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Prof. Esp.

Raimundo Pereira de Sousa - CCDEJ


O Direito nas Escrituras:
o Decálogo visto sob a luz da
legislação brasileira
Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra
do Egito, dessa casa da escravidão. Não terás
outros deuses perante Mim. Não farás de ti
nenhuma imagem esculpida, nem figura que
existe lá no alto do céu ou cá em baixo, na
terra, ou nas águas debaixo da terra. Não te
prostrarás diante delas nem lhes prestarás culto
(Ex 20, 2-5)
Não invocarás em vão o nome do Senhor
teu Deus» (Ex 20, 7).
Foi dito aos antigos: "Não faltarás ao que
tiveres jurado" [...]. Pois Eu digo-vos que
não jureis, em caso algum.
Constituição Federal de 1988. Art. 5º, VI: “é inviolável a
liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a
proteção aos locais de culto e a suas liturgias.”

Constituição Federal de 1988. Art. 5º, VIII: “ninguém será


privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a
cumprir prestação alternativa, fixada em lei”.
Lembra-te do dia do sábado para o santificares.
Durante seis dias trabalharás e farás todos os teus
trabalhos. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu
Deus. Não farás nele nenhum trabalho. (Ex 20, 8-10)

“O sábado foi feito para o homem, e não o homem para


o sábado” (Mc 2, 27-28).
“a origem do repouso semanal remunerado é
encontrada nos costumes religiosos. Os
hebreus, por exemplo, descansavam aos
sábados, palavra que era proveniente de
shabbat , que tem o significado de descanso.”

(MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho, 2006)


a) Biológicos: em razão da fadiga do empregado, que
precisa recuperar suas energias de trabalho, depois
de prestar serviços por seis dias;
b) Social: em razão da necessidade de o trabalhador
ter um dia inteiro para ficar com a sua família;
c) Econômico: possibilidade de a empresa contratar
outro trabalhador se necessitar de serviço durante o
descanso de um grupo de empregados.
“São direitos dos trabalhadores urbanos e
rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social: repouso
semanal remunerado, preferencialmente
aos domingos”.
«Honra pai e mãe, a fim de prolongares os teus
dias na terra que o Senhor teu Deus te vai dar»
(Ex 20, 12).
Traços desta regra, de intenso valor moral,
podem ser
visualizados no atual Código Civil, em seu
Livro IV, que trata do Direito de Família,
como por exemplo, em seu art. 1.630, ao dizer
que “os filhos estão sujeitos ao poder familiar
enquanto menores”
Os pais são agentes deste poder familiar, a
legislação civil atribui deveres para com seus
filhos menores, como o tido no art. 1634,
inciso VII:
“compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos
menores: exigir que lhes prestem obediência,
respeito e os serviços próprios de sua idade e
condição.”
«Não matarás» (Ex 20, 13).

«Ouvistes o que foi dito aos antigos: "Não matarás.


Aquele que matar terá de responder em juízo". Eu,
porém, digo-vos: Quem se irritar contra o seu irmão,
será réu perante o tribunal» (Mt 5, 21-22).
A lei mosaica concebe a vida como uma dádiva
sagrada, já que o homem é própria imagem e
semelhante de seu Criador.
Para o ordenamento brasileiro, a vida é um bem
fundamental e está em primazia sobre os
demais direitos conferidos aos homens, pois
ela é o próprio nascedouro destes.
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade [...]
No sexto mandamento, o homicídio é defeso no Direito
Brasileiro, pelo art. 121, do Código Penal199, sendo
este o ato de um homem matar outro homem.

Código Penal. Art. 121. “Matar alguém: Pena –


reclusão, de 6 (seis) a 20 anos.
«Não cometerás adultério» (Ex 20, l4) (82).
«Ouvistes que foi dito: "Não cometerás
adultério". Eu, porém, digo-vos: Todo aquele
que olhar para uma mulher, desejando-a, já
cometeu adultério com ela no seu
coração» (Mt 5, 27-28).
O adultério é forma de se atentar contra a
organização social da família, desestruturando
toda uma relação baseada na confiança e
fidelidade.
Significa, etimologicamente, ir para outro leito,
consoante a expressão ad alterum thorum ire.
Consiste na quebra da fé conjugal por qualquer
dos cônjuges.
O Brasil, sob influência de preceitos bíblicos que
pregavam a castidade, durante muito tempo tipificou
criminalmente o delito de adultério, visando à proteção
do instituto do casamento.
Art. 240, do Código Penal de 1940: “Cometer
adultério: Pena – detenção, de quinze dias a seis
meses.”

C Revogado pela Lei n. 11.106, de 28-3-2005)


«Não furtarás» (Ex 20, 15)
«Não roubarás» (Mt 19, 18).
A lei hebraica não distinguia os delitos de furto
e roubo. No entanto, o Direito Penal tipificou,
separadamente, os ilícitos: o crime de furto
está previsto no art. 155 e o roubo encontra-se
ditado no art. 157, ambos do Código Penal
Brasileiro.
Código Penal. Art. 155. “Subtrair, para si ou para
outrem, coisa alheia móvel: Pena – reclusão, de 1
(um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Código Penal. Art. 157. ”Subtrair coisa móvel alheia,


para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer
meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena
reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
«Não levantarás falso testemunho contra o teu
próximo» (Ex 20, 16).
 Na lei hebraica, a prova testemunhal era primordial,
tendo em vista não existirem outros meios mais
eficazes para a produção de provas. Por isto, os hebreus
puniam severamente aquele que prestasse falso
testemunho (Lv 5,4). Devido a não observância do
regulamento dado pelo próprio Deus.
 Entretanto, para ser considerada uma prova lícita, era
necessária a presença de, no mínimo, duas testemunhas.
(Dt 19,15).
“Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade
como testemunha, perito, contador, tradutor ou
intérprete em processo judicial, ou administrativo,
inquérito policial ou em juízo arbitral: Pena –
reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
O crime de falso testemunho engloba três ações:

A primeira ação prevista no tipo penal em estudo é


‘fazer afirmação falsa’. O agente, no caso, afirma
algo que não corresponde à verdade.
A segunda é a de ‘negar a verdade’. O agente afirma
não saber o que realmente sabe.
A terceira é a de ‘calar a verdade’. O agente deixa de
dizer o que sabe, silencia.
«Não cobiçarás a casa do teu próximo, não desejarás a
mulher do próximo, nem o seu servo, nem a sua serva,
nem o seu boi, ou o seu jumento, nem nada que lhe
pertença» (Ex 20, 17).
«Todo aquele que olhar para uma mulher, desejando-a, já
cometeu adultério com ela no seu coração» (Mt 5, 28)
«Não cobiçarás [...] nada que pertença [ao teu
próximo]» (Ex 20, 17). «Não cobiçarás a casa
[do teu próximo], nem o seu campo, nem o seu
servo nem a sua serva, o seu boi, ou o seu
jumento, nem nada que lhe pertença» (Dt 5,
21).
Por meio da cobiça, o homem sente inveja
diante de bens alheios, emitindo o desejo
denso de se apoderar e tê-los como seus.
Sentimento esse, comum ao ego
humano,sendo de difícil percepção externa.
A punição se dava somente na consciência do
indivíduo, caracterizado como um pecado

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