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República de Angola

Tribunal Provincial de Luanda- Palácio D. Ana Joaquina


8ª Secção da Sala dos Crimes Comuns
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QUESITOS

1 - Está provado que, o réu Manuel João Nzambi, era a data dos factos vizinho
da mãe da menor Engrácia Adão da Costa Baptista, ofendida nos autos?

PROVADO.

2 - Está provado que no pretérito dia 6 do mês Julho do ano de 2011, quando a
ofendida se encontrava a brincar com uma menina na residência do réu foi
chamada por este, para entrar no seu quarto?

PROVADO.

3 - Está provado que já no interior do quarto e aproveitando a situação, o réu


manteve relações sexuais de cópula completa, introduzindo o pénis erecto na
vagina da menor, contra a vontade da mesma usando um preservativo?

PROVADO.

4 - Está provado que após o acto, o réu aliciou a menina com Kz 100.00. (cem
kwanzas) para que está ficasse calada e não revelasse nada a sua mãe e que
a mesma cumpriu?

PROVADO

5 - Está provado que dois dias depois, o réu dirigiu-se a residência da mãe da
ofendida, e aproveitando a ausência daquela surpreendeu a menor mantendo
cópula ilícita no quarto da mãe desta usando para o efeito um preservativo?

PROVADO
6 - Está provado que de igual modo tal como a primeira vez, após o coito, o réu
aliciou a menor com cem kwanzas para que esta continuasse a manter o
silêncio o que asta cumpriu?

PROVADO

7 - Está provado que, o réu agiu com intenção de satisfazer os seus desejos
lascivos?

PROVADO

8 - Está provado que, o réu agiu de modo livre e consciente mesmo sabendo
que a sua conduta era proibida e punida por lei?

PROVADO.

Luanda, 15 de Maio de 2015


República de Angola

Tribunal Provincial de Luanda- Palácio D. Ana Joaquina


8ª Secção da Sala dos Crimes Comuns

ACÓRDÃO

EM NOME DO POVO ACÓRDÃO O MERITISSIMO JUÍZ DE DIREITO E OS


ILUSTRES ASSESSORES DA 8ª SECÇÃO DA SALA DOS CRIMES
COMUNS DO TRIBUNAL PROVINCIAL DE LUANDA.

O Digno Magistrado do Ministério Publico junto desta secção promove que seja
chamado a julgamento, em Processo de Querela, o réu Manuel João Zambi
t.c.p “Ti-Manuel”, solteiro, canalizador, de 64 anos de idade, nascido em 28
de Maio de 1948, natural do Kwanza-Norte, filho de João Zambi e de Maria
Paulo Francisco, residente nesta cidade de Luanda, no Distrito do Cazenga, no
Bairro de Calawenda, rua Santa Madalena e casa nº 416, porquanto:

O réu era vizinho da mãe da menor Engrácia Adão da Costa Baptista, ofendida
nos autos, que a data dos factos tinha apenas 13 anos de idade.

No pretérito dia 6 do mês Julho do ano de 2011 quando a ofendida nos autos
se encontrava a brincar com uma menina na residência do réu foi chamada por
este, para entrar no seu quarto.

Já no interior do quarto e aproveitando-se da situação, o réu manteve relações


sexuais de cópula completa, introduzindo o pénis erecto na vagina da menor,
contra a vontade da mesma usando um preservativo

Após o acto, o réu aliciou a menina com Kz 100.00. (cem kwanzas) para que
essa ficasse calada e não revelasse nada a sua mãe e que a mesma cumpriu.

Dois dias depois, o réu dirigiu-se a residência da mãe da ofendida, e


aproveitando a ausência daquela surpreendeu a menor mantendo cópula ilícita
no quarto da mãe desta usando para o efeito um preservativo.
De igual modo, tal como a primeira vez, após o coito, o réu aliciou a menor com
cem kwanzas para que esta continuasse a manter o silêncio o que asta
cumpriu.

Submetida a exame directo, ficou declarado que a menor apresenta o hímen


anelar com borda alta sem rasgadura e complacente, e que a elasticidade do
hímen permite a introdução de dois dedos justapostos conforme o auto de
exame directo de fls.5, aqui dado por reproduzidos para todos os efeitos legais.

O réu é portador de HIV-SIDA desde o mês de Fevereiro de 2011, e a data dos


factos o mesmo sabia que padecia desta patologia.

