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FUTU
IMAGEM: SHUTTERSTOCK
c
omo o HIV, que mudou o comportamento sexual
das pessoas e popularizou o uso do preservativo,
e o 11 de setembro, que fez o mundo se voltar ao
contraterrorismo, a Covid-19 deixará seu legado à
humanidade. Ou legados, no plural. Afinal, foram
muitas decisões tomadas devido à urgência de saúde
provocada pelo novo coronavírus. São ações que costumam le-
var anos de deliberação, mas que foram aprovadas em questão
de dias – às vezes em poucas horas. Home office, estudo à dis-
tância, distanciamento social em massa: em tempos normais,
governos e empresas relutariam em realizar tais experimen-
tos. Mas como reforçou o historiador e filósofo Yuval Harari,
em artigo publicado no Financial Times, estes não são tempos
normais. A pandemia mudará para sempre a vida como a co-
nhecemos. Em diversos setores e segmentos.
E isso, evidentemente, inclui o universo dos negócios. Pode
ser cedo demais para tirar conclusões sobre o mundo posterior
ao novo coronavírus, mas o momento exige reflexão. Por isso,
HSM Management conversou com sete executivos e especia-
listas para buscar pistas sobre como deverá ser o futuro próxi-
mo. Pedimos a eles que fizessem o exercício de imaginar que
o distanciamento social acabou, a crise na saúde está sendo
superada e as pessoas estão retomando suas rotinas profissio-
nais. Quais são os aprendizados deixados pelo novo coronaví-
rus? E como essas lições afetam sua área de atuação?
Como você verá nas próximas páginas, as conversas se cru-
zam. A importância da empatia nas relações, as habilidades
necessárias para uma vida cada vez mais a distância e as van-
tagens da transformação digital se destacam. Em coro, todos
expressam o mesmo desejo: para o bem da economia e da saú-
de global, que a triste experiência da pandemia seja superada o
quanto antes – deixando, assim, menos traumas e cicatrizes, e
mais lições e boas práticas.
xão, serenidade e lucidez. “Será função do líder Castanho, um dos articuladores do movi-
atuar como um grande professor, iluminando o mento, acredita que a crise vai amadurecer
caminho e ensinando a não temer o erro”, apon- as organizações em relação ao seu papel de
ta o presidente do conselho da Ânima. liderança na sociedade. “As pessoas estão en-
A palavra de ordem será confiança – e ela tendendo que fazemos parte de um grande
precisa começar vindo de cima. Um bom pri- ecossistema. Se algum setor não vai bem, isso
meiro passo foi dado no fim de março, quando impacta o todo.” Para ele, a hora é de refletir
mais de 40 empresas brasileiras se juntaram sobre a estrutura do País, a maneira de fazer
para lançar o movimento #NãoDemita. A Âni- negócios e os modelos de trabalho. E vamos
ma está entre as signatárias, assim como Vivo, precisar de bons mestres para isso.
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COMUNICAÇÃO
meiro trimestre de 2020. No mesmo período
Redes mais sociais do ano passado, foram 134 milhões de mDAU.
Ao longo de março, a empresa observou au-
e humanizadas mento de 45% no uso das páginas especiais de
curadoria de notícias e de 30% na utilização de
São os votos de Fiamma Zarife, diretora- mensagens diretas (DMs).
-geral do Twitter Brasil Mas a pandemia fez os usuários do Twitter
procurarem bem mais do que informações so-
Gentilmente, Fiamma Zarife pede que atra- bre a Covid-19. “As pessoas também buscaram
semos em 15 minutos a entrevista à HSM Ma- entretenimento e conversas que fortalecessem
nagement – a ser feita por telefone. “Preciso uma relação humanizada”, explica Zarife. A tro-
ajudar meu filho em uma atividade da escola.” ca aconteceu majoritariamente entre usuários
Sim, a mais alta executiva do Twitter no Brasil comuns, mas também envolve autoridades po-
compartilha dilemas comuns a quaisquer ou- líticas, artistas e empresas. Para tanto, eles se
tros funcionários da empresa – que opera em valem de mensagens curtas, característica origi-
home office por conta do novo coronavírus. A nal do Twitter, bem como DMs e vídeos. “Vemos
experiência faz dela uma líder mais tolerante, cada vez mais transmissões ao vivo e vídeos ge-
afirma. “Precisamos desenvolver mais empatia nuínos nas redes sociais”, afirma. Nesse sentido,
pelas pessoas.” o ponto alto é mesmo a entrega de conteúdos
Ainda que o isolamento nem tivesse acaba- num tom mais privativo: “Ao compartilharem
do, Zarife já sabia apontar a mais importante suas realidades, mostrando o que estão fazendo
lição da crise: a humanização das relações. E e filmando a própria casa, as pessoas tendem a
isso não se limita à convivência no ambiente ficar mais próximas do seu público”.
organizacional. Para ela, ganha mais quem
consegue colocar a questão humana em toda
branding com
(mais) propósito
Marcas devem inspirar, defende
Stella Brant, da Liv Up
comunidades carentes. Fabricantes de bebidas se cas em lives pela internet. Essas transmissões
converteram em linhas de produção de álcool em ao vivo, seja pelo Instagram, Facebook, Twit-
gel. Até o Cascão, que em 60 anos de história da ter ou YouTube, ganharam proporções jamais
Turma da Mônica jamais encostou em água, lavou vistas. Foi assim que diversos artistas manti-
as mãos para dar exemplo às crianças. “O marke- veram a proximidade com seus públicos, arre-
ting baseado em causa e em propósito se intensifi- banharam novos fãs e, de quebra, abriram seus
cou, e deve ficar”, analisa a CMO da Liv Up. palcos a patrocinadores.
Mais análise,
mais sucesso
As impressões de Mateus Pestana,
CEO da SenseData