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A “crise” do jornalismo:
o que ela afirma e o que ela esquece

Bruno Souza Leal


Doutor e Pesquisador permanente do PPGCOM/UFMG
e coordenador do Núcleo de Estudos Tramas
Comunicacionais: Narrativa e Experiência
E-mail: brunosleal@gmail.com

Phellipy Jácome
Doutorando da Pós-graduação em Comunicação
e Sociabilidade Contemporânea da UFMG
Resumo: Nos últimos anos, vêm se intensificando diagnósticos
que denunciam uma crise do jornalismo, tanto como modelo E-mail: phellipy@ufmg.br
de negócio quanto como ator na constituição do espaço públi-
co nas sociedades democráticas. Entretanto, tais diagnósticos
parecem negligenciar que a crença em um “paradigma tra- Nuno Manna
dicional do jornalismo” – e de sua crise – é profundamente
carente de historicidade. Neste artigo, tecemos uma reflexão
sobre a construção da crença neste suposto paradigma para Doutorando da Pós-graduação em
perguntar-nos se a tão afirmada crise seria mesmo do jorna- Comunicação da UFMG
lismo ou se corresponderia, na verdade, aos modos de com- Mestre e bacharel em Comunicação Social
preendê-lo. E-mail: nunomanna@gmail.com
Palavras-chave: Jornalismo, crise, modernidade, história.

La “crisis” del periodismo: lo que dice y lo que se olvida


Resumen: En los últimos años, se han intensificado los diag-
nósticos que denuncian una crisis del periodismo, tanto como
modelo de negocios como actor en la constitución del espacio
público en las sociedades democráticas. Sin embargo, dichos
diagnósticos parecen no tener en cuenta que la creencia en un
“paradigma tradicional del periodismo” – y de su crisis – care-
ce de historicidad. En este artículo, proponemos una reflexión
acerca de la construcción de este supuesto paradigma para in-
dagar si la “crisis” sería propia del periodismo o si correspon-
dería, en realidad, a los modos de entenderlo. Já há algum tempo, diferentes pesquisa-
Palabras clave: Periodismo, crisis, modernidad, historia.
dores têm apontado e refletido sobre uma
The “crisis” of journalism: what she says and what she forgets crise do jornalismo ocidental (Almiron,
Abstract: In the last years, there has been an increasing of
diagnoses denouncing a crisis of journalism, as both business 2010; Fuller, 2010; Schlesinger, 2006; Starr,
model and actor in the constitution of the public space in the 2012; Young, 2012; entre outros), cujos si-
democratic societies. However, such diagnoses seem to neglect nais envolvem alterações em diversos âm-
that the belief in a “traditional paradigm of journalism” – and
in its crisis – lacks deeply of historicity. In this paper, we deve- bitos, tais como no seu modelo de negócio,
lop a reflection on the construction of that supposed paradigm na queda de tiragem dos jornais impressos e
to enquire if that “crisis” is really of journalism itself or, actu-
ally, of the ways of comprehending it. mesmo de popularidade dos telejornais, na
Keywords: Journalism, crisis, modernity, history. crescente “tabloidização” da imprensa, e na

