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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO

CURSO DE DIREITO

3˚ Ano Pôs - Laboral

Cadeira: Direito das Obrigações

Trabalho de investigação
Tema
GESTÃO DE NEGÓCIOS

Discente:

Neidy Carla João

Docente:

Beira

Junho, 2020

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ÍNDICE
INTRODUÇÃO...........................................................................................................................................1
GESTÃO DE NEGÓCIOS..........................................................................................................................2
Conceitos.................................................................................................................................................2
Origem da gestão de negócios.................................................................................................................4
PRESSUPOSTOS.......................................................................................................................................5
i. Tratar-se de “negócio alheio”..........................................................................................................6
ii. Ausência de obrigação legal entre as partes.....................................................................................6
iii. Atuação do gestor no interesse e vontade presumida do “dominus” (utiliter gestum)..................6
iv. Limitar-se a ação a atos de natureza patrimonial.........................................................................7
v. Vontade do gestor de gerir negócios alheio.....................................................................................7
vi. Intervenção motivada por necessidade ou por utilidade...............................................................8
vii. Licitude e fungibilidade do objeto de negócios............................................................................8
viii. Ação do Gestor limitada a atos de natureza patrimonial..............................................................8
DEVERES RECÍPROCOS..........................................................................................................................9
Deveres do Gestor...................................................................................................................................9
Deveres do dono do Negocio...................................................................................................................9
Direitos do “Dominus negotti”..............................................................................................................11
Aprovação.............................................................................................................................................12
Responsabilidade do gestor...................................................................................................................14
CONCLUSÃO..........................................................................................................................................15
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................16

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INTRODUÇÃO

A vida em sociedade esta exposta a varios acontecimentos coriqueiros e imprevisiveis, entre eles
esta a Gestão de Negócios. À intervenção, não autorizada, das pessoas na direcção de negócio
alheio, feita no interesse e por conta do respectivo dono, dá-se o nome de gestão de negócios.

O presente trabalho tem como objective descrever de forma clara e concisa a Gestao de Negocios
no campo do direito das obrigações. E para o alcance do mesmo tornar-se-a necessario
conceitualizar o tema e exposição de modo a entender as generalidades envolventes do tema.

A gestão de negócios está subjacente a a pressupostos que devem ser observados, sendo o
primeiro e o mais importante de todos a existencia de duas partes (o gestor e o Dono do
negócio). diferentes autores enumeram uma serie de pressupostos como condição a ocorência da
gestão de negócios, no entanto eles resumen-se apenas em 3 princiapais que são: Direcção de
negócio alheio;Actuação no interesse e por conta do dono do negócio, isto é, o titular que no
momento gere e Falta de autorização.

Como toda a relação social, existe tambem nesta, os deveres de cada uma das partes, sendo que
cada um deve cumprir com o seu papel para que se encontre a satisfação de ambos. Pelo
contrario, o não cumprimento de uma das partes com o acordado quebra o equilibrio e o bom
funcionamento desse sistema.

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GESTÃO DE NEGÓCIOS
Conceitos 
Dá-se a gestão de negócios quando uma pessoa, sem autorização do interessado, intervém na
administração de negócio alheio, dirigindo-o segundo o interesse e a vontade presumível de seu
dono. Segundo a definição de MARTINEZ 2004, é a administração oficiosa de negócios alheios,
feita sem procuração.

Na maioria das vezes se trata de um ato de altruísmo, em que o gestor intervém na órbita de
interesses de outra pessoa com a intenção de evitar um prejuízo para esta, mesmo sem estar por
ela autorizado, agindo de acordo com a vontade presumida do dono do negócio.

Dá-se a gestão de negócios, por exemplo, quando alguém, presenciando em prédio alheio
estragos capazes de o destruir, ajusta em nome do proprietário ausente, mas sem sua autorização,
um empreiteiro para o reparar. Ou ainda quando alguém socorre pessoa desconhecida, vítima de
um acidente, conduzindo-a ao hospital e tomando todas as providências para o seu atendimento,
realizando inclusive o depósito exigido pelo nosocômio.

