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TRATAMENTO DE ESGOTOS

1. Tratamento de efluentes líquidos (ex: efluentes domésticos)

1.1. Processos de tratamento: processos físicos, químicos e biológicos.


• Processos físicos: envolvem processos físicos (interceptação e sedimentação) na remoção do poluente sólido.
Os processos físicos são utilizados também para retirar do efluente a matéria orgânica e inorgânica em
suspensão coloidal e, além disso, eliminar, total ou parcialmente, microrganismos por meio de processos de
filtração em areia ou membranas.
o Remoção de sólidos grosseiros; remoção de sólidos sedimentáveis; remoção de sólidos flutuantes;
remoção da umidade do lodo; homogeneização e equalização de efluentes; diluição de águas
residuárias.
o Separação física por meio de sedimentação, flotação (flotadores a ar dissolvidos), caixas separadoras
(caixas de areia simples ou aeradas), peneiramento (peneiras estáticas, vibratórias ou rotativas),
gradeamento (grades de limpeza manual ou mecanizada), filtros prensa e a vácuo, centrífugas, etc.
• Processos químicos: tratamento do efluente é realizado por meio de reações químicas. São usados diversos
agentes/produtos químicos que fazem a oxidação, redução, floculação, coagulação, entre outros. Produtos
químicos são utilizados para aumentar a eficiência de remoção de um elemento ou substância, modificar seu
estado ou estrutura ou alterar suas características químicas.
o Os principais processos são: precipitação química (remove matéria orgânica coloidal, incluindo
coliformes), eletrocoagulação (remove matéria orgânica, incluindo compostos coloidais, corantes e
óleos/gorduras), precipitação de fosfatos e outros sais (remoção de nutrientes) pela adição de
coagulantes químicos, cloração, oxidação, neutralização ou correção do pH.
• Processos biológicos: dependem da ação de microorganismos aeróbicos ou anaeróbicos na
remoção/transformação do poluente, que é transformado em sólidos sedimentáveis (flocos biológicos) e
gases.
o Processos facultativos que são realizados pela utilização de biofilmes (filtros biológicos anaeróbicos
ou aeróbicos) e por algumas lagoas (lagoas aeradas, lagoas de estabilização facultativas ou
anaeróbias). Os biocontactores apresentam também processos biológicos aeróbios. Os processos
anaeróbios ocorrem em lagoas anaeróbias e biodigestores (digestores anaeróbios de fluxo
ascendente).

Principais rotas da decomposição da matéria orgânica na presença de diferentes aceptores de elétron


Tempos e Reatores
• Tempo de detenção hidráulica (Tdh): tempo
necessário para renovação do volume do
reator. Durante um longo tempo de detenção,
as partículas sólidas podem ter tempo para
assentar no fundo caso a turbulência não seja
suficientemente potente para manter as
partículas em suspensão. Tempos de detenção
prolongados permitem a realização de
processos biológicos e químicos. Tempos de
detenção curtos poderão implicar que
processos químicos ou biológicos não tem
tempo para ocorrer.

• Tempo de geração celular (Tgc): corresponde


ao tempo necessário À multiplicação
bacteriana
𝑡
𝑇𝑔𝑐 = 𝑛
t – tempo de duração do crescimento
exponencial (h ou min)
n – num de gerações ocorridas durante a
fase de crescimento exponencial
Crescimento dos microorganismos
• Disperso (Tdh > Tgc): a biomassa cresce no meio líquido sem nenhuma estrutura de sustentação (flocos)
o Floco: composto aglutinado numa estrutura. Constituídos de material orgânico adsorvido, células vivas e
mortas, material inerte dos esgotos, etc. Constituídos não somente de bactérias, mas também de
protozoários, fungos, nematóides
o Ex: lodos ativados e lagoa de estabilização.
o A aeração tem influência sobre o tamanho dos flocos o que implica na sua separação do líquido através
da sedimentação, permitindo que o efluente saia clarificado ao fim do processo de tratamento.
• Aderido (Tdh < Tgc): a biomassa cresce aderida a um meio suporte artificial, natural ou à própria biomassa
aglomerada (grânulos) formando um biofilme.
o O biofilme viabiliza retenção de elevada concentração de biomassa por considerável período de tempo.
o Ex: filtro biológico, biodisco, biofiltro aerado, filtro anaeróbio.

1.2. Classificação dos sistemas de tratamento

• Tratamento preliminar
• Tratamento primário
• Tratamento secundário
• Tratamento terciário
• Tratamento de lodos
• Tratamento físico-químico

LAGOAS

• Lagoas de estabilização são consideradas como uma das técnicas mais simples de tratamento de esgotos.
Dependendo da área disponível, topografia do terreno e grau de eficiência desejado, podem ser empregados os
seguintes tipos de sistemas de lagoas de estabilização:
o Lagoas facultativas
o Sistema de lagoas anaeróbias seguidas por lagoas facultativas (sistema australiano)
o Lagoas aeradas facultativas
o Sistemas de lagoas aeradas de mistura completa seguida por lagoas de decantação
o Lagoa de maturação
• As principais vantagens de um sistema de lagoas são a facilidade de construção, operação e manutenção e
respectivos custos reduzidos, além da sua satisfatória resistência a variações de carga. Uma grande desvantagem é a
necessidade de grandes áreas para a construção → grandes populações torna o projeto inviável.
➢ Lagoas facultativas: O processo de tratamento por lagoas facultativas é muito simples e constitui-se
unicamente por processos naturais. Estes podem ocorrer em três zonas da lagoa: zona anaeróbia, zona aeróbia
e zona facultativa. O efluente entra por uma extremidade da lagoa e sai pela outra. Durante este caminho, que
pode demorar vários dias, o esgoto sofre os processos que irão resultar em sua purificação. Após a entrada do
efluente na lagoa, a matéria orgânica em suspenção começa a sedimentar formando o lodo de fundo. Este sofre
tratamento anaeróbio na zona anaeróbia da lagoa. Já a matéria orgânica dissolvida e a em suspensão de
pequenas dimensões permanecem dispersas na massa líquida. Estas sofrerão tratamento aeróbio nas zonas
mais superficiais da lagoa (zona aeróbia). Nesta zona há necessidade da presença de oxigênio. Este é fornecido
por trocas gasosas da superfície líquida com a atmosfera e pela fotossíntese realizada pelas algas presentes,
fundamentais ao processo. Para isso há necessidade de suficiente iluminação solar, portanto, estas lagoas
devem ser implantadas em lugares de baixa nebulosidade e grande radiação solar. Na zona aeróbia há um
equilíbrio entre o consumo e a produção de oxigênio e gás carbônico. Enquanto as bactérias produzem gás
carbônico e consomem oxigênio através da respiração, as algas produzem oxigênio e consomem gás carbônico
na realização da fotossíntese.
A medida que afasta-se da superfície da lagoa a concentração de oxigênio diminui devido a menor ocorrência da
fotossíntese. Também durante a noite não há realização de fotossíntese, enquanto que a respiração continua
ocorrendo. Esta zona, onde pode ocorrer ausência ou presença de oxigênio é denominada zona facultativa.
Nela a estabilização de matéria orgânica ocorre por meio de bactérias facultativas, que podem sobreviver tanto
na ausência quanto na presença de oxigênio. As lagoas facultativas dependem da fotossíntese para a produção
de oxigênio, como já foi dito anteriormente. Desta forma, a eficiência desse tipo de sistema de tratamento
depende da disponibilidade de grandes áreas para que a exposição à luz solar seja adequada, podendo a chegar
a valores de 70 a 90 % de remoção de DBO. Como a atividade fundamental do processo consiste no
desenvolvimento das algas e estas da presença de luz, as profundidades das lagoas restringem-se a valores
variáveis entre 1,5 e 2,0 m, porém, com volumes elevados, de forma a permitir a manutenção de grandes
períodos de detenção, em geral de 15 a 20 dias.

