A Química Na Idade Média

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1.Introdução

Sabe se que a Química é um fruto de acumulação de informações químicas desde o


surgimento do homem até aos nossos dias, sendo assim a História da Química tem como
objectivo resgatar o conhecimento químicos nos diferentes períodos da evolução da
humanidade.

Aqui serram apresentadas apenas aspectos que dizem respeito ao conhecimento Químico da
Idade média, neste contexto flar-se-à dos aspectos que achamos relevantes ao nosso interesse,
que são os seguintes:

 Alquimia na Idade média;


 Substâncias descobertas durante a prática da Alquimia;
 Principais alquimistas da Idade Média;
 Importância da Alquimia.
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2.A Química na Idade Média.

2.1.A Alquimia na Idade Média

As definições da Alquimia são muitas e na maioria das vezes diz-se que a Alquimia é uma
pseudociência já antiga que se ocupa na transmutação dos metais menos nobres em ouro e
prata e ao mesmo tempo com a descoberta de uma cura para todas as doenças e uma maneira
de prolongar a vida. Podemos considerar também a definição defendida por outros
historiadores que a Alquimia é uma forma de conhecimento na Natureza na medida que a
Química adquiriu contornos da ciência moderna.

No século II a.n.c, a Alquimia formou-se como uma área específica das ciências naturais
tendo começado inicialmente na China e decorrido no Império Romano particularmente no
Egipto para mais tarde se desenvolver até século VI na Europa.

Jost Weyer (1936) insiste que na Alquimia a ser levado a sério há dois aspectos a considerar
com relação a colocação dos seus objectivos. Um destes objectivos era:

 O aperfeiçoamento dos metais não nobres o que na prática se procurava nos


experimentos referentes a transmutação;

Aperfeiçoamento espiritual do Alquimista durante o seu trabalho.

Segundo Weyer a Alquimia teria sido duas componentes:

 Componente científica: experimental e teórica;


 Componente psíquica religiosa: filosófica (componente simbólica).

Durante o período da Idade Média a prática química era a Alquimia que é a prática de
transformações da matéria, baseada em alguns casos na magia, no mistério e com bases
materiais. Supõe se que a Alquimia tenha surgido no Egipto na cidade de Alexandria, na
época berço de conhecimentos práticos e intelectuais do mundo antigo; como corrente de
pensamento a Alquimia é resultado da fusão da cultura do Egipto, baseado em tradições
sacerdotais e no pensamento mágico e místico, e as concepções filosóficas, sobre a teoria dos
elementos sobre tudo na formulação Aristotélica sobre a possibilidade de transformação de
um elemento em outro. A Alquimia é uma corrente de pensamento baseado em
conhecimentos práticos do Egipto, Oriente Médio e Ásia e na filosofia Grega inspirada quer
na tendência de continuidade, quer na descontinuidade da matéria.
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2.1.1.Algumas Teorias que sustentam a Alquimia


