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Eletrônica Básica

e Instrumentação

124
ELETRÔNICA BÁSICA
E INSTRUMENTAÇÃO
8E
Desenvolvimento de conteúdo,
Mediação Pedagógica e Design Gráfico
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Índice
Apresentação .......................................................................................................... 11

Lição 1 - Resistores
Introdução .............................................................................................................. 13
1. Resistência Elétrica ...................................................................................... 13
2. Resistores....................................................................................................... 13
2.1 Tipos de Resistores ................................................................................. 14
2.2 Valores e Tolerância ............................................................................... 15
2.3 Código de Cores ...................................................................................... 15
Exercícios Propostos .............................................................................................. 19

Lição 2 - Resistores Variáveis


Introdução .............................................................................................................. 21
1. Resistores Variáveis...................................................................................... 21
1.1 Potenciômetros........................................................................................ 21
1.2 Trimpots ................................................................................................. 22
2. Potenciômetros Lineares e Logarítmicos ................................................... 23
2.1 Potenciômetros Lineares ou Lin............................................................ 23
2.2 Potenciômetros Logarítmicos ou Log ................................................... 23
Exercícios Propostos .............................................................................................. 26

Lição 3 - Associação de Resistores


Introdução .............................................................................................................. 29
1. Associações de Resistores ............................................................................ 29
1.1 Associação em Série ............................................................................... 29
1.2 Associação em Paralelo .......................................................................... 30
1.3 Associação em Série/Paralelo ................................................................ 31
Exercícios Propostos .............................................................................................. 35

Lição 4 - Resistores Especiais


Introdução .............................................................................................................. 37
1. Resistores Sensíveis à Luz (LDRs) .............................................................. 37
2. Resistores Sensíveis à Temperatura............................................................ 38
2.1 PTC........................................................................................................... 39
2.2 NTC .......................................................................................................... 39
Exercícios Propostos .............................................................................................. 42

124/5
Lição 5 - Capacitores
Introdução .............................................................................................................. 43
1. O Capacitor ................................................................................................... 43
1.1 Tipos de Capacitores .............................................................................. 44
1.2 Capacitância............................................................................................ 45
1.3 Códigos dos Capacitores ........................................................................ 45
Exercícios Propostos .............................................................................................. 48

Lição 6 - Associação de Capacitores


Introdução .............................................................................................................. 49
1. Associações de Capacitores ......................................................................... 49
1.1 Associação em Série ............................................................................... 49
1.2 Associação em Paralelo .......................................................................... 50
1.3 Associação em Série/Paralelo ................................................................ 51
Exercícios Propostos .............................................................................................. 54

Lição 7 - Capacitores Variáveis


Introdução .............................................................................................................. 57
1. Capacitores Variáveis.................................................................................. 57
1.1 Capacitores Variáveis Comuns .............................................................. 57
1.2 Trimmers e Padders ................................................................................ 58
1.3 Valores dos Capacitores Variáveis ........................................................ 59
Exercícios Propostos .............................................................................................. 60

Lição 8 - Capacitores Cerâmicos e de Poliéster


Introdução .............................................................................................................. 61
1. Capacitores Cerâmicos ................................................................................. 61
1.1 Códigos dos Capacitores Cerâmicos...................................................... 61
2. Capacitores de Poliéster............................................................................... 63
2.1 Códigos dos Capacitores de Poliéster ................................................... 63
3. Coeficiente de Temperatura ......................................................................... 63
Exercícios Propostos .............................................................................................. 66

Lição 9 - Capacitores Eletrolíticos


Introdução .............................................................................................................. 67
1. Capacitores Eletrolíticos.............................................................................. 67
1.1 Como são Construídos os Eletrolíticos ................................................. 67
1.2 Tipos........................................................................................................ 67
1.3 Polaridade ............................................................................................... 68
1.4 Eletrolíticos de Tântalo .......................................................................... 68
1.5 Uso dos Capacitores Eletrolíticos ......................................................... 68
1.6 Valores dos Capacitores Eletrolíticos ................................................... 69
Exercícios Propostos .............................................................................................. 72

124/6
Lição 10 - Indutores
Introdução .............................................................................................................. 73
1. Indutância ..................................................................................................... 73
2. Indutores ....................................................................................................... 74
2.1 Núcleos .................................................................................................... 74
2.2 Fios Esmaltados ...................................................................................... 74
2.3 Usos dos Indutores.................................................................................. 76
2.4 Valores dos Indutores ............................................................................. 76
Exercícios Propostos .............................................................................................. 78

Lição 11 - Associação de Indutores


Introdução .............................................................................................................. 79
1. Associação de Indutores............................................................................... 79
1.1 Associação em Paralelo .......................................................................... 79
1.2 Associação em Série ............................................................................... 80
1.3 Associação em Série/Paralelo ................................................................ 80
Exercícios Propostos .............................................................................................. 83

Lição 12 - Corrente Alternada


Introdução .............................................................................................................. 85
1. Corrente Contínua ........................................................................................ 85
2. Corrente Alternada....................................................................................... 86
2.1 Forma de Onda........................................................................................ 86
2.2 Valores da Corrente Alternada .............................................................. 87
Exercícios Propostos .............................................................................................. 89

Lição 13 - Transformadores
Introdução .............................................................................................................. 91
1. Transformadores........................................................................................... 91
1.1 Indução .................................................................................................... 91
1.2 O Transformador .................................................................................... 92
1.3 Tipos de Transformadores ..................................................................... 93
1.4 Cálculos de Transformadores ................................................................ 94
Exercícios Propostos .............................................................................................. 96

Lição 14 - Motores Elétricos


Introdução .............................................................................................................. 99
1. Motores Elétricos .......................................................................................... 99
1.1 Funcionamento dos Motores Elétricos .................................................. 99
1.2 Características dos Motores Elétricos ................................................. 101
1.3 Caixas de Redução ................................................................................ 101
1.4 Motores de Passo................................................................................... 102
Exercícios Propostos ............................................................................................ 104

124/7
Lição 15 - Magnetismo
Introdução ............................................................................................................ 105
1. Magnetismo ................................................................................................. 105
1.1 Propriedades dos Ímãs ......................................................................... 106
1.2 Magnetização ........................................................................................ 106
1.3 Linhas de Força .................................................................................... 107
Exercícios Propostos ............................................................................................ 109

Lição 16 - Eletromagnetismo
Introdução ............................................................................................................ 111
1. Eletromagnetismo....................................................................................... 111
1.1 Efeito Magnético da Corrente.............................................................. 111
1.2 Regra da Mão Direita ........................................................................... 112
1.3 Indução Eletromagnética ..................................................................... 113
1.4 Fluxo Magnético ................................................................................... 113
1.5 Lei de Lenz ............................................................................................ 113
1.6 Efeito Motor da Indução Eletromagnética ......................................... 114
Exercícios Propostos ............................................................................................ 116

Lição 17 - Corrente Alternada e Sinais


Introdução ............................................................................................................ 117
1. Corrente Alternada Senoidal..................................................................... 117
2. Outras Formas de Onda ............................................................................. 117
2.1 Corrente Contínua Pulsante ................................................................ 118
2.2 Sinais Retangulares/Quadrados .......................................................... 118
2.3 Sinais Dente de Serra e Triangulares ................................................. 118
3. Aplicações dos Sinais ................................................................................. 118
Exercícios Propostos ............................................................................................ 121

Lição 18 - Medidas em Corrente Alternada


Introdução ............................................................................................................ 123
1. Medidas da Corrente Alternada ................................................................ 123
1.1 Valores de Pico ...................................................................................... 123
1.2 Valor Médio e Valor Eficaz .................................................................. 124
1.3 Freqüência e Período ............................................................................ 125
Exercícios Propostos ............................................................................................ 127

Lição 19 - Galvanômetros
Introdução ............................................................................................................ 129
1. Instrumentos Digitais e Analógicos .......................................................... 129
2. O Galvanômetro.......................................................................................... 129
2.1 Sensibilidade do Galvanômetro .......................................................... 130
2.2 Resistência interna ............................................................................... 131
2.3 Leitura de escalas ................................................................................. 132
2.4 Erros de Leitura .................................................................................... 132
Exercícios Propostos ............................................................................................ 134

124/8
Lição 20 - Amperímetros
Introdução ............................................................................................................ 135
1. Amperímetros ............................................................................................. 135
1.1 O Shunt .................................................................................................. 135
1.2 Calculando Shunts................................................................................ 136
Exercícios Propostos ............................................................................................ 138

Lição 21 - Voltímetros
Introdução ............................................................................................................ 139
1. Voltímetros .................................................................................................. 139
1.1 A Resistência Multiplicadora .............................................................. 139
1.2 Calculando Resistências Multiplicadoras ........................................... 140
Exercícios Propostos ............................................................................................ 142

Lição 22 - Ohmímetros
Introdução ............................................................................................................ 143
1. Ohmímetros ................................................................................................. 143
1.1 A Escala do Ohmímetro ....................................................................... 144
1.2 Zerando o Ohmímetro .......................................................................... 144
1.3 Cálculo de Ohmímetros ........................................................................ 145
Exercícios Propostos ............................................................................................ 147

Lição 23 - Multímetros - I
Introdução ............................................................................................................ 149
1. Os Multímetros ........................................................................................... 149
1.1 O Multímetro Analógico....................................................................... 149
1.2 Fatores de Escala .................................................................................. 150
1.3 Qualidade dos Multímetros.................................................................. 150
2. Medindo Resistência com o Multímetro ................................................... 151
Exercícios Propostos ............................................................................................ 153

Lição 24 - Multímetros - II
Introdução ............................................................................................................ 155
1. Medindo Correntes com o Multímetro ...................................................... 155
1.1 Cuidados na Medição de Corrente ...................................................... 156
Exercícios Propostos ............................................................................................ 159

Lição 25 - Multímetros - III


Introdução ............................................................................................................ 161
1. Medindo Tensões com o Multímetro ......................................................... 161
1.1 Medindo Tensões Contínuas ................................................................ 161
1.2 Sensibilidade ......................................................................................... 162
2. Medindo Tensões Alternadas..................................................................... 163
2.1 Escala não Linear ................................................................................. 164
Exercícios Propostos ............................................................................................ 167

124/9
Lição 26 - Osciloscópios I
Introdução ............................................................................................................ 169
1. Como Funciona o Osciloscópio.................................................................. 169
1.1 Combinação de Sinais - Varredura ..................................................... 171
1.2 As Entradas dos Sinais......................................................................... 171
1.3 Ajustes de Foco e Brilho....................................................................... 171
Exercícios Propostos ............................................................................................ 173

Lição 27 - Osciloscópios II
Introdução ............................................................................................................ 175
1. Medindo Tensões com o Osciloscópio ....................................................... 175
1.1 O Amplificador Vertical ....................................................................... 175
1.2 Referência .............................................................................................. 177
1.3 A função AC/DC ................................................................................... 177
Exercícios Propostos ............................................................................................ 180

Lição 28 - Osciloscópio III


Introdução ............................................................................................................ 183
1. Medindo Períodos e Freqüências com o Osciloscópio ............................. 183
1.1 Varredura Horizontal ........................................................................... 183
1.2 Circuito de Disparo .............................................................................. 184
1.3 Medição de Período e Freqüência ....................................................... 184
2. Medindo Fases com o Osciloscópio ........................................................... 185
Exercícios Propostos ............................................................................................ 187

Respostas dos Exercícios Propostos ................................................................... 190

Bibliografia ........................................................................................................... 192

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Apresentação
Recursos eletrônicos são hoje encontrados numa infinidade de atividades
práticas que vão do comércio e residências a uso especializados como na aviônica,
eletrônica médica e automação industrial.
Isso significa que, qualquer que seja o campo de atividade que envolva tecnolo-
gia eletrônica que o aluno pretenda seguir depois de completar esse curso, depende
totalmente dos conhecimentos básicos de eletrônica e instrumentos contidos aqui.
O estudo da eletrônica básica vai permitir ao aluno conhecer componentes e
circuitos que são utilizados em todas as aplicações possíveis.
Da mesma forma que na arquitetura, onde independentemente das construções
o mesmo material básico como tijolos, pedra, areia e cimento são usados, o mesmo
ocorre com a eletrônica: os blocos construtivos são sempre os mesmos assim como
os seus componentes. Os blocos da eletrônica são formados pelos componentes
passivos como os resistores, capacitores, indutores, transformadores, diodos, etc., e
pelos componentes ativos como os transistores, tiristores, circuitos integrados, etc.
Juntando esses componentes de forma organizada obtemos circuitos básicos,
que também são blocos construtivos de qualquer equipamento eletrônico não im-
portando onde ele seja usado.
Neste curso o aluno vai aprender para que serve e como usar cada um dos
blocos básicos, ou seja, os componentes e depois como reuni-los e associá-los de
modo a obter seus efeitos combinados.
Por outro lado, todo profissional da eletrônica precisa estar constantemente
analisando o que se passa num equipamento e isso inclui o uso de instrumentos
apropriados.
Como usar esses instrumentos é outro dos assuntos explorados neste curso.
Além de analisarmos o que devemos medir num circuito, ou seja, as grandezas
elétricas, também daremos os procedimentos básicos para dois dos instrumentos
mais utilizados nas aplicações modernas: o multímetro e o osciloscópio.
O multímetro é o mais útil de todos, pela sua facilidade de uso e pela possibi-
lidade de ser transportado a qualquer parte. No entanto, o osciloscópio é o mais
completo, fornecendo informações que o multímetro não consegue fornecer.
No final do curso, o aluno terá os conhecimentos básicos que lhe permitirão
entender para que servem os componentes eletrônicos básicos, entender suas es-
pecificações e códigos e também usar os instrumentos básicos de testes e análise
de circuitos como o multímetro e o osciloscópio.
Além de já poder trabalhar em reparos, manutenção e mesmo montagem de
circuitos eletrônicos, o aluno já terá os elementos para uma posterior especialização
em campos da eletrônica que são cada vez mais ávidos de profissionais compe-
tentes como a automação industrial (mecatrônica), telecomunicações, eletrônica
embarcada, rádio e TV, etc.
O sucesso depende agora apenas de você!

124/11
lição

1
Introdução cargas para vencer a oposição do condutor
metálico. Isso ocorre porque, da mesma forma
Diversos tipos de componentes eletrônicos que não existe um isolante perfeito, também
básicos são encontrados em equipamentos de não existe um condutor perfeito. Mesmo o
uso tanto doméstico como industrial e auto- melhor metal, ou qualquer outro meio sólido,
motivo. Dentre esses componentes, o resistor líquido ou gasoso, não permite que as cargas
é um dos que aparece com mais freqüência na o atravessem sem lhes apresentar uma certa
maioria dos equipamentos. oposição, denominada resistência elétrica.

Em nosso estudo da eletrônica, vamos jus- Essa característica dos materiais pode
tamente começar falando deste componente. ter muitas aplicações práticas. Podemos, por
Além de aprender como o resistor funciona, exemplo, usar um dispositivo que tenha uma
você vai saber como trabalhar com ele. certa resistência elétrica para reduzir pro-
positalmente a intensidade da corrente num
Os resistores podem ser encontrados numa circuito, até que ela atinja um valor desejado.
grande quantidade de formatos e tamanhos, Essa é uma das funções dos resistores.
e possuem diversas funções nos circuitos. Por
serem assim, tão versáteis e tão presentes, é 2. Resistores
necessário que você saiba o máximo possível
sobre eles. Os resistores podem ser definidos como
componentes cuja finalidade é apresentar
Esta lição tem por objetivo fornecer a você uma certa resistência elétrica. Veja a seguir os
informações sobre os seguintes assuntos: símbolos adotados para representá-los:
• Resistência elétrica R R
• Funcionamento do resistor.
(a) (b)
• Tipos de resistores.
Fig. 1
• Como ler os valores dos resistores.
Em 1.a temos o símbolo encontrado em
• Valores usados nos equipamentos comuns.
diagramas de origem européia, que é também
• A precisão dos resistores. o mais adotado em nosso país. Em 1.b temos
o símbolo adotado nos diagramas de origem
1. Resistência Elétrica americana.

Quando uma corrente atravessa um fio Na prática, precisamos de componentes


metálico, temos a produção de calor, que que apresentem uma certa resistência para
resulta da conversão da energia gasta pelas executar diversas funções nos circuitos, tais

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como reduzir a intensidade de uma corrente Carvão ou carbono


a um valor desejado, ou reduzir uma tensão
a um determinado valor. Os resistores de carbono são os mais
comuns de todos. São fabricados depositan-
Dependendo do tipo de aplicação, da do-se uma película de carbono num pequeno
intensidade da corrente com que devem tra- tubo de porcelana. A espessura e as raias
balhar, além de outros fatores, os resistores dessa película determinam a resistência que
podem ser fabricados com diversos materiais o componente vai apresentar.
e em diversos tamanhos. A seguir iremos
conhecer os tipos mais comuns. O tamanho desses resistores depende da
quantidade de calor que eles podem dissipar,
2.1 Tipos de Resistores mas em geral são resistores de pequena ou
baixa potência, podendo ser encontrados
As dimensões e os materiais usados na com dissipações de 1/8 W (0,125) a 2 W.
fabricação dos resistores influem no seu
desempenho, assim como na quantidade de Um aspecto negativo dos resistores de
calor que eles transferem para o ambiente. carbono está no fato de serem ruidosos:
Um resistor que não transfere o calor gerado quando a corrente passa através de um de-
para o ambiente acaba se aquecendo demais les, a agitação térmica do material acaba
e “queimando”. Por isso a fabricação desses gerando ruídos no circuito. Isso impede, por
componentes deve levar em conta não só o exemplo, a utilização desse tipo de compo-
material de que são feitos, mas também as nente em circuitos de som mais sensíveis.
suas dimensões, a fim de controlar as carac-
terísticas de cada resistor. Película metálica

Os resistores fabricados com um valor de Os resistores de película metálica são


resistência determinado são também conhe- menos ruidosos que os de carbono. São fa-
cidos como “resistores fixos”. Os principais bricados depositando-se uma fina película de
tipos de resistores fixos são os seguintes metal num tubinho de porcelana, exatamen-
(figura 2): te como no caso dos resistores de carbono.
Podem ser encontrados na mesma faixa de
dissipação dos resistores de carbono.

Fio ou potência

Um importante tipo de resistor é o que


se destina a trabalhar com correntes inten-
sas, devendo, para isso, dissipar uma grande
quantidade de calor. Esses resistores, além
de serem maiores, precisam ser feitos de
materiais que suportem temperaturas mais
elevadas.

O tipo mais comum é fabricado enrolan-


do-se fio metálico (normalmente níquel-cro-
mo, ou nicromo) numa base de porcelana. O
Fig. 2
resistor de fio pode ser encontrado em dissi-
pações que vão de 1 ou 2 W até mais de 100 W.

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2.2 Valores e Tolerância Em aplicações mais críticas, podemos


adotar uma tolerância de 5% e, em outros
A resistência elétrica é medida em casos, de até 20%. Isso nos possibilita tra-
ohms (), e quando se refere a um resistor é balhar com poucos valores padronizados e
também chamada de valor. Nas aplicações cobrir todos os valores usados nos circuitos,
eletrônicas, podemos encontrar resistores empregando sempre o mais próximo do de-
de uma grande variedade de valores. Os me- sejado.
nores chegam a ser de 0,1 ohm e os maiores
podem chegar a 22.000.000 ohms (22 M). Para cada faixa de tolerância, existe uma
série de valores. Tais séries são adotadas
Evidentemente, fabricar todos os valores universalmente e correspondem aos códigos
entre esses dois extremos seria impossível. E6, E12 e E24.
Se fôssemos fabricar resistores com todos os
valores até 22.000.000 ohms (22 M), precisa- Para a série E12, por exemplo os valores são:
ríamos ter 22 milhões de “formas” diferentes
e, para ter um estoque de trabalho, precisa- 10 12 15 18 22 27 33 39 47 56 68 82
ríamos de um gaveteiro com igual número
de gavetas. Como fazer então? Observe que a série é chamada E12 pois
usa 12 valores básicos. Multiplicando-os ou
Ocorre que, na prática. não precisamos dividindo-os por 10, 100, 1.000, etc., obtemos
ter valores precisos de resistores para a os outros valores possíveis. Nesta série, com
maioria das aplicações. Assim, quando se 10% de tolerância, temos portanto valores
projeta um equipamento eletrônico, leva-se como 470 ohms, 2.200 ohms, 56.000 ohms, 1,2
em conta uma certa tolerância de valores ohm, 330.000 ohms, etc. Evidentemente não
para os componentes usados. teremos valores como 38 ohms, 245 ohms,
24.000 ohms, pois não fazem parte da série.
Uma faixa comum de tolerância é 10%.
Isso significa que, se calcularmos um valor de Para a série E6 (20% de tolerância) temos os
100 ohms para uma aplicação, o aparelho vai valores básicos:
funcionar normalmente se usarmos qualquer
valor de resistência entre 90 e 110 ohms (10% 10 15 22 33 47 68
para mais ou para menos). Como conseqüên-
cia, em vez de precisarmos fabricar todos os Para a série E24 (5% de tolerância) os va-
valores de resistores entre 90 e 110 ohms, é lores são:
suficiente que tenhamos o valor de 100 ohms,
que vai cobrir esta faixa; em seguida teremos 10 11 12 13 15 16 18 20 22 24 27 30 33 36
o de 120 ohms, que vai cobrir a faixa logo 39 43 47 51 56 62 68 75 82 91 0
acima, e assim por diante (figura 3).
Obs.: para as séries E6 e E24, é válido o
mesmo processo de multiplicação e divisão
por 10, 100 e 1000.

2.3 Código de Cores

Nos resistores de grandes dimensões,


como os resistores de fio, existe bastante
espaço para especificar o valor, dissipação e
Fig. 3 demais informações que sejam importantes

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para o usuário. No entanto, nos resistores pequenos esse espaço


não existe, o que acarreta dificuldades para fabricantes e usuários.

Uma forma de se especificar os valores dos resistores (e de


outros componentes pequenos) é por meio de pintas, anéis ou fai-
xas coloridas. Essas faixas podem ser pintadas automaticamente
durante a fabricação, num processo muito mais simples que o da
escrita de cada detalhe do componente. Adota-se então uma co-
dificação universal que os profissionais da área devem conhecer.

O código para os resistores consiste numa seqüência de faixas


coloridas que são pintadas no corpo do componente, cada faixa
tendo um significado associado à posição que ocupa na seqüência,
conforme mostra a figura 4. Os resistores podem ter três, quatro
ou cinco faixas pintadas.

O código de cores é de extrema importância para o profissional,


pois também é adotado na identificação de outros componentes
que não os resistores.

Fig. 4

Código de Cores

CÓDIGO DE CORES
Cor Valor Multiplicador Tolerância
Preto 0 x1 -
marrom 1 x 10 + 1%
Vermelho 2 x 100 + 2%
Laranja 3 x 1.000 -
Amarelo 4 x 1.0000 -
verde 5 x 100.000 + 0,5%
Azul 6 x 1.000.000 + 0,25%
Violeta 7 - + 0,1%
Cinza 8 - -
Branco 9 - -
Ouro - x 0,1 + 5%
Prata - x 0,01 + 10%
Incolor - - + 20%

Usando o código

a) Três e quatro faixas: contando a partir da esquerda, as duas


primeiras faixas ou dois primeiros anéis determinam os dois pri-
meiros dígitos do valor da resistência. Ex.: Vermelho, Violeta = 27

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A terceira faixa determina qual será • Os valores dos resistores são dados por
o multiplicador das primeiras faixas. Ex.: um código de cores.
Laranja (× 1.000).
• Os resistores podem ter de 3 a 5 anéis
coloridos indicando as cores.
27 × 1.000 = 27.000
• No resistor de 3 ou 4 faixas, os dois
O valor será 27.000 ohms ou 27 k. primeiros anéis indicam os dois primeiros
dígitos da resistência. O terceiro anel
Se tivermos três faixas, a tolerância será indica o fator de multiplicação. O quarto,
20%; se tivermos quatro faixas, a quarta quando existe, indica a tolerância.
determina a tolerância conforme a tabela. • No de 5 anéis, os três primeiros indicam
os três primeiros dígitos. O quarto, o
b) Cinco faixas: as três primeiras determi- fator de multiplicação e o quinto, a
nam os três dígitos do valor. Ex.: marrom, tolerância.
verde, violeta = 157.
Saiba mais
A quarta faixa é o multiplicador. Exem-
plo: vermelho (× 100) Resistores são o centro de um assunto
fascinante que pode ir muito além do que
157 × 100 = 15.700 vimos nesta lição. Enumeramos a seguir al-
gumas das perguntas mais freqüentes sobre
O resistor será de 15.700 ohms, ou 15,7 k. o assunto e suas respectivas respostas.

A quinta faixa determina a tolerância, 1. O que acontece quando um resistor “quei-


conforme a tabela. ma”?
Os resistores normalmente “abrem”
Para você lembrar
quando queimam; ou seja, sua resistência
se altera para um valor maior ou mesmo
• Resistores são componentes cuja
para o infinito. Esta alteração é verificada
finalidade é apresentar uma resistência
através de instrumentos.
elétrica.
• Os resistores podem ser encontrados em 2. Os resistores custam caro?
diversos tipos e valores. Os resistores de carbono são muito bara-
• Os tamanhos dos resistores dependem de tos, chegando a custar poucos centavos,
quanto calor devem dissipar quando em dependendo do valor e tolerância. Os
funcionamento. outros tipos, dependendo do tamanho,
podem custar caro.
• Podemos encontrar resistores numa faixa
muito grande de valores, no entanto, eles
3. Como podemos testar um resistor?
não são fabricados em todos os valores
possíveis. Os resistores são testados medindo-se
sua resistência. Para esta finalidade o
• A adoção de faixas de tolerância nos profissional usa um instrumento chamado
permite fabricar resistores com apenas “multímetro” que, entre outras funções,
determinados valores de resistências. mede resistências.
• As faixas de tolerância correspondem
a séries comerciais que especificam os 4. O que são resistores SMD?
valores dos resistores. SMD significa Surface Mounting Devices

124/17
Instituto Monitor

ou Componentes para Montagem em Superfície. Os resistores


fabricados por meio dessa tecnologia são extremamente peque-
nos e usados em montagens de equipamentos miniaturizados.
São encontrados nos mesmos tipos e valores que os resistores
comuns.

Anotações e Dicas

124/18
Exercícios Propostos
1 - Qual dos seguintes valores de resistores com uma tolerância de 10 % não pode
ser encontrado comercialmente?
( ) a) 10 ohms
( ) b) 470 ohms
( ) c) 220.000 ohms
( ) d) 3.700 ohms

2 - Como são chamados os resistores destinados à dissipação de potência elevada,


feitos de um fio metálico de nicromo enrolado sobre uma base de porcelana?
( ) a) Resistores fixos.
( ) b) Resistores de carbono.
( ) c) Resistores de filme metálico.
( ) d) Resistores de fio.

3 - Se precisarmos de um resistor de 123 ohms da série de 10% de tolerância,


qual será o valor comercial mais próximo recomendado?
( ) a) 130 ohms
( ) b) 120 ohms
( ) c) 100 ohms
( ) d) 123 ohms

4 - Existem diversos tipos de resistores, classificados de acordo com o material


de que são feitos, ou com a tecnologia usada na sua fabricação. Os resistores
de carbono são resistores:
( ) a) de alta potência.
( ) b) de baixa potência.
( ) c) de baixo nível de ruído.
( ) d) de alta precisão.

5 - Consultando o código de cores dos resistores, responda: qual o valor de um


resistor que tem, na ordem de leitura, faixas com as cores amarelo, violeta,
vermelho?
( ) a) 472 ohms
( ) b) 470 ohms
( ) c) 270 000 ohms
( ) d) 4700 ohms

124/19
lição

Resistores
2 Variáveis
Introdução • Como a resistência varia conforme o tipo
do resistor.
Na lição anterior estudamos os resistores
fixos, ou seja, aqueles que são fabricados com 1. Resistores Variáveis
um único e definitivo valor e que são os mais
comuns em equipamentos eletrônicos. Nesta Nos circuitos eletrônicos em geral, existem
lição iremos estudar os resistores variáveis, aplicações em que é preciso alterar o valor do
cujo valor de resistência pode ser alterado resistor de modo a ajustá-lo ao funcionamento
conforme a necessidade de aplicação. de um equipamento, ou mesmo mudar o com-
portamento do aparelho durante a operação.
Os resistores variáveis são empregados É o que acontece quando desejamos alterar o
em muitos equipamentos, como, por exemplo, volume ou o tom da reprodução do som de um
nos controles de volume dos aparelhos de som, rádio ou amplificador. Para essas aplicações,
equalizadores, em dimmers de máquinas in- existem os resistores variáveis.
dustriais e em muitos outros equipamentos.
Também são usados em ajustes internos de Dentre os diversos tipos de resistores va-
equipamentos de diversos tipos. riáveis, os mais comuns são os potenciômetros
e os trimpots.
Para o profissional da eletrônica será
importante conhecer o funcionamento desses 1.1 Potenciômetros
resistores, assim como os diversos tipos em
que se apresentam, pois eles certamente apa- Os potenciômetros são resistores variáveis
recerão no seu trabalho muitas vezes. que nos permitem atuar sobre um elemento de
controle e mudar sua resistência a qualquer
O objetivo desta lição é tratar dos seguin- momento. São usados como controles em di-
tes assuntos: versos equipamentos, normalmente instalados
em seus painéis. É o caso dos potenciômetros
• O que são e como funcionam os resistores de controle de volume e tom de rádios e am-
variáveis. plificadores.
• Quais os tipos de resistores variáveis
encontrados nos equipamentos Os potenciômetros são representados pe-
eletrônicos. los seguintes símbolos (figura 5):
• Potenciômetros.
• Trimpots.
• Curvas de variação. Fig. 5 - Símbolos
• Valores comerciais.

124/21
Instituto Monitor

Nos potenciômetros rotativos (Figura


6.a), existe um cursor que desliza sobre um
elemento de resistência, de modo que a re-
sistência entre o ponto A e o cursor varia ao Deslizante
mesmo tempo que a resistência entre o ponto Fig. 7
B e o cursor (figura 6.b).
Em alguns casos os potenciômetros po-
dem ser duplos (figura 8.a) ou mesmo incor-
(a)
porar outros elementos de controle de um
circuito, como, por exemplo, uma chave que
liga e desliga (figura 8.b).
Rotativas (a) (b)

(b)

Cursor Giro RAX


Duplo Com chave
Fig. 8
RBX
A X B 1.2 Trimpots
R()
50 100 Esse tipo de resistor variável é usado
Cursor
na parte interna dos equipamentos, tendo a
Fig. 6 função de possibilitar ajustes. Normalmen-
te, uma vez ajustados para apresentar uma
Assim, quando o cursor vai de A para determinada resistência, os trimpots não são
B, a resistência entre A e o cursor aumenta, mais tocados, a não ser quando necessário.
enquanto a resistência entre B e o cursor di-
minui. Enquanto isso, a resistência entre as Na figura 9 vemos os aspectos mais co-
extremidades permanece constante; é a cha- muns desses componentes, assim como seu
mada resistência nominal do potenciômetro. símbolo.

Vejamos um exemplo: num potenciô-


metro de 100 ohms, a resistência varia de 0
a 100 entre A e o cursor, e de 100 ohms a 0
entre o cursor e B, mas fica constante em 100
ohms entre as extremidades.
Símbolos Trimpots
Dependendo da intensidade da corrente
Fig. 9
que deverá passar pelos potenciômetros, eles
podem ser feitos de carbono ou fio. Os de fio
são usados no controle de correntes maiores. Os trimpots são normalmente de carbono
e têm o mesmo modo de variação de resis-
Nos potenciômetros deslizantes, ou slide tência que os potenciômetros.
(figura 7), o cursor desliza sobre o elemento
resistivo de carbono, de modo a termos o Um tipo importante de resistor variável
mesmo tipo de variação da resistência entre de ajuste é o trimpot (ou potenciômetro)
A e o cursor e entre B e o cursor. multivoltas, mostrado na figura 10.

124/22
Instituto Monitor

R()

Fig. 10
R

Nele, o cursor desliza quando é girado


um parafuso. Para que o cursor vá de uma
extremidade a outra do elemento de resistên-
cia, é preciso dar muitas voltas no parafuso.
Isso permite um ajuste preciso da resistência
apresentada pelo componente, o que o torna Giro do
0 100 Cursor (%)
ideal para as aplicações mais críticas.
Fig. 11 - Curva de um Potenciômetro Liner
Tanto os potenciômetros como os trim-
pots são encontrados em faixas de valores que Os potenciômetros lineares podem ser
vão de poucos ohms até mais de 4,7 Mohms. usados em aplicações de controle e em ou-
tras nas quais seja necessária uma variação
2. Potenciômetros Lineares e desse tipo.
Logarítmicos 2.2 Potenciômetros Logarítmicos ou Log
A utilidade dos resistores variáveis, prin-
O ouvido humano não tem uma carac-
cipalmente potenciômetros, não se limita à
terística linear de sensibilidade. Ele é mais
variação do valor e da capacidade de dissipar
sensível aos sons fracos e diminui a sensi-
mais ou menos calor. Existem aplicações em
bilidade para os sons mais fortes, como se
que precisamos variar de maneira constante
houvesse um “controle de ganho” evitando
e uniforme a resistência apresentada pelo
que nossos tímpanos sejam feridos.
componente num circuito; outras ainda espe-
ram de um componente um comportamento
A curva de sensibilidade do ouvido hu-
não uniforme. Isso nos leva a dois grupos de
mano é representada pelo gráfico da figura 12.
potenciômetros, que se diferenciam segundo
o modo de variação da sua resistência. Sensibilidade Relativa

2.1 Potenciômetros Lineares ou Lin R

Os potenciômetros lineares são aqueles


cuja resistência varia em proporção direta
com o movimento de seu cursor; ou seja,
em proporção direta com o ângulo de giro
nos potenciômetros rotativos, ou com o
deslocamento do cursor nos potenciômetros
deslizantes.
Intensidade
A “curva” de variação da resistência
Máx sonora
desses potenciômetros é uma reta, conforme
mostra a figura 11. Fig. 12 - Curva de Sensibilidade do Ouvido

124/23
Instituto Monitor

Trata-se de uma curva logarítmica em Para você lembrar


que a sensibilidade é proporcional ao loga-
ritmo (log) da intensidade sonora. • Resistores variáveis são componentes que
podem ter sua resistência modificada
Como, em muitas aplicações, os potenci- pela ação de um operador.
ômetros são usados como controle de volume
• Os potenciômetros são usados em
sonoro (por exemplo, em amplificadores e
aplicações de controle nos painéis dos
outros equipamentos de som), é interessante
aparelhos.
adaptar esses componentes para que sua cur-
va de variação de resistência esteja de acordo • Os formatos e materiais de fabricação
com a sensibilidade do nosso ouvido. Isso dependem da aplicação e de quanto
possibilita um controle mais suave e preciso calor devem dissipar quando em
do som naqueles equipamentos. funcionamento.
• Os trimpots são resistores variáveis de
Os potenciômetros que apresentam esse ajuste que ficam normalmente dentro
tipo de curva são chamados potenciômetros dos equipamentos.
logarítmicos, ou log (figura 13). Encontrados
nos controles de volume de diversos tipos de • Os potenciômetros multivoltas são
aparelhos, possuem uma variação mais suave dispositivos de precisão.
da resistência no início do movimento do • Encontramos trimpots e potenciômetros
cursor e mais acentuada no centro. numa faixa muito ampla de valores.
• Os potenciômetros podem ter
R()
características diferentes de variação de
resistência.
R • Os potenciômetros lineares são aqueles
em que temos uma proporção direta
entre o movimento do cursor e a
resistência.
R • O ouvido humano possui características
2
logarítmicas de sensibilidade aos sons.
• Existem potenciômetros logarítmicos que
são usados em controles de volume de
equipamentos de som.
Giro (%)
50 100
Saiba mais
Fig. 13 - Curva de um potenciômetro Logaritmico
1. O que acontece quando um resistor vari-
ável “queima”?
Obs.: os potenciômetros lin e log podem
Diversos problemas podem aparecer nos
ser tanto rotativos como deslizantes. Além
equipamentos em que isso ocorre. Um
desses dois tipos, são encontráveis poten-
deles é a perda de controle ou ajuste do
ciômetros com curvas as mais diversas,
equipamento. É o caso dos equipamentos
adaptadas ao tipo de controle que se quer
de som em que potenciômetros de volume
ter sobre o circuito.
estragados provocam ruídos no som.

124/24
Instituto Monitor

2. Como podemos testar um resistor variável?


Os trimpots e potenciômetros são testados medindo-se sua
resistência com o “multímetro”.

