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DE CoVID-19: ENTRE
coOPERAÇÃOE COORDENAÇÃO
AoMINISTRATIVE JURISDICTION POWERS IN COMBATING THE CoviD-19
PANDEMIC: BETWEEN CO0PERATION AND
COORDINATION
Municipal Power-Federalism -
Municipal Autonomy.
UMARO:1. Colocação do tema. 2. As decisões do STF na ADI 6341. 2.1. Adecisão na medida
Cautelar
da ADI 6341. 2.2.0 referendo do Plenário STF
do aliminar na medida cautelar da
ADI
5341. 3.0 federalismo e a federação brasileira. 4. Coordenação administrativa no sistema
Juridico espanhol. 5. Acoordenação intergovernamental em saude publica: uma alternativa
COmbate å Pandemia da Covid-19. 6. Consideraçðes finais. 7. Rererëncias. Jurisprudência.
1. CoLoCAÇÃO DO TEMA
doença que se espalha por dilerentes continentes motivo de
é
O' surginento de nova
tais lotados.
O problema que se coloca é saber no arranjo lederativo nacional a competencia para
o estabelecimento de medidas sanitárias de enfrentamento de uma pandemia pertence
a quem?
A questão é relevante porque foi promulgada a Lei Federal 13.979/2020, que estabe
da Covid-19, matéria foi submetida
lece medidas para o enfrentamento da pandemia e a
da União estabelecer
à jurisdição constitucional, para questionar a legitimidade em as
entes da federação.
A hipótese que se propõe é que a decisão do STF na Medida Cautelar da ADI 6341 foi
de políticas uniticadas para
equivocada, diante da necessidade de implementação
com-
do
A decislo liminar, de lavra
Ministro Marco Aurélio, reconheceu não haver transgres
so a preccito constitucional, pela redação dada ao art. 3°, da Lei sob análise. pela Medi-
da Provisoria 926/2020, tendo em vista que no art. 23, 11, da Constituição se estabelece
a competència comum entre os entes da federação, em matéria de saúde publica. Assim
assentou o Ministro:
Portanto, essa decisão tornou explícita a interpretação de que cada ente da federação
deverá tomar providências sobre o enfrentamento à Pandemia da Covid-19.
- isolamento,
Il-quarentena
VI - restriçâo excepeional e temporária, conforme recomendaçâo técnica e fundamentada da Agència
Nacional de Vigilancia Sanitária, por rodovias, portos ou aeroportos de:
a) entrada e safda do País;
b) locomoçao interestadual e lntermunicipal,
8 A s medidas previstas neste artigo, quando adotadas, deverão resguardaro exercício e o funciona-
mento de serviços poblicos e atlvldades essencials.
99O Presidente da Republica disporA, medlante decreto, sobre os serviços publicos e atividades essen-
cials a que se
releremo88
0.As medidas a que se relerem os Incisos l, llevido caput, quando aletareii a execugdo de serviços
publicose atividades essenclais, inclusive as reguladas, concedidas ou autorizadas, somente poderao ser
adotadas em ato espectfico e desde que em articulaçao previa com o orgao regulaclor ou o Poder conce-
dente ou autorizador.
911.E vedada a restriçâo a cireulação de trabalhadores que possa aletar o luncionamento de serviços
p u b i c o s eatividades essenciats, delinidas nos terimos do disposto o s e c a r g a s de qualquer espécie
Esta decisto limiar concedidapelo Ministro Relaior, Marco Aurélio, foi referendada
pelo Plenario do STEem 15 de abril de 2020. Segundo o Plenário, não pode a União im.
de saude, tendo em vIsta a com-
edir que os demais cnles lederativos prestem serviços
peiencia comum de todos os emes nesta matéria (art. 23, I, CR/88).
Por ter entendido a Corte que se trata de competência comum, todos os entes tedera-
tvOs iem competência para atuar diretamente no combate à Pandemia, dando ao art. 3°,
referido tema.
