"Foi-lhe oferecida uma comissão. Sienna é uma artista incrível. Eles a
queriam para um conjunto de pinturas em Miami! Teria sido uma grande
oportunidade para ela."
"Mas ela recusou porque isso significaria abandonar este festival."
A cortina da cabine se abriu e Mia se sentou ao meu lado.
"Ah, isso mesmo! A comissão", disse ela, olhando para a câmera. "Sienna
teria feito um ótimo trabalho!"
"Você estava ouvindo? Essas cabines de confissão deveriam ser privadas!"
"Ah, relaxa! Onde você parou?"
Eu zombei dela. "Só que ela recusou a comissão porque não queria
decepcionar todo mundo."
"Cara, isso é muito errado", disse Mia.
"E é tudo por causa da Michelle", eu finalmente expressei o pensamento
mais sombrio que estava guardando para mim mesma.
Os olhos de Mia se arregalaram. "O que você quer dizer?"
"Sienna se sente responsável pelo que aconteceu com Michelle, e Michelle
está tirando proveito disso tudo", eu disse.
Virei meu copo.
"Ela nem se importa com tudo o que isso está causando em Sienna,
contanto que ela continue sob os holofotes."
Michelle
Encontrei uma cabine vazia alguns minutos antes do início dos rituais e me
acomodei.
Antes de apertar o botão "gravar", parei um momento para endireitar
minha blusa Versace e verificar minha maquiagem em um espelho de bolso.
Meus olhos pareciam brilhantes e um pouco febris. Bem, isso era de se
esperar.
Não conseguia me lembrar da última vez que havia dormido durante a
noite.
Mas não havia tempo para isso agora.
Aquela era a minha hora de brilhar, mesmo que eu tivesse que tirar minhas
garras para fazer isso.
Eu ia dar a eles uma pequena entrevista que eu sabia que eles gostariam de
usar.
"Isso é tão emocionante. Tudo está prestes a começar. Temos três rituais
de velas planejados."
Peguei meu pó compacto e batom.
"Claro, Sienna vai liderar todos eles."
Meu estômago embrulhou desconfortavelmente. Eu ainda não tinha
certeza de por que havia apontado a falta de fertilidade de Sienna na frente de
todos.
Eu estava tão... zangada. Como se houvesse uma fúria constante fervendo
logo abaixo da minha pele.
E quando Monica me disse que Sienna provavelmente nem sabia da
importância por trás do Festival da Chama...
Eu não pensei. Eu tinha falado coisas horríveis sobre minha amiga.
E o que é pior... Eu não havia me arrependido totalmente.
Fiz um show ao retocar meu batom, depois olhei diretamente para a
câmera.
"É uma pena, realmente. Sienna simplesmente não tem os... gostos
sofisticados de sua posição. Quero dizer, essa ideia de chamar a Mia para fazer
o bufê do evento."
Revirei os olhos, fechando o compacto.
"Mas eu acho que é assim que funciona. Estarei lá caso ela estrague tudo.
Sempre posso resolver as coisas se ela precisar de mim."
Piscando para a câmera, eu a desliguei e fui para a sala de jantar,
endireitando meus ombros enquanto ia.
Nunca deixe que eles vejam você vacilar.
Sienna
Eu esperei no estrado elevado ao lado de Blair.
Reunidos diante de nós, estavam mais de quinhentos membros da Manada
da Costa Leste, a maioria segurando longas velas cônicas com escudos de
papel protegendo suas mãos.
O Festival da Chama estava prestes a começar.
Meu vestido justo era azul-noturno, com dezenas de pequenos cristais
vermelhos e laranjas costurados no corpete e caindo em cascata até a bainha.
Selene trouxe para mim naquela tarde, e eu não podia acreditar em quão
bonita eu estava — como se fosse feita de luz de vela.
Michelle saiu para se juntar a nós no estrado, e eu vi uma leve carranca
cruzar seu rosto quando ela viu sua posição marcada ao lado do palco.
Mas então ela se virou para posar para a câmera e eu me perguntei se eu
tinha imaginado isso.
Não importava, Michelle teria uma pequena surpresa esta noite.
Todos teriam.
Eu chamei a atenção de Selene de onde ela estava no meio da multidão.
"Você está incrível ", ela murmurou baixinho.
Eu sorri para minha irmã. Significou muito para mim que ela estivesse ali,
especialmente porque significava deixar a pequena Vanessa em casa com a
mamãe.
Pelo canto do olho, vi Monica e Charlotte, suas cabeças estavam inclinadas
e próximas enquanto falavam baixinho.
O que aquelas duas estavam tramando?
Eu não confiava nem um pouco nelas.
Então Monica recebeu um sinal de seu cameraman. Ela me deu um aceno
de cabeça e eu dei um passo à frente.
"Obrigada a todos por terem vindo", eu disse, dando à multidão um
grande sorriso. "Estamos muito felizes por vocês se juntarem a nós neste
renascimento do Festival da Chama."
Todos aplaudiram.
Respirei fundo e comecei a recitar a Bênção da Chama tradicional.
"Chama divina, fértil e brilhante", eu disse de cabeça.
Enquanto eu falava, aqueles com velas formaram uma fila, vindo para a
frente para acender seus pavios em um pequeno braseiro que queimava ali.
Música instrumental formal começou a tocar em alto-falantes ocultos.
Eu olhei para Charlotte, que estava me observando com uma expressão
satisfeita no rosto.
Porra, finalmente...
Continuei o versículo: "Dê a cada um de nós um brilho interior para nutrir
as sementes à medida que crescem..."
Ugh. Quem escreveu essa merda? Parece propaganda de culto.
Mas não permiti que a expressão serena sumisse do meu rosto.
Eu estava quase terminando. Faltava apenas um verso excessivamente
meloso.
"Embora a Bruma tenha acabado, continuaremos amando."
Virei-me e acendi as duas velas na frente do estrado, uma vermelha e outra
preta.
Então, olhei para Michelle.
Ela piscou para mim enquanto eu vinha em sua direção.
Nós não havíamos praticado isso.
Michelle
Sienna me entregou o acendedor de cabo longo. "Você faz o resto", ela
sussurrou.
Para a multidão, ela se virou e disse: "Michelle Daniels acenderá nossa linha
de velas porque dedico o festival deste ano a ela e a nossa amizade".
Eu estremeci. Ela estava sendo sincera ou era apenas mais uma jogada para
se fazer parecer melhor do que eu?
Sienna continuou: "É minha esperança que as bênçãos dos ritos tornem
nossa própria amizade mais forte, assim como as bênçãos fortalecem as novas
vidas que desejamos trazer ao mundo".
Um murmúrio se espalhou pela multidão.
As mulheres avançaram na fila, acendendo as velas.
Minha cabeça girava de alegria enquanto as câmeras seguiam cada
movimento meu.
Acendi a última fileira de velas, deleitando-me com os holofotes.
Naquela noite estava tudo exatamente como eu esperava.
Graças a Sienna. Todo o resto desapareceu e eu não sentia nada além de
amor por minha amiga.
Eu encontrei seus olhos enquanto ela estava ao lado de Aiden, sorrindo
para mim.
Dando a ela um pequeno aceno de cabeça, acendi a próxima vela.
Foi tudo perfeito.
Sienna
Assim que pude, escapei para fora.
Os rituais terminaram e agora parecia uma recepção de casamento.
As pessoas se misturavam, comendo a comida deliciosa que a avó de Mia
havia providenciado, nos delicados pratos de porcelana que Charlotte
escolhera para a ocasião.
Minha sogra ficou satisfeita. Ou pelo menos tão satisfeita quanto ela
poderia estar, considerando que ela tinha um pedaço de gelo no lugar do
coração.
Michelle estava nas nuvens.
Então, por que meu peito estava tão apertado?
A coisa toda correu sem problemas.
Tudo tinha funcionado perfeitamente.
Eu não estraguei tudo. Michelle precisava ter os holofotes, um presente
com o qual decidi surpreendê-la naquela manhã.
Até Monica parecia feliz.
Mas eu não conseguia respirar.
Vá encontrar Aiden. Diga a ele como você está se sentindo.
Mas meu companheiro estava tão preocupado. Algo da investigação o
estava incomodando, embora ele não dissesse o quê.
Eu poderia lidar com isso.
Eu só precisava me controlar.
De pé no terraço, inalei o ar frio de janeiro, tentando me acalmar.
Minhas mãos estavam dormentes — mas não de frio.
Tudo que eu queria era correr, me transformar em meu lobo e atravessar a
floresta coberta de neve para um lugar onde não houvesse câmeras, nenhuma
expectativa ridícula.
Nenhum sonho de uma vida inteira que eu tivesse rejeitado porque não
conseguia encontrar a centelha, a paixão pela arte que fazia parte de mim
desde que eu conseguia me lembrar.
O vereador em Miami pareceu muito desapontado quando eu recusei
trabalhar com ele.
Minha respiração ficou presa na minha garganta.
Tanto faz. Não é como se eu estivesse destinada a ser uma artista famosa.
Eu tenho uma ótima vida. Uma vida privilegiada. Eu deveria ser grata.
Mas eu não conseguia colocar ar suficiente em meus pulmões.
Minha visão começou a ficar turva.
Ok. Está tudo bem.
Mas e se eu nunca mais conseguir pintar?
E se Konstantin roubou isso de mim, junto com tantas outras coisas?
Corra.
Pare de se preocupar com o que todos vão pensar e corra.
Fui até o jardim e tirei meu vestido de coquetel.
Tremendo de frio, concentrei-me no meu lobo.
Mas depois de um minuto de tentativa, percebi que algo estava errado.
Nada estava acontecendo.
Eu olhei para as minhas mãos... os mesmos dez dedos de antes.
Meus pés, dentes, olhos... nada diferente.
Eu tentei me transformar mais uma vez, mas não importa o quanto eu
tentava, continuava a mesma.
Que merda está acontecendo?
O pânico explodiu atrás dos meus olhos quando a ficha caiu.
Eu estava presa.
Minha forma de lobo estava enterrada.
Eu não conseguia me transformar.
Capítulo 76 – Eu Vivo Pelos Aplausos
Alfa Etienne Tremblay @CanadaAlfa
Gostei muito do episódio do #MonicaBirchShow’s Festival da Chama. É
bom ver as tradições revividas! Isso nos enriquece. #FestivaldaChama Liz
@Timeywimeydoc
Eu adoro uma viagem no tempo! O #FestivaldaChama me lembrou dos
meus avós e do passado. São tantas emoções!
Michelle
Sentei-me à mesa da minha cozinha na noite após o festival, verificando
todas as respostas ao programa.
Os primeiros episódios já haviam ido ao ar, e eu estava me divertindo
muito, procurando reações nas redes sociais.
Quase todos os latidos sobre isso eram positivos. Vários me mencionaram,
especificamente.
Raquel é uma diva @DivaRaquel
MDS @MichelleAwesomeDaniels, você estava tããão linda no
#FestivaldaChama — aquele Versace Marco Lupo @LupoActor
Adoooro assistir a @MichelleAwesomeDaniels naquele palco. Pisa menos!
#FestivaldaChama
Mas muitos, muitos mais estavam falando sobre Sienna.
Alexa @ AlexaWilder91
Nunca estive tão orgulhosa de fazer parte da MCL do que quando #Sienna
acendeu aquelas velas e recitou a bênção. Quanta postura!
Eye for Fashion Show @EFF
A Sienna estava dando uma aula no #FestivaldaChama e a gente aprendeu
direitinho!
Darla Sykes @DarlaSykes
Não estou vendo elogios o suficiente para #Sienna pela forma como ela
honrou sua amizade no #FestivaldaChama! Fiquei realmente comovida. Foi
um gesto adorável e com certeza significou muito para #Michelle.
Eu revirei meus olhos.
Sienna finalmente fez o óbvio, e agora ela estava recebendo elogios por isso?
A garota vivia a vida dos sonhos.
Eu gemi e fechei o laptop.
Qual era o propósito daquilo?
Talvez toda essa ideia de reality show tenha sido um grande erro.
Era para estar me ajudando a me sentir melhor, a me reconectar com o
mundo depois de passar tanto tempo como uma prisioneira em minha própria
mente.
Mas me sentia mais perdida e ignorada do que nunca.
Minha melhor amiga estava me ofuscando, não importa o quanto eu
lutasse contra.
Eu nem me lembrava da última vez que havia visto meu companheiro por
mais de dez minutos.
E eu ainda não conseguia afastar a sensação de que nunca estaria tudo
bem.
Que passaria o resto da minha vida como uma casa mal-assombrada.
Sienna
Esperei quase um dia antes de desabar e tentar encontrar uma curandeira.
Eu não disse a Aiden sobre minha incapacidade de me transformar. Eu
não queria preocupá-lo até que soubesse que havia algo com que me
preocupar.
Além disso, saber que Josh havia retirado a lama da sala de evidências e
estava ausente o deixou progressivamente mais nervoso.
Eu contaria tudo a ele assim que soubesse o que havia de errado comigo
— se é que havia algo. Então fui em busca de uma curandeira.
Mas com Jocelyn ainda em Lawrence — e Aiden tinha me contado aquela
notícia devastadora sobre a perda de suas habilidades de cura — eu tinha que
encontrar seu assistente.
Em uma noite de sábado, poderia ser complicado, mas tive sorte e
encontrei Hanh inclinado sobre um microscópio na ala médica.
"O que posso fazer por você, Sienna? " Hanh perguntou.
"Eu estava pensando... desculpe incomodá-lo... mas tenho um problema de
saúde", gaguejei.
"Entendo", o curandeiro respondeu calmamente. Ele tinha uma presença
reconfortante e eu respirei fundo.
Mesmo assim, as palavras não saíram. Baixei os olhos para o colo,
passando a ponta do dedo pelas saliências da saia lápis de veludo cotelê.
"Eu... eu acho que estou com um problema" eu disse por fim.
Hanh olhou para mim com seus olhos escuros gentis.
Encorajada, eu disse: "Eu — eu não consigo me transformar".
Ele deu um breve aceno de cabeça. "Bem. Você notou mais alguma coisa
errada? Alguma dor no corpo? Febre? Visão embaçada?"
Hm... algumas semanas atrás, acho que fui dominada psiquicamente por um vampyro?
Mas Hanh não precisava saber disso.
Mais uma vez, ansiava pela presença reconfortante de Jocelyn.
Eu balancei minha cabeça, mas então curvei meus dedos em punhos no
meu colo.
"Na verdade, tenho tido... ansiedade", disse eu.
"Não é surpreendente, realmente, dados os eventos recentes."
Dei de ombros, me preparando para a outra coisa que precisava discutir.
Desejei que Jocelyn estivesse aqui. Ela me confortou antes, durante uma
situação semelhante.
"Além disso", eu continuei. "Receio que algo esteja errado... com minha
fertilidade."
As sobrancelhas de Hanh se franziram. "O que te faz dizer isso?"
"Bem, Aiden e eu... nós estivemos... juntos nesta última Bruma. E eu não
estou grávida."
"Mas vocês dois estão tentando ativamente?"
"Não, mas também não estamos prevenindo ativamente."
Hanh sorriu. "Bem, vamos dar uma olhada?"
Aiden
"Josh! " Eu lati.
Seu corpo inteiro estremeceu. Ele se virou e encontrou meus olhos.
Daquela distância, eu não tinha certeza, mas a maneira como ele curvou um
ombro por apenas um segundo — aquilo era culpa, eu poderia apostar que era.
Hm, eu me pergunto por quê?
Dois dias se passaram desde que eu percebi que Josh tinha pegado a lama
que Konstantin deixou para trás, mas ele não atendia ligações ou mensagens de
texto.
Eu tive que recorrer ao uso do rastreador no celular de Josh, finalmente
alcançando-o em um hotel perto de Winston-Salem.
Eu estava exausto e uma dor de cabeça estava se formando na parte de trás
do meu crânio.
Na noite anterior, Sienna acordou suando frio e correu para o banheiro
para vomitar.
Eu tentei ajudá-la, mas ela apenas me disse para voltar para a cama.
Minha companheira estava sofrendo, e a única maneira de consertar aquilo
era encontrar aquele maldito vampyro.
Josh estava saindo com seu Bronco assim que eu cheguei, mas eu corri até
que ele me visse, gritando.
Eu marchei até ele com os punhos fechados.
Ele não parecia muito melhor do que quando Michelle ainda estava em
coma.
E quando me aproximei, pude sentir o cheiro do álcool.
A preocupação guerreou com a frustração dentro de mim.
Josh claramente não estava bem. Essa coisa toda realmente o perturbou.
Mas ele também estava me sabotando com suas ações.
E ao fazer isso, ele estava colocando toda a matilha em risco.
Ele precisava se lembrar de seu lugar.
Josh
Eu olhei com raiva quando Aiden se aproximou da minha caminhonete.
Como ele me encontrou?
Então me lembrei do rastreador no meu celular.
Fui marcado como um pré-adolescente.
A raiva estava fervendo em minhas veias, mas me forcei a falar com calma.
"Oi, Aiden. O que você está fazendo aqui? " Eu perguntei, endireitando-
me no banco.
"Procurando por você", disse ele brevemente. "Por que você não atendeu
minhas ligações?"
Eu fiz uma careta, esfregando minha nuca. "Me desculpe, cara. Só não
queria falar com ninguém até ter algo sobre o que conversar. Algum tipo de
resultado ou pista — qualquer coisa."
Aiden cruzou os braços.
Jesus Cristo, quem ele pensava que era, meu pai?
Na verdade, meu pai provavelmente teria aprovado minha atitude.
"Sei que você está caçando Konstantin por conta própria" disse Aiden
friamente. "Qual é a ideia? Por que deixar o Esquadrão de Caçadores de fora
disso?"
"Eu não estava tentando deixar ninguém de fora", protestei. "Só queria ver
se encontrava alguma coisa. Você foi quem me deixou de fora da viagem a
Chicago!"
"Você está muito envolvido nisso, Josh", disse Aiden. "Está afetando seu
julgamento."
Minhas garras deslizaram um centímetro.
Ele está preocupado com o MEU julgamento? Depois de deixar um vampyro entrar em
nossa matilha?
"Eu entro em uma briga de bar..."
"E você acaba com nossa única pista! " Aiden gritou. "Você pegou a lama,
Josh! Eu estava indo encontrá-la, para tentar usá-la para localizar Konstantin, e
você já a havia removido do armazenamento. Sem registrar, também!"
Eu esperava que ele não pudesse ver o sangue correndo pelo meu rosto.
"Maldição Sayyid. Você não consegue guardar um segredo por dois
malditos segundos? "
Ok, fique calmo.
Eu dei a ele um olhar perplexo. "Por que você se importaria com isso?"
"O que você quer dizer? Sayyid me disse que atualizou você. A lama é
nossa única esperança de encontrar Konstantin."
Exatamente por isso não havia contado a Aiden sobre a lama, mesmo eu
não entendo direito.
Tudo que eu sabia era que meu instinto estava me dizendo para não confiar
nele.
Que Michelle quase morreu na última vez que confiei em Aiden Norwood.
Não consigo ficar calmo. Tente se esquivar.
Eu balancei minha cabeça. "Não foi isso que Sayyid disse! Aquele Bobby
Turner afirmou que poderia ser usado como um... dispositivo de rastreamento.
Mas não pode!"
Aiden franziu a testa e eu aproveitei seu momento de dúvida.
Corri a mão timidamente pelo meu cabelo sujo. "Sayyid nunca disse que
você queria tentar utilizá-la; ele não me pareceu muito convencido sobre isso.
Então resolvi tentar alguma coisa enquanto você fazia todo o resto das coisas
com as câmeras de trânsito."
Aiden fez uma careta. "Bobby Turner desistiu de procurar Konstantin
porque não conseguiu encontrá-lo — mas ele nos disse que tínhamos uma
grande chance com a lama. Claro que quero tentar utilizá-la."
Não dê a ele.
Eu sou o Beta. A segurança é minha responsabilidade.
Eu me balancei desconfortavelmente em meus pés.
"O que você quer dizer com não pode ser usado como um dispositivo de
rastreamento? " Aiden disse depois de um momento.
Esfreguei minhas têmporas, tentando parecer frustrado.
Felizmente, não foi difícil. "Eu tentei, Aiden. Coloquei em uma garrafa de
vidro e tentei ver de que maneira... gotejava. Mas eu fui até o inferno e voltei, e
ainda não encontrei nenhum sinal dele."
Aiden abafou um gemido. "Turner disse que você tinha que colocá-lo em
algo mecânico, como uma bússola. É uma substância mágica e funcionará em
algo assim."
"Ah", eu disse, irritado por ele saber tanto quanto eu sobre a lama
misteriosa.
Ainda assim, eu não tinha intenção de entregá-lo a Aiden.
"Ok, bem, eu quero de volta", disse ele.
"Eu não parei de tentar, no entanto", eu insisti.
Por que ele não pode simplesmente confiar em mim pelo menos uma vez!?
O rosto de Aiden assumiu uma expressão teimosa que eu conhecia bem.
"Josh, estou liderando esta investigação. Passe para cá."
Eu podia ver que não venceria facilmente.
Eu rosnei baixo em minha garganta, me preparando para uma luta.
Monica
Eu assisti com uma das minhas câmeras escondidas instaladas
secretamente enquanto Sienna caminhava para a ala médica e silenciosamente
entrava.
Ela estava torcendo as mãos nervosamente.
Um sorriso se espalhou pelo meu rosto.
Então, algo está errado com a companheira de nosso precioso Alfa.
Recostei-me na cadeira do escritório, olhando para a tela do meu
computador.
Como eu poderia usar isso a meu favor?
Sempre havia uma maneira de usar algo a meu favor.
Mas por que ela estava lá?
Se fosse algo interessante o suficiente, poderia ser exatamente o que eu
estava procurando.
Especialmente porque o Festival da Chama havia acabado.
Eu precisava de um novo ângulo.
O que significava que precisava de novas informações.
Com a curandeira da Matilha desaparecida — e pelo que eu ouvi, tendo
perdido seus poderes — Sienna teria que falar com o outro — o asiático
quieto de óculos.
Eu estalei meus dedos quando uma ideia veio a mim.
Seria complicado, mas todas as peças já estavam no lugar.
E se eu pudesse fazer isso, seria a matéria do século.
Sienna
Hanh me fez deitar na cama do meu quarto de hotel enquanto colocava as
mãos em mim.
Seu toque era firme e confiante, aquela energia de cura quente emanando
enquanto ele me examinava.
Ele me pediu para deitar-me com as costas para cima primeiro. Ele
pressionou meus ombros, minha nuca, minha parte inferior das costas, minhas
coxas.
Então Hanh me fez rolar e fez o mesmo exame que Jocelyn fizera quando
pensei que estava grávida.
Finalmente, Hanh encontrou meus olhos com firmeza, depois apertou as
mãos.
Se você tivesse me perguntado há um mês se eu queria filhos, não teria
sido capaz de dar uma resposta direta.
Eu ainda não tinha certeza se estava pronta para me tornar mãe em breve,
mas enquanto observava o rosto de Hanh, eu tinha certeza de uma coisa.
Se descobrisse que eu era realmente infértil, seria um golpe devastador
diferente de tudo pelo que já passei.
Eu esperei, sem fôlego de antecipação.
Hanh pigarreou, parecendo nervoso.
"Sienna. Tenho boas notícias e más notícias... Quais você quer ouvir
primeiro?"
Capítulo 77 - Quando seu Veneno te
Contamina
Sienna
Domingo de manhã. Eu estava atrasada para encontrar Michelle, Charlotte
e Monica.
Era tradicional na semana após o Festival das Chamas que o companheiro
do Alfa visitasse as pessoas, abençoando suas velas e distribuindo doações.
Monica queria transmitir ao vivo.
Eu sabia como tudo isso era importante para Michelle, mas gostaria que ela
pudesse fazer isso sem mim.
E eu tive a sensação de que ela preferia fazer isso sem mim de qualquer
maneira.
Depois da minha sessão com Hanh na noite anterior, foi difícil me
controlar.
Eles esperaram por mim na Casa da Matilha, a ponta do sapato de Michelle
batia na calçada de tijolos do lado de fora.
Eu estava usando uma roupa feita pela Selene: uma jaqueta de cashmere
azul-cobalto sobre calças de seda preta.
Por fora, parecia elegante e equilibrada.
Por dentro, eu mal estava me segurando.
O que eu queria era estar enrolada no meu sofá em casa com um café,
assistindo Loboflix.
Ou deitada na cama ao lado de Aiden, com suas mãos gentis acariciando
minha pele.
Apenas acabe com isso, Sienna. Tudo isso acabará em algumas semanas, e a vida
voltará ao normal.
Seja lá o que normal significasse àquela altura.
Tentei deixar minhas preocupações no fundo da minha mente.
Hora de ser a graciosa companheira do Alfa que todos esperam que eu seja.
Josh
Aiden passou a noite no motel, insistindo em examinar a lama.
Eu mal dormi. Estava tão cansado de dormir sozinho em camas estranhas.
Fazia muito tempo desde que eu tinha visto Michelle, desde que senti os
lábios da minha companheira contra os meus. Mandávamos mensagens de
texto constantemente, mas não era a mesma coisa.
Eu sabia que ela estava chateada por eu tê-la deixado enquanto ela estava
fazendo o reality show, e eu estava tentando me sentir culpado por isso.
Mas não entendia por que ninguém parecia levar essa investigação de
Konstantin tão a sério quanto eu.
Naquela noite, sonhei com meu pai.
Certa vez, quando estávamos em uma longa viagem, perguntei se poderia ir
ao banheiro.
Meu pai — com uma garrafa de Bourbon firmemente presa entre suas
coxas — me disse para esperar.
Quando comecei a chorar, ele me chamou de bebê. Quando eu não parei,
ele pisou no freio, me arrastou para a rodovia e me deixou lá.
Ele finalmente voltou para me buscar uma hora depois.
Eu tinha quatro anos na época.
Mas em meu sonho, tudo que me lembrava eram as lanternas traseiras
vermelhas desaparecendo na distância e um profundo sentimento de
abandono.
Quando meu alarme finalmente tocou, a primeira coisa que fiz foi dar um
gole no frasco na minha mesa de cabeceira.
Tomamos café da manhã em um café drive-thru. Eu dirigi e Aiden segurou
a garrafa com a lama preta em seu colo, observando-a escorrer.
Depois de dirigir pela cidade por horas, ele encolheu os ombros.
"Você está certo, não funciona assim", disse ele.
"Eu te disse."
"Leve-me de volta para o meu carro."
Suprimindo um suspiro irritado, obedeci.
Saímos no estacionamento do motel e Aiden ergueu a garrafa. "Vou levar
para casa, Josh. Vou tentar colocá-la em uma bússola e ver se é mais eficaz."
Eu levantei minhas mãos. "Tudo bem, Aiden. Faça o que quiser, você é o
Alfa."
Ele ergueu uma sobrancelha com o meu tom, mas eu não estava
arrependido. Ele estava me excluindo desta investigação desde o início.
Aiden me deu um sorriso de lábios apertados e depois se dirigiu para seu
Beamer.
Eu o observei ir embora.
Em seguida, fui para o meu quarto de motel.
Com mais uma rápida olhada no estacionamento apenas para ter certeza de
que ele tinha ido embora, fui até a cômoda.
Dentro, havia uma garrafa de gosma preta.
A verdadeira lama.
Obrigado por me avisar o que eu estava fazendo de errado, falei para Aiden em
pensamento.
Precisava entrar em algo mecânico. Algo que pudesse encantar.
Uma bússola parecia a escolha mais lógica, mas eu não tinha uma bússola.
A coisa mais próxima disso foi o relógio chique que Michelle me deu.
Com cuidado, tirei o relógio e o coloquei na cômoda.
Tirando a tampa da lama, eu derramei lentamente no mostrador do relógio,
esperando não estar apenas desperdiçando o material.
Mas não aconteceu nada, além de deixar o relógio cheirando a vampyro.
Se eu acabasse tendo que levar o Rolex para uma limpeza ...
Prendi minha respiração.
A substância parecida com alcatrão escorregou como óleo fino para o
visor do relógio, como se fosse senciente.
Fiquei olhando intensamente enquanto ela preenchia o relógio e então
recuei para que os pequenos mostradores ainda estivessem visíveis.
E então, todos eles começaram a se virar.
Eu encarei o relógio.
Tinha funcionado.
Eu girei com o relógio, andando em círculo, e os ponteiros começaram a
girar.
Eu circulei até que eu estava de frente para a janela.
As flechas pararam de se mover e permaneceram fixas.
Eles apontaram para onde o sol estava apenas começando sua descida no
horizonte.
Oeste.
Konstantin estava em algum lugar a oeste.
Agora que eu sabia, iria encontrá-lo.
E iria matá-lo.
Nina
Encontrei Jocelyn escondida em um jardim lateral, embrulhada em um
casaco pesado.
"Jocelyn, por favor."
Como antes, ela se virou.
Eu sabia desde o dia em que ela me escondeu em seu armário que ela ainda
me amava.
Mas ela se recusou a atender sua porta sempre que eu ia falar com ela.
Ontem à noite foi a primeira vez que ela veio ao refeitório para uma
refeição, e eu consegui não estar no turno. Eu estava furiosa comigo mesma.
As pessoas na cozinha fofocavam sobre os pacientes no retiro, então eu
ouvi sobre isso.
Todo mundo estava dizendo que ela não estava comendo. Que ela havia
perdido a vontade de viver junto com suas habilidades de cura.
Eu tinha que dizer alguma coisa. Para compartilhar sua dor. Mesmo que ela
não quisesse nada comigo. Eu precisava de uma chance para explicar.
Então, eu a rastreei naquela tarde. E eu estava determinada a fazê-la me
ouvir.
"Jocelyn, eu não queria que isso acontecesse", eu disse a ela enquanto ela
me encarava.
Mesmo muito magra, muito pálida — ela era linda.
Eu persistia: "Eu — eu queria estar perto de você — o mais próximo que
eu pudesse, sem estar em território da MCL, então escolhi este lugar...
consegui um emprego. Mas nunca pensei que você acabaria aqui também..."
Jocelyn fez um barulho de escárnio e se virou de costas para mim.
"Jocelyn, você tem que começar a comer. As pessoas estão dizendo que
você não está mais curando como deveria."
A jaqueta jeans que eu estava usando era inútil no frio do Kansas.
"Me desculpe, Jocelyn. Eu não consigo entender o que você está passando,
mas eu só... Eu quero te ajudar", eu disse, estendendo a mão para tocar seu
ombro.
Ela o puxou para longe.
Continuei: "Por favor, acredite em mim. Eu nunca quis te machucar. Eu
sou um lixo, eu sei disso. Você não merece nenhuma dor que eu causei a
você."
"Você desapareceu! " ela disse finalmente.
Meu coração deu um pulo.
"Eu sei", eu disse suavemente. "Quando vi que a batalha estava quase
acabando... e você ia ficar bem..."
"Você saiu ", Jocelyn terminou por mim.
"Eu estava com medo do que o Alfa faria comigo."
Jocelyn se virou para olhar para mim. "Você ajudou contra Konstantin. Ele
teria te perdoado."
"Ele acha que eu tentei matar sua companheira, Jocelyn, ele não vai
simplesmente ignorar isso."
Jocelyn balançou a cabeça, virando-se novamente. "Você nem disse adeus."
Eu respirei fundo.
"Nem deixou um bilhete", Jocelyn continuou, aborrecida. "Nem um e-
mail."
Eu balancei minha cabeça. "Eu não poderia. Ele teria me rastreado."
"Com um bilhete?" Jocelyn zombou.
"Não tive tempo para escrever um bilhete! " Eu disse, implorando. "Tive
de fugir, Joce. Eu sinto muito!"
Jocelyn me lançou outro olhar.
A dor em seus olhos quebrou meu coração.
"O problema é, Nina, você mentiu para mim desde o início."
Assentindo, eu lancei meus olhos para baixo. "Eu sei."
"Você brincou comigo. " Meu rosto disparou e eu balancei minha cabeça
vigorosamente. "Jocelyn, não! Eu nunca fingi nenhum sentimento — tudo
aquilo foi de verdade."
A boca de Jocelyn se torceu com amargura. "Como posso acreditar em
qualquer coisa que você diz, Nina? Você mentiu. Várias vezes."
Eu me abracei. Seu olhar estava mais frio do que o ar gelado.
"E agora você está aqui e quer que eu acredite que é algum tipo de
coincidência?"
"Eu... não sei... ", eu travei.
No fundo do meu coração, a verdade era que não achei que fosse uma
coincidência.
Por trás do velho cinismo que ainda vivia dentro de mim, mesmo depois
de todas as coisas que aconteceram, uma nova crença foi crescendo.
Não foi por acaso que vim a este lugar, de todas as localizações possíveis
que eu poderia ter escolhido ao longo da fronteira da MCL.
Talvez tenha sido obra de alguma divindade.
Talvez tenha sido o destino.
Mas eu deveria estar aqui quando Jocelyn chegasse.
Eu a machuquei muito.
E agora ela não estava comendo. Não estava curando.
Eu não achava que merecia estar com ela — eu a machuquei.
Mas talvez eu estivesse aqui para ajudá-la.
Para ter certeza de que ela se recuperou.
"Jocelyn, você tem todo o direito de estar com raiva. De me odiar", eu
disse.
Ela estremeceu e desviou o olhar.
"Mas estou aqui agora", eu disse.
Seus ombros ficaram tensos.
"Vou garantir que você melhore", eu disse.
Houve uma longa pausa e então ela começou a se afastar.
Mas ela parou e olhou para trás uma vez.
"Você não pode me ajudar, Nina. Você é tóxica."
Sienna
Passamos o dia todo indo de casa em casa, com Monica fazendo streaming
ao vivo em trechos.
Michelle olhava o Latter toda vez que íamos para o próximo lugar. Às
vezes, ela parecia satisfeita, lendo um latido enquanto a limusine nos levava
para o próximo local.
"'Michelle Daniels está deslumbrante como de costume em seu casaco de
espinha de peixe Yves St. Laurent'", ela leu. "Esse é do 'Olho para a Moda'".
Mais tarde: "'Tão impressionado com a renovação desta tradição de
doações. Um passarinho me contou que toda a ideia do Festival da Chama veio
de Michelle Daniels. Esse é do Etienne Tremblay. Ele é o Alfa da Matilha do
Canadá."
Ela parecia tão emocionada que melhorou um pouco meu humor.
Eu nunca teria imaginado que nosso Festival da Chama e esta turnê de
bênçãos de velas, entre todas as coisas, seria tão popular, mas as pessoas
estavam adorando.
Eles não pareciam se cansar.
Mas depois da sétima visita, eu estava farta de sorrir para a câmera e
conversar com estranhos.
Quando meu celular tocou, eu cambaleei para pegá-lo com gratidão.

