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PRESSÃO ARTERIAL INVASIVA

Roberto Ramos Barbosa

Aqui falaremos sobre mais um método de monitorização rigorosa de pacientes


críticos, seja em UTI ou Sala de Emergência: a monitorização da pressão arterial
invasiva (PAI). Esta técnica também é vulgarmente chamada de PAM (pressão
arterial “média), ou “linha” arterial.

Mas para que serve isso?

Vejamos: pense num paciente grave, muito grave. Por exemplo, com um infarto do
miocárdio complicado, ou choque séptico, ou insuficiência cardíaca grave e avançada,
ou num pós-operatório de uma cirurgia de grande porte. Obviamente este paciente
está constantemente sob risco de piora e até mesmo de PCR e óbito. Muitos já estão
com complicações importantes. Queremos aferir a pressão arterial deste paciente
constantemente, concorda? Bom, os monitores multiparâmetros podem registrar a
monitorização eletrocardiográfica, a saturação de O2, a frequência cardíaca e a PA.
Para este último parâmetro, basta conectar um manguito ao braço do paciente e ao
próprio monitor. Aí é só programar o aparelho e ele fará a aferição de forma
programada, por exemplo, a cada 20 ou 30 minutos.

Este é o problema. Mesmo que seja possível programar o monitor para aferir
rotineiramente a PA, estes intervalos entre as aferições podem fazer você perder
minutos preciosos em pacientes muito graves. Ou seja: às vezes é necessário ver o
registro CONSTANTE da PA. Então, os monitores também podem fazer um registro
da PA através da interpretação da onda de pulso arterial, medida invasivamente.
Traduzindo: pode-se introduzir um cateter numa artéria periférica, e a onda de pulso é
registrada constantemente no monitor, assim como as medidas de PA a cada
batimento cardíaco. Ainda, este acesso arterial permite também a coleta de amostras
de sangue arterial. Assim, podem ser realizadas gasometrias arteriais frequentes (que
são necessárias nestes pacientes) sem que você precise puncionar a artéria repetidas
vezes.
Aqui trazemos para você um breve resumo sobre a PAI. Você também pode procurar
nas referências ao final e encontrar capítulos muito mais longos e detalhados sobre o
tema.

1. CONCEITO

Consiste em um método invasivo para verificação da pressão arterial indicado em


pacientes graves nos casos de choque, crise hipertensiva, pós-parada cardíaca, infusão
contínua de drogas vasoativas, uso de balão intra-aórtico, procedimentos cirúrgicos de
grande porte, trauma neurológico ou politrauma e insuficiência respiratória grave. Os
locais de inserção do cateter podem ser nas artérias radial, braquial, femoral ou
pediosa, sendo a artéria radial de primeira escolha.

2. FINALIDADES

- Monitorização acurada e contínua da pressão arterial.


- Análise frequente do equilíbrio ácido-base, por meio de coleta de amostra de
sangue arterial (gasometria arterial).

3. MATERIAIS NECESSÁRIOS

- Cateter para PAM - Cateter arterial do tipo over the needle (abocath ®) - Adultos
– 20 Gauge; Crianças – 20 a 24 Gauge;;

- Transdutor de pressão, cabo e suporte do dômus;

- Bolsa pressurizadora;

- Suporte de soro;

- Bandeja de punção de acesso central;

- Clorexidine degermante;

- Clorexidine alcoólica;

- Campo e avental estéreis, máscara, gorros e óculos;

- Luva estéril;

