Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
Nos casos, como o nosso, em que guardamos, desde o 1º ano da Licenciatura em Direito, as preleções de Gomes
Canotilho, de quem, anos mais tarde, tivemos o privilégio de ser assistente.
2
Sobre os contributos seminais de Gomes Canotilho para a autonomização do estudo da justiça constitucional,
v. o nosso trabalho A justiça constitucional no ensino da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
Boletim da Faculdade de Direito, v. XCVI, t. 2, 2020. p. 208 e ss.
ANA CLÁUDIA NASCIMENTO GOMES, BRUNO ALBERGARIA, MARIANA RODRIGUES CANOTILHO (COORD.)
602 DIREITO CONSTITUCIONAL – DIÁLOGOS EM HOMENAGEM AO 80º ANIVERSÁRIO DE J. J. GOMES CANOTILHO
3
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Para uma teoria pluralística da jurisdição constitucional no Estado
constitucional democrático português: no sexénio do Tribunal Constitucional português. Revista do Ministério
Público, n. 33/34, jan./jun. 1988. p. 13 e ss.
4
Cf. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Prefácio. In: OLIVEIRA, Umberto Machado de; ANJOS, Leonardo
Fernandes dos (Coord.). Ativismo judicial. Curitiba: Juruá, 2010. p. 9.
5
Assim, ISSACHAROFF, Samuel. Fragile democracies. Harvard Law Review, v. 120, 2007. p. 1466.
6
Cf. também ISSACHAROFF, Samuel. Fragile democracies: contested power in the era of constitutional courts.
Cambridge: Cambridge University Press, 2015. p. 2 e ss.
7
TOCQUEVILLE, Alexis de. De la démocratie en Amérique. 12. ed. Paris: Pagnerre Editeur, 1848. t. II. p. 135 e
ss. No específico contexto do constitucionalismo oitocentista (intrinsecamente marcado pelos ideais liberais
e individualistas), tinha, contudo, razão Oliveira MARTINS (Portugal contemporâneo. 3. ed. Lisboa: Livraria
de Antonio Maria Pereira, 1895. t. I. p. 437) quando advertia que, levados às suas últimas consequências,
democracia (representação democrática) e individualismo se tornavam contraditórios: na verdade, a
valorização do indivíduo pressuposta por este último não se poderia compadecer com o governo de maiorias
que, por definição, poriam em causa a conceção do indivíduo como soberano e absoluto, pelo que, afinal, “o
governo da liberdade ficou sendo a tyrannia das maiorias”; só admitindo o caráter dinâmico da sociedade
ANA RAQUEL GONÇALVES MONIZ
JUSTIÇA CONSTITUCIONAL E(M) DEMOCRACIAS FRÁGEIS...
603
e não a identificando com a mera soma de todos indivíduos se tornaria verdadeira a ideia de representação
democrática.
8
TOCQUEVILLE, Alexis de. De la démocratie en Amérique. 12. ed. Paris: Pagnerre Editeur, 1848. t. II. p. 154 e ss.
9
Cf. MERÊA, Paulo. O liberalismo de Herculano. Separata de Biblos. Coimbra: Coimbra Editora, 1941. v. XVII. t. II.
p. 17.
10
MILL, John Stuart. De Tocqueville on democracy in America. In: MILL, John Stuart. Essays on politics and society.
Toronto; London: University of Toronto Press/Routledge & Kegan Paul, 1977. p. 200.
11
Num registo alternativo, Constant (Cours de Politique Constitutionnelle. Genève; Paris: Slatkine, 1982. t. I.
Fac-simile da 2. ed. de 1872. p. 280) enfatizava que a atribuição de força limitada ao poder soberano significa
tornar o povo – que tudo pode – tão ou mais perigoso que um tirano, conduzindo ainda ao resultado paradoxal
de a tirania (do(s) depositário(s) da soberania popular) se passar a valer do direito (ilimitado, afinal...) do
povo: “ela [a tirania] não terá senão de proclamar o povo como todo-poderoso, ameaçando-o, e de falar em seu
nome, impondo-lhe o silêncio”. Por esse motivo, continua o autor, torna-se irrelevante, no contexto da defesa
de uma soberania ilimitada, advogar o princípio da divisão de poderes como forma de permitir o seu controlo
recíproco; basta que os poderes divididos formem uma coligação para que o despotismo se instale (p. 13; 282).
12
PRAÇA, J. J. Lopes. Collecção de leis e subsidios para o estudo do direito constitucional portuguez. Coimbra: Coimbra
Editora, 2000. v. II. Ed. fac-simile de 1894. p. XL e ss.; PEDROSA, Magalhães, Curso de Ciéncia da Administração
e Direito Administrativo, vol. I, Imprensa da Universidade, Coimbra, 1908. p. 78 e 76, respetivamente.
13
Cf. a análise desenvolvida, sob a coordenação de ROVIRA KALTWASSER, Cristóbal; TAGGART, Paul; OCHOA
ESPEJO, Paulina; OSTIGUY, Pierre (Ed.). The Oxford Handbook of Populism. Oxford: Oxford University Press,
2017. p. 101 e ss., sobre o populismo nas várias regiões do globo. V. também, mas com a escolha de alguns
Estados, MUDDE, Cas; ROVIRA KALTWASSER, Cristóbal (Ed.). Populism in Europe and in the Americas: threat
or corrective for democracy? Cambridge: Cambridge University Press, 2012. p. 27 e ss.
14
Cf., v.g., ROVIRA KALTWASSER, Cristóbal; TAGGART, Paul; OCHOA ESPEJO, Paulina; OSTIGUY, Pierre.
Populism: An overview of the concept and the state of the art. In: ROVIRA KALTWASSER, Cristóbal;
ANA CLÁUDIA NASCIMENTO GOMES, BRUNO ALBERGARIA, MARIANA RODRIGUES CANOTILHO (COORD.)
604 DIREITO CONSTITUCIONAL – DIÁLOGOS EM HOMENAGEM AO 80º ANIVERSÁRIO DE J. J. GOMES CANOTILHO
assume a pretensão de, por si só, determinar o bem comum, tentando, por esse motivo,
afastar (ou eliminar) eventuais contestações ou oposição política (através de mecanismos,
mais ou menos subtis, relacionados com a reconfiguração dos círculos eleitorais ou
a própria reforma do sistema eleitoral, ou, mais evidentes, de revisão da própria
Constituição).15 Nesta medida, o populismo assume-se não só como antielitista, mas
sobretudo como antipluralista, porquanto, tendo na sua base uma “conceção moralista
da política”,16 pressupõe (e admite) que um dirigente (ou uma classe dirigente) se arrogue
a suscetibilidade de, pelas suas características morais pessoais (opostas à corrupção
que contamina os demais líderes políticos), representar todo o povo, reduzido agora a
um conjunto (uma massa...) uniforme, homogéneo e (de preferência) passivo e acrítico
de cidadãos17 (os verdadeiros e reais... aqueles que se identificam com as ideologias
perfilhadas pelo líder populista e, quantas vezes, apenas os nacionais, numa atitude de
pendor não inclusivo ou exclusivo/excludente).18
Não se ignora que o problema se encontra agora no seio da própria democracia
representativa, constituindo como que a sua sombra.19 Aliás, por vezes, a configuração
do sistema eleitoral e a arquitetura da representação parlamentar – dois dos eixos sobre
em que constitucionalmente se vem concretizando o princípio democrático –20 sofrem
alterações com o propósito de consolidação de autocracias.21
Por esse motivo, e como salienta Gomes Canotilho, urge enfrentar o problema
através da interiorização de uma “nova cidadania”, que, tendo como pressupostos a
accountability e a responsiveness dos poderes públicos, a globalização e a mundialização
das questões (agora pós-nacionais), e os “múltiplos individuais”, assume, respetivamente,
as dimensões de uma “cidadania activa e participativa”, uma “cidadania cosmopolita”
e uma “cidadania grupal”.22 Numa palavra, o pluralismo institucional representará um
passo decisivo para a garantia das democracias.23
TAGGART, Paul; OCHOA ESPEJO, Paulina; OSTIGUY, Pierre (Ed.). The Oxford Handbook of Populism. Oxford:
Oxford University Press, 2017. p. 2 e ss.; MÜLLER, Jan-Werner. What is populism? Philadelphia: University of
Pennsylvania Press, 2016. p. 11 e ss. E, entre nós, MORAIS, Carlos Blanco. O sistema político: no contexto da
erosão da democracia representativa. Coimbra: Almedina, 2018. p. 293 e ss. (concebendo, por tal motivo, o
populismo como um “fenómeno sincrético”).
15
Cf. PRENDERGAST, David. The judicial role in protecting democracy from populism. German Law Journal, v.
20, 2019. p. 249 e ss.
16
MÜLLER, Jan-Werner. Populism and constitutionalism. In: ROVIRA KALTWASSER, Cristóbal; TAGGART,
Paul; OCHOA ESPEJO, Paulina; OSTIGUY, Pierre (Ed.). The Oxford Handbook of Populism. Oxford: Oxford
University Press, 2017. p. 593.
17
Cf. MÜLLER, Jan-Werner. What is populism? Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2016. p. 2 e ss.; 20
e ss.
18
MÜLLER, Jan-Werner. Populism and constitutionalism. In: ROVIRA KALTWASSER, Cristóbal; TAGGART,
Paul; OCHOA ESPEJO, Paulina; OSTIGUY, Pierre (Ed.). The Oxford Handbook of Populism. Oxford: Oxford
University Press, 2017. p. 601.
19
MÜLLER, Jan-Werner. What is populism? Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2016. p. 20 e 101.
20
Cf. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição. 7. ed. Coimbra: Almedina,
2003. p. 293 e ss.; 306 e ss.
21
Assim, KLARMAN, Michael J. The degradation of American democracy and the court. Harvard Law Review,
v. 134, nov. 2020. p. 12 (apresentando exemplos concretos).
22
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. “Brancosos” e interconstitucionalidade: itinerários dos discursos sobre a
historicidade constitucional. 2. ed. Coimbra: Almedina, 2008. p. 334.
23
HUK, Aziz Z.; GINSBURG, Tom. How to lose a constitutional democracy. UCLA Law Review, v. 65, 2018. p. 166
e ss.
ANA RAQUEL GONÇALVES MONIZ
JUSTIÇA CONSTITUCIONAL E(M) DEMOCRACIAS FRÁGEIS...
605
24
SEN, Amartya. A ideia de justiça. Tradução de Nuno Castello-Branco Bastos. Coimbra: Almedina, 2009.
p. 426 e ss., especialmente p. 434 e ss. (a citação reporta-se à p. 427), e 464 e ss., respetivamente. Cf. também
CORTINA, Adela. Los ciudadanos como protagonistas. Barcelona: Galaxia Gutenberg/Círculo de Lectores, 1999.
p. 93 e ss.; NUSSBAUM, Martha. Capabilities, entitlements, rights: supplementation and critique. Journal of
Human Development and Capabilities, v. 12, n. 1, fev. 2011. p. 30; MAHLMANN, Matthias. The dictatorship of
the obscure? Values and the secular adjudication of fundamental rights. In: SAJÓ, András; UITZ, Renáta (Ed.).
Constitutional topography: values and constitutions. Utrecht: Eleven International Publishing, 2010. p. 354 e ss.;
364.
25
SEN, Amartya. Democracy as a universal value. Journal of Democracy, v. 10, n. 3, 1999. p. 3 e ss.
26
V. ISSACHAROFF, Samuel. Fragile democracies: contested power in the era of constitutional courts. Cambridge:
Cambridge University Press, 2015. p. 8 e ss.
27
Numa paráfrase a ISSACHAROFF, Samuel. Fragile democracies: contested power in the era of constitutional
courts. Cambridge: Cambridge University Press, 2015. p. 2.
