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Resumos 11º Ano
Resumos 11º Ano
Economia e população:
Até ao fim do século XVIII, vigorou na Europa o chamado sistema económico pré-
industrial: predomínio claro da agricultura, ocupando uma esmagadora maioria da população
ativa. No entanto, no geral, tratava-se de uma atividade pouco desenvolvida, usando-se
técnicas rudimentares, antigas, o que se refletia numa baixa produção. O Homem estava
muito dependente da Natureza, para obter melhores colheitas.
- Elevada mortalidade;
À semelhança do século XIV, o século XVII foi marcado pela “trilogia negra” – fomes,
pestes e guerras, daí resultando crises demográficas em muitas regiões da Europa. A fome
arrastou consigo as doenças e o clima de guerra permanente (destaque para a Guerra dos
Trinta Anos) agravou a situação demográfica. Em alguns países iriam ser precisos cerca de 100
anos para repor os contingentes populacionais.
Entre os séculos XVI e XVIII, a Europa viveu um período designado por Antigo Regime,
no qual, no geral, os países apresentam as mesmas características económicas, sociais e
políticas.
A sociedade do Antigo Regime: era uma sociedade de ordens – clero, nobreza e povo
(Terceiro Estado), definidas pelo nascimento e pela função que os seus membros
desempenhavam. Assim, era uma sociedade hierarquizada, em que as ordens não estavam
todas ao mesmo nível em termos de importância e poder. Os vários privilégios que possuíam,
faziam do clero e da nobreza as ordens sociais mais poderosas.
Dentro de cada ordem social, havia vários estratos (graus, categorias…), também eles
hierarquizados, dependendo da função que ocupavam – sociedade estratificada.
O clero: considerada a ordem mais digna, por estar mais próxima de Deus. Beneficiava
de inúmeros privilégios: posse de terras (domínios senhoriais), isenção de pagar impostos
(recebendo-os) e de prestar serviço militar, ocupavam cargos importantes na administração,
tinham leis próprias (direito canónico) e tribunais próprios.
No geral, era uma ordem rica, recebendo muitas ofertas dos crentes. Os seus
membros vêm da nobreza e do povo. Dividia-se em alto clero (bispos, arcebispos, cardeais…) e
baixo clero (párocos, monges…). Muitos elementos do baixo clero levavam uma vida simples,
até com dificuldades financeiras.
A nobreza: ordem de maior prestígio, ocupando os cargos mais importantes na
administração e no exército. Também possuíam muitas propriedades e cobravam impostos
(não pagavam).
As velhas famílias que há várias gerações pertenciam a esta ordem, era a chamada
nobreza de sangue ou nobreza de espada. Esta nobreza estava hierarquizada, desde a nobreza
que vivia na corte à nobreza rural, vivendo esta dos poucos rendimentos dos seus senhorios).
A mobilidade social
O absolutismo régio
No Antigo Regime, politicamente, grande parte dos países europeus tinha como
regime o absolutismo régio ou monarquia absoluta. O expoente máximo desse regime foi o
rei de França, Luís XIV, no século XVII.
- é um poder paternal: tal como um pai, o rei deve proteger os seus súbditos e
contribuir para a sua felicidade;
- o seu poder está submetido à razão: governa com sabedoria, pensando nos seus atos
para decidir o bem.
A corte era o espelho de todo o poder dos reis absolutistas, com destaque para a
corte francesa, situada em Versalhes. O grande palácio foi projetado à imagem do “rei-sol”,
vivendo lá milhares de pessoas, das classes privilegiadas. A estes o rei distribuía benefícios e
privilégios, exigindo em troca a sua fidelidade e obediência. Por outro lado, era uma forma do
rei os manter “debaixo de olho”, para impedir ou descobrir eventuais tentativas de revolta.
Em Versalhes, tudo servia para glorificar o rei, havendo um rígido protocolo que todos
deviam respeitar. Coisas aparentemente insignificantes, como o deitar ou o levantar do rei,
eram pretexto para uma cerimónia, na qual era bem evidente a hierarquização da sociedade.
A nobreza vai reforçar a sua influência política, aumentando o seu poder junto dos
reis. A nobreza de sangue mantinha a quase exclusividade no acesso aos cargos superiores da
administração e do exército. O mesmo acontecia com os cargos atribuídos nas colónias
portuguesas. Esta situação ia merecendo algumas críticas: “Só os fidalgos governam…mesmo
sem experiência de nada…, homem que não é fidalgo não é chamado para nada.”
No geral, o Estado era burocrático, lento e insuficiente, estando longe das populações.
O absolutismo joanino: em 1706 subiu ao trono D. João V, que viria a ser o expoente
máximo do absolutismo em Portugal, sendo Luís XIV o modelo que seguiu.
Promoveu o mecenato das artes e das letras e empreendeu uma política de grandes
construções, com destaque para o Convento de Mafra. O século XVIII é o século da arte
barroca, arte riquíssima, onde predomina a exuberante decoração e a talha dourada. Este
estilo artístico foi muito utilizado pelos reis absolutistas, como mais uma forma de mostrar
todo o seu poder, autoridade e riqueza.
Na Holanda, os cargos políticos eram disputados tanto pelos nobres como pela
burguesia. Os nobres ocupavam principalmente cargos no exército. Os burgueses, ocupavam
maioritariamente os cargos nas assembleias, principalmente nos Estados Gerais
(Parlamento). Tinham uma mentalidade própria, bem diferente da mentalidade dos grupos
privilegiados de outros países: seguiam valores como a poupança e o trabalho, recusando o
luxo excessivo.
No fim do século XVI, a Holanda iria tornar-se na maior potência comercial e marítima,
rapidamente ultrapassando os países ibéricos. Para isso foi fundamental o fim do “mare
clausum” que fora instituído pelo Tratado de Tordesilhas. Os holandeses defenderam o “mare
liberum” e graças aos argumentos de Hugo Grotius conseguiram acabar com o exclusivo da
navegação transoceânica de Portugal e Espanha.
A recusa do absolutismo na sociedade inglesa: desde cedo que o poder dos reis em
Inglaterra foi limitado pelos seus súbditos. Remonta ao século XIII a Magna Carta, diploma
que viria a estar na base do Parlamento.
No século XVII, o absolutismo impôs-se na Europa. Também em Inglaterra houve
tentativas para seguir o mesmo caminho político. Tal atitude gerou conflitos e tensões: em
1628, Carlos I foi obrigado a aceitar a Petição dos Direitos, documento que o impedia de
lançar impostos de sua única vontade e de ordenar prisões arbitrárias. Dissolveu o Parlamento
e iniciou um governo absolutista. Em 1649 foi condenado à morte, sob influência de
Cromwell. A monarquia foi abolida.
Unidade 3 – Triunfo dos Estados e dinâmicas económicas nos séculos XVII e XVIII
Nos séculos XVII e XVIII, o comércio vai assumir, para as principais nações europeias,
um papel fundamental. Portugal, Espanha, França, Inglaterra e Holanda dominavam as
grandes rotas do comércio intercontinental, que gerava grandes lucros. Investir no comércio
passou a ser uma prioridade – capitalismo comercial.
Para os mercantilistas o objetivo máximo era atingir uma balança comercial positiva,
em que o valor das importações fosse menor que o valor das exportações.
Trata-se de uma teoria económica protecionista, uma vez que são tomadas medidas
para proteger a produção nacional da concorrência estrangeira. Por exemplo, aumentando as
taxas alfandegárias (impostos) sobre os produtos estrangeiros para ficarem mais caros (deste
modo muitas pessoas começariam a optar pelo produto nacional). Outra forma era proibir
mesmo a importação de certos artigos (leis pragmáticas).
O mercantilismo em França: foi adotado no século XVII, no reinado de Luís XIV, pelo seu
ministro Colbert. Principais medidas adotadas:
- Criação de manufaturas (fábricas em que o trabalho era manual), uma vez que os artigos
industriais eram os mais caros (evitar a sua importação e, eventualmente, exportá-los);
A disputa das áreas coloniais: nos séculos XVII e XVIII vão-se multiplicar os conflitos
entre as principais potências económicas europeias. Por detrás da maior parte desses
conflitos, estão as rivalidades e as lutas pela posse de colónias. Estas eram fundamentais para
a economia dos países europeus – forneciam produtos e matérias-primas a baixo custo e
eram bons mercados para os europeus exportarem os seus produtos.
O principal conflito desta época decorreu entre 1756-17563 (Guerra dos Sete Anos).
