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Doutrinas William Carey Taylorpdf PDF Free
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400 PERGUNTAS
400 RESPOSTAS
William C a ie y Taylor
1’rulossor do Doutrinas e Religiões
no
ínsüfufo do Treinamento Cristão
D O N A A N N A L UT HER B A G B Y
Pioneira sem par, educadora pelo
a doutrina e a experiência da
CAPÍTULO I
A Doutrina da Eternidade e da Vida Eterna .. .. .. .. 11
CAPÍTULO II
A Doutrina do Arrependimento .. .. ................ . .. .. 21
CAPÍTULO m
A Doutrina da A d o çã o ............................... ................... 29
CAPÍTULO IV
A Doutrina da Bíblia Acerca de Si Mesma .. .. .. .. 35
CAPÍTULO V
A Doutrina da Justificação .............................................. 44
CAPÍTULO VI
Várias Doutrinas Bíblicas de F é .................................... 56
CAPÍTULO V II
A Doutrina do Batism o................................................... 7(1
CAPÍTULO V III
A Doutrina das Boas Obras............................................. 83
CAPÍTULO IX
A Doutrina da Morte de C risto ..................................... 90
CAPÍTULO X
A Doutrina da Graça de Deus 110
CAPÍTULO XI
A Doutrina Batista Sobre o Lugar de Jesus Cristo no Seu
Cristianismo......................... .................. ... ., .. 120
CAPÍTULO XII
A Doutrina da Santificação....................... ................. ♦ 141
CAPÍTULO X III
A Doutrina do Espírito Santo.................... ................ 154
CAPÍTULO XIV
A Doutrina do Reino de D eu s............................... .... 171
CAPÍTULO XV
A Doutrina da Igreja .. .. ...............................*. ♦. 184
CAPÍTULO XVI
A Doutrina da Ceia do Senhor................................... 198
CAPÍTULO XVII
A Doutrina do Ministério Oficial das Ig re ja s ............ 212
CAPÍTULO XVIII
A Doutrina do Inferno................................................. 225
CAPÍTULO XIX
A Doutrina do Céu . * ., . * ....................................... 235
CAPÍTULO XX
A Doutrina dos Motivos que Regem e Impulsionara a
Vida Cristã............................. .............................. 243
CAPÍTULO I
A DOUTRINA DA ETERNIDADE E DA
VIDA ETERNA
. v^UJ dj Jtu A Jii X üiitUN ;
17. F A L A N D O D E MEDO, SE O C R E N T E «N U N C A P E
R E C E R A ’» E T E M C E R T E Z A D E Q U E « N A D A D E
C O N D E N A Ç Ã O H A ’ P A R A OS QUE ESTÃO EM
C R IS TO J E S U S »; COMO E ’ QUE S E N T IR A ’ OS M O
T IV O S S A L U T A R E S D E M E D O ?
19. Q U A L A D IF E R E N Ç A E N T R E T E S T E M U N H O E A R
G UM ENTAÇÃO ?
20. COM Q U E H IN O S PO D EM O S A L I A R A M Ü S IC A
S A C H A E A D O U T R IN A D A E S C R IT U R A S A G R A
D A SÔBRE IS T O ?
E ’ bom cantar todas as verdades. Esta tem rico quinhão
no Cantor Cristão. Entra na fibra das idéias dos hinos: 20,
34, 37, 49, 73, 75, 154, 199, 202, 203, 208, 209, 243, 244, 314, 317,
323, 324, 328, 344, 345, 346, 349, 351, 353, 354, 356, 357,
359, 361, 362, 364, 366, 367, 371, 372, 375, 376, 377, 378, 393,
402, 404, 406, 407, 409, 425, 471, 476, e muitos outros. Satu
remos nosso espírito com êste forte e glorioso testemunho
de fé e cantemos a mesma consolação a todo crente desa
nimado. Doutrina cantada é suave, como doutrina que se
vive é invencível.
C APÍTU LO II
A DOUTRINA DO ARRE
PENDIMENTO
1. H A ’ PO SSIBILID AD E DE SALVAÇÃO SEM O A R R E
PEN D IM EN TO ?
Nenhuma, Luc. 13:3.
2. POR QUE?
Porque Cristo salva do pecado, Mat. 1:21. E o arre
pendimento é a parte humana da experiência da graçá sal
vadora, em relação aos nossos pecados. Ninguém é salvo,
ninguém jamais foi salvo, ninguém será salvo sem o arre
pendimento do pecado e a fé viva no Salvador. São as duas
coisas exigidas no evangelho para alcançar a salvação.
4
3. QUEM DISSE?
6. O A R R E P E N D IM E N T O O LH A P A R A O FU TU R O ?
Sim. Olha para o futuro, contempla verdades e realida
des que Deus revelou como motivos, e ainda medita no que
se propõe como a vida do homem salvo. Olha também:
1) Para a vida, A t. 11:18. 2) Para a remissão dos pecados,
Luc. 24:47. 3) Para a salvação, I I Cor. 7:10. 4) Para co
nhecer a verdade, I I Tim . 2:25. 5) Para frutos dignos des
ta nova mentalidade transformada, Mat. 3:8; Luc. 3:8-14.
6) Obras dignas, A t. 26:20. 7) Para o batismo obediente,
Mar. 1:4 — o batismo cuja condição e característica era
o arrependimento, o qual consegue a remissão dos pecados,
antes do batismo, A t. 2:38 «Arrependei-vos, e cada um de
vós seja batizado em nome de Jesus Cristo», por causa da
remissão dos vossos pecados que vosso arrependimento con
segue — é a idéia desta passagem, interpretada evangèli-
camente. A ordem da experiência é: arrependimento, fé
salvadora, salvação e a obediência do salvo, num batismo
bíblico, que proclama a salvação antes obtida pela graça.
8) O reino de Cristo na vida dos regenerados, Mat. 3:2 e
João 3:3. 9) Para dar glória a Deus, Apoc. 16:9. 10) O dia
de juízo final, A t. 17:30, 31. Todos êstes elementos do futu
ro estão no panorama do arrependimento, bem orientado
pelo estudo da Bíblia, A razão porque grandes intérpretes,
como o dr. A . T , Robertson, em A t. 2:38, traduzem esta
preposição «por causa de», é simplesmente porque freqüen-
A DOUTRINA DO ARREPENDIMENTO 23
f emente significa isto. E ’ a preposição usada quando se diz
bue os ninivitas se arrependeram «com a pregação de Jo-
nas», Luc. 11:32. Era à vista da pregação de Jonas que
vieram a arrepender-se. Pois bem. Com a mesma preposi
ção e no mesmo sentido, podemos traduzir A t. 2:38 evan-
gèlicamente: Cada um de vós seja batizado à vista da re
missão (conseguida no arrependimento) — e não: «seja ba
tizado para obter a remissão», que é o sacramentalismo
anti-evangélico. Esta passagem poderia ser traduzida de
modo a não contradizer João 3:16 e inúmeras outras pro
messas ãp vida eterna ao crente.
7. Q U A L A P A R T E DO E S P IR IT O SAN TO EM NOSSO
A R R E P E N D IM E N T O ?
E ’ a convicção do pecado, João 16:8-11. O Espírito vem
influenciar o pecador para a salvação, convencendo-o: 1) «de
pecado porque não crê». E ’ o supremo pecado, pela majesta
de da pessoa ofendida, Jesus, e porque recusa o remédio
para o mal de que o pecador sofre, o sangue de Jesus sendo
o único remédio, mas rejeitado pela incredulidade. 2) da
justiça porque Cristo, na sua ressurreição e ascensão e
volta ao Pai, mostra assim que sua morte é aceita por Deus
como a justiça de que necessitamos e por ela somos justifi
cados mediante a fé. 3) do juízo porque no Calvário, Sata
nás foi julgado e vencido, aguardando seu banimento final.
E* a mensagem do Espírito ao pecador, gravada na cons
ciência dêle, e resultando na salvação, pelo arrependimento
e mediante a fé em Jesus. Todo crente recebe o Espírito
Santo, que o regenera quando crê, e habita nêle eternamen
te. Se é isto que o Espírito Santo quer dizer ao pecador, en
tão nós devemos dizer estas verdades também, quando evan-
gelizamos, para tornar possível a obra do Espírito pela con
vicção tríplice que êle quer operar. Paulo acrescenta: « A
tristeza segundo Deus opera o arrependimento para a sal
vação, da qual ninguém se arrepende», I I Cor. 7:10.
9. O A R R E P E N D IM E N T O E ’ DEVER, OU G R AÇ A OU
TO R G A D A PO R DEUS?
/f
Ambos. E ’ dever porque Deus o manda, E z. 18:30-32.
E* graça divina, porque Deus o dá — «Deus deu o arrepen
dimento para a vida, A t. 11:18, no caso de Cornélio, no de
Zaqueu, no meu e no vosso caso. Sendo efeito da graça
divina, devemos render-nos a Deus para êle nos mudar a
mente. Esta rendição é o arrependimento mesmo. O que
Deus exige, Deus dá. Êste princípio é bem ilustrado na pa
rábola das bodas, M at. 25. Requisito de sentar-se à mesa
era trajar «vestido de núpcias.» Mas o Rei dava esse traje.
Logo, o convidado que não se valeu da veste nupcial, livre
mente outorgada, estava sem -desculpa. Jesus assim ensina
que aquilo que Deus exige, Deus dá, se consentirmos em
aceitar sua graça. Deus deu o arrependimento, Cornélio o
aceitou, o sentiu e conformou-se com o seu significado, no
íntimo e na vida.
11. U M A C R IA N Ç A P R E C IS A DE A R R E P E N D IM E N T O
P A R A SER S A L V A ?
Sim. Mas a criança se arrepende dos seus pecados de
criança, não de crimes perversos. E a mudança é mais leve,
suave, e às vêzes tão voluntária e espontânea que nem re
A DOUTRINA DO ARREPENDIMENTO 25
gistra choque na memória, como a conversão do pecador
duro lhe causa. E em crianças que foram criadas no temor
de Deus e no conhecimento do evangelho, a fé em Jesus é
mais saliente, às vêzes, que os passos que quase inconseien-
í,emente as conduziram à fé salvadora.
13. H A ’ SÕMENTE UM AR R E PE N D IM E N TO N A V ID A ?
Sim e não. Há só um para a salvação, e se fosse pos
sível desfazer êste arrependimento, nunca seria possível
fosse êle renovado, Heb. 6:6. Mas, depois da salvação, e
no seu gôzo, há motivos de arrependimento cada vez que pe
camos; e tanto indivíduos como igrejas devem se arrepen
der quando ofendem a Deus ou aos homens, I I Cor. 7:2;
Apoc. 2:21; 3:3, 19; Lue. 17:3,4.
15 COMO PO D IA JOAO B A T IS T A B A T IZ A R IM E D IA T A
M ENTE, SE E X IG IA FRUTOS COMO PR O V A DO A R
R EPEN D IM EN TO ?
Vêde os frutos exigidos, L u c. 3. Eram evidências de
sinceridade que podiam ser manifestadas na presença de
João e de todos, imediatamente.
19. DE QUE D O U TR IN A DE A R R E PE N D IM E N TO E ’ O
A P O C A LIP S E U M A EXPOSIÇÃO?
Do arrependimento que Cristo exige de suas igrejas.
Pois igrejas também pecam e devem se arrepender. Tole
ram membros, às vêzes, cuja vida ou doutrina perniciosa é
duplo motivo de arrependimento, da parte do membro e da
igreja, Apoc. 2:5, 16, 21, 22; 3:3, 19. E I I Cor. 7:9, 10;
12:21, como a Primeira Epístola aos Coríntios, apresentam
a necessidade de arrependimento da parte das igrejas. E ’
assim que se evita ou se cura uma grande apostasia.
A DOUTRINA DA ADOÇÃO
1. Q U A N T A S VÊZES E N C O N TR A M O S A PALAVRA
ADOÇÃO NO NOVO T E S T A M E N T O ?
2. Q U A L A R E L A Ç Ã O E N T R E A S D U A S P A L A V R A S ?
13. Q U AL A P R IM E IR A D IFE R E N Ç A ?
E* esta: Deus não escolhe seus filhos por considerações
de mérito. Um casal que porventura quisesse tirar de um
orfanato e adotar um menino, examinaria bem suas qualida-
A DOUTRINA DA ADOÇÃO 33
Uos boas, saúde, caráter, e disposição. Deus «justifica os
ímpios», veio em Jesus para «buscar e salvar os perdidos».
Como médico, êle cura os doentes, não os sãos e bons, e ado
ta os que em nada merecem esta filiação. E ’ da graça di
vina nossa adoção.
14. E A SEGUNDA D IF E R E N Ç A ?
15. E A O U TR A D IF E R E N Ç A ?
16. E Q U A L A P R IM E IR A S IM IL A R ID A D E E N TR E A
ADOÇAO H U M A N A E A D IV IN A ?
6. M AS ÊSTE E V AN G E LH O F O I O R A L A N T E S DE ES
CRITO, N A O E ’ ?
Nos dias de Abraão, sim, Gál. 3:8. Mas o evangelho
que está no V . T . foi pregado por João Batista, Jesus e
Paulo. E sua Palavra oral se tornou a Palavra escrita, o
Novo Testamento, que significa a Nova Aliança, em sua
forma literária. Logo o evangelho de justificação pela fé,
Gên. 15:6; Rom. 4; Gál. 3, e o evangelho segundo Isaías,
A t. 8:30-35 e o evangelho nos Salmos, Rom. 4:6-8; A t.
13:32, 33, e muito mais, era a substância da pregação, des
de o início do ministério de João Batista e por todo o pri
meiro século cristão. Êste evangelho identificou-se com a
mensagem da encarnação e do Calvário, incorporou-se na
pessoa e na redenção de Jesus Cristo, e tomou sua forma
final nos Evangelhos e no ensino das verdades do mesmo
evangelho no resto do N . T.
7. Q U A L A D IF E R E N Ç A E N T R E A PALAVRA ORAL
DE DEUS E A E S C R IT A ?
Nenhuma, salvo na maneira em que o testemunho é
dado. E' a mesma verdade revelada. Daí procede nossa re-
pudiação das tradições dos homens e o cristianismo corrom
pido que as reproduz e segue. João 3:16 falado e escrito é a
mesma verdade, o mesmo evangelho. Mas as tradições dos
homens repudiam, corrompem, falsificam e contradizem a
Escritura, que é a tradição dos profetas, de Cristo e do cír
culo apostólico. Vejamos!
A tradição mosaica, no Decálogo, proíbe fazer ou usar
imagens no culto. A tradição clerical enche os templos com
imagens. A tradição dada sôbre o ministério por Paulo diz:
«Convém que o bispo. . . seja m arido». A tradição papal a
contradiz e impõe o celibato. A tradição de Pedro proíbe
que o ministério «tenha domínio sôbre a herança de Deus»,
38 DOUTRINAS
I Ped. 5:3. O clero instituiu, em rebeldia, a tradição auto
crática e totalitária do romanismo, e quer dominar tudo e
a todos. O clero manda não comer carne na sexta-feira.
Paulo ensina que tais tradições são «a doutrina dos demô
nios», I Tim. 4:1-3. A s tradições dos homens, da «lei canô
nica», dos «credos ecumênicos», da «Suma» de Tomás de
Aquino e de outros «Santos Padres da Igreja » contêm mi
lhares de contradições da tradição única que veio -de Deus,
a revelação historiada nas Escrituras Sagradas. « A doutrina
dos apóstolos» em que o primitivo cristianismo «perseverou»,
sim, «a fé que foi uma vez para sempre entregue aos san
tos», foi pregada oralmente no primeiro século e escrita no
N . T . A única legítima tradição oral tornou-se a tradição
escrita.
8. COMO SE C H A M A A D O U T R IN A D A B ÍB L IA ACÊR-
CA DE SI M ESM A?
A inspiração da Escritura. Isto significa coisa muito di
ferente da palavra inspiração na linguagem popular. A qua
lidade de inspiração que deu às Escrituras sua natureza, au
toridade e origem divina, de modo que seja realmente a Pa
lavra de Deus, pode ser afirmada unicamente da Bíblia. N e
nhum outro escrito é inspirado neste sentido. Nossas pa
lavras podem ser inspiradoras, mas nunca são inspiradas,
no sentido da magna verdade que Paulo ensinou em I I Tim.
3:16. «Tôda a Escritura divinamente inspirada é proveito
sa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir
em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e per-
feitamente instruído para tôda a boa obra». O têrmo usado
por Paulo quer dizer que Deus como que respirou nas pró
prias páginas da Bíblia as palavras da sua revelação por
intermédio de seus autores.
20. ISTO D IM IN U I O V A L O R DO V E LH O T E S T A M E N
TO P A R A NOSSO PR O V E ITO E S P IR IT U A L ?
Absolutamente não. O Velho Testamento é de perma
nente valor e autoridade, como história da revelação pro
gressiva, como literatura das nossas devoções, como ilus
tração de princípios eternos na vida de homens e nações, na
profecia messiânica, no evangelho que contém, na sabedoria
o santidade, como caminho que educa no progresso da mo
ral e nos anima por êste progresso e em mil outras manei
ras. Em uma coisa o Novo Testamento repudia e anula par
te do Velho Testamento: é a lei mosaica, o ritual, o culto, o
altar, os sacrifícios, o sistema sabático, a dieta e tudo mais
no terreno da lei e cerimônias. O que era permanente na lei
moral, Cristo e o N ovo Testamento repetem, com a nova
autoridade de nosso Senhor, M at. 28:18. E* lícito usar a
Bíblia de Jesus em reforçar a vontade de Jesus, por exemplo,
no segundo dos dez mandamentos. Mas não estamos debaixo
da lei (de Moisés) mas sim, sob a lei de Cristo. O sabatis-
mo é um esforço de impor de novo a lei sobre a cerviz dos
crentes. E os padres e os reformadores procuram doutrinar
a continuidade de certos elementos da lei mosaica no cristia
nismo . Assim, fazem crer que a circuncisão continua no
batismo infantil, o sábado judaico no «sábado cristão», a
Assembléia Nacional de Israel na Ig re ja Nacional de um
país, unida com o Estado, sacerdotes de Israel em sacerdotes
de Roma, Moscou e Cantuária, presbíteros de Israel no
presbiterianismo de governo oligárquico, a páscoa na ceia
do Senhor, jubileu judaico em jubileu papal, e as festas ju
daicas em festas do «Calendário da Ig r e ja ». Tudo isso é
falso, nocivo, prejudicial. A v iv a o que Cristo matou. R ea
firm a o que a cruz anulou. Reinicia o que o N ovo Testa
mento acabou. Sigamos nossa Bíblia, inclusive suas reve-
Jações finais que anularam revelações parciais e provisó
rias anteriores, que nunca vingaram senão nos estreitos con
fins da vida de Israel segundo a carne. Resta-nos a lei de
(histo e tôdas as riquezas da inspiração da Palavra de Deus.