Reconheceu-se que a hierarquização prevista no art. 198, da CR/88 sobre o Sistema
de forma eliciente."
da competência da
Alegou-se, também, que as regras da Lei 13.979/2020 decorrem
união em legislar sobre vigilancia epidemiológica, nos termos dalei do SUS (Lei 8.080/90).
material dos demais entes da tederação prestação de
mas isso n o reduz a competëncia
serviços de saúde.
3. Cf. BRASIL.. Supremo Tribunal Federal. Referendo na medida cautclar na Açào Direta de Inconstitucionale
dade 6.341-DE. Relerendo em medida cautelar em açâo Direta de inconstitucionalidade. Direito Cons*
titucional. Dircito à saude. Emergência sanitária Internacional. Lei 13.979 de 2020. Competência dos
entes Federados para legislar e adotar medidas sanitárias de Combate à epidemia internacional. Hierar
Relator
quia do Sistema unico de saüde. Competència comum. Medida Cautelar parcialmente deferida.
Min. Marco Aurelio, 15 de abril de 2020. Disponível em: [http://redir.stl.jus.br/paginadorpub/pagina"
10.12.2020.
dor.jsp?docT P-TP&rdocID=75+372183|. Acesso em:
4. "Art. I°- A Naçao brasileira adota como lorma de Governo, sobo regime representativo, a Repubi
Federativa, proclamada a 15 de novembro de 1889, e constitui-se, por uniao perpétua e indissolüvel das
e os entes lederalivOS, que Silo tuniclatles autónomas umas das outras, tanto
entre
ala organizacdo, qanto a sua aclministraçao e legislação
quantoa
A federaçao surgiu n mudo em 1787, (quando os Estados americanos transforma-
Tama sua conlederaç em un leueraçaO,'O1ermo federaçao vem do latim Joedus, que
igniticaaliança, acordo." MuitAs ialanças ja loran lorjadas entre naçoes, maso que torna
a federaçao dilerente de todas is outras? E evidente que cada Estado tem sua feição pró
pria', diante de sua realiciade sOcial, ccon0mica, cultural, pois se reconhece que o Estado
uma individualidale concreto-históricu." Apesar disso, podem-se enumerar algumas
semelhançAS que ocorrem em um Estado Federal.
Uma caracieristicia e que a uniao de estados membros lorma um único Estado, mais
forte do que aquelesseparadamente. Isso representa uma maior segurança para os
daos. tanto no Ambino externo, quanto no âmbito interno. Se a questão for analisada sob
cida
0 aspecto internacional. percebe-se que uma nação mais forte, mais poderosa, é capaz de
manter a paz, em virtude exatamente do seu poderio militar, além da possibilidade de se
ter um governo nacional mais moderado em relação às paixoes que podem tomar gover-
nos regionais." lgualmente no åmbito interno, um governo nacional, menos propenso a
se contagiar pelas paixÓes locais e regionais, pode gerenciar os conflitos de forma mais
moderada e, assim, evitar conlrontos desnecessários, para se manter a paz social.
Os aspectos econômico e social também são preservados com a instituição de uma
federação. Em cada país há regiöes que, em razäo de suas caracteristicas, desenvolvem
apudoes económicas em determinadas áreas, umas para o agronegócio, outras para a in-
dustria, outras para serviços.
Tais diterenças econðmicas nas várias regiðes criam umadiversidade de modos de vida
dos cidadãos e, além disso, uma desigualdade indesejável.1° Em razào disso, o Constituinte
. STRECK, Lenio Luiz; BOLZAN DE MORAIS, José Luis. Ciência poltica e teoria do Estado. 8. ed. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2014. p. 175.
6. DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. 30. ed. Sâo Paulo: Saraiva, 2011.p. 252.
No mesmo sentido STRECK, Lenio Luiz; BOLZAN DE MORAIS, Jose Luis. Ciencia politicae teonia do
Estado. 8. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 201+. p. 175.
Para umn interessante estudo histórico da federação nas constituiçòes brasileiras veja HORTA, Raul Ma-
chado. Problemas do federalismo brasileiro. Revista da Jaculdade de direito da UFMG, Belo Horizonte
.9, p. 68-88, 1957.
