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Empresas brasileiras adiam investimentos, deixam de criar empregos e até recusam pedidos de
clientes porque enfrentam obstáculos para obter financiamentos
No início deste ano com os três andares do prédio da sede nova concluídos, Moreira tentou
buscar outro financiamento do FCO para tocar um plano de ampliação das atividades. Depois
de várias tentativas para iniciar o processo, ele novamente desistiu. “Sequer obtive resposta
do banco”, conta. Moreira recorreu ao FCO porque considera que os custos das demais linhas
de crédito dos bancos privados e oficiais são muito altos. “Os custos são incompatíveis com a
atividade empresarial”, afirma o empresário.
Segundo Juliana, as barreiras de acesso e o alto custo do crédito obrigaram a empresa a cortar
investimentos e pessoal. “Sem financiamento, deixamos de investir em tecnologia, abrimos
mão de patentear inovações, de desenvolver produtos novos e de treinar a equipe”, conta
Juliana. “Nosso produto começou a ficar com custo mais elevado do que o valor de mercado.
Tivemos que abrir mão da margem de lucro para nos manter no mercado”, afirma a
empresária.
“Encolhemos justo quando o Brasil teve uma safra acima do planejado e quando nosso
produto é muito procurado, pois grande parte dos produtos agrícolas é embalada em big bags
e sacarias de grande porte”, diz a empresária. Finalmente, depois de quase um ano de
negociações, a Serrana Embalagens conseguiu um empréstimo para capital de giro. “Quando o
dinheiro chegou, já não era suficiente”, desabafa a empresária. Ela conta que conseguiu o
empréstimo com a ajuda do Núcleo de Acesso ao Crédito (NAC) da Federação das Indústrias do
Estado do Espírito Santo (FINDES). (LEIA ABAIXO – remissão à matéria do NAC)
Ele destaca que, embora os juros básicos da economia estejam baixos, as taxas cobradas nos
empréstimos são muito altas. “Isso é um fator que compromete a competitividade das
empresas brasileiras”, diz Castelo Branco.
Entre as medidas para reduzir o custo do crédito, a CNI recomenda a reavaliação dos
componentes do spread bancário – a diferença entre as taxas de captação e as cobradas dos
tomadores de empréstimos. Conforme dados do Banco Mundial, o Brasil tem o segundo maior
spread bancário do mundo. A média do spread bancário no país é de 32% e só é menor do que
os 43% de Madagascar.
GRÁFICO SPREAD -
Os componentes do spread brasileiro que precisam ser revistos são as margens de lucro dos
agentes financeiros, o provisionamento por inadimplência e os compulsórios (percentual dos
depósitos à vista e a prazo que os bancos são obrigados a recolher ao Banco Central).