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CÁLCULO DE CLORAÇÃO – SISTEMAS DE RESFRIAMENTO

Procedimento Recomendado para a Realização de um Programa de Cloração

Conforme estudos desenvolvidos, um programa de cloração deve ser dimensionado com o


objetivo de conferir o pleno controle do condicionamento de slime de um sistema. Para tal,
associado aos monitoramentos de turbidez, sólidos suspensos, IAS, Volume de Slime, etc,
prescreve-se que a cloração deve garantir que a população microbiológica não exceda a 10 4
UFC/ml no momento caracterizado com o de maior criticidade, ou seja, o momento que
antecede o período da cloração subsequente. Tal medida assegura que o crescimento
microbiológico se encontra perfeitamente controlado, incapaz de desequilibrar o
condicionamento de slime da planta.

Para que se possa atingir este objetivo, são necessários estudos “in loco” a fim de
determinar a concentração de cloro residual a ser mantida, o intervalo de tempo mais
adequada entre cada cloração e o tempo ideal para sua aplicação. O estudo de todas estas
variáveis é denominado “Programa de Cloração”.

Como a realização de um estudo pormenorizado “in loco” mostra-se, por vezes, de difícil
execução, face a exiguidade de tempo e a necessidade de adotar-se medidas rápidas e
eficazes para o solucionamento do problema, utiliza-se como recurso a estimativa inicial do
programa de cloração, arbitrando-se valores para algumas variáveis determinantes no
dimensionamento do programa. Esta condição se encontra embasada na experiência
acumulada em plantas de médio e grande porte, a seguir discriminadas:

 Concentração de cloro residual total durante a cloração: 0,5 a 1,0 ppm.


 Número de horas de cloração efetiva: 4 a 8 h/dia.
 Intervalo de tempo entre cada cloração: 10 a 20 horas.
 Demanda de cloro: 0,2 a 2,0 ppm.

Notas:

 A demanda de cloro irá depender do montante de matéria orgânica presente no


sistema. Contudo, estima-se em tor-no de 0,2 ppm para sistemas ausentes de contaminação
e 2 ppm para plantas dotadas de grande incidência de slime.

 Os valores arbitrados para estimativa inicial do programa de cloração devem ser


utilizados, tão somente, como referência para dimensionamento da quantidade de bioci-da
a ser aplicado. Entretanto, tratando-se de sistemas que já apresentam resultados históricos
de cloração, estes devem ser criteriosamente analisados e, se positivos, devem prevalecer
sobre os valores de referência.

Para determinação da quantidade do produto fornecedor de cloro é utilizada a equação 39,


a seguir apresentada:

Q= (D + T) * R * K * t (equação 39)
C * 10

onde:

Q = Consumo do produto na cloração (kg).


D = Demanda de cloro (ppm).
T = Cloro Residual Total desejado na cloração (ppm).
R = Vazão de Recirculação do Sistema (m3/h).
t = Tempo estabelecido para a cloração (h).
C = Concentração de cloro ativo no produto (%).
K = Valor adimensional definido em função da relação vazão/volume do sistema,
apresentado na tabela 20.

“TABELA 20”

Definição de “K” para Cálculo do Consumo de Cloro na Cloração

Relação Vazão de K (constante


Recirculação/ Volume (h-1) adimensional)
< 1,0 1,0
1,1 a 2,0 0,70
2,1 a 3,0 0,50
3,1 a 4,0 0,40
4,1 a 5,0 0,33
5,1 a 10,0 0,25
> 10,0 0,20
Assim, através da equação (39) é possível estabelecer-se a quantidade teórica de biocida
clorado necessária ao siste-ma, pautado no estabelecimento de um programa de clora-ção
previamente definido. O exemplo a seguir ilustra melhor as afirmações anteriores:

Dados do Sistema

 Volume do Sistema: 1000 m3.


 Vazão de Recirculação: 2000 m3/h.
 Biocida Utilizado: Hipoclorito de Sódio.
 Conc. de Cloro Ativo no biocida: 10%.
 No de horas de cloração a ser efetivada: 06 horas.
 Demanda de cloro do Sistema: 0,5 ppm.
 Conc. de C12-R-T desejada durante a cloração: 0,75 ppm.

Determinação da Quantidade de Biocida Clorado Ne-cessário Durante a Cloração

Q = (D + T) * R * K * t
C * 10

Q = (0,5 + 0,75) * 2000 * 0,70 * 6


10 * 10

Q = 105 kg

Logo, verifica-se como estimativa inicial um consumo de biocida clorado, no caso o


hipoclorito de sódio, em torno de 105 kg, a serem adicionados ao sistema ao longo das 06
horas, previamente definidas como o período de cloração diária.

Notas:

 E considerada “cloração efetiva” o número de horas que o Sistema manteve a


concentração de C12-R-T previa-mente definida para controle. Portanto, se forem neces-sárias
02 horas para alcance da faixa mínima estabelecida como controle de cloro residual, estas não
devem ser contabilizadas na totalização do número de horas de cloração.
 Utilizando os mesmos dados propostos para o exemplo apresentado, porém
substituindo-se o hipoclorito de sódio por cloro gás, teríamos um consumo de produto na
ordem de 10% do valor apresentado, ou seja, cerca de 10,5 kg durante as 6 horas de cloração.

 Uma vez que, via de regra, o programa de cloração é determinado a partir de uma
estimativa inicial, é possível que as quantidades de biocida clorado variem tanto para maior
como menor, sendo necessário realizar-se os devidos ajustes.

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