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Curso de Redação
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REDAÇÃO ENEM
Profº Wesley Pontes 2021 Curso de Redação
ENEM
Profº Wesley Pontes
Alunos
NOTA do Profº
Wesley
1000 Pontes
Bárbara Lima
2017
Caio Lim
a
újo 2014
lara Ara
Maria C
2013
‘'Meu sofrimento
se transformou em luta''
Maria da Penha Maia Fernandes
REDAÇÃO 3
Professor Wesley Pontes
CONHECENDO MELHOR A GRADE DE
CORREÇÃO DO ENEM
Disponível em:
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/guia_particip
ante/2018/manual_de_redacao_do_enem_2018.pdf
Acesso em 11/01/2019
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A seguir, vamos esclarecer algumas dúvidas sobre o processo de avaliação.
O texto produzido por você será avaliado por, pelo menos, dois professores, de forma
independente, sem que um conheça a nota atribuída pelo outro.
Cada avaliador atribuirá uma nota entre 0 e 200 pontos para cada uma das cinco
competências. A soma desses pontos comporá a nota total de cada avaliador, que pode chegar a
1.000 pontos. A nota final do participante será a média aritmética das notas totais atribuídas pelos
dois avaliadores.
• Qual a solução para o caso de haver discrepância entre as duas avaliações iniciais?
A redação será avaliada por uma banca presencial composta por três professores, que atribuirá
a nota final do participante.
REDAÇÃO 5
Professor Wesley Pontes
◦ Assinatura, nome, apelido ou rubrica fora do local devidamente designado para a assinatura
do participante.
◦ Texto predominantemente em língua estrangeira.
◦ Folha de redação em branco, mesmo que haja texto escrito na folha de rascunho.
São trechos como: reflexões sobre o próprio processo de escrita, bilhetes destinados à banca
avaliadora, por exemplo, mensagens de protesto, orações, mensagens religiosas, trechos de
música, de hino, de poema ou de qualquer texto, desde que estejam desarticulados da
argumentação feita na redação. Isso quer dizer que a constatação de algum problema social, por
exemplo, não é, por si só, avaliada como um protesto e, consequentemente, como parte
desconectada, se estiver devidamente articulada à argumentação construída ao longo da redação.
Em suma, para ter sua redação anulada por esse critério, é preciso que você insira, de forma
proposital, pontual e desarticulada, elementos estranhos ao tema e ao seu projeto de texto, ou que
atentem contra a seriedade do exame.
Serão adotados critérios de avaliação que levem em conta questões linguísticas específicas
relacionadas à dislexia.
IMPORTANTE!
IMPORTANTE!
Procure escrever sua redação com letra legível, para evitar dúvidas no momento da avaliação.
Redação com letra ilegível poderá não ser avaliada.
IMPORTANTE!
O título é um elemento opcional na produção da sua redação e será considerado como linha
escrita, porém não será avaliado em nenhum aspecto relacionado às competências da matriz de
referência.
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MATRIZ DE REFERÊNCIA PARA REDAÇÃO
Apresentamos, a seguir, o detalhamento das cinco competências
a serem avaliadas na sua redação. Nosso objetivo é explicitar os
critérios de avaliação, de modo a ajudá-lo a se preparar para o exame.
Tendo em vista que o texto é entendido como unidade de sentido em que
todos os aspectos se inter-relacionam para constituir a textualidade, a
separação por competências na matriz tem a finalidade de tornar a
avaliação mais objetiva.
1.1 COMPETÊNCIA 1
REDAÇÃO 7
Professor Wesley Pontes
O quadro a seguir apresenta os seis níveis de desempenho que serão utilizados para avaliar
a Competência 1 nas redações do Enem 2017:
1.2 Competência 2
Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para
desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa
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Seguem algumas recomendações para atender plenamente às expectativas em relação à
Competência 2:
◦ Leia com atenção a proposta da redação e os textos motivadores, para compreender bem o
que está sendo solicitado.
◦ Evite ficar preso às ideias desenvolvidas nos textos motivadores, porque foram apresentadas
apenas para despertar uma reflexão sobre o tema.
◦ Não copie trechos dos textos motivadores. Lembre-se de que eles foram apresentados apenas
para despertar seus conhecimentos sobre o tema. Além disso, a recorrência de cópia é
avaliada negativamente e fará com que seu texto tenha uma pontuação mais baixa.
◦ Reflita sobre o tema proposto para definir qual será o foco da discussão, isto é, para decidir
como abordá-lo, qual será o ponto de vista adotado e como defendê-lo.
◦ Utilize informações de várias áreas do conhecimento, demonstrando que você está atualizado
em relação ao que acontece no mundo. Essas informações devem ser usadas de modo
produtivo no seu texto, evidenciando que elas servem a um propósito muito bem definido:
ajudá-lo a validar seu ponto de vista. Isso significa que essas informações devem estar
articuladas à discussão desenvolvida em sua redação. Informações soltas no texto, por mais
variadas e interessantes, perdem sua relevância quando não associadas à defesa do ponto
de vista desenvolvido em seu texto.
◦ Mantenha-se dentro dos limites do tema proposto, tomando cuidado para não se afastar do
seu foco. Esse é um dos principais problemas identificados nas redações. Nesse caso, duas
situações podem ocorrer: fuga total ou tangenciamento ao tema.
IMPORTANTE!
Para evitar que seja atribuída nota 0 (zero) a seu texto por fuga ao tema, é importante que
você desenvolva uma discussão dentro dos limites do tema definido pela proposta. Mencioná-lo
apenas no título, por exemplo, ou deixá-lo subentendido, supondo que a banca irá saber sobre o
que você está falando, não é suficiente. Por isso, muita atenção à abordagem do tema, que deve
ser clara e explícita.
REDAÇÃO 9
Professor Wesley Pontes
O quadro a seguir apresenta os seis níveis de desempenho que serão utilizados para avaliar
a Competência 2 nas redações do Enem 2018.
FIQUE ATENTO!
Se sua redação apresentar fuga ao tema ou não atender à estrutura dissertativo- argumentativa,
ela não será avaliada em nenhuma das competências.
1.1 COMPETÊNCIA 3
Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em
defesa de um ponto de vista
O terceiro aspecto a ser avaliado é a forma como você, em seu texto, seleciona, relaciona,
organiza e interpreta informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa do ponto de vista
escolhido como tese. É preciso, então, elaborar um texto que apresente, claramente, uma ideia a
ser defendida e os argumentos que justifiquem a posição assumida por você em relação à temática
da proposta de redação. A Competência 3 trata da inteligibilidade do seu texto, ou seja, de sua
coerência e da plausibilidade entre as ideias apresentadas, o que é garantido pelo planejamento
prévio à escrita, ou seja, pela elaboração de um projeto de texto.
A inteligibilidade da sua redação depende, portanto, dos seguintes fatores:
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• O que é coerência?
• Reúna todas as ideias que lhe ocorrerem sobre o tema e depois selecione as que forem
pertinentes para a defesa do seu ponto de vista, procurando organizá-las em uma estrutura
coerente para usá-las no desenvolvimento do seu texto.
• Verifique se informações, fatos, opiniões e argumentos selecionados são pertinentes para a
defesa do seu ponto de vista.
• Na organização das ideias selecionadas para serem abordadas em seu texto, procure definir
uma ordem que possibilite ao leitor acompanhar o seu raciocínio facilmente, o que significa
que a progressão textual deve ser fluente e articulada com o projeto do texto.
• Examine, com atenção, a introdução e a conclusão para ver se há coerência entre o início e
o fim. Também observe se o desenvolvimento de seu texto apresenta argumentos que
convergem para o ponto de vista que você está defendendo.
• Evite apresentar informações, fatos e opiniões soltos no texto, sem desenvolvimento e sem
articulação com as outras ideias apresentadas.
REDAÇÃO 11
Professor Wesley Pontes
Resumindo: na organização do texto dissertativo-argumentativo, você deve procurar atender às
seguintes exigências:
O quadro a seguir apresenta os seis níveis de desempenho que serão utilizados para avaliar a
Competência 3 nas redações do Enem 2018:
1.3 COMPETÊNCIA 4
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Assim, na produção da sua redação, você deve utilizar variados recursos linguísticos que
garantam as relações de continuidade essenciais à elaboração de um texto coeso. Na avaliação
da Competência 4, será considerado, portanto, o modo como se dá o encadeamento textual.
Você viu que as Competências 3 e 4 consideram a construção da argumentação ao longo do
texto, porém avaliam aspectos diferentes. Na Competência 3, é avaliada a capacidade de o
participante “selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e
argumentos em defesa de um ponto de vista”, ou seja, trata-se da estrutura mais profunda do
texto. Já a coesão, avaliada na Competência 4, atua na superfície textual, isto é, ela avalia as
marcas linguísticas que ajudam a chegar à compreensão profunda do texto.
Assim, você deve, na construção de seu texto, demonstrar conhecimento sobre os mecanismos
linguísticos necessários para um adequado encadeamento textual, considerando os recursos
coesivos que garantem a conexão de ideias tanto entre os parágrafos quanto dentro deles.
• Encadeamento textual
Para garantir a coesão textual, devem ser observados determinados princípios em diferentes
níveis:
• Estruturação dos parágrafos – um parágrafo é uma unidade textual formada por uma ideia
principal à qual se ligam ideias secundárias. No texto dissertativo- argumentativo, os
parágrafos podem ser desenvolvidos por comparação, por causa- consequência, por
exemplificação, por detalhamento, entre outras possibilidades. Deve haver uma articulação
entre um parágrafo e outro.
• Estruturação dos períodos – pela própria especificidade do texto dissertativo- argumentativo,
os períodos do texto são, normalmente, estruturados de modo complexo, formados por duas
ou mais orações, para que se possa expressar as ideias de causa-consequência, contradição,
temporalidade, comparação, conclusão, entre outras.
• Referenciação – As referências a pessoas, coisas, lugares e fatos são introduzidas e, depois,
retomadas, à medida que o texto vai progredindo. Esse processo pode ser realizado mediante
o uso de pronomes, advérbios, artigos ou vocábulos de base lexical, estabelecendo relações
de sinonímia, antonímia, hiponímia, hiperonímia e de expressões resumitivas, metafóricas ou
metadiscursivas.
RECOMENDAÇÕES
Procure utilizar as seguintes estratégias de coesão para se referir a elementos que já apareceram
no texto:
a) Substituição de termos ou expressões por pronomes pessoais, possessivos e demonstrativos,
advérbios que indicam localização, artigos.
b) Substituição de termos ou expressões por sinônimos, hipônimos, hiperônimos ou expressões
resumitivas.
c) Substituição de verbos, substantivos, períodos ou fragmentos do texto por conectivos ou
expressões que resumam e retomem o que já foi dito.
d) Elipse ou omissão de elementos que já tenham sido citados ou que sejam facilmente
identificáveis.
REDAÇÃO 13
Professor Wesley Pontes
Resumindo: na elaboração da redação, você deve evitar:
1.4 COMPETÊNCIA 5
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• Como saber se o participante está ferindo os direitos humanos na redação?
REDAÇÃO 15
Professor Wesley Pontes
O quadro a seguir apresenta os seis níveis de desempenho que serão utilizados para avaliar a
Competência 5 nas redações do Enem 2018:
1) Conceito1
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/guia_participante/2018/manual_de_redacao_do_enem_20
18.pdf Acesso em 12/01/19
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O objetivo desse texto é, em última análise, convencer o leitor de que o ponto de vista em
relação à tese apresentada é acertado e relevante. Para tanto, mobiliza informações, fatos e
opiniões, à luz de um raciocínio coerente e consistente.
A sua redação atenderá às exigências de elaboração de um texto dissertativo- argumentativo
se combinar os dois princípios de estruturação, explicitados a seguir.
I – Apresentar uma tese, desenvol- TESE – É a ideia que você vai defender no seu texto. Ela
ver justificativas para comprovar deve estar relacionada ao tema e apoiada em
essa tese e uma conclusão que dê argumentos ao longo da redação.
um fechamento à discussão
elaborada no texto, compondo o ARGUMENTOS – É a justificativa para convencer o
processo argumentativo (ou seja, leitor a concordar com a tese defendida. Cada
apresentar introdução, desen- argumento deve responder à pergunta “por quê?” em
volvimento e conclusão). relação à tese defendida.
• exemplos;
• dados estatísticos;
• pesquisas;
• fatos comprováveis;
2) Linguagem1
Por ser um texto, que se desenvolve por meio da análise de diversos aspectos associados à
questão central, a dissertação apresenta algumas características bem definidas com relação à
linguagem.
O presente do Indicativo não tem, no caso de uma análise, uma conotação temporal, ou seja,
ele não faz referência a acontecimentos que ocorrem no momento da enunciação. Sua função é
permitir a generalização própria do encaminhamento analítico. Nesse sentido, assume um valor
atemporal.
Outra característica distintiva da linguagem das dissertações é a preferência por substantivos
abstratos. Isso se explica pela necessidade que temos, quando analisamos, de definir, de comparar,
de argumentar, sempre buscando a construção de um discurso mais generalizante.
Também como uma necessidade decorrente da construção de um discurso mais abrangente,
deve-se evitar o uso das formas de 1ª pessoa do singular no texto dissertativo. É preferível o uso
REDAÇÃO 17
Professor Wesley Pontes
da terceira pessoa, caracterizando o texto argumentativo objetivo. Esse cuidado se explica pelo
desejo de fazer com que o texto seja encarado não como expressão de um olhar subjetivo,
particular, mas sim como uma argumentação racional, válida para todas as pessoas. Por suas
características, o texto argumentativo requer uma linguagem mais sóbria, denotativa. O uso da
figura de linguagem deve ser com valor argumentativo.
As orações devem se dispor, de preferência, em ordem direta. Trabalha-se com períodos
compostos, com o encadeamento de ideias; nesse tipo de construção, o adequado emprego dos
conectores (preposições, conjunções e pronomes relativos) é fundamental para obter um texto claro,
coerente, coeso e elegante.
Pelo mesmo motivo, espera-se que as dissertações sejam redigidas respeitando as regras da
variedade escrita de prestígio do português.
1http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/guia_participante/2018/manual_de_redacao_do_enem_20
18.pdf Acesso em 12/01/19
3) Estrutura
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A seguir, apresentamos uma adaptação do texto de estudante Raphael de Souza, do Rio de Janeiro,
um dos 104 candidatos a tirar nota máxima no exame de 2015 e também um dos 250 alunos que
gabaritaram o texto em 2014:
Equilíbrio Aristotélico
Ao longo do processo de formação do Estado brasileiro, do século XVI ao XXI,
o pensamento machista consolidou-se e permaneceu forte. A mulher era vista, de
maneira mais intensa na transição entre a Idade Moderna e a Contemporânea, como
inferior ao homem, tendo seu direito ao voto conquistado apenas na década de 1930,
com a chegada da Era Vargas. Com isso, surge a problemática da violência de gênero
dessa lógica excludente que persiste intrinsecamente ligada à realidade do país, seja pela
insuficiência de leis, seja pela lenta mudança de mentalidade social.
Ém primeiro plano, é indubitável que a questão constitucional e sua aplicação
estejam entre as causas do problema. Nesse aspecto, de acordo com Aristóteles, a política
deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na
sociedade. De maneira análoga, é possível perceber que, no Brasil, a agressão contra a
mulher rompe essa harmonia, haja vista que, embora a Lei Maria da Penha tenha sido
um grande progresso em relação à proteção feminina, há brechas que permitem a
ocorrência dos crimes, como as muitas vítimas que deixam de efetivar a denúncia por
serem intimidadas. Desse modo, evidencia-se a importância do reforço da prática da
regulamentação como forma de combate à problemática.
Outrossim, destaca-se o machismo como impulsionador da violência contra a
mulher. Nessa perspectiva, segundo Durkheim, o fato social é uma maneira coletiva
de agir e de pensar, dotada de exterioridade, generalidade e coercitividade. Seguindo
essa linha de pensamento, observa-se que o preconceito de gênero pode ser encaixado
na teoria do sociólogo, uma vez que, se uma criança vive em uma família com esse
comportamento, tende a adotá-lo também por conta da vivência em grupo. Assim, o
fortalecimento do pensamento da exclusão feminina, transmitido de geração a geração,
funciona como forte base dessa forma de agressão, agravando o problema no Brasil.