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mudança nos valores consagrados que regu- da pesquisa histórica sobre o jornalismo é cal-
lam a prática profissional (Meyer, 2007; Zeli- cada no entendimento de que o “[j]ornalismo
zer, 2009 e 2008; Sant’anna, 2008; Anderson, não é algo que flutua platonicamente sobre
Bell; Shirky, 2012). Nesse cenário claro de o mundo e que cada país copia, moldando-
transformações pelas quais passa o jornalis- -o conforme sua gramática nacional” (2008,
mo, até mesmo relações vitais, como aquelas p. 188. Tradução nossa).
que envolvem o mercado e o capital (e que Assim, a diversidade de formas, proces-
permitiriam, ao menos idealmente, a possi- sos, qualidades e relações que fazem do jor-
bilidade de uma “imprensa livre”) e com o nalismo um fenômeno histórico-social seria
desenvolvimento e manutenção do espaço pouco conhecida, o que constitui uma perda
público, são alvo de revisões. Essa “crise”, importantíssima não só para sua apreensão
assim, ora é recebida sob olhares positivos, como para a reflexão sobre as distintas rea-
lidades em que se insere e atua. Por outro
lado, é o mesmo Schudson que afirma que
Segundo Dahlgren “[o] que importa, sobretudo a respeito do
(2009), a crise pela qual jornalismo é sua relação com a democracia...
o jornalismo estaria É o papel do jornalismo em tornar o autogo-
atravessando se liga a verno democrático possível – ou no fracasso
de preencher seu potencial de tornar o auto-
uma série de circuns- governo democrático possível” (2008, p. 182.
tâncias socioculturais Tradução nossa).
contemporâneas Dessa forma, pode-se perceber que o reco-
nhecimento da importância da multiplicida-
de de relações que envolvem o jornalismo é
acompanhado por uma visada que o fixa em
como parte das transformações históricas um papel fundamental. O jornalismo é vis-
que envolvem qualquer fenômeno cultural e to, então, como uma “instituição” social cuja
com poder de renovação do jornalismo, ora função mais importante, aquela que justifica-
tem como resposta manifestações de preo- ria sua existência, é de natureza política, vin-
cupação e de apelo à importância de certas culada à democracia e à vida pública. Outras
características fundamentais do fenômeno formas e processos jornalísticos, como aqueles
jornalístico. ligados ao “drama humano” ou ao mercado
Um dos efeitos desse debate em torno das econômico-financeiro, são submetidos, desse
transformações do jornalismo e seus desdo- modo, a uma hierarquia que tende colocá-
bramentos e impactos é a emergência de duas -los em segundo plano, como decorrências ou
perspectivas aparentemente antagônicas, mas criações derivadas e secundárias. Identifica-
que não raro são encontradas juntas, uma vez -se, nesse sentido, uma aparente contradição
que não se deixam reduzir a percepções dico- entre a demanda pela pesquisa histórica so-
tomicamente divididas entre aquelas “favo- bre o jornalismo, que levaria à identificação
ráveis” ou “desfavoráveis”. Nesse sentido, um e à problematização de suas diversas e discor-
artigo de Michael Schudson, publicado em dantes manifestações (nas especificidades das
2008, é exemplar. Nele o autor, por um lado, relações histórico-sociais que o conformam)
combate o “subdesenvolvimento” das pesqui- e a definição de uma função política funda-
sas históricas sobre o jornalismo, deixando mental que, mais que “flutuar”, atravessaria
claro seu descontentamento – e sua reivindi- realidades e tempos, numa visada que poderia
cação – com o que entende ser um descaso dos ser definida como “essencialista” e a-histórica
“departamentos de história”. A importância ou, ao menos, claramente etnocêntrica.

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Ademais, diante desse cenário, é impor- das pesquisas históricas sobre o jornalis-
tante lembrar que no final do século XX, mo e um apego a valores ou papeis “funda-
pensadores como Lyotard (1998), Bauman mentais”, que também devem ser encarados
(1998), entre outros, apontaram para uma como historicizáveis. Não se trata, claro, de
crise mais profunda que aquelas diplomáti- desconhecer ou desprezar a importância do
cas, econômicas e sociais que assolaram os jornalismo na conformação da vida política
países ocidentais ao longo da modernidade. e para a democracia, mas de reconhecer que,
Isso porque ela dizia respeito à própria base ao fim e ao cabo, uma definição apriorísti-
do pensamento ocidental, seus valores e for- ca acerca do que ele é pode levar exatamente
mas de compreensão do mundo e da traje- ao apagamento de sua importância e de sua
tória humana. Tratava-se da crise das gran- diversidade. Em outras palavras, observa-se
des narrativas (Lyotard, 1988), ou seja, das que essa tensão se dá, então, por um discur-
formas de conhecimento fundamentais na so moderno de autolegitimação do jornalis-
constituição do saber moderno. Essa “crise” mo que deixa em segundo plano seus outros
tornava evidente a frustração em relação ao modos de ser historicamente constituídos.
projeto de modernidade, a partir da desesta- Na observação dessa tensão, busca-se carac-
bilizadora percepção de que as “promessas” terizar primeiro alguns contornos desse dis-
do discurso moderno não se cumpriram curso para, depois, contrapô-los com outras
historicamente. Mais do que revelar proble- visões já presentes em estudos que circulam
mas circunstanciais, o que a chamada “crítica
entre aqueles que dedicam sua atenção ao fe-
pós-moderna” e os debates que ela acentua
nômeno jornalístico.
e até hoje provoca é a necessidade de fazer
emergir as questões históricas implicadas
nas instituições e práticas da modernidade. Os contornos da “crise”

O chamado à história, assim, menos que
Segundo Dahlgren (2009), a crise pela
apontar para um vazio ou um desconheci-
qual o jornalismo estaria atravessando se liga
mento acerca de acontecimentos, atores e
a uma série de circunstâncias socioculturais
processos, tem como fundamento o reconhe-
contemporâneas. O autor mostra como, cada
cimento da historicidade das próprias formas
de saber que constituíram a modernidade. vez menos, o que as pessoas sabem sobre o
Em outras palavras, a pesquisa sobre outros mundo é resultado do jornalismo tradicio-
acontecimentos históricos e a reinterpretação nal, e que seu próprio papel na democracia
daqueles já conhecidos visa não apenas pro- vem se alterando, ou mesmo se reduzindo.
duzir novos entendimentos sobre eles, mas Diante de novas formas de produção e cir-
também revisar os modos como eles foram culação de saber, segundo ele, o jornalismo
e são sabidos. Nesse sentido, a reflexão acer- vem enfraquecendo-se e desmoralizando-se:
ca da “crise” do jornalismo não se descola da [...] a própria definição do que deve ser
discussão acerca da crise da modernidade. considerado jornalismo (assim como
Afinal, o jornalismo se tornou nos últimos quem é ou não jornalista) torna-se turva,
séculos uma das expressões que mais forte- tendo em vista que os limites do jornalismo
mente manifesta os valores modernos, e que, têm sido desafiados em várias frentes por
por meio deles, tão diretamente participa na outros tipos de relações públicas, pela cul-
tura popular, pela comunicação política de
maneira como as pessoas lidam diariamente
defesa, pela informação não noticiosa, ad
com a compreensão da realidade. hoc ou pelo jornalismo cidadão, c­ onteúdo
Assim, este artigo tem por objetivo re- gerado pelo próprio usuário, além de ou-
fletir sobre a tensão entre a reivindicação tros fenômenos (Dahlgren, 2009, p. 147.
de uma maior intensidade e proficuidade Tradução nossa).

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Dahlgren mostra que tal crise do jornalis- pública, cujos cidadãos têm o jornalismo
mo tradicional vem sendo tema de discussão como recurso para participação na polí-
entre muitos jornalistas e editores. Ele cita tica e na cultura da sociedade. O jorna-
lismo, nesse modo, serve como uma for-
o exemplo da criação de um Committee of ça integrativa e como um fórum comum
Concerned Journalists, formado em 1997 nos para o debate (Dahlgren, 2009, p. 147.
EUA e que existiu até 2011. Tal comitê foi Tradução nossa).
responsável por um importante estudo que
visou diagnosticar dilemas enfrentados pelo No Brasil, circunstâncias históricas re-
jornalismo e apontar para a importância da centes particularizam a percepção de uma
reafirmação de quadros profissionais nor- crise jornalística. De maneira muito con-
mativos. Outra resposta mencionada pelo tundente, uma série de revisões sobre o pa-
autor a tal “crise do jornalismo” são os relató- pel do jornalista na sociedade se deu quan-
rios anuais intitulados The State of the News do, em 2009, o Supremo Tribunal Federal
Media, realizado pela organização Project of findou com a obrigatoriedade do diploma
Excellence in Journalism. Em seu relatório em jornalismo para sua prática. Além dis-
de 2008, como recupera Dahlgren, afirma- so, a perda de consumidores (leitores, ou-
-se que o jornalismo encontra-se no meio de vintes, telespectadores), especialmente os
uma transformação tão fundamental quanto mais jovens, por parte das mídias infor-
no momento da invenção do telégrafo ou da mativas “de referência”, acentua o impacto
televisão. Tais relatórios oferecem análises de outras formas de acesso à informação,
e dados extensivos que identificam tendên- geralmente online, que não aquelas facil-
cias de curto e longo prazo, e buscam guiar mente reconhecíveis como jornalísticas.
a transição da instituição jornalística da me- Esse cenário é acompanhado ainda, para
lhor maneira possível em meio à “crise”. citar mais dois exemplos, pela exaustão do
Dahlgren (2009) analisa também como modelo produtivo estabelecido nos anos 70,
estudiosos vêm tratando os aspectos tecno- que, centralizado em duas cidades do país,
lógicos, culturais, econômicos e políticos da tem dificuldades de se articular com as re-
“crise” desde o início dos anos de 1990 – ele alidades locais e microrregionais, algo que
menciona, por exemplo, estudos de autores vem sendo cumprindo por uma diversidade
como David Altheide & Robert Snow (1991) de produtos, ferramentas, páginas e redes
e Daniel Hallin (1992) –, e mostra como o viabilizadas pela internet que, por sua vez,
diagnóstico da crise não se refere exatamen- desenvolvem modos peculiares de apreen-
te ao jornalismo de uma maneira geral, mas der e narrar essas realidades; e pela crescen-
ao que se pode chamar de seu “paradigma te força dos chamados “jornais populares”,
clássico”. Esse modo de ser do jornalismo em capazes de articularem informação, serviço
questão, como formula Dahlgren, tem como e entretenimento de modo peculiar e de se
base os ideais liberais tradicionais de demo- comunicarem de maneira mais eficaz com
cracia, que começaram a se desenhar nos públicos tradicionalmente desconsidera-
últimos séculos. Faziam-se presentes de ma- dos (as chamadas hoje classes C e D) pelos
neira marcante alguns dos principais valores “jornalões”. Tais transformações impac-
do saber moderno: tam fortemente em diferentes dimensões
da “instituição jornalística”, alcançando
[a]través de suas narrativas, o jornalismo seus processos de produção, seus modelos
clássico clama por uma apresentação pre- de negócio, seus valores reguladores e seus
cisa e imparcial da realidade que existe in-
modos de conceber o que é informação e de
dependentemente de sua história e que é
externa às instituições do jornalismo. Ele narrá-la (como apontam, entre outros, al-
visa uma cidadania heterogênea que ba- guns dos artigos reunidos por Silva, Kunsch,
sicamente compartilha a mesma cultura Berger e Albuquerque, 2011).

