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UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL

ARQUITETURA E URBANISMO
CANTEIRO EXPERIMENTAL II

BRUNO MARCELO DE OLIVEIRA CHAVES

DIÁRIO DE CANTEIRO

ERECHIM
2022
INTRODUÇÃO

Através desse diário serão especificadas as atividades práticas propostas


durante a disciplina de canteiro experimental II, relatando as especificidades
técnicas aplicadas nas atividades propostas. Da mesma forma, não só o
processo será abordado mas também as dificuldades e percepções observadas
antes, durante e depois da realização das atividades.

2 VETOR ATIVO: TRELIÇAS

A partir do conteúdo ministrado em aula sobre vetores ativos foi proposto


a criação de uma ponte utilizando como material o macarrão. Ela deveria ser
formada por duas treliças espaçadas em 10 cm entre si, devia vencer um vão de
50 cm e seus nós deveriam ser feitos utilizando cola quente.
Foi escolhida a treliça K com apoio no banzo inferior (imagem 1) na
tentativa de escolher uma forma pouco utilizada pelos demais colegas, já que foi
percebido que a grande maioria estava fazendo a ponte utilizando a treliça do
tipo Warren.

Imagem 1: Treliça K com Apoio no Banzo Inferior


Para a montagem de cada treliça foi medido o tamanho dos montantes,
sendo de 5 cm os montantes horizontais, 10 cm os verticais e 7 cm nos
montantes inclinados. Estes montantes foram fixados utilizando fita crepe
(imagem 2) para então se utilizar a cola quente para criar os nós. No entanto, foi
perceptível a fragilidade do material que durante a desanexação das fitas já
começou a quebrar levando a uma segunda tentativa utilizando outro tipo de
espaguete.

Imagem 2: Fixação dos montantes

Na segunda tentativa, o espaguete utilizado foi do tipo Bucatini (imagem


3) já que ele possuía um orifício que transpassava todo o seu comprimento
deixando-o mais grosso em relação ao espaguete comum. Para a montagem da
treliça foi utilizada a mesma técnica aplicada anterior, onde a resistência do
material era observada até mesmo durante o corte dos montantes. Assim, foi
possível fazer as duas treliças sem maiores problemas.

Imagem 3: Espaguete Bucatini

Com as treliças prontas era necessário criar os montantes de ligação entre


as duas. Eles foram anexados inicialmente em uma treliça que estava deitada
para depois encaixar a outra por cima (imagem 4). Um problema observado foi
que alguns montantes de ligação estavam tortos em relação ao nó de ligação da
outra treliça, no entanto só foi necessário segurar o montante no local de fixação
e aguardar a secagem da cola quente.

Imagem 4: Montantes de Ligação

Com a ponte pronta (imagem 5) foi feita o teste de resistência da ponte


utilizando inicialmente uma cola, uma caixinha de som e um alicate. A ponte
suportou o peso das três coisas juntas, porém não foi possível realizar mais
testes devido a interferência da minha gata (imagem 6) que pulou em cima da
ponte na tentativa de pegar uma borboleta.

Imagem 5: Ponte Pronta Imagem 6: A meliante

Nessa atividade foi possível observar como a forma do vetor ativo


associado com um material de grande resistência pode criar estruturas que
vencem grandes vãos suportando uma carga muito grande. Na prática, o uso do
aço e da madeira podem proporcionar soluções estruturais muito dinâmicas e
relevantes para a forma que a construção civil e a arquitetura se apresentam
atualmente.
3 CÚPULAS GEODÉSICAS

Após a aula ministrada sobre cúpulas geodésicas foi proposta a atividade


do desenvolvimento de uma cúpula geodésica com base de 30 cm, frequência
mínima no valor de 2 e utilizando palitos de churrasco como material. Para definir
o tamanho dos montantes foi utilizado o site Ameríndia que propôs a utilização
de montantes de 35 montantes de 18,5 cm e outros 30 de 16,4 cm (imagem 7).

Imagem 7: Mapa de Montagem da Cúpula


Para iniciar a cúpula foram constituídos os triângulos que formam a base
da cúpula (imagem 8) para então os montantes que ligam estes triângulos serem
colados (imagem 9). Uma questão a ser observada é a angulação entre os
triângulos, já que para fechar a cúpula eles devem seguir um ângulo específico.
Para esse exercício ao fechar a base da cúpula um lado estava mais inclinado
que o outro devido esse problema com a angulação (imagem 10).

Imagem 8: Triângulos iniciais


Imagem 9: Triângulos colados Imagem 10: Base da cúpula

Para continuar a cúpula foi necessário continuar ligando os montantes


conforme o passo-a-passo proposto no site intercalando entre os montantes
(imagem 11). Ao chegar no ponto de ligação mais alto da cúpula os palitos não
se tocavam devido o problema apresentado na angulação, logo foi necessário
aplicação de muita cola quente para manter esses pontos unidos, o que não
afetou a cúpula em sua resistência (imagem 12).

