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DIREITO

PREVIDENCIÁRIO
Aposentadorias do RGPS

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Aposentadorias do RGPS

Sumário
Cassius Garcia

Aposentadorias do RGPS. . .............................................................................................................. 3


Aposentadoria por Incapacidade Permanente.......................................................................... 3
Aposentadoria Programada........................................................................................................ 23
Aposentadoria Especial................................................................................................................ 38
Aposentadoria por Idade do Trabalhador Rural......................................................................49
Aposentadoria da Pessoa com Deficiência.............................................................................. 53
Regras de Transição Pós-Reforma.. ........................................................................................... 59
Aposentadoria por Idade. . ............................................................................................................ 59
Aposentadoria por Tempo de Contribuição. . ............................................................................60
Aposentadoria Especial................................................................................................................ 62
Questões de Concurso..................................................................................................................64
Gabarito.......................................................................................................................................... 102

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Aposentadorias do RGPS
Cassius Garcia

APOSENTADORIAS DO RGPS
Aposentadoria por Incapacidade Permanente
Acredito que você já tenha ouvido falar nesse benefício, principalmente com a clássica
denominação de aposentadoria por invalidez, cuja disciplina se encontra nos arts. 41 a 47 da
Lei de Benefícios da Previdência Social (LBPS) e nos arts. 43 a 50 do Regulamento da Pre-
vidência Social (RPS). Trata-se de prestação concedida ao segurado que, mediante exame
médico pericial a cargo da Previdência Social, for considerado: (1) incapaz para o trabalho; e
(2) insuscetível de reabilitação para atividade que lhe garanta a subsistência.
Desse conceito curtinho já extraímos duas informações relevantes, não é mesmo?

EXEMPLO
Não será concedida aposentadoria por incapacidade permanente ao estivador que, em decor-
rência de séria lesão nos joelhos, está definitivamente incapacitado apenas para o exercício
de atividades que demandem esforço físico.
Ainda que a perícia médica conclua que ele nunca mais poderá exercer a estiva, é perfei-
tamente possível que, participando de processo de reabilitação profissional, aprenda outra
atividade. Sua lesão não o impediria, em tese, de exercer a profissão de porteiro, auxiliar de
escritório, advogado, dentista, ou qualquer outra função que não demande elevados esforços
nas pernas.
Nessa hipótese, ele receberá apenas o auxílio por incapacidade temporária — benefício que
estudaremos mais adiante — enquanto não for concluído o processo de reabilitação.

Acerca desse exemplo, no entanto, é prudente destacar o que diz o Superior Tribunal de
Justiça (STJ). A análise da possibilidade de exercer outra atividade deve — veja bem, DEVE
— levar em consideração aspectos socioeconômicos, profissionais e culturais. Supondo que
nosso estivador fosse analfabeto, o rol de atividades para as quais ele poderia ser reabilitado
se restringiria barbaramente, não é verdade? Isso pode — dependendo da análise de cada
caso — resultar em concessão da aposentadoria por incapacidade permanente.

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Segue um acórdão representativo desse entendimento, no tempo em que esse benefício


ainda era conhecido como aposentadoria por invalidez:

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. APO-


SENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE PARCIAL. CONSIDERAÇÃO DOS ASPECTOS
SOCIOECONÔMICOS, PROFISSIONAIS E CULTURAIS. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES.
1. O Tribunal de origem deixou claro que, na hipótese dos autos, o autor não possui con-
dições de competir no mercado de trabalho, tampouco desempenhar a profissão de ope-
radora de microônibus.
2. Necessário consignar que o juiz não fica adstrito aos fundamentos e à conclusão do
perito oficial, podendo decidir a controvérsia de acordo o princípio da livre apreciação da
prova e do livre convencimento motivado.
3. A concessão da aposentadoria por invalidez deve considerar, além dos elementos pre-
vistos no art. 42 da Lei n. 8.213/91, os aspectos socioeconômicos, profissionais e cul-
turais do segurado, ainda que o laudo pericial apenas tenha concluído pela sua incapa-
cidade parcial para o trabalho. Precedentes das Turmas da Primeira e Terceira Seção.
Incidência da Súmula 83/STJ Agravo regimental improvido.
(STJ – AgRg no AREsp 384.337/SP – Relator Ministro HUMBERTO MARTINS – Segunda
Turma – Julgamento em 01.10.2013 – Publicação em 09.10.2013)

Carência

Como regra geral, a legislação prevê, para a aposentadoria por incapacidade permanente,
a carência de 12 contribuições (LBPS, art. 25, I).
Será, contudo, isenta de carência se a incapacidade for decorrente de acidente de qual-
quer natureza, bem como de doenças profissionais ou do trabalho (enfermidades que são
equiparadas por lei a acidente de trabalho).
Também será dispensada a carência se a incapacidade, surgida após a filiação (cuidado
com esse detalhe, ok?), decorrer de alguma das doenças previstas em lista elaborada pelos
Ministérios da Saúde e da Previdência Social (LBPS, art. 26, II). Essa lista abrange todas as
enfermidades previstas no art. 151 da LBPS: tuberculose ativa, hanseníase, alienação mental,
esclerose múltipla, hepatopatia grave, neoplasia maligna, cegueira, paralisia irreversível e inca-
pacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia
grave, estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante), síndrome da deficiência
imunológica adquirida (AIDS) ou contaminação por radiação, com base em conclusão da me-
dicina especializada.

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Se houver perda da qualidade de segurado, contribuições vertidas ANTES dessa perda não
valerão para fins de carência, enquanto o segurado não efetuar contribuições em número
equivalente a, no mínimo, metade da carência fixada para o benefício. É a chamada regra do ½.
Se, por exemplo, o seu José contribuiu de 2000 a 2010 e só voltou a contribuir em 2020, ele
só terá direito à aposentadoria por incapacidade permanente se, comprovada a incapaci-
dade total e definitiva, houver pagado, desde o reinício dos recolhimentos, pelo menos seis
contribuições.
Só um alerta: quando o benefício for isento de carência, é óbvio que não se aplica a regra do
½. Basta comprovar a qualidade de segurado na data de início da incapacidade e haverá di-
reito ao benefício.

Segurados Cobertos

No Regime Geral de Previdência Social (RGPS), a regra é que os benefícios sejam devidos
a todos os tipos de segurado; excepcionalmente, há prestações que são restritas a um ou ou-
tro grupo de segurados. NÃO É o caso da aposentadoria por incapacidade permanente.
Então, prezado(a), temos aqui uma prestação previdenciária que pode ser recebida, aten-
didos os demais requisitos, por empregados, contribuintes individuais, domésticos, trabalha-
dores avulsos, segurados especiais e facultativos: os velhos CADES F.

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Salário de Benefício (SB)

O SB da aposentadoria por incapacidade permanente é calculado pela média dos salários


de contribuição correspondentes a todo o período contributivo desde julho de 1994, segundo
a Emenda Constitucional (EC) n. 103, art. 26.

Renda Mensal

Se a aposentadoria por incapacidade permanente não for precedida de auxílio por inca-
pacidade temporária (hipótese excepcionalíssima), a renda mensal do benefício (RMB) cor-
responderá a:
REGRA GERAL
60% do SB + 2% por ano que supere: (1) os 20 anos de contribuição, no caso de segurado;
(2) os 15 anos de contribuição, no caso de segurada.
EXCEÇÃO
100% do SB se a incapacidade for decorrente de acidente do trabalho ou de doença pro-
fissional ou do trabalho.
Por outro lado, se for precedida de auxílio por incapacidade temporária (é a regra), a RMB
corresponderá aos mesmos percentuais acima, mas tendo por base o SB que serviu de base
para o cálculo da RMB do auxílio.

Se não houve nenhum reajuste entre a concessão do auxílio por incapacidade temporária e
a conversão para aposentadoria, a conta é simples: basta pegar o valor do SB do cálculo origi-
nal do auxílio, multiplicar pelo coeficiente correto da aposentadoria e PRONTO, teremos a RMB
da aposentadoria por incapacidade permanente.
Se houve algum (ou vários) reajuste(s), esse SB apurado no cálculo de concessão do auxí-
lio por incapacidade temporária deve ser reajustado pelos mesmos índices de correção dos
benefícios em geral, até a data de início da aposentadoria por incapacidade permanente.

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Relembre o que nos diz a LBPS:

Art. 29. [...] § 5º Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapaci-
dade, sua duração será contada, considerando-se como salário de contribuição, no período, o salário
de benefício que serviu de base para o cálculo da renda mensal, reajustado nas mesmas épocas e
bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1 (um) salário mínimo.
Em uma leitura apressada, poderíamos entender que mesmo a aposentadoria por incapacida-
de permanente precedida de auxílio por incapacidade temporária deveria ter sua renda mensal
inicial apurada COM NOVO CÁLCULO, usando como salário de contribuição (SC) o SB do auxílio
precedente, durante todo o período em que esse auxílio vigorou.
Não é essa, no entanto, a interpretação administrativa; não é isso que o STF entendeu válido ao
se pronunciar sobre o tema.
Portanto, essa regra que determina considerar como SC o SB dos benefícios por incapacidade
vale para qualquer caso, EXCETO para a transformação de auxílio por incapacidade temporária
em aposentadoria por incapacidade permanente, OK?

Para compreensão, imaginemos duas situações:


Situação 1 – José recebeu um auxílio por incapacidade temporária de janeiro a outubro de
2012; após isso, retornou normalmente ao trabalho e, em janeiro de 2020, requereu sua apo-
sentadoria programada.
Nessa hipótese, o cálculo do SB da aposentadoria pleiteada deverá considerar como SC
dos meses de janeiro a outubro de 2012 o valor do SB do auxílio por incapacidade temporá-
ria recebido.
Situação 2 – Daniel recebeu um auxílio por incapacidade temporária de janeiro a abril de
2015. Depois retornou normalmente ao trabalho. Em setembro de 2018 sofreu um acidente,
que resultou na concessão de outro auxílio por incapacidade temporária; depois de seis me-
ses recebendo o benefício, em reavaliação pericial realizada em março de 2019, reconheceu-
-se sua incapacidade total e permanente.
Nessa hipótese, a renda mensal da aposentadoria por incapacidade permanente resultará
simplesmente da conversão do SB do auxílio por incapacidade temporária iniciado em 2018.
Toma-se o valor do SB do auxílio e multiplica-se pelo coeficiente adequado ao caso (60% +
2% por ano superior ao mínimo ou 100%). Simples assim.
Observe, contudo, que no cálculo do SB do auxílio iniciado em 2018 foram considerados
como SC de janeiro a abril de 2015 os valores do SB daquele auxílio por incapacidade tempo-
rária pretérito.
Ficou mais claro?

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Um último alerta — apesar da literalidade normativa, é prudente destacar: o que será con-
siderado como SC no caso de haver benefício por incapacidade é o valor do salário de benefí-
cio, e não a renda mensal. Se José recebeu de auxílio por incapacidade temporária, em 2012,
o valor mensal de R$ 2.730, o cálculo da renda de sua aposentadoria programada realizado
em 2020 considerará, para cada um dos meses, o valor de R$ 3.000,00.

Início do Benefício

Analise a seguinte assertiva: “A data de início da aposentadoria por incapacidade perma-


nente precedida de auxílio por incapacidade temporária deve ser fixada no dia imediatamente
posterior ao da cessação do auxílio”. Como vocês a julgariam?

Olha, professor, parece certa, mas é uma frase tão óbvia que só pode ser pegadinha. En-
tão eu chutaria ERRADA.

MUITO BEM, colega.

Viu? Eu disse que era pegadinha!

Um ponto A MENOS para você.

O quê?!

Permita que eu aproveite este momento para chamar sua atenção. Todos nós estamos
cansados de saber o quanto as bancas abusam de pegadinhas, de textos legais com altera-
ções discretas, mas suficientes para alterar o sentido do texto, de invenções esdrúxulas dos
examinadores para pegar os incautos. Mas fique atento(a) para o seguinte: A QUEM MUITO
ESTUDA, MUITA COISA PARECE ÓBVIA. Portanto, se uma determinada questão na prova pa-
recer “fácil demais pra ser verdade”, isso pode, eventualmente, ser resultado de uma pegadi-
nha da banca, mas é MUITO PROVÁVEL que seja apenas reflexo do seu estudo exaustivo, ok?
Conheço inúmeros casos de gente infinitamente mais bem preparada que eu que reprovou em
concursos nos quais fui aprovado; reprovações decorrentes, em parte, do nervosismo, mas
também em razão dessa desconfiança excessiva, que fez o candidato errar muitas questões
por achar que a resposta certa era “pegadinha”, já que parecia demasiado óbvia.
Voltando ao foco, essa primeira parte está mais do que clara. Se o segurado vinha rece-
bendo auxílio por incapacidade temporária e a perícia médica do Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS) constatou que ele deveria ser aposentado por incapacidade permanente, seu

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auxílio será cessado e, no dia seguinte, iniciará a aposentadoria por incapacidade permanen-
te. É isso que diz o art. 43 da LBPS: “A aposentadoria por invalidez será devida a partir do dia
imediato ao da cessação do auxílio-doença, [...]”.
E nos (repito, EXCEPCIONAIS) casos de concessão direta de aposentadoria por incapa-
cidade permanente, qual deve ser a data de início? Para essa pergunta, a melhor resposta
é: depende.
Depende do quê? Do tipo de segurado.
• Segurado empregado: a aposentadoria iniciará no 16º dia a partir do afastamento do
trabalho ou, se ele requerer o benefício após mais de 30 dias do afastamento, na data
do requerimento (LBPS, art. 43, § 1º, a). Durante os primeiros 15 dias de afastamento,
cabe à empresa pagar o salário do empregado (LBPS, art. 43, § 2º).
• Os outros segurados: a aposentadoria iniciará na data fixada pela perícia médica do
INSS como sendo o início da incapacidade ou, se o benefício for requerido mais de 30
dias após essa data, na data do requerimento (LBPS, art. 43, § 1º, b).

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001. (FCC/2012/INSS/PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO/ADAPTADA) Conforme prevê a


legislação previdenciária, em relação ao benefício da aposentadoria por incapacidade perma-
nente é correto afirmar que:
a) a sua concessão dependerá da verificação da condição de incapacidade mediante exame
médico-pericial a cargo da Previdência Social.
b) por sua natureza em nenhuma situação dependerá de período de carência.
c) será devida apenas se o segurado estiver em gozo de auxílio por incapacidade temporária.
d) não é devida ao segurado empregado doméstico.
e) durante os primeiros trinta dias de afastamento da atividade por motivo de invalidez, cabe-
rá à empresa pagar ao segurado empregado o salário.