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Não diretamente ligada a isso, mas cer- que o que esteja em jogo, claramente, seja
tamente correlacionada, foi a iniciativa das uma busca pela permanência da legitimida-
organizações Globo, em meados de 2011, de de de uma forma de conhecimento. Todos os
publicar uma carta aberta na qual expunham movimentos de relativização e renovação de
seus princípios editoriais.1 Na carta, afirma- um paradigma moderno de jornalismo pa-
-se que tais princípios “[...] foram praticados recem estratégias retóricas que reconduzem
por gerações e gerações de maneira intuitiva, à afirmação do saber jornalístico tradicional.
sem que estivessem formalizados ordenada- Essa concepção sobre o jornalismo é fre-
mente num código.” (Princípios, s/p) Logo quentemente encontrado em manuais de
em seguida, comentam: “Por que, então, for- redação jornalística (Travancas, 1992; Bar-
malizá-los neste documento?” (Princípios, bero; Lima, 2003; Paternostro, 1987; Cardet
s/p). A justificativa é a seguinte:
Com a consolidação da Era Digital, em que Conceber a existência
o indivíduo isolado tem facilmente acesso a
uma audiência potencialmente ampla para de uma realidade
divulgar o que quer que seja, nota-se certa externa e fixa
confusão entre o que é ou não jornalismo, é equivalente a
que é ou não jornalista, como se deve ou não
proceder quando se tem em mente produzir congelar as disputas
informação de qualidade (Princípios, s/p). de sentidos em
nossa sociedade
O documento, em seguida, propõe uma
interessante formulação que define como o
jornalismo deve ser entendido:
O jornalismo é aquela atividade que per- e Silva, 1984; entre outros), em princípios
mite um primeiro conhecimento de todos editoriais (Clarín, 1997; Organizações Globo,
esses fenômenos, os complexos e os sim- 2011; Folha de S.Paulo, 2010; La Voz del Inte-
ples, com um grau aceitável de fidedigni- rior, 1990, 2006; entre outros) e mesmo em
dade e correção, levando-se em conta o
momento e as circunstâncias em que ocor-
estudos teóricos que apregoam a necessidade
rem. É, portanto, uma forma de apreensão de criação de uma deontologia jornalística e/
da realidade (Princípios, s/p). ou a existência de critérios fixos e pertinen-
tes para a apreensão da realidade e sua apre-
Em seguida, esse documento indica como sentação sob forma de relato (Beltrão, 1969;
o jornalismo deveria agir. Ressalta-se que, Melo, 2006, 1994; Erbolato, 1988; Lage, 1985,
ainda que se reconheça a relatividade de no- 1986; entre outros). Não raramente, textos
ções totais como verdade e objetividade, os tão diferentes como esses abordam o jorna-
“Princípios...” afirmam que devem existir lismo através do prisma profissional, interes-
técnicas que permitem ao ser humano, na sados em promover o jornalista como ator
busca pelo conhecimento, minimizar a graus privilegiado (se não o único) no processo de
aceitáveis o subjetivismo. A isenção é, então, “transposição” da realidade operada por sua
destacada como algo a ser sempre buscado. prática. Isso porque, para se oferecer a no-
Interessante perceber como a carta se justi- tícia como um produto verdadeiro, assume-
fica por uma circunstância histórica, envol- -se o compromisso do profissional em obter
vendo questões tecnológicas e éticas, ainda a informação por meio de procedimentos e
métodos seguros. Não por acaso, esse tipo
1
Princípios editoriais das organizações globo. Rio de Janeiro,
G1. Disponível em: <http://g1.globo.com/principios-edito-
de concepção tende a considerar a narrativa
riais-das-organizacoes-globo.html>. Acesso em: 10/12/2012. como um mero instrumento através do qual