Aquele que, sem autorização do interessado, intervém na gestão de


negócio alheio, dirigi-lo-á segundo o interesse e a vontade presumível
de seu dono, ficando responsável a este e às pessoas com que tratar. A
ratificação pura e simples do dono do negócio retroage ao dia do
começo da gestão, e produz todos os efeitos do mandato.
(CORDEIRO,2014)

Se a gestão foi iniciada contra a vontade manifesta ou presumível do interessado, responderá o


gestor até pelos casos fortuitos, não provando que teriam sobrevindo, ainda quando se houvesse
abatido.

Se os prejuízos da gestão excederem o seu proveito, poderá o dono do negócio exigir que o
gestor restitua as coisas ao estado anterior, ou o indenize da diferença. Quando a gestão se
proponha a acudir a prejuízos iminentes, ou redunde em proveito do dono do negócio ou da

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coisa; mas a indenização ao gestor não excederá, em importância, as vantagens obtidas com a
gestão.

Se o negócio for utilmente administrado, cumprirá ao dono as obrigações contraídas em seu


nome, reembolsando ao gestor as despesas necessárias ou úteis que houver feito, com os juros
legais, desde o desembolso, respondendo ainda pelos prejuízos que este houver sofrido por causa
da gestão.

A utilidade, ou necessidade, da despesa, apreciar-se-á não pelo resultado obtido, mas segundo as
circunstâncias da ocasião em que se fizerem. Ainda quando o gestor, em erro quanto ao dono do
negócio, der a outra pessoa as contas da gestão. Tanto que se possa, comunicará o gestor ao dono
do negócio a gestão que assumiu, aguardando-lhe a resposta, se da espera não resultar perigo.
Enquanto o dono não providenciar, velará o gestor pelo negócio, até o levar a cabo, esperando, se
aquele falecer durante a gestão, as instruções dos herdeiros, sem se descuidar, entretanto, das
medidas que o caso reclame.

Embora ciente da morte, interdição ou mudança de estado do mandante, deve o mandatário


concluir o negócio já começado, se houver perigo na demora. O gestor envidará toda sua
diligência habitual na administração do negócio, ressarcindo ao dono o prejuízo resultante de
qualquer culpa na gestão.

De acordo com VARELA 2000, o mandatário é obrigado a aplicar toda sua diligência habitual na
execução do mandato, e a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quem
substabelecer, sem autorização, poderes que devia exercer pessoalmente.

O gestor responde pelo caso fortuito quando fizer operações arriscadas, ainda que o dono
costumasse fazê-las, ou quando preterir interesse deste em proveito de interesses seus. Querendo
o dono aproveitar-se da gestão, será obrigado a indenizar o gestor das despesas necessárias, que
tiver feito, e dos prejuízos, que por motivo da gestão, houver sofrido.

Quando alguém, na ausência do indivíduo obrigado a alimentos, por ele os prestar a quem se
devem, poder-lhes-á reaver do devedor a importância, ainda que este não ratifique o ato. Nas
despesas do enterro, proporcionadas aos usos locais e à condição do falecido, feitas por terceiro,

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podem ser cobradas da pessoa que teria a obrigação de alimentar a que veio a falecer, ainda
mesmo que esta não tenha deixado bens.

O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se
do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor. Cessa o disposto neste artigo e no
antecedente, em se provando que o gestor fez essas despesas com o simples intento de bem-
fazer.

Se os negócios alheios forem conexos ao do gestor, de tal arte que se não


possam gerir separadamente, haver-se-á o gestor por sócio daquele cujos
interesses agenciar de envolta com os seus. No caso deste artigo, aquele em
cujo benefício interveio o gestor só é obrigado na razão das vantagens que
lograr. (VARELA 2000)

O mandatário que exceder os poderes do mandato, ou proceder contra eles, será considerado
mero gestor de negócios, enquanto o mandante lhe não ratificar os atos. O maior de dezesseis e
menor de dezoito anos não emancipado pode ser mandatário, mas o mandante não tem ação
contra ele senão de conformidade com as regras gerais, aplicáveis às obrigações contraídas por
menores.

Origem da gestão de negócios


A gestão de negócio tem a sua origem no Direito Romano, na verdade a sua importância revelou-
se, durante a Segunda Grande Guerra, pois neste período muitas pessoas se viram
impossibilitadas de gerir a sua esfera de interesses e, terceiros tomaram a iniciativa de praticar
actos de salvaguarda de bens dos ausentes.

