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EZ ELIS CRISTINA ZANCAN

GLOSSÁRIO | GEOGRAFIA POLÍTICA

PALAVRA FONTE, AUTOR (A), REFERÊNCIA

“Esse auto [Herod] chama atenção para o fato de que, embora a


escala tenha sido considerada durante muito tempo um dos
conceitos-chave da Geogafia, ela foi largamente utilizada como
ideia para impor uma ordem oganizacional ao mundo, reconhece
que a partir dos anos 80 do século XX emerge outro pensamento
Escala sobre a natueza da escala, de acordo com o qual as escalas
existem como produtos sociais; e ilumina o debate
contemporâneo sobre a definição do estatuto ontológico do
conceito, em suas duas pincipais matrizes: a escala como modelo
mental, para categoriza e odenar o mundo, e escala como
constução-produto-social.”(DIAS, 2013, p.93)

“Para ele [Ratzel], os Estados são organismos que devem ser


concebidos em sua íntima conexão com o espaço.” (COSTA,
1992, p.32)

“Para Ratzel, o elemento fundador, formador do Estado, foi o


enraizamento no solo de comunidades que exploraram suas
potencialidades territoriais.” (RAFFESTIN, 1993, p.13)

Para Ratzel, “Os Estados, como formações espaciais delimitas e


organizadas, devem ser tratados entre os fenômenos estudados
pela Geografia que o descreve, mede, desenha e compara
cientificamente.” (KAROL, 2013, p.26)
Estado
“Hegel em Filosofia do Direito buscou apresentar o Estado como
materialização do interesse geral da sociedade e chegou a
conclusão de que as tensões entre as esferas privada e pública da
vida social só podem ser superadas através das instituições do
Estado Moderno.” (KAROL, 2013, p.33)

“Temos então a concepção [de Marx] que considera o Estado


como instituição que, acima de todas as outras, tem como função
assegurar e conservar a exploração de classe e consequentemente
o monopólio legítimo da violência.” (KAROL, 2013, p.34)

“Por isso, para Gramsci, o Estado é o resultado da combinação


ente uma sociedade política e uma sociedade civil, cujos
conflitos se expressam nos níveis privado e estatal.” (CASTRO,
1992, p.289)

“O Estado, de maneira geral, foi abordado com duas orientações,


a primeira oriunda de uma concepção orgânica baseada no
darwinismo social onde o papel principal era de competir pela
construção autárquica com outros Estados no cenário mundial, e,
a segunda, de uma concepção funcionalista com o papel de
promove a integração nacional e a acumulação de capital, o que
pode ser exposto também com a interação do Estado e o
crescimento de capital.” (KAROL, 2013, p.39)

“Portanto, três sinais são mobilizados para caracterizar o Estado:


o povo, o território e a autoridade.” (RAFFESTIN, 1993, p.22-
23)

“Apresenta [Gauchon], como principal característica do Estado-


Nação, a coesão que nasce de caracteres éticos comuns e\ou
Estado-nação que se manifestam na vontade de vive em conjunto por um
plebiscito diário.” (KAROL, 2013, p.35)

“Para ele [Vallaux], elas [as fronteiras] devem ser concebidas


muito mais como zonas que como linhas formais. A zona-
fronteia constituiria assim, antes de tudo, uma área que se destina
simultaneamente às interpenetrações e às separações entre os
Estados, assumindo desse modo, respectivamente, um conteúdo
econômico (o incessante movimento de mercadorias e bens em
geral que circulam amplamente) e político (os territórios sob
jurisdição de cada Estado).” (COSTA, 1992, p.52)

“Tomando de Braudel o conceito de “tempo social”, interpretam


[atualmente] as fronteiras como “disjuntores de tempo desiguais,
como evoluções econômicas não-paralelas, mutações não
comparáveis na organização do espaço, ritmos desiguais, etc.
Nesse sentido, a fronteira não seria apenas um disjuntor espacial,
Fronteira mas também um disjuntor temporal.” (COSTA, 1992, p. 293)