Aiden: oi amor, voltei de Winston-Salem Sienna: (emoji de


carinha com olhos de coração) Aiden: quer me encontrar
para jantar no Dogstar?
Aiden: tô morrendo de vontade de comer um hambúrguer
Sienna: sim, podemos nos encontrar agora?
Sienna: jantar mais cedo?
Aiden: claro
Aiden: está tudo bem?
Sienna: mais ou menos
Aiden: que foi?
Sienna: Não quero falar sobre isso por mensagem de texto
Aiden: agora estou preocupado Sienna: Conto quando te ver
Aiden: Sienna, eu vou ficar maluco Aiden: Me dê uma ideia.
Sienna: Hanh me examinou. Eu tenho notícias.
Capítulo 78 – Museu Jalwitz
Aiden
Eu estava parado na frente do Dogstar quando a limusine parou e Sienna
saiu.
Ela acenou para os outros clientes e se endireitou, de frente para mim.
Felizmente, não havia uma câmera ou jornalista à vista.
Eu agarrei suas mãos no segundo que a limusine saiu de vista. "Diga-me o
que está errado agora, Sienna. Não me faça esperar mais um segundo. " Ela
balançou a cabeça. "Me desculpe, eu te preocupei. Não é grande coisa. Bem,
quero dizer. É meio que..."
"Sienna? " Eu estava ficando realmente preocupado agora.
"Podemos entrar? Está frio."
Segurei sua mão quando entramos na lanchonete. Seus dedos estavam
como gelo.
Eu os esfreguei entre minhas mãos, me culpando por abandoná-la
novamente.
E por nada. A lama estúpida acabou sendo um beco sem saída.
O anfitrião nos levou a uma cabine e eu deslizei ao lado de Sienna.
Ela olhou para mim e depois desviou o olhar.
Com um esforço de vontade, não a pressionei. Apenas esperei.
Ela deslizou seus dedos nos meus, observando nossas mãos se
entrelaçarem enquanto ela o fazia.
"Então eu tive um... problema.. outro dia. No Festival."
Eu mantive minha boca fechada, ouvindo.
"Eu saí para tomar um pouco de ar. Eu precisava de uma pausa. " Sienna
manteve os olhos na mesa.
"E pensei que talvez uma corrida ajudasse, mas quando tentei me
transformar... não consegui."
Eu pisquei. "Não conseguiu?"
Ela acenou com a cabeça e encontrou meus olhos. "Mas Hanh disse que
está tudo bem. É apenas temporário — por causa do estresse e tudo. Do
ataque. É como... um pequeno estresse pós-traumático."
Meu coração apertou. Aquele vampyro desgraçado vai pagar por isso.
Eu rasgaria aquele desgraçado membro por membro pelo que ele fez à
minha companheira.
Sienna respirou fundo. "Mas não foi só isso que ele descobriu."
A raiva estava crescendo em minhas veias, mas com suas palavras, fiz uma
pausa.
"Sua mãe comentou sobre como as pessoas engravidam durante a Bruma.
E então Michelle meio que continuou, e comecei a ficar nervosa, porque quero
dizer... estamos sexualmente ativos..."
Ela ainda não estava encontrando meus olhos.
"E você pediu a Hanh para ver por que você não está grávida? " Imaginei.
Com um aceno lento, ela disse: "Sim."
"E o que ele descobriu?"
"Isso é o que é mais preocupante", disse Sienna.
"O quê?"
Sienna engoliu em seco e ergueu seus lindos olhos azuis claros para
encontrar os meus. "Há uma chance de eu ser infértil."
Josh
Tomando goles de meu cantil de uísque, dirigi para o oeste, através da
floresta Cherokee até Knoxville.
Os ponteiros do meu Rolex me levaram ao Museu de História de Jalwitz.
Passei por ele primeiro, mas os ponteiros me fizeram voltar.
Quando cheguei no estacionamento, eles começaram a girar em todas as
direções, não apontando mais para nenhum lugar específico.
Eu havia chegado.
Konstantin estava ali.
Michelle, eu o encontrei.
Aiden pensou que eu não conseguiria, mas eu consegui.
E agora vou matá-lo.
Para você, meu amor.
A adrenalina me encheu.
Minhas garras ameaçaram explodir de meus dedos.
Minhas presas empurraram contra meus lábios.
O desejo de me transformar me dominou. Para entrar no museu e destruir
tudo em meu caminho.
Quando deixei o Bronco no estacionamento e me aproximei do museu,
minha testa franziu de preocupação.
Eu esperava que as janelas estivessem escuras — era tarde da noite de
domingo, afinal.
Mas, o que eu não esperava ver era uma fita de cena de crime.
Ela cercava o prédio e cruzava a porta da frente.
O Konstantin está se escondendo em um museu que é uma cena de crime?
Mesmo com o uísque enevoando meu cérebro, isso não parecia certo para
mim.
Eu considerei ligar para Aiden.
A situação era muito estranha. Algo estava errado.
O relógio me trouxe aqui.
Devia significar que Konstantin estava lá dentro.
Talvez ele já tivesse machucado alguém.
Talvez quando os policiais responderam a uma chamada de emergência,
Konstantin se escondeu em algum lugar do museu.
Enquanto eu pensava no que fazer, lembrei-me da dor e do sofrimento de
ver Michelle no hospital — lutando por sua vida.
Eu quase a perdi.
Essa coisa quase a tirou de mim.
Minha raiva começou a disparar.
Já chega. Eu vou lá.
Eu iria descobrir onde aquele bastardo estava se escondendo.
Eu me certificaria de que ele nunca machucasse ninguém novamente.
Sienna
Não conversamos muito quando a comida chegou.
Nenhum de nós sabia exatamente o que dizer.
Aiden recostou-se na cabine. Ele cruzou as mãos sobre a mesa.
"Sienna, não importa o que Hanh disse, você sabe que eu te amo — eu sou
o homem mais sortudo do mundo por estar acasalado com você."
Mas ele não entendeu.
"Eu sou a mulher mais sortuda do mundo por estar acasalada com você,
mas se eu sou infértil, isso é um problema grave", eu disse, com lágrimas na
garganta.
Aiden balançou a cabeça, enxugando a boca.
"Tudo isso, o show, o festival... parte de mim estava tentando mostrar que
tinha virado uma nova página. Que eu era madura o suficiente para ser a
companheira do Alfa."
Aiden encontrou meus olhos e ergueu as sobrancelhas interrogativamente.
"A imprensa. As tradições. Tenho sido resistente."
"Então é por isso que você entrou nessa onda insana? É por isso que você
ligou para minha mãe?"
"Isso foi parcialmente ideia da Monica, " eu admiti. "E não foi só por causa
disso. Eu também estava tentando cuidar de Michelle. Mas acho que foi um
erro. Ela não me quer lá."
Aiden suspirou. — "Sienna, foda-se esse programa idiota. E quanto ao que
Hanh disse, eu não acredito nem por um segundo."
"Mas e se for verdade? E se eu não puder ter filhos? Não puder fornecer
herdeiros para a Matilha. Você pode imaginar o que as pessoas vão dizer?"
"Desde quando você se importa com o que as pessoas dizem? " Aiden
perguntou com um olhar sério.
"Desde que eles começaram a observar cada movimento que eu faço!"
Pensando bem, eu sabia que costumava ser mais confiante em contrariar o
sistema. Eu mantive minha virgindade por anos — através de todas as Brumas
— apesar das expectativas de todos.
Mas também escondi a verdade disso.
"O mundo inteiro está me observando", confessei. "E agora vou
decepcionar todo mundo. Vou falhar na única coisa que a companheira do
Alfa precisa fazer acima de tudo! Procriar os herdeiros do Alfa."
"Tudo bem, relaxa, Ana Bolena. Vamos com calma", disse Aiden, jogando
algumas notas sobre a mesa. "Vamos sair daqui. Dar uma volta."
Abandonamos nossos hambúrgueres comidos pela metade e saímos do
restaurante.
Aiden pegou minha mão e me levou para os caminhos sinuosos e
arborizados do Mahiganote City Park.
— Sienna, não sabemos se Hanh está certo, não é? Afinal, ele é apenas o
assistente de Jocelyn. Suas habilidades não são nem de longe tão poderosas
quanto as de Jocelyn são."
Como as de Jocelyn eram, eu percebi.
Meu coração se apertou de dor pela minha amiga. Eu não conseguia
imaginar o que ela estava passando.
Mas Aiden tinha razão. Hanh era um curandeiro dedicado, mas não era tão
talentoso quanto Jocelyn.
"Não", eu admiti enquanto observava a cena congelada. A neve caía no
chão em manchas de gelo.
"E se no fim das contas nós formos inférteis..."
Seu uso de "nós" tocou meu coração.
"Vamos enfrentar isso. Juntos."
Mas embora ele só estivesse dizendo verdades, eu não podia suportar.
Eu me afastei, encarando-o novamente.
"Está tudo errado! " Eu exclamei. "Eu sou um erro! Você merece alguém
muito melhor!"
Os olhos de Aiden escureceram e ele agarrou meus braços, puxando-me
para ele em um beijo forte.
"Nunca diga isso! " ele sussurrou rispidamente contra meus lábios.
Ele me beijou de novo e, embora a Bruma de inverno tivesse terminado,
meu corpo acendeu de desejo.
Cravei minhas unhas em seus ombros, beijando-o de volta, meus lábios
exigiam mais.
Ele pressionou minhas costas contra uma árvore, minha jaqueta de
casimira grossa o suficiente para me proteger da casca áspera.
Mas naquele momento, eu queria mais.
Eu queria sentir tudo. Nenhuma gentileza de Aiden. Nenhuma de suas
carícias ternas.
Eu estava com tanta raiva de mim mesma.
Eu queria um castigo.
Mordendo seus lábios, eu o provoquei, provoquei ele.
Aiden sorriu e fez um ruído baixo rosnando em sua garganta.
Sua mão mergulhou em minha calça de seda, os dedos empurrando minha
calcinha.
Eu estava molhada para ele e queria que ele me comesse — bem ali.
Sem me importar que o chão estava frio, com aquelas pequenas pilhas de
neve cercando a base das árvores, eu o arrastei para baixo em cima de mim,
abrindo seu casaco e a camisa por baixo.
As calças soltas amontoaram-se enquanto as mãos de Aiden brincavam
com a minha calcinha.
Não era o suficiente. Eu queria mais.
Eu o libertei de sua calça jeans, envolvendo uma mão em torno de seu eixo
quente e duro. Então, em um movimento rápido, me abaixei, envolvendo meus
lábios em torno da ponta dele.
Aiden deixou escapar um suspiro de surpresa quando o tomei
profundamente.
Ele me empurrou de volta contra a terra dura e eu encontrei seus olhos.
Eles estavam escuros e tempestuosos.
Ele pegou meu humor e combinou minha própria agressão com paixão
sombria.
Suas mãos se transformaram em garras e ele rasgou a calcinha, jogando-a
de lado.
Então ele agarrou minhas coxas, as pontas afiadas de suas garras cravando
em minha pele.
Abrindo minhas pernas, com seus olhos escuros fixos nos meus, ele me
penetrou.
Era enorme. Sua circunferência me alargou como nunca.
Eu gritei, arqueando minhas costas, sem me importar com a neve em meu
cabelo.
Suas garras cravaram nas laterais das minhas coxas enquanto ele empurrava
para dentro de mim.
Ele gemeu, sua voz misturando-se aos meus gemidos enquanto estávamos
no cio, selvagens nas árvores geladas.
Liberando uma perna inteiramente da calça, dobrei-a, envolvi-a em torno
dele e o trouxe para mais perto.
Ele mergulhou mais fundo.
Um aperto dentro de mim trouxe outro gemido dele, e isso era tudo que eu
precisava.
Eu gozei, arqueando minhas costas novamente, agarrando seu peito, com
um grito saindo da minha garganta.
Seus quadris se moveram mais rápido, e um momento depois, ele engasgou
quando o senti jorrando em mim.
Seu corpo relaxou e ele passou os braços em volta de mim.
Mas mesmo quando o prazer em meu corpo desapareceu, parecia errado.
O que estou fazendo? Fugindo dos meus problemas, como sempre fiz.
Me permitindo esquecer como tudo está uma bagunça.
Eu sou um erro.
Eu me afastei dele.
As sobrancelhas de Aiden se juntaram em seu rosto preocupado.
Puxando minha calça, tentei pensar em algo para dizer, para tranquilizá-lo
de que nada estava errado, mas minha mente estava em branco.
Então meu celular tocou e olhei para o número.
Monica Birch.
Eu peguei. "Sim?"
"Sienna! Fiasco total! Meu cinegrafista idiota não conseguiu registrar uma
das visitas domiciliares. Temos que refazer tudo imediatamente para que possa
ir ao ar hoje à noite.
Olhando para Aiden, eu disse: "Estou no Parque Mahiganote. Venha me
buscar na entrada sul."
"Sienna... " disse Aiden, ainda sentado no chão seminu.
Eu terminei a ligação. "Sinto muito, Aiden. Tivemos um problema com o
programa. Te vejo em casa mais tarde, ok?"
"Sienna, você está bem? " Aiden perguntou.
Dei de ombros. "Não muito... Mas... eu não sei. Podemos falar mais sobre
isso mais tarde? Só não estou me sentindo muito..."
"Não precisa me explicar nada", ele disse, pegando minha mão de onde ele
estava sentado. "Só quando você estiver à vontade."
Meu coração deu um pulo. Foi muito importante ver que meu
companheiro não me pressionou.
Eu queria contar a ele naquele momento tudo o que eu estava passando,
mas não queria preocupá-lo mais do que já havia feito — pelo menos não
agora.
Melhorando a feição do meu rosto, inclinei-me e dei-lhe um beijo na testa.
"Estou bem. Vejo você mais tarde."
E eu fugi antes que ele pudesse ver as lágrimas brotando dos meus olhos.
Capítulo 79 – Você sabe quem eu sou?
Aiden
Quando Sienna voltou para casa depois de regravar com Monica e os
outros, ela estava quieta, mas por outro lado parecia bem.
Eu perguntei a ela várias vezes se ela estava bem — ou se ela queria
conversar — e eventualmente ela me lançou um olhar de "deixe isso pra lá",
então eu deixei passar.
Mas não pude deixar de sentir que estava fazendo algo errado.
Como se eu não fosse o companheiro de Sienna que ela precisava agora.
Porra, como vou saber o que um bom companheiro faria?
Meus pais preferem nunca mencionar seus sentimentos pessoais.
E eu nunca conheci Aaron e Jen como amigos...
A única coisa que eu sabia fazer era manter Sienna o mais próxima
possível.
Eu nunca deveria tê-la deixado por tanto tempo e não tinha intenção de
fazê-lo novamente.
Nós nos enrolamos juntos em nossa enorme cama de hotel e
adormecemos de conchinha.
Era uma das minhas coisas favoritas a fazer.
Mas quando acordei, percebi que o travesseiro de Sienna estava úmido,
como se ela tivesse chorado.
Meu coração apertou. Depois que conversamos ontem, eu esperava que ela
estivesse se sentindo melhor sobre a consulta com Hanh, mas claramente
aquilo a estava incomodando mais do que eu imaginava.
Sienna precisava de mim agora, e eu tinha que estar lá para ajudá-la.
Para protegê-la e mantê-la segura e feliz. Como um companheiro deveria
fazer.
Eu fui para a Casa da Matilha em busca do meu Beta.
Foi errado excluir Josh da investigação.
Sim, ele era volátil.
Sim, ele estava muito envolvido aquilo tudo.
Mas, colocando-me no lugar dele, percebi como ficaria chateado se alguém
tentasse se impedir de encontrar Konstantin.
Além disso, se Josh assumisse algumas das responsabilidades de encontrar
o vampyro, isso me daria um tempo muito necessário com minha
companheira.
Mas quando cheguei ao escritório de Josh, seu assistente Elijah disse: "Ele
ainda não chegou."
Minha sobrancelha franziu. Ele deveria ter voltado de Winston-Salem na
noite passada.
Talvez ele esteja dormindo?
A preocupação me incomodava, mas decidi dar a ele uma hora.
Nesse meio tempo, havia muito o que fazer — o trabalho se acumulou
enquanto eu me concentrava em encontrar Konstantin.
Por volta das dez horas, liguei para o escritório de Josh.
"Ainda não chegou", respondeu Elijah.
Minha boca ficou seca. Tive uma sensação terrível na boca do estômago.
"Ele disse a você onde estava indo?"
"Sinto muito, meu Alfa, ele não me disse.
Peguei meu celular.

Aiden: Josh, onde você está Aiden: Eu preciso falar com você
e temos coisas para fazer Aiden: Me ligue quando ler isso.

Eu olhei para o meu celular, mas Josh não respondeu.


Depois de um momento, tentei uma tática diferente.