No dia 19 de Julho de 2011, a menor foi submetida a um teste rápido de HIV


que diagnosticou um resultado negativo.

O réu agiu livre e conscientemente, quis satisfazer os seus desejos lascivos


mesmo sabendo que a ofendida era menor de 13 anos e que a sua conduta era
proibida e punida por lei.

Com o comportamento e conduta descrita incorreu o réu, num crime violação


p.p, nos termos do art.º 393º do Código Penal.

Agravam a responsabilidade criminal do réu as circunstância: 11ª(surpresa e


fraude); 16ª (em casa de habitação do agente); 25ª (obrigação de não
cometer); 28ª (manifesta superioridade em razão de idade e sexo); 29ª
(desprezo do respeito devido ao sexo e a idade) e todas do artigo 34º do
Código Penal.

Atenuam a sua responsabilidade criminal as circunstâncias: 1ª (bom


comportamento anterior); 9ª (espontânea confissão do crime); e 23ª (baixa
condição cultural, económica e social, ambas do artigo 39.º do Código Penal.

O Tribunal é competente, as partes legítimas, o processo é o próprio e não


enferma de nulidades, excepções ou questões prévias que obstem ao
conhecimento do mérito da causa.

Iniciou-se o julgamento com observância das formalidades legais.


O réu, representado pelo seu Defensor Oficioso, apresentou a sua
contestação, junta aos autos.

TUDO VISTO E PONDERADO

Discutida a causa, resultou provado que nas circunstâncias de tempo, lugar e


modo descrito na douta acusação pública, o réu á data dos factos era vizinho
da mãe da menor Engrácia Adão da Costa Baptista, ofendida nos autos, por
este facto a ofendida frequentava a residência do réu onde brincava com as
outras crianças da sua idade.

Sucede porém, que, no dia 6 do mês Julho, em horas não precisas no autos,
do ano de 2011, quando a ofendida se encontrava a brincar com uma menina
na residência do réu foi chamada por este, para entrar no seu quarto.

Já no interior do quarto, aproveitando a situação, o réu, aliciou a menor com


cem kwanzas e com ela manteve relações sexuais de cópula completa usando
para o efeito um preservativo e pediu para que essa ficasse calada e não
revelasse nada a sua mãe, o que a mesma cumpriu.

Não satisfeito, dois dias depois, o réu, aproveitando-se da ausência da mãe da


menor dirigiu-se a residência daquela, surpreendeu a menor aliciou-a com cem
kwanzas, tal como a primeira vez , manteve com ela cópula ilícita no quarto da
sua mãe usando para o efeito um preservativo.

Sendo o réu a data dos factos vizinho da menor, recaía sobre o mesmo o dever
de protecção, cuidado para com a mesma, apesar disso, e mesmo sabendo o
réu, que a ofendida contava apenas com 13 anos de idade, manteve relações
sexuais com esta para satisfazer os seus desejos lascivos.

O réu agiu livre e conscientemente mesmo sabendo que a sua conduta era
proibida e punida por lei.

Com o comportamento e conduta descrita incorreu o réu, num crime violação


p.p, nos termos do art.º 393º conjugado com o art.º 398.º n.º2 do Código Penal.
Agravam a responsabilidade criminal do réu as circunstância: 11ª(surpresa e
fraude); 16ª (em casa de habitação do agente); 25ª (obrigação de não
cometer); 28ª (manifesta superioridade em razão de idade e sexo); 29ª
(desprezo do respeito devido ao sexo e a idade) e todas do artigo 34º do
Código Penal.

Atenuam a sua responsabilidade criminal as circunstâncias: 1ª (bom


comportamento anterior); 9ª (espontânea confissão do crime); e 23ª (baixa
condição cultural, económica e social, ambas do artigo 39.º do Código Penal.

Nestes termos, o tribunal julga procedente e provada a douta acusação pública


e, em nome do povo condena o réu na pena de 10 anos de prisão maior, kz
50.000,00( cinquenta mil kwanzas) de taxa de justiça e de kz 5.000,00( cinco
mil kwanzas) de emolumentos a favor do seu Defensor Oficioso.

Sendo prófugo, ordeno a emissão do competente mandado de captura, a fim


de se cumprir efectivamente com a pena ora aplicada.

Boletins ao registo criminal.

Registe e Notifique

Luanda, 15 de Maio de 2015

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