28
Klarman (The degradation of American democracy and the court. Harvard Law Review, v. 134, nov. 2020. p. 255)
refere-se expressamente à fragilização da democracia norte-americana; em concreto, afirma que “ganhando
ou não o Presidente Trump [as eleições de novembro de 2020], só o facto de ser plausível que venha a ganhar
demonstra quão frágil a democracia americana se tornou”. Embora o grau de fragilização das democracias se
revele distinto, atingindo o seu expoente com a “regressão autocrática” (HUK, Aziz Z.; GINSBURG, Tom. How
to lose a constitutional democracy. UCLA Law Review, v. 65, 2018. p. 92 e ss.), a ameaça à qualidade democrática
parece atingir hoje indiferenciadamente e quase com o mesmo impacto quer democracias estabilizadas, quer
democracias jovens (HUK, Aziz Z.; GINSBURG, Tom. How to save a constitutional democracy. Chicago; London:
The University of Chicago University Press, 2018. p. 167).
ANA CLÁUDIA NASCIMENTO GOMES, BRUNO ALBERGARIA, MARIANA RODRIGUES CANOTILHO (COORD.)
606 DIREITO CONSTITUCIONAL – DIÁLOGOS EM HOMENAGEM AO 80º ANIVERSÁRIO DE J. J. GOMES CANOTILHO
29
Cf. HUK, Aziz Z.; GINSBURG, Tom. How to lose a constitutional democracy. UCLA Law Review, v. 65, 2018.
p. 166; v. também p. 127.
30
Sobre o sentido do caráter compromissório da Constituição (em particular do texto constitucional de 1976),
v. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição. 7. ed. Coimbra: Almedina,
2003. p. 218 e ss.
31
Cf., em sentido próximo, ZAGREBELSKY, Gustavo. El derecho dúctil: ley, derechos, justicia. Tradução de Marina
Gascón. Madrid: Trotta, 2011.p. 14.
32
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. “Brancosos” e interconstitucionalidade: itinerários dos discursos sobre a
historicidade constitucional. 2. ed. Coimbra: Almedina, 2008. p. 115.
33
HUK, Aziz Z.; GINSBURG, Tom. How to lose a constitutional democracy. UCLA Law Review, v. 65, 2018. p. 117
e ss.; de acordo com os autores, o retrocesso constitucional (constitutional retrogression) encontra-se associado à
(aparentemente inócua, mas substancialmente significativa) decadência progressiva (e, na maioria das vezes,
decorrente de atos singulares e isolados) da qualidade das eleições, das liberdades de expressão e de associação,
e do próprio rule of law (p. 87; 96; 117).
34
Cf. LEVITSKY, Steven; ZIBLATT, Daniel. How democracies die. New York: Broadway Books, 2018. p. 97 e ss. (ainda
que os autores entendam que as constituições, mesmo quando desenhadas à luz de um constitucionalismo
material-normativo, não se revelam suficientes para garantir a democracia).
35
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Constituição dirigente e vinculação do legislador: contributo para a compreensão
das normas constitucionais programáticas. 2. ed. Coimbra: Coimbra Editora, 2001. p. XX e ss.; CANOTILHO,
José Joaquim Gomes. “Brancosos” e interconstitucionalidade: itinerários dos discursos sobre a historicidade
constitucional. 2. ed. Coimbra: Almedina, 2008. p. 125 e ss. V. também CANOTILHO, José Joaquim Gomes.
Direito constitucional e teoria da Constituição. 7. ed. Coimbra: Almedina, 2003. p. 1388 e ss.
36
Já que, como viemos defendendo em termos alinhados com a superação de um neoconstitucionalismo
substituto de um neopositivismo, a constitucionalidade não esgota a juridicidade: cf., em especial, os nossos
trabalhos O problema da realização da Constituição pela justiça constitucional: Ratio e Voluntas, Synépeia
e Epieikeia? Reflexões a partir do pensamento de Castanheira Neves. In: Juízo ou decisão? O problema da
realização jurisdicional do direito – VI Jornadas de Teoria do Direito, Filosofia do Direito e Filosofia Social.
Coimbra: Instituto Jurídico; Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, 2016. p. 252 e ss., e Introdução
à justiça constitucional. Coimbra: Almedina, 2021. p. 73 e ss. Para uma perspetiva do nosso homenageado sobre
o neoconstitucionalismo, v. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Principios y “nuevos constitucionalismos”:
El problema de los nuevos principios. Revista de Derecho Constitucional Europeo, n. 14, 2010. p. 321 e ss.;
especialmente, p. 324 e ss.
ANA RAQUEL GONÇALVES MONIZ
JUSTIÇA CONSTITUCIONAL E(M) DEMOCRACIAS FRÁGEIS...
607
37
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição. 7. ed. Coimbra: Almedina,
2003. p. 81 e ss.
38
Ou que coloque a Constituição no centro ou na confluência... do Estado (lato sensu), da sociedade e a comunidade
global – a permitir estabelecer uma ponte com a nossa visão específica sobre o sentido dos direitos fundamentais
(cf. MONIZ, Ana Raquel Gonçalves. Os direitos fundamentais e a sua circunstância: crise e vinculação axiológica
entre o Estado, a sociedade e a comunidade global. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2017).
39
A metáfora da Constituição como “folhas de pergaminho” pertence, como se sabe, a Madison (The Federalist
No. 48. In: BALL, Terence (Ed.). The Federalist with Letters of “Brutus”. Cambridge: Cambridge University Press,
2003. p. 241), que se referia à Constituição como parchment barrier, a propósito do princípio da separação de
poderes, convocando a metáfora para esclarecer que a mera delimitação, no texto constitucional, do âmbito de
competência dos poderes, desacompanhada da instituição de mecanismos de controlo recíprocos, significaria
confinar a barreiras de pergaminho a invasão das funções de um poder pelos outros. Numa posição próxima
do texto, cf. também VILE, Maurice J. C. Política y Constitución en la historia británica y estadounidense. In:
VARELA SUANZES-CARPEGNA, Joaquín (Ed.). Historia e historiografía constitucionales. Madrid: Trotta, 2015.
p. 60, que, louvando-se igualmente em Madison, chama a atenção para o facto de o constitucionalismo se não
restringir ao simples facto da existência de uma Constituição, a qual se pode re(con)duzir a simples folhas de
pergaminho.
40
Sobre o surgimento e o significado da divisa, v., por todos, BORGETTO, Michel. La Devise “Liberté, Egalité,
Fraternité”. Paris: Presses Universitaires de France, 1997.
41
MELO, António Barbosa de. Democracia e utopia (reflexões). [s.n.]: Porto, 1980. p. 13; 17; 27, respetivamente.
42
Cf. CHALMERS, Douglas A. Reforming democracies: six facts about politics that demand a new agenda. New York:
Columbia University Press, 2013. p. 14. Sobre o sentido da “nova responsabilidade política”, cf. CANOTILHO,
José Joaquim Gomes. Principios y “nuevos constitucionalismos”: El problema de los nuevos principios. Revista
de Derecho Constitucional Europeo, n. 14, 2010. p. 347 e ss.
ANA CLÁUDIA NASCIMENTO GOMES, BRUNO ALBERGARIA, MARIANA RODRIGUES CANOTILHO (COORD.)
608 DIREITO CONSTITUCIONAL – DIÁLOGOS EM HOMENAGEM AO 80º ANIVERSÁRIO DE J. J. GOMES CANOTILHO
43
Enfatiza certeiramente Amartya Sen (A ideia de justiça. Tradução de Nuno Castello-Branco Bastos. Coimbra:
Almedina, 2009. p. 432) que, “em si mesmo, o voto pode até ser inteiramente inadequado, o que é abundantemente
ilustrado pelas esmagadoras vitórias eleitorais das tiranias que se instalaram em regimes autoritários, seja
em tempos idos seja no presente – como acontece, por exemplo, na actual Coreia do Norte”. Cf. também o
expressivo exemplo de Dworkin (Justice for Hedgehogs. Cambridge; London: Harvard University Press, 2011.
p. 348), ou ainda as considerações de Grimm (Constitutional adjudication and democracy. Israel Law Review,
v. 33, 1999. p. 197 e ss.), salientando que a regra da maioria não impede que esta maioria não elimine precisamente
aquela regra por meio de um voto maioritário... V. também, aludindo já à diferença entre democracia formal e
material, v.g., FUKUYAMA, Francis. The end of history and the last man. New York: The Free Press; MacMillan,
1992. p. 43 e ss. (pondo a tónica substancial no reconhecimento e na proteção de direitos fundamentais –p. 202
e ss.).
44
SCHUMPETER, Joseph A. Capitalism, socialism and democracy. London; New York: Routledge, 2003. p. 242.
Nessa medida, o autor defende uma teoria (formal-concorrencial) da democracia como “arranjo institucional”
no qual “os indivíduos adquirem o poder de decidir através de uma luta competitiva pelo voto do povo”
(p. 269).
45
Ainda que Bobbio tenha, em primeira linha, uma perspetiva igualmente procedimental da democracia (cf.
BOBBIO, Norberto. Il futuro della democrazia. Torino: Einaudi, 1995. p. 4), não deixa de a associar a valores: não
só as próprias regras formais-procedimentais contribuíram para o incremento da tolerância (ou, no mínimo,
para a resolução de conflitos de poder através de soluções não violentas), como também ela própria permite a
expansão de mentalidades, suscetível de permitir uma abertura para a renovação do pensamento da sociedade
(p. 29 e ss.)
46
MONTESQUIEU, Charles de Secondat, Baron de la Brède et de. L’Esprit des Lois. Paris: Garnier-Frères Libraires-
Editeurs, [s.d.]. t. I. p. 308 (Livro XI, Capítulo III, sob a epígrafe “Ce que c’est la liberté”).
47
CORTINA, Adela. Los ciudadanos como protagonistas. Barcelona: Galaxia Gutenberg/Círculo de Lectores, 1999.
p. 55. Entre nós, URBANO, Maria Benedita. Cidadania para uma democracia ética. Boletim da Faculdade de
Direito, v. LXXXIII, 2007. p. 515 e ss.
48
BARAK, Aharon. The judge in a democracy. Princeton/Oxford: Princeton University Press, 2006. p. 33.
49
HUK, Aziz Z.; GINSBURG, Tom. How to lose a constitutional democracy. UCLA Law Review, v. 65, 2018. p. 87.
50
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Terceira modernidade – Banalização do bem. In: LINHARES, Emanuel
Andrade; SEGUNDO, Hugo de Brito Machado (Org.). Democracia e direitos fundamentais: uma homenagem aos
90 anos do Professor Paulo Bonavides. São Paulo: Atlas, 2016. p. 411 e ss.
ANA RAQUEL GONÇALVES MONIZ
JUSTIÇA CONSTITUCIONAL E(M) DEMOCRACIAS FRÁGEIS...
609
51
SUNSTEIN, Cass. Laws of fear: beyond the precautionary principle. Cambridge University Press: New York,
2005. p. 211 e ss.
52
Supreme Court of Israel: judgement concerning the legality of the general security service’s interrogation
methods. International Legal Materials, v. 38, 1999. p. 1471 e ss., especialmente, p. 1478 e ss.; 1487 e ss.
53
Cf., em especial, Supreme Court of Israel: judgement concerning the legality of the general security service’s
interrogation methods. International Legal Materials, v. 38, 1999. p. 1479 e ss. Tendo presente a realidade vivida
em Israel, atentemos numa das considerações emergentes “palavra final” (final word) da decisão, já em obiter
dictum (p. 1488): “É este o destino da democracia, em que nem todos os meios são aceitáveis, e nem todas as
práticas utilizadas pelos nossos inimigos se encontram abertas. Apesar de uma democracia ter, com frequência,
de lutar com uma mão atada atrás das costas, ela tem, todavia, o predomínio. Preservar o Estado de direito [Rule
of Law] e o reconhecimento das liberdades do indivíduo constitui um importante componente da compreensão
de segurança [inerente à democracia]”.
