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Emenda Constitucional 103/2019

Reforma da Previdência
O que mudou?
(Antes x Depois da EC 103/2019)

SUMÁRIO

Introdução e Apresentação do Professor ........................................................................... 3


Reforma da Previdência – O que mudou? .......................................................................... 4
1. Salários de Contribuição dos Segurados Empregados, Empregados Domésticos e Trabalhadores
Avulsos ............................................................................................................................................... 4
1.1. Como era?.................................................................................................................................................................. 4
1.2. Como ficou? ............................................................................................................................................................... 5

2. Aposentadorias do RGPS ............................................................................................................... 7


2.1. Como era?.................................................................................................................................................................. 7
2.2. Como ficou? ............................................................................................................................................................. 11
2.2.1. Aposentadoria por Idade e Aposentadoria por Tempo de Contribuição ........................................................... 11
2.2.2. Requisitos ............................................................................................................................................................. 12
2.2.3. Casos Especiais ..................................................................................................................................................... 14
2.2.4. Carência ................................................................................................................................................................ 16
2.2.5. Salário-de-benefício ............................................................................................................................................. 16
2.2.6. Renda Mensal Inicial ............................................................................................................................................ 17

3. Regras de Transição .................................................................................................................... 20


3.1. Regra 1: Sistema de Pontos. .................................................................................................................................... 20
3.2. Regra 2: Tempo de contribuição + idade ................................................................................................................. 22

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3.3. Regra 3: pedágio de 50% ......................................................................................................................................... 23
3.4. Regra 4: Pedágio de 100% ....................................................................................................................................... 24
3.5. Regra 5: idade mínima ............................................................................................................................................ 25
3.6. Quadro Resumo das Regras de Transição ............................................................................................................... 27

4. Aposentadoria da Pessoa com Deficiência ................................................................................. 29


5. Aposentadoria Especial ............................................................................................................... 30
6. Aposentadoria Por Incapacidade Permanente ........................................................................... 32
7. Pensão por Morte e Auxílio-Reclusão ......................................................................................... 33
7.1. Como era?................................................................................................................................................................ 33
7.2. Como ficou? ............................................................................................................................................................. 33

8. Acumulação de Benefícios ........................................................................................................... 37


8.1. Como era?................................................................................................................................................................ 37
8.2. Como ficou? ............................................................................................................................................................. 37

9. Cargo ou Emprego Público. ......................................................................................................... 39


9.1. Como era?................................................................................................................................................................ 39
9.2. Como ficou? ............................................................................................................................................................. 40

10. Trabalhadores de Baixa Renda e Informais .............................................................................. 40


11. Direito Adquirido ....................................................................................................................... 40
Considerações Finais........................................................................................................ 42

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INTRODUÇÃO E APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR
Olá Pessoal! É com imensa satisfação que apresentamos nosso relatório com as
alterações trazidas pela EC 103/2019 (Reforma da Previdência), em relação ao
Regime Geral de Previdência Social - RGPS.
Meu nome é Rubens Maurício. Sou Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil,
Professor de Direito Previdenciário do Estratégia Concursos e Analista do Passo
Estratégico.
Nesta minha trajetória de concursos públicos, fui aprovado e nomeado para os seguintes cargos:
• Técnico Judiciário do TRT/2ª Região;
• Agente de Fiscalização Judiciária do TJ/SP;
• Oficial de Justiça do 2º TAC/SP;
• Analista-Tributário da Receita Federal do Brasil;
• Auditor-Fiscal da Previdência Social;
• Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil (cargo atual).

O presente material sobre as alterações da Reforma de Previdencia foi elaborado pensando em você
que está se preparando para concursos públicos.
Ressalto, porém, que apesar deste material ser uma importante ferramenta para organização e
retenção desse novo conteúdo, não substitui as informações constantes em nosso curso regular de
Direito Previdenciário. Este relatório tem a finalidade tão somente de complementar o curso
regular, consolidando as alterações trazidas em nosso RGPS decorrentes da Reforma da Previdência.
Por fim, se você quiser receber dicas de Direito Previdenciário, conteúdo gratuito e atualizações de
legislação, siga-me nas redes sociais abaixo (não se esqueça de habilitar as notificações no Instagram
e Youtube, para você ser informado sempre que eu postar uma novidade por lá):

@profrubensmauricio

/profrubensmauricio

Prof. Rubens Maurício

Que Deus os abençoe e consolide seu aprendizado.

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REFORMA DA PREVIDÊNCIA – O QUE MUDOU?

1. Salários de Contribuição dos Segurados Empregados, Empregados


Domésticos e Trabalhadores Avulsos

1.1. Como era?

A contribuição do segurado empregado, empregado doméstico e do trabalhador avulso era


calculada mediante a aplicação da correspondente alíquota, de forma não cumulativa, sobre o seu
salário-de-contribuição mensal. As alíquotas eram:

Salário-de-contribuição Alíquota

Até R$ 1.751,81 8%

de R$ 1.751,82 até R$ 2.919,72 9%

de R$ 2.919, 73 até R$ 5.839,45 11%

Forma não cumulativa: significava que a mesma alíquota incidia sobre todo o salário de
contribuição do segurado, de acordo com a faixa, criando situações curiosas como a do exemplo a
seguir:

Exemplo: Suponhamos que Rodrigo receba uma remuneração mensal de R$ 2.920,00 e


Pedro Henrique, R$ 2.910,00. Neste caso, a contribuição de Rodrigo será R$ 321,20 (11%
de R$ 2.920,00) e a contribuição de Pedro Henrique será R$ 261,90 (9% de R$ 2.910,00)

Após os descontos, Rodrigo, que recebe R$ 2.920,00, receberá líquido R$ 2.598,80 (R$
2.920,00 – R$ 321,20). Por sua vez, Pedro Henrique, cuja remuneração é R$ 2.910,00,
receberá líquido R$ 2.648,10 (R$ 2.910,00 – R$ 261,90).

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1.2. Como ficou?

Com a reforma, houve alterações nas faixas de contribuição dos segurados empregados, inclusive os
domésticos, e dos trabalhadores avulsos. As novas alíquotas e faixas de salário-de-contribuição
decorrentes as reforma da previdência, atualizadas pela Portaria Ministério da Economia – ME nº
914, de 13/jan/2010, são:

Salário – de- contribuição Alíquota

Até R$ 1.039,00 (1 salário mínimo) 7,5%

de R$ 1.039,01 até R$ 2.089,60 9%

de R$ 2.089,61 até R$ 3.134,40 12%

de R$ 3.134,41 até R$ 6.101,06 14%

As alíquotas acima previstas serão aplicadas de forma progressiva, ou seja, quanto maior o salário
de contribuição do segurado, maior a alíquota. Além disso, a forma de cálculo mudou! Não será mais
aplicado a mesma alíquota sobre todo o salário de contribuição do segurado, incidindo cada alíquota
sobre a faixa de valores compreendida nos respectivos limites. Vamos entender melhor com um
exemplo.

Exemplo 1: Rogério é empregado de uma empresa e seu salário de contribuição


mensal é de R$5.000,00. A sua contribuição previdenciária será calculada da seguinte
forma:
Sobre R$1.039,01, ele pagará a alíquota de 7,5% (7,5% x 1.039,00 = R$77,93). Essa é a
contribuição referente à primeira faixa, mas temos que somar com as contribuições
obtidas nas demais faixas.
Na segunda faixa de contribuição, ele pagará 9% sobre R$2.089,60 menos R$1.039,00,
porque ele já pagou 7,5% sobre esses R$1.039,00. Portanto, na segunda faixa de
contribuição, a contribuição será de 9% x (R$2.089,60 – R$1.039,00 = R$ 1.050,60) que
é R$94,55.
Seguiremos esse pensamento para todas as demais faixas.
Na terceira faixa, ele pagará 12% sobre R$3.134,40 menos R$2.089,60, ou seja, 12%
sobre R$1.044,80, que é R$125,38.
Por fim, na última faixa de contribuição ele pagará 14% sobre o que falta de seu salário-
de-contribuição. Nessa última faixa, é tributado o valor da remuneração dele que
excede a R$3.134,40, até o limite máximo do salário de contribuição, quando a

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remuneração superar tal valor. Sendo assim, sobre R$1.865,60 (R$5.000,00 –
R$3.134,40 já tributados) ele pagará 14% de contribuição social, ou seja, R$261,18.
Portanto, a contribuição social total de Rogério será:
R$ 77,93 + R$ 94,55 + R$ 125,38 + R$ 261,18 = R$559,04.

Exemplo 2: Catarina recebe uma remuneração de R$10.000,00 da empresa. Neste


caso, sua contribuição social previdenciária será calculada da seguinte forma:
R$1.039,00 x 7,5% = R$77,93
R$2.089,60 – R$1.039,00 = R$1.050,60 x 9%= R$94,55
R$3.134,40 – R$2.089,60 = R$1.044,80 x 12% = R$125,38
R$6.101,06 (teto) – R$3.134,40 = R$2.839,45 x 14% = R$415,33
R$10.000,00 – R$6.101,06 = R$3.898,94. Sobre esse valor não haverá contribuição
previdenciária.
Valor a pagar a título de contribuição previdenciária = R$ 77,93 + R$ 94,55 + R$ 125,38
+ R$ 415,33 = R$713,19.

Os valores previstos das contribuições serão reajustados, na mesma data e com o mesmo índice em
que se der o reajuste dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.
Além disso, é importante lembrar que, como houve aumento nas alíquotas a serem pagas por estes
segurados, deve-se observar o princípio da anterioridade nonagesimal. Portanto, essas alterações
somente poderão ser exigidas após decorridos 90 dias da publicação da EC 103/19.
Outra novidade trazida pela EC 103/19 é que, no caso desses segurados, se o somatório de
remunerações auferidas no período de 1 mês for inferior ao limite mínimo mensal do salário de
contribuição, eles poderão:

• complementar a sua contribuição, de forma a alcançar o limite mínimo exigido;


• utilizar o valor da contribuição que exceder o limite mínimo de contribuição de uma
competência em outra; ou
• agrupar contribuições inferiores ao limite mínimo de diferentes competências, para
aproveitamento em contribuições mínimas mensais.

Os ajustes de complementação ou agrupamento de contribuições somente poderão ser feitos ao


longo do mesmo ano civil.

Sendo assim, se em um mês o segurado tiver a contribuição inferior ao limite mínimo mensal, essa
contribuição não será computada para fins de benefícios previdenciários, a não ser que o segurado
complemente a contribuição. Além disso, existe a possibilidade de que o segurado agrupe várias
competências em valores inferiores ao mínimo, até que se atinja o limite mínimo.

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Exemplo: se em duas competências ele recebeu meio salário mínimo, ele poderá juntá-las e elas
serão contadas como apenas uma competência. Além disso, o segurado pode pegar o excesso de
uma contribuição e complementar outra que esteja abaixo do limite mínimo.
Mas todos esses ajustes devem ser feitos dentro do mesmo ano civil. Sendo assim, o segurado não
pode agrupar a competência de dezembro de um ano com a competência de janeiro do ano
seguinte. Caso esse segurado tenha interesse de, no ano seguinte, complementar todas as suas
competências inferiores ao mínimo do ano anterior, também não haverá a possibilidade.

2. Aposentadorias do RGPS

2.1. Como era?

Para os segurados do Regime Geral de Previdência Social brasileiro, havia as seguintes possibilidades
de aposentadoria:

Aposentadoria por Idade

Idade Mínima

Homens Mulheres

65 anos 60 anos

obs.: a idade é reduzida em 5 anos para trabalhadores


Requisitos rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas
atividades em regime de economia familiar, nestes
incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador
artesanal.

Carência

180 meses

Média aritmética simples dos 80% maiores salários de


Salário de Benefício
contribuição, computados a partir de 07/1994.

Fator Previdenciário Aplicado caso mais vantajoso para o segurado.

70% do salário de benefício + 1 % para cada grupo de 12


Renda Mensal Inicial
contribuições (limitado a 100% do salário de benefício).

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Aposentadoria por Tempo de Contribuição

Idade Mínima
Não Exigida

Tempo de Contribuição

Homens Mulheres

30 anos
Requisitos 35 anos

obs.: para os professores (ensino infantil, fundamental


e médio), o tempo de contribuição exigido é reduzido
em 5 anos tanto para mulheres como para homens.

Carência

180 meses

Média aritmética simples dos 80% maiores salários de


Salário de Benefício
contribuição, computados a partir de 07/94.

Regra geral: obrigatoriamente aplicado no cálculo do


salário de benefício.
Exceção: caso a soma da idade + tempo de contribuição
Fator Previdenciário for superior a 86 pontos (mulheres) ou 96 pontos
(homens), o fator previdenciário somente é utilizado se
mais benéfico para o segurado. Também era de uso
facultativo no caso de segurado ser pessoa com
deficiência.

Renda Mensal Inicial 100 % do salário de benefício

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Aposentadoria Especial

Idade Mínima
Não Exigida

Hipótese de Concessão

Exposição a agentes nocivos químicos, físicos,


biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde
Requisitos ou à integridade física, pelo período equivalente ao
exigido para a concessão do benefício.

Tempo de Contribuição
15, 20 ou 25 anos, a depender do agente nocivo

Carência

180 meses

Média aritmética simples dos 80% maiores salários de


Salário de Benefício
contribuição, computados a partir de 07/94.

Fator Previdenciário Não aplicado.

Renda Mensal Inicial 100 % do salário de benefício

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Aposentadorias da Pessoa com Deficiência
(aposentadoria por idade ou por tempo de contribuição)

Grau de Tempo de
Carência
Deficiência Contribuição

Homem: 33 anos
Leve
Mulher: 28 anos
Aposentadoria
por Tempo de Homem: 29 anos 180 meses na condição de
Contribuição da Moderada
Mulher: 24 anos pessoa com deficiência
Pessoa com
Deficiência
Homem: 25 anos
Grave
Mulher: 20 anos

* OBS: Na aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa


com deficiência, não se exigia idade mínima.

Idade Mínima
Aposentadoria
Homem: 60 anos Carência
por Idade da
180 meses na condição de
Pessoa com Mulher: 55 anos pessoa com deficiência
Deficiência

Salário de Média aritmética simples dos 80% maiores salários de


Benefício contribuição, computados a partir de 07/94.

Fator
Aplicado somente para beneficiar o segurado.
Previdenciário

Renda Mensal
100 % do salário de benefício
Inicial

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Aposentadoria por Invalidez

Fato Gerador

Segurado ser considerado incapaz e insusceptível de


reabilitação para o exercício de atividade que lhe
garanta a subsistência, sendo paga enquanto
permanecer nesta condição.

Requisitos Carência

Regra Geral: 12 meses;


Exceção: SEM CARÊNCIA nos casos de acidente de
qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou
do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após
filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma das doenças
e afecções especificadas em lista.

Média aritmética simples dos 80% maiores salários de


Salário de Benefício
contribuição, computados a partir de 07/94.

Fator Previdenciário Não aplicado.

Renda Mensal Inicial 100% do salário de benefício.

2.2. Como ficou?

2.2.1. Aposentadoria por Idade e Aposentadoria por Tempo de Contribuição

Após a reforma, acabou a hipótese de uma pessoa aposentar-se ou por idade ou por tempo de
contribuição. Não existem mais esses dois benefícios! Agora, para se aposentar o segurado deverá
preencher tanto o requisito de idade como o requisito de tempo de contribuição.

Dessa forma, o texto prevê uma norma geral, a ser aplicada a todos os segurados que se filiarem no
RGPS após 13/11/2019 (data da entrada em vigor da EC 103/19) e serão poucos os casos que
seguirão regras diferenciadas, tais como professores, trabalhadores rurais e pessoas com

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deficiência. Além disso, para não prejudicar quem já é filiado ao sistema, foram previstas 5 regras
de transição no RGPS.
Vejamos como ficou o texto constitucional:
art. 201 (...)
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as
seguintes condições:
I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, observado
tempo mínimo de contribuição;
II - 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, se mulher, para os
trabalhadores rurais e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o
produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.
§ 8º O requisito de idade a que se refere o inciso I do § 7º será reduzido em 5 (cinco) anos, para o professor que
comprove tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e
médio fixado em lei complementar.
(grifos nossos)

A seguir, vamos destrinchar como ficou a regra geral para aposentadoria:

2.2.2. Requisitos

Regra Geral para filiados após a publicação da Emenda

Mulheres Homens

Idade Mínima 62 anos 65 anos

Tempo de Contribuição 15 anos 20 anos

De acordo com a regra geral, para uma mulher se aposentar pelo RGPS ela deverá ter no mínimo 62
anos de idade e ter contribuído durante 15 anos para o RGPS. Já no caso dos homens, eles deverão
ter no mínimo 65 anos, além de 20 anos de contribuição.
Essas regras são aplicáveis para quem se filiar ao RGPS após a entrada em vigor da EC 103/19. Para
os homens que já estavam filiados ao RGPS até 11/11/2019 (véspera da publicação da EC 103/2019),
o tempo de contribuição exigido será de 15 anos.

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Aposentadoria para filiados antes da publicação da Emenda

Mulheres Homens

Idade Mínima 62 anos 65 anos

Tempo de Contribuição 15 anos 15 anos

Vejamos como esse tema pode ser cobrado em provas de concurso:

(Questão Inédita) Emanuel se formou no curso de medicina, aos 25 anos, em dezembro de 2019 e
desde então começou a trabalhar como plantonista em um hospital particular em sua cidade,
filiando-se ao RGPS na qualidade de segurado empregado. Nessas condições, podemos afirmar que
Emanuel poderá se aposentar ao completar 35 anos de contribuição.
( ) Certo
( ) Errado

COMENTÁRIOS:
ERRADA. Para quem ingressou no RGPS após a promulgação da Emenda Constitucional 103/19, não
existe mais a hipótese de aposentadoria por tempo de contribuição sem idade mínima. Para os
homens, a regra geral para aposentadoria é completar 65 anos de idade e 20 anos de contribuição.
No caso de Emanuel, apesar de ele já possuir o tempo mínimo de contribuição, ele possuirá apenas
60 anos de idade, inferior aos 65 anos exigidos para aposentadoria de homens no âmbito do RGPS.

Gabarito: ERRADO.

(Questão Inédita) Marli é estudante de curso superior e, preocupada com as notícias sobre a
Reforma da Previdência, começou a contribuir com o RGPS na qualidade de segurada facultativa em
dezembro de 2019, sendo esta sua primeira contribuição para o sistema. Caso mantenha a
regularidade de suas contribuições, Marli poderá se aposentar pelo RGPS ao completar 60 anos de
idade, desde que tenha 15 anos de tempo de contribuição.
( ) Certo
( ) Errado

COMENTÁRIOS:

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ERRADA. A regra geral de aposentadoria exige que as mulheres possuam 62 anos de idade, e não
60 como afirmado na questão, além tempo mínimo de contribuição de 15 anos.

Gabarito: ERRADO.

(Questão Inédita) Gustavo filiou-se ao Regime Geral de Previdência Social em 2013, pagando apenas
uma contribuição como segurado facultativo. Querendo aprender inglês, Gustavo foi então morar
no exterior e retornou ao Brasil em dezembro de 2019, sendo contratado como empregado em uma
grande multinacional. Podemos afirmar que para se aposentar, salvo casos especiais, ele deverá
possuir 65 anos de idade e 15 anos de contribuição.
( ) Certo
( ) Errado

COMENTÁRIOS:
CORRETA. Mesmo que tenha pago apenas uma contribuição, Gustavo se filiou ao RGPS antes da
entrada em vigor da Reforma da Previdência. Deste modo, para a aposentadoria ordinária, Gustavo
não precisará comprovar 20 anos de contribuição, mas 15. Além disso, ele deverá ter a idade mínima
de 65 anos.

Gabarito: CERTO.

2.2.3. Casos Especiais

Trabalhadores Rurais
Na aposentadoria rural, não houve alteração. O benefício será devido aos que completarem 55 anos
de idade, quando mulheres, e 60 anos de idade, quando homens. Para ambos os sexos é exigido
um tempo mínimo de contribuição de 15 anos. Se enquadram nessa regra trabalhadores rurais,
pescadores artesanais e garimpeiros, os homens e mulheres, abaixo relacionados:

• Empregado rural;
• Trabalhador que presta serviço de natureza rural, em caráter eventual, a uma ou mais
empresas, sem relação de emprego;
• Trabalhador avulso rural;
• Segurado especial;
• Garimpeiro que trabalhe, comprovadamente, em regime de economia familiar.

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Aposentadoria Rural

Mulheres Homens

Idade Mínima 55 anos 60 anos

Tempo de Contribuição 15 anos 15 anos

Para os segurados especiais, não se exige que eles comprovem o pagamento da contribuição
previdenciária para que tenham direito ao benefício. Deverá ser comprovado o efetivo exercício de
atividade rural pelo número de meses iguais ao da carência do benefício.

Professores
Os professores de educação infantil, ensino fundamental e ensino médio têm uma redução de 5
anos na idade mínima para se aposentar, sendo assim, as mulheres precisam ter 57 anos e os
homens precisam ter 60 anos. O tempo mínimo de contribuição, exigido em ambos os casos, será
de 25 anos de exercício da atividade de magistério.

Aposentadoria dos Professores

Mulheres Homens

Idade Mínima 57 anos 60 anos

Tempo de Contribuição 25 anos 25 anos

Exemplo: Clóvis possui 35 anos de idade e trabalhava há 10 como motorista, mas


agora, em dezembro de 2019, conseguiu um emprego como professor de matemática
no ensino fundamental de uma escola particular. Caso continue exercendo a atividade
de magistério, Clóvis conseguirá se aposentar pelo RGPS ao completar 60 anos de idade
e 25 anos de professor.
Entretanto, caso Clóvis desista de ser professor e volte a ser motorista, sem comprovar
os 25 anos na atividade de magistério, ele estará sujeito às regrais gerais de
aposentadoria. Nesse caso, ele poderá se aposentar aos 65 anos de idade, caso tenha
no mínimo 15 anos de contribuição. Para ele será exigido 15 e não 20 anos de
contribuição porque ele ingressou no RGPS antes da EC 103/19.

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2.2.4. Carência
Não houve alteração. Continuam sendo exigidos 180 contribuições mensais de carência.
A carência é o tempo mínimo de contribuições necessárias. Existem períodos quem contam como
tempo de contribuição, mas não contam para carência. Um exemplo é o período em auxílio-doença,
que não seja acidentário, entre períodos contributivos.

Exemplo: Um segurado que se filiou ao RGPS antes da entrada em vigor da EC 103/19


e contribuiu por 5 anos, ficou afastado por auxílio-doença por mais 10 anos, e depois
desse afastamento contribuiu por mais 1 ano após os quais completou 65 anos de idade.
Esse segurado possui 16 anos de contribuição, mas ele não conseguirá se aposentar, pois
ele não possui as 180 contribuições mínimas necessárias.

2.2.5. Salário-de-benefício
O salário-de-benefício é a base de cálculo para que se calcule o valor inicial da renda dos benefícios
no âmbito do RGPS. Com a reforma da previdência, foi extinta a possibilidade de exclusão dos 20%
menores salário de contribuição do segurado no momento do cálculo-do-salário de benefício.
Lembrem-se de que antes da reforma, calculava-se a média aritmética simples dos 80% maiores
salários de contribuição, computados a partir de 07/94.
Com as novas regras, o salário de benefício da aposentadoria será a média aritmética simples de
todos os salários-de-contribuição desde 07/1994, corrigidos monetariamente.
Assim, quando um segurado for se aposentar, os seguintes passos serão seguidos para se calcular o
salário-de-contribuição:

• serão levantados todos os salários-de-contribuição dele desde 07/1994, mês a mês;


• todos esses salários serão multiplicados por um índice de correção, para trazê-los para um
valor presente. Por exemplo, um salário de R$100,00 em 1995 não valeria o mesmo hoje.
Quem vai nos dizer o quanto ele vale é o índice aplicado.
• É feita uma média aritmética simples de todos os salários-de-contribuição corrigidos. Para
se fazer essa média, soma-se o valor de todos os salários corrigidos e divide-se pelo número
de salários. Por exemplo, se um segurado possui 360 salários de contribuição para serem
analisados, soma-se o valor desses 360 salários e divide-se o resultado obtido por 360.

Existe a possibilidade de se excluir os salários de contribuição que estejam diminuindo a média do


segurado caso ele já tenha o tempo mínimo necessário para a concessão do benefício. Entretanto,
será vedada a utilização do tempo de contribuição referente para qualquer fim, inclusive para
averbação em outro regime previdenciário ou para a obtenção de proventos de inatividade de
policiais militares e membros das forças armadas.

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Exemplo: Vamos supor que um segurado do sexo masculino tenha trabalhado por 20
anos contribuindo sobre o limite máximo do salário de contribuição, e mais 1 ano
recebendo o salário mínimo. Essas contribuições desse 1 ano no salário mínimo
diminuirão o salário-de-benefício do segurado, então existe a possibilidade de se excluir
essas contribuições do cálculo. Entretanto, esse 1 ano de contribuição não será
computado para qualquer fim, não podendo inclusive ser averbado em certidão de
tempo de contribuição. É como se o segurado não tivesse trabalhado aquele ano.

(Questão Inédita) O salário-de-benefício das aposentadorias do Regime Geral de Previdência Social


é obtido pela média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a
oitenta por cento de todo o período contributivo do segurado.
( ) Certo
( ) Errado

COMENTÁRIOS:
ERRADA. Foi extinta a possibilidade de exclusão dos 20% menores salário de contribuição do
segurado no momento do cálculo-do-salário de benefício. O salário de benefício da aposentadoria
será a média de todos os salários-de-contribuição desde 07/1994, corrigidos monetariamente. A
questão está errada ao afirmar que o salário de contribuição será a média aritmética dos maiores
salários de contribuição correspondentes a 80% de todo o período contributivo. Atualmente, serão
computados 100% dos salários de contribuição.

Gabarito: ERRADO.

2.2.6. Renda Mensal Inicial


A reforma da previdência também trouxe uma alteração significativa no momento do cálculo da
Renda Mensal Inicial do benefício de aposentadoria. Com as novas regras, se um segurado se
aposentar com o tempo mínimo de contribuição exigido para a aposentadoria, ou seja, 15 anos para
mulheres e 20 anos para os homens, o valor da renda mensal inicial será de 60% do salário de
benefício. Para cada ano de trabalho que o segurado tenha além desse mínimo exigido, acrescenta-
se mais 2%. Nesse cálculo, as mulheres conseguirão se aposentar com 100% do salário de benefício
aos 35 anos de contribuição e os homens, aos 40 anos de contribuição.

Resumindo, a renda mensal inicial da aposentadoria será:

17
42
• 60% do salário de benefício caso tenha atingido o tempo mínimo de contribuição (15 anos
para mulheres e 20 anos para os homens)
+
• 2% do salário de benefício para cada grupo de 12 contribuições que excedam ao tempo
mínimo.

Para os homens que já estavam filiados ao RGPS na data da publicação da EC 103/19 e que poderão
se aposentar com 15 anos de contribuição, o adicional de 2% só começará a ser computado depois
que o homem atingir 21 anos de contribuição. Ou seja, se o homem se aposentar com 15, 16, 17, 18,
19 ou 20 anos de contribuição, ele terá direito a 60% do salário de benefício sem nenhum adicional.

Algumas observações:

• As novas regras permitem que um segurado receba mais de 100% do seu salário de benefício,
desde que o valor total da aposentadoria não exceda ao teto previdenciário. Portanto, se um
homem tiver mais de 40 anos de contribuição e uma mulher tiver mais de 35 anos, a
porcentagem poderá ser maior que 100%;
• Caso no cálculo do valor da Renda Mensal Inicial da aposentadoria do segurado se obtenha
um valor inferior ao salário mínimo, o benefício será no valor do salário mínimo. Não haverá
aposentadoria em valor inferior ao salário mínimo.
• Na regra geral, não existe mais a aplicação do fator previdenciário. Ele aparecerá apenas em
uma das regras de transição.
• Em duas das regras de transições que veremos mais adiante, o cálculo será feito de forma
diferente.

Exemplo 1: Edson, segurado que se filiou ao RGPS após a promulgação da EC 103/19,


espera se aposentar, com as novas regras, com 65 anos de idade e 35 anos de
contribuição. Neste caso, a renda mensal inicial de Edson será calculada da seguinte
forma:
Adicional: 30%, uma vez que Edson contribuiu 15 anos a mais que o período mínimo
necessário, tendo um adicional de 2% para cada ano.
RMI = 60% + 30% = 90% do salário de benefício.

Exemplo 2: Eliana sempre se dedicou ao trabalho doméstico em sua própria


residência e se filiou ao RGPS aos 50 anos, em janeiro de 2020, como segurada
facultativa. Por estar sujeita às novas regras da previdência, Eliana se aposentará ao
completar 15 anos de contribuição e 65 anos de idade. A aposentadoria para Eliana,
salvo em caso de invalidez, não poderá ser em momento anterior porque ao completar
62 anos de idade (mínimo exigido para aposentadoria), ela ainda não tinha o tempo de
contribuição necessário. Sendo assim, a renda mensal inicial da aposentadoria dela será

18
42
de 60% do salário de benefício. Não haverá acréscimo nessa porcentagem porque
Eliana contribuiu apenas pelo tempo mínimo necessário.

Vejamos como essas mudanças podem ser cobradas em provas:

(Questão Inédita) Acerca das novas regras aplicáveis ao Regime Geral de Previdência Social,
podemos afirmar que no momento do cálculo do valor da aposentadoria, todos os salários de
contribuição do segurado a partir de 07/1994 irão ser computados no cálculo. Além disso, para que
um segurado do sexo masculino receba o valor integral do benefício, deverá contribuir por 40 anos.
( ) Certo
( ) Errado

COMENTÁRIOS:
CORRETA. A assertiva está perfeita. Como já comentamos, com a Reforma da Previdência, todos os
salários de contribuição do segurado serão considerados no momento do cálculo do valor do
benefício. Além disso, se um segurado se aposentar com o tempo mínimo de contribuição exigido
para a aposentadoria, o valor da renda mensal inicial será de 60% do salário de benefício. Para cada
ano de trabalho que o segurado tenha além desse mínimo exigido, acrescenta-se mais 2%, de forma
que os homens conseguirão se aposentar com 100% do salário de benefício aos 40 anos de
contribuição.

Gabarito: CERTO.

(Questão Inédita) Alice deseja requerer no Regime Geral de Previdência Social, de acordo com a
regra geral, ou seja, aos 62 anos de idade e 15 anos de contribuição. Na análise do benefício de Alice
verificou-se que ela possui o dobro do período mínimo de contribuição exigido. Podemos afirmar
que Alice receberá o benefício no seu valor integral.
( ) Certo
( ) Errado

COMENTÁRIOS:
ERRADA. De acordo com as informações do enunciado, Alice possui, além dos 15 anos exigidos para
o benefício de aposentadoria, mais 15 anos pagos, totalizando 30 anos de contribuição. Sendo assim,
o adicional, além dos 60% mínimos de renda, será de 30%:
2% a mais para cada um dos 15 anos extras que Alice contribuiu = 2% x 15 = 30%

19
42
Dessa forma, a renda mensal inicial dela não será de 100% do salário de contribuição (benefício
integral), mas sim de 90% (60% +30%).

Gabarito: ERRADO.

3. Regras de Transição

Estudaremos agora as cinco regras de transição que se aplicam aos segurados que já estão filiados
ao Regime Geral de Previdência Social. Caso o segurado cumpra os requisitos de alguma delas, ele
poderá se aposentar antes do que se aposentaria pela regra geral.

3.1. Regra 1: Sistema de Pontos.


Essa regra beneficiará principalmente os segurados que estavam próximos de se aposentar por
tempo de contribuição e ela inclusive se assemelha com o funcionamento do sistema de pontos que
eram aplicados na aposentadoria por tempo de contribuição para não aplicação do fator
previdenciário.
De acordo com essa regra, caso o segurado possua o tempo mínimo de contribuição de 30 anos
(para mulheres) ou 35 anos (para homens) e a soma da idade mais o tempo de contribuição for
igual ou superior a 86 pontos, para mulheres, e 96 pontos, para homens, o segurado poderá se
aposentar.
Mas prestem atenção, os dois requisitos devem ser cumpridos simultaneamente, não basta que a
pessoa tenha apenas o tempo de contribuição mínimo ou apenas a pontuação mínima. Tem que ter
os dois!

A cada ano, haverá aumento de 1 ponto na soma da idade mais tempo de contribuição exigidos,
chegando a 100 pontos para as mulheres em 2033 e 105 pontos para os homens em 2028.

20
42
Exemplo 1: Sandra, na data em que entrou em vigor a reforma da previdência,
possuía exatamente 29 anos de contribuição e estava completando 56 anos de idade.
Apesar de as novas regras preverem idade mínima de 62 anos para aposentadoria, ela
conseguirá adquirir o direito ao benefício antes de completar essa idade em
decorrência das regras de transição. Em novembro de 2020, um ano após a entrada em
vigor da reforma, ela terá 30 anos de contribuição completos, e a soma de sua idade
mais tempo de contribuição será igual a 87 (30 + 57), portanto, ela preencherá os dois
requisitos para se aposentar com base na regra de transição dos pontos.

Exemplo 2: Márcio, em 2020, completará 35 anos de contribuição para o RGPS e 55


anos de idade. Apesar de ter o tempo mínimo de contribuição necessário para se
enquadrar na regra de transição dos pontos, ele não preenche o segundo requisito,
uma vez que a soma de sua idade mais o tempo de contribuição são inferiores a 97
(valor para 2020). Portanto, Márcio não se enquadrará nessa regra de transição.

Para os professores do ensino infantil, fundamental ou médio a transição pelo sistema de pontos
iniciará com 81 pontos para mulheres e 91 pontos para homens, ou seja, exige-se 5 pontos a menos
para ambos os sexos. O tempo de contribuição mínimo será de 25 anos para mulheres e 30 anos
para homens. Nesse caso, também haverá cada ano, haverá aumento de 1 ponto na soma da idade
mais tempo de contribuição exigidos, chegando a 95 pontos para as mulheres e 100 pontos para os
homens em 2028.