Assertiva por assertiva, como é nosso costume e, de longe, a melhor forma de estudar.
a) Certa. A aposentadoria por incapacidade permanente é devida ao segurado que, mediante
exame médico pericial a cargo da Previdência Social, for considerado incapaz para o tra-
balho e insuscetível de reabilitação para atividade que lhe garanta a subsistência. Onde diz
isso? Na LBPS, ora:

Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida,
será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz
e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-
-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.
§ 1º A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da verificação da condição de inca-
pacidade mediante exame médico-pericial a cargo da Previdência Social, podendo o segurado, às
suas expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua confiança.
b) Errada. A concessão da aposentadoria por incapacidade permanente depende, em regra,
do cumprimento da carência de 12 meses (LBPS, art. 25, I). Essa carência é dispensada em
hipóteses excepcionais presentes no art. 26, II, também da LBPS (acidente de qualquer natu-
reza ou causa, doença profissional ou do trabalho, doenças e afecções especificadas em lista
elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Economia).
c) Errada. É fato que o INSS tem uma fé inabalável na capacidade de recuperação do segurado.
Muitas vezes os pobres segurados estão “caindo aos pedaços” e o INSS reluta em aposentá-
-los, mantendo-os indefinidamente em auxílio por incapacidade temporária.

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No entanto, na teoria, ao menos, a aposentadoria por incapacidade permanente pode ser con-
cedida de imediato, sem a necessidade de prévia concessão de auxílio por incapacidade tem-
porária. O art. 42 da LBPS é claríssimo nesse sentido:

Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida,
será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e
insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á
paga enquanto permanecer nesta condição. (grifo nosso)
d) Errada. A aposentadoria por incapacidade permanente é devida aos CADES F. Duvida? Leia
o art. 43 da LBPS:

Art. 43. A aposentadoria por invalidez será devida a partir do dia imediato ao da cessação do auxí-
lio-doença, ressalvado o disposto nos §§ 1º, 2º e 3º deste artigo.
§ 1º Concluindo a perícia médica inicial pela existência de incapacidade total e definitiva para o
trabalho, a aposentadoria por invalidez será devida:
a) ao segurado empregado, a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade ou a partir
da entrada do requerimento, se entre o afastamento e a entrada do requerimento decorrerem mais
de trinta dias;
b) ao segurado empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual, especial e facul-
tativo, a contar da data do início da incapacidade ou da data da entrada do requerimento, se entre
essas datas decorrerem mais de trinta dias. (grifos nossos)
e) Errada. Quando se trata de segurado empregado, realmente cabe à empresa o pagamento
do benefício por certo período. O problema é que não são 30 dias, mas 15, como nos prova a
LPBS:

Art. 43. [...] § 2º Durante os primeiros quinze dias de afastamento da atividade por motivo de invali-
dez, caberá à empresa pagar ao segurado empregado o salário (grifo nosso).
Letra a.

Cessação do Benefício

A legislação prevê algumas hipóteses de cessação dessa prestação previdenciária. A pri-


meira é mais óbvia. Extingue-se a aposentadoria por incapacidade permanente pelo óbito do
beneficiário.
Também será cessada a aposentadoria se o segurado retornar voluntariamente ao trabalho.

Mas professor, conheço muita gente aposentada que continua trabalhando.

Eu também conheço, colega. São beneficiários das atualmente inexistentes aposentado-


rias por idade ou por tempo de contribuição (TC). Em breve veremos beneficiários de aposen-
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tadoria programada que permanecem em atividade. Mas não aposentados por incapacidade
permanente.
Se o requisito fundamental para a concessão da aposentadoria por incapacidade perma-
nente é — ÓBVIO — a incapacidade laborativa permanente, é impossível sustentar a continui-
dade do pagamento a um segurado que retorna ao trabalho, dando a entender que RECUPE-
ROU sua aptidão laboral.
Por fim, será encerrado o benefício se a perícia médica do INSS constatar a recupera-
ção da capacidade laboral. Para essa hipótese, há algumas regras, das quais tratarei logo
mais. Aguarde.

Outras Informações Relevantes sobre o Benefício

1ª – FILIAÇÃO PRÉVIA
A aposentadoria por incapacidade permanente será devida se, e somente se, a incapa-
cidade surgir APÓS a filiação do segurado (LBPS, art. 42, § 2º). Nada impede que, no ato da
filiação, o segurado já tenha alguma doença ou lesão; o que não se admite é que a incapaci-
dade já exista.

EXEMPLO
Se tenho diabetes no ato da filiação, mas sem consequências outras sobre minha saúde,
posso perfeitamente me filiar e iniciar minhas atividades laborais. Se essa doença se agravar
após a filiação e resultar em incapacidade laborativa, terei direito ao benefício.

2ª – ACOMPANHAMENTO NA PERÍCIA
O segurado poderá, querendo, comparecer à perícia médica acompanhado de médico de
sua confiança. Mas o custo desse acompanhamento corre por conta do segurado (LBPS,
art. 42, § 1º).
3ª – VALOR DA RENDA DO BENEFÍCIO

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Informação que trago apenas para as hipóteses em que a banca exige a velha e odiosa
decoreba legislativa. Veja o que diz o art. 44, § 2º da LBPS:

Art. 44. § 2º Quando o acidentado do trabalho estiver em gozo de auxílio-doença, o valor da aposen-
tadoria por invalidez será igual ao do auxílio-doença se este, por força de reajustamento, for superior
ao previsto neste artigo.

Sabes qual é a probabilidade de isso ocorrer hoje em dia? NENHUMA! ZERO! ABAIXO DE
ZERO! ANTIGAMENTE, BEM ANTIGAMENTE, quando a LBPS foi editada (1991), o auxílio por
incapacidade temporária — na época ainda era denominado auxílio-doença — decorrente de
acidente de trabalho podia corresponder a um percentual do SB ou do último salário de con-
tribuição, O QUE FOSSE MAIS VANTAJOSO. Se o segurado tinha, por qualquer razão, recebido
um valor elevado no último pagamento antes do início do auxílio por incapacidade temporária,
provavelmente o valor desse salário superaria o valor do SB. Apenas nessa hipótese se vis-
lumbra uma utilidade para o dispositivo legal que logo acima transcrevi.
Como a sistemática de cálculo dos benefícios acidentários mudou em 1995, hoje esse
dispositivo é letra morta. Sua aplicabilidade é zero, mas ele NÃO FOI REVOGADO; desse modo,
não nos surpreendamos se algum examinador cobrar a literalidade desse parágrafo na prova.

Peraí, professor! O auxílio por incapacidade temporária corresponde a 91% do SB; a


aposentadoria por incapacidade permanente, segundo as novas regras da Reforma,
pode corresponder até mesmo a 60%. Não dá para dizer que esse artigo aí volta a ter
aplicabilidade?

Quase, prezado(a). Você só esqueceu de um detalhezinho: o artigo fala em um acidentado


do trabalho que está recebendo auxílio por incapacidade temporária. O coeficiente de 60%+2%
por ano da aposentadoria por incapacidade permanente é a REGRA GERAL, mas, quando a
incapacidade decorre de acidente do trabalho, doença profissional ou doença do trabalho, a
aposentadoria corresponderá a 100% do SB. Então, nesse ponto, continua tudo igual. O § 2º
do art. 44 da LBPS é letra morta.
4ª – ACRÉSCIMO DE 25%
Outro ponto importantíssimo da aposentadoria por incapacidade permanente é o direito
a um acréscimo na remuneração, devido ao segurado que necessitar de assistência perma-
nente de terceiros (LBPS, art. 45). Alguns chamam a esse acréscimo auxílio-acompanhante.
Esse segurado receberá 25% a mais em sua remuneração, acréscimo que será pago mes-
mo que supere o valor teto do RGPS. É isso mesmo. Se o segurado já recebe o valor teto, ainda
assim terá direito ao adicional; se recebe um valor inferior ao teto, mas o acréscimo de 25%

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supera esse limite, não há problema. É uma das expressas exceções legais ao limite máximo
(LBPS, art. 45, parágrafo único, alínea a).
Ele só será pago enquanto vigorar a aposentadoria por incapacidade permanente. Em caso
de óbito do segurado, cessará o adicional, transferindo-se aos pensionistas apenas o valor da
aposentadoria (LBPS, art. 45, parágrafo único, alínea c).

A legislação garante esse adicional exclusivamente à aposentadoria por incapacidade perma-


nente. Auxílio por incapacidade temporária não dá direito a ele; aposentadoria programada
também não; aposentadoria por idade do trabalhador rural? Não, também.
Apenas na via judicial houve decisões favoráveis a beneficiários de outras aposentadorias,
inclusive do STJ.
Em 12.03.2019, contudo, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu todos os processos
que versavam sobre a extensão do auxílio a beneficiários de outras aposentadorias; portanto,
não há possibilidade, no momento, de obtenção desse auxílio judicialmente.
Ficamos, então, com o que diz a lei: esse adicional é só para aposentado por incapacidade
permanente! Simples assim.

002. (FCC/2012/TRT 6ª REGIÃO/ANALISTA JUDICIÁRIO) Eunice trabalhou como empregada


doméstica informal desde a adolescência e só ao atingir os 50 anos, preocupada com seu
futuro, resolveu associar-se à Previdência Social. Após um ano de recolhimento foi diagnos-
ticada com doença grave degenerativa, rapidamente progressiva e de causa não relacionada
ao trabalho. A perícia da Previdência Social revelou-a incapaz para trabalhar.
Supondo que Eunice tenha direito à aposentadoria por incapacidade permanente e necessite
de auxílio permanente de outra pessoa a aposentadoria consistirá em:
a) uma renda mensal correspondente a 91% do salário de benefício, acrescida de 20% pela
necessidade de auxílio permanente.
b) um acréscimo de 25% pela necessidade de auxílio permanente, sendo este acréscimo in-
corporável ao valor da pensão, quando da sua morte.
c) uma renda mensal correspondente a 60% do salário de benefício, acrescida de 25% pela
necessidade de auxílio permanente.
d) um acréscimo de 15% pela necessidade de auxílio permanente, não sendo este acréscimo
incorporável ao valor da pensão, quando da sua morte.
e) uma renda mensal correspondente a 91% do salário de benefício, acrescida de 15% pela
necessidade de auxílio permanente.

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Solucionamos essa questão com três informações MUITO BÁSICAS sobre a aposentadoria por
incapacidade permanente:
1) A renda mensal desse benefício, quando não decorre de acidente do trabalho, doença profis-
sional ou doença do trabalho, corresponde a 60% aos 20 anos de contribuição (homem) ou aos
15 anos de contribuição (mulher), acrescido de 2% para cada ano de contribuição que supere
esses limites. É essa a previsão do art. 44 do RPS:

Art. 44. A aposentadoria por incapacidade permanente será devida a partir do dia imediato ao da
cessação do auxílio por incapacidade temporária, ressalvado o disposto no § 1º, e consistirá em
renda mensal decorrente da aplicação dos seguintes percentuais incidentes sobre o salário de
benefício, definido na forma do disposto no art. 32:
I – sessenta por cento, com acréscimo de dois pontos percentuais para cada ano de contribuição
que exceder o tempo de vinte anos de contribuição, para os homens, ou quinze anos de contribui-
ção, para as mulheres; ou
II – cem por cento, quando a aposentadoria decorrer de:
a) acidente de trabalho;
b) doença profissional; ou
c) doença do trabalho. (grifos nossos)
Eunice tinha quantos anos de contribuição quando teve sua incapacidade diagnosticada? Ape-
nas um. Então ela cai na regra geral dos 60%. Despedimo-nos das alternativas “a” e “e”.
2) O aposentado por incapacidade permanente que necessita de auxílio permanente de tercei-
ros faz jus a um adicional de 25% no valor do benefício (LBPS, art. 45):

Art. 45. O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assistência perma-
nente de outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento).
Parágrafo único. O acréscimo de que trata este artigo:
a) será devido ainda que o valor da aposentadoria atinja o limite máximo legal;
b) será recalculado quando o benefício que lhe deu origem for reajustado;
c) cessará com a morte do aposentado, não sendo incorporável ao valor da pensão. (grifo nosso)
Vale lembrar que esse adicional é válido ainda que o total pago supere o teto máximo do
RGPS. Despedimo-nos, também, da letra d. E se a primeira informação não fosse suficiente
para derrubar as letras “a” e “e”, elas teriam caído por terra agora, né?
3) Esse adicional cessa com o óbito do beneficiário, ou seja, não se transmite à pensão (LBPS,
art. 45, parágrafo único, alínea c). Com isso, nos livramos também da letra b. Quem sobrou?
Letra c.

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5ª – ABRANGÊNCIA DA INCAPACIDADE
Agora trago algo aparentemente óbvio; mas, como a maldade dos examinadores é imen-
surável e jamais conseguiremos prever todas as artimanhas por eles utilizadas para nos
enlouquecer nas provas, preciso mencionar: um segurado que exerce mais de uma atividade
só poderá se aposentar por incapacidade permanente caso se afaste de todas elas (RPS, art.
44, § 3º).
O auxílio por incapacidade temporária não tem tal exigência; o segurado pode se afastar
apenas da atividade para a qual está incapacitado. A aposentadoria por incapacidade perma-
nente, por seu turno, pressupõe incapacidade total (ou seja, para qualquer atividade profissio-
nal) e permanente (pouca ou nenhuma probabilidade de recuperação).
6ª – PERÍCIAS PERIÓDICAS
Uma característica especial da aposentadoria por incapacidade permanente é ser um be-
nefício de caráter provisório.

Hein? Como assim, professor? Provisório é o auxílio por incapacidade temporária!

De fato, prezado(a), o auxílio por incapacidade temporária também é provisório. Em ambos,


o segurado se submete, com regularidade, a perícias médicas para avaliação de sua incapaci-
dade. As principais diferenças são o grau de incapacidade; na aposentadoria por incapacida-
de permanente, ela é omniprofissional (incapacidade para todas as atividades) e tendente à
perpetuidade.
Dados os constantes avanços da medicina, é impossível afirmar, com 100% de convicção,
que esse ou aquele segurado está permanentemente inválido. Podemos afirmar que há uma
tendência à invalidez permanente, tendência esta que será reavaliada a qualquer tempo.
A reavaliação das condições de saúde do aposentado por incapacidade permanente era
bienal até pouco tempo atrás, por força do art. 46, parágrafo único, do RPS. No finalzinho de
2015, o art. 101 da LBPS foi alterado para dispensar dessa avaliação pericial bienal os maio-
res de 60 anos. Em 2017, alterou-se a regra da periodicidade da reavaliação. O art. 43, § 4º,
da LBPS prevê a convocação a qualquer tempo do aposentado por incapacidade permanente
para avaliação das condições que ensejaram a aposentadoria.
Se a perícia médica constatar que a capacidade laborativa foi recuperada, o benefício ces-
sará, devendo o segurado retornar ao trabalho.
No mesmo ano, foram dispensados da reavaliação os maiores de 55 anos que estejam
afastados há mais de 15 anos (ou seja, decorridos mais de 15 anos do início da aposentadoria
ou do auxílio por incapacidade temporária que a precedeu).
Em 2019 eliminou-se a obrigatoriedade de reavaliação da pessoa com HIV/AIDS.
7ª – TRATAMENTOS OBRIGATÓRIOS

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Além do item acima, há a nobilíssima preocupação de nosso legislador com a qualidade


de vida do segurado aposentado por incapacidade permanente. Não basta aposentar-se, é ne-
cessário realizar tratamentos que possam contribuir para sua recuperação ou, no mínimo, para
melhor qualidade de vida. Vejam o que diz o art. 101 da LBPS:

Art. 101. O segurado em gozo de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e o pensionista in-
válido estão obrigados, sob pena de suspensão do benefício, a submeter-se a exame médico a
cargo da Previdência Social, processo de reabilitação profissional por ela prescrito e custeado, e
tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facul-
tativos. (grifos nossos)

Em suma, o INSS dá o benefício, mas se esforça ao máximo para que o segurado recupere
logo sua capacidade laborativa.
Mas essa obrigatoriedade não é eterna. Veja o que diz na sequência do mesmo artigo:

Art. 101. [...] § 1º O aposentado por invalidez e o pensionista inválido que não tenham retornado à
atividade estarão isentos do exame de que trata o caput deste artigo:
I – após completarem cinquenta e cinco anos ou mais de idade e quando decorridos quinze anos
da data da concessão da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a precedeu; ou
II – após completarem sessenta anos de idade.
§ 2º A isenção de que trata o § 1º não se aplica quando o exame tem as seguintes finalidades:
I – verificar a necessidade de assistência permanente de outra pessoa para a concessão do acrés-
cimo de 25% (vinte e cinco por cento) sobre o valor do benefício, conforme dispõe o art. 45;
II – verificar a recuperação da capacidade de trabalho, mediante solicitação do aposentado ou
pensionista que se julgar apto;
III – subsidiar autoridade judiciária na concessão de curatela, conforme dispõe o art. 110. (grifos
nossos)

O § 1º trata da dispensa da perícia, já mencionada no item anterior. O § 2º estabelece ex-


ceções a essa dispensa. Tudo simples e claro, sem maiores dificuldades, não é?
8ª – MENSALIDADE DE RECUPERAÇÃO
Pagando minha dívida contraída alguns parágrafos acima: o segurado aposentado por in-
capacidade permanente que tiver sua capacidade laborativa reconhecida pela perícia médica
do INSS terá seu benefício cessado de acordo com as regras do art. 47 da LBPS.

Se o segurado simplesmente retornar ao trabalho, seu benefício cessará de imediato, sem a


aplicação dessa regra do art. 47 (é essa a única maneira de interpretar o art. 46 da LBPS e o art.
48 do RPS). Por isso, se o segurado se sente apto a retornar às atividades e não quer perder a
benesse do art. 47, deve solicitar a realização de nova avaliação médica; reconhecida, nessa

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nova avaliação, a recuperação da capacidade laboral, então o benefício cessará seguindo as


regras do art. 47.

Que regras são essas? O artigo é de tão fácil compreensão que não vale a pena me dar o
trabalho de reescrevê-lo com minhas palavras. Aqui vai:

Art. 47. Verificada a recuperação da capacidade de trabalho do aposentado por invalidez, será ob-
servado o seguinte procedimento:
I – quando a recuperação ocorrer dentro de 5 (cinco) anos, contados da data do início da aposen-
tadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a antecedeu sem interrupção, o benefício cessará:
a) de imediato, para o segurado empregado que tiver direito a retornar à função que desempenhava
na empresa quando se aposentou, na forma da legislação trabalhista, valendo como documento,
para tal fim, o certificado de capacidade fornecido pela Previdência Social; ou (grifos nossos)

Por que existe essa previsão? Porque a aposentadoria por incapacidade permanente é
causa de SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO, conforme art. 475 da Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT). Esse artigo assegura ao ex-aposentado o retorno à função que ocu-
pava ao tempo da aposentadoria. Com a manutenção do status anterior assegurado, não há
realmente motivo para a prorrogação do benefício.

b) após tantos meses quantos forem os anos de duração do auxílio-doença ou da aposentadoria


por invalidez, para os demais segurados;

Recebeu o benefício três anos? Ganha três meses de benefício APÓS a recuperação da ca-
pacidade. Esse bônus tem a função de dar ao segurado, que já se encontrava há certo tempo
alijado do mercado formal de trabalho, um prazo razoável para retomar suas atividades pro-
fissionais. Esse pagamento prorrogado, bem como aquele previsto no inciso II, logo abaixo, é
denominado MENSALIDADE DE RECUPERAÇÃO.

II – quando a recuperação for (1º motivo) parcial, ou (2º motivo) ocorrer após o período do inciso
I, ou ainda (3º motivo) quando o segurado for declarado apto para o exercício de trabalho diverso
do qual habitualmente exercia, a aposentadoria será mantida, sem prejuízo da volta à atividade:
a) no seu valor integral, durante 6 (seis) meses contados da data em que for verificada a recupera-
ção da capacidade;
b) com redução de 50% (cinquenta por cento), no período seguinte de 6 (seis) meses;
c) com redução de 75% (setenta e cinco por cento), também por igual período de 6 (seis) meses, ao
término do qual cessará definitivamente. (grifos nossos)

É isso mesmo, prezado(a). Se o segurado recebeu aposentadoria por mais de cinco anos
ou, mesmo que em menos tempo, tenha sido REABILITADO para outra atividade, ou ainda
tenha recuperado PARTE de sua capacidade para o exercício do trabalho habitual, continuará

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recebendo algum dinheiro do INSS por 18 MESES: seis meses integral + seis meses de 50% +
seis meses de 25%.
A lógica é a mesma comentada acima. Já se espera que o segurado tenha dificuldade
para se readaptar ao trabalho e, por essa razão, é assegurada a manutenção dos pagamentos
por um período razoável.

003. (CONSULPLAN/2017/TRF 2ª REGIÃO/ANALISTA JUDICIÁRIO - OFICIAL DE JUSTIÇA AVA-


LIADOR FEDERAL) “Jerônimo era contribuinte individual, foi aposentado por incapacidade per-
manente aos 53 anos de idade e, na ocasião, necessitava do auxílio permanente de uma pes-
soa, daí porque contratou um cuidador. Passados alguns anos, e com o avanço da medicina,
Jerônimo se recuperou e conseguiu um emprego.” Diante da situação retratada e da legislação
previdenciária em vigor, assinale a alternativa correta.
a) Enquanto necessitou do auxílio permanente de uma pessoa, Jerônimo poderia requerer um
acréscimo de 25% sobre o valor do benefício.
b) Jerônimo é obrigado, sob pena de perda do benefício, a se submeter às cirurgias determina-
das pelo INSS, mas não à transfusão de sangue.
c) O segurado em questão, por ter alcançado cinquenta anos, fica dispensado de realizar perí-
cia a cada dois anos para verificar eventual recuperação.
d) A aposentadoria em questão será paga a partir do 16º dia da invalidez e quitada na razão de
100% do salário de benefício até a obtenção do emprego.

a) Certa. Iniciamos a questão pelo nosso gabarito! A assertiva trata daquele nosso já conheci-
do auxílio-acompanhante, que está previsto no art. 45 da LBPS:

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Art. 45. O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assistência perma-
nente de outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento).
Parágrafo único. O acréscimo de que trata este artigo:
a) será devido ainda que o valor da aposentadoria atinja o limite máximo legal;
b) será recalculado quando o benefício que lhe deu origem for reajustado;
c) cessará com a morte do aposentado, não sendo incorporável ao valor da pensão. (grifo nosso)
b) Errada. O INSS sempre confia cegamente na possibilidade de recuperação dos segurados.
Por isso costuma “enrolar” um doente durante anos pagando um auxílio por incapacidade tem-
porária, para só depois converter o benefício em aposentadoria por incapacidade permanente.
Em razão dessa fé inabalável na capacidade de reabilitação das pessoas, a Previdência Social
oferece diversos exames e tratamentos, aos quais os segurados são obrigados a aderir, sob
pena de suspensão do benefício. Isso está no art. 101 da LBPS:

Art. 101. O segurado em gozo de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e o pensionista inváli-
do estão obrigados, sob pena de suspensão do benefício, a submeter-se a exame médico a cargo da
Previdência Social, processo de reabilitação profissional por ela prescrito e custeado, e tratamento
dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos. (grifo
nosso)
Em suma: se o INSS marcar um exame para o segurado, ele deve ir; se o INSS marcar fisiotera-
pia para o segurado, ele deve ir; se o INSS ofertar um curso profissionalizante para o segurado,
a fim de prepará-lo para o exercício de atividade compatível com sua condição de saúde, ele
deve ir, sob pena de suspensão do benefício.
Mas procedimentos cirúrgicos e transfusão de sangue o segurado não é obrigado a aceitar. Se
a única possibilidade para sua recuperação for cirúrgica e o segurado não quiser realizar esse
tratamento, o INSS NÃO PODE suspender seu benefício. Entendido?
c) Errada. Como a aposentadoria por incapacidade permanente é, por natureza, um benefício
precário (ou seja, não é necessariamente vitalício, pode ser cancelado desde que o segurado
recupere sua saúde), a legislação previa a realização de perícias a cada dois anos — regra
ainda presente no art. 46, parágrafo único, do RPS.
Mas, em 2017, a Lei n. 13.457 incluiu o § 4º no art. 43 da LBPS:

Art. 43. § 4º O segurado aposentado por invalidez poderá ser convocado a qualquer momento para
avaliação das condições que ensejaram o afastamento ou a aposentadoria, concedida judicial ou
administrativamente, observado o disposto no art. 101 desta Lei. (grifo nosso)
Então, a regra do exame bienal já não é mais aplicável; a convocação pode se dar a qual-
quer momento.
Mas o erro do enunciado não está apenas aí. Realmente existe previsão de DISPENSA da reali-
zação da perícia, mas apenas quando o segurado atinge 55 anos (com mais de 15 anos de be-
nefício) ou 60 anos; Jerônimo não se enquadra em nenhum desses casos. Isso está na LBPS:

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Art. 101. § 1º O aposentado por invalidez e o pensionista inválido que não tenham retornado à
atividade estarão isentos do exame de que trata o caput deste artigo: [...]
I – após completarem cinquenta e cinco anos ou mais de idade e quando decorridos quinze anos
da data da concessão da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a precedeu; ou
II – após completarem sessenta anos de idade.
§ 2º A isenção de que trata o § 1º não se aplica quando o exame tem as seguintes finalidades:
I – verificar a necessidade de assistência permanente de outra pessoa para a concessão do acrés-
cimo de 25% (vinte e cinco por cento) sobre o valor do benefício, conforme dispõe o art. 45;
II – verificar a recuperação da capacidade de trabalho, mediante solicitação do aposentado ou
pensionista que se julgar apto;
III – subsidiar autoridade judiciária na concessão de curatela, conforme dispõe o art. 110. (grifos
nossos)
d) Errada. Esta assertiva tem pelo menos TRÊS erros. Vamos lá:
1º erro – início do pagamento do benefício: a aposentadoria por incapacidade permanente,
no caso do Jerônimo, que é contribuinte individual, é paga a partir do início da incapacidade.
Diz a LBPS:

Art. 43. A aposentadoria por invalidez será devida a partir do dia imediato ao da cessação do auxí-
lio-doença, ressalvado o disposto nos §§ 1º, 2º e 3º deste artigo.
§ 1º Concluindo a perícia médica inicial pela existência de incapacidade total e definitiva para o
trabalho, a aposentadoria por invalidez será devida:
a) ao segurado empregado, a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade ou a partir
da entrada do requerimento, se entre o afastamento e a entrada do requerimento decorrerem mais
de trinta dias;
b) ao segurado empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual, especial e facul-
tativo, a contar da data do início da incapacidade ou da data da entrada do requerimento, se entre
essas datas decorrerem mais de trinta dias. (grifos nossos)
2º erro – Depois o enunciado escorrega de novo, falando que a aposentadoria será quitada à
razão de 100% do SB. Essa até era a regra na data da elaboração da questão, mas hoje esbarra
no art. 44 do RPS:

Art. 44. A aposentadoria por incapacidade permanente será devida a partir do dia imediato ao da
cessação do auxílio por incapacidade temporária, ressalvado o disposto no § 1º, e consistirá em
renda mensal decorrente da aplicação dos seguintes percentuais incidentes sobre o salário de be-
nefício, definido na forma do disposto no art. 32:
I – sessenta por cento, com acréscimo de dois pontos percentuais para cada ano de contribuição
que exceder o tempo de vinte anos de contribuição, para os homens, ou quinze anos de contribuição,
para as mulheres; ou
II – cem por cento, quando a aposentadoria decorrer de:
a) acidente de trabalho;
b) doença profissional; ou
c) doença do trabalho. (grifo nosso)

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3º erro – E a enorme sequência de erros do examinador é concluída com a afirmação de que


o benefício será pago integralmente até a obtenção do emprego. O examinador, para nos con-
fundir, fingiu ignorar a existência da mensalidade de recuperação. Eu explico.
Um segurado que passa muito tempo afastado de sua atividade profissional em virtude de
incapacidade — vale lembrar que a aposentadoria por incapacidade permanente é benefício
devido ao segurado que está, em princípio, definitivamente incapaz para todo e qualquer tra-
balho apto a lhe prover o sustento — pode ter dificuldades para se adaptar ao trabalho quando
retorna. O exercício do labor pode desencadear novo processo incapacitante, por exemplo.
Pensando nisso, o legislador estabeleceu um prazo durante o qual o benefício continua sendo
pago. É a tal mensalidade de recuperação, regulada pelo art. 47 da LBPS.

Art. 47. Verificada a recuperação da capacidade de trabalho do aposentado por invalidez, será ob-
servado o seguinte procedimento:
I – quando a recuperação ocorrer dentro de 5 (cinco) anos, contados da data do início da aposen-
tadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a antecedeu sem interrupção, o benefício cessará:
a) de imediato, para o segurado empregado que tiver direito a retornar à função que desempenhava
na empresa quando se aposentou, na forma da legislação trabalhista, valendo como documento,
para tal fim, o certificado de capacidade fornecido pela Previdência Social; ou
b) após tantos meses quantos forem os anos de duração do auxílio-doença ou da aposentadoria por
invalidez, para os demais segurados;
II – quando a recuperação for parcial, ou ocorrer após o período do inciso I, ou ainda quando o
segurado for declarado apto para o exercício de trabalho diverso do qual habitualmente exercia, a
aposentadoria será mantida, sem prejuízo da volta à atividade:
a) no seu valor integral, durante 6 (seis) meses contados da data em que for verificada a recupera-
ção da capacidade;
b) com redução de 50% (cinqüenta por cento), no período seguinte de 6 (seis) meses;
c) com redução de 75% (setenta e cinco por cento), também por igual período de 6 (seis) meses, ao
término do qual cessará definitivamente.
Observe: nenhuma das hipóteses legais de pagamento da mensalidade de recuperação cor-
responde à mencionada no enunciado. Ou o benefício cessa de imediato ou tem uma duração
determinada, que independe de obtenção ou não do emprego.
Tudo entendido?
Letra a.

9ª – NOVO BENEFÍCIO
Encerrando o que tínhamos para dizer sobre a aposentadoria por incapacidade permanen-
te, mais uma obviedade legislativa. Mas, se está na lei — ou, para ser mais preciso, no RPS,
nesse caso —, eu TENHO A OBRIGAÇÃO de tocar no assunto, porque há certos examinadores
de concurso TARADOS por copiar artigos pouco importantes e exigir o conhecimento de sua
literalidade nas provas.

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Diz o art. 50 do RPS que o ex-aposentado por incapacidade permanente que retornar à
atividade poderá, a qualquer tempo, requerer novo benefício (qualquer aposentadoria, auxílio
por incapacidade temporária etc.); seu requerimento deverá ser processado normalmente pelo
INSS. No entanto, caso esse novo benefício seja requerido durante o prazo de recebimento da
mensalidade de recuperação, caberá ao segurado optar por um deles, assegurada a opção
pelo benefício mais vantajoso.
Se o novo benefício cessar antes do que seria o prazo final da mensalidade de recupe-
ração, ela poderá ser retomada pelo período remanescente, respeitadas as reduções cor-
respondentes.
Ufa! Finalmente chegamos ao fim desse tópico. Vamos em frente, pois ainda temos MUI-
TOS benefícios para ver.

Aposentadoria Programada
Esse é o mais novo benefício do RGPS. Trata-se da aposentadoria criada para eliminar uma
distorção vigente em nosso RGPS: o Brasil era acompanhado apenas por dois ou três outros
países NO MUNDO em conceder uma aposentadoria desvinculada de qualquer requisito de
idade mínima — a falecida aposentadoria por TC.
Faça as contas: segurados contribuem com 11% de seu salário de contribuição (mesmo
com a nova tabela de alíquotas chegando a 14%, a incidência progressiva faz com que a contri-
buição corresponda, de fato, a menos de 12%); empresas, com cota patronal de 20%. Ou então
os contribuintes individuais contribuem com 20%.
Sem a imposição de um requisito etário, o desequilíbrio nas contas salta aos olhos. O
segurado contribui durante 25, 30, 35 anos, à base de 11 ou 20% e, aposentando-se jovem,
passa outros 30, 40 anos recebendo um benefício cujo cálculo ainda desprezava os “20% me-
nores” salários. Não são raros, por exemplo, os casos de professoras aposentando-se aos 45
anos! Contribuíram durante 25 anos e passarão 40 recebendo.
Nada contra a digníssima profissão do magistério. Mas a conta não fecha. Em razão des-
sa imensa quantidade de distorções — meu exemplo acima, da professora, é apenas um dos
casos — nosso legislador constitucional pegou a aposentadoria por idade e a aposentadoria
por TC, jogou ambas no liquidificador, acrescentou algumas pitadas de crueldade e doses
generosas de lógica matemática, e com isso criou a aposentadoria programada, que estuda-
remos a partir de agora.
Esse benefício ainda não está previsto na LBPS, apenas o RPS foi atualizado para abran-
gê-lo. É fácil deduzir, no entanto, que várias disposições da LBPS, aplicáveis às excluídas
aposentadorias por idade e por TC, valem para a estreante aposentadoria programada. Sos-
segue que vou explicar tudinho.

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As linhas gerais da aposentadoria programada nos são dadas pela Constituição, em seu
art. 201, § 7º. Ele nos diz:

Art. 201. [...] § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da
lei, obedecidas as seguintes condições:
I – 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher,
observado tempo mínimo de contribuição;
§ 8º O requisito de idade a que se refere o inciso I do § 7º será reduzido em 5 (cinco) anos, para o
professor que comprove tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil
e no ensino fundamental e médio fixado em lei complementar. (grifos nossos)

DICA:
A redução no requisito de idade é válida para os professores
que comprovarem exclusivamente tempo de efetivo exercício
das funções de magistério na educação infantil, ensino funda-
mental e médio.

O professor universitário NÃO TEM DIREITO a essa redução de TC.

Juntando tudo isso acima transcrito, temos o seguinte:

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Aposentadorias do RGPS
Cassius Garcia

Sabemos que a aposentadoria programada depende do cumprimento de idade mínima e


de tempo mínimo de contribuição. Você já parou para pensar o que pode ser computado, hoje,
como tempo de contribuição?
Não morro de amores pelo Ctrl+C/Ctrl+V. Sempre que possível, evito colar aqui o texto le-
gislativo, pois acredito que há maneiras mais interessantes de ensinar o conteúdo (embora eu
recomende, SEMPRE, a leitura reiterada da lei, porque muitas vezes sua literalidade é cobrada
nas provas).
Mas, em alguns momentos, não resta alternativa. Estou diante de um desses casos. Veja
o que pode ser, nos termos do RPS, considerado tempo de contribuição, com alguns comen-
tários meus:

Art. 19-C. Considera-se tempo de contribuição o tempo correspondente aos períodos para os quais
tenha havido contribuição obrigatória ou facultativa ao RGPS, dentre outros, o período: (grifo nosso)

Uma grande mudança implementada pela Reforma da Previdência se deu nesse ponto.
Anteriormente, TC era contado de data a data — ou seja, computavam-se os dias de TC. Um
segurado que tivesse trabalhado de 15 de janeiro a 10 de fevereiro teria duas contribuições
mensais para fins de carência, mas contaria apenas vinte e cinco dias de TC.
A nova regra, pós-Reforma, conta o TC em meses de contribuição. No nosso exemplo, o
segurado teria duas contribuições mensais para fins de carência, e também dois meses de TC
para fins de aposentadoria.
Só o que se exige, tanto para a carência quanto para TC, é que a contribuição seja igual ou
superior ao mínimo.
O art. 19-C do RPS prossegue, apresentando períodos que, dentre outros, podem ser con-
tados como TC:

I – de contribuição efetuada por segurado que tenha deixado de exercer atividade remunerada que
o enquadrasse como segurado obrigatório da previdência social;
II – em que a segurada tenha recebido salário-maternidade;
III – de licença remunerada, desde que tenha havido desconto de contribuições;
IV – em que o segurado tenha sido colocado em disponibilidade remunerada pela empresa, desde
que tenha havido desconto de contribuições;
V – de atividade patronal ou autônoma, exercida anteriormente à vigência da Lei n. 3.807, de 26 de
agosto de 1960, desde que tenha sido indenizado conforme o disposto no art. 122;
VI – de atividade na condição de empregador rural, desde que tenha havido contribuição na forma
prevista na Lei n. 6.260, de 6 de novembro de 1975, e indenização do período anterior, conforme o
disposto no art. 122;
VII – de exercício de mandato eletivo federal, estadual, distrital ou municipal, desde que tenha ha-
vido contribuição na época apropriada e este não tenha sido contado para fins de aposentadoria
por outro regime de previdência social;

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Aposentadorias do RGPS
Cassius Garcia
VIII – de licença, afastamento ou inatividade sem remuneração do segurado empregado, inclusive o
doméstico e o intermitente, desde que tenha havido contribuição na forma prevista no § 5º do art.
11; e
IX – em que o segurado contribuinte individual e o segurado facultativo tenham contribuído na
forma prevista no art. 199-A, observado o disposto em seu § 2º.
§ 1º Será computado o tempo intercalado de recebimento de benefício por incapacidade, na forma
do disposto no inciso II do caput do art. 55 da Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991, exceto para efeito
de carência.

A previsão desse § 1º já foi cobrada em várias provas. O auxílio por incapacidade tempo-
rária e a aposentadoria por incapacidade permanente são contados como tempo de contri-
buição SE INTERCALADOS. Ou seja: estava trabalhando, afastou-se para receber auxílio por
incapacidade temporária e/ou aposentadoria por incapacidade temporária, e voltou a tra-
balhar. Esse período de recebimento de benefícios INTERCALADO por períodos de atividade
CONTARÁ como TC.
Mas NÃO se admite, por exemplo, que o segurado com 20 anos de contribuição passe 15
anos entre auxílio por incapacidade temporária e aposentadoria por incapacidade permanen-
te e venha, ao final, requerer aposentadoria programada. Se o período não for INTERCALADO,
não conta.
A vedação à contagem desse tempo para fins de carência pode encontrar barreiras no Judi-
ciário, que reconhece, pacificamente, o direito a esse cômputo. É que a legislação era omissa,
deixando nas mãos do Juiz a decisão. Agora, com previsão normativa expressa, pode ser que
o posicionamento judicial seja revisto.
Retornando ao RPS, finalizando a leitura do artigo, temos o seguinte:

§ 2º As competências em que o salário de contribuição mensal tenha sido igual ou superior ao li-
mite mínimo serão computadas integralmente como tempo de contribuição, independentemente da
quantidade de dias trabalhados.

Aqui o legislador reforça que o importante, para o RGPS, é a contribuição, não necessaria-
mente o número de dias trabalhados. Um segurado que trabalhou apenas dois dias no mês
e, por esses dois dias, recebeu remuneração igual ou superior ao mínimo, poderá computar
como TC toda a competência, ou seja, o mês inteiro.
Por outro lado, alguém que trabalhou 20 dias e recebeu menos que o mínimo não terá
direito ao cômputo da competência como TC — a menos que se valha das hipóteses de com-
plemento, agrupamento ou aproveitamento de contribuições.
Além das hipóteses do art. 19-C, o RPS relaciona, no art. 188-G, diversos períodos passí-
veis de cômputo como TC — de data a data — até 13 de novembro de 2019. São eles:

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Art. 188-G. O tempo de contribuição até 13 de novembro de 2019 será contado de data a data, desde
o início da atividade até a data do desligamento, considerados, além daqueles referidos no art. 19-C,
os seguintes períodos:
I – o tempo de serviço militar, exceto se já contado para inatividade remunerada nas Forças Arma-
das ou auxiliares ou para aposentadoria no serviço público federal, estadual, distrital ou municipal,
ainda que anterior à filiação ao RGPS, obrigatório, voluntário ou alternativo, assim considerado o
tempo atribuído pelas Forças Armadas àqueles que, após o alistamento, alegaram imperativo de
consciência, entendido como tal aquele decorrente de crença religiosa ou de convicção filosófica
ou política, para se eximirem de atividades de caráter militar;
II – o tempo em que o anistiado político esteve compelido ao afastamento de suas atividades
profissionais, em decorrência de punição ou de fundada ameaça de punição, por motivo exclusi-
vamente político, situação que será comprovada nos termos do disposto na Lei n. 10.559, de 13 de
novembro de 2002;
III – o tempo de serviço público federal, estadual, distrital ou municipal, inclusive aquele prestado
a autarquia, sociedade de economia mista ou fundação instituída pelo Poder Público, regularmente
certificado na forma prevista na Lei n. 3.841, de 15 de dezembro de 1960, desde que a certidão
tenha sido requerida na entidade para a qual o serviço tenha sido prestado até 30 de setembro de
1975, data imediatamente anterior ao início da vigência da Lei n. 6.226, de 14 de junho de 1975;
IV – o tempo de serviço do segurado trabalhador rural anterior à competência novembro de 1991;
V – o tempo de exercício de mandato classista junto a órgão de deliberação coletiva em que, nessa
qualidade, tenha havido contribuição para a previdência social;
VI – o tempo de serviço prestado à Justiça dos Estados, às serventias extrajudiciais e às escrivanias
judiciais, desde que não tenha havido remuneração pelo erário e que a atividade não estivesse, à
época, vinculada a regime próprio de previdência social;
VII – o tempo de atividade dos auxiliares locais de nacionalidade brasileira no exterior amparados
pela Lei n. 8.745, de 9 de dezembro de 1993, anteriormente a 1º de janeiro de 1994, desde que a sua
situação previdenciária esteja regularizada no INSS;
VIII – o tempo de contribuição efetuado pelo servidor público de que tratam as alíneas “i”, “j” e “l”
do inciso I do caput do art. 9º e o § 2º do art. 26, com fundamento do disposto nos art. 8º e art. 9º
da Lei n. 8.162, de 8 de janeiro de 1991, e no art. 2º da Lei n. 8.688, de 21 de julho de 1993; e
IX – o tempo exercido na condição de aluno-aprendiz referente ao período de aprendizado profis-
sional realizado em escola técnica, desde que comprovados a remuneração pelo erário, mesmo
que indireta, e o vínculo empregatício.
Parágrafo único. O tempo de contribuição de que trata este artigo será considerado para fins de
cálculo do valor da renda mensal de qualquer benefício.

004. (FCC/2012/TRT 4ª REGIÃO (RS)/JUIZ DO TRABALHO) NÃO pode ser computado, para
fins de recebimento de aposentadoria programada perante o INSS, o tempo:
a) de contribuição obrigatória feita por segurado especial sobre a produção rural co-
mercializada.

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b) em que a segurada esteve recebendo salário-maternidade.


c) de serviço militar, inclusive o voluntário, desde que não aproveitado por outro regime pre-
videnciário.
d) de serviço prestado alternativamente ao militar por alegação de imperativo de consciência.
e) comprovado mediante prova testemunhal, baseada em início de prova material contempo-
rânea dos fatos.

a) Certa. Eis que a banca nos brinda, de cara, com o gabarito. É fácil deduzir por que esse
período não vale como TC. O tempo de trabalho rural cumprido pelo segurado especial até
1991 pode ser computado como tempo de serviço. Por que tempo de serviço, e não de con-
tribuição? Simplesmente porque NÃO HAVIA, DE FATO, CONTRIBUIÇÃO do segurado especial
para o RGPS.
E por que esse bônus só até 1991? Porque os trabalhadores rurais foram incluídos no RGPS só
com a Constituição. Os dispositivos constitucionais relativos ao financiamento da seguridade
social foram regulamentados só em 1991, com a LOCSS. Antes disso, o segurado especial não
tinha a obrigação de contribuir para o RGPS. Portanto, o reconhecimento do tempo laborado
até então é medida da mais absoluta justiça, compreende?
Mas, desde 1991, a contribuição do segurado especial não vale para fins de concessão de
aposentadoria por TC — a atual aposentadoria programada. Em outras palavras, o segurado
especial só contará como TC, após 1991, o período em que OPTAR por contribuir, nos termos
do art. 39, II, da LBPS:

Art. 39. Para os segurados especiais, referidos no inciso VII do caput do art. 11 desta Lei, fica ga-
rantida a concessão:
I – de aposentadoria por idade ou por invalidez, de auxílio-doença, de auxílio-reclusão ou de pen-
são, no valor de 1 (um) salário mínimo, e de auxílio-acidente, conforme disposto no art. 86 desta
Lei, desde que comprovem o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no pe-
ríodo imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao número de meses correspon-
dentes à carência do benefício requerido, observado o disposto nos arts. 38-A e 38-B desta Lei; ou
II – dos benefícios especificados nesta Lei, observados os critérios e a forma de cálculo estabe-
lecidos, desde que contribuam facultativamente para a Previdência Social, na forma estipulada no
Plano de Custeio da Seguridade Social. (grifos nossos)

Mas, professor, a questão não fala se o período é anterior ou posterior a 1991.

E precisa? Se a tal contribuição do segurado especial sobre o resultado da comercialização de


sua produção só surgiu com a LOCSS, em 1991, é mais que óbvio que a questão está falando
do período posterior, ora essa!
Tudo entendido?
b) Errada. Lembre-se do art. 19-C do RPS:
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Art. 19-C. Considera-se tempo de contribuição o tempo correspondente aos períodos para os
quais tenha havido contribuição obrigatória ou facultativa ao RGPS, dentre outros, o período: [...]
II – em que a segurada tenha recebido salário-maternidade;
O que mais preciso dizer?
c) Errada. Correndo para o art. 188-G do RPS, extraímos o seguinte:

Art. 188-G. O tempo de contribuição até 13 de novembro de 2019 será contado de data a data, desde
o início da atividade até a data do desligamento, considerados, além daqueles referidos no art. 19-C,
os seguintes períodos:
I – o tempo de serviço militar, exceto se já contado para inatividade remunerada nas Forças Arma-
das ou auxiliares ou para aposentadoria no serviço público federal, estadual, distrital ou municipal,
ainda que anterior à filiação ao RGPS, obrigatório, voluntário ou alternativo, assim considerado o
tempo atribuído pelas Forças Armadas àqueles que, após o alistamento, alegaram imperativo de
consciência, entendido como tal aquele decorrente de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
política, para se eximirem de atividades de caráter militar; [...] (grifos nossos)
d) Errada. Prossigamos na análise do art. 188-G do RPS. O mesmo inciso I, que já transcrevi ao
comentar a letra c, prevê o cômputo como TC do tempo de serviço militar alternativo decorren-
te de imperativo de consciência.
e) Errada. Veja o que diz o art. 55, § 3º, da LBPS:

Art. 55. [...] § 3º A comprovação do tempo de serviço para fins do disposto nesta Lei, inclusive me-
diante justificativa administrativa ou judicial, observado o disposto no art. 108, só produzirá efeito
quando for baseada em início de prova material contemporânea dos fatos, não admitida a prova
exclusivamente testemunhal, exceto na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, na
forma prevista no Regulamento. (grifos nossos)
Portanto, o período comprovado por prova testemunhal, baseada em início de prova material
contemporânea dos fatos a comprovar, vale como TC. Simples assim.
Letra a.

E vamos logo prosseguir no estudo da aposentadoria programada.


Ok, ok. Tudo isso que está aí em cima pode ser contado como TC. Mas basta que eu che-
gue até o balcão do INSS, sente na frente do simpático atendente, e explique a ele que tenho
40 anos de contribuição divididos entre o período de aluno aprendiz, serviço militar, dois ou
três auxílios por incapacidade temporária, um curto período como autônomo, e vários anos
empregado com registro em Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS)? NÃO, colega.
O servidor que me atender até pode acreditar, se minha historinha for convincente, mas ele só
poderá averbar o tempo que:
a) Constar no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS). É um banco de dados que
agrega todas as informações relativas a vínculos empregatícios e contribuições previdenciá-
rias. Diz o art. 19 do RPS que:

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[...] os dados constantes do Cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS relativos a vínculos,
remunerações e contribuições valem como prova de filiação à previdência social, tempo de contri-
buição e salários de contribuição. (grifo nosso)

Isso quer dizer que, se as informações do CNIS estiverem corretas, batendo com minha
historinha, o atendente poderá, então, levar adiante meu requerimento de aposentadoria.
b) Se não constarem no CNIS todos os vínculos empregatícios, contribuições e remune-
rações (é a hipótese mais comum, porque a informatização integral iniciou em meados dos
anos 1990, de forma que não são totalmente confiáveis registros anteriores; além disso, há
inúmeras ocorrências de empregos registrados em CTPS nos quais o empregador deixa de
cumprir a obrigação de recolher as contribuições), então o empregado pode se valer da previ-
são do art. 19-B do RPS. Ele traz uma lista de documentos que, subsidiariamente ao disposto
no art. 19, são válidos para a prova do tempo de contribuição.
Se o tempo a comprovar for de atividade rural, o rol de documentos está no § 11 do art.
19-D do RPS. Não vejo motivo para colar outros artigos grandes aqui, mas a leitura é sem-
pre válida.

Carência

Cento e oitenta (180) contribuições (LBPS, art. 25, II). Não se aplica a esse benefício a re-
gra do ½. Basta que o segurado cumpra, a qualquer tempo, com as 180 contribuições. Se tiver
179 e passar 10 anos sem contribuir, bastará recolher UMA contribuição para poder requerer
o benefício.

Segurados Cobertos

Todos. Isso mesmo, os CADES F. Eis mais um benefício tipo “coração de mãe”. Sempre
cabe mais um.

 Obs.: o segurado especial pode ter direito a este benefício, desde que contribua facul-
tativamente.

Salário de Benefício (SB)

O SB da aposentadoria programada é calculado pela média dos salários de contribuição


correspondentes a todo o período contributivo desde julho de 1994 (art. 32 do RPS).

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Renda Mensal

A RMB da aposentadoria programada será:


• Para o contribuinte individual e o segurado facultativo que, amparados pelo Sistema
Especial de Inclusão Previdenciária (art. 201, § 12 da Constituição), contribuem com
alíquota reduzida (11% ou 5%): 1 salário mínimo.
• Para os demais segurados, aí incluído o segurado especial que opta por contribuir na
forma do art. 39, II da LBPS: 60% do SB quando atingido o tempo mínimo de contribui-
ção + 2% por ano que supere esse tempo mínimo, que é de:
− 20 anos para o homem;
− 15 anos para a mulher.

Ou seja: se um segurado contribuiu por 20 anos, a RMB será equivalente a 60% do SB; se
contribuiu por 25 anos, 70%; por 35 anos, 90%; por 40 anos, 100%. Por 45 anos, 110%.
É isso mesmo! O legislador constitucional não limitou o percentual de cálculo da RMB a
100%, o que significa que, uma vez ultrapassados, no nosso exemplo, os 40 anos de contribui-
ção, o coeficiente de cálculo continua sendo elevado, extrapolando os 100%.

005. (CESPE/2015/DPE-PE/DEFENSOR PÚBLICO) Pedro mantém vínculo com o Regime Geral


da Previdência Social (RGPS) há doze anos e quatro meses, em função do exercício de ativi-
dade laboral na condição de empregado de empresa privada urbana. Pedro é viúvo e mora em
companhia de seu único filho, Jorge, de dezenove anos de idade.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o seguinte item.
Caso, no mês em curso, Pedro complete sessenta e cinco anos de idade, então, a partir do
próximo mês ele terá direito ao benefício da aposentadoria programada, cujo valor da renda
mensal deverá ser de 100% do valor do salário de benefício.

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Quais são os requisitos para a concessão da aposentadoria programada para o trabalhador


urbano, que é o caso do Pedro?
• 65 anos de idade, se homem; 62, se mulher;
• carência de 180 contribuições;
• tempo mínimo de contribuição de 20 anos, se homem, 15 anos, se mulher.
Pedro tem a idade? De acordo com o enunciado, sim.
Pedro tem a carência? Não!
Só por aí já daria para encerrar a questão. Mas Pedro também não tem o tempo mínimo de con-
tribuição necessário para a aposentadoria. Ou seja: se você não percebeu o erro da carência,
aqui havia MAIS UMA CHANCE de marcar o gabarito.
E o Cespe ainda vai além e afirma que a renda mensal da aposentadoria de Pedro correspon-
deria, caso concedida, a 100% do SB. DE JEITO NENHUM. Ainda que considerássemos viável
a concessão da aposentadoria com menos de 13 anos de tempo de contribuição — despre-
zando o cumprimento da carência de 180 contribuições e a exigência de tempo mínimo de
contribuição de 20 anos — o enunciado esbarraria no art. 53 do RPS:

Art. 53. O valor da aposentadoria programada corresponderá a sessenta por cento do salário de
benefício definido na forma prevista no art. 32, com acréscimo de dois pontos percentuais para
cada ano de contribuição que exceder o tempo de vinte anos de contribuição, para os homens, ou
de quinze anos de contribuição, para as mulheres. (grifos nossos)
Portanto, mesmo que fosse verdadeira a tese de que Pedro se aposentaria com apenas 12
anos de contribuição, a renda mensal do benefício seria de 60% do valor do SB.
Errado.

Início do Benefício

Como REGRA GERAL, a aposentadoria programada inicia na data de entrada do requeri-


mento. Essa regra geral vale para todos os segurados, exceto o empregado e o empregado
doméstico.
Para o empregado e o doméstico (ou, usando a expressão consagrada na LBPS, ao segu-
rado empregado, inclusive o doméstico) o início do benefício se dará da data do desligamento
do emprego se: (1) tiver havido desligamento — é ÓBVIO; e (2) o requerimento do benefício
tiver ocorrido no máximo 90 dias após o desligamento.
Se o empregado ou o doméstico não se desligaram do emprego, ou se houve o desliga-
mento, mas o pedido do benefício foi feito mais de 90 dias após, a aposentadoria iniciará na
data do requerimento.

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Cessação do Benefício

A aposentadoria programada cessará apenas com o óbito do segurado. Facinho, né?

Outras Informações Relevantes sobre o Benefício

1ª –EXCLUSIVIDADE NÃO EXCLUSIVA


Imagino que você achará ABSURDO o que vou escrever aqui, mas peço que não me xin-
gue. Dirija sua ira ao STF e ao legislador, nessa ordem. Falei no início deste tópico que ao
professor que comprovar exclusivamente tempo — 25 anos, para ambos os sexos — de efetivo
exercício das funções de magistério na educação infantil e ensino fundamental e médio tem
direito à aposentadoria programada com redução de cinco anos na idade mínima em relação
aos demais, lembra?
E se eu disser que o legislador, a seguir, fala que a expressão “exclusivamente funções
de magistério” não abrange “exclusivamente funções de magistério”? É ou não é pra pirar o
cabeção? Mas tudo bem, reconheçamos o mérito dessa questão. Veja o que diz o art. 54, §
2º do RPS:

Art. 54. Para o professor que comprove, exclusivamente, tempo de efetivo exercício em função de
magistério na educação infantil, no ensino fundamental ou no ensino médio, desde que cumprido
o período de carência exigido, será concedida a aposentadoria de que trata esta Subseção quando
cumprir, cumulativamente, os seguintes requisitos:

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I – cinquenta e sete anos de idade, se mulher, e sessenta anos de idade, se homem; e
II – vinte e cinco anos de contribuição, para ambos os sexos, em efetivo exercício na função a que
se refere o caput.
§ 1º O valor da aposentadoria de que trata este artigo será apurado na forma prevista no art. 53.
§ 2º Para fins de concessão da aposentadoria de que trata este artigo, considera-se função de ma-
gistério aquela exercida por professor em estabelecimento de ensino de educação básica em seus
diversos níveis e modalidades, incluídas, além do exercício da docência, as funções de direção de
unidade escolar e de coordenação e assessoramento pedagógicos. (grifos nossos)

Essa mudança legislativa decorreu de sucessivas derrotas judiciais sofridas pelo INSS. O
STF apresentou, ao julgar a Ação Declaratória de Inconstitucionalidade n. 3.772, a seguinte
conclusão:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE MANEJADA CONTRA O ART. 1º DA LEI FEDE-


RAL 11.301/2006, QUE ACRESCENTOU O § 2º AO ART. 67 DA LEI 9.394/1996. CARREIRA
DE MAGISTÉRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL PARA OS EXERCENTES DE FUNÇÕES DE
DIREÇÃO, COORDENAÇÃO E ASSESSORAMENTO PEDAGÓGICO. ALEGADA OFENSA AOS
ARTS. 40, § 5º, E 201, § 8º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INOCORRÊNCIA. AÇÃO JUL-
GADA PARCIALMENTE PROCEDENTE, COM INTERPRETAÇÃO CONFORME. I - A função
de magistério não se circunscreve apenas ao trabalho em sala de aula, abrangendo
também a preparação de aulas, a correção de provas, o atendimento aos pais e alunos, a
coordenação e o assessoramento pedagógico e, ainda, a direção de unidade escolar. II -
As funções de direção, coordenação e assessoramento pedagógico integram a carreira
do magistério, desde que exercidos, em estabelecimentos de ensino básico, por pro-
fessores de carreira, excluídos os especialistas em educação, fazendo jus aqueles que
as desempenham ao regime especial de aposentadoria estabelecido nos arts. 40, § 5º, e
201, § 8º, da Constituição Federal. III - Ação direta julgada parcialmente procedente, com
interpretação conforme, nos termos supra.
(STF – ADI 3.772/DF – Relator Ministro RICARDO LEWANDOWSKI – Tribunal Pleno – Jul-
gamento em 29.10.2008 – Publicação em 29.10.2009) (grifo nosso)

Essa alteração legislativa é salutar, pois, ao vincular o direito à redução da idade mínima
apenas ao exercício do magistério em sentido estrito, o INSS inegavelmente desestimulava a
participação dos professores em outros setores da escola. Quantos excelentes administrado-
res deixaram de concorrer a cargos de direção escolar ou de coordenação pedagógica para
assegurarem sua aposentação benéfica?
A única parte prejudicada com a mudança da regra somos nós, os concurseiros, pois aca-
bamos nos deparando com essa exclusividade não exclusiva. Mas agora, certamente, essa
questão já está superada e gravada em sua mente.

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Aposentadorias do RGPS
Cassius Garcia

2ª – IMPOSSIBILIDADE DE CONVERSÃO DE TEMPO


Ainda sobre a temática aposentadoria do professor, é imprescindível destacar que, em-
bora a legislação conceda o direito à aposentadoria com idade inferior àquela aplicável aos
demais trabalhadores, não estamos diante de uma aposentadoria especial. A aposentadoria
especial, de que trataremos no próximo tópico, é aquela devida ao segurado que laborou ex-
posto de forma habitual e permanente a agentes nocivos que colocam em risco sua saúde ou
integridade física.
Chamar a aposentadoria do professor de aposentadoria especial seria o mesmo que dizer
que os alunos, ou a lousa, ou os demais professores, ou mesmo os livros didáticos, são agen-
tes nocivos. Não dá, né?
Mas esse alerta que faço não é por purismo terminológico. É para destacar que não é
possível a conversão do tempo laborado como professor para fins de concessão da aposen-
tadoria programada comum. A proibição está no art. 54, § 4º do RPS.
Suponhamos um segurado que tem 20 anos de atividade urbana comum e outros 20 anos
como professor do ensino médio. Ele poderia desejar uma redução proporcional da idade mí-
nima em virtude do tempo laborado como professor. Não vai levar! Não pode! Ou ele cumpre
TODO o tempo como professor (e aí consegue aposentar-se aos 60 anos) ou precisa esperar
até os 65.
3ª – PROVA DA ATIVIDADE DOCENTE
E a aposentadoria dos professores dá ainda MAIS pano pra manga. De que forma pode o
professor comprovar o efetivo exercício da atividade de magistério? Diz o RPS, no art. 54, que:

Art. 54. [...] § 3º A comprovação da condição de professor será feita por meio da apresentação:
I – do diploma registrado nos órgãos competentes federais e estaduais ou de documento que com-
prove a habilitação para o exercício do magistério, na forma prevista em lei específica; e
II – dos registros em carteira profissional ou Carteira de Trabalho e Previdência Social complemen-
tados, quando for o caso, por declaração do estabelecimento de ensino no qual tenha sido exercida
a atividade, sempre que essa informação for necessária para caracterização do efetivo exercício da
função de magistério, nos termos do disposto no caput.