ANA CLÁUDIA NASCIMENTO GOMES, BRUNO ALBERGARIA, MARIANA RODRIGUES CANOTILHO (COORD.)
610 DIREITO CONSTITUCIONAL – DIÁLOGOS EM HOMENAGEM AO 80º ANIVERSÁRIO DE J. J. GOMES CANOTILHO
54
DWORKIN, Ronald. The right to ridicule. The New York Review of Books, v. 53, n. 5, 23 mar. 2006. p. 44.
55
POCOCK, J. G. A. The Machiavellian moment: Florentine political thought and the Atlantic Republican tradition.
Princeton: Princeton University Press, 1975. p. viii. A expressão “momento maquiavélico” foi já utilizada
entre nós por Gomes Canotilho (Direito constitucional e teoria da Constituição. 7. ed. Coimbra: Almedina, 2003.
p. 205 e ss.) para designar um dos “momentos constitucionais” da Constituição de 1976: o momento em que
se pretendeu “impor a virtude na República contra os seus “inimigos”“ (p. 206, grifos no original), aqui se
incluindo as disposições que, na lei eleitoral para a Assembleia Constituinte, previram “incapacidades cívicas”
para aqueles que houvessem desempenhado funções políticas ou de confiança política no regime anterior,
assim com as prescrições, acolhidas no texto constitucional, que contemplavam a incriminação retroativa dos
agentes das extintas Direção-Geral de Segurança e Polícia Internacional e de Defesa do Estado (um regime já
consagrado na Lei nº 8/75, de 25 de julho), a possibilidade de expropriação sem indemnização relativamente
a bens pertencentes a grandes capitalistas e latifundiários, e a proibição de associações ou organizações que
perfilhem a ideologia fascista (cf., respetivamente, arts. 308º, 82º e 46º, nº 4, do texto original da CRP; a primeira
e a última referências ainda permanecem nos arts. 292º e 46º, nº 4, do texto atual da Constituição).
56
Como, aliás, se encontrava subjacente à perspetiva original de LOEWENSTEIN. Karl. Militant democracy and
fundamental rights, I, II. In: SAJÓ, András (Ed.). Militant democracy. Utrecht: Eleven International Publishing,
2004. p. 231 e ss. (estudos originalmente publicados em 1937).
57
Cf., v.g., a apreciação crítica deste movimento, MACKELM, Patrick. Militant democracy, legal pluralism, and
the paradox of self-determination. International Journal of Constitutional Law, v. 4, n. 3, 2006. p. 488 e ss. V. também
HUK, Aziz Z.; GINSBURG, Tom. How to save a constitutional democracy. Chicago; London: The University
of Chicago University Press, 2018. p. 170 e ss. Acentuando a importância do pluralismo para a ductilidade
ou flexibilidade constitucional conducentes, a final, às aberturas predicativas das normas constitucionais,
v. ZAGREBELSKY, Gustavo. El derecho dúctil: ley, derechos, justicia. Tradução de Marina Gascón. Madrid:
Trotta, 2011. p. 14 e ss.
58
OTERO, Paulo. Direito constitucional português – Identidade constitucional. Coimbra: Almedina, 2010. v. I. p. 36.
ANA RAQUEL GONÇALVES MONIZ
JUSTIÇA CONSTITUCIONAL E(M) DEMOCRACIAS FRÁGEIS...
611
59
BARAK, Aharon. The judge in a democracy. Princeton/Oxford: Princeton University Press, 2006. p. 20 e ss.
60
Podendo, hoc sensu, conceber-se o juiz constitucional como uma “instituição da medida democrática”
(ROUSSEAU, Dominique; GAHDOUN, Pierre-Yves; BONNET, Julien. Droit du contentieux constitutionnel.
12. ed. Paris: LGDJ, 2020. p. 985). Salientando o papel determinante conferido aos tribunais constitucionais em
democracias novas, ISSACHAROFF, Samuel. Fragile democracies: contested power in the era of constitutional
courts. Cambridge: Cambridge University Press, 2015. p. 9; 12 e ss.; 189 e ss.; 272 e ss.
61
Respondendo, em parte, às críticas desferidas por KLARMAN (The degradation of American democracy and
the court. Harvard Law Review, v. 134, nov. 2020. p. 178 e ss.) à atuação da Supreme Court.
62
ZAGREBELSKY, Gustavo. Jueces constitucionales. In: CARBONELL (Ed.). Teoría del neoconstitucionalismo.
Madrid: Trotta; Instituto de Investigaciones Jurídicas – Unam, 2007. p. 100 e ss. O autor recorre ao conceito de
República delineado por Cícero, sublinhando, nesta matéria, duas dimensões: a res populi (esclarecendo que
a sua compreensão como res totius populi a afasta dos assuntos que só concernem a uma parte do povo, i.e.,
à maioria), e a utilitatis communio (salientando as suas implicações para a importância da despersonalização
do poder). Destarte, se a república se assume como “um termo genérico que indica uma conceção de vida
coletiva”, e a democracia constitui apenas “uma especificação que se refere à conceção do governo”, a justiça
constitucional é, mais amplamente, uma função da república, e não (como a legislação) apenas uma função da
democracia (p. 101).
63
Barak (The judge in a democracy. Princeton/Oxford: Princeton University Press, 2006. p. 24) apela para a existência
de um conjunto de “características nucleares” da democracia, de natureza substancial, que fazem acompanhar
o rule of the majority pelo rule of values – e é justamente o equilíbrio entre estas duas dimensões que confere à
democracia o seu caráter mais ou menos forte (p. 26).
64
Cf. ISSACHAROFF, Samuel. Comparative constitutional law as a window on democratic institutions. In:
DELANEY, Erin F.; DIXON, Rosalind (Ed.). Comparative constitutional review. Elgar: Cheltenham, 2018. p. 60
e ss. V., porém, GIBSON, James L.; CALDEIRA, Gregory A. Defenders of democracy? Legitimacy, popular
acceptance and the South African Constitutional Court. The Journal of Politics, n. 1, v. 65, fev. 2003. p. 1 e ss.
ANA CLÁUDIA NASCIMENTO GOMES, BRUNO ALBERGARIA, MARIANA RODRIGUES CANOTILHO (COORD.)
612 DIREITO CONSTITUCIONAL – DIÁLOGOS EM HOMENAGEM AO 80º ANIVERSÁRIO DE J. J. GOMES CANOTILHO
65
Cf. LANDAU, David. Constitutional Court of Colombia (Corte Constitucional de Colombia). Max Planck
Encyclopedia of Comparative Constitutional Law. Disponível em: https://oxcon.uplaw.com/view/10.1093/law-
mpeccol/law-mpeccol-e524, especialmente, §§13 e ss.; 26 e ss. Para uma análise do significado da atuação do
Tribunal Constitucional na consolidação da Constituição colombiana de 1991, v. CEPEDA ESPINOSA, Manuel
José; LANDAU, David. Columbian constitutional law: leading cases. Oxford: Oxford University Press, 2017. p. 13
e ss.
66
Sem prejuízo de a Constituição da República Popular da China (de 4.12.1982) incluir Taiwan com parte
integrante do “território sagrado da República Popular da China” (cf. preâmbulo; o texto que seguimos se
encontra na base Oxford Constitutions of the World. Disponível em: https://oxcon.ouplaw.com/view/10.1093/
law:ocw/cd929-H1999.regGroup.1/law-ocw-cd929-H1999?rskey=axW4kd&result=9&prd=OCW. Existe igual
mente uma tradução na página oficial do Congresso Nacional do Povo. Disponível em: http://www.npc.gov.
cn/englishnpc/Constitution/node_2825.htm).
67
Sobre este Tribunal e respetivas composição e competências, v. CHANG, Wen-Chen. Constitutional Court of
Taiwan (Judicial Yuan). Max Planck Encyclopedia of Comparative Constitutional Law. Disponível em: https://oxcon.
uplaw.com/view/10.1093/law-mpeccol/law-mpeccol-e538. V. ainda MCBEATH, Jerry. Democratization and
Taiwan’s Constitutional Court. American Journal of Chinese Studies, v. 11, 2004. p. 51 e ss.
68
Cf. MCBEATH, Jerry. Democratization and Taiwan’s Constitutional Court. American Journal of Chinese Studies,
v. 11, 2004. p. 59 e ss.
69
Existe doutrina que qualifica Taiwan como a primeira democracia chinesa: assim, CHAO, Linda; MYERS,
Ramon H. The first Chinese democracy: political life in the Republic of China. The Johns Hopkins University
Press, Baltimore, 1998, especialmente, p. 217 e ss. V. ainda, sobre a receção, neste país, do Estado de direito
democrático, LASARS, Wolfgang. Die Machtfunktion der Verfassung: Eine Untersuchung zur Rezeption von
Demokratischen-rechtsstaatlichem Verfassungsrecht in China. Jahrbuch des Öffentlichen Rechts der Gegegwart, v.
41, 1993. p. 597 e ss.
70
Cf. também GINSBURG, Tom. Judicial review in new democracies: constitutional courts in Asian cases.
Cambridge: Cambridge University Press, 2003. p. 124 e ss., com exemplos de casos. Salientando a influência
da jurisprudência do Tribunal Constitucional alemão (designadamente para uma aproximação ao conceito de
reserva de lei), v. HUANG, Cheng-Yi. Judicial deference to legislative delegation and administrative discretion
in new democracies: recent evidence from Poland, Taiwan, and South Africa. In: ROSE-ACKERMAN, Susan;
LINDSETH, Peter L. (Ed.). Comparative administrative law. Cheltenham/Northampton: Elgar, 2010. p. 471 e ss.
Enfatizando a importância do estabelecimento da justiça constitucional na transição para as democracias,
v. SWEET, Alec Stone. Constitutional courts. In: ROSENFELD, Michel; SAJÓ, András (Ed.). The Oxford Handbook
of Comparative Constitutional Law. Oxford: Oxford University Press, 2012. p. 826 e ss.
71
Salientando esta característica, em contraste com a jurisprudência do Tribunal de Última Instância de Macau,
v. IP, Eric C. Hybrid constitutionalism: the politics of constitutional review in the Chinese special administrative
regions. Cambridge: Cambridge University Press, 2019. p. 10 e ss.
72
Recuperem-se, v.g., as críticas de WALDRON, Jeremy. The core of the case against judicial review. The Yale Law
Journal, v. 115, 2006. p. 1346 e ss.
ANA RAQUEL GONÇALVES MONIZ
JUSTIÇA CONSTITUCIONAL E(M) DEMOCRACIAS FRÁGEIS...
613
73
Grimm (Constitutional adjudication and democracy. Israel Law Review, v. 33, 1999. p. 214) considera
inclusivamente que a justiça constitucional parece ser capaz de compensar alguns dos défices mais perigosos
das democracias modernas.
74
V. também ISSACHAROFF, Samuel. Comparative constitutional law as a window on democratic institutions.
In: DELANEY, Erin F.; DIXON, Rosalind (Ed.). Comparative constitutional review. Elgar: Cheltenham, 2018. p. 70.
75
Eis os pressupostos de que parte e a conclusão a que chega Klarman (The degradation of American democracy
and the court. Harvard Law Review, v. 134, nov. 2020.p. 224 e ss.) – o que conduz o autor a propugnar a necessária
reforma da Supreme Court, desde logo quanto ao número de juízes que a compõem, tendo em vista a respetiva
despolitização (p. 246 e ss.).
76
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Para uma teoria pluralística da jurisdição constitucional no Estado
constitucional democrático português: no sexénio do Tribunal Constitucional português. Revista do Ministério
Público, n. 33/34, jan./jun. 1988. p. 14.
77
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Jurisdicción constitucional y nuevas inquietudes discursivas. Del mejor
método a la mejor teoría. Fundamentos. Cuadernos Monográficos de Teoría del Estado, Derecho Público y Historia
Constitucional, n. 4, 2006. p. 428.