Dentro dessa transição, o valor do benefício seguirá a regra geral. Relembrando:

• 60% do salário de benefício caso tenha atingido o tempo mínimo de contribuição (15 anos
para mulheres e 20 anos para os homens)

21
42
+
• 2% do salário de benefício para cada grupo de 12 contribuições que excedam ao tempo
mínimo

3.2. Regra 2: Tempo de contribuição + idade

Nessa regra de transição, exige-se uma idade mínima e um tempo de contribuição mínimo. Os
valores exigidos são:

Regra de Transição: Tempo de Contribuição + Idade

Mulheres Homens

Idade Mínima 56 anos 61 anos

Tempo de Contribuição 30 anos 35 anos

A cada ano calendário, acrescenta-se 6 meses na idade mínima, atingindo-se 62 anos para as
mulheres em 2031 e 65 anos para homens em 2028.
Para os professores de ensino infantil, fundamental e médio tanto o tempo de contribuição como
a idade serão reduzidos em 5 anos. Portanto, as professoras poderão se aposentar com 51 anos de
idade e 25 anos de contribuição e os professores poderão se aposentar com 56 anos de idade e 30
anos de contribuição. A cada ano, acrescenta-se 6 meses na idade mínima, atingindo-se 57 anos para
as mulheres e 60 anos para homens.

A renda mensal inicial do benefício será:

• 60% do salário de benefício caso tenha atingido o tempo mínimo de contribuição (15 anos
para mulheres e 20 anos para os homens)
+
• 2% do salário de benefício para cada grupo de 12 contribuições que excedam ao tempo
mínimo

22
42
3.3. Regra 3: pedágio de 50%

As pessoas que, na data da entrada em vigor da Emenda Constitucional 103/19, estavam a 2 anos
ou menos de adquirir o direito à aposentadoria por tempo de contribuição (30 anos para mulheres
e 35 anos para homens) poderão se aposentar após pagar um pedágio de 50% do tempo que restava.
Pagar um pedágio de 50% significa cumprir o período que faltava e mais metade dele. Assim, se uma
pessoa estava há 1 ano de se aposentar, terá que cumprir um pedágio de 6 meses além desse 1 ano
que faltava. Se faltavam 2 anos, a pessoa conseguirá se aposentar daqui há 3 anos (2 anos + 1 ano).
Exemplo: Leandro, na data da entrada em vigor da Emenda Constitucional 103/19 estava com 55
anos de idade 33 anos de contribuição, estando há 2 anos de se aposentar por tempo de
contribuição. Com as novas regras, para adquirir o direito ao benefício, ele precisará cumprir um
pedágio de 1 ano (50% do período de contribuição que faltava), conseguindo se aposentar daqui a
3 anos, com 36 anos de contribuição.
Na regra do pedágio de 50%, utiliza-se:

• Salário-de-benefício: média de todos os salários de contribuição, multiplicada pelo fator


previdenciário.

• Renda mensal Inicial: 100% do salário de benefício.

(Questão Inédita) De acordo com uma das regras de transição previstas para o RGPS na reforma
previdenciária ocorrida em 2019, um segurado que estava, na data da entrada em vigor da EC
103/19, há 3 anos de se aposentar por tempo de contribuição, poderá cumprir um pedágio de 50%
do período que faltava, conseguindo se aposentar com mais 4 anos e meio de contribuição.
( ) Certo
( ) Errado

COMENTÁRIOS:
ERRADA. Pessoal, pegadinha! A regra do pedágio de 50% somente é aplicável aos segurados que
estavam a menos de 2 anos de se aposentar por tempo de contribuição. Portanto, se uma pessoa
estava há 3 anos de se aposentar, ela não se enquadrará nessa regra de transição.

Gabarito: ERRADO.

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42
3.4. Regra 4: Pedágio de 100%

A regra do pedágio de 50% que acabamos de ver exigia que na data da entrada em vigor da reforma
a pessoa tivesse um tempo de contribuição mínimo, que era 28 anos para mulheres e 33 anos para
homens. A regra que estamos estudando agora exige, ao invés de um tempo de contribuição
mínimo, uma idade mínima. Portanto:
• Transição do pedágio de 50%: tempo de contribuição mínimo;
• Transição do pedágio de 100%: idade mínima.

A regra do pedágio de 100% é a única das regras do RGPS que também é aplicável ao RPPS. Ela exige
os seguintes requisitos: idade mínima de 57 anos para mulheres e 60 anos para homens, além de
um pedágio de 100% do período que faltava, na data da entrada em vigor da EC 103/19, para que o
segurado completasse 30 anos de contribuição se for mulher, ou 35 anos de contribuição, se for
homem.
Assim, se para um segurado faltavam 2 anos para atingir o tempo mínimo de contribuição
necessário, ele conseguirá se aposentar pagando um pedágio de mais 2 anos, totalizando 4 anos,
além de ter que cumprir a idade mínima necessária na data em que completar o tempo de
contribuição.
Para os professores de ensino infantil, fundamental e médio, a idade mínima e o tempo de
contribuição diminuem em 5 anos. Sendo assim, exige-se 52 anos de idade para professoras além
de um pedágio de 100% do que faltava para completar 25 anos de contribuição. Para os professores,
exige-se 55 anos de idade além de um pedágio de 100% do que faltava para completar 30 anos de
contribuição.
A renda mensal inicial do benefício será de 100% do salário de benefício, ou seja, será igual a média
de todos os salários de contribuição computados a partir de 07/1994.
Antes de passarmos para a próxima regra de transição, vamos aplicar as quatro regras de transição
que já aprendemos em um caso prático.

24
42
Exemplo: Quando entrou em vigor a Emenda Constitucional 103/19, também
conhecida como Reforma da Previdência, Cecília estava com exatos 26 anos de
contribuição e 50 anos de idade. Vamos analisar em quanto tempo ela conseguirá se
aposentar, considerando as regras de transição até agora estudadas:
Sistema de Pontos: Para se aposentar por essa regra, ela deverá completar o tempo de
contribuição mínimo e a pontuação necessária. O tempo de contribuição mínimo será
alcançado em 4 anos, quando ela atingirá 30 anos de contribuição e 54 anos de idade.
Entretanto, ela ainda não conseguirá se aposentar por esse sistema porque não terá a
pontuação mínima, já que a soma da idade mais tempo de contribuição dela será de 84
pontos (30+54) e a pontuação exigida daqui a 4 anos será 90. Cecília somente
conseguirá alcançar a pontuação mínima em 2029, daqui a 10 anos, quando atingirá 96
pontos.
Idade Mínima: Quando Cecília alcançar o tempo de contribuição mínimo exigido por
essa regra, que é 30 anos de contribuição, a idade mínima exigida será 58 anos, mas ela
terá 54 anos. Ela somente alcançará a idade mínima exigida quando ela estiver com 62
anos, portanto, essa regra não irá beneficiá-la, já que no caso dela não haverá
diminuição na idade mínima exigida pela regra geral pós-reforma.
Pedágio de 50%: Na data da entrada em vigor da Reforma da Previdência, Cecília estava
há 4 anos de se aposentar por tempo de contribuição. Portanto, ela não se encaixará
nessa regra de transição, por ela somente é aplicável a quem estava há 2 anos de se
aposentar.
Pedágio de 100%: Quando Cecília cumprir o pedágio de 100%, ou seja, 4 anos de
contribuição, totalizando 8 anos além dos 26 anos de contribuição que já possui, ela
terá 58 anos de idade. Portanto, por já cumprir os requisitos de tempo de contribuição
e idade mínima, Cecília conseguirá se aposentar daqui a 8 anos com base na regra de
transição do pedágio de 100%.

3.5. Regra 5: idade mínima

Esta regra visa beneficiar quem estava próximo de se aposentar por idade na data em que entrou
em vigor a Emenda Constitucional 103/19. Para os homens, essa regra não terá muito efeito, uma
vez que a idade mínima para eles se aposentarem por idade continua sendo 65 anos, bem como o
tempo de contribuição de 15 anos se manteve. Para as mulheres, a idade mínima que era de 60
anos, passou para 62 anos, portanto, essa regra vem para atenuar os efeitos para aquelas que
estavam próximas de se aposentar.

25
42
Em 2019, a idade mínima para as mulheres continua sendo 60 anos de idade. A partir de 2020,
acrescenta-se 6 meses a cada ano na idade mínima exigida, até se atingir 62 anos, o que ocorrerá
em 2023. Vejam como ficará a idade mínima exigida para as mulheres:

Idade Mínima para as Mulheres

2019 60 anos

2020 60,5 anos

2021 61 anos

2022 61,5 anos

2023 62 anos

Exemplo: Vera completará 60 anos em 01/01/2020 e estava com a expectativa de se


aposentar por idade pelo INSS, uma vez que já possuía mais de 20 anos de contribuição.
Entretanto, em novembro de 2019 entrou em vigor a Reforma da Previdência e, com
as novas regras, Vera se enquadrará na regra de transição da idade mínima, devendo
aguardar mais 6 meses para solicitar seu benefício. Dessa forma, Vera poderá se
aposentar em 01/06/2020 com 60 anos e meio.

