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Direito Penal
Militar
JULHO-2022
2º CICLO DE ENSINO
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Sumário
Introdução......................................................................................................................................................4
Aula 1 e 2 - Teoria geral do delito militar e sua comparação com a teoria geral do delito comum. Código
Penal e Código Penal Militar, análise conjunta. ............................................................................................5
Antijuridicidade .............................................................................................................................................6
Culpabilidade.................................................................................................................................................8
Aula 3 e 4 - Interpretações e particularidades arts 13, 15, 20 a 24, 53, Parágrafos 4º e 5º do CPM. Penas
principais e penas acessórias .......................................................................................................................14
Aula 5 e 6 - Crimes Militares em tempo de paz – hipóteses do art. 9º CPM. Crimes dolosos contra a vida de
civil praticados por militar. .........................................................................................................................26
Crimes Dolosos Contra a Vida de Civil (de acordo com a Lei nº 13.491, de 2017) ...................................38
Aula 7 e 8 - Dos crimes contra a Autoridade ou Disciplina Militar. Motim, Revolta, Omissão de Lealdade e
Conspiração. ................................................................................................................................................41
Aula 9 e 10 - Da aliciação e do incitamento. Aliciação para motim ou revolta. Apologia de fato criminoso
ou de seu autor. ...........................................................................................................................................46
Aula 11 e 12 - Da violência contra superior. Violência contra superior; formas qualificadas; violência
contra militar de serviço. .............................................................................................................................47
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Aula 17 e 18 - Dos crimes contra o serviço militar e dever militar. Ausência Ilegal e Deserção. ..............56
Aula 29 e 30 - Exercício da polícia judiciária militar Competência da polícia judiciária militar. ..............73
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INTRODUÇÃO
Este curso de Direito Penal Militar tem por objetivo permitir ao Sd PM 2ª Classe adquirir
conhecimentos sobre quais os crimes militares podem ser praticados quando das ações e
intervenções policiais e, de maneira prática capacitá-lo, a saber, as responsabilidades e as
consequências jurídicas que envolvem o serviço Policial-Militar nas respectivas ações, visando
proporcionar maior segurança para execução de seu trabalho e evitar a prática de crimes militares
previstos em lei.
A matéria Direito Penal Militar está presente no Código Penal Militar e no Código de Processo
Penal Militar. O Direito Penal Militar é um ramo especializado do Direito Penal, em que está
presente o Direito Penal Comum.
No gráfico abaixo, pode-se vislumbrar o interesse de cada um dos ramos do Direito Penal:
Em resumo, o Direito Penal Militar (Especial), preocupa-se com BENS JÚRIDICOS típicos da
vida militar, quais seja a HIERARQUIA, a DISCIPLINA, o DEVER, a AUTORIDADE e o
SERVIÇO MILITAR, ou seja, protege a REGULARIDADE DAS INSTITUIÇÕES
MILITARES.
Percebe-se a mencionada especialidade nos artigos 124 e 125, §4º, da Constituição Federal de
1988, conforme segue:
1
COIMBRA NEVES, Cícero Robson; STREINFINGER, Marcello. Apontamentos de direito penal militar.
São Paulo: Saraiva, 2005, p. 21.
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De acordo com o artigo 124, a Justiça Militar da União possui competência de processar e julgar
todos os crimes militares definidos em lei, sem delimitar o sujeito ativo do delito. Porém o artigo
125, §4º, que versa sobre a Justiça Militar dos Estados, consignou apenas a competência para
julgamento dos militares estaduais nos crimes militares, com exceção da competência de
julgamento dos crimes dolosos contra a vida quando a vítima for civil, hipótese em que
transfere a competência de julgamento ao tribunal do júri.
Aula 1 e 2 - Teoria geral do delito militar e sua comparação com a teoria geral do delito comum.
Código Penal e Código Penal Militar, análise conjunta.
O Direito Penal Militar está delineado nas bases da teoria causalista da ação enquanto o Direito
Penal Comum está baseado na teoria finalista da ação, principalmente pelo tratamento
dispensado ao elemento subjetivo do crime, dolo e culpa.
Na teoria do delito, majoritária, admite-se três elementos ou substratos2: Fato Típico, Antijurídico
(ou Ilícito) e Culpável (análise de culpabilidade do agente). O estudo será embasado na estrutura
analítica do crime em três partes apenas, facilitando o entendimento entre a teoria do delito penal
comum e militar. Em síntese, o crime pode ser definido, analiticamente, pela Teoria Tripartida
da seguinte forma:
Crime
2
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal : parte geral (arts. 1º ao 120). – 7. ed. rev., ampl. e atual. –
Salvador : JusPODIVM, 2019.
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FATO TÍPICO
O Fato Típico pode ser conceituado como um fato humano indesejado à sociedade consistente
numa TIPIFICAÇÃO PENAL, uma conduta causadora (NEXO CAUSAL) de um RESULTADO,
ajustando-se a um TIPO PENAL. Em destaque, nota-se os elementos do fato típico.
A conduta é a ação ou omissão humana. Para Teoria Finalista da Ação, analisa-se o dolo e a culpa
na conduta, já a Teoria Causalista da Ação, verifica o dolo e a culpa na culpabilidade.
O nexo causal é a relação de causalidade, que está definida da mesma forma nos Códigos Penais
Militar e Comum, que adotaram a teoria da equivalência das condições (conditio sine qua non3)
sendo definida conforme o artigo 29 do CPM:
Essa relação de causalidade é a ligação entre a conduta e o resultado, que pode ser FORMAL
(resultado jurídico – ex. crime de Injuria causa dano à imagem) ou MATERIAL (resultado
naturalístico – ex. crime de Dano causa prejuízo material em algum bem).
Quanto ao conceito de tipo penal, de uma forma simples, traduz-se em um fato em abstrato,
preceito primário, acompanhado de uma pena, preceito secundário. É a descrição de um fato
ilícito em um código ou lei e que, portanto, implica a cominação de uma pena4
ANTIJURIDICIDADE
A ilicitude de um fato, ou também denominada de antijuridicidade, é entendida, em termos
gerais, como contrariedade da conduta ao ordenamento jurídico, e é pressuposto de quem pratica
um fato típico, somente podendo ser excluída em situações que a lei considera legítima a conduta,
que são previstas nas excludentes de ilicitude.
No Direito Penal Militar, o CPM traz, em seu artigo 42, as excludentes da seguinte forma:
3
Expressão em latim que significa: “condição sem a qual”. Autor (2019).
4
INTERNET. Wikipedia, a enciclopédia livre. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/tipo_penal> . Acessado
em: 15 Jun. 2019.
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Exclusão de crime
Art. 42. Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
Art. 42. Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento do dever legal;
IV - em exercício regular de direito.
Parágrafo único. Não há igualmente crime quando o comandante de navio,
aeronave ou praça de guerra, na iminência de perigo ou grave
calamidade, compele os subalternos, por meios violentos, a executar
serviços e manobras urgentes, para salvar a unidade ou vidas, ou evitar o
desânimo, o terror, a desordem, a rendição, a revolta ou o saque.
O Estado de Necessidade no CPM foi balizado pela Teoria Diferenciadora, que distingue o
Estado de Necessidade em EXCULPANTE e JUSTIFICANTE, algo que não foi tratado no CP
comum. Como se vê no EXCULPANTE:
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CULPABILIDADE
A culpabilidade pode ser entendida como um juízo de reprovação sobre a ação do autor de um fato
típico e antijurídico. O Direito Penal Militar adequa-se à TEORIA PSICOLÓGICO
NORMATIVA DA CULPABILIDADE (base NEOKANTISTA), que percebe a culpabilidade
formada por:
dolo e culpa;
reprovação social da conduta:
1. imputabilidade; (autor era maior de 18 anos? Tinha problemas mentais?)
2. potencial consciência da ilicitude; (autor sabia que o fato era crime?)
3. exigibilidade de conduta diversa; (autor podia ter tomado outra atitude?)
1. imputabilidade;
2. potencial consciência da ilicitude;
3. exigibilidade de conduta diversa.
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Nessa concepção do Direito Penal Comum, o DOLO e CULPA são analisados como formas da
ação humana na conduta do agente, seguindo a premissa de que toda conduta tem uma
finalidade.
Portanto, entende-se a culpabilidade, de forma genérica, como “um juízo de reprovação sobre a
ação do autor de um fato típico e antijurídico”5
Analisando sob o enfoque da culpabilidade penal, o Código Penal Comum, após a reforma de
1984 da Parte Geral, promovida pela Lei nº 7.209, de 11 de julho de 1984, passou a adotar a
teoria finalista da ação. Isto significa que anteriormente o dolo (intenção) encontrava-se na
culpabilidade, propriamente dita, a reforma mencionada deslocou o dolo, para integrá-lo como
elemento constitutivo do tipo penal (art. 18, I), mais especificamente na conduta do agente, um
dos elementos do fato típico, junto ao resultado, nexo causal e tipicidade. Nesse sentido, não
havendo o elemento subjetivo, dolo ou culpa, não se fala em conduta voluntária e, por
consequência, não haverá fato típico e, por isso, não há crime.
O Código Penal Militar não foi alterado com a reforma de 1984 e manteve a teoria psicológico-
normativa da culpabilidade, ou seja, para lei castrense o dolo e a culpa não integram o fato
típico, mas, sim, encontra-se na culpabilidade, de acordo com artigo 33 do CPM. Portanto, a
análise do elemento subjetivo não se faz na conduta (ação/omissão), mas sim na culpabilidade,
após a constatação do fato típico e antijurídico. É a visão causalista neoclássica da culpabilidade.
Importante destacar os pontos na lei penal militar que denotam a adoção do causalismo6:
Conceito de ação no CPM não traz o elemento subjetivo (dolo e culpa), sendo conceituada como
“movimento corpóreo capaz de produzir alguma alteração no mundo exterior”, enquanto que a
teoria finalista conceitua ação como “comportamento humano consciente dirigido a uma
finalidade (comportamento doloso ou culposo)”7. Apesar de não haver na lei castrense de modo
evidente o conceito de ação, tem-se com clareza no art. 33, que conceitua culpabilidade como:
5
COIMBRA NEVES, Cícero Robson; STREINFINGER, Marcello. Apontamentos de direito penal militar. São
Paulo: Saraiva, 2005, p. 21.
6
COIMBRA NEVES, Cícero Robson, STREIFINGER, Marcello. Manual de direito penal militar. - 3ª ed. - São
Paulo : Saraiva, 2013, p. 199.
7
GOMES, Luiz Flávio; Bianchini, Alice; Daher, Flávio. Curso de Direito Penal: parte geral (arts. 1º ao 120) - 3ª
ed. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2016, p. 237.