CAPITULO V
A DOUTRINA DA JUSTIFICAÇÃO
1. ONDE N A B ÍB L IA COMEÇOU A D O U TRIN A D A JUS
TIFICAÇÃO ?
7. Q U AIS A S C IR C U N S T Â N C IA S QUE A C O M P A N H A M
AS A F IR M A T IV A S D A JU STIFIC AÇ ÃO N A L IN G U A
GEM D A B ÍB L IA ?
A palavra de Deus afirma que os homens são «ju stifi
cados pela fé», Gên. 15:6; Hab. 2:4; Rom. 5:1, etc.; «jus
tificados gratuitamente pela sua graça», Rom. 5:18; «jus
tificados em nome do Senhor Jesus e no Espírito do nosso
Deus», I Cor. 6:11 (erradamente traduzido «pelo E spírito»);
«justificados em Cristo», Gál. 2:17; «justificados pelas
obras», Tiago 2:21, 24, 25, etc. Negativamente, ninguém
é justificado «pelas obras da lei», Rom. 3:20, 28; Gál. 2:16;
«pela lei ninguém será justificado», Gál. 3:11. Vejamos em
que sentido somos justificados pela graça, pela fé, pelo san
gue, no nome de Cristo, em Cristo, no Espírito, pelas pala
vras, pelas obras e estudemos o motivo da Escritura afir
mar, na Ep. de Tiago, a justificação pelas obras, e negar
a justificação pelas obras, várias vêzes, nos escritos de
Paulo.
2. Q U A L O S E N T ID O P R I N C I P A L ?
6. H A ’ U M A D O U T R IN A DE F E ’ S A N T IF IC A D O R A ?
Sim. Jesus disse a Paulo: «santificados pela fé em
mim», A t. 2ô:18. A fé salvadora em Cristo também nos uni
fica com ele e nos separa e dedica para o mesmo Senhor.
Confiar nêle para salvar deu novo rumo à minha vida: se
parou-me para Jesus. A fé iniciou e registrou na consciên
cia a nossa separação para Cristo.
11. D EVEM O S T E R F E ’ N A S IG R E J A S ?
Recapitulemos.
Já enumeramos 1) a fé salvadora, a confiança em Cris
to; 2) «a fé que foi uma vez para sempre entregue aos san
tos», a doutrina total da Palavra de Deus; 3) a fé intelectual
que é nossa crença na verdade revelada; 4) a fé que se deve
calar, isto é, nossa convicção de que certa praxe é mero es
crúpulo de consciência fraca, mas agimos de modo a não
escandalizar, sacrificando nossa liberdade em prol de um ir
mão fraco; 4) a fé salvadora em Cristo, em seu aspecto es
tável, é vencedora do mundo, sendo nossa vida vitoriosa por
meio de nossa união com Cristo; 6) a fé para servir, obede
cer, adorar, lutar, firm ar caráter, perseverar, morrer ou viver
pela verdade e vontade de Deus, ver o invisível, andar com
Deus, exercer a mordomia, fazer tudo que se menciona no
rol dos heróis da fé, em Heb. 11; 7) a fé quando cremos,
que é a esperança de resultados porque cremos que Deus
existe e atende às nossas orações; 8) a fé em Deus para dar
a tranquildiade no sofrimento, ou para curar o doente, usan
do o remédio tomado ou qualquer recurso da providência
que lhe aprouver; 9) a fé otimista em nossos irmãos —* o
oposto do vício mental e espiritual de viver desconfiado;
10) a fé-confiança em nós mesmos, debaixo de Deus e na
possibilidade de ouvir a chamada divina e usar os dons que
o Espírito nos deu; 11) a fé em nossa própria igreja, pastor
e membros; 12) a fé cooperadora na vida coletiva das igre
jas que consultam por mensageiros que são «a glória de
66 DOÜTKI NAS
Cristo» e promovem as emprêsas denominacionais funda
das e mantidas por essa fé comum. Indubitàvelmente há ou
tros sentidos ou exemplos de fé. Realmente todas as fases,
atividades e pontos -de vista do crente são projeções de sua
variada fé. Há fé que remove as montanhas. Cristo assim
fala, mas nunca deu exemplo, ao pé da letra. Portanto, o
sentido é evidentemente uma figura. E ’ a confiança em
Deus para a visão do desejável e o empreendimento determi
nado, embora pareça impossível. «N ós somos especialistas
em fazer o impossível». Isto é fé, com vasto panorama. E ’
como farol de luz giratória, que lança bem longe seus raios
em tôdas as direções.
Paulo diz que um dos dons do Espírito é a fé, I Cor. 12:
9. Aqui a fé parece significar a visão que descortina vastos
horizontes de oportunidade cristã, para si e para outros, e
desperta em todos uma confiança contagiosa que os anima
a trabalhar juntos na mesma tarefa. Assim a visão que
Paulo teve da Macedônia arrastou consigo Lucas, Silas e T i
móteo na evangelização da Europa e na extensão do reino
para novas províncias.
A DOUTRINA DO BATISMO
1. S A L V A ?
3. QUE E ’ O BATISM O ?
O ato que Jesus praticou, submisso ao Batista, no Jor
dão, e que administrou aos seus novos discípulos por intermé
dio dos apóstolos, (João 4:2), e que incorporou, pela Grande
Comissão, no cristianismo puro e obediente, até sua segunda
vinda, é a imersão. N a sua língua, Jesus usou exatamente a
palavra imersão, im ergir, imerso. O que a palavra significa
va nos seus lábios, é o que êle mandou. E os lugares, as des
crições do ato, e seu simbolismo bíblico estão de acôrdo com o
ato e com o que significa a palavra original. Mesmo sem tra
duzir o vocábulo batizar, e com muitos rodeios sectários nas
versões feitas por aspersionistas (Figueiredo, Almeida, e a
Versão Brasileira), o ato do batismo é assim descrito: «Des
ceram à água (entraram dentro da água, diz o grego), A t.
8:38, tanto quem batizou como o batizando; o ato era um se-
pultamento simbólico e uma ressurreição metafórica, Rom.
6:4; Col. 2:12; «sairam da água» depois, A t. 8:38: Mat. 3:16;
Mar. 1:10. Nenhuma tradução pode esconder o fato de que
Jesus foi imerso e mandou o mesmo batismo que recebera, de
que os apóstolos o preservaram em doutrina e prática e de
que o Novo Testamento nos transmite esta verdade.
9. O BATISM O IN F A N T IL REGENERA?
Pereça a idéia. E ’ vil superstição. Invadiu o cristianis
mo com a onda de paganismo e de sua filosofia, que produ
ziu a Idade das Trevas. Tôdas as corrupções do romanismo
nasceram da fonte original da idéia da regeneração pelo ba*
tismo. «Nascer da água e do Espírito» não se referiu ao
batismo, João 3:5. A regeneração é uma dupla graça — pu
rifica o espírito como a água purifica o corpo e dá vida. O
novo nascimento é nascer do Espírito. Nascer não é simbo
lismo de batismo, que antes fala de sepultura e ressurreição,
Col. 2:12. Jesus disse isso a Nicodemos, que era velho, não
criança, e culpou-o por não entender a doutrina do novo
nascimento, pelo Velho Testamento, do qual era «m estre».
Logo não se tratava de batismo, porque o batismo não é as
sunto tratado no Velho Testamento. Mas a regeneração é:
Jer. 31:31-34; Ez. 18:31 e 36:26, 27. Como mestre, devia
ter visto seu simbolismo na «N ova Aliança» de Jeremias e
Ezequiel. Os católicos negam ter havido batismo cristão no
mundo durante a vida de Jesus na terra. Pois bem. Se Je
sus exigiu de Nicodemos nascer da água batismal, e se o
batismo não existia, então exigia dêle o impossível. Mas a
primeira metade de João 3 ensina a necessidade de um novo
nascimento e a segunda parte do discurso ensina como ter
êsse novo nascimento e a vida eterna que sempre o segue.
E' crer. E' assim que se nasce da água e Espírito, de uma
só vez, crendo em Jesus, como êle exigiu de Nicodemos em
A DOUTRINA DO BATISMO 75
João 3:15. Não divorciemos da doutrina da necessidade do
novo Nascimento (João 3:1-8) a doutrina do meio do novo
nascimento (João 3:9-15). Nicodemos pergunta: «Como
pode ser isto ?» Jesus não deixou a pergunta sem resposta.
«Isso» (o novo nascimento) «pode ser» pela « fé » que dá «a
vida eterna», João 3:14-15. Reduzir o novo nascimento a
uma pia, um padre e um pequerrucho, numa cerimônia pagã,
é trágico. Pois se água batismal regenera, ninguém irá
buscar a regeneração pela fé quando chegar à idade de crer
e ser salvo. Já foi arrolado na igreja, como regenerado, sem
seu consentimento ou responsabilidade, pelo batismo infantil.
10. O B ATISM O IN F A N T IL P R O T E S T A N T E P R E S E R V A
ÉSSE S A C R A M E N T A LIS M O CRU, M ECÂNICO E
PAGÃO?
Depende da seita protestante. As grandes Igrejas N a
cionais da Europa, sejam «ortodoxas», «católicas» ou pseudo-
evangélieas, preservam a superstição da regeneração batis
mal, tais como os anglicanos, os luteranos, e algumas Ig re
jas Reformadas Nacionais (mas não as do tipo presbiteria
n o ). A doutrina popular das Igrejas Metodistas, Presbite
rianas, etc., em desculpa do batismo infantil ensina que a
criança nasce salva, e, visto que o batismo é para os salvos,
então, deve ser para as criancinhas recém-nascidas, pois são
salvas pelo primeiro nascimento. E ’ a teoria popular nas
Américas, onde não há Igreja Nacional Protestante em ne
nhum país e nem se conserva o sacramentalismo de Lutero
e Henrique V I I I e quejandos.
Í 2 . PO R QUE NOSSOS P A IS DO TE M PO D A R E F O R
M A P R O T E S T A N T E FO R A M CH AM AD O S A N A B A -
T IS T A S ?
Porque batizaram milhares de católicos e protestantes.
N a infância tinham êstes recebido o pseudo-batismo dado
a tôda a população européia ao nascer. Os que evangeliza-
ram êsses perdidos e, depois da conversão, os batizaram,
eram taxados de rebatizadores («a n a » — outra vez — «ba-
A DOUTRINA DO BATISMO n
lis ta s »). Era falso. O ato que os convertidos repudiaram
nunca fo i batismo. Receberam o único batismo — há um
só — depois de crer. Batizar genuinamente as vítimas de
um batismo espúrio é dar-lhes seu primeiro, último e único
batismo.
Calvino conseguiu que Serveto fosse queimado v iv o .
Hubmaier também foi queimado vivo, na Áustria, e sua es-
pôsa afogada no Danúbio segundo uma lei: «Que merget,
m ergatur» — «Quem imerge, seja imerso,» afogado. Lutero
e Henrique V I I I e os papas estavam em guerra entre si, mas
todos se uniram a queimar, afogar, torturar, e banir os ana-
batistas. Foram aniquilados sem misericórdia. Somos f i
lhos indignos de nobres pais, se não formos fiéis às doutri
nas pelas quais derramaram o seu sangue. Em 1928, o D r.
Rushebrooke e outros líderes internacionais da Aliança Ba
tista Mundial, lançaram flores no rio Danúbio onde Mme.
Hubmaier fôra afogada por causa de sua fé, depois do m ar
tírio do seu marido. Assim se celebrou o quarto centenário
do m artírio do nobre casal.
13. TÔ D A A IM E R S Ã O E ’ B A T IS M O ?
Um dos muitos ensinos propositados dos Atos dos Após
tolos (cap. 19) é revelar que nem tôdas as imersões são ba
tismos válidos. Paulo imergiu uns doze homens que nunca
foram salvos antes de serem evangelizados por êle. « A sal
vação», disse Truett, «é sempre necessária para o batismo».
Essa gente nunca havia ouvido da existência do Espírito
Santo, logo nada sabia do evangelho do novo nascimento, pre
gado por João, por Jesus e pelos apóstolos. Há uns
200.000.000 de «ortodoxos» no mundo. Todos foram imer
sos três vêzes na infância. São 600.000.000 de imersões e
nenhum batismo. Sabatistas também praticam a imersão,
mas não são evangélicos. Crêem na salvação pelas obras.
Nenhuma imersão é melhor do que a doutrina de que faz
parte. Repudiada a doutrina, deve ser repudiada a imersão
que a professou.
17. M A S N A O E R A F IL IP E U M D IÁCO NO Q U AN D O B A
TIZ O U O EU NU CO E T IO P E ?
20. Q U A IS OS EM PREGOS F IG U R A D O S DO B A T IS M O ?
H á um só batismo, E f. 4:4. Deus o instituiu por men
sageiro especial, João Batista. A Trindade o apoiou no ba
tismo de Jesus, no Jordão. Jesus o adotou de João, em seu
ministério público e batizou mais que João. Êle incorporou
êste batismo na Grande Comissão e, sem solução de conti
nuidade, o mesmo batismo é o que Cristo manda até a sua
segunda vinda. E ' o batismo literal, obediente, bíblico e úni
co, para todo o sempre, M at. 28:18-20.
Agora, como qualquer outro têrmo, o batismo é pala
vra que pode ser usada metaforicamente, como sinal de
abundância de qualquer outra coisa na vida. Assim obedece
às leis da linguagem metafórica. Dêste modo, o Novo Tes
tamento fala do batismo em fogo, que se refere ao inferno,
M at. 3:10, 12. Fala do Calvário como um batismo de angús
tia, Luc. 12:12. O martírio de Tiago e João seria um ba
tismo de sofrimento, M ar. 10:38, 39. O dilúvio era um ba
tismo de separação entre dois mundos, o ante-diluviano e o
D - 6
82 DOUTRINAS
novo mundo purificado, I Ped. 3:23. A travessia do M ar
Vermelho foi um batismo de Israel na nuvem e no mar. O
mar era como caixão — águas ao redor, e por cima a nuvem
era a tampa do caixão. Israel ficou sepultado nesse caixão
simbólico, morto para a velha vida do Egito e ressuscita
do para a novidade da sua peregrinação, em lealdade a M oi
sés, tipo de Cristo, o Legislador único do seu povo, I Cor.
10:2. O batismo é a favor dos mortos, I Cor. 15:29, uma.
ressurreição simbólica, profetizando a ressurreição fin a l.
E há a profecia de que Jesus, logo depois da sua ascensão,
havia de batizar a prim itiva igreja e seus apóstolos no Es
pírito Santo, no dia de Pentecostes. Todos esses empregos
da palavra batismo são figurados. Não são outros batismos,
literalmente. H á um só batismo, mas há muitos usos meta
fóricos da palavra. N ão há confusão, no Novo Testamento.
Nós ainda acrescentamos outros: batismo de fogo (na pri
meira batalha de um soldado), etc., e tc .. Mas nenhum em
prego metafórico acrescenta outro sentido literal. Para todo
o sempre, há «um só batismo» literal, obediente, bíblico,
cujo estudo nos ocupa nestas páginas.
Com êste batismo Deus se agradou de associar, de al
gum modo, quase tôdas as doutrinas e pessoas e experiên
cias do cristianismo. E ’ em nome da Trindade. E* entrada
numa igreja. E ’ cheio de simbolismo moral e espiritual.
Olha ao Calvário, ao túmulo vasio de Jesus, e ao fim do mun
do e à nossa ressurreição simbólica, na salvação e à ressur
reição literal no fim do mundo. Identificou Jesus como o
Messias. Veio do céu. E ’ a ponte na Grande Comissão, entre
o início do discipulado e sua educação em tôda a vontade
de Cristo. E ’ um dos elementos da unidade cristã. E a his
tória cristã prova que a doutrina espiritual do batismo (não
sacramento e sem superstição) preserva o evangelho na sua
pureza e o cristianismo em lealdade ào Senhor Jesus e ao
N ovo Testamento.
CAPITULO VIII
5. QUE DIZ A V E L H A A L IA N Ç A , A L E I?
14. Q U A L A A T IT U D E E X IG ID A NO M IN IS T É R IO
N E STE SE N TID O ?
«Faze-te a ti mesmo um exemplo de boas obras», Tito
2:? (Vers. R ra s .).
A DOUTRINA DA MORTE DE
CRISTO
1. QUE E ’ O E V A N G E LH O ?
4. NO D IA DO C A L V Á R IO E S T A ID É IA DE S A L V A Ç Á O
P E L A CRUZ SO’ E S T A V A N O P E N S A M E N T O DE
JESUS E N Á O N A M E N T E D E O U TR O S?
6. A MORTE DO SENHOR E ’ D O U T R IN A À P A R T E D A
SU A RESSURREIÇÃO ?
Não. São de uma só peça, constituindo a única reden
ção. O grego original de Rom. 4:25 diz: «Êle foi entregue
por causa de nossos pecados e foi levantado do túmulo por
causá de nossa justificação». Ambos os verbos estão na voz
passiva, falando da agência divina; e duas vêzes a mesma
preposição aparece com êsses verbos passivos — «por cau
sa de». Êle cumpriu na morte o evangelho de Is. 53. Deus
judicialmente aceitou a morte do Filho como a solução do
problema de nosso pecado, e outorgou a plena e eterna jus
tificação do crente. A ressureição consumou a oferta de Je
sus de si mesmo em nosso lugar, e demonstrou que Deus
aceitou esta oferta, sacrifício, oblação e preço de resgate
e redenção, como valendo tudo quanto fosse necessário para
nossa salvação instantânea e eterna. Esta decisão do Juiz
divino fêz com que Deus pudesse ser «justo e justificador da
quele que tem fé em Jesus». Rom. 3:26. A decisão divina
de justificar pelo sangue de Jesus foi a causa do ato divino
de levantar o Salvador do túmulo. A decisão do justo Juiz,
englobada na morte e na ressurreição, passa a registar-se
em nosso favor quando cada um crê no Salvador, e assim
96 DOUTRINAS
começa a vida eterna. Êste aspecto da morte do Senhor é
chamado «forense,» às vezes com grande desdém dos escar-
necedores do evangelho da graça, por tratar-se da decisão
judicial de Deus no foro de sua justiça. Mas Deus é Juiz não
só na condenação, mas na salvação, pois a justificação pela
fé é o âmago do evangelho, Rom. 1:17. E justificar significa
declarar justo, judicialmente, livre de condenação, R dm .
8:1. Não significa fazer justo, que é o êrro supremo do ro-
manismo.
Tais escarnecedores dizem que Deus sempre amou o
mundo e nada foi necessário para fazê-lo amar ao pecador.
