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ÉTICA E CIDADANIA

Me. Claudio Ferreira de Carvalho

GUIA DA
DISCIPLINA
2021
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância

1. CIDADÃO E CIDADANIA

1.1. Cidadão
Cidadão, segundo Aurélio Buarque de Holanda, é o indivíduo no gozo dos direitos
civis ou políticos de um Estado, ou no desempenho de seus deveres para com este.
Baseado nesta definição podemos afirmar que, cidadãos, possuem direitos, mas também
tem deveres para com o estado e a sociedade como um todo.

1.2. Cidadania

Cidadania, é o conjunto de direitos e deveres exercidos por cidadãos que vivem em


uma sociedade. Em um conceito mais amplo, cidadania é a qualidade de ser cidadão.

A palavra cidadania vem do latim civitatem, que quer dizer cidade, porém, os
conceitos de cidadão e cidadania evoluíram ao longo da história, de maneira tal que ser
cidadão hoje, não está restrito aos poucos direitos dos primórdios, mas está ampliado nas
possibilidades de ter qualidade de vida, saúde, educação, participação pública, participação
política, oportunidades de crescimento e melhorias em suas condições de vida e muito
mais.

1.3. Direitos Humanos

São todos os direitos que garantem uma vida digna aos cidadãos. Direitos humanos
são considerados fundamentais à dignidade dos cidadãos que devem ser garantidos em
qualquer local sem qualquer discriminação de raça, credo, nacionalidade, gênero,
orientação sexual e política.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) os direitos humanos são
garantias de proteção das pessoas contra ações ou falta de ações de governos que possam
colocar em risco a dignidade humana.

1.4. Cidadania e Direitos Humanos

Analisando os conceitos de cidadania e direitos humanos podemos concluir que


cidadania tem tudo a ver com direitos. Esta discussão, que diz respeito a direitos naturais
teve início na Grécia Antiga com a crença na existência de um direito natural permanente

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e eternamente válido independente de legislação, convenção ou qualquer outro expediente


imaginado pelo homem.

1.5. Polis Gregas

Polis Gregas eram cidades da Grécia antiga fundadas para o desenvolvimento da


cultura grega. Dentre as quais destacam-se Atenas e Esparta. As Polis Gregas começaram
a surgir no século VIII a.C. e atingiram seu apogeu nos séculos VI e V a.C.

As Polis que surgiram devido à expansão demográfica e ao comércio, foram


essenciais para fortalecer a oligarquia aristocrática, sendo constituídas basicamente por
homens livres nascidos nas Polis, mulheres, estrangeiros e escravos.

Foram nas Polis Gregas que surgiram os conceitos de cidadania, descentralizando


o poder, permitindo que todos pudessem discutir e deliberar sobre as decisões a serem
tomadas, entretanto, estas funções eram exercidas por cidadãos que possuíam riquezas
matérias e propriedades de terra.

1.6. Cidadania na Idade Média

Na Idade Média, o feudalismo que era administrado pela igreja católica tornou-se um
obstáculo à cidadania, visto que esta, para os gregos era a igualdade de diretos,
contrapunha-se a divisão do poder propagada pelo feudalismo.

1.7. Cidadania no Renascimento

No Renascimento (século XIV e XVI) o capitalismo, opondo-se ao feudalismo fez


com que ressurgisse o conceito de cidadania. Porém, era considerado cidadão aquele que
possuía direito sobre questões cidade-estado, sendo, portanto, a cidadania um privilégio da
elite dominante.

1.8. Cidadania nos dias de hoje

Hoje, embora ainda com muitas dificuldades e variações caminha-se por considerar
todas as pessoas como cidadãos, porém a conquistas dos direitos citados no início deste

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capítulo, ainda é um grande obstáculo para ser ultrapassado por grande parte da civilização
moderna.

1.9. Cidadania, Direitos e Deveres

Até o presente momento foi dado ênfase aos direitos e a evolução dos direitos de
cidadãos, mas conforme definição inicial, além dos direitos da cidadania inclui deveres e
torna-se muito importante, principalmente nos dias de hoje lembrar sempre que o cidadão
tem deveres para com o estado, sua cidade, sua comunidade, seu semelhante.