- Micropore;
Teste de Allen insatisfatório (punção em artéria radial)
Ausência de pulsos
Após três tentativa de punção percutânea sem sucesso
Coagulopatias
Arterosclerose avançada
- Seringas de 5 e 10 mL;
 Presença de Fenômeno de Raynaud
Tromboangeíte -obliterante / Doença
Agulhas 40x12 de25x7;
e 30x7 ou Buerger
Membro lateral a mastectomia, ou com paresia/plegia
e/ou com fístula- Xylocaína 2% sem vasoconstritor;
arteriovenosa
- Fio sutura (nylon 3-0);

ais - Lâmina de bisturi nº11;

al e luvas esterilizados,
- Gazesmáscara
estéreis; cirúrgica, gorro e óculos

- Monitor multiparâmetro com módulo de pressão invasiva;


mbebida com solução antisséptica degermante
erilizadas; clorexidine alcoólica
- SF 0,9% 500mL;0,5%)
- Heparina 5.000UI/mL 0,5mL.
Adultos – 20 Gauge; Crianças – 20 a 24 Gauge
lizado (Ilustração 1)

pelo médico

Ilustração 1. Kit do transdutor de pressão arterial

nitorização de pressão
Figura arterial
1. Kit do invasiva
transdutor de pressão arterial.
uipo transdutor de pressão é posicionado)
Figura 2. Monitor multiparâmetros com a PAI sendo observada na curva de cor
vermelha.

4. ETAPAS DO PROCEDIMENTO

- Lavar as mãos.

- Preparar material e ambiente.

- Explicar ao paciente/família os benefícios e objetivos do procedimento.

- Preparar todo material necessário.

- Manter assepsia durante todo o procedimento de inserção do cateter.

- Realizar o Teste de Allen: comprimir simultaneamente as duas artérias (radial e


ulnar) pedindo ao paciente que feche e abra várias vezes a mão; esta ficará
isquemiada e pálida. Em seguida com a mão do paciente aberta, retira-se os dedos da
artéria ulnar. A coloração rósea deve voltar, indicando boa circulação colateral (arco
palmar).

- Palpar o pulso radial. Em caso de debilidade, considerar a femoral como segunda


opção.

- Expor o local de punção e fazer a degermação com clorexidine.


- Providenciar SF0,9% 500mL pressurizado, heparinizado (0,5 mL), rotulado e com
equipo do transdutor de pressão (retirar o ar do equipo previamente).

- Abrir e dispor no campo da bandeja: seringas, agulhas, fio de sutura, campos e o


cateter para PAI.

- Paramentação médica (luvas e avental estéreis, gorro, óculos e máscara).

- Realizar a antissepsia do local de punção com a clorexidine, colocar os campos


estéreis, aplicar o anestésico local, localizar o vaso sanguíneo, realizar a punção com
o cateter sobre a agulha e retirada da agulha. Há a possibilidade de se utilizar kits
específicos para PAM, assim realiza-se a punção com a agulha do kit, passagem do
guia do kit, retirada da agulha do kit, passagem do cateter e retirada do guia. Para
punções femorais, após localizar a artéria, realiza-se a punção com a agulha do kit,
passagem do guia do kit, retirada da agulha do kit, passagem do dilatador do kit
(talvez seja necessário fazer uma pequena incisão no sítio de punção), retirada do
dilatador, passagem do cateter, retirada do guia.

- Na punção radial, posicionar a agulha inclinada a 45°. Para a femoral respeitar a


angulação de 60-80º.

- Conectar o SF 0,9% pressurizado com o equipo transdutor.

- Monitorar o aparecimento das ondas de curvas características de PAI.

- Realizar a fixação do cateter com fio de sutura.

- Fazer curativo com clorexidine alcoólica no sítio de punção e ocluir com gaze.

- Controlar sinais vitais.

- Lavar as mãos.

- Tempo de manutenção do cateter: máximo 96h.


Ilustrações

Ilustração 3. Composição do kit de transdutor de pressão arterial invasiva


Figura 3. Composição do kit de transdutor de PAI/PAM.

