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ESII - Campo - Fisioterapia em UTI

Professor Célio Diniz - UTI adulto e pediátrica


Discente: Yasmin de Sousa Barbosa

CASO CLÍNICO

A paciente é uma estudante de 10 anos. Ela foi diagnosticada com fibrose cística
(F508/ F508) em seu exame de recém-nascida. Sua história de saúde pregressa
aponta duas hospitalizações por exacerbação aguda de fibrose cística (aos 3 a 7
anos) e um diagnóstico de diabetes relacionada a essa doença há um ano. Ela
apresenta insuficiência pulmonar devido à fibrose cística “moderada” (volume
expiratório forçado no primeiro segundo [VEF1] de 62% na última visita clínica). Sua
última cultura de escarro foi positiva para Staphylococcus aureus, mas negativa para
Burkholdeira cepacia. Em geral, ela produz cerca de 30mL/dia de escarro amarelo
esverdeado, a partir da combinação de uma oscilação de alta frequência na parede
torácica (The Vest) com um sistema de pressão expiratória positiva vibratória (PEP;
Acapella) uma a duas vezes por dia. Ela caminha para a escola todos os dias,
incluindo seis quarteirões de subida no caminho de volta para casa, sobe as
escadas da escola. Entretanto, nas últimas semanas, sua produção diária de muco
aumentou para cerca de 100mL com alteração da cor para marrom esverdeado, e o
muco se tornou mais espesso e de expetoração mais difícil. Ela começou a receber
antibiótico por inalação (Tobi) e aumentou a frequência da limpeza de suas vias
aéreas. A paciente também se queixou de mal-estar generalizado, diminuição de
apetite, aumento da dispneia e fadiga nas pernas após subir escadas/caminhar em
aclive. Devido a esses sintomas, ela tem ido de carro à escola, tem utilizado o
elevador e interrompeu todas as formas de exercício. Ontem, ela deu entrada no
departamento de emergência após vários episódios de hemoptise clara (~250mL em
24 horas), falta de ar no repouso e uma nova dor do lado direito do tórax. A paciente
recebeu o diagnóstico de exacerbação pulmonar da fibrose cística e pneumotórax
espontâneo do lobo superior direito e foi admitida na unidade pulmonar térrea. O
fisioterapeuta foi chamado para realizar sua avaliação e tratamento no segundo dia
após a admissão hospitalar.
1 – Com base na condição de saúde da paciente, quais seriam os possíveis
fatores contribuintes para as limitações das atividades?
R: O principal deles, foi o aumento da sua produção diária de muco para cerca de
100mL, o triplo do ‘’habitual’’, com alteração da cor para marrom esverdeado, e o
muco se tornou mais espesso, consequentemente gerando um aumento da
resistência e por isso a expetoração fica mais difícil e vai acumulando no trato
respiratório. Outros fatores foram: o mal-estar generalizado, diminuição de apetite,
aumento da dispneia e a fadiga.
2 – Quais são as prioridades do exame?
R: Os exames fornecem ao fisioterapeuta informações necessárias para se traçar os
objetivos e condutas que serão adotados, visando sempre a qualidade de vida do
indivíduo. Incluem a avaliação da função pancreática, avaliação funcional pulmonar,
avaliação microbiológica do escarro, avaliação dos seios da face e avaliação gênito-
urinária masculina (azoospermia obstrutiva). São importantes pois dependendo da
gravidade do quadro clínico, se essas exacerbações são mais graves ou mais leves
é que podem ser feitos os antibióticos por via oral ou por via intravenosa.
3 – Quais são os testes e as avaliações mais apropriadas?
R: Avaliações dos sinais vitais (oximetria de pulso, frequência respiratória,
frequência cardíaca, pressão arterial); avaliações respiratórias (ausculta pulmonar,
padrão respiratório, tipo de tosse, aspecto da secreção pulmonar, força da
musculatura inspiratória e expiratória); avaliações atividade física (tipo de atividade
física, tempo de duração, frequência semanal, sinais e sintomas durante atividade
física); coletas de secreção (coleta de escarro, aspirado nasofaringeo ou swab);
avaliaçõesdo aparelho respiratório, da condição cardiopulmonar, nutricional e da
musculatura periférica.
Na ausculta pulmonar poderá indicar áreas de hipoventilação (ventilação
diminuída) ou não ventiladas, com acúmulo de secreção ou outros achados clínicos,
servindo de orientação para instituir o tratamento e técnicas adequados.
4 – Quais são as intervenções fisioterapêuticas mais apropriadas?
R: O fisioterapeuta busca quebrar o ciclo vicioso (excesso de secreção espessa,
acumula, colonização, processo inflamatório, outras patologias associadas,
obstrução das vias, retém mais secreção e etc) no intuito principalmente de facilitar
as técnicas de mobilização e eliminação de secreção, melhorar condicionamento
cardiorrespiratório, justamente porque durante a crise o gasto energético é muito
alto.
Algumas técnicas que podem ser utilizadas são: vibração, vibrocompressão,
oscilação de alta frequência, tosse provocada, AFE lenta e rápida, ciclo ativo de
respiração, também é muito importante trabalhar o condicionamento
cardiorrespiratório, como ela é uma criança de 10 anos, é sugestivo trabalhar com
muito lúdico, para a intervenção ficar mais atrativa.
5 – Que precauções devem ser tomadas durante as intervenções
fisioterapêuticas?
R: É importante evitar que o paciente entre em contato com outros pacientes com
fibrose cística que sejam colonizados ou infectados, e também a contaminação por
aparelhos, por isso precisa isolar e fazer a higienização adequada do aparelho
utilizado.
Também atentar durante a conduta aos sinais de infecção, como: piora da tosse,
modificação do escarro (cor, volume, consistência e presença de sangue), febre,
aumento da dispneia, fadiga excessiva.
É contraindicada a realização da tapotagem quando portadores de FC
apresentam ausculta pulmonar com sibilos expiratórios indicando broncoespasmo,
lesão pulmonar, osteoporose, edema agudo de pulmão, fraturas de costelas,
cardiopatia descompensada, hemoptise ativa e metástase pulmonar, ou estão em
pós-operatório.

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