Ao conceituar a liberdade encontramos aqueles que tem capacidade de
agir sem restrições, por vontade própria com autonomia e independência. Sendo assim, para estabelecer a liberdade historicamente é preciso estabelecer quando essas capacidades foram ou não restringidas, assim o processo em que levou ou não a tais restrições. Preliminarmente é possível reconhecer que as relações humanas existem a milhares de anos, tendo em vista que o ser humano vive coletivamente desde a pré-história em um primeiro momento em que a liberdade existia em tese. No entanto, nesse período a humanidade era nômade se deslocando para encontrar comida, logo existia liberdade nas relações humanas da época, mas não existia no próprio modo de produção em um primeiro momento da humanidade. Cenário que mudou com a Revolução Agropastoril, que restringia a produção em um único local tornando o homem sedentário, favorecendo o desenvolvimento dos povos e cidades, fazendo com que existissem mais estabilidade produtiva, mas restringindo o homem a um local só. Com o desenvolvimento das civilizações, começassem a surgir relações de poder entre os indivíduos de uma mesma sociedade restringindo direitos e deveres de determinado individuo de acordo com seu papel dentro daquela sociedade. Além disso, as relações entre os próprios povos começaram a estabelecer limites sobre a liberdade, seja liberdade territorial baseada pelas conquistas econômicas, seja a liberdade social abalada pelo surgimento da escravidão motivada pelas guerras. Já na Idade Média, as liberdades individuais em um contexto ocidental foram mais afetadas ainda devido o surgimento de instituições sociais que se utilizavam das relações de poder para controlar o povo e atingir seus interesses políticos e econômicos, como por exemplo a exploração da Igreja Católica sobre
1 Acadêmico da 3ª fase de Arquitetura e Urbanismo / UFFS Campus Erechim.
os feudos europeus, manipulando a plebe e até mesmo a realeza que agia sob os comandos da igreja. Com o surgimento do pensamento moderno, as relações de poder se entram em debates mais amplos como consequência do enfraquecimento da influência religiosa. Dessa forma, novos regimes políticos e econômicos surgem criando relações entre os indivíduos, criando a relações de dependência econômica dos indivíduos seja com o Estado ou com a própria cadeia produtiva. Assim, mesmo que o indivíduo tenha “liberdade” para ascender socialmente, ele está preso em um modelo produtivo onde o excesso de horas trabalhadas não são suficientes para garantir essa ascensão, revelando as falhas desses meios produtivos, que ainda tentaram ser concertadas durante o início do século XX não atingindo seus objetivos. Assim, é possível estabelecer que em momento algum na história o ser humano foi realmente livre, sempre sendo restringido sobre suas liberdades pelo sistema produtivo, político e econômico em que ele estava inserido. Dessa forma, o homem nunca esteve inserido de verdade em um contexto em que suas liberdades sociais, econômicas ou políticas não fossem restringidas de alguma forma. A compreensão disso se faz necessária para compreender e estudar a liberdade e a própria sociedade onde os indivíduos estão inseridos.