A renda mensal inicial do benefício, nessa regra, será:

• 60% do salário de benefício caso tenha atingido o tempo mínimo de contribuição (15 anos
para mulheres e 20 anos para os homens)
+
• 2% do salário de benefício para cada grupo de 12 contribuições que excedam ao tempo
mínimo.

26
42
3.6. Quadro Resumo das Regras de Transição

Tempo mínimo de contribuição:

30 anos M e 35 anos H

Soma idade mais tempo de


Requisitos contribuição:
86 M e 96 H

*Para professores diminui-se 5 nos dois


Sistema de Pontos
requisitos

Média aritmética simples de 100% dos


SB
salários de contribuição

60% + 2% para cada ano a mais além do


RMI
mínimo exigido.

Idade Mínima: 56 anos M e 61 anos H

Tempo de Contribuição: 30 anos M e 35


Requisitos anos H
Tempo de *Para professores diminui-se 5 nos dois
contribuição requisitos

+
Média aritmética simples de 100% dos
idade mínima SB
salários de contribuição

60% + 2% para cada ano a mais além do


RMI
mínimo exigido.

Estar a 2 anos ou menos de completar


30 anos de contribuição M ou 35 anos
Pedágio 50% Requisitos de contribuição H

Pedágio de 50% do tempo que falta

27
42
Média aritmética simples de 100% dos
SB salários de contribuição, multiplicado
pelo fator previdenciário

RMI 100% do SB

Idade Mínima: 57 anos M e 60 anos H

Pedágio de 100% do tempo que faltava


para atingir 30 anos de contribuição M
Requisitos
ou 35 anos de contribuição H

*Para professores diminui-se 5 nos dois


Pedágio 100% requisitos

Média aritmética simples de 100% dos


SB
salários de contribuição

RMI 100% do SB

Idade Mínima: 60 anos M e 65 anos H


Requisitos Tempo de Contribuição: 15 anos para
ambos os sexos

Idade Média aritmética simples de 100% dos


SB
salários de contribuição

60% + 2% para cada ano a mais além do


RMI
mínimo exigido.

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42
4. Aposentadoria da Pessoa com Deficiência

Vejamos como ficou trecho do art. 201 da Constituição Federal:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de Previdência Social, de caráter
contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e
atenderá, na forma da lei, a:
(...)

§ 1º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para concessão de benefícios, ressalvada, nos
termos de lei complementar, a possibilidade de previsão de idade e tempo de contribuição distintos da regra
geral para concessão de aposentadoria exclusivamente em favor dos segurados:

I - com deficiência, previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional
e interdisciplinar;

II - cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos
prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou
ocupação.

(grifos nossos)

Vejamos que o art. § 1º do art. 201 da CF veda a adoção de requisitos e critérios diferenciados para
aposentadorias no âmbito do RGPS, mas permite que lei complementar (cuidado! Lei complementar
e não ordinária) preveja idade e tempo de contribuição diferenciados para:

• Segurados com deficiência;


• Segurados que exerçam atividades expostos a fatores de risco.

As aposentadorias da pessoa com deficiência, tanto por idade como por tempo de contribuição, já
foram previstas na Lei Complementar 142/2013. Portanto, as regras para esses segurados
continuam as mesmas.

29
42
5. Aposentadoria Especial

Enquanto não for publicada lei complementar prevendo as regras para a concessão de
aposentadoria especial, as regras que valem para aqueles que trabalham expostos a agentes
químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes são as seguintes:

Tempo de exposição de
Idade Mínima
acordo com o agente nocivo

55 anos 15 anos

58 anos 20 anos

60 anos 25 anos

O tempo de contribuição e a idade mínima é o mesmo para segurados de ambos os sexos. O tempo
de contribuição em condições especiais é determinado de acordo com o agente nocivo.

A renda mensal inicial do benefício será:

• 60% do salário de benefício caso tenha atingido o tempo mínimo de contribuição (15 anos
para mulheres e 20 anos para os homens)
+
• 2% do salário de benefício para cada grupo de 12 contribuições que excedam ao tempo
mínimo.

O texto constitucional também deixa claro que é vedada a caracterização de atividade especial
apenas por categoria especial. Ou seja, não é possível caracterizar o período como especial para
todos os médicos, motoristas, enfermeiros, mineiros etc. olhando-se apenas a atividade profissional.
Deverá ser avaliado caso a caso os agentes nocivos aos quais o profissional esteve exposto.
Outra novidade trazida pela EC 103/19 é que será reconhecida a conversão de tempo especial em
comum ao segurado do Regime Geral de Previdência Social que comprovar tempo de efetivo
exercício de atividade sujeita a condições especiais que efetivamente prejudiquem a saúde,
cumprido até a data de entrada em vigor da EC 103/19, vedada a conversão para o tempo cumprido
após esta data.

30
42
Regra de Transição para a Aposentadoria Especial

Para os segurados que se filiaram ao Regime Geral de Previdência Social até a data da entrada em
vigor da Emenda Constitucional 103/19 e que trabalhem em atividades com efetiva exposição a
agentes químicos, físicos e biológicos, prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, a regra de
transição exige uma pontuação mínima, obtida pela soma da idade mais o tempo de exposição,
além da comprovação de um tempo mínimo de exposição, a depender do agente nocivo:

Soma da Idade mais o tempo Tempo de exposição de


de exposição acordo com o agente nocivo

66 pontos 15 anos

76 pontos 20 anos

86 pontos 25 anos

Essa regra é aplicada tanto para homens quanto para mulheres. Sendo assim, uma pessoa que, se
filiou ao RGPS antes da entrada em vigor da EC 103/19 e que trabalhou exposto a um agente que
permite aposentadoria especial após 25 anos de contribuição, poderá se aposentar ao completar 61
anos de idade. (25 anos de contribuição + 61 anos de idade = 86 pontos)

A renda mensal inicial do benefício será:

• 60% do salário de benefício caso tenha atingido o tempo mínimo de contribuição.


+
• 2% do salário de benefício para cada grupo de 12 contribuições que excedam ao tempo
mínimo (15 anos para mulheres e 20 anos para os homens). Entretanto, se a aposentadoria
for permitida aos 15 anos de contribuição, o acréscimo começará a ser computado com 16
anos de contribuição tanto para mulheres como para homens.

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42
6. Aposentadoria Por Incapacidade Permanente

Primeiramente, o texto da Constituição Federal agora chama a Aposentadoria por Invalidez de


Aposentadoria por Incapacidade Permanente. Portanto, a partir de agora também adotaremos essa
denominação.
Além disso, alterou-se a forma de cálculo desse benefício. O salário-de-benefício, que antes era de
80% dos maiores salários de contribuição, agora será, como nas demais aposentadorias, a média
aritmética simples de todos os salários-de-contribuição desde 07/1994, corrigidos
monetariamente.
A renda mensal inicial será calculada de duas formas:
• Se o benefício for decorrente de acidente de trabalho, doença profissional ou doença do
trabalho: 100% do salário de benefício;

• Nos demais casos: 60% do salário de benefício + 2% do salário de benefício para cada grupo
de 12 contribuições que excedam ao tempo mínimo (15 anos para mulheres e 20 anos para
os homens).

Exemplo 1: Eduardo, foi contratado por uma empresa, ganhando R$2.000,00 mensais. Após 12
meses de trabalho, houve complicações em uma doença degenerativa que ele descobriu há pouco
tempo e ele ficou permanentemente incapacitado para o trabalho. Nos primeiros 15 dias de
afastamento seu empregador deverá pagar seu salário integral. A partir do 16º dia, como ele já
cumpriu a carência exigida, ele receberá o benefício de aposentadoria por incapacidade
permanente do INSS. O cálculo do valor que ele receberá será feito da seguinte forma:
𝟏𝟐 × 𝟐𝟎𝟎𝟎
𝑺𝒂𝒍á𝒓𝒊𝒐 𝒅𝒆 𝑩𝒆𝒏𝒆𝒇í𝒄𝒊𝒐 (𝑺𝑩) =
𝟏𝟐
𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎
=
𝟏𝟐
= 𝑹$𝟐. 𝟎𝟎𝟎, 𝟎𝟎

𝟔𝟎 𝒙 𝟐𝟎𝟎𝟎
𝑹𝑴𝑰 = 𝟔𝟎% 𝒅𝒐 𝑺𝑩 = = 𝑹$𝟏. 𝟐𝟎𝟎, 𝟎𝟎
𝟏𝟎𝟎

Portanto, o benefício de Eduardo será R$1.200,00.