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o jornalista seria capaz de duplicar o real, vários lados de uma querela, o uso de dados
processando-o e relatando-o objetivamente científicos, a utilização de fontes confiáveis
ao público, além de desconsiderar ou ideali- etc). O texto jornalístico seria, portanto, ca-
zar outros agentes jornalísticos como as mí- racterizado por uma denotação transparente,
dias informativas e as fontes. e seu sentido, totalizável e imanente.
Sejam eles manuais de redação, estudos Entretanto, aceitar a realidade como um
empíricos e/ou teóricos ou manifestos edi- monólito estável significa tentar estabilizá-la
toriais, esses distintos textos materializam num único momento da história, como se
um discurso que sugere que o jornalismo é aquele acontecimento, daquela maneira es-
uma instituição consolidada, fundada por pecífica, só pudesse ter existido no mundo do
um conjunto estabilizado de métodos e de modo como está exposto naquele relato. Ade-
expressões que ultrapassam crenças e con- mais, minimiza-se a possibilidade refigurati-
va do leitor, uma vez que o texto, encarado
como o real, seria por si só, acabado e pleno
Acabou-se de sentido. Desse modo, a crença num real
negligenciando, exterior e estável gera valores que fundam um
durante muito tempo, modo de concepção do jornalismo que, en-
que o saber jornalístico, carnado em procedimentos textuais, abrem
espaço para contradição entre a idealização
em sua base, nunca
de um único modo de ser e a concretude dos
foi livre das próprias diferentes modos como o jornalismo é feito,
tensões que instaurava em seus procedimentos, processos de produ-
ção, circulação e recepção, modos de narrar
etc. Temos aí a condição da criação daquela
que talvez seja a maior das contradições do
dições históricas. No mínimo, cada manual discurso jornalístico acerca de si: a tentativa
ou livro introdutório, por exemplo, ignora de tornar seu discurso atemporal, tendo em
sempre as contingências das próprias cren- vista que uma realidade tão estável a ponto
ças e condições históricas que estão na base de deixar-se capturar plenamente só pode ser
do discurso que performa. Afirma-se, assim, mesmo tão fantasiosa quanto a-histórica.
a visão de algo monumental, acima das pes- Conceber a existência de uma realidade
soas e das práticas individuais do jornalismo, externa e fixa é equivalente a congelar as dis-
do que aquilo que se supõe ser um comparti- putas de sentidos em nossa sociedade. Nos
lhado e já legitimado paradigma jornalístico. manuais de jornalismo, princípios editoriais
Pode-se perceber ainda que há uma ma- e em algumas perspectivas teóricas, a elipse
nutenção desse tipo de perspectiva em obras dos processos históricos e sociodiscursivos
temporalmente distantes, o que sugere certo que permitiram a ascensão do jornalismo
congelamento histórico dos modos de com- como um dos regimes de verdade na socie-
preensão do jornalismo. A base especular que dade moderna é estratégia fundamental para
sustenta tal argumento postula que a notícia fazer crer na possibilidade da objetividade e
funciona como uma espécie de duplicação na existência de fatos. Menos, portanto, que
de fragmentos de um real pré-existente. Algo registros de modos de proceder, de princí-
acontece no mundo, e o profissional da infor- pios para a ação jornalística aberta à diversi-
mação está lá para ir e colher a realidade ob- dade cultural ou reflexões sobre a complexi-
jetivamente, apropriando-se de instrumentos dade do fenômeno jornalístico, textos como
que lhe garantiriam pluralidade e indepen- esses se articulam a um discurso regulador,
dência (como o recurso de ceder a palavra aos no qual a compreensão das incoerências, os