Aiden: Oi, Michelle. Eu preciso falar com Josh. Você pode


dizer a ele para me ligar?
Michelle: …
Michelle: Você que saiu dirigindo pelo país inteiro com ele
Michelle: sei lá onde ele tá
Fiquei preocupado.
Onde é que você se meteu, Josh?
Sienna
Eu tinha bebido duas xícaras da pequena cafeteira do hotel, mas peguei
outra grande enquanto caminhava pelo centro da cidade em direção à minha
galeria.
Eu não tinha dormido muito na noite anterior.
Mesmo deitada na segurança quente dos braços de Aiden, eu não fui capaz
de conter as lágrimas que lentamente escorreram pelo meu rosto para o
travesseiro.
Eu me sentia exausta. Moída.
E, ao mesmo tempo, completamente ligada. Minhas mãos tremiam
enquanto seguravam o copo de papel.
A cafeína não estava ajudando. Joguei o copo meio cheio em uma lixeira
enquanto me aproximava da porta da minha galeria.
Eu não voltava ali há mais de uma semana.
Parte de mim queria ficar longe, mas eu estava desesperada.
Minha incapacidade de mudar, minha provável infertilidade, minhas falhas,
minha raiva interior...
Eu precisava encontrar uma maneira de processar tudo.
Coloque na tela.
Entrando, o cheiro familiar de lavanda e laranja doce das velas no balcão da
frente me cumprimentou.
Por um momento, meu coração saltou e a tensão em meus ombros
diminuiu.
Olhei em volta e localizei a série de pinturas art déco na parede sul que me
valeu aquela ligação de Miami.
Minha respiração ficou presa olhando para eles.
Eles eram bons.
Sem pensar, me aproximei. Meus olhos viajavam pelas linhas.
Não acredito que recusei aquela comissão.
Será que algum dia terei outra chance como aquela de novo?
Pressionei minhas mãos em minhas bochechas, esfregando os ossos do
meu rosto.
Meu cérebro parecia hiperativo, saltando descontroladamente de um
pensamento para outro.
Eu precisava encontrar uma maneira de pintar novamente. Eu não
aguentava todos esses sentimentos trancados dentro de mim.
Talvez se eu tentar um novo método.
Usar uma esponja em vez de um pincel.
Ou pastéis em vez de óleos.
Entrei em meu estúdio, não me permitindo hesitar, e marchei até o cavalete
com a tela em que apliquei um pouco de cor da última vez.
Eu a tirei e coloquei uma tela em branco em seu lugar.
Depois de olhar para a tela em branco com a mente igualmente em branco
por um minuto inteiro, deixei meus olhos vagarem.
Eles pararam na pintura que eu fiz de uma chupeta.
Era uma peça confusa e expressionista que surgiu depois do chá de bebê
de Selene — quando eu pensei que poderia estar grávida.
Na época em que Konstantin invadiu minha vida e manipulou minha
mente.
Estremeci, afastando-me da pintura.
Tudo parecia tão distante — eu tinha tanto medo de estar grávida. Agora eu
estava com medo de nunca ficar.
Foi necessária a ameaça de infertilidade para me fazer perceber o quanto eu
queria ser mãe.
Cravei minhas unhas em minhas palmas enquanto olhava para a tela em
branco.
Como posso pintar algo que expresse isso?
Oprimida pela gravidade de tudo isso, agarrei o frasco de gesso branco e
destampei, em seguida, joguei para o outro lado da sala.
Um respingo branco atingiu o chão e as paredes.
Gritei e derrubei o cavalete, depois pisei na tela, que se rasgou.
Perdendo todo o senso de controle, eu joguei tintas, pincéis, paletas.
Eu destruí meu estúdio, arrancando pinturas das paredes e jogando as
empilhadas no chão por todo o lugar.
Quando parecia que um furacão havia destruído a sala dos fundos, eu
finalmente parei.
Josh
Esperei até a lua brilhar e depois voltei para Jalwitz.
Bati na porta até que uma senhora idosa a abriu.
"Você não pode estar aqui", disse ela com uma carranca.
"Afaste-se", eu ordenei, passando por ela. "Estou aqui para tratar de
assuntos oficiais da MCL."
Ela gaguejou com indignação.
"O que há com a fita da cena do crime?"
"Houve um roubo! " ela exclamou. "A polícia não terminou a
investigação."
"Senhora, eu sou a polícia", eu disse, entrando no foyer.
"Você precisa sair imediatamente ou vou chamar a polícia", disse a velha.
Eu a dispensei e marchei para a próxima sala.
Nenhuma das luzes das caixas estava acesa, mas pude ver que esta sala era
dedicada à arte nativa americana.
O lado oposto da sala tinha sido feito para parecer feito de terra e pedra.
Acima da porta havia uma placa que dizia: Sepulturas em caixa de pedra.
A fita da cena do crime o cruzava.
Parei e examinei uma placa pendurada na altura dos olhos, perto da porta.
" Túmulos de caixa de pedra eram um método de sepultamento empregado pelos nativos
americanos da cultura do Mississippi, no meio-oeste e sudeste americanos..."
Uma sensação arrepiante formigou nas minhas costas quando entrei na
sala, esquivando-me da fita.
Eles desenterraram túmulos e os colocaram em caixas de vidro.
No caso mais próximo de mim, lajes de pedra foram dispostas em uma
caixa retangular no chão. O material no fundo da caixa parecia cerâmica
rachada.
Os ossos estavam dentro dela, dispostos em posição fetal, com pequenos
objetos ao lado deles: pontas de flechas, estatuetas e pérolas de água doce.
Eu não podia acreditar que eles desenterraram os locais de descanso das
pessoas e os colocaram sob um vidro naquele museu.
Foi assustador.
O que era pior, uma das caixas havia sido destruída.
Aproximei-me lentamente, esfregando meus polegares contra meus dedos,
me sentindo enjoado.
Ao olhar para dentro, pude perceber imediatamente o que estava faltando.
Isso definitivamente não pode ser bom.
O som das sirenes ficou mais próximo quando cobri minha boca com a
mão.
***

Horas depois, eu estava rangendo os dentes e ansioso para quebrar as


malditas portas.
Eu não tinha tempo para essa merda.
Konstantin estava tramando algo.
E eu tinha que descobrir o que era.
Mas é claro que isso teria que esperar.
Aquela ressaca foi uma merda. Eu estremeci na cama de estrado fino.
Fiquei o mais imóvel possível, esperando que finalmente tivesse terminado
de vomitar no banheiro de alumínio que ficava em um canto.
Sinto muito, Michelle.
Eu não deveria estar aqui.
Eu deveria estar em casa com você. Com meu corpo enrolado em torno do seu.
Mas não. Em vez disso, eu estava em uma cela imunda que cheirava a
décadas de urina derramada.
"Ei, carcereiro, quero fazer minha ligação! " Eu gritei.
Capítulo 80 - Santa Sienna
Josh
Eu sabia que era apenas uma questão de tempo antes que alguém
aparecesse para me tirar daquele lugar.
Então, eu estava preparado quando acordei para ver Jeremy me encarando
através das barras de metal.
"E aí, cara? " Eu disse timidamente.
"Pegue suas coisas. Tenho que falar com o juiz e depois vamos embora."
Suas palavras foram diretas e concisas. Para um cara tão frio como Jeremy,
isso significava que ele estava chateado.
Eu não estava com humor para discutir com ele. Eu senti como se alguém
tivesse cagado em meu cérebro.
"Tá, pode deixar", eu disse, me levantando e tentando ignorar a náusea que
só aumentava.
Jeremy se afastou e, um momento depois, ouvi o som das portas de
segurança sendo abertas e fechadas.
Então ouvi o clique de saltos altos no concreto.
Michelle apareceu.
Ela parecia cansada e pálida, seu cabelo castanho puxado para trás em um
coque bagunçado e seu rosto sem maquiagem.
Aquela era a verdadeira Michelle. A pessoa esperançosa, bonita e solitária
que tão poucas pessoas conheceram.
E pude ver em seus olhos que a tinha machucado.
Minha cabeça tombou.
"O que você está fazendo na prisão, Josh? " ela perguntou baixinho.
Eu já tinha ouvido essa pergunta antes. Mas dos lábios da minha mãe em
vez dos da minha companheira.
Por que você estava na prisão de novo, Carl? Ela dizia ao meu pai todas as noites
em que ele voltava do bar para casa.
Por que você não pode simplesmente controlar seu temperamento?
Você não é um companheiro, mas sim um bêbado inútil.
Isso tinha sido antes de ela deixá-lo. Deixar-nos.
Eu não poderia deixar isso acontecer. Eu tinha que tentar explicar.
"Konstantin. Eu fui matá-lo."
"Então você invade um museu de história e apavora uma velha maluca? "
ela perguntou em descrença.
"Mas ele deveria estar lá! " Eu insisti.
E ele estava lá pensei. Acabei chegando tarde demais.
De novo.
Michelle suspirou com cansaço. "Desculpe, Josh, mas você tem que me
ajudar. Eu entendo que você está tentando encontrar Konstantin. Mas o que te
fez pensar que ele estava em um museu no Tennessee?"
"Porque eu..." eu hesitei.
Devo contar a minha companheira sobre a lama?
Se ela soubesse que poderíamos rastrear o vampyro, isso poderia ajudá-la a
dormir melhor à noite.
Mas, por mais que eu amasse Michelle, tinha que admitir que ela não era a
melhor em guardar segredos.
E se ela acidentalmente tagarelasse sobre a lama, eu estaria em uma merda
ainda mais profunda do que já estava.
"Eu... recebi uma dica de uma fonte anônima. Eles deixaram uma
mensagem em meu escritório."
"Parece uma pista muito frágil", disse ela.
"E daí! " Eu chorei, avançando para envolver minhas mãos em torno das
barras.
Michelle colocou as mãos sobre as minhas e minha pele estremeceu com o
toque.
"Eu não me importo quão frágil seja uma pista, quão desesperado eu
esteja. Farei o que for preciso para encontrar Konstantin, entendeu? " Eu
podia ouvir minha voz ficando mais alta, mais desesperada, mas não me
importei.
"Michelle, você quase morreu", eu disse, estendendo a mão para acariciar
sua bochecha manchada de lágrimas. "Eu não posso parar. Eu não posso
desistir. Não até eu saber que ele está morto."
Ela acenou com a cabeça contra a minha palma.
"Obrigada, " ela sussurrou.
"Me desculpe, eu não tenho sido presente. Sinto muito por toda essa
bagunça", eu disse.
"Está tudo bem", disse ela. Eu podia ouvir a mentira em sua voz. "Na
verdade, estou me saindo muito melhor."
"As coisas vão melhorar", prometi a ela. "Mas primeiro, temos que matar
Konstantin."
"Mas você não pode continuar parando na prisão! " ela insistiu. "Aiden está
furioso".
"Deixe-o ficar furioso. Ele não levou nada disso a sério desde o primeiro
dia."
Só então, eu ouvi o som da porta de segurança se abrindo e depois se
fechando.
"Jeremy está voltando", disse Michelle.
Eu apertei a mão dela.
"Vamos sair desse buraco."

Michelle: ei Si Michelle: Monica quer que façamos mais alguns


takes Michelle: eu sei, meio tarde demais Michelle: Si?

Sentada na minha cama em casa, esperei, mas Sienna não respondeu


minhas mensagens.
Monica ligou de novo e eu deixei cair na caixa postal.
Não tive vontade de falar com ela. Ela ainda estava tentando me fazer dizer
para onde eu tinha ido no início daquela manhã.
Mas eu não tinha intenção de admitir que estava tirando meu companheiro
da prisão.
Ou que eu adormeci em cima das cobertas na noite passada, depois de
chorar por horas.
Isso não seria muito adequado para a câmera, seria?

Michelle: ei pessoal, vocês viram ou ouviram falar da Sienna?


Mia: não, mas também, estou 100% do tempo com o bebê
Erica: Não vejo Sienna desde o festival Michelle: ela não está
respondendo minhas mensagens Erica: você estava
mandando mensagem para ela sobre o programa?
Michelle:...
Michelle: sim Erica: (emoji de boneca com as mão pro alto)
Michelle: o que você quer dizer Erica: ah qual é, mich Erica:
você sabe Michelle: eu não sei Michelle: o que Erica: Sienna
não está gostando muito de fazer o programa, Michelle. Eu
não acredito que você realmente não sabe disso.

Eu olhei para o meu celular com cara de decepção.


Se Sienna está tão determinada a não se divertir, o que ela ainda está fazendo no
programa?
Ela não entende o quão sortuda ela é? Todo mundo a ama, sendo que ela nem está
fazendo nada.
Monica só sabia puxar o saco dela.
Todo mundo nas redes sociais estava distribuindo elogios a ela.
Como Sienna não gostava disso?
Porque é tudo apenas uma atuação. Nada disso realmente significa absolutamente nada.
Estremeci, tentando me livrar dos sentimentos de dúvida que vinham
crescendo em mim desde o Festival das Chamas.
Não.
Essa era minha chance.
Mas, como de costume, Sienna estava no meu caminho.
Ela não merecia. Não merecia nada daquilo.
Michelle: se ela não gosta, por que ela está fazendo Erica: o
meu deus (emoji de olhos virando) Mia: Ela estava
preocupada com você, Michelle Michelle:???
Mia: você vai mesmo se fazer de idiota?
Erica: você acordou da porra de um COMA e disse "então,
quero ser famosa"
Mia: Ela estava preocupada com você, Michelle Erica: então
ela aceitou Erica: porque ela te ama Erica: belo jeito de
retribuir
Com um suspiro, joguei meu celular de lado.
Por baixo da minha irritação, senti uma pontada de preocupação.
Eu estava tão focada no programa, em garantir que eu ficasse bem para as
câmeras, que disse algumas coisas terríveis.
Liguei para o celular de Sienna e, como ela não atendeu, tentei seu hotel
sem sucesso.
Talvez ela esteja em sua galeria.
Eu saí.
***

Quando cheguei à galeria dela, a placa dizia "Fechado", mas a porta estava
destrancada.
Um formigamento inquieto rastejou sobre minhas costas quando entrei.
"Sienna? " Chamei.
Sem resposta. Eu entrei no local, olhando ao redor.
Tudo parecia normal. Imperturbável.
Eu ouvi um barulho vindo do fundo da galeria.
Por um momento, eu congelei, uma imagem de olhos vermelhos piscando
em minha mente.
Minha respiração acelerou e meu coração martelou no meu peito.
Merda.
"Michelle?"
Era Sienna.
Ela veio pela porta da sala dos fundos.
Ela estava um caco.
Maquiagem arruinada por lágrimas, cabelo meio amarrado para trás, camisa
respingada de tinta.
"Meu deus, Si", eu disse.
Ela tropeçou em minha direção e eu fui até ela, estendendo os braços.
Ela caiu sobre eles, soluçando.
"O que aconteceu? " Eu perguntei, ainda alarmada. "Alguém te
machucou?"
Ela balançou a cabeça. "Eu sou um lixo. O maior lixo de todos."
Não importa o quão confusos meus sentimentos em relação a Sienna
estivessem, eu não poderia simplesmente deixá-la sozinha e chateada assim.
"Bem, isso eu posso consertar", eu disse, engatando a marcha.
Eu a levei até o banheiro e a ajudei a lavar o rosto.
Eu tinha maquiagem e uma escova de cabelo e comecei a arrumá-la.
"Não podemos deixar você com uma aparência tão assustadora" eu
murmurei enquanto trabalhava.
Sienna sentou-se docilmente, deixando-me limpá-la.
"Ventou pra caramba hoje, né...? " Eu brinquei.
"Não, " ela disse, sua voz suave. "Eu só... meio que perdi minha calma por
um tempo. Eu estava... frustrada com minha pintura."
Eu dei a ela um aceno de cabeça enquanto passei o corretivo ao redor de
seus olhos. "Você e seu temperamento artístico."
"Sim", disse ela com um sorriso fraco.
Recostei-me e olhei para minha obra. "Muito melhor" eu disse, então
peguei suas duas mãos e as apertei.
Ela olhou para mim; seus olhos estavam brilhantes, mas seu rosto estava
em branco.
"Você tem que deixar tudo para trás, Si", eu disse.
A última coisa que eu queria fazer era falar sobre o que aconteceu.
Mas ela realmente precisava se recompor.
"Acabou. Ficou tudo para trás", eu disse a ela.
"Não consigo dormir à noite", confessou ela, com a voz trêmula. "Cada
vez que fecho os olhos, tudo o que vejo são..."
"Olhos vermelhos", eu terminei por ela.
Não pense nisso. Não pense nisso.
Meu pulso estava acelerado.
"Você tem o mesmo sonho? " Sienna perguntou, surpresa.
"Não como... de uma forma psíquica ou algo assim", eu disse, tentando rir
disso.
Mas então eu balancei a cabeça. "Mas sempre sinto que alguém está me
observando."
Então eu me cerco de câmeras. Pelo menos eu sei que as pessoas estão assistindo.
Mas eu não poderia dizer isso. Realmente não podia admitir que fosse
verdade.
"Você realmente acha que Josh e Aiden vão pegá-lo? " ela perguntou, sua
voz baixa.
Eu balancei a cabeça com firmeza. Foi a única coisa que pude fazer. "Claro
que vão."
Sienna desviou o olhar.
Eu dei um pequeno aperto em sua mão. "Agora, vamos. Vamos almoçar.
Aposto que você está morrendo de fome depois de toda essa — arte."
"Claro", disse ela, voltando-se para mim com um sorriso. "Obrigada,
Michelle."
"O prazer é meu", eu disse.
Jocelyn
Depois da cena com Nina no jardim, ela se afastou.
O que era bom. Era o que eu queria.
Mas quando eu a vi alguns dias depois, parecendo totalmente abatida
enquanto ela estava sentada sozinha no refeitório, meus pés agiram por conta
própria.
Eu me sentei ao lado dela.
Os olhos de Nina se ergueram e se arregalaram de surpresa.
Não dissemos nada. Peguei a comida no meu prato, mas, como sempre,
estava sem apetite.
Nina tirou um pedaço de torrada de seu prato e colocou algumas fatias de
abacate por cima.
"Aqui. Coma. Seja millennial."
Meus lábios se curvaram em um sorriso. "Está forçando a barra, não
acha?"
Eu olhei para ela, querendo muito cair em seus braços e perdoá-la por
tudo.
"Desculpas são como perder a virgindade ", brincou Nina. "Tem hora e
lugar certos."
Minha boca se curvou. "Acho que sim."
Levei a torrada à boca e dei uma mordida.
"Não é ruim", eu admiti.
"Bom. Coma. Você fica nervosa quando está com fome."
"Eu não!"
Nina ergueu uma sobrancelha e eu sorri. "Tudo bem, talvez às vezes. Um
pouco."
"Tipo 'Se eu não comer pizza nos próximos cinco minutos, vou queimar
essa mulher'."
"Cale a boca", eu disse, mas eu estava sorrindo completamente.
Suspirei profundamente, sentindo um peso ser retirado de meus ombros.
"Eu senti falta disso", admiti.
A máscara sarcástica de Nina desmoronou e sua boca torceu para o lado.
"Eu também", ela murmurou, estendendo a mão para colocar sua mão na
minha.
Deixei lá e dei outra grande mordida na torrada.
Aiden
Depois de saber que Josh tinha acabado na prisão, eu estava pronto para
seguir em frente na investigação sem ele.
No entanto, só naquela noite tive tempo para fazer isso.
"E isso? " Sienna perguntou sem fôlego. Ela estava empoleirada na minha
mesa, nervosamente observando a garrafa de lama como se ela pudesse pular e
atacá-la.
O que, pelo que sabíamos, poderia.
"Sim. Afaste-se", eu disse a ela enquanto destampava a garrafa.
Nós dois congelamos em antecipação, mas nada aconteceu.
Sienna soltou um suspiro.
"Ok, vamos ver o que essas coisas podem fazer", eu disse.
Pegando uma pequena bússola, derramei a gosma preta sobre a superfície.
Então esperamos.
Não fez nada — apenas cobriu a bússola com sujeira.
"O que deveria acontecer? " Sienna perguntou, chegando mais perto.
"Eu pensei que apontaria para a localização de Konstantin."
"Talvez só precise de algum tempo para funcionar?"
Então esperamos.
Cada um de nós orando ansiosamente para que os ponteiros começassem a
girar.
Dez minutos se passaram.
Vinte.
Nada.
O ponteiro ficou apontando na mesma direção: norte.
A menos que Konstantin esteja no norte?
Mas nada aconteceu. Nenhuma indicação de que a lama teve qualquer
efeito na bússola.
Com um suspiro, recostei-me na cadeira.
"Podemos tentar com outra bússola? Ou com... um GPS ou algo assim? "
Sienna perguntou, vindo se sentar na cadeira ao meu lado.
Peguei sua mão e esfreguei contra minha bochecha.
"Não sei. Mas temos que tentar algo."
Ela suspirou. "Eu sei. Mas eu sinto que não estamos chegando a lugar
nenhum com isso."
Eu concordei.
As palavras ficaram no ar.
Konstantin ainda estava lá fora.
Decidido a alcançar minha companheira — a matá-la em sua luxúria por
poder.
E não tínhamos ideia de quando ele poderia atacar novamente.
Capítulo 81 – Algum dia Você vai Respirar
Sienna
O céu lá fora estava totalmente branco e o dia parecia frio e sombrio.
O quarto de hotel parecia ecoar em sua esterilidade e seu vazio.
Aiden já estava no trabalho e eu realmente não queria ficar sozinha.

Sienna: Oi Erica
Sienna: você ainda tem aula às terças de manhã?
Erica: sim rs
Sienna: se importa se eu for aí?
Erica: não, de boa, começa 15 pras 10