Não há dúvida, e disso nenhum crente da Bíblia jamais dis
cordou. O Calvário todo é a exposição cósmica do amor de
Deus; e Jesus, como Cordeiro de Deus, foi morto antes da
fundação do mundo, em seu valor perante Deus e no efei
to de sua morte. Frotelou-se assim a solução garantida do
problema do pecado e da justificação, Rom. 3:25, (Vers.
B ras., e tc . ) . O amor de Deus fêz no Calvário o essencial
para que Deus pudesse fazer o que seu amor ditava no co
ração divino — «ser justo e justificar». Se o Calvário não
foi uma necessidade divina, foi crueldade divina. E Paulo
assim declarou a Pedro, em Gál. 2:21 — «Cristo morreu fü-
tilmente», se, de fato, qualquer alternativa fosse possível.
A ira de Deus, da qual Cristo nos salva, I Tess. 1:10, não
é incompatível com seu amor, pois é o amor ultrajado que
ainda busca salvar o ingrato.
Outras doutrinas forenses do evangelho são a adoção,
a justificação, a propiciação, e uma fase da doutrina da
santificação, tudo na redenção que fo i feita «de uma vez» e
para sempre.
7. Q U AIS A S A L T E R N A T IV A S PR O PO STA S?
São várias, e de duas classes. 1) Uma classe de alterna
tivas toma outros aspectos do Calvário, genuínos, porém se
cundários, ou pedagógicos, ou incidentais, e os expande de
modo a eclipsar a verdade evangélica do sangue remidor.
Dizem que Jesus é o nosso Exemplo. E ’ verdade, exposta
vivamente pelo apóstolo Pedro, I Ped. 3:18; 2:21-24. Mas
fazer uma coisa «fú til», supérflua ou desnecessária, não é
exemplo bom. Se Jesus morreu na linha do dever, foi exem
plo a imitar. A linha do dever dêle era no terreno do Sacri
fício e Sacerdócio. Nossa linha de dever é de fé e interces-
A DOUTRINA DA MORTE DE CRISTO 91
são. Podemos imitar-lhe a fidelidade, a paciência e a per
severança. Mas isto não fa z de nenhum de nós Messias ou
M ediador. A morte da cruz é apresentada como anulando
a Lei e suas cerimônias, Col. 2:14; como derrubando o
muro de separação entre judeu e gentio, E f. 2:14, 15; como
nos lavando no sangue do Cordeiro; como purificando a
Ig re ja Geral, E f. 5:26, e resgatando uma igreja local, A t.
20:28; como 'dando o simbolismo da ceia do Senhor e do ba
tismo, I Cor. 11:26 e Rom. 6:3; como tema dos coros ce
lestiais do Apocalipse; como inspirando a mentalidade altru-
ística e humilde. F il. 2:5; como despertando a gratidão, a
devoção e muitas outras atitudes nobres. Mas tudo isso
nasce do sentido supremo e fundamental do Calvário. Não
eram sua razão de ser, nem existem em independência da
redenção ob jetiva.
2) Outras alternativas são falsas idéias de Jesus e de
sua significação para o universo. Os cinemas ganham di
nheiro anualmente com seu film e «O M ártir do G ólgota».
O próprio título é falso e nocivo. Jesus não foi m ártir. Não
fo i revolucionário derrotado. Nunca incentivou o povo a
desordens, revoltas, ou violências. Nunca esteve tão seguro,
certo, calmo e vencedor como o fo i na semana de sua «g ló
ria » na cruz.
Se alguém ambiciona mera religião de mártir, esqueça-
se de Jesus e tome F rei Caneca ou Tiradentes como seu
ideal. São mártires nacionais, e mártires de democracia.
H á duas vastas diferenças entre o Filho de Deus e os m ár
tires — Sócrates, Savanarola, Huss, Hubmaier, Lincoln,
Gandhi, etc. A primeira diferença é na pessoa. Todos ês-
ses eram apenas homens, pecadores, sem excepção. Nenhum
morreu na capacidade em que Jesus morreu por nós; e, por
causa desta diferença abismai, nenhum ressuscitou. A outra
diferença é que êles eram carregados de seus próprios peca
dos e não morreram para expiar o pecado do mundo. Não
eram sêres divinos ou cósmicos, e não foram feitos pecado
por nós, para que nós fôssemos feitos a justiça de Deus ne
les. Jesus nada teve de mártir, na sua morte. E nenhum
m ártir participou da missão de Jesus Cristo.
Schweitzer e outros representam Jesus como apocolip-
tista desiludido, que se resignou à cruz quando não viu ou
tra possibilidade. E* mania raeionalista e fantástica, que
só se consegue defender e propagar após, primeiramente,
mutilar os Evangelhos, removendo sua substância, que con-
D — 7
% DOUTRINAS
tradiz tão nefanda incredulidade a cada passo. Nenhuma
outra concepção de Jesus vinga senão a de Deus, o Verbo,
e do homem perfeito, Mediador entre Deus e os homens, em
relação eficaz com o problema do pecado no universo.
8. SE JESUS T IN H A C E R T E Z A D E S U A R E S S U R R E I
ÇÃO E V IT Ó R IA , E D A E F IC Á C IA R E D E N T O R A D A
S U A M ORTE, PO R QUE CHOROU E A N G U S TIO U -S E
EM G E TS Ê M A N E E C LA M O U N A CRUZ SEU «B R A
DO D E D E R E L IT O »? «P O R QUE T A IS A T IT U D E S
H IS T R IÔ N IC A S ? »
9. PODE DEUS M O R R E R ?
A DOUTRINA DA MORTE DE CRISTO 99
Certamente que sim. «O Verbo era Deus». E não po
dia ser Deus intermitente. Se era Deus em qualquer momen
to, era sempre o eterno Deus. Não há Deus provisório, pas
sageiro, por um prazo. Se Deus pode nascer, na encarnação,
pode morrer no Calvário. M orrer não é nem cessação de
existência, nem aniquilamento do ser, nem mudança de per
sonalidade. E ’ passar de uma fase de existência para outra,
pela porta da morte. Deus o Filho passou da cruz para o
paraíso de Deus, onde aguardou no céu seu companheiro no
Calvário, de poucas horas de fé, Luc. 23:43; Heb. 4:14;
9:24. Feito o sacrifício, o sumo sacerdote entrou no Santo
dos Santos com o sangue, para fazer expiação pelos peca
dos do povo. Jesus, pois, entrou no céu, no momento da
morte, e apresentou a Deus seu sacrifício vicário, expiató
rio, de uma vez; e sempre intercede por nós, como sacer
dote, Rom. 8:34, rogando em nosso favor o valor e benefí
cio de sua morte. Em tôda a plenitude de sua pessoa divi-
no-humana o Salvador morreu em nosso lugar.
10. H A ’ V A L O R E S P IR IT U A L OU M E R ITÓ R IO N A P A N
T O M IN A D A «S E M A N A S A N T A » E DO «S E N H O R
M O R TO » E DE TODO O E X AG E R O E E X P L O R A
ÇÃO DOS ASPE C TO S S E N T IM E N T A IS , FÍSIC O S E
M A T E R IA IS DOS S O FR IM E N TO S DE JESUS?
11. A B ÍB L IA S A L IE N T A O SO FR IM E N TO FÍS IC O DE
JESUS ?
Nunca, em nenhuma página. A maravilha dos Evangè-
A DOUTRINA DA MORTE DE CRISTO 101
lhos é sua objetividade, sem par em tôda a literatura. Não
taxam Judas de traiçoeiro, Pilatos de covarde, Anás de po
litiqueiro eclesiástico, Caifás de sanguinário, Herodes de as
sassino do Batista ou os soldados romanos de brutais e
cruéis. Quase não usam adjetivos. Igualmente não salien
tam as chagas como objetos de especial adoração ou votos.
O corpo de Jesus era parte de sua personalidade, com
a mente, a alma — o espírito humano, em fim, e sua natu
reza divina. Teve seu lugar na morte redentora — lugar
proporcional ao lugar que ocupava na sua pessoa e vida.
E ’ importante, mas não para eclipsar o resto de sua pessoa
e natureza. «Levando êle mesmo em seu corpo os nossos
pecados sobre o madeiro... e pelas suas feridas fostes sa
rados», I Ped. 2:24. Notai o contraste: «êle mesmo», a pes
soa total, «em seu corpo», naturalmente a parte de sua pes
soa que seria a esfera da morte, a qual era, por sua vez, o
oferecimento de si mesmo a Deus, como oblação e sacrifí
cio por nossos pecados, com todo o infinito valor de sua
pessoa.
O sofrimento físico de Jesus era pouco, em tôda a sua
vida. Morreu aos 33 anos, em pleno vigor de uma encar
nação perfeita. Não consta nem dor nem doença em sua
vida, depois da infância. As dôres e doenças que êle sentiu
eram alheias, «as nossas dores e enfermidades,», Is. 53:4.
Também nunca recebeu, que eu saiba, golpe de dedo huma
no contra si, até a manhã do dia do Calvário. Banquetea-
ra com os seus até meia noite. O Getsêmane não durou se
não pouco tempo. Era sofrimento intenso mas breve. Não
o reduziu à magreza e miséria das pinturas medievais. A
coroa de espinhos, os açoites e flagelos, os cravos nas mãos
e pés, a febre, a sêde, o sofrimento moral, a vergonha que
êle «desprezou», Heb. 12:2, fazem uma agonia tremenda,
mas terminou no mesmo dia em que começou. Há homens
no campo de batalha e nos hospitais, e nos casos de cânccr,
artrite e outras moléstias, que sofreram, e sofrem, num só
dia, muito mais, fisicamente, do que Jesus sofreu no dia do
Calvário. E pensai nas deshumanas torturas usadas na «li
quidação» de muitos em terras totalitárias. O Novo Testa
mento não exagera êsses sofrimentos, nem lhes dá a supre
ma virtude na morte que nos redime.
E não são apenas as seitas católicas que dão ao sofri
mento corpóreo de Jesus valor desproporcional. Protestan
tes que lhes acompanham na «Semana Santa» e nas suas su-
102 DOUTRINAS
perstições, e que pregam como o clero, são réus da mesma
falsificação do cristianismo e exploração do sentimentalis-
mo fácil do povo. Fui ouvir famoso pregador metodista na
minha terra, em 1945. Êle pregou sobre a cruz. De tal ma
neira pintou seus horrores físicos, que um soldado forte fu
giu da reunião. Em frente de mim estavam sentadas umas
senhoras. A mão de uma dessas ouvintes segurava o en
costo do banco e me parecia que suas unhas pintadas iam
cravar-se na madeira do banco. Temia eu que ela tivesse
um ataque ali. Acho detestável semelhante pregação. Nada
tem dessa objetividade dos Evangelhos em sua história, dou
trina e interpretação da morte do Salvador. «Cristo mor
reu SEGUNDO A S E S C R IT U R A S » — eis o evangelho ge
nuíno, não segundo o exagêro e exploração de elementos da
história que as Escrituras não salientam fora da sua pro
porção veraz na narrativa. E' materialista, supersticiosa e
anti-bíblica toda a exaltação de Jesus Cristo como mártir,
por uns poucos dias e então o abandono e esquecimento dêle,
o resto do ano eclesiástico, até passar outro Carnaval.
12. NAO S E R IA E S T A D O U T R IN A DO C A LV Á R IO U M A
EVOLUÇÃO PO STERIO R F A B R IC A D A PELO S
APÓSTOLOS DEPOIS D A RESSU RREIÇÃO A F IM DE
R A C IO N A L IZ A R A M ORTE DE SEU M E STR E ?
O racionalista, e o ateista diriam que sim. Mas o crente
vê que a racionalização, no caso, parte dos tais. Fogem dos
fatos da história, narrada com tão sublime objetividade pe
las testemunhas oculares. Inventam a teoria para evitar
crer os fatos. Longe de tal teoria ser veraz, esta doutrina
da cruz, no progresso da revelação, evoluiu séculos antes de
Cristo na profecia, nos tipos bíblicos, no sistema sacrificlal
de Israel e na «plenitude dos tempos» em que veio o Filho
do Homem.
Isaías profetizou do Calvário. O jovem Salomão Gins-
burg*, em seu lar de judeu ortodoxo, perguntou; «D e quem
fala o profeta quando diz: Êle foi ferido pelas nossas trans
gressões e moído pelas nossas iniquidades» ? A única respos
ta que êle recebeu foi pesado sôco no rosto e silêncio abso
luto. Pois, para judeu e modernista, dói admitir a única res
posta possível a essa pergunta, que é uma só palavra; Je
sus. Êles dizem que, na profecia de Isaías, o Servo Sofredor
é Israel. Mas Isaías não diz isso. Para o profeta «olhando
A DOUTRINA DA MORTE DE CRISTO 103
nós para êle, nenhuma beleza víamos para que o desejásse
mos». Eis Israel. «Como um de quem os homens escondiam
o rosto, era desprezado, e não fizemos dêle caso algum».
Eis Israel! «N ós o reputámos por aflito, ferido de Deus e
oprimido». Eis Israel nacional. Israel não morreu. Está lá
na Palestina hoje, e nas eleições de Nova Iorque. «E ngor
dou e deu coice». Mas êste Servo Sofredor «fo i cortado da
terra dos viventes... derramou a sua alma na m orte. . . e
puseram a sua sepultura com os ímpios e com o rico na sua
m orte». E ’ Jesus, não Israel. Jesus sim, «nunca fêz injus
tiça, nem houve engano na sua bôca». Isso não descreve a
Israel. Só Jesus é êsse Servo Sofredor. Pois é morto e se
pultado mas ainda aparece na vida humana, operoso. «Com
seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a mui
tos, porque as iniquidades dêles levará sôbre si». (João 17:3),
São as feições de Jesus; fases de sua história na encarnação
e depois. E o Morto se torna Sacerdote. Porque depois da
encarnação, a vida imaculada, a morte no Calvário, a se
pultura com o rico e a ressurreição dentre os mortos e o va
lor jurídico dessa morte para a decisão forense de Deus em
justificar, eis que o Servo Sacrificado em morte expiatória
ainda funciona como Sacerdote: «pelos transgressores in
tercede» .
Isaías sabe o segrêdo do poder e da eficácia da morte
que tudo vale. Não foi acidental, imprevista, ou casual.
«Todavia ao Senhor agradou moê-lo. . . quando sua alma se
puser por expiação do pecado. . . » Eis, ó adepto da panto
mina da «Semana Santa», o segrêdo do Calvário. Não é,
principalmente, o sofrimento do corpo partido por espi
nhos, açoites, cravos, e espada romana. Sua A L M A é que
sofre, para a expiação do pecado alheio. Sua alma divina-
humana, seu espírito de Verbo-homem, sua pessoa, que a
uma vez é pessoa da Santíssima Trindade e humilde filho
de Maria nazarena, sua alma divina, majestosa, celestial,
e eterna se pôs por expiação do pecado. O infinito valor da
pessoa do Servo Salvador faz com que a oferta de si mes
mo em nosso lugar, como nosso Sacrifício e Substituto, va
lesse tudo quanto fôsse necessário para fazer a redenção
de dez mil raças decaídas como nós. Lêde a intercessão co
letiva da primeira igreja no mundo, em A t. 4:24-31, em ora
ção inspirada, e vereis a inspiração de Is. 53 calar perfeita-
mente na interpretação apostólica inspirada da morte do
Messias de nossa raça. A evolução revelada desta verdade
104 DOUTRINAS
era de uma velhice multi-secular quando Isaías escreveu de
Jesus. João Batista, voltando à Páscoa, diz: «E is o Cordei
ro de Deus que tira o pecado do mundo». E o dr. A . T .
Robertson diz que o Precursor declarou isso de Jesus, à
luz de Is. 53. Paulo é o elo nessa corrente de evangelho re
velado através dos séculos; «Cristo, nossa páscoa, foi sacri
ficado por nós», I Cor. 5:7. A palavra «Páscoa» significa:
1) O dia de sacrificar o cordeiro pascoal, 2) a semana intei
ra de festa e 3) o próprio cordeiro sacrificado. Evidente
mente é isto aqui — Cristo, nosso Cordeiro de Deus, nosso
sacrifício na cruz. Não há «Páscoa», no sentido de festa ou
de «semana santa», no cristianismo. E ’ festa do judaísmo,
morta na cruz, Col. 2:14. Caducou a festa, no Calvário, e
ficou eternamente precioso, para nós, o Cordeiro, nossa pás
coa única.
E sem jamais evoluir além do Calvário, eis que todo o
entusiasmo celestial, na Visão de Patmos, é ainda por êste
Cordeiro e seu sangue. Ninguém no céu canta de outro re
médio do pecado, de outro segredo da salvação de todos os
remidos, mas somente do sangue do Cordeiro. De igreja,
clero, sacramentos, caridade, boas obras, do tesouro de mé
rito dos santos, da mediação da «Rainha do Céu» ou de pe
cados purgados nos fogos do Purgatório, ninguém canta no
céu, como tendo parte na salvação. «Milhões de milhões e
milhares de milhares» de sêres celestiais cantam: «Digno é
o Cordeiro» de tôda a nossa mordomia. E os redimidos lhe
entoam louvores, mesmo «o Cântico de Moisés e do Cordei
ro», pois Moisés primeiramente fêz do sangue do Cordeiro
pascoal o tipo do Calvário, por que todo o céu rompe em ale
luias. Os glorificados foram comprados para Deus por êste
preço, Apoc. 5:9, e os vivos na terra «venceram pelo sangue
do Cordeiro», Apoc. 11:12. Êste Cordeiro enche todo o hori
zonte do reino de Deus no universo, de Moisés a João, do
Sinai a Patmos, de um «êxodo» ao outro. «O Cordeiro foi
morto desde a fundação do mundo», Apoc. 13:8. Logo não
há evolução na doutrina desta verdade, a não ser no sentido
de sua progressiva revelação através do Velho Testamento.
16. Q U A L A R E LA Ç Á O DO C A L V Á R IO COM O M A
LIG N O ?
A guerra perene entre o Príncipe dêste mundo e o nos
so Príncipe da paz chegou à sua batalha decisiva no Calvá
rio. Suponhamos que Satanás, que nunca deixou de tentar
a Jesus na sua humanidade, conseguisse que nosso Senhor
pecasse em Getsêmane, nos seus seis processos, no caminho
para a cruz ou na crucifixão. Se dissesse uma só palavra
errada, se reagisse em uma só maneira excessiva, se tives
se um só pensamento menos digno, já teria de fazer expia-
ção de suas próprias imperfeições. Não seria nosso Salva
dor. No Gólgota, o diabo assaltou, com tôdas as suas fo r
ças infernais, a personalidade total de Jesus. A s três horas
das trevas, diz Carroll, eram trevas diabólicas. Isto a Es
critura não afirma, mas afirma outros fatos. «O príncipe
dêste mundo se aproxima, e nada tem em mim», João 14:30.