Portanto, assim como você tem o direito de ir e vir, garantido pela constituição, você
também tem o dever de preservar as vias que permitem a sua movimentação assim como
a dos demais, portanto, utilizar e zelar pela correta utilização das ruas, sinalizações,
conservação de ruas, calçadas e demais logradouros públicos é de fundamental
importância para todos.

O tão comentado direito a opções sexuais não pode ser uma desculpa para não
respeitar os diretos de cidadãos que desejam educar seus filhos dentro de padrões
estabelecidos por suas crenças religiosas e familiares.

Nos deparamos com alguma frequência com grupos que desejam ter o direito a
manifestações, mas acabam esquecendo que tem o dever de preservar bens públicos e
mesmo privados. Muitas vezes, estes grupos incentivam ou mesmo participam de
depredações de patrimônios pertencentes a entidades totalmente alheias aos reais
objetivos das manifestações.

Um exemplo muito eloquente e pouco considerado, pode ser o fato de todo o cidadão
saber que o poder público tem o dever de recolher o lixo produzido nas residências, mas
muitas vezes esquecem que tem o dever de separar corretamente o lixo e principalmente
de aguardar a hora correta de colocar este lixo no local que ele será coletado, pois é muito
comum observar sacos com grandes quantidades de lixo descartados muitas horas antes
do momento que eles serão recolhidos pelos serviços de coleta seletiva.

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2. SOCIEDADE E ÉTICA

2.1. Sociedade

Existem diversas definições de sociedade dentre elas podemos citar:


✓ Agregado de seres humanos de ambos os sexos, diversas idades, unidos num
grupo que se auto perpetua e possui suas próprias instituições;
✓ Agrupamento de seres que convivem em estado gregário1 e em colaboração
mútua;
✓ Grupo humano que habita em certo período e espaço, seguindo um padrão
comum; coletividade.

Baseado nas definições acima, podemos relacionar sociedade a grupos de pessoas


que convivem com interesses comuns e criam ações e comportamentos para se
perpetuarem, estas configurações justificam os termos de sociedade urbana, sociedade
agrária, sociedade de consumo, etc.

2.1.1. Mecanismos Sociais


Para garantir que sociedades se perpetuem, sociedades utilizam diversos
mecanismos, tais como os:
✓ Biológicos (sexo);
✓ Psicológico (amor);
✓ Antropólogo (cultura).

Através destes mecanismos, sociedades intensificam as relações interpessoais


necessárias para manter sua existência.

2.1.2. Instituições
São organizações que controlam o funcionamento de sociedades. Estas instituições
são organizadas em forma de regras que objetivam a interação entre os cidadãos que
compõem as sociedades, fazendo com que, hajam as interações sociais necessárias para

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Gregário, significa que vive em grupo.

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que se obtenha um ambiente favorável ao compartilhamento de recursos otimizando as


disponibilizações das necessidades sociais.
Como exemplos de instituições, podemos citar as:
✓ Políticas, que incluem órgãos, partidos, agremiações, etc.
✓ Religiosas, tais como igrejas, templos, sinagogas, mesquitas, centos
espirituais e outras;
✓ Educacionais, que são as escolas, universidades, centros educacionais, etc.

2.2. Ética

É o nome dado ao ramo da filosofia dedicado aos assuntos morais. A palavra ética
é derivada do grego ethos e significa aquilo que pertence ao caráter; “modo de ser”.

2.3. Ética e Moral

Embora estejam relacionados não representam as mesmas coisas, visto que:

Moral se fundamenta na obediência a normas, costumes, mandamentos culturais,


hierárquicos, religiosos, enquanto que:

Ética busca fundamentar filosoficamente, o modo de viver e conviver.