Entende-se, portanto, que a continuidade da violência contra a mulher na
contemporaneidade é fruto da ainda fraca eficácia das leis e da permanência do
machismo como intenso fato social. Nesse contexto, a fim de atenuar o problema, o
Governo Federal deve elaborar um plano de implementação de novas delegacias
especializadas nessa forma de agressão. Isso pode ocorrer através de alianças com
a esfera estadual e municipal do poder, com atuação, principalmente, nas áreas que
mais necessitem e com a criação de campanhas de abrangência nacional junto às
emissoras abertas de televisão como forma de estímulo à denúncia desses crimes.
Dessa forma, com base no equilíbrio proposto por Aristóteles, esse fato social será
gradativamente minimizado no país.1
A seguir, você lerá o texto da aluna Bárbara Lima, candidata que ganhou nota 1000 na edição
do ENEM de 2017, cujo tema foi “Desafio para a formação educacional de surdos no Brasil”.
1
Extraído de: http://guiadoestudante.abril.com.br/enem/estudante-que-tirou-1000-duas-vezes-na-redacao-da-dicas-
para-ir-bem-no-enem. Acesso em 13/01/2019
REDAÇÃO 19
Professor Wesley Pontes
Atente-se às observações a respeito da estrutura da dissertação de caráter argumentativo. Lembre-
se, entretanto, de que existem outros modelos possíveis para esse gênero, entretanto, para fins
didáticos, adotaremos o esquema apresentado.
2
Texto gentilmente cedido pela própria aluna.
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4) O planejamento do texto dissertativo-argumentativo
Para a construção de um bom texto argumentativo, é necessário que, antes mesmo de iniciar
a escrita efetiva, seja mobilizada uma série de habilidades cognitivas de modo a garantir que a
finalidade comunicativa do texto dissertativo-argumentativo — convencer o leitor de que seu ponto
de vista sobre aquele tema/assunto é o melhor — seja atingida.
Um critério decisivo para as boas notas no ENEM corresponde ao conceito de projeto de texto,
definido como um esquema geral da estrutura de um texto, no qual se estabelecem os principais pontos
pelos quais deve passar a argumentação a ser desenvolvida. Nele também devem ser determinados
os momentos de introduzir argumentos e a melhor ordem para apresentá-los, de modo a garantir que
o texto final seja articulado, claro e coerente. Trata-se de um planejamento prévio à escrita da redação,
e que se mostra subjacente no texto final. Isto é, não é um rascunho ou um esquema explícito no texto,
mas um esquema que se deixa perceber pela organização dos argumentos presentes no texto. Portanto,
o projeto de texto será alcançado a partir do planejamento textual.
Um dos principais problemas enfrentados pelos candidatos na prova de redação é a falta de
organização e de planejamento.
Antes de colocar sua opinião no papel, leia a questão atentamente, entenda qual é o tema
tratado, organize as várias ideias e faça um questionamento do assunto. Veja as etapas para
preparar uma boa dissertação:
2 – ANALISE
Determine quais são os principais elementos, ou subdivisões, que compõem o tema
apresentado. Para não ser perder nas ideias, você pode sublinhar trechos ou anotar no rascunho.
Por exemplo, se a proposta tratar de relação dos adolescentes com as drogas, anote em poucas
palavras os pontos principais expostos, que podem ser: o crescimento do consumo de drogas nas
escolas; as campanhas de conscientização; o papel dos pais etc. Esse material o ajudará a sustentar
sua opinião mais tarde.
3 – QUESTIONE
Antes de procurar as respostas, é preciso fazer perguntas. Indagar é a melhor maneira de
começar a abordar um assunto, pois isso vai expor com clareza os problemas que estão ligados a
ele. Afinal, sua dissertação precisará propor questões para depois poder apresentar respostas.
Assim, elabore um breve questionamento com base nos próprios dados apresentados na prova.
Isso vai ajudá-lo, depois, a apresentar seus argumentos de forma ordenada.
REDAÇÃO 21
Professor Wesley Pontes
4 – USE SEU CONHECIMENTO
Anote as ideias que lhe vêm à cabeça sobre o tema. Filmes que você viu, livros, conceitos, fatos
que aprendeu em aulas de geografia, história, filosofia. Relacione pensamentos, autores e obras
artísticas reconhecidas. Deixar esse repertório pronto será útil quando você precisar de exemplos
para ilustrar a opinião que defenderá na redação. Para uma preparação ainda melhor, organize
essas ideias de modo progressivo, ou seja, dos argumentos mais simples para os mais complexos.
3
Guia do Estudante – Redação - 2011
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6- PROPOSTA DE REDAÇÃO
REDAÇÃO 23
Professor Wesley Pontes
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REDAÇÃO DESENVOLVIDA
A locomotiva de Marx4
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Texto nota 1000 de Vanessa Soares no Enem 2016, disponível em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/leia-
redacoes-nota-mil-do-enem-2016.ghtml. Acesso em 14/01/2019
REDAÇÃO 25
Professor Wesley Pontes
AS PARTES DA DISSERTAÇÃO: ALGUMAS SUGESTÕES
O parágrafo introdutório
O primeiro parágrafo de uma dissertação é sempre muito importante: sua leitura determinará
o tipo de envolvimento que o leitor terá com aquele texto. Assim, um início que desperte o interesse
para a análise a ser desenvolvida favorece a aceitação do caminho expositivo/ ou argumentativo
que será proposto pelo autor.
Além de estabelecer o primeiro contato com o leitor, o parágrafo inicial de uma dissertação
também cumpre outra função fundamental para o texto que introduz: indica o percurso analítico
escolhido pelo autor para tratar do tema abordado.
Conheceremos, a seguir, algumas estratégias clássicas de construção do primeiro parágrafo
de uma dissertação e veremos de que modo, feita uma escolha sobre o tipo de introdução a ser
utilizado, o caminho expositivo-analítico dos parágrafos seguintes já está também predeterminado.
Lembre-se, entretanto, de que o texto não apresenta uma única forma de ser produzido, por isso
não se atenha apenas aos modelos apresentados aqui. As possibilidades de escrita são infinitas.
a) Alusão histórica
Introduzir um texto por alusão histórica é recortar um fato, um período histórico, um hábito
antigo a fim de comparar com o presente. Essa comparação evidenciará uma permanência, ou
não, de determinada situação e isso será base para a problematização do que o tema apresentou
para discussão. Esse tipo de introdução permite que o autor apresente domínio de uma área de
conhecimento de relevância, a história, o que contribui para o objetivo final de um texto dissertativo-
argumentativo: defesa de um ponto de vista.
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b) Referência a artes (cinema, literatura, música, pintura, escultura...)
https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/melhores-redacoes-da-fuvest-2010-escher-platao-e-o-real-imaginario/
REDAÇÃO 27
Professor Wesley Pontes
c) Comparação / contraste
d) Citação
Esse recurso consiste em fazer referência a ideias de outros autores a fim de que o seu ponto
de vista seja fortalecido, sua opinião será destaque mesmo quando você desconstruir a opinião do
autor citado, uma vez que terás mostrado conhecimento crítico aos leitores.
Há duas possibilidades de citação: a direta e a indireta. A citação direta é quando é
apresentado no texto a ideia com as palavras do próprio autor. Exemplo: Segundo Marx, “A história
da sociedade até aos nossos dias é a história da luta de classes”. A citação indireta é quando, com
as suas palavras, são apresentadas as ideias do autor que será citado. Exemplo: “Sakamoto
evidencia a necessidade de uma formação educacional em que o senso crítico e o bom senso sejam
instigados nas crianças. ”
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Extraído de: https://g1.globo.com/educacao/noticia/leia-redacoes-nota-mil-do-enem-2016.ghtml Acesso em 13/01/2019
e) Dados concretos
O uso de dados concreto é outra forma de demonstrar à banca corretora seu grau de repertório
sociocultural. Chamamos aqui de dados completos notícias, reportagens, documentários,
pesquisas, estudos científicos... Isso expõe seus conhecimentos secular e escolar de modo que lhe
garante uma boa apreciação por parte dos examinadores. Para isso, entretanto, é fundamental a
leitura constante e diversificada de textos que circulam na esfera jornalística e na científica. Seja um
leitor assíduo!
REDAÇÃO 29
Professor Wesley Pontes
Tipos de tese
A tese corresponde à frase do texto que traduz seu ponto de vista ou a ideia principal que você
defenderá. Ela compreende um período objetivo e sintético, uma vez que essa ideia será esmiuçada
na redação. Para fins didáticos, adotaremos aqui o método de defesa no qual se expõe a tese na
introdução, desse modo a tese estará ao fim da introdução, sendo, literalmente, o último período
deste parágrafo.
Modelo:
Para achar a tese, faça as seguintes perguntas: “O que eu penso sobre isso?” / “Qual a minha
opinião a respeito desse tema? ”;
Lembre-se que a tese deve estar coerente com a contextualização. Evite, portanto, fazer com
que sua tese pareça desconexa da introdução, pois isso prejudicará a coerência do seu
parágrafo;
Não se esqueça de que a tese sempre será concatenada à introdução por um conectivo cujo
valor semântico deve traduzir o que você quer enquanto autor: você fará uma oposição ao
período anterior? Você está concluindo a ideia? (Há conectivo adequado para cada situação);
Seja claro e se coloque no lugar de seu corretor fazendo a si mesmo a seguinte pergunta: “Por
meio dessa tese, eu consigo saber previamente o caminho que será traçado nos parágrafos
seguintes?”.
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A seguir, há alguns modelos de tese. Leia-os e use em suas redações aquele com o qual você
demonstrou ter mais facilidade.
a) Tese genérica: Frase curta na qual se aponta, de modo mais generalizador, a ideia central do
texto. Exemplos:
“O ornamento da vida está na forma como um país trata suas crianças'. A frase do sociólogo Gilberto
Freyre deixa nítida a relação de cuidado que uma nação deve ter com as questões referentes à
infância.
Dessa forma, é válido analisar a maneira como o excesso de publicidade infantil pode contribuir
negativamente para o desenvolvimento dos pequenos e do Brasil.”
No entanto, essa mesma função é distorcida por anúncios apelativos, que transformam em sinônimos
o prazer e a compra, atingindo principalmente as crianças.
"Desde o fim da Guerra Fria, em 1985, e a consolidação do modelo econômico capitalista, cresce
no mundo o consumismo desenfreado. Entretanto, as consequências dessa modernidade atingem o
ser humano de maneira direta e indireta: através da dependência por compras e impactos
ambientais causados por esse ato.
Nesse sentido, por serem frágeis e incapazes de diferenciar impulso de necessidade, as crianças
tornaram-se um alvo fácil dos atos publicitários. ”
REDAÇÃO 31
Professor Wesley Pontes
b) Tese proposta: é uma frase também genérica, mas que aponta para as medidas que precisam
ser tomadas a fim de se reverter o quadro denunciado na redação.
Exemplos:
"A Revolução Industrial, ocorrida inicialmente na Inglaterra durante o século XVIII, trouxe a
necessidade de um mercado consumidor cada vez maior em função do aumento de produção. Para
isso, o investimento em publicidade tornou-se um fator essencial para ampliar as vendas das
mercadorias produzidas. Na sociedade atual, percebe-se as crianças como um dos focos de
publicidade.
Tal prática deve ser restringida pelo Estado para garantir que as crianças não sejam persuadidas a
comprar determinado produto.”
Assim, a proibição parcial da divulgação de produtos para as crianças é essencial para um maior
controle dos pais e para um menor abuso de grandes empresas sobre os infantes.”
"Em meio a uma sociedade globalizada, é evidente o crescimento dos recursos capazes de estimular
a adesão ao consumo. Em meio a esse contexto, encontram-se as propagandas destinadas às
crianças, que, por possuírem seu caráter em processo de formação, tornam-se alvos fáceis desses
anunciantes.
"A publicidade infantil movimenta bilhões de dólares e é responsável por considerável aumento no
número de vendas de produtos e serviços direcionados às crianças. No Brasil, o debate sobre a
publicidade infantil representa uma questão que envolve interesses diversos.
Nesse contexto, o conteúdo de campanhas publicitárias voltadas às crianças pode trazer prejuízos
físicos e psicológicos.”
32
“Cenas de pais constrangidos em lojas em virtude do choro de crianças cujos desejos não foram
atendidos são muito comuns em nosso cotidiano. Uma causa para tais episódios são as propagandas
voltadas para o público infantil, que têm sido alvo de discussões entre vários setores da sociedade,
por seu poder de influência.
Então, nota-se que o problema se apresenta como uma falha na educação familiar e como uma
ação desmedida do marketing empresarial.”
“Desde o final de 1991, com a extinção da antiga União Soviética, o capitalismo predomina como
sistema econômico. Diante disso, os variados ramos industriais pesquisam e desenvolvem novas
formas e produtos que atinjam os mais variados nichos de mercado.
Esse alcance, contudo, mostra-se como um grande desafio tanto às famílias quanto ao Estado.”
Observação: Alguns candidatos optam por usar a chamada tese-pergunta. Ela consiste em um
questionamento que instiga o leitor a manter a leitura do restante do texto. Entretanto, por ser um
tipo de tese que gera discordância de aceitação entre avaliadores, sugere-se que ela seja evitada.
A seguir, veja um exemplo:
No entanto, tendo em vista a idade desse público, surge a pergunta: as crianças estariam
preparadas para o bombardeio de consumo que as propagandas veiculam?
REDAÇÃO 33
Professor Wesley Pontes
AS PARTES DA DISSERTAÇÃO: ALGUMAS SUGESTÕES
Os parágrafos mediais
Durante o desenvolvimento ou argumentação defenda a sua tese apresentando ideias que a
justifiquem, de forma consistente e apresente seus argumentos. Essa parte é importante porque
possui mais critérios avaliados, por isso argumente com clareza e objetividade para que o
leitor/avaliador compreenda seu ponto de vista.
Para contribuir com a sua organização textual, reserve um parágrafo para cada argumento,
analisando todos os aspectos que quer salientar. O objetivo do desenvolvimento é reforçar e
comprovar o ponto e vista.
Utilize sempre argumentos que consiga justificar, pois o seu objetivo é convencer e, além disso,
procure mostrar pontos positivos e negativos. Os diversos argumentos deverão se sustentados com
exemplos e provas que os validem, tornando-os indiscutíveis, como:
fatos comprovados;
conhecimentos consensuais;
dados estatísticos;
pesquisas e estudos;
citações de autores renomados;
depoimentos de personalidades renomadas;
alusões históricas;
fatores sociais, culturais e econômicos.
Argumento aqui será então usado em sentido lato. Observemos a origem do termo: vem do
latim argumentum, que tem tema argu, cujo sentido primeiro é “fazer brilhar”, “iluminar”. É o
mesmo tema que aparece nas palavras argênteo, argúcia, arguto etc. Pela sua origem, podemos
dizer que argumento é tudo aquilo que faz brilhar, cintilar uma ideia. Assim, chamam os argumento
a todo procedimento linguístico que visa a persuadir, a fazer o receptor aceitar o que lhe foi
comunicado, a levá-lo a crer no que foi dito e a fazer o que foi proposto.
Nesse sentido, todo texto é argumentativo, porque todos são, de certa maneira, persuasivos.
Alguns se apresentam explicitamente como discursos persuasivos, como a publicidade, outros se
colocam como discursos de busca e comunicação do conhecimento, como o científico. Aqueles
usam mais a argumentação em sentido lato; estes estão mais comprometidos com raciocínios
lógicos em sentido estrito. Seja a argumentação considerada em sentido mais amplo ou mais
restrito, o que é certo é que, quando bem feita, dá consistência ao texto, produzindo sensação de
realidade ou impressão de verdade. Achamos que o texto está falando de coisas reais ou
verdadeiras. Acreditamos nele.
34
1. ARGUMENTO DE AUTORIDADE
É a citação de autores renomados, autoridades num certo domínio do saber, numa área da
atividade humana, para corroborar uma tese, um ponto de vista. O uso de citações, de um lado,
cria a imagem de que o falante conhece bem o assunto que está discutindo, porque já leu o que
sobre ele pensaram outros autores; de outro, torna os autores citados fiadores da veracidade deum
dado ponto de vista. Observe a introdução de um texto de Ulisses Guimarães, em que invoca
a autoridade da Bíblia, do padre Antônio Vieira, de provérbios e de Camões, para reprovar a falta
de palavra do presidente Collor, que lhe prometera manter-se neutro na votação de emenda
constitucional que estabelecia o sistema parlamentarista e, na surdina, trabalhou pela sua rejeição.