No final, a Inglaterra foi a grande vencedora, reforçando o seu poder colonial na América do
Norte, tornando-se a maior potência económica e colonial da Europa.
- os avanços tecnológicos.
Para que tudo isto fosse possível, foi fundamental James Watt e a criação da máquina
a vapor. Pela 1ª vez na História da humanidade, o Homem conseguia criar uma energia
artificial, uma força mecânica para colocar em funcionamento as máquinas que eram
inventadas.
Foi no reinado de D. Pedro II, que o seu ministro Conde da Ericeira, vai tomar medidas
muito semelhantes às de Colbert: criação de manufaturas, as quais eram protegidas, dados
privilégios (isenção de impostos) e subsídios; contrataram-se técnicos estrangeiros; tomaram-
se medidas para proteger os produtos nacionais da concorrência estrangeira (aumento das
taxas alfandegárias para ficarem mais caros e publicação de leis pragmáticas). Estas também
tinham por objetivo evitar o luxo excessivo, que pesava muito no défice da balança comercial.
No final do século XVII e inícios do século XVIII, um conjunto de fatores veio fazer com
que o esforço industrializador do país tivesse fracassado: as exportações começam
novamente a aumentar ligeiramente, mas outros fatores mais decisivos explicam esse
fracasso: finalmente descobriu-se ouro no Brasil. Durante décadas, iriam chegar a Portugal
toneladas de ouro. O país enriqueceu, mas isso teve um efeito negativo na economia: podia-
se ter aproveitado esse ouro para estimular a produção agrícola, industrial e o comércio. Em
vez disso, desinvestiu-se. As manufaturas entretanto criadas foram abandonadas e expostas à
concorrência estrangeira.
Mas, o saldo de tudo isto para a economia portuguesa foi negativo: aumentou
consideravelmente o défice da balança comercial. Portugal recorria sobretudo ao mercado
inglês, do qual estava cada vez mais dependente. Muito do ouro era para pagar as
importações, ajudando, assim, a enriquecer os outros países (“Portugal…nadando em
ouro….viu-se pobre, quando lhe foi preciso entregar este mesmo ouro à Inglaterra…”).
Com estas medidas, finalmente víamos a burguesia nacional a ter um papel relevante
no comércio e a ver valorizada a sua função.
Vai ser a adoção de um novo método, o experimental ou indutivo, que vai permitir
uma verdadeira revolução na ciência: coube ao filósofo inglês Francis Bacon, a primeira
definição das etapas desse método, que considerou a única forma de atingir a verdade –
observar factos – formular hipóteses explicativas – fazer experiências repetidamente –
determinar a lei ou teoria científica.
O século XVIII ficou conhecido como o “século das luzes”, considerando-se que a felicidade
dos homens seria conseguida através da Razão, uma “luz” que guiaria a humanidade, tirando-
a da “escuridão” (ignorância). Iluminismo foi o nome dado a esta corrente de pensamento,
sustentada na ideia que o uso da Razão contribuiria para o progresso da ciência, para a
construção de uma sociedade mais justa.
A obra mais importante deste século foi a Enciclopédia, dirigida por D`Alembert e Diderot,
obra que reunia o conhecimento produzido até então.
Esta ideia do contrato social alterou a posição do indivíduo na política: deixou de ser visto
como um mero súbdito, que tinha a obrigação de obedecer, para passar a ser encarado como
um cidadão, com direitos e com poder de intervir na política.
As ideias iluministas eram divulgadas através de livros, jornais, panfletos, folhas avulsas,
associações e clubes culturais, salões, cafés (ponto de encontro de intelectuais e artistas) e da
maçonaria (sociedade secreta). As ideias iluministas foram combatidas pela Igreja Católica,
que tentou reprimir, julgar e condenar os seus defensores.
Em Portugal, na 2ª metade do século XVIII, foi o rei D. José I, quem personificou este tipo
de regime, apoiado pela ação do também “iluminado” Marquês de Pombal. Este vai
empreender uma profunda reestruturação do aparelho de Estado, reforçando a sua
autoridade.
Deste modo, Pombal levou a cabo várias reformas que visavam tornar o aparelho de
Estado mais moderno e racional: reestruturou a cobrança de impostos, através da criação do
Erário Régio; criou a Intendência Geral da Polícia e eliminou alguns privilégios senhoriais do
clero e da nobreza.