O comportamento de profissionais está relacionado com a ética, por este motivo


costumamos utilizar os termos ética médica, ética jornalística, ética política, dentre outros,
já o comportamento moral está mais sujeito à obediência das normas estabelecidas.
Observe que podem existir procedimentos que por ética não fazemos, porém não existem
regras que nos impedem de fazer, ou seja, não são, segundo a sociedade que estamos
vivendo, imorais.

Enquanto que a moral parte de fora para dentro do universo do indivíduo, a ética,
ao contrário, parte de dentro para fora do indivíduo.

2.4. Ética e Leis

Embora as leis sejam feitas com objetivos éticos, comportamentos éticos, não são
obrigatoriamente comportamentos de acordo com leis, visto que podem existir

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comportamentos que embora não estejam determinados em leis são seguidos por razões
éticas. É também importante notar que leis, podem variar de acordo com países, porém,
muitos comportamentos éticos são seguidos por pessoas independente do país que eles
estão no momento.

A ética de um povo, sofre influência de diversos fatores tais como:


✓ Econômicas;
✓ Religiosas;
✓ Tecnológicas;
✓ Geográficas;
✓ Etc.

Observe que para alguns, cortar a mão de ladrões, castrar estupradores, eliminar
sequestradores, pode ser encarado como ações éticas, mas dependendo do país isto pode
ou não ser permitido por leis.

2.2. Ética e Aristóteles

O livro intitulado “Ética a Nicômaco”, de autoria de Aristóteles que foi dedicado ao


seu pai, cujo nome era Nicômaco foi a principal obra de Aristóteles sobre Ética, nele,
Aristóteles se posiciona como um pai que está preocupado com a educação e a felicidade
de seu filho, mas também tem por objetivo fazer com que as pessoas pensem sobre as
suas ações.

Para Aristóteles, a ética tem como propósito estabelecer a finalidade suprema que
está acima de tudo.

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3. TIPOS DE CORRUPÇÃO

Estamos muito familiarizados com um dos tipos mais comuns de corrupção que é a
corrupção sistêmica. Entretanto, existem mais dois tipos de corrupção, endêmica e
sindrômica, que devem ser considerados e principalmente avaliados para que se consiga
realmente combater este mal, que existe no Brasil, mas também pode ser encontrado, com
maior ou menor intensidade em muitos outros países.

3.1. Corrupção Sistêmica

É aquela praticada por pessoas, normalmente políticos e empresários que se


aproveitam das falhas do sistema e vendem ou compram materiais ou serviços por preços
acima dos que realmente valem. Os valores superfaturados destas operações, são
distribuídos entre os elementos que patrocinaram e participaram das ações corruptas.

É muito comum se tomar conhecimento de obras, cujos valores são fixados muito
acima do real, de maneira que o excedente é dividido entre compradores e vendedores. É
comum também se tomar conhecimento de projetos que, para serem atribuídos a
determinadas empresas, são avaliados em montantes muito abaixo dos reais, de maneira
que os demais concorrentes fiquem inviabilizados de participar e após a obra em
andamento, surgem aditamentos que levam os valores próximos ou mesmo superiores aos
que realmente deveriam ser estabelecidos desde o início das concorrências.

Este tipo de corrupção é encabeçado por governantes e empresários gananciosos,


e muitas vezes tem a complacência de poderes judiciários que não julgam ou postergam
os julgamentos destes processos, permitindo que recursos legais ou mesmo prescrições
façam com que os praticantes destas corrupções nunca sejam punidos.

Corrupções sistêmicas, embora estejam sempre sujeitas a divulgação pela imprensa


ou mesmo por outros órgãos, são bastante visíveis, mas de difícil combate, visto que
normalmente envolvem atores ricos e poderosos, que utilizam de seus poderes para
dificultar as investigações.

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Corrupção sistêmica, existe em todos os países e o modo de combater é


principalmente acabando com a impunidade, controlando financiamentos, inclusive os
eleitorais e tentando manter os corruptos acuados.