«Esta é a vossa hora e o poder das trevas», Luc. 22:53. O
diabo é o supremo mestre do medo. Jesus lhe tirou esse im
pério, Heb. 2:14, 15. O Calvário foi o julgamento do rival
de Jesus, João 16:7, 8, 11. De fato, Rom. 8:3 deve dizer o
que significa o grego: «julgou o pecado, na carne», pois na
carne do Salvador, Deus julgou o pecado do mundo. Os sé
culos A . C . aguardaram este julgamento, R om . 3:25.
17. QUE P A R T E D A D O U T R IN A DO E S P IR IT O S A N
TO F O I E S P E C IA L M E N T E R E V E L A D A PO R JESUS
EM R E LA Ç Á O AO C A L V Á R IO ?
E ’ que a missão do Espírito seria especialmente para
«convencer o mundo» de três coisas: 1) O pecado de não
ser crente. O incrédulo rejeita o Médico, e repudia o seu re
médio. E' o supremo pecado e fatal, João 16:8, 9. 2) O espí
rito convence de justiça porque Jesus foi para o Pai, v. 10.
A DOUTRINA DA MORTE DE CRISTO 107
Sua presença com o Pai faz que êle possa rogar em nosso
benefício todo o valor de sua morte. 3) Convence do juízo
porque Satanás foi julgado e sentenciado, no Calvário. E ’
réu que aguarda a execução da sentença. Devemos coope
rar com o Espírito, pelo nosso testemunho desta tríplice ver
dade do Calvário. Êle «depende de nós para encher o mundo
dêste tríplice testemunho.
A DOUTRINA DA GRAÇA
DE DEUS
1. EM QU EM VEM O S A G R A Ç A ?
2. COMO E N R IQ U E C E U A L IN G U A G E M O R IG IN A L DO
N O VO T E S T A M E N T O E S T A D O U T R IN A ?
4. Q U A L A S E G U N D A A T IV ID A D E DA GRAÇA EM
N O SSA S A L V A Ç Ã O ?
E ’ a chamda eficaz. Há duas chamadas de que a Escri
tura fala. Um a é a chamada universal, sincera e urgente
do evangelho. «Muitos são chamados, mas poucos escolhi
dos», M at. 20:16; 22:14. Contrastai as vastas multidões que
ouvem a chamada do evangelho, mas nunca há neles respos
ta íntima. Não se regista a chamada no fundo de seu espí
112 DOUTRINAS
rito. Não resulta na salvação, que é a dupla e mútua escolha
do Salvador e do pecador que se arrepende e crê. Há uma
chamada eficaz, feita nos corredores da alma pelo Espírito
regenerador, em conexão com sua tríplice convicção do pe
cado, João 16:7-11. E* a chamada que Paulo assim descre
ve: «e me chamou pela sua graça», Gál. 1:15. E ’ uma rica
doutrina, geralmente negligenciada, ou eclipsada pela cha
mada universal de lei ou evangelho ou a chamada para o
ministério ou para qualquer outra carreira cristã, ^êde
Rom. 1:6; 8:28, 30; I Cor. 1:2, 9, 24, 26; Gál. 1:6 (vos cha
mou na graça, Vers. Im. B íb .); E f. 1:18; 4:1, 4 (um dos
elementos da unidade do Espírito); Heb. 3:1; 9:15; I Ped,
1:18; 2:9; 5:10, etc.
7. Q U A L O ASPECTO ED U CATIVO D A G R AÇ A DE
DEUS EM NOSSO E SPÍR ITO E V ID A ?
Paulo expõe a Tito: « A graça de Deus se manifestou
salvadora a todos os homens, EDUCANDO-NOS para que,
A DOUTRINA DA GRAÇA DE DEUS 113
renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos no
presente século, sensata, justa e piamente. . . » (lêde o res
to), Tito 2:8-14, Vers. A l., Ed. Bras. Rev. A graça não
terminou sua atividade quando nos salvou. Estabelece no
coração e consciência do crente uma escola do Espírito, edu-
cando-nos. Significa tanto educar como disciplinar. «Que
tens tu que não recebeste?» pergunta Paulo aos Coríntios.
Nossa educação em saber a vontade de Deus, praticar o bem,
e viver na santidade operosa, tudo procede da graça de Deus.
A suprema educação é de Deus, pela sua graça.
8. A GRAÇA E’ V A R IÁ V E L ? CRESCE N A V ID A
V ID A CRISTA?
Sim, pois «todos nós recebemos da sua plenitude e gra
ça por graça» (graça sôbre graça, a graça usada dando lu
gar a nova abundância da graça), João 1:17. E Pedro nos
exorta: «Crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor
e Salvador, Jesus Cristo», I I Ped. 3:18. O menino Jesus
«crescia em sabedoria, e em estatura e em graça para com
Deus e os homens», Luc. 2:52. A graça para êle, não era
salvadora, mas sim educadora, reveladora progressivamen
te de sua própria natureza e missão, e adequada para sua
vida, nas suas crescentes responsabilidades divinas e huma
nas. Jesus aprendeu — até na cruz. «Ainda que era Filho,
aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu», Heb. 5:8.
Não a aprendeu como um desobediente que se converteu em
obediente, mas como quem cresce de menos experiência para
mais, entra em novas capacidades e realizações. Se Jesus
devia crescer e aprender e educar-se na graça, quanto mais
nós?
9. ALÊM DE SALVAR, EDUCAR, DESENVOLVER E D I
RIG IR EM BOAS OBRAS O INDIVÍDUO, QUE FA Z A
GRAÇA DE DEUS NAS IGREJAS?
«Irmãos vos fazemos conhecer a graça de Deus dada às
igrejas da Macedônia». Se a graça de Deus pode agir em
muitas igrejas livres, autônomas e cooperadoras, sem Igreja
Nacional ou Católica a exercer domínio sôbre elas, sem hie
rarquia ou oligarquia para subjugá-las, parece que os ho
mens poderiam se agradar dessas igrejas de que Deus tanto
se agradou. Sua graça naquelas igrejas fêz com que: 1) «A
D — 8
114 DOUTRINAS
sua profunda pobreza abundou em riquezas de sua genero
sidade». 2) «Deram voluntàriamente». O eminente dr.
Carroll traduziu Sal. 110:3 — «o teu povo serão voluntá
rios no dia do seu poder». Êste poder manifesta a graça de
Deus, operosa no coração e vida do crente, e nas igrejas
compostas de crentes. 3) Deram «acima do seu poder». P a
rece quase incrível. 4) Deram-se a si mesmos primeiramen
te ao Senhor. Depois era fácil a mordomia pessoal. 5) Su
plicaram a Paulo o privilégio e a oportunidade de cooperar
com as igrejas de quatro províncias romanas, a favor de
igrejas pobres em outro continente. 6) E enviaram mensa
geiros para representá-las nesta cooperação. 7) Assim o
que a graça de Deus principiou, e levou avante, consumou-
se «na glória de Cristo», I I Cor. 8. A cooperação de igre
jas bíblicas é a força mais santa e salutar na história do
cristianismo biblicamente organizado.
10. Q U AL E' A RELAÇÃO E N TR E A G RAÇ A DE DEUS
E O M IN ISTÉ R IO D A P A L A V R A ?
E* «palavra da graça», A t. 20:24, 32. Intima, profun
da, perene, pessoal, coletiva e progressiva é a relação do mi
nistério da Palavra e a graça de Deus. O ministério é uma
dádiva do Cristo ressuscitado para suas igrejas, E f. 4:7-16.
De fato, Cristo «deu dons aos homens», em geral, pelo seu
ministério numeroso e versátil, vs. 7, 11, visando o traba
lho total de Cristo e seu corpo. Por isso há apóstolos para
inaugurar a era cristã, profetas para a revelação ’e doutri
na, evangelistas para o evangelismo itinerante, e pastores-
mestres para as igrejas, pois rebanhos são o correspondente
a pastores. Sim, a graça é dada a cada um — pastor, lei
go, mulher cristã, criança crente, «segunda a medida do
dom de Cristo», v. 7. Cada crente tem um dom, uma chama
da e missão, e a graça adequada, e o ministério oficial am
plifica e aplica esta verdade geral ao seu caso especial. Pau
lo considera sua carreira (A t. 20:24) como «uma dispensa-
ção da graça de Deus». O dr. W .O . Carver traduz: «mor*
domia da graça de Deus, que está em mim, caminhando-se
para vós» ( « the grace of God in me on its way to you» ) , E f .
3:2; e em vs. 7, 8 êle declara: «Do qual (o evangelho) fui
feito ministro pelo dom da graça de Deus. . . me foi dada
esta graça de anunciar... as riquezas incompreensíveis de
Cristo». Ninguém é digno de estar no ministério. E* da
A DOUTRINA DA GRAÇA DE DEUS 115
graça divina. E é especialmente indigno quem não tenha
êste espírito.
11,. COMO SE E X P L IC A U M A V ID A C R IS TA N O T Á V E L
EM S A N TA O PERO SID AD E ?
13. COMO P E N E TR O U A D O U T R IN A D A G R A Ç A E M
TE R R E N O S DE SO C IAB ILID AD E , C A M A R A D A G E M
E C O R TE SIA ?
N a saudação cristã. O hebreu dizia: «P a z», ao encon
trar-se com o conhecido. Jesus, ressuscitado e reunido com
seu povo dizia: «P a z seja convosco». A saudação cristã fi
cou: «Graça e paz», Rom. 1:7 — «ambos os têrmos usados
em pleno sentido teológico. E* o comêço de um costume do
116 DOUTRINAS
sociabilidade fraternal, avançando além das frases comuns,
no progresso da civilização, quando cada homem estranho
fôra considerado possível inimigo» (Com. de Sanday e Head-
lam, sobre Rom. 1:7, resumido). A saudação reflete a men
talidade .
20. A G R A Ç A P A R E C E , À S V Ê Z E S , S E R T U D O IS T O ,
NOM E G E R A L DAS BÊNÇÃOS D A SA LV A Ç A O E
D A P R Ó P R IA E R A C R IS T A ?
2. Q U AL A A T IT U D E TO M AD A PELOS VÁRIOS R A
MOS DO CATOLICISM O P A R A COM ÊSTE C R IS T IA
NISMO DE CRISTO?
Católicos romanos, Ortodoxos gregos (com suas várias
sedes em Moscou, Atenas, Varsóvia, Sofia, Belgrado, Istam
bul ou Constantinopla, Nova Iorque, Paris, etc), Anglo-Ca-
tólicos, umas Igrejas Católicas nacionais, as antigas seitas
Católicas orientais e os «Velhos Católicos» que são os vários
ramos do catolicismo, francamente confessam que sua re
ligião é mistura de três elmentos. O primeiro é o cerimonia-
lismo do Velho Testamento, que são precisamente as par
tes da Lei que Jesus revogou e anulou no Calvário, Col. 2:
14. O segundo é a Escritura Sagrada, com a referida falta
de critério na sua interpretação, em péssimas versões, es
pecialmente a Vulgata, sem o devido respeito ao texto ori
ginal, e com acréscimos de muita literatura apócrifa que
não é da Bíblia de Jesus. E o terceiro é a «tradição» de ho-
A DOUTRINA BATISTA SÔBRE... CRISTIANISMO 121
mens. O Senhor Jesus diz que êste elemento é tão repreen
sível que anula o valor de todo culto que tenha êsse defei
to «Em vão me adoram, ensinando doutrinas que são pre
ceitos dos homens», M at. 15:9.
3. E COMO R E A G IU O PR O TE S T A N T IS M O D IA N T E DO
C R IS T IA N IS M O DE CRISTO ?
Os anglicanos e muitos outros protestantes justificam
a «evolução» do cristianismo que se deu nos primeiros qua
tro séculos, aceitando como dogmas os credos dos concílios
daquêles tempos. Mas por que êsse limite arbitrário? Quase
todo o mal -da Idade das Trevas já entrou, em germe, no
segundo século. Os Reformadores apenas reformaram o ro-
manismo. Não voltaram ao cristianismo do Novo Testamen
to. Decidiram «reter o batismo infantil» e outra bagagem
doutrinária e cerimonial que trouxeram consigo quando sai-
ram de Roma. «Êles sairam do romanismo, mas há muito
romanismo que não saiu d eles.». Os batistas acham me
lhor o cristianismo de Cristo, segundo o Novo Testamento;
muito melhor do que êsse romanismo reformado.
4. Q U A L A A T IT U D E T O M A D A PE LO S B A T IS T A S ?
E ’ bem diferente e característica; pois a voz batista quer
o cristianismo de Cristo, sem mistura de evolução eclesiás
tica, filosófica ou credal. Basta o Novo Testamento, a au
toridade do Senhor vivo, o Salvador onipresente com suas
igrejas e a iluminação e o poder do Espírito Santo. Anela
mos reter os fatores que criaram o cristianismo que Jesus
e seus apóstolos deixaram como herança imutável dos sé
culos. Nosso alvo é o cristianismo essencial, original e per
pétuo, a união da verdade e da vontade de Jesus Crsito na
vida santa de seu povo, em igrejas como êle quer. E ’ nossa
doutrina -de Cristo que nos distingue de outros cristãos e de
outras religiões.
5. POIS, QUE S IG N IF IC A «C R IS T O »?
Para saber o que pensar de Cristo, temos de entender
êsse título messiânico. «C risto» é o título do Salvador, como
o Sacerdote, o Rei e o Profeta que Deus ao cristianismo deu,
como seu Fundador. A própria palavra significa «M essias»;
122 DOUTRINAS
Cristo (grego) e Messias (hebraico) significam o mesmo:
o Ungido. Era o costume, em Israel, ungir com óleo o sacer
dote, o rei e o profeta. Jesus, como o Cristo, tem esta tri
pla coroa. E ’ o Sacerdote que se oferece a si mesmo como
o sacrifício único, jamais repetido, que tira o çecado do
mundo, o Rei da consciência e Soberano absoluto em seu
reino espiritual. E ' o «P ro fe ta » de quem Moisés e João B a
tista falaram . Profeta é órgão de revelação divina. Jesus,
pois, é o Revelador de Deus, da verdade, da vontade divina,
da salvação, e do destino.
Assim o batista espiritual pensa do Cristo e, genufie-
xo em espírito, o adora: e, amando-o anela dar-lhe a obedi
ência perfeita e a vida. Grandes são nossas imperfeições,
-confessamos, mas o «C risto» é perfeito. E* o Sacerdote, o
R ei e o Profeta que nos convem.
13. Q U E P E N S A IS D E C R IS TO COMO S E N H O R ?
D —- 9
130 DOUTRINAS
em sua casa. Seja sua doutrina, preservada por seus após
tolos no ensino do N ovo Testamento, a nossa doutrina úni
ca e total, e vivam os assim em tudo. E ’ alvo infinito, final
e eterno.
Certo frade holandês passou meses no Seminário do
Norte, no Recife, como hóspede, investigando assuntos re
ligiosos. Êle nunca se converteu. Voltou para sua ord(em
monástica. Qual a razão? Disse êle: «N ã o posso ver como
se pode admitir mais de uma cabeça numa religião» — e
optou ter o papa por essa única cabeça. Ilusão descrente e
fatal, mas é exatamente o motivo cabal por que um batista
nunca poderá ceder ao papa lugar algum no cristianismo.
Pois se êle é «a única cabeça», Jesus fica expulso do seu
próprio cristianismo. Ou se o papa e Cristo, ambos, são ca
beças, então o tal cristianismo é um monstro de duas cabeças.
F oi observada uma tartaruga com duas cabeças: uma bri
gava com a outra para ter monopólio da comida. Assim é
o monopólio papal do cristianismo. A cabeça em Roma rea
ge contra a cabeça legítim a no céu. O libelo de Paulo so
bre semelhante sistema é: «N ã o ligado à cabeça», Col. 2:19.
Onde há cabeça humana em uma religião, a religião é dessa
cabeça e não de Jesus. Onde Jesus é a cabeça, não há ho
mem que tenha êsse monopólio de autoridade e direção. Os ba
tistas mantêm o Senhor Jesus como única cabeça, e é por isto
que repudiam o papado, os prelados, os padres, e as oligarquias
eclesiásticas. Jesus é a cabeça de todo homem, I Cor. 11:3;
de cada igreja bíblica, I Cor. 12:27; do universo, em prol de
sua Ig re ja Geral, E f. 1:22, 23, e desta Ig re ja também. E ’
uma vasta doutrina, com muitos corolários inevitáveis. N e
nhum «Senhor M orto» é cabeça de coisa alguma. O Senhor
vivo é realidade sublime, na experiência espiritual genuína,
em todas as suas funções de cabeça pessoal e coletiva, para
os crentes.
16. QUE S IG N IF IC A S E R JESUS C H A M A D O «O CO R
P O », E M L IN G U A G E M M E T A F Ó R IC A ?
A figu ra de corpo, aplicada a Jesus, se acha em Col.
2:17 —• «Ninguém vos julgue pelo comer ou pelo beber, ou
por causa dos dias de festa, ou de lua nova, ou dos sábados,
que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cris
t o ». Naturalmente, não é ao pé da letra que se fala de Je
sus, ou como cabeça ou como corpo. N o sentido em que
seja cabeça, êle não é corpo: e no sentido em que seja corpo,
A DOUTRINA BATISTA SÔBRE... CRISTIANISMO 131
não é cabeça. Linguagem figurada, figurativamente se in
terpreta. Aqui o contraste é entre o corpo e as sombras que
lança. O corpo é a realidade. As cerimônias da religião,
seus símbolos de dias ou de atos, não passam de sombras.
A sombra nada é: não sustenta pêso, não carrega valores
nem vale para alimentar, curar, ou educar. Profunda li
ção. A realidade, o corpo, é de Cristo. As cerimônias do
cristianismo formal são lançadas por êle. O batismo é som
bra da sua sepultura e ressurreição. A ceia é sombra de
seu corpo e seu sangue redentivo. O domingo é sombra da
ressurreição — mas nada disso salva. Toda a realidade,
graça, fôrça e salvação é de Cristo. Êle é o corpo: o ritual
é mera sombra.
17. N E S T A M ESM A CONEXÃO, Q U A L O V A L O R DE
JESUS CRISTO COMO REFO RM AD O R D A R E V E
LAÇ ÃO PRO G RESSIVA EM QUE ÊLE E N TR O U E
QUE COM PLETOU?