A gestão de negócios pode traduzir-se na prática de:

 Autênticos negócios jurídicos,


Exemplo: Celebração de Contratos,

 Simples actos de natureza material não jurídico.

A gestão de negócio não tem que incidir necessariamente:

 Sobre bens patrimoniais, pode perfeitamente incidir

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 Sobre valores morais, será o caso de alguém que se empenha na defesa da honra de
alguém ausente.

 A Gestão pode ser:

 Representativa, se o gestor actuar em nome alheio (em nome do dono do negócio), ou


pode ser;

 Não representativa, se o gestor actuar em nome próprio.

O apelo ao interesse do dono do negócio revela:

 A essência do próprio instituto (solidariedade social) afastando as intervenções


conscientes em negócios alheios com proveito próprio

 Revela da circunstância de o gestor ter de agir com a intenção de transferir para o


«domino» os efeitos ou resultados da operação.

Este «animus aliena negotia gerendi» está evidenciado com clareza nos artº 465º al. a) —
(deveres do Gestor) — e 466º nº 2 (Responsabilidade do Gestor) do C.C .

A regularidade da intervenção, desde que a gestão seja aprovada pelo «dominus» - artº 469º
(Aprovação da gestão) atribui à aprovação o sentido de um reconhecimento de direito – ou
sempre que o gestor, em caso de juízo negativo do dono, consiga demonstrar a conformidade
objectiva da sua actuação com o interesse e a vontade do dono do negócio, crie obrigação do
«dominus» para com o gestor, sendo aquele obriga, ex vide artº 468º nº 1 (Obrigação do dono do
negócio).

A actuação culposa do gestor, não se verificando a hipótese prevista no artº 469º (Aprovação da
gestão), origina, apenas nos termos do nº 2 do artº. 468º (Obrigações do dono do negócio), uma
responsabilidade segundo, mas antes de proceder a qualquer diligência renuncia ao mandato.

Exemplo: O pagamento do preço de uma excursão que não chega a realizar-se

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PRESSUPOSTOS
A gestão de negócio destaca-se no circuito das fontes legais das obrigações. A gestão de
negócios se caracteriza sempre que alguém “assume a direcção de negócio alheio no interesse e
por conta do respectivo dono, sem para tal estar autorizado”, nos termos do artigo 464º CC que
nos apresenta a noção legal da Gestão de negócios.

A licitude da intromissão na esfera jurídica de outrem, subordinam-se em três requisitos,


enunciado do art.º 464º (Noção — Gestão de negócios) C.C., como sendo:
 Direcção de negócio alheio;
 Actuação no interesse e por conta do dono do negócio, isto é, o titular que no momento
gere;

 Falta de autorização.

Baseado nos requisitos anteriormente enumerados, GONÇALVES 2014, enuncia os seguintes


presupostos da gestao de Negocios:

i. Tratar-se de “negócio alheio”


Esta expressão não tem o sentido técnico de negócio jurídico, mas de interesse de terceiro, em
sentido amplo. Aplicam-se-lhe os preceitos ora em estudo ainda que o gestor trate do negócio
alheio pensando que era dele próprio, ou mesmo supondo que era de uma pessoa, quando, na
realidade, era de outra.

ii. Ausência de obrigação legal entre as partes


Porque a gestão de negócios reclama uma intervenção voluntária, isto é,  que o gestor interfira
em  situação jurídica alheia espontaneamente. Se estiver munido de procuração, ter-se-á
mandato. Imprescindível, portanto, a falta de autorização representativa e o desconhecimento do
dono do negócio, que deve ignorar a gestão.

iii. Atuação do gestor no interesse e vontade presumida do “dominus” (utiliter gestum).


O gestor procura fazer exatamente o que o dono do negócio desejaria, se estivesse presente. Se o
negócio não é bem gerido, pode aquele não ter os seus atos ratificados, ficando por eles
pessoalmente responsável. Se a gestão for iniciada “contra a vontade” do interessado,
“responderá o gestor até pelos casos fortuitos”, não provando que teriam sobrevindo de qualquer
modo.

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Considera-se que, neste caso, existe abuso do gestor e só o êxito do empreendimento o isentará
de qualquer responsabilidade. Se, porém, fracassar, suportará os prejuízos, ainda que derivados
de caso fortuito, salvo provando a escusa mencionada. 

