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Devoir-maison mai 2021 : évaluation finale

Portugais du Portugal niveau 2

Lisez le conte de Mia Couto et écrivez un texte (un résumé ou un commentaire) en


portugais du Portugal sur ce conte. Le texte doit faire environ 500 mots (une page A4 ;
Times New Roman ; taille de police 12 ; interligne 1,5 ; texte justifié ; marges 2,5 cm).

Leia o conto de Mia Couto e escreva um texto (um resumo ou um comentário)


em português de Portugal sobre este conto. O texto deve ter cerca de 500 palavras
(uma página A4; Times New Roman; tamanho de letra 12; espaçamento de linha 1,5;
texto justificado; margens 2,5 cm).

O menino que escrevia versos


(versão adaptada e abreviada)

– Ele escreve versos!

A mãe apontou para o filho, como quem entrega um criminoso à polícia. O médico levantou os
olhos, por cima das lentes, com o esforço de um alpinista no topo de uma montanha.

– Há antecedentes na família?
– Desculpe, doutor?

Dona Serafina respondeu que não. O pai da criança nunca olhou para uma página. Mas, um dia,
começaram a aparecer, pelos cantos da casa, papéis com versos. O filho confessou:

– São versos meus, sim.

O pai disse imediatamente: temos de tirar o rapaz da escola. Estudar é perigoso. Agora o rapaz
escreve versos.

Dona Serafina defendeu o filho e os estudos. O pai então exigiu: o rapaz precisa de ser
examinado.

– Temos de o levar ao médico para saber o que se passa com ele.

A situação tinha de ser resolvida.

O médico escutou tudo, ao mesmo tempo que tomava notas num papel. Depois perguntou ao
menino:
Devoir-maison mai 2021 : évaluation finale
Portugais du Portugal niveau 2

– Dói-te alguma coisa?

– Dói-me a vida, doutor.

O médico parou de escrever. Não esperava aquela resposta.

– Está a ver, doutor?, disse a mãe.

O médico voltou a falar com o rapaz:

– E o que fazes quando te dói a vida?

– Sonho, doutor.

Dona Serafina ficou desesperada. Sonhar é arriscado...

O médico estava surpreendido com o menino, que não parava de falar dos seus sonhos.

A mãe deu um texto do seu filho ao médico e pediu-lhe para o analisar. O médico aceitou e
guardou o texto numa gaveta para o ler mais tarde.

Na semana seguinte, o médico pediu à mãe e ao filho outros textos. O menino deu-lhe um
caderno com muitos poemas, e disse:

– Eu não escrevo, doutor: eu apenas vivo.

O médico pediu para internar o menino imediatamente. E o rapaz ficou no hospital.

Hoje, quem visita o consultório, quase nunca vê o doutor. O médico passa todas as manhãs e
todas as tardes no quarto onde o menino está internado. Quem passa por lá pode ouvir a voz do
rapaz a recitar poemas e o médico a dizer:

– Não pare, meu filho. Continue lendo...

Bibliografia:

COUTO, Mia (2016). O fio das missangas. Lisboa: Caminho

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