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República Democrática de São Tomé e Príncipe

ESTUDO DAS ÁREAS TEMÁTICAS NO “DOMÍNIO PRIORITÁRIO 1 –


CRIAÇÃO DE EMPREGO” – INDÚSTRIAS CULTURAIS E CRIATIVAS

RELATÓRIO PRELIMINAR
ÍNDICE DE CONTEÚDOS
Pag.
SUMÁRIO EXECUTIVO 5
I PARTE – ENQUADRAMENTO E CONTEXTOS 10
1. ENQUADRAMENTO DO ESTUDO 10
2. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO PAÍS 10
3. CONTEXTO DO EMPREGO E DAS QUALIFICAÇÕES PROFISSIONAIS 11
3.1. As políticas de emprego e de formação profissional 11
3.1.1. Enquadramento geral 11
3.1.2. Orientações estratégicas 12
3.2. As qualificações profissionais 13
4. CONTEXTO DA CULTURA 13
4.1. A política cultural 13
4.1.1. Enquadramento 13
4.1.2. Princípios 14
4.1.3. Objetivos e estratégia 14
4.1.4. Domínios de intervenção 14
4.1.5. Mecanismos de financiamento 15
5. O CONTEXTO DA ECONOMIA E DO TURISMO 15
II PARTE – AS INDÚSTRIAS CULTURAIS E CRIATIVAS 17
6. CONCEITOS, MODELOS E CLASSIFICAÇÕES 17
6.1. Origens, conceito, âmbito e delimitação 17
6.2. Modelos e características estruturais 18
6.3. Tutela e peso das atividades económicas 20
6.4. Comparação entre países 21
7. BOAS PRÁTICAS INTERNACIONAIS 21
8. PANORAMA GLOBAL DAS INDÚSTRIAS CULTURAIS E CRIATIVAS NO PAÍS 22
III PARTE – ANÁLISE AO SETOR EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE 26
9. IDENTIFICAÇÃO E MAPEAMENTO DAS INDÚSTRIAS NO PAÍS 26
9.1. Identificação e mapeamento 26
9.1.1. Artes cénicas 26
9.1.2. Artes visuais 27
9.1.3. Audiovisuais 28
9.1.4. Editoras e médias impressas 28
9.1.5. Design 29
9.1.6. Património cultural 29
9.1.7. Multimédia e serviços criativos 31
10. FATORES IMPACTANTES NAS INDÚSTRIAS CULTURAIS E CRIATIVAS 32
10.1. Fatores políticos 32
10.2. Fatores económicos 32
10.3. Fatores sociais 32
10.4. Fatores tecnológicos 33
10.5. Fatores legais 33
10.6. Fatores ambientais 33

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11. EMPREGO E EMPREENDEDORISMO 33
11.1. Oportunidades de criação de emprego 33
11.2. Formação profissional e ensino técnico profissional 34
11.3. Papel do empreendedorismo no setor 34
11.4. Instituições de microcrédito 35
12. AMBIENTE DE NEGÓCIOS 35
13. OPORTUNIDADES, AMEAÇAS, POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES 36
13.1. Oportunidades 36
13.2. Ameaças 37
13.3. Potencialidades 37
13.4. Limitações 38
IV PARTE – CENÁRIOS, ÁREAS PRIORITÁRIAS E AÇÕES RELEVANTES 39
14. PERPETIVAS DE EVOLUÇÃO DO SETOR, ÁREAS PRIORITÁRIAS, POLÍTICAS E 39
EIXOS RELEVANTES A EMPREENDER
14.1. Evolução 39
14.2. Formulação estratégica 41
14.2.1. Visão e Missão 41
14.2.2. Estratégias alternativas e complementares 42
14.3. Áreas prioritárias 43
14.4. Políticas e eixos relevantes 43
14.4.1. Opções de políticas 43
14.4.2. Eixos estratégicos 44
14.4.3. Opções de políticas a níveis micro, meso, macro e meta 45
14.5. Programa de formação e ensino técnico-profissional 46
V PARTE – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 48
15. PRINCIPAIS CONCLUSÕES 48
16. PRINCIPAIS RECOMENDAÇÕES 49

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ÍNDICE DE QUADROS

Pag.
Quadro nº 1: Entradas de passageiros 16
Quadro nº 2: Comparação de conceitos entre países 21
Quadro nº 3: Atratividade da indústria 36

ÍNDICE DE FIGURAS

Pag.
Figura nº 1: Sistemas de classificação para as indústrias criativas 18
Figura nº 2: Classificação da UNCTAD para as indústrias criativas 19
Figura nº 3: Cenários estratégicos 40
Figura nº 4: Planeamento de políticas 44
Figura nº 5: Eixos estratégicos 44

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SIGLAS E ACRÓNIMOS

ACP África, Caraíbas e Pacífico


ASSECOM Associação São-Tomense de Entretenimento e Comunicação Multimédia
BAD Banco Africano de Desenvolvimento
CDADC Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos
CEEAC Comunidade Económica dos Estados da África Central
CPLP Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
DGC Direção Geral da Cultura
FED Fundo Europeu de Desenvolvimento
FMI Fundo Monetário Internacional
ICC Indústrias Culturais e Criativas
IDE Investimento Direto Estrangeiro
INSS Instituto Nacional de Segurança Social
I&D Investigação e Desenvolvimento
MIP Programa Indicativo Plurianual
OIF Organização Internacional da Francofonia
ONG Organização Não Governamental
PALOP Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa
PALOP-TL Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa – Timor Leste
PIB Produto Interno Bruto
PME Pequenas e Médias Empresas
PNE Política Nacional de Emprego
PNUD Programa das nações Unidas para o Desenvolvimento
RTP Rádio Televisão Portuguesa
RVCC Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SNAPI Serviço Nacional de Propriedade Industrial
STP São Tomé e Príncipe
SWOT Oportunidades, Ameaças, Potencialidades e Limitações
TIC Tecnologias de Informação e Comunicação
UE União Europeia
UNCTAD Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

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SUMÁRIO EXECUTIVO

PANORAMA GLOBAL DAS INDÚSTRIAS CULTURAIS E CRIATIVAS NO PAÍS

O panorama global das indústrias culturais e criativas no país evidencia que se estão a dar
os primeiros passos no sentido de estruturação do setor. Efetivamente, o levantamento e a
preservação do património cultural material e imaterial encontra-se ainda em estado
embrionário devido a dificuldades de financiamento para prosseguir as ações. Aguarda-se,
também, que seja aceite a candidatura à Convenção de Genebra para a Salvaguarda do
Património Cultural Imaterial.

No que respeita aos direitos autorais e direitos conexos, a lei encontra-se em revisão,
prevendo-se que em 2017 seja revista a lei em vigor (de 1966) e carecida atualização.

Relativamente à mobilidade de artistas e de bens e serviços culturais a situação


depende de cooperação bilateral que o Ministério não desencadeou por falta de recursos.

No que concerne à política de investimento está em curso a elaboração do Códigos de


Investimentos (substituir o de 2008) e do Código dos Benefícios Fiscais, os quais não
fazem referência explícita às indústrias culturais e criativas como setor prioritário do
desenvolvimento socioeconómico do pais.

Outras legislações e estratégias existem, mas a sua eficácia está diminuída por várias
razões: Plano Nacional de Emprego (2015, em curso aprovação do projeto), Documento
de Política Cultural (2012, várias políticas por concretizar), Plano Diretor de Turismo
(2008, várias políticas por concretizar), Carta de Política Educativa (2012, havendo
apenas o curso de Arte e Design no âmbito das ICC, mas que atualmente não funciona); a
Marca STP, que integrará um Plano Estratégico Multissetorial, está em fase embrionária.
O esforço de produção estratégica e legislativa existe, mas as limitações são muitas.

FATORES IMPACTANTES NAS INDÚSTRIAS CULTURAIS

Fatores políticos: as medidas governamentais associadas aos subsetores das ICC podem
considerar-se incipientes, porque ainda não foramoficializadas ações sobre a matéria.

Quanto aos fatores económicos o PIB representa menos de 275 milhões de dólares em
2013. As exportações atingem apenas 3,5% do PIB e as importações cerca de 40%. O
investimento direto estrangeiro é baixo e a banca ainda se encontra pouco desenvolvida
para apoiar as empresas e o empreendedorismo. O défice do equilíbrio orçamental é
crónico e a base tributária é muito reduzida, enquanto o desemprego: muito elevado.

Relativamente aos fatores sociais destaca-se uma dinâmica demográfica importante,


baixas habilitações da população, pobreza elevada e uma grande ameaça do processo de
globalização à permeável cultura santomense.

No que concerne aos fatores tecnológicos verifica-se um impacto ainda muito aquém do
desejado com dificuldades de incorporação de conteúdos digitais.

No que respeita a fatores legais a legislação está aquém das necessidades. Têm sido
realizados esforços para a consagração de legislação diversa tendente a apoiar o
desenvolvimento das indústrias culturais e criativas, mas os resultados ainda são pouco
visíveis devido à maioria dos documentos se encontrar em preparação.

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Finalmente, importa realçar que relativamente aos fatores ambientais o país possui uma
biodiversidade única (florestas e mar), mas necessita, no futuro próximo de uma
estratégia ambiental sustentável na medida em que urge resolver o problema dos
resíduos sólidos nos rios e prevenir efeitos de aumento da temperatura e do nível do mar.

EMPREGO E EMPREENDEDORISMO

As oportunidades de criação de emprego são escassas e as políticas de emprego


fundam-se, sobretudo, nas atividades desenvolvidas pelo Centro de Formação Profissional
de Budo-Budo, quer no que respeita a formação profissional da população quer em
relação à concretização de estágios profissionais.

As indústrias culturais e criativas não têm beneficiado de tratamento especial na


criação de emprego nem nas ações de formação profissional. A formação profissional e o
ensino técnico-profissional possuem uma fraca oferta formativa relativamente aos
subsetores anteriormente identificados.

Por outro lado, o empreendedorismo no setor tem sido muito pouco apoiado pelas
instituições e, por isso, nasceram recentemente novas associações de natureza
empresarial: Associação dos Empresários de São Tomé e Príncipe, Associação de Jovens
Empresários e Fórum de Empreendedores Santomenses, entre outras.

No que respeita ao microcrédito, ainda não existem políticas oficiais para apoio ao
empreendedorismo – embora o governo faça referência ao assunto no seu Programa e se
preveja ainda medidas de apoio em 2016 – e os estabelecimentos bancários não parecem
muito inclinados para apoiar tais políticas.

AMBIENTE DE NEGÓCIOS, OPORTUNIDADES, AMEAÇAS, POTENCIALIDADES E


LIMITAÇÕES

Numa escala de 1 a 5, a força competitiva das ICC encontra-se abaixo da média: ameaça
de entrada de novos competidores (2.94), rivalidade entre as empresas da indústria
(2.79), ameaça de produtos substitutos (2.25), poder negocial dos fornecedores (2.83) e
poder negocial dos clientes (2.82). Prevê-se que a atratividade da indústria,
notoriamente baixa, evolua para o ponto médio no futuro próximo, designadamente em
relação à entrada de novos competidores, rivalidade entre empresas das ICC e poder
negocial dos clientes. Relativamente à análise SWOT destacam-se os seguintes aspetos:

Oportunidades: mudança de paradigma dos ativos tangíveis para os ativos intangíveis;


alargamento dos mercados por via da globalização; abertura crescente da CPLP às ICC;
altas taxas de crescimento previstas nos negócios criativos associados a suportes digitais;
aparecimento de novas atividades económicas ligadas ao ambiente; evolução tecnológica,
designadamente telecomunicações, simplifica o acesso aos mercados e obtenção de
benefícios de globalização; evolução tecnológica gera novas plataformas para as ICC e cria
necessidades de novos conteúdos; financiamento internacional, nomeadamente da UE;
articulação das ICC com o turismo, ecoturismo e turismo rural, alargando as cadeias de
valor; consolidação e projeção dos Festivais (Música, Filme, Teatro, Peixe); realização, para
breve, do Plano Nacional de Ordenamento Territorial, com financiamento garantido do
BAD; transformação de pequenas roças em ‘vilas médias’ associando ecoturismo/turismo
cultural e ICC; regeneração física orientada para funções culturais e criativas; criação da
marca STP; identificação geográfica em curso e hortas temáticas – certificação de produtos
nacionais; dinâmica demográfica positiva; aumento gradual dos níveis de escolaridade.

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Ameaças: património material em degradação, em especial as roças, que constituem o
maior património colonial e potencialmente turístico; património imaterial sujeito a
avultadas perdas com impacto na identidade cultural do país (tradições e grupos culturais
em extinção); degradação do ambiente (corte abusivo de árvores, resíduos sólidos nos
rios, aumento da temperatura e nível do mar…); globalização descaracteriza a cultura
tradicional com a entrada de produtos apelativos e desligados das tradições; economia
pouco ativa e muito dependente; isolamento logístico de alguns distritos); insuficiência de
financiamentos, de estruturas de microcrédito e de apoio ao empreendedorismo;
obstáculos institucionais e mentais na cooperação entre os setores da cultura e da
economia para o desenvolvimento ‘socioeconómicocultural’; alheamento da parte de
muitos jovens relativamente à cultura e às línguas nacionais; cidade de São Tomé em
constante estado de quebra de corrente elétrica; falta de saneamento de meio; notória
falta de dinâmica de ligação das ICC ao crescimento do turismo nos últimos anos.

Potencialidades: vasto património natural, material e imaterial; múltiplas atividades na


natureza; pluralidade de grupos culturais e musicais e de conceituados cantores,
compositores, escultores, fotógrafos, etc.; existência de ‘mestres’ antigos; envolvimento
das Câmaras Distritais; parte da juventude participa nas ações culturais.

Limitações: modelo de governação para as ICC sem ‘agendas de transformação’; elevada


fragilidade de infra-estruturas; predominância de artistas e microempresas, o que implica
deseconomias de escala e menor poder negocial; negócios criativos ainda isolados;
dependência exterior em equipamentos, materiais e consumíveis; baixos valores de
exportação e dificuldades de escoamento; qualidade inferior da produção; baixo índice de
clusterização; peso das ICC e da criação de emprego muito abaixo das possibilidades; falta
abordagem regional para desenvolver parcerias e intercâmbios; desconexão entre
património e oferta contemporânea; fraca recolha de património imaterial; inexistência de
formação de artes e ofícios; inexistência de Fundo de Investimento; falta de informação
estatística; falta de apoio da parte do Estado de incentivo aos negócios; insuficiente
integração em espaços mais amplos como CPLP e CEEAC.

PERSPETIVAS DE EVOLUÇÃO DO SETOR, ÁREAS PRIORITÁRIAS, POLÍTICAS E EIXOS


RELEVANTES A EMPREENDER

Uma evolução rápida do setor permite prever-se crescimento do rendimento disponível


das famílias e volume de despesa cultural; crescente ‘urbanização’ dos modos de vida;
incorporação das ICC para a coesão económica e social; progressão dos níveis de
escolaridade da população e reforço dos consumos; profusão de condições de reforço de
práticas domésticas de consumo cultural; complementaridades entre as ICC, turismo,
ecoturismo e cultural. Nessa ótica colocam-se três cenários possíveis:

CENÁRIO 1: intervenção bastante participada e diversificada do setor público, o que


parece ser o cenário mais improvável devido à necessidade de se dispor de grandes meios
financeiros por parte do Estado.

CENÁRIO 2: além da regulação, o Estado tende a centrar a sua participação no setor das
ICC privilegiando as áreas do património e promoção do livro e da leitura, em desfavor
da criação artística, dando algum apoio financeiro às actividades de iniciativa não pública.

CENÁRIO 3 – mais próximo do atual: retração do Estado, preferindo-se a propagação de


estratégias de ganhos em escala e de redução de custos desde que permitam atrair
setores mais alargados de mercado.

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Em termos de formulação estratégica perspetiva-se uma visão segundo a qual a
República Democrática de São Tomé e Príncipe constitua uma região de referência
cultural e criativa da África Ocidental no espaço de uma década. A missão orienta-se no
sentido de contribuir para a concepção e implementação de modelos e estratégias de
desenvolvimento nas ICC, associados a recursos raros e valiosos.

As estratégias alternativas e complementares para adoção imediata são: (a) Estratégia de


forte investimento nas ICC e imediata dinamização do setor; e (b) Estratégia de MLP
seguidista da estratégia dos setores prioritários, destacando-se o setor do turismo.

A primeira estratégia exige um investimento bastante continuado e forte no setor de modo


a que pudesse vir a ganhar escala, o que parece improvável face às dificuldades financeiras
sentidas pelo Estado. Assim, é recomendável a opção do cenário seguidista dos setores
prioritários, menos dispendioso para o erário público e seguramente mais eficaz, que
preconiza duas vias de intervenção: intervenção imediatista aproveitando as
oportunidades atuais; intervenção estrutural a reboque dos setores prioritários.

A coordenação do setor sugere a necessidade de criação do Ministério da Cultura e


Indústrias Criativas, independente da Educação e da Ciência, ou, mo mínimo a criação
de uma Comissão interministerial diretamente dependente do Primeiro-Ministro.

Áreas prioritárias

No âmbito dos subsetores principais a desenvolver nas indústrias culturais e criativas


destacam-se os seguintes: Artes cénicas (música, dança, teatro, teatro de marionetas),
Artes visuais (pintura, escultura, fotografia), Audiovisuais (rádio, televisão, cinema
(documentário), CD), Editoras e médias impressas (edição impressa, artes gráficas),
Design (moda, interiores, brinquedos), Património Cultural (artesanato, olaria, cestaria,
festivais, celebrações), Multimédia (conteúdos criativos digitais) e Serviços criativos
(publicidade e marketing, restauro e conservação).

Políticas e eixos relevantes

As opções de políticas culturais e criativas devem privilegiar quatro eixos fundamentais:


(a) capital criativo; (b) financiamento; (c) liderança; (d) visibilidade.

O reforço da massa crítica do capital criativo do país necessita de: (a) capacidade e
empreendedorismo criativos; (b) crescimento dos negócios criativos; e (c) o
consequente aumento da atractividade dos lugares criativos.

As principais opções de políticas a níveis micro, meso, macro e meta são as seguintes:

Nível micro: Analisar e mapear o impacto económico, social e ambiental das ICC
(competitividade, coesão social, preservação ambiental); Analisar a situação do capital
criativo e do conhecimento; Apoiar o auto-emprego e o empreendedorismo criativo.

Nível meso: Analisar comparativamente a relação entre ICC e relacionadas.

Nível macro: Criar sistema de formulação de políticas informadas baseado em evidências;


Criar mecanismos institucionais mais eficientes; Concretizar o desenvolvimento
socioeconómico; Criar identidades nacionais.

Nível meta: Analisar o impacto das indústrias criativas no longo prazo.

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Programa de formação e ensino técnico-profissional

Áreas de Programa de formação e ensino técnico-profissional a curto e médio prazo:

 Património Cultural: Artesanato1; Olaria1; Cestaria1.


 Artes Visuais: Pintura1; Escultura1; Fotografia1.
 Artes Cénicas: Música2; Teatro, Marioneta e Dança2.
 Editoras e Médias Impressas: Edição e Artes Gráficas2.
 Audiovisuais: Cinema, Rádio e Televisão2.
 Design: Design de Interiores1; Design Moda1; Arte e Design2.
 Multimédia: Conteúdos Criativos Digitais2 (software, jogos e conteúdos digitais).
 Serviços Criativos: Arquitetura de Restauro e Conservação3; Restauro e conservação2;
Publicidade & Marketing2.
1 Qualificação Inicial de 6 a 9 meses; 2 Ensino Técnico-Profissional de 3 anos ((2 anos tronco comum; 1 ano
especialização); 3 Pós-Graduação na Universidade de São Tomé e Príncipe.

Áreas de formação, em setores complementares, para fornecimento de serviços:

 Ensino Técnico-Profissional: Manutenção de Equipamentos; Palco, Som e Luz;


Promoção de Eventos.
 Formação de Qualificação Inicial: Promoção de Eventos; Produção de Instrumentos
Musicais Tradicionais; Gastronomia tradicional.

PRINCIPAIS CONCLUSÕES

As ICC assumem uma dinâmica relevante e não conhecem recessão em nenhuma parte
do mundo e, nessa linha, São Tomé e Príncipe pretende desenvolver as suas ICC, criando
uma dinâmica interna baseada nos recursos patrimoniais materiais, imateriais e
naturais e internacionalização, mas ainda defronta graves desequilíbrios nas políticas
de financiamento e na expressão empreendedora de artistas e empresários do setor. Por
outro lado, a cadeia de valor criativa apresenta fragilidade: ao longo do processo: a
montante; na transformação; a jusante; na preservação e conservação dos recursos.

É pertinente, por isso, realizar uma abordagem pelo ‘paradigma da especialização


inteligente’, tomando a Inovação como prioridade nacional e regional de transformação
económica na criação de produtos e serviços distintivos: fator estratégico de
competitividade, geração de emprego e riqueza, meio de reforço da cidadania, alavanca de
coesão social e territorial; veículo de afirmação internacional.

O país dispõe de raros e valiosos recursos para o efeito, suscetíveis de se transformarem


em produtos e serviços inimitáveis e insubstituíveis – gerando vantagem competitiva.

PRINCIPAIS RECOMENDAÇÕES

Recomenda-se, em síntese, o enquadramento institucional das indústrias culturais e


criativas, a sua articulação com setores económicos prioritários, o apoio ao auto-
emprego, ao empreendedorismo e ao acesso a financiamento, estratégias de coesão
social e territorial, reforço do património material, imaterial e natural e promoção da
qualidade da informação estatística sobre a cultura.

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I PARTE – ENQUADRAMENTO E CONTEXTOS

1. ENQUADRAMENTO DO ESTUDO

A cooperação iniciada em 1992 entre a União Europeia (UE) e os Países Africanos de


Língua Oficial Portuguesa (PALOP) configura-se como uma singular cooperação da UE com
o Grupo ACP (países de África, Caraíbas e Pacífico), promovida entre países com grande
descontinuidade geográfica mas motivada pela língua comum, afinidades históricas e
culturais e um sistema afim de administração pública, pretendendo-se estabelecer
intervenções complementares aos programas de cooperação da UE.

No âmbito do 11º FED, a vigorar até 2020, foi aprovado o Programa Indicativo Plurianual
(MIP) para o período 2014-2020 centrado (a) na criação de emprego, nomeadamente nas
actividades geradoras de rendimentos no setor cultural, e (b) no desenvolvimento das
capacidades de governação. Em consequência, mostra-se pertinente “realizar análises de
sector e diagnósticos de necessidades, desenvolver subsequentemente estratégias de
emprego, apoiar a sua aplicação […] e a execução de actividades orientadas para a
formação profissional e o emprego e/ou a criação de redes no âmbito do ensino e da
formação técnico-profissionais”, bem como “apoiar os jovens desempregados e os grupos
desfavorecidos nos domínios do trabalho por conta própria e da criação de
microempresas no sector cultural.” (PALOP-TL – União Europeia, 2014: 8)

Dando seguimento ao processo de programação do MIP 2014-2020, foi deliberado, na XI


Reunião de Ordenadores Nacionais (2015), realizar consultas internas com as instituições
e os atores ligados ao setor do emprego e da cultura, antes da videoconferência, para
melhorar a definição do domínio Prioritário 1 “Criação de emprego nomeadamente nas
actividades geradores de rendimentos no sector cultural” do Programa Indicativo
Plurianual do 11º FED, tornando-se essencial realizar um diagnóstico a nível nacional.

Em Anexo podem ser encontrados os seguintes documentos de enquadramento e


desenvolvimento do estudo: Anexo nº 01: Termos de Referência; Anexo nº 02: Equipa
envolvida e Plano de Trabalho realizado; Anexo nº 03: Bibliografia (livros, relatórios,
documentos e estatísticas consultados); Anexo nº 04: Lista de Pessoas e Instituições
auscultadas; Anexo nº 05: Métodos e Técnicas utilizados; Anexo nº 06: Guião de Entrevista
indicativo; Anexo nº 07: Nota de Briefing; Anexo nº 08: Nota de Debriefing.

2. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO PAÍS

O arquipélago de São Tomé e Príncipe situa-se na linha do Equador e no Golfo da Guiné, a


cerca de 350 km da costa oeste africana, com uma superfície total de 1.001 km2 e
população de 178.739 habitantes (2012), possuindo um clima tropical húmido com duas
estações, temperatura média anual de 26ºC, bastante influenciado pelo relevo devido a
características vulcânicas e o seu isolamento contribui para a criação de uma
biodiversidade única, formada por uma cobertura florestal terrestre, com florestas de
neblina ‘enrolar’, mata seca, cerrado e manguezais, e que cobre a maior parte do país (mais
de 90%) rodeado por mar.

As ilhas foram descobertas e colonizadas por Portugal nos finais do século XV e em 1975
foi proclamada a independência e instituído um sistema democrático multipartidário de
natureza semi-presidencial. O país é membro da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP), Organização Internacional da Francofonia (OIF) e Comunidade
Económica dos Estados da África Central (CEEAC). O Índice de Mo Ibrahim coloca o país
em 12º lugar de boa governação dentre os 53 países do continente (2014).

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O PIB do país foi avaliado em pouco menos de 275 milhões de dólares em 2013 e o sector
dos serviços representava quase 60% numa economia acentuadamente informal. As
receitas do Orçamento do Estado dependem em cerca de 80% dos doadores
internacionais, o défice do equilíbrio orçamental é crónico e a base tributária é reduzida
em virtude da fragilidade estrutural da economia. O país apresenta baixo nível das
exportações (3,5% do PIB) e alto nível de importações (40% do PIB). O Investimento
direto estrangeiro é baixo e o setor bancário permanece em grande parte incipiente.

O património material e imaterial do país é rico e variado, destacando-se:

 Património científico: Padrão do Equador no Ilhéu das Rolas, por onde passa a
linha equatorial (Carta de 1919); Roça Sundy na Ilha do Príncipe, local onde Arthur
Eddington comprovou a Teoria da Relatividade de Einstein durante um eclipse em
1919.
 Arquitetura religiosa: Igreja de Nossa Senhora do Rosário (Príncipe); Sé Catedral
(São Tomé); Igreja de Madre Deus (São Tomé).
 Arquitetura militar: Forte de Santo António (Ponta da Mina); Fortaleza de São
Sebastião (que hoje alberga o Museu Nacional de São Tomé e Príncipe) (São
Tomé); Forte de São Jerónimo; Forte de São José.
 Outras edificações: Cineteatro Marcelo da Veiga; Escola Técnica Silva Cunha
(Liceu Nacional); Escola Preparatória Patrice Lumumba (antigo Liceu D. João II);
Arquivo Histórico; Mercado Municipal; Edifício da Companhia Santomense de
Telecomunicações; Antigo Bairro Salazar, hoje 3 de Fevereiro (todas em São
Tomé); Casas das antigas explorações agrícolas (150 roças pelo país).
 Monumentos / esculturas: Esculturas de Pêro Escobar, João de Santarém e João
de Paiva reunidas em frente à Fortaleza de São Sebastião; Monumentos a Vasco da
Gama e o das Comemorações Henriquinas de 1960 situados na marginal da capital.
 Património cultural: mitos, superstições, rituais, práticas sociais; Medicina
antiga; Jogos tradicionais (Bligá, em extinção, pode vir a fundir-se com a Capoeira e
originar um novo estilo de jogo/luta); Literatura oral e tradicional (Aguêdê, Véssu,
Cantági, Sóia); Música (compositores populares, grupos e instrumentos musicais);
Dança de São Tomé (Lundum, Ússua, Socopé, Irmandade, Bolilo) e do Príncipe
(Toloja, Majurca, Mbêrêrê, Lipetá, Ngôlô, Mucumbá); Teatro (Danço Congo, Txiloli,
Stleva, Tlundu); Pintura, Arquitetura, Artesanato, Escultura, Cestaria, Olaria;
Línguas locais.
 Património natural: ecossistemas de selva em diversas alturas (Cão Grande, Cão
Pequeno, Sete Pedras…); praias e recursos hídricos; flora densa e pluviosidade;
aves terrestres e marinhas; cetáceos; tartarugas marinhas; paisagens não
intervenientes de costa; paisagens vulcânicas.

3. CONTEXTO DO EMPREGO E DAS QUALIFICAÇÕES PROFISSIONAIS

3.1. As políticas de emprego e de formação profissional

3.1.1. Enquadramento geral

Em São Tomé e Príncipe o desemprego não é um fenómeno cíclico, mas um problema


estrutural causado e mantido pela estrutura dinâmica da população, pelo sistema de
educação e formação profissional, pelas fraquezas da economia nacional e pelo incipiente
apoio do Estado às questões ligadas ao emprego.

Em 2010, a incidência da pobreza foi de 66,2% e em 2012 a taxa de desemprego situou-se


em cerca de 13,6% (19,7% nas mulheres e 9,3% nos homens). Os mais jovens foram mais

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atingidos pelo desemprego: quase um desempregado em cada três (32,7%) com menos de
24 anos e mais de metade dos desempregados (59,6%) tinham menos de 34 anos.

O Plano Nacional de Emprego (em projeto) lista o principal conjunto de fatores.

 (a) Dinâmica demográfica incompatível com a capacidade da economia de gerar


empregos; (b) Oportunidades de emprego escassas devido a uma economia pouco
produtiva por ser subfinanciada e dominada pelo setor informal; (c) Sistema de
educação e de formação profissional com pouca performance; (d) Governação
pouco sensível em matéria de emprego; Abordagem incipiente de inserção
profissional.

3.1.2. Orientações estratégicas

A Política Nacional de Emprego (PNE) propõe orientações estratégicas susceptíveis de


combater a crise do emprego. O principal desafio desta política é de assegurar uma
inserção económica sustentável da procura de emprego. O PNE assenta-se em 6 princípios:

 Definição clara do papel do Estado; (b) Abordagem centralizada da questão do


emprego; (c) Procura da qualidade do emprego e do respeito pelas normas
internacionais do trabalho; (d) Garantia de acesso ao emprego para todos; (e)
Promoção do emprego verde; (f) Salvaguarda e aprofundamento do diálogo social.

Com base nestes princípios, a PNE define três objectivos estratégicos fundamentais:

 (a) Desenvolver a capacidade da economia nacional em criar empregos; (b)


Melhorar a empregabilidade dos candidatos a emprego; (c) Dinamizar a
governação do sector do emprego.

Para atingir estes objetivos a PNE pretende implementar cinco eixos estratégicos:

 (a) Desenvolvimento das capacidades produtivas do sector privado; (b) Promoção


de auto emprego e do empreendedorismo das mulheres e jovens; (c) Reforço das
capacidades no domínio de formação técnica e profissional; (d) Desenvolvimento
de treino/acompanhamento para os jovens sem qualificações; (e) Reforço da
governação do setor de emprego.

Para o efeito foram definidos três programas prioritários para implementação da PNE:

 (a) Programa das reformas; (b) Programa para a Promoção e desenvolvimento da


iniciativa privada para a criação de emprego; (c) Programa piloto de formação e
inserção profissionais dos jovens.

Estes três programas serão executados nas suas seis componentes:

 (a) Reformas para a melhoria do ambiente de negócios; (b) Reformas relativas à


formação profissional; (c) Reformas relacionadas com a governação do sector do
emprego; (d) Promoção do empreendedorismo das mulheres e dos jovens; (e)
Desenvolvimento e modernização das PME para a criação de emprego; (f)
Programa piloto de formação e inserção profissionais dos jovens.

O financiamento da PNE assenta basicamente a dois níveis:

12
 (a) Orçamento Geral do Estado e do INSS, a nível nacional; (b) Cooperação
internacional, bilateral e multilateral, a nível internacional.

A PNE alerta, ainda, para três riscos importantes que podem condicionar o seu sucesso:

 (a) Instabilidade institucional, designadamente a elevada rotatividade de


dirigentes e funcionários; (b) Fracasso do dispositivo organizacional, que
apresenta necessidades urgentes de reestruturação; (c) Restrições orçamentais
por insuficiência de financiamentos.

3.2. As qualificações profissionais

A PNE prevê uma série de medidas enquadradas no objetivo estratégico de melhoria da


empregabilidade, consignado através dos eixos estratégicos ‘Reforço das capacidades no
domínio de formação técnica e profissional’ e ‘Desenvolvimento de treino /
acompanhamento para os jovens sem qualificações’.

Para o efeito preconiza-se criar o ‘Programa piloto de formação e inserção profissionais


dos jovens’, além de reformas da formação profissional no ‘Programa de Reformas’.
Atualmente o Ministério do Emprego e Assuntos Sociais conta com o Centro de Formação
Profissional de Bubo-Budo que possui as seguintes medidas de formação e emprego:

 Aprendizagem profissional: 9 a 15 meses (para pessoas entre 14-20 anos).


 Qualificação inicial: 8 meses mais 2 de estágio (para pessoas entre 16-35 anos).
 Qualificação para o emprego: 240-360 horas (para pessoas entre 18-45 anos).
 Aperfeiçoamento profissional: 50-180 horas (sem indicação de idade).
 Estágio profissional: 9 meses (para pessoas entre 18-35 anos).
 Formação em gestão – Apoio à criação do próprio emprego: 120 horas (para
pessoas entre 25-45 anos).

O centro de Formação dispõe, ainda, de um Pólo de Formação em Água Zé e, na Região


Autónoma do Príncipe, recorre ao Centro de Formação Protásio Pina. As áreas de
formação são as seguintes:

 (a) Administração e Gestão; (b) Carpintaria / Marcenaria; (c) Construção Civil e


Obras Públicas; (d) Eletricidade / Eletrónica; (e) Serviços de Apoio à Comunidade
e Família; (f) Outras áreas formativas (Costura, Pintura e Mecânica-Auto,
Horticultura, Jardinagem e Espaços Verdes, Comércio, Receção, Hotelaria e
Turismo, Guias de Turismo Empregadas Domésticas e Artesanato nos domínios da
Tapeçaria, Olaria, Cestaria e Escultura).

Atualmente está em curso o desenvolvimento do Sistema Nacional de Qualificações e o


Sistema de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC).

4. CONTEXTO DA CULTURA

4.1. A política cultural

4.1.1. Enquadramento

O Documento de Política Cultural de São Tomé e Príncipe (Ministério da Educação, Cultura


e Formação, 2012) em vigor reconhece a necessidade de o Estado santomense
desenvolver uma política cultural e criar condições para a preservação e valorização do
património e para o incentivo às práticas e manifestações culturais reveladores dos

13
valores e do modo de vida dos santomenses. Em consequência, as disposições do
Documento de Política Cultural contêm uma visão prospetiva do desenvolvimento assente
no reconhecimento e valorização do património material e imaterial e na criação de
condições que travem o reconhecido processo de degradação de bens e valores culturais.

A orientação geral centra-se na recuperação e reposição dos valores, valorização das


manifestações tradicionais, integração das línguas nacionais no ensino e aprendizagem
nas escolas e criação de condições para livre acesso e fruição das obras artísticas.

4.1.2. Princípios

Nesse sentido, o Documento destaca os seguintes princípios a adotar para a prossecução


dos objetivos da política cultural:

 (a) Defesa da cultura como instrumento de afirmação da identidade nacional; (b)


Valorização da cultura como fator de desenvolvimento social, económico e
crescimento intelectual; (c) Liberdade de expressão cultural e artística; (d) Direito
de participação e fruição dos benefícios da cultura e da arte; (e) Intercâmbio
cultural para promover a compreensão, respeito e convivência pacífica.

4.1.3. Objetivos e estratégia

No quadro descrito a política cultural prossegue o objetivo global de “defender, preservar


e valorizar o património histórico e artístico nacional e promover a produção, gestão e a
divulgação das criações artísticas e dos bens culturais, tanto no interior como no exterior”.

Os objetivos específicos que servem de fundamento para a estratégia são os seguintes:

 Melhorar o quadro institucional de promoção e gestão da política cultural.


 Descentralizar a implementação da política cultural nacional.
 Inventariar e valorizar o património cultural material e imaterial.
 Promover, proteger e defender o uso descomplexado das línguas nacionais.
 Incentivar apoio a iniciativas culturais de preservação e valorização das tradições.
 Promover iniciativas de apoio à criação artística e de proteção de direitos de autor.
 Estimular e apoiar ações de estudo e pesquisa sobre história e cultura nacionais.
 Apoiar iniciativas de promoção das manifestações culturais santomenses.
 Criar condições de acesso e fruição das artes e cultura pelos cidadãos.
 Integrar nas escolas conteúdos programáticos relacionados com arte e cultura.
 Promover a divulgação da cultura santomense no interior e no exterior do país.
 Incentivar e estabelecer intercâmbio cultural com outros países.

4.1.4. Domínios de intervenção

Para o efeito, a Política Cultural seleciona os seguintes domínios de intervenção:

 Desenvolvimento institucional: reorganização e reforço das instituições,


descentralização, desconcentração e interação institucional.
 Preservação do património cultural: identificação, inventariação, recuperação e
preservação do património cultural; envolvimento das comunidades na
preservação e promoção dos bens culturais.
 Promoção de atividades de estudos e pesquisas: requer agentes pesquisadores
com capacidade de interpretação e análise.