 Teoria dos elementos de Aristóteles (toda matéria é constituída por um elemento);
Um elemento transforma-se em outros através de mudanças das propriedades.
 Teoria dos princípios: Conservação do enxofre e mercúrio como os dois.
 Relação do Planeta com os metais: Protecção dos minerais para dar origem aos metais.
 Matéria viva: Toda matéria é viva e possui alma, isto é, os metais vivem e podem ficar
doentes e curar-se. O ouro era considerado perfeito e inalterável é o estado que um
metal deve ter quando estar de boa saúde. A Alquimia consistia em substituir as
propriedades imperfeitas dos metais e torna-lo perfeitos com características do ouro.
Segundo MAAR na Alquimia fala se dos mais antigos alquimistas (Zózimo, Bolos e Maria a
Judia) destes Alquimistas parece ter sido exímios experimentadores, a ausência da audácia
teórica talvez se explica pela influência sobre os Alquimistas do Gnosticismo e da filosofia
estóica.
O Gnosticísmo (gnosis= conhecimento secreto) é uma corrente ideológica-relegiosa derivada
de diferentes crenças e que com o cristianismo chegou a um sincretismo. Para os gnósticos o
conhecimento não se adquire por procedimentos racionais e sensoriais, mas por revelação, e
este conhecimento assim revelado não pode ser ensinado ou transmitido, mas por revelação
novamente passa aos discípulos, devendo permanecer secreto. Zozímo foi adepto do
gnosticismo, e a filosofia predominante entre os Alquimistas era o estoicismo derivado de
Zenão (495 a.C. a -430 a.C.).
2.1.2.Teoria de conhecimento dos estóicos (Sensualismo).
Os estóicos com a teoria do sensualismo defendiam que o conhecimento só chega a razão
depois de passar pelos sentidos. A religião estóica propunha um tipo de Panteísmo pela qual
Deus se manifesta nos objectos pesquisados. A moral estóica considera o bem a quilo que é
benefício para o indivíduo e a sociedade, e o mal o que é prejudicial, os estóicos defendem a
apatia, isto é, o completo domínio dos sentimentos.

2.1.2.1.Os Alquimistas Alexandrinos.


Olimpodoro, do século V, foi o primeiro a empregar a palavra “Química”. Também
Olimpiodoro era neoplatónico, e assim representante da última escola filosófica importante da
Antiguidade, foi diplomata a serviço do imperador Honório.
De sua proposta obra existe uma cópia de época posterior, e nela Olimpiodor descreve os
trabalhos de Zozímo de Panópolese do Lendánio o Herns frismegistos; ocupa-se das
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possibilidades de transmissão; e refere-se a revelação que existiria entre os planetas e os


metais.
Estéfano de Alexandria é provavelmente o último Alquimista Alexandrino. Viveu nos tempos
do imperador Bizantino Heráclio I (610-641)

2.1.3.Representantes mais importantes da Alquimia.


É difícil fixar a data precisa para descoberta das substâncias Químicas. Frequentemente com
efeito, alguns Alquimistas atribuíram os seus escritos a sábios célebres, tirando proveito de
renome destes a fim de obterem uma melhor difusão das suas próprias receitas. Assim, o
Alquimista Árabe Jabir- Ibn-Hayyan (Geber) que viveu no século VIII foi dado como autor de
várias centenas de livros. Nos escritos que parecem ser os mais antigos fala-se por exemplo da
potassa (ClCul)-composto de potássio, carbono ou hidrogénio, do cloreto de amónio, etc.
Dentre os representantes da Alquimia mais conhecidos citam-se alguns como:
- China- Huai Nan Tse;
-Império Romano- Demócrito, Hermes, Kleopatra, entre outros.
-Império Árabe e Europa- Jabir Ibn Hayyn, Tomás de Aquino, etc.
Com base em Razi, foram colocados novas imposições a Alquimia:
 Apresentação e sistematização de todas substâncias Químicas conhecidas até então
segundo as suas propriedades;
 Apresentação e sistematização de todos aparelhos e descrição da sua aplicabilidade;
Apresentação e sistematização das bases teóricas da Alquimia segundo princípios da filosofia
naturalista e os seus métodos.
A Alquimia é uma forma de conhecimento da natureza, o Alquimista ao integrar-se como
sujeito ao objecto da natureza estudado, aperfeiçoa-se experimentalmente com aquisição do
conhecimento que lhe foi revelado: alegra-se com a natureza. Á medida que o Alquimista
incorpora este conhecimento, incorpora a natureza, que passa a fazer parte do seu todo: o
Alquimista vence a natureza. O conhecimento assim incorporado permite o alquimista, como
integrar o sujeito o objecto, orientá-lo no sentido do seu aperfeiçoamento espiritual e do
aperfeiçoamento material da própria natureza: o Alquimista domina a natureza continua no
mesmo processo de aquisição do conhecimento revelado que na prática não tem fim, o fim
será rendenção; este é o princípio fundamental da Alquimia encarada como actividade
integrada prático simbólico, a ausência destes aspectos implica a ausência da Alquimia.
A teoria dos quatro elementos sustenta a possibilidade de ocorrência da transmutação. As
quatro propriedades fundamentais da matéria (secura, humidade, calor e frio) diferem,
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combinados duas a duas, os quatro elementos aristotélicos, a substituição de uma dessas


