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DE DNA EM BANANA CATURRA (Musa sinensi): PROPOSTA DE
UM MODELO PARA AULA PRÁTICA DESTINADA Á ALUNOS DO ENSINO
MÉDIO
Gláucia Ciollete (Aluna do 3º Período do Curso de Ciências Biológicas do Instituto
Superior de Educação Anísio Teixeira – Fundação Helena Antipoff ).
Nicolau Santiago Prímola (Professor Orientador: Instituto Superior de Educação Anísio
Teixeira – Fundação Helena Antipoff ).
Daniel Soar es Chaves ( Laboratorista do Instituto Superior de Educação Anísio Teixeira –
Fundação Helena Antipoff).
1. Introdução
Um modelo didático, segundo Giordan e Vecchi (1996), corresponde a um sistema
figurativo que reproduz a realidade de forma esquematizada e concreta, tornandoa mais
compreensível pelo aluno. Representa uma estrutura que pode ser utilizada como
referência, uma imagem que permite materializar a idéia ou conceito tornandoo dessa
forma assimilável. Os modelos didáticos devem simbolizar um conjunto de fatos, através de
uma estrutura explicativa, que pode ser confrontada com a realidade.
Modelo da Estrutura do DNA
O ácido desoxirribonucleico (DNA) e o ácido ribonucleico (RNA) são os
reservatórios moleculares da informação genética. O DNA contém todas as informações
genéticas de cada indivíduo, tendo a capacidade de transmitilas à sua descendência. A
seqüência do DNA de uma célula especifica uma seqüência de RNA bem como uma
seqüência de aminoácidos. Um segmento de DNA que contém a informação necessária
para a síntese de um produto biológico funcional (proteína ou RNA) é referido como um
gene. Logo, um gene é um fragmento de DNA responsável pela produção de uma proteína
específica. Os genes se localizam nos cromossomos, que nada mais são do que enormes
moléculas de DNA que contêm além dos genes, longos segmentos de DNA sem função
específica. Em eucariotos, dentro dos genes também existem regiões que não codificam a
proteína e são chamados de íntrons. As regiões dentro do gene que codifica a proteína são
chamadas de exon. Ao conjunto de genes de um organismo dáse o nome de genoma e ao
conjunto de proteínas produzidas por um organismo dáse o nome de proteoma . Os termos
genoma e proteoma aparecem com grande freqüência na mídia porque conhecer os genes e
as proteínas que compõem um organismo permite o desenvolvimento de métodos novos
para o diagnóstico de doenças e também de novas terapias para seu tratamento.
O DNA é uma molécula formada por unidades de desoxirribonucleotídeos que, por
sua vez, são formados por: um açúcar (a desoxirribose); uma base nitrogenada, que pode
ser uma purina (Adenina [A] e Guanina [G]) ou uma pirimidina (Timina [T] e Citosina [C])
e por um grupo fosfato. O DNA tem a forma de uma dupla hélice, cujas fitas se enrolam em
torno do próprio eixo. As desoxirriboses localizamse externamente, como se fosse o
corrimão de uma escada circular e as bases nitrogenadas ficam orientadas para o interior.
As bases estão pareadas entre as duas fitas da molécula, mantendo sua estrutura através de
pontes de hidrogênio. Assim, entre T ou A são formadas duas pontes de hidrogênio e entre
C e G três pontes . Esta característica de pareamento tem grande significância fisiológica e,
devido a ela, as duas fitas de DNA são ditas complementares. Essa propriedade garante a
replicação precisa do DNA e a transmissão das informações genéticas via transcrição, pois
devido ao pareamento específico, o DNA serve como molde para a síntese de novas
moléculas complementares. Toda a informação genética de um organismo encontrase
acumulada na seqüência das quatro bases (A, T, C e G); deste modo a seqüência de
aminoácidos de todas as proteínas deve estar codificada por um alfabeto destas quatro
letras.
Todas as nossas células contêm os mesmos genes. Só que, em determinado tecido,
as células expressam uns, e, em outro tecido, expressam outros. Se quisermos entender a
diferença entre as células do músculo, as células do fígado e as células do sistema nervoso,
nós temos que entender como se dá o controle da expressão gênica.
O estudo da expressão gênica envolve a análise das regiões do DNA (genes) que são
ativadas para a produção de proteínas em tecidos específicos e em momentos específicos,
bem como os mecanismos que controlam a quantidade de proteína a ser produzida. Quando
se diz que um gene é expresso em um dado tecido, significa que neste tecido é feita uma
molécula de mRNA usando este gene como molde e esta molécula de RNA serve como
molde para a "montagem" da proteína correspondente. As moléculas de RNA são
sintetizadas por um processo conhecido como transcrição, que é similar à replicação do
DNA. Em síntese, o DNA pode se replicar e dar origem a novas moléculas de DNA; pode
ainda ser transcrito em RNA, e este por sua vez traduz o código genético em proteínas. Isso
é conhecido como o Dogma Central da Biologia.