Lemos em Heb. 9:10 (seguindo a tradução da margem)
— «dons. . . sacrifícios.. . manjares, bebidas e várias ablu-
ções è justificações da carne, IM PO STAS ATE* AO T E M
PO D A R E F O R M A ». Todo o sistema mosaico já ia cadu
cando, quando esta Epístola foi escrita, tãrvez em 66-68, nas
vésperas da destruição de Jerusalém e do templo. A senten
ça divina contra o regime judaico foi dada no dia do Cal
vário, quando Deus rasgou o véu do Santo dos Santos. O
cumprimento desta sentença veio 40 anos depois com o fim
da teocracia sacerdotal de Israel. Assim Jesus reformou a
revelação. A lei cerimonial de Moisés foi revelação divina
para Israel, até a vinda de Jesus. N a sua cruz Jesus aboliu
o inteiro regime levítico. E ’ a reforma que êle fez, anulando
a Velha Aliança e inaugurando a Nova Aliança, em pleno
v ig o r .
Eis o que fêz nosso Reformador: «Havendo riscado a
cédula que era contra nós nas suas ordenanças. . . a tirou
do meio de nós, cravando-a na cruz», Col. 2:14. Isso abran
ge também o inteiro sistema de sábados, v. 16. O judaismo
total foi varrido inteiramente do reino de Deus. Isso fêz
nosso Reformador, na grande Reforma do Calvário, teste
munhada e esclarecida no Novo Testamento. Jesus é o nos
so Reformador. Não queremos outro. Os reformadores pro
testantes, e o clero de Roma, recusaram a Reforma de Je
sus. Dizem que não havia solução de continuidade na histó-
132 DOUTRINAS
ria da Ig re ja . A teocracia de Israel e a «Ig r e ja Cristã» é
a mesma coisa, na opinião protestante. A circuncisão ape
nas mudou-se para o batismo infantil, a páscoa para a eu
caristia, o sacerdócio judaico para sacerdotes paramentados
cristãos, o governo dos presbíteros em Israel para govêrno
presbiteriano hoje, aspersões levíticas para uma aspersão
erradamente chamada batismo, o sábado judaico para o sá
bado cristão, a união de Ig re ja ê Estado em lugar da Teo
cracia, o ano eclesiástico em lugar do ano de festas de Is
rael, altares lã e cá como centros de culto, Ig re ja Nacional
em lugar da nacional Congregação de Israel, a fam ília a uni
dade religiosa, depois de Cristo como antes, etc., etc.
Os batistas votaram seguir a Reform a de religião que
fê z nosso Reform ador Jesus. E ? nosso único Reformador.
N ão somos protestantes, e não queremos dar nova validez
a todas essas ordenanças que Jesus «cancelou» no Calvário
— não fazem parte do cristianismo de Cristo nem tem subs
titutos. O Cristianismo de Cristo é o «vinho novo em novos
odres» — é tudo novo, espírito e forma, interior e exterior,
experiência e expressão simbólica, igrejas, batismo, ceia e
tudo, M ar. 2:22.
Nunca digamos que tôdas as denominações evangélicas
são a mesma coisa. Os batistas insistem em os direitos de
Cristo em seu próprio Cristianismo. Isto muitos outros lhe
negam, doutrinando essas tradições de papas e reformadores
que invalidam o culto, assim prestado em desobediência e
falsa doutrina.
19. Q U E V A L O R E S R E G IS T A A E P ÍS T O L A A O S HE-
BREU S P A R A NOSSO S A L V A D O R ?
T ÍT U L O S E V A L O R E S QUE JESUS C R IS TO T E M NO
C R IS T IA N IS M O REVELAD O
I
Intercessor por nós — Rom . 8:34.
Q
R
O Renôvo — Jer. 23:5; Zac. 3:8; 6:12.
O Rei da Entrada Triunfal — Mat. 21:5.
O Rei de Israel — Jer. 1:40.
O Rei dos Judeus — Mat. 2:2.
O Rei dos Santos — Apoc. 15:3.
O Rei dos Reis — I Tim . 6:15; Apoc. 17:14.
O Rei da justiça, Rei da Paz — Heb. 7:2.
Resgate — Mar. 10:45; I Tim. 2:6.
O Redentor —■ Jó 19:25; Is. 59:20; 60:16.
A Ressurreição e a Vida — João 11:25.
A Rocha espiritual de refrigério a Israel no deserto — I
Cor. 10:4.
A Raiz de Davi — Apoc. 22:16.
A Raiz de Jessé — Is. 11:10.
O Reformador que aboliu o provisório e preparatório no Ve
lho Testamento e, pelo seu ensino e seu Espírito, nos
deu o Novo Testamento — Heb. 9:10; Mat. 5:17-20, e
vs. 27-32; 33-37; 38-42; 43-48; Col. 2:14, 16, 17;
Heb. 7:12.
A Rosa de Saron — Cânt. 2:1.
O Revelador do Pai — João 14:9; Mat. 11:21.
A G R U PAN D O OS NOMES
A DOUTRINA DA SANTIFICAÇÃO
1. A S A N T IF IC A Ç Ã O E ’ P A R T E V IT A L D A D O U TR IN A
E E X P E R IÊ N C IA C R IS TÃ ?
2. A S A N T IF IC A Ç Ã O E> D O U T R IN A B A T IS T A ?
AC Ê R C A D A S A N T IF IC A Ç Ã O : 20
3. Q U A L A P R IN C IP A L D IF E R E N Ç A E N TR E E S T A E
O U TRAS D O U TR IN A S DE S A N T IF IC A Ç Ã O ?
142 DOUTRINAS
E ’ nas palavras: «processo», «progressiva, «contínuo».
São palavras que esclarecem a diferença entre doutrina ba
tista e o ensino de muitos outros grupos. A santificação
sempre começa na regeneração, nunca numa «segunda bên
ção» subsequente. E ’ a experiência de todos os crentes, não
apenas de uma casta emocionada, numa vida de beatas, ou
de extremistas de qualquer outra espécie.
4. ONDE SE V IV E E S T A V ID A S A N T A ?
Nas igrejas bíblicas é que se acha a vida cristã normal,
no uso dos «meios designados», já mencionados acima. E'
a vida santa, de obediência a Cristo, na comunhão e ativi
dade da igreja de que alguém é membro. Quem nos procu
ra desviar desta vida santa e operosa, quer nos explorar, e
nos tentar para aventuras que só findarão em escândalos ou
em desilusão e castigo divino. Não houve em nossos dias
um homem mais santo é operoso do que o grande mestre da
Bíblia, o dr. Sampey. Disse-me êle: «Se um homem não é
bom cristão em sua própria igreja, onde é membro, não é
bom cristão em lugar nenhum». Deus fêz igrejas precisa
mente para serem o campo de treinamento na santidade.
Desviar-nos da vontade divina aí, é repudiar a própria dou
trina do Novo Testamento sobre a vida santa.
5. E S T A D O U T R IN A B A T IS T A DE S A N T IF IC A Ç A O E’
C O M P LE T A E D A ’ S A L U T A R E S R E S U LTA D O S ?
6. QUE S IG N IF IC A A S A N T IF IC A Ç Ã O ?
7. N Ã O H A ’ TA M B É M ASPE C TO S N E G A T IV O S D A S A N
T IF IC A Ç Ã O ?
9. QUE E ' U M S A N T O ?
10. Q U A IS A S PE R V E R SÕ E S P O P U L A R E S DO TÊ R M O ?
São três. 1) Roma canoniza alguns, para serem obje
tos de culto nos seus altares, intercessores nos céus, media
dores entre Deus e os homens. Chama-os «S ão», «Santo»,
«S a n ta ». O Mediador é um só; é idolatria, segundo a lei
moral, fa zer genuflexões ou dar culto a imagens; e os santos
do cristianismo genuíno não são meros defuntos. Todo cren
te é santo, e o papa não tem voz alguma nisto. O Espírito
Santo é quem santifica, quando cremos e depois, progressi
vamente, nesta vida. N ão é tarefa que seja cabível a uma
Congregação da Cúria Romana no Vaticano. Aquêle pre-
claro intérprete das Escrituras, o dr. A .T .R ob ertson , reco
menda aos pastores e aos crentes todos que deixemos dêsse
romanismo mental que diz: «S ã o » Pedro, «S ã o » Paulp, etc.
«N ã o existe a mínima autoridade nos manuscritos (do N ovo
Testamento na língua origin al) que nos autorize a dizer:
São Mateus, um costume católico romano observado por al
guns protestantes». (W O R D P IC T U R E S I N T H E N E W
T E S T A M E N T , Vol. 1, p ág. X I V ) . Nossos santos são vivos,
não defuntos canonizados. 2) O segundo sentido errado do
têrmo o fa z significar: imaculado, perfeito, sem pecado. A
A DOUTRINA DA SANTIFICAÇÃO 145
palavra não quer dizer isto, mas sim a separação para Deus.
Todo o perfectionismo ou pentecostalismo é um cristianismo
falsificado, neste ponto, como veremos adiante. Ofende a
Deus. 3) Uma idéia popular, no mundo e entre os crentes
mundanos, é que «santo» significa tristonho, hipócrito, as
cético, inimigo da alegria, «santinho», «beata», «santarrão».
E ’ uma caricatura. Jesus é o ideal que o homem santo al
m eja seguir, e há em Jesus uma perfeita naturalidade. Era
amigo dos homens, sabia brincar com as crianças, gostava
de acompanhar os pescadores, banquetear com os festivos e
peregrinar com os felizes. A Bíblia diz que Deus o «ungiu
com óleo da alegria acima de seus companheiros», Heb. 1:9.
Temos de manter a palavra SAN TO no seu sentido que foi
firmado no Novo Testamento. E ’ o nome de todos os cren
tes: significa que são de Deus. «N ão sou meu» — «eu per
tenço ao bom Jesus».
D — 10
146 DOUTRINAS
eterna», de que o Espírito é o Autor divino, em união com
os nossos espíritos. A doutrina de que o Espírito é recebido
numa segunda etapa da salvação, está em êrro fundamen
tal; desviou-se do evangelho na sua pureza, e está ludibri
ando os incautos que repudiam a Bíblia e seguem semelhan
te ê rro .
13. A QUE SE PO D E C O M P A R A R E S T A F A S E DE S A N
T IF IC A Ç Ã O ?
14. A E S C R IT U R A S A L IE N T A A M B A S E S TA S FA SE S
D A S A N T IF IC A Ç Ã O , A O B J E T IV A E S U B J E T IV A ?
Sim. E* a santificação que Cristo obteve para nós, e a
que o Espírito efetua em nós. E* fase instantânea e eterna
148 DOUTRINAS
assim como é a fase vagarosa e progressiva da santidade;
ambas em coesão, simetria e harmonia.
16. Q U A L A R E LA Ç A O V IT A L E N T R E A V E R D AD E DE
DEUS E A N O SSA S A N T IF IC A Ç A O ?
2. QUE F A Z IA O E S P ÍR IT O NO S TE M P O S A N T E S D E
C R IS TO ?
3. O N O V O T E S T A M E N T O CO RRO B O RA E S T A D O U
T R IN A DO QUE P Ê Z O E S P IR IT O NO S TE M PO S DO
VELH O TE STA M E N TO ?
4. E ’ C O R R E T A A T E O R IA D E QUE A N T E S D E C R IS
TO O E S P ÍR IT O SO> V E IO «S Ô B R E » OS SA N TO S,
M A S D E P O IS DE PENTECOSTES V IV E «N O »
CRENTE ?
5. PO R QUE A L G U M A S VERSÕES IM PR IM E M ! A P A L A
V R A E S P ÍR IT O COM M IN Ú S C U L A N O V E L H O T E S
TAM ENTO , EM ALG U M AS PASSAG ENS OU EM
TôD AS?
6. Q U A L A D IF E R E N Ç A N A M IS S Ã O DO E S P ÍR IT O
P A R A NOSSOS D IA S E P A R A O IS R A E L DOS A N T I
GOS P R O F E T A S , S A L M IS T A S E R E IS ?
7. Q U A L A M ISSÃO E S P E C IA L DO E S P ÍR IT O E M R E -
L A Ç A O A JESUS N A S U A V ID A T E R R E S T R E ?
1) Autor de sua humanidade. A virgem M aria o conce
beu por obra e graça do Espírito Santo, Luc. 1:35.
2) O Espírito deu grande surto de revelação profética
sobre o advento, na sua véspera, e encantadores salmos,
Luc. 1 e 2.
3) Também interveio miraculosamente no nascimento
de João Batista, com profecia de sua especial santidade e
carreira, L u c . 1.
4) T reze vêzes a Bíblia historia casos da plenitude do
Espírito; e Lucas, que é o historiador escolhido do Espírito,
é quem nos informa de dez dêsses casos em que homens e
mulheres ficaram «cheios do Espírito Santo». Três dêsses
casos pertencem ao período da encarnação, Luc. 1:15, *41,67.
5) O Espírito tomou form a visível e desceu sobre Je
sus, depois do seu batismo e de sua saída do Jordão, eviden
ciando o fato de a Trindade empenhar-se na carreira mes
siânica de Jesus e em nossa redenção, e identificando-o as
sim para o Batista que o identificou para o povo por êle pre
parado para seu Cristo, Mar. 1:10; Mat. 3:16; João 1:26-34
A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO 159
6) O Espírito obrigou Jesus a enfrentar Satã e a tenta
ção, M ar. 1:12.
7) Nosso Senhor, que esvaziou-se do exercício dos atri
butos da divindade, na encarnação, mas não da sua latente
natureza divina, vivia em completa e constante submissão
a seu Pai, à luz da sua Bíblia, e sob a direção do Espírito
sem limites, F il. 2:6, 7; João 3:34; 7:16; 8:28; 14:10, 11,
pois a direção total de sua vida lhe servia de equivalente à
onisciência, sem ser medida que não esteja ao dispor de to
dos nós.
8) Pelo Espírito Jesus expulsou demônios, M at. 12:28;
entrou na prova satânica e voltou em poder, Luc. 4:1, 14;
cumpriu o ideal messiânico, Luc. 4:18; e, segundo muitos
intérpretes, ofereceu-se no Calvário em sacrifício eficaz, Heb.
9:14; e foi declarado Filho de Deus em poder, Rom. 1:4;
Mat. 28:18.
9) Deus testificou, dando como credenciais da Palavra
de seu Filho «sinais, e milagres e várias maravilhas e dons
do Espírito Santo», Heb. 2:3, 4; A t. 10:38.
8. COMO P O D IA JOAO B A T IS T A E R R A R E E S C A N D A
LIZ A R -S E EM JESUS, SE E S T A V A CHEIO DO E S P I
R ITO SA N TO TÔDA A SU A V ID A , COMO PRO M ETEU
A P R O F E C IA DE LU C . 1:15? João errou em sua pri
meira -declaração pública a Jesus: «Eu careço de ser bati
zado por ti». Não lhe fazia falta o fato de não ser batizado
por Jesus. Se fosse necessário, Jesus o teria batizado. Não
leva dois minutos o batizar; João errou nessa opinião e er
rou em duvidar se Jesus era o Messias, Mat. 3:14; Luc.
7:19, 20. Como podia? A razão foi que a plenitude do Espí
rito não é a infalibilidade ou a impecabilidade ou a onisci
ência. E* sua direção de nossa vida para nossa especial tare
fa no serviço de Deus. Sempre temos êsse dom inefável em
«vasos de barro », bem imperfeitos. A plenitude do Espíri
to enche nossa personalidade até onde o caminho estiver
desimpedido e nas proporções de que sejamos capazes. O
oceano enche a Baía de Todos os Santos até os limites de
seu contorno, e a Baia de Ganabara até onde suas praias
convidam mas com a interrupção de suas cento ê tantas
ilhas e várias penínsulas, enche a Enseada de Botafogo e
pequenina Praia Vermelha, a vasta foz do Amazonas e o
estreito porto de Recife. O oceano entra na sua plenitude
160 DOUTRINAS
até onde encontra a barreira natural — o sobrenatural tam
bém encontra barreiras naturais. A plenitude do Espírito
Santo enche o vaso de barro até transbordar, mas I lim itada
pela sua capacidade e por outra consideração qualquer. João
estava cheio do Espírito Santo para sua missão de P re
cursor, mas não para ser infalível, onisciente ou inerrante,
a não ser no testemunho que o Espírito dava por êle a Jesus.
9. Q U A IS A S A T IV ID A D E S DO E S P IR IT O NO S C R E N
T E S D U R A N T E O P E R ÍO D O H IS T O R IA D O P E L O S
EVANG ELH O S ?
10. SE R E V E L A Ç Õ E S P O S T E R IO R E S NO S E N S IN A M
Q U E O E S P ÍR IT O E ’ F A T O R D IV IN O N A S V Á R IA S
P A R T E S D A E X P E R IÊ N C IA D A S A L V A Ç Á O , Q U A L
A N O S S A C O N C LU S Ã O SÔBRE A S A L V A Ç Ã O EM
T E M P O S A N T E R IO R E S ?
12. Q U A IS OS M E M O R Á V E IS M IL A G R E S Q U E E R A M
A S C R E D E N C IA IS DOS DOIS A D V E N T O S ?
13. P E R M A N E C E A O B R A S O B R E N A T U R A L DO E S P Í
R IT O NOS C R E N T E S ?
De certo. A regeneração, a santificação, as chamadas,
os dons, os frutos, o poder, a unção, o conforto do Espírito
são atividades do Espírito sôbre nosso espírito. Não são
milagres, que constituem invasões de leis naturais que re
gem a matéria e efetuam resultados que essas leis em si não
possibilitam sem intervenção divina. Mas a vasta esfera da
comunhão de espíritos, mesmo do Espírito Santo com o
nosso espírito, não é na esfera da matéria. E ’ sobrenatu
ral, mas não miraculoso. O m ilagre é sinal de revelação.
Completada a revelação em Jesus e no Espírito e no Novo
Testamento, desaparecem os sinais. Em seu lugar temos o
Novo Testamento e o Espírito o confirma em nossos cora
ções.
15. COMO SE C O M P O R T A M OS H O M E N S DA B ÍB L IA
Q U A N D O C H E IO S DO E S P ÍR IT O ?
17. Q U E S IG N IF IC A I CO R. 12:13?
19. Q U A L A M ISSÃO S U P R E M A DO E S P IR IT O ?
2. Q U A L O M A IS A N T IG O SE N TID O DO R E IN O D E
D EU S?
O domínio divino providencial no universo: Sal. 2:24,
103:19; I Crôn. 29:11, 12; Dan. 4:17, 25, 32; M at. 6:10, 13;
A t . 4:24-1; Rom . 8:28-30; Apoc. 19:6. Abrange tudo e to
dos. N o universo e na história, Deus age e permite sêres
livres agirem .
3.. A T E O C R A C IA D E IS R A E L E R A O R E IN O D E D E U S ?
