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Universidade Federal do Pampa - Curso de Medicina

Clínica Médica II - 6º Semestre

TEMA: Diarreia aguda


Aluno: Franck José Poravoski Tolfo
Turma IX
CASO CLÍNICO 01
Paciente de 17 anos, feminina, com quadro de diarreia, náuseas, vômitos e dores abdominais há 2 dias. Apresentou 3-5
evacuações diarreicas/dia, fezes aquosas, sem sangue ou pus, com náuseas frequentes e alguns episódios de vômitos (5
episódios ontem e 3 episódios hoje) e dores abdominais em cólica, principalmente em mesogastro. Nega febre e refere
estar conseguindo ingerir água e manter alimentação leve. Hoje fez uso de 1 comprimido de buscopan composto e 1
comprimido de plasil, com alívio parcial das dores abdominais e náuseas/vômitos. Refere que há cerca de 5 dias, sua
irmã menor (8 anos), teve quadro semelhante, com melhora clínica após uso de antibiótico (prescrito pelo pediatra).
Paciente relata que previamente estava totalmente assintomático.
Ao exame físico: Bom estado geral, lúcida, orientada, coerente, hidratado, TAx= 37,9°C, sinais vitais estáveis, sem
alterações dos aparelhos respiratórios e cardiovasculares, abdômen plano, RHA aumentados, dor leve à palpação
difusa do abdômen, sem peritonismo.
01) Com base no caso clínico apresentado, qual a o diagnóstico sindrômico? Cite alguns
dos agentes etiológicos mais comuns.

O diagnóstico sindrômico é de Síndrome diarreica aguda do tipo não inflamatória. Gastroenterite


aguda. Alguns dos agentes etiológicos mais comuns associados a essa condição incluem:
​ Vírus: Rotavírus, Norovírus, Adenovírus.
​ Bactérias: Escherichia coli enterotoxigênica, Salmonella, Shigella, Campylobacter, Yersinia,
Clostridium difficile.
​ Parasitas: Giardia lamblia, Entamoeba histolytica, Cryptosporidium, Cyclospora.

02) Qual o manejo diagnóstico e terapêutico para este paciente?

O manejo diagnóstico e terapêutico para este paciente pode ser da seguinte forma:
Diagnóstico:
​ Avaliação Clínica: Continue monitorando os sinais vitais e o estado geral do paciente.
​ Exames Laboratoriais: Dependendo da gravidade e da duração dos sintomas, podem ser
solicitados exames de sangue para avaliar eletrólitos, função renal e desidratação.
​ Exames de Fezes: Realize exames de fezes para identificar o agente etiológico, como
cultura de fezes, pesquisa de antígenos virais e parasitológicos.
Terapêutica:
​ Hidratação: Mantenha a hidratação do paciente com solução oral de reidratação ou, em
casos graves, com fluidos intravenosos.
​ Medicamentos: Os medicamentos, como o Buscopan Composto e Plasil, podem ser úteis
para aliviar as dores abdominais e náuseas/vômitos, mas devem ser usados com cautela e
sob orientação médica.
​ Isolamento: Se houver suspeita de infecção viral ou bacteriana altamente contagiosa,
como norovírus ou Shigella, medidas de isolamento podem ser necessárias para evitar a
disseminação.
​ S/N METRONIDAZOL 500 MG VO 8/8H POR 7 DIAS.( não usa em viral)
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CASO CLÍNICO 02
Paciente de 45 anos, masculino, motorista de caminhão, chega à UBS referindo que há 3 dias (enquanto retornava de
viagem do Chile) iniciou com quadro de diarreia, náuseas/vômitos, dor abdominal e febre.
Apresenta cerca de 8-10 evacuações/dia, fezes pouco volumosas, com pus e raias de sangue, associadas com tenesmo
e urgência fecal. A dor abdominal é intensa (nota 8-9), principalmente no quadrante inferior esquerdo. As náuseas e
vômitos são pouco frequentes e apresentou picos de 38 a 39°C, com alívio após uso de dipirona.
Nega presença de sintomas gastrointestinais antes do início deste quadro. É hipertenso e diabético, fazendo uso de
losartana 50mg 2x dia, HCTZ 25 mg e metformina 850mg 2x dia.
Ao exame físico, apresenta-se em bom estado geral, lúcido, orientado, coerente, levemente desidratado, febril (39°C),
taquicárdico (FC= 112 bpm), eupneico, mucosas coradas. Exame físico respiratório e cardiovascular sem alterações.
Abdômen distendido, RHA presentes e aumentados, com dor leve a palpação superficial e dor moderada à palpação
profunda em FIE, sem sinais de peritonite.
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01) Com base no caso clínico apresentado, qual a o diagnóstico sindrômico (justifique sua resposta com os
dados clínicos do caso)? Cite alguns dos agentes etiológicos mais comuns.
O diagnóstico sindrômico é de diarreia infecciosa inflamatória, Possível colite aguda. Isso se
justifica pelos seguintes dados clínicos:
​ Diarreia com sangue e pus: O paciente apresenta fezes com raias de sangue e pus, o que
sugere inflamação do intestino.
​ Dor abdominal intensa no quadrante inferior esquerdo: A dor abdominal localizada no
quadrante inferior esquerdo pode ser indicativa de inflamação no cólon, o que é
consistente com uma colite.
​ Febre: A febre é um sinal de inflamação sistêmica, que é comum em casos de colite.
​ Hipertensão e diabetes: O paciente tem condições médicas pré-existentes que podem
afetar o sistema imunológico e a resposta inflamatória, tornando-o potencialmente mais
suscetível a infecções.
Com base nos sintomas apresentados, uma das causas mais comuns de colite aguda em um
paciente como este seria uma infecção por Clostridium difficile, especialmente considerando o
uso prévio de antibióticos durante sua viagem. Outras causas possíveis incluem infecções por
Escherichia coli enteroinvasiva, Salmonella, Shigella ou infecções parasitárias como Amebíase.
02) Qual o manejo diagnóstico e terapêutico para este paciente?
Manejo Diagnóstico e Terapêutico:
Diagnóstico:
​ Exames Laboratoriais: Realizar exames de sangue, incluindo hemograma completo e perfil
bioquímico para avaliar a gravidade da inflamação e verificar a desidratação e os distúrbios
eletrolíticos.
​ Exame de Fezes: Coletar amostras de fezes para cultura e pesquisa de Clostridium difficile
e outros patógenos.
​ Exames de Imagem: Pode ser necessário realizar uma tomografia computadorizada
abdominal para avaliar o grau de inflamação no cólon.
Terapêutica:
​ Hidratação: O paciente está levemente desidratado, então a reidratação oral ou
intravenosa deve ser iniciada para corrigir a desidratação.
​ Antibióticos: Se a infecção por Clostridium difficile for confirmada, o tratamento incluirá
antibióticos específicos, como metronidazol ou vancomicina.
​ Controle da Febre e Dor: Medicamentos para controlar a febre e a dor, como o uso de
antipiréticos e analgésicos, podem ser administrados conforme necessário.
​ Avaliação da Terapia Antidiabética e Anti-hipertensiva: A terapia com metformina e outros
medicamentos deve ser revisada e ajustada, se necessário, devido à desidratação e à
inflamação sistêmica.
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​ Monitoramento Clínico: O paciente deve ser monitorado de perto quanto à
evolução dos sintomas, e, em casos graves, pode ser necessária a internação hospitalar.

CASO CLÍNICO 03
Paciente masculino, 72 anos, é trazido ao PS pelo filho, devido a quadro de diarreia, náuseas/vômitos, dor abdominal e
febre, que iniciaram há 4 dias. Segundo o filho, as fezes são líquidas, 8-10 evacuações/dia, com urgência e
incontinência fecal, com algumas raias de sangue no último dia. O paciente queixava-se de náuseas, mas com 1-2
episódios de vômitos/dia. Os picos febris tornaram-se frequentes nos últimos 2 dias, variando de 38,5 – 39°C, com
alívio transitório (4-6h) após antitérmico. A dor abdominal iniciou leve e difusa, se intensificando progressivamente,
com maior intensidade na FIE. Faz uso de antitérmicos (dipirona e paracetamol), antieméticos (metoclopramida e
nausedron) e imosec, para alívio dos sintomas, sem melhora importante.
Paciente hipertenso ex-tabagista e tem diagnóstico de DPOC, com frequentes internações devido à exacerbação do
quadro respiratório, com a última internação há mais ou menos 10 dias, por quadro de pneumonia, com alta após 3
dias, para completar a antibioticoterapia à nível domiciliar (levofloxacino).
Ao exame físico: REG, sonolento, desidratado, afebril, taquicárdico (FC= 108 bpm), taquipneia (FR= 20 rpm) SO2
88%, PA= 100x70 mmHg. AP=MV diminuídos difusamente, com alguns estertores e sibilos expiratórios. A CV=
normal. Abdome distendido, timpânico no quarto quadrante, RHA aumentado, dor intensa e palpação em FIE, com
dor à descompressão súbita.
01) Com base no caso clínico apresentado, qual a o diagnóstico sindrômico (justifique sua resposta com os
dados clínicos do caso)? Qual o agente etiológico mais provável?

Com base no caso clínico apresentado, o diagnóstico sindrômico sugere uma diarreia aguda
inflamatória infecciosa. Possível complicação grave de colite ou enterocolite aguda. Isso se
justifica pelos seguintes dados clínicos:
​ Diarreia com sangue e pus: O paciente apresenta fezes líquidas com raias de sangue,
incontinência fecal, urgência fecal e, consequentemente, pode ter uma inflamação do
intestino.
​ Dor abdominal intensa na FIE (quadrante inferior esquerdo): A dor abdominal localizada na
FIE pode indicar inflamação ou possível perfuração do cólon.
​ Febre recorrente e picos febris: A presença de febre e picos febris sugere uma resposta
inflamatória sistêmica, o que é comum em casos de colite aguda complicada.
​ Desidratação e condições médicas pré-existentes: O paciente está desidratado, o que
pode ser resultado da diarreia e dos vômitos. Além disso, o paciente tem histórico de
DPOC e recente internação por pneumonia, o que pode aumentar o risco de complicações.
Com base nesses achados, uma das possíveis causas mais prováveis é uma colite aguda
complicada por perfuração ou outra complicação, como megacólon tóxico. Uma possível etiologia
pode ser uma infecção grave por Clostridium difficile, especialmente considerando o uso recente
de levofloxacino (um antibiótico que pode predispor a essa infecção).
No entanto, outras causas de colite aguda, como colite isquêmica, doença inflamatória intestinal
(DII) aguda (como doença de Crohn ou colite ulcerativa) ou até mesmo câncer de cólon com
obstrução, também precisam ser consideradas.
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02) Qual o manejo diagnóstico e terapêutico para este paciente?

O manejo diagnóstico e terapêutico para este paciente com base no quadro clínico apresentado
deve ser urgente e abordar as diversas complicações envolvidas. Aqui estão as principais
medidas a serem tomadas:
Manejo Diagnóstico:
​ Avaliação Clínica Urgente: O paciente deve ser avaliado imediatamente por um médico de
emergência ou cirurgião para uma avaliação completa.
​ Exames de Sangue: Realizar exames de sangue, incluindo hemograma completo,
eletrólitos, função renal, marcadores inflamatórios (como PCR e VHS), gasometria arterial
e coagulograma. Esses exames ajudarão a avaliar a gravidade da inflamação, a função
renal e a presença de desequilíbrios eletrolíticos.
​ Exames de Imagem: Uma radiografia abdominal ou uma tomografia computadorizada
abdominal podem ser indicadas para avaliar a extensão da inflamação, possíveis
perfurações ou obstruções intestinais.
​ Colonoscopia ou Sigmoidoscopia: Esses exames podem ser necessários para avaliar
diretamente o cólon, identificar áreas de inflamação ou perfuração e colher biópsias para
ajudar no diagnóstico.
Manejo Terapêutico:
​ Suporte Respiratório: O paciente apresenta saturação de oxigênio baixa (SO2 88%) e
sinais de comprometimento respiratório. Pode ser necessário oxigenoterapia e, em casos
graves, suporte ventilatório.
​ Hidratação: Corrija rapidamente a desidratação do paciente com fluidos intravenosos, já
que ele está desidratado.
​ Controle da Infecção: Se uma infecção por Clostridium difficile for confirmada ou suspeita,
o tratamento com antibióticos específicos, como metronidazol ou vancomicina, deve ser
iniciado imediatamente.
​ Medicamentos para a Dor: Administre medicamentos para aliviar a dor abdominal, mas
com cautela, devido à possível perfuração.
​ Cuidados Cirúrgicos: Se houver evidência de perfuração do cólon, peritonite ou outras
complicações cirúrgicas, uma intervenção cirúrgica de emergência pode ser necessária.
​ Avaliação de Condições Pré-existentes: Reavalie as condições médicas pré-existentes do
paciente, como hipertensão, DPOC e diabetes, e ajuste a terapia conforme necessário.
​ Avaliação Cardiorrespiratória Contínua: Dada a idade e o estado crítico do paciente, é
importante monitorar continuamente sua função cardiorrespiratória.
​ Internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI): Dependendo da gravidade das
complicações, o paciente pode precisar ser transferido para a UTI para cuidados mais
intensivos.
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CASO CLÍNICO 04

Paciente de 16 anos, masculino, chega na UPA com quadro de diarreia, náuseas e dor abdominal. Refere que o quadro
iniciou há cerca de 6 dias, após voltar de acampamento com turma da escola (ficaram 5 dias em local com águas
termais). A diarreia é aquosa, 3-5 evacuações/dia, odor fétido, sem sangue ou pus nas fezes, com distensão abdominal
e dores abdominais periumbilicais, de intensidade leve à moderada. Apresenta ainda náuseas frequentes, sem vômitos,
nega febre.
Previamente hígido, sem nenhum sintoma gastrointestinal ou patologias prévias, embora tenha feito uso de
amoxacilina há 14 dias, para quadro de amigdalite.
Ao exame físico: BEG, LOC, hidratado, afebril, sinais vitais estáveis e exame físico normal, exceto por distensão
abdominal.

01) Com base no caso clínico apresentado, qual a o diagnóstico sindrômico (justifique sua resposta com os
dados clínicos do caso)? Qual o agente etiológico mais provável?

Com base no caso clínico apresentado, o diagnóstico sindrômico sugere diarreia aguda não
inflamatória, uma possível gastroenterite aguda. Isso se justifica pelos seguintes dados clínicos:
​ Diarreia aquosa e odor fétido: O paciente apresenta diarréia aquosa, que é um sintoma
característico de gastroenterite aguda.
​ Dor abdominal periumbilical: A dor abdominal periumbilical é comum em casos de
gastroenterite e pode ser de intensidade leve à moderada.
​ Náuseas frequentes: As náuseas são outro sintoma típico de gastroenterite, embora o
paciente não tenha relatado vômitos.
​ História de viagem recente: O paciente menciona um acampamento em um local com
águas termais, o que pode estar associado a uma exposição a água contaminada ou
alimentos inadequadamente preparados.
​ Uso recente de amoxicilina: O uso recente de antibióticos, como a amoxicilina, pode
predispor o paciente a uma gastroenterite aguda, uma vez que os antibióticos podem
alterar a flora intestinal normal.
Dadas essas informações, o agente etiológico mais provável pode ser uma infecção
gastrointestinal causada por bactérias, vírus ou parasitas. No entanto, devido ao início dos
sintomas após o acampamento e à exposição a águas termais, é importante considerar a
possibilidade de contaminação da água ou alimentos durante a viagem.
As causas mais comuns de gastroenterite aguda incluem vírus como Norovírus e Rotavírus,
bactérias como Escherichia coli enterotoxigênica, Salmonella, Shigella, Campylobacter e
parasitas como Giardia lamblia ou Cryptosporidium.
É importante destacar que, embora a amoxicilina possa perturbar a flora intestinal normal e
predispor a infecções gastrointestinais, a gastroenterite aguda após 14 dias do uso do antibiótico
sugere mais fortemente uma causa infecciosa adquirida após o acampamento do que uma reação
ao próprio antibiótico.
O diagnóstico definitivo e a identificação do agente etiológico exigiriam exames laboratoriais,
como culturas de fezes e análise de fezes para pesquisa de antígenos virais e parasitas, se
necessário. O tratamento seria baseado nos resultados desses exames
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02) Qual o manejo diagnóstico e terapêutico para este paciente?

O manejo diagnóstico e terapêutico para este paciente com base no quadro clínico apresentado
deve incluir as seguintes medidas:

​ Exames Laboratoriais:
● Coleta de amostras de fezes para cultura bacteriana, pesquisa de vírus (como
Norovírus e Rotavírus) e parasitas (como Giardia lamblia e Cryptosporidium).
● Hemograma completo para avaliar a presença de leucocitose ou outros sinais de
inflamação.
● Testes de eletrólitos para verificar desequilíbrios.
● Se disponível, uma pesquisa de antígenos virais nas fezes pode ajudar a identificar
possíveis vírus causadores.
​ Exclusão de Outras Causas: Considere excluir outras condições médicas que possam
causar sintomas semelhantes, como doenças inflamatórias intestinais (DII) ou intolerâncias
alimentares.
Manejo Terapêutico:
​ Hidratação: Devido à diarreia e ao risco de desidratação, o paciente deve ser reidratado
oralmente ou, em casos graves, por via intravenosa.
​ Gestão da Dor e das Náuseas: Medicamentos para alívio da dor abdominal e das náuseas
podem ser administrados, se necessário. No entanto, evite o uso de medicamentos
antieméticos que podem agravar a constipação, como a metoclopramida.
​ Antibióticos (se indicado): Dependendo dos resultados dos exames de fezes, o médico
pode prescrever antibióticos específicos se a infecção for causada por bactérias
suscetíveis.
​ Dieta: Recomendar uma dieta leve, como a Dieta BRAT (Banana, Arroz, Maçã e Torrada),
para ajudar a reduzir a irritação gastrointestinal. Posteriormente, a reintrodução gradual de
alimentos normais é apropriada ( É dever do médico saber isso).
​ Monitoramento Clínico: O paciente deve ser monitorado quanto à hidratação, função renal,
progressão dos sintomas e sinais de complicações, como febre persistente, sangramento
retal grave ou desidratação grave.
​ Educação sobre Higiene: Eduque o paciente e sua família sobre práticas de higiene
adequadas, como lavagem das mãos, para evitar a propagação da infecção.
​ Avaliação do Uso de Amoxicilina: Considere se o uso prévio de amoxicilina pode ter
contribuído para a disbiose intestinal e discuta a necessidade de continuar ou ajustar essa
medicação com base na avaliação clínica.
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​ Isolamento: Se houver suspeita de uma infecção altamente contagiosa,
como o Norovírus, o paciente deve ser isolado para evitar a disseminação.

CASO CLÍNICO 05

Paciente de 25 anos, feminino, chega à UPA por quadro de náuseas/ vômitos, diarreia e dor abdominal. O quadro
iniciou há cerca de 10 horas, com náuseas e vômitos intensos (cerca de 8-10 episódios), com dor abdominal leve,
distensão abdominal superior e episódios de diarreia (3 episódios), fezes líquidas e aquosas, sem sangue. Nega febre.
Estava assintomática até o início do quadro, referindo não ter feito nenhum tipo de abuso alimentar na noite anterior,
durante a festa de casamento de seu primo. Refere que 2 amigas também estão com quadro semelhante, ambas
estavam na mesma festa. Nega patologias prévias ou uso de medicações.
Ao exame físico: BEG, LOC, hidratada, afebril, sinais vitais estáveis, exame respiratório e cardiovascular normal,
abdome distendido, com RHA presentes, dor leve à palpação em epigastro, sem visceromegalias ou sinais de irritação
peritoneal.

01) Com base no caso clínico apresentado, qual a o diagnóstico sindrômico (justifique sua resposta com os
dados clínicos do caso)? Qual o agente etiológico mais provável?

Com base no caso clínico apresentado, o diagnóstico sindrômico sugere uma diarreia aguda não
inflamatória, possível intoxicação alimentar aguda. Isso se justifica pelos seguintes dados clínicos:
​ Náuseas, Vômitos e Diarreia após Evento Social: O paciente desenvolveu náuseas,
vômitos e diarreia cerca de 10 horas após uma festa de casamento, onde pode ter
consumido alimentos ou bebidas potencialmente contaminados.
​ Presença de Sintomas em Amigas que Estavam na Mesma Festa: O fato de duas amigas
do paciente também apresentarem sintomas semelhantes após a mesma festa sugere uma
possível fonte comum de exposição.
​ Início Súbito dos Sintomas: O início abrupto dos sintomas após um evento social sugere
uma possível ingestão de alimentos ou bebidas contaminados.
​ Diarreia Aquosa: A diarreia líquida e aquosa é típica de intoxicação alimentar.
Com base nessas informações, o agente etiológico mais provável é uma infecção gastrointestinal
causada por uma bactéria, vírus ou parasita transmitido por alimentos ou água contaminados.
Geralmente, esses surtos de intoxicação alimentar estão associados à ingestão de alimentos mal
preparados, armazenados inadequadamente ou contaminados por agentes patogênicos, como
Salmonella, Escherichia coli enterotoxigênica, Norovírus ou Campylobacter.
É importante considerar que, embora o paciente menciona não ter feito abuso alimentar, a
contaminação de alimentos em eventos sociais, como festas de casamento, pode ocorrer devido
à manipulação inadequada dos alimentos, higiene precária ou condições impróprias de
armazenamento.
O diagnóstico definitivo e a identificação do agente etiológico exigiriam exames laboratoriais,
como culturas de fezes ou testes específicos para os patógenos suspeitos. No entanto, o
tratamento inicial deve ser direcionado para o alívio dos sintomas e a prevenção da desidratação,
já que a maioria dos casos de intoxicação alimentar aguda é autolimitada e resolve-se com o
tempo.
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02) Qual o manejo diagnóstico e terapêutico para este paciente?

O manejo diagnóstico e terapêutico para este paciente com suspeita de intoxicação alimentar
aguda deve incluir as seguintes medidas:
Manejo Diagnóstico:
​ Avaliação Clínica Detalhada: Continue obtendo informações detalhadas sobre a história
clínica do paciente, incluindo a lista de alimentos e bebidas consumidas na festa de
casamento.
​ Exames Laboratoriais:
● Coleta de amostras de fezes para culturas bacterianas e pesquisa de parasitas, se
indicado.
● Hemograma completo para avaliar a presença de leucocitose, que pode ocorrer em
resposta à infecção.
● Testes de eletrólitos para verificar desequilíbrios.
● Exame de urina para descartar outras causas de sintomas gastrointestinais.
Manejo Terapêutico:
​ Hidratação: O paciente deve ser reidratado, principalmente se houver sintomas de
desidratação, como sede intensa, boca seca, redução da produção de urina ou tontura. A
hidratação pode ser feita por via oral com solução de reidratação oral ou intravenosa,
dependendo da gravidade.
​ Controle dos Sintomas:
● Para náuseas e vômitos, podem ser administrados medicamentos antieméticos,
como a metoclopramida, conforme necessário.
● Para diarreia, é importante lembrar que, em muitos casos de intoxicação alimentar,
o uso de medicamentos antidiarreicos, como a loperamida, não é recomendado,
pois pode prolongar a eliminação do agente patogênico do organismo. Portanto, o
tratamento principal é o controle dos sintomas e a hidratação.
​ Repouso e Dieta Leve: O paciente deve descansar e evitar alimentos que possam irritar o
estômago e o intestino. Recomende uma dieta leve, como a Dieta BRAT (Banana, Arroz,
Maçã e Torrada), para ajudar a aliviar a diarreia.
​ Isolamento e Prevenção da Propagação: Se houver confirmação de um surto de
intoxicação alimentar, é importante relatar o caso às autoridades de saúde pública para
investigação e prevenção da propagação da doença.
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​ Educação sobre Higiene: Eduque o paciente sobre a importância da
higiene pessoal, como lavar as mãos cuidadosamente após usar o banheiro e antes de
manipular alimentos, para evitar a propagação da infecção.



​ Monitoramento Clínico: O paciente deve ser monitorado quanto à melhora dos sintomas e
sinais de desidratação. Se os sintomas piorarem ou persistirem por mais de alguns dias,
deve ser considerada uma reavaliação.
O tratamento da intoxicação alimentar é principalmente de suporte, e a maioria dos casos se
resolve por conta própria. No entanto, é importante monitorar a hidratação e controlar os sintomas
para garantir uma recuperação suave. Em casos graves, com sintomas graves de desidratação
ou se a condição do paciente piorar, a hospitalização pode ser necessária para terapia
intravenosa e monitoramento mais intensivo.

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