32
42
Exemplo 2: Após 6 meses trabalhando como contribuinte individual e contribuindo com
R$2000,00 mensalmente para o INSS, Betina sofreu um acidente de trabalho, o qual a deixou
permanentemente incapacitada para o trabalho. O benefício de aposentadoria por incapacidade
dela será calculado da seguinte forma:

𝟔 × 𝟐𝟎𝟎𝟎
𝒔𝒂𝒍á𝒓𝒊𝒐 𝒅𝒆 𝒃𝒆𝒏𝒆𝒇í𝒄𝒊𝒐 (𝑺𝑩) =
𝟔
𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎
= = 𝑹$𝟐. 𝟎𝟎𝟎, 𝟎𝟎
𝟔

𝑹𝑴𝑰 = 𝟏𝟎𝟎% 𝒅𝒐 𝑺𝑩 = 𝑹$𝟐. 𝟎𝟎𝟎, 𝟎𝟎

7. Pensão por Morte e Auxílio-Reclusão

7.1. Como era?


O valor desses benefícios era equivalente a 100% da aposentadoria que o segurado recebia ou
daquela que receberia se estivesse aposentado por invalidez na data do óbito/reclusão,
independentemente dos números de dependentes.

7.2. Como ficou?

A pensão por morte e o auxílio-reclusão serão equivalentes a uma cota familiar de 50% do valor da
aposentadoria recebida pelo segurado ou daquela a que teria direito se fosse aposentado por
incapacidade permanente na data do óbito/reclusão, acrescida de cotas de 10% por dependente,
até o máximo de 100%. Se o número de dependentes for superior a 5, a pensão por morte se
manterá em 100%. Em qualquer caso, o valor global do benefício não será inferior ao salário mínimo.
Dessa forma, se o segurado possuía 1 dependente, a pensão por morte ou o auxílio-reclusão será de
60% do valor do valor que o segurado recebia de aposentadoria ou receberia se estivesse
aposentado por invalidez na data do óbito/reclusão. Se houver 2 dependentes, a pensão será de
70% (50% + 10% a mais para cada dependente). Se o número de dependentes for três, a pensão por
morte será de 80%, e assim por diante.

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Importante destacar que o valor final obtido será divido igualmente por todos os dependentes. Além
disso, as cotas por dependente cessarão com a perda dessa qualidade e não serão reversíveis aos
demais dependentes, preservado o valor de 100% (cem por cento) da pensão por morte quando o
número de dependentes remanescente for igual ou superior a 5 (cinco).
O fato de a cota de um dependente não ser reversível aos demais implica que o valor global da
pensão por morte diminuirá em 10% cada vez que um dependente perde esta qualidade.

Exemplo: Um segurado falece estando aposentado e recebendo R$3.000,00 por mês.


Esse segurado deixou 3 dependentes no INSS: sua mulher e 2 filhos menores não
inválidos menores de 21 anos. O valor da pensão por morte será de 80% (50% + 10%
adicionais por dependente) do valor da aposentadoria que esse segurado recebia, ou
seja, será de R$2.400,00. Cada um dos beneficiários receberá mensalmente 1/3 do
valor total do benefício, ou seja R$800,00.
Quando o filho mais velho completar 21 anos, ele perderá a qualidade de dependente
e sua pensão por morte cessará. Assim, o valor global da pensão por morte passará a
ser de 70% da aposentadoria que o segurado recebia, ou seja, 70% de R$3.000,00,
totalizando R$2.100,00. Cada um dos dependentes receberá mensalmente R$1.100,00.
Quando o filho mais novo também completar 21 anos, somente a mulher receberá o
benefício, que passará a ser de 60% de R$3.000,00, ou seja, R$1.800,00.

Na hipótese de existir dependente inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave, o valor
da pensão por morte será equivalente a 100% (cem por cento) da aposentadoria recebida pelo
segurado ou daquela a que teria direito se fosse aposentado por incapacidade permanente na data
do óbito/reclusão, até o limite máximo de benefícios do Regime Geral de Previdência Social.

Quando não houver mais dependente inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave, o
valor da pensão será recalculado, seguindo a regra geral: uma cota familiar de 50% do valor da
aposentadoria recebida pelo segurado ou daquela a que teria direito se fosse aposentado por
incapacidade permanente na data do óbito/reclusão, acrescida de cotas de 10% por dependente,
até o máximo de 100%.

A condição como dependente inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave, pode ser
reconhecida previamente ao óbito do segurado, por meio de avaliação biopsicossocial realizada por
equipe multiprofissional e interdisciplinar, observada revisão periódica na forma da legislação.

Exemplo: Um segurado faleceu, estando aposentado e recebendo R$3.000,00 por


mês. Esse segurado deixou 3 dependentes no INSS: sua mulher e 1 filho menor não

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inválidos e 1 filho maior de 21 anos inválido. O valor global da pensão por morte, por
haver dependente inválido, será de 100% do valor do benefício que o segurado recebia,
ou seja, será de R$3.000,00, o qual será rateado em partes iguais entre os dependentes,
cada um deles recebendo R$1.000,00.

Quando o filho menor completar 21 anos, ele perderá a qualidade de depende do RGPS
e a mulher e o filho maior inválido continuarão recebendo o benefício, o qual
continuará tendo valor global de R$3.000,00, uma vez que há dependente inválido.
Cada um dos pensionistas receberá R$1.500,00 mensalmente.

Agora vamos supor que o filho maior inválido venha a falecer. Nesse caso, a pensão
deixará de ser calculada como 100% e somente a mulher receberá o benefício, que
passará a ser de 60% de R$3.000,00, ou seja, R$1.800,00.

É importante destacar que, se o segurado instituidor já era aposentado ou adquiriu o direito à


aposentadoria antes da entrada em vigor da EC 103/19, o cálculo da pensão por morte ou auxílio-
reclusão levará em consideração o valor dessa aposentadoria. Entretanto, caso o segurado não fosse
aposentado ou não tivesse direito adquirido na data do óbito/reclusão, o valor da aposentadoria
que será a base de cálculo da pensão por morte/auxílio reclusão será obtido conforme as novas
regras:

Salário-de-benefício: média aritmética simples de todos os salários-de-contribuição desde


07/1994, corrigidos monetariamente.

Renda Mensal Inicial:

• 60% do salário de benefício caso tenha atingido o tempo mínimo de contribuição (15 anos
para mulheres e 20 anos para os homens)
+
• 2% do salário de benefício para cada grupo de 12 contribuições que excedam ao tempo
mínimo.

Aposentadoria = Salário-de-benefício x RMI

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Exemplo: Luiz era segurado do RGPS há 10 anos quando veio a falecer em um
acidente de carro, deixando como dependente sua esposa, Luíza. Como Luiz não era
aposentado, o valor do benefício de pensão por morte será calculado da seguinte
forma:

1. Primeiramente, calculamos o valor do salário-de-benefício de Luiz. Vamos supor


que a média de todos os salários de contribuição dele seja igual a R$4.000,00.

2. A RMI da aposentadoria que ele receberia se estivesse aposentado por


incapacidade permanente seria de 60% do salário-de-contribuição. Como Luiz
não tinha mais de 20 anos de contribuição, não haverá nenhum adicional.
Portanto, a RMI será de 60% de R$4.000,00, que é R$2.400,00.

3. O valor da pensão por morte de Luíza será de 50% + 10% por dependente do
valor da aposentadoria que Luiz receberia. Sendo assim, a pensão por morte será
de 60% de R$2.400,00, que é igual a R$1.440,00.

Vejamos como essas alterações podem ser cobradas em prova:

(Questão Inédita) Quando houver 3 dependentes habilitados a pensão por morte de um segurado
do RGPS, o valor do benefício será de 80% do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou
daquela que receberia se estivesse aposentado por invalidez na data do óbito, independentemente
de haver ou não dependente inválido.

( ) Certo
( ) Errado

COMENTÁRIOS:

ERRADA. Vejamos o texto do ADCT:

Art. 23. A pensão por morte concedida a dependente de segurado do Regime Geral de Previdência Social ou de
servidor público federal será equivalente a uma cota familiar de 50% (cinquenta por cento) do valor da
aposentadoria recebida pelo segurado ou servidor ou daquela a que teria direito se fosse aposentado por
incapacidade permanente na data do óbito, acrescida de cotas de 10 (dez) pontos percentuais por dependente,
até o máximo de 100% (cem por cento).

(...)

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§ 2º Na hipótese de existir dependente inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave, o valor
da pensão por morte de que trata o caput será equivalente a:

I - 100% (cem por cento) da aposentadoria recebida pelo segurado ou servidor ou daquela a que teria
direito se fosse aposentado por incapacidade permanente na data do óbito, até o limite máximo de benefícios
do Regime Geral de Previdência Social;

(grifos nossos)

Se não houver dependente inválido, realmente a pensão será de 80% do valor que o segurado
recebia ou daquele que receberia se estivesse aposentado por invalidez na data do óbito.
Entretanto, se houver dependente inválido, a pensão será de 100%. Portanto, a questão está errada.

