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, Marta Imamura
1
e Elda Hirose-Pastor
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ABSTRACT
The significant increase in life expectancy and the progressive interest on physical training
programs for elderly people encour-
aged the authors to study the effects of aging and of physical activity in musculoskeletal
collagen. In the past, connective tissue was believed to be basically made of inert
substances to allow support for the structures. Today it is known that connective tissue is a
living structure, biologically active, with a biomechanical function, able to adapt and
change its structure according to external aggressors such as physical activity. Muscular
collagen has many structural functions and takes part in a variety of mechanical,
immunologic and tissue repairing functions. Collagen is also important in force
transmission during active muscular contraction. In the elderly there is an increase in
collagen content which turns to be firmer and more stable due to intermolecular cross-
linking maturation. All these variations contribute to the increase in tissue physical and
mechanical
properties. In this review the authors describe the effects of aging and physical activity in
human muscular collagen.
Cabe ressaltar que o tecido conjuntivo que envolve o músculo esquelético pode interferir de
várias maneiras em sua função mecânica. Recentes pesquisas demonstram que as fibras
musculares estão intimamente associadas à complexa matriz do tecido conjuntivo em que o
colágeno é a proteína fibrilar mais abundante, constituindo 1 a 9% da massa seca sem
gordura do músculo estriado. Atualmente, são conhecidos pelo menos 19 tipos diferentes de
colágeno. Destes, cinco foram identificados apenas por seu mapa gênico, através do DNA
complementar, não tendo sido isolados em nenhum tecido. No músculo estriado foram
identificados os tipos I, III, IV e V, localizados basicamente em três estruturas: no epimísio,
que circunda a totalidade do músculo; no perimísio, que recobre os feixes de fibras
musculares e contém a maior parte do colágeno muscular; e no endomísio, que circunda as
fibras musculares individualmente.A rede de tecido conjuntivo intramuscular, formada por
bainhas endomisiais e perimisiais, é contínua e estende-se pelo músculo, a partir da
membrana basal, até o tendão. Estudos utilizando técnicas de imunofluorescência de
imuno-histoquímica
e de bioquímica permitiram localizar, no tecido muscular, os colágenos I, III e IV. O
colágeno do
tipo I foi encontrado principalmente no epimísio e, em menor proporção, no perimísio. O
colágeno do tipo III foi o predominante no perimísio muscular, mas também esteve
presente nas finas bainhas ao redor das microfibrilas do tendão. O colágeno do tipo IV
localiza-se na membrana basal propriamente dita, e o colágeno V, no endomísio. Este
último é o colágeno que se encontra em menor quantidade, representando 5% do colágeno
total(6,7,9).
Os colágenos dos tipos I e III podem existir como co-polímeros e, provavelmente, formam
as maiores fibras colágenas conhecidas, as fibras reticulares do endomísio. O rastreamento
através da microscopia eletrônica revela que essas fibras do colágeno conectam os miócitos
entre si e estes aos capilares. O colágeno do tipo IV e a laminina têm sido localizados,
através de microscopia de imunoelétrons, na membrana basal do sarcolema
(11,14).
Apesar da identificação de diversos tipos de colágeno, o papel exato de suas funções
estruturais em vários tecidos, particularmente no músculo, não está plenamente
esclarecido(3).
Sabe-se, no entanto, que o colágeno, no músculo estriado, desempenha principalmente uma
função estrutural, ligando as fibras musculares, de modo a garantir um alinhamento
apropriado, uma vez que a força de tensão do colágeno decorre da estrutura única de suas
fibras, fibrilas e moléculas. Em particular, ela decorre das ligações cruzadas
intermoleculares e intramoleculares, da orientação, da densidade e das forças de fricção
entre as fibrilas, além de suas interações físicas e químicas com os outros componentes
estruturais da matriz extra- celular.
Dessa forma, a composição e a morfologia do tecido conjuntivo permitem que o músculo
funcione como uma unidade, de modo que as forças de contração sejam efetivamente
transmitidas ao osso e à articulação.
Assim, a flexibilidade muscular é parcialmente fornecida pelo colágeno, devido
fundamentalmente à organização das fibras colágenas. Uma vez que as moléculas, as fibras
e as fibrilas do colágeno são inextensíveis per se, sua extensibilidade resulta, então, do
alinhamento de fibras e de fibrilas curvas
(4,9,15). Razão pela qual, qualquer tecido pode ser estendido, sem ruptura, até o ponto no
qual todas as fibras de colágeno curvas estejam totalmente estendidas em direção à linha do
estresse.
Em decorrência de sua alta força de tensão, as fibras colágenas no tecido conjuntivo
intramuscular estão adaptadas à transmissão da força produzida durante a contração
muscular ativa. A transmissão da força é possível graças à continuidade que as fibras e as
fibrilas de colágeno formam, a partir da membrana basal muscular, através do endomísio e
do perimísio, até o tendão (14,16). Dessa forma, o colágeno dá coerência e
força mecânica ao músculo e faz parte de um sistema de tolerância ao estresse que também
preenche o pré-requisito de absorção de choques (17).
Como no idoso ocorre o aumento da quantidade do colágeno, que se torna mais firme e
estável em vários tecidos, inclusive no muscular, em decorrência da maturação das ligações
cruzadas, tais variações contribuem, de certo modo, para alterar as propriedades físicas e
mecânicas do tecido. De outra parte, a perda da capacidade de criar força, que ocorre nos
músculos estriados senescentes, é, até certo ponto, um reflexo
da diminuição da massa muscular. Essa perda pode representar também a substituição do
tecido muscular por tecido conjuntivo(17-23).
Apesar do grande número de pesquisas nas áreas básicas e clínicas, ainda são poucos os
estudos relacionados com as funções e características do colágeno do músculo estriado, em
particular, com os efeitos do exercício físico e do treinamento sobre a síntese e degradação
do colágeno muscular. Sabe-se, no entanto, que o treinamento físico exerce influência sobre
as propriedades do tecido conjuntivo dos músculos e de várias outras estruturas (24-27).
Anteriormente se acreditava que o tecido conjuntivo era composto basicamente por
substâncias inertes, cuja função principal seria a de fornecer suporte para os tecidos do
organismo. Entretanto, atualmente se sabe que o tecido conjuntivo é uma estrutura viva,
biologicamente ativa, que realiza funções biomecânicas, capaz de adaptar-se e de alterar
sua estrutura, em resposta aos agressores externos.