ANA CLÁUDIA NASCIMENTO GOMES, BRUNO ALBERGARIA, MARIANA RODRIGUES CANOTILHO (COORD.)
614 DIREITO CONSTITUCIONAL – DIÁLOGOS EM HOMENAGEM AO 80º ANIVERSÁRIO DE J. J. GOMES CANOTILHO
78
Parece ser em vista daquelas considerações que Rui MACHETE (A Constituição, o tribunal constitucional e o
processo administrativo. In: BRITO, J. Sousa et al. Legitimidade e legitimação da justiça constitucional. Coimbra:
Coimbra Editora, 1995. p. 165) se refere à “função pretoriana do Tribunal Constitucional”. V. também SWEET,
Alec Stone. Constitutional courts. In: ROSENFELD, Michel; SAJÓ, András (Ed.). The Oxford Handbook of
Comparative Constitutional Law. Oxford: Oxford University Press, 2012. p. 827.
79
Talqualmente ensina SOARES, Rogério Guilherme Ehrhardt. O conceito ocidental de Constituição. Revista de
Legislação e de Jurisprudência, ano 119, 1986. p. 72.
80
Cf. também ZAGREBELSKY, Gustavo. El derecho dúctil: ley, derechos, justicia. Tradução de Marina Gascón.
Madrid: Trotta, 2011. p. 16.
81
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Para uma teoria pluralística da jurisdição constitucional no Estado
constitucional democrático português: no sexénio do Tribunal Constitucional português. Revista do Ministério
Público, n. 33/34, jan./jun. 1988. p. 15.
82
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. A concretização da Constituição pelo legislador e pelo Tribunal
Constitucional. In: MIRANDA, Jorge (Org.). Nos dez anos da Constituição. Lisboa: INCM, 1987. p. 359 (v. também
p. 355; 361).
83
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição. 7. ed. Coimbra: Almedina,
2003. p. 1135 e ss.
84
V. o recente estudo de FALLON JR., Richard H. The nature of constitutional rights: the invention and logic of strict
judicial scrutiny. Cambridge: Cambridge University Press, 2019, passim, acentuando a mutação introduzida pelo
teste designado como strict judicial scrutiny, quer no que tange ao alcance dos direitos, quer no que concerne aos
respetivos remédios.
ANA RAQUEL GONÇALVES MONIZ
JUSTIÇA CONSTITUCIONAL E(M) DEMOCRACIAS FRÁGEIS...
615
85
Assim, STRAUSS, David A. Common law constitutional interpretation. The University of Chicago Law Review, v.
63, n. 3, primavera 1996. p. 884. V. também ACKERMAN, Bruce. The living Constitution. Harvard Law Review, n.
7, v. 120, maio 2007. p. 1737 e ss., enfatizando precisamente que as grandes alterações constitucionais do século
XX (e, com toda a probabilidade – prenuncia o autor – do século XXI) não se reconduziram tanto à emanação
de emendas, mas antes às mutações decorrentes da jurisprudência da Supreme Court – embora também observe
que tal resultado não decorreu apenas da “revolução judicial”, mas igualmente de um conjunto de atuações
legislativas fundamentais (landmark statutes). No mínimo, poder-se-á sempre afirmar que a abertura do texto
constitucional permite aos intérpretes (e, em particular, aos tribunais) criar uma “Constituição invisível”, i.e.,
uma Constituição para além do texto constitucional, dando origem a uma verdadeira teoria da “construção
constitucional” (constitutional construction) – cf. TRIBE, Lawrence H. The invisible Constitution. Oxford; New York:
Oxford University Press, 2008, especialmente, p. 45 e ss.; BRADLEY, Curtis A.; SIEGEL, Neil S. Constructed
constraint and the constitutional text. Duke Law Journal, v. 64, 2015. p. 1213 e ss., especialmente, p. 1262 e ss.
86
ACKERMAN, Bruce. The living Constitution. Harvard Law Review, n. 7, v. 120, maio 2007. passim. Esta expressão
corresponde ainda ao título da sobejamente afamada obra de STRAUSS, David A. The living Constitution. Oxford:
Oxford University Press, 2010 – conceito aí definido como identificando a Constituição que “evolui, muda ao
longo do tempo, e adapta-se às novas circunstâncias, sem ser formalmente revista” (p. 1), não deixando, porém,
de salientar o perigo da sua maior suscetibilidade à manipulação (cf. p. 2). Como o próprio autor acentua, a
esta natureza “vivente” da Constituição norte-americana não é alheia a circunstância de ela existir no contexto
de um sistema de common law, cujas raízes, muito anteriores ao texto constitucional escrito, permitem um
desenvolvimento através de costumes e, sobretudo, de precedentes judiciais – procurando, pois, ao cabo e ao
resto, conciliar a tradição inglesa com a experiência norte-americana. Trata-se, aliás, de uma compreensão que
se pretende constatar através da consulta a qualquer aresto da Supreme Court que, quando esteja em causa a
dilucidação de questões jurídico-constitucionais, não deixará de mencionar a norma pertinente da Constituição
(ou de um dos seus amendments) para, logo em seguida, e com maior profundidade, se dedicar a explicitar o
respetivo sentido à luz da sua própria jurisprudência (cf. p. 33 e ss.). Naturalmente, e como decorre também
das considerações expendidas no texto, a referência, neste horizonte, à living constitution não pretende aderir
a uma qualquer taxonomia no interior das diversas constituições (afastando a prestabilidade do conceito sob
este prisma, v. GRIMM, Dieter. Types of constitutions. In: ROSENFELD, Michel; SAJÓ, András (Ed.). The Oxford
Handbook of Comparative Constitutional Law. Oxford: Oxford University Press, 2012. p. 99 e ss.), destinando-se
antes a sublinhar o potencial criativo da jurisprudência constitucional.
87
Cf. GRIMM, Dieter. Constitutionalism: past, present, and future. Oxford: Oxford University Press, 2016. p. 210.
88
CANOTILHO, José Joaquim Gomes; MOREIRA, Vital. Fundamentos da Constituição. Coimbra: Coimbra Editora,
1991. p. 270, embora sem defesa de qualquer obrigação jurídica do Tribunal Constitucional de interpretar a
norma de acordo com o diritto vivente, mas impondo uma autocontenção daquele órgão (CANOTILHO, José
Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição. 7. ed. Coimbra: Almedina, 2003. p. 1314).
89
ZAGREBELSKY, Gustavo. La dottrina del diritto vigente. In: Strumenti e Tecniche di Giudizio della Corte
Costituzionale: Atti del Convegno – Trieste 26-28 maggio 1986. Milano: Giuffrè, 1988. p. 104. De acordo com a
dottrina del diritto vivente, a Corte Costituzionale, numa tentativa de redefinir as relações com a Corte di Cassazione,
privilegia, na sua tarefa de apreciação da constitucionalidade das normas, uma interpretação em conformidade
com a Constituição que não contrarie o “direito vivente”, i. e., a orientação consolidada dos tribunais (sobretudo
dos tribunais superiores) em determinado sentido, com o objetivo de prevenir a existência de decisões
interpretativas de acolhimento (i. e., que sejam consideradas desconformes com a Constituição normas cuja
interpretação não é perfilhada pelos demais operadores jurídicos). Aliás, como salienta Zagrebelsky (La dottrina
ANA CLÁUDIA NASCIMENTO GOMES, BRUNO ALBERGARIA, MARIANA RODRIGUES CANOTILHO (COORD.)
616 DIREITO CONSTITUCIONAL – DIÁLOGOS EM HOMENAGEM AO 80º ANIVERSÁRIO DE J. J. GOMES CANOTILHO
formulação em que alguma doutrina a enuncia, ainda parece revelar-se tributária de uma
teoria tradicional da interpretação. Todavia, e sem prejuízo da liberdade interpretativa
reconhecida ao juiz constitucional, torna-se possível sublinhar que, quando entendida de
uma forma prático-normativamente adequada, a teoria em análise prossegue o objetivo
da unidade do sistema jurídico90 no interior da dinâmica proporcionada pelos diferentes
casos apreciados pela justiça constitucional: a solução destes últimos repercute-se na
própria (inteleção da) norma, reconstituindo-a, pelo que, quando essa mesma norma é
convocada para a solução de outros casos, ela surge já redensificada pela mediação da
experimentação a que foi sendo sucessivamente submetida.91 Aliás, é aproximadamente
neste sentido que Zagrebelsky,92 e embora adotando uma perspetiva de base sociológica,
efetua uma distinção entre o “direito vigente” (o direito ex parte legislatoris, ou, se
preferirmos, o direito impositivamente pré-posto, e, no caso específico que abordamos,
da Constituição formalmente aprovada pelo poder constituinte) e o “direito vivente”
(o direito ex parte societatis, ou, se quisermos, o direito já redensificado pela respetiva
submissão à experiência, a Costituzione vivente, redensificada pela mediação da justiça
constitucional), salientando a importância da consideração do impacto da lei sobre a
sociedade e da sociedade sobre a lei, bem como a inadmissibilidade de cristalizações
interpretativas (a que conduziriam, v.g., as posições originalistas) –93 a permitir-nos
del diritto vigente. In: Strumenti e Tecniche di Giudizio della Corte Costituzionale: Atti del Convegno – Trieste 26-28
maggio 1986. Milano: Giuffrè, 1988. p. 97 e ss.), desde 1956 que a Corte Costituzionale afirmava que, sem prejuízo
da sua autonomia interpretativa, “a constante interpretação jurisprudencial confere ao preceito legislativo
o seu efetivo valor na vida jurídica”; mais tarde, e agora já nos anos 60, a jurisprudência constitucional vai
mais longe, considerando-se vinculada à interpretação dominante dos tribunais ordinários, e, nessa medida,
passando o recurso ao diritto vivente a ser imediato, independentemente do caráter bem ou mal fundamentado
da interpretação ou do grau de convencimento (argumentativo) que ela possui. A dottrina del diritto vivente
possui, pois, duas vertentes: por um lado, quando esteja em causa um diritto vivente inconstitucional, a Corte
Costituzionale tem de apreciar a constitucionalidade da norma em função dos termos em que ela constitui objeto
de interpretação consolidada pelos operadores jurídicos (exercendo, por conseguinte, uma função de controlo da
constitucionalidade do diritto vivente, altura em que se manifesta a distinção entre a função da Corte Costituzionale,
face ao ius dicere típico dos tribunais ordinários, em especial da Corte di Cassazione – assim, ZAGREBELSKY,
Gustavo. La dottrina del diritto vigente. In: Strumenti e Tecniche di Giudizio della Corte Costituzionale: Atti del
Convegno – Trieste 26-28 maggio 1986. Milano: Giuffrè, 1988. p. 110); por outro lado, quando exista um diritto
vivente em conformidade com a Constituição, a Corte Costituzionale adere a esse entendimento maioritário e
profere uma decisão negativa de inconstitucionalidade (é a esta segunda dimensão da teoria do diritto vivente
que nos reportamos em texto). Cf. também MEDEIROS, Rui. A decisão de inconstitucionalidade: os autores, o
conteúdo e os efeitos da decisão de inconstitucionalidade da lei. Lisboa: Universidade Católica Editora, 1999.
p. 406 e ss., analisando com detenção cada uma destas dimensões. Em sentido próximo, entre nós, cf. ainda
MORAIS, Carlos Blanco. Justiça constitucional. 2. ed. Coimbra: Coimbra Editora, 2011. t. II. p. 339 (acentuando
a vertente prudencial inerente às decisões do Tribunal Constitucional proferidas em sede de fiscalização
abstrata sucessiva). Para uma das aplicações da teoria do diritto vivente, cf. Acórdão nº 162/95, de 28 de março,
em que o Tribunal Constitucional entendeu que deveria mostrar-se sensível às inúmeras decisões judiciais
e às posições assumidas pelos vários operadores do direito quanto à interpretação e aplicação das normas
cuja constitucionalidade estava a apreciar no processo, razão por que não salvou a constitucionalidade destas,
optando por proferir uma decisão de acolhimento.