O clero foi um dos principais alvos de Pombal: expulsou os jesuítas do país (controlavam o
ensino), criou a Real Mesa Censória (substituía o papel do Índex).
No dia 1 de novembro de 1755, Lisboa foi assolada por um violento terramoto, que
destruiu grande parte da cidade, principalmente a zona ribeirinha (junto ao Tejo). Na
reconstrução da cidade, ficou bem patente a mentalidade pragmática e o pensamento
iluminista de Pombal: antes de construir, toda a zona destruída foi projetada, tendo sido
elaborado um rigoroso plano. Este, obedecia a uma geometria rigorosa, numa planta regular,
com ruas largas, retilíneas e perpendiculares umas às outras, edifícios iguais, tudo baseado na
Razão. Também foi construído um sistema antissísmico, conhecido por “gaiola”.
Outra área de atuação foi o ensino: era reconhecido o atraso do ensino em Portugal,
principalmente denunciado pelos estrangeirados (portugueses que tinham viajado,
trabalhado ou estudado em outros países). Pombal, dando razão a esses estrangeirados, vai
reformar todo o ensino em Portugal, para o tornar mais prático, assente na observação e
experiência, menos religioso e teórico.
Fundou o Real Colégio dos Nobres (para dar formação aos filhos dos nobres), apostou na
formação de professores, criou mais escolas… Ou seja, diminuir a influência da Igreja Católica
no ensino, colocando o Estado com um papel mais ativo (laicização do ensino).
Módulo 5 - O Liberalismo- ideologia e revolução, modelos e práticas nos séculos XVIII e XIX
- Com o fim da Guerra dos Sete Anos, as colónias esperavam poder expandir-se para
os antigos territórios franceses no oeste, mas tal não sucedeu: os ingleses reservaram esses
territórios para os índios, o que desagradou às colónias.
- A Inglaterra decretou um imposto de selo que tinha que ser pago pelas colónias. Esse
imposto recaía sobre todas as publicações e documentos legais.
- A tensão foi agravada com o exclusivo colonial: os produtos das colónias só podiam
ser exportados para a Inglaterra ou outras colónias britânicas e os colonos só podiam importar
através da metrópole.
Face a esta situação, os ingleses recuaram nos impostos aplicados aos produtos,
exceto no caso do chá. Para aumentar o descontentamento, foi dado à Companhia das Índias o
monopólio da revenda desse produto por toda a América do norte.
Os antecedentes da revolução:
A vida faustosa da corte francesa, escondia uma profunda e grave crise económica e
financeira, que agravava a tensão social. A produção agrícola e industrial da França desceu
bastante na segunda metade do século XVIII, fazendo aumentar o preço de bens essenciais.
Os maus anos agrícolas foram agravados por invernos rigorosos, que destruíram muitas
colheitas.
Para além desta grave crise económica, a França enfrentava um défice crónico das
finanças públicas, uma vez que as receitas do Estado com a arrecadação de impostos não
chegavam para fazer face às despesas. As enormes quantias gastas pela Corte de forma
supérflua, as despesas com as guerras (Guerra dos Sete Anos e o apoio à revolução liberal
americana) e o pagamento de empréstimos, faziam disparar o défice.
A ação de Luís XVI: subiu ao trono em 1774. O ministro das finanças, Turgot,
promoveu a igualdade de pagamento da corveia (trabalhos gratuitos para o Estado),
estendendo essa obrigação aos privilegiados. Naturalmente, as ordens privilegiadas
conseguiram com que fosse demitido… Vários outros ministros procuraram acabar com alguns
privilégios de isenção fiscal que duravam há séculos, tudo acabando por ser boicotado por
clero e nobreza, que dominavam as instituições políticas.
Neste contexto de forte agitação e descontentamento social, Luís XVI convocou todas
as ordens sociais para os Estados Gerais, assembleia que já não reunia há mais de 150 anos,
com o objetivo de se definirem soluções para a situação de crise que se vivia (5 de maio de
1789).
O Terceiro Estado reivindicou que o método de votação deveria ser um voto por
cabeça e não, como era normal, um voto por ordem social, situação que beneficiava clero e
nobreza. Contudo, a maioria dos deputados do clero e da nobreza não aceitou esta exigência e
o rei não conseguiu gerir a situação. Iria ser o início da revolução liberal.