4. Q U A L O SE N TID O E V A N G É LIC O DO R E IN O DE
D EU S?
E ’ a íntima soberania de Jesus, como Salvador e Rei,
nas almas regeneradas e na sua vida pessoal e coletiva, M at.
6:10, 33; 21:31; M ar. 10:15; 12:34; Luc. 9:62; 17:20-21:
18:24; João 3:3, 5; Rom. 14:17; I Cor. 4:20; Col. 1:13; T ia
go 2:5; Apoc. 1:9. N otai quantas vezes se afirm a a existên
cia atual do reino, a entrada nêle como coisa já experimen
tada, o seu fruto e poder, nesta experiência agora, sendo a
esfera ê o alvo da vida cristã.
5. COMO PODE E N T R A R A LG U É M NO R E IN O ?
Somente pelo novo nascimento. Sem isto, não se pode
ver o reino, pois é interior e invisível, João 3:3. Mesmo cri
anças «recebem o reinõ», ao tomar-se crentes, e assim en
tram nêle pelo segundo nascimento, M at. 18:3 («se não vos
converterdes»), 6 («pequeninos que creem em m im » — não
são criancinhas inconscientes); M ar. 10:13-15 (o menino
«recebe o reino», não nasce nêle, v . 15 — «dos tais», meni
nos crentes e outros que assim «recebem » o reino, «é o rei
no de D eu s»); Luc. 18:17 (entra-se no rein o). Não se acha
pessoa alguma nêle pelo nascimento da carne. A vida eter
na, que principia neste nascimento, é obtida pela fé em Je
sus Cristo, e o reino abrange todos so crentes, João 3:15,16,
18, 36 — crentes em Cristo, com fé-confiança genuína.
6. O R O M A N ISM O E O U TR AS S E IT A S E N S IN A M QUE
A F R A S E «N A S C E R DE Á G U A E E S P ÍR IT O » (U M
SO* N A S C IM E N T O D E DOIS F A T O R E S ) Q U ER D I
ZE R A R E G E N E R A Ç Ã O B A T IS M A L , RE C E B ID A, GE
R A L M E N T E , NO B A TISM O IN F A N T IL . E ’ A V E R
D A D E ? «N A S C E R DE Á G U A » SE R E F E R E AO B A
TISM O ?
REGENERAÇÃO
A R R E P E N D IM E N T O ] F E ’ = S A LV A Ç Ã O
O arrependimento, evangelho de João e Jesus, citado
nos Sinóticos, é quase o equivalente da regeneração, evan
gelho de Jesus, citado no Evangelho de João (1:13; 3:3, 5 ).
A. ordem seria a mesma: o arrependimento (o efeito purifi
cador da Palavra, em nova mentalidade, qual água de puri
ficação cerimonial) e a fé (em que a regeneração é consu
mada e começa a vida e tern a ).
6) E* de uma só peça esta Escritura e outras de lingua
gem semelhante no contexto geral da N ova Aliança em toda
a Bíblia. Ainda lemos da «lavagem de regeneração e reno
vação do Espírito», Tito 3:5. A regeneração lava, limpa,
purifica (no arrependimento) e renova (dá vida eterna, v i
gor e vitalid ad e). Em E f . 5:26, a lavagem de água é «pela
P a la vra ». A Palavra de Deus lava como água, realmente,
na regeneração (João 3:5; I Cor. 6:11 — notai a ordem:
«lavados», isto é, purificados na regeneração, «santificados»,,
isto é, separados para Deus, e «justificados», a decisão divina
no céu que ratifica a experiência na t e r r a ). E depois, sim
bolicamente, o batismo «la va », A t. 22:16. São de uma só
peça as Escrituras que empregam esta linguagem. Se tôdas
176 DOUTRINAS
são de literaüsmo cru, o romanismo é a verdade. Se o senti
do é metafórico, concorda com o evangelho de salvação pela
graça mediante a fé. O reino, pois, é espiritual. Temos de
agir num meio ambiente romanista. E ’ de suma importân
cia que, em evangelizar, nosso evangelho fique claro e ve-
raz, sem mistura de saeramentalismo. E ’ a razão de tanta
ênfase nesta verdade.
7. H A ’ Q U A LQ U E R D IF E R E N Ç A E N T R E «O R E IN O D E
D E U S » E «O R E IN O DOS C É U S »?
Nenhuma. Mateus escreveu a judeus, cuja reverência
os levava a evitar usar o nome de Deus. «Reino de Deus» e
«Reino dos céus» são sinônimos, e Mateus usa ambas as fr a
ses, cap. 13, etc., e 12:28; 19:24, etc.
8. Q U A L O SE N TID O A C O M O D ATIV O DO «R E IN O » EM
C E R TA S P A R Á B O L A S ?
E ’ o sentido do reino nominal, a esfera da profissão
cristã, a cristandade, todos que se dizem cristãos. Um país
é a população inteira, cidadãos natos e naturalizados, os es
tranhos que mourejam ali, os traidores e espiões inimigos
que se escondem no meio e os que vivem no meio e não se
definem. Assim o reino é meramente nominal, a esfera da
profissão cristã, nas parábolas de M at. 13. O reino é rede,
com peixes bons e maus. E ’ árvore em que pousam as aves
do céu, símbolo de Satan, v . 19. E ’ joio e trigo, filhos do rei
no e filhos do maligno, lado a lado e indistinguíveis, exteri
ormente. E ’ planta sem raiz, em terra de rocha, sem pro
fundidade de solo. E ’ semente arrancada do coração logo
que caiu â beira da senda, ou plantas sufocadas na mata da
ninha, ou semente boa, dando cem por um. E' fermento em
massa. Se a massa é a humanidade, o fermento é o evan
gelho. Se a massa é o reino, o fermento é a falsa doutrina.
Seja qual fôr a teoria da parábola, o reino é mistura de ele
mentos heterogêneos, neste sentido. Jesus fala de três fer-
mentos: «o fermento dos fariseus», M at. 16:11, 16, que é a
hipocrisia e a justiça própria pelo ritualismo legalista; «o
fermento dos saduceus», o racionalismo, M at. 16:11, 16; « o L
fermento de Herodes», o mundanismo que quer identificar
o reino de Deus com a política dos homens, M ar. 8:15; e
Paulo fala de «ferm ento velho», «ferm ento de maldade e
A DOUTRINA DO REINO DE DEUS 177
malícia», I Cor. 5:6-8. Tudo isto nos ensina que o cristianis
mo nominal será vasto, vigoroso e mundial, mas nunca per
feito ou total em si, ou universal, ou genuíno em tudo e em
todos seus professos. E ’ fato comum, visível ao redor de
nós. Jesus o previu e nos preveniu nestas «parábolas do rei-
no», em Mat. 13.
9. O R E IN O E ’ SINÔNIM O COM A IG R E JA ?
Nunca, de forma alguma. Os termos não são sinônimos,
pois reino é têrmo monárquico e igreja (assembléia congre-
gacional) é têrmo democrático. Há um reino e muitas igre
jas, Apoc. 2 e 3; 22:16.
10. M AS A B ÍB L IA NÃO TE M U M A D O U T R IN A D A
IG R E JA G E R AL, A COM UNHÃO DE TODOS OS
CRENTES ?
Sem dúvida, em Heb. 12:23; E f. 1:22, 23; 3:3-10; 5:5,
22, 23, 25, 27, 31, 32; Col. 1:24-27; Apoc. 21 e 22:17. Mas
a Bíblia nunca chama esta Igreja (a soma total dos salvos)
o reino de Deus. Todos os salvos constituem o reino de
Deus, «a Igreja dos primogênitos», «a família de Deus», «a
noiva do Cordeiro», «o corpo de Cristo», etc. — mas isto
não significa que reino, igreja, família, noiva, corpo, etc.,
sejam palavras sinônimas. Não são, e nunca se confundem
na Bíblia. Um homem, sua esposa e dois filhos maiores po
dem ser, de um ponto de vista, uma família. De outro ponto
de vista, são uma Sociedade Anônima, com título a um ne
gócio em que todos são sócios e donos, mas isso não torna
sinônimos: fam ília e sociedade anônima. Assim o reino e a
Igreja não são sinônimos, nunca, mesmo quando tratam dos
crentes todos. São concepções diferentes da comunhão dos
santos, e a Ig reja Geral não é organização. Não ê composta
de igrejas locais ou de Igrejas Nacionais e seitas. Não é a
soma de todos os que passaram pelo batismo infantil. Na
Itália, Espanha e América Latina, até ontem, a população
inteira era «a Igreja», como era nos países protestantes da
Noruega, Suécia, Dinamarca, Finlândia e certas ilhas. A
linguagem popular assim identifica «a Ig re ja » como a eris-
tandade, com a religião organizada, nos países do Ocidente,
com o mundo arrolado na pseudo-Igreja pelo batismo infan
til. O Novo Testamento não comete ou autoriza essa per-
178 DOUTRINAS
versa confusão — nem a Ig re ja Geral nem as igrejas apos
tólicas jamais se confundem com o mundo. ET calamitosa
calúnia e falsa doutrina chamar as hordas de nominais cris
tãos «a Ig re ja », em sentido geral ou local, mas o reino, em
seu sentido nominal, das parábolas de M at. 13, tem exata
mente essa idéia.
11. M A S M A T . 16:16-19 N A O ID E N T IF IC A «R E IN O » E
«IG R E J A », P E L A S IM IL A R ID A D E DAS M ETÁFO
R A S : «E D IF IC O M IN H A IG R E J A » E «E U T E D A
R E I A S C H A V E S DO R E IN O »?
Absolutamente não. E dificar é termo que se aplica ao
construtor de um prédio. Mas também «p ortas» são de edi
fícios . Serão idênticos a Ig re ja e o Hades, por ter Jesus usa
do «ed ifica rei» e «portas», em v . 18? Todos dirão que não.
Pois bem. Como podem ser chamados o reino e a Ig re ja a
mesma coisa, somente porque Jesus usou a figu ra de «ed i
fica r» em v. 18 e de «chaves» em v. 19? O fato de que te
mos m etáforas de «edifícios», de «p ortas» e de «chaves»
nesta passagem é acidental e incidental. N ão identifica
Igreja, Hades e reino. Êiste argumento prova demais. A s
chaves são símbolo de autoridade para abrir — Pedro abriu
o reino, na inauguração da fase internacional e missionária
do reino, no dia de Pentecostes, para os judeus de todo o
mundo. Com as mesmas chaves, abriu as portas do mundo
gentio para o reino, na casa de Cornélio. Cristo lhe deu a
primazia do uso destas chaves, representativamente, mas
não como monopólio. Que eram estas chaves? São o evan
gelho, com a autoridade de pregá-lo, e nós também as te
mos. A tarefa da Ig re ja Geral é abrir o reino a todos, com
as chaves do evangelho, missão também das igrejas. E es
tas chaves estão nas igrejas, como organizações, pois a
mesma elevada linguagem de «lig a r e desligar» se usa de
uma igreja no exercício de disciplina, M at. 18:18, que se
usara da missão de Pedro em M at. 16:19. Pedro era arau
to do reino, com as chaves de autoridade para abri-lo a ju
deus e a gentios. A s igrejas são agências do reino: promo
vem sua extensão e interesses com as mesmas chaves do
evangelho que pregam e com a disciplina, na qual ligam e
desligam. Chave não é só de casa: é de cadeado, portão, ci
dade, mala, desvio, depósito, máquina, relógio, cofre, armá
rio, mobília, etc. Lemos das «chaves de ciência», Luc. 11:
A DOUTRINA DO REINO DE DEUS 179
52, «da m orte», Apoc. 1:18; «de D avi», Apoc. 3:7; «do poço
do abismo», Apoc. 9:1; 20:1-3. E ’ uma coincidência tênue
o fato -de Jesus fa la r em «edifiear minha igreja », «portas do
inferno» e «chaves do reino» no mesmo trecho. P or que li
gar a prim eira frase e a terceira e desprezar a segunda? E*
arbitrário. O reino nunca é identificado com qualquer sen
tido bíblico da palavra igreja , e a identificação já resultou
em males indizíveis. Todos os crentes estão na fam ília de
Deus e no reino de Deus e na Ig re ja Geral, sem confusão dos
têrmos mas, com a divisão do cristianismo ‘em muitas seitas,
há milhões de crentes que não têm nem o batismo, nem as
igrejas, nem a ceia do Senhor, nem o ministério bíblico, nem
a disciplina de igrejas bíblicas. E ' uma verdade triste que
nunca devemos perder de vista. Cristo e seus apóstolos pre
disseram estas apostasias, em vasta escala, e não devemos
buscar unir tudo como reino, Ig re ja ou fam ília de Deus. N e
nhum incrédulo, dentro ou fora das organizações eclesiásti
cas, fa z parte do genuíno reino ou da fam ília ou da Igreja
do Senhor. Cada uma destas palavras encerra grande dou
trina e cada uma é diferente da outra, na sua idéia prin
cipal .
14. O N D E NO SSO S E N H O R E N S IN O U E S T A V E R D A D E ?
18. QUAL, O E S T A D O F I N A L DO R E IN O D E D E U S ?
Cristo vencerá. Então virá o estado final do universo,
até onde nos fô r revelado o futuro: «D E P O IS V IR A ' O F IM ,
quando tiver entregado o reino ao P a i», I Cor. 15:24-28.
V olta o universo a ser o reino de Deus, v . 28. O incidente
do pecado terá fim , no inferno. O resto do universo estará
em paz. O Apocalipse canta «A lelu ias», ao contemplar esta
consumação, pela qual tôda a criação geme, Rom . 8:19-22.
19. E ’ V E R D A D E D IZ E R Q U E O SE R M ÃO DO M O N T E
C O N TE M A C O N S T IT U IÇ Ã O DO R E IN O D E C R IS T O ?
20. E M Q U E C O N S IS T E A G R A N D E Z A DO R E IN O ?
Consiste em lealdade a Cristo, obediência aos seus man
damentos, fidelidade e visão na esfera de sua soberania na
vida espiritual, M at. 5:19. «Ê s te s » são os mandamentos co
muns a tôdas as fases do reino de Deus — Lei, Profetas,
Salmos, e a pregação de Jesus, que expandiu seu sentido.
Quem violar e ensinar aos homens a violar os mandamentos
que Cristo renovou e impôs na consciência cristã, é o menor
no reino. Quem «cum prir e ensinar» é o m aior no reino.
N ão é diferente a Grande Comissão. O Sermão db Monte
não eclipsa o resto da Escritura. Ensinar a observar tudo
que Cristo mandou é a tarefa de reino e igrejas até ao fim
do mundo, M at» 28:18-20.
C A P ÍT U L O XV
5. D E V E M O S F A L A R D A «IG R E J A D E ---------», O U D A
«IG R E J A E M ---------» ?
6. H A V I A C U L T O C O N G R E G A C IO N A L ANTES DE
JE SU S ?
A DOUTRINA DAS IGREJAS 187
Sim. Todo o Israel se congregava no deserto, em frente
do tabernáculo. O Velho Testamento exigiu que todos os
homens se congregassem no templo três vêzes por ano, nas
festas judaicas. E, no cativeiro, surgiu a sinagoga, centro
de cultos semanais de leitura e exposição da Bíblia, oração
e hinos. Há séculos, os judeus haviam celebrado cultos con-
gregacionais. E uns duzentos ou trezentos anos antes de
existir o N ovo Testamento grego, havia o Velho Testamen
to grego, a Versão Septuaginta (« L X X » ), traduzida em A le
xandria na vasta e culta colônia judaica ali. Ora, tanto a
palavra ekklesia, como sinagoga, descreviam os cultos e as
organizações congregacionais, no templo e nas sinagogas
da Dispersão. E ra a Bíblia de Jesus e seu povo. E o têr-
mo congregação aparece mais vêzes no Velho Testamento
grego do que no Novo, e veio aos lábios de Jesus e à pena
dos apóstolos em seu sentido congregacional já firmado e
in variável.
8. QUEM O R G A N IZ O U A P R IM E IR A IG R E J A DE
C RISTO ?
Jesus mesmo. Quando escolheu seus apóstolos, reuniu
o discipulado numeroso e escolheu os Doze e os «colocou na
igreja», M at. 5:1; Luc. 6:12, 13; I Cor. 12:28. Jesus deu
instruções, já nos dias de sua carne, para a disciplina de
cada igreja, M at. 18:18. Os discípulos nenhuma curiosida
de mostram. Não perguntam a Jesus: «Tu falas em igreja,
Senhor; que quer dizer is to ? » N ão. Éles sabiam. Nada per
guntam. Jesus lhes informara o que estava fazendo quan
do estava com êles na terra. A idéia de igrejas autônomas
na disciplina era parte do discipulado original.
10. U M A IG R E J A E ’ U M O R G A N IS M O O U U M A O R G A
N IZ A Ç Ã O ?
11. P O R Q U E H A ’ V A R IA S D E N O M IN A Ç Õ E S N O C R IS
T IA N IS M O M U N D IA L H O JE E M D IA ?
A DOUTRINA DAS IGREJAS 189
Porque surgiram fortes divergências em doutrina, mo
ral, organização e interpretação da Bíblia, com acréscimo
das tradições dos homens e das filosofias de especulação hu
mana. N o século apostólico havia somente uma denomina
ção. Todas as igrejas eram da mesma natureza congrega-
eional, e da mesma fé (« a doutrina dos apóstolos»), «a fé
uma vez para sempre entregue aos santos», « a form a de
sãs palavras», «o depósito», «toda a verdade», revelada
pelo Espírito aos apóstolos, segundo a promessa de Jesus,
João 16:13, •— «um a só fé, um só batismo e um só Senhor».
13. M A S N Á O D E V E M TÔ D AS A S D E N O M IN A Ç Õ E S
A P E N A S C H A M A R -S E : A IG R E J A C R IS T A ? N Ã O
SE C H A M A A E S PÔ S A P E L O N O M E D E S E U M A
R ID O ?
190 DOUTRINAS
Antes do casamento, não! A Ig re ja de Corinto foi cha
mada virgem , I I Cor. 11:2. Nenhuma virgem se chama pelo
nome do seu futuro m arido. Isso é presunção!
F in gir que tôdas as denominações são «a mesma coisa»
é hipocrisia. Pois todos sabem que são diferentes. D ivergem
em evangelho, doutrina, ministério, ritos, govêrno, moral,
costumes, credos, métodos, literatura, e relações corn o go
vêrno civil! D izer que «não há diferença» é falta de vera
cidade . E ’ mendacidade indesculpável. O crente deve ter
p a la vra .
