Você está na página 1de 2

UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI – URCA CENTRO DE

EDUCAÇÃO – CE/DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO


NÚCLEO DE EDUCAÇÃO INFANTIL - NEI CURSO DE
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU ESPECIALIZAÇÃO EM
EDUCAÇÃO INFANTIL
DISCIPLINA: EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PRIMEIRA INFÂNCIA
PROFESSORA DOUTORA MARLA VIEIRA MOREIRA DE
OLIVEIRA
PROFESSORA ESTUDANTE: REBECA SOUZA PITA

RESENHA DO FILME UMA VIAGEM INESPERADA

Iniciamos o filme com a abordagem de como uma família com crianças


neurotípicas desenvolve ou não laços entre seus membros. Uma passagem muito
marcante desse retrato afetivo é tanto o abandono familiar por parte do padrasto das
crianças como a dedicação em possibilitar um diagnóstico assertivo por parte da mãe
como pelo afinco dela construir juntamente com os demais profissionais que os filhos
precisaram para desenvolver suas habilidades no decorrer do filme.

As mudanças bruscas na rotina das crianças é um marco muito interessante na


perspectiva pedagógica, sociológica e psicopedagógica estabelecida pelo filme. Essas
mudanças, inicialmente, causaram muito estranhamento aos dois irmãos, mas foi
fundamental observar a cautela e os cuidados dedicados pela mãe na adaptação deles aos
desafios que é necessário enfrentar no decorrer da vida, tais como as transformações nos
ambientes de convivência e a construção das relações na escola.

Ainda enquanto crianças neurotípicas nas salas, não muito diferente do que o
filme do início do século retrata, ainda hoje observamos em algumas instituições de
ensino o isolamento proposital de crianças que tenham necessidades educacionais
específicas do convívio com as demais crianças, bem como o distanciamento nos
processos de ensino e aprendizagem. Instituições escolares capacitistas e não inclusivas
procuram não estimular a capacitação dos profissionais escolares para trabalhar com
crianças neurotípicas e crianças com deficiências. Dessa forma, a segregação desse
público, inclusive dentro da sala de aula, as transformam em "bibelôs esquecidos no
canto” enquanto os professores continuam a mediar as atividades desenvolvidas com
outras crianças.

O olhar atento dos professores e demais profissionais das escolas possibilitam que
todas as crianças desenvolvam suas potencialidades e construam desafios cognitivos a
fim de trabalhar suas dificuldades. No filme podemos perceber a facilidade de
aprendizado que os irmãos desenvolvem por algumas áreas do conhecimento, como as
artes plásticas, música e esporte. Entretanto, somente puderam ser trabalhadas a partir do
momento que tiveram contato com professores que viam suas potências acima do
diagnóstico. E, a partir do que as crianças já tinham aprendido, puderam aperfeiçoar
outras habilidades sem obrigá-las a ignorar seus pontos de interesse.

Por fim, cabe o questionamento que o filme deixa a desejar: Cura para o autismo?
Como curar algo que não é uma doença? Interessante possibilitar que levantemos essa
discussão em todos os espaços educacionais que estejamos, visto que em um cenário
político de negação do conhecimento, da ciência, da inclusão e dos direitos de todos, cada
vez mais esse discurso se alimenta e consegue entrar na sala de aula.

Você também pode gostar