3. Podemos usar um potenciômetro linear numa aplicação que


exige um logarítmico?
Em princípio não é conveniente, pois teremos dificuldade com
o ajuste, principalmente nas extremidades do movimento do
cursor. No entanto, para um caso de emergência, em que um
equipamento não pode ser desligado, a troca pode ser feita, mas
apenas provisoriamente.

4. O que é um potenciômetro que “arranha”?


Quando o cursor perde o contato com o elemento de carbono do
potenciômetro, quando há sujeira neste elemento ou ele sofre
algum desgaste, ao movimentarmos o controle, o contato falha.
Se esse potenciômetro estiver sendo usado num equipamento de
som (volume ou tom), podem aparecer ruídos, como se alguma
coisa estivesse arranhando o componente quando ele é ajusta-
do. Podemos tentar recuperar esse potenciômetro fazendo uma
limpeza, pingando no seu cursor umas gotas de algum solvente
como álcool, benzina ou acetona e movimentando o eixo do
componente várias vezes. Se isso não resolver, o componente
deve ser trocado.

Anotações e Dicas

124/25
Exercícios Propostos
1 - Qual dos seguintes tipos de resistores é o mais apropriado para controlar a
corrente no circuito de uma lâmpada, como o mostrado na figura 14, de modo
que possamos ajustar a qualquer momento o brilho da lâmpada?

6V
Lâmpada 6V/200mA

( ) a) Um resistor fixo de carbono.


( ) b) Um resistor de fio.
( ) c) Um potenciômetro de fio.
( ) d) Um trimpot.

2 - Os potenciômetros que são construídos depositando-se uma película de carbono


sobre uma base na qual corre um cursor e que são destinados a trabalhar com
correntes fracas são denominados:
( ) a) potenciômetros fixos.
( ) b) potenciômetros de carbono.
( ) c) potenciômetros multivoltas.
( ) d) potenciômetros de fio.

3 - Existem diversos tipos de resistores variáveis, classificados de acordo com o


material de que são feitos ou com a tecnologia usada na sua fabricação. De
acordo com o que vimos, os potenciômetros multivoltas são resistores:
( ) a) variáveis de alta potência.
( ) b) fixos de baixa potência.
( ) c) variáveis para ajustes críticos.
( ) d) variáveis para correntes intensas.

124/26
Instituto Monitor

4 - Os potenciômetros deslizantes são:


( ) a) de alta potência.
( ) b) de baixa potência.
( ) c) de baixo nível de ruído.
( ) d) de alta precisão.

124/27
lição

3
Introdução 1. Associações de Resistores
Nas lições anteriores estudamos os resis- Quando diversos resistores são interliga-
tores, que são componentes encontrados em dos, os efeitos de suas resistências se combinam
grande quantidade, em todos os equipamentos e o resultado é que todo o conjunto se compor-
eletrônicos. A freqüência do emprego desses ta de uma forma bem definida, que pode ser
componentes vai além do seu uso isolado, pois prevista através de cálculos. Além disso, cada
eles podem também ser ligados em conjun- resistor associado passa a se comportar de uma
to, ou associados, de modo a combinar seus forma diferente de quando está isolado.
efeitos.
Para os profissionais da eletrônica, é im-
O conhecimento sobre associação de resis- portante saber como calcular os efeitos dessas
tores tem duas utilidades práticas: a primeira associações de resistores e saber o que aconte-
está em saber associar resistores de forma a ce com cada um, dependendo da forma como
obter um valor de resistência que não exista eles são ligados. Aprenderemos então nesta
na série comercial, ou que esteja em falta na lição os tipos de associações de resistores e
ocasião; a segunda consiste em saber prever os quais os seus efeitos.
efeitos de um conjunto de resistores num cir-
cuito, conhecimento este de grande utilidade 1.1 Associação em Série
pois, conforme dissemos, os resistores estão
presentes em grande quantidade em todos os Quando dois ou mais resistores são ligados
equipamentos. da forma indicada na figura 15, dizemos que
eles estão associados ou ligados em série.
Nesta lição você irá aprender sobre:
R1 R2 R3 Rn
• como os resistores podem ser associados;
• como calcular a resistência da associação Fig. 15
em série;
• como calcular a resistência da associação Este conjunto de resistores, de R1 a Rn,
em paralelo; se comporta como um único resistor que tem
resistência R, cujo valor é a soma das resis-
• quais as propriedades dessas associações; tências associadas:
• como calcular associações combinadas
série/paralelo. R = R1 + R2 + R3 + ....... + Rn

124/29
Instituto Monitor

Em suma, para calcular a resistência Este conjunto de resistores de R1 a Rn se


equivalente a uma associação de resistores comporta como um único resistor de valor
em série, basta somar suas resistências. Por R, ou seja, tem uma resistência equivalente
exemplo, um resistor de 5 ohms em série a R que pode ser calculada pela seguinte
com um de 7 ohms resulta numa resistência fórmula:
equivalente de 12 ohms. A seguir enumera-
mos as propriedades de uma associação de 1 1 1 1 1
= + + + ........... +
resistores em série: R R1 R2 R3 Rn

1. A corrente é a mesma em todos os Se tivermos apenas dois resistores asso-


resistores. ciados, conforme mostra a figura 18, pode-
mos simplificar esta fórmula para:
2. O resistor de maior valor fica submetido
à maior tensão, conforme mostra a figura (R1 × R2)
R=
16. (R1 + R2)
3. O resistor de maior valor se aquece mais
R1
(dissipa mais calor).
4. A resistência equivalente é maior que o
valor do maior resistor associado.
R2

R1 R2 R3
Fig. 18
10 20 30
1V 2V 3V Vamos a um exemplo de aplicação:

Calcular a resistência equivalente a um


6V
resistor de 2 ohms ligado em paralelo com
Fig. 16 um de 3 ohms, conforme mostra a figura 19.

1.2 Associação em Paralelo R1


2
Quando dois ou mais resistores são liga-
dos da forma indicada na figura 17, dizemos
que eles estão associados em paralelo. R2
3
R1

Fig. 19
R2
Fig. 17 (2 x 3)
R=
(2 + 3)
R3 6
R=
5
R = 1,2 ohm

Em uma associação em paralelo, a cor-


rente se divide pelos resistores, enquanto
Rn todos eles ficam submetidos à mesma tensão.

124/30
Instituto Monitor

A seguir enumeramos as propriedades desta associação, as quais


devem ser memorizadas:

1. A resistência equivalente a uma associação em paralelo é


menor que o valor do menor resistor associado.
2. Todos os resistores ficam submetidos à mesma tensão.
3. O resistor de menor valor é percorrido pela maior corrente.
4. O resistor de menor valor dissipa mais calor.

Obs.: é muito importante que você memorize tanto as fórmulas


para o cálculo das resistências equivalentes quanto as princi-
pais propriedades de cada tipo de associação. Como o cálculo
de resistores em série e em paralelo envolve o conhecimento de
um pouco de matemática básica, em caso de dúvidas você deve
procurar ajuda específica.

1.3 Associação em Série/Paralelo

Podemos combinar resistores em série e em paralelo, obtendo,


desta forma, associações mais complexas, como a mostrada na
figura 20. Nela encontramos alguns resistores ligados em série e
outros ligados em paralelo.
R1 R2

R4 R5
R2 R3

Fig. 20

Para determinar a resistência equivalente a esse tipo de asso-


ciação, não temos uma fórmula específica, pois as ligações série/
paralelo podem ser feitas de várias formas, conforme ilustra a
figura 21.

124/31
Instituto Monitor

R1 R2

R1 R4 Ra
R3 R4

Rb

R2 R3 R3
Fig. 22

Como resultado desses cálculos, temos


Fig. 21a uma associação mais simples (figura 23), em
que Ra e Rb estão em série.
R1
Ra

R2 R3
R Rb

R4
R = Ra + Rb

Fig. 21b Fig. 23

Para se calcular a resistência equivalen-


Basta então somar Ra e Rb para se obter
te a esse tipo de associação, o que fazemos
a resistência equivalente a todo o conjunto
é trabalhar por etapas, calculando setores
que é R.
em que podemos perceber que temos uma
associação em série ou uma associação em
Evidentemente, para as associações
paralelo simples.
mais complicadas, precisamos fazer muitos
cálculos como esse para obter a resistência
Vamos a um exemplo:
final equivalente.
No circuito da figura 22, podemos come-
Para você lembrar
çar calculando a resistência Ra equivalente
a R1 e R2, que estão em série. Depois calcu- • Quando associamos resistores, seus efeitos
lamos Rb equivalente a R3 e R4, que estão se combinam e eles, em conjunto, passam
em paralelo. a apresentar uma resistência equivalente.

124/32
Instituto Monitor

• Existem duas formas básicas de se associar resistores: associação


em série e em paralelo. Para calcular a resistência equivalente
a cada uma dessas associações, há fórmulas específicas.
• Os resistores podem ainda ser associados parte em série, parte
em paralelo (ligação série/paralelo)..
• Para calcular a resistência equivalente a uma ligação série/pa-
ralelo, separamos os conjuntos de resistores que estão em série
e os que estão em paralelo. Calculamos a resistência equivalente
deles por etapas, até chegar à resistência final da associação.

Saiba mais

1. O que acontece se um dos resistores de uma associação em série


“queima”?
Como sabemos, os resistores normalmente “abrem” quando
queimam, e isso causa a interrupção da corrente no circuito. É
o caso das ligações de lâmpadas de árvores de natal em série:
quando uma queima, todas se apagam.

2. Como são ligadas as lâmpadas de uma instalação elétrica do-


méstica: em série ou em paralelo?
As lâmpadas das instalações estão ligadas em paralelo para
que tenham funcionamento independente (cada uma recebe sua
corrente). Se a ligação fosse feita em série, quando uma lâmpada
de sua casa queimasse, todas as demais se apagariam.

3. Como identificar se, em um circuito, resistores ou outros compo-


nentes (como lâmpadas) estão ligados em série ou em paralelo?
Na prática, os componentes nem sempre ficam alinhados numa
ligação em série, ou um ao lado do outro numa ligação em
paralelo. A forma como eles estão dispostos no circuito pode
enganar o observador (figura 24), por isso é preciso sensibilidade
para perceber qual o tipo da associação, o que vai depender do
tempo e da prática.

124/33
Instituto Monitor

R1
R1

R2
R2

Série Paralelo

R1 R1

R3 R2
R2

R3

Série Paralelo

Fig. 24

4. Em um circuito, podemos trocar um resistor de determinado va-


lor por dois que, em conjunto, apresentem a mesma resistência?
Sim! Essa é justamente uma das aplicações das associações. Na
falta de um resistor de 100 ohms, por exemplo, você pode ligar
em série dois de 47 ohms (valor comercial mais próximo – ver
lição anterior).

124/34
Exercícios Propostos
1 - Em um circuito, resistores de 10, 20 e 30 ohms são ligados em série. Podemos
afirmar com certeza que:
( ) a) A resistência equivalente é de 60 ohms e o resistor de 30 ohms dissipa
maior potência.
( ) b) A resistência equivalente é de 60 ohms e o resistor de 10 ohms dissipa
maior potência.
( ) c) A resistência equivalente é de 60 ohms e todos dissipam a mesma potência.
( ) d) A resistência equivalente é menor que 10 ohms.

2 - Qual é a resistência equivalente à associação em paralelo de um resistor de


40 ohms com um de 60 ohms?
( ) a) 100 ohms
( ) b) 50 ohms
( ) c) 24 ohms
( ) d) 12 ohms

3 - Uma lâmpada que tem uma resistência de 10 ohms é ligada em série com
outra cuja resistência é de 20 ohms, conforme mostra o circuito da figura 25.
Quando alimentamos as duas lâmpadas por uma bateria, podemos afirmar que:

X1 10
+

Bateria

X2 20

Fig. 25

( ) a) as duas lâmpadas acendem com o mesmo brilho.


( ) b) a lâmpada de 10 ohms acende com maior brilho.
( ) c) a lâmpada de 20 ohms acende com maior brilho.
( ) d) a lâmpada de 10 ohms queima.

124/35
Instituto Monitor

4 - Qual é a resistência equivalente à ligação em paralelo de um resistor de 600
ohms com um de 900 ohms?
( ) a) 90 ohms
( ) b) 72 ohms
( ) c) 360 ohms
( ) d) 750 ohms

5 - Calcular a resistência equivalente à associação série/paralelo mostrada na


figura 26.

6

R1

R2
12 12
R3

Fig. 26

( ) a) 30 ohms
( ) b) 12 ohms
( ) c) 6 ohms
( ) d) 4 ohms

124/36
lição

4
Introdução • Funcionamento dos resistores sensíveis à
temperatura (NTCs e PTCs).
Não estudamos ainda todos os tipos de • Aplicações dos NTCs e PTCs.
resistores. Além dos resistores fixos e resis-
tores variáveis, existe ainda uma outra ca- 1. Resistores Sensíveis à Luz (LDRs)
tegoria da família desses componentes que
é de grande importância prática. Falamos LDR é a abreviação de Light Dependent
dos resistores especiais, cujas características Resistor, ou Resistor Dependente de Luz.
variam conforme algum tipo de influência Trata-se de um componente cuja resistência
externa. varia conforme a quantidade de luz que incide
numa superfície sensível, feita de sulfeto de
Os resistores especiais são empregados cádmio (CdS). Por isso, em algumas publica-
como sensores de muitos equipamentos, por ções técnicas, o LDR poderá ser chamado de
exemplo, na iluminação automática, em equi- célula de sulfeto de cádmio, ou CdS. Também
pamentos de uso médico e industrial, na com- é conhecido como foto-resistor.
pensação dos efeitos da temperatura dentro de
equipamentos de todos os tipos, etc. Na figura 27 temos o símbolo adotado
para representar esse componente dos tipos
Em especial, estudaremos resistores sensí- mais comuns.
veis à luz e à temperatura, os mais comuns em
equipamentos e instalações. Para o profissio-
nal da eletrônica, será muito importante saber
como são e como funcionam esses resistores,
pois eles certamente aparecerão no seu traba-
lho muitas vezes.

Esta lição tem como objetivo tratar dos Símbolos


seguintes assuntos:
• Funcionamento dos resistores sensíveis à Fig. 27
luz, ou LDRs.
O comportamento elétrico do LDR é mos-
• Aplicação dos LDRs. trado pelo gráfico da figura 28.

124/37
Instituto Monitor

Resistência

1M

100k

10k

1k

100 Intensidade
de Luz
10 100

Fig. 28

No escuro, este componente apresenta uma resistência muito


alta, da ordem de centenas de milhares ou mesmo milhões de ohms.
No claro, sob iluminação forte como a do sol, essa resistência pode
cair para menos de 100 ohms.

Em outras palavras: no escuro, o LDR se comporta como um


resistor de valor muito alto, não deixando passar a corrente elétri-
ca; no claro, funciona como um resistor de valor baixo, que deixa
passar bastante corrente.

A sensibilidade do LDR é muito grande, o que faz dele um


componente muito apropriado para aplicações tanto amadoras
como profissionais. Por exemplo, tanto os sistemas de iluminação
pública quanto sistemas automáticos de uso doméstico usam o
LDR como sensor.

Apesar dessa sensibilidade e versatilidade, o LDR tem uma


limitação que precisa ser considerada: para certas aplicações, ele
é muito lento. Mesmo sendo mais rápido que o olho humano, ele
não pode ser usado em aplicações mais críticas que envolvam, por
exemplo, a detecção de variações de luz que ocorram com muita
rapidez.

2. Resistores Sensíveis à Temperatura


Além dos componentes cuja resistência se altera conforme a
luz, temos aqueles cuja resistência varia de acordo com a tempe-
ratura. São os chamados PTCs e NTCs.

124/38
Instituto Monitor

2.1 PTC Os PTCs podem ser usados como estabi-


lizadores em circuitos, de modo a compensar
PTC é a abreviação de Positive Tempe- os efeitos da temperatura. Por exemplo,
rature Coefficient, ou Coeficiente Positivo quando a corrente aumenta num circuito,
de Temperatura. Trata-se de um compo- tendendo a aquecer demais um componente
nente cuja resistência aumenta quando a crítico, o PTC entra em ação, reduzindo a
temperatura aumenta (por isso a expressão corrente e com isso compensando os efeitos
“coeficiente positivo”). da elevação da temperatura.

Na figura 29 temos o símbolo adotado Encontramos os PTCs em televisores,


para representar esse componente e o aspecto monitores de vídeo, diversos tipos de equi-
dos tipos mais comuns. pamentos de uso doméstico e industrial, além
de equipamentos científicos.
o
C
2.2 NTC

NTC é a abreviação de Negative Tempe-


rature Coefficient, ou resistor com Coeficien-
o
C
te Negativo de Temperatura. Este componen-
te funciona “ao contrário”do PTC, pois sua
resistência diminui quando a temperatura
Símbolos Aspectos aumenta.
Fig. 29
Na figura 31 temos o símbolo adotado
para representar este componente e seus
A figura 30 representa a curva caracte- aspectos mais comuns.
rística do PTC. Pelo gráfico, fica claro que,
para temperaturas maiores, a resistência o
C
desse componente é maior.
Resistência

o
C

Símbolos Aspectos

Fig. 31

Temperatura Na figura 32, mostramos a sua curva ca-


Fig. 30 racterística. Observe que, nas temperaturas
mais altas, a resistência é mais baixa.

124/39
Instituto Monitor

Resistência Para você lembrar


• Existem resistores que podem ser usados
como sensores de luz e calor.
• Os LDRs ou foto-resistores são resistores
sensíveis a luz. São usados como
sensores de iluminação em muitos
equipamentos de uso doméstico e
industrial.
• Os PTCs são resistores sensíveis à
temperatura. Sua resistência aumenta
Temperatura conforme a temperatura aumenta.
Fig. 32 • Os NTCs são resistores cuja resistência
diminui conforme a temperatura
Os NTCs têm basicamente as mesma aumenta.
aplicações que os PTCs, atuando como sen- • Os NTCs termométricos possuem
sores de temperatura de algum dispositivo pequena capacidade térmica
de controle. Eles podem ser encontrados em
equipamentos de uso doméstico e industrial, Saiba mais
além de equipamentos médicos e de pesquisa.
1. Qual é a diferença entre um LDR e uma
Um tipo especial de NTC é o mostrado fotocélula?
na figura 33, que possui uma capacidade
As fotocélulas são componentes que geram
térmica muito pequena, ou seja, absorve
energia a partir da luz, enquanto que os
pouco calor.
LDRs são componentes que simplesmente
têm sua resistência alterada pela luz. Em-
bora tanto as fotocélulas quanto os LDRs
possam ser usados como sensores de luz,
eles se comportam de modos diferentes,
devendo por isso ser usados em circuitos
específicos.

2. Os LDRs são mais sensíveis que o olho


humano?
Quando dizemos que os LDRs são mais
sensíveis que nossos olhos, isso significa
Fig. 33 que eles reagem a intensidades de luz e
comprimentos de onda que nossos olhos
não detectam. Nossos olhos, diferentemen-
Como absorve muito pouco calor, dadas te dos LDRs, não detectam luz ou radiação
as suas dimensões, este sensor afeta muito infravermelha.
pouco a temperatura do local em que está
sendo usado, o que o torna ideal para a 3. Como podemos testar um LDR?
fabricação de termômetros eletrônicos sen- Basta medir sua resistência no escuro e no
síveis. Por isso esse tipo de NTC é chamado claro. Para isso podem ser usados instru-
de termométrico. mentos comuns, como o multímetro.
124/40
Instituto Monitor

4. Como são especificados os valores de NTCs e PTCs?


Os valores de NTCs e os PTCs são especificados pela resistência
que apresentam a uma determinada temperatura, normalmente
a temperatura ambiente de 20 °C. Esta resistência pode variar
de poucos ohms a centenas de milhares de ohms.

5. Como podemos testar um NTC?


Da mesma forma como qualquer resistor ou mesmo o LDR:
medindo sua resistência com um multímetro.

Anotações e Dicas

124/41
Exercícios Propostos
1 - O resistor sensível à luz e que funciona como sensor é chamado:
( ) a) NTC
( ) b) PTC
( ) c) LDR
( ) d) Potenciômetro

2 - Quando a temperatura aumenta, o que acontece com a resistência de um NTC?


( ) a) Diminui.
( ) b) Aumenta.
( ) c) Não se altera.
( ) d) Pode aumentar ou diminuir, dependendo de seu valor.

3 - Quando a luz incide na superfície sensível de um LDR, o que acontece?


( ) a) Ele gera uma tensão.
( ) b) Sua resistência aumenta.
( ) c) Sua resistência diminui.
( ) d) Ele libera cargas elétricas.

4 - Existe um tipo de componente cuja resistência diminui quando a temperatura


diminui. Este componente:
( ) a) apresenta coeficiente positivo de temperatura.
( ) b) apresenta coeficiente negativo de temperatura.
( ) c) apresenta baixa resistência quando a temperatura é alta.
( ) d) serve como sensor de luz.

124/42
lição

5
Introdução Duas placas de metal separadas por um
material isolante, conforme mostra a figura
Nas lições anteriores, estudamos os resis- 34, formam um componente que chamamos
tores fixos e variáveis, que são componentes de capacitor plano. As placas de metal são
encontrados com muita freqüência nos equi- chamadas de armaduras e o material isolante
pamentos eletrônicos em geral. Outro tipo de de dielétrico.
componente bastante comum nos equipamen- Eixo
tos eletrônicos, e por isso mesmo de grande Armadura móvel
importância prática, é o capacitor. Dielétrico
Armadura Fixa
Assim como os resistores, os capacitores Fig. 34
são encontrados em diversos formatos e ta-
manhos; fabricados por diversas tecnologias, Ligando esse componente a uma bateria,
possuem várias aplicações práticas. conforme mostra a figura 35, uma das ar-
maduras se carrega positivamente e a outra
Nesta lição vamos estudar inicialmente negativamente. Ao carregarmos um capacitor,
os chamados capacitores fixos. Veremos como produzimos um campo elétrico entre as arma-
eles funcionam, quais os tipos mais usados na duras e, em conseqüência, estabelecemos uma
prática e também quais as suas propriedades diferença de potencial entre elas.
particulares.

Esta lição tem como objetivo tratar dos


seguintes assuntos:
• O que são e como funcionam os capacitores. +
+ + + + +
• Quais os tipos de capacitores encontrados
nos equipamentos eletrônicos.
- - - - -
• Unidades de capacitância.
• Aplicações dos capacitores.
• Valores comerciais.
Fig. 35

1. O Capacitor A quantidade de cargas da armadura po-


sitiva é igual à da armadura negativa. Mesmo
Podemos definir o capacitor como um depois de desligarmos a bateria, essas cargas
componente que pode armazenar cargas ou são mantidas pela atração mútua através do
energia elétrica. dielétrico.

124/43
Instituto Monitor

Se as armaduras de um capacitor forem O conceito de “constante dielétrica” re-


interligadas por meio de um fio condutor, fere-se à capacidade que cada material tem
as cargas podem fluir de uma para a outra de absorver cargas elétricas. O ar e o vácuo
até se anularem, pois, conforme vimos, elas possuem uma constante dielétrica igual ou
são equivalentes e de polaridades opostas. próxima de 1. No entanto, alguns materiais
Nessas condições, o capacitor se descarrega, empregados na fabricação de capacitores
conforme mostra a figura 36. possuem constantes dielétricas muito maio-
res. Confira na lista a seguir as constantes
Descarga dielétricas de alguns desses materiais.
Capacitor
Constante Dielétrica

• Ar: 1,0006
• Baquelite: 5
• Vidro: 6
Fig. 36
• Mica: 5
A quantidade de cargas que um capacitor
• Óleo: 4
pode armazenar depende de fatores como:
• Papel: 2,5
a) O tamanho das armaduras: quanto maio- • Borracha: 3
res forem as armaduras de um capacitor,
mais energia ele pode armazenar. Pode- • Teflon: 2
mos dizer que a que a capacidade de ar-
mazenamento é diretamente proporcional 1.1 Tipos de Capacitores
à superficie das armaduras.
Os materiais e a forma como são feitos
b) A separação entre as armaduras: quanto os capacitores normalmente lhes dão os no-
mais próximas elas estiverem uma da mes. Assim, para aplicações em eletricidade
outra, maior será a quantidade de cargas e eletrônica, encontramos capacitores de
que o capacitor pode armazenar. Podemos mica, cerâmica, poliéster, styroflex, papel,
dizer que a capacidade de armazenamento etc., que são nomeados conforme o material
é inversamente proporcional à separação de que são feitos.
entre as armaduras.
c) A diferença de potencial estabelecida en- No que diz respeito à maneira como
tre as armaduras: a quantidade de cargas são feitos, podemos encontrar capacitores
que podemos armazenar num capacitor planos, tubulares, eletrolíticos, etc. O fato
depende da tensão em que isso ocorre é que não precisamos necessariamente usar
(trataremos especificamente desse item armaduras planas como as placas da figura
mais adiante). 34 para ter um capacitor.
d) O material de que é feito o dielétrico: o
Uma tecnologia muito usada para fabri-
tipo de material usado como dielétrico
car capacitores consiste em se colocar uma
também influi na capacidade de armaze-
folha flexível de material isolante, como
namento de um capacitor. Se um material
papel, plástico (poliéster, styroflex, policar-
com maior constante dielétrica for usado,
bonato), etc., entre duas folhas de material
o capacitor pode armazenar maior quan-
condutor. Enrolando depois o conjunto e
tidade de cargas.

124/44
Instituto Monitor

acrescentando os fios terminais, obtemos 1.2 Capacitância


um capacitor de formato tubular (figura 37).
A quantidade de cargas que podemos
Armadura
armazenar num capacitor depende da ten-
são em que isso ocorre. Essa relação carga/
Dielétrico tensão nos dá uma grandeza denominada
capacitância do capacitor.
Armadura
Chamando de C a capacitância, de Q a
Fig. 37 quantidade de cargas e de U a tensão, pode-
mos escrever:
Outro tipo de capacitor é aquele em que
o metal de uma das armaduras é “atacado” Q
C=
quimicamente por uma substância, forman- U
do-se entre eles uma película isolante que
será o dielétrico. Como o líquido (denomi- A unidade de capacitância é o Farad,
nado eletrólito) que ataca quimicamente o abreviado por F, mas o Farad é muito grande,
material é condutor, ele forma a outra ar- sendo muito mais prático usar seus submúl-
madura (figura 38). tiplos:
Película de óxido
(dulétrico)  microfarad (F) que equivale a 0,000001
farad ou 10-6 F
Metal
(armadura positiva)  nanofarad (nF) que equivale a
Armadura positiva
(líquido ou eletrólito)
0,000.000.001 farad ou 10-9 F

Fig. 38
 picofarad (pF) que equivale a
0,000.000.000.001 farad ou 10-12 F
Este tipo de capacitor é denominado
eletrolítico, e pode ser de alumínio ou tân- Veja que:
talo, conforme o material que forma uma
1 nanofarad = 1.000 picofarads
das armaduras. Na figura 39, temos diversos
tipos de capacitores encontrados nos equi- 1 microfarad = 1.000 nanofarads
pamentos eletrônicos comuns. 1 microfarad = 1.000.000 picofarads

1.3 Códigos dos Capacitores

Na prática, encontramos capacitores


numa faixa de valores muito grande, que
vai de poucos picofarads a mais de 100.000
microfarads ou perto de 1 farad.

Isso significa que os capacitores podem


ser encontrados em tamanhos os mais va-
riados, desde as pequenas pastilhas para
montagem em superfície, de dimensões re-
duzidas a poucos milímetros, até os grandes,
tubulares, do tamanho de uma garrafa de
Fig. 39 refrigerante de 2 litros.

124/45
Instituto Monitor

Da mesma forma que nos resistores, nos Finalmente, em (c), temos o mais co-
capacitores pequenos a indicação dos valo- mum, que é o mesmo código de três dígitos
res pode apresentar dificuldades, o que leva usado nos resistores. Nele, os dois primeiros
os fabricantes a adotar códigos variados. números indicam os dois primeiros dígitos
A existência de mais de uma forma de se da capacitância; o terceiro indica o fator
marcar o valor de um capacitor pode levar de multiplicação, ou o número de zeros a
a interpretações equivocadas, por isso mes- serem acrescentados. O resultado obtido é
mo é preciso estar atento ao trabalhar com em picofarads.
um componente desse tipo, a fim de evitar
confusões. Por exemplo 223 indica 22 x 1.000, ou
22.000 pF, que também pode ser expresso
Na figura 40 temos a forma como alguns por 22 nF.
capacitores são marcados, e que deu origem
a alguns códigos. 474 indica 47 x 10.000, ou 470.000 pF,
que equivale a 470 nF ou 0,47 uF.

2J7 4K7
Para você lembrar
4N7 10K
• Capacitores são componentes que armaze-
nam cargas elétricas.
(b)
(a) • Os capacitores possuem duas armaduras e
um dielétrico.
103
223 • Num capacitor carregado as armaduras es-
tão com cargas elétricas de sinais opostos.
• Interligando as armaduras, o capacitor
(d) descarrega-se.
Fig. 40
• O tipo de material do dielétrico dá nome
No primeiro caso (a) temos a marcação aos capacitores.
de capacitores cerâmicos de pequenos va- • A unidade de capacitância é o Farad.
lores (da ordem de poucos picofarads), em
• Para especificar os valores de capacitores,
que uma letra substitui a vírgula decimal.
são usados os submúltiplos do Farad: mi-
Esta letra indica o comportamento térmico
crofarad, nanofarad e picofarad.
do capacitor, ou seja, se ele aumenta ou di-
minui de capacitância com o calor e em que • Os capacitores podem ter os valores de
proporção. Assim, 4N7 significa que se trata suas capacitâncias marcados por códigos
de um capacitor de 4,7 nF. (observe que o N especiais. O mais usado é o de 3 dígitos.
é maiúsculo) • Na maioria desses códigos, os valores são
expressos em picofarads.
Em (b) temos uma marcação em que usa-
mos a letra k (minúsculo) para indicar quilo • Cuidado para não confundir o k (quilo) com
ou milhares de picofarads. o K (coeficiente de temperatura).

Para este tipo de marcação, 4k7 significa Saiba mais


que se trata de um capacitor de 4.700 picofa-
rads, ou 4,7 nF; 10k refere-se a um capacitor 1. O que acontece se tocarmos nas armaduras
de 10.000 picofarads, ou 10 nF. de um capacitor carregado?

124/46
Instituto Monitor

Muitos capacitores, quando carregados, apresentam tensões


elevadas entre as armaduras, podendo causar fortes choques
em quem os tocar. Evidentemente, para que haja o choque,
devemos tocar nas duas armaduras ao mesmo tempo, de modo
que a descarga ocorra através de nosso corpo. Os inventores do
capacitor (denominado originalmente Garrafa de Leyden), não
sabendo como usá-lo em outra coisa, ficavam dando choques
uns nos outros para demonstrar seu funcionamento!

2. Como saber de que tipo é um capacitor quando o encontramos


em um equipamento?
Os capacitores têm formatos diferentes e com o tempo o profis-
sional aprenderá a reconhecer cada um. Pelos exemplos dados
na própria lição, o aluno já pode ter uma idéia de como eles
são diferentes.

3. O que acontece quando um capacitor “queima”?


Da mesma forma que qualquer outro componente eletrônico,
os capacitores também apresentam problemas. Três tipos de
problemas podem ocorrer com um capacitor:
a) Quando ele entra em curto, ou seja, o dielétrico perde suas pro-
priedades isolantes e as cargas podem escoar de uma armadura
para outra;
b) Quando as armaduras se desligam dos fios por onde são levadas
as cargas, caso em que o capacitor está “aberto”, ou seja, não
funciona;
c) Quando o dielétrico passa a conduzir levemente a corrente,
deixando as cargas escoarem, mas vagarosamente. Dizemos,
nesse caso, que o capacitor apresenta “fugas”.

4. Podemos trocar um capacitor de um tipo por outro num circuito?


Depende da aplicação. Conforme veremos nas lições futuras,
para cada tipo de aplicação é preciso determinado tipo de ca-
pacitor. O profissional deve estar apto a saber quando ele pode
trocar um tipo por outro sem problemas.

124/47
Exercícios Propostos
1 - Num capacitor carregado, podemos afirmar que:
( ) a) as duas armaduras estão carregadas positivamente.
( ) b) as duas armaduras estão carregadas negativamente.
( ) c) uma armadura tem carga positiva e a outra negativa.
( ) d) o dielétrico tem elétrons livres.

2 - A capacitância de um capacitor depende de que fatores? (assinale a alternativa


que é a mais correta)
( ) a) Da superfície das armaduras.
( ) b) Da espessura do dielétrico.
( ) c) Do material de que é feito o dielétrico.
( ) d) As três alternativas anteriores são válidas.

3 - Se ligarmos uma à outra as armaduras de um capacitor completamente car-


regado, o que acontece?
( ) a) O capacitor se descarrega.
( ) b) O capacitor explode.
( ) c) A polaridade das cargas se inverte.
( ) d) A carga do capacitor aumenta.

4 - Como se chamam os capacitores que usam um líquido condutor de eletrici-


dade como armadura?
( ) a) Eletrolíticos.
( ) b) Cerâmicos.
( ) c) Poliéster.
( ) d) Todos os anteriores.

124/48
lição

Associação
6 de Capacitores
Introdução 1. Associações de Capacitores
Na lição anterior você foi apresentado Quando diversos capacitores são inter-
aos capacitores, componentes encontrados em ligados, os efeitos de suas capacitâncias se
grande quantidade nos equipamentos eletrô- combinam, e o resultado é que todo o conjunto
nicos. Assim como os resistores, os capacitores se comporta de uma forma bem definida, que
também podem ser ligados em conjunto, de pode ser prevista através de cálculos. Além
modo a combinar seus efeitos. disso, cada capacitor passa a se comportar de
uma forma diferente daquela quando isolado.
Conforme esclarecemos sobre os resis-
tores, há duas finalidades práticas no estudo Veremos a seguir quais são os tipos de
da associação de componentes, no caso os associações de capacitores, e quais as carac-
capacitores: a primeira está em saber associ- terísticas de cada uma delas.
á-los de forma a obter uma capacitância de
valor que não exista na série comercial, ou 1.1 Associação em Série
que não esteja disponível em determinada
ocasião (quando uma máquina quebra num Quando dois ou mais capacitores são liga-
fim de semana, por exemplo); a segunda está dos da forma indicada na figura 41, dizemos
em saber prever os efeitos de um conjunto de que eles estão associados ou ligados em série.
capacitores num circuito específico.

Esta lição tem como objetivo tratar dos


seguintes assuntos:
• Como os capacitores podem ser associados.
Fig. 41
• Como calcular a capacitância equivalente à
associação em série. Esse conjunto de capacitores, de C1 a Cn,
comporta-se como um único capacitor de
• Como calcular a capacitância equivalente à
capacitância C, cujo valor é calculado pela
associação em paralelo.
seguinte fórmula:
• Quais as propriedades dessas associações.
• Como calcular associações combinadas: 1 1 1 1 1
= + + + ....... +
série/paralelo. C C1 C2 C3 Cn

124/49
Instituto Monitor

Quando temos apenas dois capacitores


em série, o cálculo da capacitância pode ser
simplificado pela fórmula:
C1 C2 C3 Cn
(C  C2)
C= 1
(C1 + C2)

Por exemplo, um capacitor de 4 nF em Fig. 43


série com um de 6 nF resulta numa capaci-
tância equivalente de:
Este conjunto de capacitores de C1 a
(4  6) Cn, comporta-se como um único capacitor
C= (C), que pode ser calculado pela seguinte
(4 + 6)
fórmula:
24
C=
10 C = C1 + C2 + C3 + ... + Cn
C = 2,4 F
Ou seja, numa associação em paralelo a
Esta associação tem algumas proprieda- capacitância equivalente é a soma das capa-
des importantes que devem ser entendidas e citâncias associadas.
memorizadas:
Vamos a um exemplo de aplicação:
1. Os capacitores, mesmo que sejam de va-
lores (capacitâncias) diferentes, ficam
Calcular a capacitância equivalente a
carregados com a mesma carga (conforme
um capacitor de 100 pF ligado em paralelo
mostra a figura 42).
com um de 200 pF.
2. O menor capacitor fica submetido à maior
tensão. C = 100 + 200
3. A capacitância equivalente é menor que o C = 300 pF
menor capacitor associado.
+ - + - + -
As seguintes propriedades desse tipo de
+ - + - + - associação devem ser memorizadas:
+ -
+ - + - + -
+ - + - + - 1. A capacitância equivalente a uma asso-
ciação em paralelo é maior que o valor do
Fig. 42 maior capacitor associado.