Ninguém iria me filmar aquele dia, então eu me entreguei a leggings de lã


azul-marinho e um suéter comprido na cor creme.
Quando entrei na sala de aula de Erica, ela pulou da mesa e correu, me
dando um abraço.
"O que foi isso? " Eu perguntei com uma risada leve.
"Michelle comentou que você estava um pouco... chateada ontem."
Suspirei.
"Venha aqui", disse Erica, levando-me a uma área confortável que ela
montou com pufes. Uma placa sobre o espaço dizia: "Cantinho da Leitura".
"Tenho uma hora e meia para você", disse Erica, colocando uma mecha de
cabelo castanho atrás da orelha. "Me conta todas as coisas."
Então eu contei.
Eu disse a ela sobre não poder pintar.
Sobre não conseguir me transformar.
Sobre a infertilidade. O estresse e os sonhos.
Até sobre destruir meu estúdio.
Erica ouviu em silêncio com os braços cruzados sobre o peito.
"Nossa, Sienna", disse ela quando eu finalmente parei. "Quanta coisa."
Eu concordei. "Agora que eu disse tudo em voz alta, parece muita coisa
mesmo."
"Você contou a Aiden sobre tudo isso? O pensamento do meu
companheiro trouxe um sorriso aos meus lábios, apesar das minhas
preocupações. "Eu contei a ele um pouco disso. Ele tem sido muito
compreensivo."
"Por que você não contou tudo a ele?"
Eu não tinha uma boa resposta para isso — exceto que estava cansada de
parecer fraca na frente do meu companheiro, sendo que ele estava lidando
com problemas reais.
"É que ele está... ocupado agora. Ele está se esforçando tanto para
encontrar Konstantin."
Erica se aproximou e apertou minha mão. "Eu acho que é normal."
"Você acha?"
Ela acenou com a cabeça. "Qualquer um que já passou pelo mesmo que
você... deve estar estressado. Tendo dificuldade para fazer... as coisas voltarem
ao normal. Veja o que Michelle está fazendo!"
"Isso não é justo", eu disse automaticamente em defesa da minha melhor
amiga.
Ela revirou os olhos. "Que seja. Eu só espero que os quinze minutos de
fama a acalmem."
"Michelle está passando por um momento difícil, Erica. Precisamos ter
empatia. Konstantin a deixou em coma. E foi... " eu parei quando um soluço
subiu na minha garganta.
"... E foi minha culpa. Pelo menos parcialmente. Eu deixei o vampyro
entrar na minha vida, e ele usou Michelle para se aproximar de mim."
Lágrimas correram pelo meu rosto. Erica me entregou um lenço de papel
da caixa sobre a mesa.
"Fui estúpida e egoísta e Michelle quase morreu por causa disso",
continuei, desabando completamente.
Erica balançou a cabeça lentamente.
"Sienna, isso não faz sentido."
Puxei outro lenço de papel da caixa.
Erica se inclinou e pegou minha mão novamente. "Si, o que aconteceu
com Konstantin não foi sua culpa."
"Mas você não…"
Meu celular tocou.
Pisquei, assoei rapidamente o nariz com outro lenço de papel e peguei meu
celular da bolsa.
Era Charlotte.
De alguma forma, meu coração conseguiu afundar ainda mais.
"Alô?"
"Onde você está? " Charlotte perguntou, com uma irritação evidente em
seu tom de voz.
Limpei meu nariz com o lenço. "Estou com a Erica. Por quê?"
" Meu Deus, Sienna. Você deveria estar no hospital. Você esqueceu?"
Tudo se mexeu.
"Merda" eu soltei.
Iríamos filmar novamente — um segmento em que eu deveria ir à
enfermaria de obstetrícia e abençoar mulheres com gestações difíceis.
Com toda a coisa da infertilidade, eu não queria enfrentar isso.
Na verdade, eu tinha criado esse bloqueio.
"O que está acontecendo comigo? " Eu respirei.
Erica me lançou um olhar perplexo.
Eu disse: "Estarei aí assim que puder".
"Veja se você se apressa", Charlotte disse antes que eu pudesse desligar.
Deixei cair o celular no meu colo e cobri meu rosto, gemendo.
"O que foi? " Erica disse.
Eu expliquei o que estava acontecendo.
"Monica vai transmitir ao vivo", eu disse.
Erica estava balançando a cabeça. "Não acho que seja uma boa ideia, com
tudo o que você está passando agora, Sienna..."
"Eu disse a Charlotte que estaria lá o mais rápido possível."
"Ligue de volta e diga que você não pode ir. " Com um suspiro, eu disse:
"Não. Não é grande coisa. Eu vou lá e acabo com isso."
"Sienna..."
Eu dei um tapinha em seu braço. "Não, sério, Erica, está tudo bem. Eu
realmente precisava desabafar, me sinto cem vezes melhor. Obrigada. Essa
conversa realmente ajudou."
Ela me olhou.
Então ela se levantou e foi até o telefone em sua mesa.
Apertando alguns botões, ela disse: "Meredith? Sim. É a Erica. Você tem
aula no próximo horário, certo?"
Uma pausa.
"Sim, isso seria ótimo. Te devo uma."
Erica desligou e olhou para mim.
"Eu vou com você", ela disse.
Aiden
Eu olhei para a bússola inútil como se pudesse magicamente fazê-la
funcionar por pura força de vontade sozinha.
Uma batida na porta do meu escritório interrompeu minha concentração.
Sayyid entrou um momento depois.
"Acho que temos algo, meu Alfa", disse ele. Ele estava segurando um
tablet nas mãos.
"Diga-me", eu solicitei.
"Você tem que vir. Agora. Se partirmos imediatamente, podemos pegar
Konstantin."
Sayyid deu a volta para o meu lado da mesa, segurando seu tablet.
Com alguns toques, ele tinha uma lista de números de telefone. Ele
apontou para um. "Pelo que sei, esta é a última pessoa que falou com
Konstantin depois do Baile de Inverno", disse Sayyid.
"Quem é?"
"Dorothy Seaver. Ela é a proprietária e gerente do Triple Creek Hotel, a
nordeste de Mahiganote."
"Você acha que ele está lá? " Eu perguntei. "Você acha que ele está de volta
a Mahiganote?"
Isso parece extremamente conveniente.
Por que ele voltaria quando sabe que o estamos caçando ativamente?
Algo não parecia certo.
Mas não era hora de ignorar uma pista em potencial.
Eu balancei a cabeça para Sayyid. "Vamos."
Sienna
Erica resmungou baixinho sobre Michelle durante todo o caminho até o
hospital.
As duas nunca se deram muito bem, então tentei lidar com isso, mas meu
estômago estava dando piruetas quando chegamos à enfermaria de obstetrícia.
Este é o último lugar que eu queria estar agora.
E quando eu vi Michelle — com seu sorriso de cem watts estampado mais
uma vez em seu rosto e rindo com Charlotte Norwood — eu realmente me
senti um pouco enjoada.
Foi preciso um grande esforço para respirar profundamente —
especialmente quando elas fizeram expressões idênticas de desdém quando me
viram.
"Sienna, finalmente Charlotte disse, avançando.
O pessoal da câmera havia instalado luzes e equipamentos ao redor da sala,
e havia uma fila de mulheres em cadeiras de rodas esperando em uma grande
porta em frente a nós.
Erica ficou ao meu lado como um guarda-costas.
Se eu não pudesse ter Aiden ao meu lado neste pesadelo, era bom saber
que minha amiga estava cuidando de mim.
Foi assim que toda essa confusão começou. Comigo tentando cuidar de
uma amiga.
"Tudo bem, pessoal, vamos começar a filmar! " Disse Monica com seus
cabelos cacheados presos por uma mecha de cabelo.
Uma onda de tontura tomou conta de mim. Eu não estava pronta para
aquilo.
"Espere", eu disse, mas Monica não estava prestando atenção.
Minha boca estava azeda. Eu limpei minha garganta. "Podemos... podemos
esperar um minuto?"
"Esperar pelo quê? " Michelle perguntou.
Como vou explicar que se eu tentar falar com essas mulheres grávidas, posso vomitar
nelas?
"Acho que devemos remarcar", disse Erica, segurando meu braço com
delicadeza.
Charlotte olhou para ela como se ela fosse uma mosca irritante que
adoraria matar.
"Não podemos", disse Michelle. "Monica tem planos de transmitir ao vivo
algo novo todos os dias desta semana."
Um enfermeiro empurrou uma mulher grávida para dentro e um dos
câmeras ajustou as luzes no local onde o enfermeiro parou.
Meus olhos percorreram a forma grávida da mulher.
Eu me imaginei sentada naquela cadeira de rodas, com medo e desesperada
para preservar a vida do meu filho.
Do filho de Aiden.
Mas eu não sabia se isso seria possível. Se eu era capaz de dar filhos a ele.
Era como se alguém tivesse projetado este evento para ser exatamente o
que me enlouqueceria.
E se isso for exatamente o que eles fizeram?
Um operador de câmera veio até nós.
A luz vermelha da câmera estava estável.
Olhando para mim.
Como os olhos vermelhos brilhantes de Konstantin.
Meus joelhos ameaçaram ceder totalmente, mas tentei manter minha voz
firme.
"Na verdade, Erica está certa. Eu não estou me sentindo bem."
"É por isso que você estava atrasada? " Charlotte perguntou.
"Não. Eu fui — eu fui para a minha galeria."
A mentira saiu da minha língua antes mesmo de saber por que estava
contando.
Erica puxou meu braço e eu dei um passo para trás, olhando para a saída
como se fosse água no deserto.
"Ah, sua galeria " Charlotte zombou. "Ainda não consigo acreditar que
Aiden se entregou a esse hobby infantil. Você é a companheira do Alfa agora,
Sienna. Você não terá tempo para aquarelas se estiver desempenhando seu
papel corretamente."
Fechei meus olhos para que Charlotte não os visse rolar para trás em
minha cabeça. Quando os abri, o cameraman se aproximou para tirar uma foto
completa do meu rosto.
Eu queria empurrá-lo, pegar sua câmera idiota e esmagá-la contra a parede
até que aquele olho vermelho horrível parasse de brilhar para mim.
"Estamos indo embora", disse Erica, puxando meu braço.
Michelle avançou, carrancuda para ela. "Por que você simplesmente não
some, Erica? Você nem deveria estar aqui."
"Por que é que você está fazendo isso, Michelle? " Erica disse com
veemência. "Ninguém acredita mais nessa merda. Temos medicina moderna."
"Ninguém dá a mínima para o que você pensa", disse Michelle baixinho.
Seus olhos estavam brilhantes e vidrados enquanto disparavam nervosos para a
câmera.
Charlotte ergueu o queixo. "A tradição é significativa para a maioria das
pessoas", disse ela. "Todas essas mulheres se ofereceram para serem
abençoadas. Eu não acho que nenhuma delas diria que é bobagem."
Erica se voltou para Michelle. "E por que você está aqui? Não me lembro de
nenhuma companheira de Beta estar tão envolvida nas bênçãos das chamas
quando eu era criança."
Os olhos de Monica brilharam.
Aquilo provavelmente daria muita audiência.
Eu levantei minhas mãos. "Vocês podem parar? Estou feliz que vocês duas
estejam aqui. Michelle tem me ajudado bastante."
"Então por que você não deixa Michelle fazer as bênçãos e vamos sair
daqui? " Ela disse.
Os olhos de Michelle brilharam.
"Seria uma boa..." eu comecei, feliz em encorajar minha amiga.
"Jamais", Charlotte interrompeu.
"Essas mulheres estão aqui para serem abençoadas pela companheira do
Alfa," Monica acrescentou.
Michelle parecia ter sido atingida no rosto.
Olhei para as mulheres grávidas, que estavam assistindo a tudo aquilo com
os olhos arregalados.
Um músculo começou a se contrair na minha bochecha. Minha garganta
estava apertada de tensão.
"Tudo bem", eu disse. "Está bem."
Erica começou a discutir, mas Monica parecia triunfante.
"Tudo bem, pessoal", ela gritou, olhando para o relógio. "Iremos ao vivo
em 5, 4, 3..."
Seus lábios formularam os dois últimos números enquanto suas mãos
faziam a contagem regressiva até zero.
Nós estávamos ao vivo.
Capítulo 82 – Quanta Sorte
Aiden
Sayyid e eu chegamos ao Triple Creek Hotel em quinze minutos.
A proprietária, uma mulher mais velha de cabelos grisalhos, me reconheceu
quando me aproximei da recepção.
"Alfa Norwood! " ela engasgou, colocando a mão enrugada no colarinho
bordado.
"E você deve ser Dorothy Seaver", eu disse, estendendo a mão.
Ela corou enquanto a balançava.
"Eu preciso ver um de seus hóspedes" eu disse.
"Um senhor Konstantin", disse Sayyid.
" Ah, bem..." — disse Dorothy, inclinando a cabeça para o lado em um
gesto de inquietação. "Eu não costumo dar esse tipo de informação..."
"Você faria se um detetive de polícia viesse com um mandado, não é? "
Sayyid disse. "E a palavra do Alfa supera a de qualquer juiz, então..."
O rosto de Dorothy ficou em branco e ela assentiu. "Claro."
Ela ergueu uma chave.
"Ele está no quarto quatro. Passe por aquelas portas, siga para o pátio. Esta
é a chave mestra. Entrem."
Finalmente, disse a mim mesmo quando uma onda de alívio tomou conta
de mim.
Sayyid e eu saímos pelas portas francesas que Dorothy indicou, entrando
em um grande e charmoso pátio de paralelepípedos além.
O momento finalmente chegou. Vou confrontar Konstantin e destruí-lo pelo que ele fez à
Sienna. E a toda a minha família.
A Michelle.
Uma pontada de culpa me fez parar.
Josh deveria estar aqui.
Mas não havia tempo a perder.
Esta era minha chance de acabar com Konstantin de uma vez por todas.
E eu não ia perder isso.
Josh
Depois de uma longa noite conversando com minha companheira,
concordamos que era mais importante para mim ir atrás de Konstantin do que
participar do reality show.
Tirou um peso dos meus ombros, mas ainda me sentia culpado.
Como se eu não fosse o suficiente.
Inteligente o suficiente.
Forte o suficiente.
Capaz o suficiente para encontrar o vampyro sem ajuda.
Especialmente porque a porra do relógio estúpido não estava funcionando.
Quando me levou ao Museu Jalwitz, todas os ponteiros apontavam na
mesma direção.
Em direção a Konstantin.
Mas naquele momento, era como se a lama estivesse... confusa ou algo
assim. Ela continuava oscilando, apontando às vezes para o norte, mas depois
girando em um círculo e apontando ligeiramente para o leste.
Então, tudo parava completamente. Era irritante.
Eu estava olhando para ele por quase vinte minutos, e estava prestes a
quebrar a maldita coisa com um martelo.
Mas no final, não pude resistir à tentação.
Não importaria se não desse em nada, eu tinha que verificar.
Peguei o relógio da minha mesa e me dirigi para a minha caminhonete.
Sienna
Todos os músculos do meu corpo pareciam tensos e frágeis.
O calor das luminárias recém-instaladas estava me fazendo suar.
Uma mulher com uma grande barriga de grávida estava sentada em uma
cadeira de rodas no centro da sala, esperando que eu viesse e a abençoasse.
Observei a fila de mulheres grávidas — ela fazia uma curva e não dava
para enxergar o fim.
Eu não sabia o que era pior: o fato de que eu deveria interagir com
mulheres grávidas, quando ainda estava tentando encontrar uma maneira de
lidar com a notícia de que poderia nunca ter meus próprios filhos...
Ou o fato de que alguém pensou que eu poderia fazer qualquer coisa para
ajudar essas mulheres. Como se estar acasalada com Aiden me desse poderes
mágicos ou algo assim.
Era tudo uma fraude.
Eu sou uma fraude.
Michelle agarrou meu braço e me puxou para longe de Erica, que parecia
estar prestes a explodir de raiva.
"Olha, só faça isso, Si", Michelle sussurrou impaciente. "Todo mundo está
esperando por você."
Depois da nossa conversa no outro dia, achei que ela seria mais
compreensiva.
Mas até eu pude ver que Michelle tinha simplesmente colocado uma nova
camada de tinta na máscara estilosa que ela estava usando sobre sua alma
danificada.
Eu gostaria que ela não precisasse descontar suas ansiedades em mim e apenas em mim.
Eu estava ficando cansada de ser seu saco de pancadas.
Vamos acabar logo com isso.
Olhando para Michelle, depois para Charlotte, tentei me mover, mas o
olho vermelho sempre vigilante da câmera me paralisou.
"O que eu devo fazer?"
Michelle bufou e Charlotte balançou a cabeça exasperada. "Não é difícil.
Você coloca suas mãos no estômago, concentra sua vontade e recita a Bênção
da Chama Sagrada."
"Concentrar sua vontade? " Erica murmurou do meu lado.
"Você quer dizer ’Chama divina, fértil e brilhante'?" — eu disse.
"Sim, embora você deva tentar personalizá-lo. Pegue o nome de cada
mulher", disse Charlotte. "Em vez de ’esta noite abençoe a luz de cada mãe’,
diga algo como ’hoje abençoe a luz de fulano de tal. ’"
Meu coração bateu forte. "Tem certeza de que Michelle não pode fazer
isso?"
"Eu sei o ritual de cor, eu poderia... " Michelle começou.
"Jamais, " Charlotte disse enfaticamente.
"Sienna, todos estão esperando para ver você realizar essas bênçãos. Você
não quer decepcionar todos eles, quer? " Monica perguntou, olhando direto
para a lente da câmera.
Não. Eu não.
Já tinha decepcionado muitas pessoas.
Michelle.
Aiden.
Emily.
Eu não podia simplesmente ir embora.
Mas de alguma forma, não parecia tão simples.
Jocelyn
Desde o almoço que compartilhamos no dia anterior, não parei de pensar
em Nina.
Eu a tinha visto algumas vezes, embora ela apenas acenasse e sorrisse para
mim.
Me dando espaço... ou me evitando?
Eu queria acreditar que estávamos em um lugar melhor do que o último,
pelo menos.
Eu tinha ido ao refeitório no café da manhã, esperando que ela estivesse lá.
Eu me obriguei a comer, embora ela não estivesse lá.
Eu sabia que minha alimentação chegaria até ela através dos boatos dos
funcionários da cozinha e, de qualquer maneira, eu queria ficar mais forte.
Curar.
Mesmo que minhas próprias habilidades nunca voltassem.
Mesmo que a perda tirasse tudo que eu pensava que sabia sobre mim.
Mesmo que ninguém nunca olhasse para mim da mesma maneira.
Incluindo Nina...
Controle-se, Jocelyn.
Mas não pude evitar.
O sorriso de Nina, sua risada, suas piadas... e seus momentos mais raros
sinceridade...
Eles a colocaram sob minha pele... e agora não havia como ignorá-la.
Ela me fascinava.
Eu ainda não sabia muito sobre ela.
Eu não entendia como ou por que ela havia se tornado uma ladina, depois
uma ladra.
Será que algum dia terei a chance de descobrir mais sobre ela?
Quero realmente conhecê-la?
A ideia de que eu não faria isso — que eventualmente eu deixaria este lugar
e Nina para trás — era insuportável.
Especialmente porque eu não tinha absolutamente nenhuma ideia de qual
era o meu propósito na vida, agora que não podia mais ser uma curandeira.
Depois do café da manhã, dei uma caminhada pelo jardim congelado.
Eu esperava que ela me encontrasse lá, como ela havia feito antes, quando
ela tentou se desculpar.
Mas eu fiquei sozinha.
Balançando minha cabeça para mim mesma, eu abracei meus braços sobre
meu peito, observando minha nuvem de respiração na minha frente.
Eu gostaria de poder endurecer meu coração contra Nina completamente.
Ela é uma mentirosa.
Ela tentou machucar Sienna — em vez de pedir ajuda a alguém.
Mas ela também veio ajudar no Baile de Inverno, mesmo quando não precisava.
O que tornou a indignação mais difícil de segurar.
Nina estava desesperada e desacostumada a ser ajudada — isso estava claro
para mim.
Ela havia aprendido a não confiar em ninguém além de si mesma.
E agora... agora eu estava com medo de que ela estivesse se afastando de
mim.
Bem quando eu estava começando a acreditar que poderia perdoá-la.
Talvez fosse apenas um sinal de quanto eu era uma idiota.
Afinal, ela me deixou antes.
Oh, Joce. Você é o santo padroeiro das causas perdidas, não é?
Exceto que desta vez, tive a sensação de que a verdadeira causa perdida
poderia ser meu próprio coração.
Erica
Não estava gostando nada daquela situação.
Sienna estava frágil — emocionalmente.
E esse desempenho que as pessoas exigiam dela estava fadado a forçar sua
resistência emocional já estressada.
Quando Sienna se aproximou da mulher grávida na cadeira de rodas, os
três cinegrafistas a seguiram, tomando diferentes ângulos.
Era uma transmissão ao vivo. Minha ansiedade saltou só de pensar.
"Oi", disse Sienna, puxando um banquinho para se sentar em frente à
mulher. "Sou Sienna Mercer-Norwood."
"Carlene Lamar", disse a mulher. Ela tinha uma pele castanha clara e
cachos de gengibre em uma auréola ao redor de sua cabeça.
"O que a traz aqui para o hospital, Carlene? " Sienna perguntou
gentilmente.
"Estou com placenta prévia", disse ela. "Eles disseram que pode se
consertar, mas faltam apenas um mês para o parto e ainda não aconteceu."
As costas de Sienna enrijeceram, quase sutilmente demais para que alguém
pudesse ver.
"E você espera que minha bênção ajude? " ela disse suavemente.
Carlene acenou com a cabeça, seu rosto se contorcendo de medo. "Eu não
quero fazer uma cesariana. Estou com tanto medo de ser cortada."
Sienna engoliu em seco e acenou com a cabeça, seus olhos azuis
disparando da barriga da mulher para sua expressão.
Carlene se recostou, oferecendo a barriga para Sienna.
As câmeras se moveram para um close-up.
Sienna colocou as mãos na barriga arredondada de Carlene. "Chama
divina, fértil e brilhante", disse Sienna, sua voz ofegante.
Ela apertou os olhos e piscou, lutando contra as lágrimas.
As câmeras se aproximaram.
"Chama divina... " Sienna disse novamente. Ela sugou o lábio inferior e o
soltou, balançando um pouco.
Minhas mãos cerraram ao meu lado.
Enquanto observava, percebi que Sienna estava derretendo.
Sienna
Eles estão transmitindo ao vivo.
Eu tenho que me recompor.
Deus, eu queria que Aiden estivesse aqui.
Minhas mãos estavam dormentes.
A pressão esmagou meu peito.
A escuridão empurrou contra as bordas da minha visão.
Era como se eu estivesse olhando para Carlene através de um túnel.
Seu rosto doce, tão cheio de medo. Seus olhos imploravam por qualquer
sinal de esperança.
Eu estava com tanto frio.
Lágrimas estavam se acumulando em meus olhos enquanto eu tentava me
concentrar nas palavras.
"Chama divina", eu disse pela terceira vez, mas era como se o resto delas
tivesse me abandonado.
Como era? "Chama divina, fértil e brilhante..."
O suor brotou em todo o meu corpo. Minha respiração estava ficando
muito rápida.
Meus ouvidos zumbiam enquanto a pressão em volta do meu peito
piorava.
Eu senti como se estivesse tendo um ataque cardíaco.
Eu não posso me descontrolar agora — não na frente dessas pessoas.
Monica está transmitindo isso ao vivo.
Você consegue!
Mas o pânico tomou conta de mim com força, me tirando o fôlego.
Soluços vieram então: torcendo através de mim, torcendo minhas
entranhas.
Eu me levantei, recuando para o banco, que rolou.
Carlene estava olhando para mim, chocada.
Os olhos de Michelle não paravam de ir de mim para a câmera — como se
ela não tivesse certeza de onde estava sua lealdade.
Ninguém iria me ajudar.
Pare com isso, Sienna!
Fique sob controle!
Mas não consegui.
Virando-me para frente e para trás, procurei desesperadamente por uma
fuga.
Monica estava parada na porta, as mãos na cintura, me olhando com um
brilho nos olhos.
Dois cinegrafistas bloquearam a outra porta.
Eu estava perdendo a cabeça e não conseguiria sair dali.
Eu estava presa.
Aiden
Sayyid deu alguns passos à minha frente enquanto caminhávamos
silenciosamente pelo corredor do hotel.
Ele já havia pedido reforços, mas ninguém havia chegado.
Eu estava preocupado que, se Konstantin tivesse o menor indício de
problema, ele iria embora antes que pudéssemos alcançá-lo.
Viramos uma esquina e Sayyid parou no meio do caminho. O sangue foi
drenado de seu rosto.
Lá, parado do lado de fora da porta de seu quarto de hotel, estava um
homem vestindo um terno carvão de três peças.
Seus olhos escuros fixaram-se nos meus. Seus lábios estavam curvados na
mais leve sugestão de um sorriso.
"Saudações, Alfa Norwood", disse uma voz vinda de meus pesadelos. "A
que devo o prazer?"
Capítulo 83 – Cheiro de Vitória
Sienna
Todo mundo estava olhando como se eles também estivessem paralisados
pelo fato de que eu estava tendo um colapso total ao vivo na televisão.
Meu peito estava pesado e as lágrimas escorriam pelo meu rosto.
"Ok. Por hoje é só. Já chega, "Erica disse finalmente. Ela tentou avançar,
mas um cinegrafista a bloqueou.
"Ei! " ela gritou.
"Ainda estamos filmando", disse Monica, bloqueando a saída.
Aquilo era um pesadelo e eu não sabia o que fazer.
Se eu tentasse fugir, as câmeras me seguiriam.
"Sinto muito", disse a Carlene, que estava olhando para mim como se
estivesse preocupada que eu pudesse a atacar.
" Sienna" — disse Erica, ignorando as câmeras e dando um passo em
minha direção. "Tudo bem. Apenas tente respirar fundo."
"Isso é inacreditável " Charlotte Norwood disse irritada. Uma das câmeras
girou para focar nela. "Você está envergonhando toda a MCL com essa
performance horrenda!"
Meu corpo inteiro começou a tremer.
Achei que meus joelhos iriam ceder, mas então meus músculos do ombro
se contraíram.
O suéter creme que eu estava usando começou a esticar, rachando nas
costuras.
Meu corpo se retorceu e se contorceu, mas na minha mente eu me sentia
em paz.
Pelo vermelho ardente brotou por todo o meu corpo.
Meu lobo assumiu, e eu não resisti por um instante.
Eu corri para fora da sala, jogando Monica para o lado.
Ela gritou para as câmeras me seguirem, mas fui rápida demais.
Eu corri para fora do hospital o mais rápido possível.
Aiden
Konstantin parecia o mesmo de sempre, em um terno de corte caro, cabelo
bem cuidado e sapatos engraxados que brilhavam como um espelho.
Um sorriso se espalhou por seu rosto enquanto ele olhava para Sayyid e eu.
"Por mais que eu adorasse ficar e conversar um pouco... " Sua voz era
baixa e suave, assim como eu me lembrava.
Sombras escuras rastejaram como gavinhas dos cantos de seu corpo,
girando em tomo dele. "Até a próxima vez, Alfa Norwood."
Mas fui mais rápido. Antes que ele pudesse desaparecer em fumaça preta,
eu me transformei e saltei para frente, caindo sobre quatro patas pretas.
Sayyid fez o mesmo. Seu lobo era cinza claro, menor que o meu.
Juntos, nós caminhamos em direção ao vampyro.
Konstantin tirou um objeto de dentro do paletó.
Eu mal tive tempo de notar que era uma pequena arma, mas Sayyid
percebeu.
Ele saltou na minha frente.
BANG!
A arma disparou. Sayyid desabou no chão, um buraco de bala no centro da
cabeça de lobo.
Não tive tempo de olhar para trás. Eu apenas reagi, lançando-me em
Konstantin.
Minha mandíbula bateu no braço do vampyro, e a arma deslizou pelo
corredor.
Minhas presas rasgaram a lã até a carne.
Soltei o braço e fui para o lado dele.
Konstantin era muito forte — ele me jogou de cima dele, mas eu consegui
arrancar um pedaço de seu torso. Fumaça preta saiu da ferida.
De seu outro bolso, ele retirou uma adaga brilhante.
Ele me atacou e eu me esquivei. A lâmina passou tão perto e tão rápido
que eu pude senti-la tocando o pelo da minha bochecha.
Eu me lancei contra Konstantin novamente, e ele cravou a lâmina em
minhas costelas.
Enquanto rolavámos, eu gritei, mas não parei, golpeando seu rosto com
meus dentes afiados.
Ele puxou a faca e eu senti sangue quente escorrer do ferimento.
De algum lugar próximo, ouvi gritos.
O reforço de Sayyid finalmente havia chegado.
Mas tarde demais.
Eu ataquei Konstantin novamente, jogando a faca para o lado.
Com um movimento rápido, eu arranquei a garganta do vampyro.
Ele caiu de joelhos e depois desabou de cara no tapete do hotel.
Por um momento, tudo ficou quieto.
Eu mudei de volta para um humano e agachei em um joelho.
Sangue carmesim jorrou da ferida em meu lado, e sangue negro jorrou do
pescoço arruinado de Konstantin.
Sua boca abriu e fechou, mas nenhum som saiu.
A poucos metros de distância, o lobo cinza de Sayyid estava morto.
Então Josh irrompeu no corredor, batendo ruidosamente a porta contra a
parede.
Ele olhou ao redor freneticamente, observando a cena.
Josh nem ligou para Sayyid.
Cadê os reforços?
"Como você está aqui? " Eu perguntei, atordoado.
"O que foi que aconteceu? " ele exigiu, ignorando minha pergunta.
Senti uma dor aguda nas costelas onde Konstantin me apunhalou, mas já
podia sentir a pele rasgada se recompondo.
Baixei os olhos para o corpo de Sayyid e depois para o de Konstantin.
"Eles estão mortos. " Não consegui pensar em mais nada para dizer.
Konstantin estava morto, pelo menos.
Assim como um bom homem. Um bom lobo.
O que deveria ter sido uma vitória parecia algo vazio.
Eu olhei de volta para Josh, que estava fervendo.
Como meu Beta chegou?
Naquele momento, vendo a poça de sangue ao redor do cadáver de Sayyid,
eu nem me importei.
Eu estava feliz por não estar sozinho.
Eu tenho que contar a todos. Tenho que contar a Sienna.
Pelo menos minha companheira poderia dormir melhor à noite sabendo
que o vampyro que lhe causou tanta dor estava finalmente morto.
Peguei meu celular no bolso do meu casaco rasgado.
Mas eu já tinha uma mensagem esperando por mim.