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Não há separação de coação moral e física. Para melhor entendimento, “coação moral elimina a
possibilidade de ação conforme o Direito, enquanto a coação física elimina o elemento subjetivo
do crime8”. Na estrutura causal, ambos estão dispostos na culpabilidade e sem distinção entre eles,
como se vê no §2º do Art. 38 e o art. 40, ambos do CPM.
Na teoria finalista (adotada pelo CP) o dolo e a culpa (elemento subjetivo) estão no fato típico
(conduta), e a consciência da ilicitude está na culpabilidade.
8
COIMBRA NEVES, Cícero Robson, STREIFINGER, Marcello. Manual de direito penal militar. - 3ª ed. - São
Paulo : Saraiva, 2013, p. 199.
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Na teoria causalista (adotada pelo CPM), o dolo e a culpa, com a inerente consciência da
ilicitude, estão alocados na culpabilidade.
Partindo de uma análise conjunta dos códigos penal comum e penal militar, observando a redação
do art. 18 CP e a do art. 33 do CPM percebe-se a diferença que no Código Castrense
explicitamente diz que o dolo e a culpa integram a culpabilidade, e, por outro lado, o Código Penal
Comum em seu art. 18 nada menciona sobre culpabilidade, conforme segue:
Código Penal:
Art. 18 - Diz-se o crime:
Crime doloso
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de
produzi-lo;
Crime culposo
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência,
negligência ou imperícia.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser
punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
a) no CPM o dolo direto, específico ou eventual será visto no final da ação penal, no momento das
alegações finais e da sentença judicial;
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b) no CP o dolo deve ser analisado, como elemento probatório indispensável para a caracterização
da ilicitude, no primeiro momento da ação penal, ou seja, com o oferecimento e recebimento ou
não da denúncia pelo Ministério Público e Poder Judiciário.
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Esquemas diferenciadores:
BASE: FINALISTA
CONDUTA DOLO
ação/omissão
CULPA
RESULTADO
NEXO CAUSAL
NEXO CAUSAL
TIPICIDADE
BASE: CAUSALISMO
CONDUTA
ação/omissão IMPUTABILIDADE
NEXO CAUSAL
EXIGIBILIDADE DE
RESULTADO CONDUTA DIVERSA
TIPICIDADE
CULPA DOLO
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Aula 3 e 4 - Interpretações e particularidades Art. 13, 15, 20 a 24, 53, Parágrafos 4º e 5º do CPM.
Penas principais e penas acessórias
Serão analisados nestas aulas alguns tópicos importantes à compreensão e estudo do Direito Penal
Militar.
Reserva na Polícia Militar é o oficial ou a praça inativa, mas ainda não reformados, conforme
Decreto-lei nº 260, de 29 de maio de 19709, que em seu artigo 15 define “Reserva é a situação da
inatividade do militar sujeito à reversão ao serviço ativo”. É uma forma de inatividade transitória,
sujeita à reversão ao serviço ativo em casos específicos (ver artigos 26 e 26-A do Dec-lei 260/70),
que perdura até os 70 anos de idade quando então o militar atinge a idade limite para permanência
na reserva (art. 25 do Dec-lei 260/70), sendo, automaticamente (a lei usa a expressão “ex officio”),
passado à condição de REFORMADO. Cumpre destacar que, atualmente, na PMESP o militar
pode permanecer no serviço ativo até os 60 anos, desde que outro motivo de inatividade não o
alcance. 60 anos de idade é o limite estabelecido por lei para qualquer policial militar passar à
condição de RESERVA na PMESP, nos termos do artigo 18, I combinado com o artigo 19, ambos
do Dec-lei 260/70.
O texto do artigo 27 do Dec-lei 260/70 já deixa evidente que o militar, mesmo desligado
definitivamente do serviço ativo, manterá o vínculo estatutário com a PMESP. Em outras palavras
mantém sua condição de militar para fins de aplicação do Regulamento Disciplinar da
9
SÃO PAULO. Decreto-lei nº 260, de 29 de maio de 1970. Dispõe sôbre a inatividade dos componentes da Polícia
Militar do Estado de São Paulo.
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Polícia Militar (RDPM)10 e, como será visto na presente aula, do Código Penal Militar, em
consonância com o artigo 13 do CPM.
O texto do CPM é claro ao trazer que militares inativos também estão sujeitos à lei penal castrense
conservando as prerrogativas do posto ou graduação, tanto como autores, como vítimas de crime
militar.
No pólo ativo (sujeito ativo) da conduta criminosa será estudado a hipótese do artigo 9º, inciso III,
do CPM, que trata dos crimes militares, em tempo de paz, cometidos por militar da reserva, ou
reformado, ou por civil.
Como sujeito passivo, percebe-se o militar da reserva ou reformado nas alíneas “b”, “c” e “d” do
inciso II do artigo 9º do CPM, que trata dos crimes cometidos por militar em situação de atividade
ou assemelhado.
O conceito de GUERRA para fins jurídicos pode ser entendido na lição do professor
MAZZUOLI11 como: “todo conflito armado entre dois ou mais Estados, durante um certo período
de tempo e sob a direção de seus respectivos governos, com a finalidade de forçar um dos
adversários a satisfazer a(s) vontade(s) do(s) outro(s).”
10
SÃO PAULO. Lei Complementar nº 893, de 09 de março de 2001. Institui o Regulamento Disciplinar da Polícia
Militar.
11
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de direito internacional público. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo :
Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 1189.
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No mesmo sentido, tem-se a mobilização nacional total ou parcial, que só ocorrerá “no caso de
agressão estrangeira”14, e está prevista, no âmbito infraconstitucional, na Lei nº 11631, de 27 de
dezembro de 200715. Nesta lei, em seu artigo 2º, inciso I, define-se “mobilização nacional como
conjunto e atividades planejadas, orientadas e empreendidas pelo Estado, complementando a
Logística Nacional, destinadas a capacitar o País a realizar ações estratégicas, no campo da
Defesa Nacional, diante de agressão estrangeira”.
12
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
13
BRASIL. Op. cit.
14
MAZZUOLI, Valério de O. Comentário ao artigo 84, incisos XIX e XX. In: CANOTILHO, J. J. Gomes;
MENDES, Gilmar F.; SARLET, Ingo W.; STRECK, Lenio L. (Coords.). Comentários à Constituição do Brasil. São
Paulo : Saraiva/Almedina, 2013. p. 1264.
15
BRASIL. Lei nº 11.631, de 27 de dezembro de 2007. Dispõe sobre a Mobilização Nacional e cria o Sistema
Nacional de Mobilização - SINAMOB.
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Por fim, notadamente, o início e término, de fato, de uma atividade beligerante nem sempre está
condicionada à formalidade de declaração de guerra e da celebração da paz, respectivamente.
Como fez o próprio artigo 15 do CPM ao expressar “reconhecimento do estado de guerra”
que difere dos termos formais previstos nos ditames constitucionais de “declaração de
guerra”, assim como a expressão “cessação das hostilidades” que pode se dar antes da
previsão formal de “celebração da paz” pelo Presidente da República.
A interpretação do presente artigo requer a observação de que o Código Penal Militar é constituído
por:
Assim, é importante destacar que, o aumento de pena incidirá apenas aos crimes que não constam
no rol de crimes militares já específicados ao tempo de guerra, aqueles definidos no LIVRO II.
Há no CPM uma sistemática no artigo 10 para definição de crimes em tempo de guerra, o que
também ocorre nos crimes em tempo de paz que ainda será estudado no presente material.
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A partir da leitura do referido artigo, percebe-se que, em tempo de guerra, serão considerados
crimes militares não apenas os que estão definidos no livro específico na parte especial, mas
todos os outros crimes do CPM, os previstos para tempo de paz, e, inclusive, os previstos na
Lei Penal Comum ou Especial, quando praticados em zona de efetivas operações militares ou em
território estrangeiro, militarmente ocupado, conforme inciso IV do artigo 10.
Por fim, deve-se esclarecer que se trata de uma CAUSA GERAL DE AUMENTO DE PENA 16, ou
também chamada de CAUSA DE AUMENTO GENÉRICA17, que está alocada na PARTE
GERAL e, por isso, a nomenclatura, diferente das causas especiais (ou específicas), que estão na
PARTE ESPECIAL.
A figura do ASSEMELHADO, embora não mais existente no ordenamento jurídico pátrio, teve
evidência na época em que a PMESP possuía em seus quadros o Serviço Auxiliar Voluntário, os
ditos Soldados Temporários (Sd TEMP PM). Em julgados do Tribunal de Justiça Militar prevalece
16
COIMBRA NEVES, Cícero Robson, STREIFINGER, Marcello. Manual de direito penal militar. - 3ª ed. - São
Paulo : Saraiva, 2013, p. 645.
17
NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Militar Comentado. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013, p.
50.
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o entendimento de que o Sd TEMP PM era considerado militar da ativa, de acordo com o artigo
22, que será visto a seguir. Já para o Eminente Juiz militar paulista Ronaldo João Roth, a figura do
Sd TEMP PM, um civil voluntário, não era pessoa considerada militar, como prevê o artigo 22,
mas como assemelhado, nos termos do artigo 21, do CPM. Mais contraditório ainda se posicionou
o Superior Tribunal de Justiça, que em sede do Habeas Corpus n. 62.100/SP (2006/0145469-6),
sob a relatoria do Ministro Arnaldo Esteves Lima (j. 28-5-2008), considerou o Soldado
Temporário nem como assemelhado (art. 21, CPM) e nem como militar (art. 22, CPM), mas como
civil18.
Claramente, cada posicionamento sustenta com maestria e argumentos jurídicos pertinentes a cada
situação fática que envolvida, mas para o estudo de Direito Penal Militar na PMESP
prevalece, nesse caso, a posição majoritária do TJM/SP, considerando o Sd TEMP PM como
um MILITAR DA ATIVA.
O presente artigo deve ser entendido de forma extensiva aos militares estaduais, destacando que a
qualidade de MILITAR ESTADUAL está consignada nos artigos 42 e 144, §§ 5º e 6º, ambos
da CRFB/88.
18
COIMBRA NEVES e STREIFINGER, Op. Cit., p. 157.
19
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Distintamente, a qualidade de MILITAR FEDERAL atribuída aos integrantes das Forças Armadas
(Exército, Marinha e Aeronáutica) está no artigo 142, caput e §3º, também da CRFB/88
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COMANDANTE, para fins penais militares, no âmbito da PMESP, será entendido como
comandante de uma Organização Policial Militar, normalmente comandada por Coronel PM, ou,
no mínimo, Tenente-coronel PM. Mesmo assim, não se descarta a hipótese de haver Major PM e
Capitão PM, como comandante interino ou respondendo pelo comando.
Art. 24. O militar que, em virtude da função, exerce autoridade sobre outro
de igual posto ou graduação, considera-se superior, para efeito da
aplicação da lei penal militar.