1.2 Associação em Paralelo 2. Todos os capacitores ficam submetidos à


mesma tensão.
Quando dois ou mais capacitores são
ligados da forma indicada na figura 43, di- 3. O maior capacitor fica carregado com a
zemos que eles estão associados em paralelo. maior carga.

124/50
Instituto Monitor

Como o cálculo de capacitores em série e em paralelo envolve


o conhecimento de um pouco de matemática básica, em caso de
dúvidas procure auxílio específico.

1.3 Associação em Série/Paralelo

Podemos combinar capacitores em série e em paralelo ao


mesmo tempo, obtendo desta forma associações mais complexas,
como exemplifica a figura 44.
C1 C2

C1 C4

C2
C3
C5
C5
C3 C4

Fig. 44

Da mesma forma que nos resistores, na há fórmula específica


para o cálculo da capacitância equivalente a este tipo de asso-
ciação, pois as ligações podem ser feitas de diversas maneiras,
conforme mostra a figura 45.

C1 C1 C3

C4
C2 C3 C2

1 1 1 1 1 1 1
= + = + +
C C2 + C3 C1 C C1 + C2 C3 C4

Fig. 45

124/51
Instituto Monitor

Para se calcular a capacitância equivalente a este tipo de as-


sociação, o que fazemos é trabalhar por etapas, calculando setores
em que podemos perceber que temos uma associação em série ou
uma associação em paralelo simples. Em suma, trabalhamos pela
redução da associação a formas sucessivamente mais simples.

Vamos a um exemplo:

No circuito da figura 46, podemos começar calculando a ca-


pacitância Ca, equivalente a C1 e C2, que estão em série. Depois
calculamos Cb, equivalente à associação C3 e C4, que estão em
paralelo.

C1

Ca C3 C4

C2

Cb
Fig. 46

O resultado é que a associação fica convertida numa mais sim-


ples, desenhada na figura 47, em que temos Ca e Cb em paralelo.

Ca Cb

Fig. 47

Basta então somar Ca e Cb (que estão em paralelo) para se obter


a capacitância equivalente a todo o conjunto que é C.

Evidentemente, para associações mais complexas, precisamos


fazer muitos cálculos como este para obter a capacitância final
equivalente.

124/52
Instituto Monitor

Para você lembrar

• Quando associamos capacitores, seus efeitos se combinam e eles,


em conjunto, passam a apresentar uma capacitância equivalente.
• Existem duas formas básicas de se associar capacitores: em série
e em paralelo. A capacitância equivalente dessas associações
pode ser calculada por meio de fórmulas específicas.
• Os capacitores ainda podem ser associados de forma mista (li-
gação em série/paralelo).
• Para calcular a capacitância equivalente de uma ligação em
série/paralelo, separamos os conjuntos de capacitores que estão
em série dos que estão em paralelo; calculamos a capacitância
equivalente desses conjuntos por etapas, até chegar à capaci-
tância final da associação.

Saiba mais

1. O que acontece se um dos capacitores de uma associação em


série “queima”?
O capacitor queimado pode entrar em curto ou abrir. Quando
abre, a associação passa a ter capacitância nula e, quando entra
em curto, é como se ele fosse retirado da associação e ficassem
os demais.

2. Quando desejamos ter a maior capacitância possível, como


devemos ligar os capacitores?
Evidentemente, eles devem ser ligados em paralelo, pois suas
capacitâncias se somam.

3. O que fazer quando não temos capacitores de valores exatos


para uma aplicação?
Na verdade, os capacitores têm tolerâncias elevadas (chegando a
mais de 20%). Isso significa que se precisarmos de um capacitor
de 500 uF, não precisamos ligar um de 470 uF (que é o valor co-
mercial mais comum) em paralelo com um de 30 uF para obter o
valor desejado. O de 470 uF já está dentro da tolerância exigida
para a função de um de 500 uF.

4. Em um circuito, podemos trocar um capacitor de determinado


valor por dois que, em conjunto, tenham a mesma capacitância
equivalente?
Sim! Essa é justamente uma das aplicações para as associações.
Na falta de um capacitor de 100 nF, por exemplo, o aluno pode
ligar em paralelo dois de 47 nF (valor comercial mais próximo
– ver lição anterior).

124/53
Exercícios Propostos
1 - No circuito reproduzido na figura 48, qual é a capacitância equivalente e qual
o capacitor que se carrega com a maior carga?

3F 2F

( ) a) A capacitância equivalente é 1,2 uF e o capacitor de 2 uF fica com a maior


carga.
( ) b) A capacitância equivalente é 1,2 uF e os dois capacitores ficam com a
mesma carga.
( ) c) A capacitância equivalente é 5 uF e o capacitor de 2 uF fica com a maior
carga.
( ) d) A capacitância equivalente é 5 uF e o capacitor de 3 uF fica com a maior
carga.

2 - Um capacitor de 20 uF é ligado em série com um capacitor de 30 uF. Podemos


afirmar que:
( ) a) a capacitância equivalente é 50 uF e o capacitor de 30 uF fica com a maior
carga.
( ) b) a capacitância equivalente é 12 uF e o capacitor de 30 uF fica com a maior
carga.
( ) c) a capacitância equivalente é 12 uF e o capacitor de 12 uF fica com a maior
carga.
( ) d) a capacitância equivalente é 12 uF e os dois capacitores ficam com a mesma
carga.

124/54
Instituto Monitor

3 - Na figura 49, temos uma associação de capacitores em paralelo com valores de


C1 = 10 F, C2 = 20 F , C3 = 30 F e C4 = 100 F. Analisando esta associação,
assinale a alternativa que não é verdadeira.

100V
Fig. 49 C1 C2 C3 C4
10F 20F 30F 100F

( ) a) Todos os capacitores ficam com a mesma carga.


( ) b) C4 fica com a maior carga.
( ) c) C1 fica com a menor carga.
( ) d) A tensão em todos os capacitores é de 100 V.

4 - Uma máquina industrial teve um capacitor de 100 F queimado. O técnico


responsável pela manutenção não encontrou no estoque um capacitor com
este valor para fazer a substituição, e não pode deixar a máquina parada.
Existem no estoque capacitores de outros valores que podem ser usados em
associação para substituir o capacitor queimado. Dentre as opções abaixo,
que combinação de capacitores o técnico deve fazer para conseguir a capa-
citância necessária?
( ) a) Dois capacitores de 200 uF em paralelo.
( ) b) Dois capacitores de 200 uF em série.
( ) c) Dois capacitores de 50 uF em série.
( ) d) Quatro capacitores de 50 uF em série.

5 - Calcular a capacitância equivalente à associação em série/paralelo de capa-


citores mostrada na figura 50.

C1 C2

24F 24F

Fig. 50 C? C3 C4
4F 2F

( ) a) 24 uF
( ) b) 12 uF
( ) c) 6 uF
( ) d) 4 uF

124/55
lição

Capacitores
7 Variáveis
Introdução 1. Capacitores Variáveis
Da mesma forma que alguns resistores po- Depois da montagem de um equipamento,
dem ter sua resistência modificada pela ação é comum precisarmos ajustar a capacitância
de um operador, há capacitores que também de um componente num ponto qualquer, a fim
possibilitam esse recurso. Em certas aplica- de garantir o bom funcionamento do conjunto.
ções, pode ser necessário mudar a capacitância Também é comum precisarmos alterar a ca-
de um capacitor num circuito, caso em que um pacitância de um circuito durante o próprio
tipo especial de componente deve ser usado. funcionamento do aparelho. Para esse tipo de
São os chamados capacitores variáveis, que finalidade, utilizamos os capacitores variáveis.
vamos estudar nesta lição.
1.1 Capacitores Variáveis Comuns
Os capacitores variáveis são encontrados
principalmente em circuitos que permitem O capacitor variável de placas paralelas,
mudar a freqüência de operação de sintoniza- componente mais comum dessa categoria,
dores de rádio, radiotransmissores, instru- pode ser encontrado nos formatos mostrados
mentos de medidas, circuitos de testes, etc. na figura 51.
Também são usados em ajustes internos de
diversos tipos de equipamentos.

É importante que você saiba como esses


capacitores variáveis funcionam e onde são
encontrados, pois eles certamente aparecerão Variável
no seu trabalho muitas vezes.

O objetivo desta lição é tratar dos seguin-


Símbolo
tes assuntos:
• O que são e como funcionam os
capacitores variáveis
Fig. 51
• Capacitores variáveis comuns
• Trimmers Na mesma figura mostramos o símbolo
• Tipos especiais usado para representá-lo.

• Usos e características dos capacitores Esse tipo de capacitor é constituído por


variáveis. um conjunto de placas de metal que formam

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Instituto Monitor

a armadura fixa, e um conjunto de placas Existem casos em que precisamos con-


móveis acionadas por um eixo, que formam a trolar simultaneamente a capacitância em
armadura móvel.Quando o eixo da armadura mais de um ponto de um circuito. Nesses
móvel é movimentado, as placas desta ar- casos podemos usar capacitores variáveis
madura se interpõem às placas fixas, porém de mais de uma seção, como o mostrado na
sem tocá-las. Com isso amplia-se a área de figura 54.
proximidade efetiva entre as placas (figura
52), e a capacitância do capacitor aumenta.
Variável Duplo

C C
Terminal das B
armaduras móveis A Símbolo
Fig. 54

Terminal das 1.2 Trimmers e Padders


armaduras fixas
Outra possibilidade refere-se a quando
Fig. 52 o componente é ajustado apenas uma vez
para garantir o funcionamento adequado do
equipamento, só precisando ser novamente
O capacitor tem então sua capacitância
ajustado em caso de reparos. Para esse tipo
máxima quando está totalmente fechado, e
de função usamos os capacitores ajustáveis.
mínima quando totalmente aberto. No tipo
de capacitor mostrado, as armaduras móveis
Neste grupo, destacamos os e
se movimentam sem encostar nas armaduras
os , que são mostrados na figura 55.
fixas, e o próprio ar funciona com dielétrico.

Um outro tipo de capacitor variável é


o mostrado na figura 53. O dielétrico desse
tipo de capacitor é composto por folhas de
plástico dispostas entre as armaduras fixas
e móveis. Trimmer

Eixo
Armadura móvel
Dielétrico Símbolo
Armadura Fixa Fig. 55

Fig. 53
Os trimmers e padders podem ter o as-
Os capacitores variáveis são normal- pecto de capacitores variáveis em miniatura,
mente usados em circuitos de sintonia de ou podem ser formados por placas (armadu-
altas freqüências. Suas aplicações típicas ras) que são apertadas/desapertadas por um
incluem a sintonia de rádios, transmissores, parafuso. Nesse tipo, quando as placas estão
instrumentos de laboratório, etc. O botão que afastadas, a capacitância do componente é
muda as estações de seu rádio controla um mínima, e quando estão totalmente aperta-
capacitor variável. das a capacitância é máxima. Nos tipos mais

124/58
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antigos, o dielétrico usado é uma fina folha Para você lembrar


de mica; nos mais modernos, usam-se folhas
de plástico especial.
• Os capacitores variáveis são empregados
1.3 Valores dos Capacitores Variáveis quando se deseja modificar a
capacitância num circuito.
Os capacitores variáveis comuns e ajus- • Nos capacitores variáveis comuns, um
táveis são componentes de ajuste de circuitos eixo movimenta um conjunto de placas
de altas freqüências, por isso normalmente que se interpõem a um outro conjunto de
têm pequenas capacitâncias. placas fixas, sem que umas se encostem
nas outras.
Os varáveis comuns possuem capacitân-
cias máximas da ordem de poucas dezenas • Podem ser fabricados capacitores
ou centenas de picofarads (na faixa de 50 a variáveis com diversos conjuntos de
500 pF). Quando especificamos um capacitor placas.
deste tipo, é conveniente indicar a faixa de
valores que ele pode varrer. Por meio da indi- • A aplicação mais comum desses
cação de um variável 10-100 pF, por exemplo, capacitores é em circuitos de sintonia de
sabemos que se trata de um capacitor que, altas freqüências.
quando está todo aberto, tem uma capaci-
tância de 10 pF, e todo fechado, de 100 pF. • Os trimmers e padders são capacitores
de ajuste, e podem ter o formato de
Em alguns casos, pode-se indicar apenas pequenos variáveis ou de conjuntos de
a capacitância máxima, bastando lembrar placas que são apertadas e desapertadas
que ela nunca será zero quando o componen- para que se chegue ao ajuste desejado.
te estiver no mínimo, ou todo aberto. Quando as placas são apertadas, a
capacitância fica maior.
Nos trimmers e padders, a capacitância • Os capacitores variáveis são
é ainda menor, no máximo de 40 ou 50 pF componentes de baixa capacitância.
para os tipos comuns. Os valores desses com-
ponentes são especificados como nos variá- • As especificações normalmente são dadas
veis comuns, ou seja, pelos valores mínimo pela faixa de capacitância coberta pelo
e máximo. Um trimmer de 2-20 pF tem no componente.
mínimo 2 pF e no máximo 20 pF, podendo
ser ajustado para qualquer capacitância in- • As especificações dos trimmers e
termediária entre estes dois valores. padders também são dadas pela faixa de
capacitância coberta.
Obs.: Para os capacitores variáveis, tam-
bém é comum especificar-se a tensão • Para os variáveis, é comum também
máxima que podem suportar entre as ser indicada a tensão máxima entre as
armaduras. armaduras.

124/59
Exercícios Propostos
1 - Em qual das aplicações provavelmente encontramos um capacitor variável
de duas seções?
( ) a) Controle de volume de um amplificador.
( ) b) Seletor de tensões de uma fonte de alimentação.
( ) c) Seletor de estações de um rádio comum.
( ) d) Controle de velocidade de um motor elétrico.

2 - Quando um trimmer está com as placas mais próximas ou mais apertadas,


podemos afirmar que sua capacitância:
( ) a) é mínima.
( ) b) é máxima.
( ) c) está num valor intermediário entre o máximo e mínimo.
( ) d) está oscilando.

3 - Que componente normalmente usamos no ajuste fino de um oscilador de alta


freqüência, como o de um intercomunicador sem fio?
( ) a) Um capacitor variável simples.
( ) b) Um capacitor variável de duas seções.
( ) c) Um trimmer.
( ) d) Um trimpot.

4 - Num receptor de rádio, para sintonizar as freqüências mais elevadas, é preciso


diminuir a capacitância do circuito ressonante usado para esta finalidade.
Fazemos isso:
( ) a) fechando o capacitor variável.
( ) b) colocando o capacitor variável na posição média.
( ) c) abrindo o capacitor variável.
( ) d) atuando sobre o controle de volume.

5 - Um capacitor ajustável de 10-100 pFé empregado num circuito de ajuste.


Podemos afirmar que, na posição de mínima capacitância (todo aberto), ele
estará com:
( ) a) 10 pF
( ) b) 50 pF
( ) c) 100 pF
( ) d) 110 pF

124/60
lição

8
Introdução o formato de discos, pastilhas ou cilindros
(capacitores tubulares).
Na lição 5, estudamos os capacitores fixos.

103
Vimos que esses componentes podem ser fei- 10n
tos de diversos tipos de material, conforme a

10n
aplicação a que se destinam.

1
Nesta lição estudaremos dois tipos bastan-
te comuns de capacitores fixos: os capacitores Fig. 56
cerâmicos e os de poliéster. Veremos quais as
suas propriedades, seus valores e aplicações. Encontrados na faixa de valores que vai
de menos de 1 pF até 1 uF, os capacitores
Esta lição tem como objetivo tratar dos cerâmicos suportam tensões de trabalho que
seguintes assuntos: variam de 25 V a mais de 10.000 volts (10 kV).
Evidentemente, a capacitância e a tensão de
• Quais os tipos de capacitores cerâmicos e trabalho vão determinar o tamanho desse tipo
de poliéster encontrados nos equipamentos de componente.
eletrônicos.
• Onde são usados e quais as suas principais Além dessas, duas outras especificações
características. são importantes nesse tipo de capacitor: a to-
lerância e o coeficiente de temperatura. A tole-
• Como interpretar os códigos desses capa- rância diz respeito à máxima variação possível
citores. entre o valor real e o valor especificado para
• Como suas características variam conforme o componente em um circuito. O coeficiente
a temperatura. de temperatura nos diz o quanto a mudança
de temperatura interfere na capacitância de
1. Capacitores Cerâmicos um componente.

Conforme o nome sugere, este tipo de Os capacitores cerâmicos são muito usa-
capacitor fixo tem por dielétrico o material dos nos equipamentos eletrônicos em geral,
isolante conhecido como cerâmica. A cerâmi- especialmente para altas freqüências.
ca tem uma boa constante dielétrica e pode
suportar tensões elevadas, o que fez dela um 1.1 Códigos dos Capacitores Cerâmicos
material ideal para a construção de diversos
tipos de capacitores. Você já sabe que o pequeno tamanho de
muitos componentes dificulta que se escrevam
Os tipos mais comuns de capacitores ce- por extenso suas especificações. Nos capaci-
râmicos, mostrados na figura 56, podem ter tores cerâmicos, são usados diversos códigos

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que é preciso conhecer. O mais comum é Um outro tipo de código é aquele em que
código de 3 dígitos, em que os dois primeiros temos um número entre duas letras, como,
dígitos indicam os dois primeiros algarismos por exemplo, A 103 Z5U. Trata-se de um
da capacitância, e o terceiro indica o multi- capacitor para baixas temperaturas de 10
plicador, conforme a seguinte tabela: nF e tolerância de +22% a –56%. Confira as
tabelas:
Terceiro dígito Multiplicador Primeiro Símbolo Baixa Temperatura
0 1 Z +10 °C
1 10 Y -30 °C
2 100 X -55 °C
3 1.000
4 10.000 Segundo Símbolo Alta Temperatura
5 100.000 2 +45 °C
6 não usado 4 +65 °C
7 não usado 5 +85 °C
8 .01 6 +105 °C
9 .1
Variação de Capacitância
Terceiro Símbolo
Por exemplo, um capacitor cerâmico na faixa de temperaturas
com a marca 104 é de 100.000 pF ou 100 nF. A +/- 1%
(figura 57) B +/- 1,5%
4 zeros C +/- 2,2%

104 10 + 0000 D +/- 3.3%


= E +/- 4.7%
100 000 pF F +/- 7.5%
=
P +/- 10.0%
100 nF
= R +/- 15.0%
Fig. 57 0,1 F S +/- 22.0%
T +22%, -33%
Se após os três dígitos aparecer uma U +22%, -56%
letra, ela indica a tolerância, conforme a V +22%, -82%
seguinte tabela:
Letra Tolerância
B +/- 0.10%
Em alguns capacitores de pequenos
C +/- 0.25%
valores, podemos encontrar uma letra subs-
D +/- 0.5%
tituindo a vírgula decimal, ou no final da
E +/- 0.5%
marcação, indicando a tolerância ou o coe-
F +/- 1%
ficiente de temperatura. Assim 4N7 ou 4J7
G +/- 2% indicam capacitores de 4,7 pF.
H +/- 3%
J +/- 5% As letras n e k (minúsculas) podem apa-
K +/- 10% recer como multiplicadores (nano ou quilo)
M +/- 20% em capacitores como 4n7 (4,7 nF), 10n (10
N +/- 0.05% nF) e 10k (10 nF ou 10.000 pF, onde o k sig-
P +100%, -0% nifica quilo).
Z +80%, -20%

124/62
Instituto Monitor

2. Capacitores de Poliéster 3 dígitos como outras formas de marcação


de valores. A mais comum é a que indica o
O poliéster é uma resina sintética (um próprio valor numérico da capacitância, que
tipo de plástico) usada como dielétrico nes- pode aparecer de 3 formas:
se tipo de capacitor. Na figura 58 temos os a) Para capacitâncias inferiores a 10 nF, o
aspectos mais comuns desses capacitores, valor é dado diretamente em picofarads.
que se dividem em duas categorias: poliéster Exemplo: 4.700 significa 4.700 pF ou 4,7 nF
comum e metalizado.
b) Para valores acima de 10 nF, porém in-
feriores a 1 uF, o valor é dado em micro-
farads na forma de ponto seguido por um
número. Exemplo: .1 para 100 nF, ou 0,1
uF; .47 para 0,47 uF, ou 470 nF.
c) Para valores acima de 1 uF, a capacitância
é marcada diretamente com a indicação
uF. Exemplo: 1,5 uF.

Na figura 59, vemos estes capacitores


Fig. 58 com suas indicações.

4700 0,47 1,5F


No tipo comum tubular, uma folha de
poliéster é enrolada juntamente com duas
folhas de material condutor (folhas de alu-
mínio), que formam as armaduras. No tipo
metalizado, as armaduras são finas películas
4700 pF 0,47 F 1,5 F
de metal aplicadas no próprio dielétrico de
ou ou
poliéster. 4,7 nF 470 nF

Estes capacitores podem ser encontrados


Fig. 59
na faixa de valores que vai de 470 pF a mais
de 1 uF. As tensões de operação podem variar
entre 50 e 600 V tipicamente, dependendo Existem ainda outros tipos de códigos,
do fabricante. como o chamado “zebrinha”, em que faixas
coloridas (como as dos resistores) represen-
Os capacitores de poliéster não são in- tam números que indicam a capacitância
dicados para operação com sinais de altas em picofarads. As faixas restantes indicam
freqüências. Suas aplicações se limitam a a tensão de trabalho e a tolerância.
circuitos de corrente contínua e sinais de
baixas e médias freqüências, ou circuitos 3. Coeficiente de Temperatura
que operam com pulsos.
Todos os materiais manifestam mudan-
2.1 Códigos dos Capacitores de ças de suas características físicas (e even-
Poliéster tualmente químicas) com a temperatura.
Os corpos podem dilatar-se, podem ter sua
Para os tipos comuns destes capacito- condutividade elétrica modificada, podem
res, podemos encontrar tanto o código de sofrer alterações estruturais, etc.

124/63
Instituto Monitor

Com a mudança da temperatura, diversas das características


de um capacitor podem se alterar, dentre elas a capacitância. Essa
alteração pode ser indicada de três formas principais:

1. Pela quantidade de picofarads que a capacitância do componen-


te é alterada na sua faixa de temperatura. Exemplo: o coeficiente
de temperatura é 2 pF na faixa de –10 a +125 °C para um capa-
citor de 10 pF. Isso significa que nesta faixa sua capacitância
estará entre 8 a 12 pF.
2. Por porcentagem, também na faixa de temperaturas. Exemplo:
o coeficiente de temperatura é de –10% na faixa de temperatura
de operação de um capacitor de 100 pF. Sua capacitância estará
entre 100 e 90 pF na faixa de operação.
3. Por quantas partes por milhão (ppm) a capacitância é alterada
para cada grau centígrado de variação da temperatura. Exem-
plo: o coeficiente de temperatura de um capacitor de 1.000 pF é
de 10 ppm/°C. Isso significa que de 10 a 20 °C sua capacitância
vai mudar de 100 ppm, ou 0,01 pF

Em muitos casos, este comportamento dos capacitores pode


vir indicado na forma de um gráfico (figura 60).
pF

12

11

10

o
C
-30 -20 -10 0 10 20 30 40 50 60

Fig. 60

Para você lembrar

• Capacitores cerâmicos são usados em circuitos de altas freqüên-


cias, além de outros.
• Os capacitores de poliéster não são indicados para circuitos de
altas freqüências.

124/64
Instituto Monitor

• A marcação de valores dos capacitores de poliéster e cerâmicos


pode ser feita por códigos.
• Existem muitos códigos que não são mais usados, mas que apa-
recem em capacitores de equipamentos mais antigos.
• O capacitor tem suas características alteradas conforme a tem-
peratura.
• As alterações podem ser especificadas de diversas formas. Uma
delas é através de gráficos.

Saiba mais

1. Por que os capacitores de poliéster não servem para altas fre-


qüências?
Quando sinais de altas freqüências são aplicados nas armadu-
ras de um capacitor, elas carregam-se e descarregam-se rapi-
damente, exigindo assim que o dielétrico acompanhe com sua
carga estas mudanças. Dependendo do material de que é feito o
dielétrico, ele não consegue acompanhá-las (caso do poliéster).
O resultado é que, além de o capacitor perder sua capacidade
de carregar e descarregar as armaduras, o dielétrico se aquece,
tendo assim suas propriedades comprometidas.

2. Como podemos saber se um circuito é de alta ou de baixa fre-


qüência?
Mais adiante vamos aprender como funcionam os diversos tipos
de circuito. Simplesmente olhando um diagrama ou analisando
um equipamento, o profissional será capaz de dizer que tipo de
sinal está presente em cada parte e, assim, saber que tipo de
capacitor pode ser usado.

3. Podemos usar um capacitor cerâmico em lugar de um de poli-


éster sempre?
Em princípio, sim. O problema está apenas na disponibilidade
de valor, ou ainda na existência de outros fatores em que os
capacitores de poliéster podem ser melhores, como por exemplo
em determinadas aplicações que envolvem sinais de áudio.

4. O que é um capacitor de filtro?


Uma das funções dos capacitores é “filtrar” sinais, ou seja,
separar sinais de altas freqüências dos de baixas freqüências.
Quando um capacitor é usado com esta finalidade, dizemos que
se trata de um capacitor de filtro. Veja que o capacitor de filtro
pode ser de qualquer tipo, dependendo simplesmente do tipo
de sinal com que ele deve trabalhar.

124/65
Exercícios Propostos
1 - Em qual das aplicações não devemos utilizar um capacitor de poliéster?
( ) a) Circuitos de baixas freqüências.
( ) b) Circuitos de altas freqüências.
( ) c) Fontes de alimentação comuns.
( ) d) Circuitos alimentados por baterias.

2 - Qual dos seguintes capacitores cerâmicos tem por valor 68 nF?


( ) a) 6k8
( ) b) 68K
( ) c) 683
( ) d) 68N

3 - Em qual das seguintes aplicações é conveniente usar um capacitor cerâmico?


( ) a) Passagem de sinais de rádio de um receptor.
( ) b) Filtragem de uma fonte de alimentação.
( ) c) Passagem dos sinais de um microfone.
( ) d) Filtragem do tom de um amplificador de som.

4 - Um capacitor cerâmico tem a marcação 10 n. O valor deste capacitor é:


( ) a) 10 pF
( ) b) 10 nF
( ) c) 10 uF
( ) d) 1 nF

124/66
lição

Capacitores
9 Eletrolíticos
Introdução 1.1 Como são Construídos os Eletrolíticos

Depois dos capacitores cerâmicos e de Se uma substância líquida condutora de


poliéster, agora passamos ao estudo particular eletricidade denominada eletrólito entrar em
dos capacitores eletrolíticos Muito comuns nos contato com uma placa de alumínio (figura
equipamentos eletrônicos, eles são recomen- 61), ocorre uma reação química que forma
dados especificamente para circuitos de baixa sobre a placa uma finíssima capa de material
e média freqüência. isolante.

Nesta lição você ficará sabendo: Eletrólito Camada de


Óxido
• quais os tipos de capacitores eletrolíticos;
• onde são usados e quais as suas principais
características; Placa
• como ler os seus códigos;
Fig. 61
• em que valores os eletrolíticos são encontra-
dos nos equipamentos comuns;
Nessas condições, o eletrólito pode ser
• como suas características variam conforme considerado a armadura de um capacitor, a
a temperatura. placa de alumínio a outra armadura e a finís-
sima camada de óxido o dielétrico.
1. Capacitores Eletrolíticos
Como a capacitância de um capacitor é
Os capacitores eletrolíticos formam uma tanto maior quanto menor for a espessura do
categoria de componentes de grande utilidade, dielétrico e maior a sua constante dielétrica,
que todo profissional da eletrônica precisa essa técnica possibilita que se fabriquem com-
conhecer. Quando, em um equipamento, a ponentes de capacitâncias muito altas.
substituição de um capacitor danificado se
faz necessária, é preciso saber se um capacitor Os capacitores fabricados de acordo com
eletrolítico pode ser usado, ou quais devem esse princípio são denominados “eletrolíti-
ser as características do substituto, a fim de cos”, justamente por se basearem na ação
não comprometer o bom funcionamento do química de um eletrólito sobre uma superfície
equipamento. de metal.

Da mesma forma, o profissional deve estar 1.2 Tipos


apto a interpretar os códigos de marcação, as-
sim como outras especificações que os capaci- Os tipos mais comuns de capacitores ele-
tores eventualmente tenham. trolíticos são os de alumínio (figura 62).
124/67
Instituto Monitor

Ao usar um capacitor eletrolítico, é pre-


ciso sempre observar sua polaridade, a fim
de evitar a sua queima.

1.4 Eletrolíticos de Tântalo

O tântalo é um metal cujo óxido possui


uma constante dielétrica muito maior do que
a do óxido de alumínio. Isso significa que
usando com o tântalo a mesma tecnologia
de fabricação dos eletrolíticos de alumínio,
podemos obter capacitores muito menores
Fig. 62
ou com capacitâncias muito altas.
Esses capacitores podem ser encontrados
na faixa de capacitância que vai de 1 uF a Na figura 64 mostramos um capacitor
mais de 500.000 uF. Como a película que for- de tântalo e um de alumínio com a mesma
ma a camada de dielétrico é muito fina, eles capacitância.
são indicados para trabalhar com tensões
relativamente baixas. Podemos encontrar
+
os eletrolíticos com tensões de trabalho na Alumínio
faixa de 1,5 a 500 volts.

1.3 Polaridade

Os capacitores eletrolíticos, diferente-


Tântalo
mente de muitos outros tipos, são polariza-
dos. A armadura metálica deve ser sempre
carregada com carga positiva e o eletrolítico
Fig. 64
com carga negativa. Se houver inversão, o
dielétrico perde suas propriedades, permi- O ideal seria sempre usar os capacitores
tindo a circulação de uma corrente que o de tântalo, mas infelizmente eles são muito
destrói. O capacitor “entra em curto”, não mais caros, o que limita seu uso. Apenas nos
mais podendo ser usado. Por isso os capa- casos em que se necessita de altas capacitân-
citores eletrolíticos possuem marcação de cias ocupando pouco espaço é que eles são
polaridade, conforme mostra a figura 63. empregados.

Atualmente já se pode fabricar capacito-


+ +
- res eletrolíticos também de um outro metal
cujo óxido tem elevadíssima constante dielé-
trica: o nióbio. No entanto, as aplicações
destes capacitores ainda são limitadas.

1.5 Uso dos Capacitores Eletrolíticos


- ---

Com capacitores eletrolíticos, podemos


obter capacitâncias elevadas e tensões de
trabalho até relativamente altas, mas exis-
Fig. 63

124/68
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tem algumas propriedades adicionais que limitam a sua utiliza-


ção.Na prática, muitos desses capacitores são formados por um
papel embebido no eletrólito e posto em contacto com uma folha
de alumínio, conforme mostra a figura 65.

Alumínio

Papel embebido em
eletrólito

Fig. 65

Esta construção faz com que o capacitor se comporte como


uma verdadeira “bobina” (que estudaremos mais adiante), o que
é indesejável para algumas aplicações. Assim, além de só poderem
ser usados em circuitos que tenham polaridade definida, ou seja,
circuitos de corrente contínua, eles não podem ser usados em cir-
cuitos de altas freqüências.

É nos circuitos de baixas e médias freqüências que eles são


geralmente utilizados. Encontramos os capacitores eletrolíticos
em funções tais como a filtragem de correntes de fontes, circuitos
de som (saída de amplificadores, por exemplo) e outros onde não
existem sinais de alta freqüência sobre estes componentes.

1.6 Valores dos Capacitores Eletrolíticos

Os capacitores eletrolíticos de alumínio são componentes rela-


tivamente grandes, por isso podem ter seus valores (capacitâncias)
e tensões gravados diretamente nos seus invólucros, conforme
mostra a figura 66.
Já os capacitores de tântalo são componentes muito pequenos,
para os quais é adotada uma codificação que faz uso de faixas e
pintas coloridas, semelhante à dos demais capacitores e outros
componentes eletrônicos.

Nos capacitores de tântalo temos um conjunto de três faixas


para o valor, uma pinta para a tolerância e uma pinta para a tensão
de trabalho, conforme a seguinte tabela:

+ 100F
64V

+
10/10V

Fig. 66

124/69
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Cor Tensão 1o Dígito 2o Dígito Multiplicador


Preto 4 0 0 -
Marrom 6 1 1 -
Vermelho 10 2 2 -
Laranja 15 3 3 -
Amarelo 20 4 4 10.000
Verde 25 5 5 100.000
Azul 35 6 6 1 000.000
Violeta 50 7 7 10.000.000
Cinza - 8 8 -
Branco 3 9 9 -

Os valores são dados em picofarads.

Na figura 67 temos o modo como é feita a marcação.

Sem cor: 20%


Tolerância
Prata: 10%
1º Ouro: 5%
Tensão 2º

Fig. 67

Por exemplo, um capacitor com a pinta prateada, faixas de


valor vermelha, vermelha e azul e pinta de tensão violeta tem:
22.000.000 pF ou 22 uF, tolerância de 10% e tensão de trabalho
de 50 V.

Procure memorizar esses códigos, pois eles são úteis na iden-


tificação de diversos componentes.

Para você lembrar

• Capacitores eletrolíticos são usados preferencialmente em


circuitos de corrente contínua e baixa freqüência.
• Os capacitores eletrolíticos são componentes polarizados.
• As principais especificações dos capacitores eletrolíticos são a
capacitância e a tensão de trabalho.
• Existem dois tipos de capacitores eletrolíticos: alumínio e
tântalo.
• Os capacitores de tântalo têm a marcação por um código de
cores

124/70
Instituto Monitor

Saiba mais

1. Por que os capacitores eletrolíticos possuem uma borracha num


dos lados?
A borracha funciona como uma válvula de segurança, evitando
que ele exploda com violência em caso de algum problema de
funcionamento, como, por exemplo, inversão da polaridade ou
sobretensão.

2. Que tipos de defeito ocorrem com os capacitores eletrolíticos?


Os defeitos dos capacitores eletrolíticos são um pouco diferentes
dos que ocorrem com os outros tipos. Um deles é que o capacitor
entra em curto quando a camada de óxido perde sua isolação (o
que pode ocorrer com a inversão da polaridade ou com a tensão
excessiva). Outro problema é a perda da capacitância quando o
eletrólito resseca. Isso pode ocorrer após um determinado tem-
po de uso, ou seja, conforme a vida útil do componente. Temos
também as fugas, quando uma pequena corrente pode passar
pelo dielétrico, não havendo portanto um isolamento perfeito.

3. Como testar um capacitor eletrolítico de alumínio ou tântalo?


Podemos medir sua capacitância com um instrumento apro-
priado, chamado capacímetro. Outra forma de se testar o ca-
pacitor é simplesmente verificar se ele está em curto ou, ainda,
se ele apresenta fugas. Para isso, podemos usar um multímetro
comum.

Anotações/Dicas

124/71
Exercícios Propostos
1 - Em qual das aplicações não devemos utilizar um capacitor eletrolítico?
( ) a) Circuitos de baixas freqüências.
( ) b) Circuitos de altas freqüências.
( ) c) Fontes de alimentação comuns.
( ) d) Circuitos alimentados por baterias.

2 - Qual dos seguintes capacitores, de acordo com seu valor, certamente será do
tipo eletrolítico numa aplicação?
( ) a) 0,68 uF
( ) b) 68 pF
( ) c) 1000 pF
( ) d) 470 uF

3 - Em qual das seguintes aplicações é necessário usar um capacitor eletrolítico?


( ) a) Passagem de sinais de rádio de um receptor.
( ) b) Filtragem de uma fonte de alimentação.
( ) c) Setor de um circuito em que usamos uma baixa capacitância.
( ) d) Determinação da freqüência de operação de um computador.

4 - Um capacitor de pequenas dimensões numa placa de um equipamento indus-


trial tem a marcação 100 u. Este capacitor com certeza é de que tipo?
( ) a) Cerâmico.
( ) b) Eletrolítico.
( ) c) Poliéster.
( ) d) Poliéster metalizado.