Three ways distal

Suporte do domo

Three ways proximal

Ilustração 4. Sistema Montado

1. Subida sistólica
2. Sistólica de pico
3. Descida sistólica
Figura 4. Punção da artéria radial com cateter agulhado 4.
(instalação imediata
Comissura do
dicrótica
cateter) 5. Rampa diastólica
6. Diastólica final

Ilustração 5. Características da curva de pressão arterial normal

Intervenções de Enfermagem/Observações
 A pressão arterial invasiva pode ser obtida por punção ou por canulação arterial. A punção é o
procedimento mais indicado, por permitir menor lesão da artéria; deixando a indicação de canulação,
após tentativas de punção sem sucesso. A técnica por canulação é de responsabilidade médica.

Realizar os procedimentos para o preparo; inserção; manutenção e remoção do cateter arterial, respeitando as
Figura 5. Cateter e equipo/sistema instalados na artéria radial

5. RISCOS

- Infecção

- Hematoma

- Deslocamento do cateter

- Dissecção

- Oclusão arterial
Punção Percutânea em Artéria para Aferição Invasiva da Pressão
Ilustração 3. Composição do kit de transdutor de pressão arterial invasiva

Three ways distal


Three ways distal

SuporteSuporte do domo
do domo
Three ways proximal

Three ways proximal

Ilustração 4. Sistema Montado


Figura 6. Sistema de PAI montado.
1. Subida sistólica
2. Sistólica de pico
Ilustração 4. Sistema Montado 3.
4.
Descida sistólica
Comissura dicrótica
5. Rampa diastólica
6. Diastólica final
1. Subida sistólica
2. Sistólica de pico
Ilustração 5. Características da curva de pressão arterial normal
3. Descida sistólica
4. Comissura dicrótica
Intervenções de Enfermagem/Observações
5. Rampa diastólica
6. ADiastólica
 A pressão arterial invasiva pode ser obtida por punção ou por canulação arterial. punção é o final
procedimento mais indicado, por permitir menor lesão da artéria; deixando a indicação de canulação,
após tentativas de punção sem sucesso. A técnica por canulação é de responsabilidade médica.

 Realizar os procedimentos para o preparo; inserção; manutenção e remoção do cateter arterial, respeitando as
responsabilidades de cada categoria profissional (Quadro 1):
Ilustração 5. Características da curva de pressão arterial normal
Figura 7. Curva
Categoria de pressão
Reunir os arterial normal.
Montagem 1- artéria
Punção Subida sistólica; 2- Pico
Manutenção/ sistólico;
Coleta de 3-
Remoção
Profissional materiais do sistema radial Vigilância sangue
Descida sistólica; 4-
Enfermeiro x Incisura dicrótica;
x 5- Rampa/descenso
x diastólico;
x 6-xDiastólica x
Técnicofinal. de x x x x x
Enfermagem
Intervenções de Enfermagem/Observações
Quadro 1. Responsabilidades por categoria profissional

 A pressão arterial invasiva pode ser obtida por punção ou por canulação arterial. A punção é o
procedimento mais indicado, por permitir menor lesão da artéria; deixando a indicação de canulação,
após tentativas de punção sem sucesso. A técnica por canulação é de responsabilidade médica.

Realizar os procedimentos para o preparo; inserção; manutenção e remoção do cateter arterial, respeitan
responsabilidades de cada categoria profissional (Quadro 1):
6. REFERÊNCIAS

1. ARAUJO, S. Acessos venosos centrais e arteriais periféricos – aspectos técnicos e


práticos. Revista Brasileira Terapia Intensiva, v. 15, n. 2, p. 70-77, 2003.

2. DIAS, F.S.; MENDES, C.L.; RÉA-NETO, A et al. Parte II: monitorização


hemodinâmica básica e cateter de artéria pulmonar. Revista Brasileira Terapia
Intensiva, v. 18, n. 1, p. 63-77, 2006.

3. KNOBEL, E.; LASELVA, C. R.; JUNIOR, D. F. M.; Terapia intensiva:


enfermagem. São Paulo: Atheneu, 2006.

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