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paradoxos e da multiplicidade das expressões série de mudanças sociais e exigências histó-


jornalísticas, e das implicações que esses as- ricas. Tal discurso poderia ser parcialmente
pectos envolvem, parecem ter sido ofuscadas nomeado como “prosa narrativa impressa”
por uma constante busca de um ethos padrão (prose narrative in print) (Davis, 1983, p. 45).
(Leal, 2012). Acabou-se negligenciando, du- É nesse sentido que, como sugere Davis
rante muito tempo, que o saber jornalístico (1983, p. 45), se se segue um contínuo que
em sua base nunca foi livre das próprias ten- vai desde a narrativa greco-romana até a
sões que instaurava. idade média, ou se se retrocede no tempo a
Esse modelo de “como o jornalismo deve- partir das narrativas dos séculos XVIII e XIX,
ria ser” certamente vem guiando o entendi- pode-se chegar a um ponto comum, por vol-
mento e as expectativas sobre ele nos últimos ta do século XVI, que remete a um tipo de
séculos. No entanto, de maneira mais con- publicação chamada novels, que unia news
tundente, é importante observar que, ainda ballads (tida como um dos principais ante-
que essa regulação e essa expectativa tenha cedentes do jornalismo) e contos. Segundo
sempre existido, é importante observar que, Davis (1983), a novel foi a primeira publica-
historicamente, o jornalismo, mesmo aquele ção genuinamente oriunda da interseção en-
encarnado nos veículos de referência, emble- tre a impressão - permitida pelos tipos mó-
mas da seriedade e profissionalismo, nunca veis - e a narrativa. Não deixa de ser curioso
conseguiu operar plenamente dessa maneira. notar que o que depois seria separado por
Assim, esse modelo, esse entendimento acer- inúmeros gêneros (news ballad, os contos de
ca do jornalismo de notícias, que parece se crimes, news-book, contos, histórias curtas e
aprofundar em uma crise recente, se consti- jests), nesse momento era nomeado sob um
tuiu historicamente dentro de um paradoxo só signo: “novel” (Davis, 1983, p. 46). E mais
que envolve uma normatividade sobre a ma- atenção é convocada ao se perceber que,
neira de compreender a si mesmo e suas re- nesse momento histórico, a objetividade ou
lações com a realidade e a vida social – o que a separação entre discurso ficcional e não
implica necessariamente uma normatização ficcional não existia como algo relevante ou
sobre os formatos jornalísticos– e a manei- problemático para essa matriz.
ra sempre incompleta, incoerente ou insufi- Para Davis (1983), a principal forma de
ciente de se alcançar tais ambições. jornalismo no século XVI teria sido a can-
tiga impressa (printed ballad). O autor des-
A historicidade não regulada taca que o aparecimento da imprensa repre-
sentou a introdução de uma tecnologia que
O investimento num percurso histórico permitia a rápida publicação de matérias de
das narrativas jornalísticas contemporâneas interesse público. A possibilidade de “noti-
faz perceber que uma mesma matriz, até certo ciar” eventos próximos da realidade local fez
ponto indiferenciada, um dia uniu o que hoje com que as cantigas de “cunho jornalístico”,
se apresenta separadamente como discursos que tratavam de guerras, assassinatos, even-
ficcional, histórico e jornalístico. Em sua vi- tos naturais e sobrenaturais superassem con-
sada foucaultiana, ao analisar o aparecimen- sideravelmente as de outros tipos, como as
to do romance inglês, Lennard Davis (1983) que tratavam de amor. A análise das cantigas
convoca a refletir sobre essa mesma base res- implementada por Davis (1983) faz perceber
ponsável por almagamar, no século XVI, di- que, ainda que fosse cada vez mais crescente
ferentes modalidades narrativas. Para o autor, um apelo à factualidade, nesse ponto da his-
menos que uma série de gêneros deslocados tória parecia importar pouco a “veracidade”
uns dos outros, deve-se atentar para um dis- (no sentido estreito) do “fato” em questão.
curso que foi forçado a subdividir-se por uma Como destaca o autor:

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[a] verdade não necessariamente caminha ção, descobriremos que a crise diagnosticada
ao lado do fato no século XVI. Michel Fou- ou antecipada é sintoma de outra, que sempre
cault destaca que durante este período, a existiu à sombra de compreensões de cunho
operação primária do intelecto era a de bus-
car os sinais trazidos pelo evento, ou seja, o ordenador e homogeneizante, sejam elas de
nascimento de uma criança monstruosa não teorias ou do próprio discurso jornalístico.
era uma ocorrência importante para o even- Diante de um movimento constantemente
to em si, mas sim um sinal da intenção de errante e heterogêneo, a própria noção fun-
Deus: “A função adequada para o conheci- dacional e estável do jornalismo deve ser pro-
mento não está em ver ou demonstrar, mas
blematizada. Ou seja, a tão alardeada “crise do
em interpretar”. Esta atitude para com a re-
alidade diminui o peso literal dos aconteci- jornalismo” caracterizada por trabalhos aca-
mentos, e os requer apenas a fim de sondar dêmicos, intimamente ligados àquela “crise”
suas profundezas e de buscar o estrato genu- tão exaustivamente decupada em diagnósti-
íno da verdade moral através da interpreta- cos e fatalmente sentida na economia do se-
ção (Davis, 1983, p. 69. Tradução nossa). tor midiático, está menos relacionada com o
jornalismo enquanto conjunto complexo de
O rompimento com uma visão homoge-
fenômenos do que com um modo de com-
neizante do jornalismo deve também passar
preendê-lo e fixá-lo.
por uma perspectiva que encontra na diver-
Como aponta Carvalho (2012) ao tratar
sidade de expressões jornalísticas uma de
de uma crise epistemológica nos estudos em
suas chaves importantes. Como aponta Bar-
bie Zelizer (2009), a multiplicidade sempre jornalismo, deve-se nos perguntar “em que
fez parte da paisagem jornalística desde o medida as teorias que buscam compreender
surgimento das notícias: o jornalismo estariam operando conceitu-
almente a partir das próprias dicotomias e
Das formas iniciais de informação oral às simplificações típicas dos processos de pro-
trocas de informação online mais recentes, dução das notícias?” (Carvalho, 2012, p. 18).
o jornalismo tem sempre sido múltiplo, Isso porque menos do que um único modo
multidimensional, multidirecional e mul-
tifacetado, e sua multiplicidade se tornou
de ser, os fenômenos jornalístico parecem
mais pronunciada quando o jornalismo envolver distintas, variadas e, até mesmo,
recebeu mutações necessárias conforme contraditórias formas, processos e condições
regiões e locais. Apesar da variedade do de existência, que, por sua vez, necessitam de
jornalismo, porém, a investigação acadê- modos próprios de compreensão.
mica sobre a notícia vem procedendo na Como aponta Leal (2013), é importante
maior parte das vezes sem esse reconhe-
cimento. Por razões diversas, associadas à perceber que, sendo um fenômeno cultural,
própria forma da pesquisa, acadêmicos fo- as regras e procedimentos do jornalismo são
ram tentados a favor de noções uniformes, sempre marcados por valores, características
unidimensionais e unidirecionais de como e percepções que o vinculam a tempos e espa-
o jornalismo trabalha, as quais, com o tem- ços particulares. Nesse sentido, por mais que
po, se moveram para fora do contato com
o discurso sobre o jornalismo tente conferir
as formas com que as notícias se difundi-
ram (Zelizer, 2009, p. 1. Tradução nossa). lisura e isenção a seu saber, ele nunca está livre
nem dos dilemas epistemológicos das socie-
Ao acentuarmos toda a multiplicidade dades que o fundam, nem da irregularidade
que habita dentro da própria fundação de um do percurso histórico: “Isto é dizer, então, que
modo tradicional de conceber o jornalismo, tais procedimentos de escrita, antes de serem
percebe-se que todo o seu conjunto de valores permanentes, neutros e a-históricos, estão ar-
é baseado em crenças (e não em “fatos”, como ticulados às tensões que regulam e perpassam
as pesquisas criticadas por Zelizer sugerem). E o fazer jornalístico e que o inserem no tempo
se imprimirmos historicidade a essa concep- e na cultura.” (Leal, 2013, p. 26). Nesse sentido,