➢ Lagoas aeradas facultativas: A principal diferença entre este tipo de sistema e uma lagoa facultativa
convencional é que o oxigênio, ao invés de ser produzido por fotossíntese realizada pelas algas, é fornecido por
aeradores mecânicos. Estes constituem-se de equipamentos providos de turbinas rotativas de eixo vertical que
causam um grande turbilhonamento na água através de rotação em grande velocidade. O turbilhonamento da
água facilita a penetração e dissolução do oxigênio. Tendo em vista a maior introdução de oxigênio na massa
líquida do que é possível numa lagoa facultativa convencional, há uma redução significativa no volume
necessário para esse tipo de sistema, sendo suficiente um tempo de detenção hidráulica variando entre 5 a 10
dias, e como consequência, o requisito de área é menor. O grau de energia introduzido na lagoa através dos
aeradores é suficiente apenas para a obtenção de oxigênio, porém não é suficiente para a manutenção dos
sólidos em suspensão e bactérias dispersos na massa líquida. Portanto ocorre sedimentação da matéria
orgânica formando o lodo de fundo que será estabilizado anaerobicamente como em uma lagoa facultativa
convencional. A lagoa aerada pode ser utilizada quando se deseja um sistema predominantemente aeróbio e a
disponibilidade de área é insuficiente para a instalação de uma lagoa facultativa convencional. Devido a
introdução de equipamentos eletro-mecânicos a complexidade e manutenção operacional do sistema é
aumentada, além da necessidade de consumo de energia elétrica. A lagoa aerada pode também ser uma
solução para lagoas facultativas que operam de forma saturada e não possuem área suficiente para sua
expansão.
➢ Infiltração lenta: A infiltração lenta (ou irrigação) envolve a aplicação de esgoto num solo vegetado, a fim de
realizar o tratamento e ao mesmo tempo suprir as necessidades hídricas e nutricionais das plantas. Parte da
água aplicada é perdida por evapotranspiração, e parte percola vertical ou horizontalmente através do solo.
Alguns fatores contribuíram para o reúso de águas para fins agrícolas, sendo esses: dificuldade de identificação
e exploração de fontes alternativas de água para a irrigação; custos elevados dos fertilizantes e dos sistemas
convencionais de tratamento; reconhecimento, pelos órgãos gestores de recursos hídricos, da potencialidade da
prática; riscos minimizados à saúde pública e ao ambiente, quando adequadamente administrados. Algumas
desvantagens importantes dessa prática: riscos à saúde dos irrigantes, da comunidade em contato com o esgoto
e dos consumidores dos vegetais irrigados; poluição das águas subterrâneas, principalmente por nitratos;
acúmulo de poluentes no solo, especialmente metais pesados; e criação de habitats para proliferação de
vetores, como mosquitos, em áreas peri-urbanas.

➢ Lodos ativados: O sistema de lodos ativados não exige grandes requisitos de áreas como por exemplo as lagoas.
No entanto há um alto grau de mecanização e um elevado consumo de energia elétrica. O tanque de aeração ou
reator, o tanque de decantação e a recirculação de lodo são partes integrantes deste sistema. O efluente passa
pelo reator, onde ocorre a remoção da matéria orgânica e depois pelo decantador, de onde sai clarificado após
a sedimentação dos sólidos (biomassa) que formam o lodo de fundo. Este é formado por bactérias ainda ávidas
por matéria orgânica que são enviadas novamente para o reator (através da recirculação de lodo). Com isso há
um aumento da concentração de bactérias em suspensão no tanque de aeração, para ser ter uma idéia, esta é
mais de 10 vezes maior que a de uma lagoa aerada de mistura completa sem recirculação. Porém uma taxa
equivalente ao crescimento das bactérias (lodo biológico excedente) deve ser retirada, pois se fosse permitido
que as bactérias se reproduzissem continuamente, alguns problemas poderiam ocorrer. A presença de
biomassa no efluente final devido a dificuldade de sedimentar em um decantador secundário sobrecarregado e
a dificuldade de transferência de oxigênio para todas as células no reator são exemplos destes. eficiência deste
sistema é em grande parte devido a recirculação de lodo. Esta permite que o tempo de detenção hidráulico seja
pequeno e consequentemente também o reator possua pequenas dimensões. A recirculação de sólidos
também ocasiona com que os sólidos permaneçam mais tempo no sistema que a massa líquida. Este tempo de
permanência da biomassa no sistema é chamado de Idade do Lodo. Além da matéria orgânica carbonácea o
sistema de lodos ativados pode remover também nitrogênio e fósforo, porém a remoção de coliformes é
geralmente baixa devido ao pequeno tempo de detenção hidráulico e normalmente insuficiente para o
lançamento no corpo receptor.
O sistema de lodos ativados possui algumas variantes e pode ser:
o Sistema de lodos ativados convencional (fluxo contínuo)
o Sistema de lodos ativados de aeração prolongada (fluxo contínuo)
o Sistema de lodos ativados de fluxo intermitente ou batelada

➢ Sistema de lodos ativados convencional


O sistema de lodos ativados convencional é constítuido por reator e decantadores primário e
secundário. Este sistema possui decantador primário para que a matéria orgânica em suspensão
sedimentável seja retirada ante do tanque de aeração gerando assim uma economia no consumo de
energia. O tempo de detenção hidráulico é bem baixo, da ordem de 6 a 8 horas e a idade do lodo em
torno de 4 a 10 dias. Como o lodo retirado ainda é jovem e possui grande quantidade de matéria
orgânica em suas células, há necessidade de uma etapa de estabilização do lodo

➢ Sistema de lodos ativados de aeração prolongada (fluxo contínuo)


A diferença deste sistema para o sistema convencional é que a biomassa permanece mais tempo no
reator (18 a 30 dias), porém continua recebendo a mesma carga de DBO. Com isso o reator terá que
possuir maiores dimensões e consequentemente existirá menor concentração de matéria orgânica por
unidade de volume e menor disponibilidade de alimento. Para sobreviver as bactérias passam a
consumir a matéria orgânica existente em suas células em seus metabolismos. Assim, o lodo já sairá
estabilizado do tanque de aeração, não havendo necessidade de se ter um biodigestor. Este sistema
também não possui decantador primário para evitar a necessidade de uma unidade de estabilização do
lodo resultante deste. Como a estabilização do lodo ocorre de forma aeróbia no reator, há um maior
consumo de energia elétrica. Porém, este é um sistema de maior eficiência de remoção de DBO dentre
os que funcionam com lodos ativados.

➢ Sistema de lodos ativados de fluxo intermitente ou batelada


Neste sistema há apenas uma unidade e todas as etapas de tratamento do esgoto ocorrem dentro do
reator. Estas passam a ser sequências no tempo e não mais unidades distintas. A biomassa permanece
no tanque e não havendo necessidade de sistema de recirculação de lodo. Um sistema de lodos
ativados fluxo intermitente possui ciclos bem definidos de operação. São estes: enchimento, reação,
sedimentação, esvaziamento e repouso. Em sistemas que recebem esgotos de forma contínua, como
por exemplo as estações que recebem esgotos domésticos, há a necessidade de ser ter mais de um
tanque de aeração trabalhando em paralelo. Pois um tanque que esta no ciclo de decantação não pode
estar recebendo esgotos e para isso deve haver um outro tanque que esteja no ciclo de enchimento.
Este sistema pode funcionar tanto como um de lodos ativados convencional como um de aeração
prolongada.

➢ Filtros biológicos: é constituído de um leito que pode ser de pedras, ripas ou material sintético. O efluente é
lançado sobre este por meio de braços rotativos e percola através das pedras (ou outro material) formando sobre
estas uma película de bactérias. O esgoto passa rapidamente pelo leito em direção ao dreno de fundo, porém a
película de bactérias absorve uma quantidade de matéria orgânica e faz sua digestão mais lentamente. É
considerado um processo aeróbio uma vez que o ar pode circular entre os vazios do material que constitui o leito
fornecendo oxigênio para as bactérias. Quando a película de bactérias fica muito espessa, os vazios diminuem de
dimensões e a velocidade com que o efluente passa aumenta, devido a isso surgem forças cisalhantes que fazem
com que a película se desgarre do material. Os filtros podem ser:
o Filtros biológicos de baixa carga
o Filtros biológicos de alta carga