124/72
lição

10
Introdução tor tem uma propriedade interessante: fun-
ciona como uma espécie de freio, opondo-se
Nos circuitos eletrônicos, encontramos à própria circulação da corrente, conforme
diversos tipos de componentes da família dos mostra a figura 68.
passivos. Os resistores e os capacitores que
estudamos até aqui são os mais famosos des- Corrente
sa família. Um terceiro tipo de componente
passivo, não tão comum quanto os resistores
e capacitores, mas de igual importância pelo
que faz num circuito, é o indutor ou bobina.
Campo
Como a maioria dos componentes, os in- Fig. 68
dutores podem ser encontrados em diversos
formatos e tipos. Cada tipo tem propriedades Uma corrente não se propaga com faci-
elétricas específicas, apropriadas para um lidade por um fio muito longo, pois precisa
determinado tipo de aplicação. vencer, além da resistência do fio, a própria
oposição de seu campo magnético. Esta opo-
Nesta lição você ficará sabendo: sição é denominada indutância.
• o que é indutância;
Podemos aumentar muito a indutância
• qual o princípio de funcionamento dos enrolando o fio por onde passa a corrente,
indutores; de modo a formar uma bobina. Dessa forma
• quais os tipos de indutores; estaremos concentrando as linhas de força do
campo magnético.
• onde são usados e quais as suas principais
características; A figura 69 mostra que, numa bobina ci-
• como interpretar os códigos dos indutores; líndrica, as linhas de força se concentram no
• em quais valores eles são encontrados nos seu interior.
equipamentos comuns.
Campo
1. Indutância Magnético

Quando uma corrente elétrica percorre


um fio, é criado um campo magnético à sua Corrente
volta. Este campo criado em torno do condu-
Fig. 69

124/73
Instituto Monitor

2. Indutores Núcleo
(chapas de ferro)

Os componentes formados por fios enro-


lados de modo a formar bobinas recebem o
nome de indutores. No entanto, dependendo
da aplicação, da técnica de construção e
até mesmo do formato, os indutores podem
receber nomes diferentes, como bobinas,
choques, toróides, etc.

Na figura 70 temos o aspecto desses Bobina


componentes e os símbolos adotados para
representá-los.
Fig. 71

Algumas bobinas podem ter sua indutân-


cia ajustada com o uso de núcleos que se
Núcleo de Núcleo de Núcleo de deslocam em seu interior, de modo a alterar
Ferro Ferrite Ar
Laminado
a sua indutância. Na figura 72, mostramos
uma bobina ajustável.
Fig. 70

2.1 Núcleos

Nos símbolos da figura 70 as linhas pon-


tilhadas e contínuas indicam os diferentes
tipos de núcleo de um indutor. Fig. 72

Explicando o que é o núcleo: se, no in-


terior de um indutor, colocarmos materiais 2.2 Fios Esmaltados
que tenham propriedades ferromagnéticas,
como o ferro doce (ferro com silício), ferro Nas bobinas em que as espiras estão mui-
comum ou ferrite (pó de ferro aglomerado), to próximas, ou mesmo encostadas umas nas
as linhas de força do campo magnético criado outras, deve existir um isolamento para o fio.
se concentram, resultando numa bobina com O isolamento de plástico dos fios comuns não
maior indutância. se aplica, tanto pela espessura como pelas
características do material.
Na prática, isso significa que podemos
usar esses materiais como núcleos das bo- Para o isolamento de bobinas, usamos ba-
binas, fazendo com que sua indutância au- sicamente dois tipos de fios de cobre isolados: o
mente (figura 71). primeiro tipo, mais comum, é o fio de cobre com

124/74
Instituto Monitor

capa de esmalte, também conhecido como fio esmaltado; o segundo


tipo, conhecido como fio litz, faz uso de uma capa de seda ou al-
godão, que pode receber um tratamento adicional de impermea-
bilização. Na figura 73, mostramos o aspecto dos dois tipos de fio.

Fig. 73

Obs.: os fios esmaltados são designados, ou pela sua espessura,


ou por um número AWG (American Wire Gauge. Confira na
figura 74 a tabela de fios AWG). É comum que uma bobina seja
especificada como tendo determinadas dimensões e como sendo
composta por fio de um determinado número AWG.

TABELA AWG ou B&S

Nº Diâmetro Secção Nº Diâmetro Secção


m/m m/m2 m/m m/m2
0 8,252 53,480 22 0,643 0,3247
1 7,348 42,410 23 0,574 0,2588
2 6,544 33,630 24 0,511 0,2051
3 5,827 26,670 25 0,455 0,1626
4 5,189 21,147 26 0,404 0,1282
5 4,620 16,764 27 0,361 0,1024
6 4,115 13,299 28 0,320 0,0804
7 3,665 10,550 29 0,287 0,0647
8 3,264 8,367 30 0,254 0,0507
9 2,906 6,633 31 0,226 0,0401
10 2,588 5,260 32 0,203 0,0324
11 2,304 4,169 33 0,180 0,0254
12 2,052 3,307 34 0,160 0,0201
13 1,829 2,627 35 0,142 0,0158
14 1,628 2,082 36 0,127 0,0127
15 1,450 1,651 37 0,114 0,0102
16 1,290 1,307 38 0,102 0,0082
17 1,151 1,040 39 0,089 0,0062
18 1,024 0,8235 40 0,079 0,0049
19 0,912 0,6533 41 0,071 0,0040
20 0,813 0,5191 42 0,064 0,0032
21 0,724 0,4117 43 0,056 0,0025

Fig. 72

124/75
Instituto Monitor

2.3 Usos dos Indutores • Para converter milihenry em microhenry


basta multiplicar por 1.000;
Os indutores ou bobinas têm usos de • Para converter milihenry em henry basta
acordo com suas características e sua in- dividir por 1.000;
dutância.
• Para converter microhenry em henry
Os tipos de pequenos valores de indu- para dividir por 1.000.000;
tância, com poucas espiras, núcleo de ferrite • Para converter microhenry em milihenry
ou sem núcleo, são usados em circuitos de basta dividir por 1.000.
alta freqüência, sintonia, transmissores, etc.
São chamados também de choques de RF Por exemplo, 47 mH equivalem a 0,047
(Rádio Freqüência). H e 0,22 H equivalem a 220 mH.

Os tipos de valores intermediários são Para você lembrar


usados em circuitos de médias freqüências,
circuitos de áudio e em filtros de médias e • Indutores são componentes formados por
baixas freqüências. São chamados também fios enrolados de modo a formar bobinas.
de choques ou, conforme o tamanho, de mi-
crochoques. • Os indutores podem ter núcleos de
materiais ferrosos que aumentam sua
Para os indutores de valores elevados, indutância.
com milhares de espiras de fio muito fino e • Os indutores são enrolados com fio
núcleo, ou de ferrite, ou de ferro laminado, esmaltado ou de capa de tecido.
o uso mais comum é em filtros de fonte e
• Quando um núcleo é introduzido num
em circuitos especiais de freqüências muito
indutor, sua indutância aumenta.
baixas.
• Os indutores podem ser usados em
2.4 Valores dos Indutores circuitos de altas freqüências, filtros e
em muitas outras aplicações.
A unidade de indutância é o Henry (H). • A unidade de indutância é o Henry.
Nas aplicações práticas em eletrônica, en-
contramos indutores cujos valores vão desde • São usados os submúltiplos microhenry e
milionésimos de henry até mais de 1 henry. milihenry.

Ainda que alguns indutores sejam gran- Saiba mais


des o bastante para permitir a gravação
direta de seus valores, é comum o uso de 1. Por que alguns indutores são blindados ou
submúltiplos do henry. O microhenry (uH) possuem núcleos com formatos “esquisi-
equivale a 0,000 001 H, ou à milionésima tos” (com placas no formato das letras E
parte do henry. O milihenry (mH) que equi- e F, por exemplo)?
vale a 0,001 H, ou à milésima parte do henry. O funcionamento dos indutores se baseia
Desses números se conclui que: na criação de um campo magnético. Este
• Para converter henry em milihenry basta campo é perigoso para certos projetos, pois
multiplicar por 1.000; pode interferir no funcionamento de com-
ponentes próximos. O formato especial
• Para converter henry em microhenry dos núcleos, além de concentrar o campo,
basta multiplicar por 1.000.000; aumentando assim a indutância, evita que

124/76
Instituto Monitor

as linhas do campo se espalhem, interferindo em componentes


próximos. As blindagens têm a mesma finalidade.

2. Que tipos de defeito ocorrem com os indutores?


O problema mais comum de um indutor é o rompimento das
espiras do fio que forma a bobina. Também é possível o iso-
lamento falhar e as espiras encostarem-se umas nas outras.
Quando isso ocorre, existe um “curto” no componente que só
pode ser detectado com instrumentos especiais.

3. Como testar um indutor?


Existem aparelhos chamados indutímetros, ou pontes de in-
dutância, que medem os indutores. Para verificar se um indutor
está com a bobina interrompida, podemos usar um medidor de
continuidade ou um multímetro.

Anotações e Dicas

124/77
Exercícios Propostos
1 - Aumentando-se o número de espiras de um indutor, podemos afirmar que:
( ) a) sua indutância aumenta.
( ) b) sua indutância diminui.
( ) a) sua indutância não se altera.
( ) b) o campo magnético no seu interior se torna mais fraco

2 - Nos fios usados na fabricação dos indutores existe uma camada de esmalte.
Sua finalidade é:
( ) a) aumentar a indutância.
( ) b) reduzir a indutância.
( ) c) isolar as espiras.
( ) d) atuar como dielétrico.

3 - O que acontece com a indutância de um indutor quando introduzimos um


núcleo de ferrite no seu interior?
( ) a) A indutância diminui.
( ) b) A indutância aumenta.
( ) c) A indutância não se altera.
( ) d) As espiras entram em curto.

4 - Qual dos materiais abaixo indicados não é apropriado para servir de núcleo
para um indutor?
( ) a) Ferrite.
( ) b) Ferro.
( ) c) Ar.
( ) d) Mica.

5 - Num projeto exige-se um indutor de 0,1 H. No entanto, nas marcações dos


indutores que possuímos, este valor é indicado na forma de um submúltiplo.
Qual dos indutores abaixo é o que desejamos para o projeto?
( ) a) 1 mH
( ) b) 10 mH
( ) c) 100 mH
( ) d) 1.000 uH

124/78
lição

11
Introdução Quando combinados entre si, os induto-
res passam a apresentar efeitos diferentes de
Na lição anterior, vimos o princípio de quando isolados em um circuito. É importante
funcionamento dos indutores, conhecemos os saber como calcular esses efeitos e com isso
tipos mais comuns, onde são usados e quais prever o que acontece com cada componente,
as suas principais características. Agora vere- dependendo da forma como são associados.
mos como os indutores podem ser ligados em
conjunto, de modo a combinar seus efeitos. 1.1 Associação em Paralelo

Como acontece com as associações de re- Quando dois ou mais indutores são ligados
sistores e capacitores, a utilidade desse estudo da forma indicada na figura 75, dizemos que
está em saber associar indutores de determi- eles estão associados ou ligados em paralelo.
nadas formas, a fim de obter uma indutância
de valor que não exista na série comercial ou
que não esteja disponível num determinado
momento.

Esta lição tem como objetivo tratar dos


L1 L2 L3 Ln
seguintes assuntos:
• Como os indutores podem ser associados.
• Como calcular a indutância numa associação
em série.
• Como calcular a indutância numa associação Fig. 75
em paralelo.
• Propriedades destas associações.
Este conjunto de indutores de L1 a Ln se
• Associações combinadas série/paralelo. comporta como um único indutor de indutância
L, cujo valor é calculado pela seguinte fórmula:
1. Associação de Indutores
1 1 1 1 1
= + + + ....... +
Assim como os resistores e capacitores, os L L1 L2 L3 Ln
indutores podem ser associados de duas formas
básicas: em série e em paralelo. Também é Quando temos apenas dois indutores em
possível uma terceira forma de associação, em paralelo, o cálculo da indutância pode ser
série/paralelo, que combina as duas primeiras. simplificado pela fórmula:

124/79
Instituto Monitor

(L1 × L2) Ou seja, numa associação em série a


L=
(L1 + L2) indutância equivalente é igual à soma das
indutâncias associadas.
Por exemplo, um indutor de 4 mH em
paralelo com um de 6 mH resulta numa indu- Vamos a um exemplo de aplicação:
tância equivalente de:
Calcular a indutância equivalente a um
(4 × 6) indutor de 100 uH ligado em série com um
L=
(4 + 6) de 200 uH.
24
L= L = 100 + 200
10
L = 2,4 mH L = 300 uH

A associação de indutores em paralelo A associação de indutores em série possui


tem as seguintes propriedades (procure me- as seguintes propriedades (procure memori-
morizá-las): zá-las):

1. A corrente se distribui pelos indutores 1. A indutância equivalente a uma associa-


(conforme mostra a figura 76). ção em série é maior que o valor do maior
2. A indutância equivalente é menor que a indutor associado.
do menor indutor associado. 2. Todos os indutores são percorridos pela
mesma corrente

1.3 Associação em Série/Paralelo


L1 L2 Podemos combinar indutores em série e
em paralelo ao mesmo tempo, obtendo desta
forma associações mais complexas, como a
Fig. 76 mostrada na figura 78.

1.2 Associação em Série L2


L1

Quando dois ou mais indutores são liga-


dos da forma indicada na figura 77, dizemos L3 L4 Paralelo
que eles estão associados em série.
L1 L2 L3 Ln

Fig. 77 Fig. 78

Este conjunto de indutores de L1 a Ln se Nesta associação, encontramos alguns


comporta como um único indutor de valor L, indutores ligados em série e outros em pa-
ou seja, tem uma indutância equivalente a L, ralelo. Para determinar a indutância equi-
que pode ser calculada pela seguinte fórmula: valente a esse tipo de associação, não temos
uma fórmula específica. Como nas associa-
L = L1 + L2 + L3 + .......... + Ln ções mistas de resistores e capacitores, o que
fazemos é trabalhar por etapas, calculando

124/80
Instituto Monitor

setores em que temos uma associação em Para você lembrar


série ou uma associação em paralelo sim-
ples. Em suma, trabalhamos pela redução • Quando associamos indutores, seus efeitos
da associação a formas sucessivamente mais se combinam e eles, em conjunto, passam
simples. a apresentar uma indutância equivalente.
• A indutância equivalente pode ser calcu-
Vamos a um exemplo:
lada.
No circuito da figura 79, podemos come- • Existem duas formas básicas de se associar
çar calculando a indutância La equivalente indutores: em paralelo e em série. Também
a L1 e L2, que estão em série. Depois calcu- é possível fazer associações mistas em sé-
lamos Lb, que equivale à associação L3 e L4, rie/paralelo.
que estão em paralelo. • Para calcular a indutância equivalente
das associações em série/paralelo, se-
L1 L2
paramos os conjuntos de indutores que
estão em série e em paralelo. Calculamos
La
L3 L4 Lb a indutância equivalente desses conjuntos
por etapas, até chegar à indutância final
da associação.

Saiba mais
Fig. 79
1. O que acontece quando um dos indutores
O resultado é que a associação fica con- de uma associação em série “queima”?
vertida numa mais simples, em que temos La
e Lb em série (figura 80). Os indutores podem entrar em curto ou
abrir. Quando abrem, a associação passa
a ter indutância nula, pois nenhuma cor-
La rente pode circular mais.

Lb 2. Como são ligados os indutores quando


desejamos ter a maior indutância possível?
Evidentemente, eles devem ser ligados em
série, pois suas indutâncias se somam.
L = La + Lb
3. O que fazer quando não temos indutores
Fig. 80
de valores exatos para uma aplicação?
Basta então somar La e Lb (que estão em Na verdade, os indutores têm tolerâncias
série) para se obter a capacitância L, equi- elevadas (chegando a mais de 20%). Isso
valente a todo o conjunto. significa que se precisarmos de um indutor
de 500 mH não precisamos ligar um de 470
Evidentemente, para as associações mais mH, que é o valor comercial mais comum,
complexas, precisamos fazer muitos cálcu- em série com um de 30 mH para obter o
los como este para obter a indutância final valor desejado. O de 470 mH já está den-
equivalente. tro da tolerância do valor exigido para a
função de um de 500 mH.

124/81
Instituto Monitor

4. Em um circuito, podemos trocar um indutor de determinado


valor por dois que, em conjunto, tenham a mesma indutância
equivalente?
Sim, essa é uma das possíveis aplicações para as associações.
Na falta de um indutor de 100 uH, por exemplo, pode-se ligar
em série dois de 47 uH (valor comercial mais próximo).

Anotações e Dicas

124/82
Exercícios Propostos
1 - Num circuito, temos indutores de 2 mH, 3 mH e 4 mH associados em série.
Qual é a indutância equivalente e qual dos indutores é percorrido pela maior
corrente?
( ) a) A indutância equivalente é 1,2 uF e o indutor de 2 mH é percorrido pela
maior corrente.
( ) b) A indutância equivalente é 9 mH e o indutor de 2 mH é percorrido pela
maior corrente.
( ) c) A indutância equivalente é 9 mH e o indutor de 4 mH é percorrido pela
maior corrente.
( ) d) A indutância equivalente é 9 mH e todos os indutores são percorridos pela
mesma corrente.

2 - Um indutor de 20 mH é ligado em paralelo com um indutor de 30 mH. Pode-


mos afirmar que:
( ) a) a indutância equivalente é 50 mH.
( ) b) a indutância equivalente é 15 mH.
( ) c) a indutância equivalente é 25 mH.
( ) d) a indutância equivalente é 12 mH.

3 - Na fi gura 81 temos uma associação de indutores em série com valores de


L1 = 10 mH, L2 = 20 mH , L3 = 30 mH e L4 = 100 mH. Analisando esta asso-
ciação, assinale a alternativa que não é verdadeira.

Fig. 81
L1 L2 L3 L4
10mH 20mH 30mH 100mH

( ) a) Todos os indutores são percorridos pela mesma corrente.


( ) b) A indutância equivalente é 160 mH.
( ) c) L1 é percorrido pela corrente mais intensa.
( ) d) A corrente em L2 é a mesma que a de L3.

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Instituto Monitor

4 - Uma máquina industrial teve um indutor de 10mH queimado. O técnico


responsável pela manutenção não encontrou no estoque um indutor com esse
valor para fazer a substituição, e não pode deixar a máquina parada. Existem
no estoque indutores de outros valores que podem ser usados em associação
para substituir o componente queimado. Dentre as opções abaixo, que com-
binação o técnico deve fazer para conseguir a indutância necessária?
( ) a) Dois indutores de 20 mH em paralelo.
( ) b) Dois indutores de 20 mH em série.
( ) c) Cinco indutores de 1 mH em série.
( ) d) Dois indutores de 5 mH em paralelo.

5 - Calcular a indutância equivalente à associação em série/paralelo de indutores


mostrada na figura 82.

2mH 4mH

Fig. 82 12mH 12mH

( ) a) 24 mH
( ) b) 12 mH
( ) c) 6 mH
( ) d) 4 mH

124/84
lição

Corrente
12 Alternada
Introdução 1. Corrente Contínua
Até aqui, analisamos circuitos simples e Os circuitos com os quais trabalhamos
alguns componentes importantes que apare- até agora são os chamados circuitos elétricos
cem numa infinidade de equipamentos eletrô- simples, formados, por exemplo, por pilhas e
nicos, sem, no entanto, levar em conta o tipo baterias ligadas a elementos como resistores
de corrente que atua sobre o circuito. Além e lâmpadas.
daquela que circula de uma forma única entre
os dois pólos de um gerador ou de um circuito, Na figura 83 temos um desses circuitos.
que é a corrente contínua, existe um outro tipo Observe que as pilhas estabelecem uma di-
de corrente com características distintas: a ferença de potencial no resistor, de modo a
corrente alternada. produzir uma corrente que circula entre o pólo
positivo e o negativo.
A corrente alternada, presente nas to-
madas de nossas casas e nas instalações
comerciais ou industriais, também pode ser Resistor
encontrada dentro dos próprios equipamentos,
cumprindo funções específicas. É importante
que você conheça bem esses os dois tipos de Pilha
corrente e saiba como os principais compo-
nentes e circuitos se comportam quando per-
corridos por elas. Corrente

Esta lição tem como objetivo tratar dos


Fig. 83
seguintes assuntos:
• O que é e como é produzida a corrente al-
A corrente circula sempre no mesmo sen-
ternada.
tido, de forma invariável e com intensidade
• Como medir a freqüência de uma corrente determinada pela resistência do resistor, se-
alternada. gundo a Lei de Ohm.
• Como analisar a forma de onda de uma cor-
rente alternada. Essa é a chamada corrente contínua,
abreviada por CC (também encontramos a
• As medidas da corrente alternada. abreviação DC, de Direct Current, nos docu-
• O que é uma senóide. mentos em inglês e nos painéis de aparelhos
importados). Para gerar uma corrente con-
• Valores de pico e rms.

124/85
Instituto Monitor

tínua, precisamos de uma fonte de tensão Os geradores das empresas que nos
constante, ou tensão também contínua, como fornecem energia elétrica são alternadores
as pilhas e baterias. (figura 85). Também encontramos o alterna-
dor nos automóveis (é ele o responsável por
2. Corrente Alternada transformar a força do motor em eletricidade
para todo o veículo).
Vamos imaginar um tipo de gerador
diferente das baterias e pilhas. Na figura
84 temos um tipo de gerador diferente, que
“gira” para criar uma corrente. O funciona-
mento característico desse gerador produz
uma corrente que “vai e vem”, conforme
simbolizam as setas da figura.
A corrente
“Vai e Vem”

Fig. 85

Lâmpada
2.1 Forma de Onda

A forma como a tensão muda de sinal ou


a corrente muda de sentido é suave e pode
ser expressa por um gráfico de sua forma de
onda, ou sua senóide (figura 86). Associamos
Fig. 84 os valores que a corrente assume a cada volta
aos ângulos de um ciclo completo do gerador.
A cada volta do gerador, a corrente cir-
90o
cula uma vez num sentido e outra no senti- 90
do oposto. Em outras palavras: os pólos do
gerador num momento ficam positivos e no 360o 360
outro negativos; ou seja, têm a polaridade 0 180
180 o

alternada de instante para instante. É por


isso que chamamos esse tipo de corrente de 270
corrente alternada. 270o T

Para produzir uma corrente alternada, é


Período
preciso que o circuito seja submetido a uma Fig 86
tensão alternada. Observe porém que o efeito
de uma corrente alternada é o mesmo de uma Em um processo periódico, o número de
corrente contínua. No caso da lâmpada liga- ciclos completos que ocorrem por segundo é
da ao gerador de corrente alternada, também o que chamamos de freqüência. Sua unidade
chamado de alternador, quando a corrente de medida é o hertz (Hz). Na rede de energia,
“vai” o filamento se aquece, e quando ela 60 vezes em cada segundo a polaridade é
“volta” também, o que significa que a lâm- positiva e 60 vezes é negativa; ou seja, temos
pada se acende da mesma forma. 60 ciclos completos produzidos a cada segun-

124/86
Instituto Monitor

do. Nesse caso dizemos que a freqüência da


corrente alternada da rede de energia é de %
60 hertz (60 Hz). Valor Máximo

Cada ciclo corresponde a 360 graus da


100
volta completa do gerador que o produz. Valores
Metade de um ciclo completo ou um semici- Interdiários
clo corresponde a 180 graus. Os pontos em
que a corrente ou tensão atinge maior valor 0
são denominados “picos” e ocorrem aos 90
e 270 graus. Para que um ciclo se complete,
precisamos de 1/60 segundo, o que significa
que o período da corrente alternada da rede
Fig. 87
de energia é 1/60 segundo.

Observe que o período é o inverso da Observe que a tensão sobe lentamente a


freqüência ou: partir do zero até atingir um valor máximo
no ângulo de fase de 90 graus. Este valor
1 atingido é o pico positivo.
f= (f = freqüência; T = período)
T
Como a corrente é gerada por um ge-
Existem países em que a freqüência da rador que “gira”, é comum representarmos
energia da rede é de 50 Hz. um ciclo completo da mesma maneira que
representamos uma volta completa de um
2.2 Valores da Corrente Alternada círculo, ou seja, por 360 graus.

Você já sabe que a corrente alternada Voltando ao valor máximo, observamos


está constantemente mudando de intensi- que ele permanece apenas por uma fração de
dade e sentido. O gráfico que tem a forma segundo. Assim, os efeitos que a corrente tem
de uma senóide ilustra com precisão esse ao entregar energia a um circuito de carga não
movimento. correspondem a este valor, mas sim a uma mé-
dia entre 0 e 100%, ou entre 0 e o valor de pico.
Existem diversas maneiras de expressar-
mos o valor de uma corrente ou de uma tensão São então definidos dois valores inter-
alternada. Podemos tomar o valor máximo mediários (figura 88) que refletem os efeitos
ou valores intermediários que dependem dos desse tipo de corrente e que, por isso, são os
efeitos que a corrente produz. Estes modos mais empregados nos cálculos de corrente
de representação são mostrados na figura 87. alternada.

124/87
Instituto Monitor

Vp = 1,41  Vrms
Pico positivo Vp = 1,57  Vm

Para você lembrar


70,7 %
RMS 63,7 % • A corrente contínua circula sempre no
Médio
mesmo sentido.
• A corrente alternada circula uma vez num
sentido e outra no sentido oposto.
• O gerador de corrente alternada é conhe-
cido como alternador.
Pico negativo • A energia que recebemos em casa é corrente
Fig. 88
alternada.
• Na corrente alternada, a forma como a
O valor rms (Root Mean Square), ou tensão muda de sinal ou a corrente muda
“raiz quadrada média” (2/2), corresponde de sentido pode ser expressa por um grá-
a 70,7% do valor de pico. fico de sua forma de onda, ou sua senóide.
• Freqüência refere-se ao número de ciclos
O valor médio corresponde a 63,7 % do completos que ocorrem por segundo em um
valor de pico. processo periódico. A freqüência é medida
em hertz (Hz).
Como calcular?
• A freqüência da rede de energia em nosso
Chamando de Vp o valor de pico, Vm o país é de 60 hertz (60 Hz).
valor médio e Vrms o valor da raiz quadra- • O valor de uma corrente ou de uma tensão
da média, temos as seguintes relações para alternada pode ser expresso pelo valor
cálculos: máximo (valor de pico) ou por valores in-
termediários: rms (70,7% do valor de pico)
Vm = 0,637  Vp e valor médio (63,7 % do valor de pico).
Vrms = 0,707  Vp

Anotações e Dicas

124/88
Exercícios Propostos
1 - Sabendo que a freqüência da rede de energia em nosso país é de 60 Hz, quantas
vezes por segundo a polaridade da tensão estabelecida é invertida em cada
segundo?
( ) a) 50 vezes.
( ) b) 60 vezes.
( ) c) 100 vezes.
( ) d) 120 vezes.

2 - A quantos graus corresponde metade do ciclo completo da tensão alternada


da rede de energia?
( ) a) 60°
( ) b) 120°
( ) c) 90°
( ) d) 180°

3 - Em qual das aplicações encontramos a corrente alternada?


( ) a) Na alimentação de rádios portáteis.
( ) b) No circuito da bateria de um carro.
( ) c) Na alimentação dos circuitos internos de um computador.
( ) d) Na instalação elétrica de nossa casa.

4 - Como a corrente alternada é gerada por um gerador que “gira”, é comum


representarmos um ciclo completo com a mesma divisão de um círculo (360°).
Durante um ciclo completo de um gerador de corrente alternada, os pontos
em que a corrente ou tensão atinge maior valor ocorrem a:
( ) a) 0° e 180°
( ) b) 90° e 270°
( ) c) 90° e 360°
( ) d) 0°, 90° e 270°

5 - O valor de pico de uma tensão senoidal cujo valor RMS é 200 V é:


( ) a) 200 V
( ) b) 141 V
( ) c) 282 V
( ) d) 400 V

124/89
lição

13 Transformadores
Introdução 1.1 Indução

Um dos componentes cujo princípio de Sabemos que, quando uma corrente elétri-
funcionamento está associado à corrente alter- ca percorre um condutor, é criado um campo
nada é o transformador, encontrado em quase magnético. Também sabemos que a eletrização
todos os equipamentos elétricos e eletrônicos. dos corpos pode se dar de três formas: por
atrito, por contato e por indução.
Como o nome sugere, o transformador
“transforma” os valores da energia elétrica, No caso específico da indução, temos o
mas só opera com correntes que variam, mais seguinte fenômeno: quando um condutor é
especificamente com a corrente alternada. Os movimentado através das linhas de força do
transformadores são encontrados tanto em campo magnético de um outro condutor ou
tamanhos reduzidos (em aparelhos como te- de um imã natural, produz-se no primeiro
lefones celulares, rádios) quanto em formatos condutor uma corrente.
maiores que uma casa (em grandes instalações
industriais). Dizemos, no caso, que houve indução de
uma corrente no primeiro condutor. Um fato
Esta lição tem como objetivo tratar dos importante a ser observado é que esta indução
seguintes assuntos: só ocorre quando o condutor é movimentado
em relação ao campo ou vice-versa.
• Como funciona um transformador.
• Como a tensão e a corrente se alteram no Na figura 89 ilustramos o fenômeno.
transformador. Campo
• Tipos de transformador. Magnético
Movimento
• Cálculo de tensões e correntes de um trans-
formador.

1. Transformadores
A principal aplicação prática dos trans-
Corrente
formadores está na alteração dos valores das Induzida
tensões e correntes, além de outras caracte-
rísticas de um circuito. Tratemos a princípio O movimento de um condutor num campo provoca
do fenômeno da indução, no qual se baseia o a indução de corrente
funcionamento do transformador. Fig. 89

124/91
Instituto Monitor

Entende-se portanto que a indução é um fenômeno dinâmico,


isto é, só ocorre quando há variação no campo magnético, seja ela
provocada pela movimentação relativa dos elementos físicos do
conjunto, seja pela variação da corrente que cria o campo. Isso
significa que o ligar e desligar da corrente também pode provocar
a indução.

1.2 O Transformador

Na figura 90 temos um bastão de material ferroso (que con-


centra as linhas de força do campo magnético) onde são enroladas
duas bobinas.
Primário Secundário

Interruptor

+
Indicador de
Pilha tensão

Fig. 90 - Princípio de funcionamento do Transformador

Uma das bobinas, denominada primário, é conectada a uma


pilha e a um interruptor que liga e desliga a corrente. A outra
bobina, que denominamos secundário, é ligada a um indicador
de tensão.

Quando ligamos o interruptor, a corrente estabelecida no pri-


mário cria um campo que induz uma tensão no secundário. Tão
logo a corrente se estabiliza no primário, encerra-se a indução e
a tensão no secundário cai a zero.

Quando desligamos o interruptor, a corrente cai a zero e as


linhas de força do campo criado se contraem. Durante essa contra-
ção, uma tensão de polaridade contrária é induzida no secundário
por um instante.

Nesse caso, só poderíamos ter uma tensão permanente (mesmo


que oscilando) no secundário se ficássemos ligando e desligando
o interruptor rapidamente. Este problema pode ser resolvido se,
em lugar de alimentarmos o primário com uma tensão contínua,
usarmos uma corrente alternada.

124/92
Instituto Monitor

As variações constantes da corrente no


primário induzem no secundário uma tensão 110V 6V 220V 110V
alternada de igual freqüência, conforme
mostra a figura 91.
Tensão de
saída

110V 220V 110V 12V

Tensão de
entrada

Fig. 91 - Operação com corrente alternada 6V

Este dispositivo formado por duas bo-


binas (primário e secundário), alimentado Fig. 93 - Tipos de Transformadores
por corrente alternada, recebe o nome de
transformador. Na figura 92 temos os símbo- Com relação ao modo como os transfor-
los adotados para representar os principais madores são construídos e quanto ao posi-
tipos de transformador. As linhas contínuas cionamento das bobinas, existem diversas
e tracejadas representam os núcleos. possibilidades. Podemos usar diferentes
formatos de núcleos, diferentes materiais,
como ferro laminado, ferrite; podemos até
mesmo fazê-los sem núcleo.

Na figura 94 temos os tipos mais comuns


de transformadores encontrados nas aplica-
Núcleo de Núcleo de Núcleo de ções eletrônicas.
Ferro Ferrite Ar
Laminado
Fig. 92

1.3 Tipos de Transformadores

Ao aplicarmos uma tensão alternada


no primário, o valor da tensão induzida
no secundário irá depender do número de
voltas de fio de cada enrolamento. Assim, se
o enrolamento secundário tiver metade do
número de voltas em relação ao primário, a
tensão ficará dividida por 2. Aplicando 220
V no primário, obtemos 110 V no secundário. Fig. 94 - Tipos comuns de Transformadores

Isso faz do transformador um dispositi-


vo que pode ser usado para alterar o valor O modo de construção de cada tipo de-
das tensões alternadas. Na figura 93 temos pende da potência com que ele trabalha, da
exemplos de transformadores com tensões freqüência da corrente que deve ser trans-
de primário e secundário as mais diversas. formada e também da tensão.

124/93
Instituto Monitor

1.4 Cálculos de Transformadores np = 500


ns = 25
Sabemos que a alteração de tensão que Vp = 100
um transformador promove depende de Vs = ?
como são feitos os enrolamentos primário e
secundário. Vimos que, se no secundário de Aplicando a fórmula:
um transformador tivermos a metade das
espiras do primário, a tensão ficará reduzida 100 500
=
à metade: aplicando 220 V num enrolamento, Vs 25
obtemos 110 V no outro (figura 95). 100
= 20
1000 espiras Vs

500 espiras Vs
= 100
20
Vs = 5 V
220V 110V
Vale lembrar, entretanto, que o trans-
formador não pode criar energia. Assim, se
a tensão no secundário aumenta, a corrente
disponível diminui na mesma proporção. Na
Fig. 95
figura 96 mostramos que a potência aplica-
da ao primário é a mesma que obtemos no
Nos trabalhos práticos com transfor- secundário.
madores, é comum que o profissional pre-
cise calcular qual será a tensão obtida no P1 P2
secundário quando a relação de espiras é
conhecida. Como fazer esse cálculo? 220V × 1A = 220W 110V × 2A = 220V

Para essa finalidade, existe uma fórmu-


la importante que precisa ser memorizada.
Chamando de Vp a tensão do primário; de P1 = P2
Vs a tensão de secundário; de np o número
de espiras do primário e de ns o número de Fig. 96
espiras do secundário, podemos escrever:
Para você lembrar
Vp np
=
Vs ns • A indução é um fenômeno dinâmico.

Exemplo: • O dispositivo formado por duas bobinas


(primário e secundário), alimentado por
Um transformador tem 500 espiras no corrente alternada, recebe o nome de
primário e 25 espiras no secundário. Apli- transformador.
cando uma tensão de 100 V no primário, qual • Em um transformador, a relação entre a
será a tensão obtida no secundário? tensão aplicada no primário e a tensão

124/94
Instituto Monitor

induzida no secundário irá depender do número de espiras de


cada enrolamento.
• É possível calcular qual será a tensão obtida no secundário
quando a tensão aplicada e a quantidade de espiras de cada
enrolamento são conhecidas.
• O transformador não pode criar energia. Se a tensão no se-
cundário aumenta, a corrente disponível diminui na mesma
proporção.

Saiba mais

1. Por que os transformadores esquentam?


Parte da energia que deveria ser transferida do primário para
o secundário perde-se, tanto pelo fato de o fio usado nos enro-
lamentos ter uma certa resistência, quanto pela ocorrência dos
chamados “fenômenos reativos”. Esta energia perdida conver-
te-se em calor, aquecendo o transformador.

2. Existem transformadores em circuitos de corrente contínua?


Um transformador não pode operar com uma corrente contínua
pura, conforme já vimos. Mas se uma corrente contínua for liga-
da e desligada rapidamente, ela se transforma numa “corrente
contínua pulsada” ou “pulsante”, o que viabiliza a indução
e a utilização do transformador. Nos automóveis, a chamada
bobina de ignição é na verdade um transformador que, graças
a um circuito que liga e desliga a corrente, transforma a baixa
tensão aplicada no primário em alta tensão para as velas no
secundário.

3. Por que a freqüência da energia é importante?


Para o transformador a freqüência é importante, pois deter-
mina o seu rendimento e o tipo de material que deve ser usado
no núcleo (como ocorre com as bobinas). Transformadores de
baixas freqüências, como os da rede de energia, usam núcleo
laminado, enquanto que transformadores de altas freqüências
usam núcleos de ferrite ou mesmo ar.

124/95
Exercícios Propostos
1 - Aplicando-se uma tensão alternada no enrolamento primário de um trans-
formador, obtém-se uma tensão alternada de valor diferente no secundário.
A energia aplicada ao enrolamento primário desse transformador passa para
o secundário de que forma?
( ) a) Por uma corrente elétrica.
( ) b) Por indução eletrostática.
( ) c) Por ondas de corrente alternada.
( ) d) Por indução magnética.

2 - Uma pilha é ligada ao primário de um transformador através de um interrup-


tor. No secundário do transformador, existe um indicador de tensão. Quando
ligamos o interruptor e o mantemos assim, podemos afirmar que:
( ) a) O indicador de tensão não indica nada, porque a tensão aplicada no
primário é contínua.
( ) b) O indicador de tensão indica a tensão da pilha.
( ) c) A tensão indicada pelo indicador depende da relação entre as espiras do
transformador, e continua sendo indicada mesmo depois que o interruptor
é ligado.
( ) d) O indicador de tensão indica uma tensão nesse instante e depois cai a zero.

