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31/08/2021 epub_All_Artigo4

TERAPIA DE ACEITAÇÃO E COMPROMISSO

WILSON VIEIRA MELO


FABIAN OLAZ
GIOVANNI KUCKARTZ PERGHER

■ INTRODUÇÃO
Neste artigo, será apresentada uma introdução da terapia de aceitação e compromisso (ACT), e o propósito fundamental é que ela sirva como uma
primeira aproximação a uma forma de trabalho envolvendo muito mais do que um conjunto novo de técnicas ou estratégias de intervenção. Implica uma
mudança na forma de ver o mundo que parte de um compromisso profundo e intenso com a dignidade do sofrimento humano. Dadas as
características de um texto introdutório, há muitos pontos que não podem ser aprofundados, motivo pelo qual ele também inclui recomendações de
leituras e outros materiais para aprofundamento.
Primeiramente, será feita uma apresentação geral do contexto filosófico e da história da ACT, e uma diferenciação entre a ACT e a terapia cognitivo-
comportamental (TCC). Posteriormente, serão apresentados os princípios básicos subjacentes à ACT, cujos pressupostos teóricos diferem daqueles
tradicionalmente abordados pela TCC.1,2

■ OBJETIVOS
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
 
descrever os princípios filosóficos, teóricos, e algumas estratégias e intervenções da ACT;
identificar as diferenças e semelhanças entre a ACT e a TCC tradicional;
reconhecer as demandas clínicas e o processo de mudança terapêutica sob a ótica da flexibilidade psicológica.
 

■ ESQUEMA CONCEITUAL
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■ ESTABELECENDO O PONTO DE VISTA


Ainda que muitas vezes não sejam explícitos, todo o trabalho dos psicoterapeutas está baseado em pressupostos filosóficos sobre a realidade e a
verdade. Assim, as diferentes conceitualizações e intervenções psicológicas projetadas para lidar com o sofrimento humano estão baseadas em
supostos filosóficos.

Como Pepper3 aponta, todas as ciências são baseadas em pressupostos básicos ou hipóteses de mundo, que incluem metáforas do mundo e critérios
de validação ou verdade. Assim, as filosofias subjacentes às formas de ver o mundo têm duas funções principais, uma ontológica e outra
epistemológica.
O papel ontológico da filosofia baseia-se especificamente sobre a forma como se aborda a questão “O que é e o que não é real?”. O papel
epistemológico está ligado à possibilidade de se estabelecerem critérios de verdade em relação ao conhecimento, ou seja, às regras de evidência ligadas
a cada metáfora.3
É possível pensar sobre o mundo a partir de uma hipótese mecanicista adotando-se a metáfora da máquina como um modelo de representação. Dessa
maneira, a realidade é representada como uma grande máquina newtoniana, onde cada fenômeno é completamente determinado por causas
identificáveis a partir de uma análise de como funcionam as partes dessa “máquina”. O objetivo da ciência seria a descoberta de leis que permitam
identificar as causas dos fenômenos para, dessa forma, chegar à sua predição.
Assume-se que os modelos que apresentam maior correspondência com o funcionamento daquilo que eles representam são mais verdadeiros, porque
eles aumentam o poder preditivo. Os modelos mais verdadeiros serão utilizados para projetar intervenções direcionadas a modificar as causas para
alterar o fenômeno. Assim, diante de um paciente que apresenta problemas de comportamento específico, a tarefa do psicoterapeuta pode ser
direcionada a identificar e modificar certas cognições desadaptativas e, então, diminuir a frequência e a intensidade dos comportamentos do sujeito.
Pode-se também assumir uma hipótese contextualista funcional, adotando-se como metáfora de mundo o ato em contexto, e, como critério de verdade, o
trabalho eficiente.4 A partir desse ponto de vista, no qual a ACT está baseada, o trabalho eficiente é definido com base nos objetivos perseguidos. Algo é
ou não é verdadeiro se permite se aproximar aos objetivos da análise. Segundo esse ponto de vista, a pergunta ontológica quase não tem sentido, uma
vez que não se precisa da realidade para se estabelecer a “verdade” de um evento psicológico, pois ela é definida em termos da sua utilidade para
alcançar os objetivos escolhidos.

O objetivo da ciência contextual funcional, e, por isso mesmo, da ACT, é prever e influenciar os eventos com precisão (parcimônia no núme
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conceitos utilizados para abordar um fenômeno), alcance (os conceitos são aplicáveis a fenômenos diferentes) e profundidade (os conceitos utiliz
no nível psicológico são aplicáveis a outros níveis de análise).

Dito de um modo mais simples, a ACT é uma terapia psicológica baseada em um critério pragmático de utilidade, cujo objetivo é predizer e influenciar os
eventos psicológicos com precisão (estabelecendo os processos ativos que permitem a mudança), alcance (que os processos explicativos sejam
aplicáveis a diferentes problemas tipicamente humanos) e profundidade (que esses processos sejam aplicáveis a outros níveis de análise).

Para prever e influenciar os eventos psicológicos, deve-se interferir no contexto deles, entendendo por contexto tudo o que está em torno de um
comportamento e influi nele, incluindo a história de aprendizagem. Por essa razão, e porque o interesse não está apenas em prever, mas
também em influenciar os eventos psicológicos, o foco de um terapeuta de ACT estará nas variáveis do contexto, pois é somente por meio de
sua manipulação que se pode influenciar os eventos.

As intervenções do terapeuta sempre apontam para o contexto dos eventos psicológicos, o qual será definido pela possibilidade de prever e influenciar
os comportamentos do paciente a partir da intervenção. Para isso, é necessário compreender a sua função, ou seja, as relações específicas que o
comportamento tem com os seus antecedentes e consequências, ou, em outras palavras, com o contexto desse comportamento.
A ACT é uma terapia baseada no contexto funcional, e, por isso, seu interesse fundamental é predizer e influenciar os comportamentos, com parcimônia,
alcance e profundidade, para o que parte de uma análise dos contextos e das suas funções.

A ACT compartilha os pressupostos básicos do behaviorismo radical, já que, ao falar do termo “comportamento”, inclui-se quase qualquer coisa
que um ser humano pode realizar, como caminhar, chorar, falar, pensar, sentir etc.; pois o comportamento não é outra coisa senão uma maneira
de se relacionar com o contexto. Como se pode observar, inclui eventos privados em seu próprio direito, só que, para prever e influenciá-los, não
é necessário diferenciar nem supor qualquer primazia de um sobre o outro.

Entre os diferentes contextos que influem no comportamento (ambiental, relacional etc.), a ACT dirige o foco para um contexto tipicamente humano, o
contexto verbal.

Retomando:
 
todas as ciências são baseadas em pressupostos ou hipóteses de mundo;
a partir da hipótese contextualista funcional, a metáfora de mundo é o ato em contexto e o critério da verdade é o trabalho eficiente;
o critério pragmático de verdade é: a “verdade” é definida a partir de sua funcionalidade;
as intervenções psicoterapêuticas sempre apontam para o contexto dos eventos psicológicos, e esse contexto estará definido pela possibilidade
de prever e influenciar esses eventos;
a ACT é uma terapia baseada no contexto funcional, e por isso seu interesse fundamental é predizer e influir nos comportamentos, com
parcimônia, alcance e profundidade, para o que parte de uma análise dos contextos que influem no comportamento e das suas funções.

O CONTEXTO VERBAL DESDE UMA VISÃO COMPORTAMENTAL: A TEORIA DAS MOLDURAS (OU QUADROS)
RELACIONAIS
A investigação sobre a linguagem a partir de abordagens de derivação de funções em relações de equivalência5 resultou na criação da teoria das
molduras relacionais ([TMR], ou, em inglês, Relational Frame Theory [RFT]),6 a qual constitui a base da ACT. Estudos sobre a TMR permitiram uma
revisão dos conceitos de comportamento verbal e uma maneira diferente de estudar e abordar os eventos privados na psicoterapia, trabalhando fora do
curso de “primazia cognitiva” como um modelo explicativo do comportamento humano.

LEMBRAR
A partir da TMR, considera-se que um comportamento básico que os seres humanos aprendem desde cedo é a relacionar eventos.4 Desde
muito jovens, somos treinados para operar por meio do enquadramento relacional de estímulos. Assim, relacionamos de maneira arbitraria
estímulos com outros estímulos, e essas relações permitem a transferência de funciones entre os estímulos que são parte da relação”

Existem diferentes funções que orientam o comportamento humano, e, graças à incrível capacidade da linguagem, é possível transferir as funções,
simbolicamente, entre os estímulos relacionados de forma arbitrária. A habilidade para relacionar não está ligada apenas às propriedades físicas dos
objetos, mas os seres humanos aprendem a derivar relações arbitrariamente, sem necessidade de que elas sejam treinadas.6
Uma criança pode aprender que a palavra “cachorro” é “o mesmo” (relação de equivalência) que o animal fofo, de quatro patas, que brinca com ele, e,
com o tempo, até mesmo visualizar o cachorro ao fechar os olhos e ouvir essa palavra. Somado a isso, se na sua história de aprendizagem a criança
experimentou sensações ou situações agradáveis e aprende que os gatos são o “oposto” (relação de oposição) dos cachorros, pode transformar as
funções dos gatos pela via relacional (ao compreender-se isso, é possível antecipar que os gatos são agora aversivos ainda que a criança não tenha
experimentado evento traumático nenhum com o felino).
A partir do exemplo básico entre os estímulos para cachorro e gato, continua-se a pensar em novas e complexas relações que se vão derivando por meio
dessa habilidade ou forma de responder. Assim, se a criança escuta que J., um dos seus amigos, tem o sobrenome gato, e que os cachorros são fiéis,
pode derivar novas relações que vão transformar as funções de J. pela via verbal. Obviamente essas relações não só são úteis para gatos e cachorros,

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mas são o que os behavioristas chamam de operantes generalizados, já que, uma vez aprendidos, são utilizados para qualquer evento de forma
arbitrária.
A resposta à que se relacionam eventos e que permite a derivação de funções se denomina resposta relacional derivada (RRD). Como qualquer
comportamento, a RRD é um operante adquirido por meio da aprendizagem reforçada pela comunidade verbal e constitui a base da capacidade de
operar simbolicamente com o seu entorno.

Em condições normais, a RRD aumenta sua complexidade com a idade e se relaciona com o surgimento de redes relacionais complexas, as
quais incluem relações entre eventos públicos e privados (pensamentos, emoções, lembranças e sentimentos de um para o outro) e a
transferência de funções entre eles (a criança do exemplo pode vir a sentir medo até do medo mesmo). A rede de relações influi de múltiplas
maneiras no comportamento humano, seja como antecedentes e consequências simbólicas, seja como regras e instruções que os especificam
para outros comportamentos.

Uma vez que se aprendem os operantes verbais, todo o mundo do ser humano é verbal, pelo qual as experiências emocionais, as sensações corporais,
e até a experiência sensorial ficam entrelaçadas com razões, histórias e relações verbais que influem nos seus comportamentos e nas suas
aprendizagens futuras. Por isso, pode-se dizer que os seres humanos vivem em um mundo verbal e que a linguagem é um comportamento, mas também
um contexto que influi em seus comportamentos.4
À medida que os seres humanos crescem, eles passam cada vez mais tempo no mundo verbal, e visto que eles respondem aos acontecimentos, em
grande parte a partir das funções derivadas ao invés de fazê-lo a partir das funções diretas dos eventos, muitas vezes eles ficam presos.7
Os seres humanos aprendem a responder aos seus próprios eventos privados a partir de funções derivadas de vias relacionais, o que traz como
resultado que os seus movimentos de esquiva não só ocorrem em relação aos eventos perigosos dos cinco sentidos, mas eles também escapam de
seus pensamentos, emoções, lembranças e sensações físicas. Esses esforços de esquiva experiencial (EE) levam a um estreitamento do repertório de
comportamento e menor flexibilidade e sensibilidade às contingências. Por essa razão, a EE é um dos processos centrais do modelo de “psicopatologia”
da ACT.8
O seguimento inflexível de regras verbais muitas vezes impede maior sensibilidade para a informação das contingências do comportamento.

Quando se fala de comportamento governado por regras, refere-se à tendência dos seres verbais para executar atitudes baseadas em regras
verbais que estabelecem relações comportamento–comportamento. Por outro lado, o comportamento governado por contingências envolve a
monitorização e a modificação de acordo com os resultados do comportamento em andamento.4

LEMBRAR
O seguimento patológico de regras é um componente presente em diferentes problemas psicológicos, e a melhora clínica pode estar associada
à maior sensibilidade às contingências.4

O modelo psicopatológico da ACT parte da ideia de que o sofrimento humano é, em grande parte, sofrimento verbal, ou seja, determinado pelos
contextos verbais. Assim, o sofrimento psíquico é o resultado das operações linguísticas em si mesmas e do uso excessivo delas como um meio de
regulação comportamental, que é reforçado pela comunidade verbal. Enfraquecer o impacto desses contextos verbais aversivos sobre o comportamento
humano é um dos principais objetivos da ACT.8

Retomando:
 
o trabalho terapêutico da ACT está baseado na sua filosofia e na teoria da linguagem proposta pela TMR; a partir dessa teoria, pressupõe-se que
os problemas que os pacientes trazem à terapia são, em grande parte, o resultado de viver em um mundo “intensamente verbal”;
enfraquecer o impacto de determinados contextos verbais sobre o comportamento humano é um dos principais objetivos da ACT; dessa forma,
aumenta-se a flexibilidade nos repertórios comportamentais do paciente (flexibilidade psicológica).
 

ATIVIDADES

1. Com relação ao objetivo da ACT, assinale a alternativa correta.

A) A ACT tem como objetivo fundamental identificar e modificar determinadas cognições desadaptativas, diminuindo assim a frequência e a
intensidade dos comportamentos relacionados a elas.
B) O objetivo dessa terapia é auxiliar o paciente a identificar os reais motivos de seu sofrimento, possibilitando que ele busque alternativa
para modificar seu comportamento.
C) O objetivo da ACT é prever e influenciar os eventos psicológicos com precisão, alcance e profundidade.
D) A ACT tem como objetivo influenciar e prever os eventos psicológicos utilizando o menor número de conceitos explicativos, os quais
devem ser aplicáveis exclusivamente ao fenômeno estudado e restringir-se à análise psicológica desses fenômenos.
Confira aqui a resposta
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2. As intervenções do psicoterapeuta em ACT:

A) concentram-se exclusivamente na previsão dos eventos psicológicos.


B) apontam sempre para o contexto dos eventos psicológicos, o qual é definido pela possibilidade de prever e influenciar esses eventos.
C) fundamentam-se na busca das razões e do real significado dos comportamentos psicológicos, independentemente do contexto no qual
eles ocorrem.
D) buscam mapear os esquemas vinculares do paciente, que estão apresentando conflitivas, e estimular o paciente a adotar outros
esquemas.
Confira aqui a resposta

 
3. Assinale a alternativa correta com relação à ACT.

A) Em ACT, “verdade” é definida do ponto de vista pragmático, não factual.


B) As raízes da ACT no pragmatismo justificam a inexistência de apoio empírico para sua teoria subjacente.
C) O desenvolvimento da teoria das molduras relacionais sempre esteve vinculado aos avanços ocorridos no âmbito das ciências cognitivas.
D) A maior eficácia no tratamento dos mais variados transtornos mentais permite afirmar que, com o surgimento da ACT, a TCC tradicional
tornou-se obsoleta.
Confira aqui a resposta

■ A HISTÓRIA DA TERAPIA DE ACEITAÇÃO E COMPROMISSO


A ACT é uma terapia comportamental contextual ou de terceira onda.4 Desde esse ponto de vista, assume-se que os problemas que as pessoas têm
que afrontar estão baseados em sua história pessoal, a qual é o contexto das maneiras especificas que as pessoas têm para derivar pensamentos e
emoções e para reagir a eles.
Em ACT, a abordagem psicoterápica parte de uma revisão contextual do problema do paciente em que o objetivo é o abandono da luta contra os
sintomas e, em seu lugar, a reorientação para a vida. Para isso, o trabalho do terapeuta centra-se na análise funcional do comportamento clínico que
dificulta para o paciente ter uma vida voltada para o que é importante para ele, e para a geração de contextos verbais facilitadores de uma vida orientada
a valores.

A tarefa do terapeuta visa a gerar contextos em que o paciente possa vivenciar emoções, sentimentos e lembranças, alguns deles muito
dolorosos, sem procurar que a ansiedade ou as emoções sejam extintas, mas com o propósito de treinar o paciente para uma disposição flexível
e aberta a essas experiências9 e esclarecer o que é importante em sua vida, abrindo a possibilidade de redirecioná-la para isso,10 usando a
relação terapêutica como um campo de trabalho.
 
O objetivo da ACT é gerar contextos verbais que evoquem comportamentos baseados em maior tomada de perspectiva em relação com o
mundo interno, maior conhecimento dos antecedentes e das consequências que influem no comportamento (maior sensibilidade para os
contextos e funções), e contextos que evoquem comportamentos guiados pelas funções apetitivas daquilo que é mais valioso para a pessoa.4

Ainda quando o objetivo geral da ACT é mais ou menos compartilhado na literatura, em termos específicos, pode-se notar que os processos psicológicos
considerados centrais para alcançar esses objetivos e a maneira de conceituá-los foram mudando ao longo da história da ACT. Nesta parte do artigo,
serão apresentadas as três etapas da ACT seguindo a exposição posposta por Luciano.11

A PRIMEIRA ETAPA: A INFÂNCIA DA TERAPIA DE ACEITAÇÃO E COMPROMISSO


Pode-se dizer que a ACT surgiu em 1987, sob o nome de terapia de distanciamento compreensivo.12 O termo mudou logo para ACT e foi adotado
rapidamente, sendo o primeiro texto (o qual é hoje considerado o livro fundador) publicado em 1999.13

Na primeira etapa, o processo central do trabalho terapêutico girou em torno da denominada EE.13

A EE foi originalmente definida como uma classe de resposta baseada na regra de não estabelecer contato com experiências privadas
aversivas (pensamentos, memórias ou sentimentos negativos), o que pode gerar alívio a curto prazo, mas mais problemas e uma vida
constringida a longo prazo, além de um afastamento das direções valorizadas pela pessoa.

O objetivo da terapia na primeira etapa foi alterar o padrão comportamental baseado na EE a partir da geração de respostas flexíveis para o mal-estar e
a promoção de outro padrão, baseado em ações valiosas. Como o modelo de EE podia ser aplicado para qualquer transtorno ou problema psicológico, a
expansão de ACT não tardou em chegar.

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A SEGUNDA ETAPA: A ADOLESCÊNCIA DA TERAPIA DE ACEITAÇÃO E COMPROMISSO


A partir de 2003, surge uma explosão de publicações de textos e artigos sobre a ACT focados na ideia de que o processo comum a muitos transtornos
era a EE. No entanto, logo tornou-se claro que a ACT poderia ser aplicada em ambientes não clínicos, nos quais os problemas nem sempre tinham
como base a EE. Assim, o termo de flexibilidade psicológica emergiu e tornou-se uma maneira de organizar o trabalho em ACT, bem como um
objetivo das intervenções.

Flexibilidade psicológica é a habilidade para contatar o momento presente em sua totalidade como um ser humano consciente e, baseado
naquilo que a situação oferece, agindo de acordo com seus valores. É importante destacar então que esse termo começou a ser utilizado em
dois sentidos diferentes, quais sejam, como um sinônimo de saúde mental e como um modelo unificado do funcionamento psicológico.

Primeiramente, num sentido mais estreito, flexibilidade psicológica é o termo técnico utilizado para definir o conceito relativamente vago e coloquial de
saúde mental. Dito de maneira diferente, flexibilidade psicológica é um sinônimo para saúde mental. Como consequência, pode-se dizer que, ao praticar
ACT, o terapeuta tem o mesmo objetivo com todos os pacientes: ajudá-los a desenvolver sua flexibilidade psicológica.4
Em segundo lugar, em um sentido mais amplo, flexibilidade psicológica refere-se a um modelo unificado do funcionamento humano, ou seja, um
modelo único que integra os modelos de tratamento e de psicopatologia, relacionando-os a processos centrais comuns. Em outras palavras, o modelo de
tratamento (isto é, a explicação do funcionamento psicológico saudável e do processo de mudança terapêutica) e o modelo de psicopatologia (isto é, a
explicação da gênese e manutenção das demandas clínicas) são dois lados de uma mesma moeda, a qual é conhecida como modelo da flexibilidade
psicológica.

O modelo da flexibilidade psicológica é baseado em uma perspectiva dimensional do comportamento humano, enfatizando que os funcionamentos
adaptativo e desadaptativo estão em um mesmo continuum. Mais especificamente, a adaptabilidade do funcionamento da pessoa — ou seja, sua
flexibilidade psicológica — é determinada por seis fatores inter-relacionados, denominados processos centrais.

Tradicionalmente, os seis processos centrais que compõem a flexibilidade psicológica são representados por um hexágono em que cada vértice
corresponde a um processo. Informalmente, esse hexágono representando o modelo da flexibilidade psicológica é conhecido como hexaflex. Por ser um
modelo unificado do funcionamento humano, deve-se ter em mente que o hexaflex é um hexágono com dois lados, conforme evidenciado pela Figura 1.
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Figura 1 — Modelo unificado do funcionamento humano.


Fonte: Adaptado de Hayes e colaboradores (2012).8

Consistentemente, na etapa do hexaflex, as intervenções terapêuticas em ACT foram derivações do conceito de flexibilidade psicológica, pelo que elas
tinham foco em cada um dos processos apresentados.
É importante ressaltar que a diferenciação dos seis processos apresentados no hexaflex é puramente pragmática, no sentido de que permite identificar
as diferentes facetas de flexibilidade psicológica, a fim de projetar intervenções orientadas em diferentes aspectos do comportamento. No entanto, não
há nem características nem entidades independentes.

Talvez uma das dificuldades fundamentais do modelo hexaflex seja postular termos de “nível meio”, que não correspondam facilmente com os
processos comportamentais básicos,14 o que leva à certa ambiguidade em sua definição e até mesmo ao risco de que a ACT seja utilizada como
uma tecnologia protocolar dirigida para cada um dos processos de cada vez, longe de ser uma visão contextualista funcional.
 

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Quando foram desenvolvidos outros modelos com o objetivo de simplificar o hexaflex (o triflex, proposto por Harris,15 os três pilares propostos
por Stroshal,2 entre outros), só o modelo matrix14,16 representou uma alternativa mais próxima dos princípios básicos da ciência do
comportamento.

O período da adolescência, segundo Luciano,11 não foi só caracterizado pelos trabalhos focados nos processos do hexaflex, mas também pelo
crescimento da pesquisa e pelos desenvolvimentos teóricos dentro da teoria das molduras relacionais e o começo de uma aproximação maior para essa
teoria como um modelo explicativo de alguns dos processos envolvidos nas intervenções clínicas, favorecendo o surgimento da “fase adulta” da ACT.

A TERCEIRA ETAPA: A IDADE ADULTA DA TERAPIA DE ACEITAÇÃO E COMPROMISSO


Nos últimos anos, o modelo da flexibilidade psicológica, tal como ela é definida desde o hexaflex, tem sido muito criticado devido a suas dificuldades em
relação à identificação na prática de cada um dos processos em separado, junto com outras dificuldades próprias do trabalho com termos de nível meio
(a tentação mentalista, entre eles). Assim, essa etapa está caracterizada como um retorno à análise do comportamento verbal desde a TMR, o que inclui
uma redefinição dos problemas e das intervenções da ACT desde o ponto da TMR e uma aproximação maior do trabalho clínico para a ciência básica.

Na terceira etapa da ACT, a flexibilidade psicológica será considerada tecnicamente como: “Responder para o próprio comportamento desde
um enquadramento hierárquico com a perspectiva deíctica-EU”.11

Explicar a definição acima precisaria de outro artigo (ou mais de um), motivo pelo qual isso não será desenvolvido, só se considera importante que o
leitor saiba que, no presente, o trabalho de aproximação da ACT e da TMR está acontecendo até o ponto em que, nas reuniões anuais da ACBS
(Association for Contextual and Behavioral Science, a associação mãe dos terapeutas contextuais), é cada vez maior a representatividade de workshops
e simpósios sobre a TMR.
 

ATIVIDADES

4. Assinale a alternativa correta com relação à EE.

A) A EE foi originalmente definida como uma classe de resposta baseada na regra de não estabelecer contato com experiências privadas
aversivas.
B) A EE é uma classe de resposta caracterizada pela concentração obsessiva em pensamentos, memórias e sentimentos negativos e por
medo de ter novas experiências adversas, e ainda por esquiva de vivenciar as experiências do presente.
C) O modelo de EE apresenta certas desvantagens, pois pode ser aplicado apenas a uma gama muito restrita de transtornos psicológicos.
D) A EE é uma estratégia potencialmente benéfica para o paciente, pois ela gera alívio tanto a curto quanto a longo prazo.
Confira aqui a resposta

 
5. Assinale a alternativa correta com relação ao modelo da flexibilidade psicológica.

A) A flexibilidade psicológica é a habilidade de agir tanto pensando no momento presente quanto pensando e antecipando o futuro.
B) O termo “flexibilidade psicológica” deriva de ambientes não clínicos e não está relacionado estritamente com a saúde mental, apesar de
também ser utilizado em seu âmbito.
C) O modelo da flexibilidade psicológica fundamenta-se em uma perspectiva dimensional do comportamento humano, enfatizando que o
funcionamento adaptativo e o desadaptativo estão em um mesmo continuum.
D) A flexibilidade psicológica é uma estratégia de enfrentamento da realidade na qual o indivíduo passa a agir de acordo com as
circunstâncias que se apresentam em sua vida, abandonando completamente os seus valores.
Confira aqui a resposta

 
6. Sob uma perspectiva ACT, a saúde psicológica é entendida como:

A) felicidade.
B) ausência de psicopatologias.
C) flexibilidade psicológica.
D) autocontrole.
Confira aqui a resposta

■ APLICAÇÕES E TÉCNICAS
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Nesta parte do artigo, serão apresentadas algumas das principais intervenções da ACT. Mas, dado que a ACT é uma terapia baseada em processos ou
habilidades amplas que são interdependentes com as intervenções, é impossível apresentar esse ponto sem apresentar as suas bases conceituais.
Obviamente, foi preciso escolher um modelo e, mesmo que o hexaflex apresente muitas dificuldades, foi escolhido, já que ele é o mais conhecido pelas
pessoas que não têm experiência em ACT e que, ainda hoje, trabalham com base nele.
Com o propósito de apresentar intervenções da ACT, começar-se-á com a caracterização objetiva e concisa do processo central (promotor da saúde e
da flexibilidade psicológica) e do seu polo desadaptativo (que predispõe o indivíduo ao sofrimento e a um funcionamento inflexível). Serão apresentados
diferentes termos frequentemente utilizados na literatura para se referir a esse processo (de modo a prevenir confusões conceituais que podem surgir a
partir da leitura de outras bibliografias).
Será feita uma síntese das principais manifestações clínicas nas quais o processo central desempenha um papel de destaque, fornecendo ao terapeuta
um recurso prático que facilita seu entendimento do caso e aperfeiçoa suas intervenções. Finalmente, será feito um resumo das ideias mais importantes
relativas ao processo que o terapeuta ACT buscará transmitir ao paciente por meio de suas intervenções/técnicas, as quais serão apresentadas ao final
de cada processo.

OS SEIS PROCESSOS DA FLEXIBILIDADE PSICOLÓGICA


Como já foi dito, o objetivo terapêutico em ACT é a flexibilidade psicológica, definida como a disponibilidade ativa para entrar em contato com a
experiência no momento presente, de forma consciente e sem defesa, a serviço do que é importante para a pessoa.8 Desse modo, considera-se que a
flexibilidade psicológica é o resultado de seis processos comportamentais funcionalmente definidos e conceitualmente interdependentes. Os seis
processos são representados no “hexaflex”, apresentados novamente a seguir na Figura 2.
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Figura 2 — Modelo hexaflex.


Fonte: Adaptado de Hayes e colaboradores (2012).8

Como pode ser visto, muitas das dificuldades que os pacientes trazem à terapia estão determinadas por contextos de fusão cognitiva, ou seja, contextos
em que as pessoas respondem às emoções ou aos pensamentos sobre um evento ao invés de ao evento em si. Além disso, a fusão com os eventos
internos é acompanhada de operações de avaliação dessas experiências (boas e más, agradáveis e desagradáveis) que desencadeiam esforços de EE,
impedindo um movimento para as coisas importantes da vida.4

Os diversos comportamentos desadaptativos dos pacientes não são outra coisa senão tentativas de controle das emoções, pensamentos e
sentimentos gerados por situações específicas e amplificadas por processos simbólicos que impedem os pacientes de ter o contato com
contextos ligados a valores.
 
Essas tentativas de controle estão sustentadas, por sua vez, pela fusão com todas as histórias que funcionam como razões para o
comportamento do indivíduo, o que permite “explicar” o sofrimento desde seu Eu-conceito (Self-como-conceito).
 
A fusão com essas histórias sobre o mundo e o indivíduo permite dar um sentido culturalmente legitimado para o seu sofrimento.

A inflexibilidade psicológica é uma característica fundamental dos diferentes problemas psicológicos, e cada um dos processos representados no
hexaflex estará envolvido em maior ou menor medida nos problemas alimentares.

A partir do ponto de vista colocado, a inflexibilidade psicológica pode ser entendida a partir do outro lado dos seis processos apresentados. Em seguida,
se desenvolve cada um deles.

Momento presente versus foco no passado ou no futuro


Estar no momento presente envolve o contato voluntário e flexível com a experiência enquanto ela ocorre, tanto com a experiência externa (o mundo dos
cinco sentidos) como com a experiência interna (pensamentos, emoções, sentimentos, por exemplo). Para fins práticos, os termos “contato com o
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momento presente” e mindfulness (geralmente traduzido como “atenção plena”) serão utilizados de forma intercambiável.17
Embora o escopo do conceito de contato com o momento presente seja um pouco mais amplo em comparação ao de mindfulness, ambos dizem respeito
ao direcionamento consciente e deliberado da atenção para a totalidade da experiência que está sendo vivenciada no momento, mantendo uma postura
de acolhida, receptividade e curiosidade para tudo que se mostrar presente.17

A perda de contato com o momento presente leva a uma vida centrada em preocupações futuras e a dores do passado. Estar fora do momento
presente expõe o indivíduo à falta de perspectiva em relação a eventos privados, o que potencializa as suas funções em contextos de
literalidade. Como se observa, os seres humanos vivem imbuídos de um mundo intensamente verbal, e na medida em que se “fundem” com esse
mundo, perdem o contato com as experiências e a valiosa informação das contingências do momento presente.

Quanto aos sinônimos envolvidos no processo, o contato com o momento presente significa: mindfulness (atenção plena), estar psicologicamente
presente, ter consciência plena. Já o domínio do passado e do futuro é sinônimo de: ruminação, preocupações, mindlessness.
Com relação à relevância clínica, algumas das queixas e manifestações, em sessão de psicoterapia, típicas de falhas no processo de contato com o
momento presente são:
 
ruminação (supremacia do passado sobre o presente);
preocupação (domínio do futuro sobre o presente);
distratibilidade;
dissociação e alucinações (casos mais extremos de perda de contato com o presente).
As principais mensagens terapêuticas referentes ao processo de contato com o momento presente são:
 
o tempo só anda em uma direção — do presente para o presente;
a vida não é algo a ser vivido depois que se conseguir livrar dos problemas, a vida está acontecendo agora;
há tanta vida em um momento de dor quanto em um momento de alegria;
você estaria disposto a observar o que está se passando dentro de você e entre nós agora?

Com o objetivo de promover a flexibilidade psicológica a partir do processo de contato com o momento presente, são utilizadas práticas
contemplativas de mindfulness, bem como não contemplativas, como o trabalho focado no que acontece no aqui e agora da relação terapêutica,
ou o trabalho centralizado em “notar” utilizando a matrix.14,16

Desfusão cognitiva versus fusão cognitiva


Mesmo correndo o risco de evocar memórias traumáticas do leitor, a compreensão do conceito de fusão cognitiva será facilitada ao fazer-se uma rápida
retomada de um conteúdo provavelmente visto nas aulas de física do ensino médio: a fusão nuclear (dependendo de sua época ou experiência de vida,
esse conteúdo foi abordado no então chamado “segundo grau”, ou no “ginásio”). Em essência, a fusão nuclear é o processo pelo qual os núcleos de dois
átomos distintos se fundem. Com isso, eles transformam-se em um átomo único e deixam de existir como duas partículas diferentes.4
Na fusão cognitiva, ocorre essencialmente o mesmo processo da fusão nuclear: dois eventos distintos se unem, formando um elemento único. A
diferença é que, na fusão cognitiva, os elementos que se fundem são: a realidade conforme experienciada diretamente pelos cinco sentidos e a
linguagem que descreve essa realidade.4

Com a fusão cognitiva, os eventos verbais que representam a realidade tornam-se indistinguíveis da realidade em si, levando a pessoa a abordar
suas experiências internas como se fossem acontecimentos concretos ocorridos no mundo exterior. Devido à literalidade que caracteriza os
processos do pensamento humano, os símbolos são tomados como equivalentes ao que eles representam e, até mesmo, às pessoas que os
utilizam.

O processo de fusão cognitiva nem sempre é prejudicial, uma vez que permite o autocuidado para situações futuras ou potencialmente prováveis. No
entanto, quando ele se cronifica, pode levar à perda de vitalidade e de contato com a experiência de vida, à medida que se apresenta em cada momento.
Como consequência, o comportamento do indivíduo passa a ser guiado pelo efeito que esse processo tem sobre seu mundo interno, desconsiderando os
resultados efetivos que provoca.

LEMBRAR
A fusão cognitiva é o principal combustível da inflexibilidade psicológica, pois ela potencializa o efeito provocado pelos demais processos.

A desfusão cognitiva, como o próprio nome sugere, representa o caminho inverso da fusão cognitiva. A desfusão cognitiva é o processo por
meio do qual a pessoa aprende a tratar seus pensamentos como eles realmente são: palavras que são utilizadas para representar a realidade,
e não a realidade em si. Nesse contexto, os indivíduos tentam desliteralizar as representações da linguagem, de modo que os processos
verbais pelos quais eles organizam relacionalmente o mundo são identificados e observados no momento em que ocorrem, o que enfraquece a
transferência de funções.

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Aprendendo a ver um pensamento como um pensamento, uma emoção como uma emoção e uma lembrança como uma lembrança, é possível ad
maior sensibilidade para contingências e permanecer totalmente presente, experimentando um evento em toda a sua complexidade e riqueza.
 
Ao fazer essa diferenciação, uma nova possibilidade abre-se ao indivíduo: ele pode ganhar perspectiva e tornar-se um observador de
pensamentos, sem a necessidade de mudá-los, ou obedecê-los.

A desfusão cognitiva implica desliteralização dos eventos privados, em contraponto com a fusão, que significa literalização deles, ou, o que é o mesmo,
compara o conteúdo deles.
Quando a fusão cognitiva está impedindo ou dificultando que o paciente ganhe perspectiva sobre seus pensamentos e demais eventos internos, eles
passam a guiar seu comportamento, provocando inflexibilidade psicológica. Algumas manifestações comuns disso são:
 
comparação e avaliação;
fala complexa, confusa, atropelada;
controversa interna;
discurso de justificativa.

Quanto à comparação e à avaliação, a fusão cognitiva, em geral, é identificada com facilidade quando o clínico solicita que o paciente descreva
uma situação já mencionada. De forma típica, pacientes altamente fundidos com suas experiências internas responderão utilizando um discurso
adjetivado que, ao invés de descrever o ocorrido, julga-o sob a égide de uma legislação ad hoc idiossincrática e construída em causa própria.

Considere o seguinte recorte da entrevista de um caso que o terapeuta levará para supervisão:
Paciente — Essa semana foi horrível. Briguei feio com meu namorado mais uma vez.

Terapeuta — Parece que você tem sofrido bastante desde que essa briga ocorreu [demonstra empatia], e imagino que
sua dor não deve ser pouca, pois sei o quanto essa relação é importante para você [valida o sofrimento]. Assim, eu
gostaria que você me ajudasse a entender bem como foi essa briga, de modo que eu possa saber exatamente o que
aconteceu [aponta para importância da observação cuidadosa de situações significativas]. Você poderia me descrever
melhor o que houve? [solicita explicitamente uma descrição do episódio da briga com o namorado].

Paciente — O mesmo de sempre. Ele sabe que eu sou uma pessoa insegura, mas ele é egoísta demais para fazer um
mínimo de esforço para mudar, mesmo vendo que eu faço tudo que eu posso por ele. Ele não é capaz de parar um
segundo sequer para me ouvir. Qualquer coisa que eu fale ele diz que é exagero meu e que eu pareço uma
desequilibrada. Daí tu já viu né… mais um dia que não tive condições de ir trabalhar por ter passado a madrugada toda
discutindo.

Com base nesse trecho, o terapeuta conseguirá transmitir ao supervisor um relato clinicamente relevante acerca do episódio da briga que a paciente teve
com seu namorado.

Um aspecto da fusão cognitiva é a controversa interna. Quando o paciente se encontra altamente fundido com seus conteúdos internos, ele dá a
impressão de estar argumentando consigo mesmo.
 
Além disso, também ocorre o discurso de justificativa. Principalmente quando o paciente se encontra fusionado com determinadas regras, elas
são vistas como leis inquestionáveis, ao invés de preceitos aprendidos a partir de sua história. Essas regras, sob a ótica do paciente,
representam argumentos consistentes em favor da ideia de que a mudança não é possível por meio de suas ações.

O discurso de justificativa frequentemente provoca no terapeuta sensações de impotência ou até mesmo de irritação. Essas sensações são
compreensíveis, uma vez que praticamente todas as suas intervenções visando a mudança parecem esbarrar em uma parede impenetrável: qualquer
argumento do terapeuta é rebatido com uma explicação do porquê ele não funciona, e por isso não vale o esforço da tentativa. O niilismo frente à
sugestão de mudança usualmente é acompanhado por uma defesa quase fanática da ideia de que o paciente está sob circunstâncias concretas que o
impossibilitam de fazer qualquer coisa diferente em relação àquilo que está fazendo atualmente.
As principais mensagens terapêuticas relacionadas com o processo de desfusão cognitiva são:
 
sua mente não é sua amiga (nem sua inimiga);
pensamentos e emoções não causam comportamento;
seu passado só é perigoso quando sua mente o transforma em seu futuro;
o que você considera mais importante: estar certo ou ser efetivo?
em quem você vai confiar: na sua mente ou na sua experiência?
Quanto às intervenções, o objetivo que se busca quando se trabalha com exercícios de desfusão é diminuir a confiança e o apego aos pensamentos e
experiências privadas ao invés de tentar mudar a sua intensidade ou frequência.18 Dessa forma, o trabalho centrado na desfusão permite diminuir o
impacto dos pensamentos, emoções e impulsos.

Todas as estratégias para promover a desfusão cognitiva possuem um propósito em comum: ajudar o paciente a ganhar perspectiva sobre seus
eventos internos, sem a necessidade de mudá-los ou de agir impelido por eles. Frequentemente, refere-se a esse processo como “olhar para os
pensamentos e não por meio deles”. Do ponto de vista teórico, o que se busca é colocar a linguagem em um novo contexto, aquele no qual sua
incapacidade de causar o comportamento fique evidenciada. Algumas das principais estratégias e técnicas incluem: o exercício de repetição de
palavras de Titchener (leite, leite, leite), cantar pensamento, “fisicalizar” o pensamento, entre outras.

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ATIVIDADES

7. Observe as afirmações a seguir, relacionadas ao processo de contato com o momento presente.


I — O processo de contato com o momento presente, sob a perspectiva da ACT, refere-se exclusivamente à experiência interna do sujeito, ou
seja, a seus pensamentos, emoções e sentimentos.
II — Tanto o contato com o momento presente quanto o conceito de mindfulness dizem respeito ao direcionamento consciente e deliberado da
atenção para a totalidade da experiência que está sendo vivenciada no momento, mantendo uma postura de acolhida, receptividade e
curiosidade para tudo que se mostrar presente.
III — A perda de contato com o momento presente faz com que o indivíduo fique centrado unicamente em seu passado, impossibilitando-o de
concentrar-se em seu presente e de preocupar-se com o futuro.
IV — A promoção da flexibilidade psicológica a partir do processo de contato com o momento presente dá-se por meio de práticas contemplativas
de mindfulness, bem como de não contemplativas, como o trabalho focado no que acontece no aqui e agora da relação terapêutica, ou o
trabalho centralizado em “notar” utilizando o modelo matrix.
Qual(is) está(ão) correta(s)?
 
A) Apenas a I.
B) Apenas a II e a III.
C) Apenas a II e a IV.
D) A I, a II, a III e a IV.
Confira aqui a resposta

 
8. Assinale a alternativa correta com relação à fusão e à desfusão cognitiva.

A) O processo de desfusão cognitiva é aquele no qual o indivíduo aprende a tratar seus pensamentos como palavras que são representações
da realidade, e não a realidade em si.
B) O objetivo principal do processo de desfusão cognitiva é ensinar o indivíduo a parar de obedecer cegamente aos próprios pensamentos,
mudando-os sempre que eles forem desagradáveis ou causarem sofrimentos.
C) O processo de desfusão cognitiva é prejudicial ao indivíduo, pois ele impede o desenvolvimento do autocuidado frente a situações futuras
ou potencialmente prováveis.
D) O processo de fusão cognitiva é aquele que permite que o indivíduo relacione de maneira correta as representações internas da realidade,
compostas pelos seus pensamentos, com a realidade em si, permitindo que ele desenvolva maior flexibilidade psicológica.
Confira aqui a resposta

 
9. Assinale a alternativa correta com relação às manifestações características de inflexibilidade psicológica ocasionada por processos de fusão
cognitiva.

A) Pacientes com processos sérios de fusão cognitiva tendem a ser altamente descritivos quando questionados acerca de determinada
experiência.
B) Pacientes altamente fundidos apresentam controversa interna, ou seja, eles dão a impressão de estarem argumentando consigo mesmos.
C) O processo de fusão tem como característica a incapacidade, por parte do indivíduo, de seguir qualquer regra, mesmo aquelas às quais
ele se encontra fusionado.
D) Uma característica marcante de inflexibilidade psicológica é a incapacidade do paciente de, quando questionado, apresentar qualquer
justificativa para seus comportamentos ou ideias.
Confira aqui a resposta

 
10. Para ajudar um paciente que relata grande sofrimento toda vez que pensa “estou fadado à solidão”, o terapeuta solicita que ele repita em voz
alta esse pensamento e grava a verbalização do paciente em seu celular. Após realizar a gravação, o terapeuta utiliza um aplicativo para
distorcer a voz do paciente, e então reproduz aquele mesmo conteúdo diversas vezes. Qual dos processos centrais a seguir foi o principal alvo
dessa intervenção?

A) Aceitação.
B) Desfusão.
C) Self contextual.
D) Ação comprometida.
Confira aqui a resposta

Exemplo clínico 1
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A., 39 anos, sexo masculino, advogado, é funcionário de um renomado escritório de advocacia. Embora seja um escritório de grande porte e com
décadas de tradição, o fluxo de clientes vem caindo progressivamente devido à crise econômica. Dada a gravidade da situação financeira, o
departamento de recursos humanos anunciou aos funcionários que precisaria fazer demissões nos próximos meses. A. afirma que, após ter
recebido esse aviso, passou a sentir “uma angústia insuportável” só de pensar na ideia de ser demitido, a qual era potencializada por suas
crenças de incapacidade.

Uma das estratégias para não sentir aquela angústia devastadora ocorria nos momentos em que seu chefe fazia a distribuição dos processos
pelos quais cada advogado deveria se responsabilizar. Nessas ocasiões, A. se dizia sobrecarregado e falava que só poderia assumir aqueles
processos de menor complexidade (a ideia de ser demitido tornava-se especialmente intensa quando A. atuava em processos que continham
muitas particularidades, pois ficava em dúvida sobre como proceder, e isso ativava suas crenças de incapacidade). Outra estratégia que ajudava
A. a não pensar na possibilidade da demissão era passar o máximo de tempo possível assistindo pornografia na internet, estratégia utilizada
tanto no escritório quanto em casa.

Exemplo clínico 2

J., 52 anos, sexo masculino, economista, corre o risco de ser exonerado de seu cargo público devido a um longo histórico de faltas,
descumprimento de horários e não realização das tarefas que lhe são atribuídas. Na última sessão, J. concluiu que, embora já estivesse com o
“filme queimado”, ele daria um passo importante ao concentrar seu trabalho na elaboração da planilha que seu chefe havia solicitado na semana
anterior, a qual não tinha sido começada. Todavia, J. estava fundido com a regra “só posso fazer um trabalho se tiver conhecimento de tudo que
ele envolve”.

A expressão manifesta desse processo pode ser vislumbrada na sessão seguinte:


 
Terapeuta — Que tal retomarmos a conclusão a que você chegou semana passada?
J. — Nem comecei a fazer a planilha.
Terapeuta — O que houve?
J. — O problema é que eu não domino o Excel.
Terapeuta — Eu tinha entendido que sua dificuldade era com as fórmulas para fazer os cálculos em cima dos dados.
J. — É verdade, eu escrevi um e-mail pedindo ajuda para aquele meu ex-colega que se aposentou, mas não sei se ele recebeu, pois vi no
Facebook que ele está na França para ficar próximo da filha que mora lá e que acabou de ter um bebê.
Terapeuta — OK. Vamos assumir que não exista outra maneira de você aprender a fazer essas fórmulas [leve tom de ironia]. Isso
necessariamente impede você de fazer qualquer coisa, ou você já poderia começar a tabela inserindo os dados que seu chefe já passou?
J. — Mas ele não me passou todos os dados.
Terapeuta — E quando ele passar esses dados que estão faltando, isso pode alterar os dados que você tem agora?
J. — O que acontece é o seguinte: [passa os 15 minutos seguintes explicando a origem dos dados e os problemas que podem surgir. Em resumo,
nenhum dos problemas em potencial precisaria de mais de 10 segundos e três cliques para serem resolvidos].
Terapeuta — Então, o máximo que pode acontecer é você precisar inserir uma linha a mais na tabela. O trabalho que você terá de inserir os
dados não corre o risco de ser em vão.
J. — Mas daí meu chefe vai ver que eu não sei fazer um procedimento simples como esse.
Terapeuta — É verdade. Talvez o melhor mesmo seja continuar mostrando a ele o quanto você domina o Facebook [tom francamente agressivo].

Aceitação versus evitação experiencial


Em ACT, aceitação significa uma disposição do indivíduo para contatar, plenamente e sem defesas ou julgamentos, as experiências internas indesejadas
que surgem, quase que invariavelmente, enquanto ele se comporta de maneira consistente com seus valores.4

Deve-se destacar que estar disposto a entrar em contato com a totalidade da experiência não significa gostar dela, desejá-la ou mesmo estar
indiferente a ela.
 
Aceitar também não é sinônimo de tolerar, uma vez que esse termo indica a marcante presença de um julgamento (só faz sentido afirmar que se
tolera algo na medida em que se arbitra que isso possui características negativas intrínsecas). De maneira semelhante, aceitação não tem nada
a ver com resignação ou capitulação, pois essas palavras sugerem que existiria alguma atitude que o indivíduo poderia utilizar para modificar a
situação indesejada, mas optou por não praticá-la.

A EE refere-se a uma classe de comportamentos funcionalmente definidos que visam a alterar a forma ou a frequência de eventos particulares
indesejáveis (pensamentos, emoções, sentimentos, memórias). Assim, a EE inclui dois fenômenos relacionados: a falta de vontade de experimentar

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eventos internos e as ações para remover os estímulos que causam essas experiências, tanto em intensidade quanto em frequência,19 inclusive quando
isso pode causar danos.

É digno de nota que a EE não é problemática em si mesma. Em princípio, não há nada disfuncional em ficar horas se distraindo no YouTube na
tentativa de mitigar a angústia que o indivíduo sente, por exemplo, na sala de espera de um hospital enquanto aguarda por notícias sobre o
estado de saúde de um familiar que está sendo submetido a uma longa cirurgia.
 
Por outro lado, se passar horas navegando aleatoriamente na internet for a estratégia básica que a pessoa usa para lidar com o desconforto
vivenciado nas ocasiões em que se senta em frente ao computador para escrever sua dissertação de mestrado, provavelmente se estará diante
de uma EE disfuncional.

Quanto à sinonímia envolvida com a EE, pode-se dizer que a aceitação se relaciona à:
 
disposição;
abertura à experiência;
receptividade;
expansão.
Por sua vez, a EE está relacionada à tentativa de controle e a comportamentos de segurança.
Quanto à relevância clínica da EE, algumas das queixas e manifestações em sessão típicas de falhas no processo de contato com a aceitação são:
 
o paradoxo da supressão do pensamento — fenômeno caracterizado pelo aumento da intensidade ou da frequência de ocorrência de quaisquer
eventos internos que o indivíduo tenta suprimir;
o foco nas experiências internas, prejudicando o engajamento em atitudes valorizadas — quando o paciente se encontra em situações propícias para
agir de maneira consistente com seus valores (como uma situação social, por exemplo), seu foco se restringe ao monitoramento de seus níveis de
desconforto ao invés de simplesmente se engajar em comportamentos valorizados (por exemplo: “puxar assunto” com um colega que vê diariamente,
mas que não sabe sequer o seu nome);
a resposta “não sei”, com frequência, aos questionamentos do terapeuta — se um determinado tema geralmente provoca no paciente o surgimento de
experiências internas indesejadas, esse “problema” pode ser facilmente “resolvido,” — basta não falar sobre aquele assunto!
As principais mensagens terapêuticas que se relacionam a esse processo são:
 
o paciente não está estragado, mas sim preso;
o controle é o problema, não a solução;
a tentativa de controlar o mundo interno é perder o controle sobre a vida;
a aceitação não é o mesmo que gostar ou querer;
a aceitação é uma escolha do indivíduo, não uma imposição externa;
aceitação é sinônimo de disposição, não de resignação;
a regra dos eventos mentais é: quanto menos você quiser eles, mais você os terá;
o que você precisaria aceitar para mover sua vida em direção àquilo que você valoriza?
concentre-se naquilo que você pode controlar e mudar (seu comportamento), de modo a não desperdiçar suas energias em tentativas de evitar o
inevitável.

A aceitação pode ser pensada como exposição + tomada de perspectiva. Por isso, só é possível pensar a aceitação em um contexto de
desfusão. Dessa forma, as intervenções estão baseadas em princípios de exposição. Por exemplo, uma estratégia muito utilizada é a fiscalização
de eventos internos em que o terapeuta pede ao paciente imaginar uma emoção, sensação ou pensamento como se tivesse forma, cor,
temperatura etc.
 
Outras intervenções incluem a bússola ao revés (prestar atenção ao que sucede quando se faz o oposto do que se quer fazer automaticamente),
a apresentação de um registro de eventos dolorosos, e o uso de metáforas.

Self-como-contexto versus self-como-conteúdo


A ausência de contato com o presente, a fusão cognitiva e a EE dificultam o autoconhecimento.4 Assim, muitas pessoas precisam, às vezes, da
perspectiva necessária para experimentar um sentido contínuo de si mesmas, independentemente de chaves externas sobre o que precisam ou devem
fazer.
A identificação do “eu” com certos eventos privados (a emoção de tristeza, por exemplo) leva os indivíduos a definirem-se com base neles (eu sou uma
pessoa triste, por exemplo). Os indivíduos também se definem, muitas vezes, a partir das histórias que constroem sobre si mesmos (“eu sou feio” ou “eu
sou gordo”, por exemplo), e a fusão com essas histórias, com o “eu conceito”, dificulta experimentar outros sentidos ou perspectivas do eu.
A fusão com o seu eu conceito traz rigidez comportamental, porque o indivíduo se esforça para rejeitar ou evitar qualquer conteúdo ou experiência que
estaria em contradição com suas histórias. A fusão com um eu conceito não permite ao indivíduo vivenciar um sentido de continuidade que possa
transcender as experiências privadas, o que determina uma grande instabilidade na identidade pessoal.

Ao contrário de outras abordagens psicoterapêuticas, na ACT se busca confrontar o conteúdo das histórias com as quais os indivíduos estão
fusionados, e não provocar uma mudança diretamente delas. O que se tenta é fortalecer um sentido transcendente do eu, trabalhando
inicialmente com o eu como processo, isto é, de uma posição de observação de eventos privados. Por exercícios específicos, pode-se fortalecer

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esse eu, permitindo que o paciente observe os processos internos, descrevendo-os como eles são: pensamentos, emoções, sentimentos e
lembranças.8

Trabalhar com o eu como observador leva a um gradual sentido de perspectiva sobre os conteúdos privados e as histórias pessoais que são elaboradas,
fortalecendo a perspectiva do eu como um continente onde os diferentes conteúdos ocorrem (pensamentos, emoções etc.). Assim como a desfusão
envolve a observação de um pensamento como um pensamento e de uma emoção como uma emoção, o eu contexto envolve observar o próprio eu
como algo que transcende os pensamentos e as emoções. Portanto, é a base para os processos de aceitação, uma vez que é só a partir desse lugar que
os eventos privados podem ser observados em perspectiva.
Quanto aos sinônimos envolvidos no processo, o self-como-contexto também pode ser chamado de:
 
self contextual;
self observador;
self que percebe;
self transcendente.
O self-como-conteúdo também pode ser chamado de:
 
self conceitual;
self conceitualizado;
self = história.
Quanto à sua relevância clínica, os problemas envolvendo os processos de self tipicamente envolvem a fusão seletiva com determinados conceitos de
self. Manifestações típicas envolvem:
 
senso de autoestima abalado com facilidade;
incapacidade de tomar perspectiva;
busca de um “conserto” para seu self “danificado”;
razões como causas.
As principais mensagens terapêuticas referentes ao processo do self-como contexto são:
 
você não é seus pensamentos, emoções, lembranças ou papéis;
os conteúdos de sua consciência não são maiores do que você: você os contém;
você é um lugar seguro a partir do qual você pode viver as experiências exatamente como elas são;
existe um você que não é “uma coisa” e que esteve sempre presente ao longo de toda sua vida;
quando algo provoca medo, perceba quem é que está percebendo isso;
você é feito perfeitamente para vivenciar a sua própria experiência.

Quanto às intervenções relacionadas a esse processo, o objetivo que se busca quando se trabalha com exercícios de self como contexto é gerar
uma perspectiva de hierarquia em torno aos eventos privados, colocando o eu como continente dessas experiências. Dessa forma, são utilizados
também exercícios de mindfulness focados na perspectiva do eu como observador, metáforas (metáfora do tabuleiro de xadrez, por exemplo),
histórias e exercícios experienciais.

Valores versus disrupção dos valores


Os valores são as direções de vida globais construídas verbalmente e escolhidas voluntariamente, intrínsecas aos padrões de comportamento. São
direções que orientam as escolhas das pessoas momento a momento.20 Assim, o valor reforçador dos valores é estabelecido no aqui e agora, e não em
um futuro potencial, permitindo que a pessoa escolha ações valiosas ainda quando elas envolvem algum tipo de sofrimento.

Conforme Páez-Blarrina e colaboradores,20 uma vez que os valores são o horizonte de comportamentos do paciente e não metas ou objetivos
que se possam alcançar, eles são muito úteis, já que estão sempre presentes e disponíveis, fornecendo sentido e vitalidade ao comportamento
frente às dificuldades que a vida traz, inevitavelmente. De forma alternativa, valores podem ser entendidos como sendo aquilo que realmente
importa na vida da pessoa, passíveis de serem expressos por padrões de ação que:
 
trazem um senso de propósito e vitalidade quando praticados;
funcionam como princípios norteadores que organizam o comportamento de maneira consistente ao longo de extensos períodos de tempo;
podem ser praticados independentemente das circunstâncias.

Utilizando-se uma metáfora, um valor é como uma bússola: em qualquer lugar do mundo, aponta sempre para a mesma direção. Se o indivíduo vai
caminhar naquela direção indicada pela bússola, contudo, é outra história…
No que se refere ao processo dos valores, eles podem ser vistos como direções de vida escolhidas, enquanto a disrupção dos valores seria a falta de
contato com eles ou a existência de valores vagos.
Manifestações típicas de falhas nos processos de valores são:
 
a gravitação da vida do paciente em torno dos seus problemas;
o constante sentimento de coação sofrido pelo paciente;
a tendência a, quando questionado sobre seus valores, o paciente falar sobre suas dificuldades.
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os comportamentos movidos pela busca de aprovação ou evitação de culpa.
As principais mensagens terapêuticas trabalhadas com os pacientes, relacionadas ao processo dos valores são:
 
onde há dor, há valor;
o que você quer que sua vida represente? Você está agindo de acordo com isso nesse momento?
valores representam direções, por isso sempre é possível avançar naquele rumo;
a ação de maneira valorizada só é possível na seguinte circunstância: aqui e agora;
em um mundo onde você pudesse escolher qualquer direção para sua vida, qual direção você escolheria?
você está disposto a fazer o que precisa ser feito para avançar em direção àquilo que você valoriza?

O objetivo das estratégias utilizadas no processo referente aos valores é a clarificação ou o descobrimento daquilo que é realmente importante
para a pessoa.4
 
Utilizam-se estratégias específicas, muitas delas derivadas de outras terapias humanistas (escrever o próprio epitáfio, por exemplo), exercícios
de imaginação (imaginar o último dia da vida, por exemplo) e fazer perguntas que façam com que a pessoa faça contato com seus valores (se os
sintomas magicamente desaparecerem, o que você faria? o que você faria se ganhasse na loteria?), e assim por diante.

Ação comprometida versus inércia e impulsividade


A ação comprometida não é outra coisa senão qualquer comportamento no serviço das coisas importantes na vida.4 Esses comportamentos permitem a
realização de objetivos ligados a valores que a pessoa pode levar adiante, mesmo em presença do sofrimento. Retomando a metáfora anterior, se os
valores são uma bússola, a ação comprometida representa a caminhada na direção por ela indicada.
A ação comprometida refere-se ao engajamento do indivíduo em comportamentos que expressam seus valores pessoais (ações valorizadas), levando
consigo todos os pensamentos, emoções, lembranças e sensações que vão surgindo ao longo desse processo.

Como afirmam Sandoz e colaboradores,10 a ação comprometida não implica em uma persistência rígida para o que é importante na vida, mas na
disposição para notar quando as ações não estão em conformidade com o que é importante e para retornar para essas ações valorizadas.

Os sinônimos da ação comprometida são responder, adotar uma ação valorizada. Já inércia e impulsividade estão relacionadas com reagir.
Com relação à sua relevância clínica, falhas no processo de ação comprometida podem ser observadas em:
 
situação de vida desorganizada;
dificuldade em concluir os projetos iniciados;
desistência fácil frente a obstáculos.
As Principais mensagens terapêuticas trabalhadas no processo de ação comprometida são:
 
objetivos são simplesmente um processo por meio do qual o processo pode tornar-se o objetivo;
agir de forma confiante é diferente de sentir-se confiante;
responsabilidade significa habilidade para responder (ao invés de reagir);
se você escorregar, repare o padrão e retorne ao seu compromisso;
é possível que você se mantenha avançando em direção àquilo que você valoriza, mesmo quando surgem obstáculos?

A UTILIZAÇÃO DE METÁFORAS NA TERAPIA DE ACEITAÇÃO E COMPROMISSO


Via de regra, as primeiras intervenções em ACT visam a mitigar a EE e a fusão, pois esses processos são as principais âncoras nas quais a rigidez
psicológica se apoia.4 Consequentemente, enquanto evitação e controle forem as reações padrão do paciente frente ao desconforto, haverá pouco
espaço para mudança.

Um dos primeiros objetivos em ACT consiste em instaurar uma desesperança — não uma desesperança em relação ao futuro do paciente, mas
em relação à sua agenda de controle como carro-chefe para mudança.

Na medida em que o paciente vai perdendo suas esperanças de que a evitação/tentativa controle possa algum dia levar a uma mudança efetiva
(afinal de contas, ela não funcionou até agora), algo interessante ocorre. Uma vez desesperançado quanto à agenda que vem seguindo, o
paciente fica mais propenso a abandonar essa estratégia fadada ao fracasso e, a partir disso, a investir suas energias em uma abordagem
alternativa. Por esse motivo, esse trabalho inicial em ACT é chamado de desesperança criativa.

Para desenvolver a desesperança criativa, comumente o terapeuta utiliza algumas metáforas, entre as quais a mais utilizada é a metáfora da pessoa no
buraco, concebida para ressaltar que não é necessário saber o que fazer em uma situação para agir com efetividade; o conhecimento do que não fazer
já é suficiente para iniciar a prática de uma ação seguramente efetiva. Veja a seguir um exemplo de como a metáfora da pessoa no buraco pode ser
apresentada.
A situação em que você está se parece um pouco com a seguinte: Imagine que você está com os olhos vendados em
um campo, e lhe deram uma mochila de ferramentas para carregar. Você foi instruído de que o seu trabalho é correr
livremente pelo campo com os olhos vendados. É assim que você deveria viver sua vida, então você faz aquilo que lhe
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é dito. Todavia, de início, você desconhece o fato de que, nesse campo, existem diversos buracos profundos,
distribuídos de maneira esparsa. Então você começa a correr por aí e, cedo ou tarde, você cai em um grande buraco.
Você tateia em volta e conclui que é impossível escalar as paredes e, mesmo depois de horas procurando com afinco,
você não consegue encontrar nenhuma rota de saída. Provavelmente o que você faria em uma circunstância dessas
seria pegar a mochila de ferramentas que lhe foi dada para ver o que tem ali dentro; talvez tenha alguma coisa que
você possa usar para sair do buraco. Agora suponha que a única ferramenta que tem dentro da mochila é uma pá.
Então você usa a pá para fazer aquilo que ela foi feita para fazer, e começa a cavar diligentemente. Em pouco tempo,
você percebe que não está fora do buraco. Daí você se empenha em cavar mais e mais rápido — mas você ainda está
preso no buraco. Por incrível que pareça, depois de todo seu esforço e trabalho, o buraco só foi ficando maior, maior e
maior, e sua esperança de sair dali foi ficando cada vez menor. Isso não se parece com a sua experiência? Você está
aqui me dizendo que continua preso nesse buraco e que não faz ideia de como sair. A minha pergunta é: mesmo sem
vislumbrar qualquer alternativa para sair do buraco nesse momento, existe uma ação que você pode praticar agora,
que seja garantidamente adaptativa?

O exemplo acima não deve ser compreendido como um monólogo proferido pelo terapeuta. Antes disso, a apresentação da metáfora da pessoa no
buraco é altamente flexível, sendo exposta, preferencialmente, de maneira dialogada e incluindo conteúdos específicos trazidos pelo paciente.

LEMBRAR
As metáforas são muito utilizadas na ACT, já que transmitem ao paciente uma experiência próxima, ajustada para o seu problema, que permite
a ele chegar às suas próprias conclusões em relação ao seu problema, sem ter que ser conduzido diretamente pelo terapeuta.

As metáforas representam uma ferramenta que permite transferir rapidamente uma função evidente de um evento em uma situação hipotética e
emocionalmente neutra (geralmente chamada de “veículo”) para uma situação real e emocionalmente carregada (geralmente chamada de “alvo”)
que também possui essa função, porém sua presença é menos evidente. Na prática, o veículo consiste no conteúdo da metáfora em si, e o alvo
representa a queixa colocada pelo paciente.

Considere o exemplo no qual o terapeuta utilizou uma piada contada pelo paciente para construir uma metáfora clinicamente relevante. A piada conta a
história de um português que caminhava tranquilamente pela rua quando, de repente, escorrega ao pisar em uma casca de banana e desaba ao chão.
No dia seguinte, ao caminhar por uma rua diferente, avista outra casca de banana alguns metros a sua frente e lamenta-se consigo: “Mas que droga!
Vou-me a escorregar naquela casca e quebrar-me de novo”!
O terapeuta vislumbrou na anedota contada pelo paciente um veículo para abordar o princípio de que os indivíduos sempre podem escolher como irão
agir, independentemente da sua história e das circunstâncias do momento. A piada é propícia para abordar a questão das escolhas na medida em que
fica evidente que o personagem, ao avistar a casca de banana com antecedência, poderia direcionar seus passos de modo a não pisar sobre ela,
preservando, assim, sua integridade física. Em um nível mais profundo, a mensagem evidencia que não se está fadado a repetir os comportamentos
disfuncionais que se teve no passado.
A anedota-veículo da casca de banana teve como alvo uma queixa do paciente P. concernente à instabilidade de sua situação financeira. Em essência,
P. era dono de uma empresa prestadora de serviços que atuava a partir de projetos, de modo que suas despesas eram fixas, mas suas receitas tinham
grande variação de um mês para outro, pois o pagamento só era realizado quando sua empresa concluía o projeto. Nesse sentido, a queixa trazida pelo
paciente era a de que, naquele momento, estava prestes a receber um valor significativo referente à entrega de um projeto.
A despeito da perspectiva iminente de receita para a empresa, P. relatava um medo intenso de repetir sua forma típica de agir em situações como essa,
qual seja, gastar o valor de maneira impulsiva e não planejada, sendo forçado a contrair dívidas para se manter nos meses de “vacas magras”. Então, o
terapeuta fez o seguinte paralelo, exposto no Quadro 1.
Quadro 1

PARALELO DA ANEDOTA COM A SITUAÇÃO TRAZIDA PELO PACIENTE

Elemento da anedota (VEÍCULO) Elemento da queixa (ALVO)

Casca de banana no chão. Inconstância das receitas da empresa.

Escorregão e queda. Contração de dívidas.

Pisar sobre a casca de banana. Gastar impulsivamente e sem planejamento.

Direcionar os passos para não pisar na casca. Planificar receitas e despesas futuras e gastar só o planejado.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Posteriormente, quando o assunto da sessão envolvia questões relativas à situação financeira de P., o terapeuta colocava seus questionamentos
utilizando a linguagem da metáfora. A seguir, estão alguns exemplos práticos demonstrando como os princípios evidentes na anedota foram traduzidos e
aplicados às situações concretas vivenciadas pelo paciente:
— “Ao fazer essas compras que recém mencionou, você se aproximou da casca de banana ou caminhou em direção segura”?
— “Por favor, me corrija se eu estiver errado: essa troca de carro não constava no planejamento que você fez no mês passado, correto? Ok, então,
quando você me diz que precisa trocar de carro, que não pode perder essa oportunidade única de negócio, e que depois dá um jeito para pagar as
contas, você está me dizendo que tem uma casca de banana logo ali na frente e que...”
— “Acho que vale a pena darmos um pouco mais de atenção a essa frase que você tem dito a si mesmo ultimamente: ‘nunca vou ter uma vida financeira
estável por causa da instabilidade das receitas na minha empresa’. Essa ideia não lhe parece um pouco com aquela que vem na cabeça do português
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quando ele enxerga a casca de banana na calçada? O que exatamente você vê de parecido entre essas duas ideias”?
 

ATIVIDADES

11. Com relação à aceitação em ACT, assinale a alternativa correta.

A) Aceitação significa uma disposição do indivíduo para contatar, plenamente e sem defesas ou julgamentos, as experiências internas
indesejadas que surgem enquanto ele se comporta de maneira consistente com seus valores.
B) O processo de aceitação é aquele pelo qual o indivíduo aprende a se tornar indiferente às experiências internas indesejadas.
C) A aceitação em ACT envolve um julgamento das experiências internas indesejadas por parte do indivíduo, o qual aprende a tolerá-las.
D) O indivíduo aceita determinada experiência indesejada e aprende a se resignar com essa situação, optando por não praticar nenhuma
ação para modificar a causa geradora dessa experiência.
Confira aqui a resposta

 
12. Analise as afirmações a seguir, relacionadas às queixas e às manifestações em sessão típicas de falhas no processo de contato com a
aceitação.
I — Uma das características de falhas no processo de contato com a aceitação é o paradoxo da supressão do pensamento, no qual quaisquer
eventos internos que o indivíduo tenta suprimir aumentam de intensidade ou de ocorrência.
II — Pacientes com falhas no processo de contato com a aceitação tendem a falar exageradamente de temas que provocam neles o surgimento
de experiências internas indesejadas.
III — Pacientes que apresentam falhas no processo de contato com a aceitação tendem a se focar nas experiências internas quando enfrentam
situações propícias para agir de maneira consistente com seus valores.
Qual(is) está(ão) correta(s)?
 
A) Apenas a I.
B) Apenas a II.
C) Apenas a I e a III.
D) A I, a II e a III.
Confira aqui a resposta

 
13. Assinale a alternativa correta com relação às abordagens psicoterapêuticas utilizadas na ACT para a resolução de problemas envolvendo os
processos de self.

A) Na ACT, busca-se uma mudança direta e radical nos eventos e nas histórias com as quais os indivíduos estão fusionados.
B) A ACT busca fortalecer um sentido transcendente do eu trabalhando inicialmente de uma posição de observação de eventos privados.
C) O objetivo primordial da ACT é auxiliar o indivíduo a desenvolver um eu conceito por meio da identificação do eu do paciente com seus
eventos privados.
D) A ACT busca desvendar as histórias e os eventos que constituem o eu do paciente, de modo que ele possa evitar conteúdos e
experiências que possam ameaçar esse eu.
Confira aqui a resposta

 
14. Assinale a alternativa correta com relação à ação comprometida.

A) A ação comprometida consiste na disposição para notar quando as ações não estão em conformidade com o que é importante, e para
retornar para essas ações valorizadas.
B) Adotar a ação comprometida significa manter uma rígida persistência para o que é importante na vida.
C) Ação comprometida é uma série de comportamentos que permitem ao indivíduo evitar o sofrimento psicológico ao máximo possível
durante a sua vida.
D) O significado da ação comprometida é a capacidade do indivíduo de reagir, voltando os objetivos de sua ação para os seus valores
pessoais e tentando eliminar todos os pensamentos, emoções, lembranças e sensações que causem algum tipo de sofrimento.
Confira aqui a resposta

 
15. Qual das seguintes estratégias é tipicamente utilizada no intuito de clarificar os valores do cliente?

A) Desesperança criativa.
B) Escaneamento corporal.
C) Escrita do epitáfio.
D) Ativação comportamental.
Confira aqui a resposta

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16. Qual das seguintes estratégias é tipicamente utilizada para chamar a atenção do cliente para a disfuncionalidade das suas estratégias de
controle?

A) Desesperança criativa.
B) Escaneamento corporal.
C) Escrita do epitáfio.
D) Ativação comportamental.
Confira aqui a resposta

 
17. Ao utilizar o jogo de xadrez para abordar o processo do self contextual, o terapeuta propõe haver uma equivalência metafórica entre o cliente
e:

A) as peças brancas (“boas”).


B) as peças pretas (“más”).
C) um jogador que pode jogar com as peças de ambos os lados.
D) o tabuleiro.
Confira aqui a resposta

 
18. Quanto ao uso de metáforas na ACT, é correto afirmar que:

A) elas estão caindo em desuso, pois representam uma forma de condução por parte do terapeuta e impedem o paciente de chegar às suas
próprias conclusões em relação ao seu problema.
B) o veículo da metáfora é a queixa colocada pelo paciente, enquanto o alvo é o comportamento que se deseja que o paciente adote.
C) elas representam uma ferramenta que permite transferir rapidamente uma função evidente de um evento em uma situação hipotética e
emocionalmente neutra para uma situação real e emocionalmente carregada que também possui tal função, porém sua presença é menos
evidente.
D) a sua utilização tem a função de evidenciar ao paciente exemplos de comportamentos determinados pelo terapeuta, a serem adotados por
ele.
Confira aqui a resposta

■ CONCLUSÃO
O presente artigo abordou a ACT, descrevendo suas características, diferenças em relação a outras abordagens, bases teóricas e intervenções práticas.
A ACT não é um conjunto de técnicas ou procedimentos, mas sim um modelo de psicoterapia. Portanto, para sua implementação adequada na prática
clínica, recomenda-se o estudo mais aprofundado dos tópicos abordados ao longo do presente texto.
Na Figura 3, é possível visualizar os fundadores da ACT.
+

Figura 3 — Fundadores da ACT.


Fonte: Adaptada de Association for Behavioral Science (2018). 21,22

Recomendações de leitura podem ser encontradas ao final (Figuras 4, 6 e 7) e no site www.contextualscience.org (Figura 5).
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Figura 4 — Publicação-marco.
Fonte: Adaptada de Hayes e colaboradores (2003);23 Hayes e colaboradores (2016).24

Figura 5 — Website oficial.


Fonte: Adaptada de Association for Behavioral Science (2018).25

Figura 6 — Livro-texto para iniciantes.


Fonte: Adaptada de Luoma e colaboradores (2007);9 Harris (2009);15 Hayes e Strosahl (2004).26

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Figura 7 — Obras para o grande público.


Fonte: Adaptada de Hayes e Smith (2005);27 Harris (2007).28

■ RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS


Atividade 1
Resposta: C
Comentário: O objetivo da ACT é o mesmo da ciência contextual funcional, na qual ela se fundamenta e que consiste em prever e influenciar os eventos
com precisão, ou seja, com parcimônia no número de conceitos utilizados para abordar um fenômeno, com alcance, devendo os conceitos ser aplicáveis
a fenômenos diferentes, e com profundidade, pois os conceitos utilizados no nível psicológico são aplicáveis a outros níveis de análise.
Atividade 2
Resposta: B
Comentário: O foco da atuação do terapeuta da ACT sempre aponta para tudo o que está ao redor de um comportamento e que influi nele, ou seja, para
o contexto dos eventos psicológicos, o qual será definido pela possibilidade de prever e influenciar os comportamentos do paciente a partir da
intervenção.
Atividade 3
Resposta: A
Comentário: Via de regra, terapeutas da ACT estão pouco preocupados com a precisão ou a distorção do pensamento de seus clientes em um sentido
literal (mas não custa lembrar que um terapeuta da ACT jamais deixaria de acionar as autoridades competentes se, por exemplo, um cliente seu
relatasse que abusa sexualmente de sua filha e não pretende parar de praticar esse ato por entender que é uma expressão do grande amor paterno que
ele sente pela criança!).
Atividade 4
Resposta: A
Comentário: A EE foi originalmente definida como uma classe de resposta baseada na regra de não estabelecer contato com experiências privadas
aversivas, tais como pensamentos, memórias ou sentimentos negativos. Embora ela possa gerar alívio a curto prazo, a longo prazo ela tende a gerar
mais problemas e uma vida constringida, além de um afastamento das direções valorizadas pela pessoa. Trata-se de um modelo que pode ser aplicado
para qualquer transtorno ou problema psicológico, o que ocasionou a expansão da ACT.
Atividade 5
Resposta: C
Comentário: A flexibilidade psicológica é definida como a habilidade para contatar o momento presente em sua totalidade como um ser humano
consciente e, baseado naquilo que a situação oferece, agindo de acordo com seus valores. Esse termo é utilizado tanto como um sinônimo de saúde
mental, quanto como um modelo unificado do funcionamento psicológico. Esse modelo é baseado em uma perspectiva dimensional do comportamento
humano, enfatizando que o funcionamento adaptativo e o desadaptativo estão em um mesmo continuum, ou seja, a flexibilidade psicológica do indivíduo
(a sua adaptabilidade de funcionamento) é determinada por seis fatores inter-relacionados, denominados processos centrais.
Atividade 6
Resposta: C
Comentário: A ideia de saúde em ACT não está relacionada à presença de experiências internas desejadas ou à ausência daquilo denominado como
“sinais e sintomas” pela nosografia psiquiátrica. Ao invés disso, a saúde psicológica é caracterizada pela abertura a quaisquer experiências que se façam
presentes enquanto a pessoa avança em direção a uma vida valorizada.
Atividade 7
Resposta: C
Comentário: O processo de estar no momento presente envolve o contato voluntário e flexível com a experiência enquanto ela ocorre e refere-se tanto à
experiência externa quanto à experiência interna (pensamentos, emoções, sentimentos, por exemplo). Quanto ao conceito de mindfulness, tanto ele
quanto o conceito de contato com o momento presente, embora esse último seja mais amplo, dizem respeito ao direcionamento consciente e deliberado
da atenção para a totalidade da experiência que está sendo vivenciada no momento, mantendo uma postura de acolhida, receptividade e curiosidade
para tudo que se mostrar presente. A promoção da flexibilidade psicológica a partir do processo de contato com o momento presente dá-se por meio de

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práticas contemplativas de mindfulness, bem como de práticas não contemplativas, como o trabalho focado no que acontece no aqui e agora da relação
terapêutica, ou o trabalho centralizado em “Notar” utilizando o modelo matrix.
Atividade 8
Resposta: A
Comentário: A fusão cognitiva caracteriza-se pela fusão entre os eventos verbais que representam a realidade com a realidade em si, ou seja, os eventos
verbais tornam-se indistinguíveis da realidade em si e a pessoa passa a abordar suas experiências internas como se fossem acontecimentos concretos
ocorridos no mundo exterior. Embora esse processo nem sempre seja prejudicial, pois permite o autocuidado para situações futuras ou potencialmente
prováveis, quando ele se cronifica, pode levar à perda de vitalidade e de contato com a experiência de vida. Assim, o indivíduo passa a ter o seu
comportamento guiado pelo efeito que esse processo tem sobre seu mundo interno, desconsiderando os resultados efetivos que ele provoca. Já a
desfusão cognitiva representa o caminho inverso, ou seja, o indivíduo aprende a tratar os seus pensamentos como palavras utilizadas para representar a
realidade. A desfusão cognitiva permite que o indivíduo, além de adquirir maior sensibilidade para contingências e permanecer totalmente presente,
ganhe perspectiva e torne-se um observador dos seus pensamentos, sem a necessidade de mudá-los ou de obedecê-los cegamente.
Atividade 9
Resposta: B
Comentário: A fusão cognitiva é facilmente identificável quando o terapeuta solicita ao paciente que descreva determinada situação mencionada
previamente. Nessa situação, pacientes altamente fundidos com suas experiências internas responderão utilizando um discurso adjetivado que, ao invés
de descrever o ocorrido, julga-o sob a égide de uma legislação ad hoc idiossincrática e construída em causa própria. Outro aspecto da fusão cognitiva é
a controversa interna, que é a impressão de estar argumentando consigo mesmo, vista quando o paciente se encontra altamente fundido com seus
conteúdos internos. Além dessas características, pacientes fusionados com determinadas regras as veem como leis inquestionáveis, ao invés de como
preceitos aprendidos a partir de sua história. Tais regras, sob a ótica do paciente, representam argumentos consistentes em favor da ideia de que a
mudança não é possível por meio de suas ações.
Atividade 10
Resposta: B
Comentário: As estratégias de desfusão cognitiva, a despeito de sua ampla diversidade na forma, possuem um objetivo em comum: ajudar a pessoa a
distanciar-se de seus pensamentos, reconhecendo-os como um dos produtos de sua mente, e não como ordens que precisam ser seguidas ou verdades
literais.
Atividade 11
Resposta: A
Comentário: Aceitação significa uma disposição do indivíduo para contatar, plenamente e sem defesas ou julgamentos, as experiências internas
indesejadas que surgem enquanto ele se comporta de maneira consistente com seus valores. Isso não quer dizer que o indivíduo deve gostar, desejar ou
estar indiferente a essas experiências. Também não significa que essas experiências devam ser toleradas, pois o fato de tolerá-las significa que elas
possuem características negativas intrínsecas; nem que o indivíduo deva se resignar quanto a essas situações, pois isso significaria que poderia existir
alguma atitude que o indivíduo poderia usar para modificar a situação indesejada, mas ele optou por não praticá-la.
Atividade 12
Resposta: C
Comentário: Entre as queixas e manifestações em sessão típicas de falhas no processo de contato com a aceitação, é possível citar o paradoxo da
supressão do pensamento, no qual quaisquer eventos internos que o indivíduo tenta suprimir aumentam de intensidade ou de ocorrência; o foco nas
experiências internas prejudicando o engajamento em atitudes valorizadas caracteriza-se pela restrição do foco do indivíduo ao monitoramento de seus
níveis de desconforto ao invés de simplesmente se engajar em comportamentos valorizados quando os momentos propícios a isso surgem; e a evitação
de falar em algum assunto, ou seja, se um determinado tema geralmente provoca no paciente o surgimento de experiências internas indesejadas, ele
tende a evitar de falar com o terapeuta sobre esse assunto.
Atividade 13
Resposta: B
Comentário: Muitas vezes, os indivíduos tendem a identificar-se com determinados eventos privados e a se definirem com base neles, ou mesmo se
definirem a partir das histórias que constroem sobre si mesmos e se fundirem com essas histórias, o eu conceito, o que resulta em rigidez
comportamental. Isso impede que o indivíduo possa vivenciar um sentido de continuidade para transcender as experiências privadas, o que determina
uma grande instabilidade na identidade pessoal. A ACT busca confrontar o conteúdo dessas histórias, ao invés de tentar uma mudança diretamente
delas. Tenta-se fortalecer um sentido transcendente do eu trabalhando, inicialmente, com o eu como processo, isto é, de uma posição de observação de
eventos privados.
Atividade 14
Resposta: A
Comentário: A ação comprometida refere-se ao engajamento do indivíduo em comportamentos que expressam seus valores pessoais, levando consigo
todos os pensamentos, emoções, lembranças e sensações que vão surgindo ao longo desse processo, ou seja, mesmo em presença de sofrimento. Ela
não implica em uma persistência rígida para o que é importante na vida, mas na disposição para notar quando as ações não estão em conformidade com
o que é importante, e para retornar para essas ações valorizadas.
Atividade 15
Resposta: C
Comentário: A estratégia de solicitar que a pessoa redija aquilo que gostaria que fosse escrito em sua lápide é utilizada de forma ampla na clarificação de
valores por favorecer a abordagem de propriedades importantes do processo de clarificação dos valores. Ao assumir-se como morto, automaticamente é
assumida a impossibilidade de possuir qualquer bem material e de experimentar qualquer sensação, isso ajuda o cliente a focar-se naquilo que
realmente dá significado à sua vida. Pressupondo-se que o conteúdo gravado na lápide não é escrito por aquele que jaz sob ela, a pessoa que formulará
o epitáfio do cliente poderá basear-se apenas naquilo que ele demonstrou em vida. Dessa maneira, a estratégia da escrita do epitáfio naturalmente
enfatiza a essência comportamental dos valores.
Atividade 16
Resposta: A

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Comentário: A desesperança criativa é utilizada para diferenciar o cliente das suas estratégias de enfrentamento. Em outras palavras, por meio dessa
estratégia, enfatiza-se que a desesperança se aplica à agenda de controle como estratégia básica de enfrentamento, mas não à pessoa do cliente.
Atividade 17
Resposta: D
Comentário: O tabuleiro é sempre o mesmo, independentemente do resultado da partida. Ao se colocar na posição de observador e não na de
combatente, é possível retirar-se da “guerra” ainda que ela continue ocorrendo.
Atividade 18
Resposta: C
Comentário: As metáforas são muito utilizadas na ACT, já que transmitem ao paciente uma experiência próxima, ajustada para o seu problema, que
permite a ele chegar às suas próprias conclusões em relação ao seu problema, sem ter que ser conduzido diretamente pelo terapeuta. Elas representam
uma ferramenta que permite transferir rapidamente uma função evidente de um evento em uma situação hipotética e emocionalmente neutra, geralmente
chamada de “veículo”, para uma situação real e emocionalmente carregada, chamada de “alvo”, a qual também possui essa função, porém sua presença
é menos evidente. Na prática, o veículo consiste no conteúdo da metáfora em si, e o alvo representa a queixa colocada pelo paciente.

■ REFERÊNCIAS
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Como citar a versão impressa deste documento


 
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