➢ Filtros biológicos de baixa carga


Neste sistema, como a carga de DBO aplicada é baixa, o lodo sai parcialmente estabilizado devido ao
consumo da matéria orgânica presente na células das bactérias em seus processos metabólicos por
causa da escassez de alimento. Tem eficiência comparável ao sistema de lodos ativados convencional.
Ocupa uma maior área e possui uma menor capacidade de adaptação as variações do efluente, porém
consome menos energia e é mais simples operacionalmente.
➢ Filtros biológicos de alta carga
Este sistema é menos eficiente que o sistema de filtros biológicos de baixa carga e o lodo não sai
estabilizado. A área ocupada é menor e a carga de DBO aplicada é maior. Há uma recirculação do
efluente para que mantenha os braços distribuidores funcionando durante a noite, quando a vazão é
menor e, evitando assim que leito seque. Com isto há também um novo contato das bactérias com a
matéria orgânica melhorando a eficiência. Uma outra forma de aumentar a eficiência é colocando
filtros biológicos em série. Há diferentes formas de combinar os filtros e a recirculação de efluentes.
➢ Biodiscos: Neste sistema um conjunto de discos, geralmente de plástico de baixo peso, giram em torno de um eixo
horizontal. Metade do disco é imerso no esgoto a ser tratado enquanto a outra metade fica exposta ao ar. As
bactérias formam uma película aderida ao disco que quando exposta ao ar é oxigenada. Esta quando novamente em
contato com o efluente contribui para a oxigenação deste. Quando esta película cresce demasiadamente, ela se
desgarra do disco e permanece em suspensão do meio líquido devido ao movimento destes contribuindo para um
aumento da eficiência.
Este sistema é limitado para o tratamento de pequenas vazões. O diâmetro máximo dos discos é reduzido
sendo necessário um grande número de discos para vazões maiores.

• Aspectos importantes na seleção de sistema de tratamento de esgotos:


o Eficiência (Desejada ou exigida por legislação)
o Confiabilidade
o Disposição do lodo
o Requisitos de área
o Impactos ambientais
o Custos de operação
o Custos de implantação
o Sustentabilidade
o Simplicidade

Etapas do tratamento de esgoto:


• Gradeamento: É a primeira etapa do tratamento do esgoto, quando ele chega à Estação. Aqui ocorre a retenção
dos resíduos sólidos indevidamente lançados na rede de esgoto, como fraldas, papel higiênico, restos de
alimentos e até roupas e calçados;
• Caixas de areia ou desarenador: Essa estrutura retém areia e outros resíduos menores que passaram pela etapa
do gradeamento;
• Reator anaeróbio: O efluente passa por tanques fechados na presença de bactérias anaeróbias, para
degradação da matéria orgânica;
• Filtro biológico aerado: O efluente passa por filtros de brita onde ocorre a injeção de oxigênio. É nessa etapa
ainda que acontece o segundo passo do tratamento biológico, na presença de bactérias aeróbias.
• Decantação: Os resíduos sólidos são decantados, se estabelecendo no fundo do tanque, para posterior retirada
por meio de raspagem. É adicionado coagulante para remoção de nutrientes e o líquido coletado na parte
superficial segue para desinfecção.
• Desinfecção: Adição de produto químico sanitizante ao efluente líquido ou encaminhamento do mesmo a uma
unidade com plantas macrófitas (aquáticas), removendo os vírus, bactérias e outros micro-organismos.

GRADEAMENTO

• Remoção de sólidos grosseiros


• Resíduos de fácil retenção e remoção através de operações físicas de gradeamento e peneiramento
• Material procedente do uso inadequado das instalações prediais, dos coletores públicos e demais componentes de
um sistema de esgotamento sanitário. Podem conter partículas sólidas orgânicas, como grãos de vegetais, gorduras e
outros restos de alimentos.
• Finalidade de proteger tubulações, bombas, equipamentos da ETE; proteger o corpo receptor; remover parcialmente
a carga poluidora afluente à ETE.

• Grades: dispositivos com barras dispostas paralelamente, verticais ou inclinadas


• O espaçamento entre barras é o principal parâmetro de dimensionamento, determinando as dimensões de sólidos a
serem retidos.

• A forma mais comum das barras é a retangular e as dimensões são apresentadas na Tabela 2. A menor dimensão
representa a espessura da barra. A dimensão maior é função da estabilidade da estrutura metálica e não tem
influência significativa no desempenho da unidade.

• Inclinação das barras:


o Inclinações menores, em torno de 30º acarretam grandes extensões de canal
o Grades com inclinações de 70º a 85º apresentam maior rendimento do que as grades verticais,
melhorando o desprendimento de material retido.

• Limpeza da grade:
o As grades podem ser de limpeza manual ou mecanizadas com limpeza automática ou por comando
o NBR 12209/11: grades grossas devem ser mecanizadas quando: • Vazão máxima afluente final for igual
ou maior que 100 L/s • Volume a ser retido justificar • Dificuldades de operação (devido localização
e/ou profundidade do canal)

► Dimensionamento do gradeamento
o Seleção do tipo de grade
o Dimensionamento do canal da grade
o Avaliação de perda de carga local
o AS normas ABNT sugerem dimensionamento da grade de barras em função da vazão máxima afluente à
unidade

➢ Perda de carga em grades Perda de carga em telas


De acordo com o google....
Dimensionamento da grade começa com o dimensionamento do canal:
o Definição do espaçamento (a) e da espessura (t) da grade
o Cálculo da eficiência da grade
o Adota-se uma velocidade de passagem na grade (v)
o 0,6 a 1,2 m/s (limpeza mecanizada)
o 0,6 a 0,9 m/s (limpeza manual)
o NBR 12209:2011: menor que 1,2 m/s em todos os casos
o Maior do que 0,4 m/s no canal a montante (aproximação, vo)
o Cálculo da área útil da grade
o Com a altura da lâmina de água, cálculo da largura do canal
o Verificações de v e vo para diferentes vazões

1. Eficiência da grade (porcentagem da área da grade correspondente às aberturas)

2. Área do canal

3. Perda de carga na grade

NBR 12209:2011: perda de carga mínima a ser considerada:


o 0,15 m para limpeza manual (p/ grades de limpeza manual máximo de 50% de obstrução)
o 0,10 m para grades mecanizadas (limpeza mecanizada)
PENEIRAS

• Devem ser precedidas de grade


• Peneiras estáticas ou móveis
o Peneiras estáticas: são modelos projetados para promover a auto limpeza. O efluente ingressa pelo
bocal superior onde entra na câmara de equalização e desagua através de um vertedouro que
proporciona a distribuição de fluxo ideal sobre a tela onde ocorre a separação de sólidos e líquido. Os
sólidos que ficam retidos na tela se deslocam em função de seu próprio peso e a curvatura da tela para
a régua de descarga, garantindo assim, a auto-limpeza do equipamento. Este equipamento é compacto,
de baixo custo e reduzido índice de manutenção, não requer energia elétrica e conta com um sistema
de auto-limpeza além de ser projetado e construído para cada necessidade do cliente.
o Peneiras móveis: os principais tipos são constituídos de cilindros giratórios formados pelas barras de aço
inoxidável, através das quais o efluente passa, retendo o material que se pretende remover. Em função
do sentido de fluxo afluente essas unidades podem ser classificadas em: de fluxo tangencial e de fluxo
axial. O efluente flui de cima para baixo atravessando a peneira enquanto o material retido na peneira
se desloca para baixo e com isso, é desidratado

• Como no sistema de grades passam materiais sólidos longos, finos e fibras conseguem passar flutuando através da
grade, até mesmo nas grades finas, o sistema de grades tem sido cada vez mais complementado com peneiras ou até
substituídas por elas. São utilizadas para remoção de sólidos muito finos ou fibrosos (aberturas de 0,25 a 5 mm)

DESARENADOR
• A areia contida nos efluentes é constituída de material mineral, como: areia, pedrisco, escória, cascalho, etc.
• Finalidade de eliminar ou abrandar os efeitos adversos ao funcionamento das partes componentes das instalações
a jusante. Evitar abrasão nos equipamentos e tubulações. Reduzir a possibilidade de avarias ou obstrução de
unidades do sistema, tais como: canalizações, caixas de distribuição ou manobra, poços de elevatórias, tanques,
sifões, orifícios, etc. Facilitar o manuseio e transporte das fases líquida e sólida ao longo dos componentes da
estação de tratamento de efluentes.
• As caixas de areia são projetadas para estabelecer uma velocidade de escoamento de 0,30 m/s (a velocidade de
escoamento é conduzida a valores que permitam a deposição das partículas, o que se verifica em função das
velocidades de sedimentação) durante o percurso. Velocidades menores provocam a sedimentação de partículas
que poderão conferir gosto e odor a água captada. Velocidades maiores arrastam as partículas citadas e tornam a
caixa de areia ineficiente.
• Quanto à forma: prismática (seção retangular ou quadrada) ou cilíndrica (seção circular). Quanto à separação: por
gravidade (natural ou aerada) ou por centrifugação (vórtex ou centrífuga). Quanto à remoção: manual, ciclone
separador ou mecanizada. Quanto ao fundo: plano (prismática com poço), inclinado (prismática aerada) ou cônico
(vórtex).