Gabarito: ERRADO.

8. Acumulação de Benefícios

8.1. Como era?

Vedava-se a acumulação de mais de uma pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro,
no âmbito do mesmo regime de previdência social. Se as pensões eram de regimes previdenciários
diferentes, era possível a acumulação.

Em caso de possibilidade de acumulação de benefícios, recebia-se o valor integral de cada um deles.

8.2. Como ficou?

Continua sendo vedada a acumulação de mais de uma pensão por morte deixada por cônjuge ou
companheiro, no âmbito do mesmo regime de previdência social, havendo a possibilidade de se
escolher o benefício mais vantajoso. Entretanto, pode-se acumular:

• pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro de um regime de previdência social
com pensão por morte concedida por outro regime de previdência social ou com pensões
decorrentes das atividades militares;
• pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro de um regime de previdência social
com aposentadoria concedida no âmbito do Regime Geral de Previdência Social ou de regime
próprio de previdência social;

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• pensões decorrentes das atividades militares com aposentadoria concedida no âmbito do
Regime Geral de Previdência Social ou de regime próprio de previdência social.

Até aqui essas regras se mantiveram. A novidade da Reforma da Previdência é que no caso de
acumulação desses benefícios, não mais se receberá o valor integral de cada um deles. Fica
garantido o recebimento do valor integral (100%) do benefício mais vantajoso, ou seja, o benefício
de maior valor, e dos demais benefícios, será recebida uma porcentagem. A forma de cálculo da
porcentagem dos demais benefícios será a seguinte:

A porcentagem a ser recebida de cada


Se a soma dos demais benefícios for:
benefício adicional será:

Até 2 salários mínimos 60%

Maior que 2 até 3 salários mínimos 40%

Maior que 3 até 4 salários mínimos 20%

Maior que 4 salários mínimos 10%

Algumas observações:

• Sempre será recebido o valor integral do benefício de maior valor. A porcentagem é aplicada
nos demais benefícios que estejam sendo acumulados;
• Quando se acumula duas ou mais pensões por morte, essa forma de cálculo se aplica se uma
das pensões é deixada por cônjuge ou companheiro. Portanto, se uma criança ficar órfã e
tiver direito a receber uma pensão por morte deixada pela mãe e outra pensão por morte
deixada pelo pai, independente do regime a que pertençam essas pensões, a criança irá
receber o valor integral de cada uma delas.
• As novas regras não prejudicam os direitos adquiridos antes de elas entrarem em vigor.

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Exemplo: Ester aposentou-se por tempo de contribuição no RGPS, recebendo
mensalmente R$2.500,00 de proventos. Em 14/11/19, um dia após a entrada em vigor
da EC 103/19, o marido de Ester, que também era aposentado pelo RGPS e recebia
R$3.000,00 de proventos, veio a falecer. Dessa forma, a pensão por morte de Ester será
calculada da seguinte forma:

1. Por Ester ser a única dependente, seria devido, a título de pensão, 60% do valor
da aposentadoria de seu cônjuge, ou seja R$1.800,00. (60% x 3.000,00 =
1.800,00);
2. Entretanto, por Ester já receber aposentadoria no âmbito do RGPS, ela não
receberá integralmente os dois benefícios. Ela receberá 100% do benefício de
maior valor, que é sua aposentadoria de R$2.500,00, mais uma porcentagem da
pensão por morte.
3. O valor da pensão por morte é de R$1.800,00, valor inferior a 2 salários mínimos.
Portanto, olhando na tabela apresentada anteriormente, Ester receberá 60% do
valor total do benefício, o que dará R$1.080,00.
4. Portanto, Ester receberá R$2.500,00 como aposentadoria e R$1.080,00 como
pensão por morte.

9. Cargo ou Emprego Público.

9.1. Como era?

Os ocupantes de emprego público, que são, em regra, aqueles profissionais efetivos das Empresas
Públicas e Sociedades de Economia mista, são regidos pela Consolidação das Lei de Trabalho (CLT) e
são vinculados ao Regime Geral de Previdência Social. Já ocupantes de cargo exclusivamente em
comissão também eram segurados obrigatórios do RGPS.

Antes da reforma da previdência, esses trabalhadores podiam se aposentar pelo RGPS, mas não
eram obrigados a deixar seu cargo ou emprego público, podendo acumular a aposentadoria com o
salário da atividade.

Além disso, eles não estavam sujeitos à aposentadoria compulsória prevista aos servidores públicos,
que atualmente, nos termos da Lei Complementar 125/15, se dá aos 75 anos de idade.

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9.2. Como ficou?

Os ocupantes de cargo ou emprego público continuam sendo segurados obrigatórios do RGPS.


Entretanto, assim como os servidores públicos, eles não poderão se aposentar pelo RGPS e continuar
ocupando o emprego público. Assim, a aposentadoria concedida com a utilização de tempo de
contribuição decorrente de cargo ou emprego público acarretará o rompimento do vínculo que
gerou o referido tempo de contribuição. Então, por exemplo, um empregado da Caixa Econômica
que se aposente pelo RGPS, deverá obrigatoriamente deixar seu emprego.

E ainda, os empregados dos consórcios públicos, das empresas públicas, das sociedades de
economia mista e das suas subsidiárias serão aposentados compulsoriamente aos 75 anos de idade,
desde que tenham cumprido o tempo mínimo de contribuição para aposentadoria, observados
critérios que serão estabelecidos em lei.

10. Trabalhadores de Baixa Renda e Informais

A Reforma da Previdência alterou o texto constitucional de forma a possibilitar a instituição de


contribuição diferenciada para os trabalhadores de baixa renda e trabalhadores informais, de
forma parecida com as regras diferenciadas que beneficiam donas de casa de baixa renda e
Microempreendedores Individuais. Vejamos:
"Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de Previdência Social, de caráter
contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e
atenderá, na forma da lei, a:
(...)
§ 12. Lei instituirá sistema especial de inclusão previdenciária, com alíquotas diferenciadas, para atender aos
trabalhadores de baixa renda, inclusive os que se encontram em situação de informalidade, e àqueles sem
renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que
pertencentes a famílias de baixa renda.
§ 13. A aposentadoria concedida ao segurado de que trata o § 12 terá valor de 1 (um) salário-mínimo

Para que tal norma tenha efetividade, deverá ser editada lei regulamentando a previsão.

11. Direito Adquirido

É importante frisar que é cláusula pétrea (aquela que não pode ser alterada) da nossa Constituição
o instituto do direito adquirido. Portanto, lei nova não irá prejudicar o direito que já foi adquirido de
acordo com norma anterior.

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Dessa forma, a concessão de aposentadoria ao segurado do Regime Geral de Previdência Social e de
pensão por morte aos respectivos dependentes será assegurada, a qualquer tempo, desde que
tenham sido cumpridos os requisitos para obtenção desses benefícios até a data de entrada em
vigor da Emenda Constitucional 103/19, observados os critérios da legislação vigente na data em
que foram atendidos os requisitos para a concessão da aposentadoria ou da pensão por morte.

E ainda, os proventos de aposentadoria devidos ao segurado e as pensões por morte devidas aos
seus dependentes serão apurados de acordo com a legislação em vigor à época em que foram
atendidos os requisitos nela estabelecidos para a concessão desses benefícios.

Sendo assim, se um segurado preenchia os requisitos para a concessão de qualquer benefício antes
da entrada em vigor da Reforma da Previdência, mas por qualquer motivo não tenha requerido o
benefício àquela época, o seu direito está preservado! Ou seja, a qualquer tempo esse segurado
poderá requerer o benefício e as regras utilizadas serão aquelas vigentes antes da entrada em vigor
das novas normas.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Muito bem, pessoal! Finalizamos nosso relatório com as alterações trazidas pela
EC 103/2019 (Reforma da Previdência), referentes ao RGPS.
Espero ter ajudado no estudo e compreensão das alterações trazidas pela
Reforma da Previdência, bem como ter auxiliado a descomplicar as respectivas
regras de transição.

Espero, outrossim, ter facilitado a vida dos alunos que já tinham finalizado a preparação em Direito
Previdenciário, permitindo que estudem, de forma comparada, como era e como ficou a legislação
previdenciária antes e após a Reforma da Previdência, evitando que tenham que reestudar todo o
conteúdo já consolidado.

Por fim, se você quiser receber dicas de Direito Previdenciário, conteúdo gratuito e atualizações de
legislação, siga-me nas redes sociais abaixo (não se esqueça de habilitar as notificações no Instagram
e Youtube, para você ser informado sempre que eu postar uma novidade por lá):

@profrubensmauricio

/profrubensmauricio

Prof. Rubens Maurício

Um grande abraço e que Deus te abençoe.


Até a próxima aula!!!

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