Imagem 11: Levantamento da Cúpula

Imagem 12: Cúpula Geodésica pronta


É perceptível a rigidez formada pela composição que mesmo
apresentando deformações em sua forma não cedeu a nenhum dos testes de
resistência proposto que somaram mais de 2 kg sobre a cúpula. Além de ser um
elemento estrutural muito eficaz, tem grande aplicação estética criada pela
própria geometria do objeto.

4 ESTRUTURAS LAMELARES

A atividade proposta após o desenvolvimento do conteúdo acerca de


estruturas lamelares foi desenvolver uma abóboda lamelar utilizando palitos de
picolé. Ela deveria vencer um vão de 20 cm e ter um comprimento de 35 cm e
possuir uma seção transversal circular.
Inicialmente foi definido o tamanho das lamelas para então cortá-las
(imagem 13). Logo em seguida, utilizando uma base de papel paraná as lamelas
foram sendo coladas uma a uma, sendo que a união delas se davam ao colar
uma ponta dos palitos no meio do próximo palito criando vários losangos
(imagem 14).

Imagem 13: Corte das Lamelas

Imagem 14: Molde da Cúpula


Os problemas começaram a surgir devido a falta de padronização na
colagem das lamelas. Como elas estavam sendo coladas a olho acabavam
formando ângulos diferentes entre si, o que resultou numa estrutura com
péssimo acabamento, trechos onde as lamelas não tocavam no próximo
segmento e uma baixa resistência (imagem 15).

Imagem 15: Primeira tentativa de Composição


Foi necessário reiniciar a atividade se atentando no planejamento prévio
da forma da estrutura utilizando cálculos matemáticos (imagem 16). A própria
base de papel paraná ajudou na composição da forma, que após fazer os
cálculos foram desenhados retângulos de 6,25 x 4,95 cm (imagem 17) que
serviriam de base para a colocação das lamelas de 8 cm ou 4cm para as lamelas
das bordas (imagem 18). Assim, as lamelas iriam ser acopladas nas diagonais
dos retângulos e o ponto central deles seria onde aconteceria o nó de ligação
das lamelas (imagem 19).

Imagem 16: Cálculos para definição da forma


Imagem 17: Tamanho das Lamelas

Imagem 18: Molde com medidas atualizadas

Imagem 19: Padronização das lamelas


Seguindo essa padronização foi possível finalizar a constituição da cúpula
através do molde (imagem 20). A única imperfeição percebida quanto a forma
foi que no ponto central da curva alguns palitos estavam se sobressaindo sobre
a forma (imagem 21), no entanto a única forma de não ter esse problema seria
manipulando a forma do palito para os encaixes irem fazendo a curva. Porém,
mesmo apresentando essa pequena deformação, a cúpula apresentou excelente
desempenho estrutural após os testes de resistência (imagem 22).

Imagem 20: Cúpula finalizada ainda no molde

Imagem 21: Deformação devido a curvatura da cúpula

Imagem 22: Teste de resistência da cúpula


Assim, todos os problemas observados no processo de constituição da
atividade revelam a importância de uma boa aplicação da técnica construtiva
visando seu uso de forma plena. A estrutura lamelar se apresenta como uma
estrutura extremamente resistente quando bem aplicada.
5 VIGAS RECÍPROCAS

Nas atividades propostas a distância foi introduzido conteúdo a respeito


das vigas reciprocas, assim como solicitado o desenvolvimento de uma estrutura
que utilizasse a mesma técnica em menor escala. Para isso seria necessário
criar uma estrutura utilizando palitos de picolés que apoiados formassem uma
estrutura autoportante.
A estrutura seguiria um formato de ponte, onde um palito ficaria travado
entre outro dois (imagem 23) e seguiria assim se curvando cada vez mais.
Apesar de ser simples na teoria se revelou muito difícil na prática devido a falta
de aderência da madeira do palito o que fazia com que a estrutura caísse várias
vezes (imagem 24).

Imagem 23: sistema de travamento

Imagem 24: estrutura após deslizamento dos palitos


Após diversas tentativas só foi possível se desenvolver a estrutura por um
pequeno segmento onde o vão alcançava cerca de 20 cm (imagem 25). Isso foi
suficiente para determinar a resistência da estrutura através da colocação de
uma batata sobre ela (imagem 26), apesar de sofrer deformação de achatamento
devido o peso da própria batata.