Erica: Aiden é a Erica


Eu franzi o rosto para o celular. Erica era amiga de Sienna. Ela nunca me
mandou uma mensagem.
Meu coração disparou.

Aiden: o que há de errado Erica: É Sienna


Erica: Ela estava fazendo uma transmissão ao vivo para o
show e...
Erica: eles forçaram muito a barra, Aiden Erica: aquela
babaca de repórter. E Michelle Erica: Sienna tentou... mas...
Aiden: Erica. Vá direto ao ponto, por favor. Estou preocupado.
Erica: ela se transformou e saiu correndo Aiden: ela se
transformou?
Erica: sim, o que é bom, eu acho Erica: mas não sei onde ela
está Erica: e ela deixou o celular para trás quando se
transformou Aiden: ok. Obrigado por me dizer Aiden: Vou
encontrá-la.

Uma nova culpa tomou conta de mim.


Um dos meus lobos mais leais estava morto.
E agora minha companheira estava desmoronando, e eu mal tinha notado
que ela estava sofrendo.
Eu a deixei sozinha.
Você fez o que tinha que fazer. Konstantin está morto.
Tudo ficará melhor agora.
Diga isso para Sayyid.
Eu estremeci.
Pegando minhas roupas rasgadas do chão, me virei para Josh. "Você pode
assumir o comando? Algo aconteceu com Sienna."
Eu vi meu Beta cerrar os dentes, mas ele acenou com a cabeça. "Claro."
Saindo do hotel, mudei de volta para o meu lobo.
Jocelyn havia me avisado. A própria Sienna me disse que não estava bem.
A questão sobre sua fertilidade a perturbou — claramente muito mais do
que eu imaginava.
Eu tinha uma ideia de onde minha companheira poderia ir quando ela
estivesse perturbada.
Eu saí correndo.
Josh
Lá vai ele, o poderoso líder da Manada da Costa Leste.
O Alfa mais pau-mandado que já existiu.
Mas, de certa forma, Sienna me fez um favor. Qualquer drama que ela
estava passando desta vez distraiu Aiden.
Ele não perguntou como eu acabara de aparecer no hotel. E se ele
perguntasse mais tarde, eu poderia dizer que Fiquei sabendo quando ele pediu
reforços.
Porque eles estavam chegando agora para limpar sua bagunça.
O cadáver de Konstantin estava imóvel.
Então é realmente isso?
Toda a busca, a caça, a incerteza — terminou com um corte feito pela mandíbula do
Alfa?
Eu não pude acreditar.
O corpo de Sayyid jazia em uma poça de sangue.
Isso foi culpa de Aiden. Ele deveria ter me envolvido desde o início.
Então talvez ninguém mais tivesse morrido.
O ferimento à bala me intrigou.
Desde quando vampyros poderosos usam armas?
Eu balancei minha cabeça, uma veia pulsando em minha têmpora.
Algo não parecia certo.
Esfregando a pele sob meus olhos, eu me agachei ao lado do corpo do
vampyro enquanto ele vazava seu sangue negro.
Usei uma caneta para cutucar o ferimento em sua garganta, mas não havia
como negar: Konstantin estava morto.
Deveria ter sido eu.
Eu deveria ter matado ele!
Por Michelle.
Uma onda de raiva passou por mim e empurrei seu ombro morto.
Uma chave com uma pequena etiqueta dourada caiu de seu bolso: número
quatro.
Peguei a chave e me levantei.
Quando me tornei Beta, aprendi procedimentos investigativos e protocolos
de aplicação da lei.
Talvez tenha sido isso que me impulsionou a usar a chave e entrar no
quarto de hotel de Konstantin.
O que ele estava fazendo aqui no Triple Creek Hotel?
Ele voltou para Mahiganote para terminar o que começou?
Matar minha companheira depois de falhar pela primeira vez? Tudo para chegar à
preciosa Sienna Mercer?
Não havia nada de incomum na sala.
A cama estava feita.
O armário estava vazio.
Não havia mala.
Konstantin realmente tinha ficado neste quarto?
Havia uma escova de dente normal na pia do banheiro ao lado de um novo
tubo de pasta de dente.
Isso é muito absurdo.
Como terminou assim?
Bem, pelo menos ele estava morto.
Isso deveria ter sido um consolo, mas meu coração se apertou de
amargura.
Deveria ter sido eu. pensei novamente.
Balançando a cabeça, voltei para o quarto.
Sem muita expectativa de encontrar algo, comecei a abrir as gavetas.
Quando cheguei à mesa de cabeceira, esperava encontrar uma Bíblia.
Em vez disso, havia uma carteira e uma garrafa de Jim Beam.
Eu instintivamente alcancei a garrafa, então hesitei.
Que porra é essa, Josh, Konstantin poderia ter feito uma centena de coisas vis para
envenenar aquela garrafa.
Amaldiçoando-me, peguei a carteira e abri com uma carranca.
A carteira de motorista tinha a foto de um homem de meia-idade que
parecia ser de ascendência hispânica.
"Ernesto Ruis", dizia.
Havia duas notas de 20 na carteira, além de outra foto do cara da carteira,
posando com uma mulher e dois adolescentes.
Foto de família.
Eu encarei a carteira em minhas mãos, então cuidadosamente recoloquei
todo o seu conteúdo.
Tinha sido deixado pelo ocupante antes de Konstantin?
Ele machucou o homem a quem pertencia?
Fui até a recepção e coloquei a carteira na frente da velha senhora.
Ela tinha um olhar arregalado que me disse que ela estava muito ciente da
luta que acabara de ocorrer em seu hotel.
Abri a carteira e mostrei a ela a identidade e a foto do cara com sua família.
"Você reconhece esse homem?"
Ela piscou para os itens, então olhou para mim antes que seu rosto
perdesse o foco.
"Acho que já o vi antes", disse ela. "Mas não consigo identificá-lo."
"Acho que o nome dele é Ernesto Ruis. Algum hóspede fez check-in com
esse nome?"
Ela fez uma cara de preocupação e digitou.
"Ah, " ela disse. "Por quê? Sim, ele fez. Mas... " Ela ficou quieta.
Inclinei-me e ela virou a tela para que eu pudesse ver.
"Ernesto Ruis é o nome da pessoa no quarto quatro agora", disse ela.
Ela fez uma careta e encontrou meus olhos. "Mas foi um Sr. Konstantin,
não foi?"
Esfregando a mão sobre a boca, peguei a carteira para levar comigo.
Eu não sabia ao certo o que isso significava.
Nada sobre isso fazia sentido.
O homem lá fora no pátio parecia o vampyro Konstantin.
Mas, no fundo, o instinto me disse que nem tudo era o que parecia.
Aiden poderia pensar que Konstantin estava morto, mas eu não tinha tanta
certeza.
Decidi ir ao fundo desse mistério.
Para ter certeza de que minha companheira estaria segura da ameaça do
vampyro.
De uma vez por todas.
Capítulo 84 – Todos Merecem a Chance
de Voar
Sienna
Corri para o rio, sentindo-me livre de uma forma que não sentia há
semanas.
Era tão bom estar na minha forma de lobo novamente.
Eu cheirei o rio antes de vê-lo, mas agora, eu estava em território familiar.
O ar estava tão frio que praticamente crepitava. A neve abafou os sons
usuais da floresta.
Mas eu estava exatamente onde queria estar. Em meio ao silêncio pacífico
das árvores.
Ser selvagem — um lobo desfrutando de uma corrida pela floresta de
inverno Não a companheira do Alfa, não Sienna Mercer-Norwood — mas
apenas um lobo.
Quando cheguei às margens do rio, pensei imediatamente em Aiden.
Naquele dia em que o desenhei perto deste mesmo lugar.
Nenhum de nós sabia naquele dia que estávamos destinados a ficar juntos.
Quando tudo ficou tão bagunçado?
Eu queria me aninhar ao lado dele, sentir a força e a segurança que me
cercavam sempre que ele estava por perto.
Eu permaneci na minha forma de lobo, feliz por evitar minha vida real por
mais um tempo.
Para fingir que não tinha acabado de perder a cabeça na frente de uma
plateia ao vivo.
Com um suspiro estremecido, mergulhei meu focinho na água e bebi.
Quando levantei minha cabeça novamente, ouvi um farfalhar nas folhas.
Meu corpo parou enquanto eu ouvia.
Então, como se eu o tivesse conjurado, ele emergiu sob um raio de sol do
fim da tarde.
Um lobo enorme, seu pelo preto ondulando.
Aiden.
Minhas narinas dilataram. Eu senti cheiro de sangue.
Ele está ferido!
Eu caminhei até ele, choramingando.
Cheirando-o, encontrei o ferimento, um corte profundo em seu peito.
Ele se virou e me acariciou enquanto eu o lambia, meus olhos se enchendo
de lágrimas.
Ele empurrou sua cabeça para o meu lado e eu esfreguei minha bochecha
ao longo de sua nuca.
Eu queria que nós nos transformássemos de volta para que eu pudesse dar
uma boa olhada no ferimento, mas aquele não era o melhor lugar.
Nossa casa não fica muito longe.
Não tinha voltado desde que a encontramos queimando, na noite após a
batalha com Konstantin.
Eu cutuquei seu ombro ileso e saí correndo.
Ele seguiu.
Não demorou muito para chegar a nossa casa.
Os andaimes ficavam no lado leste, e folhas de plástico balançavam nas
janelas quebradas.
Eu levei Aiden até a porta e me transformei, então girei a maçaneta.
Aiden se transformou um momento depois.
Conduzi-o para dentro de casa e fechei a porta. Ainda estava congelando lá
dentro, mas pelo menos não havia vento.
Meus mamilos endureceram com o frio.
E olhando para o seu corpo lindo, para ser honesta.
"Sienna", ele respirou. "Você está bem?"
"Eu? Não sou eu que tenho um corte do tamanho do Texas no peito."
Examinei a ferida e vi que já estava sarando.
Uma onda de alívio brotou em mim, e passei meus braços em volta do
corpo quente e firme de Aiden.
"O que aconteceu com você? " Eu perguntei.
Seus braços me envolveram. "Konstantin."
Meu coração apertou, mas então Aiden continuou.
"Eu o matei."
Minha cabeça se levantou para olhar para ele. Os olhos verdes de Aiden
olharam de volta abertamente, um triunfo sombrio brilhando neles.
Mas havia algo mais espreitando lá — uma dor sombria que ele estava
tentando esconder.
"É verdade? " Eu perguntei. "Você o matou?"
Ele assentiu. "Com minhas próprias mandíbulas."
Soltei um suspiro de alívio, quase perdendo o equilíbrio.
Um peso, muito mais pesado do que eu imaginava, foi tirado de meus
ombros.
"Ele está mesmo morto?
"Está", disse Aiden, mas então seu rosto se contorceu.
"Ele matou um dos meus homens na luta", continuou. "Sayyid Hamdi. Ele
levou uma bala por mim. Literalmente."
Eu olhei para ele confusa. "Konstantin atirou em você?"
"Isso me surpreendeu também", disse Aiden. "Eu nunca imaginei... mas
deveria. Cometi muitos erros, Sienna. Sayyid morreu por causa deles. E você...
eu sinto muito por não ter te ajudado."
"O que você está falando? Você matou Konstantin!"
Eu quis dizer cada palavra. Eu senti muito a falta de Aiden nos últimos
dias.
Mas Konstantin estava morto.
Para sempre.
"Você é incrível", eu respirei.
Ele também estava tremendo.
"Venha, vamos levá-lo para um banho quente", eu disse.
"Só se você vier comigo."
Aiden me beijou, suas mãos segurando meus braços com força.
Libertando-me, eu dei a ele um sorriso mais amplo, então o levei escada
acima para o nosso banheiro.
Passamos por paredes enegrecidas e um carpete arruinado, mas o banheiro
estava relativamente intocado.
Fechei a porta e liguei o chuveiro no máximo.
Aiden me puxou para baixo da água e eu ri, uma explosão de alegria
borbulhando em meu peito.
Konstantin estava morto.
Ele nunca poderia me machucar — nunca poderia machucar ninguém
novamente.
Pressionei meu corpo, já escorregadio com água quente, contra o de Aiden,
envolvendo um braço em volta de seu ombro ileso quando nossos lábios se
encontraram.
Meu corpo ficou vermelho de calor. Tremores irradiaram dos meus dedos
aos pés.
Aiden me puxou para ele pela cintura, sua excitação já evidente — uma
protuberância dura contra meu estômago.
Ele passou a mão pela minha bunda e, em seguida, levantou minha perna
na coxa, expondo meus lábios quentes.
A água ainda corria pelo meu corpo quando ele pressionou a cabeça contra
a minha vulva.
Passei os dedos da minha mão livre sobre sua ferida, descendo por sua
barriga, em seguida, envolvi-os em tomo de seu pênis rígido, apreciando a
umidade da água quente misturada com o calor dele.
Aiden gemeu contra minha boca.
Corri meus dedos para cima e para baixo em seu comprimento, alisando
meu polegar sobre sua cabeça. A mão que segurava minha coxa apertou e ele
me puxou para mais perto.
Sua outra mão segurou meu seio enquanto a água caía em cascata sobre
nós dois.
Eu o puxei um pouco, pressionando pontos sensíveis enquanto acariciava
sua ereção.
Com um grunhido, ele soltou minha perna e agarrou minha mão,
prendendo meu pulso na parede de azulejos.
Ele se curvou e levou um mamilo à boca, depois o outro.
Sua mão livre viajou pelo meu corpo, acariciando a pele úmida da minha
barriga, meu quadril, até meu sexo que estava quente.
Ele mergulhou dois dedos dentro de mim e eu me engasguei.
Colocando e tirando, ele fez meus joelhos fraquejarem enquanto eu me
agarrava a ele.
"Ai, Aiden, eu quero você", murmurei.
Ele moveu seus lábios para minha boca, sua língua encontrou a minha
enquanto seus dedos me penetravam.
Então ele os tirou, sua mão espalhando minhas pernas e deslizando sob
minha coxa novamente.
Ele pressionou seu pau contra meus lábios, em um pedido silencioso.
Eu balancei minha cabeça para trás, me oferecendo a ele, querendo-o
tanto.
Finalmente, ele se empurrou para dentro de mim e eu gritei enquanto ele
empurrava cada vez mais fundo. O barulho constante do chuveiro se misturou
com meus gemidos de prazer.
"Sienna", ele sussurrou em meu ouvido.
Ouvir meu nome em sua boca me fez derreter.
Enquanto seus músculos se contraíam, eu senti meus pés levantarem do
chão. Larguei tudo, confiando na força de seus braços.
O calor que jorrava de cima era incomparável com o fogo que ardia por
dentro.
Eu me desmontei. A felicidade arrancou um grito de mim.
Os olhos de Aiden rolaram para trás enquanto seus movimentos se
aceleravam, juntando-se à minha liberação.
Nós gozamos juntos.
O chuveiro nos molhava enquanto tremíamos em êxtase.
Eu me afoguei no êxtase, fui tomada pela sensação.
Durou para sempre... ou assim parecia.
Então, finalmente, voltei a mim mesma, segurada com força nos braços de
Aiden sob o fluxo do chuveiro.
Nós nos enrolamos em enormes toalhas de banho e ficamos no banheiro
para secar, ligando o aquecedor de parede enquanto nos aconchegávamos no
chão de costas para a banheira.
Aiden traçou um dedo sobre as linhas da minha palma. Estávamos ambos
calados e pensativos.
Por seu olhar distraído, percebi que ambos estávamos pensando na morte
de Konstantin. E no assassinato de Sayyid.
O preço terrível que ele pagou para que pudéssemos ser livres.
Diante de tal tragédia, meu colapso anterior parecia totalmente sem
importância.
Pela primeira vez — desde que eu conseguia me lembrar — parecia que
estava pensando com clareza.
Eu estava me punindo por crimes que não eram meus. Eles eram de
Konstantin.
Todo o estresse e ansiedade que consumiram minha vida: o programa, que
me fazia rastejar por Michelle, por Monica, por Charlotte .
Meus medos sobre minha possível infertilidade .
Tudo remontava a Konstantin.
Minha culpa e medo por deixá-lo entrar em minha vida.
Era o mesmo tipo de culpa horrível e equivocada que senti depois da
morte de Emily.
Em algum nível, eu pensei que se eu pudesse me tornar a companheira
perfeita do Alfa, eu evitaria cometer os erros que permitiram que o vampyro
chegasse tão perto de mim.
Mas isso era irracional.
Konstantin mordera Michelle.
Ele se aproximou dela como uma cobra covarde.
Ninguém poderia ter evitado isso, não importa o quanto eu quisesse
acreditar que seria capaz se eu apenas tivesse sido mais vigilante.
Não foi sair com um amigo por mimosas que fez Konstantin nos atacar.
Não foi a tentativa de me tornar uma artista de sucesso que o fez invadir
minha mente.
Ele usou meu desejo de sucesso contra mim?
Sim.
Mas isso significava que eu merecia perder minha arte para sempre?
Não.
E de repente, enquanto olhava para a parede em branco à nossa frente,
senti a necessidade de pintar.
Eu pintaria um mural ali mesmo. Eu já podia ver em minha mente.
Lobos. Um preto e um castanho-avermelhado — no rio, no inverno.
Eu começaria assim que as reformas fossem feitas.
E eu iria desistir daquele programa idiota.
Eu estava cansada de ser a estrela de Monica. Exausta de ser o saco de
pancadas de Charlotte. E Michelle...
Por mais que eu amasse Michelle, não poderia dar a ela o que ela queria. Eu
não tinha certeza de que alguém pudesse.
Mas eu estava cansada de tentar ser algo que não era.
Agora, com Jocelyn fora, não havia ninguém por perto para me curar.
Então, eu teria que me curar.
Será?
Assim que voltamos para o hotel, fucei minha bolsa de couro preto.
Eu não a carregava desde antes do Festival das Chamas, e tinha esquecido
completamente do pacote fino e embrulhado que ainda estava aninhado
dentro.
Eu o retirei com reverência, desdobrando as camadas de lenço de seda que
o cercavam.
Enfiado no meio estava uma pulseira trabalhada com ornamentos de prata
martelada.
Eu já tinha visto isso muitas vezes antes no pulso da minha amiga e
curandeira.
No centro da pulseira havia um pedaço de papel dobrado.
Lágrimas brilharam em meus olhos quando comecei a ler a mensagem
curta.
Sienna,
Esta pulseira pertenceu à minha avó. Isso me trouxe força mais vezes do que posso
contar.
Que isso lembre você do amor que a cerca.
E de todos aqueles que acreditam em você.
Agora, acabe com todos
Com amor,
Jocelyn.
Coloquei a pulseira em volta do meu pulso, sentindo uma energia quente se
espalhar por todo o meu corpo.
Eu era mais forte do que Monica Birch. Mais forte do que Charlotte
Norwood.
E eu estava cansada de ser pressionada.
Josh
Hanh me encontrou em meu escritório na tarde seguinte.
"Eu terminei o teste de DNA que você pediu, Beta Daniels, " ele disse.
"E?"
"Os cabelos do corpo identificado como Konstantin correspondem ao
DNA que tínhamos em arquivo para ele."
Eu fiz uma cara de frustração.
"Obrigado. " Eu o dispensei.
Olhei para a tela do meu computador: Ernest Ruis foi dado como
desaparecido por sua família há duas semanas.
A evidência mostrou que Aiden matou Konstantin naquele hotel, mas meu
instinto dizia que não era Konstantin — apesar do que o DNA dizia.
Eu verifiquei meu celular e vi que eram quase seis horas.
Era para eu encontrar Michelle em nosso restaurante favorito mais tarde
naquela noite.
Nós finalmente combinamos um horário para um encontro, e ela até
concordou em deixar as câmeras para trás por uma noite para que pudéssemos
ficar realmente sozinhos.
Eu sorri com a ideia de passar uma noite romântica com minha
companheira.
Mas algo estava me dando um frio na barriga — algum instinto profundo
que me dizia que o vampyro estava perto.
Que esta noite eu teria minha chance.
Abrindo a gaveta superior esquerda da minha mesa, peguei o relógio e
olhei para o mostrador.
Os ponteiros não estavam mais confusos. Observei enquanto os dois
apontavam inabalavelmente na mesma direção.
Noroeste.
Por que o relógio funcionaria se Konstantin está morto?
Eu precisava descobrir o que estava acontecendo.
Mas se eu perdesse esse encontro, Michelle ficaria arrasada.
Merda.
Eu encarei o relógio, dilacerado pela indecisão.
Tudo que eu queria era ser um bom companheiro.
E às vezes isso significava fazer sacrifícios.
O que vou fazer?
Capítulo 85 – Desafiando a Gravidade
Michelle
Kristy @ KWaynel992
Puta merda, eu nunca vi um lobo enlouquecer com uma senhora grávida
como aquela antes! #Sienna com certeza perdeu a cabeça no
#MonicaBirchShow. Sabe o que é zoado? Garotas tendo colapsos emocionais.
#Sienna ficou #descontrolada e ninguém sabe por quê! KKKKK Só sei que
tô amando o #MonicaBirchShow!
Etienne Tremblay @CanadaAlfa
Fiasco inacreditável no #MonicaBirchShow de ontem. Mais evidências de
que #Sienna não foi feita para ser a #CompanheiradoAlfa.
Eu coloquei meu celular na mesa do restaurante com nojo, olhando ao
redor para os outros clientes.
Eu me perguntei quantos deles tinham visto o vídeo, que se tornou viral
no instante em que foi ao ar.
Já era tarde naquela noite e eu estava esperando por Josh em um
restaurante chique no centro da cidade.
Tínhamos planejado um encontro noturno e eu mal podia esperar para
mostrar a ele os latidos que já estavam chegando.
Sienna não conseguiu abençoar algumas grávidas, pelo amor de Deus!
Eu me sentia péssima por ela e tal. Quer dizer, ela ainda era minha melhor
amiga e eu não era completamente sem coração.
Mas eu não era babá dela. Nem mãe.
E não foi minha culpa se ela não conseguiu se virar.
Até porque tudo que ela precisava fazer era dizer algumas palavras.
Eu poderia ter feito aquilo dormindo.
Mas ninguém me queria.
Eles só queriam Sienna.
E cadê o Josh?
Ele estava quase quarenta minutos atrasado para o nosso encontro e os
garçons estavam começando a estranhar.
Aquele olhar que dizia: "Coitadinha, levou um fora."
Eu olhei para eles.
Eu não preciso da sua pena.
Eu não preciso do meu companheiro.
Eu não preciso de ninguém.
Levantando-me da mesa, saí do restaurante.
De alguma forma, cheguei ao meu carro antes que as lágrimas começassem
a escorrer pelo meu rosto.
Josh
Meu frasco estava vazio.
Eu o atirei no banco do passageiro com nojo.
Eu me senti um completo idiota por ter dado o bolo na Michelle.
Mas ela me perdoaria.
Eu estava chegando mais perto.
E eu não poderia voltar atrás agora. Não agora que estava tão longe.
Se o relógio me mantivesse dirigindo por muito mais tempo, eu teria que
abastecer. Eu compraria uma garrafa então.
Eu realmente preciso parar de beber.
Se eu estava prestes a enfrentar Konstantin, precisava de minha
inteligência.
Mas o uísque me mantinha ativo — me mantinha focado e determinado.
Aiden matou alguém ontem.
Alguém perigoso o suficiente para derrotar um capitão do Esquadrão de
Caçadores como Sayyid Hamdi.
O DNA mostrou que essa pessoa era Konstantin, mas não, algo não estava
certo.
Por que Konstantin, um vampyro todo-poderoso, recorreria ao uso de uma arma?
Por que não usou seus poderes psíquicos?
Quem é Ernesto Ruis? Que papel ele desempenhou em tudo isso?
E qual é o significado dos ossos roubados?
Algo estava errado e eu iria descobrir o quê.
Pisei no acelerador com mais força, acelerando ainda mais pela rodovia.
Sienna
Se tudo tivesse corrido bem no dia anterior, eu teria me encontrado com
Monica, Charlotte, Michelle, Blair e Selene naquele dia.
Havia outro episódio ao vivo do Companheiras Reais esta tarde, em um chá
de arrecadação de fundos que Blair liderou para beneficiar a ala de obstetrícia
do hospital.
Mas eles teriam que fazer isso sem mim.
Porque em vez de ir para o almoço, fui para a minha galeria.
O estúdio ainda estava destruído pelo acesso de raiva que eu tive alguns
dias antes.
Balançando a cabeça, comecei a limpar a bagunça que fiz.
Eu me sinto melhor. Mais com os pés no chão.
Eu estava confiante de que havia tomado a decisão certa.
Por muito tempo, estive tentando me moldar em algo que não era.
Eu me deixei levar pelo medo e pela dúvida.
E Konstantin havia usado esse medo para me manipular.
Mas ele estava morto. A ameaça iminente do vampyro finalmente sumiu da
minha vida. Da vida de todos que ele machucou.
E eu podia ver a verdade.
Eu nunca seria uma companheira perfeita para o Alfa, pelo menos pelas
definições de algumas pessoas.
Mas no final, quer se encaixasse no meu papel ou não, eu tinha que ser eu.
Qualquer outra coisa era insustentável.
Joguei fora as telas rasgadas, derramei os potes de tinta e passei um
esfregão no chão. Enquanto eu limpava, contemplei a crise que enfrentei no
dia anterior.
Eu sinto muito por aquelas mulheres. Elas esperavam que eu as ajudasse, e
eu fugi delas sem uma explicação.
Mas talvez houvesse algo mais que eu pudesse fazer por elas.
A ideia de minha possível infertilidade me irritava constantemente —
como uma ferida aberta.
Mas isso não precisava ser algo ruim.
Com cuidado, tirei a linda pulseira de Jocelyn e coloquei no bolso. Não
podia arriscar respingar tinta em uma relíquia de família tão bonita.
Quando terminei a limpeza, montei uma série de pequenas telas e comecei
a trabalhar nelas uma após a outra.
Para cada uma dessas mulheres, eu criaria algo único.
Uma pintura — na qual coloquei todo o meu amor e esperança por elas.
Talvez não seja mágica. Talvez isso não as salvasse do jeito que elas
sonharam que eu poderia.
Mas foi o melhor que pude fazer para abençoar cada um deles à minha
maneira.
Conforme a tinta escorria do meu pincel, eu esperava que fizesse alguma
diferença.
Aiden
Os membros do meu conselho interno entraram no meu escritório para
nossas instruções diárias.
Eu perguntei a Sienna se ela queria se juntar a nós — agora que
Konstantin estava morto, eu esperava envolvê-la mais na vida cotidiana da
Matilha — mas ela disse que estava indo para a galeria.
Eu percebi uma nova leveza em seus passos — o que pode ter algo a ver
com o fato de que ela dormiu a noite toda pela primeira vez em semanas, toda
envolta em meus braços.
Vamos torcer para que os pesadelos tenham ido embora para sempre.
Havia uma ausência notável na sala.
"Onde está o Josh? " Eu perguntei.
Ninguém respondeu.
Eu revirei meus olhos.
Agora que a ameaça de Konstantin havia sido resolvida, eu teria que ter
uma conversa com meu Beta sobre suas responsabilidades.
Chega de sumiços.
Todos se sentaram e percebi que Nelson estava impaciente para começar.
"Há algo de errado? " Eu perguntei.
"Recebi uma ligação do escritório do Alfa do Milênio", disse ele.
Eu me endireitei. "O que está acontecendo?"
Nelson pigarreou. "Ele está programado para ficar em Lumen até março,
mas acho que ele está abreviando a visita e... está vindo para cá."
A sala estava totalmente silenciosa. Todos olharam para mim.
Se Raphael Fernandez estava vindo para Mahiganote, isso só poderia
significar uma coisa.
Houve algum problema.
"Ele disse por quê? " Eu perguntei.
Nelson se mexeu desconfortavelmente em sua cadeira, seu olhar caindo
para o chão.
"O que foi? Alguém pode me explicar?"
"É por causa do programa", disse nossa secretária de imprensa Beatrice.
Eu dei a ela um olhar perplexo. "Quê?"
"Tem havido muito alvoroço nos círculos mais... tradicionalistas", ela
continuou. "Você viu a coletiva de imprensa com Etienne Tremblay?"
"O Alfa da Matilha do Canadá? " Beatrice concordou com a cabeça.
"Tremblay teve muito a dizer sobre o programa. E ele está falando bem alto.
Para quem quiser ouvir."
"E daí? " Eu disse.
"Parece que Tremblay é quem informou o Único e Verdadeiro Alfa do que
está acontecendo. Ele também está voando para Mahiganote. Tremblay
conseguiu convencer Fernandez de que é algum tipo de farsa distorcida."
Isso provavelmente não demorou muito.
Já era hora de acabar com aquele circo. Já tinha passado da hora.
"Beatrice, ligue para a Monica Birch. Diga a ela que o programa está
cancelado. Imediatamente."
"Mas e quanto..."
"Liberdade de imprensa? Como quiser. Mas não com minha companheira,
e não em minha Casa da Matilha."
Beatrice assentiu e saiu da sala. Eu olhei para todos os outros.
"Vocês, pobres coitados, vão me ajudar a descobrir como lidar com
Raphael Fernandez. E Nelson, consiga-me qualquer informação que puder
sobre Tremblay."
Tentei me lembrar de qualquer coisa sobre o Alfa canadense. No geral, eu
me lembrava dele como um fanfarrão.
Mas se Raphael pensasse que meu domínio sobre a Matilha da Costa Leste
estava diminuindo, ele não hesitaria em vir aqui e acabar comigo.
E isso parecia ser exatamente o que estava para acontecer.
"Companheiras Reais da Costa Leste está oficialmente fora do ar", disse ao
meu conselho. "Agora, vamos descobrir como consertar essa bagunça."
Jocelyn
Sentei-me em frente ao fogo na biblioteca do Retiro do Curandeiro.
Um livro estava aberto no meu colo, mas eu olhava distraidamente para as
chamas.
A pele nua do meu pulso parecia estranha e leve.
Mas Sienna precisava dessa força mais do que eu agora — eu sentia em
meus ossos.
A Matilha da Costa Leste precisava de mim.
Eu não posso ficar aqui para sempre. Em algum momento, terei que voltar para minha
vida.
Ou o que restou dela — agora que não sou mais uma curandeira.
Houve um ruído suave atrás de mim e, um momento depois, mãos escuras
cobriram meus olhos.
Meu coração pulou.
"Ei", Nina disse, dando a volta e se empoleirando ao meu lado no sofá em
que eu estava enrolada.
"Oi", eu disse.
Eu estava um pouco insegura de como me comportar com ela.
Tínhamos tido aquele bom momento no refeitório, e então eu não a via há
dias.
Puxei o cobertor que estava enrolado em meus ombros.
"Não acredito que você está com frio", Nina riu. "O fogo está realmente
indo embora."
"Tem feito bastante frio ultimamente", eu disse incisivamente.
Ela suspirou e segurou minha mão. "Sinto muito, Jocelyn, " ela murmurou.
Ela encontrou meus olhos.
"Eu não sabia a coisa certa a fazer. Parecia que... talvez você não me
odiasse tanto. Eu não queria estragar tudo."
"Então você me evitou?"
Ela encolheu os ombros, olhando para baixo. "O que posso dizer? Eu
meio que sou péssima nesse tipo de coisa. Eu sou um tipo de garota que 'foge
dos meus problemas'."
"Eu sou um problema?"
Seus olhos dispararam para encontrar os meus, se abrindo amplamente.
"Não!"
Com um gemido, ela caiu para trás contra o sofá.
"Meu deus, eu sou terrível nisso. Não, Jocelyn, você não é um problema.
Eu sou um problema.
Ou melhor, estou com problemas. Sempre consigo afastar as pessoas de
quem gosto. Machucar as pessoas que amo."
Prendi minha respiração.
Seus olhos dispararam em direção aos meus. "Merda", ela sussurrou.
"Pessoas que ama? " Eu disse baixinho.
"Por favor, não surte", ela disse suavemente.
A dormência que eu estava sentindo... o frio... diminuiu um pouco.
Ela ainda estava segurando minha mão e eu apertei meus dedos em torno
dela.
Engolindo em seco, eu disse: "É por isso que você está tão assustada?
Porque seus sentimentos por mim são... intensos?"
Ela sustentou meu olhar e então, lentamente, ela balançou a cabeça.
O ar entre nós engrossou com a tensão.
Eu descansei o lado da minha cabeça no encosto do sofá.
Ela aproximou o rosto do meu e me beijou de leve na boca.
Eu sabia que Nina era malandra.
Eu sabia que ela havia mentido.
Mas o jeito que ela me beijou...
Eu sabia que aquilo era real.
Sienna
Eu tinha terminado a terceira pintura e comecei a quarta quando meu
celular começou a tocar.
Era Charlotte Norwood.
Com uma respiração profunda, eu atendi. "Oi Charlotte. Eu não vou
comparecer."
Houve uma pausa.
Então ela disse: "Precisamos conversar".
"Não, não precisamos. Estou fora do programa. Então, não vou precisar
mais da sua ajuda."
Charlotte fez um barulho irritado.
"Isso não vai dar certo", disse ela.
Eu belisquei a ponta do meu nariz. "Bem, vai ter que acontecer."
"Você está me provocando", disse ela.
Eu franzi o rosto. O que ela quis dizer?
"Você deve se encontrar comigo, Sienna."
"Eu não tenho que fazer nada com você", eu disse, enquanto minha raiva
aumentava.
"Você precisa", ela disse. "Se você quiser ficar com Aiden, você vai me
encontrar imediatamente."
Capítulo 86 – Geladura
Michelle
Eu encarei meu celular em descrença.
Cancelado.
Aiden Norwood cancelou o Companheiras Reais.
Lágrimas saltaram dos meus olhos.
Como isso pôde acontecer?