2ª Fase – Convenção: depois de ter sido acusado de traição, Luís XVI é preso e acabou por ser
condenado à morte em janeiro de 1793. Era abolida a Monarquia e implantava-se a
República. A Convenção (Assembleia) passou a ser dominada pelos mais radicais
(Montanheses, oriundos do grupo dos Jacobinos). Os Girondinos eram os mais moderados.
Nesta fase o povo toma as rédeas da revolução (os sans-cullotes), reclamando mais
participação política através do sufrágio universal.
A violência foi legalizada, era a fase da guilhotina, que matou milhares de opositores da
revolução. Era a fase do Terror, destacando-se a figura de Robespierre, que acabou na
guilhotina em julho de 1794.
1. Antecedentes e conjuntura
Portugal insere-se na primeira vaga de revoluções liberais que assolou a Europa, logo no
início do século XIX. O nosso país apresentava características políticas, económicas e sociais
típicas do Antigo Regime: monarquia absoluta, uma sociedade estratificada e hierarquizada
com predomínio do clero e da nobreza e uma economia assente no comércio colonial e numa
agricultura com grande atraso técnico e com baixos níveis de produtividade.
Apesar das dificuldades, as ideias liberais iam, aos poucos, chegando a Portugal, por via
dos exiliados franceses ou dos estrangeirados portugueses. Muitos aliaram-se à Maçonaria
(sociedade secreta).
A 1ª invasão foi comandada pelo general Junot, que entrou sem grande resistência em
Lisboa. A ajuda dos ingleses foi fundamental para a invasão ter sido repelida.
A 2ª invasão afetou a região noroeste do país e foi comandada pelo marechal Soult. O
episódio mais marcante desta invasão foi o desastre da Ponte das Barcas.
A 3ª invasão foi comandada pelo marechal Massena, que não conseguiu alcançar Lisboa,
detido nas linhas fortificadas de Torres Vedras e pela ação do general inglês Wellington.
Os franceses foram expulsos mas a situação do país era caótica: populações e povoações
dizimadas pela guerra, campos e manufaturas destruídos (o que afetou ainda mais a fraca
produção) … A ausência do rei também preocupava: os ingleses mantinham-se por cá, a
ocupar os principais cargos na administração e no exército, o que desagradou aos
portugueses. Portugal parecia uma colónia britânica.
A situação económica do país agravou-se quando, em 1808, o rei decidiu abrir os portos
brasileiros ao comércio com todas as nações. Deste modo, Portugal perdia o exclusivo do
comércio com a sua colónia, perdeu muitos negócios, o que desagradou principalmente à
burguesia nacional.
Foi este descontentamento que fez crescer, sobretudo entre a burguesia, o sentimento de
revolta que conduziu a uma tentativa revolucionária em 1817, quando a Maçonaria levou a
cabo uma conspiração contra Beresford, organizada por Gomes Freire de Andrade. A
descoberta do movimento e a confirmação do envolvimento da Maçonaria, desencadeou uma
forte perseguição aos implicados, culminando com a sua condenação à morte. Esta repressão
violenta aumentou o descontentamento dos opositores à regência inglesa.
Foi aprovada em setembro de 1822. A sua preparação ficou marcada pela discussão
entre uma ala liberal mais moderada (que respeitava a autoridade do rei e influenciada por
ideais católicos) e a ala mais radical (adepta de reformas profundas). No final, a Constituição
aprovada era de cariz radical, uma vez que significava um corte profundo com o passado.
O mal-estar provocado pela ausência do rei, fez com que as Cortes exigissem o imediato
regresso de D. João VI a Portugal, o que se concretizou em julho de 1821. Para além disso, os
liberais pretendiam que o Brasil voltasse à efetiva condição de colónia, retirando-lhe os
privilégios e as liberdades entretanto concedidas.
Não foi fácil para os revolucionários impor as suas ideias. Para isso contribuíam alguns
fatores:
A morte de D. João VI, em 1826, deixou o reino com um problema na sua sucessão: o
legítimo herdeiro era D. Pedro, entretanto imperador do Brasil, acusado de ter, por isso, traído
a pátria. A alternativa era D. Miguel, mas este, como já vimos, era adepto do absolutismo e
não era bem visto pelos liberais.
A solução foi encontrada por D. Pedro: abdicou do trono português em favor da sua filha,
D. Maria da Glória. Esta casaria com o tio, D. Miguel. Este assumiria a regência do país até D.
Maria atingir a maioridade. D. Pedro outorgou ainda um novo texto constitucional, que teria
que ser jurada pelo irmão.