O critério estabelecido no CPM está atrelado à FUNÇÃO, quando ocupam o mesmo posto ou
graduação. Insta destacar que o critério “em virtude da função” serve como distinção no conceito
de superior para militares do mesmo posto ou graduação, não infringindo assim a hierarquia entre
diferentes postos ou graduação.
Assim, por exemplo, um oficial do posto de 1º Ten PM, na função de oficial de dia, é superior aos
demais 1º Ten PM, mas continua sendo inferior ao Capitão PM e demais autoridades hierárquicas
em relação a ele.
Da mesma forma, o 2º Sgt PM, na função de graduado de dia em uma unidade escola, é superior
funcionalmente aos outros 2º Sgt PM, superior hierárquico aos militares na graduação de 3º Sgt
PM, Cb PM e Sd PM, e inferior hierárquico dos 1º Sgt PM e superiores.
19
COIMBRA NEVES, Cícero Robson, STREIFINGER, Marcello. Manual de direito penal militar. - 3ª ed. - São
Paulo : Saraiva, 2013, p. 988.
20
INTERNET. Dicio Dicionário online de português. Disponível em: < https://www.dicio.com.br > . Acessado em: 18
Jun. 2019.
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Ressalva-se que, no RDPM, há, além dos critérios hierárquicos e funcionais para a ordenação de
autoridade, o critério de antiguidade, mas que servirá apenas aos fins regulamentares internos para
apreciação de responsabilidade disciplinar, em certos casos, não sendo um critério importante ao
Direito Penal Militar, a princípio.
Tal conceito não é pertinente entre militares de diferentes entes federativos, ou seja, entre militares
federais e estaduais, e entre militares de diferentes estados, à priori. Tratam-se de diferentes
órgãos, quase a totalidade das vezes, organizados de forma diferentes e com atribuições peculiares.
21
SÃO PAULO. Lei Complementar nº 893, de 09 de março de 2001. Institui o Regulamento Disciplinar da Polícia
Militar.
22
COIMBRA NEVES, Cícero Robson, STREIFINGER, Marcello. Manual de direito penal militar. - 3ª ed. - São
Paulo : Saraiva, 2013, p. 161.
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Art. 53. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas
a este cominadas.
O CPM adotou a teoria extensiva para a coautoria, ou seja, quem de qualquer forma contribuiu
para o crime será julgado com base na pena cominada a este, não importando seu grau de
participação, porém para não gerar injustiças o CPM criou algumas formas para que a pena de
quem tenha participado do crime com menos importância, não seja a mesma pena de quem
contribuiu para o crime de forma principal, ou seja quem auxílio na execução do delito e não
praticou a conduta central, terá atenuantes.
Existem crimes onde os cabeças recebem pena mais grave, como por exemplo no crime de Motim
(artigo 149 do CPM) que será estudado adiante.
Sempre será considerado CABEÇA o oficial desde que na presença de ao menos dois inferiores
hierárquicos.
As penas principais são doutrinariamente divididas em pena de privação da vida (pena de morte),
penas privativas de liberdade (reclusão, detenção e prisão) e restritivas de direitos (impedimento,
suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função e reforma).
a) morte;
b) reclusão;
c) detenção;
d) prisão;
e) impedimento;
f) suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função;
g) reforma.
Já as penas acessórias, nos dizeres de Jorge Romeiro, “são penas complementares e ligadas à
natureza do crime. Formas de repressão mediata, dependentes de outras”
Como se vê, tais penas, trazidas pelos art. 98 e seguintes do Código Penal Militar, não surtem
efeitos por si sós, porquanto dependem da aplicação de uma sanção principal: a pena principal.
Se comparadas ao Código Penal comum já não se fala em pena acessória, mas em efeitos da
condenação, sendo, portanto, o assunto em questão, uma peculiaridade do Direito Penal Militar.
Embora se entenda que a nova ordem constitucional tenha reduzido muito o âmbito de aplicação
das penas acessórias, vejamos essas penas em espécie.
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Aula 5 e 6 - Crimes Militares em tempo de paz – hipóteses do art. 9º CPM. Crimes dolosos contra a
vida de civil praticados por militar.
O legislador penal brasileiro adotou o critério legal para definir crime militar, isto é, apenas
enumerou taxativamente as diversas situações que definem esse delito. Ou seja, um fato só
poderá ser considerado crime militar se estiver previsto em uma das hipóteses do código
penal militar (art. 9º). Em suma, crime militar é todo aquele que a lei assim o reconhece como tal.
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§1º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e
cometidos por militares contra civil, serão da competência do Tribunal do
Júri. (Redação dada pela Lei nº 13.491, de 2017)
§ 2º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e
cometidos por militares das Forças Armadas contra civil, serão da
competência da Justiça Militar da União, se praticados no
contexto:(Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017)
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo
Presidente da República ou pelo Ministro de Estado da Defesa; (Incluído
pela Lei nº 13.491, de 2017)
II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão
militar, mesmo que não beligerante; ou (Incluído pela Lei nº 13.491, de
2017)
III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da
lei e da ordem ou de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade
com o disposto no art. 142 da Constituição Federal e na forma dos
seguintes diplomas legais: (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017)
a) Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de
Aeronáutica; (Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017)
b) Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999;(Incluída pela Lei nº
13.491, de 2017)
c) Decreto-Lei nº 1.002, de 21 de outubro de 1969 - Código de Processo
Penal Militar; e (Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017)
d) Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral. (Incluída pela
Lei nº 13.491, de 2017)
O CPM define que será considerado crime militar todas as condutas que se enquadrarem nas
definições previstas no CPM as quais tenham definição diversa no Código Penal Comum ou
nele não esteja presente, independente do autor ser militar ou não, porém para a caracterização de
crime militar por civil ou militar da reserva ou reformado, estes deverão ter dolo específico de
atentar contra a Instituição Militar, conforme se verifica no inciso III, art. 9º do CPM,
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Julho 2022
Para a doutrina penal comum, o referido inciso por si só já define os crimes classificados como
PROPRIAMENTE MILITAR (ou crime militar próprio)23.
O inciso II do art. 9º do CPM define quando é crime militar aquelas condutas que se
enquadrarem nas hipóteses das alíneas abaixo, independente da natureza da legislação penal,
comum ou militar.
Importante mencionar que o texto do inciso II foi alterado pela Lei nº 13.491, de 13 de
outubro de 2017, ampliando significativamente a possibilidade de se ter um crime militar, pois na
redação anterior o referido inciso trazia hipóteses em suas alíneas de distinção das condutas
criminosas militar e comum, desde que estivessem tipificadas da mesma forma nos dois códigos.
Na concepção atual de crime militar, as alíneas do inciso II servem para classificar um FATO
TÍPICO como militar, independentemente de estar previsto no CPM.
23
NUCCI, Op. Cit. p. 42.
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Artigo 9º Artigo 9º
Quanto à classificação, os crimes militares que não forem exclusivos a condição de militar no
polo ativo, mesmo que previstos apenas no CPM, e também aqueles que estão descritos no CP
comum de forma idêntica no CPM, mesmo que praticados por militares, são considerados
CRIMES IMPROPIAMENTE MILITARES (ou crime militar impróprio), seguindo a Teoria
Clássica.
Contudo, a nova lei que alterou os termos do inciso II criou uma nova categoria de crimes
militares, os CRIMES MILITARES POR EXTENSÃO (ou também chamados de CRIMES
MILITARES EXTRAVAGANTES, ou ainda, de CRIMES MILITARES POR
EQUIPARAÇÃO), que são aqueles tipos penais que não existem no CPM, mas serão
considerados crimes militares por força do disposto no artigo 9º, inciso II, do CPM.
Cumpre dizer que o artigo 9º do CPM é uma NORMA DE EXTENSÃO para definição de
crime militar, pois é ela que delimita qual conduta deve ser classificada como crime militar ou
não. O professor Jorge Cesar de Assis, aclamou, das expressões citadas, aquela utilizada pelo
Eminente Juiz militar paulista Ronaldo João Roth, CRIMES MILITARES POR EXTENSÃO.
Emerge então uma nova categoria de crimes militares, com uma nova dimensão de aplicação dos
crimes militares, antes da Lei nº 13.491/17 desconhecida, uma vez que o a norma de extensão,
definidora de crime militar (art. 9º do CPM), alcançava apenas os tipos penais previstos no código
castrense. Porém, a nova redação do CPM não alcançou as infrações penais do tipo contravenção
penal, apenas os crimes.
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Como regra, para se definir um delito como militar, recorre-se a algumas etapas:
1. O fato está subsumido à alguma conduta típica (Fato Típico – comum ou militar)?
2. O fato está enquadrado em algumas das hipóteses do artigo 9º do CPM?
3. A Justiça Militar é competente para processar e julgar o sujeito ativo do fato? (A
Justiça Militar estadual não é competente para processar e julgar civis)
Toda vez que estiver expresso no CPM “militar em situação de atividade” refere-se a militar da
ativa.
24
GOMES, Bruno José. A nova dimensão do crime militar introduzida pela Lei nº 13.491, de 13
de outubro de 2017. FACULDADE DAMÁSIO. Trabalho de Conclusão de Curso de
Especialização em Direito Penal. São Paulo : 2018.
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Esta alínea define que sempre que um militar da ativa praticar crime contra outro militar da ativa e
houver tipificação no CPM, esta conduta será considerada crime militar, independentemente do
local onde o fato tenha ocorrido ou se estavam de serviço.
Para o efeito de aplicação da lei penal militar, militares das forças armadas e militares das Polícias
Militares e Corpos de Bombeiros Militares são considerados civis.
Exemplo
1. cabo da ativa do exército pratica lesão corporal contra soldado da ativa da polícia
militar, será considerado crime comum. Ou seja, entre militares federais e os
estaduais a qualidade de militar não se comunica, uma vez que a natureza
constitucional das forças militares estaduais se encontra no artigo 42 da
Constituição Federal de 1988 e dos militares federais no artigo 142. Dessa forma,
não há crime militar, por exemplo, na agressão de um militar estadual contra um militar
federal, ambos de folga, fora do quartel e não agindo em razão função.
Exemplos:
Obs.: Não é necessário que o policial militar que figure no polo ativo do crime conheça a
condição de policial militar da vítima para que se configure o crime militar com base no art. 9º,
II, a, do CPM. Porém, nos crimes em que a qualidade de superior ou inferior da vítima são
elementares, trona-se imprescindível o conhecimento prévio de tal condição, conforme dispõe o
Art. 47, I, do CPM.
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Militar da ativa em local sujeito a administração militar, mesmo que de folga, quando pratica
crime contra civil ou militar inativo, comete crime militar.
