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Onde mora o
lucro dentro
da porteira?
@nafazendapontocom

NA
FAZENDA
COM
Quem e voce quando
a tecnologia bate na porteira?

Essa é uma boa pergunta quando pensamos


que, no processo de intensificação, para
produzir mais e melhor e ganhar mais dinheiro
por hectare, o uso de tecnologia torna-se
obrigatório no dia a dia da fazenda.

Quando falamos em tecnologia, não nos


referimos somente a produtos tecnológicos de
última geração, onde drones sobrevoam a
fazenda, tratores são monitorados por satélite e
por aí vai. Fazer uso de tecnologia é saber
empregar os recursos disponíveis (dos mais
simples aos mais tecnológicos) dentro do
contexto atual da fazenda, extraindo dela o seu
melhor.

Deixar de oferecer aos animais um sal mineral e


passar a suplementar com proteinado é usar
tecnologia. Esta mudança, aliada a uma boa
gestão operacional e financeira, tem grande
chances de trazer efeitos positivos para o caixa
da fazenda.
Por falar em gestão, esqueça o período em que
a fazenda era uma fazenda! Hoje em dia, uma
propriedade rural deve ser vista como uma
empresa, com planejamento estratégico de
curto, médio e longo prazo, com gestão técnica
e operacional, com fechamento e outros
detalhes importantes.

Já ouviu falar de previsto e realizado?


Em meta vs. resultado?

Pois é, tudo isso já faz e, cada vez mais fará,


parte do universo da fazenda!

Voltando ao assunto tecnologia, tem muita coisa


surgindo todo dia no campo e, com certeza,
precisamos de muito filtro para definir o que
entra (ou não) para dentro da porteira. Afinal, o
que é caro e o que é barato? O que vale ou não
vale a pena? Como avaliar o risco e o benefício
de uma estratégia?
Por vezes, o que é barato pode sair caro e
vice-versa! Tudo dependerá do benefício
gerado após a sua adoção.

Sendo assim, precisamos buscar informações


em fontes seguras, entender dos processos, das
necessidades operacionais, parar de discutir
achismos (opiniões e palpites pessoais), colocar
os números no papel e fazer conta analisando
os prós e contras da adoção de uma
determinada tecnologia.

Normalmente pessoas que aderem às


tecnologias mais tardiamente, são as que menos
usufruem de seus benefícios, pois perdem a
vantagem competitiva em relação aos que
utilizam há mais tempo.

Mas atenção: lembre-se que nem tudo que reluz


é ouro e que não existe almoço de graça, muito
menos milagre!

Conhecer a fazenda, e saber das suas


qualidades e limitações irá te ajudar no processo
de adoção de tecnologias e intensificação.
Busque sempre por estratégias que otimizem os
pontos fortes da fazenda e minimizem suas
fraquezas.
Quer que o barato de hoje não te custe
caro amanhã? Então evite:

1.
“Cortar” gastos que estão
diretamente relacionados à geração
de caixa para a fazenda, como
suplementação. Mantenha o foco no
GMD (ganho médio diário);

2.
Comprar produtos de má qualidade
ou duvidosos.

3.
Deixar de investir em um bom
sistema de controle e gestão de
dados.

“Ate GPS precisa saber o ponto


de partida para traçar uma rota”

Já pararam para pensar como a frase acima faz


sentido?

Em nosso dia a dia, vemos muitos produtores


querendo fazer planejamento, discutir estratégia
A ou B, falar de confinamento, reclamar que a
conta não fecha, porém, antes de tudo isso, é
importante conhecer com detalhes a própria
fazenda.
Conhecer ela é saber descrevê-la em números.
Quais são os “big numbers” do negócio? Quais
são os valores dos principais indicadores
produtivos dela? Teste rápido:

Qual é a produção de arrobas por


hectare da fazenda?

Qual é o GMD global e por época do


ano?

Qual é a lotação média na época das


águas? E na seca?

Qual é o lucro por hectare ano e


quanto ele representa do valor do
rebanho? E da terra?

Qual é o custo cabeça/mês?

Qual é o custo operacional por


cabeça/mês?

Se respondeu a essas perguntas, parabéns!


Você deve estar em um grupo seleto
(infelizmente minoria) de pecuaristas.

Se não respondeu, ainda dá tempo de se


preocupar e correr atrás daquilo que importa,
números que se relacionam ao sucesso do
negócio.
Cuidado com números soltos que dizem pouco
quando utilizados sozinhos ou que só servem
para preencher o caderninho e ir para gaveta.

Praticamente toda fazenda anota (e


normalmente o pessoal sabe na ponta da língua)
quanto choveu, qual foi o acumulado de chuva
do mês, entre outros.

Mas quando são questionados sobre como esta


informação é utilizada, ou então, como ela
correlaciona-se com a produção de forragem, a
lotação dos pastos e critério de manejo, não
sabem responder.

Cuidado também com os números de vaidade:


ganho de peso sozinho não diz nada se não
soubermos o custo para o gerá-lo!

Para planejar aonde você quer chegar, é


necessário conhecer o presente para poder
planejar e ter maior certeza do futuro. Sendo
assim, vale começar fazendo um inventário geral
da fazenda.

Para ajudar, ilustramos um esquema abaixo


para servir como guia. É interessante adaptá-lo
para a sua realidade/ demanda.
Aproveite o diagnóstico da situação atual, liste
os pontos fracos, fortes, oportunidades e
ameaças.

Use os pontos fortes para neutralizar as


ameaças e aproveitar as oportunidades.

Dê atenção aos pontos fracos.

Monte um plano de ação e estabeleça


indicadores e pontos de checagem.

Com os dados da fazenda/rebanho em mãos,


você poderá utilizar as várias ferramentas de
análise e planejamento para construir sua
jornada.

Se estiver na dúvida de como começar, use


essas 4 perguntas:

1. Onde estou?

2. Onde quero chegar?

3. Como vou chegar?

4. O que devo medir?


Ao definir as estratégias porteira adentro, as
ações técnicas devem ser tomadas a partir da
lucratividade esperada por hectare.

Elas nascem na definição do valor disponível


para investir por cabeça por mês.

Defina:

Área produtiva da fazenda;

Quantos R$/ha/ano quero lucrar?;

Qual a margem trabalhada?;

Peso de reposição e abate;

GMD anual.

Estime:

Valor de reposição e venda.

Com esses valores, calcule o limite de


desembolso cabeça/ mês que a fazenda pode
ter para chegar no lucro proposto por hectare.

Feito isso, volte e contraste se o GMD proposto


é compatível com o desembolso calculado.

Iniciando o planejamento por esse caminho do


lucro e da margem, encontraremos as respostas
de forma mais simples, objetiva e direta.

Nesse contexto, a técnica é definida a partir do


resultado econômico que se espera alcançar.
Proximos passos

Proposto um objetivo para a fazenda, este deve


ser dividido em metas as quais servirão para
guiar a evolução do projeto.

É através da meta que definimos os processos/


estratégias porteira adentro.

Comparar o previsto e o realizado nos mostra a


continuidade ou não do que foi proposto, a
necessidade de ajuste ou mudanças do projeto.

Não se esqueça de definir metas para os três


pilares da fazenda: pessoas, processos e
finanças.

Use o conceito das metas SMART para te


ajudar. Ao definir uma meta, ela precisa ser
específica, mensurável, alcançável, relevante e
temporal.
Às vezes ficamos esperando o momento perfeito
para começar algo e não saímos do lugar.

Nós mesmos, se esperássemos tudo estar


perfeito, talvez nem teríamos começado esse
perfil. Uma caminhada começa com o
primeiro passo.

Se não tomarmos cuidado, a fazenda talvez


nunca esteja no momento certo para
implementar uma nova prática!

O importante é se planejar, começar da melhor


maneira possível e evoluir com o tempo. Pense
no passo mais simples que você pode dar agora
e comece por ele.

Feito é melhor que perfeito.

Cuidado com as desculpas

Ao se deparar com algo novo, não se apegue às


objeções culturais do negócio, Ditos e
tradicionalismos do campo, atrapalham a sua
evolução.

Busque sempre , embasar os “porquês


SIM” e os “porquês NÃO” da sua
decisão!
Certifique-se de cada um deles foi bem
justificado, não se esquecendo de que,
justificativa boa é aquela embasada em
conhecimento técnico de qualidade e números

Caso tenha se identificado com alguma das


crenças acima, temos uma proposta: que tal
trocá-la por alguma frase abaixo?
1. Nunca é tarde para começar um
novo projeto;

2. Mudanças no ambiente, por vezes,


pedem ajustes de processos;

3. Cuidado ao colocar a (des)culpa no


outro e não assumir a
responsabilidade;

4. Extraia a essência das pesquisas e


as adapte a sua realidade;

5. Sem a base, uma parede (casa)


não sobe!

