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UNIVERSIDADE PAULISTA – ANCHIETA

CURSO DE DIREITO

ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA – APS


Código da disciplina: 21A5

Claucio Leme Braga – RA: T043BD-9

Gabriel Oliveira Brito – RA: T07286-7

A Corte Interamericana de Direitos Humanos - caso Veliz franco e


outros vs. Guatemala para Universidade Paulista, sob a supervisão da
Coordenação.

São Paulo

2022
Claucio Leme Braga – RA: T043BD-9

Gabriel Oliveira Brito – RA: T07286-7

A Corte Interamericana de Direitos Humanos - caso Veliz franco e outros vs.


Guatemala para Universidade Paulista, sob a supervisão da Coordenação.

Trabalho de pesquisa a sobre


Sequestro de Dados. Apresentado para
avaliação no curso de Direito do 5º
semestre da disciplina de APS - Atividade
Prática Supervisionada do curso de
DIREITO da Universidade PaulistaCampus
Anchieta.

São Paulo

2022
RESUMO

O caso submetido à Corte. Em 3 de maio de 2012, em conformidade com o disposto


nos artigos 51 e 61 da Convenção Americana e com o artigo 35 do Regulamento da
Corte, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (doravante “a Comissão
Interamericana” ou “a Comissão”) submeteu à jurisdição da Corte (doravante “escrito
de submissão”) o caso Veliz Franco e outros contra a República da Guatemala
(doravante “o Estado” ou “Guatemala”).

De acordo com o assinalado pela Comissão, o presente caso relaciona-se com a


falta de resposta eficaz do Estado à denúncia apresentada em 17 de dezembro de
2001 por Rosa Elvira Franco Sandoval (doravante “Rosa Elvira Franco”, “Senhora
Franco Sandoval” ou “senhora Franco”), perante o Ministério Público, na qual
denunciou o desaparecimento de sua filha Maria Isabel Veliz Franco (doravante
“Maria Isabel Veliz”, “Maria Isabel”, “a menina” ou “a suposta vítima”) de 15 anos de
idade, assim como, os posteriores erros na investigação dos fatos.

Na referida denúncia, a senhora Franco Sandoval manifestou que, em 16 de


dezembro de 2001, sua filha saiu de casa, às oito da manhã, em direção a seu
trabalho e não regressou.

A Comissão indicou que não há registros de esforços realizados na busca da vítima


após a apresentação da denúncia até a descoberta de seu cadáver, às 14 horas, do
dia 18 de dezembro de 2001.

PALAVRAS-CHAVE: Princípio da primazia da norma mais favorável ao indivíduo,


princípio pro homine, Corte Interamericana de Direitos Humanos, Tribunal Europeu
de Direitos Humanos, Convenção Americana de Direitos Humanos, Convenção para
a Proteção dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais.
ABSTRACT

The case convenient for the Court. On May 3, 2012, pursuant to Articles 51 and 61
of the American Convention and Article 35 of the Rules of Procedure of the Court,
the Inter-American Commission on Human Rights (hereinafter “the Inter-American
Commission” or “the Commission”) submitted before the Court (hereinafter
"submission and submission") the case of Veliz Franco to the Republic of Guatemala
(hereinafter "against the State" or "Guiala others la").

As indicated by the Commission, this report is based on the State's effective response
to the complaint filed on December 17, 2001 by Rosa Elvira Franco Sandoval
(hereinafter “Rosa Elvira Franco”, “Shora Franco Sandoval” or “Madam Franco”),
before the Public Ministry, in which he denounced the disappearance of his 15-year-
old daughter Maria Isabel Veliz Franco (hereinafter “Maria Isabel Veliz”, Maria Isabel”,
“the alleged victim”), as well as, subsequent errors in the investigation of the facts.

In the eight complaints, Ms. Franco Sandoval stated that, on December 16, 2001, her
complaint was reported from home, at morning, on her way to work and did not return.

The Commission indicated that there are no records of people carried out on the
victim after the complaint was filed until the discovery of her corpse, at 2:00 pm, on
December 18, 2001.

KEYWORDS: Principle of primacy of the norm most favorable to the individual, pro
homine principle, Inter-American Court of Human Rights, European Court of Human
Rights, American Convention on Human Rights, Convention for the Protection of
Human Rights and Fundamental Freedoms.
Sumário

1. Introdução ...........................................................................................................................................6

2. DOS FATOS - CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS ∗ CASO VELIZ

FRANCO E OUTROS VS. GUATEMALA SENTENÇA DE 19 DE MAIO DE 2014.........................6

3. PRINCIPAIS NORMAS ENVOLVIDAS ...........................................................................................7

4. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER - INTENSIFICAÇÃO DO DEVER DE GARANTIA EM

RELAÇÃO AS JOVENS MENINAS. .......................................................................................................8

5. HOMICÍDIO ..........................................................................................................................................9

6. ACESSO À JUSTIÇA EM CASO DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER ...............................9

7. PROTEÇÃO IGUAL DA LEI E DEVER DE NÃO DISCRIMINAÇÃO.........................................9

8. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................10
1. INTRODUÇÃO

A Corte Interamericana de Direitos Humanos recorda que, quando existem indícios


ou suspeitas concretas de violência de gênero, a falta de investigação por parte das
autoridades sobre possíveis motivos discriminatórios de um ato de violência contra
a mulher pode constituir em si mesmo uma forma de discriminação baseada no
gênero.

A ineficácia judicial frente a casos individuais de violência contra as


mulheres propicia um ambiente de impunidade que facilita e promove a repetição de
fatos de violência em geral e envia uma mensagem segundo a qual a
violência contra as mulheres pode ser tolerada e aceita, o que favorece sua
perpetuação e a aceitação social do fenômeno, o sentimento e a sensação de
insegurança das mulheres, bem como sua persistente desconfiança no sistema de
administração de justiça

2. DOS FATOS - CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS ∗ CASO


VELIZ FRANCO E OUTROS VS. GUATEMALA SENTENÇA DE 19 DE MAIO
DE 2014.

A menina saiu de casa às 8h00, e nunca mais voltou. No dia seguinte, a senhora
Rosa Elvira Franco Sandoval, sua mãe, relatou o desaparecimento de sua filha a
funcionários do Estado, mas não houve esforços para encontrá-la.

Após receber uma ligação anônima dois dias depois, a Sra. Franco Sandoval
encontrou o corpo de sua filha.

A Corte Interamericana destaca sua análise ou contexto de invisibilidade da violência


contra a mulher na Guatemala, a fim de desenvolver normas no ou do Estado para
evitar um risco particular que afeta as mulheres diante da violência de gênero e em
critérios de avaliação ou teste deste tipo de casos.

A Organização dos Estados Americanos (OEA), reconheceu a violação dos direitos


humanos das mulheres, e adquiriu como base internacional.

Antes deste viés, A ONU, porventura, havia sancionado a Declaração sobre


Eliminação da Violência contra a mulher, em 1993, sendo tratada já de forma
internacional.

Em seu preâmbulo, descreve que: “a violência contra a mulher permeia todos os


setores da sociedade, independente de classe, raça ou grupo étnico, renda, cultura,
nível educacional, idade ou religião, e afeta negativamente as suas próprias bases.

No mais, Flávia Piovesan (2012, p. 268) acrescenta que:

“A despeito, ressalte-se que o Comitê sobre a Eliminação de todas


as formas de Discriminação contra a mulher, em sua Recomendação
Geral n. 21, destacou ser dever dos Estados desencorajar toda
noção de desigualdade entre a mulher e o homem, quer seja
afirmada por leis, quer pela religião ou pela cultura, de forma a
eliminar as reservas que ainda não incidam no art. 16 da Convenção,
concernente à igualdade de direitos no casamento e nas relações
familiares”.

3. PRINCIPAIS NORMAS ENVOLVIDAS

Aplicação da Convenção de Belém do Pará: O artigo 7º da Convenção de Belém do Pará


refere-se às medidas para “prevenir, punir e erradicar” a violência contra a mulher e,
nesse sentido, está intimamente ligado aos direitos à vida e à integridade pessoal,
consagrados na Artigos 4 e 5 da Convenção Americana, todos relacionados com a
jurisdição da Corte com respeito ao princípio pro persona.

Nos casos de violência contra a mulher, as obrigações gerais estabelecidas nos artigos
8 e 25 da Convenção Americana são complementadas e reforçadas para os Estados que
são Partes, com as obrigações derivadas do tratado interamericano específico, a
Convenção de Belém do Pará.

Em seu artigo 7.b, a referida Convenção obriga especificamente os Estados Partes a


usarem a devida diligência.

4. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER - INTENSIFICAÇÃO DO DEVER DE


GARANTIA EM RELAÇÃO AS JOVENS MENINAS.