Locais sujeitos à administração militar: quartéis, vias de acesso comum de vilas militares,
embarcações e aeronaves, áreas comuns do hotel de trânsito, acampamentos, acantonamentos e
bivaques militares. Em conformidade com o Provimento nº 003/2005 da Corregedoria Geral do
Tribunal de Justiça Militar do estado de São Paulo25, consideram-se também as viaturas,
trailers e unidades móveis.
Cabe destacar que não serão compreendidos como locais sujeitos à administração militar os locais
abrangidos legalmente pelo conceito de casa, como por exemplo uma casa habitada no interior de
uma vila militar.
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 trata o termo casa, conforme seu artigo
5º, inciso XI, nos seguintes termos:
25
SÃO PAULO. TRIBUNAL DE JUSTIÇA MILITAR. Provimento nº 003, de 09 de novembro de 2015 do
Corregedor Geral. Disponível em: < http://www.tjmsp.jus.br/AtosComunicados/Home/Visualizar/43 > . Acessado em
24 Jun. 2019.
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Dessa forma, entende-se por CASA como asilo inviolável e que deve ser, quando caracterizado
na forma da lei, excluído do entendimento de local sujeito à administração militar sobre
qualquer hipótese, mesmo que sua instalação seja no interior de ambiente sobre a administração
militar, como, outro exemplo, um quarto ocupado no hotel de trânsito da PMESP.
Importante destacar que os ALOJAMENTOS não serão considerados CASA para fins penais,
como assevera COIMBRA NEVES e STREIFINGER26:
Exemplo:
Policial militar da ativa de folga que subtrai celular de civil que estava no quartel para registrar
ocorrência, conduta típica de crime militar, furto art. 240 do CPM.
razão da função, o policial militar de folga resolve agir pelo fato de ser policial e sente o dever de
agir, não age por razão pessoal, pode ser em qualquer lugar e qualquer pessoa pode ser a vítima,
tanto civil quando militar inativo.
Obs.: O militar da ativa, de folga, realizando atividade extra corporação no ramo da segurança
privada ou em autodefesa não se enquadra na expressão “em razão da função”. Por isso,
quando sua conduta não se amoldar a nenhuma outra hipótese, estando o agente nas condições
mencionadas não responderá por crime militar, mas por crime comum.
Exemplos:
Esta alínea reforça a ideia da alínea anterior, pode ser resumida ou simplificada aos casos de
militar em serviço ou agindo em razão da função, não importando o local e podendo ser vítima
tanto civil quando militar inativo. Durante o período de manobra pode ser entendido como os
exercícios de defesa territorial.
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Exemplo:
1. Crime contra administração militar, Policial Militar da ativa, de folga, que exige
vantagem indevida de um civil, usando da função para coagir a vítima, polo passivo.
Cabe uma observação neste exemplo, pois neste caso o policial militar não agiu em
razão da função e sim se valeu dela para coagir.
Concussão
Art. 305. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda
que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
2. Crime contra o patrimônio sob administração militar pode ser considerado o militar
da ativa de folga que defere pauladas em uma viatura, configurando crime militar art.
259 do CPM.
Dano simples
Art. 259. Destruir, inutilizar, deteriorar ou fazer desaparecer coisa
alheia:
Pena - detenção, até seis meses.
Parágrafo único. Se se trata de bem público:
Pena - detenção, de seis meses a três anos.
O inciso III do art. 9º do CPM define, de forma excepcional, quando o civil e o militar inativo
praticam crimes militares, cabendo salientar que o ponto central dessa incisa figura na expressão
“contra as instituições militares”, portando para o civil ou o militar inativo cometerem crimes
militares em tempo de paz, tem que haver o dolo de atingir a instituição militar, sendo que o civil
só comete crime militar na esfera Federal, pois a Justiça Militar Estadual não tem competência
par a julgar civis. A imposição de que o autor deva atentar contra a Instituição Militar, se aplica
também para os crimes elencados no inciso I do art. 9º do CPM, que tratam dos crimes do CPM
com redação exclusiva ou diferente da lei penal comum, ou seja, deve ter o dolo de atingir a
Instituição Militar.
Competência constitucional exclusiva da Justiça Militar estadual para processar e julgar apenas os
militares estaduais do respectivo estado está no artigo 125, §4º, da Constituição Federal de 1988,
conforme segue abaixo.
No mesmo sentido, a súmula nº 78 do Superior Tribunal, diz que o militar estadual será
processado e julgado pela Justiça Militar da unidade federativa a que pertence. “Competente para o
processo e julgamento é a Justiça Militar do Estado a que pertence a corporação do policial militar,
mesmo que o crime haja sido cometido no território de outra unidade federativa.”
A conduta pode ser praticada em qualquer lugar, porém o patrimônio deve estar sob a
reponsabilidade da administração militar.
Exemplo:
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1. Policial reformado que atira pedras contra viatura do bombeiro, causando danos na viatura,
tendo como finalidade de desmoralizar a instituição, comete crime militar art. 259 do CPM.
A conduta tem que ser praticada em local sujeito a administração militar e tem que ser praticado
contra militar da ativa, não importando se este esteja de serviço.
Exemplo:
1. Militar inativo que entra no quartel e agride Policial Militar de folga, causando lesão corporal,
tendo como finalidade desmoralizar a instituição, comete crime militar art. 209 do CPM.
Porém se o militar inativo no interior do quartel causa lesão corporal em militar da ativa
devido a uma discussão por dívida, não comete crime militar e sim lesão corporal enquadrado
na lei penal comum.
Podem ser considerados os crimes praticados contra militar de serviço em algumas funções
específicas, não importa o local.
Exemplo:
1. Militar inativo que agride e causa lesão corporal em militar da ativa durante o desfile de sete
de setembro, com a finalidade de desmoralizar a instituição militar, comete crime militar. Art.
209 do CPM.
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O legislador fez questão de salientar que o local pode ser fora da administração militar. Há
algumas divergências quando quanto ao entendimento de “função de natureza militar”, porém
prevalece aqui o entendimento de que os militares estaduais, por força da Constituição e ela
especifica as atribuições das polícias militares e corpos de bombeiros militares, toda a atividade
relacionada ao desempenho das funções consagradas no artigo 144 da magna carta são de
natureza militar. Assim, policial militar inativo que comete lesão corporal contra policial militar
de serviço no patrulhamento ostensivo, visando desmoralizar a Polícia Militar, comete crime
militar art. 209 do CPM.
CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA DE CIVIL (de acordo com a Lei nº 13.491, de 2017)
Um dos temas mais polêmicos do estudo do artigo 9º do CPM são as exceções de competência de
julgamento dos crimes militares pela justiça comum, conforme assevera o §1º, que dispõe como
competência do Tribunal do Júri tais delitos militares. Importante destacar que o TJM/SP admite a
tese de se tratar de crime militar julgado pela justiça comum, através da instituição do Tribunal do
Júri. Nesse sentido, o entendimento do tribunal segue em conformidade com o disposto no artigo
82, §2º, do Código de Processo Penal Militar: “Nos crimes dolosos contra a vida, praticados
contra civil, a Justiça Militar encaminhará os autos do inquérito policial militar à justiça
comum.”
A Lei nº 13.491/2017 deu a seguinte redação aos crimes dolosos praticados por militares contra
civil:
§1º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e
cometidos por militares contra civil, serão da competência do Tribunal do
Júri. (Redação dada pela Lei nº 13.491, de 2017)
§ 2º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e
cometidos por militares das Forças Armadas contra civil, serão da
competência da Justiça Militar da União, se praticados no
contexto:(Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017)
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo
Presidente da República ou pelo Ministro de Estado da Defesa; (Incluído
pela Lei nº 13.491, de 2017)
II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão
militar, mesmo que não beligerante; ou (Incluído pela Lei nº 13.491, de
2017)
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No parágrafo 1º, a Lei atribui ao Tribunal do Júri a competência de julgamento dos crimes
militares dolosos contra a vida de civil praticados por militar, e, interpretando o presente
parágrafo de forma a excluir as hipóteses do parágrafo 2º, que se refere apenas aos militares das
forças armadas em atividade nos contextos próprios de suas atividades, se tem como principal
agente o militar estadual, o que se coaduna com os termos constitucionais previstos no artigo 125,
§4º, da CRFB/88, que também prevê a exceção de julgamento quando se tratar de crimes dolosos
praticados por militares estaduais contra a vida de civil.
Já o parágrafo 2º prevê hipóteses próprias em que o militar federal (Forças Armadas) será
julgado pela Justiça Militar da União por crimes militares dolosos contra a vida de civil. Nesses
casos, a Lei enumera situações (contextos) típicos das atribuições das Forças Armadas que
representam grande parte das possibilidades de cometimento de crime doloso contra a vida por um
militar federal, restando apenas excepcionais hipóteses de julgamento do militar federal pelo
Tribunal do Júri nos termos do parágrafo 1º do artigo 9º do CPM.
Exemplo:
1. Militar federal em atividade de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) em um morro da capital do Rio de
Janeiro dispara contra um civil na região da cabeça, sendo na apreciação do fato excluída qualquer
hipótese de excludente de ilitcitude. Nesse caso a competência de julgamento será da Justiça Militar
da União, nos termos do artigo 9º, §2º, inciso III, do CPM.
2. Militar federal de folga e não atuando em razão da função que, no interior de um quartel, atira e mata
um civil sem qualquer excludente, pelo simples fato de ser torcedor do time de futebol rival, será
julgado pelo Tribunal do Júri, nos termos do artigo 9º, §1º, do CPM.
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3. Militar federal, piloto da FAB (Força Aérea Brasileira) que abate uma aeronave estrangeira considerada
hostil, de acordo com o previsto no artigo 303 do Código Brasileiro de Aeronáutica (CBAer), será
julgado pela Justiça Militar da União, nos termos do artigo 9º, §2º, inciso III, alínea “a”, do CPM.
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Aula 7 e 8 - Dos crimes contra a Autoridade ou Disciplina Militar. Motim, Revolta, Omissão de
Lealdade e Conspiração.
Motim
Comentários:
Concurso necessário, tendo em vista que há necessidade de participação de, pelo menos, dois
militares da ativa para configurar o motim ou revolta “reunirem-se militares”. Militar inativo pode
ser responsabilizado se estiver em concurso com outros dois militares da ativa, de acordo com o
art. 53 §1º, segunda parte, do CPM, bem como civil, porém este último só responde em concurso
se praticado contra as Forças Armadas.
27
De acordo com a Teoria Clássica, é o crime que só existe no CPM e só pode ser praticado por militar.
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A conduta é reunir que transmite a ideia de agrupar ou juntarem-se com os mesmos propósitos.
Importante salientar que a reunião de militares, dependendo da finalidade, não é crime, porém se
praticarem as condutas tipificadas neste artigo, ficará configurado o motim ou a revolta.