➢ Dimensionamento de caixa de areia


• Considerar velocidade de escoamento (Vh) de 0,30 m/s (entre 0,25 e 0,40 está ok!!)
• Vh < 0,15 m/s → causa deposição (sedimentação) relativamente grande de matéria orgânica
• Vh > 0,40 m/s → permitem a passagem de partículas de areia que não convêm as demais unidades de
tratamento
• Para determinar a velocidade de sedimentação em função do diâmetro da partícula utiliza-se a tabela a
seguir.
• Para que ocorra a sedimentação na caixa de areia a partícula deve ter diâmetro igual ou superior a 0,15
mm.
• Comprimento do desarenador, obtido atendendo condições anteriores, multiplicar por coeficiente de
segurança  1,5 → para compensar turbulência na entrada e saída da caixa de areia
• Relação L/b  3 - 4 → para evitar curtos-circuitos
• b  0,5 m → para possibilitar facilidade de construção e operação

CALHAS PARSHALL

• Medição de vazão e controle da velocidade do canal da caixa de areia


• Medidores de vazão que através de estrangulamentos e ressaltos, estabelecem, para uma determinada seção
vertical a montante, uma relação entre a vazão e a lâmina d’água naquela seção.
• Com as calhas é possível medir vazões maiores que as conseguidas com vertedores da mesma largura,
apresentando a vantagem de menor perda de carga.
• A grande vantagem, porém, é a ausência de obstrução de fluxo e o fato de ser auto-limpante.
• O custo é maior quando comparado com o custo de vertedores
TANQUE SÉPTICO E SISTEMAS DE PEQUENO PORTE
O que é um tanque séptico?
É uma unidade cilíndrica ou prismática retangular, de fluxo horizontal, para tratamento de esgotos por processos de
sedimentação, flotação e digestão.

Para que serve a sua utilização?


De acordo com a NBR 7229 os tanques sépticos são indicados para:
- Áreas desprovidas de rede pública coletora de esgotos;
- Como alternativa de tratamento de esgotos em áreas providas de rede coletora local;
- Retenção prévia dos sólidos sedimentáveis, quando da utilização de redes coletoras com diâmetro e/ou declividades
reduzido para transporte de efluente livre de sólidos sedimentáveis

Quais as suas funções?


- Separação gravitacional da escuma e dos sólidos, em relação ao líquido afluente, vindo os sólidos a se constituir em lodo;
- Digestão anaeróbia e liquefação parcial do lodo;
- Armazenamento do lodo.

Como e quando remover o lodo?


É muito importante que o lodo seja retirado em períodos pré determinados para o bom funcionamento, geralmente com
manutenções anuais, pois a acumulação excessiva gera o ↓ Volume → ↓ TDH, prejudicando as condições operacionais do
reator. Essa remoção de lodo pode ser realizada das seguintes formas:
- Através de pressão hidrostática (incomum)
- Através de bombeamento (incomum)
- Sucção a vácuo (recomendada)
Restrições do tanque séptico:
- Deve ser vedado tipos de despejos capazes de causar interferência negativa;
- Elevação excessiva da vazão (águas pluviais; piscinas e lavagem de reservatórios de água)
- Preservar a qualidade das águas superficiais e subterrâneas (estanqueidade e distâncias), ou sseja, 1,5m de construções,
limites de terreno, sumidouros, valas de infiltração e ramais prediais; 3,0m de árvores e de qualquer ponto de rede pública
de abastecimento de água; 15,0m de poços freáticos e de corpos de água de qualquer natureza.

• Processos atuantes
o Processos físicos: decantação dos sólidos em suspensão; flotação de óleos e graxas.
o Processos biológicos: estabilização anaeróbia da matéria orgânica

A escuma é um subproduto sólido do


tratamento, composta de materiais
flutuantes presentes no esgoto, como
óleos, graxas, cabelo, casca de frutas,
plásticos, pontas de cigarro, ceras,
sabões, etc, que podem se acumular
na superfície da região de decantação
e na interface de separação gás-líquido

• Tipos de tanque sépticos


o Compartimentos:
▪ Câmara única
▪ Câmaras múltiplas em série
▪ Câmaras sobrepostas
o Forma:
▪ Prismáticas
▪ Cilíndricas

• Dimensionamento
De acordo com as disposições da norma ABNT NBR 7229/93, considera-se os seguintes elementos de projeto:
► Número total de pessoas ou unidades de contribuição (N)
► Contribuição de esgoto per capita diária (C)
o 80% do consumo de água
o Tabela 1
► Período de detenção (Td)
o Tabela 2, em dias e horas
► Contribuição de lodo fresco per capita diária (Lf)
o Esgoto doméstico: Tabela 1
o Esgoto não doméstico: medir
► Taxa de acumulação de lodo digerido (K)
o Tabela 3 – intervalo entre limpezas e temperatura ambiente → K
► Volume útil do tanque séptico (V)

Tabela 1 – Contr. diária esgoto (C) e lodo fresco (Lf)


Tabela 2 – período de detenção dos despejos
por faixa de contribuição diária

Tabela 3 – taxa de acumul. total de lodo (K) em dias,


por intervalo entre limpezas e temp. do mês mais frio

• Profundidades
o Máximas e mínimas em função do volume útil – Tabela 4

Tabela 4

• Tanques prismáticos
o Minimizar a profundidade
Relação C/L (comprimento/largura) a ser adotada em projetos deve ser entre 2,0 a 4,0
Lmínimo = 0,80 m

• Tanques cilíndricos
o Minimizar área útil
1,10m <= D <= 2H

D – diâmetro do tanque
H – altura do tanque

Algumas recomendações:
• Deve-se prever uma tubulação vertical, com diâmetro mínimo de 0,15 m, e cuja extremidade inferior deverá se
situar a 0,20 m do fundo, o que facilita a introdução do mangote quando for efetuada a limpeza, a qual é
recomendada anualmente.
• A limpeza não deve ser completa, deixando no mínimo 25 litros de lodo como inoculo para facilitar a degradação da
matéria orgânica depositada posteriormente.
• Recomenda-se ainda que seja prevista uma tubulação, chamada de coluna de ventilação, que fará a comunicação da
câmara livre da fossa séptica com ar atmosférico, evitando o acúmulo de gases.
• Para execução, as distâncias mínimas devem ser respeitadas:
o 1,5 m: de construções, limites de terrenos, sumidouros, valas de infiltração, ramal predial de água
o 3,0 m: de árvores, de qualquer ponto de rede pública de abastecimento de água
o 15 m: de poços freáticos, corpos de água
• A localização do tanque deve facilitar a conexão do coletor predial ao futuro coletor público;
• Deve haver facilidade de acesso para viabilizar a limpeza do tanque séptico.

Tratamento complementar

• Filtro anaeróbio
É bastante utilizado para complementar a solução individualizada por tanques sépticos – a qual não pode ser utilizada
isoladamente.
A filtragem anaeróbia é classificada como um processo biológico de tratamento de águas residuais, aplicada a efluentes
domésticos. Esgoto é depurado por meio de microrganismo não aeróbios, dispersos no espaço vazio do reator e nas
superfícies do meio filtrante.
O filtro anaeróbio é um tanque contendo material de suporte que forma um leito fixo. Na superfície do material de
enchimento ocorre a fixação e o desenvolvimento de microorganismos na forma de biofilme ou flocos. Os compostos
orgânicos solúveis contidos no esgoto afluente entram em contato com o leito do filtro, difundindo-se através das
superfícies do biofilme ou do lodo granular, sofrendo a ação microbiana e sendo convertido em produtos intermediários e
finais, especificamente metano e gás carbônico
No Brasil tem-se utilizado como material suporte pedra britada, mas podem ser utilizados outros materiais, tais como:
anéis de plásticos, elementos cerâmicos, módulos de plásticos, elementos de madeiras, cilindros de plásticos perfurados,
esferas perfuradas, etc
A carga volumétrica de DBO usualmente aplicada é alta, de maneira a garantir as condições anaeróbias e consequente
redução de volume.