Assim, toda a informação necessária para criar um organismo encontrase no Àcido
Desoxirribonucléico (DNA). Esta molécula é usada durante o período de vida de um
organismo para fornecer instruções para milhões de processos celulares que ocorrem
constantemente. Segundo Coelho e Goldinho (2005), o estudo dessa molécula é, em geral,
algo muito abstrato para os alunos do ensino médio. Por este motivo, é preciso que os
professores recorram a algum tipo de recurso didático visual para abordar o tema. Sabese
que a maioria das escolas dificilmente irão dispor de laboratórios devidamente equipados
para permitir a visualização destas moléculas.
2. J ustificativa
O presente trabalho apresenta uma adequação de um procedimento bioquímico para
a extração de DNA de vegetais, relativamente simples, baseado em trabalhos anteriormente
publicados (TRIUNFOL ), com resultados visuais significativos para os alunos do ensino
médio. Além de apresentar um custo mínimo, esse procedimento possibilita ao professor
trabalhar conteúdos diversos, como concentração de solvente e soluto, estrutura e
composição celular, bem como da própria estrutura e composição da molécula de DNA
contidos nos livros didáticos.
Este trabalho foi realizado, no formato de oficina, para alunos da Segunda Série do
Ensino Médio do Colégio Marista Dom Silvério na cidade de Belo Horizonte – Minas
Gerais.
2. Metodologia
Inicialmente, fezse um levantamento bibliográfico dos modelos de extração de
DNA em vegetais já publicados e após a análise destes, optouse por uma adequação do
modelo proposto no projeto O DNA vai à escola. Em seguida, a atividade de extração do
DNA foi realizada previamente, durante a aula prática de Bioquímica Celular, por um
grupo de estudantes do 2º período do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do
ISEAT – Fundação Helena Atipoff, na supervisão do Professor responsável pela disciplina
e após aplicada em um grupo de alunos da 2º série do Ensino Médio do Colégio Marista
Dom Silvério, durante a realização de uma feira de oficinas pedagógicas.
A. Adequação do modelo de Extração de DNA
Material necessário: Copo de vidro de 200mL, 2g de Sal de Cozinha (NaCl),
detergente líquido transparente, álcool etílico (95%), pedaço de pano para filtrar,
processador de alimentos, tubo de ensaio, pipetas, bastão de vidro e uma banana caturra
pequena.
Utilizandose de um processador de alimentos doméstico, triturase 1/6 da banana
caturra pequena, sem casca, misturada a 30mL de água filtrada e 2g de sal de cozinha.
Filtrase à solução processada, utilizandose um pedaço de pano, em um copo de vidro de
200mL. Ao filtrado, acrescentase 5mL do detergente líquido transparente e conservase em
repouso por 10 minutos. Após este período, utilizando uma pipeta, retirase 5mL da solução
para um tubo de ensaio. Adicionase vagarosamente, deixando escorrer pelas paredes
internas do tubo de ensaio, 10mL de álcool etílico ( 95%). Conservase em repouso por 15
minutos e então fazse a leitura visual do resultado. Tempo total do experimento: 40 à 50
minutos.
B. Realização da Prática de Extração de DNA com os Licenciandos do Cur so de
Ciências Biológicas.
Os alunos foram divididos em cinco grupos de quatro alunos e os grupos receberam
tamanhos variados de cortes de banana e quantidade diferente de sal. O objetivo principal
desta etapa foi o de realizar a atividade pelo menos uma vez, com diferentes quantidades
destes materiais, antes de executála com os alunos do ensino médio. As dificuldades
diagnosticadas, durante a realização do experimento pelos grupos (Por exemplo: falta de
um roteiro prático e disponibilidade de materialidade e reagentes) serviram como suporte
metodológico para a adequação da realização do experimento.
C. Realização da Prática de Extração de DNA com os Alunos da 2º Série do Ensino
Médio.
No Laboratório de Ciências do Colégio Marista Dom Silvério, 2º semestre de 2006,
os alunos da Segunda Série do Ensino Médio, foram divididos em grupos de até cinco
componentes. Cada grupo recebeu as orientações por escrito das etapas da extração do
DNA ( Quadro 01 ).
Inicialmente, foram feitos alguns questionamentos aos alunos a respeito da célula e
da sua estrutura. As respostas foram então registradas na lousa e antes de iniciar o
experimento, discutiuse algumas concepções apresentadas pelos alunos sobre a estrutura e
a composição química do DNA.
Em uma etapa posterior, entregouse a cada grupo um kit contendo os materiais
necessários para a extração do DNA de banana caturra. Os alunos, sob orientação,fizeram
uma leitura atenta das etapas de todo o processo de extração de DNA e um integrante do
grupo ficou responsável pelo registro de toda atividade.
Primeiramente, os alunos trituram 1/6 de banana caturra pequena, utilizandose um
processador de alimentos. O extrato obtido foi misturado a 30mL de água filtrada e 2g de
sal de cozinha. A solução foi então filtrada, utilizandose um pano branco como filtro.
Adicionouse 5mL de detergente transparente ao filtrado. Durante o tempo de repouso ( 10
minutos), os alunos eram questionados a respeito do porque de se adicionar sal e detergente
e da relação destes com a estrutura celular.
Cada integrante do grupo, retirou 5mL do filtrado para um tubo de ensaio e
vagarosamente adicionouse 10mL de álcool etílico tomando o cuidado de deixar o álcool
como uma camada isolada na parte superior do tubo de ensaio. Deixouse em repouso por
mais 15 minutos. Durante o período de repouso, os alunos novamente foram questionados a
respeito do porque da adição do álcool etílico e qual a relação deste com o experimento.
Ao término dos 15 minutos, os alunos fizeram a leitura do experimento.
Cuidadosamente, com o auxílio de um bastão de vidro, fizeram a remoção de um filamento
de cor esbranquiçada.
Quadro 01: Modelo de Orientações para aula prática – Roteiro.
INTEGRANTES DO GRUPO:( Nome Completo )
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1. Título: Extração de DNA em Vegetais
2. Objetivos:
a. Preparar um sistema adequado para a execução experimental de extração de DNA.
b. Reconhecer o significado dos principais reagentes utilizados no experimento e relacionálos
com a estrutura celular.
c. Comparar o filamento de DNA com os modelo proposto no livro texto (Livro didático ).
a. Bastão de vidro.
b. Béquer ou copo de vidro.
c. Tubos de Ensaio.
d. Processador de Alimentos.
e. Pipetas
f. Pedaço de Pano Branco.
4. Reagentes:
a. Sal de cozinha ( NaCl)
b. Detergente transparente.
c. Água filtrada.
d. Álcool Etílico.
e. Banana Caturra pequena.
5. Metodologia:
3. Resultado
Figura.01: Visualização de um filamento de DNA de Banana Caturra
4. Analise dos Resultados e Conclusão
Todos os alunos visualizaram o filamento de DNA da banana caturra, entretanto foi
observado que alguns ainda apresentavam dificuldades em relacionar este com os modelos
propostos nos livros didáticos. Os alunos concluirão por seu próprio raciocínio que todo ser
vivo tem DNA e foram capazes de afirmar que à molécula de DNA é realmente um
filamento.
Quando foram questionados, durante a realização do experimento, o porque de se
usar o processador de alimentos, o sal, o detergente e o álcool e a relação destes com a
estrutura celular, observouse que: Os alunos, na sua maioria, sabiam que o DNA é uma
molecular nuclear e daí o motivo de se usar o detergente para romper a organização da
membrana celular e como conseqüência, a exposição do material genético. Reconheceram,
na sua maioria, que o uso do processador foi uma etapa importante na desorganização
mecânica dos envoltórios celulares. Não conseguiram estabelecer uma relação do uso do sal
com a molécula de DNA e concluíram, na sua maioria, que o uso do álcool deveria estar
relacionado à polaridade das moléculas, Chegaram à conclusão, na sua maioria, que os
ácidos nucléicos fazem partem da dieta humana e ao relacionar com os modelos teóricos,
presentes nos livros didáticos, perceberam que os componentes estruturais , os
nucleotídeos, servem de matéria prima para a construção das nossas próprias biomoléculas.
Estabeleceram, também, a diferença entre alimento e nutriente e concluíram que a estrutura
da dupla hélice, como proposta nos livros didáticos, só pode ser visualizada de modo
indireto e através de tecnologias sofisticadas. Foi discutido, baseandose em modelos
propostos nos livros didáticos, que o filamento esbranquiçado, visualizado no final do
experimento, representava milhares de fitas de DNA juntas.
O trabalho apresentado pretende auxiliar os professores no ensino do DNA.
Durante a realização da prática, no laboratório de Ciências do Colégio Marista Dom
Silvério, ficou claro que o modelo proporciona um grande envolvimento dos alunos,
aguçando a curiosidade em saber mais sobre a estrutura e composição dos ácidos nucléicos,
devido a facilidade de perceberem visualmente a forma filamentosa da molécula, e também
relacionar o conteúdo aprendido em sala de aula com as experiências observadas na prática.
Sabese que por trás do esforço individual é necessário que o professor conheça
o que o aluno pensa sobre determinado assunto para poder leválo a constantes reflexões
por meio de perguntas e é através desses questionamentos que o professor alicerça o
conhecimento de seus alunos.
5. Bibliografia
1. Delizoicov, D. & Angotti, J. A. ( 1994) Metodologia do Ensino de Ciências. São Paulo.
Cortez.
2. Giordan, A. & Vecchi, G. ( 1996). As Origens no Saber: das concepções dos
aprendentes aos conceitos científicos. Porto Alegre: Artes Médicas.
3. Triunfol, Márcia Lachtermacher.(2003) Os Clones. São Paulo: Publifolha, Folha Explica,
v. 59. 111 p.
4. Projeto o DNA vai à Escola www.odnavaiaescola.com.