90
Referindo-se à unidade do sistema jurídico como um objetivo ou uma tarefa, NEVES, António Castanheira.
A unidade do sistema jurídico: o seu problema e o seu sentido. In: NEVES, António Castanheira. Digesta.
Escritos acerca do direito, do pensamento jurídico, da sua metodologia e outros. Coimbra: Coimbra Editora,
1995. v. 2. p. 170.
91
Cf., v.g., BRONZE, Fernando José. Lições de introdução ao direito 3. ed. Coimbra: Gestlegal, 2019. p. 674 e ss.
92
ZAGREBELSKY, Gustavo. La dottrina del diritto vigente. In: Strumenti e Tecniche di Giudizio della Corte
Costituzionale: Atti del Convegno – Trieste 26-28 maggio 1986. Milano: Giuffrè, 1988. p. 113 e ss.
93
ZAGREBELSKY, Gustavo. Jueces constitucionales. In: CARBONELL (Ed.). Teoría del neoconstitucionalismo.
Madrid: Trotta; Instituto de Investigaciones Jurídicas – Unam, 2007. p. 96 e ss.
ANA RAQUEL GONÇALVES MONIZ
JUSTIÇA CONSTITUCIONAL E(M) DEMOCRACIAS FRÁGEIS...
617
94
Como viemos defendendo: cf. os nossos trabalhos O problema da realização da Constituição pela justiça
constitucional: Ratio e Voluntas, Synépeia e Epieikeia? Reflexões a partir do pensamento de Castanheira
Neves. In: Juízo ou decisão? O problema da realização jurisdicional do direito – VI Jornadas de Teoria do Direito,
Filosofia do Direito e Filosofia Social. Coimbra: Instituto Jurídico; Faculdade de Direito da Universidade de
Coimbra, 2016. p. 262 e ss., e, mais recentemente, Introdução à justiça constitucional. Coimbra: Almedina, 2021.
p. 21 e ss.
ANA CLÁUDIA NASCIMENTO GOMES, BRUNO ALBERGARIA, MARIANA RODRIGUES CANOTILHO (COORD.)
618 DIREITO CONSTITUCIONAL – DIÁLOGOS EM HOMENAGEM AO 80º ANIVERSÁRIO DE J. J. GOMES CANOTILHO
95
Cf. também HUK, Aziz Z.; GINSBURG, Tom. How to save a constitutional democracy. Chicago; London:
The University of Chicago University Press, 2018. p. 187.
96
Assim, NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos: contributo para a compreensão constitucional
do Estado fiscal contemporâneo. Coimbra: Almedina, 1998. p. 299, n. 335.
97
Uma tal amplitude encontra-se, aliás, ilustrada pelo elenco de poderes conferidos ao Tribunal Constitucional
português (cf. art. 223º da CRP). Na verdade, as matérias incluídas no âmbito da justiça constitucional ultrapassam
a fiscalização da constitucionalidade (concebida como núcleo essencial – v., já a seguir, em texto), conferindo-
se aos respetivos órgãos “competências complementares” (assim, AMARAL, Maria Lúcia. Competências
complementares do Tribunal Constitucional português. In: CORREIA, Fernando Alves; MACHADO, Jónatas E.
M.; LOUREIRO, João Carlos (Org.). Estudos em homenagem ao Prof. Doutor José Joaquim Gomes Canotilho. Boletim
da Faculdade de Direito. Coimbra: Coimbra Editora, 2012. p. 43 e ss., especialmente, p. 52 e ss., confrontando
“competências nucleares” e “competências complementares”; adotando também este conceito, e organizando
as competências do Tribunal Constitucional à luz da dicotomia entre “competências nucleares” e “outras
competências” ou “competências complementares”, v. CORREIA, Fernando Alves. Justiça constitucional.
2. ed. Coimbra: Almedina, 2019. p. 172). Estão aqui ainda em causa atuações relevantes para o adequado
desenvolvimento do processo político-constitucional, cuja prática se deve rodear de especiais garantias de
imparcialidade, e, por esse motivo, confiar ao órgão com especial competência para a resolução de questões
jurídico-constitucionais. Encontrar-nos-emos, pois, como salienta Cardoso da Costa (A jurisdição constitucional
em Portugal. 3. ed. Coimbra: Almedina, 2007. p. 46), dos designados “atos auxiliares de direito constitucional”
(a noção de atos auxiliares de direito constitucional afigura-se especialmente ampla, envolvendo, na definição
de QUEIRÓ, Afonso Rodrigues. Lições de direito administrativo. Coimbra: [s.n.], 1976. Polic. p. 77, e QUEIRÓ,
Afonso Rodrigues. A função administrativa. In: QUEIRÓ, Afonso Rodrigues. Estudos de direito público. Coimbra:
Imprensa da Universidade de Coimbra, 2000. v. II. t. I. p. 121), “os actos destinados a pôr a Constituição em
movimento e a prover ao seu funcionamento”; trata-se de um conceito que o autor mobilizava no contexto do
recorte de categorias devidas à elaboração dogmática de Otto Mayer).
98
Cf. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição. 7. ed. Coimbra: Almedina,
2003. p. 680 e ss., 895; COSTA, José Manuel Cardoso da. Tribunal constitucional. In: AAVV. Polis: Enciclopédia
Verbo da Sociedade e do Estado. Lisboa: Verbo, 2004, v. V. p. 1324 e ss., e COSTA, José Manuel Cardoso da.
A jurisdição constitucional em Portugal. 3. ed. Coimbra: Almedina, 2007. p. 30 e ss. V. também FAVOREU, Louis;
MASTOR, Wanda. Les cours constitutionnelles. 2. ed. Paris: Dalloz, 2016, Capítulo 3, organizado em função
dos Estados. Cf. ainda FROMONT, Michel. Justice constitutionnelle comparee. Paris: Dalloz, 2013. p. 81; 83 e ss.,
subdividindo o contencioso constitucional em duas grandes categorias: o contencioso do funcionamento dos
poderes públicos (que dirime os conflitos entre o Estado central e os Estados federados e/ou as coletividades
locais, bem como os litígios destes últimos entre si, que decide as questões relacionadas com o contencioso
ANA RAQUEL GONÇALVES MONIZ
JUSTIÇA CONSTITUCIONAL E(M) DEMOCRACIAS FRÁGEIS...
619
eleitoral, aquisição e perda de mandato de determinados órgãos, que resolve os conflitos entre órgãos de
soberania e que decide do controlo da constitucionalidade dos partidos e associações políticas) e o contencioso
da constitucionalidade das normas e dos atos individuais das autoridades públicas atentatórios, em especial,
dos direitos humanos. Um singelo sobrevoo pelo direito dos Estados europeus demonstra, claramente, esta
abrangência competencial: v., a título meramente exemplificativo, ARAGÓN REYES. Articulo 161. In: ALZAGA
VILLAAMIL, Oscar (Dir.). Comentarios a la Constitución Española. Madrid: Cortes Generales/Edersa, 2006. t. XII.
p. 189 e ss.; BERKA, Walter. Verfassungsrecht. Wien: Verlag Österreich, 2018. p. 347 e ss.; LÖWER, Wolfgang.
Zuständigkeiten und Verfahren des Bundesverfassungsgerichts. In: ISENSEE, Josef; KIRCHHOF, Paul (Org.).
Handbuch des Staatsrechts. 3. ed. Heidelberg: C. F. Müller, 2005. v. III. p. 1285 e ss., especialmente, 1295 e ss.;
ROUSSEAU, Dominique; GAHDOUN, Pierre-Yves; BONNET, Julien. Droit du contentieux constitutionnel. 12. ed.
Paris: LGDJ, 2020. p. 101 e ss.; RUGGERI, Antonio; SPADARO, Antonino. Lineamenti di giustizia costituzionale. 6.
ed. Torino: Giappichelli, 2019. p. 225 e ss.
99
Recorde-se, v.g., a fragilização dos tribunais constitucionais ocorrida na sequência da subida ao poder de
movimentos populistas na Hungria (consolidada na Constituição de 2012 e nas respetivas revisões) e na Polónia
(concretizada na alteração de 2015 à lei do Tribunal Constitucional), depois de uma (relativamente breve)
ascensão na sequência do colapso dos regimes comunistas em que aqueles surgiram como defensores das
liberdades fundamentais constitucionalmente consagradas (na Hungria, mas também na Polónia, na Eslovénia,
na Eslováquia ou na Roménia). Sobre esta matéria, v. BUGARIČ, Bojan; GINSBURG, Tom. The assault on post-
communist courts. Journal of Democracy, v. 27, 2016. p. 69 e ss. Como também salientam Huk e Ginsburg (How to
save a constitutional democracy. Chicago; London: The University of Chicago University Press, 2018. p. 186), e em
perspetiva espelhada, o Poder Judiciário constitui, em regra, a primeira vítima da erosão das democracias.
100
Temática que constituiu objeto das preocupações de Gomes Canotilho, num confronto (em parte) jurídico-
constitucional comparado, em que analisa, de modo cruzado, a ordem jurídica macaense e o ordenamento
chinês, sem obliterar o direito português ou mesmo o direito brasileiro: cf. CANOTILHO, José Joaquim Gomes.
As palavras e os homens: reflexões sobre a Declaração Conjunta Luso-Chinesa e a institucionalização do recurso
de amparo de direitos e liberdades na ordem jurídica de Macau. Boletim da Faculdade de Direito, v. LXX, 1994.
p. 107 e ss.
101
E em que, em matéria de recurso a instrumentos de tutela dos direitos fundamentais, o protagonismo tem
cabido à justiça administrativa (e não à justiça constitucional), através da intimação para a proteção de direitos,
liberdades e garantias: cf. Acórdãos do Supremo Tribunal Administrativo de 10.9.2020, P. 088/20.8BALSB, de
31.10.2020, P. 01958/20.9BELSB, de 31.10.2020, P. 0122/20.1BALSB, e de 5.2.2021, P. 012/21.0BALSB e despachos
de 20.11.2020, P. 2090/20.0BELSB e de 23.12.2020, P. 143/20.4BALSB. Neste horizonte, registam-se apenas dois
acórdãos do Tribunal Constitucional proferidos em fiscalização concreta (Acórdãos nºs 424/2020, de 31 de julho,
e 687/2020, de 26 de novembro).
102
Questionando já o (eventual) “garantismo incompleto” da nossa justiça constitucional, v. CANOTILHO, José
Joaquim Gomes. Para uma teoria pluralística da jurisdição constitucional no Estado constitucional democrático
ANA CLÁUDIA NASCIMENTO GOMES, BRUNO ALBERGARIA, MARIANA RODRIGUES CANOTILHO (COORD.)
620 DIREITO CONSTITUCIONAL – DIÁLOGOS EM HOMENAGEM AO 80º ANIVERSÁRIO DE J. J. GOMES CANOTILHO
português: no sexénio do Tribunal Constitucional português. Revista do Ministério Público, n. 33/34, jan./jun.
1988. p. 23 e ss.
103
Cf., em termos paradigmáticos, NOVAIS, Jorge Reis. Direitos fundamentais: trunfos contra a maioria. Coimbra:
Coimbra Editora, 2006. p. 155; 180 e ss., e NOVAIS, Jorge Reis. Sistema português de fiscalização da constitucionalidade:
Avaliação crítica. Lisboa: AAFDL, 2019.p. 85 e ss.
104
Assim, MORAIS, Carlos Blanco. Justiça constitucional. 2. ed. Coimbra: Coimbra Editora, 2011. t. II. p. 1020 e ss.
105
Como também acentua MIRANDA, Jorge. Fiscalização da constitucionalidade. Coimbra: Almedina, 2017. p. 292 e
ss.
106
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição. 7. ed. Coimbra: Almedina,
2003. p. 682.
107
Cf., v.g., HUK, Aziz Z.; GINSBURG, Tom. How to save a constitutional democracy. Chicago; London: The
University of Chicago University Press, 2018. p. 189 e ss., e HUK, Aziz Z.; GINSBURG, Tom. How to lose a
ANA RAQUEL GONÇALVES MONIZ
JUSTIÇA CONSTITUCIONAL E(M) DEMOCRACIAS FRÁGEIS...
621
constitutional democracy. UCLA Law Review, v. 65, 2018. p. 126 e ss.; Klarman (The degradation of American
democracy and the court. Harvard Law Review, v. 134, nov. 2020. p. 178 e ss.) (acentuando, em particular, o
viés político dos justices da Supreme Court). Para uma análise mais transversal, v. SHAPIRO, Martin. Courts
in authoritarian regimes. In: GINSBURG, Tom; MUSTAFA, Tamir (Ed.). Rule by law: the politics of courts in
authoritarian regimes. Cambridge: Cambridge University Press, 2008. p. 326 e ss.
108
COSTA, José Manuel Cardoso da. Algumas reflexões em torno da justiça constitucional. Perspectivas do Direito
no Início do Século XXI, Studia Iuridica 41, Boletim da Faculdade de Direito, Coimbra, 1999. p. 118.
109
GRIMM, Dieter. The achievement of constitutionalism and its prospects in a changed world. In: DOBNER,
Petra; LOUGHLIN, Martin (Ed.). The twilight of constitutionalism? Oxford: Oxford University Press, 2010. p. 3.
110
BACHOF, Otto. Estado de direito e poder político: os tribunais constitucionais entre o direito e a política. Tradução
de Cardoso da Costa. Boletim da Faculdade de Direito, v. LVI, 1980. p. 6.
111
NEVES, António Castanheira. Da “jurisdição” no actual estado-de-direito. In: VARELA, Antunes; AMARAL,
Diogo Freitas do; MIRANDA, Jorge; CANOTILHO, J. J. Gomes (Org.). Ab Uno ad Omnes. Coimbra: Coimbra
Editora, 1998. p. 193.
112
Sobre a polissemia inerente a este conceito, v. HEIN, Michael; EWART, Stefan. What is “politicisation” of
constitutional courts? Towards a decision-oriented concept. In: GEISLER, Antonia; HEIN, Michael; HUMMEL,
Siri (Ed.). Law, politics, and the Constitution: new perspectives from legal and political theory. Frankfurt: Peter
Lang, 2014. p. 31 e ss. – autores que, contudo, não deixam de avançar uma noção de “politização da justiça
constitucional” (politicisation of constitutional adjudication), identificando-a com os casos em que “uma decisão
do tribunal não é ou não é exclusivamente adotada com base em critérios jurídicos, mas é (co)determinada por
influências políticas, em especial, pelas afiliações político-partidárias ou pelas preferências políticas dos juízes”
(p. 41). V. também GRIMM, Dieter. Constitutionalism: past, present, and future. Oxford: Oxford University
Press, 2016.p. 203.
113
Cf., v.g., REOLLECKE. Aufgaben und Stellung des Bundesverfassungsgerichts im Verfassungsgefüge.
In: ISENSEE, Josef; KIRCHHOF, Paul (Org.). Handbuch des Staatsrechts. 3. ed. Heidelberg: C. F. Müller, 2005. v.
III. p. 1214; v. ainda, complementarmente, p. 1217 e ss.
ANA CLÁUDIA NASCIMENTO GOMES, BRUNO ALBERGARIA, MARIANA RODRIGUES CANOTILHO (COORD.)
622 DIREITO CONSTITUCIONAL – DIÁLOGOS EM HOMENAGEM AO 80º ANIVERSÁRIO DE J. J. GOMES CANOTILHO
sem prejuízo da “força política” das suas decisões,114 o juiz constitucional deve surgir
como elemento autónomo no quadro de “sistema[s] normativo[s] de compromisso
pluralístico”,115 dotado de uma relevante função de garantia ativa ou (como nos habi
tuámos a designar) de autêntica realização jurídica (a envolver a tutela, mas também a
concretização e a promoção dos bens e valores) da Constituição.
Esta perspetiva não tem impreterivelmente de colidir com as vozes que erguem o
juiz constitucional em ator do “constitucionalismo transformador”, exigindo tribunais
(constitucionais) fortes e impulsionadores da dinâmica jurídico-político-constitucional,
no contexto de uma interdependência com os demais poderes estaduais. Tal afigurar-
se-á possível (eventualmente, até desejável), tendo como horizonte último a defesa da
democracia material, mas desde que com respeito pela natureza jurídica das decisões.116
E com esta posição não pensamos sucumbir ao que alguma doutrina designa como a naive
approach117 à justiça constitucional; na verdade, e sobretudo (mas não exclusivamente)
no âmbito dos processos de fiscalização abstrata, não se podem ignorar as refrações
políticas das decisões do juiz constitucional, atentas as dimensões políticas inerentes,
volente, nolente, às questões jurídico-constitucionais.118
Sem que se obliterem estas dimensões, trata-se agora de salientar que, num Estado
de direito, o controlo da constitucionalidade efetuado pelo tribunal constitucional
não se pode transformar na longa manus do poder político, cuja existência se pauta
pela finalidade de justificar ou legitimar as decisões adotadas por certa ideologia.119
114
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição. 7. ed. Coimbra: Almedina,
2003. p. 681. Julgamos ser neste sentido que se poderão perspetivar as palavras do autor, quando afirma que
“basta analisar alguns leading cases do nosso Tribunal para se verificar que, sob o manto diáfano da dogmática e
metódica constitucionais, se escreveram páginas de alta política constitucional, chegando aqui e ali a reinventar-
se politicamente a própria Constituição” (CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Tribunal constitucional,
jurisprudências e políticas públicas. Anuário Português de Justiça Constitucional, v. III, 2005. p. 77. Grifos no
original).
115
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Para uma teoria pluralística da jurisdição constitucional no Estado
constitucional democrático português: no sexénio do Tribunal Constitucional português. Revista do Ministério
Público, n. 33/34, jan./jun. 1988. p. 18 e ss.
116
O que talvez não consiga satisfazer, em todas as dimensões, os arautos do constitucionalismo transformador,
na medida em que este pressuponha transformar o juiz constitucional em garante integral da satisfação das
“promessas sociais” decorrentes das constituições (cf., v.g., ROA ROA, Jorge Ernesto. El rol del juez constitucional
en el constitucionalismo transformador latinoamericano. In: CHUEIRI, Vera Karam de; BROOCKE, Bianca
M. Schneider van der (Ed.). Constitucionalismo transformador en América Latina. Bogotá: Tirant lo Blanch, 2021.
p. 15). Na verdade, nem todas as “aberturas” constitucionais, mesmo que relativas a direitos fundamentais
(e, em especial, a direitos sociais) se dirigem a ser ativamente preenchidas pelo julgador: há dimensões cujo
preenchimento caberá à realização político-legislativa, outras pertencerão à realização administrativa e outras
ainda implicarão a realização jurisdicional, à luz de racionalidades também distintas, de índole estratégia
e instrumental, nos primeiros dois casos, de natureza prático-normativa de fundamentação, no terceiro.
Cf. a sistematização de OTERO, Paulo. Direito constitucional português – Identidade constitucional. Coimbra:
Almedina, 2010. v. I. p. 173 e ss., destrinçando, quanto à intencionalidade e, por conseguinte, também quanto
aos destinatários, entre a abertura estrutural, a abertura normativa, a abertura política, a abertura interpretativa
e a abertura implementadora.
117
HEIN, Michael; EWART, Stefan. What is “politicisation” of constitutional courts? Towards a decision-oriented
concept. In: GEISLER, Antonia; HEIN, Michael; HUMMEL, Siri (Ed.). Law, politics, and the Constitution: new
perspectives from legal and political theory. Frankfurt: Peter Lang, 2014. p. 34.
118
Pensamos reconduzir-se a esta ideia a afirmação enfática de Grimm (Constitutionalism: past, present, and future.
Oxford: Oxford University Press, 2016. p. 204) segundo a qual “excluir as matérias políticas do escrutínio
judicial seria o fim da Justiça Constitucional”.
119
É a rejeição do caráter político e a afirmação da natureza jurídica das sentenças dos tribunais constitucionais que
justificam, aliás, que as constituições submetam a composição destes órgãos às exigências de independência,
ANA RAQUEL GONÇALVES MONIZ
JUSTIÇA CONSTITUCIONAL E(M) DEMOCRACIAS FRÁGEIS...
623
Tal implica, pois, que o juiz constitucional se não pode deixar submergir por um modelo
de natureza tecnocrática ou pragmática que confunda lex e ius, thesis e nomos:120 eis-nos,
pois, diante do sentido último das garantias de independência que as constituições
conferem aos juízes dos tribunais constitucionais.121
O modo como tradicionalmente se encara quer o ativismo, quer a autocontenção
jurisdicionais nesta matéria levam a que as concebamos como patologias do sistema, na
medida em que ambas as tendências correspondem a uma inobservância (por excesso
ou por defeito, respetivamente) do sistema de checks and balances assegurado pela
convivência entre a autonomia do poder político-legislativo e o controlo jurisdicional/
jurídico da validade da sua atuação. Na verdade, a partir do momento em que se
acolhe a admissibilidade de uma fiscalização dos atos legislativos por um tribunal
(incluindo um tribunal constitucional, com competência para eliminar do ordenamento
jurídico, com efeitos ex tunc, uma medida legislativa) e se aceita a dimensão (pelo
menos, organicamente) judicial desta atividade, defendendo as vantagens da justiça
constitucional, apenas se poderá exigir que, no exercício desta tarefa, o órgão de controlo
cumpra a sua função e fiscalize as atuações legislativas até aos limites da específica função
de realização jurídica da Constituição, embora sem nunca os ultrapassar – respetivamente,
determinando que o juiz constitucional “[aprecie] de acordo com os parâmetros jurídico-
materiais da constituição, a constitucionalidade da política” e obviando a uma “recusa
de justiça ou declinação da competência do Tribunal Constitucional”, sob pretexto de
a decisão inicial sobre a matéria caber a instâncias políticas.122
6 Conclusões
A referência às democracias frágeis ou fragilizadas demonstra que o caminho a
percorrer na compreensão do princípio democrático se ramifica em diversas veredas,
algumas delas sombrias; e, em especial, revela que, ao cabo e ao resto, o “fim da história”
não chegou e que não só a multiculturalidade e o pluralismo convivem com diversas
concretizações da democracia (desde que se não faça perigar o seu conteúdo normativo
axiológico essencial), mas também que o modelo liberal ocidental (para o qual não
haveria alternativa, depois de exauridos os demais e consolidada a sua universalização)123
encontra espaço para crescer a partir da(s) crise(s) em que vai mergulhando, em total
consonância com a historicidade predicativa das instituições humanas e do próprio
direito.
A demanda contra a erosão da democracia encontra-se também associada ao
fortalecimento da justiça constitucional, metaforicamente concebida como o “canivete
suíço do design constitucional”.124 Desde logo, a justiça constitucional expõe a Constituição
às circunstâncias históricas (surjam elas sob a forma de problemas jurídicos concretos
a decidir pela mediação de normas infraconstitucionais ou sob as vestes de atos
normativos submetidos a processos de fiscalização abstrata), propiciando o próprio
“desenvolvimento constitucional”, em homenagem à ideia – já desenvolvida por Gomes
Canotilho –125 de que a Lei Fundamental se reconduz a uma “tarefa de renovação”.