propriedades pela propriedade oposta provoca a conversão de um elemento em outro.
Segundo Aristóteles as propriedades são activas (quente e frio) ou passivas (seco e húmidos)
as transformações possíveis seriam as seguintes:
 A mudança de uma qualidade em uma única substância;
 Uma substância muda ambas suas propriedades;
 Duas substâncias devem mudar uma qualidade, gerando uma terceira substância.

2.1.4.A Alquimia e no império Bizantino.


Nos primeiros séculos do Império Bizantino, corresponde a última fase da ciência Grega, o
período paleobizantino, Estéfano de Alexandria, o último alquimista alexandrino, com quem a
Alquimia já não era experimental e longa duração terminada em 1453 com a tomada de
Constantinopla pelos Turcos.
O fogo Grego é a única contribuição notável na fase Bizantina da Alquimia Grega. Sua
invenção é atribuída a clínico de Heliópolis (675) n.C, que surgiu da Síria Árabe para
Constantinopla. Nesta prática Grega, a mistura que se inflama garantiu a vitória Bizâneo
contra a armada Sarracena em cízico (673 d.C.), e a sua composição era mantida secreta, só
conhecida pelo imperador e pela família do inventor. O segredo do fogo Grego impediu o seu
desenvolvimento, mas de qualquer forma a cristandade proibiu seu uso como arma no consílio
de latrão. Antes do fogo Grego, Júlio (c. 160-235) preparou um fogo automático que
inflamava em contacto com a luz solar o Pyr automaton de Júlio africano é uma mistura
inflamável contendo enxofre, resinas, petróleo, carvão vegetal, sal, óxido de cálcio, peritas,
estíbiruta.

2.1.5.Alquimia Islâmica.
A segunda grande etapa da história da é a Alquimia árabe ou islâmica, que se estende do
século VIII ao século XIII. É mais coreto falarmos em Alquimia islâmica, já que seus
praticantes não eram apenas árabes, mas também persas, curdos, Africanos do norte, ibéricos
e centro-asiáticos; contudo, sua expansão começou sem dúvida com os árabes.

2.1.5.1.A origem da Alquimia Islâmica.


Na visão tradicional do problema da origem da Alquimia Islâmica colocam-se alguns pontos
que, se não são consenso, são aceitos pela maioria dos historiadores, embora haja importantes
discordâncias:
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 A Alquimia veio para os islâmicos a partir de Alexandria;


