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CAPÍTULO IV – FORMAÇÃO DE CARLOS E INTEGRAÇÃO NA VIDA LISBOETA

CAPÍTULO V – SERÕES NO RAMALHETE

 Em Coimbra, Carlos da Maia forma-se em medicina, começando já a revelar-se a sua tendência para o luxo e para o diletantismo (sonhos
e projetos utópicos nunca realizados). Aqui nasce a sua amizade por João da Ega, que o acompanhará ao longo da vida. Após o fim do
curso, depois de realizar uma viagem de um ano pela Europa, trazendo planos grandiosos de pesquisas e curas médicas, instala-se no
Ramalhete com o avô e em Lisboa abriu um consultório e montou um laboratório decorados com luxo.
 Termina neste ponto a analepse, iniciada no primeiro capítulo e que nos dá conta dos acontecimentos anteriores ao outono de 1875
«A casa, depois de arranjada, ficou vazia enquanto Carlos, já formado, fazia uma longa viagem pela Europa; - e foi só nas vésperas da
sua chegada, nesse lindo Outono de 1875, que Afonso se resolveu enfim a deixar Santa Olávia e vir instalar-se no Ramalhete». (pág.10)
 Apesar do entusiasmo e das boas intenções, Carlos ver-se-á sem qualquer ocupação e o jovem médico «um belo cavaleiro da
Renascença», beleza que o aproxima da sua mãe, apesar de possuir os olhos negros dos Maias, foi-se entregando à ociosidade e à
inatividade pois, em Portugal, a medicina não era vista como uma profissão a exercer por um aristocrata da sua estirpe. Ega visitava-o,
dando conta do seu romance com a mulher do banqueiro Cohen – crítica ao adultério. Comentam o estado de Portugal e o seu atraso pelo
facto de importar modelos do estrangeiro.
 No espaço social do Ramalhete convivem parasitas que nada produzem e tudo consomem, gastando o tempo na ociosidade, simbolizada
no jogo. Eusebiozinho é alvo de troça, castigo da sua educação. Steinbroken, um embaixador inócuo, que canta nas soirées. Os homens
jogavam bilhar e Cruges, maestro, tocava piano, uma personagem sem génio criativo que se deixa esmagar por um meio obsoleto.
 O laboratório de Carlos estava quase pronto, mas o jovem clínico não se ocupava dele devido aos seus cavalos, ao seu luxo e ao seu
bricabraque (Bricabraque do francês bric-à-brac, às vezes chamado brique-a-braque ou apenas brique, refere-se a coleções de diversos e
velhos objetos de artesanato ou arte, tais como antiguidades, bijuterias, móveis, vestuários). Carlos conhece Craft, um negociante e
colecionador de obras de arte, marcado pelo diletantismo e desocupação, facto que o aproximará de Carlos pela sua forma de estar na
sociedade.
 Carlos acaba por ser absolvido por uma vida social e amorosa que levará ao fracasso das suas capacidades e à perda das suas
motivações. Conhece a condessa de Gouvarinho no teatro de São Carlos e entrega-se ao prazer sensual do qual se entedia. A sua
verdadeira paixão nascerá em relação a Maria Eduarda que ele vê pela primeira vez em frente ao Hotel Central, comparando-a a
uma deusa e que jamais esquecerá. (capítulo VI)
 Com efeito se Carlos da Maia é um diletante que se interessa por inúmeras coisas (medicina, literatura, cavalos, armas,
bricabraque), a verdade é que Carlos se transforma numa vítima de dois fatores determinantes da sua conduta: a hereditariedade
(beleza física e gosto exagerado pelo luxo) e o meio em que se insere, apesar do programa educacional à inglesa e da sua cultura,
Carlos será absorvido pela inércia do país e pela consciência do absurdo e do vazio. De facto, a ociosidade crónica dos portugueses
acabaria por o contagiar, levando-o a viver para a satisfação do prazer e dos sentidos e a renunciar ao trabalho e às ideias
pragmáticas que o dominavam, aquando da sua chegada a Lisboa, acabando por assumir que falhara na vida (último capítulo).
Carlos simboliza, afinal, a incapacidade de regeneração do país a que se propusera a própria Geração de 70*.