6. Caro é não produzir!

Na sua jornada de intensificação:

1. Tenha mente aberta:


Esteja sempre disposto a aprender
algo novo e/ou reaprender algo
antigo;

2. Elimine os vieses:
Cuidado com os vieses do dia a dia
que acabam virando
convicções/crenças limitantes e
atrapalham o seu desenvolvimento e
o da fazenda;

3. Busque por opiniões diferentes


da sua:
Nesse processo, tente entender os
porquês dessas opiniões e aprenda
com elas;
4. Se questione sempre:
Sabe seus achismos? Questione-os
até saber explicar o seu porquê;

5. Anote:
Anote seus erros e aprendizados!
Dessa forma você se aprimora e
melhora continuamente,
desenvolvendo cada vez mais a sua
capacidade de resolver problemas,
pensar em soluções e enxergar
oportunidades.

Nao sera facil, afinal, “se fosse


facil, todo mundo faria”.

Essa frase define de uma forma muito clara as


situações, não só da fazenda, mas de tudo em
nossas vidas.

Todo mundo quer produzir mais, ganhar mais


com a fazenda. Se engana quem acha que é
fácil. Dentro da porteira, é necessário ralar duro,
errar e aprender ao longo do caminho.

O segredo do sucesso é ser persistente e


procurar se cercar de boas pessoas. Consuma
informações de fontes confiáveis! Saiba que
uma estratégia muito boa para seu vizinho, pode
não ser boa para você. Tudo na vida tem seu
momento e seu motivo.
Às vezes apenas querer não é o suficiente:

Muito querem ganhar mais por


hectare, poucos aceitam investir para
isso;

Muitos querem produzir mais


@/ha/ano, poucos se planejam para
isso;

Muitos vão a palestras, assistem lives,


leem revistas, poucos colocam em
prática;

Muitos querem uma equipe motivada,


poucos buscam se envolver e
entender as necessidades da
fazenda;

Os ganhos só acontecem quando a


intenção e ação caminham juntas!
Saia da media

Sabe aquela afirmação de que, um em cada


dois pecuaristas irão deixar a atividade nos
próximos anos?

Pois é, hoje a pecuária de corte produz algo em


torno de 5@/ha/ano de acordo com alguns
levantamentos.

Se projetarmos um valor de arroba de R$300 e


uma margem de 15%, chegaremos a um lucro
de R$225/ha: esse valor recebido é menor, do
que um arrendar a terra para que um produtor
terceiro coloque bovinos em cima da mesma
área. (normalmente o valor de um arrendamento
é de 10 a 20% o valor da arroba/ mês).

Se você quer sair da média (5@/ha/ano),


reveja algumas atitudes em relação à
fazenda:

1.
O que é mais fácil, assumir a
responsabilidade ou culpar
alguém?

Não é simples admitir um erro, mas, na maioria


das vezes, só assim conseguimos superar as
dificuldades e pensar em uma solução. Assuma
a responsabilidade e comece a pensar e
desenvolver soluções.
2.
Ter meta e objetivo bem
definidos é o primeiro passo

Há muitos produtores que não imaginam a sua


fazenda no futuro. Para isso, invista
tempo, reflita sobre onde quer chegar, e tenha
claro as suas metas e objetivos.

3.
Tem bastante informação
baseada no achismo
entrando em muita porteira
por aí.
Se você deseja sair da média, procure consumir
informações seguras e de qualidade. Participe
de eventos que enriqueçam o seu conhecimento
e leia sobre casos de sucesso que podem
inspirar o seu negócio.

4.
Evite adiar decisões
importantes

Poder do hoje e do agora, na execução de


tarefas e tomadas de decisão quando falamos
em projetos mais intensivos, não são detalhes e
fazem total diferença.

5.
É bom iniciar
um projeto.

Porém, por vezes, a ansiedade em concluir logo,


ou a avaliação de métricas erradas durante a
condução do projeto, acabam desmotivando os
envolvidos. Quem nunca pesou gado com uma
ou duas semanas de trato?
Antes de começar, questione, avalie, estude,
planeje, tenha metas e métricas de avaliação.

Conduza com sabedoria e vá até o fim. Se der


errado, reflita e aprenda com os erros. Às vezes
a culpa pode ser sua e não da estratégia em si.

Por vezes, para ter sucesso, você não precisa


começar algo novo. Aprender com situações
antigas também permite evoluir.

Lembre-se que:

O crescimento lento e constante é o


fator mais poderoso do
desenvolvimento;

Ninguém quebra em um dia.


Fazendas se decompões aos poucos,
dia a dia, semana a semana, mês a
mês, ano a ano.
Qualquer mudança significativa na
cultura da fazenda requer um
investimento de longo prazo;

Toda fazenda tem seu próprio


caminho. Autoconhecimento te
ajudará a encontrar ele.

6 conselhos para entrar pela porteira


na rotina da fazenda:

Garanta o básico bem feito antes de


1. buscar o extraordinário;

Cerque-se de pessoas positivas e


2. do bem;

Não tome decisões importantes de


3. cabeça quente;

4. Assuma responsabilidades e não


terceirize a culpa dos seus
problemas;

5. Pessoas de resultado seguem


princípios e valores, não ordens;

6. Seja para os outros exatamente


aquele tipo de pessoa que você
gostaria que fossem com você.
Duas ferramentas poderosas

Se a fazenda deve ser vista como uma empresa,


nada melhor que utilizar o ciclo do PDCA para
auxiliar na gestão porteira adentro.

Anota aí:

1. Planejamento:
Gaste tempo planejando. Não pule etapas.
Busque informações de qualidade para
embasar suas decisões.
Além das metas produtivas, defina um bom
plano de ação: o que será feito, como,
quando, por quem... tudo deve ser bem
definido nessa fase inicial.
Não se esqueça de definir os indicadores
para avaliação.

2. Execução
Esta fase é composta por três momentos:
- Treinamento dos envolvidos.
- Execução das ações propostas.
- Coleta dos dados para acompanhamento
e avaliação.

3. Checagem:
Esta fase, inicia-se junto com a etapa
anterior.

É nela que são identificadas as falhas do


planejamento ou execução.
Os resultados obtidos devem ser
acompanhados e anotados.

Lembre-se de acompanhar as tarefas


definidas no plano de ação, comparando
sempre o previsto vs. o realizado.
4. Ação
Se as metas propostas forem atingidas, o
plano proposto passa a ser adotado como
padrão.

Caso algo não tenha saído como


planejado, deve-se atuar corrigindo os
pontos que impossibilitaram o alcance de
todas as metas estipuladas.

Feito o PDCA, use o conceito do 5W2H para


evoluir com o plano de ação do que foi
planejado durante a primeira etapa do PDCA.
Saiba mais sobre ele na figura abaixo deste
texto.

Ao compor o plano de ação procure visualizar as


ações sendo realizadas. Estruture as tarefas de
forma lógica e organizada, prevendo os erros
que podem acontecer, tomando medidas para
evitá-los ou contorná-los, aumentando assim as
chances de obter sucesso naquilo que foi
proposto.
Cuidado com o óbvio ao responder as
perguntas. Às vezes as pessoas têm conceitos
diferentes para uma mesma ação. Tenha clareza
nas respostas!

Gaste tempo planejando, dê atenção aos


detalhes e converse com os responsáveis pelas
tarefas. Escutar a opinião da equipe é sempre
bom para promover engajamento e
comprometimento de todos com o projeto.

A ausência de procedimentos pode atribuir o


sucesso da ação ao risco do óbvio. Construa um
procedimento operacional padrão pensando na
qualidade da execução das ações e na
otimização de recursos.

Tenha-o documentado, isso permitirá a


qualidade da repetição das tarefas, treinamento
e melhoria contínua.
Por fim...

Quando você começa a medir as rotinas da


fazenda, você passa a entender os pontos de
desperdício, necessidades de melhorias de
processos e, redução de tempo de execução.
Sem números, não há clareza em relação ao
que está acontecendo, ao que você está
deixando de ganhar, ou pior, onde você está
perdendo.

Lembre-se:
#nafazenda é preciso:

Medir para analisar

Analisar para entender

Entender para decidir

Agora é sua vez:

Onde mora o lucro dentro da porteira?

NA
FAZENDA
COM
@nafazendapontocom

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