3.2. Corrupção Endêmica

É a micro corrupção privada de pessoas de todo o tipo que, principalmente em


pequenas atitudes, efetuam roubos, ações antiéticas, que podem prejudicar ou lesar
empresas, o poder público seus semelhantes ou mesmo a sociedade em geral.

Existem muitos tipos de corrupção endêmica que muitas vezes nem são
consideradas pelos autores, mas que precisam ser combatidas para que todos possam
viver dentro dos padrões éticos. Como exemplo podem ser citados:
✓ Compradores de produtos piratas;
✓ Pessoas que furam filas;
✓ Transeuntes que jogam lixo na rua;
✓ Moradores que não separam corretamente o lixo ou mesmo os colocam em
vias públicas muito antes dos momentos que serão recolhidos;
✓ Compradores que mesmo observando que algum produto de sua compra não
foi cobrado, simplesmente se omitem;
✓ Alunos que entregam trabalhos que foram feitos por colegas;
✓ Participantes de eventos que assinam listas por colegas ausentes;
✓ Funcionários que levam para casa matérias de empresas como: canetas,
folhas de papel, materiais de escritório, ou mesmo de uso comum.
✓ Etc.

Muitos podem julgar que alguns dos atos supracitados são pequenas ações, sem
grandes impactos, mas é importante que todos se conscientizem que estes atos são ilegais
e se constituem em atos corruptos prejudicando o próximo, o país, empresas ou mesmo
semelhantes.

Um exemplo típico de corrupção endêmica é a famosa frase que circula nos meios
estudantis “quem não cola não sai da escola”. Colar é um ato ilícito, é corrupção endêmica,
muitos alunos praticam cola e julgam que é permitido desde que o professor não veja, mas
na verdade, o aluno não pode obter uma nota a partir de uma resposta fornecida por outro
colega ou mesmo obtida a partir de consultas não permitidas durante as provas.

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Atos de corrupção endêmica, embora, na grande maioria das vezes não envolvam
montantes financeiros de grandes proporções como atos de corrupção sistêmica, também
precisam ser combatidos, visto que, pequenos atos acabam levando cidadãos a se
acostumarem com estes tipos de ações, corrompendo as atitudes e propiciando
comportamentos que futuramente possam acabar incentivando atos de maiores
envergaduras.

O modo de combate a este tipo de corrupção é principalmente conscientizando as


pessoas de suas atitudes erradas, educando a todos para que sejam conscientes de seus
direitos e deveres e como sempre combatendo a impunidade. É sempre importante lembrar,
que muitos autores destes tipos de corrupções nem as consideram como atos corruptos,
portanto, precisam ser esclarecidos e alertados de seus comportamentos incorretos.

3.3. Corrupção Sindrômica

Este é um terceiro tipo de corrupção que embora exista em grande escala no Brasil
é pouco observado e quase que não combatido. Esta corrupção é criada pelo espírito de
burocratismo que existe no país onde, além das grandes dificuldades para se abrir qualquer
negócio, executar qualquer pagamento, existe uma quantidade tão grande de papéis a
serem preenchidos, ações a serem tomadas ou mesmo obras a serem feitas que se torna
praticamente impossível fazer as coisas corretamente.

Esta corrupção é baseada em legislação confusa, com leis se sobrepondo com


imposições impossíveis de serem cumpridas, que muitas vezes geram custos altíssimos
fazendo com que pessoas procurem maneiras para burlar as leis, visto que, fazendo tudo
dentro do exigido a efetivação fica impossível.

Exemplos de corrupção sindrômica são leis criadas muitas vezes para satisfazer
certos setores da indústria como as que vimos a pouco tempo sobre kits de primeiros
socorros para carros e extintores para carros. Estas leis exigiam que carros portassem
estes equipamentos que na verdade não podem ser operados por pessoas não preparados,
ou não são eficientes nas condições normais em que os carros são utilizados.