Filtro anaeróbio tipo retangular


Filtro anaeróbio tipo circular

• Dimensionamento

► Cálculo do volume útil (Vu) do meio filtrante


Vu = 1,6 * N * C * Td (Vu mínimo de 1000 L)
N = número de contribuintes
C = contribuição de despejos, em litros/habitantes/dia
Td = tempo de detenção hidráulica, em dias

► Cálculo da altura total do filtro anaeróbio


H = h + h1 + h2
h = altura total do leito filtrante (ex: onde está preenchido de brita + onde está preenchido de esgoto/lodo)
h1 = altura da calha coletora (altura da lâmina livre)
h2 = altura sobressalente (distância entre calha coletora e laje superior – vão livre)

A altura do leito filtrante, incluindo a altura do fundo falso, deve ser menor ou igual a 1,20 m. E o fundo
falso não deve ter altura superior a 0,60 m, levando em consideração a altura da laje.
► Definição da perda de carga hidráulica entre o tanque séptico e o filtro anaeróbio

► Distribuição do esgoto no filtro anaeróbio

A distribuição do esgoto pode ser realizada tanto por tubos verticais com bocais perpendiculares ao fundo
quanto através de tubos perfurados no caso de filtros sem fundo falso. Quando utilizam-se os tubos verticais,
esses devem ter uma distância do fundo do filtro de 0,30 m.

► Sistema de coleta de efluentes

► Sistema de drenagem

A fim de que se possa limpar os filtros, é essencial que se haja dispositivo que permita a drenagem pelo fluxo no
sentido descendente. Nos casos de filtros com fundo falso, um tubo-guia, em PVC DN 150 mm, para cada 3 m²
do fundo.

► Furos no fundo falso e nos tubos de distribuição e coleta de esgoto

No fundo falso, o diâmetro dos furos deve ser de 2,5 cm. Nos tubos perfurados, os furos devem ter diâmetro de
1,0 cm, com variação admissível de mais ou menos 5%, espaçados a cada 20 cm. Em caso de se utilizar material
plástico como meio filtrante, o fundo falso pode ser dispensado, substituindo-o por telas em aço inoxidável ou
por próprio material já estruturado.

► Ilustrações dos arranjos de filtros anaeróbios

► Eficiência do filtro anaeróbio

• Taxa de infiltração no solo


a) Escavação no solo – 30cm de lado e 40 cm de altura
b) Preencher 10 cm (a partir do fundo) com pedra britada, posteriormente (em cima da pedra
britada), 15cm com água
c) Calcular o tempo consumido para que a água infiltre (abaixar 1cm) – se t < 3 min, repetir o teste 5x
e adotar menor valor medido
d) A taxa de infiltração do solo será definida pelo ábaco

• Filtro aeróbio

O tratamento aeróbio é feito com a presença de oxigênio, considerando que os microrganismos degradam a
matéria que são decompostas de acordo com o processo oxidativo. Nesse processo são utilizados organismos
aeróbios, ou seja, dependem do oxigênio para obter energia. Para que ele ocorra é necessário submeter a
matéria a uma temperatura ideal, pH e oxigênio dissolvido (OD) controlados, além de obedecer a relação da
massa com os nutrientes de Demanda Biológica de Oxigênio (DBO) que variam em cada Estação de Tratamento
de Esgoto (ETE).

As principais vantagens de usar esse método são:


• Maior rendimento, mediante a outros métodos
• Redução de odores
• Maior absorção de substâncias mais difíceis de serem degradadas
Esse processo também apresenta desvantagem:
• Necessita de uma área extensa para implantação.

• Filtro de areia
Filtração de efluentes através da camada de areia
O filtro de areia para tratamento de esgoto é aplicado como uma etapa de refinamento. Ele tem por objetivo
retirar sedimentos muito pequenos que, eventualmente, tenham ficado no efluente. Dessa forma, o filtro de areia
garante maior qualidade para o efluente tratado, ao minimizar o risco de que elementos patogênicos ainda
estejam presentes. Esse tratamento é obrigatório, inclusive em esgotos domésticos. O filtro de areia oferece
vantagens como:
• filtração para altas vazões (volume de esgoto);
• cumprimento das especificações técnicas e normas regulamentadoras;
• economia de energia, visto que funciona por gravidade;
• maior qualidade para o efluente descartado ou de reúso.

• Vala de infiltração
Se diferencia do filtro de areia, por não possuir área superficial exposta ao tempo, sendo construído no próprio
solo, podendo ter suas paredes impermeáveis.
As valas de infiltração são indicadas para locais com maior disponibilidade de área e com remota possibilidade
presente ou futura de contaminação do aquífero, não sendo recomendado o uso de valas de infiltração onde o
solo é saturado de água.

• Dimensionamento

► Valor do Coeficiente de infiltração (Ci)


► Cálculo da área total de infiltração para uma vala
► O comprimento útil das valas de infiltração deverá ser limitado a 30m
► Deve ser mantida uma distância mínima vertical entre o fundo da vala de infiltração e o nível
máximo da superfície do aquífero de 1,50 m (altura H)
► A altura útil vertical abaixo da tubulação de distribuição das valas é fixada em 30 cm
► Os tubos de distribuição no interior das valas devem ter diâmetro de 100 mm, com cavas (furos)
laterais de Ø 0,01 m
► A declividade do tubo deve ser de 0,003 m/m para aplicação por gravidade e contínua
► Os materiais de enchimento das valas de infiltração podem ser britas até número quatro ou pedras
com características correspondentes
► A distância, em planta, dos eixos centrais das valas de infiltração paralelas não deve ser inferior a
1,00 m
► A largura máxima da base da vala de infiltração é fixada em 1,20 m (L >= 0,5m)

• Disposição final: Sumidouro


Os sumidouros seguem a lógica de disposição final verticalizada em relação às valas de infiltração e, devido a
essa característica, seu uso é favorável somente nas áreas onde o aquífero é profundo, onde se possa garantir a
distância mínima de 1,50 m entre o seu fundo e o nível máximo do aquífero.
O sumidouro é uma espécie de tanque instalado ao lado da fossa. Nele ocorre a etapa final do processo de
tratamento primário do esgoto: o líquido é reaproveitado ou devolvido ao meio ambiente.
O processo entre a fossa séptica e sumidouro são interligados.
• Processo construtivo:
o Material: alvenaria, pedra ou concreto
o Material fundo do sumidouro: camada de 50cm de brita
o Distância mínima do fundo do sumidouro e o nível máximo do lençol freático: 1,50m.
o Distância mínima do Sumidouro aos poços de água: 20m.
o Diâmetro interno mínimo = 0,30 m.
o Área de Infiltração: considerar a área vertical (abaixo da tubulação de entrada), acrescida da
superfície do fundo.
o Área de Absorção do Esgoto (A):
▪ Necessária: 𝐴 = 𝑄/𝑇𝐴S
▪ De 1 sumidouro cilíndrico: 𝐴 = 𝜋 ∙ 𝑅² + 2 ∙ 𝜋 ∙ 𝑅 ∙ H

R- raio
H- altura útil
Q-vazão afluente do sumidouro
TAS- taxa de absorção do solo

Requisito básico: 20L/m²/dia < TAS < 40 L/m²/dia

TRATAMENTO PRIMÁRIO
Níveis de tratamento:

► Preliminar → remoção de sólidos grosseiros em suspensão


► Primário → remoção de sólidos sedimentáveis
► Secundário → remoção de matéria orgânica dissolvida ou em suspensão fina
► Terciário → remoção de nutrientes (N, P) e desinfecção

• Tratamento Primário
➢ Remoção de sólidos sedimentáveis das águas residuárias aplicando os princípios da sedimentação ou
flotação
➢ Esta operação de separação sólido-líquido ocorre em unidades (tanques) projetadas para este fim
➢ Normalmente, há um pré-tratamento da água, no qual pode ser empregado o sistema de gradeamento. No
sistema de gradeamento, a água passa por uma espécie de grade de metal, de modo que são barrados os
elementos mais sólidos existentes. Depois disso, os sedimentos sólidos captados pelo gradeamento, são
removidos. A partir de então, pode-se dar início aos processos de tratamento, propriamente ditos.
No tratamento primário de efluentes, as etapas consistem em agregar processos químicos e físicos para a
correta e completa absorção dos elementos poluentes.
➢ O tratamento primário de efluentes faz com que os sólidos sejam removidos através da suspensão.
➢ Basicamente, esta técnica envolve a etapa de suspensão, floculação, remoção das partículas sólidas,
equalização da água e neutralização. Na neutralização, este processo é encerrado, equilibrando o PH da
água e conferindo a ela uma maior taxa de normalidade.
➢ Também existem as lagoas anaeróbias/reatores anaeróbios, que utilizam das bactérias para a
decomposição da matéria orgânica presente no esgoto.
➢ Unidades de tratamento: decantadores primários; flotadores; decanto-digestores – fossa séptica.