Note-se, porém, que tal não implica transformar a justiça constitucional numa atividade
política, estrategicamente criadora de opções distintas das emergentes das normas
constitucionais: se o referido “desenvolvimento constitucional” se não encontra imune
às consequências políticas que poderá causar, a sua intencionalidade não deixa de se
assumir como normativa e o seu fundamento não abandona o terreno da juridicidade.126
Destarte, o juiz constitucional há de assumir-se como o guardião (não apenas da
Constituição, mas também) do Estado de direito democrático, no entrelaçamento
entre a complexidade estrutural que rodeia as dimensões especificamente jurídicas da
Constituição (e, na sua maior parte, vertidas num aprofundamento do princípio da
subordinação do Estado à juridicidade) e uma compreensão normativa das exigências
de sentido do princípio democrático.
Referências
ACKERMAN, Bruce. The living Constitution. Harvard Law Review, n. 7, v. 120, maio 2007.
AMARAL, Maria Lúcia. Competências complementares do Tribunal Constitucional português. In: CORREIA,
Fernando Alves; MACHADO, Jónatas E. M.; LOUREIRO, João Carlos (Org.). Estudos em homenagem ao Prof.
Doutor José Joaquim Gomes Canotilho. Boletim da Faculdade de Direito. Coimbra: Coimbra Editora, 2012.
ARAGÓN REYES. Articulo 161. In: ALZAGA VILLAAMIL, Oscar (Dir.). Comentarios a la Constitución Española.
Madrid: Cortes Generales/Edersa, 2006. t. XII.
BACHOF, Otto. Estado de direito e poder político: os tribunais constitucionais entre o direito e a política. Tradução
de Cardoso da Costa. Boletim da Faculdade de Direito, v. LVI, 1980.
BARAK, Aharon. The judge in a democracy. Princeton/Oxford: Princeton University Press, 2006.
BERKA, Walter. Verfassungsrecht. Wien: Verlag Österreich, 2018.
BOBBIO, Norberto. Il futuro della democrazia. Torino: Einaudi, 1995.
BORGETTO, Michel. La Devise «Liberté, Egalité, Fraternité». Paris: Presses Universitaires de France, 1997.
124
HUK, Aziz Z.; GINSBURG, Tom. How to save a constitutional democracy. Chicago; London: The University of
Chicago University Press, 2018. p. 187.
125
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição. 7. ed. Coimbra: Almedina,
2003. p. 1141.
126
Zagrebelsky (Jueces constitucionales. In: CARBONELL (Ed.). Teoría del neoconstitucionalismo. Madrid: Trotta;
Instituto de Investigaciones Jurídicas – Unam, 2007. p. 96) reconhece, aliás, que uma das críticas desferidas à
sua teoria do direito vivente ou da Constituição vivente resulta do fomento da “jurisprudência criativa” a que
ela induz.
ANA RAQUEL GONÇALVES MONIZ
JUSTIÇA CONSTITUCIONAL E(M) DEMOCRACIAS FRÁGEIS...
625
BRADLEY, Curtis A.; SIEGEL, Neil S. Constructed constraint and the constitutional text. Duke Law Journal,
v. 64, 2015.
BRONZE, Fernando José. Lições de introdução ao direito 3. ed. Coimbra: Gestlegal, 2019.
BUGARIČ, Bojan; GINSBURG, Tom. The assault on post-communist courts. Journal of Democracy, v. 27, 2016.
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. “Brancosos” e interconstitucionalidade: itinerários dos discursos sobre a
historicidade constitucional. 2. ed. Coimbra: Almedina, 2008.
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. A concretização da Constituição pelo legislador e pelo Tribunal
Constitucional. In: MIRANDA, Jorge (Org.). Nos dez anos da Constituição. Lisboa: INCM, 1987.
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. As palavras e os homens: reflexões sobre a Declaração Conjunta Luso-
Chinesa e a institucionalização do recurso de amparo de direitos e liberdades na ordem jurídica de Macau.
Boletim da Faculdade de Direito, v. LXX, 1994.
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Constituição dirigente e vinculação do legislador: contributo para a
compreensão das normas constitucionais programáticas. 2. ed. Coimbra: Coimbra Editora, 2001.
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição. 7. ed. Coimbra: Almedina, 2003.
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Jurisdicción constitucional y nuevas inquietudes discursivas. Del mejor
método a la mejor teoría. Fundamentos. Cuadernos Monográficos de Teoría del Estado, Derecho Público y Historia
Constitucional, n. 4, 2006.
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Para uma teoria pluralística da jurisdição constitucional no Estado
constitucional democrático português: no sexénio do Tribunal Constitucional português. Revista do Ministério
Público, n. 33/34, jan./jun. 1988.
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Prefácio. In: OLIVEIRA, Umberto Machado de; ANJOS, Leonardo
Fernandes dos (Coord.). Ativismo judicial. Curitiba: Juruá, 2010.
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Principios y “nuevos constitucionalismos”: El problema de los nuevos
principios. Revista de Derecho Constitucional Europeo, n. 14, 2010.
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Terceira modernidade – Banalização do bem. In: LINHARES, Emanuel
Andrade; SEGUNDO, Hugo de Brito Machado (Org.). Democracia e direitos fundamentais: uma homenagem
aos 90 anos do Professor Paulo Bonavides. São Paulo: Atlas, 2016.
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Tribunal constitucional, jurisprudências e políticas públicas. Anuário
Português de Justiça Constitucional, v. III, 2005.
CANOTILHO, José Joaquim Gomes; MOREIRA, Vital. Fundamentos da Constituição. Coimbra: Coimbra
Editora, 1991.
CEPEDA ESPINOSA, Manuel José; LANDAU, David. Columbian constitutional law: leading cases. Oxford:
Oxford University Press, 2017.
CHALMERS, Douglas A. Reforming democracies: six facts about politics that demand a new agenda. New York:
Columbia University Press, 2013.
CHANG, Wen-Chen. Constitutional Court of Taiwan (Judicial Yuan). Max Planck Encyclopedia of Comparative
Constitutional Law. Disponível em: https://oxcon.uplaw.com/view/10.1093/law-mpeccol/law-mpeccol-e538.
CHAO, Linda; MYERS, Ramon H. The first Chinese democracy: political life in the Republic of China.
The Johns Hopkins University Press, Baltimore, 1998.
CONSTANT, Benjamin. Cours de Politique Constitutionnelle. Genève; Paris: Slatkine, 1982. t. I. Fac-simile da
2. ed. de 1872.
CORREIA, Fernando Alves. Justiça constitucional. 2. ed. Coimbra: Almedina, 2019.
CORTINA, Adela. Los ciudadanos como protagonistas. Barcelona: Galaxia Gutenberg/Círculo de Lectores, 1999.
COSTA, José Manuel Cardoso da. A jurisdição constitucional em Portugal. 3. ed. Coimbra: Almedina, 2007.
COSTA, José Manuel Cardoso da. Tribunal constitucional. In: AAVV. Polis: Enciclopédia Verbo da Sociedade
e do Estado. Lisboa: Verbo, 2004, v. V.
ANA CLÁUDIA NASCIMENTO GOMES, BRUNO ALBERGARIA, MARIANA RODRIGUES CANOTILHO (COORD.)
626 DIREITO CONSTITUCIONAL – DIÁLOGOS EM HOMENAGEM AO 80º ANIVERSÁRIO DE J. J. GOMES CANOTILHO
DWORKIN, Ronald. Justice for Hedgehogs. Cambridge; London: Harvard University Press, 2011.
DWORKIN, Ronald. The right to ridicule. The New York Review of Books, v. 53, n. 5, 23 mar. 2006.
FALLON JR., Richard H. The nature of constitutional rights: the invention and logic of strict judicial scrutiny.
Cambridge: Cambridge University Press, 2019.
FAVOREU, Louis; MASTOR, Wanda. Les cours constitutionnelles. 2. ed. Paris: Dalloz, 2016.
FROMONT, Michel. Justice constitutionnelle comparee. Paris: Dalloz, 2013.
FUKUYAMA, Francis. The end of history and the last man. New York: The Free Press; MacMillan, 1992.
FUKUYAMA, Francis. The end of history. The International Interest, verão 1989.
GIBSON, James L.; CALDEIRA, Gregory A. Defenders of democracy? Legitimacy, popular acceptance and
the South African Constitutional Court. The Journal of Politics, n. 1, v. 65, fev. 2003.
GINSBURG, Tom. Judicial review in new democracies: constitutional courts in Asian cases. Cambridge: Cambridge
University Press, 2003.
GRIMM, Dieter. Constitutional adjudication and democracy. Israel Law Review, v. 33, 1999.
GRIMM, Dieter. Constitutionalism: past, present, and future. Oxford: Oxford University Press, 2016.
GRIMM, Dieter. The achievement of constitutionalism and its prospects in a changed world. In: DOBNER,
Petra; LOUGHLIN, Martin (Ed.). The twilight of constitutionalism? Oxford: Oxford University Press, 2010.
GRIMM, Dieter. Types of constitutions. In: ROSENFELD, Michel; SAJÓ, András (Ed.). The Oxford Handbook
of Comparative Constitutional Law. Oxford: Oxford University Press, 2012.
HAYEK, F. A. The confusion of language in political thought. London: The Institute of Economic Affairs, 1968.
HEIN, Michael; EWART, Stefan. What is “politicisation” of constitutional courts? Towards a decision-oriented
concept. In: GEISLER, Antonia; HEIN, Michael; HUMMEL, Siri (Ed.). Law, politics, and the Constitution: new
perspectives from legal and political theory. Frankfurt: Peter Lang, 2014.
HUANG, Cheng-Yi. Judicial deference to legislative delegation and administrative discretion in new
democracies: recent evidence from Poland, Taiwan, and South Africa. In: ROSE-ACKERMAN, Susan;
LINDSETH, Peter L. (Ed.). Comparative administrative law. Cheltenham/Northampton: Elgar, 2010.
HUK, Aziz Z.; GINSBURG, Tom. How to lose a constitutional democracy. UCLA Law Review, v. 65, 2018.
HUK, Aziz Z.; GINSBURG, Tom. How to save a constitutional democracy. Chicago; London: The University of
Chicago University Press, 2018.
IP, Eric C. Hybrid constitutionalism: the politics of constitutional review in the Chinese special administrative
regions. Cambridge: Cambridge University Press, 2019.
ISSACHAROFF, Samuel. Comparative constitutional law as a window on democratic institutions.
In: DELANEY, Erin F.; DIXON, Rosalind (Ed.). Comparative constitutional review. Elgar: Cheltenham, 2018.
ISSACHAROFF, Samuel. Fragile democracies. Harvard Law Review, v. 120, 2007.
ISSACHAROFF, Samuel. Fragile democracies: contested power in the era of constitutional courts. Cambridge:
Cambridge University Press, 2015.
KLARMAN, Michael J. The degradation of American democracy and the court. Harvard Law Review, v. 134,
nov. 2020.
LANDAU, David. Constitutional Court of Colombia (Corte Constitucional de Colombia). Max Planck
Encyclopedia of Comparative Constitutional Law. Disponível em: https://oxcon.uplaw.com/view/10.1093/law-
mpeccol/law-mpeccol-e524.
LASARS, Wolfgang. Die Machtfunktion der Verfassung: Eine Untersuchung zur Rezeption von Demokratischen-
rechtsstaatlichem Verfassungsrecht in China. Jahrbuch des Öffentlichen Rechts der Gegegwart, v. 41, 1993.
LEVITSKY, Steven; ZIBLATT, Daniel. How democracies die. New York: Broadway Books, 2018.
LOEWENSTEIN. Karl. Militant democracy and fundamental rights, I, II. In: SAJÓ, András (Ed.). Militant
democracy. Utrecht: Eleven International Publishing, 2004.
ANA RAQUEL GONÇALVES MONIZ
JUSTIÇA CONSTITUCIONAL E(M) DEMOCRACIAS FRÁGEIS...
