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23/05/2022 08:09 Afinal, para que servem os contraventamentos?

– O Calculista de Aço

Afinal, para que servem os


contraventamentos?
Olá meus queridos amigos e colegas da engenharia estrutural.
Aqui quem vos fala é o Eng. Felipe Jacob, e nesse artigo vou
ajudar você a compreender algumas funções dos
contraventamentos nas estruturas de aço.
Uma das dúvidas mais comuns entre os alunos do curso de projeto
e cálculo de estruturas de aço é a respeito das funções dos
contraventamentos. para que eles servem? Por que algumas
estruturas são contraventadas em todas as terças e outras são
contraventadas pulando algumas terças?
É isso que eu vou explicar nesse artigo, então continue lendo que
você com certeza vai entender

Tipos de contraventamentos
Por uma questão didática é interessante separar os
contraventamentos em dois tipos: Contraventamentos verticais e
Contraventamentos Horizontais
Os contraventamentos verticais são aqueles usados entre pilares,
para criar estabilidade e rigidez em pórticos planos. Isso é apenas
para você saber do que estamos falando

Função 1: Melhorar a rigidez contra esforços


horizontais

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Essa é a função mais intuitiva dos contraventamentos. Como o


nome sugere, essas peças oferecem uma resistência “contra o
vento”. Não devemos entender que eles só terão efeitos contra
carregamentos de vento, mas contra qualquer ação horizontal ou
com componente horizontal, como cargas oriundas da aceleração
e frenagem de pontes rolantes, veículos, etc. O mecanismo é bem
simples: Um pórtico sem contraventamento deverá resistir às
cargas horizontais contando apenas com a rigidez à flexão (EI) dos
próprios pilares. Mas um pórtico contraventado adicionará ao
sistema um componente com comportamento muito mais eficiente,
que é a rigidez à tração (EA) de uma barra. Veja essa comparação
feita no ftool

O pórtico acima foi modelado com pilares W310X21 com 5000mm


de altura e vigas W250X17,9 com 4000mm de comprimento, bases
rotuladas, solicitado a uma carga horizontal hipotética de 10 kN,
apenas para efeitos de comparação. O deslocamento final
horizontal do topo do pilar nessas condições foi de 420mm.

Adicionou-se então barras de contraventamento de diâmetro


10mm. Observe que estão modeladas apenas as barras que
tracionam, uma vez que esse elemento em alguns casos pode ser
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considerado com comportamento de ‘cabo’, em outras palavras: se


comprimir fingimos que esse elemento não existe, e o sistema é
sustentado apenas pelos cabos tracionados. Considere portanto
que o pórtico é formado por um X de Barras redondas diametro
10mm e que as barras que não estão representadas estão
comprimidas, e por isso não estão participando do nosso cálculo.
Veja que a simples adição dessa barra redonda de diametro 10mm
(3/8”) reduziu o deslocamento do topo do pilar de 420mm para
5,25mm(!!!). Isso significa um deslocamento final de 1,2% se
comparado ao modelo sem contraventamento. Eliminamos 415mm
de deslocamento final colocando um X de barras de 10mm
Agora para efeito de comparação, Vamos criar rigidez sem o
contraventamento. Podemos mexer em duas variáveis: Vinculação
das bases, e Inércia do pilar. Primeiro vamos para o mais barato,
vamos engastar as bases:

Ao engastar as bases, já reduzimos o deslocamento de 420mm


para 104mm (aprox. 25% do inicial, mantendo os pilares W310X21
e a viga W250X17,9)
Essa mudança de rigidez das bases em si já seria mais complexa
e mais cara de se executar do que a solução contraventada. mas
vamos continuar nossa comparação, vamos mexer nos pilares e
vigas desse pórtico até atingirmos a performance do pórtico
contraventado:

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Após algumas tentativas trocando pilares, encontramos os perfis


HP 250X62 e o deslocamento atingiu 4,59mm. Mas para isso foi
necessário criar base engastadas e adicionar (62-21)kg x 5m x 5
pilares = 1025 kg.
Já na opção contraventada, não foi necessário tornar a base mais
complexa e rígida, não foi necessário trocar de pilares, apenas
adicionou-se 25,6m de barras diametro 10mm com peso final
adicional de 16kg.
Me responda você: Vale a pena ou não vale?
Observe, que a análise que fiz foi puramente comparativa,
analisando apenas o efeito sobre o deslocamento de um pórtico. É
claro que outras verificação se fazem necessárias na etapa dos
Estados Limites Últimos, mas o efeito sobre os momentos fletores
é igualmente benéfico. Portanto, Contraventar tem um grande
efeito sobre a rigidez da estrutura, adicionando-se pouquíssimo
custo para o executor.
Mas e se meu cliente quiser colocar uma janela ali?
Se o contraventamento atrapalhar alguma janela ou porta, primeiro
mostre para o seu cliente a economia que isso está gerando, e
sugira mudar a janela de lugar, geralmente isso basta. Se não for
possível podemos explorar algumas idéias, todas muito boas, mas
nenhuma com a mesma eficiência do bom e velho X. Veja algumas
composições:

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O contraventamento em K, conforme a imagem acima (lembrando


que apenas modelei a barra de contraventamento tracionada,
considere que há uma simetria no mesmo módulo, formando um V
invertido, ou um K deitado), com pilares de W310X21, viga de
W250X17,9 e contraventamentos em K de barra de diametro
10mm nos gera um deslocamento final de 17,58mm, cerca de 3X
maior que o os 5,5mm que tínhamos inicialmente, mas ainda assim
bastante eficiente, visto que combateu um deslocamento inicial de
420mm adicionando-se apenas 14 kg ao pórtico inicial, sem
enrijecer as bases.
Mas digamos que você precise de ainda mais espaço, podemos
adotar essa configuração abaixo:

Essa configuração permite uma abertura maior, mas no caso


acima eu aumentei a barra de uma diâmetro de 10mm para 19mm,
e mesmo assim chegamos a uma flecha de 34mm no topo. Como
eu disse, não é tão eficiente como o X, mas observe que
conseguimos reduzir de 420mm para 34mm adicionando um peso
de 65 kg apenas… nada mal, e nem chega perto dos 1025 kg que
testamos sem contraventamento algum.

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Função 2: Estabilização da estrutura


A segunda função já não é tão intuitiva, mas é de extrema
importância. Os contraventamentos fazem um papel
importantíssimo na estabilização das peças.
Quando falamos estabilidade, entenda que estamos nos referindo
ao oposto de instabilidade que para nós é o mesmo que se
conhece popularmente por “flambagem”.
Os contraventamentos ditam os comprimentos de flambagem das
barras de uma estrutura. Vamos a uma exemplo gráfico para
melhor visualização:

O sistema aporticado acima, não possui nenhum


contraventamento. É fácil deduzir intuitivamente que qualquer
perturbação, ou instabilização dos pilares pode levar a peça a um
deslocamento progressivo do topo do pilar de forma que a
estrutura, gerando efeitos de segunda ordem bastante acentuados,
e que as vigas dos pavimentos não são capazes de criar nenhum
tipo de conteção à flambagem dos pilares caso eles “decidam”
flambar para o mesmo lado ao mesmo tempo.

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Ao adicionarmos contraventamentos nos planos mais externos, o


comprimento de flambagem de todos os pilares passam a
acompanhar a grande rigidez desses nós no final de cada
contraventamento, que trabalham sob regime de tração. Veja que
mesmo o pilar do meio é obrigado a acompanhar o
contravementamento dos extremos pois se ele “tentar” fazer uma
curvatura completa, vai tracionar uma viga, que vai tracionar outra
que por fim vai chegar até um nó rígido e vai parar por ali. No caso
acima contraventamos a cada 2 pavimentos, de forma que
podemos considerar o comprimento de flambagem dos pilares
igual a exata distância entre dois nós de contraventamento. O
Exemplo abaixo vai ilustrar ainda melhor.

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Na configuração acima, os dois pavimentos inferiores receberam


rigidez em seus nós através dos contraventamentos, tornando o
comprimento de flambagem dos pilares desses pavimentos igual a
distancia entre pisos, ao passo que os dois pavimentos superiores,
os nós rígidos estão mais distantes, tornando a viga que não
recebe nenhum contraventamento sem efeito de travamento, pois
se um pilar vizinho “decidir flambar” ao mesmo tempo que ela e na
mesma direção, ela será carregada lateralmente sem oferecer
qualquer rigidez que possa ser considerada eficiente. Por isso
nesse trecho o comprimento de flambagem desses pilares é igual
a duas vezes o comprimento dos trechos inferiores.
Se você conhece o cálculo de barras comprimidas, deve saber que
reduzir o comprimento de flambagem pela metade, gera um
aumento de estabilidade muito grande, proporcional ao quadrado
da redução, então, com certeza vale a pena estabilizar estruturas
assim.
É por isso que você vê coberturas metálicas onde os
contraventamentos são em todas as terças, e outros que pulam
terças… aquilo é definido na hora do cálculo da resistência à
compressão dos banzos superiores. Definimos qual o comprimento
de flambagem ideal para o banzo que desejamos usar, e
contraventamos apenas o que é necessário. Se contraventamos
todas as terças, cada terça pode ser considerada como um ponto
de travamento. Se pulamos uma terça a cada contraventamento,

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consideramos o comprimento de flambagem no plano da cobertura


igual a duas vezes a distância entre terças e assim por diante.
Entendeu? Então, se você usa CYpecad Metalicas 3D, fique
esperto, pois esses parâmetros não são padrão, e você precisa
colocar manualmente os comprimentos de flambagem, seguindo
as regras corretas.
Caso você queira saber mais sobre esse assunto, sugiro consultar
a norma NBR8800/08 no item 4.11.1.2 e se aprofundar nos
conceitos de contenções relativas e contenções nodais.
Depois de ler tudo isso, fica fácil entender que não podemos
menosprezar os contraventamentos em estruturas de aço, na
verdade eles são a principal ferramenta de um calculista que
pretende ganhar reputação por produzir projetos leves e seguros.
É isso espero que tenha ajudado. Não esgotamos o assunto de
maneira nenhuma, mas o que está escrito aqui nesse artigo já vai
ajudar muita gente a enteder o suficiente para não errar nesses
aspectos.
Se ficou alguma dúvida, lance nos comentários, grande abraço a
todos, e não se esqueça de conhecer o curso de projeto e cálculo
de estruturas de aço clicando no link abaixo

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