Imagem 25: estrutura finalizada

Imagem 26: teste de resistência


Assim, observa-se que uma estrutura baseada em vigas recíprocas
necessidade de um travamento lateral para evitar tal deformações quando essa
técnica é aplicada utilizando essa forma. Isso pode variar de acordo com o
método de constituição da viga. Além disso, para auxiliar na aderência do
material seria interessante a colocação de vincos na madeira quando aplicada
em escala maior para evitar o deslizamento da estrutura.

6 FALSO ARCO

Após o retorno das atividades presenciais foi ministrada uma aula teórica
a respeito de falsos arcos, relembrando conceitos já abordados em aulas que
foram ministradas à distância. Após vista a teoria partimos para o canteiro
experimental para tentar aplicar os conceitos vistos em salas. Fomos divididos
em grupos onde cada grupo faria um falso arco utilizando tijolos e proporções de
balanço diferentes.
A atividade proposta ao meu grupo foi a utilização do tijolo maciço de
concreto intertravado com uma proporção de balanço de 2/3 (imagem 27).
Durante a colocação dos tijolos foi possível observar que o próprio peso gerado
pelo balanço do tijolo fazia com que ele não conseguisse se manter firme com o
peso dos outros tijolos sobre ele necessitando de um apoio para que a estrutura
não ruísse durante sua aplicação.

Imagem 27: proporção de balanço utilizada.


Foi necessário também a colocação de muitos tijolos nas laterais para que
o peso criado por esses auxiliasse no travamento dos tijolos (imagem 28).
Durante o encontro entre dos dois lados percebemos que estavam desalinhados
o que fazia com que não existisse espaço suficiente para o tijolo de travamento,
levando-nos a desmontar toda a estrutura e ajustar o tamanho do vão.

Imagem 28: tamanho lateral da estrutural


Após a finalização da colocação dos blocos retiramos os tijolos que
estavam firmando a estrutura em sua base (imagem 29) e a estrutura não cedeu.
Foi possível observado que a estrutura tinha muita rigidez podendo inclusive ser
atravessada por uma pessoa (imagem 30).

Imagem 30: retirada dos apoios da base

Imagem 31: teste com passagem de pessoa sobre a estrutura.


Analisando as atividades dos outros grupos foi possível determinar que o
tipo de tijolo utilizado tem muito impacto em como a estrutura funciona. Com o
tijolo utilizado por nosso grupo percebemos mais estabilidade da estrutura. Em
estruturas que utilizaram tijolo cerâmico maciço ou furado, além de não ser muito
estáveis também apresentavam deformações, mesmo em estruturas onde o
balanço tinha uma proporção menor.

7 VIGA VAGÃO

Seguindo as atividades presencial na aula seguinte foi proposto o


desenvolvimento de vigas vagão ou vigas recíprocas. Para o nosso grupo
desenvolvemos uma viga vagão que vencia um vão de cerca de 3 metros. Para
tanto, foi necessário o corte de uma tábua que vencesse o vão e três outros
montantes, dois menores e outro maior, onde o cabo se apoiaria para gerar a
reação de apoio na tábua (imagem 32).

Imagem 32: corte inicial da tábua e montantes


Após o corte da tábua e dos montantes foram feitos vincos na tábua na
parte que o cabo se fixaria (imagem 33). Além disso, foram pregados os
montantes menores em cada lado usando como apoio a mureta onde estávamos
desenvolvendo as atividades (imagem 34). Para o montante maior a viga foi
posicionada no vão que ela venceria e apoiada sobre dois tijolos de concreto
(imagem 35).

Imagem 33: sancos de fixação para os cabos


Imagem 34: fixação dos montantes menores

Imagem 35: fixação dos montantes maiores


Depois de preparada a estrutura foi colocado o cabo em um dos lados
fechando-o com uma chave de rosca (imagem 36), assim como no outro lado,
travando os dois cabos entre si utilizando um parafuso com rosca tensionadora
que fazia com que o gerasse a tração no cabo que empurra os montantes contra
a tábua (imagem 37).

Imagem 36: fixação do cabo tensinador


Imagem 37: tensionamento do cabo a partir da rosca
Foi possível perceber algumas dificuldades para tencionar o cabo já que
que a rosca tensionadora se limitava ao tamanho da própria rosca. Isso fez com
que tivéssemos que desfazer a amarra do cabo duas vezes para deixá-la
tensionada ao máximo. Percebemos a resistência da viga de cara pois no início
da atividade ela flambava muito e durante a atividade foi possível subir sobre ela
(imagem 38). A viga vagão se revela como uma ótima solução estrutural para
vencer grandes vãos, apesar de ser necessária a perfuração na madeira para
transpassar o fio evitando que os montantes se entortem.

Imagem 38: teste de resistência


Imagem 39: viga finalizada

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