3 - Quando ocorre indução de tensão no enrolamento de um transformador?


( ) a) Somente quando as linhas de força do campo magnético do
primário se expandem.
( ) b) Somente quando as linhas de força do campo magnético do
primário se contraem.
( ) c) Quando as linhas de força do campo magnético se estabilizam.
( ) d) Quando as linhas de força do campo magnético se contraem ou se
expandem.

4 - Os transformadores não funcionam nos circuitos de corrente contínua pura


porque:
( ) a) a intensidade da corrente contínua é menor que a das correntes alternadas.
( ) b) as variações da corrente ocorrem apenas num sentido.
( ) c) não ocorrem variações da corrente e portanto do campo magnético.
( ) d) a corrente circula pelo enrolamento primário apenas num sentido.

124/96
Instituto Monitor

5 - Um transformador tem um enrolamento primário com 500 espiras e um se-


cundário com 1000 espiras. Aplicando ao primário uma tensão de 110 Vrms,
obteremos no secundário uma tensão de:
( ) a) 55 Vrms
( ) b) 110 Vrms
( ) c) 200 Vrms
( ) d) 220 Vrms

124/97
lição

14
Introdução • Motores de corrente contínua.
• RPM e potência.
Muitos equipamentos de uso doméstico,
• Caixas de redução.
industrial ou mesmo científico utilizam re-
cursos da união de dispositivos eletrônicos e • Motores de passo.
mecânicos. Tamanha é a importância dessa
união que já existe uma ciência única que 1. Motores Elétricos
estuda o uso conjunto das duas tecnologias,
denominada mecatrônica. Os motores elétricos são usados em di-
versos tipos de equipamentos eletrônicos,
Dentre os inúmeros produtos dessa união, com a finalidade tanto de posicionar quanto
os motores elétricos são dos mais conhecidos de movimentar partes mecânicas. Nesta lição
e difundidos. Como a função dos motores analisaremos o princípio de funcionamento
elétricos é produzir força mecânica a partir dos motores elétricos de corrente contínua,
da eletricidade, o estudo de seu princípio de ou motores DC.
funcionamento é algo que interessa não só aos
profissionais da eletrônica, mas também aos 1.1 Funcionamento dos Motores Elétricos
da mecânica e da mecatrônica.
Quando submetemos um condutor (por
Nesta lição estudaremos o princípio de exemplo, um pedaço de fio) à influência de
funcionamento dos motores elétricos, suas um campo magnético e, ao mesmo tempo, à
características e principais aplicações. Será corrente elétrica de uma bateria ou pilha,
dado especial destaque aos motores de cor- surge uma força que tende a movimentar o
rente contínua, que são os mais encontrados condutor em determinada direção. Este efei-
nas aplicações práticas. to, representado na figura 97, é o princípio de
funcionamento dos motores elétricos.
Também trataremos um pouco dos cha-
mados motores de passo, que hoje equipam
Força Corrente
a maioria dos equipamentos informatizados.
As características desses motores possibilitam
que eles sejam controlados de maneira muito
precisa por computadores e outros dispositi-
vos de automação.
Campo
Esta lição tem como objetivo tratar dos Magnético
seguintes assuntos:
• O motor elétrico e seu funcionamento.
Fig. 97

124/99
Instituto Monitor

A força que aparece no condutor depende do sentido da cor-


rente que nele circula e também da orientação das linhas do campo
magnético. Podemos, por exemplo, controlar o movimento de um
fio num campo simplesmente mudando o sentido de circulação
da corrente.

Se enrolarmos o fio na forma de uma bobina, podemos aumen-


tar a força exercida pelo campo e pela corrente. Para obtermos
o efeito desejado, ou seja, produzir força e movimento, devemos
montar a bobina entre os pólos de um imã, além de contar com
alguns recursos adicionais.

A figura 98 reproduz a experiência com um motor elementar.


Trata-se de uma espira de fio que gira entre os pólos de um imã.
Observe que a espira é montada em um eixo, de modo a poder
girar livremente. A esse conjunto móvel damos o nome de rotor.

Ímã
Espira

Fig. 98
Eixo

Escovas
-

Para que a espira possa ser submetida à corrente sem que seu
movimento seja comprometido, dois contactos fazem a ligação
entre a pilha e o eixo. Estes contactos, denominados escovas, têm
também a função de, a cada meia volta do rotor, inverter o sentido
da corrente.

Quando a corrente é aplicada ao conjunto, uma força gira a


espira, até que ela alcance uma posição de repouso meia volta
depois. Quando ela alcança essa posição, as escovas atuam inver-
tendo a corrente. Após a inversão, a nova posição de repouso estará
meia volta à frente, e a espira irá permanecer em movimento. Mais
meia volta e novamente as escovas entram em ação, invertendo a
corrente. O resultado é que a espira permanecerá indefinidamente
em movimento, enquanto houver corrente aplicada. A figura 99
ilustra esse processo.

124/100
Instituto Monitor

Há uma grande variedade de motores


i=0 de corrente contínua, inclusive tipos que
não possuem escovas, os sincros e os servos.
Caso você queira se aprofundar no assunto,
poderá encontrar mais informações em livros
Comutação especializados. Na figura 100 temos uma
Corrente amostra da variedade de tipos e tamanhos
Corrente
de motores elétricos.
i=0

Comutação
Fig. 99

Obs.: Nos motores elétricos convencionais,


as escovas deslizam sobre os coletores do
rotor, contra o qual são pressionadas por
molas. Com o tempo, o atrito e a produção Fig. 100
de faíscas (devido à comutação das bobi-
nas) provocam desgaste nas escovas, que 1.3 Caixas de Redução
precisam ser substituídas.
Muitas vezes a rotação de um motor em
1.2 Características dos Motores Elétricos condições normais de operação é alta demais
para a aplicação que se deseja. Por isso é
A força e a velocidade de um motor de- comum que os motores de corrente contínua
pendem de diversos fatores, como a espessu- operem associados a conjuntos de engrena-
ra do fio usado nos enrolamentos, o número gens, ou caixas de redução.
de espiras, o tamanho físico, etc.
Estas caixas de redução, além de dimi-
Motores costumam ser especificados nuírem a velocidade de rotação, também au-
pela sua tensão nominal de operação, ou mentam sua força, que é medida em termos
seja, quantos volts precisam para funcionar de torque. Na figura 101 temos um exemplo
normalmente. Motores elétricos de 1,5 a 48 V de caixa de redução.
são comuns, mas um motor especificado para
6 V pode perfeitamente operar com tensões
de 4 a 7 V sem problemas.

Outra especificação é a velocidade, dada


em rotações por minuto ou rpm. Valores en-
tre 1.000 e 10.000 são comuns. Vale lembrar
que a velocidade do motor depende da sua
força e, portanto, da corrente que ele con-
some. Por isso a rotação de um motor nor-
malmente é especificada sob determinadas
condições, como, por exemplo, a intensidade
da corrente.
Fig. 101

124/101
Instituto Monitor

1.4 Motores de Passo Para cada bobina energizada, o rotor


gira até um certo ângulo. Se energizarmos
Na figura 102 mostramos um tipo de as bobinas em seqüência, ele pode dar tantas
motor de corrente contínua que hoje encon- voltas quantas sejam as seqüências de pul-
tra vasta aplicação em indústria e mesmo sos aplicados. A posição final, que pode ser
produtos de consumo, com destaque para os prevista com precisão, depende justamente
equipamentos de automação e informática. desta seqüência de pulsos.
Trata-se do motor de passo.
O motor mostrado é de 4 fases e usa qua-
tro enrolamentos, mas existem outros tipos.

Para você lembrar

Aspecto • A função dos motores elétricos é produzir


força mecânica a partir da eletricidade.
Símbolo 1
• Quando submetemos um condutor à in-
Fig. 102
fluência de um campo magnético e a uma
corrente elétrica, surge uma força que
O motor de passo, usado em aplicações de tende a movimentar o condutor em deter-
precisão, não possui escovas, sendo formado minada direção.
por um conjunto de bobinas. Energizando es-
sas bobinas de determinada forma, é possível • Podemos controlar o movimento de um
colocar o rotor na posição que desejarmos. fio num campo simplesmente mudando o
sentido de circulação da corrente.
Graças a essa característica, o motor de • As escovas de um motor elétrico têm a
passo não se destina somente à produção de função de transmitir a corrente ao rotor
movimento, mas também ao posicionamento e, a cada meia volta, inverter o sentido da
de peças. É ele, por exemplo, que posiciona corrente.
a cabeça de uma impressora para ela gravar
um símbolo num determinado ponto de uma • Motores costumam ser especificados pela
folha. sua tensão nominal de operação.
• A rotação de um motor, expressa em rpm,
A figura 103 representa a estrutura inter- é normalmente especificada sob determi-
na de um motor de passo de 4 fases. nadas condições, como a intensidade da
corrente.
1 • As caixas de redução, além de diminuírem
a velocidade de rotação do motor, também
Comum
aumentam sua força, que é medida em
2 torque.
• O motor de passo é usado em aplicações
de precisão e não se destina somente à
1 2 produção de movimento, mas também ao
Comum posicionamento de peças.

Fig. 103

124/102
Instituto Monitor

Saiba mais

1. O que é torque?
A “força” que um motor pode fazer depende de diversos fato-
res, tais como o diâmetro de seu eixo, sua rotação, etc. Assim,
quando se trata de prever o que um motor pode fazer em termos
de “força”, avalia-se qual o seu torque, ou seja, a força que
ele pode realizar num ponto multiplicada pela distância deste
ponto ao centro do eixo. Isso equivale a tratar o motor como
uma alavanca.

1. Como a corrente varia com a força?


Quando ligamos um motor sem que ele precise fazer força, ou
seja, em vazio, seu consumo de corrente é mínimo e ele roda
com a máxima velocidade. No entanto, quando o motor precisa
fazer força, a corrente aumenta e ao mesmo tempo a velocidade
diminui. Nas aplicações práticas, devemos fazer com que o motor
rode numa velocidade em que ele tenha o máximo rendimento.

3. Como podemos testar um motor?


O teste mais simples consiste em se verificar a continuidade da
bobina, o que pode ser feito com o multímetro. Outros testes
mais complexos envolvem a medida do torque e a medida da
intensidade da corrente.

Anotações e Dicas

124/103
Exercícios Propostos
1 - A interação entre as bobinas de um motor ou entre as bobinas e os imãs ocorre
através de:
( ) a) campos elétricos.
( ) b) correntes induzidas.
( ) c) campos magnéticos.
( ) d) ondas eletromagnéticas.

2 - Qual a finalidade das escovas nos motores de corrente contínua?


( ) a) Interromper a corrente para que motor não entre em curto.
( ) b) Criar os campos magnéticos que produzem a força que gira o motor.
( ) c) Inverter o sentido da corrente a cada meia volta do motor.
( ) d) Produzir a corrente pulsante que gera a indução das bobinas.

3 - Quando duas bobinas orientadas conforme mostra a figura 104 são percorri-
das por uma corrente e é criado um campo com as orientações mostradas na
mesma figura, entre elas aparece que tipo de interação?

Fig. 104

- + - +

( ) a) Uma força de atração.


( ) b) Uma força de repulsão.
( ) c) Uma força que tende a girar as bobinas.
( ) d) Não aparece nenhuma força entre elas, pois os campos são iguais.

4 - O desgaste das escovas de um motor de corrente contínua deve-se a que fator?


( ) a) Passagem de correntes muito intensas.
( ) b) Atrito e produção de faíscas devido à comutação das bobinas.
( ) c) Criação de um forte campo magnético nos contatos.
( ) d) Aquecimento devido a sua resistência elétrica (efeito térmico).

5 - Um motor de passo de 4 fases tem quantas bobinas?


( ) a) 2
( ) b) 4
( ) c) 6
( ) d) 8

124/104
lição

15
Introdução Essa propriedade dos ímãs permanentes
é conhecida como “magnetismo” e só se ma-
O funcionamento de muitos dispositivos nifesta em materiais denominados ferrosos.
usados em instrumentação elétrica e eletrô- Somente materiais como ferro, cobalto, níquel
nica se baseia no fenômeno do magnetismo. e aço são atraídos pelos ímãs e podem, por
Com certeza você já viu esse assunto em suas isso, tornar-se ímãs e atrair objetos também
aulas de Física do ensino médio, ou mesmo dos mesmos materiais. Materiais como papel,
nas aulas de Ciências do ensino fundamental, vidro, plástico, borracha e mesmos metais
quando estudou objetos como ímãs e bússolas. como alumínio, cobre, prata e ouro não são
atraídos pelos ímãs.
Na lição anterior, tratamos de magnetismo
ao estudar o funcionamento de motores elétri- Os ímãs permanentes são assim chamados
cos. Vamos agora nos aprofundar no assunto, por poderem conservar seu magnetismo por
com a finalidade de preparar terreno para a tempo indeterminado. Na figura 105 obser-
abordagem dos instrumentos de medição. vamos um ímã em forma de barra.

O magnetismo possui uma infinidade de


aplicações práticas em dispositivos como Materias
relés, solenóides, motores de todos os tipos e atraidos
sensores.
N S
Esta lição tem como objetivo tratar dos
seguintes assuntos:
• O que são os ímãs
• Os pólos de um ímã
• A influência do ímã no espaço que o envolve Materias não
atraidos
• Principais propriedades dos ímãs Borracha
Papel
1. Magnetismo Fig. 105

Certamente você já viu e até mesmo brin- Os ímãs permanentes podem ser naturais
cou com um ímã permanente. Trata-se de uma ou artificiais. Os naturais são compostos por
barra de metal que pode atrair determinados materiais que já são encontrados na natureza
objetos metálicos, como alfinetes, pregos, com as propriedades magnéticas que os ca-
clipes e outros. Por que, no entanto, os ímãs racterizam. É o caso do minério denominado
atraem estes objetos e não outros? “magnetita”.

124/105
Instituto Monitor

Os ímãs artificiais são obtidos de mate- elétricos ou das fontes de energia elétrica
riais ferrosos que não possuem propriedades denominados positivo (+) e negativo (-). Os
magnéticas, mas que podem adquiri-las se campos elétricos são bem diferentes dos
passarem por processos especiais. campos magnéticos. Não confunda!

1.1 Propriedades dos Ímãs Outra importante propriedade dos ímãs


está na “inseparabilidade dos pólos”. Se
Observe novamente a figura 105, em cortarmos um ímã ao meio, as metades se
que representamos um ímã permanente em tornam ímãs completos, aparecendo os pólos
forma de barra. Este ímã possui duas regiões que faltam, conforme mostra a figura 107.
nas quais a força de atração se manifesta de
forma mais intensa. São seus pólos, que, por
analogia com os pólos da Terra, são denomi- N S
nados Norte (N) e Sul (S).

Essa analogia vem do fato de a Terra


se comportar como um gigantesco (porém
N S N S
muito fraco) ímã, capaz de atuar sobre a
agulha de um instrumento fundamental para
os navegadores de muitas épocas: a bússo-
la. Veremos mais adiante qual a origem do
N S N S N S N S
magnetismo da Terra.

Uma propriedade muito importante dos


Fig. 107
ímãs pode ser exposta da seguinte maneira:
pólos de mesmo nome se repelem e pólos
de nomes diferentes se atraem. Em outras Se continuarmos dividindo os pedaços,
palavras, pólos N atraem S, pólos S atraem obteremos ímãs cada vez menores. Até quan-
N, pólos N repelem N e pólos S repelem S, do podemos fazer isso? Até chegarmos a pe-
conforme ilustra a figura 106. ças de tamanho microscópico, chamadas de
“domínios magnéticos”. Um conhecimento
Repulsão sobre o que se passa no interior de um do-
mínio magnético só é possível com um apro-
S N N S fundamento no estudo da Física Atômica.
Por ora, basta saber que existe um limite
para a divisão dos ímãs ao meio.

1.2 Magnetização
N S N S
Em uma barra de ferro não magnetiza-
Atração da, os domínios magnéticos são distribuídos
de forma caótica. Se aproximarmos essa
Fig. 106 barra de um ímã poderoso, todos os seus
domínios se “orientam” e ela passa a fun-
Obs.: os pólos magnéticos de um ímã cionar como um ímã. A figura 108 ilustra
nada têm a ver com os pólos dos campos este processo.

124/106
Instituto Monitor

Ímã Para Você Lembrar


permanente
• Ímãs permanentes podem conservar seu
Ferro não
magnetizado
magnetismo por tempo indeterminado.
• Somente alguns materiais podem se tornar
Ferro
imantado
ímãs permanentes.
• Os ímãs têm sempre dois pólos N e S que
Fig. 108 são inseparáveis.
Na prática, usamos este fenômeno para • As linhas de força saem do pólo N e che-
“fabricar” ímãs, submetendo materiais em gam ao S.
que a orientação dos domínios é possível a
poderosos campos magnéticos. • Pólos de mesmo nome se repelem e pólos
de nomes opostos se atraem.
1.3 Linhas de Força
Saiba mais
Podemos representar, por meio de linhas
de força, o campo magnético de um ímã, ou 1. Quando os ímãs perdem o magnetismo?
seja, a sua influência no espaço que o cerca. Os ímãs não podem ser muito aquecidos.
Estas linhas saem do pólo Norte e chegam A uma certa temperatura, denominada
ao pólo Sul, conforme ilustra a figura 109. “Ponto Curie”, os fenômenos de magne-
tismo desaparecem. Um ímã deixa de ser
ímã quando aquecido até esse ponto.

2. De onde vem o campo magnético da Terra?


N S A Terra se comporta como um gigantesco
ímã, atuando sobre as agulhas das bússo-
las e até mesmo interferindo no funcio-
namento de certos aparelhos eletrônicos.
Isso não significa, entretanto, que a Terra
tenha um ímã ou gigantescas jazidas de
Fig. 109 - Campo de um ímã em forma de barra
materiais magnéticos em seu interior.
Como todo ímã tem sempre dois pólos, as Esse magnetismo é devido a enormes cor-
linhas que representam o campo magnético rentes elétricas que circulam no núcleo
são linhas fechadas, isto é, saem sempre de do planeta, constituído de ferro e níquel
um pólo e chegam ao outro. no estado líquido (o chamado magma). As
correntes são induzidas pela movimenta-
Observe ainda que as linhas ficam mais ção do magma, conforme o movimento de
próximas umas das outras nos pólos, onde o rotação da Terra.
campo magnético é mais forte. No centro do
ímã (entre os pólos) as linhas são mais sepa- 3. O que são ímãs naturais?
radas, indicando que neste ponto a manifes- Os ímãs naturais são fragmentos de um
tação de forças magnéticas é muito menor. minério conhecido como magnetita, bas-

124/107
Instituto Monitor

tante encontrado numa região da Grécia chamada Magnésia (daí


o nome). A magnetita apresenta suas propriedades magnéticas
em estado natural, sendo, no entanto, possível produzir ímãs
artificiais muito mais fortes que os naturais.

4. Quem inventou a bússola?


Consta que os chineses teriam sido os primeiros a fazer uso das
propriedades da magnetita para localizar os pontos cardeais.
Seu uso teria começado por volta do século XII, sendo a bússola
inicialmente composta por uma agulha de ferro magnetizada
que, colocada sobre uma palhinha flutuando numa vasilha cheia
de água, apontava para o norte.

Anotações e Dicas

124/108
Exercícios Propostos
1 - Num ímã em forma de barra, em que parte(s) a força de atração é maior?
( ) a) No meio.
( ) b) No pólo Norte.
( ) c) No pólo Sul.
( ) d) Nos pólos.

2 - Cortando ao meio um ímã em forma de barra, o que acontece?


( ) a) Teremos metade com o pólo Norte e a outra metade com o pólo Sul.
( ) b) As duas metades deixam de ser ímãs.
( ) c) Teremos duas partes que serão ímãs completos, com pólos Norte e Sul.
( ) d) Uma das partes ficará com o pólo norte e a outra perderá o magnetismo.

3 - Qual dos seguintes materiais não pode resultar num ímã?


( ) a) Ferro
( ) b) Aço
( ) c) Cobalto
( ) d) Alumínio

4 - Todos os ímãs possuem dois pólos, Norte e Sul. Pelo que aprendemos, podemos
dizer que as linhas de força que saem do pólo Norte sempre:
( ) a) se dirigem para o pólo Norte de outro ímã.
( ) b) chegam ao pólo Sul do mesmo ímã.
( ) c) se dispersam no espaço.
( ) d) são infinitas.

124/109
lição

16
Introdução tromagnetismo. O eletromagnetismo analisa o
conjunto de fenômenos associados à criação de
Vimos, na lição anterior, que os campos um campo magnético pela passagem de uma
elétricos não devem ser confundidos com corrente elétrica.
campos magnéticos, isto é, são fenômenos
diferentes. No entanto, sabemos que existe 1.1 Efeito Magnético da Corrente
uma relação entre eletricidade e magnetismo,
pois a corrente elétrica que passa por um fio A descoberta da relação entre eletricidade
condutor tem a propriedade de produzir em e magnetismo coube ao físico dinamarquês
torno de si um campo magnético. Hans Christian Oersted (1777-1851). Antes
dele, no entanto, já havia hipóteses sobre essa
Nesta lição veremos como esse campo relação, motivadas pela coincidência entre os
magnético é produzido. Estudaremos tam- aspectos opostos (na eletricidade, as cargas
bém algumas leis que permitem prever sua positivas e negativas; no magnetismo, os pólos
ação e a orientação das linhas de força, assim norte e sul) e pelo fato de que, em ambos os
como o aspecto quantitativo dos fenômenos fenômenos, os opostos se atraem e os iguais
envolvidos. se repelem.

Procure memorizar as leis estudadas, pois A experiência de Oersted, feita em 1820,


elas serão necessárias nas aplicações práticas é ilustrada na figura 110.
de instrumentação.
Perpendicular
Esta lição irá tratar dos seguintes assun-
S
tos:
Agulha
• A origem dos fenômenos eletromagnéticos. imantada
• Leis da mão direita e da mão esquerda.
• Fluxo magnético.
• Indução eletromagnética.
• O que é fluxo magnético e como atua.
• Lei de Lenz. Fig 110 - Ao fechar S o campo criado pela corrente move
a agulha imantada

1. Eletromagnetismo Nesta experiência, quando a chave S é


fechada, cria-se um campo magnético perpen-
O ramo da Física que estuda a interação dicular ao fio, em conseqüência da circulação
entre campos elétricos e magnéticos é o ele- da corrente. O campo atua sobre a agulha de

124/111
Instituto Monitor

uma bússola, que se posiciona de modo a ficar perpendicular ao


fio, ou seja, paralela às linhas de força do campo. Vale observar
que o campo só existe enquanto a corrente circula pelo fio.

O campo magnético criado tem uma orientação bem definida. Ele


envolve o fio com as linhas, tendo a direção mostrada na figura 111.

Sentido do campo magnético


a
od a
e ntid elétric
S te
ren
cor

r
nd uto
Co

a
Sentido do campo magnético od a
e ntid elétric
S te
ren
cor

r
nd uto
Co

Fig 111

Observe que o campo magnético que surge ao redor do con-


dutor possui uma orientação magnética (de norte “N” para sul
“S”) definida em função do sentido da corrente (convencional)
no condutor.

1.2 Regra da Mão Direita

É necessário prever como é o campo criado por uma determinada


corrente. Para facilitar essa previsão, existe a Regra da Mão Direita.

Essa regra facilita a memorização do sentido do campo em


relação à corrente. Se segurarmos o fio com a mão direita de modo
que o dedo indicador aponte para o sentido da corrente, as linhas
de força do campo estarão acompanhando a posição dos demais
dedos. Veja na figura 112 como isso ocorre e memorize a regra.

124/112
Instituto Monitor

Para haver indução, é preciso que as


Corrente linhas de força do campo atravessem o fio
ou que o fio atravesse as linhas; se o fio se
mover paralelamente às linhas do campo,
sem atravessá-las, não haverá indução.
Campo 1.4 Fluxo Magnético
Mão
direita Quando temos um campo magnético
atuando numa determinada região do espa-
ço, dizemos que neste local existe um fluxo
Fig. 112
magnético, que pode ser medido pela quanti-
1.3 Indução Eletromagnética dade de linhas de força que atravessam uma
determinada superfície, por unidade de área.
Da mesma forma que uma corrente elé-
Onde as linhas de força se concentram e
trica produz um campo magnético, se um
atravessam a superfície em maior número,
condutor penetrar num campo magnético,
dizemos que o fluxo é maior. Vemos isso na
gera-se uma corrente. O físico inglês Mi-
figura 114:
chael Faraday (1791-1867) é considerado o
descobridor desse fenômeno, em que se pro- Área de maior
duz corrente elétrica a partir de um campo fluxo magnético
magnético.

Para que o fenômeno ocorra, é preciso


que o condutor se mova em relação ao cam-
po ou que o campo se mova em relação ao
condutor, de forma que as linhas de força do Superfície cortada
campo magnético sejam “cortadas” pelo con- pelas linhas de força
dutor. A indução só ocorre com o movimento, Linha
pois se trata de um fenômeno dinâmico. A de força
figura 113 ilustra o fato: Fig. 114

Campo A quantidade de linhas de força de um


Fio em mo- campo que atravessa uma superfície pode ser
vimento
medida tanto em Tesla (T) quanto em Gauss
(G). As duas unidades são encontradas nas es-
pecificações de produtos cujo princípio de fun-
cionamento se baseia em campos magnéticos.

Campo em 1.5 Lei de Lenz


Fig. 113 movimento
O físico russo Heinrich Lenz (1797 - 1878)
foi quem descobriu a relação existente entre o
sentido da corrente elétrica induzida em um
Fio circuito e o campo magnético que a induziu.
A Lei de Lenz afirma que “quando uma cor-
rente elétrica for induzida pelo movimento
de um condutor num campo magnético, esta

124/113
Instituto Monitor

corrente terá um sentido tal que o campo Para determinar o sentido da força em
magnético por ela criado irá se opor ao mo- função do sentido da corrente e do campo,
vimento do condutor”. Veja a figura 115: usa-se a Regra da Mão Direita. Veja na figura
117 como podemos usar os dedos na posição
Campo magnético
indicada para determinar a força, o campo
e a corrente nas condições indicadas.
B
Condutor
Movimento B
F

Campo
I F
For
ça
Fig. 115

e
Quando o condutor se move no campo,

nt
re
or
a corrente induzida cria seu próprio campo

C
magnético que tende a se opor ao campo I
atravessado, deformando-o. Isso significa
que, para gerar uma corrente induzida, é Fig. 117
necessário gastar energia.
Para você lembrar
1.6 Efeito Motor da
Indução Eletromagnética • Correntes elétricas criam campos magné-
Quando um condutor é percorrido por ticos.
uma corrente e está imerso num campo mag- • A orientação das linhas do campo criado
nético, verifica-se o aparecimento de uma pela corrente pode ser prevista pela Regra
força que atua sobre o condutor. É o chama- da Mão Direita.
do Efeito Motor da indução eletromagnética,
• Campos magnéticos também podem indu-
aproveitado em instrumentos elétricos e
zir correntes em fios.
eletrônicos, além de motores.
• O fenômeno da indução é dinâmico, isto é,
Essa força tem características peculia- exige movimento.
res: é perpendicular ao sentido da corrente
• O fenômeno da indução é aproveitado
e também às linhas do campo magnético em
numa grande quantidade de dispositivos
que está o fio. Observe a figura 116:
eletroeletrônicos, como dínamos e alter-
B
nadores.
circuito elétrico • As forças que surgem num condutor per-
corrido por uma corrente e imerso num
campo magnético são a base do funciona-
F mento dos motores elétricos e de muitos
I instrumentos de medição.

Saiba mais

condutor móvel 1. Sabemos que corpos eletrizados exercem


sobre certos objetos uma atração seme-
Fig. 116 lhante à que os ímãs exercem sobre alguns

124/114
Instituto Monitor

materiais. Como, então, saber se um corpo está eletrizado ou


magnetizado?
Campo magnético e campo elétrico são fenômenos distintos.
Da mesma forma que um pente atritado não atrai pedaços de
metal, um imã não atrai o cabelo ou pedaços de papel.

2. O que é Ponto Curie?


Pierre Curie (1859 - 1906), químico francês, descobriu que, ele-
vando-se a temperatura de um ímã permanente até certo ponto,
ele perde as suas propriedades magnéticas. Essa temperatura,
conhecida como Ponto Curie, varia conforme o material de que
é feito o ímã.

Anotações e Dicas

124/115
Exercícios Propostos
1 - O campo magnético produzido por uma corrente que circula através de um
condutor retilíneo é:
( ) a) Paralelo ao condutor.
( ) b) Oblíquo em relação ao condutor.
( ) c) Perpendicular ao condutor.
( ) d) Depende do sentido da corrente.

2 - Para que ocorra indução de uma corrente num condutor retilíneo, como deve
ser seu movimento dentro de um campo magnético uniforme (linhas paralelas)?
( ) a) Ele deve se movimentar perpendicularmente às linhas do campo.
( ) b) Ele deve se movimentar paralelamente às linhas do campo.
( ) c) Ele deve oscilar paralelamente às linhas do campo.
( ) d) Ele deve ficar parado no campo magnético.

3 - Envolvendo com a mão direita um condutor percorrido por uma corrente


de modo que o dedo polegar corresponda ao sentido da corrente, podemos
afirmar que:
( ) a) A tensão gerada tem o sentido dos quatro dedos que envolvem o fio.
( ) b) Os dedos que envolvem o fio têm o sentido oposto ao campo magnético
produzido.
( ) c) Os dedos que envolvem o fio têm o mesmo sentido do campo magnético
produzido.
( ) d) Os dedos que envolvem o fio ficam perpendiculares ao campo produzido.

4 - Em que caso temos a indução de uma tensão maior num condutor em relação
a um campo magnético uniforme?
( ) a) Quando o fio se move cortando as linhas do campo.
( ) b) Quando o campo se move de modo que suas linhas cortem o fio.
( ) c) Quando os dois estão estáticos (parados).
( ) d) Quando um se move perpendicularmente em relação ao outro: o campo
em relação ao fio ou o fio em relação ao campo.

5 - Pela regra da mão esquerda, que estabelece a relação entre as direções dos
vetores da corrente elétrica num fio, do fluxo magnético e da força que tende
a movimentar este fio, podemos dizer que:
( ) a) Os três vetores são paralelos.
( ) b) A força é paralela à corrente e perpendicular ao campo magnético.
( ) c) A corrente é paralela ao campo e perpendicular à força.
( ) d) Os três vetores são perpendiculares entre si.

124/116
lição

17
Introdução Na figura 118 ilustramos a forma de onda
de uma corrente alternada senoidal, como a que
Nos circuitos elétricos e eletrônicos, a encontramos na rede residencial de energia.
corrente mais comum é a corrente alternada. Tensão (V)
Esse assunto já foi abordado na Lição 12, que
deverá ser retomada para um melhor aprovei-
tamento do que virá a seguir.

O fato é que a corrente alternada nem t (s)


sempre segue os padrões que estudamos an-
teriormente. Isso significa que, nesta lição,
precisamos ir além.

Veremos agora correntes com outras for-


mas de onda, quais as suas principais proprie-
Fig. 118 - Tensão senoidal da rede de energia
dades e como elas podem ser representadas.
Essas correntes, conhecidas como sinais, são
encontradas numa série de equipamentos
eletrônicos. 2. Outras Formas de Onda
Esta lição tem como objetivo tratar dos Nos circuitos eletrônicos, além das cor-
seguintes assuntos: rentes contínuas e alternadas senoidais,
encontramos correntes chamadas “sinais”.
• O que é um sinal
Recebem esse nome porque podem transportar
• Corrente contínua pulsante informações ou exercer uma função diferente
• Sinais retangulares/quadrados daquela de, simplesmente, levar a energia de
• Sinais triangulares e dente de serra um ponto a outro do circuito.

• Aplicações dos sinais Quando representados na forma de grá-


ficos, os sinais resultam em figuras bastante
1. Corrente Alternada Senoidal familiares. Assim, é comum que eles sejam
identificados pelas suas formas de onda, ou
Na Lição 12 estudamos um tipo de cor- formas de representação: sinais retangulares,
rente em forma de senóide, produzida por dis- quadrados, triangulares ou senoidais são ter-
positivos chamados alternadores. A corrente mos que se referem à forma de onda, ou seja,
alternada senoidal é a mais comum na maioria à representação da maneira como eles variam
dos aparelhos elétricos e eletrônicos. conforme o tempo.

124/117
Instituto Monitor

2.1 Corrente Contínua Pulsante Observe os ciclos ativos que indicam, em


cada ciclo, por quanto tempo temos corrente
Um tipo de corrente encontrada em mui- e quanto tempo não.
tos aparelhos é aquela em que temos apenas
os semiciclos positivos de uma senóide, os 2.3 Sinais Dente de Serra e Triangulares
quais podem estar separados ou juntos, con-
forme mostra a figura 119. Duas outras formas de sinais são ilustra-
das na figura 121.
a)

b)
Triangular
Fig. 119 - Dois tipos de corrente contínua pulsante

Esta corrente é empurrada num único


sentido por pulsos ou “soquinhos”. Dizemos
tecnicamente que se trata de uma corrente
contínua pulsante. Contínua porque circula
num único sentido; pulsante porque se faz
na forma de pulsos.
Dente de sena
2.2 Sinais Retangulares/Quadrados
Fig. 121
Um outro tipo de corrente ou sinal é o
que obtemos quando abrimos e fechamos Estas formas de onda são encontradas
uma chave em intervalos uniformes. Temos, em televisores, monitores de vídeo, má-
assim, uma corrente num instante e no outro quinas industriais, equipamentos médicos,
instante não. Se os tempos em que a chave automotivos e de telecomunicações. No sinal
estiver aberta forem iguais aos tempos em triangular, a corrente sobe e desce de forma
que ela está fechada, dizemos que o ciclo regular e constante. No sinal dente de serra,
ativo desta corrente é de 50 %. temos uma subida lenta e depois uma queda
rápida, ou vice-versa.
Na figura 120 temos representações desse
tipo de sinal, que lembram quadrados ou 3. Aplicações dos Sinais
retângulos. Por isso é comum usar a deno-
minação de sinal retangular, ou então sinal Os sinais possuem uma infinidade de apli-
quadrado quando o ciclo ativo é de 50%. cações, sendo encontrados nos mais diversos
equipamentos de uso industrial e comum.
Ciclo ativo
Vejamos apenas algumas dessas aplicações.
50%
Os sinais retangulares servem para
transmitir informações na forma digital.
10% Podemos fazer a presença de tensão corres-
ponder ao bit 1 e a ausência ao bit 0. As
90% informações são transmitidas na forma de
seqüências de uns e zeros.
Fig. 120 - Sinais retangulares

124/118
Instituto Monitor

Sinais retangulares também determinam o ritmo de funcio-


namento de diversos aparelhos. Estão presentes, por exemplo,
nos clocks dos computadores. Na figura 122, mostramos alguns
aparelhos e equipamentos que fazem uso de sinais retangulares
em seus circuitos.

Fig. 122

Os sinais triangulares e dente de serra servem para gerar


imagens em televisores e monitores de vídeo, determinando o
sincronismo e a varredura destas imagens.

A varredura nada mais é que o processo segundo o qual um


feixe de elétrons desenha uma imagem na tela de um monitor de
vídeo ou TV. Na figura 123 damos uma idéia de como os sinais
dente de serra produzem as imagens na tela de um televisor, con-
trolando a varredura.

Linhas
traçadas

Cinescópio
Ponto
luminoso

O ponto é produzido por um feixe de elátrons


que varre a tela “desenhando” a imagem linha por linha

Fig. 123

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Para você lembrar

• Os tipos mais comuns de corrente alternada, como a usada na


transmissão de energia, têm forma de onda senoidal.
• Existem correntes alternadas cuja forma de onda é diferente
da senoidal. Essas correntes são usadas para transportar tanto
energia quanto informações, por isso são chamadas de sinais.
• Os sinais podem ter formas de onda retangulares, triangulares
e dente de serra.

Saiba mais

1. O que significa dizer que um sinal é “quadrado”?


Dizer que um sinal é “quadrado” não equivale a uma verdade
científica, pois as dimensões da figura são dadas em unidades
diferentes: no eixo horizontal, temos “tempo” e no vertical,
“tensão” ou “corrente”. Uma figura é “quadrada” quando as
dimensões se referem à mesma unidade e aos mesmos valores.
No entanto, costuma-se dizer que um sinal é quadrado quando
seu ciclo ativo é de 50%.

2. O que significa exatamente ciclo ativo?


Para um sinal retangular, temos dois níveis de corrente ou ten-
são: um representa tensão ou corrente nula, o outro significa
um determinado valor fixo. O tempo em que temos o sinal no
valor fixo, ou seja, em que o circuito está “ativo” em relação ao
ciclo completo, é justamente o ciclo ativo. Este ciclo costuma
ser representado por uma porcentagem.

3. O que é varredura?
A imagem na tela de um cinescópio (televisor ou monitor de
vídeo) é desenhada quando um feixe de elétrons “varre” a tela,
produzindo linhas. Estas linhas, com claros e escuros para uma
imagem em branco e preto, são produzidas da esquerda para
a direita e de cima para baixo. Por isso, ao nos referirmos ao
processo de produção das imagens nos televisores e monitores,
usamos o termo “varredura”.

124/120
Exercícios Propostos
1 - Qual a diferença básica entre corrente contínua e corrente contínua pulsante?
( ) a) As duas circulam sempre no mesmo sentido e intensidade, mas em direções
diferentes.
( ) b) Uma tem sinal contínuo pulsante e a outra inverte o sentido de circulação.
( ) c) A corrente contínua circula sempre no mesmo sentido e intensidade. Já a
corrente contínua pulsante circula sempre no mesmo sentido, mas varia
de intensidade.
( ) d) Enquanto a corrente contínua varia de sentido, a corrente contínua pul-
sante muda de intensidade.

2 - Abrindo e fechando um interruptor rapidamente, a intervalos regulares, ge-


ramos que tipo de sinal num circuito?
( ) a) Sinal alternado senoidal
( ) b) Sinal retangular
( ) c) Sinal contínuo
( ) d) Sinal triangular

3 - Ligando, na saída de um gerador, um aparelho (osciloscópio) que nos permita


visualizar a forma de onda da corrente, temos a imagem mostrada na figura
124. Podemos afirmar que a corrente que este gerador está fornecendo a um
circuito externo é:

10

Fig. 124 0

- 10

( ) a) Contínua pura
( ) b) Contínua pulsante
( ) c) Alternada senoidal
( ) d) Alternada triangular

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4 - O tempo que um sinal retangular mantém a tensão mais alta é o mesmo que ele
mantém a tensão mais baixa, conforme mostra a figura 125. Podemos dizer que:

t1
(alta)

Fig. 125
t2
(baixa)
t1 = t2
( ) a) Este sinal não é retangular.
( ) b) O ciclo ativo é de 50%.
( ) c) O ciclo ativo é diferente de 50%.
( ) d) O ciclo ativo é de 100%.

5 - Em qual das aplicações é utilizada uma onda dente de serra?


( ) a) Transmissão de dados por um modem.
( ) b) Sincronismo do funcionamento de um computador (clock).
( ) c) Transmissão de energia elétrica domiciliar.
( ) d) Sincronismo e varredura de uma imagem de TV ou monitor de vídeo

124/122
lição

18
Introdução Observe que a tensão ou corrente alterna-
das não possuem um valor fixo, isto é, variam
Os cálculos e conceitos relacionados à constantemente. Essa característica faz com
corrente alternada são fundamentais para o que seja impossível falar na sua medida da
desenvolvimento de projetos em eletrônica. forma como fazemos para as correntes e ten-
Com eles é possível prever os limites de fun- sões contínuas.
cionamento e o consumo de energia de muitos Nesse caso, dizemos que, a cada instante,
equipamentos, além do comportamento de dis- a tensão tem um valor denominado instantâ-
positivos controlados por esses equipamentos. neo. O cálculo desse valor só é necessário em
algumas aplicações específicas.
Esta lição tem como objetivo tratar dos
seguintes assuntos: No entanto, precisamos medir os efeitos
de uma corrente alternada, o que nos leva a
• Energia numa senóide
expressar sua intensidade de diversas formas.
• Valores-limite Já vimos algumas delas em lições anteriores,
• Como medir a corrente alternada senoidal porém sem entrar em detalhes. Vamos agora
nos aprofundar um pouco mais no assunto.
• Conceitos de ciclo e período
• Valor de pico, valor pico a pico, valor médio 1.1 Valores de Pico
e valor eficaz
Os primeiros valores que nos interessam
• Período e freqüência referem-se aos pontos máximo e mínimo que
a corrente atinge a cada ciclo. Temos, então,
1. Medidas da Corrente Alternada os chamados valores de pico, que tanto podem
ser positivos como negativos, como mostra a
Você já conhece a forma de onda das figura 127.
correntes produzidas por alternadores. É a V ou A
senóide, ilustrada na figura 126.
Amplitude (V ou A)
Pico
positivo

t (s)
Tempo
(s) Pico
Pico-a-pico
negativo

Fig. 126 Fig. 127

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Entre o pico positivo e o pico negativo, mean square”, sendo por isso abreviado por
podemos indicar o valor pico a pico. Repre- RMS. O valor RMS é obtido dividindo-se o
sentamos estes valores como Vp+, Vp-, Vp ou, valor de pico pela raiz quadrada de 2, que é
ainda, para o valor pico a pico, Vpp. aproximadamente 1,41.

1.2 Valor Médio e Valor Eficaz Amplitude

Numa aplicação prática, quando preci- 100%


samos trabalhar com potências elétricas, o 70,7% RMS
valor de pico não é o mais apropriado para
especificar uma tensão ou corrente alternada. t(s)
Isso porque o valor de pico se mantém apenas
por uma fração de segundo, representando
uma quantidade de energia que a corrente
alternada não pode realmente fornecer.

Uma primeira alternativa para medir a Fig. 129


tensão ou corrente alternada consiste em cal-
Na indústria, deformações na senóide
cular o valor médio, ou seja, a média de todos
da tensão que alimenta máquinas e equipa-
os valores que a tensão assume num semici-
mentos podem causar problemas de funcio-
clo. O resultado desse cálculo descreve com
namento. Por isso é necessário atentar para
maior fidelidade os efeitos de uma corrente
a qualidade da tensão senoidal que alimenta
alternada que esteja fornecendo energia. Na
essas máquinas.
figura 128 ilustramos o valor médio.
Um caso comum é o dos picos (ou spikes)
que, sobrepondo-se a uma tensão senoidal,
100%
como mostra a figura 130, elevam-se para
63,7% Valor
médio milhares de volts, o que pode danificar ins-
talações e equipamentos. Esses picos são
também chamados de transientes.

Fig. 128

Mas mesmo a média das tensões não cor-


responde a uma indicação apropriada para
determinadas aplicações, principalmente
para que envolvem potências. Afinal, como
calcular o valor da corrente contínua que,
aplicada a um resistor, fizesse com que ele
dissipasse a mesma quantidade de calor que
um outro resistor alimentado por uma tensão
alternada?

Verifica-se que este valor é 70,7% do va-


lor do pico da tensão alternada, e não 63,7%.
Este valor é denominado “eficaz” ou “root Fig. 130

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Somente com instrumentos apropriados, como multímetros


“true rms” e analisadores de energia, é possível medir os transien-
tes. Quem pretende se tornar um profissional da eletrônica deve
estar atento a problemas desse tipo.

1.3 Freqüência e Período

Ao medirmos as correntes e tensões alternadas, podemos


também medir a velocidade com que a tensão ou corrente variam
pela sua freqüência (f) ou pelo período (T). Na figura 131 temos a
representação da freqüência e do período de uma tensão senoidal.

V (v)

t(s)

T
f = freqüência
f= 1
Periodo T

Fig. 131

A freqüência é o número de ciclos que a corrente completa


em cada segundo e é medida em Hertz (Hz). O período é o tempo
necessário para se completar um ciclo completo. O período é me-
dido em segundos (s).

Freqüência e período se relacionam de uma forma bem defi-


nida: a freqüência é o inverso do período ou:

1
f=
T

Onde:
f é a freqüência em Hz
T é o período em segundos

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Observe que, à medida que a freqüência No Brasil, a corrente alternada tem uma
aumenta, o período se torna menor. Na figura freqüência de 60 Hz, mas há países onde
141 é possível observar quanto dura o perío- a freqüência é de 50 Hz. Quando ligamos
do (ou ciclo) de um sinal de 60 Hz. um aparelho de 50 Hz numa rede de 60 Hz,
a gravidade dos problemas que aparecem
depende do seu princípio de funcionamen-
to. Equipamentos que dependam de mo-
tores e transformadores podem ter apenas
um aquecimento maior ou a velocidade
t(s) alterada. Já equipamentos eletrônicos
que são sincronizados pela rede podem ter
problemas mais sérios, como relógios que
atrasam, instrumentos que não indicam
valores corretos, etc.
T= 1 s
60
2. Por que recebemos energia na forma de
Fig. 132 corrente alternada? Não seria mais fácil
usar corrente contínua?
Definimos um semiciclo ou meio ciclo
Como as correntes contínuas não “pas-
como metade de um ciclo completo.
sam” pelos transformadores, seria difícil
alterar seus valores desde o processo de
Para você lembrar
geração e transmissão até o consumo.
• Existem diversas formas de se expressar o Por um lado, seria perigoso colocar nas
valor da corrente alternada. tomadas dos consumidores os 80.000 V
de um alternador de usina. Por outro,
• O valor de pico é o ponto máximo que ela
ocorreriam sérios problemas de perdas se
atinge e, em sua função, são expressos os
tentássemos gerar e transmitir a partir da
demais valores.
usina 110 V ou 220 V. Com a corrente al-
• Os valores rms e médio são modos de retra- ternada, podemos fazer as transformações
tar os efeitos da corrente alternada. de valores em qualquer ponto do circuito,
• O período é o inverso da freqüência. e com facilidade.

• Período é medido em segundos e freqüência 3. O que são transientes?


em Hertz.
Transiente é o nome geral que damos a
Saiba mais variações bruscas da tensão da rede de
energia, que se sobrepõem à tensão alter-
1. Por que em alguns países a freqüência de nada fornecida. Estas variações podem
corrente alternada é diferente da nossa? ser de curta e longa duração, como picos
Isso pode afetar equipamentos que tenham ou spikes, ou variações mais longas como
um padrão diferente da rede? surtos, subtensões ou mesmo a interrupção
do fornecimento de energia.

124/126
Exercícios Propostos
1 - Qual o efeito de uma tensão senoidal de 100 V de pico alimentando uma lâm-
pada incandescente?
( ) a) O mesmo efeito de uma tensão de 200 V RMS.
( ) b) O mesmo efeito de uma tensão de 70,7 V RMS.
( ) c) O mesmo efeito de uma tensão de 67,3 RMS.
( ) d) O mesmo efeito de uma tensão contínua de 70,7 V.

2 - Um multímetro foi calibrado para medir tensões true RMS (RMS verdadeiro).
Numa aplicação industrial em que sejam constatadas deformações na tensão
senoidal fornecida, podemos afirmar que:
( ) a) o multímetro vai detectar estas alterações.
( ) b) o multímetro vai queimar.
( ) c) o multímetro vai indicar zero em todas as escalas.
( ) d) o multímetro não vai detectar estas alterações.

3 - Numa fonte encontramos uma tensão senoidal de 35 V RMS. O valor de pico


da tensão desta fonte será de aproximadamente:
( ) a) 70 V
( ) b) 50 V
( ) c) 100 V
( ) d) 140 V

4 - Se compararmos uma tensão A senoidal de 100 V de pico com uma tensão B


senoidal de mesma freqüência de 50 V RMS, podemos dizer que:
( ) a) a tensão A tem maior amplitude que a tensão B.
( ) b) a tensão A tem a mesma amplitude que a B.
( ) c) a tensão A tem menor amplitude que a tensão B.
( ) d) Nada podemos afirmar sobre suas amplitudes.

5 - Sobre a freqüência de uma tensão alternada de uma rede de energia é de 60


Hz, podemos afirmar que:
( ) a) cada semiciclo dura 1/30 segundo.
( ) b) cada semiciclo dura 1/60 segundo.
( ) c) cada semiciclo dura 1/120 segundo.
( ) d) cada semiciclo dura 1/240 segundo.

124/127
lição

19
Introdução 1. Instrumentos Digitais e
Analógicos
Uma boa parte dos instrumentos de me-
didas elétricas se baseia num único tipo de A eletricidade pode ser medida. Podemos
indicador: o galvanômetro. Este instrumento medir tensões, correntes, resistências e mui-
analógico é encontrado em equipamentos tas outras grandezas. Para esta finalidade,
industriais e comerciais, ou mesmo em auto- utilizamos principalmente dois tipos de ins-
móveis e barcos. trumentos: analógicos e digitais.

Conhecer seu princípio de funcionamento, Nos medidores analógicos, a medida é


suas características e modo de usar é funda- dada pela posição de um ponteiro (ou agulha)
mental para todo profissional da eletrônica, numa escala graduada. Já os medidores digi-
principalmente para quem pretende se dedicar tais fornecem a leitura diretamente na forma
à área instrumental. numérica.

Nesta lição vamos estudar os principais Uma das principais características da


tipos de galvanômetros, com ênfase no tipo leitura digital está na rapidez e na diminui-
de bobina móvel, que é o mais usado. Com os ção das possibilidades de erro de leitura, mas
conceitos estudados nesta lição, você estará os medidores analógicos ainda são bastante
apto a usar este instrumento nas principais utilizados em diversas aplicações.
aplicações que envolvem a eletrônica de ins-
trumentação moderna. Por ora, vamos estudar o galvanômetro,
instrumento analógico amplamente utilizado
O objetivo desta lição é tratar dos seguin- na eletrônica industrial e de consumo.
tes assuntos:
• O que é e como funciona um galvanômetro 2. O Galvanômetro
• Galvanômetros de ferro móvel e de bobina
Instrumento analógico dos mais comuns,
móvel
o galvanômetro é utilizado na construção de
• A principal característica do galvanômetro: uma série de instrumentos capazes de medir
corrente de fundo de escala correntes, tensões, resistências, etc. O funcio-
• Como fazer a leitura com o galvanômetro namento do galvanômetro se baseia no efeito
magnético da corrente elétrica, já estudado
• Erros de leitura na lição 16.

124/129
Instituto Monitor

Na figura 133 temos uma ilustração de 2.1 Sensibilidade do Galvanômetro


como é aproveitado o efeito magnético na
construção de um galvanômetro. A força que movimenta o ponteiro in-
dicador de um galvanômetro depende de
diversos fatores, como o número de voltas
de fio da bobina e sua resistência, além da
intensidade do campo do imã permanente
que o envolve.

A sensibilidade de um galvanômetro é
definida pela intensidade da corrente que
leva o ponteiro até o final da escala, ou seja,
a corrente máxima que ele pode medir, co-
nhecida como “corrente de fundo de escala”.
Quanto menor a corrente de fundo de escala,
mais sensível (e mais caro) o galvanômetro.
A figura 134 exemplifica a escala de um gal-
vanômetro, que poderá medir qualquer cor-
rente entre 0 e a corrente de fundo de escala.
Fig. 133

Uma bobina é montada num eixo com


uma suspensão e molas que controlam sua
movimentação. Ligado à bobina, um pontei-
ro se desloca sobre uma escala. Quando a cor-
rente circula pela bobina, o campo magnético
criado interage com o campo de um imã,
surgindo então uma força que tende a girar
a bobina. Como a mola se opõe, a amplitude
do movimento e o deslocamento do ponteiro
na escala vão depender da intensidade da Fig. 134
corrente. Em outras palavras, o movimento
do ponteiro é proporcional à intensidade da
corrente. Este tipo de aparelho é conhecido Os galvanômetros possuem escalas gra-
como “galvanômetro de bobina móvel”. duadas lineares, isto é, escalas em que as
divisões são feitas de maneira uniforme, em
Um outro tipo de galvanômetro, menos partes iguais. Existem também escalas não
comum e menos preciso, é o galvanômetro de lineares, em que as divisões não são unifor-
ferro móvel. Neste tipo o que temos é uma mes, podendo seguir padrões logarítmicos.
peça de ferro sendo atraída por um campo
magnético e movimentando um ponteiro, A leitura da corrente indicada por um
mas o princípio de funcionamento ainda é o galvanômetro é feita pela posição do pontei-
efeito magnético da corrente. ro sobre a escala. Na figura 135 mostramos

124/130
Instituto Monitor

alguns tipos de escalas encontradas nos galvanômetros, com a


indicação do seu valor de “fundo de escala”.

Escalas lineares Escalas não lineares

Fig. 135

2.2 Resistência interna

Os galvanômetros medem correntes muito pequenas, com


fundos de escala entre 20 uA e 1 mA tipicamente. Apesar de se-
rem instrumentos muito sensíveis, a sua bobina possui uma certa
resistência, o que faz com que eles “absorvam” energia. Quando
são usados para medir corrente, essa energia se converte em calor.

Uma especificação importante a respeito desses instrumentos é


a sua resistência interna, que dirá como eles se comportam quando
usados num circuito.

Na figura 136 temos a representação simbólica dos galvanô-


metros, com a resistência interna incluída e a indicação da corrente
de fundo de escala. Temos ainda os aspectos destes instrumentos,
conforme são encontrados no mercado.

Fig. 136
R1

Obs.: ao fazer a ligação de um galvanômetro numa corrente


elétrica, devemos observar a polaridade correta dessa ligação.
Quando a polaridade está invertida, o ponteiro do galvanômetro
tende a se movimentar no sentido contrário e, como encontra
resistência, pode acabar entortando, o que prejudica a precisão
do instrumento.

124/131
Instituto Monitor

2.3 Leitura de escalas

Nos galvanômetros, a medição da corrente que passa pelo


instrumento é feita por meio de um ponteiro que desliza sobre
uma escala. Como ler esta escala?

A escala é graduada com números e divisões que dependem


do seu valor de fundo. A leitura de um valor é feita levando-se
em conta a posição do ponteiro em relação à escala. A figura 137
ilustra como é feita a leitura, considerando-se a posição do pon-
teiro e o valor de cada escala.

Fig. 137

2.4 Erros de Leitura

Quando lemos um valor na escala de um galvanômetro, a pre-


cisão da leitura não depende apenas do instrumento. Dependendo
de nossa posição em relação ao mostrador da escala, podemos
involuntariamente cometer erros de leitura.

O principal deles é o “erro de paralaxe”, que ocorre quando


nossa visão não está alinhada corretamente com a escala e o pon-
teiro, conforme mostra a figura 138.

Observador A Observador B
(posição errada) (posição correta)

Ponteiro

Escala
Valor correto
lido por B Valor errado
Erro lido por A

Fig. 138

124/132
Instituto Monitor

O observador deve ficar perfeitamente relojoaria, com pequenas engrenagens,


alinhado com o instrumento. Se isso não peças delicadas e até mesmo suspensão
ocorrer, leremos um valor “ao lado” do real por mancais com rubis, para diminuir o
e não o real. atrito e torná-los mais precisos. Por esse
motivo eles devem ser tratados com muito
Alguns instrumentos possuem escalas es- cuidado. Batidas, quedas podem danificar
pelhadas, de modo a facilitar o alinhamento de modo irreversível esses instrumentos.
do observador no momento da leitura e assim
evitar erros. Usamos a imagem do ponteiro 2. Por que os instrumentos digitais tendem
no espelho, alinhando-a com o próprio pon- a ser mais usados atualmente?
teiro, de modo a saber quando estamos na
posição correta de leitura. Os instrumentos digitais tornam-se a cada
dia mais baratos e mais fáceis de fabricar,
Para você lembrar substituindo os analógicos numa grande
• Galvanômetros são instrumentos que me- quantidade de aplicações. A tendência
dem a intensidade de correntes. é que cada vez mais tenhamos este tipo
de instrumentos, muitos dos quais já
• Os tipos mais comuns são os de bobina incluindo em seu interior os circuitos de
móvel e o de ferro móvel. processamento das grandezas que devem
• Os tipos de bobina móvel são mais precisos ser medidas, o que não é possível no caso
e mais sensíveis, por isso os mais usados. dos instrumentos analógicos.
• Os galvanômetros são especificados pela
sua sensibilidade (corrente de fundo de 3. O que são multímetros analógicos?
escala) e resistência interna.
Estudaremos os multímetros nas próximas
• Os erros podem ocorrer tanto pela impre- lições, mas por ouvir falar deles você já
cisão natural do instrumento como pela pode ter alguma curiosidade e se adiantar.
forma como a leitura é realizada. Multímetros analógicos são instrumentos
que têm por base um galvanômetro de
Saiba mais bobina móvel e, no seu interior, circuitos
que possibilitam a medida de grandezas
1. Que tipo de cuidados devemos ter com os elétricas como tensão, corrente e resistên-
galvanômetros de bobina móvel? cia. São instrumentos de grande utilidade
Os galvanômetros são instrumentos muito para todo profissional da eletricidade e
delicados, verdadeiros instrumentos de eletrônica.

124/133
Exercícios Propostos
1 - Um galvanômetro de bobina móvel opera baseado em que princípio?
( ) a) Efeito químico da corrente elétrica.
( ) b) Efeito magnético da corrente elétrica.
( ) c) Efeito térmico da corrente elétrica.
( ) d) Indução eletromagnética.

2 - Um galvanômetro tem fundo de escala de 200 uA. Nestas condições, podemos


dizer que:
( ) a) ele pode medir qualquer corrente entre 0 e 200 uA.
( ) b) ele vai queimar se tentarmos medir uma corrente menor do que 200 uA.
( ) c) o centro da escala deste instrumento indica 200 uA.
( ) d) este galvanômetro só serve para medir correntes acima de 200 uA.

3 - Os instrumentos em que a medida é dada pela posição de um ponteiro numa


escala graduada são chamados de:
( ) a) digitais
( ) b) proporcionais
( ) c) analógicos
( ) d) diferenciais

4 - Se compararmos dois galvanômetros, um chamado A com uma corrente de


fundo de escala de 100 uA, outro chamado B com uma corrente de fundo de
escala de 200 uA, podemos dizer que:
( ) a) o galvanômetro A é mais sensível que o B.
( ) b) o galvanômetro B é mais sensível que o A.
( ) c) os dois galvanômetros têm a mesma sensibilidade.
( ) d) nenhum dos dois galvanômetros pode medir uma corrente de 150 uA.

5 - Alguns galvanômetros usados em instrumentos de precisão, tais como mul-


tímetros, termômetros e outros de uso industrial possuem um espelho na
escala. Este espelho tem a finalidade de:
( ) a) aumentar a precisão.
( ) b) ajudar a evitar os erros de paralaxe na leitura.
( ) c) tornar mais visíveis os números da escala.
( ) d) ajudar na leitura no escuro.

124/134
lição

20
Introdução Para medir correntes maiores, ou seja,
usá-los como amperímetros, precisamos de
Na lição anterior, estudamos que boa par- recursos especiais, pois se forem usados dire-
te dos instrumentos de medidas elétricas se tamente, ou podem queimar, ou a agulha pode
baseia num único dispositivo: o galvanômetro. bater violentamente contra o fundo de escala,
Com ele podemos construir instrumentos ca- danificando sua estrutura mecânica.
pazes de medir correntes, tensões, resistências
e muitas outras grandezas elétricas. 1.1 O Shunt

Nesta lição vamos estudar a aplicação do Para podermos medir correntes maiores
galvanômetro nos instrumentos medidores do que as alcançadas pelo galvanômetro,
de corrente, conhecidos como amperímetros. devemos ligar em paralelo com ele uma resis-
Veremos como eles são construídos e quais tência de baixo valor que desvie o excesso de
os cálculos necessários para garantir o seu corrente. Esta resistência é denominada shunt.
funcionamento correto.
Na figura 139 mostramos como um galva-
Esta lição tem como objetivo tratar dos nômetro com fundo de escala de apenas 1 mA,
seguintes assuntos: ligado em paralelo a um shunt, pode ser usado
para medir correntes de até 10 mA.
• Como medir correntes com um galvanômetro
• O que é a resistência de derivação ou shunt I = 10mA M
Ro
• Como calcular a resistência que deve ter um
shunt para uma aplicação
• Como evitar a queima do amperímetro ao 1 MA 0 - 1 MA
usá-lo
• O galvanômetro como medidor de corrente

9 MA
1. Amperímetros Fig. 139

Os galvanômetros só podem ser usados O instrumento que tinha um fundo de es-


para medir correntes muito pequenas. Seus cala de 1 mA passa a ter uma nova escala que
fundos de escala são da ordem de microam- vai de 0 a 10 mA.
pères e miliampères. Por isso eles também são
chamados de microamperímetros e miliam- Os shunts permitem que instrumentos de
perímetros. qualquer fundo de escala sejam usados para a

124/135
Instituto Monitor

medida de corrente. Basta desviar o excesso Queremos calcular qual deve ser a re-
de corrente por eles. Na prática, os shunts são sistência de um shunt (Rs) para que a nova
resistências de valores muito baixos, da or- corrente de fundo de escala seja I. Observe
dem de fração de ohm e normalmente feitos que, pelo shunt, passa uma corrente Is que
até com pedaços de fio ou barras de metal. vale I - Io, e que sobre ele aparece a mesma
tensão que aparece sobre o instrumento, a
Na figura 140 temos dois tipos de shunts qual vamos chamar de V. Nosso problema é
encontrados nos amperímetros. calcular Rs.

Começamos por calcular a tensão V que


aparece tanto sobre o instrumento como so-
bre o shunt. Pela Lei de Ohm, esta tensão é:

V = Ro × Io

Ora, como a tensão V também aparece


sobre o shunt (Rs), e como conhecemos a
corrente que ele deve desviar (I - Io), fica
fácil calcular qual deve ser sua resistência:

V
Fig. 140 Rs =
(I - Io)
Obs.: lembre-se de que é necessário ob- Veja que, se substituirmos V por Ro × Io,
servar a polaridade correta da ligação do podemos escrever uma fórmula para o cálculo
galvanômetro à corrente elétrica, a fim de que eventualmente o aluno pode memorizar
evitar danos ao aparelho. se tiver dificuldades em resolver o problema
por raciocínio:
1.2 Calculando Shunts
(Ro × Io)
O cálculo de um shunt não é difícil e nem Rs =
(I - Io)
exige a memorização de fórmulas. A simples
aplicação da Lei de Ohm resolve o problema. Onde:
Vamos a um exemplo. Na figura 141 temos
um galvanômetro cujo fundo de escala é Io e Rs é a resistência do shunt
que tem uma resistência interna Ro. Ro é a resistência do galvanômetro
Io é o fundo de escala do galvanômetro
Io
I é o novo fundo de escala
G I
Ro
Para você lembrar
• Para medir correntes intensas, precisamos
ligar em paralelo um galvanômetro e uma
Is Galvanômetro
resistência conhecida como shunt.

Rs • Com o shunt é possível aumentar o fundo


de escala de um galvanômetro.
Fig. 141

124/136
Instituto Monitor

• Os shunts são resistências de valores muito baixos.


• O cálculo de um shunt pode ser feito com base na Lei de Ohm

Saiba mais

1. As correntes intensas que circulam pelos shunts não são peri-


gosas para a integridade do galvanômetro?
De fato, é preciso ter um cuidado redobrado com a conexão
dos shunts nos circuitos, pois em alguns casos eles podem ser
percorridos por correntes de vários ampères. Se eles abrirem ou
tiverem algum problema, o galvanômetro pode queimar imedia-
tamente. Em muitas aplicações, os circuitos são protegidos por
fusíveis ou outros recursos que impedem que os galvanômetros
queimem sob essas condições.

2. De que modo o shunt influi na precisão da medida?


A precisão da medida de uma corrente não depende apenas do
galvanômetro, mas também do shunt, que é uma resistência de
precisão. Sua resistência deve estar dentro da faixa de tolerância
do próprio galvanômetro com que vai ser usado.

3. Os shunts são usados em outras aplicações além dos amperí-


metros?
Sim, shunt significa “derivação” e sempre que tivermos um
circuito em que seja preciso desviar uma corrente, este circuito
recebe a denominação de shunt. Existem muitas aplicações em
que isso ocorre.

Anotações e Dicas

124/137
Exercícios Propostos
1 - De que forma deve ser ligado um galvanômetro de bobina móvel para medir
uma pequena corrente?
( ) a) Em série.
( ) b) Em paralelo.
( ) c) Em série ou em paralelo, dependendo da intensidade da corrente.
( ) d) Os galvanômetros não servem para medir correntes.

2 - Para a medida de correntes mais altas, ligamos ao galvanômetro uma resis-


tência denominada shunt. Podemos definir shunt como:
( ) a) uma resistência de alto valor ligada em série com o galvanômetro.
( ) b) uma resistência de baixo valor ligada em série com o galvanômetro.
( ) c) uma resistência de alto valor ligada em paralelo com o galvanômetro.
( ) d) uma resistência de baixo valor ligada em paralelo com o galvanômetro.

3 - Se um amperímetro for ligado em série com um circuito, mas com a polaridade


invertida, o que acontece?
( ) a) Ele queima.
( ) b) A agulha indicadora não se move.
( ) c) A agulha tende a se movimentar em sentido contrário, o que pode danificar
o aparelho.
( ) d) A indicação de corrente ocorre normalmente.

4 - O fundo de escala de um galvanômetro é 1mA. Para medir correntes de até 1


ampère usando este instrumento, o que devemos fazer?
( ) a) Não é possível usar este instrumento.
( ) b) Devemos usar um shunt que limite a corrente do circuito em 1 mA.
( ) c) Devemos usar um shunt que desvie 999 mA do circuito.
( ) d) Devemos usar um shunt que limite a corrente do circuito em 1 A.

5 - Um miliamperímetro (galvanômetro) tem fundo de escala de 1 mA e resis-


tência interna de 100 ohms. Qual deve ser o valor do shunt associado a este
instrumento para que ele meça correntes de até 100 mA?
( ) a) 0,11 ohms
( ) b) 1,01 ohms
( ) c) 11 ohms
( ) d) 110 ohms

124/138
lição

21
Introdução 1.1 A Resistência Multiplicadora

Após estudar os amperímetros, vamos Para medir tensões maiores do que a ten-
tratar de mais uma aplicação para o galvanô- são máxima alcançada pelo galvanômetro,
metro, agora nos instrumentos medidores de devemos ligá-lo em série a uma resistência de
tensão, ou seja, os voltímetros. O voltímetro valor elevado que limite a corrente ao valor
é composto por um galvanômetro de bobina de fundo de escala desejado. Esta resistência
móvel, mais alguns componentes, e possui uma é conhecida como resistência multiplicadora.
grande variedade de aplicações.
Na figura 142 mostramos a ligação, em
Esta lição irá tratar dos seguintes assun- série, de uma resistência multiplicadora e um
tos: galvanômetro. Dessa forma um instrumento
que tem fundo de escala de apenas 1 mA pode
• O galvanômetro como medidor de tensão ser usado para medir tensões de até 10 V.
• A resistência multiplicadora
R
• Calculando resistências multiplicadoras
• Cuidados com o emprego do voltímetro
G
1. Voltímetros 10V

0 - 1 mA
Vimos na lição anterior que os galvanô-
metros só podem ser usados para medir cor-
rentes e tensões muito pequenas. Também
vimos que, para correntes maiores, usa-se um 0 - 10 V
aparelho chamado amperímetro, construído a
partir de um galvanômetro. Fig. 142 - Usando um galvanômetro de 0 - 1MA como
valtímetro de 0 - 10V

Para medir tensões numa faixa de valores


mais ampla, usamos o voltímetro, que nada As resistências multiplicadoras permitem
mais é que um galvanômetro associado a al- que galvanômetros de qualquer fundo de es-
guns recursos especiais. Se um galvanômetro cala sejam usados para a medida de tensão.
for usado diretamente para esse fim, ou pode O valor das resistências multiplicadoras cos-
queimar, ou o ponteiro pode bater violenta- tuma ser muito alto, da ordem centenas ou
mente contra o fundo de escala, provocando milhares de ohms, dependendo da tensão que
danos à mecânica do aparelho. desejamos medir.

124/139
Instituto Monitor

Na figura 143 temos o aspecto da liga- Queremos calcular qual deve ser a re-
ção entre a resistência multiplicadora e um sistência multiplicadora para que ele possa
galvanômetro. medir tensões de V volts. Devemos fazer
com que circule pelo circuito uma corrente
Io quando a tensão aplicada for V. Como a
resistência total é dada por R + Ro, basta
aplicar a lei de Ohm:
R
+ - V
R + Ro =
Io

Isolando R temos:

V
R= -R
Gavanômetro Io o
visto por trás
Exemplificando o cálculo: temos um
Fig. 143
galvanômetro de 1 mA de fundo de escala e
resistência interna Ro = 50 ohms. Queremos
1.2 Calculando Resistências usá-lo como um voltímetro de 0 - 1 V. Qual
Multiplicadoras deve ser o valor da resistência multiplica-
dora?
O cálculo de uma resistência multiplica-
dora não é difícil e nem exige a memorização R=?
de fórmulas. A simples aplicação da Lei de
Ohm resolve o problema. Ro = 50 ohms
V=1V
Na figura 144 temos um galvanômetro
Io = 0,001 A (1 mA)
com fundo de escala Io e resistência interna
Ro.
Usando a fórmula:

R Ro 1
R= - 50
0,001
R = 1000 - 50
R = 950 ohms

Io Para você lembrar


• Para medir tensões, precisamos ligar em
série galvanômetros e resistências multi-
plicadoras.
• Com a resistência multiplicadora é pos-
Fig. 144 sível aumentar o fundo de escala de um
galvanômetro, que passará a indicar volts.

124/140
Instituto Monitor

• As resistências multiplicadoras têm valores altos.


• Podemos calcular a resistência multiplicadora aplicando a Lei
de Ohm

Saiba mais

1. Na medição de altas tensões, não há perigo de sobrecarga nos


voltímetros?
Sim, o perigo de sobrecarga existe, por isso mesmo é preciso
bastante cuidado com a conexão dos voltímetros quando se
trabalha com altas tensões (acima de 500 V). Para certos tipos
de instrumentos, são usados resistores multiplicadores de alta
tensão ou diversos deles em série para aumentar a tensão má-
xima suportada pelo conjunto.

2. A resistência multiplicadora influi na precisão do voltímetro?


Assim como o shunt em relação aos amperímetros, a resistência
multiplicadora influi na precisão do voltímetro, devendo por
isso ser de precisão. O valor de sua resistência deve estar dentro
da faixa de tolerância do próprio galvanômetro com o qual ela
vai ser usada.

3. A inversão da polaridade na medição de tensões contínuas pre-


judica o instrumento?
Nos galvanômetros em geral, a inversão da polaridade faz o
ponteiro se movimentar em sentido contrário, podendo dani-
ficar o aparelho. Ainda que o dano seja pequeno (um ponteiro
levemente torto, por exemplo), pode interferir na precisão das
leituras. Atualmente existem instrumentos que detectam a po-
laridade da medição, evitando assim usos indevidos.

Anotações/Dicas

124/141
Exercícios Propostos
1 - Para medir pequenas tensões, de que modo um galvanômetro de bobina móvel
deve ser ligado a um circuito?
( ) a) Em série.
( ) b) Em paralelo.
( ) c) Em série ou em paralelo, dependendo da intensidade da tensão.
( ) d) Os galvanômetros não servem para medir tensão.

2 - Para a medição de tensões maiores, ligamos ao galvanômetro uma resistência


denominada “resistência multiplicadora”. Podemos defini-la como:
( ) a) uma resistência de alto valor ligada em série com o galvanômetro.
( ) b) uma resistência de baixo valor ligada em série com o galvanômetro.
( ) c) uma resistência de alto valor ligada em paralelo com o galvanômetro.
( ) d) uma resistência de baixo valor ligada em paralelo com o galvanômetro.

3 - Se um voltímetro for ligado em paralelo com um circuito para a medida de


uma tensão contínua, mas com a polaridade invertida, o que acontece?
( ) a) Ele queima.
( ) b) A agulha indicadora não se move.
( ) c) A agulha tende a se movimentar em sentido contrário, podendo danificar
o aparelho.
( ) d) A indicação de corrente ocorre normalmente.

4 - O fundo de escala de um galvanômetro é 1mA. Para medir tensões de até 10


volts usando este instrumento, o que devemos fazer?
( ) a) Não é possível usar este instrumento.
( ) b) Devemos usar uma resistência multiplicadora que limite a corrente do
circuito em 1 mA quando a tensão aplicada for de 10 V.
( ) c) Devemos usar um shunt que desvie 10 V do circuito.
( ) d) Devemos usar uma resistência multiplicadora que aplique 10 V no galva-
nômetro.