 Os islâmicos assimilaram em sua totalidade a Alquimia Alexandrina, pois os nomes
venerados pelos Alquimistas islâmicos (Hermes, Platão, Zózimo, Estéfano,
Heráclio);
 A transmissão da Alquimia dá-se a partir de Alexandria, mas também devem ser
consideradas as influências culturais de outros centros da Mesopotânea (Harran,
Edessa, Nisibis) o que explicaria as influências da Alquimia islâmica.
A corrente existente na Alquimia islâmica é a corrente prática, que envolve teorias,
equipamentos e procedimentos experimentais que tiveram influência sobre Alquimistas
Árabes de regiões ocidentais e mais tarde da Espanha. A Alquimia prática se concentra em
torno dos nomes de Jabir e Rases, os mais importantes Alquimistas islâmicos.
No universo vasto dos Alquimistas islâmicos são conhecidos os nomes Jabir e Rases,
pressupõe-se o início da Alquimia islâmica com Jabir (século VIII a século IX) e o latino
Geber ( sec VIII), Jabir teria nascido em Tus /Irã ou em Kufa/ Iraque por volta de 720 d.C,
morrendo por volta de 815 em Kufa, ele dedicou-se à ciência provavelmente a Alquimia.
Segundo Hermann Kopp (1817-1892) citado pelo mesmo autor, quw em sua ‘História da
química” diferencia definitivamente o árabe Jabir e o latino Geber.
2.1.5.2.A teoria das balanços.
A teoria das balanças de Jabir é uma das contribuições teóricas islâmicas a Alquimia, não se
entenda por ‘balanço” um equilíbrio entre massas, mas um equilíbrio de qualidades ou
propriedades. Jabir aceita a teoria aristotélica dos quatro elementos, mas concebe-os de
maneira diferente:
 Considera a existência inicial de 4 qualidades elementares ou naturezas: calor, o frio, o
seco e o húmido;
 Quando estas qualidades se combinam com a substância formam os compostos do
primeiro grau: quente, frio, seco e húmido;
 A união de dois compostos do primeiro grau dá origem aos 4 elementos:
Fogo = calor + seco + substância.
Ar = calor + húmido + substância.
Água = frio + húmido + substância.
Terra = frio + seco + substância.
Esta teoria está relacionada à teoria do enxofre-mercúro dos metais, de acordo com as teorias
dos metais de Jabir, todos os metais tem duas propriedades externas e duas propriedades
internas: o chumbo, por exemplo, é frio e seco externamente e quente e húmido internamente,
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o ouro apresenta invertida a estas propriedades. Por influência de Elixires, os metais se


formam pela combinação do enxofre (que encera as propriedades: quente e seco) e mercúrio
(que encera as propriedades: frio e húmido). Todos os metais são formados por diferentes
proporções de enxofre e mercúrio, e além disso nem todo o enxofre e mercúrio são puros: é
possível, assim, imaginar diferentes combinações para os diferentes metais, e também a
transmutação de metais menos nobres em ouro: a combinação de qualidades no ouro é a mais
perfeita possível. Esta combinação de qualidades elementares explicitada pelo enxofre e pelo
mercúrio é a base para a explicação para a possibilidade teórica da transmutação da Alquimia
islâmica. Na teoria do enxofre mercúrio, fez tantos esforços para produzir o ouro e finalmente
convence-se que ao juntar o enxofre e o mercúrio resultaria o ouro. E procurando obter o
elixir que poderia prolongar a vida, desenvolveu-se vários processos químicos como:
 Destilação da erva;
 Preparação do óleo;
 Trabalho com metais(fusão, cristalização).
Segundo o “Chaves da composição e segredos da sabedoria” (72), um texto do séc. VII,
citado por MAAR, o cobre tem a proporção de 18 partes de quente mais 15 partes de frio mais
5 partes de seco mais 5 partes de húmido. O papel de elexir e a transmutação do cobre em
ouro é o balanceamento das 18 partes de quentes para 15 partes.
A luz de conhecimentos de hoje, algumas explicações até faz sentido: a participação do
enxofre nos metais explica-se pela presença de enxofre nos minérios do grupo dos sulfuretos;
o mercúrio era tido como intermediário da fusão dos metais.
+ Ar Enxofre
Terra sob acção do fogo.
+Água Mercúrio
Rases (Ar Razi) o segundo grande Alquimista islâmico, e importante filósofo tido como o
maior nome da medicina do mundo islâmico, segundo MAAR, Ar Razi, ou Latenizado
Rhases ou Rases, nasceu por volta de 865 em Ray, no Irã, e morreu entre 923 e 932 na sua
cidade natal, foi médico em Ray e em Bagdad, este reuniu os conhecimentos médicos gregos,
seríacos, árabes e hindus combinando-os com sua própria experiência clínica e interpretações
teóricas, foi autor de ideias avançadas da importância do meio, como a água, na transmissão
de doenças, embora nada soubesse de bactérias, contribuiu ainda para a oftalmologia e
ginecologia, e distinguiu o sarampo da varíola.
Segundo Paracelso o objectivo nas colocações, procura aproveitar na medicina os fracassos da
Alquimia na transmutação; os aparelhos e as operações por ele discutidas são: destilação,
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calcinação, dissolução, evaporação, cristalização sublimação, filtração, amalgamação e