Esta nova Constituição representava uma tentativa de conciliar os interesses dos liberais
mais radicais com os dos liberais mais moderados e até dos mais conservadores (muitos
destes adeptos do Antigo Regime). Assim, manteve a soberania da Nação e o rei recuperou
poderes, fortemente diminuídos na 1ª Constituição.
- para agradar aos conservadores, dividiu as Cortes em duas câmaras: a Câmara dos
Deputados (eleitos temporariamente) e a Câmara dos Pares (composta por membros
nomeados pelo rei, vitalícia e hereditariamente, sem número fixo).
Conseguiu apoios dos liberais ingleses e franceses e de muitos liberais refugiados na ilha
Terceira, nos Açores. Em julho de 1832, as tropas liberais desembarcaram no Mindelo (Porto),
quase sem resistência, pois os miguelistas estavam sobretudo concentrados em Lisboa.
Um dos episódios mais marcantes desta guerra civil foi o cerco do Porto, que durou vários
meses e que quase significou a derrota dos liberais.
A guerra terminou com a vitória dos liberais. A paz foi assinada na Convenção de Évora-
Monte. O liberalismo triunfou definitivamente, mas até meados do século XIX, as lutas entre
vintistas e cartistas iriam marcar a evolução política do país.
A ação política dos primeiros governos cartistas foi marcada pela obra legislativa de
Mouzinho da Silveira, ministro da Fazenda e da Justiça, entre 1832-33. Intransigente defensor
da Carta Constitucional, tinha como principal objetivo remediar a ineficácia da legislação
vintista e acabar, de vez, com as estruturas do Antigo Regime.
A nível socioeconómico, pautou a sua ação pelo combate aos privilégios e obrigações
feudais, que persistiam há vários séculos. Deste modo, libertou a terra, extinguindo os
morgados (herança só para o filho varão), extinguiu a dízima paga à Igreja. Liberalizou o
comércio, suprimindo portagens e outras obrigações que emperravam os negócios,
reorganizou as Alfândegas, reduziu os encargos sobre as exportações, acabou com os
privilégios da Companhia dos Vinhos do Alto Douro…
Administrativamente, empreendeu uma profunda reestruturação na Administração
Pública, para a modernizar, dividindo o país em comarcas, províncias e concelhos. Na justiça,
acabou as “justiças locais” e criou o Supremo Tribunal de Justiça.
Nas finanças, acabou com as tributações do clero e nobreza nos seus domínios, instituindo
um sistema nacional de cobrança de impostos.
- O Estado, neutro, assume-se como um Estado laico, sem religião oficial, separando o
poder político e o espiritual.
O liberalismo económico
Esta teoria económica está relacionada com o triunfo das revoluções liberais dos
séculos XVIII e XIX, que foi feita pela classe burguesa (detentora de propriedade e de capital
para investir)
Os defensores do liberalismo afirmam que todos podem alcançar o mais alto nível de
prosperidade de acordo com as suas potencialidades e conhecimentos.
Assim, surgem também novas indústrias, com destaque para a indústria química, que
produzia corantes artificiais, medicamentos, adubos… A siderurgia (fornecedora de máquinas,
carris,…) tornou-se na indústria de ponta da 2ª revolução industrial.
Se o vapor tinha sido a energia do arranque da revolução industrial, no século XIX vão
começar a ser usadas novas energias – o petróleo e a eletricidade. No entanto, durante as
décadas que se seguiram, o vapor continuaria a ser a energia mais utilizada.
A racionalização do trabalho
Foi Taylor quem publicou uma obra na qual expõe o seu método para otimizar o
rendimento numa fábrica (taylorismo) – assentava na divisão máxima do trabalho, em que
cada operário executava uma tarefa simples, repetida, devendo ser feita num tempo mínimo
– o cronómetro entrava na fábrica.
Foi Henry Ford, o empresário que nas suas fábricas pôs em prática este método de fabrico
(Fordismo), introduzindo a linha de montagem. Tapetes rolantes faziam chegar as peças até
aos operários, para evitar que estes se deslocassem. O tempo de montagem do Ford T passou
de 12 horas para uma hora e meia e o seu preço baixou significativamente.
Este método foi alvo de muitas críticas, principalmente por ter transformado o operário
num autómato, escravo de uma cadeia de máquinas.
A geografia da industrialização
Tenho começado na Inglaterra, em meados do século XVIII, a revolução industrial vai-
se expandir para outras regiões no século XIX.
A França, país muito agrícola, teve um crescimento industrial contínuo mas mais lento.
Possuía menos minas de carvão, o que a colocava em desvantagem face às grandes potências
Inglaterra e Alemanha. Destacou-se nos setores automóvel, eletricidade, cinema e construção.
Os EUA: país com abundantes recursos naturais. Começou por desenvolver os têxteis.
Depois, o grande motor de desenvolvimento foi o siderúrgico, seguido da indústria automóvel.
No início do século XX, os EUA já estavam na liderança industrial a nível mundial.
O livre-cambismo:
Muitas cidades cresceram a um ritmo demasiado veloz, o que também fez aumentar os
problemas, pois não estavam preparadas para receber tanta população: faltava habitação
condigna, muitos não encontravam emprego, aumento da fome e da miséria. Proliferação de
doenças e epidemias devido à pouca higiene, prostituição, mendicidade, alcoolismo e
criminalidade faziam parte do quotidiano citadino.
Migrações internas e emigração: sobretudo na 2ª metade do século XIX, foram várias as
correntes migratórias, com destaque para o êxodo rural e para a emigração. A Europa foi o
continente mais ativo neste âmbito, com milhões de pessoas a deslocarem-se para outros
países ou para outros continentes. Os maiores contingentes dirigiram-se para a América do
Norte.
A sociedade oitocentista
Irá surgir uma sociedade de classes, em que o critério para se ascender deixa de ser o
nascimento e passa a ser a capacidade de gerar riqueza. Assim, a mobilidade social será
muito maior: nascer numa família abastada pode não significar estar no topo da sociedade
para sempre e o contrário também pode acontecer.
Eram dois os grandes grupos sociais ou classes em que se dividia a sociedade oitocentista:
a burguesia e o proletariado. Este era constituído pela massa de trabalhadores (o termo
proletariado refere-se principalmente aos operários). A burguesia era uma classe mais
heterogénea, dependendo do estatuto económico.
Foi na Inglaterra, no século XIX, que surgiram as primeiras associações sindicais, as Trade-
Unions. O recurso à greve começou a ser uma “arma” utilizada para conseguir obter melhorias
das condições de trabalho. Ao longo do século XIX, começou a surgir legislação, em alguns
países, que veio melhorar a situação do proletariado, por exemplo: regulamentação do
trabalho infantil, redução do horário de trabalho, repouso semanal, indemnizações em caso de
acidente de trabalho, reconhecimento dos sindicatos…
A sociedade gerada no século XIX, em que a posse de capital era fundamental para a
ascensão social, não acabou com as desigualdades. Deste modo, muitos pensadores vão
começar a insurgir-se contra a sociedade capitalista, chamando a atenção para a situação
miserável dos trabalhadores, sujeitos a duras condições, sendo explorados pelos patrões que
acumulavam cada vez mais lucros. São os chamados pensadores socialistas.
O socialismo utópico: recusa a violência, defendendo a formação de cooperativas de
produção, acabando-se com a propriedade privada. O mais radical foi Proudhon que defendia
que o Estado era desnecessário, onde todos trabalhariam para todos, dividindo
igualitariamente os lucros, originando uma sociedade sem classes (socialista/comunista). São
designados de utópicos uma vez que defendem propostas irrealizáveis.
É nesta época que surge outra corrente socialista, o revisionismo, que apela ao
entendimento entre capitalistas e trabalhadores, sem o recurso à revolução.
Nestes grandes impérios havia muitas nações que estavam subjugadas a um só Estado que
as governava (por exemplo, do Império Austro-Húngaro havia os croatas, os sérvios, os
bósnios, eslovacos, checos…). Muitos destes povos ansiavam libertar-se, para se tornarem
estados independentes.
Também havia nações que não estavam unidas, que vão proceder a processos de
unificação: a Itália (sob o impulso de Garibaldi e de Vítor Emanuel II) e a Alemanha
(destacando-se a figura de Bismark).
Imperialismo e colonialismo
Nesta época, vai-se assistir a uma corrida à posse de colónias por parte das grandes
potências europeias (França, Inglaterra e Alemanha), sobretudo por motivos económicos: ter
acesso a regiões ricas em produtos e matérias-primas, conquistar mercados para exportar os
seus produtos e investir capitais nesses territórios.
Entretanto, antevendo-se que poderia eclodir um grande conflito armado, alguns países
europeus estabeleceram alianças militares, prometendo auxílio em caso de ataque. Assim, em
1882, surgiu a Tríplice Aliança (Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália); em 1907, surgiu
a Tríplice Entente (França, Inglaterra e Rússia).
No início do século XX, devido à forte aposta no reforço militar e no armamento dos
principais países, vivia-se um clima de “paz armada”.
A partir de 1851, com o fim do governo de Costa Cabral, iniciou-se uma nova etapa
política no nosso país – a Regeneração. O objetivo era a estabilidade política e social, bem
como o progresso e desenvolvimento económico do país.
Começou por se fazer uma revisão da Carta Constitucional, que alargou o sufrágio e
assegurou-se o rotativismo político, ou seja, a alternância no poder dos 2 principais partidos: O
Regenerador e o Progressista.
Livre-cambismo ou protecionismo?
A agricultura durante a Regeneração: atividade que mais beneficiou com a política livre-
cambista e com a dinamização dos transportes. Por outro lado, aboliram.se definitivamente os
morgadios (extinção iniciada com Mouzinho da Silveira).
A indústria: também teve um crescimento durante a Regeneração. Para além dos setores
mais tradicionais (têxteis, metalurgia, cerâmica e vidro), surgiram novas indústrias: tabaco,
papel, corticeira, conservas…
Foi por esta altura que a indústria portuguesa teve uma maior incremento:
A contestação à monarquia
No entanto, a classe política era cada vez mais contestada, acusada de só defender os
seus interesses pessoais e não os do país. O rei, que nomeava o governo, começava a ser
acusado de ser o principal responsável pelos males que assolavam Portugal.
Em 1876 foi fundado o Partido Republicano que, aos poucos, aproveitou a crise
económica e financeira para ganhar adeptos, fazendo propaganda contra os governos
monárquicos. Nos atos eleitorais, o Partido Republicano ia ganhando cada vez mais votos.
Outro fator que fez aumentar a contestação à monarquia foi a questão do mapa cor-
de-rosa: o projeto português de unir Angola a Moçambique chocava com os interesses ingleses
de unir, com a construção de uma ferrovia, o Cairo ao Cabo. Foi neste contexto que, em 1890,
foi feito a Portugal um Ultimato, exigindo os ingleses a retirada das forças portuguesas que
ocupavam os territórios pretendidos. D. Carlos cedeu às pretensões britânicas. A população
acusou-o de cobardia e de não ter protegido os interesses nacionais, causando a humilhação
do país. Crescia, assim, a contestação ao rei.
Foi neste contexto que, no dia 31 de janeiro de 1891, uma revolta tentou derrubar a
monarquia, no Porto. Mal organizada, esta revolta acabou por fracassar.
Com a contestação a aumentar, D. Carlos vai optar por uma maior intervenção na vida
política. Em 1906, nomeou para o governo João Franco. Este acabou por dissolver o
Parlamento e governar em ditadura, o que desagradou a uma faixa importante da população.
Muitos republicanos foram perseguidos.
No dia 1 de fevereiro de 1908, o rei D. Carlos e o príncipe herdeiro, Luís Filipe, foram
assassinados. O regicídio colocou no trono D. Manuel II, que viria ser o último rei de Portugal.
No dia 5 de outubro de 1910, uma revolta colocou fim a vários séculos de monarquia,
sendo implantada a República – regime em que todos os governantes são eleitos, por um
tempo limitado.
A 1ª República
Foi constituído um governo provisório liderado por Teófilo Braga. Em 1911 foi
aprovada a 1ª Constituição Republicana. Manuel de Arriaga foi eleito Presidente da
República.
Os caminhos da cultura
No século XIX registram-se imensos progressos nas ditas “ciências exatas” (Química,
Física, Matemática…) e começaram a surgir as chamadas ciências sociais (Sociologia, História,
Psicologia, Geografia…).
A arte e a literatura:
Gaudi foi um dos mais destacados arquitetos deste estilo, com inúmeras obras na
cidade de Barcelona.
O dinamismo cultural em Portugal no último terço do século XIX: