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De
relatos
de
membros
da
sociedade
civil,
o
Grupo
destacou
os
efeitos
negativos
sobre
as
pessoas,
principalmente
nas
favelas
e
nos
quilombos,
de
não
ter
uma
habitação
e
trabalho
adequados,
o
que
se
manifestaria
na
desigualdade
do
acesso
à
saúde
e
ao
emprego,
tanto
no
setor
público
quanto
no
privado.
“Vimos
também
o
nível
de
violência
e
criminalidade
que
atinge
a
sociedade
brasileira.
Recebemos
graves
acusações
sobre
violações
dos
direitos
humanos,
principalmente
no
que
diz
respeito
aos
adolescentes
e
jovens
negros,
perpetradas
pela
força
e
polícia
militar.
E
esses
atos
continuam
sem
punição.”
O
Grupo
destacou
o
fato
de
que
alguns
setores
da
sociedade
acreditarem
que
o
Brasil
é
sempre
e
ainda
uma
democracia
racial.
Apesar
de
constituírem
grande
parte
da
sociedade
brasileira,
os
afrodescendentes
ainda
estão
sub-‐
representados
e
invisíveis
na
maioria
das
estruturas
de
poder,
nos
meios
de
comunicação
e
no
setor
privado,
cuja
origem
é
o
preconceito
estrutural.
“Estamos
conscientes
de
que,
para
superar
o
legado
do
colonialismo
e
da
escravidão,
os
desafios
enfrentados
pelo
Brasil
são
de
enorme
magnitude.
As
injustiças
históricas
continuam
afetando
profundamente
a
vida
de
milhões
de
afro-‐
brasileiros
e
estão
presentes
em
todos
os
níveis
da
sociedade
brasileira.
Os
negros
do
país
ainda
sofrem
racismo
estrutural,
institucional
e
interpessoal.”
Maya
e
Mireille
afirmaram
também
que,
além
das
boas
medidas
e
decisões
tomadas
pelo
governo,
é
importante
que
as
pessoas
mudem
o
seu
paradigma
mental
“porque
há
um
pensamento
que
diz
que
algumas
pessoas
são
superiores
a
outras”.
As
duas
salientaram
que
as
opiniões
expressas
são
de
natureza
preliminar
e
que
as
conclusões,
constatações
e
recomendações
seriam
desenvolvidas
plenamente
quando
se
reportassem
ao
Conselho
de
Direitos
Humanos
das
Nações
Unidas
depois
da
redação
do
relatório,
o
que
acontecerá
em
setembro
de
2014.
(O
relatório
foi
aprovado
pelo
Conselho
da
ONU)
(ONU/Brasil)
TEXTO
02
Racismo
sem
vergonha
Muitos
se
surpreenderam
com
a
agressão
da
torcida
do
Mogi
ao
meia
Arouca,
do
Santos,
em
março,
no
dia
seguinte
à
agressão
sofrida
por
um
juiz
no
Rio
Grande
do
Sul.
No
entanto,
desde
que
o
futebol
virou
uma
profissão,
lá
por
1930,
grandes
craques
negros
-‐-‐um
Fausto,
um
Jaguaré,
um
Valdemar,
um
Leônidas,
um
Zizinho,
um
Pelé-‐-‐
e
pequenos,
cujo
número
é
infinito,
foram
hostilizados
e
prejudicados
pelo
racismo.
(...)
O
nosso
racismo
é
envergonhado,
tanto
que
alguém
acusado
de
preconceito
e
discriminação
racial
se
defende
dizendo
que
tem
amigos
e,
às
vezes,
até
parentes
negros.
Diante
de
uma
ofensa
racista,
sentimos
vergonha
pelo
ofensor
-‐-‐no
fundo,
de
nós
mesmos.
Tinga
e
Arouca
são
artistas
doces
e
inteligentes
da
bola,
que
vergonha
por
quem
os
agrediu!
Temos
racismo
em
todas
as
suas
formas
-‐-‐o
preconceito,
mais
brando,
a
discriminação,
mais
eficaz,
o
racismo
propriamente
dito,
estrutural,
que
organizou
as
nossas
relações
de
trabalho,
nossos
hábitos,
nossa
moral
pública.
(...)
A
vergonha
de
ser
racista
é
que
acabou,
ou
está
acabando.
Se
na
Copa
pularem
feito
macacos
atirando
bananas
no
campo,
dou
meu
conselho
aos
jogadores
negros.
Façam
como
Daniel
Alves
esta
semana:
descasquem
as
bananas
e
comam.
Essa
também
é
uma
tradição
brasileira:
o
que
vem
a
gente
traça.
No
final
do
processo
digestivo,
a
ofensa
se
transformará
no
que
verdadeiramente
é
-‐-‐aquela
"coisa"
amarelada.
[Joel
Rufino
dos
Santos,
historiador
e
escritor,
na
Folha
de
S.
Paulo]
TEXTO
03
Estereótipo
incorrigível
Ao
analisar
o
preconceito,
o
filósofo
italiano
Norberto
Bobbio
deixa
claro
que
ele
se
constitui
de
uma
opinião
errônea
(ou
um
conjunto
de
opiniões)
que
é
aceita
passivamente,
sem
passar
pelo
crivo
do
raciocínio,
da
razão.
Em
geral,
o
ponto
de
partida
do
preconceito
é
uma
generalização
superficial,
um
estereótipo,
do
tipo
"todos
os
alemães
são
prepotentes",
"todos
os
americanos
são
arrogantes",
"todos
os
ingleses
são
frios",
"todos
os
baianos
são
preguiçosos",
"todos
os
paulistas
são
metidos",
etc.
Fica
assim
evidente
que,
pela
superficialidade
ou
pela
estereotipia,
o
preconceito
é
um
erro.
Entretanto,
trata-‐se
de
um
erro
que
faz
parte
do
domínio
da
crença,
não
do
conhecimento,
ou
seja
ele
tem
uma
base
irracional
e
por
isso
escapa
a
qualquer
questionamento
fundamentado
num
argumento
ou
raciocínio.
Daí
a
dificuldade
de
combatê-‐lo.
Ou,
nas
palavras
do
filósofo
italiano,
"precisamente
por
não
ser
corrigível
pelo
raciocínio
ou
por
ser
menos
facilmente
corrigível,
o
preconceito
é
um
erro
mais
tenaz
e
socialmente
perigoso".
[UOL
Educação]
(Fonte:
IBGE)