seração (conversão em sólidos pastosos ou fossíveis). Reses descobriu o sal amoníaco persa
(NH4Cl, cloreto de amónio), e o sal amoníaco animal [(NH4)NO3] obtido inicialmente do
estérico de Camilo, em suas reacções, cita substâncias claramente identificadas como ácidos
(águas fortes), talvez até mesmo ácidos minerais, fala também da dissolução de materiais em
álcalis.
A Alquimia de Rases é prática, é dele uma primeira classificação dos materiais conforme sua
origem em minerais, vegetais, e animais, é claro que os critérios de Rases não são critérios
Químicos mas sim critérios qualitativos ou operacionais.
As obras alquímicas de Jabir e Rases representam dois estilos, duas escolas distintas desta arte
de aperfeiçoamento material e espiritual: Jabir representa essencialmente o lado esotérico da
Alquimia, o simbólico- místico, uma gnose islâmica, em quanto que Rases corporifica o
aspecto exotérico, o lado prático, experimental.
No entender de S. Hmarneh, citado por MAAR (77) ouve 3 estágios na Alquimia islâmica,
cada um com características próprias, no primeiro estágio, a Alquimia passa a ter uma
abordagem prática (considerada primitiva por MAAR), baseada em observações racionais de
fenómenos naturais ou de experimentos de laboratório.
O objectivo desta Alquimia era a transmutação, com o auxílio do elixir.

2.1.5.3.Principais estágios da Alquimia Islâmica


O estágio prático em análise inicia tradicionalmente com Khalid, que teria ordenado as
primeiras traduções, Um período de intensa actividade de tradutores é o período Abássida no
Iraque e Irã (750-1258), a actividade científica de Jabir (ou do colectivo que se esconde sob
esse nome) e Rases situa-se neste estágio, neste estágio encontra-se em Al Kindi(?-870) um
filósofo alquimista islâmico que contestava a possibilidade da transmutação. Al Kindi, o
filósofo dos Árabes, viveu no Iraque, no tempo dos califas Al Mamum (813-833) e Al
Mutasim (833-842), e ocupou-se de vários assuntos na aristotélico-neoplatônica (aritmética,
medicina, astrologia, metalurgia).
O segundo estágio é um período de Alquimia ascético e místico, cujos escritos e práticas são
repletos de alegorias, simbolismo e misticismo, mistério e teosofia, neste período que houve
nas interpretações astrológicas e cosmológicas, ocorrendo a integração da Alquimia,
ocultismo e teologia. Os xiitas foram os principais defensores deste tipo de Alquimia,
sobretudo sob os fatímidas no Norte da África e no Egipto (909-1071).
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Avicena (980-1037) criticou estes alquimistas, com seus escritos cheios de misticismo e
ambiguidades, mas Al Tughrai (1061-1121) refutou tais críticas, o mais importante defensor
desta Alquimia mística é Burhan Al-Din-arfa-Ras (falecido em Marrocos).
Na Química, Avicena é muito lembrado pela ênfase deu ao experimento a enquadrar o
mercúrio entre os metais (e não entre os espíritos).
O terceiro estágio da Alquimia islâmica corresponde a uma Alquimia médica, que é uma
aplicação da “iatroquímica”: o objectivo da alquimia Islâmica passa a ser a preservação da
saúde e a cura de doenças, e não a transmutação. É a etapa caracterizada pelo uso do médico
de minerais e certas plantas; estas actividades ampliaram simultaneamente a prática médica e
o conhecimento e a experimentação química, e os precursores desta fase foram: Al Tabari
(séc.XI) e Haly Abbas (? – 994 em Schiras no Irã), este autor relacciona 4 tipos de drogas:

Terras = cal, álcalis, argila de Chipre e da Arménia,gesso, ocre.