Se é verdade que o argumento de autoridade tem força, é preciso levar em conta que
tem efeito contrário a utilização de citações descosturadas , sem relação c om o tema,
erradas, feitas pela metade , mal compreendidas.
As matemáticas trabalham com axiomas, que são proposições evidentes por si mesmas
e, portanto, indemonstráveis: o todo é maior do que a parte; duas quantidades iguais
a uma terceira são iguais entre si, etc. Outras ciências trabalham também com máximas e
proposições aceitas como verdadeiras, numa certa época, e que, portanto, prescindem de
demonstração, a menos que o objetivo de um texto seja demonstrá-las. Podem-se usar, pois, essas
proposições evidentes por si ou universalmente aceitas, para efeitos de argumentação. Por
exemplo:
Os investimentos em pesquisa são indispensáveis, para que um país supere sua condição de
dependência.
REDAÇÃO 35
Professor Wesley Pontes
Não se deve, no entanto, confundir argumento baseado no consenso com lugares-comuns
carentes de base científica, de validade discutível. É preciso muito cuidado para distinguir o que é
uma ideia que não mais necessita de demonstração e a enunciação de preconceitos do tipo:
o brasileiro é indolente, a aids é um castigo de Deus, só o amor constrói.
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Não se podem fazer generalizações sem apoio em dados consistentes, fidedignos, suficientes,
adequados, pertinentes. As provas concretas podem ser cifras e estatísticas, dados históricos, fatos
da experiência cotidiana etc. Esse tipo de argumento, quando bem feito, cria a sensação de que o
texto trata de coisas verdadeiras e não apresenta opiniões gratuitas. Veja este texto, em que se
acusa a Central Brasileira de Medicamentos de realizar compras com preços superfaturados e se
comprova o superfaturamento com publicações do Diário Oficial e com notas de empenho
assinadas pelo presidente do órgão:
É o que acaba de fazer, com dinheiro da Central de Medicamentos, Antônio Carlos dos Santos,
presidente dessa estatal apanhado em flagrante de compras irregulares com custo bilionário. O
leitor que me desculpe, mas se trata, ainda, da compra de 1.600 litros de inseticida por Cr$
2.169.115.200,00, ao preço, portanto, de Cr$ 1.355.697,00 por litro. Notícia cuja veracidade está
comprovada no Diário Oficial de 19 de abril e na “nota de empenho” com que o presidente da
Ceme liberou a verba.
Afirmações generalizantes exigem dados ou fatos que lhes sirvam de suporte. Por outro lado,
não se podem fazer generalizações indevidas. Um tipo de generalização indevida é tomar o que é
acidental, ou seja, acessório, ocasional, como se fosse essencial, isto é, inerente, necessário.
Mostrar um erro médico (ou vários) e concluir que todos os médicos são charlatães é generalizar
indevidamente, porque o erro por descuido, negligência ou imperícia não é inerente à profissão
médica. Também não o é a corrupção à atividade política etc. A maioria das sentenças judiciosas
do senso comum são generalizações indevidas. Usar argumentos desse tipo (por exemplo, político
não presta, brasileiro não sabe votar, pobre não gosta de trabalhar, engenheiro é bitolado, artista
vive num outro mundo, jornal só conta mentira, funcionário público não trabalha, roqueiros são
todos drogados) revela um autor acrítico, preso a lugares-comuns, imerso num universo conceitual
muito pobre.
No caso de argumentos por provas concretas, podem-se muitas vezes usar casos singulares
para comprovar verdades gerais. Tem-se a argumentação por ilustração, quando se enuncia um
fato geral e, em seguida, narra-se um caso concreto para comprová-la; na argumentação pelo
exemplo, parte-se de um exemplo concreto e daí se extrai uma conclusão geral. Temos o primeiro
caso, quando se diz que, no Brasil, há políticos que se valem de fraude para eleger-se e, em
seguida, conta-se o caso de um esquema montado por um candidato a deputado para alterar os
mapas eleitorais durante as apurações. Nesse caso, o que não se pode é dar à afirmação geral
um alcance que a ilustração não permite. Por exemplo, se tivéssemos dito que todos os deputados
se valem de fraude para eleger-se, a ilustração com um único caso não serviria para comprovar o
alcance da proposição geral.
Temos argumentação pelo exemplo, quando partimos de casos de fraude contra a previdência
social, para chegar à afirmação de que o sistema previdenciário brasileiro está sujeito a esse tipo
de ilícito e, por isso, precisa passar por profundas reformulações saneadoras. Nesse tipo de
argumentação, é preciso cuidado para não chegar a generalizações indevidas, a conclusões que
nada têm a ver com os fatos relatados, a conclusões que são contrárias aos fatos relatados. Vamos
dar apenas um exemplo. Um narrador conta que foi a uma festa, onde não conseguiu conversar
com ninguém, não se divertiu, ficou sozinho e, em seguida, diz que é muito bom ir a festas, pois
novos relacionamentos sempre nos enriquecem.
REDAÇÃO 37
Professor Wesley Pontes
4. ARGUMENTOS COM BASE NO RACIOCÍNIO LÓGICO
Embora no item anterior já tenhamos tratado disso, ao dizer que não se podem tirar conclusões
incompatíveis com os dados apresentados, ilustrar afirmações gerais com dados inadequados etc.,
o que chamamos aqui argumentos com base em raciocínio lógico diz respeito às próprias relações
entre proposições e não à adequação entre proposições e provas. Vejamos um exemplo. Num
artigo intitulado “Todo poder aos professores”, Otávio Frias Filho discute a filosofia pedagógica de
estímulo à criatividade, que se implantou em nossas escolas a partir da década de 60. Depois de
analisar o lado positivo dessa proposta, desvela o seu lado perverso. Num certo ponto do artigo,
mostra a comodidade de organizar um curso com base em seminários, a dificuldade de reverter
esse processo, a necessidade de rever grande parte das mudanças do ensino nestes trinta anos. Dá
depois de cada uma dessas proposições as razões que motivam sua afirmação. A argumentação
baseia-se nas relações de causa e consequência.
Um dos defeitos na argumentação com base no raciocínio lógico é fugir do tema. Esse
expediente é muito usado por políticos, para evitar questões embaraçosas, ou advogados, quando
não têm como refutar as acusações imputadas a seu cliente. Um prefeito da capital paulista a quem
perguntaram por que, em seu governo, uma determinada obra pública estava custando tão caro,
respondeu que ela seria muito importante para a cidade, porque eliminaria as enchentes numa
dada região. Um homem matou sua mulher por ciúmes, como ficara comprovado. Seu advogado,
para comover os jurados, começa a dizer que o acusado era um homem trabalhador, um cidadão
exemplar, um pai dedicado, uma pessoa sempre disposta a ajudar os amigos. Cabe lembrar
enfaticamente que esse procedimento é um defeito de argumentação apenas do ponto de vista
lógico. Da perspectiva da persuasão em sentido amplo, pode ser eficaz, pois pode convencer os
ouvintes, levando-os a relacionar aquilo que não tem relação necessária.
Outro problema é a tautologia (erro lógico que consiste em aparentemente demonstrar uma
tese, repetindo-a com palavras diferentes), que ocorre quando se dá, como causa de um fato, o
próprio fato exposto em outras palavras. Apresenta-se, nesse caso, a própria afirmação como
causa dela mesma, toma-se como demonstrado o que é preciso demonstrar. Por exemplo: o fumo
faz mal à saúde porque prejudica o organismo (prejudicar o organismo é exatamente fazer mal à
saúde); essa criança é mal-educada porque os pais não lhe deram educação.
38
Outro problema é tomar como causa, explicação, razão de ser de um fato o que, na verdade,
não é causa dele. Uma causa é alguma coisa que ocasiona outra. Por isso, é preciso que haja uma
relação necessária entre ela e seu efeito. Frequentemente, usa-se como causa de um fato algo que
veio antes. Ora, o que vem depois não é necessariamente efeito do que aconteceu antes. Quando
se passa debaixo de uma escada e, depois, se cai e se quebra uma perna, não se pode concluir que
passar debaixo da escada é causa do acidente. As superstições baseiam-se nessa falsa causalidade.
Nada é pior para convencer do que um texto sem coerência lógica, que diz e desdiz-se, que
apresenta afirmações que não se implicam umas às outras, que está eivado de contradições.
Lições de texto: leitura e redação. [S.l: s.n.], 2006. APA. Fiorin, J. L., & Savioli, F. P. (2006).
Espera-se que, nessa etapa do texto, você seja capaz de avaliar a pertinência de seus
repertórios, selecionar os argumentos mais adequados em relação à temática e ao seu ponto de
vista, relacioná-los, organizá-los de forma clara e estratégica, além de interpretá-los,
desenvolvendo-os para uma efetiva defesa do ponto de vista.
Para auxiliar sua escrita, sugerimos uma estrutura para os parágrafos de argumentação:
Conectivo . Tópico frasal Tópico frasal Tópico frasal Tópico frasal Tópico frasal Tópico frasal
Tópico frasal Tópico frasal. Conexão Sustentação Sustentação Sustentação Sustentação
Sustentação Sustentação Sustentação Sustentação Sustentação Sustentação Sustentação
Sustentação Sustentação Sustentação Sustentação Sustentação Sustentação Sustentação
Sustentação Sustentação Sustentação Sustentação Sustentação Sustentação Sustentação
Sustentação Sustentação Sustentação Sustentação Sustentação Sustentação Sustentação
Sustentação Sustentação Sustentação Sustentação Sustentação Sustentação Sustentação.
REDAÇÃO 39
Professor Wesley Pontes
O conectivo usado no início do parágrafo dependerá da relação semântica que ele estabelece com
o trecho anterior. Evite decorar! Analise a relação entre as partes do texto.
1) O tópico frasal é a ideia central ou nuclear do parágrafo, ou seja, uma espécie de resumo do
ponto a ser explorado no parágrafo que segue. Cada parágrafo tem um tópico frasal próprio, o
que equivale a dizer que não se deve escrever parágrafos com mais de uma ideia nuclear. Além
disso, cada ideia nuclear determina a criação de um parágrafo próprio. Normalmente, o tópico
frasal é expresso em uma única frase, podendo, eventualmente, ser constituído de até duas
frasesurtas. O tópico frasal pode ser explicitado logo no início do parágrafo, garantindo maior
clareza e coerência ao texto e facilitando a leitura. Nesse caso, ele se dá através de:
DECLARAÇÃO INICIAL – uma afirmação ou negação que será seguida de explicação,
fundamentação, exemplos, evidências, etc.
DEFINIÇÃO: Esse é um método didático por meio do qual, como já se pode supor, o autor
apresentará uma definição.
DIVISÃO: É um processo didático, caracterizado pela objetividade e pela clareza. O tópico frasal é
apresentado sob forma de divisão ou descriminação de ideias.
INTERROGAÇÃO: Pode-se iniciar o parágrafo com uma interrogação direta, mas o autor não se
pode esquecer de que o desenvolvimento deverá responder ou esclarecer a indagação feita no
tópico frasal.
2) A conexão entre o tópico frasal e a sustentação visa dar melhor fluidez ao raciocínio. Os
elementos responsáveis por essa função serão abordados mais à frente.
Conexão
Em primeiro plano , a ineficiência governamental na
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Algumas formas relacionar os parágrafos de argumentação
1) Oposição:
A argumentação pode ser construída a partir da oposição entre dois lados de um mesmo fato.
Nessa construção, normalmente, apresenta-se o lado positivo e o lado negativo.
OBS: Muitas vezes, ao redigir um texto argumentativo, você já imagina quais serão os possíveis
posicionamentos contrários de alguns leitores. Para fortalecer sua argumentação, você pode citar
essas visões diferentes da sua e contrapor-se a elas, utilizando o que chamamos de contra-
argumentação.
http://seja-ead.com.br/2-ensino-medio/ava-ead-em/2-ano/01-lp/aula-ead/5-8.pdf
REDAÇÃO 41
Professor Wesley Pontes
2) Adição: é uma estratégia simples, pois basta que os parágrafos se complementem por meio
de uma soma. Para isso, faz-se uso de operadores argumentativos de adição. Essa estratégia é
ideal para teses binárias, pois, em cada parágrafo, é possível trabalhar um tópico da tese.
42
AS PARTES DA DISSERTAÇÃO: ALGUMAS SUGESTÕES
O PARÁGRAFO DE CONCLUSÃO
SÍNTESE
O autor reapresenta as ideias do texto resumidamente, ou seja, sintetiza os argumentos para
retomar e reafirmar a tese. É comum a presença de um elemento coesivo (assim, portanto, desse
modo).
AGREGAÇÃO
O autor encerra o texto com uma ideia mais abrangente, que reúne os elementos apresentados no
desenvolvimento.
PROPOSTA
O autor sugere uma ou mais soluções para o problema em discussão. Esta é a forma como o Enem
pede que seja concluída a redação.
PERGUNTA
Uma indagação no fim do texto pode reforçar o ponto de vista do autor e estimular o
questionamento por parte do leitor. A pergunta tem apenas uma função retórica.
SURPRESA
Um elemento inesperado contribui para ilustrar de maneira mais marcante o ponto de vista
defendido. O autor pode recorrer a uma anedota, um trocadilho, uma citação ou uma construção
original que, pelo caráter surpreendente, torna ainda mais forte o apelo do pensamento
apresentado como conclusão.
Guia do Estudante, Linguagens, Códigos e Redação, ed. 2010
Para fins de prática em nosso curso, vamos adotar a estrutura do parágrafo de conclusão da
seguinte forma:
Conexão, Retomada da tese Retomada da tese Retomada da tese Retomada da tese Retomada da
tese Retomada da tese Retomada da tese. Proposta Proposta Proposta Proposta Proposta Proposta
Proposta Proposta Proposta Proposta Proposta Proposta Proposta Proposta Proposta Proposta
Proposta Proposta Proposta Proposta Proposta Proposta Proposta Proposta Proposta Proposta
Proposta Proposta Proposta Proposta Proposta Proposta Proposta Proposta Proposta Proposta
Proposta Proposta Proposta Proposta Proposta Proposta Proposta Proposta Proposta. Frase de
fechamento Frase de fechamento Frase de fechamento Frase de fechamento Frase de fechamento.
REDAÇÃO 43
Professor Wesley Pontes
A PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
OS ELEMENTOS DA PROPOSTA
44
AÇÃO INTERVENTIVA (“O que deve ser feito?”)
Elemento que diz respeito à ação prática apontada pelo participante como necessária para a
solução do problema apresentado pelo tema. É a partir da ação que reconhecemos a intenção de
propor uma intervenção para o problema abordado.
Na avaliação da proposta de intervenção, a ação interventiva equivale a 1 elemento válido,
desde que tenha caráter interventivo. Ações que se distanciam desse caráter serão consideradas
“elemento nulo”, o qual se caracteriza por ser uma tentativa mínima de propor uma intervenção.
Esse elemento não é contabilizado na contagem dos elementos válidos para atribuição de nível à
proposta, pois se trata de uma ação normalmente pouco interventiva ou pouco prática, geralmente,
uma ação muito genérica ou situada no âmbito da conscientização.
AGENTE (“Quem?”)
Elemento que diz respeito ao ator social apontado para a ação interventiva que se propõe.
Para determinar o agente, o participante deve considerar o problema abordado pelo tema, sobre
o qual se deseja intervir, e a ação interventiva apresentada. Apesar de os atores sociais variarem
em função do tema e do problema, eles se enquadram em determinados níveis de ação: individual,
familiar, comunitário, social, político, governamental e mundial.
Elemento que diz respeito à maneira e/ou aos recursos pelos quais a ação interventiva é
realizada. Esse elemento dialoga com a exequibilidade da ação e revela o quanto esta é concreta
e interventiva, características indispensáveis à proposta de intervenção.
Expressões: “através de”, “por meio de”, “por intermédio de”, “a partir de”...
Elemento que corresponde aos resultados pretendidos ou alcançados pela ação interventiva
proposta. Ele pode vir expresso por meio de uma estrutura indicativa de finalidade, consequência
ou conclusão.