14
 Promoção da dinamização cultural: formação de agentes locais, funcionários da
Cultura e das Câmaras; apoio na organização de manifestações culturais;
acompanhamento das atividades, entre outros.
 Campanha alargada de informação e sensibilização: mobilizar órgãos de
informação; divulgar trabalhos académicos e profissionais; publicar teses de
mestrado e doutoramento; divulgar experiências bem-sucedidas; proporcionar
programas de leitura; contribuir para aumentar as manifestações culturais;
incentivar as iniciativas comunitárias na rádio e televisão; promover a educação
para a preservação do património cultural e o intercâmbio de promoção cultural.

4.1.5. Mecanismos de financiamento

Para fazer face às exigências de financiamento de atividades o Documento preconiza:

 Criação de um Fundo Nacional de Desenvolvimento Cultural.


 Institucionalização de uma Comissão Autónoma de Gestão do Fundo.

Para melhor corresponder às necessidades de financiamento com vista à implementação


da política cultural, prevê-se as seguintes fontes de financiamento:

 As dotações anuais do Orçamento Geral do Estado, tomando como referência uma


percentagem fixa (a estabelecer) dos orçamentos anuais.
 As contribuições de instituições não-governamentais nacionais e internacionais.
 As doações de pessoas individuais ou coletivas destinadas à promoção de
iniciativas culturais.
 As receitas provenientes de atividades culturais desenvolvidas por instituições
públicas.
 Os recursos financeiros mobilizados constituirão as disponibilidades do Fundo
Nacional de Desenvolvimento Cultural.

5. O CONTEXTO DA ECONOMIA E DO TURISMO

Após a independência de São Tomé e Príncipe o país converteu-se numa economia mista
com setores privados combinados com propriedade e meios de produção estatal. Nas
décadas de 1980 e 1990, a economia estancou e as exportações do cacau – o maior
produto do país – caíram tanto no valor como no volume, criando grandes défices devido à
redistribuição das terras para a plantação e queda dos preços internacionais do cacau.

Em resposta, o governo promoveu um conjunto de reformas e em 1987 foi implementado


um programa de ajuste estrutural apoiado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). As
reformas centraram-se na privatização, especialmente nos setores agrícolas e industriais.
O governo recebeu apoio externo de vários doadores: PNUD, Banco Mundial, União
Europeia, Portugal, Taiwan e Banco de Desenvolvimento Africano, entre outros e, em
finais de 2000, e posteriormente em 2006, o país foi beneficiou de redução significativa da
sua dívida externa no âmbito das Iniciativas dos Países Muito Endividados.

Porém, as dificuldades de reestruturação do setor produtivo são imensas e o desemprego


muito elevado, somente atenuado pelo facto da economia santomense ser estimada como
maioritariamente informal. A dependência dos doadores é imensa e, nos últimos anos, o
país tem se virado para o turismo como forte aposta para o futuro, embora a existência do
arquipélago não tenha muita divulgação fora das agências de viagens não portuguesas.

O turismo e as indústrias culturais e criativas são duas faces de uma mesma moeda para o
desenvolvimento de ambas as atividades. Tais indústrias somente se desenvolvem se o

15
turismo aumentar em quantidade e qualidade e este depende da oferta diversificada que
as indústrias culturais e criativas sejam capazes de criar.

No entanto, uma breve observação à evolução da entrada turística mostra que o número
de turistas tem oscilado significativamente, especialmente até 2010. Nos últimos anos
verifica-se um crescimento constante e aparentemente consistente (2007 a 2014).

Quadro nº 1: Entradas de passageiros

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008


5 757 8 037 10 792 15 746 12 266 7 601 10 474
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
9 148 7 963 10 319 12 743 13 708 18 187 (a)
Fonte: Direção do Turismo.
(a) Por apurar.

Segundo os escassos dados disponíveis cerca de 77,5% das entradas em 2011 referem-se a
férias e 22,5% repartem-se entre negócios, estudos, desporto, visitas a parentes e amigos.
A nacionalidade portuguesa tem liderado sempre as entradas no país: em 2011 cifrou-se
em 42,5% e em 2014 em 55% (cerca de 10 000 entradas). Neste mesmo ano a
nacionalidade angolana secundou a portuguesa com 22% (cerca de 4 000 entradas).

Os dados evidenciam que 77% das entradas totais corresponderam aos dois países que
integram a CPLP e que o país tem dificuldades de penetração em outros países, apesar de a
equipa da CNN Travel considerar, em 2014, que o país se situava entre os dez destinos de
sonho a nível mundial. Em 2015 houve novamente nomeação da CNN Travel, desta vez
entre os 15 destinos de sonho. Desde aí, o texto que circula relativo ao país é o seguinte:

É o país das mil frutas e sete variedades de banana, do cacau e das roças, da gente
sorridente e das galinhas à solta diante do palácio presidencial. É um dos países mais
pobres do mundo, mas sobra-lhe felicidade no leve-leve que é o seu ritmo oficial. São
Tomé e Príncipe é um paraíso, diz quem lá vai — e quem lá vive, no fundo, não obstante
todas as dificuldades, não foge muito dessa ideia.
O cenário é luxuriante: duas ilhas e alguns ilhéus que ancoraram na costa ocidental
africana, sobre a linha do equador — tropical é a sua natureza, literal e metafórica. Não
se esperem grandes cidades — nem a capital, São Tomé, chega perto — ou
acessibilidades fáceis ou mesmo grandes resorts — o turismo ainda é incipiente e
percebe-se alguma aposta no crescimento sustentável com projectos de vertente
ecológica mais ou menos marcada.
Esperem-se, sim, florestas virgens e praias desertas com colares de palmeiras, vales
escondidos e montanhas abruptas, rios e riachos à solta, avifauna única e flora endémica
às centenas — tudo sobre um verde de mil matizes (e carros calejados para enfrentar os
acidentes geográficos destas paragens ou pernas bem treinadas em caminhadas
húmidas).
No ilhéu das Rolas pisa-se o equador, no Príncipe perdemo-nos em floresta virgem nesta
reserva da biodiversidade mundial, em São Tomé descobrimos nas roças a herança lusa
e, mais uma vez, somos brindados com a generosidade são-tomense. E já falamos da
alegria? A natureza é pródiga em São Tomé e Príncipe mas as pessoas também –
esbanjam alegria.

16
II PARTE – AS INDÚSTRIAS CULTURAIS E CRIATIVAS

6. CONCEITO, MODELOS E CLASSIFICAÇÕES

6.1. Origens, conceito, âmbito e delimitação

A primeira referência governamental pública relevante às áreas ligadas à criatividade para


o crescimento económico ocorreu em Inglaterra, em 1983, mas foi em 1994 que Paul
Keating, primeiro-ministro australiano, inaugurou as políticas públicas em cultura e arte.

A ‘economia criativa’ é um setor formado pelo conjunto das atividades económicas nas
quais a criatividade e o capital intelectual são a matéria-prima para a criação, produção e
distribuição de bens e serviços (HOWKINS, 2001), que conjuga imperativos económicos
com património de uma nação e que em virtude de nada escapar ao estatuto de
’mercadoria’ configura a necessidade de se qualificar e mensurar aqueles bens intangíveis.

Em 1997, o governo inglês articulou cultura, desenvolvimento, turismo, educação e


relações exteriores, entre outros, identificando-se 13 setores de maior potencial para a
economia inglesa, bem como realçou os direitos de propriedade intelectual e o
reposicionamento do papel da cultura na estratégia socioeconómica. Alguns autores
adotaram, então, o conceito de ‘economia cultural e criativa’, que pode ser correlato do
desenvolvimento sustentável, porque ambos têm como base e alvo patrimónios preciosos: a
cultura e o meio ambiente. A noção de ‘desenvolvimento cultural sustentável’ implica:

 Equidade intergeracional: visão de longo prazo para não comprometer as


capacidades das gerações futuras de aceder às suas necessidades culturais.
 Equidade intrageracional: equidade no acesso à produção, participação e
aproveitamento culturais a todos de forma justa e não discriminatória.
 Importância da diversidade: considerar o valor da diversidade cultural para os
processos de desenvolvimento económico, social e cultural.
 Princípio da precaução: aversão a decisões com consequências irreversíveis de
destruição de patrimónios ou a extinção de práticas culturais valiosas.
 Interconectividade: abordagem holística económica, social, cultural e ambiental.

Diversidade cultural, inclusão social, sustentabilidade e inovação são valores agregados


aos bens e serviços, garantindo-lhes maior competitividade e caracterizando-se por
possuir um ‘toque próprio e inovador’, prevalecendo o intangível na geração de valor,
sobretudo na cultura, cuja economia valoriza a autenticidade, única e inimitável.

O conceito de ICC engloba um conjunto de atividades que possuem como denominador


comum a criatividade, o conhecimento cultural e a propriedade intelectual como recursos
essenciais para a produção de bens e serviços com significado social e cultural. As ICC
transformam esses significados em propriedade intelectual e atribuem-lhe valor
económico segundo duas premissas básicas:

 As cadeias produtivas imateriais (NEGRI e LAZZARATTO, 2001) predominam num


contexto claramente marcado por uma preponderância dos serviços e de uma
economia de significados (LASH e URRY, 1994).
 O consumo de bens materiais, tal como eram produzidos e consumidos na
sociedade industrial, entrou em curva descendente e passa a prevalecer o consumo
de símbolos ou significados (BOLIN, 2005; HARTLEY, 2005).

17
Assim, as ICC apresentam duas características essenciais na sua forma de produção:

 A criatividade, que é a capacidade detida por indivíduos ou grupos para a


manipulação de símbolos e significados objetivando a geração de algo inovador
(HESMONDHALGH, 2002).
 A valorização da arte pela arte, que constitui um traço cultural relevante (CAVES,
2000).

Face à diversidade de conceitos, um marco significativo na adoção do conceito foi a


Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD):

As indústrias criativas são os ciclos de criação, produção e distribuição de produtos e


serviços que utilizam criatividade e capital intelectual como fatores primários;
constituem um conjunto de atividades baseadas em conhecimento, focadas, entre
outros, nas artes, que potencialmente gerem receitas de vendas e direitos de
propriedade intelectual; constituem produtos tangíveis e serviços intelectuais ou
artísticos intangíveis com conteúdo criativo, valor econômico e objetivos de mercado;
posicionam-se no cruzamento entre os setores artísticos, de serviços e industriais; e
constituem um novo setor dinâmico no comércio mundial. (UNCTAD, 2008: 10).

6.2. Modelos e características estruturais

Uma variedade de modelos diferentes tem sido criada nos últimos anos, como uma forma
de oferecer uma compreensão sistemática das características estruturais nas indústrias
criativas. Eis alguns desses modelos:

Figura nº 1: Sistemas de classificação para as indústrias criativas

Fonte: UNCTAD

No entanto, à falta de consenso acerca das áreas que devem ser englobadas pela economia
criativa e cultural, a UNCTAD propôs quatro agrupamentos:

 Património cultural: Origem de todas as formas de arte e a alma das indústrias


culturais e criativas; é o património que une os aspetos culturais dos pontos de
vista histórico, antropológico, étnico, estético e social. Engloba:

18
— Expressões culturais tradicionais: artesanato, festivais e celebrações;
— Locais culturais: locais arqueológicos e culturais (museus, bibliotecas,
exposições e outros eventos).

 Artes: grupo baseado puramente na arte e na cultura. Engloba:


— Artes visuais: pinturas, esculturas, fotografia e antiguidades;
— Artes cénicas: música ao vivo, teatro, dança, ópera, circo, marionetas…)

 Média: grupo que produz conteúdo criativo visando estabelecer comunicação com
grandes públicos. Engloba:
— Editoras e médias impressas: livros, imprensa e outras publicações;
— Audiovisuais: cinema, televisão, rádio e outras transmissões.

 Criação funcional: grupo de indústrias mais impulsionadas pela procura e voltadas


à prestação de serviços para fins funcionais. Engloba:
— Design: interiores, gráfico, moda, joalharia, brinquedos;
— Multimédia: software, vídeogames, conteúdos criativos digitais;
— Serviços criativos: arquitetónico, publicidade, cultural e recreativo, investigação
e desenvolvimento (I&D) criativo, outros serviços digitais.

Figura nº 2: Classificação da UNCTAD para as indústrias criativas

O processo de criação é tão importante quanto o produto final, porque se trata de uma
cadeia produtiva baseada no conhecimento e produtora de riqueza, gera emprego e
distribui renda.

Existem algumas características diferenciadoras face aos outros setores da economia,


designadamente:

 Constituído em maioria por indivíduos, microempresas e PME que operam em


cadeias de fornecimento complexas e que dependem de redes informais.
 Negócios de nicho altamente especializados que criam valor conjugando inovação
tecnológica e criatividade no desenho de novos produtos culturais.

19
 Ativos invisíveis e voláteis: talento, reputação e marca e grande parte da infra-
estrutura crítica a estes negócios é exterior às empresas.
 Atribui carácter a certos lugares e contribui para a identidade territorial.
 Modelos de negócio flexíveis e inovadores que influenciam outros setores.
 Compromisso com o design e com a criação de ambientes exclusivos.
 Fortes laços com uma variedade de instituições.
 Espaços de trabalho inclusivos e agradáveis que atraem e retêm talentos.

Tais fatores distintivos são contrariados por uma perceção externa desfavorável:

 Perfil de negócio pouco reconhecido pela banca, investidores e governo.


 Falta de informação estatística que comprove a real importância do setor.
 Ausência de estruturas representativas fortes e reconhecidas.
 Mecanismos públicos de apoio fracos e baseados em lógicas de subsidiação.
 Investimento privado reduzido.

6.3. Tutela e peso das atividades económicas

HIGGS, CUNNIGHAM e BAKSHI (2008) compararam políticas culturais para economia


criativa em diversos países e concluíram pela variação da tutela em função de relações
historicamente constituídas entre Estado, privados e comunidade artística.

Na Argentina a tutela é do Ministério do Desenvolvimento, no Brasil ao Ministério


da Cultura, na Indonésia ao Ministério do Turismo e da Economia Criativa.

Em qualquer caso são setores onde a recessão é desconhecida, apresentando-se como dos
mais dinâmicos e promissores das economias nacionais crescendo a taxas superiores às do
PIB, reconhecendo-se o seu peso crescente.

Em 2012 a União Europeia terá contribuído com 860 mil milhões de euros, equivalente a
6,8% do PIB europeu (Forum D’Avignon).

No Brasil (SEBRAE, 2015), o setor gera R$ 110 bilhões, equivalente a 2,7% do PIB total
produzido, chegando a cifra a R$ 735 bilhões se for considerada a produção de toda a
cadeia, equivalendo a 18% do PIB.

Em Portugal estima-se que o setor cultural e criativo movimentou 5,1 mil milhões de euros
e empregou 78,6 mil pessoas através de mais de 50 mil empresas (2012).

A taxa de crescimento médio anual das exportações culturais e criativas excedeu os 10%
na primeira década do século XXI.

A recomendação dos peritos orienta-se para a montagem e exploração de sinergias entre a


cultura, o turismo e a indústria.

20
6.4. Comparação entre países

A comparação entre quatro países (Alemanha, Espanha, França e Reino Unido) com ICC
bem desenvolvidas apresenta as seguintes características:

Quadro nº 2: Comparação de conceitos entre países

ALEMANHA ESPANHA FRANÇA REINO UNIDO


DESIGNAÇÕES Indústrias Culturais Indústrias Culturais Setor Cultural Indústrias
e Criativas Criativas

Arquitetura
Artes_/_Artes visuais
Artes Cénicas
Livrarias
Design
Publicações
Moda
Software_/_Multimédia
Museus_/_Património_Cultural
Música
Artesanato
Publicidade
Fonte: HÖLZL (2006)

7. BOAS PRÁTICAS INTERNACIONAIS

O Anexo nº 09 apresenta boas práticas internacionais nas seguintes matérias:

 Propriedades das indústrias criativas.


 Um empreendedor criativo: transformando ideias em negócios de sucesso.
 Indústrias criativas de Xangai: O jeito chinês.
 Estágios de desenvolvimento das indústrias criativas de Xangai.
 Africa Remix: a África falando mais alto, com mais brilho e mais cor.
 A Bienal da Arte Africana Contemporânea de Dakar.
 Biocomércio na Colômbia.
 Moda ecologicamente correta e fibras naturais.
 Alphadi: A caravana da moda.
 A cultura de Spa’s de Marrocos.
 Design como um ingrediente fundamental para o crescimento.
 Planeta dos fantoches.
 Brand Jamaica como o lar do reggae.
 Práticas comerciais e modelos de negócio específicos às indústrias musical e
audiovisual.
 A criatividade da transmissão floresce na África do Sul.
 Nollywood: Uma resposta criativa.
 Turismo cultural: Impressões da experiência peruana.
 Tartarugas: Turismo e Preço de Conservação.

21
8. PANORAMA GLOBAL DAS INDÚSTRIAS CULTURAIS E CRIATIVAS NO PAÍS

No presente estudo, o desenvolvimento das ICC centra-se nas áreas indicativas da criação
de emprego / empreendedorismo e na elevação das qualificações profissionais associados
aos diversos subsetores da cultura.

As indústrias culturais e criativas não são referenciadas nem em legislação nem em outros
documentos de natureza oficial em São Tomé e Príncipe. Não se encontram referências ao
setor nem no Documento de Política Cultural (2012), nem no Plano Nacional de Emprego
(2015), nem no Plano Diretor de Turismo (2008). A Carta de Política Educativa (2012), no
que se refere ao ensino técnico-profissional, também não menciona o setor, mas as
orientações de política permitem ajustar os cursos a ministrar para o futuro.

À lacuna de referências associa-se as estruturas orgânicas das Direções-Gerais da Cultura,


do Turismo e do Trabalho e Emprego, as quais não possuem o pessoal necessário para
desenvolver em plenitude as políticas previstas para cada um dos subsetores, tornando
urgente a reestruturação destas áreas funcionais. As dificuldades são várias e visíveis nos
documentos que estruturam as políticas da cultura, emprego e qualificações profissionais.
Documento de Política Cultural (2012: 4-5)

Os são-tomenses estão preocupados com a sua cultura, pois reconhecem que só ela os distingue
dos outros povos. Estão conscientes de que só através dela o povo são-tomense poderá afirmar-se
num mundo globalizado em que as culturas hegemónicas tendem a ameaçar a sobrevivência das
culturas periféricas. [Há] a necessidade de se definir uma política cultural nacional para o país (…)
no sentido de disciplinar as actividades no sector da cultura, das artes e do entretenimento e capaz
de orientar e ajudar os agentes culturais a autonomamente resolverem os problemas com que se
confrontam no seu dia-a-dia. Nesse âmbito, achou-se imprescindível a inserção de um pacote
cultural nos curricula escolar. (…) Ainda como reforço (…) propõe-se a criação de casas de cultura
em todos os distritos do país, formação de quadros ligados à área de museologia, criação de uma
Escola das Artes Crioulas de São Tomé e Príncipe e (…) sugere-se que textos de autores nacionais
sejam introduzidos nos manuais escolares. Com respeito às línguas nacionais, a não adoção de
uma política linguística capaz de delimitar fronteiras entre a Língua Portuguesa e as línguas
crioulas, identificar as marcas evidentes do português falado em São Tomé e Príncipe e divulgar o
alfabeto unificado dos crioulos existentes nas duas ilhas, poderá comprometer em grande medida
a sobrevivência das línguas maternas nacionais. (…) A falta de uma política nacional, com vista a
promover a medicina tradicional pela criação de códigos de conduta para a prática desta atividade
no país, o fraco incentivo à sua aprendizagem por parte das camadas juvenis, bem como a não
criação de programas de formação e qualificação para os seus praticantes tem desfavorecido (…) a
preservação, promoção e difusão desta prática secular.

Plano Nacional de Emprego (2015: 2)

São Tomé e Príncipe vive uma situação de pobreza e de desemprego. Em 2010, a incidência da
pobreza era de cerca de 66,2%. A taxa de desemprego situava-se no geral, em 2012, em cerca de
13,6%, mas a das mulheres chegava a atingir os 19,7% enquanto que a dos homens não era mais
do que 9,3%. O mais jovens eram os que mais são atingidos pelo desemprego do que os menos
jovens: quase um desempregado em cada três (32,7%) com menos de 24 anos e mais de metade
dos desempregados (59,6%) têm menos de 34 anos. Esta situação justifica-se por um conjunto de
factores, principalmente os que se relacionam com (i) a dinâmica demográfica; (II) a falta de
oportunidades de emprego por uma economia nacional pouco produtiva por ser subfinanciada e
dominada pelo sector informal ; (III) um sistema de educação e de formação profissional pouco
performante; (IV) uma sensível governação em matéria de emprego; (v) a falta de uma abordagem
dinâmica de inserção profissional, baseada numa verdadeira parceria público-privada que
pudesse ligar a administração pública, as organizações dos trabalhadores e o sector privado,
incluindo as instituições privadas de formação profissional.

22
Carta de Política Educativa (2012: 29)

Um ensino Técnico-Profissional pouco desenvolvido..!


Na ausência de uma verdadeira política de formação técnico profissional, STP defronta com
enormes problemas de insuficiência, em quase todos os sectores, de mão-de-obra qualificada. No
entanto, a procura de formação é enorme tendo em conta o número considerável de jovens que à
saída da escola se vêm confrontados com um mercado de emprego exíguo. O Liceu Nacional
administra apenas 5 cursos profissionais qualificantes, destinados aos alunos que concluem a 9ª
classe. São menos de 2% dos alunos que enveredam por esta via, devido a fraca oferta. O Centro
Politécnico administrou cinco cursos no ano lectivo 2010/2011, para um total de 101 estudantes.
Dos centros de formação profissional existentes, a grande maioria funciona com enormes
dificuldades e oferece um nível de qualificação baixo. Consciente do papel desse tipo de formação
para o crescimento da economia santomense, o MECF iniciou, desde 2011, a introdução do curso
da educação profissional no 1º ciclo do ensino secundário e propõe a criação de um departamento
8.1. Visão geral
destinado especialmente para monitorar este ciclo de formação.

As ICC dependem de um adequado enquadramento nos domínios do emprego e da


formação profissional, da cultura e da economia e são potenciadoras de crescimento
turístico. A avaliação efetuada pelos interlocutores à política cultural aponta insuficiências
a todos os níveis, quer por via de dificuldades organizacionais, quer por via de
insuficiência de financiamento ao setor da cultura e das indústrias culturais e criativas.

É voz geral que o Ministério que tutela a cultura sente-se manietado por falta de
organização, pessoal e financiamento e incapacitado para promover as ações necessárias,
tais como: identificação, preservação e valorização do património cultural; promoção das
línguas nacionais; recuperar artistas ligados ao artesanato, escultura e pintura e melhorar
a qualidade da produção; preservar tradições perdidas no folclore, na dança, na música, no
teatro, entre outras; selecionar artistas com saberes antigos e torná-los monitores nas
escolas; formar agentes e promotores culturais; efetuar a reciclagem de artistas e
descobrir novos talentos; promover conferências e seminários; incentivar a pesquisa
cultural, identificando, descrevendo e preservando as tradições; recuperar património
material encontra-se em degradação; atualizar a lei de direitos autorais e direitos conexos;
dotar de mobilidade os artistas e os bens e serviços culturais; promover eventos artísticos
e culturais; elaborar políticas de incentivo e de investimento no setor; quiçá criar, pela
primeira vez no país, um Ministério da Cultura separado do Ministério da Educação.

Na prática, a política cultural não revela eficácia na medida em que não dispõe dos meios
essenciais para desenvolver o setor. É necessário reestruturar serviços e recrutar pessoal
para se levar à prática a política cultural. O quadro de pessoal da Direção-Geral é limitado
a 17 pessoas: Arquivo Histórico Nacional (10); Museu Nacional (5); Direitos de Autor (1);
Artes e Espetáculos (1); Património Material e Imaterial (0).

O Ministério do Emprego e dos Assuntos Sociais também não parece ter condições para
concretizar todas as medidas do PNE sobre empregabilidade, empreendedorismo e
formação profissional, não havendo quaisquer referências ao setor das ICC.

No Ministério da Economia e Cooperação Internacional também não foram detetadas


medidas da Direção-Geral do Turismo de aproximação do turismo às ICC.

Património Cultural Material e Imaterial

Outra área que está praticamente parada corresponde à Comissão do Património Cultural
Imaterial que desenvolve trabalhos de identificação, documentação, investigação,
preservação, proteção, promoção, valorização, transmissão e revitalização do património

23
cultural, mas cuja ação se vê limitada por falta de verbas para prosseguir um trabalho
essencial. A Comissão está bem preparada tecnicamente, mas não financeiramente, nem
do ponto de vista da legislação. Importa rever a Lei do Mecenato para encontrar melhores
formas de empregar o dinheiro e, rever a legislação de gestão das ‘coisas culturais’.

O país solicitou a adesão à Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural


Imaterial, o que lhe permitirá aceder a um Fundo para a Salvaguarda do Património
Cultural Imaterial (já foi recebida a quantia de 75.000 dólares) e inscrever alguns bens na
lista de salvaguarda suscetíveis de potencializar candidaturas a Património Mundial:

 Txiloli: Auto renascentista ‘A Tragédia do Marquês de Mântua e do Príncipe D.


Carlos Magno’ (século XVI)
 Auto de Floripes: Auto renanscentista ‘São Lourenço’ que é idêntico aos "Autos de
Floripes" da aldeia das Neves, Viana do Castelo, Portugal (século XVI).
 Tlundu: Representação carnavalesca única no mundo com texto crítico.

Paralelamente, também existe uma Comissão Ad-hoc do Património Material que pretende
formular candidaturas para a cidade de São Tomé e da Roça Agostinho Neto, já que a
preservação dos edifícios é incipiente e não se recorre à Lei do Património (2003).

Direitos Autorais e Direitos Conexos

A problemática dos direitos autorais e direitos conexos, essenciais para a proteção da


criação artística, tem evoluído muito lentamente e prevê-se que, na melhor das hipóteses,
somente em 2017 a lei em vigor, que data de 1966, seja atualizada em face da realidade
atual. O Serviço Nacional de Propriedade Industrial (SNAPI) encontra-se protocolado à
tutela da Cultura fazendo o levantamento sobre o assunto, mas o Departamento dos
Direitos de Autor também carece de pessoal, dispondo apenas de uma jurista. Tal assunto
é muito complexo porque envolve diversas entidades, incluindo as alfandegárias e de
fiscalização, e a legislação é complexa, bem como exige recursos humanos estáveis nos
serviços e formação profissional a diversos agentes.

O instrumento internacional mais importante é a “Convenção de Berna para a Protecção


das Obras Literárias e Artísticas”. Em Portugal existe o Código do Direito de Autor e dos
Direitos Conexos (CDADC) que protege muitas obras e pode ser inspirador para o caso de
São Tomé e Príncipe (ver Anexo nº 10).

Grande parte dos trabalhos criativos protegidos pelos direitos autorais requer distribuição
em massa, comunicação e investimento financeiro para a sua divulgação. Deste modo, os
criadores vendem ou licenciam os direitos de autor das suas obras. A legislação sobre
direitos conexos estabelece que as produções que resultam das atividades dessas pessoas
ou entidades também merecem proteção legal. Alguns ordenamentos jurídicos define-se
que a tutela dos direitos conexos não afeta a proteção dos autores sobre a obra utilizada.

Concomitantemente, o SNAPI prepara também a chamada ‘gestão coletiva’ no sentido de


facilitar a recolha de receitas de direitos autorais, bem como desenvolve a Marca STP,
destinada a produtos e serviços com visão nacional e antropológica, que exige um
planeamento exaustivo, a enquadrar numa Estratégia Multissetorial.

Mobilidade de artistas e de bens e serviços culturais

A tutela da Cultura recebe muitas informações sobre a mobilidade de artistas e de bens e


serviços culturais, mas muitas dessas ações dependem da cooperação bilateral e a Direção
Geral da Cultura (DGC) ainda não desencadeou nenhuma ação.

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A participação em eventos culturais internacionais – que é dos objetivos centrais de
visibilidade – é arbitrária porque os convites internacionais são muitas vezes endereçados
a ex-titulares de cargos oficiais, estabelecendo-se relações informais, e o Ministério não
dispõe de pessoal para concentrar, selecionar e controlar tais participações.

Política de Investimento

Com fundamento nos vários documentos consultados, o país parece nunca ter registado, até
ao momento, a existência de qualquer política pública de incentivo fiscal aos investimentos
no setor das ICC. Com efeito, o Código de Investimentos de 2008 (em vigor), aprovado pela
Lei n.º 7/2008, de 27 de Agosto, não regista em nenhuma das suas disposições qualquer
incentivo fiscal com vista ao fomento do investimento na área das indústrias culturais e
criativas no país, sendo ainda de realçar que os anteriores Códigos de Investimentos
(Código de Investimentos de 1992 e Código de Investimentos de 1986) também não
continham qualquer disposição que concedesse incentivo fiscal aos investimentos nas ICC.

No artigo 1.º do Código de Investimentos, o legislador fiscal faz referência à atividade


económica na sua globalidade, sem fazer qualquer referência aos investimentos na área das
ICC. Desde logo, pode-se considerar que a área em apreço poderá beneficiar, como qualquer
outra, e da mesma maneira, de incentivos fiscais em sede do referido código, desde que o
projeto de investimento em presença preencha os requisitos legalmente previstos.

Importa sublinhar que, neste momento, encontra-se em preparação o novo Código de


Investimentos e o Código dos Benefícios Fiscais cujo propósito é o de orientar e atrair
investimentos para determinadas áreas consideradas como promissoras e prioritárias.
Assim, no artigo 4.º da proposta de Lei que deverá aprovar o futuro Código de
Investimentos, o legislador fiscal fixa como investimentos elegíveis os que participam do
bem-estar económico, social e cultural das populações, em especial da juventude, dos
idosos, das mulheres e das crianças. Mais uma vez, salvo alterações futuras, não se deteta
posição de destaque das ICC nos futuros Código de Investimentos e de Benefícios Fiscais.

Legislação e Planos Estratégicos

No que respeita aos domínios de análise neste estudo, existem os seguintes documentos
estratégicos principais:

 Plano Nacional de Emprego (2015), ainda por promulgar


 Documento de Política Cultural (2012)
 Carta de Política Educativa (2012)
 Plano Diretor de Turismo (2008)

Existe, ainda, a Lei do Património Histórico-Cultural Nacional (2003) e a Lei do Mecenato


(2014) e está em preparação legislação sobre os Direitos Autorais, Direitos Conexos e
Gestão Coletiva, sobre o Código de Investimento e dos Benefícios Fiscais e sobre a Marca
STP, que integrará um Plano Estratégico Multissetorial previsto pelo SNAPI.

Verifica-se, assim, um esforço de produção estratégica e legislativa, mas que tem


esbarrado na difícil realidade económico-financeira-organizativa do país.

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III PARTE – ANÁLISE AO SETOR EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

9. IDENTIFICAÇÃO E MAPEAMENTO DAS INDÚSTRIAS NO PAÍS

9.1. Identificação e mapeamento

9.1.1. Artes cénicas

A MÚSICA de São Tomé e Príncipe, ilha crioula, é um repositório de grande riqueza


cultural com ritmos tradicionais e inéditos, que conjuga expressões musicais africanas e
europeias e constitui uma parte significativa da identidade cultural do país,
movimentando muitos artistas (ver Anexo nº 11).

O país possui uma dezena de géneros musicais de raiz e se forem consideradas as


variações poderá chegar até duas dezenas de géneros musicais. No entanto, os
interlocutores privados consideram que não existem políticas e planos anuais adequados
para apoiar e desenvolver a cultura em geral e a música em particular.

Não existe indústria discográfica para reprodução musical. A CACAU possui um estúdio e
desenvolve uma escola de música tendo por base um projeto da musical tradicional com
apoios internacionais, que permite a capacitação dos produtores de música e da gestão de
projetos culturais. O estúdio do Kalu Mendes (KM Produções) possui um estúdio avançado
com a régie separada. A maioria de músicos é autodidata, beneficiando nos últimos anos
de cursos deformação intensiva em parceria com a embaixada do Brasil. A nível escolar foi
finalmente implementada a iniciação musical ao nível básico.

Porém, os direitos autorais baseiam-se numa Lei desatualizada ainda proveniente do


período colonial (1965), a qual está a ser revista atualmente. Considera-se que a
desproteção à produção artística é total a nível nacional e internacional e a atualização dos
direitos autorais constitui pedra angular para se iniciar uma mudança efetiva do
panorama musical.

Na medida em que a política cultural do Ministério da tutela é frágil, os músicos recorrem


exclusivamente a patrocinadores individuais, à UNESCO e a outras organizações
internacionais, considerando que devia haver uma política cultural com Fundo de
Financiamento do Estado, estabelecendo critérios e metas a alcançar.

Existem novas oportunidades para os músicos através de novas técnicas de produção


passíveis de obtenção através da internet, mas exige apoios à pesquisa. Na medida em que
a pesquisa e o desenvolvimento de ritmo pouco se faz, os músicos tendem a produzir com
o material que já possuem. Nota-se alguma mobilidade de músicos, mas sobretudo
mediante convites internacionais para participação em eventos, mas, em contrapartida, a
escassez de política cultural permite que a ameaça da globalização se concretize e cada vez
mais o país recebe música estrangeira em vez de exportar a sua, perdendo as
possibilidades de projeção para o exterior e vendo o mercado nacional ser ocupado por
músicas alheias.

No que respeita à DANÇA existem no país inúmeros grupos de dança (ver Anexo nº 11),
mas não são profissionais e as suas vestimentas e materiais utilizados estão em grande
parte muito usados. Os dançarinos são chamados a atuar pontualmente em festas e outras
manifestações culturais e artísticas e bastante mal pagos.

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Ademais, além de não serem profissionais e atuarem mais por gosto, são geralmente
autodidatas sem formação profissional adequada, o que coloca em causa muitas vezes a
qualidade das suas representações.

Relativamente ao TEATRO também existe muita tradição e criações coletivas. Os grupos


criam a obra cénica que fica de sua pertença. Antigamente havia muitos grupos teatrais,
mas atualmente estão mais restritos à capital do país (ver Anexo nº 11). O sentimento de
que o país tornou-se ‘insensível à arte’ provocou, segundo interlocutores do meio teatral,
desmotivação, em virtude da falta de reconhecimento e respeito ao trabalho artístico. Não
obstante, são realizados festivais de teatro de que é exemplo o ‘FESTEATRE’ que já
conheceu duas edições em 2014 e 2015 com relativo sucesso.

Associado a esta arte encontra-se o TEATRO DE MARIONETAS que já teve muita tradição
no país e constitui um repositório de criações que importa preservar. Atualmente o teatro
de marionetas tem sido pouco visto e necessita de ser alavancado para recuperar público.

No domínio das artes cénicas, como em outras, é necessário ministrar formação aos
fazedores de música, dança e teatro no que respeita a elaboração de projetos que busquem
financiamentos e parcerias nacionais e internacionais.

9.1.2. Artes visuais

As artes visuais também possuem uma forte tradição no país, em especial no que respeita
a pintura e escultura, e em menor escala a fotografia. No entanto, as atividades económicas
ligadas a essas artes são consideradas incipientes, não por falta de criatividade mas por
falta de financiamento público e privado. As ideias existem, mas é necessário investir e os
patrocinadores são escassos e o dinheiro a crédito é caro

A PINTURA e a ESCULTURA são dificilmente vendáveis em virtude dos ciclos turísticos e


muitos artistas abandonam a atividade e dedicam-se a ministrar aulas ou ingressar na
construção civil. Por outro lado, se a escultura encontra facilmente matérias-primas como
a madeira, a pedra ou o ferro, e eventualmente outros materiais locais, já a pintura
depende da importação das tintas e de outros materiais necessários à atividade,
encarecendo e dificultando a produção artística.

Não obstante, há alguns artistas de nova geração que se reúnem para abrir novos
caminhos, como é o caso de artistas plásticos que fundaram a Cafuka, uma organização não
governamental, que pretende agir não apenas no domínio das artes plásticas mas também
articular com artesanato, música, dança, teatro e cinema, gerando novos ambientes
criativos e novas artes clássicas mediante novos usos e funções. Em suma, há ideias, o
potencial existe, falta estímulos e financiamentos.

No que respeita à FOTOGRAFIA também existe tradição, que conheceu enfraquecimento


significativo em meados da década de 1980, tendo-se revigorado com a era digital,
especialmente em virtude do cartão de memória que poupa muitos custos. No entanto, as
máquinas, postais e outros materiais são todos importados e difíceis de encontrar.

Existem quatro estúdios de fotografia na cidade de São Tomé, cuja apresentação é


modesta, que se debatem com problemas de impressão. A clientela mais importante
respeita às Embaixadas e ao PNUD e existe uma grande dependência da época de
matrículas escolares em que é necessário aos alunos obterem fotografias de tipo passe.

A cobertura de eventos culturais é fraca porque os instrumentos e as vestimentas dos


grupos culturais estão muito deteriorados e não servem para fotografar. O subsetor

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queixa-se da falta de incentivos do Estado, de dificuldade de patrocínios privados e de
crédito bancário e da inexistência de formação profissional. A visibilidade deste subsetor
no exterior do país é fraca.

9.1.3. Audiovisuais

Existem RÁDIO e TELEVISÃO nacional e três rádios comunitárias. As rádios comunitárias


situam-se no norte (Lembá), no sul (gerida por uma ONG) e na Câmara do Distrito de
Lobata. Há, pelo menos, mais duas rádios privadas de natureza religiosa: Jubilar (Igreja
Católica) e Viva (Igreja Maná).