O modo de combater este tipo de corrupção é vigiando legisladores, evitando que


eles legislem para atender interesses particulares ou de empresas aos quais são filiados

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ou das quais são apadrinhados. Deve-se também exigir que governantes eliminem leis
conflitantes, o judiciário precisa exigir que legisladores sejam corretos ao criarem leis, pois
é muito comum juízes alegarem que estão fazendo o que consta na lei, mas em nenhum
momento eles alertaram os legisladores para que criem leis coerentes e não conflitantes ou
permitam brechas de interpretação que incentivem a corrupção ou o mau uso por parte dos
magistrados. É importante também, vigiar os fiscais que muitas vezes interpretam leis de
maneira a tornar impossível a viabilização por parte das empresas, dando a opção de
receber propinas para aprovarem instalações ou procedimentos que podem ser a única
maneira de sobrevivência de determinadas empresas ou negócios.

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4. PODER E FORMAS DE PODER - DOMINAÇÃO

4.1. Poder

Poder é a possibilidade de impor sua própria vontade, mesmo que seja contra a
vontade dos outros.

Como exemplo, podemos citar o caso de um assalto, quando o assaltante, com


auxílio de uma arma lhe obriga a entregar bens, tais como sua carteira, seu smartphone,
etc. Você não deseja entregar seus pertences, mas o ladrão tem o poder de lhe obrigar a
isto, pois está lhe apontando uma arma.

Um outro exemplo, pode ser o caso do policial que


captura este assaltante e o leva para a delegacia. O
assaltante não deseja ir para a delegacia, mas o policial tem
o poder de levá-lo.

Em resumo, quem tem o poder, pode lhe obrigar a fazer coisas que você não deseja,
mas devido ao poder da outra pessoa, você acaba fazendo.

4.2. Dominação

Dominação é a probabilidade de encontrar obediência em um determinado grupo de


pessoas.

Quem domina pode exercer poder, porém segundo Max Weber,


para convencer as pessoas a dominação precisa ser legítima, então, a
dominação só resulta em poder se as pessoas desejarem obedecer,
neste caso, a dominação está resultando em poder.

Se uma pessoa domina um grupo e este grupo aceitar esta


dominação, então a pessoa passa a exercer poder sobre o grupo.

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4.3. Tipos de dominação

Segundo Max Weber, para que seja possível exercer dominação e com isto obter o
poder, é preciso que se consiga a aceitação das pessoas, ou seja, neste caso a dominação
leva ao poder sobre as pessoas ou sobre um grupo.

Essa dominação pode ser obtida de 3 maneiras:


✓ Dominação Tradicional;
✓ Dominação Racional Legal;
✓ Dominação Carismática.

4.3.1. Dominação Tradicional


A dominação tradicional é aquela que se impõe pelos
costumes.

Nestes casos as pessoas não contestam o porquê de


obedecer, simplesmente obedecem porque é certo.

São exemplos destes tipos de obediência tradicional, as obediências aos monarcas,


obediências religiosas, obediências a entidades classificadas como superiores.

Normalmente as pessoas simplesmente aceitam esta dominação, não a


contestando, visto que, muitas vezes este tipo de dominação faz parte da própria cultura
das pessoas ou mesmo de um povo.

As pessoas podem ter pensamentos como: “obedecemos porque sempre foi assim”,
“obedecemos porque é o rei e a ele devemos obediência”.

4.3.2. Dominação Racional Legal


A dominação racional legal é aquela na qual as pessoas acreditam que é correto
obedecer às leis. Neste tipo de obediência, as pessoas simplesmente obedecem porque é
lei, mesmo que algumas vezes não concordem com algumas leis.

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No momento que se está exercendo uma obediência


devido a uma dominação legal é comum entender que,
estas obediências devem ser para todos, como é o caso
de leis que se aplicam a todos os tipos de pessoas. A
obediência legal não distingue pessoas por seus cargos,
religiões ou mesmo poder político ou financeiro.

4.3.3. Dominação Carismática


A dominação carismática é aquela que se baseia na obediência a um líder.

Neste tipo de dominação, o líder que deve ser uma pessoa carismática, exerce a
dominação porque as pessoas acreditam no líder e seguem suas orientações, muitas vezes
sem sequer contestar ou procurar outras opiniões.