. IHESSE, Konrad. Elementos de direito constitucional da Repablica Federal da Alemanha. Trad. Luts
Atonso Heck. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 1998. p. 179,
9C JAY. John. O Federalista n. 3. In: HAMILTON, Alexander; MADISON, James:JAY. John. O Federalis-
ta. Irad. Ricardo Rodrigues CGama, Campinas: Russel, 2003. p. +1-42. No mesmo sentido o autor fala da
e s s i d a d e de governo moderado para evitar a guera, com ao governo dos homens mais capazes do
de 1988
estabeleceu entre as objetivos fundamentais
os da Repüblica "erradicar a pobrezae
a
marginalizagâo recduzir tlesigumldales soclais regionais" (ar1. 3°, I1, CR/88). Com
e
11. As transferências
de recursos publícos realizadas, em especial, da Uniao
estadose determinados
de mu
a
nicipios sao uma lerramenta importante na recdução das desigualdades. para o desenvolvimento pro
jetos, com
fundamento no
prlnctplo da solidariedade. BERCOVIC1, G. A descentralizaçâo de
socialse o lederalismo cooperauvo brasileiro. Revista de Direlto Sanitdrio, v. 3, n. 1, mar. 2002. p. 1.
poliuca
12. "A repartiçâo nessas duas categorias esta ligada a um sistema de valores ao nível de desenvolvimento
economicoe socíal, bem como a respectiva evolução de seu
desenvolvimento.
flitos sociais, a multiplicação dos perfodos de crise,
O aparecimento de co
as
exigências do desenvolvimento
economico
crescimento dos investimentos publicos leva a várias meditaçðes, no que diz respeito à relação en
natureza do que se pode conligurar como interesses locais ou nacionais". BARACHO, José Altredo a
Oliveira. Descentralização do poder:
federaçãoe munictpio. Revista de informaçao legislativa, Bras
a. 22, n. 85, Jan /mar. 1985. p. 152.
13. Veja a respeito LZIERO, Leonam. Legitimaçâo do federalismo e vantagens da forma federal de
Estau
Revista
direlto publico, Brasilla, Fdiçâo especial, 2019. p. 235-237.
NevES, Rodrigo
SantOs. Compeencias administrativas
no
combate a pande mia de coOvId-I9. entre
Revista dos Tribunais. vol. 1040. ano 111. p. 53-68.cooperaçao e coordenaçao
Sao Paulo: Ed. RT, junho 2022.
ADMINISTRATIVO 59
al,1 O Estado
regional."O Estado deve promo
promover açoes sentido de
e
pleno d e s e n v o l v i m e n t o . '
n0
possibilitar às minoriaso seu
ou locais te-
portunidade de mOStrar o scu programa de governo em ação. Esta situação
e
TaOpO
promover a allernancia de oder. ajuda a
. Ci. HESSE, Konrad. Elementos de direito constitucional da Republica Federal da Alemanha. Trad. Luis
Alonso Heck. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 1998. P. 189.
Sminorias devem ter a possibilidade de se desenvolverem de mancira autónoma e nao podem ser
aesconsideradamente oprimidas pela maioria. Os Estados têm a tarefa de criar as condiçðes para a in-
graçao de suas minorias". FLEINER-GERSTER, Thomas. Teoria geral do Estado. Trad. Marlene Hol
nausen. São Paulo: Martins Fontes, 2006. p. 196.
nisso, é aberta para eles a possibilidade para prestação própria, eles não ficam restringidos a critica
E s oblem oportunidade de instruir seus condutores no exercício dos negócios estatais, de modo que,
ado eles, uma vez obliverem, na lederação, a maioria, disponham de pessoal político instruido sufi-
eeesteja garantía uma mudança sem atrito", Cl. HESSE, Konrad. Elementos de direito constitucional
u Kepublica Federal da Alemanha. Trad. Luís Afonso Heck. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 1998.
P.. 185.
1SSE, Konrad. Elementos de direito costitucional da Repüblica Federal da Alemanha. Trad. Luis
HESSE,
n1OnSo
Konrad. Flementos de direito constitucional da Federat da
Republica
Trad. Lus
Alemanha.
19.
Heck. Porto Alegre: Sergio Antoni F'abris, I9:P. io:
subordinaçao dentro do Estado fede-
e a supremacia da Uniao lara predominar relaçoes de
as
a, nquanto a tonica do equilsbrio conduzind a um razoavel capo para o desenvolvimento das rela-
Estad.peraçao, sem prejuízo do primado
da U1ao lederal de suas competëncias de
questoeslederalismo. nas
Revista de
S0berano". HORIA, Raul Machado. Organizaçao
constitueioal
do in-
4legislativa, Brasllia, a. 22, n. 87,. jul.-set. 1985. p. 7.OEstudo brustletro experimentou recente
fragilizauçao da
propru separaçao de poderes, sob a
que culminou
nia
CEnlralizaçâo política,
Competencias administrativas
NVES, Hodrigo Santos. entre cooperaçao e coordenação.
a panidemia de Covid-19:
D...
"VStd COmbate
doS Iribunais. vol. 1040. ano 111. p. 53-68. Sa0 Paulo: td. RI, junho 2022.
1040 JUNHO DE 2022
60 REVISTA DOs TRIBUNAIS R I
descentralização po
capaz de garantir
a
nâo é
A simples repartiçao de competências deve garantir que as esteras de
caracterizl a lederaçao
litica. A autonomia polstica, que e legisladores,20
os seus governantes
(estacduais) e locais possam eleger
poder regionais
constitusdo pela Uniäo, estados, Distrito Federal e
O Estado brasileiro, portanto, é foi data autonomia po.
Thata-se de uma lederação, com um
lllerencial, pois
municipios.
ltica, adninistrativae linanceira aos munictpios.
entre os entes de uma lederaçao. O que mais
Como se sabe, nào há uma hierarqula
Mas para que isso seja possível, sem
polítlca.
caracteriza a lederaç o é a descentralização
de competências
necessllade de u m a divisão
que haja uma confusâo institucional há a
art. 24 da CR/88.
as competências lixadas
constitucional-
No federalismo de cooperação, ao contrário,
de esforços
mente devem ser exercidas por
todos os entes federativos de modo a uniäo
comuns, previstas no
alcance o bem comum." E oque acontece com as competências
trata de uma opção dos entes
federados em cooperar, mas, sim, de
art. 23, CR/88." Não se
aimposição constilucional."
ma Embora a Constituiçao remeta a
matéria à lei comple
menta-ntar, o Supremo Tribunal Federal ja se manilestou no sentido de
reconhecer validade
a ajuste contratual enire os entes lederados
para organizar a cooperação de
comum. competêncla
A saude é umbom
exemplodessa cooperação. Prevista no art. 23, II, da CR/88, a com-
petencia comum para cuidar
da Saude, entre Uniâo, estados, Distrito federal e munlct-
pios impoe uma combinaçao estorços, como se percebe do texto da Lei
de
n. 141/2012.que regulamenta a cooperação.
Complementar
que no haja dispersão de esforcos. Asim dirao, por exemplo, oque cabe a cada esfera politica na pres.
acao dos mesmos serviços, levando-se em conta as reais possiblidades administrativas e orçamentarias
dos diversos parceiros, ou, ainda, especificar o quais os instrumentos de ação administrativa a utilizar,
para permitir o exercício mais vantajoso das competências comuns". ALMEIDA, Fernanda Dias Mene-
zesde. Comentário ao art. 23, parágrafo unico In: CANOTILHO,J.J. Gomes; MENDES, Gilmar E; SAAR-
LE, Ingo W, STRECK, Lenio L. (Coords.). Comentários àa Constituiçâo do Brasil. São Paulo: Saraiva/
Almedina, 2013. p. 1780.
47 art. 23 (..) Parágrafo unico. Leis complementares lixarao normas para a cooperaçao entre a Uniâoeos
Estados, o Distrito Federal e os Munictpios, tendo em vista o equiltbrio do desenvolvimento edo bem-
-estar em ambito nacional". Constituição da Republica (CR/B8).