Em relação à violência contra a mulher, o dever de garantia adquire especial


intensidade em relação às meninas. Isso porque a vulnerabilidade inerente à infância
pode ser enquadrada e potencializada devido à condição de ser mulher.

A este respeito, deve-se notar que as meninas são particularmente vulneráveis à


violência.

A referida intensidade especial traduz-se no dever do Estado de atuar com a maior


e mais estrita diligência para proteger e garantir o exercício e gozo dos direitos das
meninas frente ao fato ou mera possibilidade de sua violação por atos que, em vigor
ou potencialmente envolvem violência por razões de gênero ou podem levar a tal
violência.
5. HOMICÍDIO

Muitas vezes é difícil provar na prática que um assassinato ou ato violento de


agressão contra uma mulher foi perpetrado com base no gênero.

Por este motivo, as autoridades estaduais têm a obrigação de investigar ex-ofício as


possíveis conotações discriminatórias de gênero em um ato de violência perpetrado
contra uma mulher, especialmente quando há indícios concretos de violência sexual
de qualquer tipo ou evidência de crueldade contra o corpo de mulheres (por exemplo,
mutilações), ou quando tal ato se enquadre em um contexto de violência contra a
mulher que ocorre em determinado país ou região.

6. ACESSO À JUSTIÇA EM CASO DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

A ineficácia judicial de casos individuais de violência contra a mulher fomenta um


ambiente de impunidade que facilita e promove a repetição de atos de violência em
geral e envia uma mensagem segundo a qual a violência contra a mulher pode ser
tolerada e aceita, que favorece sua perpetuação e a aceitação social do fenômeno,
o sentimento e o sentimento de insegurança das mulheres, bem como uma
persistente desconfiança destas no sistema de administração de justiça.

7. PROTEÇÃO IGUAL DA LEI E DEVER DE NÃO DISCRIMINAÇÃO

A investigação do homicídio da vítima não foi conduzida com perspectiva de gênero,


de acordo com as obrigações especiais impostas pela Convenção de Belém do Pará.
Portanto, no âmbito da investigação, no caso, o Estado violou o direito à igual
proteção constante do artigo 24 da Convenção Americana, em relação ao dever de
não discriminação constante do artigo 1.1 do tratado.

A Corte declarou a República da Guatemala internacionalmente responsável pelo


descumprimento de sua obrigação de prevenir a violência contra a mulher em razão
da omissão do Estado em realizar ações de busca contra a menina Maria Isabel Véliz
Franco.

Da mesma forma, a Corte determinou que a investigação criminal, iniciada após a


descoberta do corpo da menina, foi realizada sem uma perspectiva de gênero que
permitisse determinar se o homicídio foi cometido por motivos de gênero e se ela
sofreu atos de violência sexual.

Também considerou que os responsáveis pela investigação se basearam em


estereótipos de gênero em detrimento da vítima, o que influenciou negativamente a
investigação, já que transferiram a culpa do ocorrido à vítima e seus familiares,
fechando possíveis linhas de investigação.
Além disso, a Corte determinou que a investigação criminal não garantiu o acesso à
justiça para a mãe, irmãos e avós de Maria Isabel Véliz

8. BIBLIOGRAFIA

https://cdh.defensoria.org.ar/normativa/caso-veliz-franco-y-otros-vs-guatemala/ - acesso
em 26-5-2022.

uploads/2016/04/956a3ac32f95193db8aae1f7e5778f8b.pdf PIOVESAN, Flávia. Direitos


Humanos e o direito constitucional internacional. 13. Ed. Ver. Eatual. São Paulo: –
Saraiva, 2012. acesso em 26-5-2022.
PAIVA, Caio Cezar; HEEMANN, Thimotie Aragon. Jurisprudência Internacional de
Direitos Humanos, 2. Ed. – Belo Horizonte: Editora CEI, 2017. acesso em 26-5-2022.

Cf. Caso Véliz Franco e outros Vs. Guatemala. Exceções Preliminares, Mérito,
Reparações e Custas. Sentença de 19 de maio de 2014. Série C Nº 277, par. 208; acesso
em 26-5-2022.

Cf. Caso González e outras (“Campo Algodoeiro”) Vs. México, pars. 388 e 400; acesso
em 26-5-2022.

Cf. Caso López Soto e outros Vs. Venezuela, par. 223. acesso em 26-5-2022.

Cf. Caso Barbosa de Souza e outros vs. Brasil. Exceção Preliminar, Mérito, Reparações
e Custas. Sentença de 07 de setembro de 2021, pars. 125 a 127. acesso em 26-5-2022.

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