Existe, ainda, uma Delegação da RTP África. Admite-se que, devido a isolamento
geográfico, devesse haver delegações de Rádio e TV nacionais em outros distritos.

O serviço público de rádio e TV é considerado escasso porque a programação não é


diversificada, não há sensibilidade cultural e verifica-se uma tradição de algum
favorecimento aos órgãos do poder, o que faz diminuir a capacidade de debate e crítica.

Atualmente a formação dos jornalistas é um dos maiores problemas, não apenas ao nível
de conhecimentos técnicos e humanos, mas também no que respeita à transição do
sistema analógico para o digital, recorrendo-se à Internet para superar certas carências. E,
por outro lado, há uma clara lacuna no domínio do jornalismo especializado. A ausência de
formação de quadros e o baixo salário diminuem as possibilidades de progressão
profissional, verificando-se uma elevada rotatividade dos profissionais em direção a
outras profissões. Em geral, os jornalistas possuem um segundo emprego.

No sentido de se procurar apoiar os jornalistas e dotá-los de sentido de classe foi fundada,


há menos de dois meses, a Associação de Jornalistas.

Em relação ao CINEMA, é uma área que caiu consideravelmente ao nível de projeção, mas
que no domínio da realização apresenta grandes possibilidades na medida em que o país
tem imensos motivos de interesse para a produção de documentários de diversa natureza.

Alguns funcionários da rádio e da televisão possuem estúdios de produção privados e


podem desenvolver a área dos documentários. O cinema ambulante seria uma das
possibilidades de levar essa arte a todo o país. A produção de CD é outra possibilidade
mediante a edição de mitos, lendas e contos tradicionais adaptados.

A ASSECOM – Associação São-Tomense de Entretenimento e Comunicação Multimédia –


Cultural e Artístico, fundada por um grupo de estudantes santomenses e portugueses, e
orientada para incentivar a criação na área do cinema, vídeo, televisão e multimédia, bem
como potencializar a circulação das obras e dos autores em território nacional e
internacional, realiza a 3ª edição do São Tomé FestFilm - Festival de Cinema Internacional.

O Festival pretende dinamizar projetos nas áreas do cinema, televisão, vídeo e multimédia,
através de oferta de atividades educativas como a realização de workshops e conferências
nas áreas mencionadas, bem como despertar nos jovens o interesse pela livre criação
valorizando as origens históricas e culturais do país.

9.1.4. Editoras e médias impressas

A edição impressa é um dos grandes problemas que o país atravessa, não se conseguindo
obter todo o processo de produção e distribuição. Atualmente não existe nenhum jornal no

28
país porque a população não adquiria os que existiam e os patrocínios não eram
suficientes para assegurar as edições.

A impressão de livros e outras publicações também decaiu significativamente porque não


existe gráfica e a impressão é muito cara. Recorre-se muitas vezes às empresas Lexonics e
Copinet para impressão. Admite-se que nos últimos tempos o volume de produção tenha
recuperado ligeiramente, mas questiona-se a qualidade dos conteúdos editados em
virtude de não haver crítica nem debate sistemático das obras produzidas. Os textos do
Txiloli e do Auto de Floripes, incontestavelmente produções de natureza universal,
deveriam ser reeditados, bem como deveriam ser adotados e editados manuais escolares.

A União Nacional dos Escritores e Artistas Santomenses, que reúne cada vez mais artistas
de diversas áreas, debate-se com problemas organizativos e financeiros e suspeita que
muito da cultura tradicional possa continuar a perder-se se o Estado não tomar em mãos a
tarefa urgente de valorizar a Cultura e, concomitantemente, potenciar o desenvolvimento
de políticas de promoção turística de modo a angariar clientela para as indústrias culturais
e criativas e para o desenvolvimento socioeconómico do país.

9.1.5. Design

Neste grupo destaca-se o design de MODA, que se pode considerar ainda pouco
desenvolvido no país face à existência de uma grande variedade de trajes tradicionais que
poderiam ser inspiradores para novas criações usando a cultura local.

Tem havido diversos desfiles de moda anualmente no país e alguns no estrangeiro, mas as
dificuldades são muitas devido a um mercado bastante fechado e no qual, em muitos casos,
as importações de produtos relegam para segundo plano a moda nacional. Uma vez mais
os financiamentos bancários são difíceis de se obter e falta conexão económica entre os
empresários em áreas complementares. Esta situação isola as empresas e a qualidade é
prejudicada por uma concorrência que produz ‘à pressa’.

Não existe indústria têxtil e o fornecimento de tecidos, linhas, fechos, botões, etc. é
importado. A formação profissional é inexistente em diversas áreas necessitadas. Uma
nova empresa, a Grife Moda, possui um equipamento semi-industrial, faz formação e
pretende dinamizar novos recursos humanos envolvendo potenciais manequins vindas
dos distritos para a cidade de São Tomé, para criar um grupo de profissionais com
formação em línguas, passarela, corte, costura, design, etc.

A empresa realizou diversos desfiles, conjugando, por exemplo, designs de trajes e tranças,
e admite a possibilidade de se inspirar em linhas tradicionais de vestimentas tradicionais
adaptadas à modernidade e criar uma marca nacional de tecidos. A estratégia de
internacionalização através de parcerias, por exemplo, com operadores privados da CPLP,
abriria novas perspetivas criativas.

No que respeita ao design de BRINQUEDOS, perdeu-se a tradição, mas admite-se que é


uma área que se tivesse oferta poderia ter procura. A recuperação desta tradição não
somente poderia preservar a feitura de brinquedos baseados em matérias-primas locais
como torná-los também uma atração para turistas.

9.1.6. Património Cultural

O ARTESANATO é um dos subsetores que se considera ter grande potencial de


desenvolvimento quer para turistas e nacionais, quer para contribuir na preservação de
expressões culturais tradicionais muito importantes de identidade nacional.

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A maior parte dos interlocutores considera que o artesanato se encontra em decadência na
sua vertente mais artística, porquanto é vulgar a existência de galerias de artesanato cuja
qualidade não corresponde nem à tradição nem ao potencial artístico existente, bem como
parte já não é representativa da arte nacional e faz cópia de outras paragens.

Dois aspetos contribuíram muito para a decadência do artesanato: a limitada afluência


turística ao país e, concomitantemente, o desuso de determinadas funcionalidades
existentes, tais como a cestaria e a olaria que produziam inúmeras peças funcionais no
quotidiano, levando muitos artesãos a mudar de atividade.

No entanto, fazem-se muitas peças de artesanato e há artistas de renome no país. Os


materiais existentes são vastos, desde madeira, chifre de boi, coco, sementes, conchas até
utilização de bambu, palha e banana seca. As tintas são importadas. As peças são variadas:
mobiliário, esteiras, cestas, cortinados de bambu; colares, brincos, braceletes, máscaras,
carros de arame, arcas, tambores, cestas com vários materiais, peças de cerâmica…

Outras inovações surgem: a Cafuka participa em projetos de construção de uma bicicleta


de bambu e de iluminação artificial usando latas. Percorrer distritos promovendo feiras de
cestaria, de tecelagem, de escultura em madeira, de objetos com realidade social e
associados a figuras lendárias santomenses pode ser um grande contributo para a
preservação do artesanato, reutilização pelas populações e atração turística.

No que respeita a FESTIVAIS E CELEBRAÇÕES muitas tradições foram sendo perdidas,


mas atualmente existem organizações privadas de promoção de eventos culturais e
recreativos, organizando bienais, exposições, festivais e celebrações múltiplas, alternando
atividades modernas de recreação com festivais e celebrações tradicionais, de que é
exemplo mais significativo a ‘CACAU – Casa das Artes Criação Ambiente Utopias’.

A CACAU abarca uma infinidade de iniciativas, revelando-se muito dinâmica em diversos


domínios da vida cultural, e vai reformular completamente o interior das suas instalações
em associação a investidores estrangeiros que custeiam o projeto com design moderno.

Nas amplas instalações da CACAU existem restaurante, exposições, incubadora para


empreendedorismo em preparação; estúdio de música; palco para eventos artísticos e
outros eventos num amplo espaço interno móvel. Desde há uns anos, a CACAU desenvolve
múltiplas atividades, de entre as quais se pode destacar atualmente as seguintes:
preparação da Bienal de Arte e Cultura (7 edições); música (dispõem de estúdio musical e
apoio da União Europeia); 15 jovens aprendem vários instrumentos em Montemor-o-Novo
(Portugal); teatro (dispõe de professores portugueses que se deslocam ao país); promove
exposições regulares de pintura e escultura; realiza espetáculos artísticos e jantares com
gastronomias de variados países; prestes a inaugurar Roça Lisboa levando a Portugal a
horta, a mercearia, a estufa, um museu digital (em pen drive), um micro livraria, artesanato
e faz circular artistas e produtos; na Roça de São João, ligada à CACAU, há 4 hectares de
cacau de valor acrescentado: sabonete de cacau, cacau para SPA, cacau fresco.

Em projeto está a concretização de diversas atividades culturais, recreativas e o


lançamento de novos produtos ligados à cultura e à tradição santomense: Roça Porto, à
semelhança da Roça Lisboa; Festival STPeixe; Crioulo Jazz Festival associado ao Festival
STP; Realização de Identificação Geográfica e Hortas Temáticas na Roça de São João
(protocolo com Alemanha); convidar chefes de cozinha estrangeiros para cozinharem
pratos em função de elementos gastronómicos, biológicos, históricos e geográficos do país;
formar um grupo de mulheres para transformação de produtos – pimenta, malagueta, etc.;
criar residências, eventos e encontros internacionais no país; integrar uma residência

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internacional em Amsterdam; efetuar investigação científica tropical, investigação de
plantas e roças com institutos politécnicos e criar pólos de desenvolvimento turístico;
transformar pequenas roças em ‘vilas médias’; empreendedorismo com incubadora;
integração na Marca Drog internacional (especiarias extraídas de ervas aromáticas,
plantas medicinais, cacau, etc.

No que respeita a LOCAIS ARQUEOLÓGICOS E CULTURAIS destaca-se o património


edificado, parte do qual se encontra em degradação e necessita urgentemente de obras de
restauro e conservação. As Roças são o maior património material oriundo do
colonialismo, mas ainda não vistas como património cultural santomense a explorar.

Recentemente dois arquitectos portugueses inventariaram e estudaram 122 das cerca de


150 explorações de café e cacau de São Tomé e Príncipe. A recuperação de roças pode ser
um dos eixos estruturantes para a sua reinvenção e reconversão, promovendo a transição
de um ciclo colonial para um ciclo cultural, conservando o carácter evolutivo da roça
através de projectos eco-turísticos ancorados na sua actividade agrícola. A Roça inclui não
apenas a casa principal, o hospital, as sanzalas, a parte agrícola dos armazéns e secadores
de café e cacau, mas, também, escolas e equipamentos de lazer como pombais e pequenas
praças de touros, como acontece na roça Bombaim e na roça Java.

9.1.7. Multimédia e serviços criativos

Neste domínio destacam-se as atividades cultural e recreativa e a publicidade e marketing.

A área de PUBLICIDADE E MARKETING defronta-se com muitos problemas devido às


dificuldades de obtenção de linhas de crédito, ao mercado pequeno do país e à crise
financeira por parte dos operadores privados. Uma nova empresa vai inaugurar
proximamente a sua sede e dispõe de um setor de serigrafia até seis cores.

A concorrência também é forte no domínio da ‘comunicação’ (logótipo, imagem…) quer


interna quer externamente. Como as linhas de crédito são caras e os fornecedores são
todos externos, aumentando os custos das empresas, a solução é buscar clientela no
exterior e efetuar parcerias internacionais para melhor se competir numa área geográfica
de costa africana situada a 380 quilómetros de São Tomé e Príncipe.

No domínio CULTURAL E RECREATIVO a cidade de São Tomé tem falta de atividades que
atraiam turistas ao país e apenas existem duas empresas mais importantes promotoras de
eventos, as quais têm dificuldades no exercício das suas atividades devido a falta de
financiamento e patrocínios, de articulação de empresas fornecedoras, de encarecimento
de materiais devido à insularidade e de ciclos de alternância de turistas.

Existem muitas lacunas em serviços complementares de iluminação, som, montagem de


palco, e a empresa tem que investir nessas áreas. Para eventos mais pequenos o país ainda
dispõe de alguns recursos humanos nesses domínios, mas em eventos maiores é
necessário recorrer ao exterior contratando técnicos de som, imagem e palco.

Na medida em que as Direções-gerais do Turismo e da Cultura não financiam atividades,


recorre-se a jornalistas estrangeiros para reportagem gratuitas com pagamento apenas de
viagens e estadias, como se de um fim-de-semana de lazer se tratasse. São contratados
artistas e DJ residentes em São Tomé e Príncipe e em Portugal.

O mercado nacional é pequeno e os festivais de música, regulares e gratuitos em tempos


de eleições, levados a efeito pelos partidos políticos prejudicam a afluência noutros
eventos, embora se considere que o mercado melhorou com festivais, jantares e festas. Os

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maiores eventos são os seguintes: STP Music Awards, o maior evento internacional do
país; Beach Party (festa de praia); Festival de jovens – turismo da diáspora; Festival
Gravana – festa de Verão; Festa de fim de ano; Festival Bares e Pubs ‘Juntos e Misturados’.

Estas manifestações ocorrem com calendarização fixa anual aproveitando os ‘picos’ de


turismo. Como estas manifestações dependem de patrocínios, procura-se parcerias com
grupos estrangeiros que disponham de artistas – sobretudo Angola e Cabo Verde – e
associação a outros parceiros com materiais adequados à realização dos eventos.

10. FATORES IMPACTANTES NAS INDÚSTRIAS CULTURAIS

10.1. Fatores políticos

A política governamental associada às ICC pode-se considerar frágil. Todos os


interlocutores – do setor público e do setor privado – são unânimes quanto ao facto de a
cultura ser relegada para segundo plano face a outras necessidades prementes do país.

A carência de medidas de política adequadas tem levado à degradação do património


material e ao esquecimento de muitas tradições ligadas ao património imaterial do país. O
Documento de Política Cultural orientador baseia-se em um Fórum realizado em 2011 e as
propostas aí constantes ainda não se concretizaram.

Particularmente no ministério da tutela a Direção-Geral da Cultura necessita de


reorganização e, sobretudo, de recursos humanos em quantidade e qualidade para fazer
face às inúmeras tarefas por realizar e suspensas, não se cumprindo a política cultural.

Os Planos Estratégicos ficam muitas vezes por cumprir, como é o caso das Políticas de
Emprego e Formação Profissional, da Política Cultural, do Plano Diretor de Turismo, etc.

10.2. Fatores económicos

O PIB do país foi avaliado em pouco menos de 275 milhões de dólares em 2013. O nível de
exportações é baixo (3,5% do PIB) e o de importações é alto (40% do PIB). O Investimento
direto estrangeiro também é baixo e o setor bancário é caro para aqueles que pretendem
criar o seu próprio emprego e microempresas.

O desemprego é muito elevado e existe uma acentuada informalização, com pouca criação
de emprego produtivo e, consequentemente, o nível de procura é baixo.

O país depende grandemente da ajuda internacional, que contribui para as receitas do


Orçamento do estado na ordem de 80%. O défice do equilíbrio orçamental é crónico e a
base tributária é muito reduzida em virtude da fragilidade estrutural da economia. As
dificuldades económicas enfrentadas são muitas e o impacto nas atividades culturais e
criativas é muito negativo por não existir apoios financeiros, incentivos fiscais, etc.

10.3. Fatores sociais

A dinâmica demográfica evidencia um país muito jovem, com baixas habilitações e


dificuldades de emprego principalmente para as mulheres e os jovens. O país é pobre e
apresenta um padrão de vida com muitas dificuldades para as classes mais desfavorecidas,
em especial nas zonas rurais. Por outro lado, a globalização tem entrado pela porta da
frente do país, ocidentalizando os seus estilos de vida principalmente nos centros urbanos
e mudando os valores tradicionais da sociedade.

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As tradições em São Tomé e Príncipe são muitas a nível das artes e da cultura popular, mas
as dificuldades quotidianas, a falta de apoios e o processo de globalização, entre outros
fatores, têm levado gradualmente à perda de tradições e de identidade cultural.

10.4. Fatores tecnológicos

A tecnologia tem penetrado na sociedade santomense e também nas indústrias culturais e


criativas, mas o seu impacto ainda está muito aquém do desejado, porque as condições do
seu exercício não são as melhores do ponto de vista económico e financeiro.

Existem novas técnicas de produção em determinadas áreas, mas a falta de equipamentos


devido às dificuldades financeiras tem sido uma constante. A tecnologia permite evoluir
para novos ambientes criativos, novos usos e funcionalidades adstritas às artes clássicas,
mas uma parte significativa das iniciativas acaba por se gorar por falta de capacidade
financeira e os avanços são reduzidos e não disruptivos.

10.5. Fatores legais

A legislação está aquém das necessidades, mas têm sido realizados esforços de melhoria
nos últimos anos, apesar de a feitura de leis se arrastar por tempo demasiado e na prática
não surtir o efeito desejado por via de obstáculos económicos, financeiros, tecnológicos.

Atualmente estão em curso, entre outros projetos, a legislação dos Direitos Autorais e
Conexos, o Código de Investimentos e dos Benefícios Fiscais, a preparação de duas leis
para aplicação da Convenção de Salvaguarda do Património Cultural e para a criação da
Marca STP. Em suma, procura-se adequar o enquadramento jurídico às necessidades reais.

10.6. Fatores ambientais

O país possui uma biodiversidade única, formada por uma cobertura florestal terrestre,
com florestas de neblina ‘enrolar’, mata seca, cerrado e manguezais, e que cobre a maior
parte do país (mais de 90%) rodeado por mar. As florestas santomenses fazem parte do
grande Pulmão de África (bacia do Congo) e justifica-se a elaboração de uma estratégia
ambiental sustentável para fazer face às principais ameaças de aumento da temperatura e
do nível do mar causados pelo aquecimento global.

Entretanto, existe um Plano de Ação para a Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos
(2012-2016). A falta de meios é quase sempre o principal constrangimento apontado na
gestão de resíduos, mas na maior parte das vezes é apenas da recolha que se fala.
Problema maior parece ser a grande presença de sólidos e efluentes nos rios que nascem
nas montanhas e escoam no Oceano. A situação é agravada por falta de adequada
estruturação do saneamento básico.

11. EMPREGO E EMPREENDEDORISMO

11.1. Oportunidades de criação de emprego

Deve-se realçar desde já que, à parte a política de estágios e formação em gestão


concretizada pelo Centro de Formação Profissional de Budo-Budo, não existem outras
políticas de emprego ativas. O estágio profissional é realizado durante 9 meses em
contexto real de trabalho para pessoas entre 18-35 anos e a formação em gestão (apoio à
criação de emprego) dura 120 horas e cobre pessoas entre 25-45 anos.

33
Atualmente desenvolve-se uma estratégia complementar de integração de desempregados
em estágios profissionais nas empresas visando a criação de emprego, muito semelhante à
política já existente. A esta realidade junta-se a debilitada situação económica do país,
fazendo escassear as oportunidades de criação de emprego. A oferta do mercado de
emprego é muitíssimo inferior à procura do mercado de trabalho.

No que respeita às indústrias culturais e criativas a situação ainda é mais grave devido à
cultura se encontrar relegada para segundo plano e não se lhe atribuir o potencial de
desenvolvimento que efetivamente possui. Nessas circunstâncias as ICC não têm
beneficiado de nenhum tratamento especial quanto à criação de emprego.

11.2. Formação profissional e ensino técnico-profissional

A estratégia de emprego centra-se sobretudo na oferta de formação profissional de Budo-


Budo e de outros centros privados existentes. Pressupõe-se que melhores qualificações
geram mais empregos. Essa relação é verdadeira em ambientes dinâmicos, mas o
ambiente de negócios do país não é favorável e a economia não tem capacidade para gerar
empregos formais acrescidos de qualidade profissional. É essa uma das razões principais
para que muitos formandos abandonem o país à procura de melhores empregos.

Todavia, no que às ICC diz respeito, nem o Budo-Budo, nem os outros centros de formação
privados, nem o ensino técnico-profissional do Ministério da Educação, Cultura e Ciência
possuem quaisquer cursos a decorrer. Apenas Budo-Budo tem feito formação em
artesanato, tendo a última ação sido encerrada em Dezembro de 2015. O ensino técnico-
profissional tem aprovado um Curso Secundário Profissionalmente Qualificante de Arte e
Design correspondente ao 2º ciclo do ensino secundário, mas também não o realiza.

Em suma, não existe formação profissional nem ensino técnico a cobrir qualquer área que
seja das ICC, o que remete para uma séria e urgente aposta nesta área.

11.3. Papel do empreendedorismo no setor

Face a tais dificuldades nos domínios do emprego e da formação profissional, bem como
devido a um período em que a Câmara do Comércio e Indústria atravessou diversas
dificuldades, surgiram associações empresariais com vontade de resolver uma parte dos
problemas no domínio do empresariado e do empreendedorismo.

Várias organizações já existiam, incluindo organizações específicas de mulheres


empresárias, mas para dar mais respostas ao empreendedorismo nasceram outras
associações de natureza empresarial, tais como:

 Associação dos Empresários de São Tomé e Príncipe, que aposta em projetos de


maior envergadura, em especial na ilha do Príncipe num primeiro momento,
mediante a reabilitação do aeroporto, recuperação de roças e sanzalas e aposta na
formação e no desenvolvimento cultural.
 Associação de Jovens Empresários, centrada na produção de peças em bambu,
especialmente mobiliário, que possui um Gabinete de apoio para realizar pequenas
formações, seminários, intercâmbios e avalizar projetos para microcrédito, além
de possuírem o programa ‘Vida e Negócio’ aos domingos na televisão.
 Fórum de Empreendedores Santomenses, que nasceu para suprir falta de
estruturas de apoio para surgimento da criatividade cultural, designadamente
ausência de incentivo ao empreendedorismo (capital de risco, fundo de garantia
mútua, microcrédito apenas no ‘papel’…), realizando fóruns, palestras e formações.

34
Tais associações procuram transformar a riqueza potencial do ‘empreendedorismo
cultural’ em riqueza económica e social, mas continuam se defrontando com um grande
desconhecimento das capacidades das indústrias culturais e criativas e até um certo
preconceito que existe entre o mundo da cultura e o mundo dos negócios, impedindo a
conjugação de sinergias económico-culturais que beneficiariam ambos as partes.

11.4. Instituições de microcrédito

Desconhece-se a existência de políticas governamentais de microcrédito e todos os


interlocutores inquiridos sobre a matéria indicaram que o microcrédito é praticamente
circunscrito ao ‘papel’ porque os seus custos são muito elevados.

Os estabelecimentos bancários não parecem muito inclinados para tais políticas e evitam
quaisquer riscos.

Por outro lado, a política de microcrédito tem que ser associada à preparação dos
empreendedores em diversos domínios de formação: noções de gestão, de parcerias, de
comercialização. É um processo de apoio que vai desde a criação do emprego /
microempresa e acompanhamento até chegar a uma situação de maturidade que obste ao
seu desaparecimento precoce.

Entretanto, o Programa do Governo refere explicitamente a atribuição de recursos para a


promoção e dinamização de iniciativas empreendedoras geradoras de postos de trabalho,
prevendo-se que essa ação será implementada ainda em 2016.

12. AMBIENTE DE NEGÓCIOS

A análise da área de negócio é avaliada pelas 5 forças de Porter: entrada de novos


competidores, rivalidade entre empresas, produtos substitutos, poder dos fornecedores e
poder dos clientes.

 Ameaça de entrada de novos competidores: O setor das ICC ainda é incipiente


no país, não foi regulamentado, não é defendido por direitos de autor e direitos
conexos, não beneficia de proteção institucionalmente, é polvilhado por artistas e
microempresas, a Marca ainda está em construção e, nessas condições, existem
francas condições para a promoção de novos atores na cena competitiva, embora
existam fortes condicionantes em termos de capital, tecnologia e canais de
distribuição.

 Rivalidade entre as empresas da indústria: A rivalidade entre empresas do


setor é baixa em virtude da fraca presença de competidores bem estruturados e as
barreiras à saída são igualmente baixas (exceto as emocionais), o que indicia uma
rivalidade centrada no preço e o abandono sistemático dos atores mais frágeis
incapazes de exercerem um jogo duro num mercado exíguo.

 Ameaça de produtos substitutos: A ameaça de produtos substitutos é bastante


baixa, havendo espaço com o crescimento do mercado de surgirem novos
produtos/serviços que não substitutos.

 Poder dos fornecedores: Num mercado internamente bastante fragmentado, com


problemas de receção, armazenamento e distribuição de fatores de produção,
recorre-se a vários fornecedores possíveis e várias alternativas fora do país, pelo
que o poder dos fornecedores é baixo.

35
 Poder dos clientes: Coexistem empresas e consumidores finais ao nível dos
clientes, tendo aquelas maior poder de compra, e o poder dos clientes possui pouca
força em termos médios. Trata-se de uma aferição normal em mercados ainda em
estádio de desenvolvimento incipiente como é o caso das ICC.

No quadro seguinte evidencia-se a atratividade que as ICC representam:

Quadro nº 3: Atratividade da Indústria

ATRATIVIDADE DA INDÚSTRIA
FORÇA COMPETITIVA PRESENTE FUTURO
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
Ameaça de entrada de novos competidores 2.94
Rivalidade entre as empresas da indústria 2.79
Ameaça de produtos substitutos 2.25
Poder negocial dos fornecedores 2.83
Poder negocial dos clientes 2.82
AVALIAÇÃO GLOBAL 2.80
Legenda: 1 – muito baixa; 2 – baixa; 3 – média; 4 – alta; 5 muito alta.

Em suma, a avaliação global da força competitiva é baixa, situando-se em 2.80, em virtude


de se tratar de uma indústria ainda bastante incipiente. Todavia, face aos recursos raros e
valiosos que existem identifica-se um grande potencial de crescimento, quer em termos
nacionais mediante novos produtos com valor acrescentado, quer em termos de
alargamento do mercado para as sociedades da região ocidental africana da qual São Tomé
e Príncipe faz parte.

À medida que este mercado for mais apoiado, crescer e organizar-se do ponto de vista
institucional e operacional, quer pela captação de mais investimento e maior
desenvolvimento do empreendedorismo, quer por efeito de crescimento de outros setores
vizinhos como o turismo, aumentará gradualmente a sua atratividade que, apesar do
grande potencial existente, ainda não despertou o interesse maior de agentes económicos.

13. OPORTUNIDADES, AMEAÇAS, POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES

13.1. Oportunidades

 Mudança de paradigma dos ativos tangíveis para os ativos intangíveis.


 Alargamento dos mercados por via da globalização.
 Abertura crescente da CPLP às indústrias culturais e criativas.
 Altas taxas de crescimento previstas nos negócios criativos associados a suportes
digitais (vídeo on demand, música digital, jogos on line, etc.).
 Aparecimento de novas atividades económicas ligadas ao ambiente.
 Evolução tecnológica, designadamente telecomunicações, simplifica o acesso aos
mercados e obtenção de benefícios de globalização
 Evolução tecnológica gera novas plataformas para as indústrias culturais e cria
necessidades de novos conteúdos.
 Financiamento internacional, nomeadamente da União Europeia.
 Articulação das indústrias culturais com o turismo, ecoturismo e turismo rural,
alargando as respetivas cadeias de valor.
 Consolidação e projeção dos Festivais da Música, do Filme, do Teatro, do Peixe...

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 Realização, para breve, do Plano Nacional de Ordenamento Territorial, com
financiamento garantido do BAD.
 Transformação de pequenas roças em ‘vilas médias’ associando ecoturismo /
turismo cultural e ICC.
 Regeneração física tem-se orientado para funções culturais e criativas.
 Criação da Marca STP.
 Identificação geográfica em curso e hortas temáticas – certificação de dez produtos
nacionais.
 Dinâmica demográfica positiva.
 Aumento gradual dos níveis de escolaridade.

13.2. Ameaças

 Património material em degradação, em especial as Roças, que constituem o maior


património colonial e potencialmente turístico.
 Património imaterial sujeito a avultadas perdas culturais com impacto na
identidade cultural do país (tradições e grupos culturais em extinção).
 Degradação do ambiente (corte abusivo de árvores, resíduos sólidos nos rios,
aumento da temperatura e nível do mar…), cuja melhoria depende de uma
estratégia ambiental sustentável.
 Globalização descaracteriza a cultura tradicional com a entrada de produtos
apelativos e desligados das tradições do país.
 Economia pouco ativa e muito dependente.
 Isolamento logístico de alguns distritos (Cauê).
 Insuficiência de financiamentos, de estruturas de microcrédito e de apoio ao
empreendedorismo.
 Obstáculos institucionais e mentais na cooperação entre os setores da cultura e da
economia para o desenvolvimento ‘socioeconómicocultural’.
 Alheamento de uma parte importante de jovens relativamente à cultura e às
línguas nacionais.
 Eletrificação da cidade de São Tomé em constante estado de quebra de corrente.
 Falta de saneamento de meio.
 Apesar do crescimento do turismo nos últimos anos ainda é notória a falta de
dinâmica de ligação às ICC.

13.3. Potencialidades

 Vasto património natural: ecossistemas de selva, flora densa, cascatas, praias e


recursos hídricos, aves terrestres e marinhas, cetáceos, tartarugas marinhas,
paisagens não intervenientes de costa, paisagens vulcânicas.
 Vasto património imaterial: literatura oral e tradicional; mitos, ritos e magias;
medicina antiga; jogos tradicionais; música, dança, teatro, marionetas, pintura,
arquitetura, artesanato, escultura, cestaria, olaria.
 Vasto património material: arquitetura religiosa, arquitetura militar, casas das
antigas explorações agrícolas (roças), edificações diversas na cidade de São Tomé,
monumentos / esculturas, centro histórico de Anambó (marco de chegada dos
descobridores portugueses).
 Múltiplas atividades na natureza: praia e mar (pesca submarina, observação de
cetáceos, desova das tartarugas marinhas…), montanha (Cão Grande, Cão Pequeno,
Sete Pedras…) e planície (turismo rural em roças, trilhos de floresta…), que podem
favorecer articulações com atividades culturais e recreativas em lugares criativos.
 Pluralidade de grupos culturais e musicais e de conceituados cantores,
compositores, escultores, fotógrafos, etc.

37
 Negócios criativos, organizações e processos estão a estabelecer-se em áreas
centrais e a organizar-se em redes, embora lentamente.
 Casa da Cultura tem cozinha e pode desenvolver gastronomia com um programa
de promoção, orientação e divulgação.
 Existência de ‘mestres’ antigos cujos saberes constituem uma mais-valia e podem
se associar a escolas e centros de formação para transmissão de conhecimentos.
 Envolvimento das Câmaras Distritais com as entidades culturais oficiais.
 Parte da juventude participa nas ações culturais, sobretudo artesanato, artes
plásticas, teatro, música.

13.4. Limitações

 Inexistência de um modelo de governação integrada que privilegie as ICC em


‘agendas de transformação’, potencialize políticas, poupe recursos, crie novas
sinergias, produza impactos mais eficazes e efetivos das respetivas políticas nos
territórios e suas populações.
 Elevada fragilidade de infra-estruturas para a potencialização das dinâmicas
económicas de produção, distribuição e consumo de bens e serviços criativos.
 Nas indústrias culturais e criativas predominam artistas e microempresas, o que
implica deseconomias de escala e menor poder negocial.
 Negócios criativos ainda isolados, com fraca componente inovadora e falta de
confiança.
 Dependência exterior das indústrias culturais em equipamentos e toda a espécie
de materiais e consumíveis, encarecendo os custos.
 Baixos valores de exportação em geral e dificuldades de escoamento de produtos
para o exterior por falta de canais.
 Qualidade inferior de muitos produtos por falta assistência à produção.
 Baixo índice de clusterização não maximiza melhorias de competitividade.
 Peso das indústrias culturais e criativas está muito abaixo do potencial.
 Impacto da criação de emprego está muito abaixo das possibilidades.
 Falta abordagem regional para desenvolver parcerias e intercâmbios entre
municípios e instituições.
 Desconexão entre o património e a oferta contemporânea que obsta a uma oferta
coesa e distintiva.
 Elevados custos de preservação dos patrimónios arquitetónicos nas antigas
explorações agrícolas.
 Falta de equipamentos, instrumentos e outros materiais para a produção cultural,
sendo necessário importar.
 Fraca recolha de património imaterial.
 Inexistência de formação de artes e ofícios orientada para as ICC.
 Inexistência de Fundo de Investimento conforme previsto na política cultural.
 A informação estatística sobre as empresas e as bases de dados existentes são
insuficientes para acompanhar a evolução das ICC.
 Falta de apoio da parte do Estado de incentivo ao fomento de negócios no âmbito
das ICC.
 Insuficiente integração em espaços mais amplos como a CPLP e da região CEEAC.

38
IV PARTE – CENÁRIOS, ÁREAS PRIORITÁRIAS E AÇÕES RELEVANTES

14. PERSPETIVAS DE EVOLUÇÃO DO SETOR, ÁREAS PRIORITÁRIAS, POLÍTICAS E EIXOS


RELEVANTES A EMPREENDER

14.1. Evolução

O primeiro fator de evolução que importa reconhecer refere-se à tendência geral de


expansão das ICC com consequências sobre o volume de emprego associado. As dinâmicas
de evolução percebidas apontam no sentido de um reforço da atividade na maioria dos
seus subsectores, ainda que seja amplamente indeterminada a intensidade e o perfil desse
crescimento e, consequentemente, algo incerto o sentido da expansão prevista, dado que
ainda está muito dependente das políticas públicas para o setor e da própria dinâmica de
outros setores, em especial o turismo na sua perspetiva mais abrangente. Pode-se esperar:

 Crescimento do rendimento disponível das famílias e, provavelmente, do volume


de despesa em consumos culturais.
 Crescente ‘urbanização’ dos modos de vida, ampliando a apetência por consumos
culturais.
 Incorporação das políticas culturais e criativas como variável das estratégias de
coesão económica e social e consequente aposta na desconcentração de ofertas.
 Progressão dos níveis de escolaridade da população e consequente reforço da
apetência por consumos culturais.
 Profusão de condições/oportunidades de reforço de práticas domésticas de
consumo cultural em determinados domínios.
 Complementaridades crescentes entre as ICC e a indústria do turismo, ecoturismo
e turismo cultural, que é um setor cada vez mais integrador e valorizador de
consumos culturais e que será tanto mais atrativo quanto maior for a diversidade
da oferta cultural e criativa.

Em segundo lugar, apesar da tendência de expansão, deve-se reconhecer que as atividades


desenvolvidas no âmbito do que se designa por ICC apresentam maiores dificuldades de
evolução em virtude da sua dependência das orientações de política pública financeira e
dos quadros de regulamentação, repercutindo-se nas soluções organizativas e funcionais
da atividade e ao nível dos processos de profissionalização dos artistas.

O valor de mercado dos produtos e serviços não reflete o respetivo valor económico,
sugerindo a necessidade de um funcionamento assistido das estruturas de criação /
produção e de difusão /comunicação devido à dimensão pública ou semi-pública de
natureza cultural, social e educativa.

A matriz organizacional, relativamente diversificada, possui um nível de maturidade


organizativa ainda reduzido. Os impactes decorrentes da evolução tecnológica fazem-se
sentir em matéria de organização, de relacionamento com o mercado e na própria esfera
do objeto e do ato de criação.

A cadeia de valor apresenta dificuldades de sistematização na medida em que há graves


problemas de logística a montante ao nível da receção, armazenamento e distribuição de
fatores produtivos, problemas de transformação dos fatores produtivos em produtos,
problemas de logística a jusante ao nível de armazenamento e distribuição do produto e
ainda problemas de marketing e publicidade.

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A evolução para o futuro pode desenhar-se mediante três cenários estratégicos com pesos
diferentes do setor público e do setor privado:

Figura nº 3: Cenários estratégicos

CENÁRIO 1 CENÁRIO 2 CENÁRIO 3


+ Setor Público - Setor Público

- Setor Privado + Setor Privado


Fonte: Elaboração própria.

CENÁRIO 1

Intervenção bastante participada e diversificada do setor público no âmbito das dinâmicas


e do tecido cultural e artístico, favorecendo os efeitos decorrentes da evolução tecnológica
(TIC) e organizacional (redes) e das tendências de contexto mais alargado no âmbito dos
processos de globalização e de expansão da sociedade do conhecimento.

Este cenário é favorável à qualificação e inovação artística, formação de públicos e


qualificação de práticas culturais, potencializando tendências de crescimento e de
segmentação de mercados e produtos. As organizações são, além disso, alavancadas pelas
TIC ao nível da inovação nos produtos e processos e em termos de produção e difusão. O
crescimento do mercado e a maior intersecção público-privado criam condições favoráveis
para a integração e inovação ao nível dos modelos organizacionais e das lógicas de rede,
melhorando os projetos artísticos sustentados por estruturas mais flexíveis.

CENÁRIO 2

Além das medidas de regulação, o Estado tende a centrar a sua participação no setor das
atividades artísticas, culturais e de espectáculo na promoção de determinados segmentos,
privilegiando as áreas do património e promoção do livro e da leitura, em desfavor da
criação artística, dando algum apoio financeiro às actividades de iniciativa não pública.