Existem duas condutas nesse inciso, a primeira “agindo contra” demonstra uma ação ou
movimento contrário a ordem recebia e a segunda conduta “negando-se a cumpri-la” demonstra
uma alegação contrária a ordem recebida, em ambas há manifestação de não cumprir. A ordem
tem que ter relação com as atividades profissionais,
Ou seja: a ORDEM deve ser: podendo ser escrita ou verbal.
O entendimento de superior para fins de aplicação da lei penal não é somente aquele superior
hierárquico, mas também que exerce autoridade sobre o outro do mesmo posto ou graduação, em
virtude da função (autoridade funcional), conforme o artigo 24 do CPM.
Há entendimento que a escala de serviço não configura ordem escrita para o cometimento de
motim, tanto é que, caso a escala de serviço fosse considerada ordem, o policial que falta ao
serviço ou atrasa deveria ser punido por descumprimento de ordem além do atraso e ou falta, nesse
sentido policiais militares que estão escalados e não comparecem ao serviço para se manifestar
pedindo melhores condições de trabalho e salariais, não estão cometendo o crime de motim,
somente infração administrativa, porém se receberem ordem para voltar ao serviço e não
cumprirem, estarão cometendo motim ou revolta.
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Admite-se a forma omissiva ou passiva quando não agem quando deveriam agir, diante de ordem
superior.
A ordem é posterior à reunião dos militares que na primeira conduta encontram-se agindo sem
ordem:
Agir sem ordem significa qualquer comportamento diferente daquele que o militar deve ter em
público ou em lugar sob a administração militar e a segunda conduta os militares estão praticando
violência contra terceiro, entre eles ou contra coisa.
Exemplo: Uma equipe composta por dois policiais militares prende em flagrante um
indivíduo e decidem, em comum acordo, agredi-lo antes de sua apresentação ao Delegado de
Polícia, porém, durante a agressão, são surpreendidos pelo Sargento Comandante de Grupo
Patrulha (CGP), que dá ordem para pararem com as agressões, sendo que os agressores se recusam
a obedecer à ordem do superior, os policiais militares cometem o crime de motim, além dos crimes
que, in tese, já estavam praticando antes.
O verbo assentir equivale a concordar, ou seja, na primeira parte os militares aderem uns à vontade
dos outros na recusa de obediência, na segunda assentindo em resistência corresponde a
concordarem em resistir contra superior exemplo: bloquear a passagem deste, postando-se a sua
frente na terceira parte assentindo em violência contra superior corresponde a concordarem a
praticar violência contra superior, não há necessidade de que da violência resulte lesão corporal.
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Revolta
Parágrafo único. Se os agentes estavam armados:
Pena - reclusão, de oito a vinte anos, com aumento de um terço para os
cabeças.
Para configurar a revolta basta a presença de dois militares armados, ainda que não utilizem
as armas efetivamente, podendo estar dissimulada, porém é necessário que conheçam a condição
de estarem armados os demais, aqueles que desconhecerem respondem por motim.
Pode ser arma imprópria, desde que tenham sido efetivamente utilizadas como instrumento de
ameaça ou agressão. Como por exemplo, um grupo de militares amotinados no interior de uma
cozinha do quartel, onde há facas muito bem afiadas e outros materiais perfuro-contundentes.
Caso, pelo menos, dois deles se utilizarem desses instrumentos para ameaçar ou lesionar alguém
que tente desmobilizar a conduta criminosa, o crime será de revolta, mesmo se tratando de arma
branca e imprópria.
Aplicam-se os mesmos entendimentos as condutas acima estudadas aos cabeças, são aqueles que
provocam e instigam a ação delituosa em um crime de autoria coletiva; já o oficial, mesmo sem
liderar, em companhia de subordinados hierárquicos será considerado cabeça. Vide os §§ 4º e 5º
do art. 53 do CPM.
Verifica-se, no tipo penal em estudo, que duas são as formas de cometimentos de omissão de
lealdade militar:
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Na segunda parte o militar está presente ao motim ou revolta, porém não participa, mas deixa de
tomar atitude para tentar impedir, deve-se salientar que o agente não está praticando o crime de
motim ou revolta, mas apesar de não participar do delito, omite-se em tentar impedi-lo.
O militar que leva ao conhecimento de seus superiores não é um delator, mas um cumpridor dos
seus deveres
Conspiração
Art. 152. Concertarem-se militares ou assemelhados para a prática do
crime previsto no artigo 149:
Pena - reclusão, de três a cinco anos.
Isenção de pena
Parágrafo único. É isento de pena aquele que, antes da execução do crime
e quando era ainda possível evitar-lhe as consequências, denuncia o ajuste
de que participou.
Cometem o crime de conspiração e depois este pode ser absorvido pelo crime de motim, se este
vier a ser praticado.
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Crime tipicamente militar28: são crimes que só existem no CPM, mas que, diferentemente dos
propriamente militar, também podem ser cometidos por civis, uma vez que não é crime próprio, ou
seja, aquele que prevê qualidade especial do sujeito ativo, e neste caso não necessita ser praticado
exclusivamente por militar, podendo haver o civil no polo ativo. Em suma, é o crime que está
previsto apenas no Código Penal Militar, independentemente do sujeito ativo que o pratica.
Crime que pode ser praticado por qualquer pessoa, neste caso na esfera estadual o civil não
comete, somente na esfera federal. O civil quando praticar esta conduta contra instituições
militares estaduais poderá incorrer no crime previsto no art. 286 do Código Penal Comum. Há
necessidade que o aliciamento seja direcionado a militar e não é preciso, para configurar o crime,
que o aliciamento seja direcionado a vários militares. Aliciar corresponde a incentivar, instigar,
seduzir o militar para a prática dos crimes de motim ou revolta, omissão de lealdade, conspiração,
entre outros.
Não basta o simples convite para consumar, há necessidade de que o militar seja aliciado de fato,
caso não seja, haverá somente a tentava.
Exemplo: Militar que entrega panfletos a outros militares com dizeres de incentivo a
prática de greve e convence militar a praticar o ato de motim.
Crime tipicamente militar, mas que pode ser cometido por qualquer pessoa.
28
CRUZ, Ione Souza e MIGUEL, Cláudio Amin. Elementos de direito penal militar: parte geral. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2005, p. 24.
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A conduta consiste em exaltar, elogiar, enaltecer, engrandecer crime militar, criando a ideia em
alguém de que aquilo seja algo que deva ser feito, alcançado, a outra conduta prevista consiste em
enaltecer, engrandecer autor de crime militar, visando o enaltecimento do desvio de conduta. O
elogio a pessoa que praticou crime militar relacionado a suas qualidades pessoais não configura o
crime.
Para ocorrer à conduta deve ser praticada em local sujeito a administração militar, fora desse local
poderá subsumir ao crime do art. 287 do Código Penal Comum.
Aula 11 e 12 - Da violência contra superior. Violência contra superior; formas qualificadas; violência
contra militar de serviço.
Trata-se de crime propriamente militar, podendo ser o sujeito ativo tanto o militar ativo quanto
inativo, neste caso somente quando atentar contra a instituição militar, conforme hipótese do
inciso II, do art. 9º do CPM. O militar inativo pode ser vítima desse crime, porém, tanto como
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Quanto à violência, consiste em imprimir força contra corpo do superior, não vale para coisas,
como amaçar carro do superior, mesmo este estando dentro do veículo. Além disso, não há
necessidade em nenhum caso, do resultado de lesão corporal. Porquanto, não se considerará
violência apenas quando o superior for atingido pessoalmente pela vítima, mas também pelo
arremesso de um objeto.
Formas qualificadas
§ 1º Se o superior é comandante da unidade a que pertence o agente, ou
oficial general:
Pena - reclusão, de três a nove anos. ”
Pode ser arma própria ou imprópria, mas que seja empregada para a prática da violência, não
bastando que o agressor a porte.
O militar também irá responder pela lesão corporal caso essa ocorra, tendo em vista que o crime de
lesão corporal e violência contra superior atingem bens jurídicos diversos e são tutelados por
dispositivos diferentes.
Independe estarem em serviço o autor, o ofendido, ou ambos, bastar haver um dos militares em
serviço ou agindo em razão do serviço.
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Trata-se de crime tipicamente militar, podendo ter como sujeito ativo o militar federal ou dos
Estados, podendo ser praticado por superior contra subordinado, bem como qualquer civil, esse
somente na esfera federal. O sujeito passivo é a Instituição Militar e secundariamente, o militar
agredido.
Quanto à violência, deve ser de forma física, e deverá ser direcionada ao militar que esteja
desempenhando alguma das funções taxadas no tipo penal, quais sejam:
Formas qualificadas
§ 1º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de um terço.
§ 2º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da
violência, a do crime contra a pessoa.
§ 3º Se da violência resulta morte:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
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Desrespeito a superior
Art. 160. Desrespeitar superior diante de outro militar:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais
grave.
Desrespeito a comandante, oficial general ou oficial de serviço.
Parágrafo único. Se o fato é praticado contra o comandante da unidade a
que pertence o agente, oficial-general, oficial de dia, de serviço.
Trata-se de crime propriamente militar, podendo ter como sujeito ativo o militar da ativa e inativa,
desde que seja inferior hierárquico, restringindo o cometimento do delito por militar federal ou do
Estado.
No caso de militar da ativa ser autor, este pode cometer o crime contra superior hierárquico e
também contra superior funcional, já o inativo figurando como autor somente cometerá o crime
contra superior hierárquico, tendo em vista não ter mais subordinação funcional na Instituição
Militar.
Se o crime é praticado contra superior de serviço configura o crime de desacato a superior, art. 298
do CPM. O sujeito passivo, é a Instituição Militar e secundariamente, o militar desrespeitado.
Além disso, para haver a configuração do crime, o tipo penal prevê que as condutas sejam
praticadas diante de outro militar. Se for praticado por um militar estadual diante de um militar das
Forças Armadas, segundo a doutrina, não configura o crime, se for praticado por um militar
estadual diante de outro militar estadual de outro Estado configura o crime, segundo a doutrina.
Policial Militar da PMESP pode praticar o crime contra superior hierárquico da Polícia Militar de
outro estado, inclusive fora do estado de SP.
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Com relação a forte emoção, desabafo momentâneo, há entendimento doutrinário que não há
configuração o crime, pois não existe o dolo, outro é que comete o crime e por fim é que atenua.
Portanto, é esperado e previsto que o militar deve ter educação, conduta discreta, não deve ter
“animus jocandi”, ou seja, gracejar, criticar, corrigir conduta de superior de modo grosseiro e
desrespeitoso.
Importante ressaltar que o estado de embriaguez voluntário, não exime o militar da imputação do
crime.
Trata-se de crime propriamente militar, podendo ser cometido somente por militar da ativa. O civil
e o militar inativo podem praticar em concurso com o militar da ativa, conforme circunstâncias já
elencadas.
