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A mãe apontou para o filho, como quem entrega um criminoso à polícia. O médico levantou os
olhos, por cima das lentes, com o esforço de um alpinista no topo de uma montanha.
– Há antecedentes na família?
– Desculpe, doutor?
Dona Serafina respondeu que não. O pai da criança nunca olhou para uma página. Mas, um dia,
começaram a aparecer, pelos cantos da casa, papéis com versos. O filho confessou:
O pai disse imediatamente: temos de tirar o rapaz da escola. Estudar é perigoso. Agora o rapaz
escreve versos.
Dona Serafina defendeu o filho e os estudos. O pai então exigiu: o rapaz precisa de ser
examinado.
O médico escutou tudo, ao mesmo tempo que tomava notas num papel. Depois perguntou ao
menino:
Devoir-maison mai 2021 : évaluation finale
Portugais du Portugal niveau 2
– Sonho, doutor.
O médico estava surpreendido com o menino, que não parava de falar dos seus sonhos.
A mãe deu um texto do seu filho ao médico e pediu-lhe para o analisar. O médico aceitou e
guardou o texto numa gaveta para o ler mais tarde.
Na semana seguinte, o médico pediu à mãe e ao filho outros textos. O menino deu-lhe um
caderno com muitos poemas, e disse:
Hoje, quem visita o consultório, quase nunca vê o doutor. O médico passa todas as manhãs e
todas as tardes no quarto onde o menino está internado. Quem passa por lá pode ouvir a voz do
rapaz a recitar poemas e o médico a dizer:
Bibliografia: