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Luana Lessa Silva

Como se há - de haver o senhor do engenho com seus escravos


O tema principal deste texto é regulamentar as relações entre os senhores de engenho e
os escravizados.
O texto se divide em 6 partes: diferenças entre os escravizados, dever religioso dos
senhores, dever para com os servos, como devem se dar os castigos, alívio das celebrações e
conclusão.
O texto se inicia pontuando a importância dos escravizados para o funcionamento da
colônia. Então o autor pontua a diferença que existe entre os escravizados e a importância de
se saber disso para o comércio, passando a "categorizá-los" através de sua etnia. Na
sequência, Antonil descreve as diferentes formas que os escravizados se adaptam a colônia e
a escravização em si, diferenciando-os entre “boçais” e “ladinos” e definindo quais as
melhores “aplicações” para cada um deles. Por fim, trata dos mulatos, descritos como
“melhores para qualquer ofício”, porém destacando seus supostos privilégios.
Em um segundo momento, o autor fala sobre as instâncias religiosas, como o
casamento e o batismo, dentro dos engenhos para os escravizados. Uma vez que um dos
motivos da escravização é a salvação de suas almas, denúncia e contesta os senhores que não
cumprem com o dever de ensinar a religião católica aos seus escravizados.
Ainda no sentido dos deveres dos senhores, Antonil coloca como obrigação destes
vestir e alimentar seus escravizados de forma “digna”, além de respeitar os limites físicos de
seus trabalhos e a necessidade do descanso. O autor define os três P’s: pau (castigo), pão
(alimento) e pano (vestimenta) como essenciais no tratamento para com os escravizados no
Brasil, porém denuncia os castigos brutais que, segundo ele, não seriam usados nem com
animais. Nesta parte do texto, o jesuíta condena veementemente os abusos, como negar
“sustento e vestimenta”, para com os escravizados usando, principalmente, argumentos
religiosos, chegando a comparar a situação dos Hebreus.
Em contraponto, na continuidade do texto, Antonil define como também
responsabilidade do senhor castigar o escravizado quando este for culpado de algum
“excesso”. Descreve então quais seriam os castigos “justos”, ainda denunciando os “castigos
exagerados”.
Então o autor clama como direito dos escravizados celebração de suas próprias
culturas como um “alívio de seu cativeiro”. Celebrações, claro, regulamentadas e limitadas.
Seguindo para uma conclusão, reforça o direito ao sustento dos escravizados e
incentiva os senhores a tratarem bem os filhos dos escravizados de forma a incentivá-los a se
“multiplicarem de bom grado”.
Uma pergunta historiográfica que o texto responde é em como eram vistos os mulatos
no período colonial. Ainda tendo seu trabalho explorado, eram visto de forma diferente da
dos negros escravizados por serem “parte” branco, tendo alguns privilégios. No entanto, é de
se questionar nessa fonte o quanto estes eram privilegiados, uma vez que ainda eram vistos
como muito inferiores aos brancos.

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