“De todo modo, assinalam [Guichonnet e Raffestin, Foucher], é


preciso evitar que as fronteiras interrompam a circulação de bens
e pessoas, que não assumam o papel de agentes de ruptura,
evitando-se assim disfunções, tais como o contrabando e outros
artifícios. Por isso, defendem, é preciso, em cada caso, observar
a “permeabilidade” das fronteiras (as antigas fronteiras “vivas”
ou “mortas”). No caso das populações de cada lado, observam,
mesmo com a liberação das fronteiras, elas podem comportar-se
segundo o padrão da situação anterior. Fronteira livre,
concluem, não é sinônimo de homogeneidade irrestrita.”
(COSTA, 1992, p. 293-294)
“Afinal, ele [Foucher] entende que, em muitos lugares, as
fronteiras romperam, provisória ou definitivamente, processos
históricos que poderiam tende à unificação ou à fragmentação.”
(COSTA, 1992, p.295)

“Nesse sentido, podemos indicar que é na relação entre a


política- expressão e modo de controle dos conflitos sociais- e o
território- base material e simbólica da sociedade- que se define
o campo da geografia política.” (CASTRO, 2011, p. 15-16)

“Mas considera-se que geografia política moderna, pelo menos


tal como a entendemos hoje—isto é, como um estudo geográfico
da política, ou como o estudo das relações entre espaço e poder—
nasce com a obra “Politische Geographie” [Geografia Política],
Geografia Politica de Friedrich Ratzel, publicado em 1897.” (VISENTINI, 2008,
p.1)

“No século XVIII, Turgor (1727-1781) já afirmava que a


Geografia Política tem a intenção explícita de contribuir com
uma perspectiva geográfica ao desenho das políticas de governo
[Estado].” (KAROL, 2013, p.24)

“[Cohen] Percebe a Geografia Política, essencialmente, como


uma abordagem espacial dos assuntos internacionais.” (KAROL,
2013, p. 32)

“Ela [a geopolítica] nunca se preocupou em firmar-se como um


(mero?) “conhecimento” da realidade e sim como um
Geopolítica “instrumento de ação”, um guia para a atuação de tal ou qual
Estado.” (VISENTINI, 2008, p.2)

“José Ramón Recalde, espanhol-basco que se dedicou ao exame


das teorias a respeito, parte do pressuposto de que não se pode
aceitar uma ideia abstrata de nação, uma “nação em si”, senão
como um produto histórico, o resultado de um processo social e
político de modernização permanente, em que velhas tradições
são rompidas e novas (nacionais) são construídas
coletivamente.” (COSTA, 1992, p.302)
Nação
“Evitando a polarização entre determinações políticas ou
cultuais no fenômeno nacional, Bauer desenvolve a ideia de uma
nação que é simultaneamente uma comunidade de caráter
[caracteres naturais e culturais homogêneos] e uma comunidade
de destino.” (COSTA, 1992, p.307)

“Para Bauer, nação, portanto, seria muito mais que uma simples
“comunidade linguística”, como sustenta alguns teóricos (refere-
se aqui certamente a Kautskt, que defendia essa idéia), sendo,
isto sim, o produto de forças internas poderosas, como o caráter
comum (a cultura), o destino comum (a história), e estando
ambos determinados pelo modo peculiar de organização (o
modo de vida) de cada povo.” (COSTA, 1992, p.308-309)

“Esta solidariedade se fez, pela primeira vez na história, com o


recurso à idéia de nação, tendo sido definido os conteúdos do
discurso sobre a responsabilidade comum, embasada no local de
nascimento e no pertencimento a uma comunidade de destino.
Ambos são fundadores de uma identidade territorial, cultural e
Nacionalismo política e são componentes essenciais do nacionalismo.”
(CASTRO, 2011, p.113)

“Nesse sentido, afirma [José Ramón Recalde], não há nação sem


nacionalismo, ou seja, é este- o movimento político consciente-
que constrói a nação, precedendo-a historicamente.” (COSTA,
1992, p.302)