Essa idéia de tôdas as denominações ser « A Ig re ja Cris
tã » é insensatez anti-bíblica. Onde se lê na Bíblia alguma
palavra a respeito da «Ig r e ja C ristã»? Se isso não foi dever
dos apóstolos e das prim eiras igrejas, como é que se fe z de
ver nosso? Jesus ainda não se casou. E ’ noivo. «A s bodas
do Cordeiro» se celebrarão no céu, como afirm a o A poca
lipse e M at. 22.
Mesmo que houvesse uma só Ig re ja e essa fôsse a es
posa de Jesus e levasse o nome do Esposo, seu nome é Je
sus. Cristo é o nome do seu ofício (o Messias, o Cristo), não
o nome pessoal que a esposa levaria. A esposa do pre
sidente Truman leva o nome de Senhora Truman, não Se
nhora Presidente. Ninguém diz: Dona General, ou Dona Co
ronel, ou Dona Médico, ou Dona Advogado ou Dona E nge
nheiro. A espôsa não tom a o nome do ofício do marido. Se
as igrejas devem levar o nome de Jesus, o nome pessoal
do Salvador e noivo do seu povo, então devem ser chama
das: «a Ig re ja Jesuíta (de Jesus). São os jesuítas que acer
taram, se essa teoria é veraz; mas a Bíblia nunca usa ad
jetivo algum com a palavra igreja — nem católica, nem or
todoxa , nem outro. Bastava dizer as igrejas, quando havia
só uma denominação.
14. M A S HOJE H A ' M U IT A S D E N O M IN A Ç Õ E S, E COMO
H A V E M O S D E D IS T IN G U I-L A S ?
Pelos seus nomes. Assim com Silva, Lima, Dutra, A r a
nha, Soren, Cavalcante, Lindoso, etc. etc., são nomes her
dados que, juntamente com outros nomes pessoais, distin
guem os homens, do mesmo modo presbiterianos (sinodais
ou independentes ou consevadores), e tais nomes, são nomes
históricos e honrados, de grupos de crentes, com certas dou
trinas e práticas características. Seria insensato um homem
A DOUTRINA DAS IGREJAS 191
que insistisse: «E u não quero nome sectário, eu só me cha
mo H O M E M » . «M as como é, Senhor Homem, que vamos
distinguir V . S. dos demais homens, se cada um não se de
nomina por um sobrenome d iferen te»? «N ã o im porta. Só
me chamo H om em ». Mas o povo o chamará outro nome e
talvez seja menos do seu agrado. Cada denominação leva o
nome que popularmente o distinguiu, os presbiterianos pelos
seus presbíteros e presbitérios, aliás, não no sentido bíbli
co dos vocábulos; os metodistas pelos métodos de W esley,
que também não eram bíblicos, em muitos respeitos, e os
luteranos se chamavam por Lutero, os Nestorianos, por
Nestor, etc.
Os Anabatistas foram salientados, no pensamento popu
lar, pelo fato de rebatizar (ana — batizar) os que haviam
recebido o batismo infantil. N ão é fa to. T al cerimônia não
é batismo algum genuíno. L ogo batizávamos — não reba-
tizávam os. Nunca repetimos um batismo válido. H á «um
só batismo», mas administramos êste a milhões que abando
naram falsas doutrinas e o batismo que era a bandeira dês-
ses erros. Gradualmente caiu a sílaba ana e ficamos batis
tas. E ’ nossa denominação, nome do nosso povo. E tem
vantagens. Se nós nos chamássemos: As Igreja s Cristãs,
então muitos clamariam, em protesto: «M as nós também
somos cristãos». E ’ o que protestam contra a meia dúzia de
seitas no Brasil que procuram o monopólio do nome Ig r e
ja Cristã. E ’ o predileto nome sectário, embora nada tenha
de bíblico. Mas as igrejas batistas não fingem ser os úni
cos cristãos e o nome nos identifica historicamente, embo
ra o batismo seja uma das doutrinas que menos pregam os.
O que é importante, a nosso ver, é que as igrejas hoje em
dia sejam a mesma qualidade de igrejas que as do N ovo
Testamento. P o r isto chamamos, entre nós, as igrejas batis
tas: as igrejas do N ovo Testamento, sem resistir o nome po
pular que levamos como denominação. Pelo menos, batista
é o nome bíblico. Católico e ortodoxo não são bíblicos. E
cristão, nas Escrituras, é aceito sem protesto, exatamente
como nós aceitamos o nome de batistas. Vêde a origem do
têrm o em Antioquia pagã, A t . 11:26, e seu uso pelo pagão
A gripa, A t . 26:28, e como têrmo de opróbrio na persegui
ção, descrita pelo apóstolo Pedro: I Ped. 4:16. A denomi
nação sempre vale pelo que é, não pelo nome dado pelo povo.
192 DOUTRINAS
15. Q U E F IG U R A S SE E M P R E G A M N A L IN G U A G E M
M E T A F Ó R IC A D E C R IS T O E DO N O V O T E S T A M E N
T O A C Ê R C A D A S IG R E J A S D E D E U S ?
São chamadas: santuário de Deus, I Cor. 3:17; noiva
de Cristo, I I Cor. 11:2; candelabro ou castiçal, onde as lu
zes individuais dos crentes ficam unidas, A p oc. 1:12, 20;
M a t. 5:15; lavoura de Deus, I Cor. 3:9; edifício de Deus,
I Cor. 3:9; corpo de Cristo, I Cor. 12:27; pão, simbolizado
pelo pão da ceia, I Cor. 10:17; morada de Deus, no Espírito
E f . 2:22; (sendo a correta tradução: «cad a e d ifíc io ... templo
s a n to ... m orada», e t c . ) ; rebanho, A t . 20:28, 29; coluna da
verdade, I T im . 3:15 — correta tradução: «P a r a que saibas
como convém andar (ou com portar-se) numa casa de Deus,
que é uma ig reja do Deus vivo, uma coluna e um esteio da
verd ad e». N ão há um só artigo no origin al de todo êste v e r
sículo, a não ser com a palavra verdade; e é clara a figura,
cada ig re ja sendo uma de muitas colunas que sustentam e
firm am bem a verdade. N ada se sustenta numa só coluna.
Considerai, pois, a grandeza da missão de uma ig re ja bíbli
ca, vista nessas m últiplas figu ras apostólicas.
16. N O S S A V ID A C R IS T A SE R E L A C IO N A S Ò M E N TE
COM A IG R E J A D E Q U E F A Z E M O S P A R T E ?
18. DEVEM OS F A L A R DE « A IG R E JA B A T IS T A »?
Nunca. Não há tal coisa. Como dizia o imortal Gam-
brell, meu professor: «Cada igreja batista é como um ovo.
E* completa em si, autônoma e independente das demais
igrejas. Não há um vasto Ovo Católico, composto de todos
os ovos do mundo. Seria um Ovo podre. E não há uma vasta
Ig reja Católica ou Igreja Batista, composta de tôdas as igre
jas . Cada igreja batista é completa, autônoma, indepen
dente em si; não fa z parte de outra igreja e tem em si a
própria vida e perpetuidade». Ela se reproduz, «segundo a
sua espécie». H á umas 75.000 igrejas batistas no mundo e
deve haver centenas de milhares, uma em cada bairro, vila ou
vizinhança ru ral. Nunca falemos de « A Ig re ja B a tis ta ».
Não existe tal coisa.
A Bíblia às vezes, fala, de modo genérico, usando a pa
lavra igreja no singular. Nós falamos assim do lar, da si
nagoga, da família, da escola, da caneta-tinteiro, da bom
ba atômica, e tc . . . Não é que isso signifique L a r Católico
composto de todos os lares, ou Sinagoga Universal de que
tôdas as sinagogas sejam partes componentes, ou uma só
fam ília do mundo ou uma só escola, ou caneta ou bomba
atômica. Usamos um têrmo no singular, em sentido genéri
co e o sentido é realmente plural e se refere a todos da es
m DOUTRINAS
pécie. Assim Jesus, a respeito de todas as igrejas, e cada
uma, disse: «Dize-o à igreja», genèricamente falando. Assim
Paulo fala de cada uma igreja ser «coluna da verdade» e
cada um edifício espiritual, um templo santo, morada de
Deus no Espírito, M at. 18:17; E f. 2:21, 22; I Tim . 3:15;
etc. Êste sentido genérico da palavra igreja é o mesmo que
tem o plural da palavra.
19. M A S N Ã O H A ’ N A B ÍB L IA A IN D A OUTRO S E N T I
DO D A P A L A V R A IG R E JA, U M SE N TID O G E R A L
EM QUE A P A L A V R A A B R A N G E TODOS OS S A L
VO S?
Há eminentes batistas que pensam que não. Pessoal
mente, em harmonia com muitos dos melhores intérpretes,
penso que sim. A Epístola aos Hebreus se refere à «univer
sal assembléia e igreja dos primogênitos que estão inscri
tos no céu e a Deus e aos espíritos dos justos aperfeiçoados»,
Heb. 12:23.
Acho que esta «Ig re ja Geral» é a soma de todos os ins
critos no livro da vida, todos sendo primogênitos de Deus.
Os judeus davam ao primogênito dupla herança, a missão
sacerdotal e a chefia da família, especiaimente na era patri
arcal. Mas na fam ília de Deus a herança de todos os filhos
é dupla. Todos são primogênitos. Todos são sacerdotes e
reis para Deus, Apoc. 1:6. Um dia todos êstes serão con
gregados na presença de Jesus em assembléia festiva e igre
ja universal. E, em antecipação, agora em a comunhão
dos santos, podemos falar desta Igreja Geral, composta de
todos os salvos.
Devemos, porém, notar as seguintes verdades a res
peito: 1) Esta Ig reja não é organização. Não é composta
de tôdas as denominações, nem é denominação em si. Nada
tem de aspecto eclesiástico ou «católico» ou «ecumênico»,
no sentido popular dêsses têrmos desconhecidos na Palavra
de Deus. E ’ uma fraternidade espiritual de todos que exer
ceram a fé salvadora em Jesus Cristo e foram regenerados
pelo Espírito Santo. 2) Não há uma guerra civil, na Bíblia,
entre essa Igreja Geral, mera linguagem m etafórica a res
peito da soma de todos os crentes, e as igrejas bíblicas. Cada
uma destas é igreja (congregação) ao pé da letra, não em
sentido figurado. A estas igrejas quase todo o N ovo Testa
mento fo i escrito e enviado. A cooperação destas igrejas
A DOUTRINA DAS IGREJAS 195
tem sua origem na graça de Deus e seu resultado na glória
de Cristo, I I Cor. 9. Estas igrejas cuidam da disciplina dos
membros que pecam, M at. 18; I Cor. 5, 10; I I Cor. 1; ob
servam a ceia do Senhor, I Cor. 11; «liga m e desligam»,
M at. 18:18; cumprem a Grande Comissão, M at. 28:28-30;
são as luzes, com Cristo (o sol) e o ministério (as estréias),
com que Jesus pretende iluminar o mundo, A poc. 1; são
os rebanhos servidos pelos pastores-mestres outorgados pelo
Cristo glorificado, E f. 4:11; cada uma fo i contemplada no
Calvário, A t . 20:28; são as colunas e sustentáculo da v e r
dade, I Tim . 3:15; cada uma é para seus membros e meio
ambiente, noiva de Jesus, corpo de Cristo, santuário do E s
pírito Santo, pão simbolizado pela ceia, lavoura de Deus,
casa de Deus e edifício para a morada de Deus. Genérica-
mente, de cada uma de tais igrejas, Paulo pergunta, horro
rizado: «Desprezais a igreja de D eu s?» E Cristo manda «D i-
ze-o à igreja », como o tribunal superior e final que ju lga seus
membros, I Cor. 5:13. Opor um sentido m etafórico da pala
vra Ig re ja a tôda esta obediência a Cristo que é prestada
somente dentro de igrejas bíblicas, e pela cooperação das
mesmas, é uma rebeldia ousada contra a autoridade do F i
lho de Deus. Ninguém tem o direito de optar pelo sentido
m etafórico de uma palavra da revelação divina é repudiar
seu sentido comum literal e todos os deveres da obediência
à Palavra de Deus. A Ig re ja Geral nada tem de rivalidade
com as igrejas, nem vice-versa. 3) Cada igreja visa ser em
minúcia, o que a igreja geral é em vasta escala, composta,
unicamente de crentes. Alguns chamam cada igreja um
«m icrocosm o», ou resumo, do que a igreja geral é como «m a-
crocosmo», ou em escala universal. N ão podemos conse
guir a limitação perfeita das igrejas aos regenerados. Um
Judas, um Ananias, uma Safira, um Simão Mago, um Demas
ou Diótrefes entrará, e mais tarde «irá para seu próprio lu
g a r ». A doutrina mais urgente dos batistas acerca das igre
jas é que somente os regenerados têm direito de entrar.
4) A linguagem figurada usada a respeito das igrejas, em
tese, se em prega também acêrca da Ig re ja Geral, que é o
corpo de Cristo, E f. 1:23; sua futura esposa, mas que ele
ainda prepara suas bodas para serem realizadas no céu com
sua noiva, E f. 5:22-23; Apoc. 2:2, 9; 22:17; o templo de
Deus em que os regenerados são edificados como pedras v i
vas na construção, I Ped. 2:5. Pedro também chama essa
comunhão de todos os crentes « a geração eleita, o sacerdócio
196 DOUTRINAS
real, a nação santa, o povo adquirido», v . 9. Paulo a classi
fica como « o Israel de Deus», Gál. 6:16; F il. 3:3; Rom.
2:28, 29. Como o antigo Israel era chamado « a Congregação
do Senhor», porque se congregava realmente, assim êste Is
rael segundo o Espírito se congrega nà N ova Jerusalém, e
já leva o antigo nome de Congregação (Ig r e ja ) Geral dos
Prim ogênitos. Jesus deu muitos pastores para muitos reba
nhos, mas êle, como o Bom Pastor, tem um rebanho (não
um redil, como os padres falsificam as Escrituras) univer
sal, João 10:16. E assim com outras figuras. Creiamos am
bas estas verdades, as igrejas em sentido literal, e a lingua
gem figurada acêrca de todos os salvos que os chama: « A
Ig re ja dos P rim ogên itos.»
N otai que quase todas as figuras a respeito das igrejas
se usam nas Epístolas aos Coríntios e outras Escrituras. E
quase tôdas as figuras sôbre a Ig re ja Geral se acham nas
Epístolas dos últimos anos de Paulo (E f. e C o l.) e na Ep.
aos Hebreus. 5) Orientemo-nos por toda esta verdade. T e
nhamos por irmãos, nesta comunhão dos santos, todos os
crentes. Mas avaliemos que, no terreno de igrejas bíblicas,
a vasta maioria dos crentes são rebeldes contra a autoridade
de Jesus Cristo, nunca foram batizados, têm bispos, ig re
jas, sacramentos anti-bíblicos, e vão fabricando uma nova
Ig re ja Católica e nova Idade das Trevas, no seu unionismo.
Tenhamos os olhos e os corações abertos, pois, para o que
todos têm em comum, em Jesus Cristo, e para o que quais
quer uns recusam ter em comum, isto é, a obediência à au
toridade do Senhor. 6) Nunca aceitemos a interpretação de
João 15 de que Jesus é a Videira e todas as denominações
«ram os da Ig r e ja ». E ’ tolice. A Videira é Cristo, não a Ig r e
ja . E as varas ou ramos são crentes, não denominações. Nem
pensemos que João 17 ensina qualquer catolicismo, romanis-
ta ou protestante. Ensina esta unidade em Cristo dos salvos,
unidade em separação do mundo, na verdade e na santifica
ção, não em unir tôdas as falsas doutrinas com a verdade,
tôdas as falsas igrejas e as verdadeiras, tôdas as tradições
dos homens e a revelação divina. Que os crentes sejam um,
como o P a i e o Filho são um — em natureza e propósito
espiritual. O Pai e o Filho não são um por pertencerem a
uma vasta Ig re ja Celeste ou porque rezam o mesmo Credo
ou obedecem ambos ao Papa. A unidade espiritual de Deus
Triúno é a norma da unidade que Jesus suplicou em João 17.
A DOUTRINA DAS IGREJAS 197
20. COM O E N T R A M O S N U M A IG R E J A , N O S E N T ID O
C O N G R E G A C IO N A L , A O P E ’ D A L E T R A ? E COM O
E N T R A M O S A F A Z E R P A R T E D A IG R E J A G E R A L
D O S P R IM O G Ê N IT O S ?
2. E N T Ã O , COMO E ' Q U E A C E IA DO S E N H O R SE C H A
M A N A B ÍB L IA ?
4. A S P IN T U R A S M E D IE V A IS D A «Ü L T IM A C E IA » SÃO
V E R ÍD IC A S ?
7. QUALr A M E N S A G E M D A CEIA.?
9. E ’ P R E C IS O T E R U M SCT P Ã O E U M SO’ C Á L IC E
CO M U M ?
10. Q U A N T A S V Ê ZE S P O R A N O D E V E S E R C E L E B R A
D A A C E IA ?
Tam bém Jesus não determinou. Simplesmente disse:
«Todas as v e z e s .. . » D eve ser suficientemente raro para não
se tornar banal, suficientemente comum para dar sua men
sagem, suas verdades e seus ideais. Nunca deve ser consi
derada meio de salvação.
11. E ’ F A T O O Q U E OS S A C R A M E N T A L IS T A S D IZE M ,
H O JE E M D IA , Q U E A C E IA E ’ C E N T R A L N O C U L
TO E Q U E O C U L T O E ’ A C O IS A P R IN C IP A L NO
C R IS T IA N IS M O ?
12. Q U A L O S U P R E M O P R O B L E M A B A T IS T A A C Ê R C A
D A C E IA DO S E N H O R ?
16. A C E IA D E V E SER C E L E B R A D A DE N O IT E OU DE
D IA ?
19. A S F R A S E S «IS T O E ’ O M E U C O R PO », «É S T E C Á
L IC E E ’ O NO VO T E S T A M E N T O (nova aliança) E M
MEU S A N G U E », SÃO L IN G U A G E M A SE R T O M A
D A AO P E ’ D A L E T R A ?