Michelle: há alguma chance de que volte?


Monica: que eu saiba não
Michelle: mas não pode acabar assim!
Monica: desculpe, mas é assim que as coisas são Monica:
estou muito ocupada, Michelle Michelle: mas eles disseram
POR QUE!!!??
Monica: estou muito ocupada, Michelle Michelle: mas eles
disseram POR QUE!!!??
Monica: …
Monica: espere. Você não sabia?
Michelle: não sobre o quê?
Monica: foi Sienna
Monica: ela não queria mais se envolver Monica: então Aiden
cancelou.

Joguei o celular na cama, me levantei e caminhei lenta e deliberadamente


até o banheiro.
Eu encarei meu reflexo. Meus olhos brilhavam com lágrimas acumuladas.
Sienna. Ela não poderia me deixar conseguir isso.
Ela não conseguiu segurar a onda só por algumas semanas.
Quaisquer bons sentimentos que minha amiga e eu compartilhássemos
recentemente tinham evaporado, me deixando trêmula e furiosa.
Ela não merece ser a companheira do Alfa.
E eu? E quanto a mim?
Ninguém dava a mínima para mim.
Eu não era nada.
Com um grito áspero, atravessei o vidro com meu punho.
Sienna
Fui ao Posey Hotel, onde Charlotte e Daniel estavam hospedados.
Ou, pelo menos, onde Charlotte estava hospedada. Daniel Norwood ainda
estava fora do país a negócios.
A mãe de Aiden estava sentada em uma mesa no canto, sorrindo
amigavelmente para ninguém menos que Monica Birch.
Eu olhei ao redor. Sem câmeras. E eu não vi Michelle em lugar nenhum.
Algo estava errado. A inquietação subiu pela minha espinha, mas endireitei
os ombros, tentando esconder minha hesitação.
O que quer que aquelas duas tivessem planejado, não iria funcionar.
"Sienna, que gentileza de sua parte arranjar tempo para se juntar a nós",
Charlotte falou lentamente quando me aproximei.
"Estávamos começando a achar que você não compareceria", acrescentou
Monica.
Eu olhei para ela. "Vamos acabar com isso. O que você quer?"
Monica deu um pequeno suspiro de surpresa. "Uau, Sienna, por que tanta
hostilidade?"
"Eu já disse a Charlotte quando ela ligou: acabou", eu disse. "Estou fora do
programa. Você e Michelle podem continuar, eu não me importo, mas eu não
faço mais parte do Companheiras Reais."
Os olhos de Monica se estreitaram. " Companheiras Reais foi cancelado. Sob
a autoridade do Alfa. Aiden não te contou?"
Meu queixo caiu. Eu não tinha visto Aiden desde aquela manhã; eu não
tinha ouvido uma palavra sobre o programa ter saído do ar.
"Claramente, meu filho não compartilha tudo com você, não é? " Charlotte
disse suavemente.
Eu olhei pra ela. Sua pálpebra estava tremendo e seu rosto parecia abatido
e tenso.
Por fora, ela parecia uma mulher se deleitando com a vitória.
Mas tive a sensação de que tudo não era exatamente o que parecia.
Eu a encarei. "Se o programa foi cancelado, por que estou aqui?"
Os lábios de Charlotte se curvaram em um sorriso. "Por causa de outra
coisa que Aiden pode não ter lhe contado: algumas das... complexidades da lei
da Matilha."
"O que, diz em algum lugar que eu tenho que me ajoelhar e jurar
submissão à minha sogra? " Eu perguntei sarcasticamente.
Monica observou nós duas, parecendo positivamente alegre. Eu me
perguntei se ela estava filmando isso, mesmo agora, em algum tipo de câmera
oculta.
Mas os olhos de Charlotte estavam mais frios. "Não. Mas diz que a
companheira do Alfa deve ser capaz de lhe dar filhos."
O silêncio ecoou após suas palavras.
Meu coração parou no meu peito.
"Já faz o quê, três temporadas de Bruma que você passou com meu filho?
Outono passado, primavera e este outono. E ainda, nada de gravidez."
"Isso não é da sua conta, porra", eu disse. Meu corpo inteiro parecia rígido,
como se eu tivesse sido transformada em pedra.
"Na verdade, é da conta de toda a Matilha da Costa Leste", Monica entrou
na conversa. "Eles têm o direito de saber se a companheira de seu Alfa é capaz
de dar à luz um herdeiro."
"Afinal, é seu dever mais sagrado", acrescentou Charlotte.
Ela fungou com seu desdém esnobe de costume, mas, ao mesmo tempo, vi
seus olhos se voltarem nervosamente para Monica.
Suas palavras soavam como se elas tivessem ensaiado, e então tive certeza
de que aquilo estava sendo filmado.
Eu caí direto em uma emboscada.
Mas será que fui a única?
Por que Charlotte parece tão inquieta? Eu nunca a vi nem um pouco abalada.
"E está escrito na lei da Matilha que se a companheira de um Alfa é
incapaz de ter filhos por qualquer motivo, ela deve ser posta de lado."
Minha pulsação martelou em meus ouvidos. "Isso é impossível. Um
vínculo de acasalamento não pode ser quebrado."
Charlotte deu uma risada curta. "Ninguém está falando sobre quebrar o
vínculo de acasalamento, sua criança boba."
"Você sempre pode continuar como amante dele", Monica explicou.
"Enquanto alguém mais..."
"Adequado, é encontrado para a posição de sua verdadeira companheira",
Charlotte terminou suavemente.
Monica olhou para ela e eu vi Charlotte se encolher visivelmente.
Agora eu tinha certeza disso. Charlotte pode querer que eu vá embora, mas
não foi ideia dela.
Isso não mudou o fato de que suas palavras poderiam significar o fim do
meu relacionamento com Aiden.
Eles não têm nada sólido para seguir em frente.
Três Brumas sem gravidez é suspeito, mas não é prova de nada.
Eu me forcei a respirar. Para manter a calma.
"Você sabe de quem é o trabalho de defender a lei da matilha em situações
como essas? " Charlotte perguntou, cruzando as mãos sobre a mesa.
"Tenho certeza de que você vai me contar", respondi bruscamente.
"O Alfa do Milênio", ela respondeu suavemente. "E você sabe quem
chegará a Mahiganote amanhã?"
Sem esperar que eu respondesse, ela mesma respondeu: "Raphael
Fernandez".
Eu a encarei.
Quando tudo isso aconteceu? E por que Aiden não me contou sobre isso?
"É por isso que Aiden cancelou Companheiras Reais. Mas acho que temos
uma matéria muito mais emocionante aqui", disse Monica, dando-me um
sorriso de tubarão.
"E eu realmente acho que o Único e Verdadeiro Alfa ficará muito
interessado no que eu tenho a dizer a ele."
Com Monica filmando o tempo todo — transmitindo para uma audiência
de milhões.
Eu me perguntei se ela estava planejando isso desde o início.
E de alguma forma envolveu Charlotte nisso.
Por isso ela insistiu tanto para que eu ligasse para minha sogra.
Ela deve ter planejado isso desde o início.
Não importa. Eles ainda não tinham evidências sólidas.
Eu me levantei da mesa. "Eu não vou ser intimidada por você. Qualquer
uma de vocês. O que faço no meu quarto não é da conta da Matilha. E você
não manda na minha vida."
Eu me virei para ir embora, mas Monica tossiu e enfiou a mão na bolsa
para pegar uma pasta de documentos.
"Acho que você pode querer reconsiderar isso."
Monica
Acabou que foi fácil demais.
Sienna ficou imóvel enquanto o olhar de Charlotte caiu para seus pés.
Elas só rosnavam, mas não mordiam — especialmente a mais velha das
duas. Bastou um encontro oportuno com Charlotte Norwood para lembrá-la
de que era do seu interesse continuar cooperando.
Eu inicialmente a confrontei semanas atrás.
Ela se sentou na minha frente no pequeno café, olhando com horror em
branco para as declarações que eu fiz na frente dela.
"Como você encontrou isso? " ela perguntou.
"Ah, eu tenho meus métodos", eu respondi.
Um jornalista respeitável nunca revela suas fontes.
Especialmente quando essa fonte era um hacker freelance que paguei
meses atrás para descobrir os pobres de Charlotte e Daniel Norwood.
Acontece que a mãe do Alfa estava usando o cartão de crédito da MCL
para coisas que não eram exatamente relacionadas aos negócios.
A menos que fosse realmente necessário gastar US$ 400 mil em roupas de
alta costura todos os anos.
Eu soube quando vi aqueles números que Charlotte Norwood era meu
bilhete premiado. E assim que eu a deixei saber que eu exporia seus crimes
para o mundo, ela ficou mais do que feliz em ajudar.
Eu mal tive que insistir. Acho que teve algo a ver com o fato de que meu
plano acabaria tirando Sienna do jogo.
E Aiden Norwood teria uma nova companheira.
"Depois disso, recebo a cópia dos meus arquivos bancários, correto? " ela
pressionou, derrotada, mas disposta a fazer o seu papel.
"Claro. Eu sou uma mulher de palavra", eu menti.
E enquanto eu estava lá segurando o envelope na direção de Sienna,
observei enquanto ela e Charlotte lutavam para esconder o medo em seus
olhos.
Elas estão nas minhas mãos.
Aiden
O sol do fim da tarde estava começando a escurecer quando Felix me
chamou.
"Alfa Etienne Tremblay quer vê-lo, senhor", disse ele.
"Mande-o entrar."
Tremblay tinha um rosto comprido, olhos azuis caídos e cabelos grisalhos.
Seu terno caro estava bem esticado sobre sua considerável barriga.
"Aiden, é um prazer ver você", disse ele, dando um passo à frente e
estendendo a mão.
Eu sacudi. "Bem-vindo a Mahiganote."
"É um prazer estar aqui! É quente em comparação com Ottawa. Quando
saí, estava bem abaixo de zero."
"Imagino que seja uma boa mudança".
"Sim. Em climas como esse, você tem que ter cuidado com geladuras.
Eu me perguntei o que ele queria.
Por que ele veio ao meu escritório agora, quando ele poderia ter se acomodado em seu
hotel e esperado para me ver junto com Raphael amanhã?
Etienne estava andando em um pequeno círculo ao redor do meu
escritório, olhando para as pinturas — todas de Sienna — nas minhas paredes.
Suspirei. "Mas duvido que você tenha vindo até aqui por causa do clima,
Etienne."
Ele parou e se virou para olhar para mim. "Não, não foi por isso. Estou
aqui porque — como informei ao Único e Verdadeiro Alfa — estou
profundamente preocupado com este reality show."
"O programa foi cancelado. Toda essa situação já foi resolvida. Você não
acha que exagerou um pouco, envolvendo Raphael?"
As narinas finas de Etienne dilataram-se. "Sua companheira está arrastando
o nome dos Alfas pela lama, e você precisa colocar uma coleira nela!"
A raiva cresceu em minhas veias. Eu me levantei da cadeira. De pé, eu era
muito mais alto do que Etienne, e seus olhos se arregalaram de surpresa.
Eu inclinei minha cabeça, olhando para ele. "Vou lhe dar uma chance de
retirar o que disse."
Etienne sorriu e encontrou meu olhar furioso. "Claro, Alfa Norwood.
Tenho certeza de que sua companheira é... perfeitamente adequada para sua
posição. Não há nenhum problema nisso."
Sua estranha escolha de palavras fez o cabelo da minha nuca se arrepiar.
"Tive uma conversa interessante com uma jovem chamada Monica Birch.
Você a conhece, eu acredito?"
Eu não disse nada, minha mandíbula cerrada com força.
"Ela me deu algumas... informações interessantes ontem. Foi parte da
razão pela qual informei Raphael sobre o problema em sua matilha."
"Ah, é mesmo?"
Etienne acenou com a cabeça. "Eu acho interessante que o Alfa do Milênio
apareça aqui agora. Ele pode ser necessário."
"E por que isto? " Meu tom de voz estava grave e perigoso.
Se Etienne tivesse um pouco de bom senso, ele já teria dado meia-volta e
corrido.
Mas em vez disso, ele teve a audácia de sorrir para mim. "Vejo você
amanhã, Aiden."
Eu o observei sair com uma sensação de mal-estar crescendo em meu
peito.
Ele e Monica Birch...
Eles estavam tramando algo.
Mas o quê?
Sienna
Fiquei pairando entre a cadeira que empurrei e a mesa.
Percebi que Monica estava esperando que eu perguntasse o que havia no
arquivo.
Olhamos uma para a outra. Minha boca ficou fechada.
Por fim, ela disse: "Este é um arquivo médico, Sienna".
Uma onda de tontura passou por mim.
"Qual arquivo médico? " Eu disse.
Monica sorriu afetadamente. "Seu, é claro."
Meu?
"Onde você conseguiu isso? Como você pôde..."
Levei um momento antes de perceber exatamente o que ela estava
insinuando...
O exame de Hanh.
A prova de que posso ser infértil.
Ela sabia a verdade.
E Charlotte também.
Capítulo 87 – A Reflexão olha Diretamente
para Você
Monica
Sienna parecia ter perdido a capacidade de se mover. Ou respirar. Ou falar.
Ótimo. Aquela vaca ruiva nunca calava a boca.
Eu relaxei na minha cadeira, segurando a pasta de documentos com meu
bilhete da sorte.
As bochechas de Sienna ficaram vermelhas. "Você não pode ter isso. É
confidencial."
"Sim, bastante confidencial. " Eu concordei. "Talvez até condenatório.
Exatamente o tipo de coisa que você não gostaria que caísse nas mãos do Alfa
do Milênio."
"Permita-me deixar isso perfeitamente claro", disse Charlotte a Sienna. "Eu
conheço meu filho. Ele gosta de se considerar 'nobre'. Sua tendência seria
simplesmente ignorar quaisquer problemas com a lei."
"Mas ele não vai conseguir", terminei. "Não quando Raphael Fernandez
receber este documento logo pela manhã."
Comigo ali, esperando para capturar toda a cena.
Mais uma vez, silenciosamente agradeci a Sienna por ser ingênua o
suficiente para convidar sua sogra para participar do programa.
Charlotte Norwood foi minha chave para separar Aiden e Sienna.
E também, simultaneamente, para divulgar a maior história que a Manada
da Costa Leste já tinha visto.
No mês que vem, eu poderia ter meu próprio programa.
Daqui a um ano, minha própria rede.
As possibilidades eram infinitas.
No fim das contas, tinha sido mais fácil do que eu jamais imaginei.
Especialmente depois que eu descobri um certo segredo sobre a
companheira de um certo Alfa.
Se houve uma coisa que aprendi em minha carreira, foi que informação é
poder.
Isso tinha colocado Charlotte Norwood sob meu controle.
E estava prestes a derrubar Sienna.
Eu lancei um olhar para a câmera escondida que coloquei dentro do vaso
de flores em nossa mesa. Ele estava apontado corretamente, então capturou o
olhar perplexo no rosto de Sienna.
"O que você quer de mim? " Sienna exigiu. "Presumo que seja algum tipo
de chantagem?"
Charlotte fungou, como se essas coisas estivessem muito abaixo dela.
"Certamente não. Estou aqui para lhe dar a chance de deixar o cargo de
companheira de Aiden enquanto você pode. Eu realmente prefiro não arrastar
o nome Norwood pela lama."
"Pelo menos" — ela olhou para Sienna com frio desdém — "não mais do
que já foi."
Mordi meu lábio inferior para esconder minha expressão alegre.
Eu tinha todos exatamente onde eu queria.
Josh

O relógio me direcionou para o histórico Metropolitan Theatre em


Morgantown, West Virginia.
Parado do lado de fora do teatro, os ponteiros do relógio começaram a
girar em círculos caóticos, não mais apontando em uma direção.
Eu tinha chegado.
As janelas do teatro estavam bem iluminadas. Uma faixa sobre as portas
dizia: O Fantasma da Opera de Andrew Lloyd Webber
Michelle adoraria isso.
Talvez depois de matar Konstantin, vou trazê-la aqui para assistir.
Ela pode usar um vestido colado no corpo. Vou me enfiar em um smoking.
Eu posso mostrar a ela o local exato onde eu o destruí.
Assim que ele estiver morto...
A pele da minha nuca arrepiou quando endireitei os ombros e marchei
para o teatro.
Comprei uma passagem cara e fingi que ia para o meu lugar. Mas assim que
o porteiro desviou o olhar, deslizei por uma porta de palco e comecei minha
caça.
Os ponteiros do relógio ainda giravam, então usei meu nariz, procurando
pelo cheiro do vampyro.
Ele não ia se esconder de mim.
Eu o peguei quase imediatamente enquanto corria pelo corredor lateral da
casa.
Ele realmente estava aqui.
As luzes diminuíram e se apagaram, e a cortina se abriu.
Parei e olhei a cena, preso pela visão.
Musicais não eram realmente minha praia, mas eu duvidava que eles
fossem geralmente tão elaborados.
Uma série de painéis labirínticos pendurados no teto, juntos formavam um
intrincado pano de fundo que parecia o interior de um teatro.
O cheiro vinha dos bastidores.
Apressei-me em direção ao cheiro, mergulhando em uma alcova na parede
quando pensei que um porteiro poderia ter me visto.
Ele passou e eu saí correndo.
O cheiro vinha dos bastidores.
Havia uma porta na lateral do proscênio, que parecia levar aos bastidores.
Ninguém a estava guardando.
Eu me aproximei o mais silenciosamente possível e esperei a música
aumentar em um crescendo e os painéis das cortinas começarem a girar.
O público ficou fascinado.
Apenas a chance que eu precisava para escapar pela porta sem ser visto.
Os bastidores estavam escuros e desordenados, com ajudantes de palco
vestidos de preto se movendo.
Ninguém prestou atenção em mim e eu me apressei, tentando dar a
impressão de que estava ocupado e pertencia àquele lugar.
Então o conjunto começou a girar.
Eu parei no meio do caminho, chocado.
Era do tamanho da galeria da Casa da Matilha — ou seja, gigantesco — e
tudo girou: os painéis das cortinas e o lustre enfiados na parte de trás
enquanto cenários parecidos com catacumbas se moviam para o palco.
Havia uma terceira seção, percebi quando comecei a percorrer novamente:
um labirinto de espelhos em várias camadas.
Foi nesse labirinto que avistei um homem vestindo um smoking e uma
máscara branca e lisa cobrindo metade do rosto.
Se eu tivesse acreditado apenas nos meus olhos, poderia tê-lo confundido
apenas com outro ator.
Mas meu nariz revelou a verdade:
Konstantin.
O triunfo queimou em minhas veias.
Eu sabia que ele ainda estava vivo.
Minha garganta apertou e eu me aproximei. Então ele encontrou meu
olhar.
Seus próprios olhos escuros tinham um fogo vermelho em suas
profundezas.
Por um momento, fiquei paralisado.
Eu finalmente consegui desviar meu olhar. Mas quando olhei para trás, ele
havia se multiplicado: Uma dúzia de homens em smokings e máscaras olhou
para mim.
Que porra?
Antes que eu tivesse tempo de reagir, o grupo se separou e correu por um
labirinto de espelhos próximo que fazia parte do cenário.
Reflexos. Ótimo.
Corri para dentro e bati na primeira imagem que vi, mas tudo que acertei
foi o vidro.
Eu bati em outro, mas mais uma vez acertei um espelho.
"Porra! " Exclamei, furioso.
Mas então eu vi um movimento com o canto do olho. Sem pensar, estendi
a mão e agarrei um desses fantasmas.
Eu arranquei a máscara de seu rosto.
Era Konstantin, seus olhos estavam ardendo.
Ele não iria fugir desta vez.
Meus dentes se transformaram em presas de lobo, mas mesmo enquanto
segurava Konstantin em minhas mãos, o vi parado a três metros de distância.
E não era um reflexo. O segundo Konstantin me deu um aceno arrogante
com dois dedos.
Meu aperto afrouxou na figura que eu segurava, e ela se afastou de mim.
Também era Konstantin.
Brasas vermelhas queimavam em ambos os olhos.
E então eu vi outro, idêntico aos dois antes de mim, subindo um lance de
escada correndo.
E outro, movendo-se nas sombras atrás.
Minha mente girou. Eu não conseguia entender aquilo.
De repente, mãos fortes estavam me agarrando por trás.
Dedos se enrolaram em volta da minha garganta, expondo minha carne
nua.
Michelle.
Sinto muito...
Tudo ficou preto.
Sienna
Encontrei Hanh na ala médica da Casa da Matilha.
Minhas pernas estavam rígidas de raiva quando entrei na sala.
"Sienna", disse Hanh, olhando para cima. "Está tudo bem?"
"Como você pôde? " Eu me engasguei.
Hanh se levantou.
"Não sei do que você está falando", disse ele.
"O que você ganhou com isso? Elas te pagaram? Prometeram algo a você?
" Eu exigi.
A fúria queimou por mim, alimentada por um medo desesperado.
Eu tinha que fazer alguma coisa. Agora.
Me afastar. Eles queriam que eu me afastasse de Aiden.
Antes que Raphael Fernandez pudesse me remover devido à minha
possível infertilidade.
Meu coração batia tão forte que doía.
Tudo o que eu conseguia pensar era em descobrir quem era o culpado por
isso.
Que entregou meu segredo para Monica Birch.
"Sienna, posso ver que algo muito perturbador aconteceu, mas garanto-lhe
que não tenho ideia..."
"Besteira! Não faça papel de inocente! " Eu gritei.
Hanh tentou tocar meu braço e eu me afastei.
"Sienna", Hanh disse com calma autoridade, "você precisa se sentar agora."
Algo dentro de mim respondeu à ordem — os curandeiros tinham seu
próprio tipo de domínio, parecia. Minhas pernas dobraram e eu afundei em
uma poltrona.
"Você está tendo um ataque de pânico", Hanh disse em uma voz firme.
"Por favor, deixe-me tocar em você, só por um momento."
Oprimida, eu dei um aceno curto.
Ele pressionou a mão no topo da minha cabeça e a outra nas minhas
costas.
O calor se espalhou por mim.
A pressão diminuiu.
Minha respiração se acalmou.
Aquele confronto não estava acontecendo como eu imaginava.
Hanh me soltou.
"Agora, quando você estiver preparada, por que não começa do início? Do
que se trata?"
Demorou mais um ou dois minutos antes que eu confiasse em mim mesma
para falar.
"Meu arquivo médico. Monica Birch está com ele."
O rosto de Hanh ficou turvo. "O que você quer dizer?"
"Ela tem meu diagnóstico de infertilidade! Você deve ter dado a ela", eu
disse.
Hanh balançou a cabeça lentamente. "Sienna, isso não pode estar certo."
"Por que não?"
Porque nunca escrevi nada sobre isso. Eu queria a opinião profissional de
Jocelyn antes de confirmar o diagnóstico. Nunca mencionei isso em seu
arquivo médico."
Eu pisquei. "Bem, então como alguém poderia saber sobre isso?"
Hanh considerou. "Eu realmente não sei. Tem certeza de que Monica não
estava blefando?"
"Se ela estava, ela é uma atriz melhor do que qualquer outra."
"Bem, esse pode ser o caso, a menos que... " Hanh parou. Seu queixo caiu
e seus olhos focaram em uma gaveta da escrivaninha.
Meu estômago embrulhou. "A não ser o quê?"
Hanh abriu a gaveta e olhou para baixo, incrédulo. "Meu diário. Sumiu."
Qualquer sentimento de calma que Hanh havia passado para mim
evaporou. "Seu diário?"
"Sim. Sou apenas o assistente de Jocelyn. Tenho feito anotações detalhadas
sobre cada paciente que vejo. Para mostrar a ela quando — quando ela
voltar..."
Era como se ondas de calor e frio estivessem passando por mim, uma após
a outra.
"Este quarto não é mantido trancado? " Eu perguntei.
"Sim, mas às vezes... se eu tiver que sair rapidamente... Eu — Sienna, sinto
muito. " Hanh parecia chocado.
Eu balancei minha cabeça em descrença.
Aquela CADELA trapaceou, mentiu, roubou e manipulou.
"Há algo que eu possa fazer? " Hanh perguntou. Seu rosto era a imagem
da angústia.
"Eu... eu não acho que haja nada que alguém possa fazer", eu disse. Minha
voz soou muito baixa.
Estava tudo acabado agora.
Minha cabeça afundou em desespero, mas então eu apertei minhas mãos.
Não. Eu não vou perder tão facilmente.
Se Monica Birch podia jogar sujo, eu também podia.
Sienna você sabia?
Sienna
Michelle, você sabia o que Monica ia fazer??
Sienna
me responde agora!
Michelle
As mensagens foram chegando, uma após a outra. Deitei na cama, sem
energia para me levantar e me vestir.
Josh ainda não tinha voltado para casa.
Meu programa havia sido cancelado.
Então eu não precisava estar em lugar nenhum. Não mais.
Antes que eu pudesse começar a me perguntar de que merda Sienna estava
falando, meu celular começou a tocar.
Era Sienna.
Eu atendi, com a intenção de dizer a ela para parar de encher a porra do
meu saco.
Mas, em vez disso, Sienna começou a falar em um tom baixo e urgente.
Eu escutei.
Quando ela finalmente ficou em silêncio, joguei as cobertas para trás e fui
para o chuveiro.
Não pude acreditar nas palavras que saíram de sua boca.
Eu estava completamente furiosa.
Monica Birch tinha fodido com as garotas erradas.
Era hora de derrubá-la.
Capítulo 88 – Uma Mão Perdida
Monica
"Você não entende, Curtis? " Eu disse, andando pelo meu pequeno
escritório.
Aquele lugar era minúsculo, e eu não ficaria ali por muito mais tempo.
Assim que pudesse, eu iria embora.
E levaria Curtis comigo. Pelo menos enquanto ele fosse útil.
"Eu me pergunto quanto tempo vai demorar para que as ofertas comecem
a rolar", eu disse. "WolfWideNews. InfoLobos. Cacete, em pouco tempo
poderíamos ter nosso próprio canal!"
"Não gostei de roubar o diário daquele curandeiro", disse Curtis, nervoso.
Credo. Ele sempre foi tão molenga. Eu nunca conheci um lobo mais
submisso.
Normalmente, isso era bom para meus objetivos. Mas às vezes eu queria
que ele fosse mais corajoso.
"Quem se importa, Curtis? Ninguém vai olhar para nós. Eles estarão muito
ocupados assistindo à separação das celebridades do século! E então estaremos
entre os maiores!"
Curtis deu de ombros, mordendo o lábio como uma criança assustada.
Seus olhos se voltaram para os meus e então se afastaram apressadamente.
Eu amei que ele estava com medo de mim. Foi tão excitante.
Eu caminhei até ele e corri meu dedo na frente de sua camisa.
"É melhor não me questionar, Curtis", eu disse em seu ouvido.
"Pegamos o diário. A prova está aí. A cadelinha do Alfa vai cair fora.
Charlotte pode continuar com a roubalheira. Eu consigo o que quero. Está
tudo dando certo."
Curtis gemeu quando coloquei minha mão em sua virilha e dei um aperto.
"Portanto, não há nada com que se preocupar. Nós vencemos."
"Mas ainda pode dar errado! " ele protestou. Seu rosto estava contorcido
em um beicinho nada atraente.
"Nada vai dar errado", eu disse. "Continue fazendo exatamente o que eu
digo e seremos ricos."
Dei outro aperto em seu membro meio flácido através das calças.
Curtis deu um gemido baixo e suplicante.
Eu ri baixo em minha garganta e comecei a desafivelar seu cinto.
A porta do meu escritório se abriu, quase quebrando o vidro embaçado.
Eu me virei para ver quem era.
Ah, Sienna.
E sua amiguinha patética.
"Sua ladra imunda! " Sienna gritou.
Curtis ficou pálido e afastou minha mão de sua virilha.
"Você acha que pode se safar com isso? Se você tentar entregar aquele
arquivo para Raphael, eu direi a ele que você roubou de Hanh!"
"E ele vai cortar sua cabeça fora! " Michelle acrescentou.
Foi adorável a maneira como elas pensaram que poderiam me dominar.
Como se eu não tivesse planejado todas as possibilidades.
"Você tem provas de que eu roubei alguma coisa?" Eu perguntei a ela,
minha voz doce como açúcar.
"Você não teria nenhuma evidência! " ela rebateu com veemência.
"Ah, sim, não estou dizendo que não tenho as provas. Mas você tem
alguma prova de que fui eu que o peguei?"
Ela me encarou.
"Eu poderia ter encontrado o diário aberto sobre a mesa; nesse caso, não é
roubo olhar para ele."
"Mas isso..."
"Ou eu poderia ter recebido de uma fonte anônima que estava preocupada
com o futuro da Matilha da Costa Leste."
"Mas você não fez isso! " Sienna disse. Seu rosto estava quase da cor
daquele cabelo ruivo assustador.
"Você roubou do escritório de Hanh! " Michelle disse. Eu olhei para ela.
Vagabunda ingrata. Eu dou a ela a única chance que ela terá na vida de ser famosa, e é
assim que ela me retribui?
Bem. Ela nunca foi mais do que um peão em meus esquemas, de qualquer
maneira.
E peões são dispensáveis.
"Mas, como eu disse, você não tem provas. Sem filmagens de segurança.
Sem testemunhas. Nada. " Eu me certifiquei disso.
Porque Sienna tinha razão. Se Raphael descobrisse sobre minha falta
ocasional de... integridade jornalística, isso significaria um problema sério.
Mas não dá para fazer uma omelete sem quebrar alguns ovos, e não dá para
chegar ao topo da matilha sem correr alguns riscos.
Não deixei meu sorriso vacilar por um instante. "Acho que já deu. Mas
vocês são fofas, meninas. Muito fofas."
Sienna me lançou um olhar de puro ódio, depois permitiu que Michelle a
puxasse para longe.
"Isso não acaba assim", ela disparou.
A porta se fechou atrás dela.
"Ah, mas acaba sim. Acabou para você, Sra. Norwood."
Voltei-me para Curtis. "Então, onde estávamos?"
Josh
A viagem para casa foi um pouco confusa.
Tudo que eu queria era voltar para casa, para Michelle.
Honestamente, eu não conseguia acreditar que estava vivo.
Eu acordei no chão nos bastidores, vários auxiliares de palco agrupados ao
meu redor.
"O que aconteceu? " Eu perguntei enquanto corria a mão sobre minha
garganta.
A pele do meu pescoço estava lisa e sem manchas. Eu tremi de alívio.
Eu não fui mordido.
"Havia um homem — ou — talvez, gêmeos? Ou trigêmeos? " um dos
técnicos disse enquanto me ajudava a sentar.
"Sheila e eu pensamos que era Ramon", disse outro técnico. "Ele é nosso
Fantasma. Esses caras estavam vestidos como ele."
"Ajude-me a levantar", eu disse.
"Precisamos chamar a polícia! " alguém disse.
"Devemos estar ao vivo em vinte minutos! " disse a ajudante de palco.
"E daí, Sheila? Um homem acabou de ser atacado!"
Eu levantei a palma da mão. "Não, ela está certa. O show tem que
continuar."
E os policiais não vão fazer nada além de me atrasar.
Eu peguei a estrada e dirigi de volta para Mahiganote o mais rápido que
pude.
Konstantin deve ter sido interrompido antes que pudesse me morder. Eu
não tinha nenhuma lembrança dele em minha mente — ou em meus sonhos.
O medo apertava forte meu coração. Eu precisava encontrar Michelle. Para
ter certeza de que minha companheira estava bem.
Mas quando cheguei em casa, ela não estava lá. Uma nota na mesa de
cabeceira me informou que ela estava com Sienna.
Uma onda de exaustão passou por mim e desabei em nossa cama.
Na manhã seguinte, fui para a Casa da Matilha, fui abordado por Elijah,
meu assistente, quando cheguei.
"Beta Daniels, preciso atualizá-lo imediatamente", disse ele.
Franzindo a testa, eu estava prestes a levá-lo ao meu escritório quando
avistei uma linda mulher com cabelo preto e olhos roxos passeando pelo
corredor.
Eu me virei para Elijah. "Por que diabos Eve Knox está aqui? Raphael
Fernandez também está aqui?"
"Era isso que eu precisava te dizer", sibilou Elijah. "Você sumiu por dois
dias! O Alfa do Milênio está aqui. Junto com o líder da Matilha do Canadá."
"Alfa Norwood está procurando por você em todos os lugares. Ele está
irritado."
Eu podia sentir meu sangue começar a ferver, mas então, quando olhei
para Eve novamente, prendi a respiração.
Sem outra palavra para Elijah, eu marchei até ela.
Eve Knox era uma vampira — não uma vampyra . Vampiros nasciam assim.
Vampyros eram transformados.
Mas isso ainda significava que ela poderia ter mais percepções sobre a
insanidade dos últimos dias do que eu poderia aprender sozinho.
"Com licença, Sra. Knox? " Eu disse, reunindo meu sorriso mais
encantador.
Seu olhar violeta passou rapidamente por mim. Aqueles olhos me
assustaram, mas tentei não deixar transparecer.
"Você é o Beta da MCL", afirmou.
"Sim", eu disse com um sorriso. "Beta Josh Daniels."
"Você poderia fazer a gentileza de entrar no meu escritório por um
momento? " Eu perguntei. "Eu tenho uma pergunta que talvez só você possa
responder."
Quando nos sentamos no sofá, contei tudo sobre a caça ao Konstantin.
"Aiden tem plena certeza de que matou Konstantin", eu disse a ela. "Ainda
não contei a ele sobre ontem, mas aposto que ele não vai acreditar em mim.
Ele vai pensar que eu não vi o que vi."
Eve olhou para mim, seu rosto impassível. Arrepios subiram ao longo dos
meus braços.
"Mas eu vi, Sra. Knox. Konstantin estava lá, mas havia pelo menos três
dele."
Ela ainda não havia dito nada.
"E eu sei que o set estava cheio de espelhos, ok? Eu entendo que deve soar
como... como se eu estivesse errado..."
Enquanto falava, percebi como tudo aquilo parecia ridículo. Mas os olhos
de Eve estavam alertas e fixos em mim.
"O que mais havia no túmulo da caixa de pedra? " ela perguntou.
"Ah... " Fechei os olhos, tentando me lembrar. "Cerâmica. Algumas...
bolsas de couro. Um arco com penas — digo, era muito antigo..."
Eve acenou com a cabeça. "As bolsas de couro sugerem que
provavelmente era um feiticeiro. O que o povo daquela época teria
considerado um xamã."
Meu rosto afrouxou. "Ele roubou os ossos de um feiticeiro?"
Outro aceno de cabeça. "E com os ossos de um feiticeiro, você pode fazer
muitas coisas. Executar muitos tipos diferentes de magia."
"Podem ser usados como um ingrediente? Em feitiços?"
"Isso mesmo", disse ela. "O que pode ser a explicação para o que você viu,
Beta Daniels."
"Você está dizendo que ele realmente se duplicou? Que a pessoa que Aiden
matou não era o verdadeiro Konstantin?"
Eve levantou a mão. "Eu não disse isso. Não sei. Mas estou dizendo que
parece possível."
Eu pisquei para ela.
Ela suspirou. "Existe magia que permitiria que a pessoa a usasse para
transformar vítimas em... simulacros de si mesmo — cópias semelhantes a
clones, se você quiser. E com a habilidade de Konstantin de dominar
mentes..."
"Eu sabia, porra, " eu disse, me inclinando para trás e pressionando a mão
na minha boca.
Eve me olhou. "Eu tentaria ir atrás de alguma evidência, no entanto", ela
disse. "Porque agora, tudo isso são suposições."
Merda, pensei.
Ela estava certa.
Sienna
Naquela noite, Michelle e eu fomos ao cemitério de Mahiganote.
A lua estava brilhante e levou apenas alguns minutos para encontrar o
túmulo que procurávamos.
Fazia tempo que não visitava aquele lugar. Muito tempo.
Estendi a mão e corri meus dedos sobre as letras gravadas de seu nome.
"Eu gostaria que você pudesse conhecê-la", eu disse a Michelle enquanto
estávamos juntas na frente da lápide de Emily.
"Imagina, eu era a maior vadia na escola. Nenhuma de vocês sairia
comigo", disse Michelle sobriamente.
Ela olhou e vi que seus olhos brilhavam ao luar. "Não que eu esteja muito
melhor ultimamente. Sinto muito. Sienna."
Eu balancei minha cabeça. Se eu aprendi alguma coisa, foi que perdoar a si
mesmo por seu passado era a única maneira de seguir em frente.
Eu não iria permitir que as tragédias que Emily e Michelle sofreram
pesassem mais sobre mim.
Era hora de seguir em frente.
No instante em que desejei isso para mim mesma, senti o fardo que
carregava por tanto tempo finalmente ser retirado de meus ombros.
Eu me senti rejuvenescida... livre.
Eu sorri para Michelle. "Vamos apenas tentar ser melhores uma com a
outra de agora em diante."
"Prometo", ela respondeu.
Abraçamo-nos diante do túmulo de Emily e, no cemitério silencioso, achei
que podia sentir minha amiga sorrindo para nós.
Depois, congelando no ar do inverno, Michelle e eu voltamos para o meu
quarto de hotel, onde ficamos acordadas a noite toda, só conversando.
Sem equipes de maquiagem. Sem câmeras. Sem audiência ao vivo.
Apenas minha amiga e eu, tentando reconstruir nosso relacionamento
fragilizado.
Nós resolvemos tudo.
Todas as nossas falhas, triunfos, fracassos e preocupações.
Tudo isso enquanto esperava à beira de um precipício, me perguntando se
Monica Birch estava realmente disposta a ir tão longe para conseguir o que
queria.
Aiden sabia de tudo. Ele queria vir e ficar comigo, mas eu pedi a ele para
ficar na Casa da Matilha. Perto de Raphael Fernandez, caso algo acontecesse.
Então, Michelle e eu ficamos sozinhas, sentadas na cama do hotel e
lembrando como era ser amigas novamente.
Às vezes, eu chorava. Às vezes, Michelle chorava.
Depois de algumas horas, estávamos ambas completamente exaustas.
Eu não sabia para onde nossa amizade iria a partir dali. Havia muitas
feridas para curar — em ambos os lados.
Mas pelo menos estávamos nos ajudando.
Debatemos o que fazer com Monica Birch até as primeiras horas da
manhã.
Nosso plano não era tão sólido.
Quem sabe se conseguiremos fazer isso?
E se eu falhasse... se Aiden fosse de alguma forma forçado a me colocar de
lado e escolher outra companheira "oficial"...
Nós nos recusamos a falar sobre isso.
Foi a única coisa que não foi dita.
Como se falar aquelas palavras terríveis fosse dar vida à ideia.
Na manhã seguinte, fui convocada para a Casa da Matilha para me
encontrar com o Alfa do Milênio.
Capítulo 89 – Amor é Lei
Aiden
O Alfa do Milênio estava sentado à mesa de jantar de mogno.
Etienne Tremblay estava sentado ao seu lado direito, parecendo
presunçoso e ansioso.
Estávamos esperando minha companheira chegar.
Eu esperava que Raphael me desse uma bronca sobre o agora extinto
reality show, mas eu não esperava por isso — especialmente depois do que eu
descobri recentemente.
Minha mãe tentou chantagear minha companheira. Para afastá-la.
E para piorar as coisas, ela estava desviando fundos da Casa da Matilha. Eu
mesmo verifiquei os registro.
Como minha mãe pode ser tão estúpida?
Minha culpa, por não perceber que ela estava se envolvendo em negócios
suspeitos.
Eu tinha deixado a porta aberta para Monica Birch tentar tirar vantagem da
situação.
Ainda assim, minha mãe deveria saber que deveria vir até mim antes de
cooperar com uma vadia golpista como Monica Birch.
E vamos encarar: ela adoraria ver Sienna dar o fora.
Ela se sentou alguns lugares depois de mim, com o queixo erguido. Mas ela
ainda não tinha encontrado meus olhos.
A notícia sobre a infertilidade potencial de Sienna interferindo na lei da
Matilha me afetou demais. Eu ainda mal conseguia envolver minha mente em
torno disso.
Mas não havia nada, nem nas profundezas do inferno, que me afastaria de
minha companheira.
Pouco importava se ela poderia nos gerar filhotes ou não. Ela era minha
companheira, meu amor, e ela lideraria ao meu lado.
Apesar de tudo, uma onda de calor tomou conta de mim quando Sienna
entrou na sala de jantar.
Hanh Nguyen entrou logo atrás dela.
Ela me deu um pequeno sorriso, então olhou para o Único e Verdadeiro
Alfa de cabeça erguida.
Raphael deu a ela um pequeno aceno de cabeça. "Certo. Comecemos. Eu
voei até aqui hoje para lidar com um pequeno problema, mas fui informado de
algo muito mais importante."
Ao seu lado, Tremblay assentiu. "Francamente, estou chateado e
perturbado pelos acontecimentos na Manada da Costa Leste. E depois de falar
com a Sra. Birch, estou ainda mais preocupado."
"E eu não entendo como isso pode ser de sua conta. Principalmente
porque você está tendo acessos de raiva no Latter como se fosse um
adolescente. Um comportamento não muito digno de um Alfa", eu retruquei.
Eu passei horas tentando descobrir o que Tremblay tinha a ganhar com
essa façanha.
Sua matilha era altamente tradicionalista; as mulheres tinham pouca
liberdade pessoal e eram encorajadas a encontrar seus companheiros com
apenas quatorze anos.
Se ele visse minhas ideias progressistas para a Costa Leste como uma
ameaça, fazia sentido que tentasse me minar.
Mas me perguntei se até mesmo Tremblay sabia o quão longe ele teria que
ir.
"É de minha conta, Alfa Norwood", Raphael disse. Ele se virou para
Sienna. "Vamos começar com a questão do reality show."
"Excelente. Por favor, mande-os entrar", disse Tremblay a Felix, meu
assistente. Minhas garras coçaram ao ouvi-lo dar ordens aos meus lobos, mas
optei por não dizer nada.
A porta da sala de jantar se abriu e Michelle entrou, parecendo apavorada e
olhando ao redor em busca de Josh.
Mas depois que ele sumiu por dois dias, eu não o permiti na reunião
também, então ela nem mesmo tinha seu companheiro para contar com seu
apoio.
Michelle foi seguida de perto por Monica Birch e seu cinegrafista. Mesmo
naquele momento, ele estava filmando tudo.
Enquanto eles se sentavam, lancei a Sienna um sorriso encorajador.
Ela parecia forte e confiante, mesmo enquanto enfrentava seus inimigos.
Meu coração batia forte de amor por ela, e eu jurei mais uma vez que
ninguém jamais a tiraria do meu lado.
Sienna
O rosto de Raphael permaneceu neutro.
Monica deu a todos na sala um sorriso brilhante enquanto se aproximava
da mesa.
"Acho que todos podemos concordar que Companheiras Reais foi um
experimento divertido. E se eu tiver ido um pouco longe demais, foi pelo bem
do entretenimento!"
Ela ergueu a mesma pasta de documentos que havia me mostrado antes.
Meus dedos se curvaram dolorosamente em minhas palmas.
"Aqui nós temos trechos do diário de um curandeiro de matilha, que
descreve especificamente Sienna Norwood como sendo infértil. Ela tentou
esconder essa informação, mas minha investigação revelou a verdade."
Ela continuou, "Por lei territorial conjunta..."
"'A companheira de um Alfa deve ser capaz de fornecer herdeiros, ou ela
deverá ser afastada’. Estou familiarizado com a lei. Vá direto ao ponto", o Alfa
do Milênio declarou de maneira clara.
Eu toquei a pulseira de prata em meu pulso.
A pulseira de Jocelyn. Um talismã com a força e o apoio da minha amiga.
Sou forte o suficiente para vencê-los em seu próprio jogo.
Meus joelhos tremiam, mas levantei a mão. "Posso falar, meu Alfa?"
Raphael acenou com a cabeça, dando-me um olhar nivelado.
"A única evidência que Monica Birch tem contra mim vem do assistente de
Jocelyn, Hanh Nguyen."
Eu olhei para Hanh. "Ele é um curandeiro maravilhoso, mas é apenas um
assistente, e suas descobertas foram o resultado de um exame breve e não
invasivo.
Então olhei para Monica, que estava presunçosamente sentada em sua
cadeira. "Mas não estaríamos discutindo nada disso se Monica Birch não
tivesse roubado seu diário médico pessoal."
Eu esperava que as pessoas ofegassem em estado de choque, mas a sala
permaneceu totalmente silenciosa.
Só por um momento, no entanto.
"Essa é uma acusação ultrajante e completamente infundada! " Disse
Monica. Sua indignação estava bastante convincente depois de ter praticado
com Michelle e eu na noite anterior. "Eu poderia processá-la por calúnia!"
"Eu acho que você terá problemas maiores para lidar em breve", eu disse
calmamente.
"Meu Alfa, não há prova disso. Eu recebi o diário de uma fonte anô..."
"Ela roubou. E eu posso provar isso", eu disse simplesmente, direcionando
minhas palavras para Raphael Fernandez.
Ele lentamente olhou em volta para o Alfa canadense. "Você está me
dizendo que fui arrastado até aqui porque a companheira do Alfa pode ser
infértil?"
Etienne empalideceu. "Eu — ela — eu tinha certeza", Charlotte engoliu
em seco, ficando com o rosto vermelho. "Sienna não é adequada para ser a
companheira de um Alfa! " ela deixou escapar.
"Vejam o fiasco do Festival da Fertilidade! Ela convidou um vampyro para a
MCL. E ela mostrou ao mundo inteiro quão imaturo, quão juvenil..."
Raphael só teve que levantar um dedo e a mandíbula da minha sogra se
fechou.
Interiormente, suspirei. Mesmo agora, com Charlotte sendo chantageada
por Monica, ainda havia uma parte dela que não conseguia superar o quanto
ela me desprezava.
Mas ela não sabia que Aiden e eu sabíamos seu segredo. Talvez seu tom
mudasse se eu revelasse que ela estava enchendo os bolsos com dinheiro da
MCL.
Raphael se virou para olhar para mim novamente. "Você diz que tem
provas de que seus direitos pessoais foram violados?"
Peguei meu celular e toquei na tela para carregar o vídeo que Michelle e eu
tínhamos filmado do lado de fora do escritório de Monica ontem.
Entreguei o celular ao Alfa do Milênio, e ele o pegou com a testa franzida.
Duas figuras desfocadas começaram a falar.
"Eu me pergunto quanto tempo vai demorar para que as ofertas comecem
a rolar... ", disse Monica Birch na tela.
Eu olhei para ela do outro lado da mesa. Seu rosto estava mortalmente
branco.
"Não gostei de roubar o diário daquele curandeiro", dizia a voz de Curtis.
O cameraman olhou para mim e deu um pequeno aceno de cabeça. Não
foi nada difícil convencê-lo a enganar Monica fazendo com que ela se
entregasse enquanto filmávamos.
Não achei que ele fosse tão submisso quanto ela acreditava.
No vídeo, a voz de Monica estava presunçosa com a vitória. "Pegamos o
diário. A prova está aí. A cadelinha do Alfa vai cair fora. Está tudo dando
certo"
"Há mais? " Raphael perguntou, olhando por cima da tela.
"É basicamente isso", eu respondi.
Ele me devolveu o celular e, em seguida, fixou o olhar em Monica Birch.
"Eu... hm... " seus olhos se voltaram para cada um de nós.
Então, sem aviso, ela saiu correndo da sala.
Seu cameraman ficou, e a luz vermelha estava piscando.
Imaginei que Monica iria fugir, então pedi a Curtis para ficar.
Afinal, não gostaríamos de atrapalhar a audiência ao vivo.
"Deixe-a ir", disse Aiden. "A segurança vai lidar com ela. Ainda há um
problema maior que precisamos resolver."
Aiden
"Não importa se a prova foi roubada. Ou se o diagnóstico do meu cônjuge
é real ou não."
Olhei para Sienna, que havia bolado um plano para derrotar Monica em
apenas um dia.
Meu coração ardia de amor por ela — por sua força e coragem.
"O problema é a própria lei."
Raphael ergueu as sobrancelhas, inclinando-se para trás enquanto ouvia.
"Mesmo séculos atrás, ela nunca deveria ter sido criada", eu continuei.
"Devido às trágicas mortes de companheiros acasalados, nossa sociedade
tem uma quantidade enorme de órfãos", eu disse. "Quem pode dizer que uma
dessas crianças, criada por um Alfa, não poderia ser um herdeiro adequado?"
Eu encontrei os olhos de Sienna. Eles estavam cheios de emoção quando
ela olhou para mim.
"Eu amo minha companheira", eu disse. "Eu a amo mais do que minha
própria vida. E você gostaria que eu a abandonasse... e levasse outra mulher
para a cama para ter filhotes?"
Inclinei-me para frente em direção a Raphael. "Você sabe melhor do que
ninguém o que é encontrar sua companheira depois de anos de procura.
Conhecer a centelha divina — o dom único e precioso desse compromisso."
"Como alguém poderia esperar que eu manchasse esse vínculo por algo tão
político e sujo como garantir uma linha de sucessão? Sienna foi feita para mim,
e eu fui feito para ela."
Eu me levantei da minha cadeira e fui até minha companheira. Ela se
levantou e deu um passo em direção aos meus braços, que esperavam por ela.
"Ninguém vai me separar dela", eu disse. Rompendo com o abraço de
Sienna, encarei Raphael Fernandez de frente.
"Você tem o poder de derrubar esta lei. Eu peço que você faça isso agora.
Hoje."
Raphael nos olhou com seu usual olhar calculista. "Essa é uma declaração
bastante emotiva, Alfa Norwood."
Prendi minha respiração. Ao meu lado, os dedos de Sienna se enroscaram
nos meus.
"Alguém presente se opõe à remoção desta lei específica do regulamento
da Matilha? " ele perguntou com um olhar penetrante para Etienne Tremblay.
O Alfa da Matilha Canadá não disse nada, mas eu podia sentir a
humilhação e submissão vindo dele em ondas.
"Bem, então, Aiden, parece que a lei não existe mais", disse Raphael. Pela
primeira vez, percebi uma pitada de humor em seus olhos.
Ele se levantou e olhou para Etienne. "Tremblay, acredito que você e eu
precisamos ter uma conversa sobre o que constitui 'uma emergência moral'."
"Sim, meu Alfa", disse Etienne, visivelmente tremendo.
Eles saíram da sala. O mesmo fez Hanh, e um momento depois Michelle,
que não tinha falado uma única palavra, mas que eu senti torcendo por Sienna
o tempo todo.
Virei-me para minha companheira e a beijei com todo o fervor que rugia
em minhas veias.
Monica
"Você transmitiu ao vivo a coisa toda? " Gritei com Curtis. Eu ainda estava
sendo mantida pela segurança da Casa da Matilha, e ele tinha acabado de sair
da sala de jantar.
Eu precisava dar o fora daqui e rápido. Aiden Norwood estaria procurando
por mim.
"O que você estava pensando? " Eu disse a Curtis.
"Talvez ele tenha uma responsabilidade com seus telespectadores, Monica,
" uma voz grave me chamou por trás.
Meu coração parou.
Era o Alfa Norwood.
Eu me virei e o encarei, apertando minha mandíbula.
"Mostrar a eles a verdade de quem você realmente é", continuou Aiden.
Sienna estava ao lado dele. Eu queria voar para ela com minhas garras,
arrancar seus malditos olhos.
No entanto, me segurei.
Meu instinto de sobrevivência foi mais forte do que minha raiva.
Ele se aproximou com cada palavra. "Você. Vai. Sair. Do meu. Território."
Ele se inclinou. "Você. NUNCA. Irá. Voltar."
Tentei responder, mas engasguei com minhas palavras. Não saiu nada.
"Você nunca mais entrará em contato comigo, minha mãe ou qualquer
pessoa da minha família novamente."
Ele sabia sobre Charlotte...
Minha mente estava vazia de medo — uma emoção que eu não sentia há
anos.
Aiden se inclinou, sussurrando. "E se você fizer isso, eu vou te matar. Ou
melhor ainda, vou deixar Sienna fazer isso."
Sienna
Meu celular vibrava enquanto mensagens de meus amigos começaram a
chegar, me parabenizando — eles tinham visto a coisa toda ao vivo.
Aiden e eu ficamos de mãos dadas quando ele se virou para voltar para a
reunião, mas então Charlotte apareceu.
Michelle a seguia de perto.
Minhas costas enrijeceram.
Aiden franziu a testa, olhando de mim para sua mãe.
"Parece que você está escondendo alguns segredos desagradáveis, mãe."
Charlotte empalideceu. "Como você soube?"
"Sienna ouviu Monica. Temos a filmagem, se você quiser ver. Mas,
felizmente para você, Sienna decidiu editar essa parte, então Raphael não
descobriu o que você tem feito."
Sua boca abriu e fechou sem palavras.
"Eu disse para você ficar longe", disse Aiden.
Charlotte balançou a cabeça com as mãos levantadas. "Por favor, filho, eu
só estava tentando fazer o que é melhor para você. Essa garota... ela é
simplesmente inadequada!"
Aiden deu-lhe um sorriso ameaçador. "De certa forma, estou feliz por
você ter desviado dinheiro. Isso significa que você nunca vai poder me dizer o
que é 'apropriado' novamente."
Charlotte parecia dividida entre a vergonha e a raiva. Finalmente, ela
baixou os olhos e me coloquei entre eles.
"Você já fez o suficiente", eu disse a Charlotte. "E você já disse o
suficiente. É hora de pegar seu marido e partir para outra viagem ao Taiti ou a
qualquer lugar que você preferir."
"Como ousa tentar me banir", Charlotte se irritou.
"Jamais", eu disse. "Você não está banida. Afinal, fui eu que a convidei de
volta à minha vida."
"Mas aquilo foi um erro ", eu disse. "Um que eu não cometerei novamente.
E se você quiser ter alguma chance de um relacionamento com seu filho, estou
lhe dizendo agora: desapareça por enquanto"
Eu continuei, "E no futuro, você não vai me tratar como se eu estivesse
abaixo de você. A menos que você queira que a versão não editada da filmagem
de Monica vaze por toda a Internet."
Ela olhou para mim por mais um momento, então ela deu meia-volta e saiu
andando.
No corredor, mudando nervosamente de um pé para o outro, estava
Michelle.
"Eu realmente não ajudei em nada", disse ela.
"Não importa", eu disse a ela. "É bom saber que você está do meu lado
novamente."
"Claro", ela disse com um sorriso. "Melhores amigas para sempre, né?"
Eu a abracei com força, percebendo que Michelle ainda era muito magra e
que o abraço dela estava relutante.
"Eu acho que quero encontrar Josh", ela disse incerta.
Aqueles dois teriam algum trabalho a fazer para reparar seu
relacionamento, mas eu sabia que seu amor ainda era forte.
Assim como o de Aiden e o meu.
Eles ficariam bem, eventualmente.
"Ok. Depois eu te ligo", eu disse.
Michelle foi embora. Eu não tinha certeza se nossa amizade seria a mesma,
mas eu fui sincera com ela.
Ele pegou minha mão. "Vou pedir a Josh para lidar com isso. É hora de
meu Beta começar a assumir mais algumas responsabilidades na Casa da
Matilha."
Então ele olhou para mim e seus olhos estavam ardendo. "Acho que
precisamos sair daqui."
Eu sorri quando minha própria luxúria começou a aumentar. "Concordo
totalmente com você."
Capítulo 90 – Torta de Maçã e Nudez
Sienna
Enquanto eu dirigia de volta para o nosso hotel, Aiden chamou o serviço
de quarto e pediu torta de maçã para ser entregue em nosso quarto.
Eu estava tonta — meu corpo vibrava de alegria enquanto eu liderava o
caminho.
Pegamos nossos pratos e garfos e nos sentamos juntos na cama, sorrindo
como idiotas enquanto comíamos nossa torta da vitória.
Eu estava feliz demais para tomar cuidado e, em pouco tempo, um bocado
de recheio de torta caiu na minha camisa, bem no meu peito.
Os olhos de Aiden foram para ele, e ele jogou sua torta de lado, o prato
batendo no pé da estrutura da cama com um tilintar. Ele se inclinou para
frente, um rosnado baixo soando de sua garganta.
Meu coração começou a acelerar enquanto ele lambia o recheio.
Então, em meio a uma bagunça de roupas e mãos, nos despimos um ao
outro.
Eu estava mais excitada do que nunca.
Meu companheiro.
Meu amor.
Para sempre.
Ninguém jamais poderia nos separar.
Sua boca estava na minha pele nua, na minha clavícula, nos meus seios, na
minha barriga.
Ele se moveu para baixo, em seguida, espalhou minhas coxas e mergulhou
sua língua dentro de mim, percorrendo meus lábios enquanto eu enterrava
meus dedos nas cobertas, arqueando minhas costas.
Minha mão mergulhou em seu cabelo. Minha respiração vinha em suspiros
rápidos enquanto ele me dava prazer.
Então ele retirou sua boca, substituindo-a com os dedos enquanto
levantava seu corpo sobre o meu.
Eu o bebi com meus olhos — seus ombros fortes, peito largo, a ondulação
em seus músculos quando ele me ergueu no quadril.
"Você é minha", ele murmurou. "Ninguém pode tirar você de mim."
"Ninguém", eu concordei, hipnotizada pela intensidade de seu olhar.
Eu senti a cabeça do pênis dele empurrando contra meu sexo.
Eu alarguei minhas pernas, convidando-o a entrar.
Precisando dele.
Ele pairou um pouco mais, seus olhos viajando pelo meu corpo nu — eu
podia senti-los como uma carícia.
Minha carne respondeu, formigando com arrepios.
"Anda, Aiden, " eu implorei. "Por favor, agora."
"Você é minha", disse ele novamente enquanto se enterrava em meu sexo
em um impulso profundo que me fez ofegar.
Ambas as mãos seguraram minha bunda enquanto ele entrava em mim,
mais forte com cada impulso.
Eu o queria, tudo dele, e envolvi minhas pernas ao redor de seus quadris.
Meus braços ao redor de seu pescoço, eu me puxei contra ele, pele contra pele.
Enquanto meu êxtase aumentava, enterrei minhas garras quase
transformadas em suas costas.
Eu era dele, sim.
Mas ele era meu também.
Uma onda de felicidade arrancou um grito da minha garganta e me agarrei
a ele.
"Marque-me! " Eu ofeguei.
Ele olhou para mim em estado de choque.
"Faça de novo", eu implorei. "Por favor!"
Uma fome brilhou em seus olhos e, em um instante, senti seus caninos
perfurarem a carne do meu pescoço. Eu gritei quando um líquido quente
escorreu pelo meu peito.
Eu mal conseguia respirar.
Mas eu não gozei. Gritando meu prazer em um uivo gutural, usei minha
força restante para mudar minhas próprias presas e perfurei o pescoço do meu
companheiro em troca.
Ele soltou um gemido de dor e prazer e me mordeu ainda mais forte
enquanto empurrava dentro de mim uma última vez.
A emoção percorreu meu corpo enquanto íamos para frente e para trás,
tremendo de euforia.
Eu gozei, e um momento depois, Aiden também.
Nós convulsionamos como um só ser. O êxtase queimava aquilo que nos
separava — carne, osso. Éramos uma só alma, fundidos.
Eu quero ser assim para sempre.
Unida a ele, para sempre.
E me ocorreu — Aiden estava certo.
Essa conexão era divina.
Quando finalmente o êxtase diminuiu, nós nos enrolamos juntos.
Deitamos de lado, e ele passou os braços em volta de mim, segurando meu
seio por trás. Aiden adormeceu quase imediatamente.
Eu logo o segui, finalmente segura.
Passamos o resto do dia enfurnados em nosso quarto de hotel, solicitando
serviço de quarto.
Na manhã seguinte, porém, toda aquela comida chique me fez mal — sem
falar na torta. Eu me senti enjoada enquanto tomava banho e me vestia.
Aiden sorriu e me beijou enquanto fazia o mesmo, é cedo demais, nós
seguimos nossos caminhos separados durante o dia.
Ele tinha negócios com a matilha e eu tinha algumas pinturas para fazer.
Encolhi os ombros para evitar a náusea e corri para a minha galeria.
Conforme eu misturava cores em minha paleta, olhando ao redor do meu
estúdio, uma profunda sensação de bem-estar me aqueceu.
Que vida boa eu tinha.
Fiquei muito, muito grata.
E pela primeira vez em muito tempo, mal podia esperar para ver o que o
futuro me reservava.
Josh
Inalando profundamente, entrei no escritório de Aiden.
Ele estava lendo a pilha de documentos que eu coletei para ele na reunião
que ele optou por ignorar.
O aborrecimento com sua irresponsabilidade guerreou com a satisfação
por ele ter me pedido para ocupar seu lugar.
Por um tempo, sentado naquela mesa, eu tive uma amostra de como seria
se Eu fosse o Alfa da MCL.
Mas durou pouco tempo, e agora, ali estava eu, tendo que pedir a Aiden
para fazer algo sobre o que eu tinha aprendido sobre Konstantin e os ossos.
"O que posso fazer por você, Josh? " ele perguntou finalmente.
"Não acredito que Konstantin esteja realmente morto", eu disse.
E então me sentei e contei a ele tudo o que havia aprendido. Tudo sobre o
Museu Jalwitz, a sepultura de pedra, os clones no Morgantown Theatre e o
que Eve havia dito.
Posso ter deixado de fora a parte sobre a lama e o relógio. Afinal, eu não
queria ser despedido na hora.
Aiden balançou a cabeça.
"Konstantin está morto", afirmou, apesar de tudo o que eu acabara de lhe
dizer. "Eu o matei com minhas próprias mandíbulas."
"Aiden..."
Ele ergueu a mão. "Josh, você pode relaxar agora. Michelle pode relaxar.
Sienna também. Elas estão seguras. Konstantin está morto."
"Mas os clones..."
"Você mesmo disse que havia espelhos por toda parte. E honestamente,
Josh, você tem bebido demais..."
Eu zombei e me levantei.
"Eu digo isso como seu amigo", Aiden prosseguiu, levantando-se também.
"Fale com um curandeiro. Talvez procure um programa de reabilitação..."
"Isto é inacreditável!"
Eu encontrei seus olhos e o encarei.
"Você não suporta a ideia de que pode estar errado! Que ele te enganou de
novo! Tentando me fazer parecer um alcoólatra..."
"Quantas bebidas você bebeu até agora? " Aiden perguntou, seus olhos
frios.
Cerrei os dentes, recusando-me a responder.
"São dez horas da manhã, Josh, em uma maldita quinta-feira."
"Vai se foder, Aiden, " eu respirei.
Suas sobrancelhas se ergueram. "Perdão?"
Eu estava com muita raiva para tentar voltar atrás, mas sabia que tinha
ultrapassado os limites. Ele era meu Alfa — apesar de tudo.
Ele deu a volta na mesa, aproximando-se. "Eu vou dizer isso uma vez só,
Josh, e é uma ordem. Fale com um curandeiro. Procure saber sobre
reabilitação. Ou vou encontrar um novo Beta."
Eu levantei minhas mãos e me virei, saindo da sala.

