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http://direitoecultura.blogspot.com/2007/07/teoria-x-prtica-no-direito-um-falso.
Ontem, tive a grata satisfação de saber que projeto de minha autoria, em conjunto com 3 alunos
da Graduação em Direito da UFPE logrou aprovação no PIBIC 2007/2008. Projetos dessa
natureza têm a finalidade de subsidiar os primeiros passos na iniciação científica de alunos que
possuam vocação para a pesquisa no meio universitário. O projeto propõe uma hipótese de que o
Supremo Tribunal Federal brasileiro tem tido uma fortíssima atuação como legislador, talvez
mais até do que como julgador. É uma impressão corrente no meio jurídico, mas vamos, eu, Ana
Rita, Caio e Karine, a partir de critérios científicos, verificarmos se e em que medida tal
percepção se afigura verdadeira. Um desafio e tanto, meus caros.
Contudo, minha crítica aqui é dirigida tanto aos "teóricos" como aos "práticos". Coloco tudo
aspeado, por que considero que essa dicotomia dilemática entre teoria e prática é falsa. É
necessário que os "teóricos" prestem atenção ao que efetivamente ocorre na prática jurídica e
construam suas reflexões levando tudo isso em consideração em vez de ficarem criando teorias
inaplicáveis, que parecem às vezes meros devaneios metafísicos querendo conformar a realidade
a uma espécie de "leito de Procusto". Por outro lado, os "práticos" precisam deixar de desprezar
a teoria como se fosse algo desnecessário, pois se assim for, o direito se transforma em mero
casuísmo irresponsável ao sabor da caprichosa vontade de suas "Excelências" onipotentes. O que
seria, por exemplo, do direito ocidental no século XX, se não fossem as grandes teorias jurídicas
como as de Hans Kelsen e de Carl Schmitt, só para ficar nos constitucionalistas. Algum jurista
pode afirmar que a teoria da constituição dirigente de Gomes Canotilho não foi importante na
conformação dos aspectos sociais da Constituição de 1988 ou que a teoria da eficácia das normas
constitucionais de José Afonso da Silva não tenha influenciado a prática julgadora do STF? O
que são as súmulas vinculantes, as antecipações de tutela judicial, o princípio da insignificância
no direito penal e as agências reguladoras de setores econômicos senão desdobramentos de
teorias que as imaginaram antes que viessem a se tornar realidade?
Por isso afirmo que o dilema apontado é completamente falso. "Teóricos" e "práticos" precisam
ter mais humildade e reconhecer a outra perspectiva como uma aliada indissociável e não como
um mundo distante e impenetrável. Não resta dúvida que todos ganhariam com isso.