“Das proposições expostas aqui, é possível extrair que o poder é


considerado como a manifestação de uma possibilidade de
dispor de um instrumento para se chegar a um fim (a vantagem
ou o efeito desejado), mas a possibilidade de chegar a este fim
supõe a existência de uma relação necessariamente assimétrica,
ou seja, a possibilidade de que uma das partes disponha de mais
meios ou de maior capacidade de obter o efeito desejado através
da prerrogativa de aplicar algum tipo de sanção.” (CASTRO,
2011, p.98)

“Sem considerar a diferenciação acima, John Agnew (1999) vai


mais longe e afirma que o poder é sempre espacial, porque é
exercido nas relações sociais territorializadas. Porém, ele chama
atenção para o fato de o poder não ser contínuo nem uniforme
Poder sobre o espaço, nem obedecer a um modelo binário do tipo tem\
não tem ou centro de difusão(mando)\ lugar de obediência. Para
ele, é precisamente a espacialidade que faz a diferença nos
efeitos que o poder pode ter.” (CASTRO, 2011, p.105)

“Para Ratzel, tudo se desenvolve como se o Estado fosse o único


núcleo do poder, como se o poder estivesse concentrado nele.”
(RAFFESTIN, 1993, p.15)

“Na realidade, o fato político penetrou toda a sociedade e, se o


Estado é triunfante, não deixa de ser um cento de conflito e de
oposição- em resumo, um lugar de relações de poder que, apesar
de dissimétricas, não deixam de ser presentes e reais.”
(RAFFESTIN, 1993, p.22)
“Enquanto, a força é a qualidade natural de um indivíduo isolado,
o poder passa a existir entre os homens quando eles agem juntos,
e desaparece no instante em que eles se dispersam.” (SOUZA,
2013, p. 80)

“A perspectiva-chave para a poposta de resgate a


institucionalidade da política contida no Estado, útil para a
ánalise em geografia, é a discussão da política como estratégia
para organizar a diversidade.” (CASTRO, 2011, p.48)

“Neste sentido, a política surge da relação entre os homens e das


opções feitas, historicamente, para sua realização.” (CASTRO,
2011, p.49-50)

“Em sintese, a política como a ação das instituições públicas é


Política
social e territorialmente abangente, enquanto a ação de qualquer
outro ato social é restrita, ou seja, afeta apenas áreas e grupos
diretamente vinculados.” (CASTRO, 2011, p.52)

“O espaço é então, mais que uma dimensão do fato político, uma


mediação-continente- e um resultado- conteúdo.” (CASTRO,
2011, p.90)

“No campo político, o nascimento do Estado moderno definiu o


marco da centralidade territorial e instituição do poder político.”
(CASTRO, 2011, p.111)

“Pesquisas sobre a tragetória da ideia de rede mostram


igualmente que à mudança na realidade social corespondente a
necessária mudança na construção de instrumentos, teóricos e
metodológicos, do conhecimento: a rede não permaneceu única,
reconhecível e imutável ao longo de um tempo em que o mundo
social se transformou. Contudo, apesar das diferenças, há algo
em que une essas redes: todas elas são definidas por suas
conexões, por seus pontos de convergencia, e não por suas
formas ou limites externos [...]” (DIAS, 2012, p.92)
Rede
“Abstramente, um conjunto estruturado de ligações ou de fluxos,
em que os “fios” entre os nós são chamados de arcos e os nós
são, muito simplesmente, chamados também de nós, com tudo
isso compondo uma trama integrada, é uma rede.” (SOUZA,
2013, p. 167)

“[p]or rede geográfica entendemos ‘um conjunto de localizações


geográficas interconectadas entre si ‘por um certo número de
ligações’” (SOUZA apud CORRÊA, 1997, p. 107)
“Essa tendência ligou os objetivos expancionistas veiculados por
leituas da Geografia Política e Geopolítica à Tearia da Soberania
do Estado, que parte do principio de que a soberania é a
capacidade de autodeterminação do Estado por direito próprio e
exclusivo [sobre o teritório, população e recursos]. A soberania
é a qualidade do poder do Estado, ou seja, uma qualidade do
Estado pefeito.” (KAROL, 2013, p.26-27)
Soberania
“Quanto a relação entre o princípio da soberania nacional e as
fronteiras, concordam no geral com os norte-ameicanos, ao
contestaem que na fase atual o conteúdo militar desse principio
já não possui grande sentido, dada a facilidade de “arebentação”
dos limites pelas armas estatégicas. Restariam, portanto, os
conteúdos: legal (o conjunto das leis de um país), o fiscal (cada
vez mais relativizado pelos acordos tarifários) e o de controle
(especialmente o de migrações).” (COSTA, 1992, p.294)