Para COSTA 2013, Inexistência de proibição ou oposição por parte do dono do negócio, ante o
fato da gestão de negócios constituir o exercício de um ato pelo gestor segundo o interesse e a
vontade presumível de seu dono. 

Aquele que, sem autorização do interessado, intervém na gestão de negócio alheio, dirigi-lo-á
segundo o interesse e a vontade presumível de seu dono, ficando responsável a este e às pessoas
com que tratar. se os prejuízos da gestão excederem o seu proveito, poderá o dono do negócio
exigir que o gestor restitua as coisas ao estado anterior, ou o indenize da diferença. Se a gestão
foi iniciada contra a vontade manifesta ou presumível do interessado, responderá o gestor até
pelos casos fortuitos, não provando que teriam sobrevindo, ainda quando se houvesse abatido.

iv. Limitar-se a ação a atos de natureza patrimonial


Ou seja, a negócios, como nos mostra a própria denominação do instituto, porque os outros
exigem sempre a outorga de poderes. Ficam, pois, excluídos da gestão de negócios os assuntos
de interesse público, tais como os relativos às qualidades de cidadão, eleitor, jurado etc., ou os
concernentes ao estado civil ou aos interesses familiares, como os de pai, filho, cônjuge,
divorciado etc., ou o matrimônio, a separação, o divórcio, a perfilhação etc. Mesmo os negócios
patrimoniais, nem todos podem ser objeto da gestão de negócios, mas somente os que são
suscetíveis de ser executados por meio de mandatário, desde que não exijam mandato expresso,
como, por exemplo, doação, convenção antenupcial e repúdio de herança.

v. Vontade do gestor de gerir negócios alheio


Que se trate de um ou de vários assuntos, comportando-se como tal com o firme propósito de
obrigar o dominus, não tendo, portanto, intenção de fazer pura liberalidade. Se o negócio for
interesse for interesse do gestor e não do dono do negócio, ter-se-á administração de negócio
próprio. Pode ocorrer que os negócios nos quais o gestor interveio não seja inteiramente alheios,
mas conexos aos seus, de tal sorte que não possam ser geridos separadamente.

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Haver-se-á, então, o gestor por sócio; "Se os negócios alheios forem
conexos ao do gestor, de tal arte que se não possam gerir separadamente,
haver-se-á o gestor por sócio daquele cujos interesses agenciar de
envolta com os seus, aquele em cujo benefício interveio o gestor só é
obrigado na razão das vantagens que lograr." (GONÇALVES 2014)

vi. Intervenção motivada por necessidade ou por utilidade


Com a intenção de trazer proveito para o dono. Por exemplo: a atuação do despachante, que
recolhe imposto para cliente de outro negócio, no último dia do prazo. Este último pressuposto
constitui a razão de ser do referido contrato.

Com efeito, COSTA 2013, declara que a utilidade é elemento fundamental na gestão de negócios.
Sendo proveitosa a administração, o dono do negócio ficará vinculado aos compromissos
assumidos pelo gestor, ainda que tal fato o desagrade.

Tal ocorrerá mesmo que a gestão se haja iniciado contra a sua vontade presumível e mesmo que
tenha consistido em “operações arriscadas”, excedentes da mera administração. Nesta última
hipótese, se o dono do negócio quiser aproveitar-se da gestão, “será obrigado a indenizar o
gestor” por todas as despesas e prejuízos sofridos. "Querendo o dono aproveitar-se da gestão,
será obrigado a indenizar o gestor das despesas necessárias, que tiver feito, e dos prejuízos, que
por motivo da gestão, houver sofrido." Em alguns sistemas a gestão de negócios é considerada
um quase contrato, como era no direito romano, devido à falta do acordo de vontades.

Quando uma pessoa, com conhecimento e sem desaprovação do dono, assume a administração
de negócio alheio, há mandato tácito, e não gestão de negócios. "O mandato pode ser expresso
ou tácito, verbal ou escrito."

vii. Licitude e fungibilidade do objeto de negócios


Pois além de ser lícito deverá ser fungível, ou seja, deverá tratar-se de negócio suscetível de ser
realizado por terceiro, uma vez que a gestão de negócios não se coaduna com atos
personalíssimos, que só podem ser praticados pelo dono do negócio.