Neste cenário, as estratégias de redução de custos de estrutura optam pela restrição de


funções de gestão e de marketing, privilegiando as funções e competências directamente
relacionadas com as áreas da criação e da produção. A viabilização de muitos projetos não
públicos passa pela capacidade dos privados, bem como dos principais mediadores e
profissionais artísticos, em adotarem práticas de organização em rede, implicando maior
debilidade organizacional e de integração de modelos de gestão de natureza empresarial.

CENÁRIO 3

Manutenção da retração do Estado quer ao nível da organização e gestão de atividades de


produção e difusão cultural, quer ao nível de financiamento às organizações privadas e às
ONG, preferindo a propagação de estratégias de ganhos em escala e de redução de custos
desde que permitam atrair sectores mais alargados de mercado.

40
Tal retraimento favorece opções de padronização de produtos e projetos, mais compatível
com a massificação de consumos e o empobrecimento de linguagens e de formas de
expressão artística e criativa. O reforço e a qualificação da rede nacional de infra-
estruturas culturais e artísticas e de promoção de itinerâncias perde força, diminuindo o
potencial de projetos vanguardistas apoiados pelas TIC. Embora sejam privilegiadas
estratégias de inserção em redes, a predominância será para modelos de gestão de
empresarial e de flexibilização em matéria organizacional e de recursos humanos.

Neste Cenário, que é o mais próximo do atual, favorece-se opções de padronização de


produtos e projetos compatível com uma massificação dos consumos e empobrecimento
de linguagens e de formas de expressão artística e criativa, mas dinamiza-se o crescimento
do setor:

 Mercados e Produtos: São percetíveis as tendências de retração em certos


operadores e uma boa parte das organizações especializar-se-á em determinados
nichos de mercado consideravelmente restritos que apresentam condições
endógenas de poder adquirir os seus bens e serviços.
 Tecnologia: Para quem atua privilegiadamente no mercado de produtos e serviços
mais padronizados, a introdução de tecnologias tornar-se-á uma prioridade em
matéria organizacional e de relacionamento com o mercado, mas no setor dos
espectáculos, e em empresas viradas ao exterior, prevê-se inovação tecnológica ao
nível da produção de espetáculos e equipamentos de palco, som e luz.
 Organização: As principais mudanças organizativas associam-se ao crescimento
dos privados que procuram ocupar o espaço deixado pelo setor público, assumindo
fator de riqueza do tecido institucional, quer pelo número de organizações
constituídas, quer pelas soluções jurídicas e institucionais encontradas.

14.2. Formulação estratégica

Após a realização da fase de análise estratégica, na qual se radiografou o setor das


indústrias criativas e culturais, e foram esboçadas pistas de orientação estratégica a partir
dos cenários introduzidos, nesta segunda fase do ciclo estratégico – ‘formulação
estratégica’ – importa definir qual a estratégia competitiva, mas sobretudo corporativa
que deve ser adotada pelo setor. Assim, em termos de formulação da estratégia
corporativa, deve-se ter presente os seguintes pressupostos:

 A vitalidade das ICC em todo o mundo, incluindo os países em vias de


desenvolvimento, é inequívoca e apresenta fortes taxas de crescimento.
 São Tomé e Príncipe é um arquipélago composto por duas ilhas com pouco mais de
200.000 habitantes maioritariamente pobres.
 Na gestão, incluindo a gestão da ‘coisa pública’, os recursos organizacionais e
financeiros são escassos pelo que os governos têm que fazer opções no tempo.
 O país apresenta fortes lacunas em termos de infra-estruturas.
 Embora todas as entidades e indivíduos auscultados (que excederam as quatro
dezenas) concordassem inequivocamente com a urgência de priorização do setor,
não apenas por razões económicas mas, sobretudo, por razões de identidade
nacional, reconheceram também que existem outras prioridades nacionais.

14.2.1. Visão e Missão

A visão para o país é tornar a República Democrática de São Tomé e Príncipe uma região
de referência cultural e criativa da África Ocidental no espaço de uma década.

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A missão é contribuir para a concepção e implementação de modelos e estratégias de
desenvolvimento nas indústrias culturais e criativas, associadas aos seus recursos raros e
valiosos que transformem o país em destino cultural e criativo inimitável e insubstituível,
baseado numa governação que suporte o aumento do empreendedorismo criativo, o
crescimento dos negócios criativos e a atratividade de lugares criativos mediante o reforço
da massa crítica do capital criativo

14.2.2. Estratégias alternativas e complementares

No quadro de referência mencionado apresenta-se duas alternativas estratégicas de


adoção IMEDIATA:

 Estratégia de forte investimento nas ICC e imediata na dinamização do setor.


 Estratégia de MLP seguidista da estratégia dos setores prioritários, destacando-se
em primeiro lugar o setor do turismo.

CENÁRIO DE FORTE INVESTIMENTO NAS ICC

Atendendo à dimensão bastante incipiente deste mercado, com elevada informalidade e


polvilhada por microempresas e agentes individuais, o investimento neste setor teria que
ser bastante continuado e forte de modo a que o setor pudesse vir a ganhar escala. Dada
ainda a fraca atratividade do setor (ver análise das 5 forças de Porter), não se vislumbra a
hipótese de se atrair IDE significativo a ser investido nas ICC, pelo que o investimento teria
que ser assumido pelo Estado face à inexistência de um tecido empresarial forte neste
setor a nível nacional.

A questão do investimento em educação e formação elucida este cenário. Se, em vez de se


selecionar áreas prioritárias para qualificações profissionais, fossem produzidas
qualificações em massa de agentes culturais ou agentes tecnológicos para as indústrias
criativas, criar-se-ia um problema sério de expectativa dos formandos para empregos
imediatos de qualidade, o que, a não suceder, desmobilizaria as pessoas e o investimento
público poderia ser seriamente posto em causa, o que aconselha a que, em matéria de
qualificações e emprego / empreendedorismo, haja um foco realista que compatibilize a
produção de qualificações com a criação de emprego e de microempresas.

CENÁRIO SEGUIDISTA DOS SETORES PRIORITÁRIOS

Neste cenário, preconiza-se duas vias de intervenção:

 Intervenção imediatista aproveitando as oportunidades atuais.


 Intervenção estrutural a reboque dos setores prioritários.

A hipótese de compatibilização das duas vias pressupõe uma primeira de intervenção


imediata, aproveitando as oportunidades do momento, e, simultaneamente, uma segunda
intervenção adotando uma estratégia de MLP seguidista dos setores prioritários de que se
destaca em primeiro lugar o Turismo em sentido lato (incluindo o turismo cultural e o
ecoturismo). Poder-se-á, eventualmente, contemplar a questão do setor agrícola (com as
chamadas fileiras exportadoras), ou as novas tecnologias, ou até ser um Hub logístico para
a Região.

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Deste modo, e tomando em consideração as projeções dos setores prioritários e os
investimentos a ser realizados de forma transversal e especificamente para cada um
desses setores, deverá ser avaliado o investimento necessário para as ICC de modo a
acompanhar a evolução dos setores prioritários.

Assim, com uma intervenção imediatista – aproveitando as oportunidades do momento – e


outra mais estrutural, a reboque dos setores prioritários, poder-se-á criar condições para
atrair IDE mais significativo, fortalecer o tecido empresarial nacional das ICC e criar
condições financeiras para alargar mercado, sobretudo para as regiões africanas de que
São Tomé e Príncipe é parte integrante.

A análise estratégica efetuada leva a crer, apesar de haver necessidade de uma análise
mais aprofundada, que a via defendida para este segundo cenário será menos dispendiosa
para o erário público e seguramente mais eficaz em termos de resultados.

Para que esta cenarização tenha êxito, será fundamental haver uma intervenção
harmoniosa a nível governamental: a criação do Ministério da Cultura e Indústrias
Criativas (situação que em breve será realidade em Cabo Verde com a tomada de posse do
novo governo) ou de uma comissão interministerial diretamente dependente do Primeiro-
Ministro, com autoridade para implicar os ministérios responsáveis pela educação e
cultura, emprego e formação profissional, economia, finanças, turismo, comércio e
indústria.

14.3. Áreas prioritárias

Em face do desenvolvimento do estudo, e em consenso com os representantes dos


Ministérios, as áreas prioritárias a desenvolver nas indústrias culturais e criativas ao nível
da criação de emprego, qualificações profissionais e desenvolvimento económico, no
quadro da classificação adotada neste estudo, são as seguintes:

 Expressões Culturais Tradicionais (Artesanato; Olaria; Cestaria).


 Artes Visuais (Pintura; Escultura; Fotografia).
 Artes Cénicas (Música; Teatro; Marioneta; Dança).
 Editoras e Médias Impressas (Edição; Artes Gráficas).
 Audiovisuais (Cinema; Rádio; Televisão).
 Design (Design de Interiores; Design Moda; Arte e Design).
 Multimédia (Conteúdos Criativos Digitais).
 Serviços Criativos (Restauro e Conservação; Publicidade e Marketing).

14.4. Políticas e eixos relevantes

14.4.1. Opções de políticas

As políticas culturais e criativas devem ser planeadas em função de quatro eixos


fundamentais: (a) capital criativo; (b) financiamento; (c) liderança; (d) visibilidade.

43
Figura nº 4: Planeamento de políticas
Capital
Criativo

PLANEAMENTO Financiame
Visibilidade
DE POLÍTICAS nto

Liderança

Fonte: Elaboração própria.

14.4.2. Eixos estratégicos

A aposta deverá consistir na prossecução do grande objetivo estratégico de reforçar a


massa crítica do capital criativo do país através de capacidade e empreendedorismo
criativo, crescimento de negócios criativos e atratividade dos lugares criativos. Para o
efeito, considera-se a estruturação do Plano de Ação em três Eixos Estratégicos:

 Capacidade e Empreendedorismo Criativos


— Políticas que visam aumentar a capacidade e o empreendedorismo da economia
utilizando a criatividade como catalisador.
— Nova abordagem à promoção da criatividade nas agendas educativas e a criação
de um ambiente favorável à cultura de empreendedorismo: novos modelos de
incubação, formação em empreendedorismo criativo e reforço de estruturas que
promovam redes de parcerias, aconselhamento e informação especializados.

 Crescimento dos Negócios Criativos


— Políticas que visam explorar o potencial de crescimento dos negócios criativos.
Inclui fundos de investimento especializados, políticas de propriedade intelectual,
iniciativas de clusterização e de marketing e ações que favorecem a convergência e
a permuta entre subsetores criativos.
— Os dois primeiros eixos intersetam-se de forma a garantir uma sólida
articulação com o terceiro eixo – a atractividade dos lugares criativos, essencial à
criação de clusters criativos e, portanto, ao reforço da massa crítica.

 Atractividade dos Lugares Criativos


— Políticas que visam criar as condições infraestruturais para crescimento do
setor através do posicionamento da cultura e da criatividade no centro do
desenvolvimento económico do país. Inclui abordagens ao planeamento cultural,
favorecendo a confiança, o estímulo e a conectividade necessários ao crescimento e
geração de valor para a economia.

Figura nº 5: Eixos estratégicos

LUGARES CRIATIVOS

EMPREENDEDORISMO CRIATIVO NEGÓCIOS CRIATIVOS

44
14.4.3. Opções de políticas a níveis micro, meso, macro e meta

Os objetivos e as opções de políticas a níveis micro, meso, macro e meta, devem obedecer
ao seguinte esquema:

NÍVEL MICRO

Objetivo 1 Analisar e mapear o impacto económico, social e ambiental das ICC (competitividade,
coesão social, preservação ambiental – desenvolvimento sustentável).

Opções políticas Análise aprofundada dos ciclos da cadeia de valor, revisão das políticas setoriais
existentes, avaliação de cada indústria criativa, análise das condições específicas locais,
mapeamento de grupos culturais e de artistas nos diversos subsetores.

Objetivo 2 Analisar a situação do capital criativo e do conhecimento.

Opções políticas Avaliação do perfil de formação profissional e ensino técnico a implementar para elevar
o conhecimento e as capacidades de empregabilidade da população, envolvendo
universidades, institutos politécnicos e centro de formação profissional.

Objetivo 3 Apoiar o auto-emprego e o emprendedorismo criativo.

Opções políticas Apoio a iniciativas de desenvolvimento de auto-emprego e de empreendedorismo


criativo mediante apoio financeiro e fiscal, capacitação em gestão, ferramentas para
início de negócios, marketing e estratégicas de mercado.

NÍVEL MESO

Objetivo Analisar comparativamente a relação entre indústrias criativas e relacionadas

Opções políticas Criação de grupos criativos e infra-estruturas para indústrias criativas visando
melhorar as práticas, compartilhar o conhecimento e absorver o setor informal.

Organização de redes de comunicação e associações setoriais, facilitação de parcerias e


joint ventures envolvendo diferentes partes interessadas, incluindo ONG, universidades
e outros parceiros.

Expansão da utilização das TIC e promoção da utilização de outras tecnologias novas


com vista a aproveitar o potencial de novos modelos de negócios em todos os pontos da
cadeia criativa

Identificação de interfaces cruciais e intermediárias no seio dos integrantes.

NÍVEL MACRO

Objetivo 1 Estabelecer um sistema de formulação de políticas informadas e com base em


evidências.

Opções políticas Definição de um sistema de monitoria e coletar informações necessárias para identificar
modelos mais apropriados.

Distinção das lacunas existentes entre estatísticas nacionais e atividades de mercado


real para instrumentos de avaliação.

Objetivo 2 Criar mecanismos institucionais mais eficientes.

Opções políticas Criação do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, autonomizando o setor
como estratégico, ou, no mínimo, criação de um centro multidisciplinar ou um grupo de
trabalho interministerial, diretamente dependente do Primeiro-Ministro, para facilitar a
coordenação entre os interesses das valências culturais, educacionais, laborais,
tecnológicas, financeiras, turísticas, comerciais e migratórias.

45
Objetivo 3 Concretizar o desenvolvimento socioeconómico.

Opções políticas Identificação aprofundada das singularidades, medidas de aproveitamento das


oportunidades e potencialidades, de minimização das ameaças e das limitações das
indústrias criativas locais e de expansão para o mercado internacional.

Análise das limitações dos direitos autorais e direitos conexos existentes, do


investimento e benefícios fiscais e implementação de uma lei de concorrência adequada.

Objetivo 4 Criar identidades nacionais.

Opções políticas Concretização da Marca das indústrias criativas como uma estratégia nacional para
promover a imagem.

Análise das mudanças ocorridas.

Análise do impacto das indústrias criativas no curto-médio prazo

META

Objetivo 1 Analisar o impacto das indústrias criativas no longo prazo.

Opções políticas Análise das mudanças na estética, estilo de vida, mercantilização durante um longo
período e seu impacto nas estratégias nacionais.

14.5. Programa de formação e ensino técnico-profissional

O Programa de Formação e Ensino Técnico-Profissional indicativo a implementar prevê,


numa 1ª fase de alavancagem das ICC, a necessidade de se promover 23 cursos assim
distribuídos: (a) 1 curso Pós-Graduado, sob a responsabilidade da Universidade de São
Tomé e Príncipe; (b) 11 Cursos de Formação de Qualificação Profissional (3 em áreas
complementares às ICC) sob a responsabilidade do Ministério do Emprego e dos Assuntos
Sociais; (c) 11 Cursos Técnico-Profissionais (3 em áreas complementares às ICC) com
dupla certificação (10º-11º-12º Ano) e sob a responsabilidade do Ministério da Educação,
Cultura e Ciência.

Cursos a promover no âmbito das ICC e setores complementares:

Expressões Culturais Tradicionais


 Artesanato1: Qualificação Inicial 6 a 9 meses.
 Olaria: Qualificação Inicial 6 a 9 meses.
 Cestaria2: Qualificação Inicial 6 a 9 meses.
1 ensino em madeira, pedra, coco, arame, fibra de bananeira; 2 inclui tecelagem.

Artes Visuais
 Pintura: Qualificação Inicial 6 a 9 meses.
 Escultura: Qualificação Inicial 6 a 9 meses.
 Fotografia: Qualificação Inicial 6 a 9 meses.

Artes Cénicas
 Música: Ensino Técnico-Profissional de 3 anos (2 anos tronco comum; 1 ano
especialização)
 Teatro, Marioneta e Dança: Ensino Técnico-Profissional de 3 anos (2 anos tronco
comum; 1 ano especialização)

46
Editoras e Médias Impressas
 Edição e Artes Gráficas: Ensino Técnico-Profissional de 3 anos (2 anos tronco
comum; 1 ano especialização)

Audiovisuais
 Cinema, Rádio e Televisão: Ensino Técnico-Profissional de 3 anos (2 anos tronco
comum; 1 ano especialização)

Design
 Design de Interiores: Qualificação Inicial 6 a 9 meses.
 Design Moda: Qualificação Inicial 6 a 9 meses.
 Arte e Design (design de equipamento, design gráfico, técnicas de pintura e
escultura): Ensino Técnico-Profissional de 3 anos (2 anos tronco comum; 1 ano
especialização)

Multimédia
 Conteúdos Criativos Digitais (software, jogos e conteúdos digitais): Ensino
Técnico-Profissional de 3 anos (2 anos tronco comum; 1 ano especialização)

Serviços Criativos
 Arquitetura / Restauro e Conservação: Pós-Graduação na Universidade de São
Tomé e Príncipe de 1 ano.
 Restauro e conservação: Ensino Técnico-Profissional de 3 anos (2 anos tronco
comum; 1 ano especialização)
 Publicidade & Marketing: Ensino Técnico-Profissional de 3 anos (2 anos tronco
comum; 1 ano especialização)

Considera-se que é necessário preparar adequadamente outros profissionais em setores


complementares às indústrias culturais e criativas para fornecimento de serviços,
designadamente:

Ensino Técnico-Profissional
 Manutenção de Equipamentos: Ensino Técnico-Profissional de 3 anos (2 anos
tronco comum; 1 ano especialização)
 Palco, Som e Luz: Ensino Técnico-Profissional de 3 anos (2 anos tronco comum; 1
ano especialização)
 Promoção de Eventos: Ensino Técnico-Profissional de 3 anos (2 anos tronco
comum; 1 ano especialização)

Formação de Qualificação Inicial


 Promoção de Eventos: Qualificação Inicial 6 a 9 meses.
 Produção de Instrumentos Musicais Tradicionais: Qualificação Inicial 6 a 9 meses.
 Gastronomia tradicional Qualificação Inicial 6 a 9 meses.

Finalmente, importa referir a necessidade de se realizarem cursos de Formação


Pedagógica de Formadores que venham a integrar uma Bolsa de Formadores capaz de
responder às necessidades formativas mencionadas.

47
V PARTE – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

15. PRINCIPAIS CONCLUSÕES

As indústrias culturais e criativas assumem, em todo o mundo, uma dinâmica relevante na


criação de emprego e de riqueza nacional, na preservação dos patrimónios materiais e
imateriais e na promoção da qualidade de vida das populações, contribuindo
positivamente para aumentar a competitividade e a coesão económica, social e territorial.

As ICC não conhecem recessão em nenhuma parte do mundo, constituindo um eixo


fundamental na vida das populações, ainda que o planeta conheça uma severa recessão
económica, e a sua dinâmica de evolução tem sido imparável, designadamente pela
utilização generalizada das tecnologias de informação e comunicação que transformaram
as cadeias de valor de vários segmentos das ICC, pelo aumento das atividades criativas na
promoção da competitividade, exportação de produtos e serviços e de direitos de autor e
conexos e pela ligação cada vez mais aprofundada, na maioria dos subsetores, com a
complexidade da oferta turística mundial, o que sugere a essencialidade de refletir sobre o
papel da cultura e da criatividade na economia e na sociedade santomense, cujos
patrimónios materiais, imateriais e naturais constituem recursos raros e valiosos que
importa explorar e desenvolver.

São Tomé e Príncipe pretende desenvolver as suas industriais culturais e criativas, criando
uma dinâmica interna baseada nos seus amplos recursos patrimoniais materiais,
imateriais e naturais e internacionalizando o setor através, numa primeira fase, de uma
maior mobilidade de artistas e obras de arte na CPLP e aumento da exportação cultural e
artística. Porém, internacionalizar a economia santomense é mais do que aumentar as
exportações: é preciso abandonar as antigas formas de fazer as coisas e incluir cada vez
mais a inovação e a diferenciação nas atividades culturais e criativas.

Os setores da cultura e da criatividade apresentam graves desequilíbrios, quer devido à


fragilidade das políticas e dos financiamentos governamentais, cujas carências leva a um
certo abandono das tradições culturais e artísticas com diminuição da atividade produtiva
e do emprego (formal e informal), quer por virtude de uma fraca expressão
empreendedora de artistas e empresários do setor. As ICC desenvolvem-se num pano de
fundo fragmentado a todos os níveis face a uma dinâmica de desenvolvimento das
atividades de criação, produção, distribuição e consumo muito menos expressiva do que se
pode avaliar face à riqueza cultural e artística do país.

Efetivamente, a cadeia de valor criativa apresenta grande fragilidade: (a) dificuldade de se


estabelecer uma conexão nacional entre atividades na medida em que os setores
relacionados e de suporte às ICC são praticamente inexistentes, recorrendo-se
frequentemente à importação dos fatores produtivos; (b) carência de articulação das
lógicas de produção e distribuição porque a mobilidade dos artistas e o escoamento de
produtos não encontra canais adequados, quer na perspetiva nacional como internacional;
(c) retrocesso na preservação e conservação dos recursos patrimoniais materiais e
imateriais, evidenciando uma enorme dificuldade de valorização cultural e artística que se
reflete, em geral, no ciclo de criação-produção-disseminação-exibição/consumo.

Nessa perspetiva, considera-se pertinente a abordagem pelo ‘paradigma da especialização


inteligente’ aplicado ao caso concreto do emprego e auto-emprego, inclusão social,
diversidade cultural e desenvolvimento sustentável num quadro de incremento das
indústrias culturais e criativas tendo em conta as correlações favoráveis encontradas ente
o desempenho social e ambiental e o económico.

48
Os fundamentos desta abordagem decorrem da inovação como prioridade nacional e
regional de transformação económica na criação de produtos e serviços distintivos, que
atraiam e retenham talento e capital para um desenvolvimento económico sustentável,
constituindo fator estratégico de competitividade, geração de emprego e riqueza, meio de
reforço da cidadania, alavanca de coesão social e territorial; veículo de afirmação
internacional da cultura santomense.

O país dispõe de raros e valiosos recursos para o efeito, suscetíveis de se transformarem


em produtos e serviços inimitáveis, insubstituíveis, essenciais e dinâmicos capazes de
gerar vantagem competitiva mediante novos métodos de criação e produção eficientes que
atribuam inimitabilidade, aperfeiçoamento e combinação inédita de recursos para se
obterem novos recursos e competências e, finalmente, inovação permanente, regeneração
dos recursos e das capacidades de modo a criarem-se produtos distintivos de alto valor
acrescentado.

16. PRINCIPAIS RECOMENDAÇÕES

Recomendações de enquadramento das indústrias culturais e criativas

 Prosseguir uma lógica de ‘especialização inteligente’ que articule os recursos raros


e valiosos do país de modo a torná-los inimitáveis e insubstituíveis transformando
São Tomé e Príncipe num território culturalmente atrativo e internacionalmente
reconhecido como tal.

 Criar o Ministério da Cultura e das Indústrias Culturais ou, no mínimo, criar uma
Comissão Interministerial ligada diretamente ao Primeiro-Ministro, que elabore
um Plano Nacional para as Economias Culturais e Criativas e monitorize a sua
implementação, desenvolvimento e impacto.

 Estabelecer um modelo de governação integrada que inclua as ICC em ‘agendas de


transformação’, potencie políticas, poupe recursos, crie novas sinergias, produza
impactos mais eficazes e efetivos das políticas nos territórios e nas populações.

 Rever o cumprimento, e adequar à realidade, o Documento de Política Cultural


(2012), o Plano Diretor de Turismo (2008) e a Carta de Política Educativa (2012),
bem como estabelecer metas credíveis para o Plano Nacional de Emprego em
projeto, que engloba as políticas de formação profissional, e acelerar a
concretização do Sistema Nacional de Qualificações e o Sistema de
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC).

 Reforçar as estruturas institucionais e de regulação acelerando o processo de


revisão da lei dos Direitos de Autor e Direitos Conexos (associando a Gestão
Coletiva), do Código de Investimento, do Código de Benefícios fiscais e prever o
estabelecimento de facilidades para o atendimento de micronegócios nas Câmaras
Distritais contra o pagamento de uma taxa anual simbólica, bem como o
pagamento de impostos através de um valor fixo simbólico.

 Criar o previsto Fundo de Investimento para o Desenvolvimento Cultural e a


institucionalização de uma Comissão Autónoma de Gestão do Fundo.

 Implementar a Marca STP e apoiar políticas de artistas e respetivas obras nos


territórios da CPLP.

49
Recomendações de articulação com setores económicos prioritários

 Identificar as características organizacionais diferenciadas da economia criativa


que exigem políticas específicas em vez de políticas genéricas e selecionar os
setores criativos que evidenciem maior potencial de desenvolvimento.

 Elaborar políticas públicas de dinamização das ICC num horizonte de curto prazo,
que se situem na imbricação com outros setores de atividade capazes de servir de
reboque ao desenvolvimento do setor – designadamente o turismo (incluindo o
turismo cultural e o ecoturismo) e o agronegócio (incluindo a recuperação
patrimonial de antigas explorações agrícolas).

 Fortalecer o posicionamento da economia santomense nas atividades culturais e


criativas visando a regeneração urbana e a reestruturação de setores de atividade
prioritários como o turismo e o agronegócio nos quais a cultura e a criatividade
constituem fatores determinantes de sustentabilidade desses processos.

 Construir alicerces territoriais competitivos em torno da cultura pela ligação das


ICC a produtos de turismo e agronegócios favorecendo a emergência de
comunidades criadoras de conteúdos culturais e, quiçá, a inserção em redes de
investigação e desenvolvimento científico para o setor.

 Apostar a breve prazo na produção de conteúdos em suporte digital e a sua


distribuição em rede, mediante plataformas digitais que permitam a difusão de
conhecimento cultural e induza a utilização de TIC.

Recomendações para o auto-emprego, empreendedorismo e financiamento

 Apoiar as empresas culturais e criativas mediante incentivos capazes de


incrementar a massa criativa e a valia económica dos projetos num quadro de
mecanismos de financiamento público-privado que alavanque artistas e
empresas/microempresas para produção cultural regular.

 Mobilizar investidores privados que reconheçam as elevadas taxas de crescimento


do setor e o seu potencial emergente através do estabelecimento de redes com
negócios criativos para a geração de significativos retornos comerciais.

 Estabelecer um plano inicial a três anos de formação profissional, ensino técnico e


especialização nas áreas prioritárias identificadas articulando com as
oportunidades e potencialidades do mercado.

 Elaborar um modelo de empreendedorismo a pessoas capacitadas com formação


técnica mediante o desenho de programas especializados de apoio ao
investimento, que coloquem meios financeiros e microcrédito à disposição dos
empreendedores no início da realização do projeto, sem distorcer a concorrência, e
que apoie a gestão e o seguimento do empreendimento até à sua maturidade.

 Incentivar os produtores individuais a organizarem-se em Associações e


Cooperativas de modo a potencializarem as suas forças e articularem as suas
atividades quer a nível nacional quer a nível internacional.

50
Recomendações de coesão social e territorial

 Promover a coesão territorial mediante o desenvolvimento de parcerias


descentralizadas entre vários agentes públicos, privados e sociais, em que a
cultura seja elemento central e os produtos culturais diferenciados representem os
territórios e se traduzam em reputação, notoriedade e prestígio.

 Desenvolver redes de entidades públicas e privadas orientadas para incrementar


massa crítica que desenvolva novas estratégias culturais em articulação com a
melhoria da qualidade de vida das populações estimulando a cultura como
elemento de identidade regional e fator de diferenciação competitiva de base
territorial.

 Concetualizar as ICC, além da sua superior importância cultural, como atividade


humana, social e económica capaz de gerar empregos e rendimento e alavancar a
competitividade num quadro de coesão económica e social e de articulação dos
produtos tradicionais com produções contemporâneas culturais e criativas.

 Configurar as iniciativas e projetos de cariz cultural como elemento útil e proativo


de qualificação e capacitação das populações num quadro de favorecimento da
coesão económica e social.

 Desenhar estratégias de desenvolvimento local que acolham a valorização,


reutilização e animação do património histórico e cultural e servir de suporte ao
sucesso das estratégias económicas.

 Criar as ‘cidades culturais’ aproveitando a concentração da população na capital e


em pequenas cidades espalhadas pelo país, implementando ‘agendas culturais’
com eventos públicos e privados, recorrendo a diversas sugestões presentes ao
longo deste estudo.

Recomendações de reforço do património material, imaterial e natural

 Reforçar as infra-estruturas físicas de divulgação cultural (museus, bibliotecas,


teatros, recintos culturais e artísticos…) para alavancar a produção cultural e
artística e promover a igualdade de oportunidades no acesso à cultura.

 Os projectos a incentivar devem ser encarados numa perspetiva de rendibilização


económica alargada e de sustentabilidade, devendo por isso contemplar, na sua
programação, a definição das áreas de impacto expectáveis, do valor acrescentado
que encerram, dos efeitos mobilizadores que preconizam quer sobre a
requalificação e revalorização de um determinado património histórico-cultural
quer sobre a competitividade do território onde este se localiza.

 Recuperar e divulgar o património material do país, incluindo antigas explorações


agrícolas, e criar estruturas físicas duradouras de apoio a eventos culturais
descentralizados.

 Valorizar a identificação, descrição, reconstrução e utilização de patrimónios


imateriais singulares e diferenciados, atualmente sujeitos a avultadas perdas, em
articulação a um conjunto de serviços prestados (identificação geográfica, caderno
de especificação, hortas temáticas, animação artística).

51
 Catalogar e apoiar a pluralidade de grupos culturais e musicais e de conceituados
cantores, compositores, escultores, fotógrafos, etc., bem como a atração de antigos
‘mestres’ cujos saberes constituem uma mais-valia e podem se associar a escolas e
centros de formação para transmissão de conhecimentos culturais e artísticos.

 Identificar palcos naturais a proteger dos efeitos de degradação ambiental (corte


abusivo de árvores, resíduos sólidos nos rios, aumento da temperatura e nível do
mar…), cuja melhoria depende de uma estratégia ambiental sustentável visando
conectar o turismo e as atividades culturais e recreativas no âmbito das ICC.

 Iniciar os processos de candidatura prioritários a património mundial – Txiloli e


Auto de Floripes – logo que o país se enquadre formalmente na Convenção de
Salvaguarda do Património Imaterial.

Promoção da Qualidade da Informação Estatística sobre a Cultura

 Desenvolver sistematicamente a quantidade e qualidade da informação estatística


disponibilizada sobre as ICC de modo a ser possível medir e monitorizar o sector.

 Elaborar indicadores quantificados que meçam os efeitos e impactos das


atividades culturais e criativas sobre as demais atividades económicas e o
desenvolvimento social e comunitário.

 Adotar critérios baseados em indicadores de desempenho e análises custo-


benefício para avaliação da eficiência e eficácia da despesa e do investimento
público em cultura.

52
ANEXO Nº 01: TERMOS DE REFERÊNCIA

Estudo das áreas temáticas no “Domínio Prioritário 1 – Criação de Emprego” no


âmbito do Programa Indicativo Plurianual da Cooperação PALOP e Timor-Leste com
a União Europeia (PALOP-TL/UE)

1. INFORMAÇÃO GERAL

1.1. Países beneficiários

Os países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP), designadamente Angola,


Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe e ainda, Timor-Leste
(TL), serão os países beneficiários finais no contexto do "Programa de Cooperação
PALOP e Timor-Leste com a União Europeia "("PALOP-TL/UE").
1.2. Entidade Contratante

A entidade contratante é o Ordenador Nacional do FED de São Tomé e Príncipe

1.3. Antecedentes relevantes

A cooperação entre os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e a


União Europeia (UE) iniciou-se em 1992 e, até à data, foram desenvolvidos três
programas regionais financiados pelo 7º, 8º, 9º e 10º Fundo Europeu de
Desenvolvimento (FED) que financiaram diversos sectores e projetos de apoio ao
desenvolvimento.Com o ingresso de Timor-Leste (TL) neste grupo, a sua designação
passou para PALOP-TL.

Trata-se de uma singular cooperação inserida no âmbito da cooperação da UE com o


Grupo ACP (países de África, Caraíbas e Pacífico), promovida entre países com grande
descontinuidade geográfica mas motivada pela língua comum, afinidades históricas e
culturais e um sistema afim de administração pública e em que se pretende que as
intervenções sejam complementares aos demais programas de cooperação da UE que
se desenvolvem quer a nível bilateral, através dos Programas Indicativos Nacionais
(PIN), quer a nível regional (de inserção geográfica), através dos Programas
Indicativos Regionais (PIR).

Actualmente, a cooperação decorre sob financiamento do 10º FED com enfoque na


"Boa Governação”.

Entretanto, no quadro do 11º FED a vigorar até 2020, foi aprovado o Programa
Indicativo Plurianual (MIP) para o período 2014-2020 que se centrará em dois
domínios prioritários, designadamente:

A) Criação de emprego, nomeadamente nas actividades geradoras de rendimentos no


sector cultural;
B) Desenvolvimento das capacidades de governação.

Perspectiva-se que mercê de medidas específicas destinadas a grupos desfavorecidos


como as mulheres e os jovens, bem como ao respeito da diversidade cultural, o
programa contribuirá para promover alguns aspectos da democracia e para o
desenvolvimento dos recursos humanos num contexto de um crescimento sustentável
e inclusivo.
1.4. Situação actual

Na XI Reunião de Ordenadores Nacionais (RON) realizada em Abril de 2015 na cidade


de São Tomé, para dar seguimento ao processo de programação do MIP 2014-2020, foi
deliberado:
 Realizar consultas internas com as instituições e os actores ligados ao sector do
emprego e da cultura antes da videoconferência para melhor definição do
domínio Prioritário 1 “Criação de emprego nomeadamente nas actividades
geradores de rendimentos no sector cultural” do Programa Indicativo
Plurianual do 11º FED;
 Lançar em seguida o processo de identificação dos estudos nacionais;
 Enquadrar os estudos de identificação com termos de referência acordados
entre a Coordenação e a DUE de Moçambique que terão em conta as lições
apreendidas. Os termos de referência serão previamente comentados e
ajustados pelos países em função das suas especificidades.

Concluída a primeira etapa, relativa às consultas internas, segue-se a realização dos


estudos nacionais.

2. OBJETIVOS E RESULTADOS ESPERADOS

2.1. Objectivo Geral

O objectivo geral é lançar a primeira etapa do processo de identificação nas áreas


prioritárias de intervenção acordadas durante a videoconferência interna PALOP-TLde
16-Julho-2015 para o ciclo do 11º FED do PALOP-TL/UE.
2.2. Objectivo Específico

Os objectivos específicos são:

1. Formular um estudo nacional, para identificar as iniciativas com mais potencial de


valor acrescentado para cooperação entre os PALOP/TL no domínio da criação de
emprego, em particular a cultura como actividade económica (indústria culturais e
criativas) através do empreendedorismo visando o emprego e auto-emprego, bem
como o desenvolvimento de capacidade dos actores públicos e da sociedade civil
relevantes neste domínio;

2. Apresentar uma análise detalhada do contexto nacional, das políticas ou planos


estratégicos existentes, bem como apresentar dados estatísticos e informação
relevante sobre as áreas prioritárias de intervenção a serem estudadas.

O objectivo específico é formular um estudo nacional das áreas a seguir indicadas, o


qual por sua vez deverá apoiar a formulação de um estudo regional integrado no
quadro do Programa de Cooperação PALOP-TL/EU, conforme com as disposições
aplicáveis do MIP 2014-2020 sobre a criação de emprego, incluindo no sector da
cultura.

As áreas indicativas (não exaustivas) acordadas na videoconferência interna PALOP-


TLde 16-Julho-2015, são:

 Economia/indústria criativa que promove projectos culturais e/ou turísticos que


contribuam para o emprego/auto-emprego, inclusão social (particularmente das
jovens e mulheres), diversidade cultural e o desenvolvimento sustentável;
 Formação profissional, incluindo a formação / capacitação de quadros e apoio a
implementação das políticas prioritárias de geração de emprego, especialmente no
sector da cultura (com ênfase particular na transformação da economia informal
em formal), incluindo também formação para empreendedores, gestores e
administradores de programas culturais.

Este estudo deverá apoiar a formulação de um estudo regional (2ª etapa do processo
de identificação) integrado no quadro do Programa de Cooperação PALOP-TL/UE,
conforme com as disposições aplicáveis do MIP 2014-2020 sobre a criação de
emprego, incluindo no sector da cultura.

2.3. Serviços Requeridos

Para a consecução dos serviços requeridos, o perito ou a equipa de peritos deverá


trabalhar directamente com a Delegação da União Europeia no país, com o Gabinete /
Serviço do Ordenador Nacional do FED, departamentos e instituições governamentais
com tutela e/ou intervenção na área sectorial em estudo, organizações da sociedade
civil, o sector privado e cidadãos em geral.