➢ Tipos de sedimentação:

o Sedimentação discreta: Partículas sedimentam-se como entidades individuais (velocidade de


sedimentação constante) e não ocorre interação significativa com partículas vizinhas (ocorre em
desarenadores)

o Sedimentação floculenta: As partículas aglomeram-se à medida que sedimentam, alterando as


características físicas e, consequentemente, as velocidades de sedimentação – o tamanho da
partícula e sua densidade alteram-se durante a sedimentação (ocorrem em decantadores
primários, secundários e em tanques de sedimentação)

o Sedimentação zonal: Quanto a concentração de sólidos é muito alta, as partículas se aglomeram


sedimentando como massa única. Praticamente todas as partículas sedimentam com mesma
velocidade, formando uma interface nítida da fase sólida com a fase líquida. Este processo
ocorre principalmente em decantadores secundários.

o Sedimentação por compressão: Para altíssimas concentrações de sólidos ocorre a formação de


uma estrutura e a sedimentação ocorre apenas pela compressão desta estrutura, devido ao
peso das partículas. Este processo ocorre principalmente no fundo de decantadores secundários
e em adensadores de lodo por gravidade.

A atual tendência é substituir os tratamentos primários (em ETE) pelos reatores anaeróbios – UASB,
principalmente nos novos projetos. Isto representará um aumento na remoção de matéria orgânica, que no
tratamento primário varia de 25 a 35%, para em torno de 70%, resultando: na redução do volume da unidade
de tratamento posterior; redução nos custos com energia; além de reduzir e estabilizar o lodo no próprio
reator.

➢ Tratamento e disposição final


• Os processos que recebem o esgoto bruto, como é o caso das unidades de tratamento primário, geram lodo
chamado de lodo primário;
• O lodo primário é constituído pelos sólidos sedimentáveis do esgoto bruto, necessitando de um tratamento
antes da disposição final;
• Este lodo pode exalar forte odor, dependendo do tempo que permanecer armazenado antes do tratamento
• Nas fossas sépticas o lodo, pelo tempo que fica retido na unidade, sofre digestão anaeróbia necessitando
apenas de desague antes da disposição final.
➢ Unidades de tratamento: Decantadores primários
• São unidades circulares ou retangulares destinadas para remover:
o 40-60% de remoção dos sólidos em suspensão
o ✓ 25 a 35% de remoção de matéria orgânica
• Devem ter fundo inclinado para facilitar a remoção do material sedimentado. A remoção pode ser:
o Manual
o Mecanizada

► Dimensionamento de decantadores primários:


o Considerar:
▪ material que se deseja reter;
▪ forma do tanque;
▪ tipo de remoção do lodo;
▪ variação da vazão (média e máxima);
▪ balanço de massa;
▪ dispositivos de entrada e saída;
▪ taxa de escoamento superficial;
▪ volume e tempo de retenção resultante;
▪ dimensões do tanque

o Pode-se utilizar dados empíricos ou dados do ensaio de coluna (teste de sedimentação)


► Teste de sedimentação:
o O teste é efetuado em colunas de sedimentação de altura igual à do decantador construído.
o O teste é realizado em uma coluna de diâmetro de 15cm e profundidade superior a 2,00m
(comumente 3,0m de altura). Nesta coluna são feitas saídas de amostras a cada 30cm.
o Procedimento: encher a coluna com o esgoto a ser testado, mantendo uma concentração
uniforme de partículas em toda a coluna, com auxílio de um misturador, dando-se por iniciado
o teste quando o líquido estiver em repouso. Em tempos pré-fixados, coletar amostras nas
saídas que tem a cada 30cm, medindo as concentrações de sólidos suspensos. Essas amostras
são analisadas para se determinar a concentração de sólidos suspensos totais. Para cada
amostra calcula-se a porcentagem removida, lançando-se os valores obtidos em gráfico de
profundidade e tempo. Pode-se construir então curvas de porcentagem de remoção (R),
unindo-se os pontos que apresentam os mesmos valores.

o As taxas de escoamento supercicial (Vo) são determinadas para os vários tempos (t1, t2, ...,
tn), onde as curvas interceptam o eixo de X. Por exemplo, para a curva Rc:
Vo = H / t5
o Nessa expressão, H a altura do sedimentador e t5 o valor de t na intersecção de Rc com o eixo
X.
o A fração de sólidos removidos para os tempos t1, t2, ...., tn, pode ser então calculada. Por
exemplo, para o tempo t5, a fração Rt removida seria:
Rt = Rc + (Rd – Rc) + (Re – Rd)
o H2 representa a altura que as partículas de tamanho correspondente a (Rd – Rc) sedimentam
na unidade no tempo t5
o Usando os vários valores de t, as diferentes taxas de escoamento superficiais correspondentes
e calculando-se os vários valores de Rt pode-se construir o gráfico de Rt em função de Vo.
o Pode-se também construir o gráfico das frações removidas em função de Vo ou das frações
removidas em função do tempo de detenção.
o Para se projetar o decantador, pode-se adotar 0,65 como fator de escala para Vo e 1,75 como
fator de escala para t.

- Calcular os tempos de detenção, em cada altura, que correspondem aos percentuais de sólidos suspensos removidos
(interpolação!!!!).
A velocidade de sedimentação efetiva de uma
partícula é definida pelo tempo gasto pela
partícula para atingir a zona de lodo (1,80 m no
teste)

o Utilizando os dados do ensaio de sedimentação:


• Estipula-se a eficiência desejada para remoção dos sólidos suspensos
• Através dos dados do ensaio em coluna de laboratório obtém-se a taxa de escoamento superficial e
o tempo de detenção (td) que deverão ser empregados na unidade projetada
• Utiliza-se fator de segurança de 50% para o valor da taxa obtida (x 1,5);
• Calcula-se a área superficial do decantador (A): A = Q / Vo
• Considerando decantador circular, calcula-se o diâmetro;
• Calcula-se o volume útil do decantador (Vu ): Vu = Q * td
• Finalmente, calcula-se a altura útil do decantador (Hu ): Hu = Vu / A

o Utilizando dados empíricos:


• Profundidade: 3,0 a 5,0 metros
• Taxa de escoamento superficial: 20 a 40 m³/m².dia (sempre menor que 60 m³/m².dia para
decantadores precedendo sistemas biológicos de tratamento)
• Tempo de detenção: 1,5 a 2,5 horas
• Inclinação do fundo: 60 a 160 m/m

➢ Unidades de tratamento: Flotadores


• Pode ser definida como sendo um processo de separação entre partículas sólidas e líquidas (óleo, por exemplo)
de uma fase líquida, através da utilização de bolhas de gás, normalmente o ar. Tais bolhas, aderindo à superfície
das partículas sólidas, aumentam seu empuxo, provocando assim a ascensão das mesmas em direção à
superfície da fase líquida, onde são devidamente coletadas após atingirem concentração adequada.
A flotação permite o controle e remoção de gases e odores da água e controle parcial dos agentes de produção
de odores (microrganismos).
• Quando são obtidas as condições de repouso, os sólidos sobrem e são postos a flutuar pela ação de sustentação
das bolhas de ar
• São dois os tipos básicos de flotação: flotação por ar dissolvido, com microbolhas da ordem de micra e flotação
por ar disperso, com bolhas maiores.

o Flotação por ar dissolvido (FAD):