O crime consiste em desrespeitar, menosprezar, insultar, vilipendiar, podendo ser praticado por
gestos, desenhos, escritos, palavras, etc.
São considerados símbolos nacionais, conforme art. 13, §1º, da CF/88, a Bandeira, o Hino, as
Armas e o Selo Nacionais.
Despojamento desprezível
Art. 162. Despojar-se de uniforme, condecoração militar, insígnia ou
distintivo, por menosprezo ou vilipêndio:
Pena - detenção, de seis meses a um ano.
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o fato é praticado
diante da tropa, ou em público.
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Segundo a doutrina, trata-se de crime propriamente militar. Ainda que um civil receba a
condecoração militar a ele conferida e tal conduta seja realizada por ele, não abala a disciplina
militar, a qual é tutelada pelo tipo penal.
O verbo despojar corresponde a tirar aquilo que cobre, despir, sendo que para configurar o crime
existem elementos subjetivos menosprezo que corresponde a desdém, desrespeito, descaso e
vilipêndio que corresponde a ultraje, pirraça, etc. O militar tem de despojar o próprio fardamento,
caso pratique a conduta contra terceiro, não estará caracterizado este crime, podendo caracterizar
outro crime militar.
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DA INSUBORDINAÇÃO
Recusa de Obediência
Art.163- Recusar obedecer à ordem do superior sobre assunto ou matéria
de serviço, ou relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou
instrução:
Pena: detenção de um a dois anos, se o fato não constitui crime mais
grave.
Trata-se de crime propriamente militar, sendo admitidos como sujeito ativo apenas o militar da
ativa ou inativo. O sujeito passivo trata-se novamente da Instituição Militar, e secundariamente o
superior, hierárquico ou funcional, este último apenas para militar da ativa.
O crime caracteriza-se pela falta de subordinação, ou seja, não querer voluntariamente cumprir
ordem legal determinada por superior. O núcleo da conduta é recusar, negar acatamento, o que
pode materializar-se quando o subordinado permanece inerte sem acatar o que lhe foi determinado
ou agir de forma contrária ao que lhe foi determinado.
A ordem deve ser legal, não importando se verbal ou escrita e deve ser emanada por superior. A
ordem deve ser imperativa, pessoal e concreta. Para caracterização do delito em estudo é
necessário que a ordem do superior verse sobre assunto ou matéria de serviço, ou a dever
imposto em lei, regulamento ou instrução.
Quanto à ordem manifestamente criminosa, esta não deve ser cumprida, sob pena do inferior
hierárquico responder pelo crime cometido, § 2º do art. 38 do CPM: “Se a ordem do superior tem
por objeto a prática de ato manifestamente criminoso, ou há excesso nos atos ou na forma da
execução, é punível também o inferior”.
Porém, caso haja por parte do inferior hierárquico, o alerta de ilegalidade da ordem de maneira
desrespeitosa, poderá haver subsunção do fato pelo crime previsto no art. 160 do CPM
(desrespeito a superior).
O presente delito não admite coautoria, sendo certo que havendo a recusa coletiva, no caso de mais
de um militar se recusar a cumprir ordem de superior, configurará o motim ou a revolta.
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Trata-se de crime tipicamente militar, sendo possível o sujeito ativo ser militar federal ou dos
Estados, bem como qualquer civil, este somente na seara federal. Importante notar que militar de
qualquer posto ou graduação, poderá figurar como sujeito ativo, ainda que superior hierárquico do
militar na função de Sentinela. O sujeito passivo trata-se da Instituição Militar, e secundariamente
a Sentinela.
Evidentemente a Sentinela não é criadora das ordens, mas é ela quem transmite as ordens
emanadas de uma autoridade competente, seja o Comandante da Unidade, Oficial de Dia.
Cabe destacar que são funcionalmente superiores à sentinela: Cabo da Guarda, Comandante da
Guarda, Adjunto de Dia, Oficial de Dia, Subcomandante da Unidade e Comandante da Unidade.
A ordem pode ser descumprida por aquele funcionalmente superior à sentinela desde que
manifeste nova ordem ou reforme. Isso poderá ocorrer devido à necessidade e dinâmica do
serviço, por demandas emergenciais e necessárias, devendo posteriormente cientificar o superior
funcional a necessidade de reformar a ordem de superior, por exemplo, Cabo da Guarda que
reforma ordem de Oficial de Dia, poderá arcar com as consequências de sua atitude, e incorrer no
crime de recusa de obediência art. 163 CPM, mas não no art. 164, pois não está se opondo a ordem
do sentinela, mas desconsiderando ou recusando a obedecer seu superior hierárquico.
Outra situação ocorre quando o Oficial de Dia determina à Sentinela ordem para que ninguém
ingresse no interior de determinada área da instalação, o Cabo da Guarda, sabedor dessa condição,
em face da ordem transmitida pela Sentinela, apenas a ignora e consegue ingressar no interior
daquela área, neste caso incorre no art. 164.
Reunião ilícita
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Refere-se a um crime tipicamente militar, sendo o sujeito ativo militar da ativa, inativo ou civil,
conforme hipóteses já estudadas. Para configurar, há necessidade de participação na reunião de no
mínimo dois militares.
Promover significa organizar, acionar, convocar, mobilizar, para discutir os assuntos previstos no
tipo penal. Tomar parte significa participar, estar presente de forma engajada.
Caso um militar superior ao militar cujos atos serão discutidos, empreste local para subordinados
praticarem a reunião, não haverá coautoria, no máximo a participação. Caso esse mesmo militar
superior promova a reunião ou nela tomar parte, o crime estará descaracterizado, porquanto não
teremos inferiores militares promovendo reunião ou se reunindo para discutir o ato de um
superior.
Devido a restrições legais impostas aos militares, existe a restrição quanto à promoção e
participação de reunião, contudo não deve ser generalizada essa ideia e sim interpretada de forma
restrita no sentido de que é crime a organização ou participação em reunião que critique
negativamente ato de superior ou assunto atinente a disciplina.
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O sujeito ativo do delito em tela será o militar federal ou estadual. Sujeito passivo será a
Instituição Militar, e secundariamente o militar superior quando for crítica de ato de superior.
Publicar é tornar público, de viva voz, por escrito, qualquer meio de comunicação. Ato consiste
em declaração verbal ou escrita da autoridade militar, relativo a assuntos atinentes a Instituição
Militar e documento qualquer objeto hábil para transmitir uma ideia, através da escrita, desenho,
número, figura geométrica, fita de vídeo etc.
A crítica tem que ser negativa e recair sobre ato de superior ou assunto atinente a disciplina ou
qualquer resolução do governo.
Irrelevante se o público que toma ciência é interno ou externo, logicamente se for público
interno a lesão aos bem jurídicos protegidos será menor e isso contara na dosimetria da pena.
O tipo penal abrange tanto a publicação, sem licença, de documento oficial, como a crítica de ato
superior à disciplina militar e a resolução do governo.
Aula 17 e 18 - Dos crimes contra o serviço militar e dever militar. Ausência Ilegal e Deserção.
DESERÇÃO
Art. 187- Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou
do lugar em que deve permanecer, por mais de oito dias.
Pena: detenção, de seis meses a dois anos, se oficial, a pena é agravada.
Tal delito subtende que o militar deveria estar em determinado local por força de escala ou ordem
escrita ou verbal, porém, se encontra ausente.
Ausentar-se significa afastar-se, furtar-se de estar no lugar que deveria por imposição do dever e
do serviço militar. Esse afastamento deve ser injustificado, sem licença.
O tipo penal estabelece um período, além do qual há a configuração da deserção. Durante esse
período, fixado em oito dias, não configura crime, somente infração administrativa, encontrando-
se o militar em ausência ilegal, ou seja, do dia da falta ao serviço até o momento da consumação
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da deserção o militar estará incorrendo somente em infração administrativa, porém poderá ser
punido administrativamente com demissão.
Esse período é conhecido como período ou prazo de graça e, nesse sentido, NÃO CABE
TENTATIVA no crime de deserção por se tratar de um delito formal.
Para a contagem dos oito dias, se iniciará à 00h do dia seguinte a falta ao serviço.
A ausência ilegal começa às 00h do dia seguinte a falta ao serviço e a parte (documentação) de
ausência ilegal deverá ser lavrada 24h após o início da ausência ilegal.
No caso do militar faltar ao serviço, e no dia seguinte entraria de férias, neste caso, inicia-se a
contagem do tempo para configurar a deserção.
Exemplo 1: Policial Militar regularmente escalado dia 10 das 07h00 às 19h00 falta ao
serviço:
Às 00h00: inicio Às 00h00:
da contagem da Consumação da
ausência. Deserção.
elaboração de
Parte de
ausência.
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
El
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
El El El El El El El El El El El
Conforme jurisprudências, o militar deve se apresentar na sua OPM para interromper a contagem
de prazo para configuração de deserção, não interrompendo o prazo de deserção se realizar contato
telefônico, ou mesmo se apresentar em OPM diversa daquele que serve sem justificativa.
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Nesse caso, o Militar não retorna após o afastamento regular. Considera-se “trânsito” o
afastamento legal em razão de classificação em outra unidade, deve deslocar-se para a assunção de
seu novo encargo, tendo cada Instituição a sua regra própria.
Inicia-se a contagem a contar da 00h do dia que o militar deveria se apresentar, ou seja, se deveria
se apresentar dia 11 e não comparece, as 00h do dia 11 começa o prazo de contagem de 08 dias,
consumando-se a deserção às 00h do dia 19.
No caso do policial que cumpre escala 12x36, se o dia de retorno ao serviço coincide com o
término das férias, vale a contagem acima, se sua escala foi alterada, ou seja, normalmente ele
voltaria a trabalhar um dia depois do término das férias, mas seu turno foi alterado para que ele
retorne a trabalhar no dia de término das férias, há duas hipóteses, 1 se ele foi avisado dessa
alteração vale a contagem do Art.188, se ele não foi avisado, há apenas a publicação em escala,
vale a contagem do Art. 187, ou seja, se inicia as 00h do dia seguinte a falta ao serviço.
Nesse caso, licença abrange uma variedade de afastamentos dependendo da Instituição, pode ser
núpcias, luto, licença prêmio, dispensa do serviço, dispensa recompensa. Agregação é uma
inatividade temporária do militar, como por exemplo, a licença sem vencimentos, afastamento
para concorrer a cargo eletivo e para tratamento de saúde própria ou em pessoa da família (todos
constantes no art. 5º do Dec-lei nº 260/70). Estado de sítio se considera como manobra de
contenção de forças agressivas ao Estado Democrático de Direito.
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Por último, tendo o militar cumprido pena privativa de liberdade por crime (comum ou militar),
não se apresenta, dentro do prazo de oito dias, na unidade em que serve.