5 - Um miliamperímetro (galvanômetro) tem fundo de escala de 1 mA e resistên-


cia interna de 100 ohms. Qual deve ser o valor da resistência multiplicadora
para se medir tensões até 1 V?
( ) a) 999 ohms
( ) b) 990 ohms
( ) c) 900 ohms
( ) d) 1900 ohms

124/142
lição

22
Introdução
Depois de aprendermos a medir corrente
e tensão utilizando um galvanômetro, a ter-
R
ceira aplicação que vamos estudar para esse
instrumento é nos medidores de resistências
elétricas, os ohmímetros. Veremos como eles
são calculados e construídos, como utilizá-los
e quais os cuidados que esse uso requer.
A agulha não se move
Esta lição tem como objetivo tratar dos
Fig. 145
seguintes assuntos:
Para medir resistências, precisamos de
• O galvanômetro como medidor de resistên-
uma fonte de energia que forneça a corrente
cias
de prova e também de um resistor que limite a
• O circuito do ohmímetro corrente que circula pelo galvanômetro, caso
• Calculando os componentes de um ohmímetro a resistência medida seja zero. Devemos, por-
tanto, ligar em série com o galvanômetro uma
• Cuidados com o emprego do ohmímetro resistência e uma fonte de energia elétrica,
como, por exemplo, uma pilha.
1. Ohmímetros
Na figura 146 ilustramos a configuração
Como o amperímetro e o voltímetro, básica de um medidor de resistências, ou oh-
os aparelhos de medição de resistência, os mímetro.
ohmímetros, também são construídos a partir
de um galvanômetro. A principal diferença é Galvanomêtro
que o ohmímetro precisa ter sua própria fonte
de energia.
R
Isso porque as resistências são medidas
fazendo-se circular uma corrente através de- +
Pontas
las e verificando-se o quanto de “oposição” V de Prova
ou resistência elas oferecem à circulação da
corrente. Se ligarmos um galvanômetro dire- Pilha
tamente a um resistor, não conseguimos saber
sua resistência, porque não existe corrente
para acionar o instrumento, conforme ilustra
a figura 145. Fig. 146

124/143
Instituto Monitor

Nessa configuração, a pilha fornece uma 1.2 Zerando o Ohmímetro


corrente para o resistor cuja resistência pre-
tendemos conhecer. O instrumento indica a A corrente de fundo de escala do instru-
intensidade da corrente que chega ao galva- mento depende da pilha e as pilhas, conforme
nômetro, indicando a resistência do resistor. o uso, perdem tensão. Depois de certo tempo
A escala do ohmímetro poderá ser calibrada de uso, ao medirmos uma resistência nula, a
diretamente em ohms. corrente não vai ser máxima e a agulha não
vai chegar até o fundo da escala, conforme
1.1 A Escala do Ohmímetro mostra a figura 148.
O ponteiro não
Uma característica importante do oh-
alcança o zero
mímetro é que sua escala é “ao contrário”. R
A posição de descanso da agulha indica
“resistência infinita” (8). Quando, por exem-
plo, encostamos as pontas de prova uma na
outra, a corrente é máxima e a agulha vai
até o final da escala (0). Assim, o máximo de V R=0
corrente equivale a zero de resistência. Por
outro lado, quando a resistência é infinita,
não há circulação de corrente (corrente zero)
e a agulha permanece imóvel. Assim, para
corrente nula temos resistência infinita. Fig. 148
Entre os dois valores absolutos, o valor da
Isso significa que, na medida de todas as
corrente vai depender da resistência medida.
demais resistências, o instrumento irá nos
levar a erros de leitura.
Veja na figura 147 como é a escala de
um ohmímetro que utiliza este princípio de
Para evitar que isso ocorra, os ohmí-
funcionamento.
metros são dotados de uma resistência de
Meio da escala “ajuste de nulo”, usada para compensar o
desgaste da pilha. Antes de usar o ohmíme-
tro, é preciso encostar uma ponta de prova na
outra (resistência nula) e ajustar o ponteiro,
de forma que ele indique zero na escala do
galvanômetro. Veja na figura 149 o esquema
de um ohmímetro.

G
P R
R = Ro + R

Fig. 147
Ajuste de nulo
+
Observe que no meio da escala temos V
metade da corrente do instrumento. O valor
indicado neste ponto corresponde a uma
resistência igual ao valor da resistência do
instrumento, mais a resistência usada para
limitar a corrente. Fig. 149

124/144
Instituto Monitor

Quando não se consegue mais o ajuste de Isolando R:


nulo com esse procedimento, é porque a pilha
está fraca demais para ser usada. V
R= - Ro
Io
1.3 Cálculo de Ohmímetros
A figura 151 demonstra como se chega a
O cálculo do resistor de um ohmímetro essa formulação.
não é difícil e nem exige a memorização de
Ro R
fórmulas. A simples aplicação da Lei de Ohm
Rx = 0
resolve o problema.
Série
Na figura 150 temos um galvanômetro
com fundo de escala Io e resistência inter- + Io

na Ro. Queremos calcular qual deve ser a V


resistência ligada em série para que, com
uma pilha de V volts, ele funcione como um
ohmímetro.
Io
Fig. 151
Ro R
Vamos agora a um exemplo: qual deve
ser a resistência de um ohmímetro alimen-
tado por uma pilha de 1V, composto por um
+ galvanômetro de 1 mA e resistência interna
de 50 ohms?
V

Temos:

Ro = 50 ohms
R=?
Fig. 150
V=1V
Também desejamos saber qual é o valor
da resistência que está sendo medida quan- Io = 0,001 A (1 mA)
do a agulha está no meio da escala (este
procedimento pode ser repetido para outros Aplicando a fórmula:
pontos da escala a fim de calibrá-la). Nosso 1
R= - 50
problema é calcular R1. 0,001
R = 1000 - 50
Aplicando a Lei de Ohm, basta calcular
para R um valor que, somado à resistência do R = 950 ohms
instrumento, deixe passar a corrente Io pelo
instrumento quando a tensão aplicada for V. Para determinar qual o valor da resis-
tência que teremos na metade da escala, ou
Pela Lei de Ohm, R será dado por: seja, o valor de Rm quando a corrente for de
0,0005 A ou 0,5 mA, basta aplicar mais uma
V vez a Lei de Ohm:
R + Ro =
Io

124/145
Instituto Monitor

Como a resistência do instrumento (950 Saiba mais


+ 50 = 1 000 ohms) mais a resistência medida
Rm devem deixar passar 0,0005 A pelo ins- 1. Há perigo de sobrecarga para o ohmímetro
trumento de 1 V, temos: quando medimos resistências de um apa-
relho que esteja ligado à rede de energia?
Rm + 1000 = 1
0,0005 Sim! E muito! As medidas de resistências
devem ser feitas sempre com os aparelhos
Rm = 2000 - 1000
desligados. A única corrente que deve
Rm = 1000 ohms estar passando pela resistência em teste
é a fornecida pela pilha do instrumento.
Este é o meio da escala do instrumento, Qualquer outra corrente pode não só afe-
que ficará como ilustra a figura 152. tar o resultado da medida como danificar
Meio da escala o instrumento.

2. De que modo a resistência interna influi


na precisão da medida?
A precisão de um ohmímetro não depende
apenas dos galvanômetros, mas também
das resistências internas e da pilha que
o alimenta. Assim, quando a pilha se
desgasta e o ponto de ajuste se desloca,
Fig. 152
a precisão da medida é comprometida.
Por este motivo devem ser usadas sempre
pilhas em bom estado nos instrumentos.
Para você lembrar
3. A inversão da polaridade na medida de
• Para medir resistências, precisamos aco- resistências prejudica o instrumento?
plar a um galvanômetro uma resistência
Os resistores não são componentes pola-
e uma fonte externa de energia.
rizados, por isso o modo como as pontas
• A escala do ohmímetro é “ao contrário”. de prova são ligadas não interfere no bom
funcionamento do aparelho. No entanto,
• No ohmímetro, corrente máxima equivale existem componentes, como os diodos, que
a resistência nula. apresentam resistências diferentes quan-
do polarizados nos dois sentidos. Por esse
• É preciso zerar o ohmímetro antes de
motivo as pontas de prova dos ohmímetros
usá-lo.
têm cores diferentes para identificar o pólo
• Para calcular a resistência de um ohmíme- positivo e negativo da bateria interna do
tro usamos a Lei de Ohm. aparelho.

124/146
Exercícios Propostos
1 - Para medir resistências, de que modo devemos ligar num circuito um
galvanômetro de bobina móvel?
( ) a) Em série, sozinho.
( ) b) Em paralelo, sozinho.
( ) c) Em série ou em paralelo, com uma fonte de alimentação auxiliar (pilha),
dependendo da intensidade da corrente.
( ) d) Em série, com uma resistência e uma pilha.

2 - Quando encostamos uma na outra as pontas de prova de um ohmímetro, que


tipo de indicação obtemos?
( ) a) Zero.
( ) b) Infinito.
( ) c) Centro da escala.
( ) d) Não devemos fazer isso, pois o galvanômetro pode danificar-se.

3 - O que acontece com um ohmímetro se tentarmos medir a resistência de um


resistor que já se encontra percorrido por uma corrente (em um aparelho em
funcionamento, por exemplo)?
( ) a) Ele queima.
( ) b) A agulha indicadora não se move.
( ) c) A agulha tende a indicar valores abaixo de zero.
( ) d) A indicação de resistência é errada e pode até ocorrer a sobrecarga do
instrumento, com a conseqüente queima do galvanômetro.

4 - O fundo de escala de um galvanômetro é 1mA. Quando medirmos uma resis-


tência de 0 ohm, a corrente que vai circular por este instrumento utilizando
uma pilha de 1,5 V será de:
( ) a) Não é possível usar este instrumento nesta medida.
( ) b) Zero
( ) c) 0,5 mA
( ) d) 1 mA

5 - Qual deve ser a resistência usada em série com um galvanômetro de fundo de


escala de 1 mA e resistência interna de 100 ohms para medir 1.000 ohms de re-
sistência no centro da escala, sendo o aparelho alimentado por uma pilha de 1 V?
( ) a) 900 ohms
( ) b) 1 000 ohms
( ) c) 1 900 ohms
( ) d) 2 000 ohms

124/147
lição

23
Introdução 1. Os Multímetros
Estudamos nas últimas lições que boa Conforme estudamos nas lições anteriores,
parte dos instrumentos analógicos de medidas os galvanômetros podem ser usados para medir
elétricas se baseia num único tipo de indica- correntes, tensões e resistências, servindo de
dor: o galvanômetro. Com o galvanômetro base para a construção de três tipos de instru-
podemos construir instrumentos que medem mentos diferentes: amperímetros, voltímetros
correntes, tensões, resistências e muitas outras e ohmímetros.
grandezas elétricas.
A idéia de usar um único galvanômetro
Surge então a pergunta: por que não te- mais os três circuitos num só aparelho que
mos um único instrumento, com um único pudesse medir as três grandezas resultou no
galvanômetro, mas com recursos para medir multímetro, ou multiteste, ou VOM (de Vol-
as principais grandezas elétricas: corrente, t-Ohm-Miliamperímetro).
tensão e resistência? É nessa idéia que se ba-
seia o multímetro. 1.1 O Multímetro Analógico

A capacidade e versatilidade do multíme- Na figura 153 temos a reprodução de um


tro fazem dele um instrumento indispensável multímetro analógico.
para o profissional da eletrônica. Por isso
mesmo iremos estudar o funcionamento dos
principais tipos de multímetros analógicos e
aprender a manuseá-los de forma adequada.

Esta lição tem como objetivo tratar dos


seguintes assuntos:
• Os principais tipos de multímetros analó-
gicos
• O circuito interno do multímetro
• Como usar as pontas de prova e ler a escalas
• Qual a importância da sensibilidade do
multímetro e como interpretá-la
Fig . 153

124/149
Instituto Monitor

Esse tipo de instrumento possui um gal- Na figura 155 temos exemplos de como
vanômetro de grande sensibilidade com esca- os fatores de multiplicação das escalas de
las calibradas para as diversas medidas que resistências devem ser considerados.
ele pode realizar. Os multímetros reúnem em
seu interior circuitos de amperímetros com
diversos shunts, voltímetros com diversas
resistências multiplicadoras e ohmímetros.

Conforme a grandeza que vamos medir


(corrente, resistência ou tensão), fazemos a
seleção do circuito interno através de uma
chave seletora, ou de outros dispositivos
menos comuns (botões, jacks, etc.). Na figura
154, você vê em destaque a chave seletora de
um multímetro analógico.

Fig. 155

Obs.: Não se esqueça de zerar o multí-


metro quando for usá-lo na medição de
Chave seletora
resistências.

Para a leitura de tensões e correntes,


também é preciso levar em conta os fatores
Fig. 154 de multiplicação. Numa escala de tensões
que vai até 150 V, os valores de uma escala
As pontas de prova de um multímetro que vai até 15 devem ser multiplicados por
têm sempre cores diferentes, vermelha e 10. Por exemplo, na escala reproduzida na
preta, justamente para facilitar a indicação figura 156, quando o ponteiro pára em 12, a
de polaridade nas medidas de tensões e cor- medição é de 120 volts.
rentes contínuas.

1.2 Fatores de Escala

De acordo com a função selecionada,


por exemplo, ohms para medir resistências,
a leitura é feita levando-se em conta que as
escalas possuem fatores de multiplicação. Fig. 156
Por exemplo, se lemos uma resistência com
a chave seletora em OHMS x 100, todos os 1.3 Qualidade dos Multímetros
valores lidos nessa escala de resistência de-
vem ser multiplicados por 100. Assim, se o A qualidade de um multímetro depende
ponteiro indicar 3, na realidade estaremos de diversas características que serão estu-
lendo 300 ohms. dadas nesta e em lições futuras. Uma delas

124/150
Instituto Monitor

é a quantidade de escalas que o instrumento Maior precisão


possui.

Para fazer as leituras com maior faci-


lidade, devemos escolher a escala de modo
que a agulha se movimente numa posição
“confortável” de leitura, ou seja, não muito Fig. 158
próxima dos extremos, principalmente para Por exemplo, se vamos medir um resis-
a escala de resistências nos valores mais al- tor de 10 kohms, usamos a escala x10 ou x
tos, caso contrário teremos dificuldades em 100, de modo a obter uma leitura na faixa
ler os valores. central. Para um resistor de 470 k, usamos
a faixa x100k, ou x1k, ou mesmo x10k, se o
Um multímetro de boa qualidade terá di- multímetro a possuir.
versas escalas de resistências, tensões e cor-
rentes. Veja na figura 157 dois multímetros Para um resistor de resistência muito
comerciais: um de baixo custo, com poucas baixa, por exemplo, 10 ohms, usamos a faixa
escalas, e outro mais caro, com mais escalas. x1. Se o multímetro não a possuir, usamos
a faixa x10.

Acompanhe passo a passo os procedi-


mentos de medida de resistências:
a) Escolha a escala apropriada.
b) Zere a escala.
c) Desligue o circuito no qual a medida será
feita ou, pelo menos, desligue um dos ter-
minais do componente a ser testado.

Fig. 158 d) Encoste as pontas de prova nos terminais


do componente e faça a leitura.
e) Se a leitura não ocorrer em ponto apro-
2. Medindo Resistência com o priado da escala, mude de escala.
Multímetro
Na figura 159 ilustramos como esta medi-
Para a medição de resistências com o da é feita para o caso de um resistor comum.
multímetro, inicialmente devemos escolher a
escala apropriada para a medida. Essa escala
deve ser tal que a leitura da resistência seja
a mais próxima possível da região central da
Escolher
escala, com exceção dos casos de resistências escala
muito baixas, em que a leitura certamente
será feita no lado direito da escala. Veja na
Zero
figura 158 quais as regiões da escala em que
as medidas são mais precisas. R

Medir
Fig. 159

124/151
Instituto Monitor

Para você lembrar


• Para medir resistências, correntes e tensões, dispomos de um
instrumento único com todas essas funções, o multímetro.
• O multímetro analógico pode ter suas funções selecionadas por
uma chave seletora ou por outros dispositivos menos comuns.
• A qualidade de um multímetro é dada, entre outros fatores, pelo
número de escalas.
• Para medir resistências, devemos sempre escolher a escala apro-
priada e zerá-la.

Saiba mais

1. Na prática, qual a diferença entre multímetros analógicos e


digitais?
Dependendo do modelo, os multímetros analógicos costuma-
vam ser mais baratos que os digitais, mas essa tendência tem
se invertido. Hoje é possível adquirir um multímetro digital,
gastando com isso bem pouco. Quanto ao uso, o aparelho
analógico requer, da parte do usuário, maior concentração e
prática, em especial nas escalas de resistências. Também é mais
delicado que os multímetros digitais, estando sujeito a maiores
danos em caso de queda.

Em certos casos, no entanto, o medidor analógico chega a


ser mais apropriado que o digital. Na leitura de tensões, por
exemplo, é mais fácil acompanhar o movimento da agulha do
que as oscilações numéricas em um visor digital. Nas medições
de corrente, o analógico também leva vantagem por ter uma
resistência interna menor e por ser mais sensível nas escalas
até 50 mA. De qualquer forma, a tendência é, cada vez mais,
os aparelhos digitais substituírem os analógicos.

2. Quando medimos resistências com o multímetro, o uso de uma


escala de resistências errada pode afetar o instrumento?
Não. O que pode ocorrer é apenas uma leitura menos precisa
do valor da resistência. Nesse caso é preciso escolher uma nova
escala, mais apropriada para a leitura.

124/152
Exercícios Propostos
1 - O multímetro incorpora, em um só aparelho:
( ) a) galvanômetro, cronômetro e voltímetro.
( ) b) amperímetro, ohmímetro e densímetro.
( ) c) amperímetro, ohmímetro e voltímetro.
( ) d) três galvanômetros de valores diferentes.

2 - Quando, antes de medir uma resistência, encostamos as pontas de prova de


um multímetro uma na outra e a agulha não indica zero, chegando apenas
perto deste ponto, o que devemos fazer?
( ) a) Inverter as pilhas.
( ) b) Zerar o aparelho por meio do botão de ajuste.
( ) c) Mudar de escala.
( ) d) Mandar reparar o aparelho.

3 - Para ler com maior facilidade uma medida em um multímetro analógico,


devemos:
( ) a) manter uma boa distância do aparelho, para evitar a paralaxe.
( ) b) escolher uma escala em que a leitura não ocorra nas extremidades do
mostrador.
( ) c) escolher a escala de acordo com o tamanho do componente a ser testado.
( ) d) fazer as leituras sempre no início da escala.

4 - Quando colocamos um multímetro na escala OHMS X100 e medimos um re-


sistor de 1.000 ohms, o valor indicado pelo instrumento será:
( ) a) Nesse caso, não é possível usar o multímetro.
( ) b) 1
( ) c) 10
( ) d) 1000

124/153
Instituto Monitor

5 - Na medida da resistência de um resistor, usamos a escala x1 kohms de um


multímetro. O ponteiro se desloca até ficar exatamente entre os valores 4 e 5
da escala, conforme mostra a figura 160. Qual é a resistência medida?

Fig. 160

( ) a) 4,5 ohms
( ) b) 45 ohms
( ) c) 450 ohms
( ) d) 4500 ohms

124/154
lição

24
Introdução • Como usar as pontas de prova observando
a polaridade
Na lição anterior estudamos o funciona- • Os perigos das correntes intensas
mento básico do multímetro. Vimos também
o modo de usá-lo na medição de resistências.
Nesta lição vamos avançar no estudo sobre o
1. Medindo Correntes com o
multímetro, passando agora para a medição Multímetro
de correntes.
Os multímetros possuem diversas escalas
Um instrumento bastante prático e segu- de corrente. Estas escalas têm fundos que
ro para a medição de corrente alternada é o vão de poucos microampères até mais de 1
alicate-amperímetro. Não é necessário ligar ampère. Na figura 161 temos um exemplo de
o alicate-amperímetro ao circuito que está multímetro com diversas escalas de corrente.
sendo medido, basta usar as suas garras para
envolver o fio que conduz a corrente, e a leitura A/mA
será feita através do visor do aparelho.

No entanto, pode ser que em algum mo-


mento você não disponha do instrumento mais DC
0 - 100 A
adequado e precise medir uma corrente com 0 - 1 mA
o multímetro mesmo. Por isso é importante 0 - 10 mA
saber como proceder nesse caso. 0 - 100 mA

O objetivo desta lição é tratar dos seguin-


Fig. 161 - Escalas de corrente de um multímetro
tes assuntos:
• Que tipos de medições de corrente é possível Na medição de correntes, o multímetro
fazer com multímetro deve ser ligado em série com o circuito. Para
que isso seja feito, é necessário interromper
• Como escolher a escala certa
o circuito, de maneira que a corrente passe a
• Como ler e interpretar as medidas de cor- circular pelo multímetro. Na figura 162 mos-
rente tramos como é feita essa ligação.

124/155
Instituto Monitor

DC
A/mA Multímetro é
ligado em série

+ -

Ponta Ponta
vermelha preta
X
+
B1 CARGA

Corrente

Fig. 162

Observe que a corrente entra pela ponta de prova vermelha


(+) e sai pela ponta de prova preta (-). Se houver uma inversão, a
agulha tende a se movimentar para a esquerda, o que, você já sabe,
deve ser evitado. Vale lembrar que podemos ligar o multímetro
antes ou depois da “carga” (um rádio, uma lâmpada, etc.) desse
circuito, que isso não vai interferir na medição.

1.1 Cuidados na Medição de Corrente

Para usar com segurança o multímetro na medição de cor-


rentes são necessários alguns cuidados básicos, afinal, se uma
corrente intensa atravessar o instrumento de forma indevida, o
galvanômetro pode sofrer danos.

O primeiro ponto a ser observado é sobre a polaridade das


pontas de prova. Na figura 163 mostramos que a corrente sempre
deve entrar pela ponta de prova vermelha e sair pela preta.

124/156
Instituto Monitor

Selecionar escala
DC A/mA
Corrente

+ -
Ponta Ponta
vermelha preta

Interromper

Fig. 163

Observe que, para fazer a ligação em série, é necessário in-


terromper o circuito entre os pontos em que serão encostadas as
pontas de prova. Se isso não for feito, a ligação será em paralelo
e certamente irá danificar o multímetro.

Para escolher a escala é preciso ter cuidado. Quando não temos


idéia da intensidade da corrente que vai ser medida, sempre co-
meçamos pela escala de maior fundo. Se a agulha se move pouco,
vamos reduzindo a escala até obter uma leitura mais cômoda (perto
do centro da escala). Veja na figura 164 como fazer isso.

Leitura em
DC mA 0 - 1 Ma

Leitura em
DC mA
0 - 10/0/100

Escala DC A/mA

+ -

Corrente

Fig. 164

124/157
Instituto Monitor

Importante: ao medir correntes, nunca está fazendo as primeiras experiências


deixe a chave seletora do multímetro em com o multímetro certamente não deve
escalas de outras grandezas, a fim de evitar se arriscar comprando um aparelho caro
danos ao circuito do instrumento. e sofisticado. É preferível optar por um
modelo simples.
Para você lembrar
Agora, quem já tem alguma experiência e
• Para medir correntes, o multímetro é ligado precisa de mais recursos pode investir em
em série com o circuito analisado. um multímetro mais sensível, com maior
número de escalas e maiores recursos. O
• Para fazer a ligação em série, é necessário
que não vale a pena é gastar dinheiro com
interromper o circuito entre os pontos em
um aparelho repleto de recursos e danifi-
que serão encostadas as pontas de prova.
cá-lo logo nas primeiras experiências, ou
• A polaridade das pontas de prova precisa então usar esse instrumento apenas para
ser observada. medições simples, que qualquer multíme-
• Se não temos idéia da intensidade da cor- tro pode fazer. Pense nesses detalhes na
rente a ser medida, sempre começamos hora de comprar o seu.
pela escala de maior valor ou fundo.
3. É possível medir a corrente da rede elétrica
Saiba mais de nossas casas com o multímetro?
Os multímetros convencionais não pos-
1. O que é melhor, comprar um multímetro
suem escala para corrente alternada, por
digital ou um analógico?
isso não é possível medir a corrente da
Na lição anterior você encontra informa- rede elétrica com esses aparelhos. Caso
ções sobre as diferenças entre multímetros você tente fazer isso, irá queimar o seu
digitais e analógicos. Em resumo, pode-se multímetro. Havendo necessidade, é pre-
dizer que os digitais são mais práticos, ciso recorrer a multímetros especiais, com
mas com os analógicos é possível aprender escala para corrente alternada.
mais sobre leitura de medições. Para uso
profissional, é desejável que você tenha 4. Podemos evitar o uso do multímetro na
experiência com os dois tipos de aparelho, medição de correntes?
afinal não se sabe qual deles poderá cair
Sim, além do alicate-amperímetro, exis-
na sua mão em um teste para emprego,
tem métodos indiretos de se fazer esse tipo
por exemplo.
de medição. Um deles é medir a queda da
tensão de um circuito após a passagem da
2. Que detalhes devem ser levados em
corrente por um resistor de valor conhe-
consideração na hora da compra de um
cido. Conhecendo-se, então, a resistência
multímetro?
e a tensão, é possível calcular a corrente
O preço é sem dúvida um detalhe impor- aplicando-se a Lei de ohm (I = E/R). Com
tante a ser levado em conta. A quantidade esse procedimento, será desnecessário
de recursos de um multímetro costuma interromper o circuito e o multímetro terá
ser proporcional a seu preço, mas, antes uma proteção maior em caso de algum
de tudo, é preciso perguntar: que tipo problema.
de uso terá o equipamento? Quem ainda

124/158
Exercícios Propostos
1 - Para medir a intensidade de uma corrente contínua com um multímetro, qual
dos procedimentos deve ser considerado?
( ) a) Devemos ligá-lo em paralelo com o circuito.
( ) b) Devemos intercalá-lo com o circuito (ligá-lo em série), para que a corrente
passe através dele.
( ) c) Devemos sempre zerar o instrumento antes de usá-lo.
( ) d) Não precisamos nunca considerar a polaridade das pontas de prova.

2 - Sem conhecer a intensidade da corrente que vai ser encontrada num circuito,
sabendo apenas que ela está dentro da capacidade de medição do multímetro,
qual o procedimento correto para se fazer uma medição de corrente?
( ) a) Trocar as pilhas.
( ) b) Começar pela escala de correntes menores.
( ) c) Começar pela escala de correntes maiores.
( ) d) Começar por uma escala intermediária de correntes.

3 - O que acontece se, ao fazer uma medição de corrente, deixamos o seletor do


multímetro na escala Ohms x 10, por exemplo, em vez de uma escala DC mA?
( ) a) Ele pode queimar.
( ) b) Teremos apenas uma leitura errada.
( ) c) O ponteiro do multímetro não se move.
( ) d) A leitura não será afetada.

4 - Desejamos medir, em um circuito, uma corrente que sabemos estar em torno de


80 mA. Qual a escala mais apropriada de um multímetro para essa finalidade?
( ) a) Não é possível usar este instrumento nesta medição.
( ) b) 1,5 mA
( ) c) 15 mA
( ) d) 150 mA

124/159
lição

25
Introdução Na figura 165 mostramos as escalas de tensões
contínuas de um multímetro comum.
Na lição passada, estudamos como usar o Escala
multímetro na medição de correntes. Vimos Volts DC
que nesse tipo de medição, a ligação do apa-
relho com o circuito testado deve ser em série.
Vimos também que não se deve, de forma algu-
ma, tentar medir a corrente alternada da rede DC
Volts
elétrica de nossas casas com um multímetro
convencional.

Nesta lição iremos adiante, estudando o


Fig. 165
uso do multímetro na medida de tensões con-
tínuas e alternadas. Veremos como escolher a
escala certa, como conectar o instrumento no Observe que, para as escalas DC Volts que
circuito e os cuidados com a polaridade das medem tensões contínuas, temos diversos va-
pontas de prova, quando isso for necessário. lores de fundo que devem ser selecionados de
acordo com a tensão que se espera encontrar
Esta lição tem por objetivo tratar dos se- num circuito.
guintes assuntos:
1.1 Medindo Tensões Contínuas
• Que tipo de medidas de tensão é possível
realizar com o multímetro Na medição de tensões contínuas, a esco-
• Como ler e interpretar as medidas lha de uma escala deve ser feita de modo que
• Como escolher a escala certa o fundo de escala seja sempre maior do que a
tensão esperada. Se achamos que a tensão é
• Como usar as pontas de prova observando de 100 V, por exemplo, escolhemos um fundo
a polaridade de escala de 150 V. Se não sabemos qual é a
• Como a sensibilidade do multímetro afeta a tensão aproximada, devemos começar pela
precisão de uma medida maior escala. Em seguida, conectamos as
pontas de prova no circuito, observando a
1. Medindo Tensões com o polaridade correta.
Multímetro
Na figura 166 ilustramos como o multíme-
Os multímetros geralmente possuem di- tro deve ser conectado a um circuito para a
versas escalas para medir tensões contínuas. medição de tensões contínuas.

124/161
Instituto Monitor

DC
Volts
R1
Ponta
vermelha

+ -
R2

Ponta Medindo a tensão


Preta sobre R2

Fig. 166

Leia a tensão na escala correspondente, observando se nela


existe algum fator de multiplicação.

1.2 Sensibilidade

Na escala de tensões, a resistência do multímetro pode influir


na tensão do circuito que está sendo medido, provocando assim
erros de indicação. Essa resistência depende da sensibilidade do
multímetro: quanto maior a sensibilidade, menor a influência da
resistência no circuito.

A sensibilidade do multímetro é medida em ohms por volt. Um


instrumento com sensibilidade de 1.000 ohms por volt se compor-
ta como uma resistência de 10 x 1.000 ohms ou 10.000 ohms na
escala de 0 a 10 V. O mesmo multímetro se comporta como uma
resistência de 100.000 ohms na escala de 0 a 100 V.

Anotações e Dicas

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Instituto Monitor

Veja na figura 167 como este multímetro “carrega” o circuito


que está sendo testado, afetando a tensão e fornecendo uma in-
dicação errada.

Fig. 167

A tensão real no ponto medido é de 5 V, mas o multímetro


“carrega” o circuito e altera a tensão para 3,3 V, que é o valor
indicado. Os melhores multímetros têm maior sensibilidade ou
valores mais altos em ohms por volt (/V).

Os multímetros analógicos comuns possuem sensibilidades


na faixa de 1.000 a 50.000 ohms por volt. Existem multímetros de
alta qualidade, denominados “eletrônicos”, cuja sensibilidade de
entrada é de 22 Mohms em qualquer escala.

2. Medindo Tensões Alternadas


O multímetro também possui escalas de tensões alternadas
(AC Volts ou CA Volts). No entanto, para que o instrumento possa
indicar o valor de uma tensão alternada, é preciso fazer com que
a corrente circule num único sentido pelo galvanômetro. Como
fazer isso?

Isso é conseguido com componentes chamados diodos. Veja na


figura 168 como os diodos conduzem a corrente num único sentido,
deixando passar apenas um semiciclo de uma tensão alternada.
Diodo

Fig. 168 - O Diodo só deixa a corrente circular num sentido

124/163
Instituto Monitor

Neste circuito o diodo só deixa passar Em (a) temos um circuito em “ponte”


os semiciclos da corrente que o polarizam com 4 diodos e, em (b), um circuito com
num sentido. No outro sentido ele bloqueia diodo único.
a corrente. Obtemos, depois do diodo, uma
tensão contínua pulsante com a qual os 2.1 Escala não Linear
galvanômetros podem trabalhar.
Os diodos são componentes que apre-
Para medir tensões alternadas com sentam uma comportamento não linear
um multímetro, o que se faz é ligar um ou quando conduzem. Isso significa que, com
mais diodos de forma que a corrente no baixas tensões, eles apresentam uma resis-
galvanômetro circule num único sentido. tência elevada.
Agregamos a este circuito a resistência mul-
tiplicadora e, com isso, o galvanômetro passa Isso significa que o uso do diodo no mul-
a fazer parte de um voltímetro que mede tímetro influi na medida de tensões alterna-
tensões alternadas. das baixas, diminuindo a sensibilidade do
instrumento. Por isso as escalas de baixas
No multímetro, a chave seleciona o valor tensões alternadas dos multímetros não são
da resistência multiplicadora. Veja na figura lineares, conforme mostra a figura 170.
169 como é o circuito do setor de medida de
tensões alternadas de um multímetro comum.

Fig. 170

Perto do zero, as divisões são “mais jun-


tas”, mostrando a menor sensibilidade.

Na figura 171 mostramos como usar o


multímetro na medição de tensões alterna-
das. Para isso, basta escolher a escala da
mesma forma que fazemos na medição de
tensões contínuas. No caso das tensões alter-
nadas, não é preciso observar a polaridade
das pontas de prova.

Fig. 169

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Instituto Monitor

Fig .171

Os instrumentos desse tipo são calibrados para indicar o valor


RMS da tensão alternada, mas isso apenas se a forma de onda for
senoidal.

Importante: ao medir tensões, nunca deixe a chave seletora do


multímetro em escalas de outras grandezas, a fim de evitar danos
ao circuito do instrumento.

Para você lembrar


• Para medir tensões contínuas, precisamos ligar o instrumento
em paralelo com o circuito, escolhendo a escala apropriada. A
polaridade das pontas de prova deve ser observada.
• Devemos começar pela escala de maior fundo quando não sou-
bermos qual é a tensão medida.
• Os multímetros devem ser sensíveis para não afetar a tensão
medida.
• A sensibilidade dos multímetros é medida em ohms por volt.
• Para a medição de tensões alternadas, são empregados diodos
nos circuitos dos multímetros.
• Os diodos transformam corrente alternada em corrente contínua
pulsante.
• As escalas de tensões alternadas não são lineares devido às ca-
racterísticas dos diodos usados nos multímetros.

Saiba mais

1. É possível medir a tensão da rede elétrica de nossas casas com


um multímetro convencional?
Como vimos nesta lição, os multímetros possuem escalas para a
medição de tensão alternada, por isso é possível fazer com eles a

124/165
Instituto Monitor

medição da tensão da rede elétrica, desde que sejam observados


os cuidados necessários.

2. Como conhecer o erro que um multímetro indica na medição


de tensões?
Vimos que quanto maior a sensibilidade do instrumento, menor
o erro na medição de tensões. O erro na medição costuma ser
fornecido em termos do fundo de escala e varia em função do
parâmetro a ser medido. Para conhecê-lo, é preciso consultar o
manual do fabricante.

3. O que é um multímetro TRUE RMS?


Nas aplicações industriais, a inércia do galvanômetro e o fato
de ele indicar o valor RMS apenas de tensões senoidais podem
dificultar a detecção de certos problemas na medição de tensões.
Por isso existem multímetros que medem o valor RMS inclusive
de tensões com picos de curta duração, possibilitando assim ao
profissional detectar sua presença. Nas aplicações industriais,
esses multímetros, conhecidos como TRUE RMS, devem ser os
preferidos.

Anotações e Dicas

124/166
Exercícios Propostos
1 - Numa placa de controle de uma máquina industrial deve haver uma alimen-
tação de 5 V para os circuitos lógicos. A placa não funciona e suspeita-se que
haja uma interrupção no cabo de conexão desta placa. Para verificar com o
multímetro se os 5 V estão chegando à placa, de que modo devemos fazer a
conexão das pontas de prova no conector?
( ) a) A vermelha no positivo (+) de 5 V e a preta no negativo.
( ) b) Devemos ligá-lo em série com o circuito.
( ) c) A vermelha no positivo (+) do conector e a preta no positivo da alimentação.
( ) d) Não precisamos considerar a polaridade das pontas de prova.

2 - Precisamos medir uma tensão contínua numa máquina industrial para saber
se determinado setor está sendo alimentado. No entanto, não temos idéia da
tensão contínua do circuito, sabemos apenas que ela está dentro da capaci-
dade de medição de nosso multímetro. Qual o procedimento correto para se
fazer a medição?
( ) a) Desligar a máquina.
( ) b) Começar pela escala de tensões menores.
( ) c) Começar pela escala de tensões maiores.
( ) d) Começar por uma escala intermediária de tensões.

3 - O que acontece se, ao medir uma tensão de 100 V, em lugar de usarmos a escala
Volts DC apropriada, esquecermos inadvertidamente o multímetro conectado
numa escala DC mA, por exemplo?
( ) a) Ele vai queimar.
( ) b) Teremos apenas uma leitura errada.
( ) c) O ponteiro do multímetro não se move.
( ) d) A leitura não será afetada.

4 - Ao medir uma tensão num circuito com um multímetro de 1.000 ohms por
volt, lemos 12 V e, ao medir com um multímetro de 10.000 ohms por volt de
sensibilidade, encontramos 15 V. Qual o motivo da diferença entre os valores
lidos?
( ) a) Um dos instrumentos deve estar com defeito.
( ) b) A diferença deve-se à sensibilidade. O valor mais próximo do real é 12 V.
( ) c) A diferença deve-se à sensibilidade. O valor mais próximo do real é 15 V.
( ) d) A diferença deve-se às escalas usadas. Os dois instrumentos têm a mesma
sensibilidade.

