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Abstract: The international cocoa trade is a lucrative economic mode, from which
many countries benefit, including Brazil. The state of Bahia, for a long time, was
responsible for a big part of the cocoa production, and contributed greatly to the local
and national economy. In the southern region of said state, more specifically, the cocoa
cultivation had spread to several cities, generating wealth and prosperity to the micro
region. However, with the emergence of a disease that affected the cocoa tree, known as
“witches' broom”, the cultivation of this fruit suffered a considerable drop, causing
socioeconomic impacts that can be felt even today.
Keywords: Agriculture. Cocoa. Economy. Bahia.
1. Introdução
Desde tempos remotos, o Brasil apoiou sua economia na agricultura de
exportação, desde frutas até grãos diversos. Entretanto, um dos produtos que mais teve
destaque na história recente do país foi o cacau, que gerou enormes lucros para a receita
nacional, bem como o desenvolvimento das regiões que se dedicavam ao plantio dele.
O estudo da progressão do cultivo de cacau na região sul baiana tem por objetivo
a compreensão socioeconômica, política e histórica que a identificam. Por meio deste,
faz-se uma análise do que caracteriza a economia local, tendo em vista a produção
cacaueira como responsável pelo desenvolvimento regional, e o declínio dela como
fator preponderante no surgimento – ou melhor, agravamento de problemas
socioeconômicos.
Estabelece-se uma contextualização inicial, de forma que é exposta a progressão
histórica que proporcionou o cultivo do fruto regionalmente, ocasionando ainda um
entendimento maior sobre o que motivou tal cultura agrícola, bem como o
reconhecimento da região como caracterizada por esta. Aqui se faz relevante
compreender os aspectos que proporcionaram a implantação dessa cultura na região, e
suas implicações e vantagens.
Em seguida, se aborda o desenvolvimento do fruto na região, explorando a
formação, função e efetivação do mesmo, bem como os problemas que ocorreram
durante o processo, e, por fim, a realidade atual, decorrente já da crise da lavoura, por
conta da infecção desta pela “vassoura-de-bruxa”. Dessa maneira, propõe-se uma
exposição daquilo que é essencial para o conhecimento da realidade socioeconômica
rural do sul da Bahia.
Não por menos, justifica-se por meio deste artigo, a exploração dessa progressão
de maneira analítica e crítica, propondo um estudo social e econômico que beneficiam
quaisquer pesquisas posteriores com temática semelhante.
O cacau é fruto que possui uma ecologia vegetal das mais exigentes, daí
explica-se a sua preferência e adaptação nas terras do sul da Bahia, onde as
suas necessidades são todas supridas. Gostando de umidade, tanto do ar,
quanto do solo, ambos requisitos são aí satisfeitos, pela abundância das
chuvas, presentes durante todo o ano e alcançando aproximadamente dois
metros anuais, com cerca de 202 dias chuvosos (SANTOS, 1957, p.47).
No ano de 1957, contudo, a produção de cacau sofreu uma grave crise, e a falta
de um órgão que a regesse tornou-se um estorvo para a região. Em resposta a isso,
houve a criação da CEPLAC, Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira, com
o propósito de promover a sustentabilidade e a competitividade, tendo em vista a
progressão agropecuária do período, de maneira a dar apoio e oportunidades de
desenvolvimento à cacauicultura.
Por volta de 1996, o estado da Bahia ainda era um dos que mais produziam
cacau no Brasil, gerando riqueza não só para a região, mas para a economia nacional, de
forma que as fazendas de cacau começaram a se proliferar e expandir, a fim de obter a
maior lucratividade possível. No intuito de ilustrar a participação baiana no plantio dos
cacauais, apresentamos o seguinte gráfico, elaborado a partir de dados da CEPLAC.
De modo geral, é possível inferir que essa bonança da lavoura perdurou por
várias décadas, mesmo sem a presença inicial da CEPLAC, mas foi entre 1980 e 1990
que esta teve seu ápice, e a produção (em toneladas) sofreu um aumento considerável
em relação aos anos anteriores, como pode ser observado no gráfico a seguir.
Gráfico X – Produção baiana de cacau ao longo de 1972 a 2005.
Fonte: CEPLAC
Segundo Policarpo Junior (2006), numa matéria para a Revista Veja, “no dia 22
de maio de 1989, durante uma inspeção de rotina, um grupo de técnicos descobriu o
primeiro foco de uma infecção devastadora conhecida como vassoura-de-bruxa numa
plantação de cacau no sul da Bahia”. Este primeiro foco foi visto, na época, como um
caso isolado, entretanto, como será visto doravante, os casos de aparecimento desta
doença foram se alastrando rapidamente pela microrregião, trazendo consigo um grande
desastre socioeconômico.
- CEPLAC: ATITUDES TOMADAS PARA COMBATER A CRISE
Durante os tempos áureos da lavoura cacaueira, a população do sul e extremo sul
baiano era majoritariamente rural. Contudo, após a crise trazida pela infecção da
Moniliophtora perniciosa, este quadro se inverteu, posto que os trabalhadores das
fazendas produtoras de cacau perderam seus empregos, e foram forçados a migrar para a
área urbana.
Gráfico X – População rural e urbana entre os anos 1970 e 2000
Fonte: IBGE
Isso acarretou um enorme desequilíbrio social, uma vez que as cidades da época
não estavam preparadas para receber esse enorme contingente de pessoas
desempregadas. O inchaço urbano marginalizou os trabalhadores desempregados, e o
impacto disso pode ser sentido até os dias de hoje. O que antes era uma dádiva para a
região, trazendo lucro e desenvolvimento, agora passara a ser uma terrível avalanche de
dívidas e empobrecimento.
O declínio da lavoura cacaueira foi tão intenso e avassalador que somente após
um longo período de tempo algumas soluções realmente eficazes começaram a surgir.
Uma das técnicas mais empregadas nas fazendas é da clonagem de cacau, que ajuda a
combater a infecção, e é uma forma de finalmente começar a reconstruir aquilo que foi
destruído pela vassoura-de-bruxa.
Deste modo, a região sul da Bahia começou a reconstruir seu papel de destaque
no cultivo de cacau, e, embora não tenha conseguido o reestabelecimento total deste,
ainda representa uma importante área de produção do fruto, e apresenta elementos
socioculturais provenientes dela.
3. Considerações finais
O cultivo do cacau foi uma das mais importantes atividades econômicas para a
região sul baiana, apresentando índices de produção altíssimos, e bastante lucratividade
– não só para a citada região, mas para todo o país, visto que a renda gerada
influenciava enormemente o PIB brasileiro.
Em escala local, o cultivo do fruto foi de extrema relevância tanto para o
crescimento das cidades quanto para o desenvolvimento de hábitos e fatores culturais
que influenciaram a sociedade da região.
O acompanhamento da cacauicultura baiana foi feito pela CEPLAC, uma
instituição que surgiu de uma crise, e então tomou para si a responsabilidade de
administrar aquela atividade econômica. O papel da CEPLAC teve destaque durante
algum tempo, mas logo começou a perder força e importância.
5. Referências Bibliográficas
http://veja.abril.com.br/210606/p_060.html
http://www.ceplac.gov.br/paginas/ceplac/ceplac.asp
http://www.uesc.br/editora/livrosdigitais/a_regiao_cacaueira_da_bahia.pdf
http://www.agricultura.gov.br/vegetal/noticias/2013/06/ceplac-lanca-produto-
sustentavel-para-combater-vassoura-de-bruxa