Considerações:
Importante ressalvar que nesses três primeiros casos assimilados à deserção, a contagem é feita de
forma diversa a deserção (Art. 187), por força da expressão “dentro do prazo de oito dias”,
conforme segue no esquema abaixo:
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ABANDONO DE POSTO
Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de serviço que
lhe tenha sido designado, ou o serviço que lhe cumpria, antes de terminá-
lo:
Posto é local certo e determinado, fixo ou não, quando móvel deve ter o percurso demarcado,
crime de mera conduta, não necessidade de dano efetivo.
Exemplo: policial que está escalado na guarda do quartel e vai a um bar nas proximidades, outro
exemplo policial militar que sai da área onde deveria realizar patrulhamento, sem justificativa e
autorização.
Policial abandona o serviço, mesmo depois do término do seu horário em caso de atraso da
rendição.
Abandono de serviço aquele que está em perseguição a um desertor e resolve parar para lanchar.
O afastamento do posto deve causar a incapacidade de reação do militar, ou seja, ele não vai ter
condições de exercer as funções do seu posto em uma eventualidade, não há crime se mantem
contato visual e condições de agir.
Embriaguez em serviço
Estado de embriaguez pode ser aferido através de exame clínico (independe de colaboração do
autor) ou de dosagem de substância, este último o militar tem que colaborar.
Pode haver divergências quanto à constatação uma vez que o exame clínico pode constatar
alcoolizado e o de dosagem embriagado, sendo que hoje o exame clínico tem mais peso, pois ele
analisa o comportamento e reações do indivíduo, sendo que a dosagem alcoólica pode ter
diferentes efeitos em cada organismo.
O crime também fica configurado com substância entorpecente, caso seja detectado.
O militar que devido ao estado de embriaguez não consegue chegar ao serviço, mesmo que
fardado e a caminho do trabalho, não comete o crime, também não comete o crime militar que
bebe na noite anterior ao serviço, pernoita no quartel porém não se apresenta para o trabalho.
Dormir em serviço
Art. 203. Dormir o militar, quando em serviço, como oficial de quarto ou
de ronda, ou em situação equivalente, ou, não sendo oficial, em serviço de
sentinela, vigia, plantão às máquinas, ao leme, de ronda ou em qualquer
serviço de natureza semelhante:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Oficial de quarto ou de ronda equivale ao CFP, se aplica também ao patrulheiro (de ronda).
Deve haver o dolo, as circunstâncias devem ser analisadas, sentinela que senta em local
confortável e se encosta assume o risco, o patrulheiro que, recebendo a determinação para ficar em
posto fixo e ermo com a viatura, fica sentado dentro dela, por serem fortes o frio e a chuva e a
altas horas da madrugada, sem local de abrigo fora do veículo, cai no sono estando o banco na
posição normal e, pela posição física em que foi flagrado, não se evidenciando o dolo de dormir,
tudo indicando que dormir não era sua intenção, mas sim que fora vencido pelo sono. Diferente
situação é a daquele que foi flagrado com o banco da viatura rebaixado e com algum objeto
colocado como travesseiro para lhe facilitar a acomodação e o sono.
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DO DESACATO E DA DESOBEDIÊNCIA
Desacato a Superior
Art. 298- Desacatar superior, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, ou
procurando deprimir-lhe a autoridade;
Pena: reclusão, até 04(quatro) anos, se o fato não constitui crime mais
grave.
Agravação da Pena
Parágrafo único: A pena é agravada, se o superior é Oficial General ou
Comandante da unidade a que pertence o agente.
Nesse tipo penal, considera-se superior tanto a figura do superior hierárquico quanto o funcional.
Além disso, poderá figurar como sujeito ativo o militar ativo ou inativo.
Desacatar define-se como faltar com devido respeito, desmerecer, menoscabar, afrontar. É lugar-
comum na doutrina e jurisprudência a necessidade da presença do superior a ofensa, não há
necessidade de ser face a face, pode ser via rede de rádio.
Dignidade consiste no conjunto de atributos morais da pessoa do superior que infundem respeito,
como a honra, a autoridade.
Decoro, por sua vez, é o conjunto de atributos físicos e intelectuais, aquilo que evidencia sua
decência.
Para configurar o desacato há necessidade que ofensa seja proferida no exercício da função
ou que seja em razão dela. Esse nexo funcional pode se apresentar de duas formas:
Ocasional - quando a ofensa ocorre onde e quando esteja o funcionário a exercer funções
de seu cargo;
Causal - quando, embora presente, o ofendido não esteja a desempenhar ato de ofício, mas
a ofensa se dê em razão do exercício de sua função.
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Importante distinguir o desacato a superior do crime de desrespeito a superior (art. 160 do CPM).
O desrespeito consiste em uma falta de consideração mais branda, enquanto o desacato traduz-se
em franca agressão ao superior, de modo mais agressivo, ofendendo-lhe a própria dignidade e
decoro, mas a principal diferença está na necessidade de, para se configurar o desacato, haver
relação com a função que o superior exerça.
Pode-se concluir, então, que o desacato a superior poderia ser compreendido como o desrespeito a
superior praticado no desempenho da função, ou em razão dela. Nesse sentido, o desacato a
superior absorve o desrespeito a superior.
Pratica o delito de desacato a superior o subordinado que se dirige ao oficial de serviço com
palavras de baixo calão e ameaças ofensivas à honra e à integridade do oficial, que agia no sentido
de fazer cumprir as ordens emanadas de seu Comandante.
Desobediência
No que concerne ao sujeito ativo, o crime em estudo pode ser praticado por qualquer pessoa, seja
militar da ativa ou inativo, ou ainda por um civil, exclusivamente no âmbito federal.
A ação nuclear do tipo é o verbo desobedecer, que significa deixar de cumprir, não atender a
ordem legal de autoridade militar. Importante destacar que a ordem legal é aquela emanada de
autoridade militar competente e de acordo com as formalidades e requisitos legais atendendo sua
finalidade, sendo que de outro modo a ordem manifestamente ilegal não deve ser cumprida. A
ordem legal deve ser direta e com destinatário certo.
Importante diferenciar tal delito com o crime de recusa de obediência (Art.163), no qual a ordem é
expressa e clara no sentido de ser atinente ao serviço ou a dever imposto em lei, regulamento ou
instrução, sendo, portanto, um delito mais específico a esses objetos jurídicos. Já na desobediência
o objeto da ordem é genérico, ou seja, o seu conteúdo é genérico.
Exemplo: o policial militar fora do horário de serviço, que não acata ordem de parada de
trânsito, uma vez que o conteúdo da ordem é um dever legal imposto a todos, independentemente
da qualidade de ser policial militar ou não, e também por não ser ordem específica de uma relação
hierárquica, em que ocorreria a recusa de obediência.
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Aula 25 e 26 - Dos crimes contra o dever funcional. Inobservância de lei, regulamento ou instrução.
Violação ou divulgação indevida de correspondência ou comunicação. Violação de sigilo funcional.
O militar, devido a função que exerce, tem conhecimento ou acesso à informação sigilosa e a
facilita ou revela, causando prejuízo a administração militar. Revela o fato para outra pessoa.
Exemplo: Agente de Inteligência (P/2), que tem acesso a documentos secretos, reservados e os
revela ou facilita o conhecimento por pessoas indevidas.
Exemplo: Policial Militar que exerce sua função na Seção de Polícia Judiciária Militar e
Disciplina, (SPJMD) que tem acesso a inquérito policial ou outro procedimento que por sua
natureza é inerente o sigilo e revela seu conteúdo a terceiro. Violação de sigilo de provas e exames
também caracteriza esse delito.
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Furto simples
Art. 240. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, até seis anos.
Para que haja furto de uso, a restituição da coisa pelo agente deve ser feita imediatamente após sua
utilização, de livre e espontânea vontade e no mesmo local e estado em que se encontrava.
Conceito de Princípio: na doutrina de Miguel Reale, em uma concepção lógica, são “certos
enunciados lógicos admitidos como condição ou base de validade das demais asserções que
compõem dado campo do saber”, continua ao conceituar princípios como “‘verdades fundantes’
de um sistema de conhecimento, como tais admitidas, por serem evidentes ou por terem sido
comprovadas”29
O princípio do Devido Processo Legal está insculpido como direito e garantia fundamental no
artigo 5º, inciso LIV, da CRFB/88: “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
devido processo legal”.
Esse princípio, historicamente, foi positivado na Magna Carta de 1215, do Rei João Sem Terra, em
seu postulado nº 39 (ou também chamado de artigo):
29
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. – 27ª ed. ajustada ao novo código civil. – São
Paulo : Saraiva, 2002, p. 303.
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O Devido Processo Legal pode ser conceituado como um direito fundamental de ser julgado
por um juiz competente, em uma sequência de atos predefinida, assegurando ao réu ou
acusado garantias, tais como a ampla defesa e o contraditório, juiz natural, proibição de
provas ilícitas, imparcialidade do juiz, igualdade entre as partes, direito ao silêncio, dentre
outros.
O Supremo Tribunal Federal entende que esse princípio deve ser aplicado aos processos
administrativos (AI 592.340 AgR/PR, rel. Ministro Enrique Ricardo Lewandowski, 1ª Turma,
julgado em 20 de novembro de 2007).
Note-se que também são aplicados ao processo administrativo, segundo o próprio texto da
Constituição Federal de 1988.
No bis in idem
Nas palavras de COIMBRA NEVES30: “Por esse princípio veda-se que alguém seja punido
criminalmente duas vezes por ter praticado o mesmo fato.”.
Cumpre destacar que o princípio deriva do artigo 5º, XXXVI, da CRFB/88, que traduz a
imutabilidade de coisa julgada, conforme segue:
30
COIMBRA NEVES, Cícero Robson. Manual de direito processual penal militar : em tempo de paz. – 2ª ed. – São
Paulo : Saraiva, 2017, p. 110
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Na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, também conhecida como Pacto de São José da
Costa Rica, consta no item 4 do artigo 8º, o princípio da proibição de dupla punição pelo mesmo
fato: “O acusado absolvido por sentença passada em julgado não poderá ser submetido a novo
processo pelos mesmos fatos.”
Esse princípio reza que o condenado poderá recorrer à instância superior para um novo julgamento
dos seus atos, com o propósito de dirimir erros que possam ter ocorridos na 1ª instância. Em
termos práticos, o princípio traz, entre outros direitos, o direito de apelação da sentença do juiz em
primeiro grau.
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Partindo dessa premissa, a pessoa é considerada inocente até que a decisão alcance o trânsito em
julgado31, garantindo-se assim o seu estado de inocência.
Segundo a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, item 2 do artigo 8º: “Toda pessoa
acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se comprove
legalmente sua culpa. ”
Por esse estado de inocência se extrai também o princípio do In dubio pro reo, expressão do latim
que significa: na dúvida, a favor do réu. É o que está evidente no artigo 439, alíneas “c” e “e” do
Código de Processo Penal Militar.