O artigo 23,
reservoualeicomplementara disciplina da coo-
unico, da Constituição Federal
parágrafo
União, Estados, MunicipioseDistrito Federal
peraçao interlederativa, mas nao veda quesalutar recorram à u
lização de instrumentos negociais para a racionalização e coordenacão das atividades,
suas
Oniormidade com a perspectiva consensuale pragmatica da Administração Publica contemporanea em
em
Nacional de
e
administraivas
NEVES, Rodrigo Santos. Competencias
cooperaçao ccoorGenaçao2022.
combate â pandemia ano 111. p. entre
de Covid-19:
no 53-68. São Paulo: Ed. RT, junho
nevista dos Tribunais vol. 1040.
R I 1040 JUNHO DE 2022
REVISTA DOos TRIBUNAIS
62
do conlusão ou inditerenciação de
sisiema ceniralizado que
uncionamento de um
bom
competencia (...)".2 nem sempre as
a questa0 é complexa, porque
Ao conurario do que se posSA )arccer, anteriormente. O texto cons.
vill
exclusivaS ou privativas, como ja se
sao (art. 23)e compe.
compeiencias competencas
comuns
cstabelece expressamente
titucioal brasileiro
deliniraté que ponto
um ente da lederação pode
eodilícilé
(art. 24)
tênciasconcorremes invadir competência
alheia.
as suus atribuiçðes, sem
Cxener
principios que regem
a Ad.
1978 estabelece dentre
os
1. A Administração Publica serve com objetividade os interesses geraise atua de acordo com os princ
pios de
elicdcia,
hierarquia, descentralização, desconcentração e coordenação,
Jei e ao Direito.
submetida a plenamente
2.Os orgaos da Adininistração do Estado são eriados, regidos e coordenados de acordo com a lei".
29. COVILLA MARTINEZ, Juan Carlos. La garantía de la
coordinación interadministrativa
autonomía local en el marco de las
decisiones
en
Espana. Iustituzioni del Federalismo, Bolonha, a. 39, n. 1,jan.-
2018. p. 79.
30. SANCHEZ MORON, M.
Ia coordinación administrativa cono concepto jurídico. Documentación Aa
nistrativa, Madri, n. 230-231, abr./set. 1992. p. 21.
31. COVILLA MARITINEZ, Juan Carlos.
La garantía de la autonomía local en el marco de las decisione
de
Ha que se falar em um
conteudo mínimo à
autonomia municipal e que não
desprezado pelas autoridades quue terâo a tarela de
coordenar a atividade
pode ser
que seria a) opoder administrativa,
mites
auto-organizaçào; b) a autonomia financeira do município; ec) li-
controle sobre
de
ao
município.2 o
Hauma garantia previa para se preservar a autonomia local, mesmo diante do institu-
to da Coordenação, que são os planos setoriais. Segundo dispöe a
denação se realizará por meio da definição concreta e
lei espanhola, "a
coor
em relação a uma matéria, serviço
ou
competëncia especifica de interesse
público ou comunitário, através de planos seto-
riais para lixação
a dos objetivos e determinação das prioridades de ação pública na ma-
teria correspondente".
Fica garantida a participação dos municíipios envolvidos nos órgãos criados para au-
xiliar na
coordenação (art. 58.2). O objetivo da
normaé se possibilitara
Os entes administrativos, na chamada cooperação voluntária. cooperação entre
E
pertinente uma sentença do Tribunal Constitucional Espanhol sobre a Coordena-
ção Administrativa em matéria de saúde
pública, o que interessa a este trabalho, em razão
da
pandemia da Covid-19 instalada no planeta: a coordenação
"deve ser entendida como a tixaçào de meios sistemas que tornem
e
possível a infor
mação reciproca, a homogeneidade técnica em determinados aspectos e a ação conjun-
a das autoridades sanitárias estatais e comunitárias no exercicio de suas
respectivas
competências, de tal modo que se logre a integraçào de atos parciais na globalidade do
SIstema sanitário."
.
COVILLA MARTINEZ, Juan Carlos. La garantía de la autonomía local en el marco de las decisiones de
00dinacioninteradministrativa en España. Instituzioni del Federalismo, Bolonha, a. 39, n. 1, jan.-mar.
2018. p. 8.
COVILLA MARTNEZ, Juan Carlos. La garantía de la autonomía local en el marco de las decisiones de
n a c l ó n interadministrativa en Espana. Instituziont del Federalismo, Bolonha, a. 39, n. 1.jan/mar.
2018. p. B6.
4
O A MARTINEZ, Juan Carlos. L.a garantia de la autonomau local en el marco de las decisiones de
d a c t ó n interadnuinistrativa cn ispana. mstituziont del Federalismo, BolonBha, a. 39, n. 1,jan /mar.
2018. p. B7.
CI. art. 59, Lei 7/1985-LRBRI.
AARDO SPINOLA, Luis Donmingo Antonio, La coordinacion de lus acdministraciones publicas. Revis-
u de estudios de la administracton local y aulonomica, Macdri, In. 299:20, Jul/dez. 1992. p. 745.
competências.
O combate auma pandemia, como esta da Covid-19 não se trata apenas de um caso de
marcação de consultas ou o agendamento de cirurgias. lstoé uma questão em nível glo-
bal. A imposição das restrições previstas na Lei 13.979/2020, como quarentena da popu-
laçao,
isolamento social.
proibição de funcionamento de estabelecimentos empresariais
erestrição de horários leitos em uma determinada localidade podem não surtir efeito se
em um município vizinho o mesmo não ocorrer.
Não se advoga aqui a ideia de se restringir a aplicação da autonomia dos entes da lede-
Fação.No entanto, ao que parece, o assunto vai muito além
do interesse local, ou mesmo
estadual, e passa a ser um interesse de ambito nacional. E por essa razão, que as diretrizes
para o enfrentamento da Pandemia devem partir da União, de acordo com os dados ali-
mentados pelos estados e municipios nas unidades do Sistema Unico de Saude.
O argumento na decisäo do STF no sentido de que estados emunicípios estariam to
Ihidos de prestar serviços de saude é falacioso, tendo em vista que os serviços sempre fo-
am prestados de forma integrada nas trés csteras de governo.
Na verdade, a atuação desconectada prejudica o combate à pandemia e descumpre a
Ccompetencia de "delinirecoordenar os sistemas de vigilancia lepidlemiológica|l" da Dire
cão Nacional do Sistema Ünico de Saude (art. 16,111. c,Lei 8.080/90), assimcomo acom
pet 1 de "coordenar e participar na execuçào das açdes de vigilancia epidemiológica".
6. CoNSIDERAÇÕES FINAIS
aurninisträtivas
Competencias
NEVES, HOdrigo Santos. coordenação.
no combate a pandemia de Covid-19. entre cOOpe
53-68. S3o Paul0: ta. R, junho 2022.
ano 111. p.
n e v i s t a dos Tribunais, vol. 1040.
66 REVISTA DOs TRiBUNAIS RT 1040 JUNHO DE 2022
A
repartição de competeneiasé é questdo senstvel
uma estado federal. O
Estado
em um
mas garan
constiruido sob forma
a federal entes
aquele que reconhece a soberania Estado, ao
te autonomia polfticatodos
a os lederativos,
de com poder auto-organização, auto
legislação e autogoverno.
Ofederalismo brasileiro assume contornos do lederalismo de coordenação em alguns
momentos e ederalismo de cooperaçao em outros. O federalismo de coordenação na re
partição de competências consiste no exercício conjunto de competèncias sobre deter
minadas matérias entre os entes federativos, de modo que cada um deles trate daqueles
temas dentro de suas especificidades de abrangencia territorial (nacional, estadual e mu.
nicipal). Cada ente federativo decide de forma autonoma e isolada, como ocorre na com
petência concorrente, prevista no art. 24, da Constituição.