CAPÍTULO IV – FORMAÇÃO DE CARLOS E INTEGRAÇÃO NA VIDA LISBOETA


CAPÍTULO V – SERÕES NO RAMALHETE

 Em Coimbra, Carlos da Maia forma-se em medicina, começando já a revelar-se a sua tendência para o luxo e para o diletantismo (sonhos
e projetos utópicos nunca realizados). Aqui nasce a sua amizade por João da Ega, que o acompanhará ao longo da vida. Após o fim do
curso, depois de realizar uma viagem de um ano pela Europa, trazendo planos grandiosos de pesquisas e curas médicas, instala-se no
Ramalhete com o avô e em Lisboa abriu um consultório e montou um laboratório decorados com luxo.
 Termina neste ponto a analepse, iniciada no primeiro capítulo e que nos dá conta dos acontecimentos anteriores ao outono de 1875
«A casa, depois de arranjada, ficou vazia enquanto Carlos, já formado, fazia uma longa viagem pela Europa; - e foi só nas vésperas da
sua chegada, nesse lindo Outono de 1875, que Afonso se resolveu enfim a deixar Santa Olávia e vir instalar-se no Ramalhete». (pág.10)
 Apesar do entusiasmo e das boas intenções, Carlos ver-se-á sem qualquer ocupação e o jovem médico «um belo cavaleiro da
Renascença», beleza que o aproxima da sua mãe, apesar de possuir os olhos negros dos Maias, foi-se entregando à ociosidade e à
inatividade pois, em Portugal, a medicina não era vista como uma profissão a exercer por um aristocrata da sua estirpe. Ega visitava-o,
dando conta do seu romance com a mulher do banqueiro Cohen – crítica ao adultério. Comentam o estado de Portugal e o seu atraso pelo
facto de importar modelos do estrangeiro.
 No espaço social do Ramalhete convivem parasitas que nada produzem e tudo consomem, gastando o tempo na ociosidade, simbolizada
no jogo. Eusebiozinho é alvo de troça, castigo da sua educação. Steinbroken, um embaixador inócuo, que canta nas soirées. Os homens
jogavam bilhar e Cruges, maestro, tocava piano, uma personagem sem génio criativo que se deixa esmagar por um meio obsoleto.
 O laboratório de Carlos estava quase pronto, mas o jovem clínico não se ocupava dele devido aos seus cavalos, ao seu luxo e ao seu
bricabraque (Bricabraque do francês bric-à-brac, às vezes chamado brique-a-braque ou apenas brique, refere-se a coleções de diversos e
velhos objetos de artesanato ou arte, tais como antiguidades, bijuterias, móveis, vestuários). Carlos conhece Craft, um negociante e
colecionador de obras de arte, marcado pelo diletantismo e desocupação, facto que o aproximará de Carlos pela sua forma de estar na
sociedade.
 Carlos acaba por ser absolvido por uma vida social e amorosa que levará ao fracasso das suas capacidades e à perda das suas
motivações. Conhece a condessa de Gouvarinho no teatro de São Carlos e entrega-se ao prazer sensual do qual se entedia. A sua
verdadeira paixão nascerá em relação a Maria Eduarda que ele vê pela primeira vez em frente ao Hotel Central, comparando-a a
uma deusa e que jamais esquecerá. (capítulo VI)
 Com efeito se Carlos da Maia é um diletante que se interessa por inúmeras coisas (medicina, literatura, cavalos, armas,
bricabraque), a verdade é que Carlos se transforma numa vítima de dois fatores determinantes da sua conduta: a hereditariedade
(beleza física e gosto exagerado pelo luxo) e o meio em que se insere, apesar do programa educacional à inglesa e da sua cultura,
Carlos será absorvido pela inércia do país e pela consciência do absurdo e do vazio. De facto, a ociosidade crónica dos portugueses
acabaria por o contagiar, levando-o a viver para a satisfação do prazer e dos sentidos e a renunciar ao trabalho e às ideias
pragmáticas que o dominavam, aquando da sua chegada a Lisboa, acabando por assumir que falhara na vida (último capítulo).
Carlos simboliza, afinal, a incapacidade de regeneração do país a que se propusera a própria Geração de 70*.
CAPÍTULO IV – FORMAÇÃO DE CARLOS E INTEGRAÇÃO NA VIDA LISBOETA
CAPÍTULO V – SERÕES NO RAMALHETE

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