Na lei processual penal militar também há, de maneira expressa, esse direito, nos termos do artigo
296, §2º, conforme segue.
Art. 296. O ônus da prova compete a quem alegar o fato, mas o juiz
poderá, no curso da instrução criminal ou antes de proferir sentença,
determinar, de ofício, diligências para dirimir dúvida sobre ponto
relevante. Realizada a diligência, sobre ela serão ouvidas as partes, para
dizerem nos autos, dentro em quarenta e oito horas, contadas da
intimação, por despacho do juiz.
[...]
31
Sentença condenatória transitada em julgado é a aquela da qual não cabe mais recurso.
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A regra no processo é sempre o gozo do direito de liberdade, sendo excepcional qualquer forma de
cerceamento da liberdade do acusado. Assim, conclui-se que a prisão cautelar (prisão temporária
ou preventiva, por exemplo) será sempre uma exceção. Tal princípio está, dentre outras
disposições legais, previsto no artigo 5º, inciso LXI, da CRFB/88.
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
Ao presente estudo trona-se importante perceber que o princípio está limitado aos casos de
transgressão militar (na PMESP, previstas no RDPM) e aos crimes propriamente militar.
Na Constituição Federal de 1988, artigo 5º, inciso LVI: “são inadmissíveis, no processo, as provas
obtidas por meios ilícitos”.
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Cabe mencionar que o código de processo penal comum (CPP), alterado pela Lei nº 11690, de 09
de junho de 2008, definiu provas ilícitas como aquelas obtidas em violação a normas
constitucionais ou legais. Por exemplo, a confissão obtida mediante tortura e a prova obtida de
violação do domicílio constituem provas ilícitas. O artigo 157 do CPP, em seu parágrafo 1º inseriu
no ordenamento jurídico brasileiro a Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada. Segundo essa
teoria, tudo que é extraído de uma prova ilícita também será ilícito. 32
Apesar do CPPM (Lei de 1969) não ter expressado diretamente o termo prova ilícita, deve ser o
seu dispositivo interpretado conforme a Constituição Federal de 1988 e o Código de Processo
Penal Comum, e tronando inadmissível também a prova ilícita no processo penal militar. Nesse
sentido, o ilustre professor COIMBRA NEVES33:
32
NUNES JÚNIOR, Flávio Martins Alves. Curso de direito constitucional. – 3ª ed. – São Paulo : Saraiva Educação,
2019, p. 849.
33
COIMBRA NEVES, Cícero Robson. Manual de direito processual penal militar: em tempo de paz. – 2ª ed. – São
Paulo : Saraiva, 2017, p. 138
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Juiz Natural
O princípio que prevê Juiz Natural consiste na ideia de se ter um órgão julgador predefinido e
constituído por uma autoridade judicial competente, conforme se interpreta os incisos XXXVII e
LIII do artigo 5º da CRFB/88.
Na Convenção Americana sobre os Direitos Humanos está previsto no artigo 8º, item 1:
“Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro
de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e
imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer
acusação penal formulada contra ela, ou para que se determinem seus
direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer
outra natureza.” (grifo nosso)
34
COIMBRA NEVES, Cícero Robson. Manual de direito processual penal militar: em tempo de paz. – 2ª ed. – São
Paulo : Saraiva, 2017, p. 145.
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Art. 7º A polícia judiciária militar é exercida nos têrmos do art. 8º, pelas
seguintes autoridades, conforme as respectivas jurisdições:
a) pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, em todo o
território nacional e fora dele, em relação às forças e órgãos que
constituem seus Ministérios, bem como a militares que, neste caráter,
desempenhem missão oficial, permanente ou transitória, em país
estrangeiro;
b) pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, em relação a
entidades que, por disposição legal, estejam sob sua jurisdição;
c) pelos chefes de Estado-Maior e pelo secretário-geral da Marinha, nos
órgãos, forças e unidades que lhes são subordinados;
d) pelos comandantes de Exército e pelo comandante-chefe da Esquadra,
nos órgãos, forças e unidades compreendidos no âmbito da respectiva
ação de comando;
e) pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, nos
órgãos e unidades dos respectivos territórios;
f) pelo secretário do Ministério do Exército e pelo chefe de Gabinete do
Ministério da Aeronáutica, nos órgãos e serviços que lhes são
subordinados;
g) pelos diretores e chefes de órgãos, repartições, estabelecimentos ou
serviços previstos nas leis de organização básica da Marinha, do Exército
e da Aeronáutica;
h) pelos comandantes de forças, unidades ou navios;
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O exercício de PJM jamais se dará por delegados de polícia civil, conforme reza o artigo 144, § 4º,
da CRFB/88, que “às policias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem,
ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações
penais, exceto as militares. ” (grifo nosso)
Cabe salientar que o critério de antiguidade não ocorre aos oficiais da reserva ou reforma em
relação aos ativos, e, por isso, basta o militar ativo, encarregado do IPM, ser do mesmo posto do
acusado/indiciado. Tudo isso, conforme dispões os parágrafos 1º ao 4º do artigo 7º do CPPM.
Delegação do exercício
§ 1º Obedecidas as normas regulamentares de jurisdição, hierarquia e
comando, as atribuições enumeradas neste artigo poderão ser delegadas a
oficiais da ativa, para fins especificados e por tempo limitado.
§ 2º Em se tratando de delegação para instauração de inquérito policial
militar, deverá aquela recair em oficial de posto superior ao do indiciado,
seja este oficial da ativa, da reserva, remunerada ou não, ou reformado.
§ 3º Não sendo possível a designação de oficial de posto superior ao do
indiciado, poderá ser feita a de oficial do mesmo posto, desde que mais
antigo.
§ 4º Se o indiciado é oficial da reserva ou reformado, não prevalece, para
a delegação, a antiguidade de posto.
Há hipótese da acusação no bojo do IPM recais sobre o oficial da ativa de maior posto e mais
antigo da corporação, e, para tanto, o CPPM prevê em seu artigo 7º, §5º, a designação de oficial da
reserva de posto mais elevado ou mais antigo.
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A reversão do oficial da reserva para o serviço ativo na PMESP está prevista no artigo 26, inciso
III, do Decreto-lei estadual nº 260, de 29 de maio de 1970, por ato do governador, conforme
segue:
75
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A principal competência de PJM está consignada na primeira parte da alínea “a” do referido
artigo: apuração dos crimes militares.
Outra qualidade importante do Inquérito (seja comum ou militar) é de ser dispensável, conforme
dispõe o CPPM, em seu artigo 28.
Dispensa de Inquérito
Art. 28. O inquérito poderá ser dispensado, sem prejuízo de diligência
requisitada pelo Ministério Público:
a) quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por documentos
ou outras provas materiais;
b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de escrito ou
publicação, cujo autor esteja identificado;
c) nos crimes previstos nos arts. 341 e 349 do Código Penal Militar.
35
MORAES, Reynaldo Zychan de. Os crimes militares e o inquérito policial militar: uma visão prática. São Paulo :
Livraria Científica Ernesto Reichmann, 2003, p. 75.
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Finalidade do inquérito
Art. 9º O inquérito policial militar é a apuração sumária de fato, que, nos
termos legais, configure crime militar, e de sua autoria. Tem o caráter de
instrução provisória, cuja finalidade precípua é a de ministrar elementos
necessários à propositura da ação penal.
Parágrafo único. São, porém, efetivamente instrutórios da ação penal os
exames, perícias e avaliações realizados regularmente no curso do
inquérito, por peritos idôneos e com obediência às formalidades previstas
neste Código.
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Inclusive se no curso do inquérito, o encarregado deverá tomar providências para que não se
suprima a hierarquia ou antiguidade do militar acusado, conforme artigo 10, §5º, do CPPM
O Artigo 18 da Lei 13.964, de 24 de dezembro de 2019, acrescentou o artigo 16-A ao CPM, que
passou a ter a seguinte redação:
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Com isso, os IPM continuam a ser instaurados normalmente, entretanto, quando o “objeto for a
investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de
forma consumada ou tentada”, o oficial delegado pela autoridade competente, conforme o §2º do
art.10, deverá cumprir as determinações do Artigo 12 do CPPM, que são as medidas preliminares
ao inquérito.
Após isso, deverá ser instaurado o IPM e deverão ser realizadas algumas medidas previstas no
Artigo 13 e seguintes do CPPM, ou seja, deverá instruir os autos com provas cautelares,
testemunhais e antecipadas, realizando todos os atos ordinários de investigação que não
importem na participação direta do investigado (oitiva do ofendido, das testemunhas, etc),
sendo vedada a realização de atos que dependem da participação direta do investigado.
(Interrogatório, reprodução simulada dos fatos, acareação, reconhecimento pessoal, etc).
Formação do inquérito
Art. 13. O encarregado do inquérito deverá, para a formação deste:
Atribuição do seu encarregado
a) tomar as medidas previstas no art. 12, se ainda não o tiverem
sido;
b) ouvir o ofendido;
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c) ouvir o indiciado;
d) ouvir testemunhas;
e) proceder a reconhecimento de pessoas e coisas, e acareações;
f) determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo de
delito e a quaisquer outros exames e perícias;
g) determinar a avaliação e identificação da coisa subtraída,
desviada, destruída ou danificada, ou da qual houve indébita
apropriação;
h) proceder a buscas e apreensões, nos termos dos arts. 172 a 184 e
185 a 189;
i) tomar as medidas necessárias destinadas à proteção de
testemunhas, peritos ou do ofendido, quando coactos ou ameaçados de
coação que lhes tolha a liberdade de depor, ou a independência para a
realização de perícias ou exames. (grifo nosso)
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Após instaurado o arquivamento do inquérito não poderá ser feito pela autoridade militar,
mas somente pelo juiz, ouvido o ministério público, mesmo que seja evidente a inexistência de
crime ou de inimputabilidade do indiciado.
Depois de arquivado o IPM, não será mais reaberto, mas poderá ser instaurado outro inquérito se
novas provas surgirem, como prescreve o artigo 25 do CPPM e a súmula nº 524 do Supremo
Tribunal Federal. Cabe a ressalva de que há exceção ao caso julgado e aos casos de extinção da
punibilidade, conforme a parte final do artigo 25 do CPPM.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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3ª ed. - São Paulo : Saraiva, 2013.
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– 2ª ed. – São Paulo : 2017.
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(Coords.). Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo : Saraiva/Almedina, 2013. 2380 p.
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prática. São Paulo : Livraria Científica Ernesto Reichmann, 2003. 160 p.
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NUNES JÚNIOR, Flávio Martins Alves. Curso de direito constitucional. – 3ª ed. – São Paulo :
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