627
LÖWER, Wolfgang. Zuständigkeiten und Verfahren des Bundesverfassungsgerichts. In: ISENSEE, Josef;
KIRCHHOF, Paul (Org.). Handbuch des Staatsrechts. 3. ed. Heidelberg: C. F. Müller, 2005. v. III.
MACHETE, Rui Chancerelle de. A Constituição, o tribunal constitucional e o processo administrativo.
In: BRITO, J. Sousa et al. Legitimidade e legitimação da justiça constitucional. Coimbra: Coimbra Editora, 1995.
MACKELM, Patrick. Militant democracy, legal pluralism, and the paradox of self-determination. International
Journal of Constitutional Law, v. 4, n. 3, 2006.
MADISON, James. The Federalist No. 48. In: BALL, Terence (Ed.). The Federalist with Letters of “Brutus”.
Cambridge: Cambridge University Press, 2003.
MAHLMANN, Matthias. The dictatorship of the obscure? Values and the secular adjudication of fundamental
rights. In: SAJÓ, András; UITZ, Renáta (Ed.). Constitutional topography: values and constitutions. Utrecht:
Eleven International Publishing, 2010.
MARTINS, Oliveira. Portugal contemporâneo. 3. ed. Lisboa: Livraria de Antonio Maria Pereira, 1895. t. I.
MCBEATH, Jerry. Democratization and Taiwan’s Constitutional Court. American Journal of Chinese Studies,
v. 11, 2004.
MEDEIROS, Rui. A decisão de inconstitucionalidade: os autores, o conteúdo e os efeitos da decisão de
inconstitucionalidade da lei. Lisboa: Universidade Católica Editora, 1999.
MELO, António Barbosa de. Democracia e utopia (reflexões). [s.n.]: Porto, 1980.
MERÊA, Paulo. O liberalismo de Herculano. Separata de Biblos. Coimbra: Coimbra Editora, 1941. v. XVII. t. II.
MILL, John Stuart. De Tocqueville on democracy in America. In: MILL, John Stuart. Essays on politics and
society. Toronto; London: University of Toronto Press/Routledge & Kegan Paul, 1977.
MIRANDA, Jorge. Fiscalização da constitucionalidade. Coimbra: Almedina, 2017.
MONIZ, Ana Raquel Gonçalves. A justiça constitucional no ensino da Faculdade de Direito da Universidade
de Coimbra. Boletim da Faculdade de Direito, v. XCVI, t. 2, 2020.
MONIZ, Ana Raquel Gonçalves. Introdução à justiça constitucional. Coimbra: Almedina, 2021.
MONIZ, Ana Raquel Gonçalves. O problema da realização da Constituição pela justiça constitucional: Ratio e
Voluntas, Synépeia e Epieikeia? Reflexões a partir do pensamento de Castanheira Neves. In: Juízo ou decisão?
O problema da realização jurisdicional do direito – VI Jornadas de Teoria do Direito, Filosofia do Direito e
Filosofia Social. Coimbra: Instituto Jurídico; Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, 2016.
MONIZ, Ana Raquel Gonçalves. Os direitos fundamentais e a sua circunstância: crise e vinculação axiológica
entre o Estado, a sociedade e a comunidade global. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2017.
MONTESQUIEU, Charles de Secondat, Baron de la Brède et de. L’Esprit des Lois. Paris: Garnier-Frères
Libraires-Editeurs, [s.d.].
MORAIS, Carlos Blanco. Justiça constitucional. 2. ed. Coimbra: Coimbra Editora, 2011. t. II.
MORAIS, Carlos Blanco. O sistema político: no contexto da erosão da democracia representativa. Coimbra:
Almedina, 2018.
MUDDE, Cas; ROVIRA KALTWASSER, Cristóbal (Ed.). Populism in Europe and in the Americas: threat or
corrective for democracy? Cambridge: Cambridge University Press, 2012.
MÜLLER, Jan-Werner. Populism and Constitutionalism. In: ROVIRA KALTWASSER, Cristóbal; TAGGART,
Paul; OCHOA ESPEJO, Paulina; OSTIGUY, Pierre (Ed.). The Oxford Handbook of Populism. Oxford: Oxford
University Press, 2017.
MÜLLER, Jan-Werner. What is populism? Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2016.
NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos: contributo para a compreensão constitucional
do Estado fiscal contemporâneo. Coimbra: Almedina, 1998.
NEVES, António Castanheira. A unidade do sistema jurídico: o seu problema e o seu sentido. In: NEVES,
António Castanheira. Digesta. Escritos acerca do direito, do pensamento jurídico, da sua metodologia e outros.
Coimbra: Coimbra Editora, 1995. v. 2.
ANA CLÁUDIA NASCIMENTO GOMES, BRUNO ALBERGARIA, MARIANA RODRIGUES CANOTILHO (COORD.)
628 DIREITO CONSTITUCIONAL – DIÁLOGOS EM HOMENAGEM AO 80º ANIVERSÁRIO DE J. J. GOMES CANOTILHO
NEVES, António Castanheira. Da “jurisdição” no actual estado-de-direito. In: VARELA, Antunes; AMARAL,
Diogo Freitas do; MIRANDA, Jorge; CANOTILHO, J. J. Gomes (Org.). Ab Uno ad Omnes. Coimbra: Coimbra
Editora, 1998.
NEVES, António Castanheira. Metodologia jurídica: problemas fundamentais. Studia Iuridica 1. Boletim da
Faculdade de Direito. Coimbra: Coimbra Editora, 1993.
NOVAIS, Jorge Reis. Direitos fundamentais: trunfos contra a maioria. Coimbra: Coimbra Editora, 2006.
NOVAIS, Jorge Reis. Sistema português de fiscalização da constitucionalidade: Avaliação crítica. Lisboa: AAFDL,
2019.
NUSSBAUM, Martha. Capabilities, entitlements, rights: supplementation and critique. Journal of Human
Development and Capabilities, v. 12, n. 1, fev. 2011.
OTERO, Paulo. Direito constitucional português – Identidade constitucional. Coimbra: Almedina, 2010. v. I.
PEDROSA, A. L. Guimarães. Curso de ciéncia da administração e direito administrativo. Coimbra: Imprensa da
Universidade, 1908. v. I.
POCOCK, J. G. A. The Machiavellian moment: Florentine political thought and the Atlantic Republican tradition.
Princeton: Princeton University Press, 1975.
PRAÇA, J. J. Lopes. Collecção de leis e subsidios para o estudo do direito constitucional portuguez. Coimbra: Coimbra
Editora, 2000. v. II. Ed. fac-simile de 1894.
PRENDERGAST, David. The judicial role in protecting democracy from populism. German Law Journal,
v. 20, 2019.
QUEIRÓ, Afonso Rodrigues. A função administrativa. In: QUEIRÓ, Afonso Rodrigues. Estudos de direito público.
Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2000. v. II. t. I.
QUEIRÓ, Afonso Rodrigues. Lições de direito administrativo. Coimbra: [s.n.], 1976. Polic.
ROA ROA, Jorge Ernesto. El rol del juez constitucional en el constitucionalismo transformador latinoamericano.
In: CHUEIRI, Vera Karam de; BROOCKE, Bianca M. Schneider van der (Ed.). Constitucionalismo transformador
en América Latina. Bogotá: Tirant lo Blanch, 2021.
ROUSSEAU, Dominique; GAHDOUN, Pierre-Yves; BONNET, Julien. Droit du contentieux constitutionnel.
12. ed. Paris: LGDJ, 2020.
ROVIRA KALTWASSER, Cristóbal; TAGGART, Paul; OCHOA ESPEJO, Paulina; OSTIGUY, Pierre. Populism:
An overview of the concept and the state of the art. In: ROVIRA KALTWASSER, Cristóbal; TAGGART, Paul;
OCHOA ESPEJO, Paulina; OSTIGUY, Pierre (Ed.). The Oxford Handbook of Populism. Oxford: Oxford University
Press, 2017.
ROVIRA KALTWASSER, Cristóbal; TAGGART, Paul; OCHOA ESPEJO, Paulina; OSTIGUY, Pierre (Ed.).
The Oxford Handbook of Populism. Oxford: Oxford University Press, 2017.
RUGGERI, Antonio; SPADARO, Antonino. Lineamenti di giustizia costituzionale. 6. ed. Torino: Giappichelli, 2019.
SCHUMPETER, Joseph A. Capitalism, socialism and democracy. London; New York: Routledge, 2003.
SEN, Amartya. A ideia de justiça. Tradução de Nuno Castello-Branco Bastos. Coimbra: Almedina, 2009.
SEN, Amartya. Democracy as a universal value. Journal of Democracy, v. 10, n. 3, 1999.
SHAPIRO, Martin. Courts in authoritarian regimes. In: GINSBURG, Tom; MUSTAFA, Tamir (Ed.). Rule by law:
the politics of courts in authoritarian regimes. Cambridge: Cambridge University Press, 2008.
SOARES, Rogério Guilherme Ehrhardt. O conceito ocidental de Constituição. Revista de Legislação e de
Jurisprudência, ano 119, 1986.
STRAUSS, David A. Common law constitutional interpretation. The University of Chicago Law Review, v. 63,
n. 3, primavera 1996.
STRAUSS, David A. The living Constitution. Oxford: Oxford University Press, 2010.
SUNSTEIN, Cass. Laws of fear: beyond the precautionary principle. Cambridge University Press: New York, 2005.
ANA RAQUEL GONÇALVES MONIZ
JUSTIÇA CONSTITUCIONAL E(M) DEMOCRACIAS FRÁGEIS...
629
SUPREME Court of Israel: judgement concerning the legality of the general security service’s interrogation
methods. International Legal Materials, v. 38, 1999.
SWEET, Alec Stone. Constitutional courts. In: ROSENFELD, Michel; SAJÓ, András (Ed.). The Oxford Handbook
of Comparative Constitutional Law. Oxford: Oxford University Press, 2012.
TOCQUEVILLE, Alexis de. De la démocratie en Amérique. 12. ed. Paris: Pagnerre Editeur, 1848. t. II.
TRIBE, Lawrence H. The invisible Constitution. Oxford; New York: Oxford University Press, 2008.
URBANO, Maria Benedita. Cidadania para uma democracia ética. Boletim da Faculdade de Direito, v. LXXXIII,
2007.
VILE, Maurice J. C. Política y Constitución en la historia británica y estadounidense. In: VARELA SUANZES-
CARPEGNA, Joaquín (Ed.). Historia e historiografía constitucionales. Madrid: Trotta, 2015.
WALDRON, Jeremy. The core of the case against judicial review. The Yale Law Journal, v. 115, 2006.
ZAGREBELSKY, Gustavo. El derecho dúctil: ley, derechos, justicia. Tradução de Marina Gascón. Madrid:
Trotta, 2011.
ZAGREBELSKY, Gustavo. Jueces constitucionales. In: CARBONELL (Ed.). Teoría del neoconstitucionalismo.
Madrid: Trotta; Instituto de Investigaciones Jurídicas – Unam, 2007.
ZAGREBELSKY, Gustavo. La dottrina del diritto vigente. In: Strumenti e Tecniche di Giudizio della Corte
Costituzionale: Atti del Convegno – Trieste 26-28 maggio 1986. Milano: Giuffrè, 1988.
Informação bibliográfica deste texto, conforme a NBR 6023:2018 da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT):
MONIZ, Ana Raquel Gonçalves. Justiça constitucional e(m) democracias frágeis: um diálogo com
Gomes Canotilho no cruzamento entre a crise democrática e a “função republicana” do juiz. In: GOMES,
Ana Cláudia Nascimento; ALBERGARIA, Bruno; CANOTILHO, Mariana Rodrigues (Coord.). Direito
Constitucional: diálogos em homenagem ao 80º aniversário de J. J. Gomes Canotilho. Belo Horizonte:
Fórum, 2021. p. 601-629. ISBN 978-65-5518-191-3.