A par dos presentes Termos de Referência, constituem documentos orientadores:

 MIP 2014-2020;
 Registo da videoconferência PALOP-TL de 16-Julho-2015
 Relato da XI RON do PALOP-TL/UE
 Síntese das lições apreendidas
 UNESCO Convention “Protection and Promotion of Intangible Heritage” (2003)
 UNESCO Convention on “Protection and Promotion of the Diversity of Cultural
Expressions” (2005)
 Charter for African Cultural Rennaissance (for the the PALOP)
 2009 Framework for Cultural Statistics.

O perito ou a equipa de peritos deverá realizar o mapeamento da indústria criativa


existente e dos recursos disponíveis, bem como analisar e ponderar as seguintes
questões-chave:

 Quadro institucional e legislativo sobre a economia criativa (política cultural,


mecanismos de financiamento e organização profissional do sector);
 Quadro regulador e legislação sobre emprego;
 Política de Empreendedorismo e Desenvolvimento de PME;
 Direitos de propriedade intelectual;
 Política fiscal e de investimento;
 Caracterização dos cursos de FTP, de cursos artísticos e de criações e eventos
culturais nacionais e internacionais existentes nos PALOP-TL;
 Quadros Nacionais de Qualificação;
 Organizações públicas vocacionadas para a investigação e inovação,
sublinhando as boas práticas e os resultados de parcerias público-privadas;
 Qualidade da informação estatística sobre formação técnico-profissional,
indústria criativa, emprego e mobilidade avaliada de acordo com as normas da
UNESCO;
 Mobilidade dos artistas, criativos e de bens e serviços culturais, ao nível
nacional e entre os PALOP-TL;
 Acesso dos bens e serviços culturais PALOP-TL aos mercados regionais e
internacionais, e respectiva difusão;
 Dificuldades dos jovens e mulheres em particular no acesso ao mercado de
trabalho formal;
 Complementaridade do programa proposto com outras acções implementadas
e/ou financiadas pela UE e por outros parceiros (p.e., Programa Intra-ACP,
Programas temáticos DCI-HUM, DCI-NSA, etc.);
 Dados estatísticos sobre o património, actividades e operadores ulturais
existentes (produção cultural, orçamento e políticas, etc).

Todos os aspectos acima mencionados devem ser analisados na perspectiva de


identificar o que é necessário para melhorar o acesso dos cidadãos ao mercado de
trabalho formal e ao trabalho digno (particularmente os jovens e as mulheres), para
diminuir mercado de trabalho informal e para garantir melhores direitos
socioeconómicos aos cidadãos.

O perito ou equipa de peritos deverá organizar uma reunião para recapitular e


enquadrar a informação com o Serviço do Ordenador Nacional e manifestar
disponibilidade para posterior participação num seminário regional, a realizar num
dos PALOP-TL em data a anunciar, que visará analisar conjuntamente os seis estudos
nacionais sobre a temática e geração de emprego para subsequente formulação de
projectos regionais no âmbito do 11º FED. Esta reunião visará também harmonizar os
dados recolhidos para garantir que todos os relatórios nacionais utilizar os mesmos
conceitos. A participação no seminário poderá, em alternativa, ser substituída por
sessões de videoconferência.

O perito deverá explicitar a disponibilidade para posterior participação num seminário


regional, a realizar num dos PALOP-TL em data a anunciar, que visará analisar
conjuntamente os seis estudos nacionais sobre a temática e geração de emprego para
subsequente formulação de projectos regionais no âmbito do 11º FED. Em alternativa,
a participação no seminário poderá ser substituída por sessões de videoconferência.

2.4. Resultados

Espera-se que o estudo produza informação sobre o potencial de criação de emprego,


em particular no que concerne à cultura como actividade económica (indústria
cultural e criativa) que permita identificar desafios e fragilidades incluindo
fundamentos para a promoção de políticas sociais e culturais adaptadas às
necessidades das populações e o nível de qualidade da formação profissional. Estas
necessidades poderão estar relacionadas com a elaboração de um programa de
educação em indústria cultural, melhoria da qualidade de educação/formação,
participação e circulação de produtos e bens culturais na economia nacional,
mecanismos de financiamento e oportunidades económicas conexas a actividades
culturais que podem atrair investidores.

São esperados três resultados principais, designadamente:

(i) Potenciais áreas de intervenção caracterizadas qualitativa e quantitativamente.

Para o efeito, o estudo disponibilizará um quadro geral do sector que


contempla, pelo menos:
 Clara síntese histórica,
 Quadro jurídico-legal existente e prospectivo (conforme e se aplicável),
 Actores relevantes do governo, da sociedade civil e parceiros
internacionais,
 Grupos vulneráveis,
 Capacidade de formação profissional no sector e sistemas de
qualificação se aplicáveis,
 Dados estatísticos relevantes de acordo com as normas da UNESCO,
 Intervenções realizadas, em curso ou em carteira e respectivos
protagonistas (financiador, implementador, beneficiários).

(ii) Acções relevantes identificadas para o curto e médio prazo, mercê de:
 Tipificação de projectos /acções geradoras de emprego a promover,
 Beneficiários principais (população alvo),
 Potencial para articular com outros sectores e/ou áreas de actividade
 Contributo expectável para a criação de emprego e geração de receita.

(iii) Matriz comparada das possíveis intervenções preconizadas com


hierarquização por mérito relativo com vista subsidiar a tomada de decisão na
selecção dos projectos no âmbito do 11º FED do Programa PALOP-TL/UE.

3. PRESSUPOSTOS E RISCOS

O estudo, conquanto tenha carácter nacional, tem em conta:

 Os resultados apoiam a formulação de projectos regionais para os seis países do


Programa PALOP-TL, designadamente, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste; neste sentido, devem prosseguir
uma estrutura padrão que facilite a análise comparada com estudos nacionais afins
a formular em cada um dos demais cinco países.
 O Programa Indicativo Plurianual do PALOP-TL/UEpara o período 2014-2020.
 O perito ou equipa de peritos tem conhecimento profundo das instituições e
actores relevantes da sociedade civil no sector em estudo.

4. PERFIL DO PERITO

O perito ou, se aplicável, a equipa, deverá ter no seu conjunto:

 Especialista com pelo menos 10 anos de experiência profissional relevante;


 Mínimo 7 anos de experiência progressiva nas áreas afins;
 Conhecimento profundo do contexto local;
 Experiência em avaliação e / ou concepção de programas;
 Perícia em comunicação e experiência em elaboração de relatórios;
 Aptidão para trabalhar em equipa;
 Conhecimento de tratamento de dados em sistemas estatísticos;
 Experiência de trabalho em países africanos similares, sendo nos PALOP-TL uma
vantagem;
 A experiência no âmbito de análise institucional e de capacitação e/ou colaboração
com centros de pesquisa académica será também considerada como uma
vantagem;
 Proficiência em Português (escrito e falado) é um requisito, que não pode ser
substituído com a inclusão na proposta de serviços de interpretação / tradução;
 Fluência em Inglês (escrito e falado).
5. LOGÍSTICA E CALENDÁRIO

5.1. Duração e data de início

 Início: Imediatamente após a assinatura do Contrato


 Duração: quatro semanas de calendário
 Relatório provisório: 21 – 23 de Março de 2016

5.2. Local da prestação dos serviços

 Por conta da parte contratada

5.3. Relatórios e documentos

 Plano de trabalho inicial com a metodologia revista e previsão do calendário


para a missão;
 Minuta do briefing no arranque da missão a ser entregue 2 dias depois da sua
realização, contendo os comentários e as principais recomendações da reunião.
 Minuta do debriefing no final da missão a entregar 2 dias depois da sua
realização, contendo as principais conclusões, recomendações e comentários.
 Relatório provisório no prazo limite de dez dias após o final da missão, em
formato electrónico, com um máximo de 25 páginas, incluindo o sumário
executivo sem os anexos. Os anexos, a serem apresentados em separado,
deverão conter:
o Termos de Referência da missão;
o Informação sobre a equipa e plano de trabalho implementado;
o Lista de documentos, estudos e relatórios consultados;
o Lista de instituições e pessoas consultadas no âmbito da missão e
dados para contacto;
o Documentos de suporte à missão: metodologia, notas de briefing e de
debriefing;
o Outros materiais considerados relevantes.
 Relatório final: até 1 mês após a recepção de comentários do Entidade
Adjudicante ao relatório provisório.
 Todos os documentos devem ser apresentados em português.

5.4. Recursos a disponibilizar pelo Serviço do Ordenador Nacional

 Apoio no agendamento de contactos com outras entidades oficiais necessários


para a realização do estudo.
 Instalações para reuniões de trabalho.
 Acesso a documentos relativos ao Programa PALOP-TL/UE.
ANEXO Nº 02: EQUIPA E PLANO DE TRABALHO IMPLEMENTADO

I. EQUIPA

Coordenação Geral

Dr. Franklin Coordenação Geral do Adstrito às Atividades de Coordenação


Chagas Projecto. Licenciado em Geral. Elaboração do plano inicial do
Economia. projeto com o coordenador técnico.
Responsável pelo controlo de qualidade
dos produtos apresentados ao cliente.

Equipa Técnica

Prof. Doutor Coordenador Técnico e Perito Responsável por toda a coordenação


Rui Moura Principal; Doutorado em técnica do Projeto. Principal
Economia, Pós-graduado em interlocutor da equipa e responsável
Sociologia do Trabalho e pela realização da missão, elaboração
Licenciado em Sociologia. dos relatórios e produtos finais.

Mestre Jaime Perito complementar local – Acompanhamento transversal do


Oliveira Mestre em Auditoria e projeto, no terreno; especialista local e
Controlo Financeiro e grande conhecedor do sistema
Licenciado em Direito dos Santomense do ponto de vista jurídico e
Negócios. financeiro.

Suporte

Dr. Castelo Parceiro MundiServiços em Gestão local; Apoio ao consultor


David São Tomé e Príncipe. Internacional.

Dr. Gonçalo Gestor de Projetos da Apoio logístico / Gestão de projeto;


Francisco MundiServiços em Portugal. Apoio administrativo à equipa técnica.
ANEXO Nº 03: BIBLIOGRAFIA – DOCUMENTOS CONSULTADOS

BIBLIOGRAFIA SOBRE AS INDÚSTRIAS CULTURAIS E CRIATIVAS

 BLYTHE, M. (2001). “The work of art in the age of digital reproduction: the
significance of the creative industries”. JADE, v. 20, n. 2, p. 144-150.

 BOLIN, G. (2005). “Notes from inside the factory: the production and consumption
of signs and sign value in media industries”. Social Semiotics, v. 15, n. 3, p. 289-306.

 CAVES, R. (2000). Creative Industries. Harvard: Harvard University Press.

 CORNFORD, J. & CHARLES, D. (2001). Culture Cluster Mapping and Analysis: A Draft
Report for ONE North East. Centre for Urban and Regional Development Studies,
University of Newcastle upon Tyne, UK,.Disponível
em:http://www.campus.ncl.ac.uk/unbs/bylife2/lib/files/4731report.pdf

 DCMS (1998). Creative industries mapping document. Disponível


em:http://www.culture.gov.uk/global/publications/archive_1998/Creative_Indus
tries_Mapping_Document_1998. htm

 EuropeanUnion (2012). Guide to Research and Innovation Strategies for Smart


Specialisations (RIS 3). Luxembourg.

 FÓRUM (2009). Indústrias Criativas: Definição, Limites e Possibilidades. ©ERA. São


Paulo, v. 49, n.1, jan./mar. 010-018 ISSN 0034-7590

 HARTLEY, J. (2005). Creative Industries. London: Blackwell, 2005.

 Heads of State and Government of the African Union (2006). Charter for African
Cultural Rennaissance. Khartoum.

 HESMONDHALGH, D. (2002). The cultural industries. London: Sage, 2002.

 HIGGS, Peter, CUNNIGHAM, Stuart & BAKSHI, Hasan (2008). Beyond the Creative
Industries: Mapping the Creative Economy in the United Kingdom. London.

 HÖLZL, Kerstin (2006). Criative Industries in Europe and Austria: definition and
potencial.

 HOWKINS, J. (2005). “The mayor’s commission on the creative industries”. Em:


HARTLEY, J. (Ed), Creative Industries. London: Blackwell, p.117-125.

 JAGUARIBE, A. (2006). Indústrias criativas. Disponível


emhttp://www.portalliberal.com.br

 JEFFCUTT, P. (2000). “Management and the creative industries”. Studies in Culture,


Organizations and Society, v. 6, n. 2, p. 123-127.

 JEFFCUTT, P. & PRATT, A. C. (2002). “Managing creativity in the cultural


industries”. Creativity & Innovation Management, v. 11, n. 4, p. 225-233.
ANEXO Nº 04: LISTA DE INSTITUIÇÕES E PESSOAS CONSULTADAS

NOME FUNÇÃO / ENTIDADE CONTACTOS

Adérito Bonfim Serviço Nacional da Propriedade 9908461


Industrial
Adílson da Graça Direção Geral de Turismo 9956789

Aires Major Comissão do Património Imaterial


(MECC)
Amílcar Baía ‘Nino’ Empresa Grife Moda 9911181
9045924
Amilton Lima Centro de Formação Profissional de 2222696
Budo-Budo
Armindo Fernandes Coordenador GON-FED 9933612

Carlos ‘Bené’ Espírito Santo Investigador 9815758

Carlos Boa Morte Fórum dos Empreendedores 9909121


Santomenses
Carlos Boa Morte Publicidade & Marketing 9949535

Carlos Fernandes Centro de Formação Profissional de 2222696


Budo-Budo
Carlos Gomes Ministro do Emprego, Trabalho e -
Assuntos Sociais
Causterino Alcântara Comissão do Património Imaterial -
(MECC)
Clisney Rompão União Nacional dos Escritores e Artistas -
Santomenses
Cosme Rita Câmara do Comércio e Indústria 9903885

Dário Paraíso CACAU 9958788

Demilson Sousa Ateliê Rastafá 9946154

Domingas Aguiar Diretora Geral do Trabalho e do 9966466


Emprego
Domingos da Trindade Diretor da Indústria 9912997

Elisande Pontes Centro de Formação Profissional de 2222696


Budo-Budo
ANEXO Nº 05: MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS

OBJETIVOS

O objectivo geral do estudo é lançar a primeira etapa do processo de identificação das


necessidades de criação de emprego/auto-emprego e de desenvolvimento das
qualificações profissionais nas áreas prioritárias acordadas na videoconferência interna
PALOP-TL de 16-Julho-2015 para o ciclo do 11º FED do PALOP-TL/EU:

Objetivos específicos:

 Formular um estudo nacional para identificar as iniciativas com mais potencial de


valor acrescentado para cooperação entre os PALOP/TL no domínio da criação de
emprego nas indústrias culturais e criativas através do empreendedorismo,
visando o emprego e auto-emprego, bem como o desenvolvimento de capacidade
dos atores públicos e da sociedade civil relevantes neste domínio.

 Analisar detalhadamente o contexto nacional, as políticas e planos estratégicos


existentes, bem como interpretar e apresentar dados estatísticos e informação
relevante sobre as áreas prioritárias de intervenção a serem estudadas.

ÁREAS INDICATIVAS

Para efeito do estudo nacional, as áreas indicativas acordadas na videoconferência interna


PALOP-TL de 16-Julho-2015 são as seguintes:

 Economia/indústria criativa que promove projetos culturais e/ou turísticos que


contribuam para o emprego/auto-emprego, inclusão social (particularmente das
jovens e mulheres), diversidade cultural e o desenvolvimento sustentável.

 Formação profissional, incluindo a formação / capacitação de quadros e apoio a


políticas prioritárias de geração de emprego, especialmente no setor da cultura.

PRODUTOS DO ESTUDO

Os produtos do estudo são os seguintes:

 Plano de Trabalho com metodologia revista e previsão dos tempos da missão.

 Minuta do Briefing no início da missão (comentários e recomendações).

 Minuta do Debriefing no fim da missão (conclusões, recomendações, comentários).

 Relatório Provisório após o final da missão.

 Relatório Final com inserção de comentários finais da Entidade Adjudicante.

ABORDAGEM METODOLÓGICA

O estudo que se desenvolve inspira-se metodologicamente na abordagem pelo ‘paradigma


da especialização inteligente’ aplicado ao caso concreto do emprego e auto-emprego,
inclusão social, diversidade cultural e desenvolvimento sustentável, tendo em conta as
ANEXO Nº 06: GUIÃO INDICATIVO DE ENTREVISTAS

1. ECONOMIA E ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL

 Quadro institucional e legislativo sobre a economia criativa (política


cultural, mecanismos de financiamento, organização profissional do setor)

 Direitos de propriedade industrial

 Política fiscal e de investimento

 Microempresas no setor cultural: levantamento e viabilidade e


sustentabilidade de novas microempresas

 Levantamento do setor informal e passagem para setor formal

 Delimitação do setor e subsetores da economia criativa e cultural;


especialização geográfica; setores a montante, jusante e complementares;
cadeia de valor

 Projetos estruturantes

 Visão prospetiva

2. EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL

 Quadro regulador e legislação sobre emprego

 Quadro nacional de qualificações profissionais

 Levantamento do emprego (formal e informal) e potencial de


empregabilidade

 Dificuldades de acesso de jovens e mulheres ao mercado de trabalho formal

 Levantamento dos cursos FTP – cursos artísticos e de criações e eventos


culturais nacionais e internacionais

 Política de empreendedorismo e desenvolvimento de PME

 Visão prospetiva
ANEXO Nº 07: NOTA DE BRIEFING

Em razão da necessidade de se analisar a documentação disponível, rever a


metodologia e realizar reuniões iniciais e entrevistas exploratórias para o estudo
das indústrias culturais e criativas, a Minuta de Briefing é apresentada tendo em
consideração os resultados da 1ª semana de trabalho.

A presente Minuta de Briefing incorpora os seguintes elementos:

1. SÍNTESE DAS REUNIÕES NO GABINETE DO ORDENADOR NACIONAL


2. PLANO DE TRABALHO
3. AGENDA DE PESQUISA
4. REVISÃO METODOLÓGICA
5. ESTRUTURA (PROVISÓRIA) DO RELATÓRIO PRELIMINAR

1. SÍNTESE DAS REUNIÕES NO GABINETE DO ORDENADOR NACIONAL

Realizaram-se três reuniões no GON-FED na semana de 21 a 25 de Março de 2016


nas seguintes datas:

 21 de março de 2016
 22 de março de 2016
 24 de março de 2016

1.1. Reunião 21.03.2016

Na reunião de arranque do estudo, estiveram presentes:

 O Coordenador do Gabinete do Ordenador Nacional (Armindo Fernandes)


 O Interlocutor do GON-FED para a MundiServiços (Vasco Bonfim)
 A equipa da MundiServiços (Adelino Castelo David, Jaime Oliveira e Rui
Duarte Moura)

Após as boas-vindas, foram debatidos os principais assuntos relativos à


concretização do estudo, tendo sido combinado que a equipa da MundiServiços
prepararia as seguintes informações:

 Plano de Trabalho
 Agenda de Pesquisa

1
ANEXO Nº 08: NOTA DE DEBRIEFING

A presente Minuta de Briefing sintetiza a reunião havida entre os representantes


do Gabinete Ordenador Nacional (GON-FED) e os consultores da MundiServiços, no
dia 4 de abril de 2016, incorporando os seguintes elementos:

1. PRINCIPAIS CONCLUSÕES
2. PRINCIPAIS RECOMENDAÇÕES
3. COMENTÁRIOS
4. AGENDA REALIZADA SUBSEQUENTE À ENTREGA DA MINUTA DE BRIEFING
5. CONTACTOS DE PERSONALIDADES PRESENTES EM REUNIÕES/ENTREVISTAS

1. PRINCIPAIS CONCLUSÕES

1.1. AS INDÚSTRIAS CULTURAIS E CRIATIVAS

Fatores distintivos

 Setor formado predominantemente por indivíduos e microempresas, em


cadeias de fornecimento geralmente complexas e ligado a redes informais
de onde emerge a criação.
 Modelos de negócios flexíveis com inovação tecnológica e criatividade.
 Ativos invisíveis e voláteis: talento, reputação e marca são normalmente
exteriores às empresas.
 Contribuem decisivamente para a identidade territorial e para o
desenvolvimento do turismo, turismo cultural e ecoturismo.

Perceção externa

 Negócio pouco reconhecido: banca, investidores e governo.


 Falta de estatísticas que comprovem a real importância do setor.
 Ausência de estruturas representativas fortes e reconhecidas.
 Mecanismos públicos de apoio fracos e baseados em lógicas de subsidiação
e investimento privado reduzido.

A perceção externa é ainda desfavorável, mas estas indústrias nunca tiveram


recessão económica e estão em crescimento em todos os países do mundo,
representando uma parte muito significativa do PIB em alguns casos. Na
bibliografia internacionalmente é amplamente reconhecida a importâncias
das indústrias culturais e criativas (ICC).

1
ANEXO Nº 09: BOAS PRÁTICAS INTERNACIONAIS

PROPRIEDADES DAS INDÚSTRIAS CRIATIVAS

Ninguém sabe: a incerteza da procura existe porque as reações do consumidor a um


produto não são nem conhecidas com antecedência nem facilmente compreendidas
depois.

Arte pela arte: Os trabalhadores preocupam-se com a originalidade, habilidade


profissional técnica, harmonia, etc. dos produtos criativos e estão dispostos a aceitar
sal|rios mais baixos do que os oferecidos pelos empregos “monótonos”.

Princípio de equipa diversificada: Para produtos criativos relativamente complexos (por


exemplo, filmes) a produção exige contribuições diversamente qualificadas. Cada uma
deve ser apresentada e executada em um nível mínimo para produzir um resultado
valioso.

Infinita variedade: Os produtos são horizontalmente diferenciados pela qualidade e pela


exclusividade: cada produto é uma combinação distinta de contribuições que geram
infinitas opções de variedade.

Lista A / Lista B: As qualificações são verticalmente diferenciadas. Ao artistas são


classificados de acordo com suas qualificações, originalidade e proficiência em processos
criativos e ou produtos. Pequenas diferenças de qualificações e talento podem render
enormes diferenças de sucesso (financeiro), gerando mercados de ganho unilateral.

O tempo voa: Ao coordenar projetos complexos com contribuições diversamente


qualificadas, o tempo é essencial.

Ars Longa: Os produtos criativos têm aspectos de durabilidade que invocam a proteção
dos direitos autorais, permitindo que um criador ou um artista cobre pela utilização.

Fonte: Caves (2000).


ANEXO Nº 10: DIREITOS DE AUTOR E DIREITOS CONEXOS

DIREITOS DE AUTOR

A titularidade do direito de autor pertence ao criador intelectual da obra e o mesmo


direito é reconhecido independentemente do registo da obra.

No âmbito da protecção dos direitos de autor, o instrumento legal internacional mais


importante é a “Convenção de Berna para a Protecção das Obras Literárias e Artísticas”14.

Em Portugal, e em consonância com os requisitos dos instrumentos internacionais, a


legislação nacional que regula esta matéria refere-se ao Código do Direito de Autor e dos
Direitos Conexos (CDADC).

Ao abrigo deste código, as obras protegidas são as seguintes:

a) Livros, folhetos, revistas, jornais e outros escritos;

b) Obras dramáticas e dramático-musicais e a sua encenação;

c) Conferências, lições, alocuções e sermões;

d) Obras coreográficas e pantominas, cuja expressão se fixa por escrito ou por qualquer
outra forma;

e) Composições musicais, com ou sem palavras;

f) Obras cinematográficas, televisivas, fonográfica, videográfica e radiofónicas;

g) Obras de desenho, tapeçaria, pintura, escultura, cerâmica, azulejo, gravura, litografia e


arquitectura;

h) Obras fotográficas ou produzidas por qualquer processo análogos aos da fotografia;

i) Obras de arte aplicadas, desenho ou modelos industriais e obras de design que


constituam criação artística, independentemente da protecção relativa à propriedade
industrial;

j) Ilustrações e cartas geográficas;

k) Projectos, esboços e obras plásticas respeitantes à arquitectura, ao urbanismo, à


geografia ou às outras ciências;

l) Lemas ou divisas, ainda que de carácter publicitário, se se revestirem de originalidade;

m) Paródias e outras composições literárias ou musicais, ainda que inspiradas num tema
ou motivo de outra obra.
ANEXO Nº 11: ARTISTAS E ENTIDADES CULTURAIS POPULARES

Nº DESIGNAÇÃO LOCALIDADE
GRUPOS CULTURAIS
01 Bulawê som da Ilha Piedade - Mé Zochi
02 Bulawê Ilha Verde Melhorada - Mé Zochi
03 Bulawê Bomboense Cova Barro – Mé Zochi
04 Bulawê Carambola Changra – Lobata
05 Bulawê Lemos Cima Obolongo – Mé Zochi
06 Bulawê Unisson dos Deficientes Almas – Mé Zochi
07 Bulawê Diamante Negro Lemos Cima – Mé Zochi
08 Bulawê Jovens Unidos de Montalvão Montalvão – Mé Zochi
09 Bulawê Simoda Lemos Centro – Mé Zochi
10 Bulawê Asa Branca Maianço – Lobata
11 Bulawê Betepense Batepa – Mé Zochi
12 Bulawê Piadosa Cola Grande – Mé Zochi
13 Bulawê Só Mexer Ponte Graça – Água Grande
14 Bulawê Codex Pema-Pema – Água Grande
15 Bulawê Africano Desejada Desaejada – Lobata
16 Bulawê Batelo Batelo – Lobata
17 Bulawê Pastelim Uba-Cabra
18 Bulawê Zequentxi Ponte Graça
19 Bulawê Estrela do Mar Neves – Lembá
20 Bulawê Amador Neves – Lembá
21 Bulawê Tindom Santana – Cantagalo
22 Bulawê Belezinha Uba Flor – Mé Zochi
23 Bulawê Marina Pantufo
24 Bulawê Mariot Almas
25 Bulawê Nhé Côçô Bobô Fôrro
26 Bulawê Ribeira Peixe
27 Bulawê Liberdade Cantagalo
28 Bulawê 12 de Julho Cantagalo
29 Bulawê África Libertada Lobata
30 Bulawê Plancas II
31 Bulawê 1º de Maio Santa Catarina
32 Bulawê Lixívia Claudino Faro
33 Bulawê Danger Cachoeira
34 Bulawê Flor de Amizade Galo Canta
35 Bulawê SAM Paulo Santo Amaro
36 Bulawê Vunvú Malanza
37 Bulawê Samaguana Praia Esquerda
38 Bulawê Espera Marido Angolar
39 Bulawê Ilhéu das Rolas Ilhéu das Rolas
40 Bulawê Chora Vida Angratoldo
41 Bulawê Caço Tema Monte Mário
42 Bulawê 19 de Setembro Ribeira Afonso
43 Bulawê Claudino Farro Claudino Farro
44 Bulawê Xiawa Mestre António
45 Bulawê Anda com Bebé Praia Melcia Alves
46 Bulawê 26 de Novembro Neves
47 Bulawê Gingumbwé Neves
48 Bulawê Kassave dos Cinco Conde
49 Bulawê Morro Peixe Morre Peixe
50 Mina Piquina Maianço
51 Fôlô Blagi Na. Marginal 12 Julho
TRAGÉDIA (TXILOLI)
01 Tragédia Pioneril Boa Ventura Boa-Morte – Água Grande
02 Tragédia Mine Riboquino Riboque Capital – Água Grande
03 Tragédia Mina Malé Neves – Lembá
04 Tragédia Florentina de Caixão Grande Caixão Grande – Mé Zochi
05 Tragédia Benfica Margarida Manuel – Mé Zochi
06 Tragédia Bom Sucesso Oque-del-Rei – Água Grande
07 Tragédia Esperança Nova Jingubê – Boa Morte – Á. Grande
08 Tragédia Forminginha Boa Morte – Água Grande
09 Tragédia Madredense Madre Deus – Água Grande
10 Tragédia Marquês de Natua Caxoeira – Mexochi
11 Tragédia Africano de Cova Barro Cova Barro – Mexochi
12 Txiloli de S. Amaro – Batelo Santo Amaro
COROS
01 Coral da Conceição “Coro Claret” Conceição – Água Grande
02 Coral Santa Cicilia Paróquia da Sé – Água Grande
03 Coral Voz da Esperança Paróquia Bombom – Mé Zochi
04 Coral Escolar
05 Coral da Fátima
06 Coral de Santo Amaro Paróquia de St. Amaro – Lobata
07 Coral de Guadalupe Paróquia de Guadalupe – Lobata
TEATRO
01 Flor da amizade Galo Canta – Mé Zochi
02 Prato limpo Maianço – Lobata
03 Os Parodiantes da ilha S.Tomé – Água Grande
04 Igreja Matinal Oque-Del-Rei – Água Grande
05 Os Habilidosos de S. Marçal S. Marçal – Água Grande
06 Santomenses da Desejada Desejada – Lobata
07 Doutor Chane Santana – Cantagalo
08 Teatro Famoso de Belem Belém – Mé Zochi
09 Fonó-Pele Ribeira Afonso – Cantagalo
10 Kaba Kuêle S. João da Vargem – A. Grande
11 Sombra de Vento Água Grande
12 Grupo Caravana Africana Água Grande
13 Os Devertidos Água Grande
14 Os Brincalhões
15 Benguela Palha
16 Surpresa de Mucambû Praia Melão
17 Penicete Praia Melão
18 12 Julinhos de S. Marçal S. Marçal
19 STP- Animações S. Marçal
PUITA
01 Kassav dos Cincos S. João da Vargem – A. Grande
02 Puita Atlântico Pantufo – Mé Zochi
03 Puita Sanangungu Cabeça Água – Mé Zochi
04 Puita Bairro Liberdade Bairro Liberdade – Água Grande
05 Puita Água Casada Água Casada
06 Puita Santana Riboque Santana – Cantagalo
07 Puita Bobô Forro Bobô Forro – Água Grande
08 Puita Sal S. Marçal – Água Grande
09 Tafúa de Monte Café Monte Café
10 Puita de Água Izé Água Izé
11 Puita de Conde Conde
12 Puita de Uba Budo Trindade Trindade
13 Puita Suasua de Bairro Popular Santana
14 Puita 15/15 Zandrino Santana
15 Puita Água Tomá Neves
16 Puita Gaspar Neves
17 Puita Tontobô Guadalupe
18 Puita Cobra Preta Água Izé
DANÇO CONGO
01 Danço Congo 30 Setembro Angolares – Caué
02 Danço Congo Mini Neviense Neves – Lembá
03 Danço Congo Esperança Praia Cruz
04 Danço Congo Estrelinha Nova Margarida Manuel
05 Danço Congo Santa Maria Uba Flor
06 Danço Congo Micoló Micoló
07 Danço Congo Pantufo Pantufo
08 Danço Congo Aliança Nova Neves
09 Danço Congo Otótó Ototó
10 Danço Congo Nini Carrossel Almeirim
11 Danço Congo Pioneril Ponte Graça
12 Danço Congo Pioneril Angolares
13 Danço Congo Bobô Cativo Bobô Cativo
14 Danço Congo Maracujá com Sol
15 Danço Chilinhêe Boa Morte
16 Danço Congo Pequinó Angolares
17 Danço Congo Fala Sa Noda Guadalupe
SOCOPÉ
01 Socopé Ubaga Tela Bombom
02 Socopé Herança Nova Margarida Manuel
03 Socopé Linda Estrela Santana
04 Socopé Minigra Otótó
05 Socopé Harmonia Nova Pau Sabão
06 SocopéVera Cruz Neves
07 Socopé Guadalupe Guadalupe
08 Leonino de Guadalupe Guadalupe
09 Ússua do Cruzeiro Cruzeiro
10 Socopé Mariense Neves
CARNAVAL
01 Carnaval Esperança Boa Morte
02 Carnaval Malá Pê Tema Almas
03 Carnaval Laranjina
CARNAVAL MODERNO
01 Os Dredas
02 Jovens do Liceu Nacional
03 K10
04 Power
JOGOS DE BISCA 61 EQUIPAS
01 Micoló
02 Conde
03 Praia Gambôa
04 Obô Longo
05 Cruzeiro
06 Lemos Cima
07 Margarida Manuel
08 Riboque Capital
09 Xapu xapu verde Água Porca
10 Jogo de Cassete (Sr. Varela)
SOIA
01 Grupo de Soia e Ladainha Bombom
CONJUNTO MUSICAIS
01 Sangazuza Água Grande
02 África Negra Água Grande
03 Ekipson Master Água Grande
04 Amigos da Cultura Água Grande
05 Grupo Tempo Água Grande
06 Os Regressados
07 Leonenses
08 Multi-estilo
09 Tuna de Cruzeiro Cruzeiro – Mé Zochi
10 Serenata de Pinheira
11 CTT
12 Batuque de Agostinho Neto Agostinho Neto – Lobata
13 Ferro Gaita Caldeira – Lobata
14 Banda da Ilha
15 Banda FAMA
16 Banda Relíquia
CANTORES INDIVIDUAIS
01 Carlos M. M. d’Almeida “Kálu Mendes
02 Pedro d’Apresentação P. L. “Pêpê Lima
03 Eduardo Lima de Pina “Dua Pina”
04 Carlos Alberto da Rocha Castro “Juka”
05 Gabriel João “João Seria”
06 Domingos Ramos das Neves “Vizinho”
07 António Lima Garrido “Garido”
08 Elsa Maria dos Santos Faustino “Xinha”
09 Sebastiana Fernandes da Silva
10 José Augusto Pereira Vieira “Augusto”
11 Adelino F. P. Santos “Adelino Santos”
12 Luciano d’Almeida “Alcino das Estrelas”
13 José Manuel Mendes d’Almeida “Zezito”
13 Dico Mendes
14 Daniel Lima de Pina “Dany Pina”
15 Vava Pina
16 Eliseu M. R. Trindade “Ely Trindade”
17 Carson L. de Sousa e Luís P. Fernandes
18 António Dias Pereira “Haylton Dias”
19 Celisa M. M. d’Almeida “Cely Mendes”
20 Manuel Conceição Lima “Roque Neto”
21 Adriano Martins Miranda
22 Gilene Catarina da Conceição
23 Bladiler Q. Vera Cruz “Sandrinho”
24 Nelito Borges - Fraguito Monteiro Lima
25 Cerila Caquenha Aguiar
26 Adriano Joaquim da Costa “Alex Dinho”
27 Inácio Nazaré “DomAugusto”
28 Bill Lima Viegas
29 Timóteo Vaz de A. Lima “Timy Jone”
30 Hélder Mendes Rita Cristo Dende
31 Hélder Camblé
CAPOEIRA
01 Grupo Capoeira de S. da Vargem S. João da Vargem
QUINÁ
01 Quiná Ribeira Afonso Ribeira Afonso
DANÇA
01 Dança de Bambu Salvador
02 Mini Pagué
03 Dança Bambú Boa Entrada
04 Plómom Deçu Ototó

NOVA LISTA DE GRUPOS CULTURAIS

Nº DESIGNAÇÃO LOCALIDADE
GRUPOS CULTURAIS
01 Bulawê SAM Paulo Santo Amaro
02 Bulawê Vunvú Malanza
03 Bulawê Samaguana Praia Esquerda
04 Bulawê Espera Marido Angolar
05 Bulawê Ilhéu das Rolas Ilhéu das Rolas
06 Bulawê Chora Vida Angratoldo
07 Bulawê Caço Tema Monte Mário
08 Bulawê 19 de Setembro Ribeira Afonso
09 Bulawê Bulawê Claudino Farro Claudino Farro
10 Bulawê Xiawa Mestre António
11 Bulawê Anda com Bebé Praia Melcia Alves
12 Bulawê 26 de Novembro Neves
13 Bulawê Gingumbwé Neves
14 Bulawê Kassave dos cinco Conde
15 Bulawê Morro Peixe Morre Peixe
16 Danço Congo Pequinó Angolares
17 Danço Congo Fala Sa Noda Guadalupe
18 Puita 15/15 Zandrino Santana
19 Puita Água Tomá Neves
20 Puita Gaspar Neves
21 Puita Tontobô Guadalupe
22 Puita Cobra Preta Água Izé
23 Socopé Mariense Neves
24 Dança Bambú Boa Entrada
25 Txabeta Generosa
A protecção da propriedade intelectual, não só garante ao autor poder de decisão sobre o
que fazer com a sua obra, e a exclusividade desse poder, como também afecta a forma em
como esta criação pode ser convertida em proveito económico, pela sua reprodução e
publicação.

Os direitos de autor garantem a propriedade de um direito transacionável que pode ser


utilizado para assegurar um retorno financeiro no seu investimento.

A necessidade económica de legislação para os direitos de autor advém pois, da


necessidade de atribuir um incentivo e uma recompensa pela produção comercial e
divulgação dos trabalhos criativos. Deste modo, os direitos de autor apoiam a criatividade
ao garantirem aos criativos – e às indústrias criativas onde estão envolvidos – fortes
incentivos para investirem tempo, esforços e dinheiro na criação, produção e distribuição
dos trabalhos.

Os Direitos de Autor protegem dois tipos de direitos: os Direitos Exclusivos (patrimoniais)


e os direitos morais.

DIREITOS CONEXOS

Grande parte dos trabalhos criativos protegidos pelos direitos autorais requer distribuição
em massa, comunicação e investimento financeiro para a sua divulgação (publicações,
gravações sonoras e filmes). Deste modo, os criadores muitas vezes, vendem ou licenciam
os direitos de autor das suas obras, a particulares ou empresas melhor posicionadas no
mercado, em troca de pagamento.

Estes direitos conexos evoluíram conjuntamente com as obras protegidas pelos direitos de
autor e fornecem direitos similares apesar de serem mais limitados e de duração mais
curta. O propósito dos direitos conexos é o da protecção legal dos interesses de
determinadas pessoas e entidades legais que contribuem para tornar as obras públicas ou
que produzem material que, apesar de não ser qualificado como obra sob a protecção do
sistema de direitos de autor, contém criatividade suficiente ou competências técnicas e
organizacionais que justifiquem o reconhecimento de um direito de propriedade
semelhante ao direito de autor.

A legislação sobre direitos conexos estabelece que as produções que resultam das
actividades dessas pessoas ou entidades merecem igualmente protecção legal, dado que se
conectam com a protecção de obras de autoria sujeitas à protecção dos direitos de autor.
Porém, nalguns ordenamentos jurídicos e, particularmente em Portugal, a legislação
estabelece que a “tutela dos direitos conexos em nada afecta a protecção dos autores sobre
a obra utilizada”.
UM EMPREENDEDOR CRIATIVO:
TRANSFORMANDO IDEIAS EM NEGÓCIOS DE SUCESSO

No final dos anos 20, a propriedade intelectual havia se tornado cada vez mais importante
para os negócios, e os computadores pessoais começavam a aparecer sobre todas as
mesas; funcionários se transformaram em profissionais do conhecimento; as empresas
começaram a focar na gestão do conhecimento e as informações cruciais eram
armazenadas em bases de conhecimento conectadas – teoricamente – por meio de redes
de conhecimento. O resultado foi a economia do conhecimento, um fenómeno que
transformou o negócio do negócio e ajudou economias emergentes inteiras a assumirem
uma posição de concorrente global.

Nesse contexto, entretanto, a maior parte do “conhecimento” sobre o qual a economia do


conhecimento é construída é, na realidade, apenas informação – dados, factos e
inteligência de negócio básica. O guru de gestão Tom Davenport disse que o
“conhecimento é informação combinada com experiência, contexto, interpretação e
reflex~o”. É o conhecimento derivado de informações que proporciona a vantagem
competitiva. Muitos de nós vivem em uma “democracia da informaç~o” – se você tem
acesso a um computador e à Internet, pode conectar-se a quase todas as informações que
estejam publicamente disponíveis no mundo todo. Serviços avançados de software e da
Web podem ajudar a rastrear e esmiuçar as informações de maneiras que eram
impossíveis há dez anos.

O surgimento dos computadores de baixo custo originou uma rede poderosa que vem
transformando as oportunidades de aprendizagem e comunicação. O aspeto mágico dessa
rede não é apenas que ela acaba com a distância e faz com que todos sejam vizinhos. Ela
também aumenta drasticamente o número de mentes brilhantes que podem trabalhar em
conjunto – e isso eleva a taxa de inovações a um nível espantoso.

Conforme uma quantidade cada vez maior de informações, comércio e comunicações do


mundo vai se tornando digital, uma porta se abrirá para um novo mundo de experiências
conectadas, ligando nossos interesses e nossas comunidades em um todo homogéneo que
abrange residência, trabalho, escolha e entretenimento. Uma nova geração de tecnologia
está transformando as expectativas sobre a forma como conduziremos negócios, nos
comunicaremos, acederemos entretenimento e muito mais. Cada vez mais as pessoas
antevêem um mundo em que o acesso pode ser feito de qualquer lugar – um mundo em
que a informação, as comunidades e o conteúdo que elas valorizam possam estar
disponíveis de forma instantânea e fácil onde quer que estejamos.

Fonte: UNCTAD (2010).


INDÚSTRIAS CRIATIVAS DE XANGAI: O JEITO CHINÊS

Os conceitos de “economia criativa” e “indústria criativa” tiveram um grande impacto no


desenvolvimento social e económico da China, sendo o mais importante a descoberta do
valor económico da cultura. Os setores académico e público na China têm-se centrado no
valor da economia criativa como “Uma espécie de uma nova perspetiva de cultura
emergente e prática económica que sobressalta o apoio e a promoção da economia da arte
e da cultura”. Por isso, em muitas cidades da China, em vez de “indústria criativa”, a
“indústria criativa cultural” é uma express~o mais comum.

Como um país que conta com uma longa história e um rico património cultural, a China
sempre experimentou uma forte procura por produtos culturais. Atualmente, as indústrias
estão fabricando produtos para marcas internacionais, tornando a China um dos maiores
países exportadores do mundo, mas estes produtos s~o “made in China” e n~o “criados na
China”. Como resultado, a nova geraç~o chinesa est| jogando jogos coreanos e assistindo
desenhos animados japoneses e filmes de Hollywood. O povo chinês está cada vez mais
cercado de produtos originários da criatividade e da cultura de outros países.

Uma pesquisa de 2006 sobre o consumo de produtos criativos em Xangai demonstrou que
o grupo na faixa de 20 a 35 anos de idade tem uma grande preferência para as marcas
internacionais comparadas às marcas locais, e essa tendência é ainda mais forte nos
grupos mais jovens. Essa tendência é causada pela ideia dominante de que a cultura e a
economia são entidades separadas; no entanto, as indústrias criativas podem ajudar a
inverter essa tendência. O foco das indústrias criativas é a cultura e a criatividade, e essas
se estendem a outras indústrias relacionadas, na forma de uma cadeia de valor,
proporcionando formas mais amplas de geração de produtos de valor agregado e serviços.

Na China, Xangai era uma cidade pioneira na promoção das indústrias criativas, com o
governo municipal desempenhando um papel fundamental. No 11º Plano Quinquenal da
prefeitura de Xangai, o estímulo das indústrias criativas foi citado como uma questão
fundamental no desenvolvimento das indústrias de serviços modernos. No passado, a
indústria era muito forte em Xangai, mas as atividades estão hoje se deslocando para as
indústrias de serviços e financeira.

Assim, em 2007, uma prioridade do governo era acelerar o desenvolvimento das


indústrias criativas, de modo a promover a reforma estrutural das indústrias com vista à
construç~o de uma nova estrutura focada na economia de serviços. No ”Guia Fundamental
para o Desenvolvimento das Indústrias Criativas em Xangai“, as cinco principais áreas de
desenvolvimento da indústria criativa são as seguintes:

 Publicidade & Desenvolvimento, incluindo a publicidade, animação, software e


design industrial.
 Arquitetura, incluindo engenharia e design de interiores.
 Cultura e Média, incluindo arte, livros, publicação de jornais, rádio, televisão,
cinema, música e artes cénicas.
 Serviços Empresariais, incluindo educação, formação e serviços de consultoria.
 Estilo de Vida, incluindo moda, turismo, lazer e desportos.

As indústrias criativas já representam aproximadamente 7% do PIB de Xangai. Visando


transformar Xangai em uma cidade criativa, o governo estabeleceu uma meta de 10% para
a contribuição das indústrias criativas ao total do PIB de Xangai até 2010.
ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO DAS INDÚSTRIAS CRIATIVAS DE XANGAI

Xangai dividiu o seu desenvolvimento de das indústrias criativas em três etapas: parques
para a indústria criativa, grupos da indústria criativa, e projetos para a indústria criativa.

 Fase 1: Parques da Indústria Criativa – o modelo de armazéns de antigas fábricas


mais artistas.

Na primeira fase, muitos armazéns antigos no centro da cidade foram renovados e


decorados para se tornarem edifícios comerciais modernos, mantendo alguns dos seus
equipamentos aparência originais. Esses edifícios geralmente são espaçosos, com tetos
altos, fazendo deles ambientes ideais para abrigarem novas empresas criativas, artistas e
empresários. Uma vez que essas construções eram quase inúteis no passado, os alugueis
eram comparativamente baixos e, portanto, ideal para as empresas e artistas criativos
individuais. Esse modelo provou ser bem-sucedido: até o final de março de 2007, 75
parques da indústria criativa já haviam sido construídos em Xangai.

Considerando que as empresas mais criativas começam pequenas, com investimentos


modestos, esses parques da indústria criativa desempenham um papel importante em
reunir essas empresas e proporcionar um ambiente propício. Além disso, eles podem
facilitar a divulgação de empresas desse tipo, já que os clientes podem se dirigir a um
desses parques da indústria criativa quando em busca de fornecedores. M50, um antigo
armazém convertido em galerias e estúdios de artes plásticas e de escultura, é um bom
exemplo desses parques da indústria criativa. Inúmeros artistas de alta criatividade se
concentram no M50 e ali recebem vários visitantes e clientes. Alguns dos artistas da M50
tornaram-se bem-sucedidos e agora têm as suas obras listadas nos leilões da Sotheby's.

Com o apoio do governo, os proprietários de parques da indústria cultural são capazes de


converter armazéns que antes não eram rentáveis em edifícios comerciais prósperos. Por
sua vez, o ambiente da vizinhança também melhora. Esse modelo provou ser muito bem-
sucedido sob uma perspetiva comercial. No entanto, ele tem algumas deficiências. Os
parques da indústria criativa permanecem os proprietários, enquanto as empresas
criativas são os inquilinos.

Conforme os valores do mercado imobiliário sobem e as rendas aumentam, algumas


empresas e artistas são forçados a mudar-se, consequentemente estancando o
desenvolvimento das indústrias.

 Fase 2: Grupos da indústria criativa – grupos formados de acordo com a arte local e
recursos culturais.

Com o tempo, os parques da indústria criativa foram considerados insuficientes para


fornecer um pleno apoio ao desenvolvimento das indústrias criativas. A prefeitura de
Xangai parou de construir novos parques da indústria criativa, mas continua a manter e
desenvolver os 75 parques já existentes. Baseado nos parques, a prefeitura começa a
explorar o desenvolvimento de grupos da indústria criativa, levando em consideração as
características da arte e da cultura local e focando intencionalmente em certas indústrias.

Como resultado, uma gama completa de empresas e negócios da cadeia de valor está
concentrada nesses grupos de forma a promover o desenvolvimento dessa indústria em
particular. As principais indústrias incluem: o grupo de teatro e artes cénicas, o grupo de
cinema e televisão, o grupo de desenhos animados e jogos, o grupo da galeria e o grupo da
propriedade intelectual. Por exemplo, o Grupo Zhangjiang da Cultura e da Tecnologia
Criativa tem atraído empresas envolvidas com quadrinhos e desenhos animados, jogos,
televisão e filmes, e serviços de pós-produção. No momento, esse grupo concentra 70% do
valor total de produção de software de jogos na China, incluindo algumas das principais
empresas de jogos.

 Fase 3: Projetos para a indústria criativa – grandes e importantes eventos e


projetos baseados na cadeia de valor.

Xangai também está tentando promover esses projetos nas indústrias criativas. Para a
World Expo 2010, um projeto criativo está sendo realizado, que vai colocar todos os
elementos atraentes para um participante da Expo Mundial sistema de serviços, incluindo
vestuário, alimentação, alojamento, viagens e entretenimento. Um projeto desse tamanho
possui grande potencial para promover as empresas criativas de Xangai. Todos esses
acontecimentos, de forma tão rápida, requerem um forte apoio do governo. Uma política
de longo prazo e as estratégias relacionadas são necessárias para promover estabilidade
nas indústrias criativas. Além disso, planos de cinco anos são um meio eficaz de informar
as pessoas da direção do desenvolvimento.

As iniciativas do governo assumem um papel de liderança e devem continuar a ser o


principal impulso, principalmente quando se enfrenta uma concorrência das indústrias
criativas mais desenvolvidas de outros países. Para a China, o desenvolvimento das
indústrias criativas envolve quase todas as indústrias, e as pessoas estão cada vez mais
conscientes dessa tendência. Nossa meta, no entanto, se estende além de um aumento no
PIB e inclui a exploração do potencial de cultura chinesa profundamente enraizada para
fabricar produtos criativos ricos em cultura e património chineses. O valor criativo das
indústrias criativas não reside unicamente nos seus produtos, mas também na emergência
da cultura como elemento central das atividades industriais e económicas. Há ainda muito
a ser feito, porque as indústrias chinesas têm se concentrado principalmente na
manufatura, no entanto, tal como foi exemplificado pelas experiências de outros países, a
criatividade vai se tornar uma força motriz em toda a economia.

A China enfrenta a dupla tarefa de promover novas indústrias e ao mesmo tempo


melhorar as indústrias tradicionais. Promover o desenvolvimento cultural também é
fundamental. As indústrias criativas proporcionam uma nova perspectiva sobre o fosso
atual relativo aos países desenvolvidos, e também uma nova maneira de explorar o
potencial de desenvolvimento para um país tão grande e rico em recursos culturais.

Essa consciência do valor da criatividade está apenas começando a ser contemplada na


China. Nos últimos dois a três anos, muitas cidades começaram a explorar as indústrias
criativas. Nas 16 cidades que pertencem ao delta do rio Yangtze, 14 delas estão
impulsionando as indústrias criativas. Além disso, Pequim tomou medidas fortes para
apoiar suas indústrias criativas. O valor dos talentos criativos também é cada vez mais
reconhecido na sociedade, com as escolas promovendo uma criatividade maior entre seus
alunos, uma mudança que pode influenciar o sistema de educação da China inteira. Para
compreender corretamente e tirar proveito dessa tendência, o Ministério da Educação deu
início a um projeto de pesquisa de três anos sobre estratégia chinesa para as indústrias
criativas. Essa iniciativa ilustra o compromisso da China e sua visão do desenvolvimento.
Embora essa experiência não seja facilmente replicada, ela poderia ser uma referência
interessante para outros países, especialmente aqueles em desenvolvimento.

Fonte: Prof. He Shou Chang, Vice-Presidente Executivo, Shanghai Creative Industry


Association.
AFRICA REMIX: A ÁFRICA FALANDO MAIS ALTO, COM MAIS BRILHO E COR

“Africa Remix: Contemporary Art of a Continent” é a primeira exposiç~o a fornecer uma


visão geral abrangente das atividades artísticas atuais do continente africano e da
diáspora. Ela apresenta artistas dos países do continente africano, da Argélia à África do
Sul, bem como artistas africanos que vivem atualmente na Europa e América do Norte. A
obra foi criada nos últimos 10 anos e inclui pinturas, esculturas, instalações, fotografias,
filmes, desenhos, designs e vídeos.

A exposição oferece um ponto de entrada à criatividade africana moderna, removendo as


perceções comuns da África como um continente concentrado no passado, preso em
rituais e tradições e envolvido em pobreza, doenças e guerras.

Organizada pelo curador, escritor e crítico Simon Njami, nascido em Camarões e residente
em Paris, a exposição foi lançada em 2004 no museu Kunst Palast em Dusseldorf,
Alemanha, onde foi considerada a maior exposição de arte visual africana contemporânea
realizada na Europa. Depois, ela viajou para a Hayward Gallery em Londres, ao Pompidou
Centre em Paris, ao Mori Art Museum em Tóquio e ao Moderna Museet em Estocolmo e,
mais recentemente, à Johannesburg Art Gallery de Gauteng, África do Sul.

A intenção de Njami para a exposição é abordar os desequilíbrios históricos e a


representação imprecisa da imagem da África que foram tão predominantes no passado e
apresentar uma exposição concentrada exclusivamente na África, organizada por um
curador africano e, mais recentemente, mostrá-la ao público africano. Os artistas
representam-se a eles mesmos, e não os seus países.

A Africa Remix explora importantes temas contemporâneos relevantes ao património e


diversidade cultural da África: da cidade e da terra (as experiências contrastantes da vida
urbana e rural), da identidade e da história (incluindo questões de tradição e modernidade
e a relação do indivíduo com a comunidade) e do corpo e da alma (abrangendo religião,
espiritualidade, emoção e sexualidade).

A exposição reconhece a vastidão e diversidade da África e a riqueza da sua história. No


entanto, os relacionamentos globais atuais ditam que boa parte das interações de cada
país africano com o continente é intermediada pelos centros nortistas de influência global.

A amostra atual da exposição no espaço do mecanismo económico da África do Sul é


realizada contra o pano de fundo de uma realidade em modificação, à medida que a
população de africanos continentais de Gauteng cresce rapidamente. Estão sendo feitas
novas comunicações à medida que as comunicações e grupos bancários realizam parcerias
intercontinentais e os alunos se movimentam entre as instituições académicas para fins de
pesquisa e estudo. Os produtos alimentícios são importados diariamente da África
Ocidental aos nossos mercados urbanos.

No entanto, a exposição tem as suas críticas, principalmente na sua ênfase na arte


contemporânea, e não no património e na arte popular. Como disse Jonathan Jones do The
Guardian1, a Africa Remix “utiliza a ‘arte contempor}nea’ de acordo com o modo como ela
é geralmente utilizada, ou seja, para significar uma arte ciente do modernismo e suas
consequências. Mas quem define ‘arte contempor}nea’ e por que ela deve ser mais
importante que a arte popular ou ‘tribal’ da África? E porque razão a arte africana deve se
adequar a uma ideia ocidental estéril e de classe média daquilo que é culturalmente
relevante?”
Talvez seja essa a questão. A Africa Remix representa uma África vibrante, urbana e
moderna, não apenas rural, muda e tecnologicamente atrasada. Ela é de facto uma
exposição revolucionária, que oferece ao público não apenas uma explosão visual da
imagética africana, mas também uma oportunidade para o envolvimento em seus
significados e teorias por meio de seminários patrocinados, tours orientados e um
catálogo que apresenta os festivais, jornais, instituições e movimentos que criaram a
cultura do continente.

1 Jonathan Jones, “Africa Calling”, The Guardian, quarta-feira, 9 de fevereiro de 2005. Disponível em:
http://remixtheory.net/?p=116

Fonte: Avril Joffe, Diretor, CAJ (Cultura, Artes e Empregos).


A BIENAL DE ARTE AFRICANA CONTEMPORÂNEA DE DAKAR: UMA
CONTRIBUIÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO E CULTURAL

Por vários anos, a África tem proposto uma série de eventos para promover diversas
formas de expressão artística. A Bienal de Arte Contemporânea Africana de Dakar
contribui, sem dúvida, de forma fundamental para garantir a divulgação de artistas e a
difusão de obras criativas contemporâneas, dentro e além do continente.

A Bienal de Arte Contemporânea Africana nasceu do desejo do governo do Senegal de


posicionar de Dakar como um destino para encontros e trocas culturais para todo o
continente Africano. O evento começou como uma Bienal de Arte e Literatura, em 1990,
com a literatura ocupando um lugar de destaque. A Dak'Art foi organizada pela primeira
vez em 1992 e, desde então, o elemento de artes visuais passou a ser o protagonista. Hoje
em dia participam 289 artistas de 34 países africanos, com 16 representantes da diáspora
africana e 13 do resto do mundo. Entre os países com as maiores taxas de participação nas
exposições da Dak'Art estão Camarões, República Democrática do Congo, Costa do Marfim,
Marrocos, Nigéria, Senegal e África do Sul. Além disso, em 1996, a Bienal passou a
incorporar o Salão de Design, que mostra o trabalho de designers talentosos da África: 92
criadores foram selecionados para representar 15 países do continente africano, no
período de 1996-2006.

A Dak'Art 2006 também teve a participação de 63 críticos de arte, 25 agentes de imprensa


especializados, 19 jornalistas africanos, 32 representantes de galerias e museus, 13
organizadores de 7 Bienais de nível internacional e uma dúzia de colecionadores de arte.

Vários eventos importantes estão previstos para 2008. O primeiro é o África Now, um
programa importante sob iniciativa do Banco Mundial e em homenagem à África. O
segundo é o primeiro Foire d'Art Contemporain Africain de Tenerife, na Espanha. Além
disso, a Bienal está associada ao secretariado da UNCTAD para o lançamento da iniciativa
“Creative África” durante a Conferência Ministerial da UNCTAD XII a ser realizada em abril,
em Accra, Gana. Para a ocasião, uma exposição de arte contemporânea africana irá revelar
a amplitude de talentos africanos no campo das artes visuais, mostrando novas
abordagens na arte e em design e sensibilizando a opinião pública sobre as criações
contemporâneas na África. Creative Africa apresentará o trabalho de artistas de 10 países
africanos através de quadros, esculturas e colagens.

As repercussões económicas da Dak'Art estão vinculadas principalmente às vendas de


obras de arte africanas importantes. O evento também é benéfico para diversas atividades
económicas, tais como o turismo internacional, o transporte internacional, o transporte
local, a indústria hoteleira e outros serviços.

Em resumo, a Dak'Art ilustra o impacto positivo das manifestações culturais


internacionais do desenvolvimento socioeconómico.

Fonte: Ousseynou Wade, secretário-geral da Bienal de Arte Contemporânea Africana,


Dacar, Senegal. Website: www.biennaledakar.org
BIOCOMÉRCIO NA COLÔMBIA

Com mais de 45% de seu território em reservas florestais, a Colômbia detém 10% da
biodiversidade mundial e possui um grande potencial de crescimento nos negócios
baseados na biodiversidade.

As exportações colombianas de ingredientes naturais dobraram de 2002 a 2008. A


Colômbia poderia se tornar líder mundial em diversos setores criativos se contasse com a
riqueza da biodiversidade e cultura do país; isso inclui moda, jóias, cosméticos, produtos
de cuidado pessoal e turismo da saúde. A Colômbia está realizando todas as iniciativas
para garantir que esse crescimento seja sustentável.

De acordo com os princípios da Convenção de Diversidade Biológica, o país está revendo a


sua Política Nacional de Biodiversidade e reformulando o seu Programa de Biocomércio
Nacional. No seu Programa de Transformação Produtiva, a Colômbia está desenvolvendo
planos de negócios setoriais, incorporando parcerias público-privadas e combinando
métodos comunitários e corporativos com negócios de classe mundial.

O desenvolvimento de uma moderna empresa de bioprospeção auxiliará na coleta de


informações e na gestão de contratos, oferecendo aos investidores estrangeiros as
informações necessárias para que eles tomem decisões de negócios seguras e sustentáveis
e permitindo uma partilha justa dos benefícios. Ao mesmo tempo, o governo articula uma
visão estratégica para aprimorar a economia criativa e promover a diversidade cultural
como um modelo de desenvolvimento alternativo.

Fonte: Extraído da declaração do Vice-Ministro. UNCTAD (2010).


MODA ECOLOGICAMENTE CORRETA E FIBRAS NATURAIS

Em 2007, a World Conservation Society e a Edun, uma empresa de roupas fundada por Ali
Hewson e seu parceiro Bono, vocalista da banda de rock U2, estabeleceram a Iniciativa
Conservation Cotton para melhorar o sustento das comunidades da África, investindo em
algodão sustentavelmente cultivado.

O programa promove o desenvolvimento do cultivo de algodão ecologicamente viável ao


redor das áreas de alta biodiversidade, a fim de aprimorar as rendas e o desenvolvimento
económico, melhorar a gestão de recursos e proteger a vida selvagem.

A marca ética de camisetas da Edun, Edun Live, produz camisetas de algodão orgânico que
não são populares apenas nas outlets, mas também nos shows internacionais do U2, nos
quais elas são vendidas em parceria com a Hard Rock International, criando
consciencialização do público e apoio financeiro para os produtores de algodão orgânico
da África.

Em parceria com a MADE-BY, uma organização sem fins lucrativos cuja missão é melhorar
os padrões sociais e ambientais da indústria da moda, a Edun, por meio de sua marca
registada Edun Live, produz camisetas do “cultivo { produç~o” na África subsaariana. A
MADE-BY auxiliou a Edun a realizar a conformidade com os padrões internacionais de
produção legal, ética e humana, bem como com a instalação de uma instalação de
tratamento de águas residuais em sua estação no Uganda.

Fontes: Wildlife Conservation Society WCS, Iniciativa Conservation Cottton e a Pesticide


Action Network, Reino Unido. Uganda Cottons On – Um enfoque especial da Wear Organic
Newsletter sobre o comércio de algodão de Uganda.
ALPHADI: A CARAVANA DA MODA

Seidnaly Sidhamed, também conhecido com Alphadi, nasceu em 1 de junho de 1957, filho
de pais comerciantes, em Timbuktu, Mali. Um entre nove filhos cresceu no Níger na
companhia dos seus irmãos e gostava de maquiar a sua mãe e as suas irmãs. Estudou
também a maquiagem das atrizes de filmes hindus.

Enquanto jovem, esse futuro designer já se sentia intrigado com tudo o que poderia
aprimorar e melhorar a beleza feminina. No Níger, no entanto, a moda era um tabu para os
meninos.

Embora seu pai esperasse que Alphadi seguisse uma carreira médica ou trabalhasse na
empresa da família, ao finalizar o ensino médio foi para Paris para estudar turismo. Nesse
centro de moda, conseguiu assistir desfiles e também fez cursos noturnos no atelier
Savard Chardon. Após concluir os seus estudos, aceitou um cargo de diretor do Ministério
do Turismo, no Níger, mas ainda mantinha a sua paixão pela moda. Enquanto trabalhava
no Ministério, continuou a aperfeiçoar as suas habilidades de moda, recebendo
professores do Chardon Savard no Níger.

Em 1985, dois anos depois de ter decidido dedicar a sua vida à moda, apresentou a linha
de alta-costura que havia criado no seu primeiro desfile, realizado na Cidade da Luz
durante a Feira Internacional de Turismo. A partir desse momento, Alphadi obteve vários
êxitos, incluindo o prémio de Melhor Designer Africano da Fédération Française de la
Couture et du Prêt-à-porter, em 1987. Os seus desfiles são conhecidos em todo o mundo:
Abidjan, Bruxelas, Nova York, Niamey, Paris, Quebec, Tóquio, Washington. Em 1999
expandiu a sua marca com a criação de uma linha de roupas desportivas chamada Alphadi
Bis. Com a Wrangler criou o Jeans Alphadi, e o ano 2000 presenciou o lançamento do l'Air
d'Alphadi, o primeiro perfume com a assinatura de um costureiro africano.

Após 20 anos de carreira na moda, com desfiles organizados em todo o mundo, boutiques
na África, Europa e Estados Unidos e, o mais importante, uma marca respeitada
internacionalmente, Alphadi é um dos mais conhecidos designers africanos do continente.
Entusiasmado, muito afável e experiente, esse artista está sempre pronto para falar sobre
a sua |rea. Inspirado pelas ricas tradições e cores da África, Alphadi acredita “firmemente
que moda e cultura são as indústrias que podem elevar a África às posições das nações
prósperas".

Fonte: Alphadi, Paris.


A CULTURA DE SPA’S DE MARROCOS

Localizado próximo ao maior pico da África do Norte, Monte Toubkal, o spa-hotel Kasbah
du Toubkal em Imlil, Marrocos, recebeu diversos prémios da comunidade ambiental,
incluindo um prémio de turismo responsável do governo do Marrocos.

O turismo é a segunda maior indústria do país e conseguiu resistir à crise económica


global iniciada em 2008. Ao passo que o turismo do mundo caiu em média 4,3% em 2009,
o Ministério do Turismo e Artesanato do Marrocos relatou que essa indústria aumentou
6% nesse mesmo ano.

A cultura e o ambiente de Marrocos permanecem sendo uma atração e um valor real. Por
exemplo, o spa Toubkal, cercado por plantações de maçãs, cerejas e nozes, é administrado
com a ajuda da comunidade local e ecologicamente viável Berber.

As mulas carregam as bagagens, as plantas locais refrescam os visitantes e fogueiras e


velas iluminam a noite. Notavelmente, o hotel adiciona uma sobrecarga de 5% por
visitante, o que ajudou a financiar uma sauna comunitária, sistemas de irrigação e uma
cabine telefónica na vila.

Fonte: Madhu Puri, Word’s Best ecospas: 10 remote spas that combine nature and nurture.
DESIGN COMO UM INGREDIENTE FUNDAMENTAL PARA O CRESCIMENTO

Na sua juventude, Ingvar Kamprad começou a comprar e a vender uma variedade de itens
e reinvestir os seus lucros. Enquanto ainda era adolescente, ele fundou o que viria a
tornar-se uma empresa multibilionária de design de interiores, a IKEA, que emprega
104.000 funcionários mundialmente. Em 1947, o lançamento de mobiliário na linha de
produtos da empresa obteve tal sucesso que, em 1951, ele retirou todas as outras linhas
de produtos e decidiu focar em móveis.

O processo de design começa sempre com o preço. A vis~o que Kamprad teve de “criar um
quotidiano melhor para muitas pessoas” tem guiado a sua empresa, estimulando a
criatividade e pressionando-a sempre para buscar novas soluções revolucionárias no
design. O objetivo é produzir produtos funcionais de design diferenciado, e ainda assim
torná-los acessíveis ao maior número possível de pessoas e, ao mesmo tempo, incentivar a
inovação.

A empresa também tem um longo histórico de colaborar com designers talentosos e


reconhecidos internacionalmente. Em 1960, por exemplo, a IKEA foi ajudada pelo famoso
designer Taipo Wirkkala, um artista reconhecido pelos seus trabalhos com vidro, cujas
obras podem ser apreciadas no Museu Metropolitano de Arte de Nova York. A tradição
dessas colaborações continua oferecendo aos seus clientes a oportunidade de decorarem
as suas casas com algo um pouco mais especial. Ao mesmo tempo, essa relação ajuda os
artistas a alcançarem um público maior através da influência extraordinária e o público-
alvo importante da empresa. O incentivo à inovação em design não só foi bem-sucedido
economicamente, mas essa estratégia também levou ao reconhecimento generalizado
através de vários prémios de design, tais como o Prémio Sueco de Excelência em Design e o
prémio de alto prestígio internacional “red dot for highest design quality”.

Com um conceito forte, que se caracteriza pelos valores suecos – o design escandinavo –,
um ambiente saudável, consciência de baixo custo e uma cultura corporativa informal, a
IKEA não só ajudou a colocar a Suécia no mapa, como Ingvar também usa a sua origem
como mecanismo para atingir os seus próprios objetivos, uma vez que não é um programa
personalizado de políticas que explica o sucesso da empresa, mas sim as condições gerais
que ajudaram a empresa a crescer. O professor Richard Florida, autor de The Rise of the
Creative Class, coloca a Suécia em primeiro lugar na sua lista de índice de criatividade
global.

Fonte: Tobias Nielsén -LenaRune, QNB Volante.


PLANETA DOS FANTOCHES

Um fantoche é um objeto feito pelo homem que, geralmente – mas não necessariamente –
representa um personagem, é operado diretamente por um manipulador ou indiretamente
com a utilização de fios, outro meio mecânico ou controlo remoto. No teatro de fantoches
contemporâneo, os fantoches são frequentemente chamados de "objeto criativo", de
acordo com as artes cénicas. O teatro de fantoches envolve a manipulação desses objetos e
pode ser encontrado em quase todas as sociedades humanas, tanto como entretenimento
quanto cerimonial em rituais e celebrações, como o carnaval brasileiro.

A Roménia figura entre os países europeus que possuem teatros de fantoches ativos. É um
dos oito países co-fundadores (juntamente com a Áustria, Bulgária, Checoslováquia,
França, Alemanha, Iugoslávia e União Soviética) que criaram a União Internacional da
Marionete (UNIMA), uma decisão tomada em Praga, em maio de 1929. Deve-se ressaltar
que, do ponto de vista da história cultural, a UNIMA foi, de forma geral, o primeiro
organismo internacional no mundo do teatro.

A UNIMA, uma ONG afiliada à UNESCO, reúne pessoas de todo o mundo que contribuem
para o desenvolvimento da arte do teatro de fantoches com o objetivo de utilizá-la na
busca de valores humanos, como a paz e a compreensão mútua entre os povos,
independentemente de raça, convicções políticas ou religiosas e diferenças culturais, em
conformidade com o respeito aos direitos humanos fundamentais, conforme definido na
Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas, de dezembro de 1948. O
Centro Nacional da UNIMA da Roménia implementou inúmeras iniciativas sob a liderança
de Margareta Niculescu, que foi eleita como membro do Comité Executivo Internacional da
UNIMA e, posteriormente, como presidente de tal organização, em 2000.

O Teatro de Fantoches Tandarica, fundado em 1945, em Bucareste, é um dos membros


líderes da UNIMA. Em 1949, o Tandarica foi declarado um teatro estatal e Margareta
Niculescu foi nomeada diretora da companhia. Ela criou um grupo competente de
designers, diretores e manipuladores que fez com que o Tandarica se tornasse
mundialmente famoso. A realização do Primeiro Festival Internacional do Teatro de
Fantoches, em Bucareste, em 1958, foi um momento muito importante na história do
teatro de fantoches romeno. Os artistas romenos tiveram a oportunidade de ver as
melhores apresentações das melhores companhias de mais de 50 países.

Hoje, o Tandarica possui mais de 80 funcionários, realizando cerca de 300 apresentações


anuais nos dois teatros. Como um teatro de repertório, subsidiado pelo orçamento do
Estado, por meio do município de Bucareste, o Teatro Tandarica optou deliberadamente
por oferecer entradas a preços baixos, uma prática que abre as portas do teatro para um
público de todas as classes sociais. Em função de um acordo com o Ministério da Educação
da Roménia, os alunos podem assistir às apresentações durante o período letivo e o teatro
oferece transporte da escola para ambos os teatros. Todos esses elementos resultam num
maior interesse das crianças nessas apresentações especiais.

Durante a temporada 2005-2006 as apresentações do Tandarica atraíram 70 mil pessoas.


Desde o seu nascimento, foi responsável por mais de 200 produções, todas com inspiração
nos maravilhosos contos romenos, bem como nos de cultura universal. Em seu portfólio
permanente, o Tandarica oferece apresentações de fantoches específicos para todas as
idades, desde crianças a adultos. A maioria dos espetáculos é apresentada nas regiões
romenas e em quase todos os continentes, com mais de 100 digressões em mais de 40
países. A companhia organizou seis festivais internacionais e dois nacionais e participou
de 20 festivais nacionais e 40 internacionais, tornando-se um dos teatros de fantoches
mais conhecidos e adorados de todo o mundo, provando ser um poderoso embaixador da
cultura romena no mundo.

Os festivais e digressões internacionais são ferramentas muito importantes para estimular


a renovação constante do teatro de fantoches. Vários festivais são organizados em todo o
mundo. O mais famoso é o "Festival Internacional de Fantoches de Charleville-Mézières,"
no nordeste da França. Esse evento ocorre por duas semanas a cada três anos, reunindo
companhias de fantoches de mais de 130 países, para um público internacional de mais de
130 mil espectadores. Nesse contexto, é importante destacar que os governos devem
facilitar a livre circulação dos artistas para apresentar e promover suas criações e oferecer
os seus serviços nos mercados globais. O teatro de fantoches deve continuar a ser uma
expressão tradicional e valiosa da diversidade cultural para promover o diálogo
intercultural na nossa sociedade.

Fonte: Liviu Berehoi, mestre manipulador de fantoches que trabalhou por mais de 25 anos
para o Teatro Tandarica e é um colaborador regular do Teatro de Fantoches de Genebra.
BRAND JAMAICA COMO O LAR DA REGGAE

A criatividade representa um dos ativos mais distintos da Jamaica e uma das suas
vantagens competitivas como país. Através da sua música, moda, dança e culinária, a
cultura jamaicana continua a influenciar e a causar impactos sobre a cultura popular
global, como tem feito desde a introdução do Garveyismo, do Rastafari e da música reggae.
A exploração desse setor pela Jamaica é fundamental para realizar ganhos de
desenvolvimento a partir do comércio internacional, conforme foi destacado no Consenso
de São Paulo da UNCTAD.

As Nações Unidas estimam que as indústrias criativas estejam crescendo a uma taxa mais
rápida que a economia mundial em geral. Mesmo assim, ainda há uma escassez crítica de
estatísticas empíricas sobre a contribuição da música jamaicana ou das indústrias criativas
para o PIB nacional. Isso resultou numa repetida desvalorização desse setor numa
variedade de estudos, com estimativas que variam de $1,5 a $1,7 biliões em receitas.

A Brand Jamaica é uma campanha de criação de marca de negócios para expandir o perfil
do país com um destino principalmente de lazer, celebrado pelos seus ícones culturais e
atletas, a um país no qual os negócios desempenham uma função ainda maior. A Brand
Jamaica, na sua maior parte, é uma evolução orgânica acionada pelos empreendedores
criativos do país e seus produtos culturais. Há uma década, o Governo despertou para o
potencial da cultura e das indústrias criativas como uma importante estratégia económica
para o crescimento nacional, sinalizada pela inclusão da música e do entretenimento como
um grupo estratégico da Política Industrial Nacional de 2006. A responsabilidade pela
promoção do setor coube à agência de promoção do comércio e investimento do país, a
Jamaica Promotions Corporation (JAMPRO). A agência, em parceria com a indústria
musical, promoveu o desenvolvimento da campanha da marca nacional Sounds of
Jamaica™, lançada na Marché International de l’édition musicale (MIDEM), a maior feira de
negócios da indústria musical do mundo, em 1997 na França. A iniciativa estimulou a
indústria musical jamaicana numa demonstração inédita de cooperação estratégica. No
entanto, após um período vibrante de ativa gestão e ativação de marca e de participação
em apresentações de comércio entre 1997 e 2000, a iniciativa perdeu espaço. A
fragmentação dos diversos aspetos das indústrias criativas da Jamaica entre os cinco
ministérios e, no mínimo, seis agências sem o benefício de um plano principal acionado
por setores resultou numa duplicação escalonada, em inércia e em perda contínua de
oportunidades de geração de riqueza. Além disso, a Jamaica possui uma reputação
internacional de “oportunista” que afeta negativamente a confiança do mercado na sua
consistência da oferta, proteção legal e práticas de negócios.

A atração e adoção globais da música jamaicana geraram versões e artistas internos do


género, desde a banda alemã Gentleman à banda No Doubt, vencedora do Grammy norte-
americano, por exemplo. A crescente disponibilidade do reggae “feito em casa” e o custo
cada vez maior do talento jamaicano em relação ao talento interno começaram a causar
impacto sobre a procura de reggae jamaicano autêntico, já que há festivais nos principais
mercados, como Alemanha e Japão, que produzem festivais de reggae bem-sucedidos sem
artistas jamaicanos na fila. A qualidade dos bens musicais gravados e produzidos ao vivo
deve ser mantida no nível de excelência internacional estabelecido para a música
jamaicana por Bob Marley e outros, a fim de permitir ao país expandir a sua participação
no mercado da indústria musical jamaicana.

A música jamaicana representa o produto da indústria criativa mais facilmente exportado


do país e o produto que fortaleceu a marca internacionalmente nos mercados tradicionais
como a base da Brand Jamaica. Os mercados emergentes da música jamaicana,
principalmente na Ásia e na América Latina, representam grandes promessas para uma
cultura musical que tem sido adotada por uma grande variedade de mercados culturais. O
sucesso musical da Jamaica nesses mercados abre as portas para a introdução de outros
produtos criativos ao mercado. A Jamaica e sua cultura estão umbilicalmente relacionadas
na mente do mercado internacional. O país como lar culturalmente autêntico da música e
cultura reggae teve a oportunidade de garantir a sua vantagem competitiva no espaço do
mercado cultural, já que permite que os empreendedores criativos se posicionem de modo
efetivo no mercado internacional com produtos de qualidade.

Os produtos criativos da Jamaica são diversos e incluem produtos tangíveis e acabados de


áudio e vídeo que são exportados de modo físico e digital, bem como instalações e serviços
consumidos por estrangeiros que visitam o país para gravar num dos seus modernos
estúdios, colaborar com os principais artistas, músicos e produtores ou filmar um novo
vídeo musical na diversa paisagem jamaicana. O Plano de Marketing para Música e
Entretenimento da JAMPRO de 1996-1997 estimou que 15.000 pessoas são empregadas
direta e indiretamente nesse setor. O impacto desse grupo relativamente pequeno da
economia jamaicana está, portanto, fora de proporção com o tamanho do grupo geral. Os
produtos e serviços gerados pelo setor contribuem de modo significativo para a riqueza de
capital, a imagem pública e o fundo de comércio da Jamaica. Ao manter as tendências
globais, essa geração da juventude é incentivada a criar dissidências criativas,
desenvolvendo as suas próprias etiquetas, marcas de moda e casas de produção e criando
uma economia criativa para o futuro.

É notável ver que o setor criativo afetou os grupos tradicionalmente vulneráveis à medida
que a riqueza cultural da Jamaica, na sua maior parte, foi produzida pela classe mais
carente e marginalizada. A expressão criativa e o património popular da população
carente evoluíram para um fenómeno global, com muitos exemplos de jovens saindo da
pobreza por meio de seus talentos, e apesar da sua falta de experiência profissional. Desde
o momento inicial da história musical da Jamaica, foram os jovens que alimentaram o
crescimento dessa indústria como artistas, produtores, promotores e agentes. Os
primeiros pioneiros e lendas incluíram marcas como Studio One e Treasure Isle e artistas
como Skatallites, Jimmy Cliff, Toots & the Maytals, Prince Buster, Alton Ellis e Bob Marley
& The Wailers. Atualmente, os jovens continuam a alimentar o legado da riqueza criativa e
a desenvolverem-se por meio do seu capital criativo, realizando o crescimento individual e
comunitário. Tradicionalmente, a música jamaicana tem sido uma indústria bastante
orientada pelo sexo masculino, com poucas artistas mulheres, como Millie Small ou Márcia
Griffiths, e um número menor ainda de mulheres gestoras, promotoras e produtoras, como
Sónia Pottinger.

Nos últimos cinco a dez anos, no entanto, as mulheres tornaram-se visíveis na cena de
entretenimento da Jamaica, com um número inédito de artistas solo, gestoras e
promotoras do sexo feminino, bem como nas áreas de serviços jurídicos e financeiros,
engenharia e produção de vídeo.

Historicamente, a distribuição fragmentada da música jamaicana e a avaliação limitada do


valor da edição resultaram num modelo de negócios único da música do país que depende
bastante das receitas das apresentações ao vivo e das gravações exclusivas especiais
chamadas de “dubplates”, em vez de depender das vendas de álbuns e da edição, como
fazem os criadores dos mercados musicais desenvolvidos. A maioria das amostras
internacionais de talentos ou da distribuição de catálogos foi possibilitada por meio de
negociações de artistas ou de contratos de licenciamento de produtos com distribuidores
ou marcas estrangeiras e uma exposição limitada na média por meio de programas de
reggae de nicho em todo o mundo, principalmente nas estações de rádio independentes e
de faculdades da Europa e América do Norte. A música jamaicana foi estabelecida
internacionalmente e tem sido mantida por meio dessa estratégia de circuito,
transformando as apresentações ao vivo na base do modelo de negócios da música do país.
As apresentações ao vivo também estão evoluindo lentamente para essa função no negócio
musical internacional, à medida que o aumento da partilha ilegal de arquivos e a redução
das vendas de CD reduzem a confiança da indústria nas receitas provenientes de vendas e
edição de álbuns. Consequentemente, a divisão substancial que existia entre os modelos de
negócios internacionais e jamaicanos está desaparecendo.

De modo geral, a criatividade da Jamaica conseguiu um lugar na arena global apesar do seu
pequeno tamanho e da gestão inexperiente das suas indústrias criativas. Para que a
Jamaica e o Caribe sobrevivessem num mundo globalizado, os criadores de políticas e as
partes interessadas que buscam o crescimento económico e a criação de empregos devem
posicionar as indústrias criativas como o elemento fundamental de qualquer estratégia
séria de desenvolvimento.

O talento empreendedor inerente dos jamaicanos desenvolveu-se e manteve as marcas de


produtos criativos do país nos últimos cinquenta anos sem uma política pública proativa,
infraestrutura institucional ou financiamento formalizado. A Brand Jamaica pode
estimular os projetos de joint venture e as oportunidades de atribuição de uma marca
abrangente que maximizariam a atração global da marca do estilo de vida do país e sua
identidade nacional.

A identidade da marca nacional da Jamaica atrai os consumidores internacionais e possui


um potencial económico comprovado. O sucesso da Jamaica na comercialização nacional e
internacional dos seus produtos culturais demonstra que as economias sulistas podem
expandir-se para mercados internacionais, aumentando a consciencialização sobre a
marca e realizando uma linha de produtos diversa com base na sua produção cultural.

Fonte: Andrea M. Davis, Jamaica Arts Holdings/Dia Internacional do Reggae.


PRÁTICAS COMERCIAIS E MODELOS DE NEGÓCIO
ESPECÍFICOS ÀS INDÚSTRIAS MUSICAL E AUDIOVISUAL

O sistema de distribuiç~o em “janela” permite a independência sequencial de filmes,


vídeos e programas de televisão num processo de fases (janelas), a fim de o produto ser
revendido a diferentes mercados ao longo do tempo por baixo custo adicional,
promovendo a discriminação dos preços e a exploração dos mercados secundários.

 Discriminação dos preços. A concorrência desigual dos serviços audiovisuais nos


mercados secundários é similar ao dumping, porque os custos iniciais da produção
têm sido recuperados no mercado interno e o preço (ou taxa de licença) cobrado
nos mercados secundários tem pouca relação com os custos reais de produção. As
maioritárias têm sido acusadas de avareza e muitas experimentam altos níveis de
pirataria como resultado direto das suas políticas de determinação de preços.

 As limitações de importação paralela sobre filmes, vídeos e programas de televisão


visam aplicar as janelas de distribuição, o que também enfatiza as estruturas de
financiamento e, portanto, diminui a sua viabilidade comercial.

 Período mínimo de exibição: os requisitos impostos pelos distribuidores de


períodos mínimos de exibição dos filmes podem forçar os pequenos expositores a
abrir mão de títulos em particular e, portanto, diminuir sua viabilidade comercial.

 Licitação cega, por meio da qual um distribuidor exige que uma operadora solicite
um filme sem tê-lo visto.

 A reserva ou empacotamento de blocos de filmes e programas de televisão pelos


distribuidores internacionais, por meio do qual os produtos menos populares são
relacionados aos mais procurados; serve como uma barreira para a filtragem do
conteúdo dos concorrentes.

 Os períodos “sem participaç~o” impostos pelos grandes distribuidores que


impedem que os cinemas mostrem títulos diferentes em momentos diferentes do
dia e ou da semana, que são particularmente caros para os pequenos expositores
independentes e, em excesso, dificultam a concorrência por parte dos
distribuidores independentes.

 Acordos de compra conjunta das operadoras de cinema, os quais procuram


fortalecer o seu poder de negociação com os distribuidores, agrupando a sua
procura por longas-metragens.

 As recusas de fornecimento e cláusulas de exclusividade dos contratos de filmes, por


meio das quais um distribuidor pode se recusar a fornecer as primeiras cópias de
um possível filme blockbuster a dois cinemas concorrentes, a menos que o público
adicional gerado seja suficiente para compensar pela perda de alugueres por meio
de recibos compartilhados e pelo custo adicional da cópia. Nesses casos, muitas
vezes os distribuidores independentes perdem, já que até conseguirem contratar o
filme para exibição a procura pode ter declinado.
 Suborno, por meio do qual as gravadoras fornecem dinheiro promocional (ou
concessão de ingressos, promoções de espetáculos, viagens de férias e outras
vantagens) às estações de rádio por meio de promotores independentes em troca
de consideração na sua transmissão ao vivo, o que exclui a maioria dos artistas,
exceto os que possuem maior financiamento, servindo para aumentar os custos
dos negócios para os distribuidores menores. Isso causa um efeito secundário
sobre a renda dos artistas a partir dos royalties coletados com base no número de
vezes que os seus trabalhos são transmitidos na rádio.

 Integração vertical dos distribuidores nas exibições, serviços pay-per-view e


transmissões.

 Duração e termos dos contratos entre artistas e gravadoras.

Fonte: Caves (2000).


A CRIATIVIDADE DA TRANSMISSÃO FLORESCE NA ÁFRICA DO SUL
FALANDO MAIS ALTO, COM MAIS BRILHO E COR

A África do Sul pós-apartheid vê a televisão alcançar o seu estado atual de criatividade


inédito em apenas uma década por meio de uma série de influências contraditórias que
torna este país único. A África do Sul libertou-se dos vínculos da média nacional específica
culturalmente e a média moderna, incluindo a televisão, é influenciada pelas pressões das
diversas culturas e interesses. O país abriu as portas a um conteúdo local popular e
altamente criativo, bem como a uma produção contínua de materiais de valor cultural
questionável. Ao mesmo tempo, dois Óscares concedidos aos sul-africanos estimularam as
ambições para alcançarem mercados globais, aparentemente sem saber que os padrões
internacionais demoram para se desenvolver.

A média parece dividida entre a média orientada aos lucros e de propriedade comercial, a
média de propriedade do governo e a média de propriedade comunitária.

Ainda não há uma televisão comunitária na África do Sul, principalmente porque é


veementemente confrontada pelos interesses da rádio comunitária e da média de
impressão comunitária.

Numa primeira análise, a televisão sul-africana consiste em opostos televisão pública /


comercial. No entanto, a situação não é tão simples assim. O órgão regulador, a Autoridade
Independente de Comunicação da África do Sul (ICASA), dita as percentagens do conteúdo
local, muitas vezes especificando o género e a duração. O conteúdo local em geral custa dez
vezes mais que o conteúdo estrangeiro importado. A novela local, “Generations”, custa
cerca de $24.650 por cada meia hora, em comparação aos $2.300 pela mesma duração da
novela importada “Bold and Beautiful”, embora as duas cobrem o mesmo por um espaço
de trinta segundos ($8.300). Com base nisso, a novela estrangeira lucra duas vezes mais
que a local. Dessa forma, o conteúdo local precisa ser subsidiado por uma taxa de baixo
custo que é importante tanto para a televisão comercial, quanto para a pública.

Atualmente, há três transmissoras: a SABC, com três canais e a grande proporção do


mercado; uma estação comercial aberta, a e.tv; e a transmissora por satélite DStv, que
transmite mais de 60 canais (alguns deles produzidos localmente) somente por assinatura.
Há 9 milhões de lares com televisões na África do Sul; a DStv possui um milhão deles (por
$63 ao mês). O canal local, M-Net, é combinado com o canal esportivo local, SuperSport. A
média impressa, a televisão e o rádio continuam sendo as principais fontes de
informações, à medida que a Internet ainda é acessível somente a 10% da população.

A televisão comercial aceita essas cotas de conteúdo local (e o custo maior do conteúdo)
como o preço que ela deve pagar pela licença operacional. Ela atrai a criatividade dos
escritores, diretores e produtores, que criam programas de sucesso local que, apesar de
seu alto custo, ainda lucram, atraem grandes públicos e desenvolvem a fidelidade ao canal.

A televisão comercial também está por trás da compra em massa de formatos


internacionais como “Weakest Link” e “Big Brother”. Dessa forma, embora ela incentive a
criatividade local, ela faz a sua atenuação com programas importados, estagnados e
fantasiosos que tendem ao mesmo tempo em disseminar a mediocridade relacionada à
criatividade globalizada.

Por outro lado, a transmissora pública (SABC) possui as suas próprias contradições. Ela
possui uma rígida obrigação de serviço público, uma quota de conteúdo local de 80% e
uma ordem de pagar a sua operação por meio de programas comerciais. Naturalmente, ela
também deseja lucrar de modo a possibilitar dispêndios de capital adicionais; assim, ela se
esforça para comprar os programas de sucesso importados mais baratos e também os
formatos esterilizados que geram mais renda por menos riscos. No entanto, ela também
tenta aumentar a atração popular e a renda resultante dos programas populares locais.

Porém, o conteúdo local lucrativo nem sempre é possível para uma transmissora pública
obrigada a produzir uma programação educacional e de informação ao público
(provavelmente, um programa sobre Leis e direitos dificilmente atrairá a mesma renda
que uma novela). O conteúdo dos programas da televisão pública é amplamente orientado
em direção às provisões das prioridades governamentais e obrigações constitucionais.
Assim, os temas dos programas são intimamente relacionados { “formaç~o da naç~o”,
desde a prevenção contra o VIH/SIDA à igualdade entre os sexos e a não discriminação.
Até mesmo as novelas públicas locais têm intenções sociais e os modelos globais de um
drama socialmente responsável são seguidos à risca.

O setor televisivo cresceu de maneira apreciável. O aumento nas rendas de anúncios nos
anos de 2000-2006 indica um crescimento excessivo em relação aos outros índices
nacionais, já que as rendas de anúncios de televisão cresceram mais de 259% e as de
cinema, 564% no mesmo período (AC Nielsen).

Esse crescimento de renda teve que pagar pelo produto local. De 2000 até à atualidade o
conteúdo local cresceu em três vezes, substituindo o produto importado bem mais
lucrativo. Infelizmente, isso não causou um impacto significativo sobre a criação de
empregos. Os equipamentos menos caros também geraram maior eficiência, já que menos
pessoas são necessárias para realizar mais trabalho. Existem percepções que as pessoas
ocupadas estão trabalhando mais e não têm tempo para treinar os novatos, que acabam
demorando para adquirir experiência. Apesar do enfoque do país no treino baseado em
resultados, há um lento crescimento no número de formadores baseados nos resultados.

O conteúdo sul-africano causou pouco impacto global. Existe um fluxo regular de novelas
nos outros países da África, mas eles pagam muito pouco por esse conteúdo, embora as
vendas recebam estímulo da média quando são realizadas, como na Jamaica. Sempre
houve um fluxo estável de programação sobre a vida selvagem, mas eles são obrigações
dos canais globais. As vendas são feitas no Caribe e, enquanto a África do Sul compra
filmes de Hollywood e Bollywood, não existe um fluxo recíproco. Dessa maneira, o resto do
mundo é um sério concorrente e os primeiros sinais da promoção cultural da África do Sul
podem ser aparentes na Copa do Mundo de Futebol de 2010.

Dificilmente há apoio governamental à televisão. A SABC tem recebido das licenças de


televisão local ($32 ao ano), mas quase metade dos lares não paga e a SABC deve pagar
pelo custo da cobrança. Espera-se que, quando a SABC entrar no âmbito digital, a cobrança
de licenças aumente para quase 99% por um custo de cobrança secundário, mas isso
somente começará no fim de 2008, com uma mudança análoga no fim de 2011.

Ainda assim, a África do Sul possui uma grande lição para oferecer ao mundo: se você vai
promover sua indústria televisiva, faça isso de modo ativo e vigoroso.

As lições de muitos outros países mostram que uma ação honesta e deliberada ao longo de
um período causa um impacto. A crença do governo de que as indústrias criativas devem
pagar-se a si próprias é o grande motivo pelo qual o crescimento tem sido pequeno e o
comércio global insignificante.
Também não têm existido qualificações, empregos, volumes de negócios ou auditorias da
contribuição fiscal formais ou estatisticamente aceitáveis. Não existe um padrão nacional
para a educação e o treino para filmes e televisão.

Em conclusão, a promoção agressiva das cotas de conteúdo local aumentou a indústria sul-
africana e comprova o fenómeno mundial de que as pessoas gostam da programação local,
mas ela também mostra que isso não é suficiente. Deve haver também uma abordagem
agressiva e abrangente que cobre toda a extensão da cadeia de valor, desde o
desenvolvimento de ideias, treino e produção até o marketing e a distribuição.

Fonte: Howard Thomas, diretor da Busvannah Communications e pesquisador e treinador


da área de transmissão da África do Sul.
NOLLYWOOD: UMA RESPOSTA CRIATIVA

Nollywood, a indústria cinematográfica nigeriana, é reconhecida como a terceira maior


indústria cinematográfica do mundo, ficando apenas atrás de Hollywood, EUA, e
Bollywood, Índia. Nollywood produz mais de 1.005 filmes domésticos anualmente. Um
total de 6.221 filmes foi produzido durante o período de 1997-2005, cerca de 50% são
exportados não oficialmente. Existem mais de 500 mil Distribuidoras e Locadoras de
Vídeo em todo o país, criando, dessa forma, milhares de empregos como resultado do
impulso do setor. Além disso, a dimensão potencial da indústria cinematográfica nigeriana
foi estimada em mais de 522 bilhões de naira (isto é, cerca de US$ 2,75 bilhões). A
indústria gerou receitas para o Governo por meio de impostos de renda de pessoa jurídica
e impostos sobre as vendas; a sua contribuição estimada para o PIB é superior a N86
bilhões (1 naira = US$ 127,38, em 2006).

Embora os filmes tenham sido introduzidos na Nigéria em 1903, a produção


cinematográfica, na verdade, começou em 1948, mas era limitada a documentários e
jornais de cinema. Somente em 1972 o primeiro filme comercial foi produzido. A indústria
experimentou um impulso na produção de filmes de celulóide na década de 1970, mas
registou um declínio na década de 1980, com a introdução do Programa de Ajuste
Estrutural (SAP), que afetou o custo de produção. O Governo constitui a Corporação de
Cinema Nigeriano, em 1979, para desenvolver o setor. Com programas, políticas e
atividades da Corporação e os esforços de outras instituições relevantes do setor, a
indústria cresceu, exercendo um impacto notável sobre o desenvolvimento económico,
social e cultural do país.

O impacto sociocultural da indústria cinematográfica na Nigéria não pode ser


subestimado. Os benefícios foram enormes, uma vez que os filmes constituem um meio
eficaz de comunicação (educação, entretenimento, informação, socialização e
mobilização), projetando e promovendo a imagem nacional, os valores, arte, e o rico
património cultural para o mundo (é utilizado como um meio de condução do projeto
Coração da África, que é um programa de informação coeso para a gestão da imagem e a
transformação económica da Nigéria). Eles também promovem a coesão nacional e a
integração das suas diversas culturas, uma vez que os filmes domésticos nigerianos têm
incutido um sentimento de orgulho nacional e patriotismo nos nigerianos que vivem no
país e no exterior.

Embora a indústria cinematográfica nigeriana tenha registado um crescimento expressivo,


o setor ainda é assolado por desafios que impedem o seu crescimento e desenvolvimento,
constituindo um dos principais entraves para a entrada dos filmes domésticos nigerianos
no mercado global. Entre os desafios estão: distribuição e rede de marketing nacional e
internacional informal; pirataria de obras produzidas por cineastas; conteúdo e qualidade
da produção ruim; falta de infraestrutura para produção, distribuição e exibição; ausência
de oportunidades de financiamento na indústria; habilidades profissionais e formação
inadequada; falta de coesão causando a fragmentação da indústria; e a falta de dados sobre
a indústria para planeamento e tomada de decisão.

O Governo, reconhecendo o potencial da indústria cinematográfica para o


desenvolvimento do país, tem tomado medidas positivas alinhadas com os seus programas
de reforma para reposicionar o setor. Essas medidas ocorrem nas áreas de reformas
institucionais e políticas, as quais incluem:
 Reestruturação e reorganização institucional de agências relevantes do governo
federal na indústria cinematográfica.
 Criação de ambiente político necessário para o crescimento da indústria
cinematográfica.
 Formação e capacitação.
 Promoção da indústria cinematográfica nigeriana.
 Infraestrutura de produção.
 Fundo de Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica.
 Profissionalização do setor.

O setor privado nigeriano tem sido muito ativo na indústria cinematográfica ao fornecer
conteúdo e produção, bem como instalações para exposição no país.

No entanto, ele também pode aproveitar as enormes oportunidades para investir no setor.
Entre as áreas de investimento estão formação e capacitação, desenvolvimento da
comunidade cinematográfica, distribuição e marketing, locação / vendas de equipamentos,
e fabricação / montagem de cenários, equipamentos e bens de consumo cinematográficos.

Os filmes domésticos são únicos e especiais na Nigéria quanto ao seu formato de produção
e distribuição. Vários fatores podem ter sido responsáveis por isso: o elevado custo de
produção e pós-produção em filmes de celulóide, a infraestrutura decadente dos cinemas,
a falta de profissionais capacitados em tradição cinematográfica, etc. Os produtores
nigerianos encontraram, portanto, um formato de vídeo alternativo para proporcionar
entretenimento às pessoas. Eles também aperfeiçoaram o sistema de distribuição,
utilizando os canais de comércio informais existentes e as lojas de outros produtos
complementares, por exemplo, as lojas de eletrónicos, supermercados e ambulantes.

A indústria de cinema e vídeo, se desenvolvida adequadamente, pode ser uma fonte muito
importante de riqueza para todo o país, principalmente devido à sua contribuição para o
PIB. Tal indústria consiste, também, numa ferramenta muito poderosa para a
comunicação, educação, integração cultural e projeção da imagem.

É uma arte e uma indústria cujo desenvolvimento deve ser de grande interesse nacional
tanto por causa de sua função social quanto pelo seu valor económico.

Fonte: Afolabi Adesanyam, Chefe Federal da Corporação de Cinema Nacional e Diretor-


Geral da Corporação de Cinema Nigeriano.
TURISMO CULTURAL: IMPRESSÕES DA EXPERIÊNCIA PERUANA

O turismo cultural é uma forma de reduzir a pobreza, mas também um risco para a
preservação dos valores tradicionais dos povos. O Peru é um país com uma natureza rica e
variada, um lugar de contrastes. O seu povo possui uma cultura de mil anos de idade na
construção de canais de irrigação, o que lhes permite cultivar áreas que anteriormente
eram desertos. O seu património, incluindo o antigo império Inca, Cuzco e a cidade perdida
de Machu Picchu, é espetacular.

As tradições peruanas são inconfundíveis e o turismo cultural parece ser uma boa
alternativa para aumentar a qualidade de vida e a autoestima das pessoas, com a criação
de novos empregos, resultando em crescimento económico e desenvolvimento social.
Pode-se pensar que é uma tarefa fácil. O Peru possui florestas, praias, montanhas, sítios
arqueológicos, povos indígenas com uma rica tradição de artesanato; é um país que
oferece aventura. Consequentemente, parece que é só uma questão de fazer propaganda
que, certamente, os turistas responderão. E eles têm respondido. O turismo é a terceira
atividade económica mais importante no Peru, empregando 500 mil pessoas para atender
os 1,6 milhões de visitantes que gastaram US$ 1,5 milhões no país, em 2006.

Certamente, o turismo ajuda-os a viver com mais conforto e, com isso, os índices de
qualidade de vida dos peruanos melhoram.

Cuzco é uma bela cidade colonial, que ocupa o sétimo lugar no Peru em número de
habitantes, com população de 304.152 pessoas. A capital histórica do Peru, Cuzco, foi
declarada Património da Humanidade pela UNESCO, em 1983. Ela costumava ser uma
região predominantemente de agricultura e mineração, mas, nos últimos anos, o turismo
passou a ser sua principal atividade económica. A praça central de Cuzco parece um centro
comercial, com festas animadas à noite. A cidade está experimentando um crescimento
económico acentuado. De 2005 a 2006, o nível de emprego aumentou 6% e as receitas
fiscais aumentaram 168,9%. Devido a essa perspetiva, a expansão do turismo histórico e
cultural é uma notícia muito boa.

Machu Picchu é a fortaleza escondida do antigo Império Inca. Descoberta pelo mundo
ocidental em 1911, visitar os seus palácios, templos e os mais de 150 edifícios, a maioria
deles com seis séculos de idade, é uma experiência de tirar o fôlego. Lá, é possível apreciar
plenamente a complexidade da cultura híbrida nascida da fusão entre os espanhóis e os
incas. Não é nenhuma surpresa que o número de visitantes das ruínas de Machu Picchu
aumente 5% ao ano.

As pessoas que vivem na pequena cidade de Ocongate, que também está localizada no topo
das montanhas andinas, esperam ter um destino semelhante. Isso porque há uma imagem
do Senhor de Qoyllur Rit'i (que em quíchua significa algo como Neve das Estrelas)
esculpida na rocha no topo do monte Ausangate, de 6.362 metros de altura. E há uma
tradicional festa em homenagem ao Senhor de Qoyllur Rit'i que atrai mais de 10 mil
pessoas de vários países todos os anos. Investimentos foram feitos, a estrada está
melhorando, as pessoas estão realizando novas construções e restaurando as antigas para
atrair mais turistas – e eles já estão chegando. No entanto, tais resultados devem ser
alcançados sem que as pessoas percam algo que é fundamental para o sucesso: a
autenticidade.

Fonte: Eliana G. Simonetti, jornalista.


TARTARUGAS: TURISMO E PREÇO DE CONSERVAÇÃO

O SEE Turtles é um projeto de ecoturismo sem fins lucrativos que opera atualmente no
México, Costa Rica e Trinidad e Tobago. Indo além do ditado do ecoturismo que diz "deixe
apenas pegadas", o SEE Turtles sugere que os turistas devem criar um impacto positivo
através do turismo de conservação – definido como uma viagem que apoia as iniciativas
para proteger espécies ameaçadas de extinção por meio de doações e benefícios às
comunidades locais.

O projeto aumenta a consciencialização e a valorização dos assuntos ambientais e


ecológicos, ao mesmo tempo que apresenta uma fonte sustentável e necessária de renda
para as iniciativas de conservação e uma alternativa viável de desenvolvimento económico
para as comunidades locais que têm poucas outras opções de geração de renda.

O SEE Turtles é o primeiro a oferecer o "preço da conservação"; assim, o preço de cada


viagem refere que parte do custo se reverte para a conservação e para as comunidades
locais. A renda da conservação paga por medidas de proteção das praias de nidificação,
contratação de moradores locais, realização de pesquisas científicas, educação de turistas
e moradores locais e recrutamento de voluntários.

As comunidades beneficiam-se dos gastos diretos e indiretos dos negócios locais próximos
aos pontos de tartarugas marinhas. Essa renda ajuda os moradores a valorizarem essas
criaturas como um importante recurso a ser protegido e inspira o apoio local.

Fonte: Adaptação da UNCTAD a partir das informações disponíveis em www.seeturtles.org


1.2. CULTURA

Principais políticas

 Desenvolvimento institucional: reorganização e reforço das instituições.


 Preservação do património cultural: identificação, inventariação,
recuperação e preservação do património cultural.
 Promoção de atividades de estudos e pesquisas: requer agentes
pesquisadores com capacidade de interpretação e análise.
 Promoção da dinamização cultural: formação de agentes locais e
funcionários; apoio técnico aos grupos e organização de Casas de Cultura,
museus e bibliotecas locais, grupos de dança, exposições, etc.
 Campanha alargada de informação e sensibilização: média; banco de dados;
trabalhos técnicos; programas de leitura, etc.

Principais problemas

 Fragilidade das instituições e dos órgãos.


 Fraca preservação do património cultural.
 Incipientes atividades de estudos e pesquisas.
 Fraca dinamização cultural.
 Fragmentada informação e sensibilização.

1.3. EMPREGO, EMPREENDEDORISMO, FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Principais políticas

 Desenvolvimento das capacidades produtivas do setor privado.


 Promoção de auto emprego e do empreendedorismo das mulheres e jovens.
 Reforço das capacidades no domínio de formação técnica e profissional.
 Treino/acompanhamento para os jovens sem qualificações.
 Reforço da governação do setor de emprego.

Principais problemas

 Desemprego, solucionado em parte por setor informal extensivo.


 Ações de empreendedorismo inexistentes.
 Ensino Técnico Profissional não responde às ICC.
 Ensino Básico tem iniciação à música.
 Formação profissional – atualmente ICC sem cobertura.

1.4. INVESTIMENTO / MICROCRÉDITO

Principais instrumentos

 Código de Investimentos (2008), atualmente em revisão


 Instituições de Microcrédito.

2
Principais problemas

 O Código se Investimento em preparação não se refere em particular às ICC


e não prevê incentivos fiscais para as microempresas que estimulem a
formalização das atividades das ICC.
 Microcrédito com políticas de financiamento caras.
 Ausência de políticas de criação de incubadoras e de formação, apoio e
acompanhamento ao empreendedorismo / criação de microempresas.

2. PRINCIPAIS RECOMENDAÇÕES

Cumprimento da política de emprego (PNE)

 Políticas de empregabilidade / desenvolvimento de capacidades produtivas.


 Incentivos às entidades empregadoras.
 Reforço da governação do setor de emprego.

Cumprimento da política de formação profissional (PNE)

 Reforço de capacidades técnico-profissionais.


 Treino/acompanhamento para os jovens sem qualificações.

Aceleração da Certificação Nacional de Qualificações (CNQ)

 Certificação Nacional de Qualificações (CNQ).


 Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC).

Cumprimento da política de empreendedorismo (PNE)

 Promoção de incubadores.
 Programas de formação, apoio e acompanhamento ao empreendedorismo e
criação do auto-emprego.

Acesso ao investimento e microcrédito

 Política nacional de investimento nas ICC e incentivos fiscais à criação de


microempresas
 Política nacional de microcrédito para a criação de auto-emprego e
microempresas.
 Envolvimento dos estabelecimentos bancários.

Cumprimento da política de cultura

 Desenvolvimento institucional.
 Preservação do património cultural.
 Promoção de atividades de estudos e pesquisas.
 Promoção da dinamização cultural.
 Campanha alargada de informação e sensibilização.
 Legislação sobre direitos autorais e conexos.

3
Candidatura a património Mundial (UNESCO)

 Txiloli (1ª prioridade).


 Auto de Floripes (2ª prioridade).
 Tlundu (3ª prioridade).

Financiamento e Desenvolvimento Económico

 Linhas de financiamento nacional com base em facilidades bancárias e


investimento privado.
 Linhas de financiamento internacionais de doadores e investidores.
 Parcerias público-privadas na medida em que o estado por si só não é
suficiente para o desenvolvimento das ICC.
 Estruturação das ICC na cadeia de valor.

3. COMENTÁRIOS

3.1. O estudo inspirou-se metodologicamente no paradigma da Especialização


Inteligente de São Tomé e Príncipe, ancorado nos seus recursos raros e valiosos
cuja transformação em recursos inimitáveis, insubstituíveis, essenciais e dinâmicos
poderá transformar o país num ‘destino de sonho’. A equipa da CNN Travel incluiu
o destino turístico de São Tomé e Príncipe como um dos destinos de sonho a nível
mundial (entre os 10 primeiros em 2014 e entre os quinze primeiros em 2015).

Na sequência destas relevantes classificações circula na Internet o seguinte texto


relativamente ao país:

É o país das mil frutas e sete variedades de banana, do cacau e das roças, da
gente sorridente e das galinhas à solta diante do palácio presidencial. É um dos
países mais pobres do mundo, mas sobra-lhe felicidade no leve-leve que é o seu
ritmo oficial. São Tomé e Príncipe é um paraíso, diz quem lá vai — e quem lá
vive, no fundo, não obstante todas as dificuldades, não foge muito dessa ideia.
O cenário é luxuriante: duas ilhas e alguns ilhéus que ancoraram na costa
ocidental africana, sobre a linha do equador — tropical é a sua natureza, literal
e metafórica. Não se esperem grandes cidades — nem a capital, São Tomé, chega
perto — ou acessibilidades fáceis ou mesmo grandes resorts — o turismo ainda
é incipiente e percebe-se alguma aposta no crescimento sustentável com
projectos de vertente ecológica mais ou menos marcada.
Esperem-se, sim, florestas virgens e praias desertas com colares de palmeiras,
vales escondidos e montanhas abruptas, rios e riachos à solta, avifauna única e
flora endémica às centenas — tudo sobre um verde de mil matizes (e carros
calejados para enfrentar os acidentes geográficos destas paragens ou pernas
bem treinadas em caminhadas húmidas).
No ilhéu das Rolas pisa-se o equador, no Príncipe perdemo-nos em floresta
virgem nesta reserva da biodiversidade mundial, em São Tomé descobrimos nas
roças a herança lusa e, mais uma vez, somos brindados com a generosidade são-
tomense. E já falamos da alegria? A natureza é pródiga em São Tomé e Príncipe
mas as pessoas também – esbanjam alegria.

4
O desenvolvimento das indústrias culturais e criativas, em associação à promoção
turística e ao incremento dos visitantes no país, constituiria um notável progresso
para o desenvolvimento socioeconómico do país por via da criação de emprego, de
qualificação dos profissionais da cultura e de aumento do PIB, além de acrescentar
um enorme contributo à identidade territorial dos santomenses.

3.2. Face à falta de consenso sobre a classificação das ICC, adotou-se a classificação
da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento UNCTAD).

 Património cultural
— Expressões culturais tradicionais: artesanato, festivais e celebrações.
— Locais culturais: locais arqueológicos e culturais.

 Artes
— Artes visuais: pintura, escultura, fotografia e antiguidades.
— Artes cénicas: música, teatro, dança, ópera, circo, marionetas.

 Média
— Editoras e médias impressas: livros, imprensa e outras publicações.
— Audiovisuais: cinema, televisão, rádio e outras transmissões.

 Criação funcional
— Design: interiores, gráfico, moda, joalharia, brinquedos.
— Multimédia: arquitetónico, publicidade, cultural e recreativo, I&D
criativo, outros serviços digitais.
— Serviços criativos: arquitetónico, publicidade, cultural e recreativo, I&D
criativo, outros serviços digitais.

3.3. Interligar Formação Profissional – Emprego e Empreendedorismo – Cultura –


Turismo Cultural e Ecoturismo para criar um Especialização Inteligente com base
no aproveitamento de recursos raros e valiosos do país, tais como jogos, ritos,
literatura tradicional, danças, peças teatrais, pintura, arquitetura, artesanato,
escultura, cestaria, olaria; produtos como o cacau, o café, a cana-de-açúcar e a
variada gastronomia nacional; exploração do obô – floresta ombrófila – e das zonas
montanhosas; promoção de atividades atividades de mar, observação de baleias,
desova das tartarugas; restauração e conservação do património material, em
especial com um novo olhar cultural para as roças santomenses.

3.4. Todos os interlocutores falaram das diversas formas de cultura, mas pouco se
faz por ela, já que não existem quaisquer referências às indústrias criativas e
culturais; a cultura tem sido relegada para plano secundário; as atividades
relacionadas com os subsetores culturais e criativos estão presentes, mas sem
pujança e, em muitos casos, carecidas de significado artístico e cultural nacional.

3.5. A mudança a efetuar terá que ser profunda porque as ICC necessitam de novos
conteúdos ao nível da criação, de ferramentas e materiais produtivos adequados,
de distribuição e disseminação por canais internacionais e de novas parcerias para
receção e exibição dos produtos culturais santomenses. Efetivamente há muitos
problemas na logística a montante (receção, armazenamento e distribuição de

5
fatores produtivos), nas operações de transformação com criatividade e
complementaridades com outras organizações, na logística a jusante
(armazenamento, transporte, distribuição) e no marketing e venda (publicidade,
exportação…).

4. AGENDA REALIZADA SUBSEQUENTE À ENTREGA DA MINUTA DE BRIEFING

Período: 28 de março a 5 de abril de 2016


DATAS INTERLOCUTORES
28.03 08:00
 Manuel Montóia (Direção do Ensino Técnico Profissional)
09:00
 Ismael do Nascimento (Direção do Ensino Básico - MECC)
15:00
 Carlos ‘Bené’ do Espírito Santo
29.03 08:30
 Mirian Daio e Dilson Carvalho (Direção Geral do Turismo)
10:30
 Nelson Campos de Oliveira (Diretor Geral da Cultura)
14:30
 Carlos Fernandes, Lagrimino Gomes, Amilton Lima e Elisande Pontes
(Centro de Formação Profissional de Budo-Budo)
30.03 11:00
 Emílio Pereira (Associação de Jovens Empresários e de Iniciativas
Empresariais)
31.03 09:00
 Frederico Gustavo dos Anjos, Juvenal Rodrigues e Clisney Rompão
(União Nacional de Escritores Santomenses)
11:30
 Vladimir Vera Cruz (São Férias – Agência de Booking)
12:30
 Lourenço da Silva (Fotógrafo)
15:00
 José Manuel Mendonça ‘Zemé’ (Artista Plástico)
16:00
 Jorge Dias Correia e Cosme Rita (Câmara do Comércio)
19:00
 Intermamata (Fotógrafo)
01.04 14:30
 Wando Castro (Organizer – Promoção de eventos)
15:30
 Carlos Boa Morte (Fórum de Empreendedores Santomenses e
Publicidade & Marketing)
16:30
 José Bouças de Oliveira (Jornalista Rádio e TV)

6
17:30
 Amílcar Baía ‘Nino’ (Grife Moda)
Sábado
Domingo
04.04 15:00
 Armindo Fernandes e Vasco Bonfim (GON FED)
05.04 14:30
 Nelson Campos (Dir. da Cultura do MECC), Domingas Aguiar (Dir.
Trabalho e Emprego do MEAS) e Emanuel Montóia (Dir. Ensino
Técnico Profissional do MECC)

5. CONTACTOS DE PERSONALIDADES EM REUNIÕES/ENTREVISTAS

NOME FUNÇÃO / ENTIDADE CONTACTOS

Adérito Bonfim Serviço Nacional da Propriedade 9908461


Industrial
Adílson da Graça Direção Geral de Turismo 9956789

Aires Major Comissão do Património Imaterial


(MECC)
Amílcar Baía ‘Nino’ Empresa Grife Moda 9911181
9045924
Amilton Lima Centro de Formação Profissional de 2222696
Budo-Budo
Armindo Fernandes Coordenador GON-FED 9933612

Carlos ‘Bené’ Espírito Santo Investigador 9815758

Carlos Boa Morte Fórum dos Empreendedores 9909121


Santomenses
Carlos Boa Morte Publicidade & Marketing 9949535

Carlos Fernandes Centro de Formação Profissional de 2222696


Budo-Budo
Carlos Gomes Ministro do Emprego, Trabalho e -
Assuntos Sociais
Causterino Alcântara Comissão do Património Imaterial -
(MECC)
Clisney Rompão União Nacional dos Escritores e Artistas -
Santomenses
Cosme Rita Câmara do Comércio e Indústria 9903885

7
Dário Paraíso CACAU 9958788

Demilson Sousa Ateliê Rastafá 9946154

Domingas Aguiar Diretora Geral do Trabalho e do 9966466


Emprego
Domingos da Trindade Diretor da Indústria 9912997

Elisande Pontes Centro de Formação Profissional de 2222696


Budo-Budo
Emanuel Montóia Direção do Ensino Técnico Profissional e 9966686
da Educação dos Jovens e Adultos
Emílio do Nascimento Direção Geral de Turismo 9903508

Emílio Pereira Associação de Jovens Empresários e de 9904212


Iniciativas empresariais
Ener Cafuka 9990640

Eteldilaide da Graça Serviço Nacional da propriedade 9983732


Industrial
Fernando Costa Associação Pica Pau 9991871

Frederico Gustavo dos União Nacional dos Escritores e Artistas 9904090


Anjos Santomenses
Guilherme Carvalho ASSOMÚSICA -

Intermamata Fotógrafo 9909429

Ismael Nascimento Direção do Ensino Básico -

Januário Afonso Representante do Teatro -

João Carlos da Silva CACAU 9906900

Jorge Dias Correia Câmara do Comércio e Indústria 9906309

José Bouças de Oliveira Jornalista 9903513

José Manuel Mendonça Artista Plástico -


‘Zemé’
Juvenal Rodrigues União Nacional dos Escritores e Artistas 9922084
Santomenses
Lagrimino Gomes Centro de Formação Profissional de 2222696
Budo-Budo

8
Liussakara Almeida Instituto Nacional de Estatística 9811357

Lourenço da Silva Fotógrafo 9921723

Mireile Afonso Gabinete dos Direitos de Autor -

Mirian Daio Diretora Geral de Turismo 9964726

Nelson Campos de Oliveira Diretor Geral da Cultura 9914476

Olinto Daio Ministro da Educação, Cultura e Ciência -

René Tavares Artista Plástico 9940530

Vladimir Vera Cruz São Férias – Agência de Booking 9836612

Wando Castro Organizer - Empresa de Eventos 9871793


9022202
Vasco Bonfim Interlocutor GON-FED 9903978

Udeire dos Ramos Uê Tela 9920861

Equipa da MundiServiços
Cidade de São Tomé, 5 de março de 2016

9
 Revisão da Metodologia do Estudo
 Estrutura provisória do Relatório Preliminar

A elaboração de tais informações ocorre após a leitura dos documentos entretanto


disponibilizados e de reuniões e entrevistas exploratórias que permitissem
esclarecer melhor as opções de pesquisa.

Foram referenciadas com interesse para auscultação as seguintes entidades /


personalidades:

 Ministério do Emprego e Assuntos Sociais


Ministro
Diretor do Emprego e Formação profissional
Centro de Emprego Budo-Budo
Centro Politécnico Santo António
 Ministério da Educação, Ciência e Cultura
Ministro
Direção da Cultura
Direção da Educação e Ensino Profissional
 Ministério da Economia e Cooperação Internacional
Ministro
Diretor do Turismo
Diretor do Comércio
Diretor da Indústria
 Associações de Cultura, Música, Artesanato, Artes Plásticas, etc.
 Cooperativas e empresas ligadas a economias culturais e criativas.

Do mesmo modo, foram listadas algumas referências a documentos / informações


cuja necessidade se faz sentir para a elaboração do estudo:

 Quadro institucional e legislativo sobre a economia criativa (política


cultural, mecanismos de financiamento e organização profissional do setor).
 Quadro regulador e legislação sobre emprego.
 Política de Empreendedorismo e Desenvolvimento de PME.
 Direitos de propriedade intelectual.
 Política fiscal e de investimento.
 Cursos de formação técnico-profissional, de cursos artísticos e de criações e
eventos culturais nacionais e internacionais existentes nos PALOP-TL.
 Quadros Nacionais de Qualificação.
 Organizações públicas vocacionadas para a investigação e inovação,
sublinhando as boas práticas e os resultados de parcerias público-privadas.
 Informação estatística sobre formação técnico-profissional, indústria
criativa, emprego e mobilidade.
 Mobilidade dos artistas, criativos e de bens e serviços culturais, ao nível
nacional e entre os PALOP-TL.
 Acesso dos bens e serviços culturais PALOP-TL aos mercados regionais e
internacionais, e respetiva difusão.
 Dificuldades dos jovens e mulheres em particular no acesso ao mercado de
trabalho formal.

2
 Complementaridade do programa proposto com outras acções
implementadas e ou financiadas pela UE e por outros parceiros (p.e.,
Programa Intra-ACP, Programas temáticos DCI-HUM, DCI-NSA, etc.).
 Dados estatísticos sobre o património, actividades e operadores culturais
existentes (produção cultural, orçamento e políticas, etc.).

Entretanto, além de se ter obtido algumas das informações listadas, foram


entregues até à data, à equipa da MundiServiços, os seguintes documentos:

 Memorando de Direitos de Autor e Direitos Conexos (2016)


 Matriz do Plano Quatrienal para a Cultura (2015)
 Projeto de Política Nacional de Emprego (2015)
 Propriedade Industrial em São Tomé e Príncipe (2014)
 Documento de Política Cultural de São Tomé e Príncipe (2012)
 Plano de Trabalho Digno por País – 2013-2016 (2012)
 Lei do Património Histórico-Cultural Nacional (2003)

1.2. Reunião 22.03.2016

Nesta reunião, estiveram presentes os membros da reunião anterior e foram


convidados a participar a Diretora Geral do Trabalho e do Emprego do Ministério
do Emprego e dos Assuntos Sociais e o Diretor Geral da Cultura do Ministério da
Educação,Ciência e Cultura.

A equipa do GON-FED enquadrou a reunião e a equipa da MundiServiços


apresentou as linhas gerais do estudo aos representantes dos dois ministérios.

Tratou-se de uma reunião de reconhecimento inicial das partes e definição das


linhas de orientação para a pesquisa em ambos os ministérios, tendo sido
marcadas reuniões com os dois Diretores Gerais para se iniciar a pesquisa nos
respetivos ministérios.

1.3. Reunião 24.03.2016

Nesta reunião, estiveram presentes o Interlocutor do GON-FED para o estudo, a


equipa da MundiServiços, a Diretora Geral do Trabalho e do Emprego, o Diretor
Geral da Cultura e foram convidados também a participar representantes do
Ministério da Economia e Cooperação Internacional, designadamente em
representação da Direção do Turismo, do Instituto Nacional de Estatística e do
Serviço Nacional de Propriedade Intelectual (SNAPI).

A equipa do GON-FED enquadrou a reunião e a equipa da MundiServiços


apresentou as linhas gerais do estudo aos representantes dos dois ministérios.

Foram debatidas genericamente a contribuição do turismo para o estudo, o acesso


a dados estatísticos e a questão crucial dos direitos autorais em São Tomé e
Príncipe.

3
No final da reunião, aproveitou-se para marcar reuniões com os representantes
dos serviços que estiveram presentes.

2. PLANO DE TRABALHO

FASE 1 Instalação, Preparação e Início da Pesquisa


PERÍODO Semana de 21 a 25 de março de 2016
DESCRIÇÃO Reunião de arranque da missão com o cliente
Recolha de documentação
Preparação do guião de entrevistas
Reuniões e entrevistas exploratórias
Revisão do Plano de Trabalho
Revisão da metodologia
Minuta de Briefing
FASE Pesquisa aprofundada
PERÍODO Semana de 28 de março a 1 de abril de 2016
DESCRIÇÃO Continuação de reuniões e entrevistas
Identificação das principais áreas
Identificação das acções relevantes
Identificação de boas práticas
Tipificação de intervenções possíveis
Sistematização de conclusões e recomendações
Reunião de apresentação do ponto da situação dos trabalhos da missão
com o cliente
Minuta de Debriefing
FASE Apresentação de Relatório Preliminar
PERÍODO Semana de 4 a 8 de abril de 2016
DESCRIÇÃO Contexto nacional – emprego e formação
Mapeamento das indústrias culturais e criativas
Políticas, oportunidades, prioridades e acções
Orientações e recomendações – estudo regional
Apresentação de Relatório Preliminar
FASE Apresentação de Relatório Final
PERÍODO Semana de 11 a 15 de abril de 2016
DESCRIÇÃO Recepção e introdução de comentários finais
Entrega de Relatório Final

3. AGENDA DE PESQUISA

A Agenda de pesquisa especifica as reuniões e entrevistas exploratórias já


realizadas, bem como as que ainda se realizarão e o período de concretização do
Relatório Preliminar.

4
DATAS INTERLOCUTORES
21/Março  Reunião de arranque no Gabinete Ordenador Nacional (GON-FED)
com Coordenador do GON-FED, dr. Armindo Fernandes, e
Interlocutor do estudo, dr. Vasco Bonfim
22/Março  Reunião de arranque no Gabinete Ordenador Nacional (GON-FED)
com Coordenador do GON-FED, Interlocutor do estudo, Diretora
Geral do Trabalho e do Emprego do Ministério do Emprego e dos
Assuntos Sociais (MEAS) e Diretor Geral do Ministério da Educação,
Ciência e Cultura (MECC)
23/Março  Reunião com Sua Excelência, o Ministro do Emprego, Trabalho e
Assuntos Sociais
 Entrevista com Diretora Geral do Trabalho e do Emprego
 Entrevista com Associação de Música
 Entrevista com Representante do Teatro
24/Março  Entrevista com Diretor Geral da Cultura do MECC
 Reunião GON-FED, MEAS, MECC, SNAPI, Direção Geral de Turismo e
Instituto Nacional de Estatística
 Entrevista com Diretor Geral da Cultura do MECC
 Entrevista com Departamento Direitos Autor (MECC)
 Entrevista com Associação Pica Pau
 Reunião com Sua Excelência, o Ministro da Educação, Cultura e
Ciência
 Comissão do Património Imaterial (MECC)
25/Março  Direção da Indústria e SNAPI (Ministério da Economia e da
Cooperação Internacional – MECI)
 CAFUCA
 Atelier Rastafá
26/Março  CACAU
Domingo
28/Março  Direção do Ensino Técnico Profissional e da Educação dos Jovens e
Adultos (MECC)
 Direção do Ensino Básico (MECC)
 Carlos ‘Bené’ Espírito Santo – amigo das artes
29/Março  Reunião com Sua Excelência, o Ministro da Economia
30/Março  Entrevistas com as Direções da Indústria, Comércio e Turismo
 Reuniões de trabalho com os Diretores Gerais do Trabalho e Emprego
31/Março (MEAS) e e Direção da Cultura (MECC)
01/Abril  Outras associações e empresas culturais a definir
 Início de elaboração de Relatório Preliminar
Sábado
Domingo
04/Abril Elaboração de Relatório Preliminar
05/Abril Elaboração de Relatório Preliminar
06/Abril Elaboração de Relatório Preliminar
07/Abril Elaboração de Relatório Preliminar
08/Abril Entrega de Relatório Preliminar

5
Prevê-se que os contributos dos interlocutores para o Relatório Final, após
avaliação do Relatório Preliminar, sejam enviados na 4ª semana, até dia 13 de
abril, sendo previsível que se possa entregar o Relatório Final até dia 15 de abril.

4. REVISÃO METODOLÓGICA

A metodologia global da pesquisa tem como instrumento inspirador o ‘Guide to


Research and Innovation Strategies for Smart Specialisations (RIS 3)’, editado pela
União Europeia e originalmente baseado em seis fases, as quais foram ajustadas ao
caso concreto da criação de emprego, particularmente no domínio do sector
cultural, do incremento da actividade económica e da formação e qualificações
profissionais:

 Analisar o contexto nacional e potencial de criação de emprego e de


melhoria da formação e das qualificações para a competitividade da
economia e desenvolvimento do sector cultural em particular.

 Governança baseada na participação e apropriação das partes interessadas.

 Elaboração de uma visão global para o futuro das indústrias culturais e


criativas, quer do ponto de vista da criação de emprego e formação
profissional, quer do ponto de vista da circulação dos artistas e das suas
obras no espaço da CPLP e outros eventos extra-comunitários.

 Identificação de oportunidades e prioridades.

 Definição da combinação de políticas, prioridades e ações.

 Orientações e recomendações para apoiar um estudo regional integrado no


quadro do Programa de Cooperação PALOP-TL/EU, conforme as
disposições aplicáveis do MIP 2014-2020 sobre a criação de emprego,
incluindo o sector da cultura.

A abordagem paradigmática e o uso do RIS3 encontram convergência na


abordagem metodológica global da pesquisa pretendida para o presente estudo, a
qual se orienta pelas seguintes componentes:

 Envolvimento de todos os parceiros relevantes que viabilizem o sucesso de


um processo com um padrão claro, cujo sentido seja entendido por todos.

 Empoderamento dos atores envolvidos para apropriação das premissas e


dos quadros concetuais.

 Levantamento e análise documental preliminar.

6
 Realização de entrevistas / foco-grupos (auscultação dos parceiros)
conducentes a diagnóstico, priorizações e opções a realizar em função dos
objectivos do estudo.

 Benchmarking mediante a experiência dos consultores em projetos


similares e uma análise de Boas Práticas de outros países e regiões.

 Apresentação dos Relatórios Preliminar e Final com os produtos obtidos e


os resultados esperados, bem como conclusões, sugestões e recomendações
conducentes à utilização do estudo e ao apoio para a formulação de um
estudo regional integrado no quadro do Programa de Cooperação PALOP-
TL/UE.

Complementarmente utilizar-se-ão outros instrumentos, designadamente:

 Análise PESTLE
Usa-se para listar os factores genéricos que podem causar impactos e forças
sobre um determinado setor ou instituição.

 Methodology for Value Chain Analysis (UNIDO – United Nations Industrial


Development Organization)
Usa-se, tanto por agentes privados como públicos e estatais, numa
perspectiva de implementação de programas de desenvolvimento, cuja
especial atractividade baseia-se na capacidade para se lidar com um novo
ambiente de negócios ou melhorar a situação existente.

 Cinco forças de Porter


Usa-se para apurar a rivalidade no setor, permitindo aferir se é fácil fazer
entrar novos operadores no setor da economia criativa.

 Análise SWOT
Usa-se para identificar as Oportunidades e Ameaças, Potencialidades e
Limitações de uma instituição ou de um setor de atividade.

7
5. ESTRUTURA PROVISÓRIA DO RELATÓRIO PRELIMINAR

A estrutura provisória do Relatório Preliminar, suscetível de alterações e


aprofundamento até final, é a seguinte:

I PARTE – ENQUADRAMENTO E CONTEXTOS

1. ENQUADRAMENTO DO ESTUDO

2. CONTEXTO NACIONAL
2.1. Contexto geográfico
2.2. Contexto político-administrativo
2.3. Contexto económico
2.4. Contexto social

3. CONTEXTO DO EMPREGO E DAS QUALIFICAÇÕES PROFISSIONAIS


3.1. As políticas de emprego
3.2. As qualificações profissionais

II PARTE – AS INDÚSTRIAS CULTURAIS E CRIATIVAS

4. CONCEITO, MODELOS E CLASSIFICAÇÕES


4.1. Origens, conceito, âmbito e delimitação
4.2. Modelos e características estruturais
4.3. Tutela e classificação de atividades económicas
4.4. Comparação entre países (Alemanha, Espanha, França e Reino
Unido)

5. BOAS PRÁTICAS INTERNACIONAIS

[Estrutura dependente da pesquisa, mas pode-se prever nos quatro


continentes: África do Sul, Brasil, Reino Unido, Roménia, Vietnam]

6. PANORAMA GLOBAL DAS INDÚSTRIAS CULTURAIS E CRIATIVAS NO PAÍS

[Estrutura dependente da pesquisa de terreno]

III PARTE – ANÁLISE AO SETOR EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

7. IDENTIFICAÇÃO E MAPEAMENTO DAS INDÚSTRIAS NO PAÍS


7.1. Identificação e mapeamento
7.1.1. Artes cénicas
7.1.2. Artes gráficas e visuais
7.1.3. Cinema e vídeo
7.1.4. Design
7.1.5. Design de moda
7.1.6. Edição

8
7.1.7. Música
7.1.8. Património Cultural
7.1.9. Programação
7.1.10. Publicidade
7.1.11. Rádio e TV
7.1.12. Software / Multimédia
7.1.13. ….
7.2. Configuração do setor e ligação a setores complementares

8. QUALIFICAÇÕES PROFISSIONAIS
8.1. Sistema de ensino
8.2. Sistema de formação profissional

9. FATORES GENÉRICOS IMPACTANTES NAS INDÚSTRIAS CULTURAIS


9.1. Fatores políticos
9.2. Fatores económicos
9.3. Fatores sociais
9.4. Fatores tecnológicos
9.5. Fatores legais
9.6. Fatores ambientais

10. EMPREGO E EMPREENDEDORISMO


10.1. Oportunidades de criação de emprego
10.2. Papel do empreendedorismo no setor
10.3. Instituições de microcrédito

11. ANÁLISE DA ÁREA DE NEGÓCIO


11.1. Ambiente de negócios
11.2. Desenvolvimento da cadeia de valor

12. OPORTUNIDADES, AMEAÇAS, POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES

13. PERSPETIVAS DE EVOLUÇÃO DO SETOR, ÁREAS PRIORITÁRIAS E AÇÕES


RELEVANTES A EMPREENDER

IV PARTE – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

14. CONCLUSÕES

15. RECOMENDAÇÕES

BIBLIOGRAFIA

ANEXOS

Equipa da MundiServiços
Cidade de São Tomé, 27 de março de 2016

9
3. CULTURA, PRODUÇÃO ARTÍSTICA E DIFUSÃO DAS ARTES

 Política de mobilidade de artistas e de bens e serviços culturais (CPLP) –


atual e potencial

 Participação em eventos culturais internacionais – atual e potencial

 Acesso de bens e serviços culturais a mercados regionais e internacionais

 Listagem de formas de arte e afins (alta culinária)

 Articulação dos artistas e das artes

 Projetos estruturantes

 Visão prospetiva

4. PARCEIROS, FINANCIAMENTO E PARCERIAS ESTRATÉGICAS

 Organizações públicas e privadas vocacionadas para a investigação e


inovação, sublinhando as boas práticas e os resultados de parcerias público-
privadas

 Associações, Cooperativas e Empresas ligadas às economias culturais e


criativas

 Estratégias de parcerias para melhorar o setor cultural e a governação

5. INFORMAÇÃO ESTATÍSTICA

 Património

 Atividades e operadores culturais

 Peso nas atividades económicas

 Emprego e mobilidade

 Formação técnico-profissional
correlações favoráveis que Russo & Fouts (1997) e Orlitzky, Schmidt & Rynes (2003)
encontraram em seus estudos entre o desempenho social e ambiental e o económico.

Associámos ao paradigma a teoria dos recursos, a qual preconiza a identificação de


recursos raros e valiosos que devem ser tratados numa perspetiva de se tornarem
inimitáveis, insubstituíveis, essenciais e dinâmicos (Barney, 1991, 2001; Rugman &
Verbeck, 2002; Foss, 2011; Jang, 2013) com vista a constituírem-se fonte de vantagem
competitiva sustentável devido às suas características únicas, no caso concreto pela
conjugação dos inúmeros recursos culturais e naturais do país. Hogarth & Michaud (1991)
definem quatro fatores que, numa ótica de recursos, geram vantagem competitiva:

 Recursos raros e valiosos relacionados com a região.

 Métodos de criação e produção eficientes que atribuam inimitabilidade.

 Aperfeiçoamento e combinação inédita de recursos de modo a ser possível


dinamizar novas competências e novos recursos.

 Inovação permanente, regeneração dos recursos e das capacidades de modo a


criarem-se produtos distintivos de alto valor acrescentado.

Os fundamentos desta abordagem centram-se na inovação como prioridade nacional e


regional, no desenvolvimento de estratégias de apoio à transformação económica e à
busca da plena atividade num quadro de trabalho digno, na resposta aos desafios
económicos e sociais; na melhoria das ligações internas e externas no domínio cultural e
do investimento; na acumulação de ‘massa crítica’ de recursos para melhorar a qualidade
do emprego, promover uma ‘cultura de empreendedorismo’ e difundir conhecimento. O
desafio de tal abordagem passa por conceber o desenvolvimento das regiões através da
combinação de aspetos económicos, culturais, sociais e tecnológicos.

Trata-se de criar produtos e serviços distintivos, que atraiam e retenham talento e capital
para um desenvolvimento económico sustentável, constituindo fator estratégico de
competitividade, geração de emprego e riqueza, meio de reforço da cidadania, alavanca de
coesão social e territorial; veículo de afirmação internacional das comunidades.

TÉCNICAS UTILIZADAS

Utilizou-se como instrumento de inspiração o ‘Guide to Research and Innovation Strategies


for Smart Specialisations (RIS 3)’, ajustado ao caso concreto da criação de emprego,
particularmente no domínio das indústrias culturais e criativas, no incremento da
atividade económica e na formação e qualificações profissionais, e orientado para a
definição de uma visão global para o futuro das indústrias culturais e criativas com base na
combinação de políticas, prioridades e ações. Utilizou-se os seguintes instrumentos:

 Seleção de Boas Práticas para benchmarking.

 Fatores PESTLE (políticos, económicos, sociais, tecnológicos, legais e ecológicos).

 Análise SWOT (oportunidades, ameaças, potencialidades e limitações).

 Metodologia de Análise do Valor Acrescentado.

 5 Forças de Porter.
Emanuel Montóia Direção do Ensino Técnico Profissional e 9966686
da Educação dos Jovens e Adultos
Emílio do Nascimento Direção Geral de Turismo 9903508

Emílio Pereira Associação de Jovens Empresários e de 9904212


Iniciativas empresariais
Ener Cafuka 9990640

Eteldilaide da Graça Serviço Nacional da propriedade 9983732


Industrial
Fernando Costa Associação Pica Pau 9991871

Frederico Gustavo dos União Nacional dos Escritores e Artistas 9904090


Anjos Santomenses
Guilherme Carvalho ASSOMÚSICA -

Intermamata Fotógrafo 9909429

Ismael Nascimento Direção do Ensino Básico -

Januário Afonso Representante do Teatro -

João Carlos da Silva CACAU 9906900

Jorge Dias Correia Câmara do Comércio e Indústria 9906309

José Bouças de Oliveira Jornalista 9903513

José Manuel Mendonça Artista Plástico -


‘Zemé’
Juvenal Rodrigues União Nacional dos Escritores e Artistas 9922084
Santomenses
Lagrimino Gomes Centro de Formação Profissional de 2222696
Budo-Budo
Liussakara Almeida Instituto Nacional de Estatística 9811357

Lourenço da Silva Fotógrafo 9921723

Mireile Afonso Gabinete dos Direitos de Autor -

Mirian Daio Diretora Geral de Turismo 9964726

Nelson Campos de Oliveira Diretor Geral da Cultura 9914476


Olinto Daio Ministro da Educação, Cultura e Ciência -

René Tavares Artista Plástico 9940530

Vladimir Vera Cruz São Férias – Agência de Booking 9836612

Wando Castro Organizer - Empresa de Eventos 9871793


9022202
Vasco Bonfim Interlocutor GON-FED 9903978

Udeire dos Ramos Uê Tela 9920861


 LASH, S. & URRY, J. (1994). Economies of Sign and Space. London: Sage.

 LAWRENCE, T. B & PHILLIPS, N. (2002). “Understanding cultural industries”.


Journal of Management Inquiry, v. 11, n. 4, p. 430-441.

 NEGRI, A. & LAZZARATO, A. (2001). O trabalho imaterial. Rio de Janeiro: DPA.

 Ordenador Nacional do FED de São Tomé e Príncipe (2016). Termos de Referência


para o Estudo das áreas temáticas no “Domínio Prioritário 1 – Criação de Emprego”
no âmbito do Programa Indicativo Plurianual da Cooperação PALOP e Timor-Leste
com a União Europeia (PALOP-TL/UE). São Tomé.

 Ordenadores Nacionais dos PALOP-TL/EU (2015a). Conclusões e Deliberações. XI


Reunião. São Tomé.

 Ordenadores Nacionais dos PALOP-TL/EU (2015b). Síntese das Lições Apreendidas


na Implementação dos Projectos do Programa PALOP-TL/EU. XI Reunião. São Tomé.

 PALOP-TL – União Europeia (2014). Programa indicativo plurianual do 11º FED


para o período 2014-2020.

 UNESCO (2009). Framework for Cultural Statistics. Montreal.

 UNESCO (2005). Convention on the Protection and Promotion of the Diversity of


Cultural Expressions. Paris.

 UNESCO (2003). Convention for the Safeguarding of the Intangible Cultural


Heritage. Paris.

 UNIDO (2009). Developing a Value Chain Diagnostics Tool for Common Practice at
UNIDO. Viena.

BIBLIOGRAFIA DE DOCUMENTAÇÃO LOCAL

 ASSOMÚSICOS (s/d). Estatutos da Associação Musical de São Tomé e Príncipe. São


Tomé.

 ASSOMÚSICOS (2016). Plano de Atividades da Associação Musical de São Tomé e


Príncipe. São Tomé.

 Atelier Cultural do Distrito de Cantagalo (2011). São Tomé.

 Atelier Cultural do Distrito de Cauê (2011). Angolares.

 Atelier Cultural do Distrito de Lembá (2011). Neves.

 Atelier Cultural do Distrito de Mé-Zochi (2011). São Tomé.

 Atelier Cultural da Região Autónoma do Príncipe (2011). Príncipe.


 Declaração de São Tomé e Príncipe sobre a Propriedade Industrial e o
Desenvolvimento Económico e Social de São Tomé e Príncipe. São Tomé.

 Decreto nº 6/2010, de 18 de agosto. Regime Jurídico dos Estágios Profissionais em


São Tomé e Príncipe.

 Decreto-Lei nº 10/2014, de 26 de maio. Regime Jurídico das Agências de Viagens e


da profissão de Guia Turístico.

 Decreto-Lei nº 27/2010, de 6 de Julho de 2011. Estabelece os princípios


orientadores da organização e gestão do currículo, bem como da avaliação das
aprendizagens, referentes ao primeiro e ao segundo ciclos do ensino secundário.

 Direção-Geral de Turismo e Hotelaria (2016). Agências e Aluguer de Automóveis.


DGTH. São Tomé.

 Direção-Geral de Turismo e Hotelaria (2016). Estabelecimentos Hoteleiros. DGTH.


São Tomé.

 Direção-Geral de Turismo e Hotelaria (2016). Registo de Entrada de Turistase


Excursionistas, 2000-2014. DGTH. São Tomé.

 Koan Consulting (2008). Plano Diretor de Turismo para São Tomé e Príncipe.
Tradução em 2012.

 Lei n.º 4/2003, de 2 de Junho de 2003, publicado no DR. n.º 7. Lei do Património
Histórico-Cultural Nacional.

 Lei n.º 7/2008, de 27 de agosto. Código de Investimentos.

 Instituto Nacional de Estatística (2014). Contas Nacionais Preliminares de


2014. INE. São Tomé.

 Instituto Nacional de Estatística (2014).IV Recenseamento Geral da


População e Habitação – 2012. INE. São Tomé.

 Ministério da Educação, Cultura e Ciência (2015). Plano Quatrienal da Direção-


Geral da Cultura. São Tomé.

 Ministério da Educação, Cultura e Formação (2012). Carta de Política


Educativa de São Tomé e Príncipe (visão 2022). MECF. São Tomé.

 Ministério da Educação, Cultura e Formação (2012). Documento de Política


Cultural de São Tomé e Príncipe. MEFC. São Tomé.

 Ministério do Emprego e dos Assuntos Sociais (2015). Projeto de Política Nacional


de Emprego. MEAS. São Tomé.

 OIT (2012). Plano de Trabalho Digno por país 2013-2016.

 Programme Régional de Mise à Niveauen Afrique Centrale (2015).


Compétitivité et Développment du Secteur Privé et des PME à São Tomé et
Príncipe.
 Projet Régional pour la Facilitation dês Affaires dans L’Espace CEEAC
(2014). L’Environnement dês Affaires à São Tomé et Príncipe.

 Resolução nº 2/2014, de 17 de Fevereiro. Adoção da Declaração de São Tomé e


Príncipe sobre a Propriedade Industrial e o Desenvolvimento Económico e Social
de São Tomé e Príncipe. São Tomé.

 SENAPI (2016). Memorandum sobre Direitos de Autor e Direitos Conexos em São


Tomé e Príncipe. São Tomé.

 SENAPI (2015). Plano Nacional de Desenvolvimento da Propriedade Industrial.


São Tomé.

 WOILLET, J. C. & ESPÍRITO SANTO, J. P. (1991). Por uma promoção das micro
pequenas empresas artesanais em São Tomé e Príncipe. Serviço do
Desenvolvimento e da Gestão das Empresas. Genebra.
II. PLANO DE TRABALHO IMPLEMENTADO

FASE 1 Instalação, Preparação e Início da Pesquisa

PERÍODO Semana de 21 a 25 de março de 2016

DESCRIÇÃO  Reunião de arranque da missão com o cliente


 Recolha de documentação
 Preparação do guião de entrevistas
 Reuniões e entrevistas exploratórias
 Revisão do Plano de Trabalho
 Revisão da metodologia
 Minuta de Briefing

FASE 2 Pesquisa aprofundada

PERÍODO Semana de 28 de março a 1 de abril de 2016


DESCRIÇÃO  Continuação de reuniões e entrevistas
 Identificação das principais áreas
 Identificação das acções relevantes
 Identificação de boas práticas
 Tipificação de intervenções possíveis
 Sistematização de conclusões e recomendações
 Reunião com o cliente para apresentação de Conclusões e
Recomendações

FASE 3 Apresentação do Relatório Preliminar

PERÍODO Semana de 4 a 8 de abril de 2016

DESCRIÇÃO  Minuta de Debriefing


 Contexto nacional – emprego e formação
 Mapeamento das indústrias culturais e criativas
 Políticas, oportunidades, prioridades e acções
 Orientações e recomendações – estudo regional
 Entrega de RELATÓRIO PRELIMINAR

FASE 4 Apresentação do Relatório Final

PERÍODO Dias 11 a 12 de abril de 2016

DESCRIÇÃO  Preparação da Vídeoconferência


 Apresentação do estudo na Vídeoconferência

PERÍODO Semana de 18 a 22 de abril de 2016


DESCRIÇÃO  Recepção e introdução de comentários finais
 Entrega de RELATÓRIO FINAL
II. PLANO DE REUNIÕES E ENTREVISTAS REALIZADAS

DATAS INTERLOCUTORES
21/Março  Reunião de arranque no Gabinete Ordenador Nacional (GON-FED)
com Coordenador do GON-FED, dr. Armindo Fernandes, e
Interlocutor do estudo, dr. Vasco Bonfim
22/Março  Reunião de arranque no Gabinete Ordenador Nacional (GON-FED)
com Coordenador do GON-FED, Interlocutor do estudo, Diretora
Geral do Trabalho e do Emprego do Ministério do Emprego e dos
Assuntos Sociais (MEAS) e Diretor Geral do Ministério da Educação,
Ciência e Cultura (MECC)
23/Março  Reunião com Sua Excelência, o Ministro do Emprego, Trabalho e
Assuntos Sociais
 Entrevista com Diretora Geral do Trabalho e do Emprego
 Entrevista com Associação de Música
 Entrevista com Representante do Teatro
24/Março  Entrevista com Diretor Geral da Cultura do MECC
 Reunião GON-FED, MEAS, MECC, SNAPI, Direção Geral de Turismo e
Instituto Nacional de Estatística
 Entrevista com Diretor Geral da Cultura do MECC
 Entrevista com Departamento Direitos Autor (MECC)
 Entrevista com Associação Pica Pau
 Reunião com Sua Excelência, o Ministro da Educação, Cultura e
Ciência
 Comissão do Património Imaterial (MECC)
25/Março  Entrevista com Direção da Indústria e SNAPI (Ministério da Economia
e da Cooperação Internacional – MECI)
 Entrevista com CAFUCA
 Entrevista com Atelier Rastafá
26/Março  Entrevista com CACAU
Domingo
28/Março  Entrevista com Manuel Montóia (Direção do Ensino Técnico
Profissional)
 Entrevista com Ismael do Nascimento (Direção do Ensino Básico -
MECC)
 Entrevista com Carlos ‘Bené’ do Espírito Santo, escritor
29/Março  Entrevista com Mirian Daio e Dilson Carvalho (Direção Geral do
Turismo)
 Entrevista com Nelson Campos de Oliveira (Diretor Geral da Cultura)
 Entrevista com Carlos Fernandes, Lagrimino Gomes, Amilton Lima e
Elisande Pontes (Centro de Formação Profissional de Budo-Budo)
30/Março  Entrevista com Emílio Pereira (Associação de Jovens Empresários e
de Iniciativas Empresariais)
31/Março  Entrevista com Frederico Gustavo dos Anjos, Juvenal Rodrigues e
Clisney Rompão (União Nacional de Escritores Santomenses)
 Entrevista com Vladimir Vera Cruz (São Férias – Agência de Booking)
 Entrevista com Lourenço da Silva (Fotógrafo)
 Entrevista com José Manuel Mendonça ‘Zemé’ (Artista Plástico)
 Entrevista com Jorge Dias Correia e Cosme Rita (Câmara do
Comércio)
 Entrevista com Intermamata (Fotógrafo)
01/Abril  Entrevista com Wando Castro (Organizer – Promoção de eventos)
 Entrevista com Carlos Boa Morte (Fórum de Empreendedores
Santomenses e Publicidade & Marketing)
 Entrevista com José Bouças de Oliveira (Jornalista Rádio e TV)
 Entrevista com Amílcar Baía ‘Nino’ (Grife Moda)
Sábado
Domingo
04/Abril  Reunião com Armindo Fernandes e Vasco Bonfim (GON FED)

05/Abril  Reunião com Nelson Campos (Dir. da Cultura do MECC), Domingas


Aguiar (Dir. Trabalho e Emprego do MEAS) e Emanuel Montóia (Dir.
Ensino Técnico Profissional do MECC)
06/Abril  [Finalização do Relatório Preliminar]
07/Abril  [Finalização do Relatório Preliminar]
08/Abril  [Finalização do Relatório Preliminar]
Sábado
Domingo
11/Abril  Reunião com Armindo Fernandes, coordenador do GON-FED, e Vasco
Bonfim, Interlocutor do estudo, para preparação da Vídeoconferência
com os PALO-TL.
12/Abril  Vídeoconferência com Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São
Tomé e Príncipe e Timor-Leste (Angola não conseguiu obter ligação)

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