124/167
Instituto Monitor

5 - Ao medirmos com o multímetro uma tensão alternada, qual dos seguintes


procedimentos é o mais correto?
( ) a) Usar escalas DC Volts e observar a posição das pontas de prova.
( ) b) Usar escalas AC Volts, tomando todo cuidado com a posição das pontas
de prova.
( ) c) Usar escalas DC volts e não observar a posição das pontas de prova.
( ) d) Usar escalas AC Volts e não observar a posição das pontas de prova.

124/168
lição

26
Introdução 1. Como Funciona o Osciloscópio
Na Lição 17, vimos que as correntes al- Formas de onda e sinais transitórios
ternadas podem ter as mais diversas formas podem ser visualizados com a ajuda de um
de onda e transportar, além de energia, infor- osciloscópio de raios catódicos. As imagens
mações. Essas correntes, também conhecidas correspondentes às formas de onda de sinais
como “sinais”, carregam muitas informações (aplicados na entrada do aparelho) são visu-
sobre o que ocorre num circuito, por isso a vi- alizadas por meio de uma tela recoberta por
sualização do seu comportamento é de grande fósforo.
utilidade para os profissionais da eletrônica.
Obs.: sinais transitórios são aqueles que
Nas próximas lições, vamos tratar do osci- apresentam variações de curta duração. Veja
loscópio, instrumento que permite visualizar a Lição 17 sobre corrente alternada e sinais.
formas de onda e, mais do que isso, qualquer
tipo de sinal ou perturbação que, embora im- Na figura 172 temos a reprodução de um
perceptível sem o auxílio de aparelhos, possa osciloscópio comum. Na tela, vemos a forma
ser traduzido para a forma elétrica. de onda de um sinal aplicado na entrada do
aparelho.
O osciloscópio é um instrumento indispen-
Fig. 172
sável em qualquer laboratório de eletrônica e
todo profissional da área deve saber usá-lo.

Esta lição irá tratar dos seguintes assun-


tos:
• Os princípios básicos envolvidos na visua-
lização de uma forma de onda
• Como as imagens são criadas num tubo de
raios catódicos. O canhão eletrônico.
• Varredura e sincronismo. Os osciloscópios têm como componente
básico o tubo de raios catódicos, ou TRC.
• Como os sinais são aplicados a um oscilos-
Trata-se de um tubo de vácuo que contém um
cópio para visualização
canhão eletrônico. Este canhão, polarizado

124/169
Instituto Monitor

negativamente, dispara um feixe de elétrons, que é atraído por


uma alta tensão aplicada na outra extremidade do tubo. Nessa
extremidade temos uma tela recoberta por fósforo. Quando o feixe
de elétrons incide na tela, produz um ponto luminoso. Na figura
173 mostramos a estrutura básica de um tubo de raios catódicos.

Fig 173

Se, no percurso do feixe de elétrons, colocarmos placas de-


fletoras, podemos controlar esse feixe e assim deslocá-lo na tela.
Se aplicarmos sinais nas placas defletoras horizontais, o feixe de
elétrons se move para a esquerda e para a direita, desenhando
uma linha horizontal. Se aplicarmos sinais nas placas defletoras
verticais, o feixe se desloca para cima e para baixo, desenhando
uma linha vertical.

Podemos combinar os sinais de forma que seu movimento


“desenhe” na tela uma imagem. Na figura 174 mostramos como
isso ocorre.

Fig 174

124/170
Instituto Monitor

1.1 Combinação de Sinais - Varredura com os sinais que pretendemos observar. Já


as placas verticais são ligadas a circuitos
Para desenhar a forma de onda de um amplificadores que recebem, por meio da en-
sinal, precisamos combinar dois movimentos trada vertical, os sinais a serem observados.
do feixe de elétrons. Nas placas horizontais,
aplicamos um sinal dente de serra, de modo Os osciloscópios também possibilitam
que o feixe se move da direita para a es- um acesso aos circuitos ligados às placas
querda numa velocidade e, depois, retorna horizontais, mas isso não será visto agora.
rapidamente para começar de novo o mesmo Conforme ilustra a figura 176, os sinais que
movimento. Este sinal é denominado varre- pretendemos observar são aplicados na
dura horizontal. entrada que controla as placas defletoras
verticais.
Ao mesmo tempo, aplicamos nas placas
verticais o sinal que pretendemos observar.
Com isso, o feixe que vai da esquerda para a
direita também sobe e desce, acompanhando
o sinal senoidal e desenhando-o na tela. Na
figura 175 ilustramos esse processo.

Movimento
rápido da volta

Fig. 176

1.3 Ajustes de Foco e Brilho

Os osciloscópios possuem diversos ajus-


tes que possibilitam a obtenção de uma boa
imagem de um sinal, em função de sua fre-
qüência e intensidade. Dentre esses ajustes,
destacamos inicialmente os que controlam o
Fig. 175 - Sentido do movimento do feixe de elétrons foco e o brilho.
“desenhando” senoide na tela
O foco atua de modo a concentrar o feixe
A combinação do sinal aplicado às placas de elétrons num ponto muito pequeno da
horizontais com o sinal aplicado nas placas tela, gerando imagens nítidas com traços
verticais gera uma imagem que correspon- finos. Um foco mal ajustado gera uma ima-
de à forma de onda do sinal que estamos gem “borrada”.
observando.
O brilho atua sobre a intensidade do fei-
1.2 As Entradas dos Sinais xe de elétrons, gerando imagens mais claras
ou mais escuras. Usamos este controle para
As placas horizontais de um osciloscópio compensar os efeitos da iluminação ambien-
são controladas por circuitos internos que te e, assim, obter a melhor visualização da
geram os sinais dente de serra de acordo

124/171
Instituto Monitor

imagem. A figura 177 ilustra o resultado dos Saiba mais


controles de foco e brilho na definição das
imagens. 1. Para a visualização do formato de ondas e
sinais, existe uma alternativa mais barata
que o osciloscópio, já que se trata de um
instrumento caro?
Sim, atualmente é possível contar com
“osciloscópio virtuais”, instrumentos que
aproveitam os recursos dos computadores.
Consistem, basicamente, num conversor
A/D (analógico-digital) que converte os
sinais para a forma digital, de modo que
os computadores possam processá-los e
apresentá-los na tela do monitor. Estes os-
ciloscópios chegam a custar menos que os
aparelhos convencionais, e para o futuro a
Fig. 177 tendência é que eles se tornem mais baratos.

2. Um televisor pode ser adaptado para fun-


Para você lembrar cionar como osciloscópio?
• Podemos visualizar formas de onda e sinais Em tese, pode, mas a velocidade de reposta
transitórios com um instrumento chamado do cinescópio (tubo de imagens do televi-
osciloscópio. sor) traz sérias limitações. Um osciloscó-
pio feito com um televisor não consegue
• O osciloscópio de raios catódicos tem seu ver sinais além de umas poucas dezenas de
funcionamento baseado no tubo de raios quilohertz. Como na maioria das aplica-
catódicos. ções as freqüências são de megahertz, um
• No tubo de raios catódicos, um feixe de osciloscópio “adaptado” de um televisor
elétrons é disparado contra uma tela, ge- não teria serventia.
rando uma imagem.
3. Vale a pena investir num osciloscópio para
• O movimento do feixe que desenha a ima- montar uma oficina?
gem é controlado por placas defletoras
horizontais e verticais. O osciloscópio é um instrumento de gran-
de utilidade para o profissional que sabe
• Nas placas horizontais aplicamos um sinal aproveitar todos os seus recursos. Nesse
de varredura. sentido, é claro que vale a pena investir
na aquisição desse instrumento. Agora,
• Nas placas verticais aplicamos o sinal a
cabe a você avaliar as prioridades na
ser observado.
montagem de sua oficina, pensando nos
• Os osciloscópios possuem ajustes de foco recursos financeiros de que dispõe e no tipo
e brilho. de serviço que pretende prestar.

124/172
Exercícios Propostos
1 - O ponto luminoso que aparece na tela do tubo de raios catódicos de um os-
ciloscópio é criado:
( ) a) pelo campo magnético que atua nas placas defletoras.
( ) b) pelo fósforo que é excitado pela alta tensão aplicada à tela.
( ) c) pela incidência do feixe de elétrons no fósforo que recobre a tela.
( ) d) pelo canhão eletrônico que dispara elétrons contra as placas defletoras.

2 - Nos osciloscópios, o movimento do feixe de elétrons que gera um traço hori-


zontal na tela é produzido:
( ) a) por um sinal senoidal nas placas defletoras verticais.
( ) b) por um sinal senoidal nas placas defletoras horizontais.
( ) c) por um sinal dente de serra nas placas defletoras verticais.
( ) d) por um sinal dente de serra nas placas defletoras horizontais.

3 - O canhão eletrônico no tubo de raios catódicos de um osciloscópio tem a


função de:
( ) a) absorver o feixe de elétrons.
( ) b) produzir o feixe de elétrons.
( ) c) gerar a imagem na tela de fósforo.
( ) d) gerar o sinal dente de serra de varredura.

4 - Em um osciloscópio, o sinal que pretendemos observar é aplicado:


( ) a) no circuito que controla as placas de deflexão vertical.
( ) b) no circuito que controla as placas de deflexão horizontal.
( ) c) no canhão eletrônico.
( ) d) na fonte de alta tensão.

5 - Aplicando-se um sinal senoidal nas placas defletoras verticais de um osci-


loscópio e um sinal dente de serra nas placas horizontais, que tipo de figura
observamos na sua tela?
( ) a) Um sinal dente de serra.
( ) b) Uma linha horizontal.
( ) c) Uma linha vertical.
( ) d) Um sinal senoidal.

124/173
lição

27
Introdução as tensões diretamente nas placas defletoras
para termos uma visualização adequada dos
Na lição anterior estudamos o princípio sinais. Se fizermos isso, o sinal fraco terá uma
básico de funcionamento de um dos mais úteis imagem muito pequena, enquanto a imagem
instrumentos de laboratório de eletrônica: o do sinal forte poderá nem caber na tela. Na
osciloscópio. Vimos de que modo funciona figura 178 ilustramos as duas imagens.
o seu componente principal, o tubo de raios
catódicos, e como podemos, com ele, visualizar
as formas de onda dos sinais.

Nesta lição vamos além, partindo para o


uso efetivo do aparelho, aprendendo a medir
as amplitudes e as freqüências dos sinais,
além de verificar suas formas de onda. Com
essas informações (amplitude, forma de onda e Fig. 178
freqüência) podemos diagnosticar muitos pro-
blemas em equipamentos que envolvam sinais.
1.1 O Amplificador Vertical
Esta lição tem como objetivo tratar dos
seguintes assuntos: Para obtermos uma imagem num tamanho
• Os princípios básicos envolvidos na visuali- que favoreça a visualização e medição de um si-
zação de uma forma de onda e sua medida nal, os osciloscópios possuem telas reticuladas e
um amplificador de precisão que permite ajus-
• Como medir tensões contínuas e alternadas tar a intensidade do sinal aplicado às placas
• Como medir freqüências defletoras, controlando o tamanho da imagem.
• Como aplicar os sinais no osciloscópio
No painel do osciloscópio, um controle
atua sobre o amplificador vertical (ou “ganho
1. Medindo Tensões com o vertical”), de forma que podemos ajustar o
Osciloscópio tamanho da imagem na tela, e mais que isso,
medir com precisão a amplitude do sinal. A
Uma das medições que podemos fazer com figura 179 exemplifica como é possível fazer
o osciloscópio é da amplitude, ou seja, das ten- com que a amplitude do sinal mude, atuando
sões dos sinais. No entanto, não basta aplicar sobre o controle de ganho.

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Aumentando o ganho

Diminuindo o ganho

Fig. 179
O tamanho da imagem depende tanto da amplitude do sinal
como do ajuste do ganho vertical do osciloscópio. O ganho do
amplificador é ajustado em termos de “Volts por Divisão”. Se o
seletor de ganho do amplificador estiver numa posição de ganho
de 2 V por divisão, cada quadro da retícula terá uma altura que
representa 2 V de amplitude. Um sinal que tenha apenas uma
divisão de altura terá uma tensão de pico de 2 V.

As demais graduações da tela permitem medir com precisão


a amplitude de qualquer sinal. Veja na figura 180 exemplos de
amplitudes medidas com o ajuste conveniente do seletor de ganho
vertical.

Fig. 180

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Instituto Monitor

Você já deve ter percebido que o ganho do amplificador ver-


tical deverá ser ajustado de acordo com a amplitude do sinal que
se pretende observar e medir.

1.2 Referência

Observe que, ao usar a retícula da tela como referência para


a medição, precisamos garantir que a imagem esteja devidamen-
te centralizada. Uma imagem fora de centralização impede que
tenhamos uma boa referência para a medição.

Para centralizar a imagem movendo-a no sentido vertical,


atuamos sobre o controle de posicionamento vertical. Veja na
figura 181 como este controle funciona.

Fig. 181 - Centralizando a imagem

Podemos tomar a linha horizontal como referência de 0 V, ou


terra. Isso nos permite medir os picos, tanto positivos (acima da li-
nha) como negativos (abaixo da linha), para qualquer tipo de sinal.

1.3 A função AC/DC

Nem sempre as tensões ou sinais que precisamos medir são


correntes alternadas puras, o que pode trazer dificuldades. Supo-
nhamos a análise de uma tensão contínua marcada por pequenas
ondulações, conforme mostra a figura 182.

Fig. 182

124/177
Instituto Monitor

As ondulações (ou ripple) de uma tensão contínua, mostradas


nesta figura, são importantes na análise de sua qualidade. Como
fazer para observar apenas as ondulações?

Se aumentarmos o ganho do amplificador vertical, a imagem


“sobe” e é preciso compensar isso no posicionamento. Ocorre, en-
tretanto, que chega um momento em que o próprio posicionamento
não nos permite trazer de volta para o espaço da tela apenas a
parte da imagem que desejamos analisar.

A solução para observarmos apenas a componente alternada


do sinal cortando a parte contínua, ou seja, deixando apenas as
“ondulações”, consiste em se usar o controle CC/CA ou AC/DC.
Este controle, quando colocado na posição CA ou AC, elimina a
parte contínua do sinal e “centraliza” automaticamente apenas a
parte variante do sinal, que é o que nos interessa.

Veja na figura 183 o que acontece quando utilizamos esta


chave seletora.

Fig. 183

Usando esta função, podemos analisar apenas a parte variável


de um sinal. Isso é bastante útil em muitos casos, como o da aná-
lise da ondulação de tensões contínuas de alimentação fornecidas
por fontes.

Para você lembrar


• Podemos medir a amplitude dos sinais usando a escala graduada
do osciloscópio.
• A graduação depende do ajuste do ganho do amplificador ver-
tical.
• Devemos ajustá-lo de modo a conseguir uma imagem que possa
ser medida comodamente.
• O posicionamento vertical permite ajustar a referência para a
medida dos sinais.

124/178
Instituto Monitor

• O osciloscópio pode ser usado para medir tensões AC e DC


usando as divisões da retícula como referência.

Saiba mais

1. Os osciloscópios possuem muitas funções. Como se familiarizar


com todas elas?
Este curso apresenta apenas uma introdução ao uso do oscilos-
cópio, para que você tenha uma idéia do que é possível fazer
com ele. Na verdade poucos profissionais podem dizer que do-
minam totalmente o osciloscópio, principalmente se estivermos
pensando nos tipos mais modernos, com recursos extremamente
avançados. O melhor para quem deseja ir além no uso deste
instrumento é fazer um curso específico sobre osciloscópio.

2. Todos os osciloscópios possuem as funções estudadas nesta lição?


O que estudamos até o momento são funções básicas, comuns
aos osciloscópios em geral. As variações que podem ocorrer de
um instrumento para outro são em relação às escalas (como
acontece com os multímetros), ao ajuste e aos recursos adicio-
nais. No entanto, o modo de usar será sempre o mesmo. É por
isso que, antes de usar um osciloscópio, é necessário consultar
o manual de instruções do fabricante.

3. O que é um osciloscópio de duplo traço?


É um tipo de osciloscópio que permite visualizar na tela duas
formas de onda ao mesmo tempo. A maioria dos osciloscópios
disponíveis atualmente possuem este recurso de grande utilida-
de. Existem ainda osciloscópios muito sofisticados, com mais de
dois traços. Esses instrumentos podem projetar na tela imagens
de diversos sinais ao mesmo tempo.

4. Os osciloscópios de duplo traço possuem os mesmos recursos


que os osciloscópios convencionais?
Um osciloscópio de duplo traço pode ser entendido como um
osciloscópio duplo, ou seja, dois osciloscópios em um, com a
diferença de que as imagens dos dois circuitos são projetadas
numa mesma tela. Assim, num osciloscópio de duplo traço te-
remos dois amplificadores verticais (um para cada canal) e dois
ajustes de posicionamento vertical, que são usados de forma
independente.

124/179
Exercícios Propostos
1 - Um osciloscópio é ajustado para apresentar imagens na escala de 2 V por
divisão. Nessas condições, um sinal senoidal é apresentado conforme mos-
tra a figura 184, ocupando na sua amplitude total 4 divisões. Qual é a sua
amplitude em volts?

Fig. 185
4 divisões

( ) a) 4 volts pico a pico


( ) b) 4 volts de pico
( ) c) 8 volts de pico
( ) d) 8 volts pico a pico

2 - Observe na figura 185 a forma de onda apresentada na tela de um oscilos-


cópio. Trata-se de uma onda dente de serra que oscila entre dois valores. O
osciloscópio está ajustado para uma sensibilidade de 5 V por divisão. Nessas
condições, podemos afirmar que:

Fig. 185

( ) a) a amplitude do sinal é de 5 V.
( ) b) a amplitude do sinal é de 15 V.
( ) c) o sinal oscila entre 5 e 15 V.
( ) d) o sinal oscila entre -5 e +5 V.

124/180
Instituto Monitor

3 - Observe a figura 186. Ela representa um sinal retangular apresentado num


osciloscópio quando a sensibilidade de entrada é ajustada para 2 V por divisão
(2 V/div). Pela figura, podemos dizer que este sinal tem seu nível mínimo (ou
“nível baixo”) em 0 V. O nível alto deste sinal corresponde a:

Fig. 186
0

( ) a) 2 V
( ) b) 4 V
( ) c) 5 V
( ) d) 10 V

4 - Na figura 187 temos a imagem de uma forma de onda do circuito de alimenta-


ção de uma máquina industrial. Para que a forma de onda seja vista de forma
melhor na tela, devemos:

Fig. 187 0

( ) a) aumentar o ganho do amplificador vertical.


( ) b) diminuir o ganho do amplificador vertical.
( ) c) atuar sobre o controle de posicionamento vertical.
( ) d) atuar sobre o controle de foco.

124/181
lição

28
Introdução 1.1 Varredura Horizontal

Na lição anterior, estudamos o uso do Se a varredura for lenta, dará tempo


osciloscópio na medição da amplitude dos para que muitos ciclos do sinal apareçam, o
sinais. Vimos que é possível ajustar o ganho que pode dificultar a análise da imagem. Por
vertical do amplificador para que a imagem outro lado, se for rápida demais, teremos a
do sinal possa caber na tela e, mais do que visualização de apenas uma parte de um ciclo
isso, possa ser medida com precisão. Também do sinal.
aprendemos a posicionar a imagem na tela e
a separar a componente AC de um sinal DC. Entre os dois extremos, existe um ponto
ideal que nos permite observar dois ou mais
Nesta lição iremos além, partindo para a ciclos de um sinal. Na figura 188 vemos de
medição de outras características dos sinais, que modo este ajuste influi na quantidade de
no caso a freqüência e o período. Veremos tam- ciclos que aparecem na tela.
bém mais alguns recursos do osciloscópio que
possibilitam a obtenção de imagens estáveis
e de qualidade.

Esta lição tem como objetivo tratar dos


seguintes assuntos:
• Como controlar a varredura horizontal do
osciloscópio
• Como medir períodos
Fig. 188
• Como medir freqüências
• Como medir as fases de dois sinais diferentes

1. Medindo Períodos e Freqüências


com o Osciloscópio
O espaço que uma imagem ocupa na tela
no sentido horizontal depende da rapidez com
que a varredura é realizada nesse sentido.

124/183
Instituto Monitor

1.2 Circuito de Disparo

Um outro problema na visualização do


sinal é que precisamos garantir que a var-
redura comece exatamente no início de um
ciclo. Se isso não ocorre, cada ciclo começa
num ponto diferente da tela, o que resulta
numa imagem indefinida, conforme mostra
a figura 189.

Fig. 189

Para resolver este problema, os osciloscó-


pios funcionam com circuitos de tempo “ga-
tilhados” (trigger), que disparam somente
quando um sinal começa. Isso garante a
sobreposição dos ciclos, de modo a se obter
uma imagem única.

1.3 Medição de Período e Freqüência

Com uma imagem bem definida, pode-


mos usar o ajuste de tempo de varredura
para medir inicialmente o tempo de um ciclo,
ou de uma de suas partes. Se ajustamos a
varredura horizontal para 1 ms por divisão,
isso significa que cada quadro da largura
da tela representa um tempo de 1 milésimo
de segundo, ou 0,001 segundos. Se, nessas
condições, um sinal ocupa 3 quadros para
um ciclo completo, o período deste sinal é
de 3 ms.

Veja na figura 190 exemplos de medi-


ção de períodos, com o ajuste conveniente
do seletor de ganho vertical para sinais de Fig. 190
diversos tipos.

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Instituto Monitor

Podemos usar esta referência de tempo 2. Medindo Fases com o Osciloscópio


para medir a freqüência de um sinal. Basta
verificar qual é o tempo de um período com- Com um osciloscópio de duplo traço, ou
pleto e lembrar que a freqüência é o inverso duplo feixe, podemos comparar os tempos
do período, ou: de dois sinais e saber se um está ou não sin-
cronizado com o outro. Em outras palavras,
1 podemos medir a defasagem destes sinais. Na
f=
T figura 192 mostramos dois sinais defasados.
Observe que, quando um deles atinge seu má-
Assim, para um tempo de 1 ms (1 milési- ximo, o outro ainda está passando por zero.
mo de segundo), a freqüência será:

1
f=
0,001

f = 1.000 Hz

Veja na figura 191 as freqüências de


alguns sinais.

Fig. 192

Se levarmos em conta que um ciclo com-


pleto tem 360 graus, isso significa que a defa-
sagem entre os sinais é de 90 graus. Dizemos,
nesse caso, que eles estão em “quadratura”.

Na figura 193, temos sinais em oposição


de fase, ou seja, quando um atinge o seu má-
ximo o outro está em seu mínimo.

Fig. 193

A defasagem destes sinais é de 180 graus.

Para você lembrar


• Para obtermos imagens apropriadas na
tela, precisamos usar a escala de tempos
Fig. 191 conveniente.

124/185
Instituto Monitor

• Também precisamos garantir que os ciclos comecem sempre no


mesmo ponto, usando os recursos de disparo.
• Podemos medir o período e a freqüência dos sinais usando a
escala graduada do osciloscópio.
• Devemos ajustar o ganho da varredura, de modo a termos uma
imagem que possa ser medida com facilidade.
• Podemos usar o osciloscópio de duplo traço para medir as fases
de dois ciclos diferentes.

Saiba mais

1. Quando foi inventado o osciloscópio?


Uma primeira versão do osciloscópio de raios catódicos foi
apresentada à comunidade científica em 1897 pelo físico alemão
Ferdinand Braun (1850 - 1918), mas pode-se dizer que muitos
nomes contribuíram para que se chegasse aos osciloscópios
atuais. Outro detalhe sobre a invenção desse instrumento é
que ela ocorre paralelamente ao desenvolvimento da televisão
que, como vimos, pode ser transformada em um osciloscópio de
limitados recursos.

2. Qual a freqüência máxima que pode ser visualizada em um


osciloscópio?
Uma especificação importante dos osciloscópios é a sua fre-
qüência máxima de operação que, na verdade, não é a maior
freqüência que podemos visualizar com o instrumento. Um
osciloscópio de 20 MHz, ideal para o profissional em início de
carreira, possibilita a visualização do ciclo completo de um sinal
de 20 MHz. O mesmo aparelho também permite a visualização
de sinais de freqüências mais elevadas, porém em mais ciclos.
Por exemplo, um sinal de 100 MHz será visualizado com 5 ciclos.
Da mesma forma, acima desta freqüência já não se garante a
fidelidade dos circuitos do osciloscópio no que se refere à ma-
nutenção de uma imagem sem distorção.

3. Um osciloscópio de duplo traço pode ser utilizado como um


osciloscópio de traço simples?
Sim. Uma chave seletora permite a seleção de cada canal se-
paradamente ou dos dois simultaneamente. Esta chave possui
pelo menos três posições: CH1, CH2 e DUAL. Na posição CH1
aparece apenas a imagem aplicada na entrada vertical do ca-
nal 1. Na posição CH2, aparece apenas a imagem aplicada na
entrada vertical do canal 2. Na posição DUAL aparecem as
duas imagens. Nos osciloscópios mais sofisticados, esta chave
pode ter ainda outras posições, de modo a permitir outras al-
ternativas de uso.
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Exercícios Propostos
1 - Um osciloscópio é ajustado para apresentar imagens na escala de 2 ms por
divisão. Nestas condições um sinal senoidal é apresentado conforme mostra a
figura 194, ocupando em um ciclo completo 4 divisões. Qual é o seu período?

Fig. 194

4 divisões
( ) a) 2 ms
( ) b) 4 ms
( ) c) 8 ms
( ) d) 16 ms

2 - Observe a forma de onda apresentada na figura 195. Trata-se de uma onda


dente de serra que oscila entre dois valores. O osciloscópio está ajustado
para tempos de 5 ms por divisão. Nessas condições, podemos afirmar que a
freqüência do sinal apresentado é:

Fig. 195

( ) a) 100 Hz
( ) b) 200 Hz
( ) c) 1 000 Hz
( ) d) 2 000 Hz

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Instituto Monitor

3 - A figura 196 representa um sinal retangular apresentado num osciloscópio


quando a base de tempo é ajustada para 2 ms por divisão (2 ms/div). Pela
figura, podemos dizer que neste sinal o período no nível alto (ou seja, o tempo
em que a tensão permanece elevada) é de:

Fig. 196 1 ou Alto


0

( ) a) 1 ms
( ) b) 2 ms
( ) c) 4 ms
( ) d) 8 ms

4 - Qual é a freqüência do sinal observado na figura 197? O osciloscópio foi


ajustado para uma escala de varredura de 100 us/div (100 microssegundos
por divisão).

1 ciclo  50us

Fig. 197

2 ciclos
( ) a) 1 MHz
( ) b) 2 MHz
( ) c) 10 KHz
( ) d) 20 KHz

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5. Na figura 198 temos a imagem de duas formas de onda visualizadas na mesma


freqüência de varredura. Nessas condições, podemos dizer que a diferença de
fase entre os dois sinais é:

Fig. 198

( ) a) Nula
( ) b) 90 graus
( ) c) 180 graus
( ) d) 270 graus

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Respostas dos Exercícios Propostos
Lição 1 Lição 5 Lição 9 Lição 13
1–D 1–C 1–B 1–D
2–D 2–D 2–D 2–D
3–B 3–A 3–B 3–D
4–B 4–A 4–B 4–C
5–D 5–D
Lição 6 Lição 10
Lição 2 1–B 1–A Lição 14
1–C 2–D 2–C 1–C
2–B 3–A 3–B 2–C
3–C 4–B 4–D 3–A
4–B 5- D 5–C 4–B
5–B
Lição 3 Lição 7 Lição 11
1–A 1–C 1–D Lição 15
2–C 2–B 2–D 1–D
3–C 3–C 3–C 2–C
4–C 4–C 4–A 3–D
5–B 5–A 5–B 4–B

Lição 4 Lição 8 Lição 12 Lição 16


1–C 1–B 1–D 1–D
2–A 2–C 2–D 2–A
3–C 3–A 3–D 3–C
4–A 4–B 4–B 4–D
5–C 5–D

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Instituto Monitor

Lição 17 Lição 21 Lição 25


1–C 1–B 1–A
2–B 2–A 2–C
3–C 3–C 3–A
4–B 4–B 4–C
5–D 5–C 5–D

Lição 18 Lição 22 Lição 26


1–B 1–D 1–C
2–A 2–A 2–D
3–B 3–D 3–B
4–A 4–D 4–A
5–C 5–A 5–D

Lição 19
Lição 23 Lição 27
1–B
1–C 1–D
2–A
2–B 2–D
3–C
3–B 3–B
4–A
4–C 4–B
5–B
5–D
Lição 28
Lição 20
1–C
1–A Lição 24
2–A
2–D 1–B
3–A
3–C 2–C
4–D
4–C 3–A
5–C
5–B 4–D

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Bibliografia
O’MALEY, John
Análise de Circuitos
Editora Makron Books

ALBUQUERQUE, Rômulo Oliveira


Análise de Circuitos em Corrente Contínua
Editora Érica

AIUB, José Eduardo


FOLONI, Enio
Eletrônica

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Instruções:

• Para os alunos matriculados nos cursos oficiais, estes exercícios simulados são opcionais.
Caso deseje, eles podem ser enviados aos nossos professores de plantão, que farão a
correção e os devolverão com as devidas observações.
• Para os alunos matriculados nos cursos livres, estes exercícios simulados terão o valor de
provas, realizadas a distância, e devem ser obrigatoriamente enviados para correção. Sua
aprovação lhe conferirá seu Certificado de Conclusão.
• O endereço para envio dos exercícios simulados em ambos os casos é:
Caixa Postal 2722 Rua dos Timbiras, 257/263 - Centro
ou
01009-972 - São Paulo - SP 01208-010 - São Paulo - SP
• Atenção: para questões de múltipla escolha, existe apenas UMA alternativa correta em cada uma.

124 - Eletrônica Básica e Instrumentação

Nome: ........................................................................................................................................................................................

Nº de Matrícula: ................................................................ Nota: ...........................................

1 - Explique o conceito de Resistência Elétrica.


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....................................................................................................................................................................................................
....................................................................................................................................................................................................
....................................................................................................................................................................................................
....................................................................................................................................................................................................
....................................................................................................................................................................................................

2 - Quais são os tipos de resistores existentes?


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....................................................................................................................................................................................................
....................................................................................................................................................................................................
....................................................................................................................................................................................................

3 - Usando o código de cores, identifique o valor dos resistores abaixo:


a) Marrom, preto, vermelho, ouro. ________________________
b) Branco, marrom, marrom, ouro. ________________________
c) Verde, azul, amarelo, vermelho, marrom. ________________________
d) Cinza, vermelho,verde,ouro,marrom. ________________________

1/5
4 - Quais são as cores dos resistores abaixo?
a) 270  ± 5% (considerar resistor de 4 anéis) _____________________________________________
b) 750  ± 5% (considerar resistor de 4 anéis) _____________________________________________
c) 45,2  ± 1% (considerar resistor de 5 anéis) _____________________________________________
d) 100  ± 1% (considerar resistor de 5 anéis) _____________________________________________

5 - Desenhe uma associação em série, contendo 3 resistores com os seguintes valores: 50 , 70  e 120 .
Calcule o valor da resistência equivalente.

6 - Desenhe uma associação em paralelo, contendo 3 resistores com os seguintes valores: 1,5 K, 270 , 2 K.
Calcule o valor da resistência equivalente.

7 - Calcule a resistência equivalente do circuito abaixo:

15

50 150

8 - Explique o funcionamento do LDR, PTC e NTC.


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2/5
9 - O que é capacitância e qual é a sua unidade de medida?
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10 - Como é formado um capacitor?
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11 - Quais são os tipos de capacitores existentes e quais são polarizados?
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12 - Calcule o resultado das associações de capacitores abaixo:
10uF 100uF
a)

b)
100F 0,33uF

13 - O que é indutância e qual a sua unidade de medida?


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3/5
14 - Calcule o resultado das associações de indutores abaixo:

a) 10 H 50 H

b)

0,22 H 330 mH

15 - Como pode ser aumentada a indutância de uma bobina?


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16 - Explique a diferença entre corrente alternada e corrente contínua.
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17 - Explique o que é:
Tensão de pico:
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Tensão de pico-a-pico:
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Tensão média:
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Tensão eficaz ou RMS:
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4/5
18 - Qual é o valor de pico de uma tensão alternada de 220 V RMS ?

19 - Um transformador possui no enrolamento primário 1250 espiras e no enrolamento secundário, 50 espiras.


Sabendo-se que a tensão do primário é de 220V, qual é a tensão do secundário?

20 - Dentro das categorias de motores elétricos, qual é o que oferece maior precisão?
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21 - Qual é o nome do dispositivo usado para efetuar as leituras nos multímetros analógicos?
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22 - O que é resistência shunt e resistência multiplicadora?
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23 - Quais são as grandezas elétricas possíveis de medir com o osciloscópio?


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5/5
Pesquisa de Avaliação

124 - Eletrônica Básica e Instrumentação

Caro Aluno:

Queremos saber a sua opinião a respeito deste fascículo que você acaba de estudar.

Para que possamos aprimorar cada vez mais os nossos serviços, oferecendo um
material didático de qualidade e eficiente, é muito importante a sua avaliação.

Sua identificação não é obrigatória. Responda as perguntas a seguir assinalando


a alternativa que melhor corresponda à sua opinião (assinale apenas UMA
alternativa). Você também pode fazer sugestões e comentários por escrito no
verso desta folha.

Na próxima correspondência que enviar à Escola, lembre-se de juntar sua(s)


pesquisa(s) respondida(s).

O Instituto Monitor agradece a sua colaboração.

A Editora.
Nome (campo não obrigatório): ____________________________________________
___________________
o
N de matrícula (campo não obrigatório): _____________________
Curso Técnico em:
Eletrônica Secretariado Gestão de Negócios
Transações Imobiliárias Informática Telecomunicações
Contabilidade

QUANTO AO CONTEÚDO

1) A linguagem dos textos é:


a) sempre clara e precisa, facilitando muito a compreensão da matéria estudada.
b) na maioria das vezes clara e precisa, ajudando na compreensão da matéria estudada.
c) um pouco difícil, dificultando a compreensão da matéria estudada.
d) muito difícil, dificultando muito a compreensão da matéria estudada.
e) outros: ______________________________________________________

2) Os temas abordados nas lições são:


a) atuais e importantes para a formação do profissional.
b) atuais, mas sua importância nem sempre fica clara para o profissional.
c) atuais, mas sem importância para o profissional.
d) ultrapassados e sem nenhuma importância para o profissional.
e) outros: ______________________________________________________

3) As lições são:
a) muito extensas, dificultando a compreensão do conteúdo.
b) bem divididas, permitindo que o conteúdo seja assimilado pouco a pouco.
c) a divisão das lições não influencia Na compreensão do conteúdo.
d) muito curtas e pouco aprofundadas.
e) outros: ______________________________________________________
QUANTO AOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS

4) Os exercícios propostos são:


a) muito simples, exigindo apenas que se decore o conteúdo.
b) bem elaborados, misturando assuntos simples e complexos.
c) um pouco difíceis, mas abordando o que se viu na lição.
d) muito difíceis, uma vez que não abordam o que foi visto na lição.
e) outros: ______________________________________________________

5) A linguagem dos exercícios propostos é:


a) bastante clara e precisa.
b) algumas vezes um pouco complexa, dificultando a resolução do problema proposto.
c) difícil, tornando mais difícil compreender a pergunta do que respondê-la.
d) muito complexa, nunca consigo resolver os exercícios.
e) outros: ______________________________________________________

QUANTO À APRESENTAÇÃO GRÁFICA

6) O material é:
a) bem cuidado, o texto e as imagens são de fácil leitura e visualização, tornando o estudo bastante agradável.
b) a letra é muito pequena, dificultando a visualização.
c) bem cuidado, mas a disposição das imagens e do texto dificulta a compreensão do mesmo.
d) confuso e mal distribuído, as informações não seguem uma seqüência lógica.
e) outros: ______________________________________________________

7) As ilustrações são:
a) bonitas e bem feitas, auxiliando na compreensão e fixação do texto.
b) bonitas, mas sem nenhuma utilidade para a compreensão do texto.
c) malfeitas, mas necessárias para a compreensão e fixação do texto.
d) malfeitas e totalmente inúteis.
e) outros: ______________________________________________________

Lembre-se: você pode fazer seus comentários e sugestões, bem como apontar
algum problema específico encontrado no fascículo.

PAMD1

Sugestões e comentários

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