▪ O esgoto é saturado com ar comprimido em um tanque de saturação, e, em seguida, é
transferida para o tanque de flotação a uma pressão mais baixa. A redução da pressão ocasiona
perda de ar da solução na forma de microbolhas
▪ O mecanismo de flotação por ar dissolvido é descrito por pequenas bolhas de ar que aderem às
partículas suspensas presentes na água; a ideia é gerar aglomerados com menor densidade que a
água, causando a ascensão do floco até a superfície.
▪ O tamanho das bolhas é um parâmetro importante para a eficiência do processo, e depende da
pressão de dissolução do ar na água e do pH. Bolhas com diâmetros pequenos facilitam a
interação partícula-bolha por aumentarem a possibilidade de colisão e adesão das mesmas. Além
disso, bolhas pequenas possuem menor velocidade de ascensão, aumentando o tempo de
residência e, consequentemente, a colisão das partículas e bolhas.
▪ Esse método tem se apresentado com um dos mais efetivos para a remoção de sólidos, óleos
emulsionados e redução de DBO, e é o tipo de flotação mais utilizada para tratamento de água
para abastecimento

▪ Vantagens (em relação aos decantadores):


o A graxa, os sólidos leves, os detritos sólidos e sólidos pesados são todos removidos na
unidade;
o Tanques de menor tamanho (menor espaço e economia na construção);
o Redução do odor devido à curtos períodos de retenção e a pressão das unidades;
o Concentração de sólidos no lodo significativamente superior à produzida na sedimentação e
menor tempo de detenção em uma estação de tratamento Excelente para tratamento de
águas coloridas e ou com elevado teor de algas;
o Requer menores dosagens de coagulantes (até 25% de redução);
o Arraste de substâncias voláteis por bolhas.
o Possibilidade de produção de água de melhor qualidade
▪ Desvantagens (em relação aos decantadores):
o O equipamento adicional resulta num custo operacional mais alto (elevatórias para
recirculação representam um gasto médio de energia em torno de 0,02 kWh/m3 );
o A unidade de saturação tem a necessidade de alta potência, o que aumentam o custo
operacional;
o A manutenção é mais rigorosa e, assim, mais cara;
o Necessita de mão de obra qualificada para a operação.

▪ 1ª etapa: geração da bolha


Importantes na geração da bolha: pressão na câmara de saturação, relação entre a vazão de ar
e a vazão de líquido, características das águas (tensão superficial), tipo de bocal difusor.
▪ 2ª etapa: agregação ar-sólido

o Formação de agregado estável


o A aderência ou contato permanente entre partículas/flocos e as bolhas de gás
o O encontro entre bolha e partículas
▪ 3ª etapa: movimento ascensional da bolha

o Tendo sido formado um complexo estável, a força resultante provocará seu movimento
ascensional.
o A velocidade do movimento é estabelecia quando as forças de empuxo e de arrasto se
igualam.
o Quanto maior a quantidade de bolhas aderidas, maior será a velocidade de ascensão.
o Esta condição está expressa pela relação Ar/Sólido (A/S), que é o parâmetro mais
importante da flotação
o A determinação da relação A/S pode ser feita experimentalmente (laboratório) em unidade
de alimentação contínua ou em ensaios de batelada

▪ Dimensionamento
o Razão ar/sólidos: A eficiência de um flotador por ar dissolvido depende principalmente da
razão entre a massa de ar em relação à massa de partículas em suspensão, fornecendo a
fórmula

A/S: razão ar/sólidos (mg/mg)


Sar: solubilidade do ar na temperatura do efluente (mL/L)
f: fração de ar/gás dissolvido à pressão P (f é usualmente de 0,5 a 1,0)
P: pressão absoluta (atm);
Qr: vazão de reciclo/recirculação (m³/d);
SST: concentração de sólidos suspensos no afluente (mg/L);
Q: vazão do líquido afluente (L/s).

o Formas:
▪ Circular
▪ Retangular → comprimento de 2 a 3x a largura

o Área superficial:
▪ Sem recirculação:

▪ Com recirculação:

TAS – taxa de aplicação superficial (100 e 150 m³/m².d)

Segundo um tcc aleatório da internet:


Continuação Lagoas de Estabilização......

• Lagoas de estabilização são consideradas como uma das técnicas mais simples de tratamento de esgotos.
Dependendo da área disponível, topografia do terreno e grau de eficiência desejado, podem ser empregados os
seguintes tipos de sistemas de lagoas de estabilização:
o Lagoas facultativas
o Sistema de lagoas anaeróbias seguidas por lagoas facultativas (sistema australiano)
o Lagoas aeradas facultativas
o Sistemas de lagoas aeradas de mistura completa seguida por lagoas de decantação
o Lagoa de maturação

➢ Sistema de lagoas anaeróbias seguidas por lagoas facultativas (sistema australiano)


Este sistema de tratamento de esgoto constituído por lagoas anaeróbias seguidas por lagoas facultativas,
também conhecido como sistema australiano.
As lagoas anaeróbias são normalmente profundas, variando entre 4 a 5 metros. A profundidade tem a
finalidade de impedir que o oxigênio produzido pela camada superficial seja transmitido às camadas inferiores.
Para garantir as condições de anaerobiose é lançado uma grande quantidade de efluente por unidade de
volume da lagoa. Com isto o consumo de oxigênio será superior ao reposto pelas camadas superficiais. Como a
superfície da lagoa é pequena comparada com sua profundidade, o oxigênio produzido pelas algas e
o proveniente da reaeração atmosférica são considerados desprezíveis. No processo anaeróbio a decomposição
da matéria orgânica gera subprodutos de alto poder energético (biogás) e, desta forma, a disponibilidade de
energia para a reprodução e metabolismo das bactérias é menor que no processo aeróbio. A eficiência de
remoção de DBO por uma lagoa anaeróbia é da ordem de 50% a 60%. Como a DBO efluente é ainda elevada,
existe a necessidade de uma outra unidade de tratamento. Neste caso esta unidade constitui-se de uma lagoa
facultativa, porém esta necessitará de uma área menor devido ao pré-tratamento do esgoto na lagoa anaeróbia.
O sistema lagoa anaeróbia + lagoa facultativa representa uma economia de cerca de 1/3 da área ocupada por
uma lagoa facultativa trabalhando como unidade única para tratar a mesma quantidade de esgoto. Devido a
presença da lagoa anaeróbia, maus odores, provenientes da liberação de gás sulfídrico, podem ocorrer como
consequência de problemas operacionais. Por este motivo este sistema deve ser localizado em áreas afastadas,
longe de bairros residenciais.

► Dimensionadas para receber carga orgânica elevada (carga mais elevada que das lagoas facultativas)
► Menor área de implantação
► Eficiência de remoção (de DBO???): 50 a 60%
► Lagoas anaeróbias convencionais tem seus valores determinados a partir de: observações
experimentais, tipo de efluente a ser tratado e condições ambientais locais.

• O tempo de detenção deverá ser de 3 a 6 dias. Tempos inferiores a 3 dias, poderá ocorrer que a saída das bactérias
metanogênicas com o efluente da lagoa seja superior a sua própria taxa de reprodução, que é lenta. Valores
superiores a 6 dias podem promover o surgimento de uma zona aeróbia na lagoa. Tal condição seria fatal as bactérias
anaeróbias.

• Taxa de aplicação volumétrica: determinada em função da temperatura média. Quanto maior a temperatura, maior
poderá ser a taxa aplicada, reduzindo-se o volume total da lagoa.

O volume da lagoa pode ser calculado: V = L / Lv

L – carga de DBO afluente (kg DBO/d)


Lv – taxa de aplicação volumétrica (kg DBO/m³.d)
• Profundidade: para garantir predominância das condições anaeróbias, a lagoa deverá possuir profundidades entre 4 e
5 metros.

• Estimativa de remoção de DBO na lagoa anaeróbia: eficiência máxima de 50% de remoção de DBO para temperaturas
até 20ºC e eficiência máxima de 60% de remoção de DBO para temperaturas acima de 20ºC. Dessa forma:

DBO efluente lag. Anae =


DBO afluente Dbo afluente lag. Facul.