Expressões: “para”, “com o intuito de”, “com a finalidade de”, “com o objetivo de”, “com o
fito de”, “a fim de “, “com o propósito de”, “com a função de”...
REDAÇÃO 45
Professor Wesley Pontes
DETALHAMENTO (“Que outra informação sobre esses elementos posso colocar?”)
Algumas perguntas:
Caso você tenha dois argumentos e eles tragam problemáticas distintas, você precisa propor
intervenção para os dois, pois, se faltar uma proposta, você poderá ser penalizado na competência
III, uma vez que seu projeto de texto apresenta uma falha.
Não. Você pode fazer uma proposta mais básica, que não apresente detalhamento, por
exemplo, e outra completa, pois apenas uma é considerada para a avaliação da competência V,
no caso, a que tenha os 5 elementos.
Sim. Caso você elabore algum elemento que apenas demonstre uma tentativa de concretizar
o agente, a ação, o meio ou o efeito, ele não será contabilizado. É o que o ENEM chama de
“elemento nulo”.
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Exemplos de propostas completas:
Dessa forma, constata-se que as doenças de ordem mental apresentam-se como um entrave
à atual saúde pública brasileira. Assim, mostra-se imprescindível que as escolas abordem esse tema
em aulas, haja vista que a conversa sobre as psicopatologias é capaz de promover conhecimento
sobre esse quadro clínico. Nessa perspectiva, isso poderá ocorrer por meio de palestras com
especialistas da área a fim de que os alunos possam, futuramente, saber agir diante de
enfermidades, como depressão e ansiedade.
Legenda:
Agente
Ação
Modo/meio
Finalidade/efeito
Detalhamento
REDAÇÃO 47
Professor Wesley Pontes
COESÃO: ALGUMAS OBSERVAÇÕES
Segundo a Matriz de Correção do ENEM, os candidatos serão avaliados de acordo com
sua capacidade de “demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para
a construção da argumentação”, o que compreende a competência IV da grade. Os aspectos
a serem avaliados nesta Competência dizem respeito à estruturação lógica e formal entre as
partes da redação. A organização textual exige que as frases e os parágrafos estabeleçam
entre si uma relação que garanta a sequenciação coerente do texto e a interdependência entre
as ideias.
Os urubus e sabiás
(1) Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... (2) Os
urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que,
mesmo contra a natureza, eles haveriam de se tornar grandes cantores. (3) E para isto
fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir
diplomas, e fizeram competições entre si, para ver quais deles seriam os mais importantes e
teriam a permissão de mandar nos outros. (4) Foi assim que eles organizaram concursos e se
deram nomes pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era se
tornar um respeitável urubu titular, a quem todos chamavam por Vossa Excelência. (5) Tudo ia
muito bem até que a doce tranquilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida. (6) A floresta
foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam
serenatas com os sabiás... (7) Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa,
e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito.(8) “– Onde estão os
documentos dos seus concursos?” (9) E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca
haviam imaginado que tais coisas houvessem. (10) Não haviam passado por escolas de canto,
porque o canto nascera com elas.(11) E nunca apresentaram um diploma para provar que
sabiam cantar, mas cantavam, simplesmente... “(12) – Não, assim não pode ser. Cantar sem
a titulação devida é um desrespeito à ordem.” (13) E os urubus, em uníssono, expulsaram da
floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás... (14)
MORAL: Em terra de urubus diplomados não se ouve canto de sabiá.
(Rubem Alves, Estórias de Quem Gosta de Ensinar.São Paulo: Cortez Editora, 1984, p. 61-62)
CONCEITO
Pode-se comprovar, observando o texto acima, que um texto não é apenas uma soma ou
sequência de frases isoladas. Veja-se o início: “Tudo aconteceu...”. Que “tudo” é esse? Que
foi que aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam? Em (3), temos o
termo isto: “E para isto fundaram escolas...”. Isto o quê? De que se está falando? Ainda em
(3), qual é o sujeito dos verbos fundaram, importaram, gargarejaram, mandaram, fizeram? É o
mesmo de teriam? Fala-se em quais deles: deles quem? E quem são os outros? Qual é o
referente de eles em (4)? Em (5), tem-se novamente a palavra tudo: “Tudo ia muito bem... Será
que esta segunda ocorrência do termo tem o mesmo sentido da primeira? Em (7), a quem se
refere o pronome eles? E seus, em (8)? Quais são as pobres aves de que se fala em (9)? E as
tais coisas? Elas, em (10), refere-se a pobres aves ou a tais coisas? De que passarinhos se fala
em (13)?
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Se tais perguntas podem ser facilmente respondidas pelos eventuais leitores, é porque os
termos em questão são elementos da língua que têm por função precípua estabelecer relações
textuais: são recursos de coesão textual.
Assim, tudo, em (1), remete a toda a sequência do texto, sendo, pois, um elemento
catafórico. Por seu turno, isto, em (3),remete para o enunciado anterior; é, portanto, anafórico,
do mesmo modo que tudo, em (5). Deles, em (3), remete a urubus, de (2); são também os
urubus o sujeito (elíptico) da sequência de verbos em (3), mas não de teriam, cujo sujeito será
um subconjunto do conjunto dos urubus, que exclui o subconjunto complementar formado por
outros; e, em (4), eles pode remeter a urubus, de (2), ou ao primeiro subconjunto citado
anteriormente. Em (7), eles retoma os velhos urubus que, por sua vez, retoma os urubus citados
anteriormente. Seus, em (8), remete a pintassilgos, sabiás e canários. Tais coisas refere-se aos
documentos de que se fala em (8). Os passarinhos, em (13), remete a elas de (10), que, por
seu turno, remete a pobres aves, de (9) e esta expressão a pintassilgos, sabiás e canários de
(7) que retoma (6).
Note-se, agora, que há outro grupo de mecanismos cuja função é assinalar determinadas
relações de sentido entre enunciados ou partes de enunciados, como, por exemplo: oposição
ou contraste (mas, em (2) e (11)); mesmo, em (2); finalidade ou meta (para, em (3) e (11));
consequência (foi assim que, em (4); e, em (7); localização temporal (até que, em (5));
explicação ou justificativa (porque, em (9) e (10)); adição de argumentos ou ideias (e, em (11)).
É por meio de mecanismos como estes que se vai tecendo o “tecido” (tessitura) do texto. A
este fenômeno é que se denomina coesão textual.
KOC H, I. G. V. A coesão textual. São Paulo: Contexto, 1989.
A COESÃO REFERENCIAL
REDAÇÃO 49
Professor Wesley Pontes
Pronomes
EXEMPLO 4
A derrota do Minotauro
Quando os atenienses chegaram a Creta, a filha do rei Minos, Ariadne, apaixonou-se por Teseu. Ofereceu-lhe ajuda
em troca da promessa de casamento, dando a ele um novelo de cordel. Teseu amarrou uma das pontas na entrada
do labirinto e entrou, liberando a corda conforme caminhava.
Numerais
EXEMPLO 5
Buda
Maria de Fátima da Silva, mãe do bailarino DG – assassinado em circunstâncias ainda não esclare- cidas –, é
medalhista de natação em águas abertas.
Andréa Beltrão, minha parceira em ‘Tapas e Beijos”, é colega dela na turma de nado do Posto 6 de Copacabana.
Andréa mora na Atlântica, Maria de Fátima no morro do Cantagalo, mas as duas desfrutam do mesmo mar; junto
com as tartarugas, os peixes e os sacos plásticos.
(torres, 2014)
A expressão “as duas”, que tem como núcleo um numeral cardinal, remete aos referentes
introduzidos anteriormente: “Maria de Fátima da silva” e “andréa beltrão”.
Artigos
EXEMPLO 6
Chico na Alemanha
“Não me ocorreria escrever esse livro com minha mãe viva”: diz Chico à Piauí deste mês, na única entrevista à
imprensa sobre o romance “O Irmão Alemão”: que frequentou o topo das listas de mais vendidos em 2014. A
revista acompanhou o escritor numa viagem à Alemanha após a des- coberta do irmão Sérgio Günther, filho de
um namoro da juventude de seu pai Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982).
(coZer, 2015)
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Nas formas nominais referenciais “a revista” e “o escritor”, o artigo definido indica que se
trata de referentes já apresentados no texto e facilmente identificados: (a revista – Piauí; o
escritor – Chico).
Advérbios locativos
EXEMPLO 7
Contra o hiperativismo parental
A seção de puericultura da Livraria Cultura traz 2.038 itens. Ali abundam títulos como “Criando Filhos Vitoriosos”
ou “Como Multiplicar a Inteligência do Seu Bebê”. Será que pais têm realmente todo esse poder sobre o futuro de
suas crianças?
(scHWartsMan, 2013)
EXEMPLO 8
Fui fazer faculdade nos Estados Unidos em 1995 e depois voltei pra mais dois anos de mestrado
EXEMPLO 9
Desmantelo só quer começo
Onze controles remotos, eis o surpreendente saldo da minha faxina: 11 controles remotos que há muito já não
controlavam, mesmo que remotamente, coisa alguma.
(Prata, 2014)
EXEMPLO 10
Folia e foliões
Pensei em dois assuntos para esta crônica: o Carnaval e a estupefação da sociedade com a eleição dos novos
presidentes do Congresso. Refletindo com certa calma, verifiquei que os dois temas, aparentemente tão
conflitantes, no fundo são a mesma coisa: aquilo que em tempos idos chamavam de “folia”.
(conY, 2013)
REDAÇÃO 51
Professor Wesley Pontes
Nomes genéricos
EXEMPLO 11
Carne artificial é apresentada e degustada em evento em Londres Hambúrguer foi criado
a partir de células de músculo de vacas
O primeiro hambúrguer criado em laboratório foi apresentado e degustado ontem, em uma conferência em
Londres, acompanhado de pão, alface e tomate.
O produto, que saiu da placa de Petri e foi direto para a frigideira, foi provado por dois voluntários, que disseram,
em frente às câmeras de TV, que o sabor se aproximava ao da carne de vaca.
(Folha…, 2013)
EXEMPLO 12
Da janela da pequena casa de madeira que dividia com os pais e os três irmãos, lagoara avistava seu quintal. As
árvores da floresta amazônica e as águas do rio funcionavam como cenário das brincadeiras do indiozinho da
etnia kambeba. Correr, subir em árvores, caçar, nadar e pescar eram as brincadeiras que faziam o tempo passar
para os curumins em sua tribo, a cerca de quatro horas de barco de Manaus, em uma área de proteção ambiental
do rio Negro.
(laJolo, 2015)
Nominalização
EXEMPLO 13
Uma vez anotei todas as senhas. Mas onde guardar a anotação? E como lembrar onde foi guardada, depois? Seria
preciso outra anotação, com o lugar onde foi guardada, mas onde guardá-la? Não. Anotar também não é
aconselhável. A conclusão é que o mais seguro de tudo é esquecê--las todas. Pronto. Estou completamente
blindado, inclusive contra mim mesmo. Não sou eu para nada. Não existo. Melhor assim.
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EXEMPLO 14
Desmantelo só quer começo
Onze controles remotos, eis o surpreendente saldo da minha faxina: 11 controles remotos que há muito já não
controlavam, mesmo que remotamente, coisa alguma.
Ao longo dos anos, as TVs, aparelhos de som, DVDs e videocassetes (juro, até videocassetes) a que serviram foram
partindo e deixando-os para trás: órfãos, sem ocupação ou residência fixa, vagavam pela casa ao sabor do acaso;
erravam pelos planaltos das cômodas e acampavam nas cordilheiras dos sofás como paraquedistas caídos no
deserto; escondiam-se em gavetas e estantes como aqueles soldados japoneses que, décadas após o fim da guerra,
seguiam enfronhados na mata, temendo o inimigo.
(Prata, 2014)
EXEMPLO 15
Em lndaiatuba, um casamento pelo MSN
“Já realizei casamentos em casa, cadeia, hospital, fazenda… mas pela internet é a primeira vez’: conta o juiz de paz
Leonel Maciel, de 84 anos e 42 de profissão, antes de celebrar a união civil do engenheiro mecânico Winston
César Silva, de 32 anos, com a assistente administrativa Márcia Maria Lança, de 31.
O “sim” do casal foi ouvido pelos familiares e testemunhas via MSN. Winston e Márcia moram há 3 anos na Suíça
e precisavam formalizar o casamento para prorrogação do visto na Europa.
As imagens dos noivos foram enviadas por uma webcam e projetadas em um telão no Cartório de lndaiatuba. Na
Itália, o casal também recebia as imagens. “Nossa preocupação era se haveria conexão”, comentou o pai do
noivo. Após algumas falhas, tudo correu bem.
(souZa, 2010)
E agora, qual é o referente das formas coesivas: “o juiz de paz”, “o sim”, “os noivos”?
Como é de nosso conhecimento, geralmente, os referentes, quando aparecem pela primeira
vez no texto, vêm acompanhados de artigo indefinido e, quando reaparecem, vêm com artigo
definido. Isso significa que uma das funções do artigo indefinido é introduzir um referente no texto.
Por sua vez, o artigo definido promove a reativação ou retomada desse referente,
sinalizando a mudança de status: de informação nova para informação conhecida, alocada
na memória do leitor/ouvinte, como podemos observar em:
Era uma vez um rei que tinha dois filhos. O rei vivia descontente porque os filhos brigavam demais.
REDAÇÃO 53
Professor Wesley Pontes
Voltando ao exemplo 15, vimos que os referentes “o juiz de paz”, “o sim”, “os noivos”
são introduzidos sob a capa do dado, do conhecido, daí o uso do artigo definido. O
procedimento não causa estranheza nem dificulta a compreensão do texto, porque facilmente
relacionamos esses referentes ao frame ou modelo mental que temos de casamento.
Dizendo de outro modo: os referentes “o juiz de paz”, “o sim”, “os noivos” são introduzidos
e compreendidos como alguns dos elementos que compõem o nosso modelo mental de
casamento, termo que, no texto, serve de gatilho ou âncora para a introdução daquelas
expressões nominais definidas e sua compreensão.
A COESÃO SEQUENCIAL
A coesão sequencial diz respeito a procedimentos linguísticos por meio dos quais se
estabelecem entre segmentos do texto (enunciados, partes de enunciados, parágrafos,
sequências textuais) diversos tipos de relações semânticas ou pragmático-discursivas, à medida
que se faz o texto progredir, nos ensina Koch (2004).
A coesão sequencial pode ocorrer com a reiteração de formas linguísticas. Nesse caso,
podem ser destacados na progressão textual os seguintes tipos de recorrências.
Repetição de termos
EXEMPLO 16
54
No anúncio, a repetição de “nem dela, nem dela, nem dela” é uma estratégia usada na
progressão textual que chama a atenção para o fato de que se repete a forma, mas não o
sentido, porque não há uma identidade total entre os elementos repetidos. No contexto do
anúncio, a repetição indica que não se trata da mesma pessoa, ou seja, o referente para o
pronome muda a cada repetição.
EXEMPLO 17
REDAÇÃO 55
Professor Wesley Pontes
No exemplo, observamos uma identidade na estruturação dos enunciados:
Por quê? Porque eles começam sempre da mesma forma – uso de forma nominal do verbo
– “descoberta, colonizada, erguida + agente da passiva: pelos portugueses, pelos italianos,
pelos brasileiros, respectivamente.
A que essas formas se referem? À cidade de são Paulo. Essa cidade é que foi “descoberta”,
“colonizada” e “erguida” por agentes distintos. Daí o uso do feminino na forma nominal dos
respectivos verbos.
A esse tipo de repetição de uma mesma estrutura sintática que a cada vez é preenchida
com itens lexicais diferentes dá-se o nome de paralelismo: um recurso que promove a
progressão textual com função retórica ou persuasiva.
EXEMPLO 18
Arroto dos bois esquenta o mundo e deixa pesquisadores pessimistas
Achar maneiras de minimizar o efeito dos arrotos de bois e vacas – por incrível que pareça, uma fonte importante
de gases que aquecem o planeta – pode ser mais difícil do que se imaginava, indica um novo estudo.
Esperava-se que, conforme a criação de bovinos ficasse mais eficiente – ou seja, com os animais ganhando o
mesmo peso, mas consumindo menos comida –, seria reduzida a emissão de metano (CH4), gás causador do efeito
estufa produzido durante a digestão dos bichos.
(loPes, 2015)
No exemplo, o segmento “ou seja, com os animais ganhando o mesmo peso, mas
consumindo menos comida” reapresenta com mais precisão o conteúdo do enunciado que o
ante- cede, “conforme a criação de bovinos ficasse mais eficiente”.
Também a coesão sequencial pode ocorrer sem a reiteração de formas linguísticas. Nesse
caso, as estratégias de coesão textual são usadas para garantir a continuidade do tema, o
estabelecimento de relações semânticas ou pragmáticas entre segmentos maiores ou menores
do texto, a ordenação e articulação de sequências textuais. No conjunto dessas estratégias,
destacam-se a progressão temática e o encadeamento.
56
Progressão temática
A progressão temática diz respeito ao modo como se encadeiam os temas (aquilo que se
toma como base da comunicação, aquilo de que se fala) e os remas (aquilo que se diz a res-
peito do tema) em frases sucessivas.
Nos estudos de danes (1970), recuperados por Koch (2004), são apresentadas algumas
formas de progressão temática. Vamos tratar de algumas dessas formas a seguir.
EXEMPLO 19
O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar
sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: “Estou
fazendo. Estou pensando. ”
Para não esquecer, anote: botânica é a ciência que estuda os vegetais em todos os sentidos. Ela se divide em
alguns ramos, como a botânica sistemática ou taxonomia, que ordena e classi- fica as plantas descobertas; a
fisiologia vegetal, que analisa os processos vitais da planta, como a nutrição e a reprodução; a morfologia vegetal,
que leva em conta a forma e a estrutura das plantas; a fitopatologia, que verifica as doenças que atingem os
vegetais; a paleobotânica, que estuda a flora já extinta do planeta; a fitogeografia, que descreve e explica, por
exemplo, a distri- buição das plantas segundo o clima e o relevo; a sociologia vegetal, que estuda as comunidades
de plantas que formam as diferentes espécies; e a ecologia vegetal, que se ocupa da relação das plantas com o
meio ambiente.
REDAÇÃO 57
Professor Wesley Pontes
Também a progressão temática pode ocorrer com a divisão ou explosão do tema. no
exemplo, o tema “botânica” se divide em muitos outros, que, esquematicamente, repre- sentamos
conforme a figura a seguir:
T2 fisiologia vegetal
T3 morfologia vegetal
T4 fitopatologia
Botânica
T T5 paleobotânica
fitogeografia
T6
sociologia vegetal
T7
ecologia vegetal
T8
EXEMPLO 21
Tofu é a ricota oriental.
(JaiMe, 2010)
58
PROGRESSÃO TEMÁTICA LINEAR
A B
Tofu é a ricota oriental
B C
A ricota o chuchu dos queijos
C D
E o chuchu é o quarto estado da água
Encadeamento
WhatsApp passa a avisar usuários quando mensagem é lida e causa irritação e ansiedade; ‘recurso’ não pode ser
desativado
(roMani, 2014)
EXEMPLO 23
Quero corar
Faz tempo que eu não coro. Acho que, atualmente, só fico vermelha nas minhas aulas de ioga,
Será que, com o tempo, a gravidade não age só em nossa pele e nossos músculos mas também em nossa corrente
sanguínea, impedindo que o sangue nos chegue às faces, mesmo que numa situação constrangedora? Ou será que
não tenho tido motivos para corar? Não, sempre há motivos para corar.
No exemplo 23, destacamos o encadeamento que ocorre por meio do uso de conectores que
estabelecem relações lógico-semânticas ou discursivo-argumentativas.
REDAÇÃO 59
Professor Wesley Pontes
Por meio das relações lógico-semânticas, encadeiam-se conteúdos ou estados de coisas de que
falam os enunciados anteriormente apresentados. no exemplo, observamos que entre os
enunciados “acho que, atualmente, só fico vermelha nas minhas aulas de ioga, quando insisto em
tentar a posição invertida.”, a conjunção “quando” estabelece uma relação lógico-semântica de
temporalidade.
No trecho, o par correlato de conectores “não só… mas também” liga dois argumentos a
favor de uma mesma conclusão; por sua vez, o uso do “ou” indica disjunção argumentativa que
aponta para uma provocação ou convocação à concordância.
Resumidamente, apresentamos no quadro a seguir as estratégias de coesão textual
estudadas.
60
QUADRO DE ELEMENTOS COESIVOS SEQUENCIAIS
REDAÇÃO 61
Professor Wesley Pontes
conclusão.
Exclusão Apenas, salvo, senão, só, somente, exclusive, menos, exceto, fora,
tirante, etc.
62
OUTROS RECURSOS COESIVOS
a) e, além de, além disso, ademais, ainda, mas também, bem como, também - servem para
acrescentar ideias, argumentos.
b) embora, não obstante, apesar de, a despeito de, contudo - estabelecem relação de concessão,
de resignação.
c) mas, porém, entretanto, no entanto, sob outro ponto de vista, de outro modo, por outro lado,
em desacordo com - estabelecem oposição entre ideias
d) assim, dessa forma, portanto, desse modo, enfim, ora, em resumo, em síntese - servem para
complementar e concluir ideias
e) assim como, da mesma forma que, como, tal que - estabelecem relação de comparação de
semelhança.
f) de fato, realmente, é verdade que, evidentemente, obviamente, está claro que - são usadas
para fazer constatações ou para se admitir um fato.
g) porque, devido a, em virtude de, tendo em vista isso, face a isto - servem para introduzir
explicações.
h) sobretudo, principalmente, essencialmente - são usados para dar ênfase ou destaque a algum
fato ou ideia
i) antes que, enquanto, depois que, quando, no momento em que - estabelecem relação de
temporalidade.
PRONOMES RELATIVOS:
O pronome relativo em essência liga duas orações (por isso é um conectivo), sempre substitui
termo ou palavra antecedente . A depender da função, pode vir preposicionado por preposição.
Ex: Essa é a pessoa a quem me referi.
Ex: Essa é a pessoa de quem falei.
O pronome relativo “que”
Não traz marcas nem de número nem de gênero. Pode ser usado para referir-se à ideia de
pessoa, coisa, tempo, lugar, etc., ou seja, é universal.
Ex.: A revista que difamou o deputado foi processada.
O pronome relativo “o qual, a qual, os quais, as quais”
Em geral, traz equivalência de uso em relação ao pronome relativo “que”, mas, por haver as
marcas de gênero e número, muitas vezes desfaz ambiguidades.
REDAÇÃO 63
Professor Wesley Pontes
Não pode ser seguido de artigo, mas pode ser antecedido por preposição; (Para lembrar: nada
de cujo o, cuja a, cujo os, cuja as...)
Não pode ser substituído por outro pronome relativo.
Ex: Vi o filme cujo diretor ganhou o Oscar.
Ex: Vi o filme a cujas cenas você se referiu.
O pronome relativo “cujo” faz referência ao termo que aparece depois dele, então, tem função
catafórica.
O pronome relativo “onde”
Só pode ser usado quando o antecedente indicar lugar físico, com sentido de “posicionamento
em”. Então é utilizado com verbos que pedem “em”.
Ex: A academia onde treino não tem aulas de MMA.
Veja que é errado usar o onde para outra referência que não seja lugar físico.
Ex: Essa é a hora onde o aluno se desespera.
Ex: Essa é a hora em que/na qual o aluno se desespera.
O pronome relativo “aonde” é usado nos casos em que o verbo pede a preposição “a”,com
sentido de “em direção a”.
Ex: Vou aonde eu quiser.
O pronome relativo arcaico “donde”, que equivale a “de onde”, é usado nos casos em que o
verbo pede a preposição “de”, com sentido de “procedência”.
Ex: Volto donde eu quiser quando eu quiser.
O pronome relativo “como”
É usado quando o antecedente for palavras como forma, modo, maneira, jeito, ou outra, com
sentido de “modo”.
Ex: Não aceito o jeito como você fala comigo.
Ex: Não aceito o jeito com que você fala comigo.
O pronome relativo “quando”
É usado nos casos em que o antecedente tiver sentido de “tempo”.
Ex: Sinto saudade da época quando eu não tinha preocupações.
O pronome relativo “quanto”
É usado nos casos em que o antecedente tiver sentido de “quantidade”.
Ex: Consegui tudo quanto queria, exceto tempo para desfrutar.
Temos que ter atenção à preposição que o verbo vai pedir, lembre-se de que temos que
enxergar sintaticamente o relativo como o próprio termo a que se refere:
Ex: O menino a que me referi morreu. (referi-me “a” que= o menino=)
Ex: O escritor de cujos poemas gosto morreu. (gosto “de” cujos=poemas do escritor)
Ex: Esqueci o valor com quanto concordei (concordei “com” quanto=o valor).
64
REDAÇÃO 65
Professor Wesley Pontes
66
COMPETÊNCIA IV - MINIGLOSSÁRIO
Observação: Este miniglossário tem como objetivo compartilhar algumas decisões tomadas pela
banca, baseando-se em dúvidas frequentes, no intuito de tornar ainda mais operacional a
avaliação da Competência IV na redação do Enem. As definições pautam-se pelos dicionários
Aulete e Houaiss. O fato de alguns termos não serem aceitos como elemento coesivo não significa
que a presença deles no texto seja entendida como inadequação. Conforme exposto no Material
de Estudos, a inadequação se caracteriza pelo uso de um conectivo com função semântica que não
lhe cabe. Casos especiais não citados devem ser encaminhados como dúvida ao supervisor.
1. Intencionalmente, de propósito;
2. Previamente.
Adrede Ex. A indústria cinematográfica, de adrede, privilegia a exibição de
filmes de ação.
Ex. Adrede, o cinematógrafo era um experimento científico.
REDAÇÃO 67
Professor Wesley Pontes
3. por dedução, a partir de elementos prévios
68
Termos aceitos Definição e exemplos
À guisa de
conclusão, ...
São operadores argumentativos e podem ser empregados intra ou
Concluindo, ...
interparágrafos.
Conclui-se que...
Diante do exposto,
Além disso, ...
Isso posto, ...
São operadores argumentativos e podem ser empregados intra ou
Dito isso, ...
interparágrafos.
Com isso, ...
Outro fator, ...
Assim, …
São operadores argumentativos e podem ser empregados intra ou
Dessa forma /modo,
interparágrafos.
Com efeito, ...
Como / Em
consequência de…,
Consequentemente,
Concomitantemente São operadores argumentativos e podem ser empregados intra ou
interparágrafos.
Simultaneamente a
isso, …
Paralelamente, …
1. Embora, se bem que, não obstante.
Introduz uma oração subordinada que contém a afirmação de um fato
Conquanto contrário ao da afirmação contida na oração principal, mas que não é
suficiente para anular este último;
Ex.: Os filmes nacionais são preteridos nos cinemas brasileiros,
conquanto celebrados em grandes festivais pelo mundo todo.
1. Liga orações ou períodos que apresentam as mesmas propriedades
sintáticas; introduz o segmento que, basicamente, denota uma
Porquanto justificação, explicação para o que foi dito anteriormente: porque; visto
que, já que.
Ex.: As populações periféricas não têm acesso à sétima arte, porquanto
as salas de cinema estão restritas aos grandes centros urbanos.
(loc. conj.)
1. Embora; ainda que; se bem que; apesar de.
2. expressão que indica a razão, a causa, o motivo de; dado que; visto
Posto que que; pois; porque;
Ex.: Posto que existam políticas de acessibilidade para surdos e
cadeirantes, esses grupos ainda pouco frequentam os cinemas.
Ex: As realizações cinematográficas carecem de mais incentivo
financeiro no Brasil, posto que os custos de produção são altos.
1. Assim, desta maneira, dessarte.
Ex.: É papel da Ancine a regulação e o fomento ao audiovisual no país.
Dessarte /Destarte
Destarte, ela garante a democratização da produção e distribuição de
filmes nacionais para todos os brasileiros.
REDAÇÃO 69
Professor Wesley Pontes
1. Igualmente, do mesmo modo.
Ex.: Os filmes comerciais, de modo geral, representam em seus enredos
Outrossim uma pequena parcela da sociedade. Outrossim, os produtores dos
grandes estúdios não atentam para a diversidade cultural no roteiro
dessas produções.
1. A fim de; com o objetivo de. (geralmente precede um verbo no
infinitivo e, neste caso, é aceito como operador argumentativo).
* Lembramos que é sempre preciso avaliar se esse “para” com sentido
de “ a fim de” está sendo empregado de modo intra ou interparágrafos.
Ex. Para garantir a democratização do acesso ao cinema no Brasil, cabe
ao Ministério da Educação incluir a cultura cinematográfica nas escolas.
Ex. Para não aprovar novos financiamentos a produções
cinematográficas da região sudeste, a Ancine utilizou como argumentou
a necessária expansão do mercado em outras regiões do Brasil.
Obs. Os demais empregos desta preposição são legítimos e participam
da construção da coesão, embora não sejam operadores
argumentativos. Eles integram um nível mais básico da coesão, do
mesmo modo que outros coesivos apenas levados em consideração
Para ... para diferenciar os níveis zero e 1* (“com”, “e”, “por”).
“Para” não aceito como operador argumentativo:
Ex. “A democratização do cinema é importante para a sociedade”.
*Levando-se em conta a necessidade de distinguir os níveis de texto em
uma correção em larga escala e aquilo que se espera de um texto
dissertativo-argumentativo, elementos como "e", "com", "por", "pela",
“que”, “para” (sem sentido de “a fim de”), “de” etc., não são contados
como repetição penalizável, pois podem ser recorrentes em um dado
conjunto textual, mas, aliados a operadores argumentativos e a outras
formas de coesão, não prejudicam a articulação do texto (casos
esdrúxulos devem ser enviados como dúvida pedagógica). Não
contamos as ocorrências desses elementos coesivos na ideia de
presença (rara-pontual-regular-constante-expressiva), pois, embora
legítimos, operam em um nível muito básico na articulação do texto
argumentativo.
70
CITAÇÕES PARA EMPREGAR NA REDAÇÃO
Prezados alunos, prezadas alunas!
Bons estudos!
Renato de Souza Alves.
Professor de História, Filosofia e Sociologia.
Graduado em História.
Mestre em História.
Especialista (latu senso) em Filosofia.
“[]
”
Ruth Benedict. Padrões de Cultura.
Ruth Benedict (1887 – 1948) é umas das mais importantes antropólogas americanas.
Vinculada à tradição do relativismo cultural, sua obra clássica, Padrões de Cultura, é uma referência
indispensável para se compreender como os costumes influenciam no modo como nós percebemos
o mundo. O fragmento destacado pode ser utilizado em temáticas relacionadas a família,
educação, globalização, coletividade social, relações sociais e cultura.
”
Edward Tylor.
REDAÇÃO 71
Professor Wesley Pontes
O britânico Edward Tylor (1832 – 1917) foi um grande professor e antropólogo na Universidade
de Oxford, além de responsável pelos estudos da corrente chamada de evolucionismo cultural.
“ ”
Conrad Kottak.
Um Espelho para a humanidade.
Kottak é um antropólogo estadunidense e professor da Universidade de Michigan. Possui
vasta publicação no campo da antropologia cultural.
“ ”
Cicero
Marcus Tullius Cicero (106 a.C - 43 a.C) foi um importante político da República romana, além
de grande escritor e filósofo. No excerto acima, Cicero nos revela sua defesa da Justiça, do Direito
e da sociedade civil como as grandes expressões de uma verdadeira república. Pode ser utilizado
em temas sobre cidadania, Estado, segurança.
“ ”
Jean-Paul Sartre
”
Jean-Jacques Rousseau. Do Contrato Social.
Rousseau foi um grande pensador do século XVIII no contexto do movimento iluminista. Suas
obras contribuíram com a filosofia, a sociologia, a ciência política e a educação. O excerto destaca
a defesa do autor a liberdade humana como algo inexorável.
72
“
”
Nietzsche. Crepúsculo dos Ídolos
Suas obras deixaram marcas profundas não somente na filosofia, mas também no
desenvolvimento da psicologia. Considerado como um dos mais contundentes críticos à ideia de
modernidade. O fragmento nega a diminuição do homem a qualquer ideal, projeto, essência ou
natureza que lhe determine. Filósofos como Sartre, Foucault, Beauvoir dialogam com essa ideia.
“
”
Pierre Bourdieu. Questões de Sociologia.