“O que está em jogo [para Ratzel] é a idéa de que o solo e seus


condicionantes físicos são apenas um dado geral, uma base
concreta, um potencial enfim, cuja eficacia para o
desenvolvimento estatal de uma nação ou de um povo dependerá
antes de tudo da sua capacidade em transformar essa
potencialidade em algo efetivo.” (COSTA, 1992, p. 30)

“A geografia política de Ratzel tinha, portanto, como tarefa


Solo demostrar que o Estado é fundamentalemnete uma realidade
humana que só se completa sobre o solo de um país.” (CASTRO,
2011, p.69)

“Língua e solo, como valores identitarios das sociedades, foram


assimilados pelos aparatos institucionais do Estado-nação e
tornaram-se patrimônio comum da nacionalidade.” (CASTRO,
2011, p. 107)

“[...] o território é, fundamentalmente, um espaço definido e


delimitado por e a partir de relações de poder.” (SOUZA, 2013,
p. 78)

“Confundir, mais ou menos conscientemente, território e


substrato espacial material equivale a “coisificar” o território,
fazendo com que não se perceba que, na qualidade de projeções
Território
espaciais das relações de poder, os recortes territoriais, as
fronteias e os limites podem mudar, sem que necessariamente o
substrato material que serve de suporte e referência material para
as práticas espaciais mudem.” (SOUZA, 2013, p.90)

“Se o poder é uma das dimensões das relações sociais, o território


é a expressão espacial disso: uma relação social tornada espaço-
mesmo que não de modo diretamente material, como ocorre com
o substrato, ainda que o território dependa, de várias maneiras,
desse último.” (SOUZA, 2013, p.97-98)

“Portanto, qualquer que seja a escala, quanto mais variada e


complexa for a sociedade maior será a diferença entre as
necessidades dos grupos e das classes sociais e de cada território
ocupado por eles.” (CASTRO,2011, p.41)

“Na construção do imaginário nacional, forjado pelo


nacionalismo, o território tornou-se progressivamente um
patrimônio que a nação deve preservar como herança para as
novas gerações, sendo a ordem estatal a sua garantia.”
(CASTRO, 2011, p.45)

“Relações de poder supõem assimetria na posse de meios e nas


estratégias para o seu exercício, e o território é tanto um meio
como uma condição de possibilidade de algumas dessas
estratégias.” (CASTRO, 2011, p.95)

“Como primeira tendência geral no curso do desenvolvimento


dos Estados, obtida pela observação das analogias entre tipos de
sociedades políticas e Estados, Vallaux reconhece que é
inevitável que a formação dos Estados passa necessariamente
pela definição da soberania de um povo sobre uma porção
determinada de solo, definindo aí um território, ou seja, um
espaço de domínio político.” (COSTA, 1992, p.45)

“Assim, o século XX assistiu à recriação do conceito de


território, no sentido de que outros sujeitos de poder, para além
dos Estados Nacionais, podem e vêm desenvolvendo estratégias
e táticas para mobilizar e se apropriar de parcelas do espaço
geográfico.” (DIAS,2012, p.92)

REFERÊNCIAS:

CASTRO, Iná Elias de. Geografia e Política. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.

COSTA, Wanderley Messias da. Geografia Política e Geopolítica. São Paulo: Edusp. 2008

DIAS, Leila Cristina. Redes, territórios e problemas de escala. Copyright, Rio de Janeiro, p.91-
95, 2012.

SOUZA, Marcelo Lopes de. Os Conceitos Fundamentais da Pesquisa Sócio-espacial. Rio de


Janeiro: Bertrand Brasil, 2013.

RAFFESTIN, Claude. Por uma Geografia do poder. São Paulo: Ática, 1993.

VESENTINI, José Willian. Novas Geopolíticas. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2008

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