Tratamento preliminar Lagoa anaeróbia Lagoa facultativa


Remoção 60%
DBO

• Taxa de aplicação superficial:

• Acúmulo de lodo (taxa de acumulação de lodo – K): Pode ser estimado adotando-se o valor da taxa de acúmulo de
lodo (K) da ordem de 0,03 a 0,04 m³/hab.ano. A lagoa deverá ser limpa quando a camada de lodo atingir
aproximadamente a metade da profundidade útil

V – volume da lagoa – m³
K – taxa de acumulação de lodo (m³/hab.ano)
Pop – número de habitantes

➢ Sistemas de lagoas aeradas de mistura completa seguida por lagoas de decantação


O grau de energia introduzido é suficiente para garantir a oxigenação da lagoa e manter os sólidos em
suspensão e a biomassa dispersos na massa líquida. Devido a isto, o efluente que sai de uma lagoa aerada de
mistura completa, possui uma grande quantidade de sólidos suspensos e não é adequado para ser lançado
diretamente no corpo receptor. Para que ocorra a sedimentação e estabilização destes sólidos é necessária a
inclusão de unidade de tratamento complementar, que neste caso, são as lagoas de decantação. O tempo de
detenção nas lagoas aeradas é da ordem de 2 a 4 dias e nas lagoas de decantação da ordem de 2 dias. O
acumulo de lodo nas lagoas de decantação é baixo e sua remoção geralmente é feita com intervalos de 1 a 5
anos. Este sistema ocupa uma menor área que outros sistemas compostos por lagoas. Os requisitos energéticos
são maiores que os exigidos por outros sistemas compostos por lagoas.
➢ Lagoas de maturação
A função desta lagoa é a remoção de patogênicos. Nas lagoas de maturação predominam condições ambientais
adversas para bactérias patogênicas, como radiação ultravioleta, elevado pH, elevado OD, temperatura mais
baixa que a do corpo humano, falta de nutrientes e predação por outros organismos. Constituem um pós-
tratamento de processos que objetivem a remoção da DBO, sendo usualmente projetadas como uma série de
lagoas, ou como uma lagoa única com divisões por chicanas. A eficiência na remoção de coliformes é
elevadíssima. Esta é uma alternativa mais barata à outros métodos como por exemplo a desinfecção por
cloração

► Dimensionamento
o O estabelecimento da profundidade está relacionado a:
▪ Evitar crescimento da vegetação na lagoa: > 60 cm
▪ Odor: h > 1,5 m favorece condição anaeróbia no fundo da lagoa
▪ Dados climáticos: evaporação, temperatura, insolação
▪ Tipo da lagoa → aeróbia: 0,9 a 1,0 m
→ facultativas: 1,0 a 1,5 m; 1,5 a 2,0 m
→ anaeróbia: 3,0 a 5,0 m; 4,0 a 5,0 m

TRATAMENTO ANAERÓBIO DE EFLUENTES SANITÁRIOS – REATOR UASB


Reatores do tipo UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket Reactors ~ Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente)
► Grande aplicação no estado do Paraná (~ 300 reatores em operação)
Esgoto entra no reator através de um sistema de bombeamento, onde chega na CCO (caixa de controle operacional)
que se encontra no topo do reator. A CCO consegue controlar a vazão que entra no reator, a vazão que retorna para a
elevatória e, também, a vazão que pode ser enviada direto para a etapa seguinte do tratamento, controlando, assim, o
tempo de detenção hidráulica e a carga em cada um dos módulos. O crescimento de microrganismos ocorre de forma
estável, possibilitado pelo controle de vazão da CCO, não permitindo a acidificação do reator e formando, assim, o
lodo estável e um reator muito eficiente. A matéria orgânica é digerida por microrganismos, granulam e vão para o
fundo. Os gases são separados, e a água sai clarificada no alto do reator (separação trifásica – gás, sólido, líquido),
tudo por meio de processos bioquímicos de transformação de matéria orgânica em gás carbônico e gás metano. A
manta de lodo leva, de forma natural, 6 meses para estar totalmente estável e, a partir daí, é necessário o controle do
excesso de microrganismos. O lodo anaeróbio descartado já sai estabilizado (por um sistema de canos por trás do
reator) não sendo necessário um gestor de lodo como nos sistemas convencionais, então pode-se apenas secá-lo e
dispô-lo em local adequado. O lodo vai engrossando no fundo, os gases vão para o sistema de tratamento de gases
(matéria orgânica é transformada em gás metano que passa por filtro para remoção de gás sulfídrico). O sistema
composto por separador de escuma e calha vertedora triangular impede que gorduras e impurezas passem para as
próximas etapas de tratamento. No registro de coleta de amostra de saída, é possível ver o resultado final do
tratamento: uma água mais clarificada e limpa.

► Não necessita de tratamento primário


► Precisa de pós tratamento para atingir os padrões de lançamento atuais
► O fluxo é ascendente para que ocorra a estabilização da matéria orgânica na zona da manta de lodo

➢ Critérios e parâmetros de projeto


▪ Carga hidráulica volumétrica (CHV) e tempo de detenção hidráulica (TDH)

▪ Cálculo do volume
V = Q * TDH
▪ Cálculo das dimensões (L)

1. Calcular o volume para cada reator:


Ex: se forem 2 reatores UASB → V (encontrado no item anterior) / 2
Se forem 3 reatores UASB → V (encontrado no item anterior) / 3
2. A = V para cada reator / h
h – Profundidade útil
▪ Velocidade ascensional (v)
Vazão média: 0,7 m/h
Vazão máxima: inferior a 1,2 m/h

Importância da velocidade ascensional: Por ser processo biológico, os organismos anaeróbios precisam de
um tempo mínimo para degradar a matéria orgânica; Velocidades excessivas resultam na perda de
biomassa do sistema reduzindo a estabilidade do processo.
▪ Carga orgânica volumétrica (COV)

Para esgoto doméstico: valores esperados 2 a 3,5 kg DQO/m³.d

▪ Eficiência em termos de DQO e DBO

▪ Altura do reator
Altura do compartimento de decantação: 1,5 a 2,0 m
Altura do compartimento de digestão: 2,5 a 3,5 m

▪ Descarte do lodo

• A retirada deve ocorrer quando a capacidade de retenção do reator estiver na capacidade prevista.
• Devem ser previstos pelo menos dois pontos de descarte, um junto ao fundo e outro a aproximadamente
1,0 a 1,5 metro acima, dependendo da altura do compartimento de digestão, de forma a propiciar maior
flexibilidade operacional.
• Recomenda-se tubos ou mangotes de 100 mm de diâmetro para escoamento do lodo de descarte. As
alturas dos reatores de manta de lodo são função precípua do tipo de lodo, das cargas orgânicas aplicadas,
e por conseguinte das velocidades superficiais impostas ao sistema.

➢ Vantagens reator UASB


o Baixo consumo de energia elétrica
o Facilidade de operação
o Possibilidade de utilização de biogás
o Geração de lodo estabilizado
➢ Desvantagens reator UASB
o Remoção de DBO entre 60 e 70%
o Não remove nutrientes
o Requer pós tratamento para atingir padrões de lançamento

Opções de pós tratamento:


➢ Reatores UASB e lagoas de estabilização Vantagens:
Remoção de organismos patogênicos
Com reator anaeróbio com boa
eficiência, diminui-se o tempo de
detenção mínimo, diminuindo a
necessidade de área
Desvantagens:
Elevadas concentrações de algas no
efluente da lagoa

➢ Reatores UASB e lodos ativados


Vantagens:
Elimina a necessidade de decantador
primário
Economia de energia elétrica
Lodo aeróbio pode ser estabilizado no
reator UASB
Redução de custos de implantação e
operação (quando comparado com
sistema convencional de lodos ativados)

➢ Reatores UASB e aplicação no solo


Desvantagens:
Solução limitada pelo clima
A aplicação é limitada
durante o tempo úmido
As taxas de aplicação
dependem do tipo de cultura
Evitar terrenos planos ou de
elevada inclinação

O escoamento superficial protege o solo contra a erosão e cria uma camada para estabelecimento de
microrganismos. Vegetação + cobertura do solo atuam como filtro
➢ Reatores UASB e filtro percolador

Vantagens:
Simplicidade construtiva
Baixo custo operacional
Lodo aeróbico excedente (retirado do
decantador secundário) é enviado ao
reator UASB

Cuidados:
► Problemas de entupimento e colmatação – escolher com cuidado o material do meio suporte (pedra
brita)
► Possibilidade de proliferação excessiva de moscas, quando o FBP é operado de maneira intermitente
ou com baixas taxas de aplicação hidráulica superficial
► Sistema de distribuição deve ser construído com material adequado para evitar corrosão

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