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3.7.

TRATAMENTO DE DESNITROGENAÇÃO I
NITROGENAÇÃO
o nitrogênio é um átomo intersticial que promove o aumento da resistência do
aço por solução sólida. Assim, em aços com elevada exigência de
estampabilidade, como os aços IF (intersticial free) , restringe-se o teor
máximo de N para, por exemplo, 45 ppm. Em algumas aplicações deseja-se
exatamente o contrário, ou seja, adiciona-se Nitrogênio; esta adição pode ser
feita através da introdução de uma ferro-liga contendo nitrogênio, em geral
FeCrN ou FeMnN, ou via insuflação de gás N2 no aço líquido, que pode ser no
RH.

3.7.1. ASPECTOS TERMODINÂMICOS E CINÉTICOS DA


DESNITROGENAÇÃO NO RH

A termodinâmica da nitrogenação e desnitrogenação no aço líquido é regida


pela lei de Sievert:

log (ppmN/(pN2)l/2) = 2,76 - 188fT (5.81)

Aplicando-se esta equação, a 1600°C e 0,001 atm de pressão, o teor de


equilíbrio é [N] = 14 ppm (Figura 5.96), valor que praticamente não é atingido
em operação regular do refino do aço no RH.

500~----~--~~----~--~

450
400 + ..........................
350
Z $00 + .......................
~.

E 250
'~200
1.50
100
50
O~~~~~~--~------~

pN2(atm)

Figura 5.96 - Solubilidade de equilíbrio do nitrogênio no ferro líquido a 1600°C

409
(
C
(
(

A maio na dos especialistas considera que a desnitrogenação apresenta C


(
controle cinético misto, isto é, controlado pelo transporte de massa de N no
(
aço líquido e pela velocidade de reação química na interlace aço líquido -
(
atmosfera. A etapa de transporte é descrita por uma equação cinética de (
primeira ordem enquanto que a velocidade de reação química interlacial é (
descrita por uma equação de segunda ordem. Tal qual na descarburação, (
também aqui se deve considerar que a desnitrogenação ocorre de fato no (
vaso do RH enquanto que na panela a diminuição da concentração de N C
deve-se ao efeito de diluição. Adaptando-se as expressões sugeridas por
Kleimt[5.6oJ e por Harashima[5.61 J, ao formato das equações anteriormente
utilizadas na descarburação, tem-se:
(
dN p Q (
- = - . ( N -N ) (5.82)
dt V v p (
(
(
dN v = Q •(N P _ N )_ k[N] (N 2 _ N 2)
(5.83)
v N' v e (
dt V kro'~
(
(
k[N] 1 (
(5.84)
k~ (1+7 s .a s +70 .ao )2 (
(
onde: (
N = concentração de nitrogênio (
kN = coeficiente de transporte de massa de nitrogênio no aço líquido
(
kf ON = constante de velocidade de reação química interfacial
\jf = constante cinética de reação
(
'ts = coeficiente de adsorção de enxofre no aço líquido (
(
'to = coeficiente de adsorção de oxigênio no aço líquido
as = atividade de S no aço (
ao= atividade de O no aço (
(
O fato mais importante a destacar nestas equações é o significado da
(
expressão 5.84. A relação entre os coeficientes, kN / kroN, é muito baixa devido
(
a serem, S e O, elementos tenso-ativos, isto é, apresentam concentração na
(
interlace muito superior ao do seio do banho; de fato, os valores sugeridos por
(
Harashima são de 'ts = 63,4 e 'to = 161. Como S e O ocupam muitos dos (
sítios interlaciais de reação, os sítios dispon íveis para o N ficam muito (
reduzidos. (
Na prática, o teor de nitrogênio mantém-se invariável durante todo o (
tratamento de desgaseificação no RH e até ocorrem casos de aumento de (
(
(
410
(
(
nitrogênio, causado pela infiltração de ar no vaso ou via contaminação do N
presente nos ferro-ligas. É possível um pequeno grau de desnitrogenação
porém, para que isto ocorra é imprescindível que as concentrações dos dois
principais tenso-ativos, 8 e 0, sejam muito baixas, por exemplo %8 < 0,0030
e 0/00 < 0,0005.
Os resultados obtidos por Jungreithmeier (Figura 5.97) ilustram cabalmente a
grande influência dos teores de oxigênio e enxofre na desnitrogenação. Este
autor mostrou também que vários materiais de adição e ferroligas contém
nitrogênio e desta maneira frequentemente contribuem para um teor final de N
superior ao inicial (Figura 5.98).
A obtenção de aços com teores de 8 inferiores a 30 ppm é muito difícil, além
de caríssimo. Portanto, a melhor forma de se produzir aços com baixo teor de
nitrogênio é o controle do processo de refino primário e a operação de
vazamento.

26
:,ÁH~t~E!ãtfu~rittímei~.tli.i . . . .
Figura 5.97 - Comparação da evolução do teor de N durante o tratamento de aços não
acalmados e aços ultra baixo enxofre (ref. Jungreithmeier[s.s7])

411
(
(
(
(
(
120 ~--~--~--~----~--~--~--~----~--~--~--~----,
(

(
(

(
(
(
/
(

(
(
(
(
(
12 14 16 18 20
(
BH..tt~atm~.,ttimeinmin
Figura 5.98 - Efeito das adições sobre a evolução do teor de N no aço [5.57]
(
(
3.7.2. NITROGENAÇÃO DE AÇOS NO RH
C
É prática corriqueira efetuar nitrogenação de aço líquido através da injeção de \,

cored-wires contendo ligas nitrogenadas. Entretanto, é possível aumentar o (


teor de nitrogênio no aço simplesmente substituindo o gás argônio injetado na C
perna do RH por gás N2 • A reação de nitrogenação é a mesma da expressão (
(
5.81, com a diferença de que a transferência deste elemento se faz das
(
bolhas de gás N2 para o aço líquido durante a ascensão destas bolhas ao
longo da coluna de aço líquido da "perna de subida". C
Também na nitrogenação os efeitos da presença de residuais é expressivo.
Em aços não desoxidados, isto é, com baixos teores de Alumínio, por (
exemplo, inferiores a 0,005%, o pick-up de nitrogênio é desprezível. Por esta (
razão a nitrogenação só é feita após a adição de alumínio desoxidante a fim ( ,

de se ter melhor controle sobre a taxa de ganho de N. Outro aspecto que (

merece atenção é a pressão no interior do vaso que deve ser a maior possível (
porém, compatível com o efeito de circulação do aço líquido; por exemplo, (

esta pressão poderia ser da ordem de 150 mbar. (


(
O controle da nitrogenação é feito em função da composição química do aço, (
além do alumínio, de vez que outros elementos podem aumentar ou diminuir a
l
solubilidade do nitrogênio, e da vazão integrada de nitrogênio borbulhado. (,
(
(
(
412
l
(

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