Um bom líder carismático normalmente é considerado como uma pessoa que tem
inspirações acima das pessoas normais, é considerado como um “semideus”, portanto,
pode vislumbrar situações ou ter ideias acima dos liderados e, portanto, todos devem seguir
sem contestação.

Um líder carismático é um líder do qual todos esperam que sempre aponte um


caminho e o caminho por ele apontado deve ser sempre o correto e incontestável, por este
motivo, o líder carismático é normalmente autoritário, exigindo obediência e normalmente
subordinação.

4.4. Líder Carismático x Líder Simpático

Líder carismático, não é líder simpático.

Líder simpático pode ser exemplificado como o líder político, que nas proximidades
das eleições frequenta os ambientes onde estão seus eleitores e participa de diversas
atividades para se tornar simpático. Esses políticos podem agradar diversos componentes
dos grupos, tornando-se simpático a eles, mas suas ideias não serão obrigatoriamente
consideradas como corretas ou como objetos de inspiração, porque eles, políticos, não são
obrigatoriamente líderes carismáticos.

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Líder carismático, é aquele que apresenta suas ideias e elas são seguidas por
pessoas do grupo como imposições. As pessoas seguem os líderes carismáticos não por
simpatia, mas por acreditarem que eles estão corretos.

Um líder simpático normalmente dá esperanças ao grupo, promete dias melhores,


mais facilidades, mais sucesso e assim por diante, enquanto que, líderes carismáticos não
prometem melhoras, exigem que os grupos sigam suas orientações porque elas estão
corretas e é o que deve ser feito.

Um chefe carismático, exige que os funcionários façam determinadas atividades, não


porque irá resultar em melhorias para eles, mas porque é o melhor para a empresa. Muitas
vezes o que os funcionários deverão fazer irá exigir sacrifícios como privatizações familiares
ou mesmo perdas de lazer, mas deve ser feito porque no entender do líder carismático é o
correto.

É importante também esclarecer as intenções dos diferentes líderes.

Enquanto que líderes simpáticos normalmente oferecem vantagens para seus


seguidores (normalmente o que acontece com políticos, que oferecem vantagens e
benéficas), e acabam sendo seguidos porque o grupo os acha simpáticos e acreditam que
eles trarão vantagens para todos, os líderes carismáticos são considerados como heróis,
muitas vezes com inspirações quase divinas e normalmente suas ideias, não
obrigatoriamente boas para todos, são seguidas devido a seus carismas.

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5. PRECONCEITO

Por definição, preconceito é qualquer conceito ou opinião concebido sem um prévio


exame crítico. Na maioria das vezes, o preconceito acaba resultando em um rechaço à
condição social, nacionalidade, opção sexual, cor, etc.

Normalmente o preconceito é gerado por crenças que acabam resultando em ódio


ou repúdio a pessoas ou grupos de pessoas identificadas com as mesmas características
ou os mesmos princípios.

Sem dúvida a educação é uma das principais maneiras de combater preconceitos,


porém muitas vezes estes estão tão enraizados nos pensamentos de certas pessoas que
estas, acabam mesmo sem perceber exercendo o preconceito classificado como
“preconceito inconsciente”.

5.1. Preconceito Inconsciente

Este é sem dúvida um dos grandes temas que precisam ser debatidos no Brasil em
todos os níveis sociais. Dentre as condições que alimentam este tipo de preconceito está o
fato de nossa sociedade ainda ser muito elitista, de maneira que, muitos se julgam os donos
da verdade e, portanto, capazes de sempre ditar o que é certo e o que é errado para todos.
É a partir desta condição que muitos, sem perceber, acabam separando pessoas em grupos
e só permitindo que estes grupos, assumam certas funções ou tenham alguns privilégios
em detrimento de outros.

Preconceitos inconscientes explicam os fatos de determinadas carreiras serem mais


seguidas por homens e outras por mulheres, estes preconceitos explicam também
diferenças de procedimentos familiares onde muitas vezes a condição de executar os
serviços caseiros é delegada às mulheres, sem que os homens se sintam na obrigação de
compartilhar a execução destas atividades.