Pedras = hematita, piritas, marcassita.
Drogas Sais = sal amoníaco, nafta, soda, vitríolo.
Metais = chumbo negro, enxofre, mercúrio, ouro, prata, vidro.

Entre o séc. XI e XIV o Ibérico Abulasis Al Zahrawi (936-1013), autor de uma extensa
enciclopédia médica em que advertia contra o uso de objectos de cobre como utencílios de
cozinha, o que revela conhecimentos de toxicologia.
Com o Ibn Khaldum (1331-1406) a Alquimia islâmica volta à clareza, diz ele: “ Alquimistas,
procurando um elixir que transforme metais menos nobres em ouro, estudam as propriedades,
virtudes e temperamentos dos elementos usados para o seu preparo”segundo Khaldum citado
por MAAR a Alquimia não é ciência nem arte, e seus objectivos só poderiam ser realizados
por um Profeta, ele sustenta ainda que os sete metais diferem ou nas origens, ou nas próprias
qualidades. Avicena defendia a primeira hipótese e achava que cada metal foi criada
separadamente, em função do que inexiste a transmutação. Já Al Faradai e outros alquimistas
Ibéricos achavam que os metais diferem nas propriedades (seco, frio, quente, húmido), sendo
assim possível a transmutação.
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2.1.5.4.Classificação das substâncias segundo Rases.


Substâncias:
 Minerais: Espéritos, Corpos, Pedras, Vitríolos, Boratos, Sais.
Espiritos: Mercúrio, sal amoníaco, Auripigmento, Rosalgar, enxofre.
Corpos: Ouro, Prata, Cobre, Ferro, Estanho, Chumbo”ferro chinês”.
Pedras: Piritas, Óxido de ferro, Óxido de zinco, Azurita, Malaquita, Turquesa, Hematita,
Arsênio branco, Mica, Gesso, Vidro.
Vitríolos: Preto, Branco, Amarelo, Verde, Vermelho.
Boratos: Borato-pão, Natrão, Borato de ourives, outros.
Sais: Doce, Amargo, de pedra, soda, sal de urina (microcósmico).
 Vegetais.
 Animais: Cabelo, Crânio, Miolos, Bílis, Sangue, Leite, Urina, Ovos, Madrepérola,
Chifre.
 Derivados: Litargírio, Chumbo vermelha, Verdete, Óxido de cobre, Óxido de zinco,
pó de ferro, Cinábio, Arsénio branco, Vidro, soda cáustica, Soluto de enxofre, Ligas, e
outros

2.1.5.5.Importância da Alquimia Islâmica


 Preservação do conhecimento químico-Alquímico antigo, através das traduções para o
Árabe; estas obras foram mais tarde traduzidas para o latim, permitindo o contacto dos
Europeus com a cultura antiga.
 Algumas teorias originas, como a “teoria do mercúrio-enxofre” dos metais, a “teoria
do balanço’, a primeira das quais influenciou a Alquimia europeia até os temos de
Paracelso, e que parece aos europeus mais interessante do que as antigas teorias dos
elementos, pois o enxofre e o mercúrio são materiais reais.
 Jabir empregou o sal amoníaco na preparação do elixir, e Rases ampliou o repertório
farmacêutico.
 Refinamento em algumas operações, como por exemplo na destilação
 Algumas doutrinas no campo simbólico da alquimia, como a do elixir e da pedra
filosofal.
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2.1.5.6.Alquimia no mundo cristã