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fica evidente a importância de se pensar afir- Zelizer traz ainda uma contribuição de
mação de um modo de ser único, fundamen- fundamental importância ao afirmar que
tal, de uma espécie de “paradigma tradicional “quando nos movemos para frente no tempo
do jornalismo”, como um gesto ideológico em e no espaço, ele [o jornalismo] faz ver rugas e
constante reafirmação. A cada gesto, está im- marcas que deveriam nos levar a questionar
plicado não somente uma pretensa perpetua- as formas originais que pensamos que ele
ção do lugar do jornalismo como instituição envolveria” (2009, p. 3). O reconhecimento
social legítima, mas também o saber que ele da historicidade do jornalismo e a pesquisa
constitui sobre o mundo. histórica que leva isso em conta, portanto,
É interessante notar também que as ten- devem atentar-se continuamente a uma di-
tativas de manutenção dos valores funda- mensão reflexiva, decisiva para escapar de
mentais que constituiriam um “paradigma” modelos e padrões pré-estabelecidos, para
não supõem sua estabilidade – podem in-
dicar, inclusive, justamente o contrário. Mi-
chel Schudson (2010) mostra, por exemplo, Desconfiar dos
como o conceito de objetividade jornalística parâmetros da crise
modificou-se ao longo da história do jorna-
nas últimas décadas
lismo nos EUA, variando de acordo com as
circunstâncias culturais e políticas com as
não significa
quais se relacionava. Tais apontamentos são negligenciar as trans-
indícios da constituição mais heterogênea e formações pelas quais a
dinâmica de um modo de ser que se revela imprensa vem passando
muito mais múltiplo e incoerente do que
afirmam alguns jornalistas ou mesmo mui-
tos estudiosos do jornalismo.
Nesse sentido, a partir do que observa observar a diversidade e multiplicidade de
Barbie Zelizer (2009), ao contrário do que formas, valores, processos e qualidades que
parecem sugerir os alarmistas da crise e sua fazem do jornalismo algo tão complexo. Em
crença em um modelo “monolítico”, o jorna- outras palavras, “o que é jornalismo?” deve
lismo nunca esteve livre de fissuras e de con- ser sempre uma pergunta norteadora, par-
traexemplos. Como mostra a autora, mesmo cialmente resolvida através de suas poten-
nas mais tradicionais expressões jornalísticas, ciais, circunscritas e históricas respostas.
o que o jornalismo é de fato pode ser muito Se esse não é um momento inédito de
menos consensual do que os estudiosos gos- transformações intensas no jornalismo oci-
tariam, precisariam ou supusessem. Segun- dental, tampouco é inédita a recorrência ao
do Zelizer, o fenômeno jornalístico é muitas discurso da crise. E nas mais diversas cir-
vezes apaziguado em sua complexidade, e se cunstâncias históricas, culturais e econômi-
busca em expressões múltiplas simplesmente cas, a discussão em torno da crise esteve sem-
a confirmação de uma mesmidade: pre ligada à legitimação de um modelo e de
De um modo típico, comum no comparti- um saber em detrimento de uma alteridade
lhamento de conhecimento, pesquisadores pulsante. Desconfiar dos parâmetros da crise
acadêmicos tenderam a privilegiar uma tal qual como ela vem sendo desenhada nas
configuração intelectual para a compre- últimas décadas não significa, portanto, ne-
ensão da notícia que favorece ordem sobre
gligenciar as profundas transformações pelas
confusão, coerência sobre contradição,
estabilidade sobre fluxo, fluidez sobre de- quais a imprensa vem passando, mas perce-
sigualdade e previsibilidade sobre contin- ber como esses parâmetros estão fundados
gência (Zelizer, 2009, p. 3. Tradução nossa). por um paradigma compartilhado entre

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muitos jornalistas e acadêmicos; e perceber nos e possibilidades, ou mesmo em relação


ainda que esse paradigma é ele próprio, ingê- à complexidade da própria democracia da
nuo e negligente em relação à complexidade qual o jornalismo se coloca como bastião.
do jornalismo e de seus múltiplos fenôme- (artigo recebido abr.2014/aprovado ago.2014)

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