Como exemplo, podemos citar empresas que, para contratar funcionários para
determinadas funções, normalmente aquelas que necessitam de mais esforços físicos,
estas vagas fiquem restritas somente para homens, quando o procedimento correto deste
tipo de contratação deveria ser o de deixar a vaga aberta, independente do sexo e as

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mulheres ou mesmo os homens exercessem o direito de candidatar-se ou não, sem com


isto deixarem de cumprir os requisitos que são solicitados para as funções.

5.2. Como evitar o Preconceito Inconsciente

O fato do preconceito ser inconsciente o torna imensamente difícil de ser combatido


ou mesmo percebido por pessoas. É importante observar que na prática, muitos
contratadores ou mesmo líderes de grupos, já tomam decisões excluindo aqueles que pelo
seu modo de pensar não deveriam assumir determinadas atividades ou ter acesso a
determinados serviços ou regalias. Isto acontece quando, por exemplo, ao se conhecer
uma pessoa ela já seja considerada melhor ou pior devido a sua opção sexual, sua classe
social ou mesmo sua cor. É comum você encontrar pessoas que aceitam e até convivem
com homossexuais, mas não aceitariam um conselho desta pessoa. Um outro exemplo
muito comum é o que acontece quando alguém é chefiado por pessoas de sexo oposto ou
mesmo proveniente de uma classe social inferior e embora respeite o chefe não o considera
capaz de desempenhar determinada função devido ao sexo ou à condição social inferior.

Todos os tópicos citados anteriormente neste item e inclusive muitos que não são
citados, caracterizam-se como preconceitos inconscientes, ou seja, eles são executados,
mas o executor, ou mesmo as empresas que os executaram, muitas vezes não fazem com
má intenção, pois em verdade, estão agindo com conceitos que foram anteriormente
enraizados em suas formações e estes, os praticam, sem sequer perceber que são
procedimentos preconceituosos.

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6. SUSTENTABILIDADE

É a capacidade de sustentação ou conservação de um sistema que permite a sua


permanência por um determinado prazo. A palavra sustentabilidade deriva do latim
sustentare e significa sustentar, apoiar, cuidar.

O desafio da sustentabilidade é permitir um crescimento de tal forma que seja


possível obter os objetivos desejados sem sacrificar os recursos naturais.

6.1. Tripé da Sustentabilidade

O tripé da sustentabilidade é baseado em três


tipos de sustentabilidade:
✓ Sustentabilidade Ambiental;
✓ Sustentabilidade Social;
✓ Sustentabilidade Econômica.

6.1.1. Sustentabilidade Ambiental


É a mais conhecida por estar diretamente ligada com a conservação do meio
ambiente e poder ser praticada tanto por pessoas como por empresas. Esta
sustentabilidade está intrinsicamente ligada com o comprometimento ambiental para as
futuras gerações.

6.1.2. Sustentabilidade Social


Está baseada na igualdade e bem-estar da população. Princípios éticos como
citados anteriormente neste material garantem a sustentabilidade social, pois promovem os
mesmos diretos e deveres a todos. O exercício da cidadania, como também citado na
primeira aula deste curso garante a sustentabilidade social.

6.1.3. Sustentabilidade Econômica


É promovida principalmente por empresas ao pautar seus comportamentos
produtivos e financeiros, investindo por exemplo, em máquinas e equipamentos que tragam
maior sustentabilidade ao planeta, à economia e também ao trabalhador. Empresas que

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investem em novas tecnologias para tratamentos de seus resíduos ou reaproveitamento de


energia, estão através da sustentabilidade econômica garantindo também sustentabilidade
ambiental e social.

