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III. Introdução
No capítulo anterior (cinemática), estudamos o movimento dos corpos, sem se interessar com as
causas desse movimento. Neste capítulo (dinâmica), é importante avaliar as tais causas, é por via
disso que, entende-se por dinâmica, o ramo da física que se dedica ao estudo do movimento dos
corpos e das suas causas.
Pela experiência diária vários exemplos podem ser citados, pois sabemos que o movimento de
um corpo é resultado directo da sua interação com outros corpos que o cercam, por exemplo,
quando um jogador chuta uma bola.
Agora podemos ver que a compreensão destas causas (interações) ajudam-nos a ter um
conhecimento básico da natureza. As interações são convenientemente descritas por um conceito
matemático, chamado força, por isso o estudo da dinâmica é basicamente a análise da relação de
forças, e é governada pelas leis de Newton.
Newton estudou e desenvolveu as ideias de Galileu sobre o movimento e estabeleceu três leis
que têm hoje o seu nome.
Uma partícula livre (isenta a interação) sempre se move com velocidade constante, isto é, com
aceleração nula. Por via disso, uma partícula livre ou se move em linha recta com velocidade
constante ou está em repouso (com velocidade nula). Ainda pela 1a lei podemos concluir que:
É importante salientar que na verdade não existe uma partícula livre, porque toda partícula está
sujeita a interações com o resto das partículas do universo.
De lembrar que o movimento é um conceito relativo, portanto, quando enunciamos a lei da
inércia devemos indicar a quem ou do que o movimento da partícula é referido. Por exemplo, se
admitirmos que o movimento da partícula é relativo a um observador que seja ele próprio uma
partícula ou sistema livre e, é chamado observador inercial, então o refencial por ele usado será
denominado referncial inercial.
𝑃 = ∑ 𝑃𝑖 = 𝑃1 + 𝑃2 + 𝑃3 + ⋯ + 𝑃𝑛 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡. (3.7)
𝑖=𝑛
Em muitos casos, observamos o movimento de uma só partícula, ignorando as outras que com
ela podem estar a interagir e, nesses casos torna-se difícil utilizar o princípio de conservação da
quantidade de movimento, daí que, introduz-se o conceito de força.
∆𝑃⃗1 ∆𝑃⃗2
Dividindo os membros da relação (3.6) pela variação do tempo, resulta, =− (3.8)
∆𝑡 ∆𝑡
Segundo (3.8), as quantidades das variações (vectoriais) médias de momento das partículas no
intervalo de tempo ∆𝑡 são iguais em módulos e sentidos opostos.
𝑑𝑃⃗1 𝑑𝑃⃗2 𝑑𝑃⃗
Calculando limite da relação (3.8), quando ∆𝑡 → 0, temos, =− (3.9), 𝐹 = (3.10)
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
De relação (3.10), uma nova definição para força pode ser enunciada, a saber,
Pela definição da quantidade de movimento (3.1), podemos reescrever a equação (3.10) na forma
𝑑
𝐹= (𝑚𝑣) (3.11)
𝑑𝑡
⃗
𝑑𝑣
Se a massa for constante (𝑚 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡. ), então, 𝐹 = 𝑚 𝑑𝑡 (3.12) ↔ 𝐹 = 𝑚𝑎 (3.13)
De refirir que a relação (3.13), nos leva a definição da segunda lei de Newton, isto é,
Quando duas partículas interagem, a força sobre uma partícula é igual em módulo e de
sentido contrário, á força sobre a segunda.
Neste caso pode-se concluir que para uma força constante, temos uma aceleração também
constante, movimento uniformemente acelerado. Este fenômeno pode ser assistido nos corpos
em queda livre, pois são acelerados com a mesma aceleração g, e, assim o peso (força de atração
gravitacional da Terra), será dado pela expressão, 𝑃 = 𝑊 = 𝑚𝑔 (3.15)
𝐹
𝑇 𝑇
𝑚1
𝑚2
𝑃1
𝑃2
Figura 3.2 Corpo Subindo o Plano Inclinado Figura 3.3 Corpo Descendo o Plano Inclinado Figura 3.4 Corpos ligados
Antes de mais, é preciso recordar que uma força representa a acção de um corpo sobre outro e é
representada pela sua intensidade, ponto de aplicação, direcção e sentido. A força é representada
por um segmento de recta orientada (denominado vector) e, o módulo do vector representa a
intensidade da força. No sistema internacional (SI) a unidade de força é o Newton (N).
Para que seja possível realizar o cálculo nas situações apresentadas nas figuras 2 e 3 devemos
estabelecer algumas relações, isto é,
Definir o plano cartesiano com o eixo x formando um ângulo igual ao do plano, e o eixo
y, perpendicular ao eixo x;
A força normal (N) será igual à decomposição da força Peso no eixo y;
O módulo de 𝐹 pode variar dependo do sentido, bem como da direção de aplicação. Se o corpo
em vez de subir, estivesse a descer o plano (figura 3.3), a decomposição da força Peso no eixo x
(𝑃𝑥 ) será a responsável pelo deslocamento do bloco, dai, 𝐹 = 0, e reescrevemos (3.20) na forma,
𝑃𝑠𝑒𝑛𝜃
𝑎= (3.21)
𝑚
Para além das equações anteriores, uma outra pode ser encontrada se, em vez de uma caixa
tivermos um carro subindo o plano com movimento uniforme (𝑎 = 0𝑚/𝑠 2 ), então na relação
(3.16) fica,
𝐹 − 𝑃𝑥 = 0 ↔ 𝐹 = 𝑃𝑠𝑒𝑛𝜃 (3.22)
Para analisar as forças na figura (3.4), devemos levar em consideração que o fio é inextensível de
modo que, as massas se movam com a mesma aceleração e ignorar a massa da polia de modo
que as forças tensoras no fio sejam iguais.
1: 𝑇 − 𝑃1 = 𝑚1 𝑎 (3.23) 𝑃 −𝑃
+{ → 𝑃2 − 𝑃1 = (𝑚1 + 𝑚2 )𝑎 ↔ 𝑎 = (𝑚2 +𝑚1 (3.25)
2: 𝑃2 − 𝑇 = 𝑚2 𝑎 (3.24) 1 2)
Onde, 𝑇 −Força de tensão exercida pelo fio e 𝑃2 , 𝑃1 −Pesos dos corpos 1 e 2 respectivamente
𝑚2
𝐹
𝑚1
𝐹12 𝐹21
𝐹
𝑃
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Figura 3.5 Corpo Preso a uma Mola 1: 𝐹21 = 𝑚1 𝑎
Análise da Fig. 3.5: 𝐹 − 𝑃 = 𝑚𝑎 +{ →
2: 𝐹 − 𝐹12 = 𝑚2 𝑎
𝐹 = 𝑘𝑥 𝑒 𝑃 = 𝑚𝑔 𝑎(𝑚1 + 𝑚2 ) = 𝐹 ↔
𝐹
𝑘𝑥 − 𝑚𝑔 𝑎= (∗∗)
𝑎= (∗) (𝑚1 + 𝑚2 )
𝑚
Nota: Apesar de termos definido as expressões anteriores em ordem a aceleração, elas também
são válidas para calcular qualquer uma das grandezas envolvidas na equação.
Exercício de Aplicação
Uma partícula de 10kg de massa, sujeita á força 𝐹 = (120𝑡 + 40)𝑁, move-se em linha recta. Num instante 𝑡0 = 0𝑠 , 𝑥0 =
5𝑚 𝑒 𝑣0 = 6𝑚/𝑠. Achar a velocidade e a posição em qualquer instante.
Resolução
Quando empurramos um livro ao longo da mesa, comunicamos-lhe assim uma velocidade, mais,
depois que o largamos, ele diminui de velocidade até parar. Essa perda de quantidade de
movimento indica que uma força opõe-se ao movimento, força essa chamada, atrito de
escorregamento. É importante sublinhar que o atrito pode ser estático e cinético.
𝑁 ⃗ 𝒂𝒆 ) = 𝜇𝑒 𝑁
(𝑭 (3.36𝑎)
𝐹 Linha de Actuação
𝐹𝑎 ⃗ 𝒂𝒄 ) = { 𝑜
(𝑭
, 𝑠𝑒 𝑣 = 0
(3.26𝑏)
−𝜇𝒄 𝑁, 𝑠𝑒 𝑣 ≠ 0
Figura 3.6 Forças que actuam em corpo em contacto com uma superfície
Quando um corpo se move através de um fluido com velocidade relativamente baixa, a força de
atrito é aproximadamente proporcional á velocidade, actuando no sentido contrário, isto é,
𝐹𝑎 = −𝑘𝜂𝑣 (2.27)
𝑘 − é o coeficiente que depende da forma do corpo, para uma esfera por exemplo, 𝑘 = 6𝜋𝑅
Uma análise simples nos faz concluir que, se 𝐹𝑇 = 0, então 𝑎 𝑇 = 0 e o movimento é uniforme,
enquanto que, se 𝐹𝑁 = 0, 𝑎𝑁 = 0, então o movimento é rectilíneo.
Exercício de Aplicação
(*) Determine o ângulo 𝛼 que a corda faz com a vertical de um péndulo𝐹cômico, ver a figura𝑃ao lado.
Pela figura temos, 𝑠𝑒𝑛𝛼 = 𝑇𝑁 (1), 𝑐𝑜𝑠𝛼 = 𝑇 (2)𝑒 𝑅 = 𝐿𝑠𝑒𝑛𝛼 (3)
𝛼 Substituindo (3) em (3.31), tem-se, 𝐹𝑁 = 𝑚𝜔2 𝐿𝑠𝑒𝑛𝛼 (4),
𝑇
𝛼 𝐿 𝑠𝑒𝑛𝛼 𝐹𝑁 𝑚𝜔 2 𝐿𝑠𝑒𝑛𝛼 𝑠𝑒𝑛𝛼 𝑚𝜔 2 𝐿𝑠𝑒𝑛𝛼
𝑡𝑔𝛼 = = = → 𝑐𝑜𝑠𝛼 =
𝑐𝑜𝑠𝛼 𝑃 𝑃 𝑚𝑔
𝐹𝑁 𝑣
𝑔 𝑔
𝑐𝑜𝑠𝛼 = ↔ 𝛼 = 𝑎𝑟𝑐 𝑐𝑜𝑠 ⌈ ⌉ (5)
𝜔2𝐿 𝜔2𝐿
𝑃
Figura 3.7 Pêndulo Cónico
⃗)
III.6 Momento Angular (𝐿
Em física, momento é uma grandeza que representa a magnitude da força aplicada a um sistema
rotacional a uma determinada distância de um eixo de rotação.
O momento angular também é denominado momento orbital ou momento de quantidade de
movimento. É a quantidade de movimento associado a um objecto que executa um movimento
de rotação em torno de um ponto fixo. ⃗
𝐿
⃗
𝐿 ⃗
𝐿
𝑂 𝑣𝜃
𝑟 𝑣
𝑂 𝑣 𝑥
𝑟 𝑣𝑟
𝑟 𝐹 𝑣
𝑚 𝑚 Figura 3.10 Componentes da
Velocidadde
Figura 3.8 Movimento Curvilíneo Figura 3.9 Movimento Circular
𝑖 𝑗 ⃗
𝑘 𝑦 𝑧 𝑥 𝑧 𝑥 𝑦
⃗ = 𝑟𝑥𝑃⃗ = | 𝑥
𝐿 𝑧 | = 𝑖 |𝑃 ⃗
𝑦
𝑦 𝑃𝑧 | − 𝑗 |𝑃𝑥 𝑃𝑧 | + 𝑘 |𝑃𝑥 𝑃𝑦 | =
𝑃𝑥 𝑃𝑦 𝑃𝑧
⃗ (𝑥𝑃𝑦 − 𝑦𝑃𝑥 ) = 𝐿𝑥 𝑖 + 𝐿𝑦 𝑗 + 𝐿𝑧 𝑘
= 𝑖(𝑦𝑃𝑧 − 𝑧𝑃𝑦 ) − 𝑗(𝑥𝑃𝑧 − 𝑧𝑃𝑥 ) + 𝑘 ⃗
𝐿𝑥 = 𝑦𝑃𝑧 − 𝑧𝑃𝑦 (𝑎), 𝐿𝑦 = 𝑧𝑃𝑥 − 𝑥𝑃𝑧 (𝑏) 𝑒 𝐿𝑧 = 𝑥𝑃𝑦 − 𝑦𝑃𝑥 (𝑐) (3.42)
Para definir o momento de força, vamos derivar a relação (3.35) em função ao tempo, isto é,
⃗
𝑑𝐿 𝑑𝑟 𝑑𝑃⃗ 𝑑𝑟 𝑑𝑃⃗
= 𝑥𝑃⃗ + 𝑟𝑥 (3.43) 𝑥𝑃⃗ = 𝑣 𝑥𝑃⃗ = 𝑚𝑣𝑥𝑣 = 0 (3.44) = 𝐹 (3.45)
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑑𝑃⃗ ⃗
𝑑𝐿
𝑟𝑥 = 𝑟𝑥𝐹 = 𝜏 𝑜𝑢 =𝜏 (3.46)
𝑑𝑡 𝑑𝑡
Dada a relação (3.46), podemos definir o momento de força como,
⃗
𝑑𝐿
Quando o momento de força é nulo, o momento angular da partícula é constante (𝜏 = 0, 𝑑𝑡 = 0)
Quando a força é central, o momento angular relativo ao centro de força é uma constante de
movimento. Como exemplo podemos citar a Terra que se move em torno do sol sob influência
de uma força central cuja direção passa sempre pelo centro do sol. Assim, o momento angular da
Terra relativo ao sol é constante.