Charles Morazé sublinha, em”Les Origens Sacrées dês sciences modernes”, o papel
desempenhado na menção dos desafios da alquimia pelas ordens menores recentemente
criadas, as ordens dominicanos e sobretudo franciscana.
Os dominicanos Alberto, o grande (1193-1280), Vicent de Beauvais(? – 1264) e Tomás de
Aquino (1228-1274), escreveu sobre a Alquimia, ele (considera a transmutação uma verdade
demonstrada).
Quanto às preocupações da Alquimia dos franciscanos Roger Bacon (1214-1294) e Armand
de Villeneuve (1235-1313) como também de Raymond Lulle(1235-1315), místico próximo
dos franciscanos, não pode ser separadas das questões teológicas (o devino está presente no
mais ínfimo ser da natureza), políticas (dignidade do pobres e do trabalho manual),
lógico(nominalismo antiaristotélico), práticos (purificação, maceração, rectificação),
traduzindo todas elas o desejo de questionar a oposição que existia entre as preocupações
terreno e ordem de salvação.
A imagética da Alquimia cristã é bem conhecida, onde cada uma das representações está
repleta de referencias teológicas, místicos, astrológicos, operacionais onde: o solvente forçará
duas substâncias, enxofre e mercúrio a entrar em reacção; a morte do priamo é a dissolução
( fusão de um composto); o dragão hermético, teste no caminho da Alquimia, contra força que
se opõe a obra, guardada da gruta onde se encontra a quinta-essência, o lobo é o autónomo
devorado o ouro antes que o fogo purificador regenere um rei vivo activo e filosófico.

2.1.5.7.Outras descobertas da Alquimia na Idade Média.


Os Alquimistas aperfeiçoaram as técnicas que virão a ser as da química moderna, aprenderam
a produzir ácidos (lecores) cada vez mais fortes, enquanto os árabes possuíam apenas ácidos
fracos, soluções de sais, corrosivos, os alquimistas europeus aprenderam a preparar e a
condensar ácidos fortes: 10 o ácido nítrico (HNO3 água forte) espírito de negro, e depois o
ácido clorídrico-espírito de sal, de seguida o ácido sulfúrico-espírito de vitríolos ou se for
concentrado óleo de vetríolo até a água-régia (mistura de ácido clorídrico e ácido nítrico) que
dissolve até o ouro, e também a descoberta dos elementos químicos arsénio branco e
antimónio em 1250 e 1450 respectivamente.
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3.Colclusão
Alquimia é uma pseudociência já antiga que se ocupa na transmutação dos metais menos
nobres em ouro e prata e ao mesmo tempo com a descoberta de uma cura para todas as
doenças e uma maneira de prolongar a vida. Um dos objectivos mais importante era de
transformação de metais baratos e abundantes em ouro e criar a imortalidade.
Os Alquimistas aperfeiçoaram as técnicas que virão a ser as da química moderna, aprenderam
a produzir ácidos (lecores) cada vez mais fortes, enquanto os árabes possuíam apenas ácidos
fracos, soluções de sais, corrosivos, os alquimistas europeus aprenderam a preparar e a
condensar ácidos fortes: 10 o ácido nítrico (HNO3 água forte) espírito de negro, e depois o
ácido clorídrico-espírito de sal, de seguida o ácido sulfúrico-espírito de vitríolos ou se for
concentrado óleo de vitríolo até a água-régia (mistura de ácido clorídrico e ácido nítrico) que
dissolve até o ouro, e também a descoberta dos elementos químicos arsénio branco e
antimónio em 1250 e 1450 respectivamente.
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4.Bibliografia
BENSAUDE, B; STRANERS. História da Química. Lisboa: Instituto Piaget, 1992.
MAAR, Juergen Heirinch. História de Química. Florinópolis: Conceito editorial, 2008.
ARAGÃO, Maria José. História de Química. Rio de Janeiro, 2008.

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