Jocelyn: Oi, Sienna.


Sienna: Joce!
Sienna: Meu Deus!
Sienna: Faz muito tempo que não nos falamos! Como você
está??!
Jocelyn: Muito melhor.
Jocelyn: Eles disseram que estou fazendo um bom progresso
Jocelyn: Disseram-me que logo estarei bem o suficiente para
voltar para casa.
Sienna: Que notícia maravilhosa!
Sienna: não sei se já tive a chance de agradecer direito
Sienna: Se não fosse por você, Michelle não estaria aqui.
Jocelyn: ; )
Sienna: Estou tão feliz que você esteja se sentindo melhor.
Estou feliz que os curandeiros cuidaram bem de você...
Jocelyn: Sim, bem... eles não são a única coisa que me trouxe
de volta à vida.
Sienna: ?
Sienna (emoji de olhos arregalados) Sienna: (adoro um
suspense) Jocelyn: Digamos que há alguém de volta na
minha vida.
Jocelyn: que eu estou muito feliz de ter de volta na minha
vida Sienna: (emoji de boca aberta) Jocelyn: Enfim, eu não
posso usar celular aqui Jocelyn: Só queria dizer oi e que estou
viva.
Sienna: Ok! Foi ótimo falar com você!
Jocelyn: Com você também. Até logo.
Sienna: ❤

Fiquei muito feliz em ter notícias sobre Jocelyn novamente. Não sei o que
teria feito se as coisas tivessem piorado.
***

Naquela noite, Aiden e eu dirigimos para a casa dos meus pais para um
jantar em família.
Mamãe nos cumprimentou na porta com abraços e beijos.
Ela sorriu para Aiden. "Fiquei muito orgulhosa com tudo o que você disse
naquela reunião, Aiden", disse ela. Lágrimas brilharam em seus olhos.
"Significou muito."
Então ela me agarrou e me abraçou novamente.
"Eu não tinha ideia de que eles estavam tentando expulsar você", ela disse
em meu cabelo. "Eu teria esfolado aquela Monica Birch viva se eu soubesse!"
"Eu sei que você teria, mãe", eu disse, mesmo com ela me estrangulando.
Depois de me libertar, vi meu pai esperando atrás dela.
Eu sorri para ele e dei-lhe um grande abraço.
"Como você está, querida? " ele perguntou suavemente. "Passou por muita
coisa difícil?"
Peguei suas mãos e encontrei seus olhos. "Foram difíceis por um tempo,
mas as coisas estão muito melhores agora."
"Fico feliz", disse ele, expirando.
Selene e Jeremy entraram no corredor. Jeremy estava segurando a bebê
Vanessa, exibindo-a para Aiden.
"Você nunca para de se preocupar com eles", papai disse a Jeremy,
passando o braço pelo meu ombro.
"É só a preocupação que muda", acrescentou ele com uma risada.
Eu estava sorrindo também, mas uma faísca de ansiedade me levou a
deslizar minha mão na de Aiden.
Será que algum dia conheceremos as alegrias e desafios da paternidade?
"Vamos, pessoal, vamos comer", disse papai, conduzindo-nos para a sala
de jantar.
Meu estômago embrulhou com o cheiro da comida, no entanto, e eu fiquei
para trás.
A náusea estava me incomodando o dia todo.
"Você está bem, irmã?" Selene perguntou, pegando meu braço quando eu
soltei a mão de Aiden, deixando-o ir para que ele pudesse se oferecer para
ajudar a trazer comida da cozinha.
Eu sorri para ela enquanto estávamos no corredor de entrada. "Acho que
sim. Estou me sentindo um pouco tonta hoje. Provavelmente o resultado de
todo aquele estresse."
Selene ergueu uma sobrancelha curiosa. "Você acha? Ou poderia ser algo
mais?"
Eu olhei seriamente para ela, genuinamente insegura do que ela queria
dizer.
"Será que você está grávida? " ela se inclinou e sussurrou.
Minha garganta se apertou. "Não", eu disse.
Selene balançou a cabeça. "Hanh não tinha certeza... Talvez você devesse
fazer um teste."
Eu zombei, mas meus olhos estavam fixos nos dela.
"Você sabe que quer, " ela sorriu.
"Eu não — eu não tenho um teste para fazer..."
"Eu tenho. Um velho que está guardado no bolso lateral da minha bolsa
por tipo, um ano, mas..."
Ela agarrou a bolsa e tirou o teste, ainda na embalagem.
Eu pisquei para a coisa. Em sua embalagem, parecia um absorvente
interno.
Mas não era um absorvente interno.
Este pequeno objeto me diria algo muito, muito importante.
E se sair negativo?
Então isso não significa nada. Respire fundo.
Eu respirei fundo, sentindo o cheiro de peixe frito enquanto Aiden o
carregava. Meu estômago embrulhou.
"Ok, tudo bem", eu disse. Peguei o teste da mão dela.
Enquanto eu caminhava para o banheiro do térreo, ouvi sua risada fraca.
Isso é bobagem. Eu tranquei a porta e puxei meu jeans. Estou me sentindo
enjoada. Eu não estou grávida!
O resmungo pareceu ajudar a acalmar meus nervos, então continuei
fazendo isso enquanto fazia xixi no teste.
Selene é louca por bebês. Ela está vendo bebês em todos os lugares. Eu não estou
grávida.
Colocando o teste no balcão, recusei-me a olhar para ele enquanto lavava
as mãos.
De qualquer maneira, o teste provavelmente deve estar vencido por estar na bolsa de
Selene por uma década. Não vai mostrar nada. Independentemente, não estou grávida.
Mas então, depois de mais um minuto, olhei para o visor.
Um sinal de adição rosa.
Puta merda.
Estou grávida.
Continua no Livro 4…
Para ler mais livros acesse: https://t.me/SBDLivros

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