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A PROFISSÃO DE CUIDADOR

Contexto sócio-histórico da profissão

O contexto social e historico que acomoda o projeto de lei regulador da profissao de cuidador de idosos e
complexo, pois questoes referentes a ela associam-se a transicoes profundas na sociedade brasileira,
sendo elas demográfica e epidemiológica. A primeira e assinalada pelo envelhecimento populacional no
Brasil e no mundo.

O fato foi proporcionado por melhores condicoes de vida da populacao e avanco da tecnologia medica. A
transicao epidemiologica, por sua vez, refere-se ao aumento de doencas nao transmissiveis, principais
causas de dependencia, incapacidade, fragilidade e mortalidade entre os idosos.

A transicao do perfil familiar e marcada, principalmente, pela diminuicao das familias e pela entrada da
mulher no mercado de trabalho. Elas apontam para a necessidade de estudar o modelo de cuidado a
populacao idosa dependente, apresentadando a rede de provisao de cuidados formada por familias,
voluntarios, mercado, filantropicao, ONG’s e Estado.

No cenário brasileiro, a discussão sobre a temática dos cuidadores formais, pelo Governo Federal, ganhou
visibilidade em 1998. A discussão veio de uma demanda social organizada e pautada nos princípios da
Política Nacional do Idoso, promulgada em 1994. Porém, apenas em 1999 foi estabelecida a profissão de
cuidador.

O avanço deu-se por meio da promulgação da Política Nacional de Saúde do Idoso. A partir daí, o cuidador
foi entendido como a pessoa remunerada - ou não - que realiza o cuidado do idoso dependente ou doente
na realização de suas atividades diárias, excluindo os procedimentos ou técnicas regulamentados por
outras profissões, como a de enfermeiro.

No mesmo ano, foi expedida a Portaria Interministerial nº 5.153/99, cujo texto instituiu o Programa Nacional
de Cuidadores de Idosos. Ali, foi preconizado o estabelecimento de protocolos específicos com entidades
não governamentais e universidades, visando à capacitação de cuidadores institucionais e domiciliares,
familiares e não familiares.

O objetivo do Programa Nacional de Cuidadores de Idosos foi qualificar a atenção ao idoso em nível
nacional. Para isso, foi realizada uma capacitação em Brasília para treinar multiplicadores que
ministrassem oficinas em suas regiões de origem, em conformidade com as especificidades de cada uma.

O público-alvo da capacitação compreendeu cuidadores familiares e institucionais, focando a promoção de


saúde, prevenção de incapacidade e/ou manutenção da capacidade funcional dos idosos. O surgimento de
programas de orientação em âmbito nacional suscitou questionamentos, especialmente nos profissionais
de enfermagem.

Uma das iniciativas relevantes para discussão nacional sobre as questões relacionadas às atividades dos
cuidadores foi workshop realizado na Escola de Enfermagem da USP, em 2001. Nele, refletiu-se que a
área de exercício profissional da enfermagem é diretamente relacionada ao planejamento e realização de
ações voltadas para o cuidado.

Neste sentido, é de grande relevância a presença do enfermeiro na orientação aos cuidadores, o que pode
ser realizado por meio de ações no âmbito individual ou por meio de cursos. Outro marco histórico foi a
reedição da Classificação Brasileira de Ocupações em 2002, reconhecendo da ocupação de cuidador.

No mesmo ano, foi instituída a Portaria GM nº 702/2002, que determinava a criação de mecanismos para
implantação de Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso. Elas seriam integradas pelos hospitais
gerais e Centros de Referência em Assistência à Saúde do Idoso.

Tal portaria afirmou a necessidade de constituição de uma rede formal de apoio, acompanhamento e
orientação de cuidadores de idosos com incapacidades. Em 2003, foi reapresentada a cópia da Portaria nº
5.153/99, dando um prazo de 60 dias para a elaboração do Programa Nacional de Cuidadores de Idosos.

Nesse cenário, foi enviada proposta de capacitação aos profissionais de estados e municípios que operam
a Rede de Serviços de Ação Continuada (Rede SAC) do Ministério do Desenvolvimento Social. A iniciativa
seria realizada entre setembro e novembro daquele ano, visando à qualidade da operacionalização do
trabalho.

Posteriormente, em 2007, concretizou-se outro espaço de discussão de relevância sobre o tema dos
cuidadores de idosos no Brasil. Trata-se de oficina realizada em Blumenau com a intenção de retomar os
trabalhos iniciados em 2003. Os dos pilares estruturais para discussão foram os cursos e a capacitação
dos formadores.

Também foi abordada a definição do que é um cuidador, chegando ao conceito de alguém que presta
auxílio ao idoso nas atividades que ele apresenta dificuldade para realizar de forma independente.
Ademais, foi discutida a ligação da profissão aos Ministérios da Saúde e da Assistência Social e Combate
à Fome.

Discutiu-se também acerca da escolaridade mínima exigida para desempenho da função de cuidador de
idoso, o que gerou certa controvérsia. Especialistas da área de Gerontologia apontavam que se exigisse o
ensino fundamental, conforme já pensado e pelo Programa Nacional de Cuidadores.

Já para o Ministério da Saúde, esse requisito deveria ser o ensino médio, uma vez que para este órgão
público, a formação dos cuidadores no âmbito público seria realizada pelas Escolas Técnicas de Saúde.
Na mesma oficina, foi consenso a necessidade de o formador ser um profissional de nível universitário das
áreas de saúde, serviço social ou educação.
Os formadores deveriam ter conhecimentos gerais sobre saúde, com ênfase naqueles referentes ao
envelhecimento e cuidados à pessoa idosa com distintos níveis de dependência. O conteúdo mínimo
definido embasou os cursos realizados em diferentes regiões brasileiras após a oficina.

Tais cursos foram financiados pelo Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Gestão do Trabalho e
da Educação na Saúde (SGTES). O material didático do Ministério da Saúde foi encaminhado para os
Centros de Formação e Desenvolvimento dos Trabalhadores da Saúde das Secretarias Municipais de
Saúde das distintas regiões.

Os eixos temáticos que deveriam ser ministrados eram centralizados, conforme conteúdo estipulado,
porém a forma de abordagem deveria ser discutida nos diferentes locais para adequação a cada realidade.
Em São Paulo, foram ministrados cursos para formadores e cuidadores, norteados pelo que foi discutido
em Blumenau.

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