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Aluno: Ian Cardozo dos Anjos
Disciplina: Poder e Política no mundo ibérico
Análise de fonte primária: ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil por
suas drogas e minas (1711).
A importância da obra
A obra foi escrita pelo jesuíta italiano André João Antonil. Antonil nasceu em
Toscana em 1649 e viveu parte de sua vida em Salvador, onde exerceu seus ofícios religiosos,
porém, ele exerceu outras atividades, como professor de retórica, mestre de noviços, assessor
de visitadores, visitador, pregador, reitor de colégio e Provincial. Antonil morreu na Bahia em
1716.
Antonil não só aborda a importância social da escradião e a origem dos escravos, mas
também trata da natureza do intelecto do escravo. Ele expõe um contraste entre os rudes e os
ladinos. A questão da rudeza dos escravos faz parte da tradição neo-escolástica tomista que a
partir da interpretação dos escritos de Aristóteles tentaram discutir a escravidão, tratando e
especulando sobre a escravidão natural (TOSÍ, 2003).
Outros são tão pouco cuidadosos do que pertence à salvação dos seus escravos,
que os têm por muito tempo no canavial ou no engenho, sem batismo; e, dos
batizados, muitos não sabem quem é o seu Criador, o que hão de crer, que lei hão
de guardar, como se hão de encomendar a Deus, a que vão os cristãos à igreja,
por que adoram a hóstia consagrada, que vão a dizer ao padre, quando ajoelham
e lhe falam aos ouvidos, se têm alma, e se ela morre, e para onde vai, quando se
aparta do corpo (ANTONIL, 2011, p. 108).
A fé dos escravos constitui uma fragilidade da relação entre o senhor e os escravos.
Domingos aborda “a necessidade de proteger o mundo negro cristão, estendendo até ele a
legislação consuetudinária vigente na Cristandade, pela qual se proibia, fora do direito penal,
impor escravidão perpétua a cristãos, mesmo prisioneiros de guerra” (MAURIÍCIO, 1977, p.
163). Esta necessidade de proteção está relacionada com a expansão das potências cristãs e
do cristianismo como religião oficial e organizacional. Muitos problemas podem ser atestados
a partir deste trecho do relato de Antonil, como a questão da falta de instrução por parte da
igreja em relação aos escravos e a questão da possibilidade de um escravo ser um cristão
pleno. A escravidão entre cristãos apresentava um problema juríidico, assim, Antonil mostra
uma realidade em que um cristianismo livre e pleno é negligenciado pelos senhores em
relação aos escravos.
Conclusão
Após a exposição destes trechos, é importante salientar como Antonil faz uma
exposição da prática social da relação entre escravos e senhores. Antonmil faz uma ponte
entre os debates intelectuais e a realidade prática da escravidão. As questões das origens dos
escravos, da justiça da escravatura, da fé dos escravos, das obrigações do senhor e da
humanidade dos escravos constituem um ponto central nos debates, e Antonil acaba
ressaltando a importância prática deste debates.
Bibliografia:
ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas / André João
Antonil ; introdução por Afonso d’ Escragnolle Taunay ; vocabulário por A.P. Canabrava. –
Brasília : Senado Federal, Conselho Editorial, 2011
ARISTÓTELES. A Política. 2a edição. Bauru/SP: Edipro, 2009.
CALAFATE, Pedro (Org.). A escola ibérica da paz nas universidades de Coimbra e Évora
(séculos XVI e XVII). Coimbra: Almedina, 2015.
MAURICIO, Domingos. A Universidade de Évora e a escravatura. Didaskalia, VII,
1977, p. 153-200.
REBELO, Fernão. Opus de Obligationibus Iustitiae, In: CALAFATE, Pedro. A Escola
Ibérica da Paz nas Universidades de Coimbra e Évora: (século XVI) - Escritos Sobre a
Justiça, o Poder e a Escravatura (Volume 2). Coimbra: Almedina, 2015.
TOSI, Giuseppe. Aristóteles e o Novo Mundo – a controvérsia sobre a conquista da América
(1510-1573). Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2021.
Endereços eletrônicos:
Antonil