A DOUTRINA DA CEIA DO SENHOR 209
N ão. A lv o principal em interpretar a Bíblia é dar sen
tido literal a declarações, mandamentos e doutrinas literais,
em que não entrou figura ou m etáfora alguma, por exemplo,
em Êx. 20:4. Igualmente é dar sentido figurado, simbóli
co ou m etafórico a tôda linguagem que é figurada, e não
literalista. Quem dá sentido literal a Escrituras m etafóri
cas, e sentido figurado a Escrituras que não tenham metá
fora nenhuma, fa z baralhar a Bíblia inteira e, de todos os
seus intérpretes, há de ser julgado o mais incompetente. O
clero de Rom a mostra, em grau sem igual, essa dupla inép
cia — ou m á vontade. E ’ indesculpável a cegueira delibe
rada que reduz a linguagem figurada e simbólica de Jesus
ao literalismo cru. Jesus é «L eão da tribo de Judá», mas
não em selva ou jaula. « E ? «Á g u a da Vida», mas mão mo
lha, nem corre de poço artesiano. E ' «Cordeiro de Deus»,
mas não teve lã no corpo. E ’ «S ol da Justiça, Estrela da
manhã, Luz do mundo», mas não brilha no céu físico. E*
assim com o resto da vasta linguagem figurada a respeito
de Jesus. Ninguém lhe dá sentido literal. Todos interpretam
figuradamente a linguagem m etafórica. Como é, pois, que
só em «com er carne» e «beber sangue» de Jesus, vamos ser
literalistas, com absoluta e deliberada cegueira em referên
cia ao evidente sentido figurado dos têrmos? E ’ exploração
doutrinária, interpretação tendenciosa.
D — 14
210 DOUTRINAS
retrato de como o Cristo vivo nos nutre a vida cristã. Indi
ca pureza e separação do mundo, é ordenança para igrejas,
não ordenança m ilitar. E ’ do Senhor, para obediência dos
seus em igrejas como êle determinou. N ão é do clero ou dos
hospitais ou dos campos de batalha. Tem mesa, não altar,
nem sacerdote. E xige reverência, sem superstição. H á fir
mes restrições morais e doutrinárias. E ’ mesa dentro da
casa do. Senhor, não mesa na rua, accessível a todos sem
distinção. E, embora não seja terreno de individualismo
desenfreado, o indivíduo é membro da igreja e deve exami
nar-se para no íntimo discernir as realidades do Calvário,
o corpo partido, o sangue derram ado. Assim meditando,
cantando, examinando-se, discernindo o corpo e o sangue,
através dos símbolos e além destes, êle entra na comunhão
com seu Senhor neste culto espiritual de sua igreja. «P o r
tanto, qualquer que comer êste pão e beber este cálice do
Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue
do Senhor», I Cor. 11:27. «In ã ign a m en te» é advérbio e tra
ta da maneira em .que a ceia se observa. N ão se diz: in
digno, como se qualquer um de nós fosse digno do Calvário
ou de Cristo ou da ceia! Ninguém é digno, e a ceia não é re
servada para gente digna! Mas não a celebremos indigna
mente. Isso é ofensa contra o Salvador crucificado.
A ceia do Senhor na minha vida pessaal de crente e
ministro, é fonte de indizível estímulo m oral e espiritual, de
santidade e devoção a Cristo, sem mistura de superstição al
guma. Procuro na hora da ceia esquecer-me de todos os
meus queridos e amigos e lembrar-me só de Cristo. Volto,
na minha mente, através de dois mil anos e me ponho na
quela colina parecida com uma caveira e contemplo a cruz
central. A o Crucificado ali peço perdão dos meus pêcados,
que tiveram sua parte naquela morte redentora. Renovo
diante da sua face divina, todos os meus votos de crente, de
membro da igreja, de ministro da P alavra. Consagro-me
de novo à minha tarefa. Às vêzes, acho-me com as faces
molhadas de lágrim as. Às vêzes, na intensa emoção de dis
cernir o Calvário e assimilar as suas verdades, machuco
o pedaço de pão nos meus dedos e me esqueço do símbolo,
no aprêço do simbolizado. Discernindo o corpo e o sangue
do Senhor, nestas meditações, e ajustando minha vida de
acordo, a ceia me fa z bem ao espírito. Não me deixo levar
pelo encanto do órgão. Nada de estético houve no Calvário,
e detesto melodias que me façam esquecer de Jesus, mas se
A DOUTRINA DA CEIA DO SENHOR 211
elas trazem à memória o testemunho da cruz, vou com seu
espírito e sua verdade, na adoração simbólica. Só queria que
a ceia fosse uma experiência tão abençoadora na vida de
cada crente que leia estas linhas como o é na minha vida.
E, se «em espírito e verdade» adoramos, o ato pode ter êste
valor para todos nós.
C A P IT U L O X V II
A DOUTRINA DO M INISTÉRIO
OFICIAL DAS IGREJAS
1. Q U A IS OS D O IS S E N T ID O S C O M U N S D A P A L A V R A
M IN IS T É R IO ?
1) Qualquer serviço é o sentido gera l. Falam os do m i
nistério da música, da arte, do sofrimento, da medicina — o
serviço, ou a utilidade na vida, de qualquer atividade, ou de
qualquer influência que eleva e estimula. 2) O sentido espe
cial é o m inistério oficia l das igrejas, chamado pelos nomes
de pastor, presbítero, bispo, no N ovo Testam ento.
Todos os crentes são servos de Deus e prestam-lhe
culto e serviço. Mas nem todos os crentes são bispos. R ela
tivam ente poucos devem ser «m estres». T ia go 3:1. A s ove
lhas de um rebanho não são tôdas pastores.
2. N A B ÍB L IA T A M B É M E N C O N T R A M O S D U P L O S E N
T ID O D A P A L A V R A M IN IS T É R IO ?
5. Q U E A S P E C T O S DO M IN IS T É R IO L O C A L SAO I N
D IC A D O S P O R E S T A S P A L A V R A S : B ISPO , P R E S
B ÍT E R O E P A S T O R ?
B IS P O quer dizer superintendente. O pastor é dirigen
te da ig reja tôda, como o superintendente -da Escola Domi
nical é dirigente da Escola Dominical tôda. P R E S B ÍT E R O
é o supremo título de honra do ministério, no N ovo Testa
mento. Os anciãos eram os conselheiros do povo de Israel;
e, embora não limitado aos velhos, o presbítero é o conse
lheiro de sua igreja . Sua perícia especial é em labor tenaz
e constante «n a P alavra e na doutrina». Todos os presbíte
ros têm esta missão. Mas Paulo manda dobrada remune
ração (pois é o que significa «honra», em T im . 5:17) para
aquêles que se esforçam e salientam neste ministério da P a
lavra. Muitos pregadores não se esforçam na doutrina nem
são diligentes nisto. E ' trabalho sacrificial e merece, por
isto, maior honra entre os crentes espirituais. P A S T O R é
o têrm o de ternura, zêlo pessoal, cuidado, e camaradagem
da parte do ministro com todos os crentes que constituem
seu rebanho. P o r ser o têrmo pastor tão querido, e por ser
desvirtuado há séculos o sentido popular dos vocábulos bis
po e presbítero, cairam em desuso popular estes dois no
mes do único ofício. Mas todos expressam fases da obri
gação ministerial e todos fazem parte da doutrina apos
tólica .
A DOUTRINA DO MINISTÉRIO OFICIAL... 215
6. H A V IA M A IS QUE U M BISPO , P A S T O R , P R E S B ÍT E -
TERO , N U M A IG R E J A A P O S T Ó L IC A ?
13. D E U S C H A M O U P A R A O M IN IS T É R IO A S S A N T A S
M U L H E R E S D A S IG R E J A S A P O S T Ó L IC A S ?
16. Q U A L E ’ A A U T O R ID A D E D A IG R E J A SÔ BRE S E U
PASTO R?
17. Q U A L E ’ A A U T O R ID A D E DO P A S T O R SÔBRE S U A
IG R E J A ?
E ’ a autoridade de um servo para cumprir seu serviço.
E ? prim eiram ente a autoridade da P a la vra que êle prega, e
a direção pastoral do rebanho.
18. Q U A IS OS D E V E R E S D E U M P A S T O R P A R A COM
S U A IG R E J A ?
19. Q U A IS OS D E V E R E S D E U M A IG R E J A P A R A COM
SEU PA S TO R OU PA S TO R E S ?
A DOUTRINA DO INFERNO
1. COM QUE LIN G U A G E M E N S IN A A B ÍB L IA ESTA
D O U T R IN A ?
2. E ’ D O U T R IN A E X T E N S A E S A L IE N T E N A E S C R I
TURA?
3. P A R A Q U EM F O I F E IT O O IN F E R N O ?
P ara o diabo e seus anjos rebeldes. Se qualquer pecador
para ali fôr, será contra a boa vontade de Deus. O homem
no inferno é um intruso, M at. 25:41 I I Ped. 2:4; Judas 6;
I T im . 2:4.
4. Q U EM E ’ D E S T IN A D O A SE R H A B IT A N T E DO I N
FERNO ?
Os medrosos, os incrédulos, os abomináveis, os homici
das, os que desobedecem ao sétimo mandamento, os feiticei
ros, os idólatras, todos os mentirosos, os cães (nome usado
na Bíblia para certa classe de pessoas), qualquer que ame
e cometa a mentira, os devassos, os efeminados, os sodomi-
tas, os ladrões, os avarentos, os bêbados, os maldizentes, os
roubadores, os glutões, os réus de inimizades, porfias, iras,
pelejas ou dissenssoes, e todos os que praticam a iniquidade,
Apoc. 21:8; 22:15; I Cor. 6:10; Gál. 5:20; E f. 5:5; M at.
7:23, etc. N otai que em primeiro lugar de gravidade estão
os pecados contra Deus — medo de ouvir e crer e viver com
êle em paz, e o pecado fatal de não crer em Cristo, agra
vados em muitos casos pela idolatria -— o culto de falsos
deuses ou do verdadeiro Deus por imagens e os pecados de
tôda espécie contra os homens, acompanham a vida sem
Deus e sem fé salvadora. «Tais fostes alguns; mas fostes
lavados», diz Paulo, I Cor. 6:11. «O sangue de Jesus Cristo,
seu Filho nos purifica de todo o pecado», I João 1:7.
5. O P E C A D O R D E IX A DE P E C A R Q U A N D O M O R R E ?
V
A DOUTRINA DO INFERNO 227
faça injustiça ainda; e quem está* sujo, suje-se ainda», Apoe.
22:11. O inferno é o lugar das almas sujas; e serão mais
sujas, por índole, gôsto, contágio e imitação. Êste versícu
lo não significa o apôio da injustiça ou sujeira. E' decla
ração do inevitável, como quando Jesus mandou: «Ou fazei
a árvore boa, e o seu fruto bom, ou fazei a árvore má e o
seu fruto mau», M at. 12:33. A natureza determina a condu
ta no tempo e na eternidade: e conduta etemamente perver
sa terá consequências sem fim .
6. DEVEMOS T O M A R AO P E ’ D A L E T R A AS V Á R IA S
DESCRIÇÕES M A T E R IA IS DO IN F E R N O ?
7. O IN F E R N O A B A R C A R A ’ A M A IO R PARTE DA
RAÇA HUM ANA?
8. Q U A L A C O N TR IB U IÇ Ã O F E IT A P O R JESUS À DO U
T R IN A DO IN F E R N O ?
9. Q U A L A A P T ID Ã O DO TÊ R M O P A R A O E N S IN O D E
JESUS ?
12. Q U E O U TRO S A S P E C T O S D A D O U T R IN A DO IN
F E R N O PR O C E D E M D E JE SU S?
16. P O R Q U E T E R IA JESUS D E S E N H A D O N O R IC O
Q U E D E S P E R T O U N O IN F E R N O , U M H O M E M S IM
P Á T IC O , D E C E N TE E H O N R A D O P E L O M U N D O ?
17. H A* G R A U S D E S O F R IM E N T O S N O IN F E R N O ?
20. Q U A IS A S C O N S E Q U Ê N C IA S D E C R E R O U D E S
C R E R N A V E R D A D E DO IN F E R N O COMO R E V E
LAD A ?
A DOUTRINA DO CÉU
1. O CÊU E ’ L U G A R O U C O N D IÇ Ã O D E E X IS T Ê N C IA ?
2. Q U E M E S T A ’ N O C Ê U ?
3) Q U E N O M E S F IG U R A D O S T A M B É M T E M O C E U ?
1) Seio de Abraão, Luc. 16:22. Isto significa que o
céu é a terra hospitaleira onde se banqueteia o hóspede.
Trata-se do costume de o hóspede de honra reclinar-se à
mesa junto ao chefe da casa, podendo reclinar a cabeça so
bre o seio dêste no banquete e fa la r intimamente. Assim o
mendigo glorifiçado, Lázaro, fê z com A braão. 2) Paraíso
é um têrm o que sign ifica parque de recreio. O céu será hos
pitalidade «na casa do meu P a i» e será felicidade, recreio,
alegria. E ' novo Jardim do Éden onde novamente teremos
acesso à árvore da vida, A p oc. 2:7, e ao rio da água da vida
que sai do trono de Deus e do Cordeiro, A p oc. 22:2. Que
esta árvore esteja no paraíso, e no céu, prova cabalmente
que são dois nomes do mesmo lugar e que o bandido que
Jesus salvou no Calvário fo i com ele para o céu imediata
mente depois da morte, onde Estêvão entrou, A t . 7:55, 59.
3) Hades e Seol são os nomes grego e hebrá-ico que indicam
o além-túmulo, o mundo dos mortos. N ão devemos associar
com êles nem as cruas superstições e desespêro que a pa
lavra Hades tinha entre os gregos, nem mesmo as mui li
mitadas revelações que os hebreus gozavam do futuro pelo
Velho Testam ento. A revelação foi sempre progressiva e
A DOUTRINA DO CÉU 237
Cristo trouxe a vida e a imortalidade à luz pelo evangelho,
demonstrando-as pela sua própria ressurreição. 4) Ainda
há outras figuras, como as bodas do Rei, em seu palácio, o
celeiro da parábola das sementes e do semeador, templo, ci
dade, «terra feliz», Canaã, etc., etc.
4. T IN H A M OS IS R A E L IT A S A R IC A V IS Ã O E F E ’ QUE
NÔS TE M O S?
N ã o . Gradualmente se ia revelando segundo as suas
possibilidades de receber a verdade. E ’ mister avaliar que
o reino de Deus, para êles, era a teocracia de Israel, e seu
entusiasmo era pela comunhão com Deus nesta vida, no
templo, no culto, nas peregrinações, na vida social com base
racial, e as revelações miraculosas que lhes deram sua ori
gem e redenção e história. Sendo esta a fase epocal da re
velação divina, era natural que a religião de Israel tivesse seu
centro na terra e não no céu, e que a comunhão do cren
te fôsse com Deus agora, de modo a eclipsar parcialmente
o além, de que Deus ainda não revelara o que o N ovo Testa
mento contém. Deus desperta por seu Espírito em nós o en
tusiasmo por êle que esteja viável na experiência. Ora a
experiência de Israel com Deus estava na teocracia, com
seus profetas, sacerdotes, reis, raça, peregrinações, salmos,
templos, festas, altar e a crescente profecia messiânica. Era
comunhão com Deus nesta vida, sem excluir a eternidade.
5. IS R A E L T IN H A U M A D O U T R IN A DO CÉU?
Sim. Centenas de vêzes a palavra se acha no Velho
Testamento. E ’ o local do trono de Deus e da residência dos
anjos. Mas não se define o futuro dos santos depois desta
vida.
6. N Ã O E N S IN A O V E LH O T E S T A M E N T O A IM O R T A
L ID A D E D A A L M A ?
8. Q U A N TO S CÉUS H A ’ ?
9. O C R E N T E ESTA* NO CÉU E N T R E A M O R T E E A
R E S S U R R E IÇ Ã O ?
Sem a possibilidade de dúvida. Lêde as Escrituras da
resposta à pergunta n9 2. I I Cor. 5:1-8 é prova cabal desta
preciosa verdade.
15. IS TO CONDIZ/COM A IG U A L D A D E D A S A L V A Ç Ã O ?
Perfeitam en te. Pois todos são salvos pela graça, sem
distinção, redimidos pelo sangue. Isto sim, é o cântico de
A DOUTRINA DO CÉU 241
Moisés e do Cordeiro, Apoc. 5:9; 7:9. Não haverá um ser
humano no lar celestial, desde as criancinhas que lá entram
até Metuselá e Adão e o último crente a ser salvo, que não
esteja em pleno pé de igualdade na redenção pelo sangue
do Cordeiro. «Mas cada um receberá o seu galardão segun
do o seu trabalho», I Cor. 3:8; Apoc. 22:12.
D. 16
242 DOUTRINAS
19. E ' S A T IS F A T Ó R IO O E S TA D O DO U N IV E R S O E N
Q U A N T O O P E C A D O E OS M A U S N A O FO R E M
JU LG A D O S ?
N ão pode ser. E o céu é supremamente interessado na
luta. Quando um pecador se arrepende, é uma vitória que
causa alegria no céu. E já vimos que clamam pelo juízo dos
maus, que virá na paciência de Deus. A vida nos céus é
um estado ainda não final até o juízo, o banimento do mal
e dos maus e de Satanás e seus demônios . Com a ressurrei
ção e o dia do juízo final, o universo, inclusive o céu, verá
o fim do drama do pecado e terá sua «regen eração». A jus
tiça divina será püblicamente vindicada e aceita. H averá
novo céu e nova terra, na qual habitará justiça. E os jus
tos terão corpos de glória, como o corpo ressuscitado de
Jesus.
20. N E S T E ÍN T E R IM H A ’ Q U A L Q U E R D E F IC IÊ N C IA
OU D IS S A T IS F A Ç Ã O ?
N ã o . Paulo anela não ser achado espírito nu, mas re
vestido do seu tabernáculo do céu, I I Cor. 5:1-4, «para
que o m ortal seja absorvido pela vid a ». Aos convidados para
as bôdas, se dava veste nupcial, M at. 22:11. N ão é possível
dizer em língua humana as realidades que correspondem a
esse futuro, I I Cor. 12:4. Glória habita nessa terra de pro-
missão. Estaremos satisfeitos quando acordarmos na seme
lhança do Senhor. Pois em tôda a experiência cristã, «as
coisas que o ôlho não viu e o ouvido não ouviu e não subi
ram ao coração do homem são as que Deus preparou para
os que o amam», I Cor. 2:9. E, mesmo no céu, há surpresas
e esperanças sempre além; e o dia de juízo e a ressurreição
serão um novo regim e no universo inteiro. « P o rta n to » —
t .. H e b . 12: 1, 2 é a ordem do dia aqui na te rra .
CAPÍTULO XX
4. P O R QUE D E V E O C R E N T E A L E G R A R -S E ?
6. Q U A L O M O T IV O QUE A N IM O U M O ISÉS?
11. QUE A T IT U D E P R O C U R A O E S P ÍR IT O E S T IM U L A R
E M NÕS, COMO F Ô R Ç A M O T R IZ D A S A N T ID A D E ,
N A B A S E DÊSSES M O TIV O S DE C A S T IG O E D IS
C IP L IN A D IV IN A ?
18. COMO U SO U P A U L O S U A R IQ U E Z A D E V E R D A D E
P A R A SE R F Ô R Ç A M O T R IZ N A V ID A S A N T A ?