Filósofo e Sociólogo francês, Bourdieu (1930 – 2002) desenvolveu profundas pesquisas nos
campos de cultura e comportamentos, estratificação social, status, gosto. O fragmento acima nos
revela como a tentativa de negar ou maquiar aquilo que já ocorreu (a História) revela os traumas
e as máculas que ela ainda conserva no presente. Por exemplo, negar o racismo, a homofobia, o
nazismo, o holocausto, os privilégios, a ditadura e a tortura na ditadura brasileira é a demonstração
mais viva de como esses eventos ainda influenciam no cotidiano.
”
Pierre Bourdieu. Questões de Sociologia
O fragmento em destaque pode ser utilizado em temas sobre racismos e preconceitos. Por
exemplo: a violência contra minorias como indígenas, negros, LGBT.
“
”
François Poulain de la Barre
REDAÇÃO 73
Professor Wesley Pontes
Poulain de la Barre (1647-1725), a respeito da condição da mulher na questão dos direitos.
Poulain, pensador francês influenciado pelos escritos de René Descartes, foi um dos poucos
defensores da causa feminina entre os séculos XVII e XVIII. Para ele, o desrespeito às mulheres era
um equívoco de inteligência e uma subversão da natureza. O trecho acima pode ser utilizado em
temas sobre gênero, dominação masculina, machismo patriarcalismo, feminismo, inclusão das
mulheres na política.
Eu não desejo que as mulheres tenham poder sobre os homens; mas sobre si mesmas.
Mary Wollstonecraf.
Wollstonecraf (1759 – 1797) é uma das pioneiras na luta por justiça e igualdade para as
mulheres. Além dos escritos sobre a condição da mulher na sociedade francesa, também escrevia
sobre política e educação. Suas principais obras foram “Pensamentos sobre a educação das filhas”
e “A reivindicação dos direitos das mulheres”.
“ ”
Simone de Beauvoir (1908-1986),
O Segundo Sexo.
“
”
Simone de Beauvoir
Beauvoir foi uma grande filósofa e escritora francesa. Ao contrário do que pensam muitas
pessoas, o livro não foi escrito com o propósito de ser um manifesto feminista. Ele foi o resultado
de uma vasta pesquisa. Um dos objetivos do livro é mostrar como a mulher se determina e se
diferencia em relação ao homem, e não o contrário. A mulher representa o inessencial, ao passo
que o homem se apresenta como o essencial. O homem é o neutro e o positivo; a mulher, o
negativo.
”
Simone de Beauvoir. O Segundo Sexo.
74
Essa frase, apesar de pertencer ao contexto relacionado à luta da mulher por liberdade,
pode ser utilizada em qualquer discussão sobre liberdade, conservadorismo, padronização,
opressão, determinismos. O excerto ilustra bem a importância de se combater tradições e
autoridades instituídas. Nada se justifica correto e bom simplesmente por sua existência longeva,
institucional ou legal.
“ ”
Simone de Beauvoir.
“ ”
Simone de Beauvoir.
”
Simone de Beauvoir.
“
”
Simone de Beauvoir.
REDAÇÃO 75
Professor Wesley Pontes
Fragmento de correspondência enviada a Sartre. Para falar sobre liberdade, identidade,
autonomia.
Simone de Beauvoir.
“ – –
”
Nietzsche, O Crepúsculo dos Ídolos.
76
“
[]
”
Wilhelm Reich, Psicologia de massas do fascismo.
Médico, psicanalista e colaborador de Freud, Wilhelm Reich (1987 – 1957), define o fascismo
como uma atitude emocional e irracional do homem oprimido, de caráter frágil, instável e
maleável. A ideia apresenta no box se coaduna em temas relacionados a violência, opressão,
ideologias autoritárias.
”
Wilhelm Reich. A função do orgasmo.
“
”
Wilhelm Reich. A função do orgasmo.
O fragmento pode ser explorado em temas sobre saúde, bem-estar, conflitos, construção de
identidade e personalidade.
”
Wilhelm Reich. A função do orgasmo.
Utilize a ideia acima (o trecho é longo, faça uma paráfrase ou recorte uma pequena parte)
para tratar sobre experiência, conflitos individuais, questões psíquicas.
REDAÇÃO 77
Professor Wesley Pontes
“
”
Wilhelm Reich. A função do orgasmo.
Para você dialogar com temáticas relacionadas a bem-estar, maneiras de se lidar com
problemas. Você pode usar a primeira parte para contextualizar a importância e o potencial da
classe média. Já a segunda parte, como uma contundente crítica ao seu conservadorismo, por
exemplo. Ressalto que o fragmento acima é parte de um parágrafo em que Wilhelm nos apresenta
a relação quase espontânea entre classes médias e fascismo.
”
Wilhelm Reich. Psicologia de Massas do Fascismo.
”
Wilhelm Reich. Psicologia de Massas do Fascismo.
Sobre o ímpeto de poder, controle e subjugação de setores de uma sociedade sobre os demais.
No caso apontado, os pressupostos moralizantes e conservadores típicos de classes médias se
coadunam com os discursos e propostas fascistas (mesmo que os próprios apoiadores sejam
cerceados, eles ainda se conservam em certo status acima de outros grupos mais vulneráveis ao
ódio característico de ideologias totalitárias). Sem uma massiva adesão das classes médias italianas
e alemãs o fascismo (Mussolini e Hitler,) não teria prosperado tão facilmente.
78
“
”
Nietzsche
Amor Fati é a proposta de Nietzsche para que o homem se reconcilie com a vida, com a
existência e consigo mesmo. Que não se paute por idealismos e perfeições que se encontram
sempre num horizonte a por vir ... sempre prometido, nunca atingível. É uma maneira de encarar
a vida como ela é: inconstante; amarga, mas também prazerosa. Essa ideia foi muito bem
traduzida pela poetisa russa Lou Salomé em Hino à Vida.
”
Wilhelm Reich. A função do orgasmo.
“ ”
Erich Fromm
“
”
Erich Fromm
REDAÇÃO 79
Professor Wesley Pontes
Sobre construção de identidade, liberdade, luta por direitos.
“ ”
Erich Fromm
“ []
– ”
Nietzsche, Assim Falou Zaratustra.
Ressalva para temas vinculados à moral, justiça, justiceiros, milícias. Não faltam exemplos no
Brasil de hoje!
“
”
Nietzsche, Crepúsculo do Ídolos.
“
”
Caetano Veloso, música Um Índio.
Para trabalhar diversidade, pluralismo. Você também relacionar com: violência; cultura do
estupro; feminicídio; fobias contra minorias e seu extermínio; destruição da natureza e seus recursos
(Mariana e Brumadinho, Belo Monte); miséria; déficit habitacional; crise na segurança e na saúde;
corrupção.
”
Max Weber
80
Weber foi um grande sociólogo, compondo a tríade clássica da Sociologia com Durkheim e
Karl Marx. O excerto faz parte da obra Política e Ciência: duas vocações.
”
Max Weber
“ ”
Weber
“ ”
Hannah Arendt. A Condição Humana.
Hannah Arendt (1906 – 1975) é considerada por muitos como a maior filósofa do século XX.
O excerto deixa claro que não se pode esperar o fim da violência e a degradação do homem se
não fundarmos a sociedade a partir da liberdade e da dignidade. Negar essas premissas ao outro
é violar a sua e a minha dignidade, diminui a humanidade em ambos.
“
”
Hannah Arendt
REDAÇÃO 81
Professor Wesley Pontes
Sobre modelos educacionais opressores, violentos e autoritários que diminuem a autonomia do
sujeito os reduzindo a seres disciplinados, subservientes e incapazes de refletirem sobre si próprio.
“ ”
Sêneca
Pensador estoicista que viveu no Império Romano do século I. O trecho cabe para exaltar o
bom viver, dedicar-se a coisas significativas, cuidar de si mesmo.
“ ”
Saint-Evremond (1613 – 1703)
“ ”
Arthur Schopenhauer (1778-1860)
Cícero
”
Arthur Schopenhauer
Mahatma Gandhi
“ ”
Paulo Freire
82
A despeito das críticas pueris e demagógicas de alguns setores da intelligentsia nacional –
verdadeiros estelionatários do conhecimento cientifico alheio –, Paulo Freire é, seguramente, um
dos maiores educadores brasileiros e o mais reconhecido internacionalmente.
“
”
Paulo Freire
Crítica a um modelo educacional pragmático e preocupado somente com as necessidades
técnicas do mercado.
“
”
O juízo moral na criança. Jean Piaget
Use essa sentença para falar sobre educação e inovação. Jean Piaget (1896-1980) foi o nome
mais influente no campo da educação durante a segunda metade do século 20, a ponto de quase
se tornar sinônimo de pedagogia. Ele nunca atuou como pedagogo. Antes de mais nada, Piaget
foi biólogo e dedicou a vida a submeter à observação científica rigorosa o processo de aquisição
de conhecimento pelo ser humano, particularmente a criança. (Cf. novaescola.org.br)
“ ”
Plotino
“
”
Darcy Ribeiro, 1982
Darcy Ribeiro foi um dos grandes cientistas socias e político do Brasil. Se engajou na luta pelos
direitos dos povos indígenas e em defesa da educação. A sentença acima é autoexplicativa e
vivemos os efeitos dela.
“ ”
Darcy Ribeiro
REDAÇÃO 83
Professor Wesley Pontes
Sobre a realidade do sistema educacional brasileiro e de como ele é feito para não dar certo. O
pouco êxito que produz deve-se ao trabalho intenso de vários profissionais da área. Para piorar a
situação, se ante esses profissionais não eram valorizados em suas atividades, agora são estigmatizados
como os responsáveis por todos os problemas, além de manipuladores, doutrinadores e outras
depreciações. O professor virou o inimigo nacional. E quem são os heróis? Isso deve explicar um pouco
a lastimável situação em que nos encontramos como sociedade e nação.
“
”
O cotidiano e a história, Agnes Heller.
“
”
Epicuro.
Para temas sobre Justiça, Civilização e Barbárie, Estado e a presença ou ausência de suas
instituições.
“
”
Mary Daly
“ ”
Nicolau Copérnico.
Grande cientista do século XVI, o prussiano Copérnico revolucionou a astronomia com a Teoria
Heliocêntrica. A sentença ressalta a magnificência da natureza. Nossa sobrevivência depende dela!
“ ”
Zygmunt Bauman
84
Um dos maiores intelectuais do século XX e XXI, o filósofo e sociólogo polonês Zygmunt Bauman
nos explicita a frugalidade, a maleabilidade e a inconstância da vida e de tudo o que nos diz
respeito: das instituições aos afetos. Você também pode aproveitar essa ideia e aplicá-la, como uma
crítica, em outros assuntos como devastação do meio ambiente.
“ ”
Zygmunt Bauman
Use essa passagem para destacar a importância de estar conectado ou para criticar o excesso
de exposição em redes sociais. Buscamos conexões virtuais e nos isolamos de relações pessoais.
Outra possibilidade é olhar para propaganda de marcas e seus produtos.
“ ”
Zygmunt Bauman
”
Zygmunt Bauman
”
Zygmunt Bauman
”
Milton Santos
REDAÇÃO 85
Professor Wesley Pontes
O geógrafo brasileiro Milton Santos (1926-2001) é um dos críticos da globalização. Seu livro
Por uma outra globalização é um clássico sobre o assunto. Nele, Milton Santos nos apresenta os
três vieses da globalização: Fábula (o mundo como nos fazem crer), Perversidade (o mundo como
ele realmente é) e Possibilidade (como governos, empresas e sociedade podem construir um mundo
mais justo e igualitário).
”
Milton Santos
“ ”
Albert Einstein
“
”
“
”
Gilberto Freyre. Casa-Grande e Senzala
86
Para temas relacionados à Família, por exemplo, sua relevância na conformação das
sociedades, pode-se citar Gilberto Freyre e o destaque que ele atribui à “família patriarcal” e
“hibrida” de portugueses, índios e africanos como a grande responsável pela colonização do Brasil.
Atenção: faça a crítica pertinente!
“
”
Max Weber apud Baumam. Para que serve a sociologia?
“
[] “
””
Gilberto Freyre. Casa-Grande e Senzala
“…
”
Maria Lygia Quartim de Moraes
REDAÇÃO 87
Professor Wesley Pontes
Do livro História da Cidadania. Sobre o condicionamento comportamental na educação das
meninas que naturalizam a maternidade como um destino inexorável às mulheres.
”
Maria Lygia Quartim de Moraes
“ ”
Rosa Luxemburgo (1871-1919)
“ ”
Hannah Arendt
O último livro publicado por Arendt, em 1963, traduzido no Brasil sob o título Sobre a
Violência, é inteiramente dedicado a compreender por que o mundo vivia (e ainda vive) uma
escalada de destruição e guerras. Ela mostra que a glorificação da violência não se restringe à
minoria de militantes e extremistas. E que a base do poder é, na realidade, convivência e
cooperação. Segundo Arendt, a violência destrói o poder, pois se baseia na exclusão da interação
e da cooperação entre as pessoas. ( Cf. Revista Galileu)
“[] ‐
‐
”
Tavares dos Santos
88
“[]
”
Marílena Chauí. Ética e Violência.
REDAÇÃO 89
Professor Wesley Pontes
Quanto à terminação em NS, há duas vertentes, ou seja, pode-se ver a questão pelo lado das paroxítonas
ou das oxítonas:
a. paroxítonas terminadas em ENS não são acentuadas: hifens, itens, germens, polens, abdomens,
imagens, jovens, nuvens, totens;
b. paroxítonas em ONS são acentuadas: elétrons, prótons, nêutrons;
ou:
d) Proparoxítonas: são todas acentuadas. É o caso de: lâmpada, Júpiter, relâmpago, lúdico,
Atlântico, tecnológico, psicológica, pássaro, pêssego, autêntico, óculos, período.
Eram acentuados os ditongos tônicos abertos: éi, ói, éu, seguidos ou não de s. Agora ficou assim:
O ditongo aberto éu, seguido ou não de s, é acentuado. É o caso de chapéu e céus. Cuidado:
não haverá acento se o ditongo aberto não for tônico: aneizinhos, chapeuzinhos, heroizinho.
Some o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (as que têm a penúltima
sílaba mais forte):
Antes
européia, idéia, heróico, apóio, bóia, asteróide, Coréia, estréia, jóia, platéia, paranóia, jibóia,
assembléia
Depois
europeia, ideia, heroico, apoio, boia, asteroide, Coreia, estreia, joia, plateia, paranoia, jiboia,
assembleia
90
Agora preste atenção: herói, papéis, troféu mantêm o acento (porque têm a última sílaba mais forte).
f) Hiatos:
I / U: quando a segunda vogal do hiato for i ou u, tônicos, acompanhados ou não de s, haverá
acento: saída, faísca, carnaúba, viúva, país, baú, Jaú, balaústre, caíste.
Obs.: Quando o I ou U tônicos do hiato vierem seguidos de outra letra (que não o s) na mesma
sílaba, não se acentuam: Sa-ul, a-in-da, ru-im, ca-ir-mos, ju-iz, ca-iu.
Quando o I tônico do hiato vier seguido de nh na sílaba seguinte, não se acentuam: ra-i-
nha, ta-i-nha, mo-i-nho.
Antes
Baiúca, bocaiúva, feiúra
Depois
Baiuca, bocaiuva, feiura
Agora preste atenção: Se o i e o u estiverem na última sílaba, o acento continua como em:
tuiuiú ou Piauí.
REDAÇÃO 91
Professor Wesley Pontes
Os hiatos ÔO e ÊEM eram acentuados, mas perderam o acento. Veja quadrinho:
Portanto, some o acento circunflexo das palavras terminadas em êem e ôo (ou ôos):
Antes
crêem, dêem, lêem, vêem, prevêem, vôo, enjôos
Depois
creem, deem, leem, veem, preveem, voo, enjoos
g) Verbos TER, VIR e seus derivados: são acentuados na 3ª pessoa do plural do presente do
indicativo para diferenciá-los da 3ª pessoa do singular do mesmo tempo e modo:
Com os derivados desses verbos, é preciso lembrar que há acento agudo na 3ª pessoa do singular
e circunflexo na 3ª pessoa do plural do presente do indicativo:
h) Trema: colocava-se o trema nos grupos gue, gui, que, qui, quando o u era pronunciado e átono.
Agora, desaparece em todas as palavras:
Antes
freqüente, lingüiça, agüentar
Depois
frequente, linguiça, aguentar
92
i) Grupos (gue, gui, que, qui): quando a letra u era pronunciada tonicamente, havia acento agudo
como em apazigúe, argúi, obliqúe, averigúem, argúem, obliqúem. Com a reforma ortográfica, some
o acento agudo no u forte nos grupos gue, gui, que, qui, destes verbos.
Antes
Averigúe, apazigúe, argúi
Depois
Averigue, apazigue, argui
j) Acentos diferenciais: algumas palavras que recebiam acento excepcional, para diferenciá-las, na
escrita, de suas homônimas. O acento diferencial sumiu em muitas delas, ficando apenas nos casos
do quadro abaixo:
Antes
Pára, péla, pêlo, pólo, pêra, côa
Depois
Para, pela, pelo, polo, pera, coa
Abaixo é o quadro dos casos de acento diferencial antes da reforma ortográfica:
REDAÇÃO 93
Professor Wesley Pontes
EMPREGO DA VÍRGULA
A pontuação é um outro fator importantíssimo na construção do sentido do texto. A pontuação
inadequada pode mudar completamente o significado daquilo que se deseja expressar.
Em relação aos sinais de pontuação, aquele que mais causa dúvidas, na construção textual, é
a vírgula, por isso daremos ênfase ao emprego dela nessa unidade. Além disso, esse é o único
sinal de pontuação que admite sistematização.
Observação: normalmente, não se separam palavras ligadas com as conjunções e, nem e ou:
Tragam cadernos, lápis e borracha.
Não trouxeram caderno nem borracha.
Tragam lápis ou caneta.
3) separando vocativo:
Roda, meu carro, que é curto o caminho.
94
5) separando locuções adverbiais antepostas ao verbo:
No aeroporto, esperavam-se as autoridades.
O povo, no ano passado, elegeu seus deputados.
Observações:
A vírgula será facultativa:
9) separando datas:
Brasília, 31 de maio de 2003.
A Lei 314, de 18 de maio de 1987.
12) separando orações coordenadas assindéticas e sindéticas, exceto as aditivas ligadas pela
conjunção “e”:
REDAÇÃO 95
Professor Wesley Pontes
Observações:
Usa-se a vírgula com a conjunção e:
c) no polissíndeto:
Passaram os anos, e os amores, e a vida, e a felicidade...
Idéias, como dizia Silveira Martins, não são metais que se fundem.
96
4) separar verbo e agente da passiva:
Os animais foram afugentados pelo vento.
A ópera fora composta por quem já esteve inspirado.
O ponto-e-vírgula
Assinala uma pausa maior que a da vírgula. O seu emprego varia muito de autor para autor.
Emprega-se ponto-e-vírgula nos seguintes casos:
Os dois-pontos
Assinalam uma pausa suspensiva para indicar que a frase não está concluída.
Empregam-se os dois-pontos nos seguintes casos:
1) antes de citações:
Diz um velho provérbio: “A agulha veste os outros, e anda nua”.
REDAÇÃO 97
Professor Wesley Pontes
REGÊNCIA VERBAL ASSISTIR (v.t.d. - v.t.i. ou v.i.)
1) = ver, presenciar (v.t.i. c/prep. a):
Regência é, em gramática, sinônimo de Amanhã quero assistir ao jogo.
dependência, subordinação. Assim, a sintaxe Observação: não aceita o pronome lhe.
de regência trata das relações de Assististe ao jogo? Sim, assisti a ele.
dependência que as palavras mantêm na 2) = dar assistência, auxiliar (v.t.d. ou v.t.i.
frase. c/prep. a):
As enfermeiras assistem os doentes.
Termos regentes Amar, amorInsistiu,
insistênciaObediente, obediênciaCuidado, As enfermeiras assistem aos doentes.
cuidadoso Termos regidosa Deus.em falar. à 3) = caber, pertencer (v.t.i. c/ prep. a):
lei.com a revisão. Assiste aos alunos o dever de estudar.
REGÊNCIA DOS PRINCIPAIS VERBOS 4) = morar, residir (v.i. - adj. adv. c/ prep. em):
Naquele tempo, assistia em planaltina.
AGRADAR / desagradar (v.t.d. ou v.t.i.
ATENDER (v.t.d. ou v.t.i.)
c/prep. a)
1) = fazer carinho, amimar (v.t.d.): 1) = dar atenção a "coisas" (v.t.i. c/prep. a):
Fazia serão para agradar o chefe. Por favor, atenda ao telefone.
2) = ser agradável, satisfazer (v.t.i. c/prep. Atenderei ao chamado do chefe.
a): 2) = dar atenção a "pessoas" (v.t.d. ou v.t.i.):
A notícia não agradou aos investidores. No intervalo, atendo os alunos.
No intervalo, atendo aos alunos.
ACONSELHAR (v.t.d.i. c/prep. a)
1) aconselha-se algo a alguém: 3) = deferir, conceder (v.t.d.):
Aconselhei prudência aos compradores. Deus atenderá meus pedidos.
2) aconselha-se alguém a algo:
Aconselhei o comprador a ser prudente. AUTORIZAR (v.t.d.i. c/prep. a)
(autoriza-se alguém a algo):
ADMIRAR (v.t.d.) Autorizamos o gerente a pagar o cheque.
Sempre admirei seus quadros.
Observação: admirar-se (v.t.i. c/prep. de):
Sempre me admirei dos seus quadros. AVISAR (v.t.d.i. c/prep. a ou de)
(avisa-se algo a alguém, ou alguém de
AGRADECER (v.t.d.i. c/prep. a) algo):
(pagar algo a alguém, obj. direto "coisa", Avise o resultado aos alunos.
obj. indireto "pessoa"): Avise os alunos do reultado.
Agradeceu a compreensão aos amigos. Observação: têm a mesma regência os
verbos: certificar, comunicar, impedir,
ASPIRAR (v.t.d. ou v.t.i. c/prep. a)
1) = sorver, cheirar (v.t.d.): proibir, informar, incumbir, notificar...
É gostoso aspirar seu perfume.
2) = desejar, pretender (v.t.i. c/prep.a): ANUNCIAR (v.t.d.i. c/ prep. a)
Todos aspiram a um bom cargo. (anuncia-se algo a alguém):
Anunciaremos o resultado ao povo.
98
CHAMAR (v.t.d. - v.t.d. ou v.t.i.) ESQUECER (v.t.d.)
1) = convidar, convocar (v.t.d.): Nunca esqueço o seu aniversário.
Chamei os alunos para a sala. Observação: esquecer-se (verbo pronominal,
2) = considerar, tachar v.t.i. c/prep. de):
a) v.t.d. + predicativo: Nunca me esqueço do seu aniversário.
Chamei o aluno de esperto.
Chamei-o de esperto. IMPLICAR (v.t.i. - v.t.d. e v.t.d.i.)
Chamei o aluno, esperto. 1) = ter implicância (v.t.i. c/prep. com):
Chamei-o esperto. A professora implica com meu filho.
b) v.t.i. c/prep. a + predicativo: 2) = acarretar, gerar conseqüência (v.t.d.):
Chamei ao aluno de esperto. Contratação de pessoal implica despesas.
Chamei-lhe de esperto. 3) = envolver (v.t.d.i. c/prep. em):
Chamei ao aluno, esperto. Implicaram o rapaz em vários crimes.
Chamei-lhe esperto.
IR (v.i.)
CHEGAR (v.i. - adj. adv. c/prep. a) 1) direção e retorno (v.i. c/prep. a):
Chegamos cedo à repartição. Pretendo ir a Blumenau.
Ontem, cheguei muito tarde a casa. 2) direção e transferência (v.i. c/prep. para):
Observação: é vício de linguagem usar-se No final do ano, irei para Curitiba.
com preposição em. Observação: é vício de linguagem usar-se
COMPARECER (v.t.i. ou v.i.) com preposição em.
1) atividades (v.t.i. c/prep. a):
Procure comparecer a todas as aulas. LEMBRAR (v.t.d.)
2) lugares (v.i. - adj. adv. c/prep. a ou em): Sempre lembro o seu aniversário.
Poucos compareceram à ou na secretaria. Observação: lembrar-se (v.t.i. c/prep. de):
Sempre me lembro do seu aniversário.
CONVIDAR (v.t.d.i. c/prep. a ou para)
(convida-se alguém a ou para alguma
coisa): MORAR (v.i. - adj. adv. c/prep. em):
Convidei os fiscais a entrar. Ainda moramos na rua Porto Alegre.
Convidei alguns amigos para o jantar. Observação: têm a mesma regência os
verbos: residir, situar-se,
estabelecer-se - e as formas derivadas:
CUSTAR (v.t.d.i. ou v.t.i.) residente, sito, estabelecido:
1) = acarretar (v.t.d.i. c/prep. a): Tenho novo escritório, sito no Setor Bancário.
Imprudência custa acidentes aos operários.
2) = ser custoso (v.t.i. c/prep. a - obj. NAMORAR (v.t.d.):
indireto "pessoa" – sujeito oracional): Paula namorava todos os rapazes da rua.
Custa aos alunos (o.i.) gostar disso (suj.). Observação: é vício de linguagem usar-se
sem a preposição com.
Raimunda só foi feliz namorando com
DEPARAR (v.t.d. ou v.t.i. c/prep. com): Ricardo. (incorreto)
Deparei dois erros em sua carta.
Deparei com dois erros em sua carta.
REDAÇÃO 99
Professor Wesley Pontes
OBEDECER (desobedecer) (v.t.i. c/prep. a) SIMPATIZAR / antipatizar (v.t.i. - preposição
(desobedecer a algo ou a alguém): com).
As crianças devem obedecer aos pais. Alguns não simpatizavam com o treinador.
Não desobedeçam ao regulamento. Observação: é vício de linguagem usar-se
Observação: é vício de linguagem usar-se com pronome oblíquo.
sem a preposição a.
SOLICITAR (v.t.d.i. c/prep. a)
PAGAR (v.t.d.i. c/prep. a) (solicitar algo a alguém):
(pagar algo a alguém, obj. direto "coisa", Solicitei apoio aos companheiros.
obj.indireto "pessoa"):
Já paguei as duplicatas ao cobrador. VISAR (v.t.d. ou v.t.i. c/prep. a)
Observação: é vício de linguagem usar 1) passar visto ou fazer visada (v.t.d.)
"pessoa" como objeto direto. O cônsul visou os passaportes.
Os atiradores visavam os alvos.
PERDOAR (v.t.d.i. c/prep. a) 2) almejar, pretender (v.t.i. c/prep. a):
(pagar algo a alguém, obj. direto "coisa", Sempre visei ao bem-estar da família.
obj. indireto "pessoa"):
Jamais perdoou as traições ao marido. OBSERVAÇÕES FINAIS
Observação: é vício de linguagem usar
"pessoa" como objeto direto. Verbos pronominais são aqueles que
100
Apto (a, para)
REGÊNCIA NOMINAL É apto ao / para desempenho das funções.
Ávido (de, por)
É a relação de subordinação entre os nomes Um homem ávido de / por novidades.
(substantivo, adjetivo, advérbio) Constituído (de, por)
e seus complementos, devidamente Constituído de / por várias turmas.
estabelecida pelas devidas preposições. Contemporâneo (a, de)
Contemporâneo ao / do Modernismo.
Acostumado (a, com) Devoto (a, de)
Estava acostumado a / com qualquer coisa. Um aluno devoto às / das artes.
Afável (a, com, para com) Falho (de, em)
Parecia afável a / com / para com todos. Um político falho de / em caráter.
Afeiçoado (a, por) Imbuído (de, em)
Afeiçoado aos estudos. Imbuído de / em vaidades.
Afeiçoado pela vizinha. Incompatível (com)
Aflito (com, por) A verdade é incompatível com a realidade.
Aflito com a notícia. Passível (de)
Aflito por não ter notícia. O projeto é passível de modificações.
Amizade (a, por, com) Propenso (a, para)
Amizade à / pela / com a irmã mais velha. Sejam propensos ao / para o bem.
Analogia (com, entre) Residente (em)
Não analogia com / entre os fatos. Os residentes na Capital.
Apaixonado (de, por) Vizinho (a, de)
Era um apaixonado das / pelas flores. Um prédio vizinho ao / do meu.
EMPREGO DA CRASE
CASOS GERAIS
CONCEITO
Crase é a fusão de duas vogais idênticas. No Português contemporâneo, assinalamos com o acento
grave a crase resultante de:
REDAÇÃO 101
Professor Wesley Pontes
CRASE PROIBIDA
CRASE OBRIGATÓRIA
01. Quando se puder trocar o nome feminino por um masculino e ocorrer a contração AO:
Referiu-se a(?) prima. Referiu-se ao primo = Referiu-se à prima.
À FEM.
AO MASC.
03. Diante de numerais que indicam horas determinadas (com a palavra “horas” expressa ou não)
Encontrá-lo-ei às três horas.
Sairemos às cinco (ou às 5)
102
05. Se usarem as expressões “à moda de” ou “à maneira de”, mesmo que elas não venham
expressas:
06. Diante de “aquele”, “aquela” e “aquilo”, se puder substituí-los por “a este”; “a esta”; “a isto”:
07.Com os pronomes relativos a que e a qual. Nesse caso, localiza-se o termo antecedente e, se
feminino, aplica-se a regra geral.
A cidade à qual me dirigia era pequena. O sítio ao qual me dirigia era pequeno.
Mas... A peça a que assisti foi ótima. = O filme a que assisti foi ótimo.
CASOS ESPECIAIS
CRASE CONDICIONADA
Ocorre com palavras que somente admitem o sinal indicativo da crase em situações especiais,
isto é, existe uma condição para que ocorra. Eis os casos mais comuns:
01.CASA = MODIFICADA (só admitirá a crase se vier acompanhada de termo que a especifique
ou precedida de um adjetivo).
Exemplos:
Voltamos cedo a casa ontem. (casa própria)
Voltou à casa paterna após longa ausência. (para a casa paterna)
Referia-se à bela casa que se erguia diante de nós.
REDAÇÃO 103
Professor Wesley Pontes
02. TERRA = NÃO SIGNIFICAR “TERRA FIRME”
Partindo-se do princípio de que quem está no mar ou a bordo de um navio continua na Terra, no
planeta, e que a expressão atribuída a quem não está no mar é de “estar EM terra”, não se craseará
o “a” que antecede a palavra terra se esta significar oposição a bordo, navio etc.
Exemplos:
Os marinheiros voltaram a terra, após dias no mar. (agora estão “em terra”)
Os pescadores voltaram à terra de seus ancestrais. (a uma “terra” em especial)
Todos voltaremos à terra de onde viemos. (ao barro)
03. À DISTÂNCIA DE
Tal expressão só pode ser craseada se vier especificada, ou seguida, necessariamente, da preposição
DE.
Veja as situações possíveis:
O garoto achava-se à distância de dez passos do seu ídolo.
Viu-o apenas a distância, mas não pôde tocá-lo, como queria. (não está especificada)
A mãe, com muito esforço, conseguiu levá-lo a uma distância de dois metros. (usou-se o artigo uma)
CRASE FACULTATIVA
Exemplos:
Nada conte a / à minha mãe. (a meu pai ou ao meu pai)
Mas:
Nada conte às suas amigas. (aos seus amigos... obrigatória)
Nada conte a suas amigas. (para suas amigas... não há)
Usar-se-á quando se quiser denotar intimidade; por isso não se deve usar com nomes históricos.
Exemplos:
Ofereci um chocolate a/à Maristela. (nada especifica se é íntima ou não – a João ou ao João)
Mas ...O professor de História referiu-se a Joana D’Arc, a heroína francesa. (personagem histórica)
104
CONCORDÂNCIA
CONCORDÂNCIA NOMINAL
REGRA GERAL
O adjetivo e as palavras adjetivas (artigos, numerais, pronomes adjetivos) concordam em gênero
e número com o substantivo a que se referem.
Os nossos dois melhores livros são de ficção.
Observação: Referindo-se a nomes próprios, a relações de parentesco ou a títulos, o adjetivo vai para
o plural.
Exemplos:
Li os clássicos Machado de Assis e José de Alencar na juventude.
c) Concordância Especial
O adjetivo concordará com o substantivo mais próximo nos seguintes casos:
01. Adjetivo posposto a substantivos sinônimos:
O furor e a raiva santa tomaram conta do conselheiro.
02. Substantivos em gradação de idéias (ascendente ou descendente):
O seu zelo, seu carinho, sua dedicação total salvou a empresa do caos.
03. O adjetivo – por uma questão de lógica – refere-se a apenas um dos substantivos:
Avistava ao longe o cavalo e a casa destelhada.
REDAÇÃO 105
Professor Wesley Pontes
Observação:
01. Com o sujeito composto, constituído por substantivos do mesmo gênero, o predicativo
concordará no plural e no gênero deles.
Suj. comp. VL PS
02. Se o sujeito composto for constituído por substantivos de gêneros diferentes, o predicativo
concordará no masculino plural.
Atenção!
É possível a frase estar construída na ordem inversa, com o sujeito composto posposto. Aí,
existem duas possibilidades de concordância. Observe:
01.Se o verbo estiver concordando no plural, o adjetivo (PS) também concordará no plural do
gênero dominante.
106
b) Concordância do adjetivo predicativo com o objeto: PO
01. O adjetivo concorda em gênero e número com o objeto quando este for simples:
Vi ancorados na baía os petroleiros.
PO ( m. pl.) OD ( m. pl.)
02. Se o objeto for composto e com substantivos do mesmo gênero, o adjetivo vai para o plural
no gênero correspondente.
O jornal chamou o Congresso e seus membros de criminosos.(m + m = m.pl.)
O jornal julgou criminosos o Congresso e seus membros.
03. Se o objeto for composto e formado de elementos de gêneros diferentes, o adjetivo vai para o
masculino plural.
O jornal julgou o Senado e a Câmara culpados.(m + f = m.pl.)
Encontrei rasgados o livro e a apostila.
Observação: Se o predicativo vier anteposto ao objeto, poderá concordar com o mais próximo.
Encontrei rasgado o livro e a apostila.
REDAÇÃO 107
Professor Wesley Pontes
CONCORDÂNCIA NOMINAL – II
CASOS ESPECIAIS
108
Observação: mesmo, quando significa de fato, realmente, é invariável.
Ele fará mesmo parte da banca examinadora?
b)Há, porém, atualmente, o seu uso como adjetivo ( = vigilante, atento), admitindo flexão no plural.
Os soldados estavam alertas. ( = vigilantes)
As pessoas alertas ( = atentas) evitam acidentes.
QUITE – QUITES
Quite ( = livre, desobrigado), adjetivo, deve concordar com o nome a que se refere:
Eu e você estamos quites.
Você está quite com o serviço militar?
MEIO – MEIA
Concordam, normalmente, com o substantivo a que se referem:
Compramos meio quilo de alcatra.
É meio-dia e meia. (hora)
REDAÇÃO 109
Professor Wesley Pontes
Observação: Meio, advérbio, é invariável.
Encontrei-o meio triste.
Eles estavam meio nervosos.
BASTANTE – BASTANTES
pronome = muitos(as)
Bastante(s) {
adjetivo = suficiente(s)
a)Se o sujeito não vier precedido de artigo, ou qualquer outro modificador (numeral, pronome), a
expressão fica invariável ( = masc. sg.)
É necessário organização.
É proibido entrada de estranhos.
110
CONCORDÂNCIA VERBAL
Coletivo
Quando o sujeito for um substantivo coletivo, como, por exemplo, bando, multidão, matilha,
arquipélago, trança, cacho, etc., ou uma palavra no singular que indique diversos elementos,
como, por exemplo, maioria, minoria, pequena parte, grande parte, metade, porção, etc., poderão
ocorrer três circunstâncias:
REDAÇÃO 111
Professor Wesley Pontes
Quando Mais de um estiver indicando reciprocidade ou com a expressão repetida, o verbo ficará
no plural.
Ex.
• Mais de uma pessoa agrediram-se.
• Mais de um carro se entrechocaram.
• Mais de um deputado se xingaram durante a sessão.
Quando houver um nome próprio usado apenas no plural, deve-se analisar o elemento a que ele
se refere:
A) Se for nome de obra, o verbo tanto poderá ficar no singular, quanto no plural.
Ex.
• Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões.
• Os Sertões marca / marcam uma época da Literatura Brasileira.
B) Se for nome de lugar - cidade, estado, país... - o verbo concordará com o artigo; caso não haja
artigo, o verbo ficará no singular.
Ex.
• Os Estados Unidos comandam o mundo.
• Campinas fica em São Paulo.
• Os Andes cortam a América do Sul.
Obs.: Se o nome de lugar possuir artigo, mas este, por alguma razão, não for utilizado, a
concordância com o artigo permanecerá sendo a regra, ou seja, o verbo continuará concordando
com o artigo.
Ex.
• EUA vencem o México na oitavas de final da Copa do Mundo.
A) Se o elemento que surgir antes das expressões estiver no singular (qual, quem, cada um, alguém,
algum...), o verbo deverá ficar no singular.
Ex.
• Quem de nós irá conseguir o intento?
• Quem de vós trará o que pedi?
• Cada um de vocês deve ser responsável por seu material.
112
B) Se o elemento que surgir antes das expressões estiver no plural (quais, alguns, muitos...), o verbo
tanto poderá ficar na terceira pessoa do plural, quanto concordar com o pronome nós ou vós.
Ex.
• Quantos de nós irão / iremos conseguir o intento?
• Quais de vós trarão / trareis o que pedi?
• Muitos de vocês não se responsabilizam por seu material.
Ex.
• Fui eu que quebrei a vidraça. (Eu quebrei a vidraça)
• Fomos nós que telefonamos a você. (Nós telefonamos a você)
• Estes são os garotos que foram expulsos da escola. (Os garotos foram expulsos)
Ex.
• Fui eu o que quebrou a vidraça. (O que quebrou a vidraça fui eu)
• Foste tu a que me enganou. (A que me enganou foste tu)
• Fomos nós os que telefonaram a você. (Os que telefonaram a você fomos nós)
• Fostes vós os que me engaram. (Os que me engaram fostes vós)
Ex.
• Fui eu quem quebrou a vidraça. (Quem quebrou a vidraça fui eu)
• Foste tu quem quebrou a vidraça. (Quem quebrou a vidraça foste tu)
• Foi ele quem quebrou a vidraça. (Quem quebrou a vidraça foi ele)
• Fomos nós quem quebrou a vidraça. (Quem quebrou a vidraça fomos nós)
• Fostes vós quem quebrou a vidraça. (Quem quebrou a vidraça fostes vós)
• Foram eles quem quebrou a vidraça. (Quem quebrou a vidraça foram eles)
REDAÇÃO 113
Professor Wesley Pontes
B) É certo que o elemento não é o único a praticar a ação:
O verbo ficará no plural. Por exemplo, a frase Casagrande é um dos ex-jogadores de futebol que
trabalham como comentarista esportivo tem o verbo no plural, pois é certo que, além de
Casagrande, há outros ex-jogadores de futebol, trabalhando como comentarista esportivo - Falcão,
Júnior, Tostão, Rivelino...
C) Não se sabe se o elemento é o único a praticar a ação ou não: O verbo tanto poderá ficar no
plural, quanto no singular. Por exemplo, a frase São Paulo é uma das cidades que mais sofre /
sofrem com a poluição é facultativo, pois não há como medir se São Paulo é a que mais sofre, ou
se, além dela, há outras que sofrem tanto. Outra explicação também é a questão de se querer dar
ênfase ao elemento: se se quiser enfatizar o problema em São Paulo, coloca-se o verbo no singular.
Porcentagem + Substantivo
Quando o sujeito for formado por porcentagem e substantivo, existirão três regras:
C) Mais de, menos de, cerca de, perto de, antes da porcentagem:
O verbo concordará apenas com a porcentagem.
Ex.
• Mais de 1% dos alunos estuda muito.
• Menos de 10% da turma estudam muito.
114
Pronomes de Tratamento
Os pronomes de tratamento são pronomes de terceira pessoa, portanto tudo que se referir a
eles deverá estar na terceira pessoa.
Ex.
• Vossa Senhoria deve trazer seus documentos consigo.
• Vossa Excelência tem que se contentar com seus assessores.
Silepse de Pessoa
Obs.: Quando os núcleos forem sinônimos ou estiverem formando gradação, o verbo deverá ficar
no singular.
Ex.
• "A lisura e a sinceridade frequenta pouco o Congresso Nacional." lisura = sinceridade.
• "Cada rosto, cada voz, cada corpo lhe lembrava a amada."
• "Um olhar, um arquejar de sobrancelhas, um aceno com a cabeça bastava para a paquera ser
bem sucedida."
REDAÇÃO 115
Professor Wesley Pontes
Sujeito composto por pessoas diferentes
Se o sujeito for formado por pessoas diferentes (eu, tu, ele, ela ou você), o verbo ficará no
plural, concordando com a pessoa de número mais baixo na sequência (1ª, 2ª ou 3ª).
Não havendo a 1ª pessoa (eu ou ), e havendo a 2ª pessoa (tu ou vós), o verbo tanto poderá
ficar na 2ª pessoa do plural, quanto na 3ª pessoa do plural.
Continuam valendo as regras anteriores, ou seja, se o verbo vier depois do sujeito composto,
ficará no plural; se vier antes, concordará com o mais próximo ou ficará no plural.
Ex.
• Teté e eu passamos as férias em Águas de Santa Bárbara.
• Passei as férias em Águas de Santa Bárbara eu e Teté.
• Passamos as férias em Águas de Santa Bárbara eu e Teté.
• Tu e Walmor estais equivocados.
• Tu e Walmor estão equivocados.
• Estás equivocado tu e Walmor.
• Estais equivocados tu e Walmor.
• Estão equivocados tu e Walmor.
Quando os núcleos do sujeito composto forem ligados pela conjunção ou, deve-se analisar se
há ou não exclusão, ou seja, analisar se um elemento, ao praticar a ação, impede que o outro
também a pratique.
Ex.
• Dida ou Marcos será o goleiro titular da seleção.
• O Presidente ou o Governador fará o discurso de abertura do Congresso.
Ex.
• Dida ou Marcos poderão ser convocados para a Copa de 2002.
• O Presidente ou o Governador estarão presentes na abertura do Congresso.
Ex.
• O gerente com os funcionários dará início à promoção de descontos.
• O gerente com os funcionários darão início à promoção de descontos.
116
02) Verbo antes dos núcleos:
Concordará com o núcleo mais próximo o verbo que estiver antes do sujeito composto cujos núcleos
sejam ligados pela preposição com.
Ex.
• Dará início à promoção de descontos o gerente com os funcionários.
Quando o sujeito composto tem os elementos ligados por conectivos correlatos: assim ... como,
não só ... mas também, tanto ... como, nem ... nem, o verbo ficará no plural. O singular é raro.
Ex.
• Tanto o irmão como a esposa ignoraram seu pedido de ajuda.
• Não só Pedro mas também Eduardo estão à sua procura.
Ex.
• Um e outro aluno indisciplinados será punido.
• Um e outro aluno indisciplinados serão punidos.
Um ou outro
Quando o sujeito for a expressão um ou outro, o verbo ficará no singular.
Ex.
• Um ou outro esteve à sua procura.
Nem um nem outro
Quando o sujeito for a expressão nem um nem outro, o verbo ficará no singular, porém há
gramáticos que o admitem no plural.
Ex.
• Nem um nem outro terá coragem de se revelar.
• "Nem um nem outro compareceram."(Carlos Góis)
REDAÇÃO 117
Professor Wesley Pontes
Verbos Especiais
Ex.
• O vestibular são as esperanças dos estudantes.
• Tudo são flores, quando se é criança.
B) Se o sujeito representar uma pessoa ou se for pronome pessoal, o verbo concordará com ele.
Ex.
• Aline é as alegrias do namorado.
• O Presidente é as esperanças do povo brasileiro.
C) Se o sujeito for uma quantidade no plural, e o predicativo do sujeito, palavra ou expressão como
muito, pouco, o bastante, o suficiente, uma fortuna, uma miséria, o verbo ficará no singular.
Ex.
• Cem reais é muito, por esse produto.
• Duzentos gramas de carne é pouco.
Ex.
• Era meio-dia, quando ele chegou.
• São duas horas.
• É 1h58min.
E) Na indicação de datas, o verbo poderá ficar no singular, concordando com a palavra dia, ou
no plural, concordando com a palavra dias.
Ex.
• É 1º de outubro. = É dia 1º de outubro ou É o primeiro dia de outubro.
• É 15 de setembro = É dia quinze de setembro.
• São 15 de setembro = São quinze dias de setembro.
Ex.
• Havia um mês, nós estávamos à sua procura.
• Poderá haver confrontos entre os policiais e os grevistas.
• Os alunos haviam ficado revoltados.
118
Haja vista:
Ex.
• Haja vista ao exemplo dado.
• Haja vista aos exemplos dados.
B) Sem a prep. a: haver no singular ou concorda com o substantivo; vista invariável.
Ex.
• Haja vista o exemplo dado.
• Haja vista os exemplos dados.
• Hajam vista os exemplos dados.
Ex.
• Faz três meses que não o vejo.
• Faz 35º no verão, em Londrina.
• Deve fazer cinco anos que ele morreu.
Ex.
• O relógio deu quatro horas.
• O sino soou cinco horas.
REDAÇÃO 119
Professor Wesley Pontes
B) as horas.
O numeral que marca as horas funcionará como sujeito, quando o relógio, a torre, o sino
funcionarem como adjunto adverbial de lugar - com a prep. em, ou quando eles não aparecerem
na oração.
Ex.
• No relógio, deram quatro horas.
• No sino, soaram cinco horas.
• Bateram sete horas.
A) Pode ocorrer a formação de uma locução verbal. Nesse caso, o verbo parecer concordará com
o sujeito, e o verbo no infinitivo ficará invariável.
Ex.
• As meninas parecem estar nervosas.
• Os alunos parecem estudar deveras.
B) Pode ocorrer a formação de um período composto, com o verbo parecer na oração principal,
invariável, e o verbo no infinitivo, formando oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de
infinitivo, concordando com o sujeito.
Ex.
• As meninas parece estarem nervosas.
• Os alunos parece estudarem deveras.
• Nesses dois casos, se desenvolvermos as orações, teremos:
• Parece as meninas estarem nervosas. Proveio de Parece que as meninas estão nervosas.
• Parece os alunos estudarem deveras. Proveio de Parece que os alunos estudam deveras.
Ex.
• Entregam-se encomendas. = Encomendas são entregues por alguém.
• Ouviram-se muitas histórias. = Muitas histórias foram ouvidas.
• Sabe-se que ele não virá. = Que ele não virá é sabido.
120
08) O Índice de Indeterminação do Sujeito:
O pronome se, sendo índice de indeterminação do sujeito, deixa o verbo na terceira pessoa do
singular; haverá I.I.S. quando surgir na oração VI, sem sujeito claro; VTI, com OI; VL, com PS e
VTD, com ODPrep. Para relembrar esse estudo clique aqui.
Ex.
• Morre-se de fome no Brasil.
• Assiste-se a filmes interessantes.
• Aqui se está satisfeito.
• Respeita-se a Robertoldo.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL
O critério que orienta a colocação dos pronomes átonos é tanto de natureza sintática quanto
fonética.
1) Com advérbios de negação (não, nunca, jamais...) e advérbios de modo geral (realmente,
agora, aqui, ontem, brevemente...):
REDAÇÃO 121
Professor Wesley Pontes
2) Com a conjunção aditivo-negativa “nem”:
Não ouviu o que o outro lhe disse, nem lhe viu a cara.
6) Nas orações exclamativas (exprimem admiração, espanto, surpresa) e nas orações optativas
(exprimem desejo):
— RELATIVOS (que, quem, onde, cujo, cuja, o qual, a qual, como, etc)
122
— INTERROGATIVOS (que, quem, quanto, quanta, qual)
Isto me pertence.
Tudo aquilo lhe falava fundo na alma.
Mas:
Mas:
REDAÇÃO 123
Professor Wesley Pontes
Exemplos:
Mas:
Outras possibilidades:
C) Com verbo principal no particípio (- do / -to): jamais se coloca pronome átono após particípio.
Ela tem-se queixado muito das dores de cabeça que vem sentindo. → CERTO
Ela se tem queixado muito das dores de cabeça que vem sentindo. → CERTO
Ela tem queixado-se muito das dores de cabeça que vem sentindo. → ERRADO
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