6.2. A Sustentabilidade e a Evolução Humana

A humanidade sempre dependeu da energia vinda do Sol. Esta energia, captada


pelas plantas através da fotossíntese permitiu o desenvolvimento destas plantas que
serviram de alimento para os animais e a partir daí para os homens. Os alimentos forneciam
energia ao homem que utilizou esta energia para produzir o que precisava. Posteriormente
o homem conseguiu domesticar animais e utilizar a energia destes para sua produção, mas
ainda assim dependia dessas energias para utilizar os produtos naturais disponíveis. A
partir da introdução da máquina a vapor, gastando energia mineral, a energia começou a
ficar abundante e barata, e o homem, com o uso desta energia pode usufruir muito mais os
produtos naturais disponíveis. Esta evolução, que se incrementou rapidamente nos últimos
60 anos começou a gerar fenômenos como o aquecimento global, escassez de água e está
previsto para os próximos 30 anos o esgotamento do petróleo.

6.3. Consequências da Evolução Humana

O atual ritmo de crescimento e degradação do meio ambiente, assim como o


aumento de habitantes na terra estão apontando 3 grandes problemas que terão que ser
enfrentados pela nossa e pelas próximas gerações:
✓ Utilização de recursos renováveis (combustíveis fósseis, minérios, matérias primas)
a velocidades maiores que eles podem ser renovados pelo planeta;
✓ Geração de resíduos em quantidades maiores que a biosfera consegue diluir;
✓ Aumento da população em quantidade maior que a possível de se garantir a
condição de alimentação.

A grande verdade é que não é ético jogar mais resíduos na biosfera do que ela
consegue absorver, assim como não é ético continuarmos
num mundo onde as pessoas morrem de fome, não pela
falta de comida, mas sim pela falta de dinheiro para
comprar comida. Estas equações precisam ser
equilibradas.

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6.4. Pegada Ecológica

São os rastros deixados por ações executadas no meio ambiente.


A pegada ecológica representa a relação entre o consumo e a
utilização dos recursos naturais por uma pessoa, uma empresa, uma
cidade, um pais, etc., na verdade relaciona o que consumimos da
natureza e o que produzimos para a natureza. Podemos dizer que
ela mede o que é necessário para mantermos nosso estilo de vida
e compara com o que produzimos para manter a natureza.

O Brasil é um credor ecológico, ou seja, a pegada ecológica é muito menor que a bio
capacidade (capacidade de produzir), enquanto que os Estados Unidos da América, desde
1967 é devedor ecológico, assim, sua pegada ecológica suplantou sua bio capacidade.

6.5. Utilização de Recursos Renováveis

Recursos renováveis são aqueles que ressurgem,


tornando-se novamente disponíveis a partir de processos naturais.
Estes recursos, mesmo que consumidos pelo homem tornam-se
sempre disponíveis para serem utilizados novamente.

É sempre importante lembrar que os recursos


renováveis, são oferecidos pela natureza e não precisam de
intervenção humana para voltarem a aparecer, estes, com
certeza contribuem para o desenvolvimento de bens
necessários para o bem-estar da sociedade.

Dentre os recursos naturais podemos citar a


energia solar, o vento, a maré a água.

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BIBLIOGRAFIA BÁSICA
ANTUNES, M.T.P. (org). Ética. 2. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil,
2018. (BV)
GALLO, S.G. Ética e cidadania: caminhos da filosofia. São Paulo: Papirus,
2015. (BV)
PINSKY, J. PINSKY C. B. (Orgs). História da cidadania. 5.ed. São Paulo:
Contexto, 2010. (BV)

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
CORTELLA, M.S; BARROS FILHO, C. Ética e vergonha na cara! Campinas:
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FELIZARDO, A.R. (org). Ética e direitos humanos: uma perspectiva profissional.
Curitiba: InterSaberes, 2012. (BV)
KESSELRING, T. Ética, política e desenvolvimento humano: a justiça na era da
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SCHEUNEMANN, A.V.; RHEINHEIMER, I. Administração do Terceiro Setor.
Curitiba: InterSaberes, 2013. (BV)
SINGER, P. Globalização e desemprego: diagnóstico e alternativas. São Paulo:
Contexto, 2012. (BV)

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