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viii. Ação do Gestor limitada a atos de natureza patrimonial
Pois os de natureza extrapatrimonia requerem outorga de poderes.  Os atos de gestor, em regra,
são de mera administração, embora possam, ás vezes ser de disposição.

DEVERES RECÍPROCOS
Deveres do Gestor
Para que todo o processo de gestão cora em conformidade com as partes envolvidas, torna-se
necessária a existência de deveres e direitos que de forma clara marcarão as directrizes do
processo.
Ao abrigo do disposto no artigo 465.º do CC (Deveres do gestor) no recaem sobre o gestor os
seguintes deveres:
a) Conformar-se como interesse e a vontade;real ou presumível, do dono do negócio,sempre
que esta não seja contrária à lei ou à ordempública, ou ofensiva dos bonscostumes;
b) Avisar o dono do negócio, logo que seja possível, de que assumiu a gestão;
c) Prestarcontas, findo o negócio ou interrompida a gestão, ou quando o dono as exigir;
d) Prestar a este todas asinformaçõesrelativas à gestão;
e) Entregar-lhe tudo o que tenha recebido de terceiros no exercício da gestão ou o saldo
dasrespectivascontas,comosjuroslegais, relativamente às quantias emdinheiro, a partir do
momento emque a entrega haja de ser efectuada.

Para FARIA 1975, alem dos deveres mencionados a luz do artigo anterior, obrigações do
gestor do negócio são, em regra, as do mandatário, entretanto, destaca as seguintes:
 Administrar o negócio alheio -  Aquele que, sem autorização do interessado, intervém
na gestão de negócio alheio, dirigi-lo-á segundo o interesse e a vontade presumível de seu
dono, ficando responsável a este e às pessoas com que tratar.
 Comunicar a gestão ao dono do negócio - aguardando-lhe a resposta, se da espera não
resultar perigo; Tanto que se possa, comunicará o gestor ao dono do negócio a gestão que

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assumiu, aguardando-lhe a resposta, se da espera não resultar perigo. Cumpre ao gestor,
portanto, aguardar a resposta antes de tomar qualquer outra providência. Só deverá agir,
sem resposta, se a demora puder acarretar algum prejuízo para o negócio.

Deveres do dono do Negocio


Desde que a gestão seja regular, isto é, não tenha havido infracção das obrigações impedientes
sobre o gestor designadamente da obrigação de actuação conforme ao interesse e à vontade do
dominus.

Neste caso de regularidade da gestão, o dono do negócio é obrigado (art. 468º/1 CC) a
reembolsar o gestor de todas as despesas que ele, fundadamente, tenha considerado
indispensáveis, com os juros legais, contratados do momento em que as despesas foram feitas e
até ao momento em que o reembolso se verifica.

a) Obrigação de reembolso de despesas: são todas e apenas aquelas despesas que ele tenha
considerado indispensáveis com fundamento, desde que a situação objectivamente
justificasse o juízo de indisponibilidade. A essas despesas acresce a obrigação de
pagamento dos juros legais, correspondentes ao montante de tais despesas.
b) A obrigação de indemnização: a obrigação de reembolso só existe quando houve
despesas feitas pelo gestor só existe, se ele tiver sofrido prejuízos com a gestão: prejuízos
que podem ser de natureza patrimonial ou de natureza não patrimonial.
c) Obrigação de remuneração do gestor: esta depende de a actividade desenvolvida pelo
gestor corresponder à sua actividade profissional.
Uma vez que o dono do negócio tenha conhecimento da actividade gestória ele pode, em
relação a essa actividade, tomar uma de três atitudes:

i. Pode aprovar a gestão;


ii. Pode nada dizer;
iii. Pode desaprovar a gestão.

Vigora o disposto neste artigo, ainda quando o gestor, em erro quanto ao dono do negócio, der a
outra pessoa as contas da gestão.  A utilidade, ou necessidade, da despesa, apreciar-se-á não pelo

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resultado obtido, mas segundo as circunstâncias da ocasião em que se fizerem. Quando os juros
moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de
determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor.

Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos juros da mora que se contarão assim
às dívidas em dinheiro, como às prestações de outra natureza, uma vez que lhes esteja fixado o
valor pecuniário por sentença judicial, arbitramento, ou acordo entre as partes.

Quando a gestão se proponha a acudir a prejuízos iminentes, ou redunde em proveito do dono do


negócio ou da coisa; mas a indenização ao gestor não excederá, em importância, as vantagens
obtidas com a gestão. 

Segundo GONSALVES 2014, se o negócio for utilmente administrado, cumprirá ao dono as


obrigações contraídas em seu nome, reembolsando ao gestor as despesas necessárias ou úteis que
houver feito, com os juros legais, desde o desembolso, respondendo ainda pelos prejuízos que
este houver sofrido por causa da gestão. 

A utilidade, ou necessidade, da despesa, apreciar-se-á não pelo resultado obtido, mas segundo as
circunstâncias da ocasião em que se fizerem. Vigora o disposto neste artigo, ainda quando o
gestor, em erro quanto ao dono do negócio, der a outra pessoa as contas da gestão.

Direitos do “Dominus negotti”


Em conexão com a história do direito romano, um breve conceito de dominus negocii poderia ser
o seguinte: Pessoa a favor de quem uma empresa é criada com ou sem seu mandato. Para obter
mais informações, consulte o conteúdo das entradas sobre direito romano, sobre dominus negocii
e outros tópicos, na enciclopédia jurídica.

Se os prejuízos da gestão excederem o seu proveito, poderá o dono do negócio exigir que o
gestor restitua as coisas ao estado anterior, ou o indenize da diferença. Se a gestão foi iniciada
contra a vontade manifesta ou presumível do interessado, responderá o gestor até pelos casos
fortuitos, não provando que teriam sobrevindo, ainda quando se houvesse abatido.Ratificar ou
desaprovar; Se o dono do negócio, ou da coisa, desaprovar a gestão, considerando-a contrária aos

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seus interesses. A ratificação pura e simples do dono do negócio retroage ao dia do começo da
gestão, e produz todos os efeitos do mandato.

Na óptica de FARIA 1975, Os atos praticados por quem não tenha mandato, ou o tenha sem
poderes suficientes, são ineficazes em relação àquele em cujo nome foram praticados, salvo se
este os ratificar. A ratificação há de ser expressa, ou resultar de ato inequívoco, e retroagirá à
data do ato.

Se a gestão foi iniciada contra a vontade manifesta ou presumível do interessado, responderá o


gestor até pelos casos fortuitos, não provando que teriam sobrevindo, ainda quando se houvesse
abatido. Se os prejuízos da gestão excederem o seu proveito, poderá o dono do negócio exigir
que o gestor restitua as coisas ao estado anterior, ou o indenize da diferença.

Quando a gestão se proponha a acudir a prejuízos iminentes, ou redunde em proveito do dono do


negócio ou da coisa; mas a indenização ao gestor não excederá, em importância, as vantagens
obtidas com a gestão, se o negócio for utilmente administrado, cumprirá ao dono as obrigações
contraídas em seu nome, reembolsando ao gestor as despesas necessárias ou úteis que houver
feito, com os juros legais, desde o desembolso, respondendo ainda pelos prejuízos que este
houver sofrido por causa da gestão.

A utilidade, ou necessidade, da despesa, apreciar-se-á não pelo resultado obtido, mas segundo as
circunstâncias da ocasião em que se fizerem.

Vigora o disposto neste artigo, ainda quando o gestor, em erro quanto ao dono do negócio, der a
outra pessoa as contas da gestão. 

Se o negócio for utilmente administrado, cumprirá ao dono as obrigações contraídas em seu


nome, reembolsando ao gestor as despesas necessárias ou úteis que houver feito, com os juros
legais, desde o desembolso, respondendo ainda pelos prejuízos que este houver sofrido por causa
da gestão.

Aprovação
É uma declaração negocial dirigida pelo dominus ao gestor, declaração que não tem de ser

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expressa, pode ser tácita, cujo conteúdo é um juízo de concordância global com a actividade
genérica.

Tem como efeitos jurídicos (art. 469º CC):

 A renúncia por parte do dominus a qualquer direito indemnizatório que ele tivesse, ou
pudesse ter, contra o gestor, por incumprimento culposo e danoso das obrigações do
gestor;

 Reconhecimento, por parte do dominus, ao gestor dos direitos de reembolso de despesas,


juros legais e direito de indemnização pelos danos causados (art. 468º/1, 1ª parte CC).

Se a gestão não for regular, se houver incumprimento de alguma obrigação por parte do gestor,
designadamente a obrigação de se pautar pelo interesse e pela vontade do dominus, então o
gestor apenas tem direito a ser restituído daquilo com que tenha empobrecido, por parte do
dominus, nos termos do enriquecimento sem causa (art. 468º/2 CC).

Diversamente da aprovação, pode o dominus ratificar os actos jurídicos praticados pelo gestor no
exercício da gestão, se ele, gestor os praticou representativamente. Se o gestor agiu em seu
próprio nome, isto é, não comunicou ao terceiro com quem celebrou os negócios, que estes não
eram dele, não eram para ele e tudo se passou como se ele fosse titular do interesse que o
negócio visava satisfazer, então tem-se uma gestão não representativa, ele actuou em nome
próprio.

Mas o gestor pode ter comunicado ao terceiro que estava a actuar em nome e por conta de
outrem e aí tem-se uma gestão representativa. A representação, é a situação em que alguém
actua, realizando actos ou negócios jurídicos, em nome de outrem. O representante pode ter ou
não ter poderes.

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A ratificação, é um negócio jurídico unilateral, pelo qual o representado por outrem que não
tinha poderes de representação, lhos atribui a posteriori com eficácia retroactiva.
Se a gestão se consubstanciou em actos jurídicos e foi exercida em seu próprio nome, então o
regime aplicável às relações com terceiros é o regime de mandato[28] sem representação (art.
471º CC).

Responsabilidade do gestor
A obrigação infringida que, por ter causado danos, obriga a indemnizar, é a de não interromper
uma gestão que já foi iniciada, sem fundamento que o justifique, ou seja:

 O gestor pode interromper a gestão se houver um motivo de força maior, que o impeça de
continuar a gestão;

 Pode naturalmente, interromper a gestão logo que o dominus surja e esteja em condições
de assumir ele próprio a condução do assunto;

Fora estas situações ele não pode interromper a gestão, e se o fizer, pelo incumprimento da
obrigação, responderá civilmente face ao dono do negócio pelos danos que lhe causar.
A responsabilidade dos danos existe (art. 466º/1 CC), não só quando, culposamente, se causar
um prejuízo na execução da gestão mas quando iniciada esta, se causar, também por culpa do
gestor, prejuízo em consequência da sua interpretação.

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CONCLUSÃO
Por todo o exposto, concluímos que a modalidade gestão de negócios é uma das fontes
obrigacionais nao baseadas em principios gerais, é a intervenção não autorizada de uma pessoa
(gestor de negócio) na direção dos negócios de uma outra (dono do negócio), feita segundo o
interesse, a vontade presumível e por conta desta última.

Como todo fato jurídico, é revestida de pressupostos para sua configuração, como ausência de
qualquer acordo entre gestor e dono do negócio, inexistência de proibição por parte do dono
quanto à gestão de seu negócio, vontade do gestor em gerir o negócio e caráter necessário da
gestão, licitude e fungibilidade do objeto da gestão de negócios.

Foram expostas também as consequências jurídicas da gestão de negócios, tais como as


obrigações e direitos do gestor, deveres do dono do negócio para com o gestor e obrigações
desses perante terceiro.

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REFERÊNCIAS

 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 3: contratos e atos


unilaterais. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
 CORDEIRO, António Menezes – Direito das Obrigações, Tratado de Direito Civil, Vols.
VII, VIII e IX, Coimbra, 2014;
 COSTA, Mário Júlio de Almeida – Direito das Obrigações, 12.ª edição, Almedina,
Coimbra, 2013;
 FARIA, Jorge Ribeiro de – Direito das Obrigações, 2 Volumes, Almedina, Coimbra,
1987; JORGE, Fernando Pessoa – Direito das Obrigações, Volumes 1 e 2, AAFDL,
Lisboa, 1975/76;
 MARTINEZ, Pedro Romano – Direito das Obrigações. Apontamentos, 2.ª edição,
AAFDL, Lisboa, 2004;
 VARELA, João Antunes – Das Obrigações em Geral, Volume I, 10.ª edição e Volume II,
7.ª edição, Almedina, Coimbra, 2000 e 1999

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