No federalismo de cooperação, ao contrário, as competências lixadas constitucional-
mente devem ser exercidas por todos os entes federativos de modo que a uniäo de esfor-
ços alcance o bem comum. E o que acontece com as competëncias comuns, previstas no
art. 23, da Constituição. Não se trata de uma
opção dos entes federados em cooperar, mas,
sim, de uma imposição constitucional.
Embora a Constituição remeta a matéria à lei complementar, o Supremo Tribunal
Federal já se manifestou no senido de reconhecer validade a ajuste contratual entre os
entes tederados para organizar a cooperação de competência comum, o que se insere a
competencia em Saúde.
A coordenação administrativa intergovernamental do Direito espanhol é um ato uni-
lateral e impositivo, tfpico de um Estado unitário. Nesses moldes o instituto nao é com-
patfvel como o sistema brasileiro, em virtude daautonomiapolítica dos entes federativos.
A decisão do Supremo Tribunal Federal simplesmente afirmou que o enfrentamento
à pandemia é uma questão de saúde pública e, portanto, de competência comuns dos en-
tes federativos: Uniao, estados, Distrito Federale municípios.
Nesse sentido, a referida decisão legitima uma atuação autônoma e fora de sincronia
de cada ente da federação com os outros. Uma pandemia não deve ser tratada como um
problema local, mas um problema de ambito nacional.
O Sistema Unico de Saude é um sistema
que busca organizar e gerir as políticas pubil
cas de saúde em todo o
país. atuação desconectada prejudica o combate à
A
pandemiae
descumpre competència de "delinir e coordenar os sistemas de vigilância lepidemiolo-
a
gical" da Direção Nacional do Sistema Unico de Saúde (art. 16, I11, c, Lei 8.080/90), as
sim comoa competência de "coordenar e
participar na execução das de ações vigilancia
epidemiológica".
Portanto, no sistema brasileiro existe a coordenaçao administrativa,
modelo de federalismo adotado na
consequente a
Constituição e aplicado ao Sistema Unico de Saude
de forma que esta atribuição pertence à União, meio por do da Direçaão Nacional su:
quem deveria estabelecer as diretrizes sobre as açðes de enfrentamento da pandemia da
Covid-19.
7. REFERENCIAS
AFFONSO, Rui de Brito Alvares. Descentralização e Relorma do Estado: A Federação Brasileira
na Eneruzilhada". Economta c Sociedade, Campinas, n. 14. p. 127-152.jun. 2000.
ALMEIDA, Fernanda Dias Menezes de. Comentário ao art. 23. parágralo ünico In: CANOTI-
LHO, J. J. Gomes; MENDES, Gilmar E; SARLET, Ingo W.; STRECK, Lenio L. (Coords.).
Comentaris a Constituiçdo do Brasit. Sao P'aulo: Saraiva/Almedina, 2013. p. 1780.
direito
publlco, Braslia, Edição especial, p. 229-246, 2019.
E E Z CALVO, Alberto. Actuaciones de cooperación y coordinación entre el estado y las co-
munidades autónomas. Revista de estudios de la administración localy autonómica, Madri,
del sector publico, Cutalernos de Dencho Local, Madri, n. 44. p. 48-82,. Jun. 2017.
Jurisprudência
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Referendo na medida cautelar na Ação Dirta de Inconsti
tucionalidade 6.341 - DF. Reterendo em medida cautelar em ação Direta de inconstitucio
nalidade. Dircito Constitucional. Direito à saide. Emergència sanitária Internacional. Le
13.979 de 2020. Competência dos entes Federados para legislar e adotar medidas sanitarias
de Combate à epidemia internacional. Hierarquia do Sistema unico de saude. Competència
comum. Medida Cautelar parcialmente deferida. rel. Min. Marco Aurélio, 15 de abril de
2020. Disponivel em: Ihup:/redir.stf.jus.br/paginadorpubpaginadorjsp?docTP=TP&<do-
clD=754372183]. Acesso em: 10.12.2020.
PESQUISAS DO EDITORIAL