4ª - PROVA DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO


Já tratamos, na apresentação deste tópico, das regras para a prova do TC. Você já sabe
que, em primeiro lugar, são computados os dados do CNIS e, de forma subsidiária, o trabalha-
dor pode apresentar os documentos mencionados nos arts. 19-B e 188-G do RPS.
Certamente você já leu esses artigos, não é? Nesse ponto há algumas regrinhas que vale
a pena revisarmos. Pode me acompanhar?
Em primeiríssimo lugar, importa destacar que o documento apresentado deve ser contem-
porâneo aos fatos alegados. É isso que nos diz o caput do art. 19-B do RPS:

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Art. 19-B. Na hipótese de não constarem do CNIS as informações sobre atividade, vínculo, remunera-
ções ou contribuições, ou de haver dúvida sobre a regularidade das informações existentes, o período
somente será confirmado por meio da apresentação de documentos contemporâneos dos fatos a
serem comprovados, com menção às datas de início e de término e, quando se tratar de trabalhador
avulso, à duração do trabalho e à condição em que tiver sido prestada a atividade. (grifo nosso)

Essa regra é absoluta? NÃO. Existem pouquíssimas regras absolutas no Direito Previden-
ciário. Dado seu caráter social, a imensa maioria de suas restrições possui algum abranda-
mento, de modo a evitar excessivos prejuízos aos segurados.
Se não houver documentos contemporâneos, admitir-se-á a apresentação dos documen-
tos mencionados no § 4º do mesmo art. 19-B.

Art. 19-B. § 4º Na falta de documento contemporâneo, podem ser aceitos declaração do empregador
ou de seu preposto, atestado de empresa ainda existente ou certificado ou certidão de entidade oficial
dos quais constem os dados previstos no caput, desde que extraídos de registros existentes, que serão
confirmados pelo INSS na forma prevista no § 5º, exceto se fornecidas por órgão público. (grifo nosso)

Se a documentação apresentada não for suficiente para, por si só, comprovar o tempo de
serviço/contribuição, é possível a realização de JUSTIFICAÇÃO ADMINISTRATIVA ou JUSTI-
FICAÇÃO JUDICIAL.

O que, raios, é isso, professor?

A justificação administrativa (JA) é um procedimento que se assemelha às audiências de ins-


trução nos processos judiciais. Na JA, o segurado que deseja obter o benefício comparece
ao INSS com, pelo menos, três testemunhas. Os três são entrevistados pelos servidores do
INSS, com a intenção de corroborar as informações existentes nos documentos que instruí-
ram o pedido, ou suprir eventual insuficiência documental. Suas regras estão no RPS, a partir
do art. 142.
Já a justificação judicial (JJ) é um processo previsto nos arts. 381 a 383 do Código de Proces-
so Civil, pouquíssimo utilizado. Trabalhei 10 anos na Justiça Federal e me deparei com apenas
dois processos do tipo. Consiste, basicamente, na colheita de depoimentos pelo Juiz. Tem
a mesma finalidade da JA (corroborar informações dos documentos ou suprir insuficiências
documentais).
Se ambas justificações têm a mesma finalidade, e se o INSS rotineiramente realiza JAs, por
que realizar a JJ, que certamente leva mais tempo para ser concluída? Sinceramente, não sei
a resposta. DEDUZO que, na equivocada intenção de dar mais consistência ou confiabilidade
aos depoimentos, alguns advogados preferem que a justificação seja realizada perante um
Juiz, e depois apresentam os termos, com a transcrição dos depoimentos, ao INSS. Na prática,

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não faz nenhuma diferença para o INSS, que trata com o mesmo peso os termos de audiência
judiciais e os termos obtidos em seu procedimento administrativo.
Por que eu estou falando de JA e JJ? Para chamar sua atenção para o seguinte: não basta jun-
tar três, quatro ou dez testemunhas para confirmar as minhas alegações. A prova de tempo de
serviço feita em justificação (administrativa ou judicial) só terá validade se baseada em início
de prova material contemporânea dos fatos.
O que é “início de prova material”? O termo “início de prova” significa que não é necessário que
a documentação seja suficiente para a comprovação de todos os fatos alegados. Se o fossem,
qual seria a utilidade da justificação? Se o segurado tiver poucos documentos, que abranjam
apenas parte do período laborado, então estamos diante de início de prova, e a esse início deve
ser dada continuidade com a justificação. ALGUM DOCUMENTO a criatura precisa ter, senão
só podemos lamentar.

Eis aí, finalmente, uma regra absoluta? Também NÃO! Vejamos o que tem a nos dizer o art.
143 do RPS:

Art. 143. A justificação administrativa ou judicial, para fins de comprovação de tempo de contribui-
ção, dependência econômica, identidade e relação de parentesco, somente produzirá efeito quando
for baseada em início de prova material contemporânea dos fatos e não serão admitidas as provas
exclusivamente testemunhais.
§ 1º Será dispensado o início de prova material quando houver ocorrência de motivo de força maior
ou de caso fortuito. (grifo nosso)

Nessa hipótese vale a prova exclusivamente testemunhal, professor?

QUASE isso, prezado(a) aluno(a). O segurado precisa, isso sim, comprovar a ocorrência de
caso fortuito ou força maior, como diz o § 2º, logo abaixo.

§ 2º Caracteriza motivo de força maior ou caso fortuito a verificação de ocorrência notória, tais
como incêndio, inundação ou desmoronamento, que tenha atingido a empresa na qual o segurado
alegue ter trabalhado, devendo ser comprovada mediante registro da ocorrência policial feito em
época própria ou apresentação de documentos contemporâneos dos fatos, e verificada a correla-
ção entre a atividade da empresa e a profissão do segurado. (grifo nosso)

CHEGA de aposentadoria programada.


A Reforma da Previdência criou diversas regras de transição, com impacto no tempo de
contribuição exigido, na idade mínima, nas regras de cálculo... Por razões didáticas, compila-
rei todas elas em um tópico específico, após a conclusão do estudo das aposentadorias.
Vamos logo em frente, pois o tempo é curto, e a matéria é MUITO longa.

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Aposentadoria Especial
Eis o paraíso dos examinadores (e o inferno dos concurseiros) no tema benefícios. Sem
sombra de dúvidas, é a prestação previdenciária mais complexa, seja sob a ótica do custeio
(possui contribuições destinadas especificamente ao seu financiamento), seja sob a ótica do
benefício (ao menos três hipóteses diferentes de concessão; regras legislativas sucessiva-
mente alteradas, algumas delas depois derrubadas no Judiciário).
PARA SUA SORTE, este sujeito que aqui vos fala irá explicar tudo de forma que você apren-
derá rapidamente e não mais esquecerá, Ok? Vamos em frente?
Inicio com um relevantíssimo alerta: em documentos internos do INSS (mais exatamente
no Ofício Circular DIRBEN n. 64/2019), esse benefício é tratado como derivado da aposenta-
doria programada. No entender do INSS, a aposentadoria programada é subdividida em três:
a normal, a especial e a do professor.
Faz sentido, porque os requisitos gerais de concessão (carência, tempo de contribuição,
forma de cálculo) são muito semelhantes. Tanto isso é verdade que a aposentadoria do pro-
fessor já foi estudada em conjunto com a aposentadoria programada.
A aposentadoria especial, no entanto, embora tenha inúmeras semelhanças que justifica-
riam seu agrupamento, possui também diversas particularidades relacionadas, sobretudo, ao
reconhecimento da atividade com exposição a agentes físicos, químicos e biológicos.
Para fins didáticos, portanto, será ela estudada aqui, separadamente. Vam’bora!
A aposentadoria especial é um benefício devido ao segurado que trabalhou sujeito a con-
dições especiais (exposto a agentes nocivos físicos, químicos ou biológicos, ou associação de
agentes) que prejudiquem sua saúde ou integridade física. É regulado pelos arts. 57 e 58 da
LBPS, bem como pelos arts. 64 a 70 do RPS.
Tem como objetivo compensar, se é que isso é possível, mediante redução do tempo ne-
cessário para a aposentadoria, os danos (reais ou potenciais) à saúde do segurado exposto a
condições insalubres/perigosas.
Para ter direito ao benefício. o segurado deve atingir a idade mínima estabelecida no art.
64 do RPS e comprovar que, durante o período mínimo exigido (15, 20 ou 25 anos), exerceu
seu labor de forma permanente, não ocasional nem intermitente, e esteve exposto a agentes
nocivos. Feita essa prova pelo segurado, deverá o INSS avaliar se a situação descrita caracte-
riza trabalho em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, assim
entendidas aquelas nas quais a exposição ao agente nocivo ou associação de agentes pre-
sentes no ambiente de trabalho esteja acima dos limites de tolerância estabelecidos segundo
critérios quantitativos, ou esteja caracterizada segundo os critérios da avaliação qualitativa.

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O que deve ser permanente, não ocasional nem intermitente, é o trabalho, não necessariamen-
te a exposição a agentes nocivos. O que a legislação exige é que a exposição do segurado ao
agente nocivo seja indissociável da produção do bem ou da prestação do serviço (RPS, art. 65).

Serão contados como tempo especial os períodos de descanso determinados pela legis-
lação trabalhista, inclusive férias, bem como os afastamentos decorrentes do gozo de salá-
rio-maternidade, desde que, na data do afastamento, o segurado estivesse exposto a agen-
tes nocivos.
A prova da exposição a tais agentes é feita, atualmente, por meio de um formulário de-
nominado Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), que é emitido pela empresa ou seu
preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho, elaborado por
médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.
O PPP é um documento com o histórico laboral do trabalhador, segundo modelo instituído
pelo INSS, que, entre outras informações, deve conter o resultado das avaliações ambientais,
o nome dos responsáveis pela monitoração biológica e pelas avaliações ambientais, os resul-
tados de monitoração biológica e os dados administrativos correspondentes.
A depender do agente nocivo, o tempo de contribuição necessário para a aposentadoria
será de 15, 20 ou 25 anos. Ao contrário do que ocorre com a aposentadoria programada, não há
distinção entre homens e mulheres na aposentadoria especial. A aposentadoria ocorrerá em
15 anos para ambos, ou em 20 anos para ambos, ou em 25 anos — adivinhe? — para ambos.

Carência

Nesse ponto, ao menos, a aposentadoria especial não difere da aposentadoria programa-


da. São 180 contribuições (art. 25, II da LBPS).

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Segurados Cobertos

Eu já disse que esse benefício é cheio de regrinhas. Então, prepare-se! A LBPS não diz a
quais classes de segurado é devida essa prestação; afirma, apenas, que ela será devida ao
segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física durante 15, 20 ou 25 anos. Então o RPS, cumprindo seu papel de explicar,
detalhar a Lei, trouxe o art. 64, com o seguinte teor:

Art. 64. A aposentadoria especial, uma vez cumprido o período de carência exigido, será devida ao
segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual, este último somente quando co-
operado filiado a cooperativa de trabalho ou de produção, que comprove o exercício de atividades
com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou a associa-
ção desses agentes, de forma permanente, não ocasional nem intermitente, vedada a caracteriza-
ção por categoria profissional ou ocupação, durante, no mínimo, quinze, vinte ou vinte e cinco anos,
e que cumprir os seguintes requisitos: [...] (grifo nosso)

Mas professor, um decreto não pode contrariar uma lei! Se a lei não restringe os segura-
dos, como pode o decreto restringir?

Calma, prezado(a). Acredite em mim: o que o decreto fez foi, simplesmente, explicar que
só se considera trabalho permanente com exposição a condições especiais o exercido pelos
segurados ali referidos. Essa objetividade do decreto evita que o INSS perca tempo analisan-
do pedidos de segurados que, pela própria natureza da atividade, não se enquadrariam na
hipótese de concessão da aposentadoria especial (empregados domésticos, contribuintes
individuais que não integrem cooperativa de trabalho ou de produção, segurado especial e
segurado facultativo).

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Salário de Benefício (SB)

O SB da aposentadoria especial é calculado pela média dos salários de contribuição cor-


respondentes a todo o período contributivo desde julho de 1994 (art. 32 do RPS).

Renda Mensal

60% do SB quando atingido o tempo mínimo de contribuição + 2% por ano que supere este
tempo mínimo, que é de:
• 20 anos para o homem;
• 15 anos para a mulher.

EXCEÇÃO: No caso de atividade especial que assegure aposentadoria aos 15 anos de


contribuição, o tempo mínimo é, obviamente, de 15 anos para homens e mulheres.
NA REGRA GERAL, portanto temos:
− Segurado (sexo masculino) contribuiu por 20 anos — a RMB será equivalente a 60%
do SB;
− Segurada (sexo feminino) contribuiu por 20 anos — a RMB será equivalente a 70%
do SB;

E assim seguimos, como na tabela abaixo:


Tempo de Segurado Segurada
contribuição (H) (M)
25 anos 70% 80%
30 anos 80% 90%
35 anos 90% 100%
40 anos 100% 110%

Na EXCEÇÃO (atividade especial de 15 anos) a lógica é a mesma, mudam apenas os per-


centuais, e ficam iguais para ambos os sexos:

Tempo de Segurado Segurada


contribuição (H) (M)
15 anos 60% 60%
20 anos 70% 70%
25 anos 80% 80%
30 anos 90% 90%
35 anos 100% 100%
40 anos 110% 110%
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Início do Benefício

Aqui se aplica a MESMÍSSIMA regra vigente para a aposentadoria programada. É isso que
prevê o art. 57, § 2º, da LBPS. Ou seja:

Cessação do Benefício

O primeiro motivo é o mais óbvio. A aposentadoria especial cessa com o óbito do be-
neficiário.
O segundo motivo é exclusivo desse benefício e está previsto no art. 69, parágrafo único,
do RPS. Sua redação é tão clara que basta a transcrição:

Art. 69. Parágrafo único. O segurado que retornar ao exercício de atividade ou operação que o su-
jeite aos riscos e agentes nocivos constantes do Anexo IV, ou nele permanecer, na mesma ou em
outra empresa, qualquer que seja a forma de prestação do serviço ou categoria de segurado, será
imediatamente notificado da cessação do pagamento de sua aposentadoria especial, no prazo de
sessenta dias contado da data de emissão da notificação, salvo comprovação, nesse prazo, de que
o exercício dessa atividade ou operação foi encerrado. (grifo nosso)

Preciso explicar? A aposentadoria especial existe porque se pressupõe um desgaste ex-


cessivo à saúde e integridade física do trabalhador, o que justifica a concessão da aposen-
tadoria precoce. Se ele se sente em condições de permanecer exercendo atividades que o
expõem a risco, não há motivo para a Previdência se preocupar, não concorda?
Ele que permaneça trabalhando e, quando achar que não mais suporta o encargo, requeira
sua aposentação.

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A legislação determina a cessação da aposentadoria se o segurado permanecer trabalhan-


do em atividades nocivas. Não há vedação NENHUMA ao trabalho comum, assim entendido
aquele que não expõe o segurado a agentes nocivos.

006. (FCC/2012/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL) José recebe aposentadoria especial no


Regime Geral de Previdência Social. Nessa situação, José:
a) não poderá retornar ao mercado de trabalho.
b) não poderá retornar à função que ocupava anteriormente à aposentadoria.
c) gozará de isenção da contribuição previdenciária se retornar ao mercado de trabalho.
d) está inválido para o exercício da atividade laborativa.
e) deve provar o nexo de causalidade entre o agente nocivo e o trabalho desempenhado.

Chegar só ao gabarito é uma BARBADA. Já para analisar corretamente todas as assertivas,


precisamos forçar um pouquinho mais a memória. Vamos lá?
a) Errada. A única aposentadoria que impede o retorno à atividade, sob pena de cancela-
mento, é a aposentadoria por incapacidade permanente. O beneficiário dessa prestação que
se sentir apto a retornar ao trabalho deve solicitar nova perícia no INSS para, comprovada a
recuperação da capacidade laboral, retomar suas atividades de rotina com, se for o caso, o
pagamento da mensalidade de recuperação.

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José pode retornar ao mercado de trabalho sim, com uma ressalva, que abordaremos na
assertiva b.
b) Certa. Releia o parágrafo único do art. 69 do RPS, transcrito logo acima.
Eis a ressalva à qual me referi no comentário à letra a. O beneficiário de aposentadoria es-
pecial pode permanecer na ativa, mas não pode exercer atividade com exposição a agentes
nocivos, sob pena de cancelamento do benefício.
c) Errada. Que mentira deslavada! Que cara de pau! Você não caiu nessa, né? Mais uma pega-
dinha maldosa da banca, mas que não engana aluno meu!
Você se lembra do art. 195 da Constituição Federal? Mais especificamente, da parte que diz
que a seguridade social será financiada por toda a sociedade?
Com base nisso, o legislador disse o seguinte, na LOCSS:

Art. 12. § 4º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social-RGPS que estiver exercendo ou
que voltar a exercer atividade abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa
atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata esta Lei, para fins de custeio da Seguridade
Social. (grifos nossos)
Disposição semelhante está no art. 11, § 3º, da LBPS, e no art. 9º, § 1º, do RPS. Ou seja, NÃO
HÁ como fugir da contribuição.
d) Errada. Embora a questão não diga nem sim, nem não, vamos considerar como verdadeiro
que José NÃO está inválido. A aposentadoria especial não guarda relação com a invalidez, tal
missão compete à aposentadoria por incapacidade permanente.
e) Errada. Veja, nos termos do art. 68 do RPS, de que forma se dá a comprovação do direito à
aposentadoria especial:

Art. 68, § 3º A comprovação da efetiva exposição do segurado a agentes prejudiciais à saúde será
feita por meio de documento, em meio físico ou eletrônico, emitido pela empresa ou por seu pre-
posto com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do
trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho. (grifo nosso)
Dúvidas?
Letra b.

Outras Informações Relevantes sobre o Benefício

1ª – ENQUADRAMENTO POR CATEGORIA


Até o ano de 1995, a legislação previa a possibilidade de concessão dessa aposentadoria
a determinadas categorias profissionais. Telefonistas, eletricistas, motoristas profissionais,
por exemplo, tinham direito à aposentadoria especial por força de lei, bastando que compro-
vassem pertencer a tais categorias. Não era necessário, para estes, provar a efetiva exposição
a agentes nocivos. No referido ano, a Lei 9.032/1995 alterou a LBPS e acabou com essa farra.

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O enquadramento na aposentadoria especial mediante comprovação da efetiva exposição


a agentes nocivos, que já existia, foi mantido. O enquadramento por categoria profissional
foi extinto.
2ª – RELAÇÃO DE AGENTES NOCIVOS
O anexo IV do RPS traz a relação de agentes nocivos que podem dar ao segurado a eles
exposto o direito à aposentadoria especial. É MUITO DIFÍCIL que a banca vá tratar de casos
práticos nesse tema, mas como de bolsa de mulher, bumbum de nenê e cabeça de elaborador
de prova de concurso, NUNCA sabemos o que pode sair, vejamos os pontos principais:
• 15 anos é o tempo que deve comprovar, para ter direito à aposentadoria especial, o tra-
balhador que for exposto a riscos químicos, físicos e biológicos ao exercer atividades
permanentes no subsolo de minerações subterrâneas em frente de produção.
• 20 anos é o tempo para a aposentadoria especial do segurado que:
− trabalhar exposto a ASBESTOS (amianto);
− for exposto a riscos químicos, físicos e biológicos ao trabalhar em mineração sub-
terrânea, em atividades exercidas afastadas da frente de produção.
• 25 anos é o tempo necessário para a aposentadoria de TODOS os demais trabalhadores
que exerçam trabalho permanente exposto a agentes nocivos. O Anexo IV do RPS traz
a relação dos agentes nocivos e das atividades que ensejam exposição a tais agentes.

Diz o RPS que o rol de agentes nocivos é exaustivo (está completo, não pode ser amplia-
do), enquanto o de atividades é exemplificativo (comprovada a efetiva exposição ao agente
nocivo, o segurado pode ter direito ao benefício, mesmo que seu labor não esteja arrolado no
Anexo IV).
A jurisprudência do STJ tem se posicionado no sentido de que também o rol de agentes
nocivos é exemplificativo, de modo que poderia o Juiz, se assim entendesse adequado, con-

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ceder a aposentadoria especial a segurado exposto a outros agentes que não estivessem ali
relacionados.

3ª – CONVERSÃO DE TEMPO DE SERVIÇO


E o que acontece se o segurado trabalha parte de sua vida em atividade especial e parte em
atividade comum? É só definir qual é a atividade preponderante e realizar a conversão? NÃO,
NÃO, NÃO E NÃO!
A aposentadoria especial é devida apenas aos segurados que comprovarem trabalho per-
manente com exposição a agentes nocivos.
Não posso, em hipótese nenhuma, realizar a conversão de tempo em que tal exposição
não ocorreu. A LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA ADMITE APENAS A CONVERSÃO DE TEMPO
ESPECIAL EM COMUM.
NÃO SE ADMITE A CONVERSÃO DE TEMPO COMUM EM ESPECIAL.

E agora, com a Reforma da Previdência, até mesmo a conversão de tempo especial em


comum está PROIBIDA. Foi assegurado o direito à conversão do tempo especial exercido até
a entrada em vigor da EC n. 103/2019, mas expressamente vedada a conversão do tempo
posterior.
Isso significa que atualmente o segurado tem duas possibilidades:

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• Ou cumpre todo o tempo especial para obtenção da aposentadoria especial;


• Ou pede uma aposentadoria programada, convertendo o tempo especial laborado até a
EC n. 103/2019 e sem converter o tempo especial posterior.

4ª – USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)


A legislação trabalhista impõe ao empregador a obrigação de fornecer aos trabalhadores
expostos a riscos profissionais equipamentos de proteção individual (EPI) sempre que as
medidas de ordem geral não oferecerem proteção total contra riscos de acidentes e/ou danos
à saúde (CLT, art. 166).
Tal exigência tem, ou ao menos o legislador desejava que tivesse, repercussão no âmbito
da Previdência Social. No Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT) –
aquele documento que serve de base para o preenchimento do PPP, como já falei –, deverão
constar informações sobre a existência de tecnologia de proteção coletiva ou individual, e de
sua eficácia.
Qual a motivação dessa exigência? Simples: o INSS entende que o uso de equipamentos
de proteção coletiva ou individual pode ser suficiente para ELIMINAR a nocividade do trabalho
ou, pelo menos, reduzir o grau de exposição do trabalhador a níveis toleráveis. Com isso, não
haveria direito à aposentadoria especial. Sentiu a malandragem?
Mas o STJ já tem firme posicionamento no sentido de que o uso de EPI não é suficiente, por
si só, para afastar o direito ao benefício, o que deve ser apurado caso a caso.

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. SOBRESTAMENTO DO FEITO. TEMA SOB REPER-


CUSSÃO GERAL. DESNECESSIDADE. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC.
TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL. COMPROVA-
ÇÃO DA NEUTRALIZAÇÃO DA INSALUBRIDADE. REEXAME DE FATOS E PROVAS. SÚMULA
7/STJ. 1. [...] 3. É assente nesta Corte que o fornecimento pela empresa ao empregado
Equipamento de Proteção Individual - EPI não afasta, por si só, o direito ao benefício de
aposentadoria com a contagem de tempo especial, devendo ser apreciado caso a caso,
a fim de comprovar sua real efetividade por meio de perícia técnica especializada e desde
que devidamente demonstrado o uso permanente pelo empregado durante a jornada de
trabalho. 4. [...]
(STJ – AGARESP 402122 – Relator Ministro HUMBERTO MARTINS – Segunda Turma –
Julgamento em 15.10.2013 – Publicação em 25.10.2013) (grifo nosso)

E o STF, em um extenso acórdão, com repercussão geral, defendeu, com outras palavras, o
mesmo posicionamento do STJ. Vamos ver apenas os trechos que nos interessam:

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Aposentadorias do RGPS
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RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. DIREITO CONSTITUCIONAL PREVIDENCIÁ-


RIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. [...] 8. O risco social aplicável ao benefício previdenciário
da aposentadoria especial é o exercício de atividade em condições prejudiciais à saúde
ou à integridade física (CRFB/88, art. 201, § 1º), de forma que torna indispensável que o
indivíduo trabalhe exposto a uma nocividade notadamente capaz de ensejar o referido
dano, porquanto a tutela legal considera a exposição do segurado pelo risco presumido pre-
sente na relação entre agente nocivo e o trabalhador. 9. A interpretação do instituto da apo-
sentadoria especial mais consentânea com o texto constitucional é aquela que conduz a
uma proteção efetiva do trabalhador, considerando o benefício da aposentadoria especial
excepcional, destinado ao segurado que efetivamente exerceu suas atividades laborativas
em “condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”. 10. Consecta-
riamente, a primeira tese objetiva que se firma é: o direito à aposentadoria especial pres-
supõe a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o
EPI for realmente capaz de neutralizar a nocividade não haverá respaldo constitucional à
aposentadoria especial. 11. A Administração poderá, no exercício da fiscalização, aferir as
informações prestadas pela empresa, sem prejuízo do inafastável judicial review. Em caso
de divergência ou dúvida sobre a real eficácia do Equipamento de Proteção Individual, a
premissa a nortear a Administração e o Judiciário é pelo reconhecimento do direito ao
benefício da aposentadoria especial. Isto porque o uso de EPI, no caso concreto, pode
não se afigurar suficiente para descaracterizar completamente a relação nociva a que o
empregado se submete. 12. In casu, tratando-se especificamente do agente nocivo ruído,
desde que em limites acima do limite legal, constata-se que, apesar do uso de Equipamento
de Proteção Individual (protetor auricular) reduzir a agressividade do ruído a um nível tole-
rável, até no mesmo patamar da normalidade, a potência do som em tais ambientes causa
danos ao organismo que vão muito além daqueles relacionados à perda das funções auditi-
vas. [...] 13. Ainda que se pudesse aceitar que o problema causado pela exposição ao ruído
relacionasse apenas à perda das funções auditivas, o que indubitavelmente não é o caso,
é certo que não se pode garantir uma eficácia real na eliminação dos efeitos do agente
nocivo ruído com a simples utilização de EPI, pois são inúmeros os fatores que influen-
ciam na sua efetividade, dentro dos quais muitos são impassíveis de um controle efetivo,
tanto pelas empresas, quanto pelos trabalhadores. 14. Desse modo, a segunda tese fixada
neste Recurso Extraordinário é a seguinte: na hipótese de exposição do trabalhador a ruído
acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do Perfil
Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção
Individual - EPI, não descaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria. 15.
Agravo conhecido para negar provimento ao Recurso Extraordinário.

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Aposentadorias do RGPS
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(STF – ARE 664335 – Relator Ministro LUIZ FUX – Tribunal Pleno – Julgamento em
04.12.2014 – Publicação em 12.02.2015) (grifos nossos)

5ª – EMPREITADA, CESSÃO DE MÃO DE OBRA E COOPERATIVA DE TRABALHO


Os cooperados de cooperativa de trabalho e os empregados das empresas contratadas para
empreitada ou cessão de mão de obra não exercem suas atividades na sede da cooperativa/
empresa, mas em estabelecimentos de terceiros. Portanto, o PPP desses trabalhadores deve
ser preenchido pela cooperativa/empresa com base no laudo técnico emitido pela empresa to-
madora de serviço (ou seja, pela proprietária do estabelecimento onde o serviço foi prestado).
6ª – ATIVIDADE PERIGOSA
Um tema que já rendeu MUITA discussão nas vias administrativa e judicial é a possibilidade
de concessão de aposentadoria especial aos segurados que exercem atividades PERIGOSAS.
Por um bom tempo, algumas atividades perigosas foram consideradas para a obtenção da
aposentadoria; mas isso vigorou até o ano de 1995, quando cessou a possibilidade de enqua-
dramento por atividade e se passou a utilizar apenas a análise dos agentes nocivos.
Embora se reconheça o risco a que está sujeito — e por isso a legislação trabalhista asse-
gura o pagamento de uma parcela remuneratória adicional — quem trabalha, por exemplo, com
explosivos, quem exerce atividade de vigilância armada, um eletricista que trabalha em redes
de alta tensão, é inegável que a saúde desses segurados só é prejudicada se ocorre algum
acidente em seu trabalho.
Já os segurados expostos a agentes nocivos físicos, químicos e biológicos sofrem danos
à saúde ou integridade física pela simples exposição ao agente; o prejuízo é inerente ao tra-
balho, não depende da ocorrência de eventos extraordinários, por isso são merecedores de
atenção diferenciada por parte da Previdência.
Nos Tribunais, tem ganhado corpo tese favorável ao reconhecimento da atividade espe-
cial por periculosidade. No entanto, o STJ, reconhecendo a relevância da questão, suspendeu
todas as demandas sobre o tema até que venha a julgar o caso.
Enquanto aguardamos o pronunciamento do STJ, acompanhamos também a tramitação
do Projeto de Lei Complementar n. 245/2019, que pretende regulamentar o benefício de apo-
sentadoria especial, reconhecendo o direito àqueles que exercem atividades perigosas.
DE CONCRETO sobre isso, o que temos hoje é a vedação do enquadramento por peri-
culosidade.

Aposentadoria por Idade do Trabalhador Rural


ANTES da Reforma da Previdência, o art. 201, § 7º da Constituição Federal trazia a previ-
são da aposentadoria por TC (inciso I) e da aposentadoria por idade (inciso II).
A Reforma alterou os dois incisos. No primeiro fixou as regras da aposentadoria progra-
mada (65 anos – homem / 62 anos – mulher e tempo mínimo de contribuição). No segundo,

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Aposentadorias do RGPS
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previu uma aposentadoria por idade — é isso mesmo — voltada apenas ao trabalhador rural e
àqueles que exercem atividade em regime de economia familiar (produtor rural, garimpeiro e
pescador artesanal). É o último resquício da finada aposentadoria por idade.
No âmbito interno do INSS, a fim de evitar confusão com a aposentadoria por idade, que
ainda sobrevive em regras de transição, optou-se por batizar essa nova prestação de aposen-
tadoria do trabalhador rural e do garimpeiro. Já o RPS, quando atualizado para adequar-se
à Reforma, optou pela denominação aposentadoria por idade do trabalhador rural. É a que
utilizaremos neste curso.
Prestados esses necessários esclarecimentos, sigamos.

Carência

Para os segurados que recolhem contribuições mensais (garimpeiros — que são contri-
buintes individuais — e trabalhadores rurais não enquadrados como segurados especiais) 
180 (cento e oitenta) contribuições (LBPS, art. 25, II).
Não se aplica a esse benefício a regra do ½. Basta que o segurado cumpra, a qualquer
tempo, com as 180 contribuições. Se tiver 179 e passar 10 anos sem contribuir, bastará reco-
lher UMA contribuição para poder requerer o benefício.
Para o segurado especial que não contribui facultativamente  Basta comprovar 180 me-
ses de efetivo exercício de atividade rural ou pesqueira. Isso porque o segurado especial — ai
de você, se não se lembrar disso — não realiza contribuições mensais para o RGPS; sua con-
tribuição é diferenciada, incidente sobre a receita bruta da venda de sua produção agrícola.
Por isso, a lei diz que ele é isento de carência — isso está no art. 26, III, da LBPS:

Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações: [...]


III – os benefícios concedidos na forma do inciso I do art. 39, aos segurados especiais referidos no
inciso VII do art. 11 desta Lei; [...] (grifos nossos)

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Penso, contudo, ser fundamental prestar alguns esclarecimentos acerca dessa dispensa
da carência. O segurado especial não é isento de contribuições. Só há, isso sim, uma carência
especial. Contam-se os meses de efetivo exercício de atividade rural e aproveitam-se todas as
contribuições vertidas nesse período, sejam 20, 30, 50, 100.
Imaginemos agora a seguinte situação: um segurado exerceu 10 anos de atividade urba-
na (dos 45 aos 55).

Começou tarde, hein, professor?

Pois é, colega. O mais provável é que tenha ENTRADO TARDE PARA A FORMALIDADE.
Provavelmente trabalhou desde a adolescência, sem registro, como é MUITO comum, infeliz-
mente, em nosso país. Cansado da correria da cidade, comprou uma pequena área rural e foi
curtir a vida simples do campo — quem não conhece acha que é a maior moleza —, passando
a extrair da terra o próprio sustento, laborando em regime de economia familiar. É, indiscuti-
velmente, um segurado especial. Aos 60 anos ele pede aposentadoria. Já tem a carência de
15 anos e é segurado especial, de modo que pode se aposentar, certo?
ERRADO! A redução da idade é válida apenas para os segurados que comprovem no mí-
nimo 180 meses de efetivo exercício de atividade rural no período imediatamente anterior
ao requerimento. Se ele precisar, para atingir essa carência, adicionar períodos de atividade
urbana, como no nosso exemplo, é necessário implementar os requisitos da aposentadoria
programada (65 anos de idade e 20 de contribuição, se homem; 62 anos de idade e 15 de con-
tribuição, se mulher). É isso que a doutrina e jurisprudência denominam aposentadoria híbri-
da, porque utiliza período contributivo (de atividade urbana) e não contributivo (de segurado
especial) para preenchimento dos requisitos.

Segurados Cobertos

Nem todos podem fazer jus a essa prestação, como você já deve ter deduzido em minhas
palavras iniciais. Ficam de fora do rol de beneficiários o empregado doméstico e o segurado
facultativo.
Por conseguinte, podem receber essa prestação os segurados:
• Empregado (rural);
• Contribuinte individual (rural);
• Trabalhador avulso (rural); e
• Segurado especial.

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Salário de Benefício (SB)

O SB da aposentadoria por idade do trabalhador rural é calculado — quando houver con-


tribuição no período básico de cálculo, o que NÃO ocorre no caso dos segurados especiais —
pela média dos salários de contribuição correspondentes a todo o período contributivo desde
julho de 1994.

Renda Mensal

A RMB da aposentadoria por idade do trabalhador rural será:


• Para o segurado especial que não contribui facultativamente na forma do art. 39, II, da
LBPS: 1 salário mínimo.
• Para os demais segurados, aí incluído o segurado especial que opta por contribuir na
forma do art. 39, II da LBPS: 60% do SB quando atingido o tempo mínimo de contribui-
ção + 2% por ano que supere este tempo mínimo, que é de:
− 20 anos para o homem;
− 15 anos para a mulher.
• Para o segurado especial que precisou computar tempo de atividade urbana (aposen-
tadoria híbrida, como citei logo acima ao tratar da carência desse benefício) e, por con-
seguinte, só pôde se aposentar aos 65 anos, se homem, ou 62, se mulher, o cálculo é
o mesmo aplicável à categoria demais segurados (LBPS, art. 48, § 4º). Para fins de
apuração do SB, considerar-se-á como SC durante o período de atividade rural como
segurado especial o salário mínimo.

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Início do Benefício

Como REGRA GERAL, a aposentadoria por idade do trabalhador rural inicia na data de en-
trada do requerimento; essa regra geral vale para todos os segurados, exceto o empregado.
Para o empregado, o início do benefício se dará na data do desligamento do emprego se:
(1) tiver havido desligamento — é ÓBVIO; e (2) o requerimento do benefício tiver ocorrido no
máximo 90 dias após o desligamento.
Se o empregado não se desligou do emprego, ou se houve o desligamento, mas o pedido
do benefício foi feito mais de 90 dias após, a aposentadoria iniciará na data do requerimento.

Cessação do Benefício

A aposentadoria por idade do trabalhador rural cessará apenas com o óbito do segurado.
Facinho, né?
E pronto! Esse benefício tem menos regras, é a mais simples das aposentadorias, conclu-
ímos tudo o que havia para ver sobre ele.
Partiremos agora para o estudo da última aposentadoria do RGPS.

Aposentadoria da Pessoa com Deficiência


Em 8 de maio de 2013, foi promulgada a Lei Complementar (LC) n. 142, com o objetivo de,
finalmente, dar efetividade à previsão do art. 201, §1º, I, da Constituição Federal:

Art. 201 § 1º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para concessão de benefí-
cios, ressalvada, nos termos de lei complementar, a possibilidade de previsão de idade e tempo de
contribuição distintos da regra geral para concessão de aposentadoria exclusivamente em favor
dos segurados:
I – com deficiência, previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe mul-
tiprofissional e interdisciplinar; [...] (grifos nossos)

Quando criado, o benefício não constituía, a bem dizer, uma “nova aposentadoria”, um bene-
fício autônomo. Tratava apenas da adoção de critérios diferenciados para a concessão de
aposentadoria por TC ou de aposentadoria por idade para as pessoas com deficiência.
No entanto, a Reforma da Previdência extinguiu a aposentadoria por idade e extinguiu a apo-
sentadoria por TC, unificando-as na atual aposentadoria programada.
Ao mesmo tempo, determinou a observância das regras da LC n. 142/2013, inclusive quanto
aos critérios de cálculo dos benefícios, para a concessão da aposentadoria da pessoa com
deficiência (PCD).

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Logo, para fins de concessão da aposentadoria da PCD, permanecem existentes DOIS benefí-
cios (uma aposentadoria por idade e outra por TC) concedidas com base em requisitos espe-
cíficos, que serão esclarecidos a seguir.

É considerada PCD aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, men-
tal, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.
O segurado poderá se aposentar por idade com redução de cinco anos, independente-
mente do grau de deficiência, desde que comprove 15 anos de contribuição e também a exis-
tência de deficiência pelo mesmo período.
A depender do grau de deficiência (leve, moderado ou grave) poderá se aposentar por TC
com redução de 2, 6 ou 10 anos, respectivamente.

Tempo de Tempo de
Grau de Idade Idade
contribuição contribuição
deficiência (homem) (mulher)
(homem) (mulher)

Leve 33 anos 28 anos 60 anos 55 anos

Moderada 29 anos 24 anos 60 anos 55 anos

Grave 25 anos 20 anos 60 anos 55 anos

Os requisitos de idade e TC da tabela acima não são cumulativos. O segurado pode se aposen-
tar ou por tempo de contribuição ou, alternativamente, por idade.

Professor, como posso saber o grau de deficiência?

Simples, prezado(a). A LC n. 142/2013 disse que o Poder Executivo expedirá regulamento


que conterá tal especificação. Em dezembro de 2013, o Decreto n. 8.145 incluiu no RPS, entre ou-
tros, os arts. 70-A a 70-I, tratando especificamente do benefício que estamos agora estudando.
Mas adivinhe se ele tratou do grau de deficiência? Que nada! O art. 70-A do RPS diz que
o reconhecimento do grau de deficiência se dá por avaliação biopsicossocial realizada por
equipe multiprofissional e interdisciplinar, mas não vai além disso.
O que temos de mais concreto é uma Portaria Interministerial do ano de 2014 (Portaria
Interministerial AGU/MPS/MF/SEDH/MP n. 1, de 27.01.2014), que você não precisa estudar,
por meio da qual foi criado um instrumento na forma de questionário, para ser aplicado nas
avaliações de deficiência dos segurados. Serão avaliados o tipo de deficiência e como ela se

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aplica nas funcionalidades do trabalho desenvolvido pela pessoa, considerando também o


aspecto social e pessoal.
Em suma, a análise será individualizada, não leva em conta apenas a deficiência, isolada-
mente considerada. No site da Previdência Social — disponível no endereço https://www.gov.
br/previdencia/pt-br/assuntos/noticias/previdencia/inss/rgps-tire-suas-duvidas-sobre-a-
-aposentadoria-especial-para-pessoa-com-deficiencia — há um resumo sobre o benefício,
que traz um exemplo bastante claro a esse respeito: um trabalhador cadeirante que tem carro
adaptado e não precisa de transporte para chegar ao trabalho pode ter a gradação de defici-
ência considerada moderada, enquanto um trabalhador também cadeirante com necessidade
de se locomover para o trabalho por meio de transporte público pode ter a gradação de defi-
ciência considerada grave.

Carência

180 contribuições, pois era essa a carência estabelecida para as finadas aposentadorias
por idade e por TC (art. 25, II, LBPS).

Segurados Cobertos

Valem as regras que ERAM aplicáveis às atualmente inexistentes aposentadoria por idade
e aposentadoria por TC, ou seja:
• A aposentadoria por idade é concedida a todas as classes de segurado.
• Já para a aposentadoria por tempo de contribuição, há algumas restrições. Não têm
direito a essa aposentadoria:
− o segurado especial;
− o contribuinte individual e o facultativo que contribuem com 11% sobre o salário
mínimo nacional;
− o microemprendedor individual; e
− a dona de casa de baixa renda.

Salário de Benefício (SB)

O SB da aposentadoria da pessoa com deficiência é calculado pela média dos salários


de contribuição correspondentes a todo o período contributivo desde julho de 1994 (art.
32 do RPS).

Renda Mensal

Como temos dois benefícios, teremos também duas regras distintas de cálculo. Para a
aposentadoria por TC, a renda mensal corresponderá a 100% do SB. Para a aposentadoria por
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idade, 70% mais 1% por grupo de 12 contribuições, até o máximo de 30%, ou seja, 85% com 15
anos de contribuição, 90% com 20 anos etc.
A incidência do fator previdenciário, no caso da aposentadoria da PCD, é opcional, sendo
aplicado apenas se mais benéfico ao segurado, seja na aposentadoria por idade, seja na apo-
sentadoria por TC.

Início do Benefício

Adivinhe? MESMAS REGRAS da aposentadoria por idade e por TC, que já “transplantamos”
também para a aposentadoria programada. Ou seja, como REGRA GERAL, a aposentadoria
inicia na data de entrada do requerimento; essa regra geral vale para todos os segurados,
exceto o empregado e o empregado doméstico.
Para o empregado e o doméstico (ou, usando a expressão consagrada na LBPS, ao segu-
rado empregado, inclusive o doméstico), o início do benefício se dará da data do desligamento
do emprego se: (1) tiver havido desligamento – é ÓBVIO; e (2) o requerimento do benefício
tiver ocorrido no máximo 90 dias após o desligamento.
Se o empregado ou o doméstico não se desligaram do emprego, ou se houve o desliga-
mento, mas o pedido do benefício foi feito mais de 90 dias após, a aposentadoria iniciará na
data do requerimento.

Cessação do Benefício

Se as aposentadorias por idade e por TC só cessavam com o óbito, o que você acha que
vale para PCD? A MESMÍSSIMA REGRA. Receberão seu benefício enquanto viverem. Sim-
ples assim.

Outras Informações Relevantes sobre o Benefício

Nesse ponto sim, trataremos de algumas regras muito específicas, presentes na legisla-
ção que instituiu os critérios diferenciados que estamos agora estudando. Pode me acom-
panhar? Adianto que você terá certa sensação de déjà vu, pois mesmo essas peculiaridades
contêm traços característicos dos benefícios que já estudamos. Vam’bora!
1ª – CONVERSÃO DE TEMPO

É, prezado(a). Quando existe contagem diferenciada de TC, é inevitável nos depararmos


com regras de conversão. É possível que um segurado com deficiência sofra agravamento
de sua situação (passe, por exemplo, de deficiência leve para moderada, ou grave); também
há possibilidade de ocorrer abrandamento (pode haver recuperação parcial da doença ou
da lesão, ou alteração dos aspectos sociais e pessoais, com impacto na conclusão pericial

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acerca do grau de deficiência — lembrem do exemplo do cadeirante, que eu trouxe no início


deste tópico).
A LC n. 142/2019 assegurou o direito à conversão em seu art. 7º, e o RPS estabeleceu as
regras no art. 70-E. É possível, com base nas regras desse artigo, a conversão de:
• tempo com deficiência para outro tempo com deficiência; ou
• tempo com deficiência para tempo comum.

E, APARENTEMENTE, a legislação permite ainda a hipótese a seguir:


• tempo comum para tempo com deficiência. Não há autorização expressa nesse senti-
do, mas a presença, nas tabelas do art. 70-E do RPS, de índices para a realização dessa
conversão nos permite chegar a tal conclusão.

Minha opinião: não vejo problema algum nas duas primeiras hipóteses de conversão;
guardam simetria com a previsão da aposentadoria especial, e também com os casos de con-
versão de tempo especial em comum para fins de obtenção de aposentadoria por TC. Mais
difícil é engolir a terceira hipótese, justamente em razão da simetria. Imaginemos a situação
de um segurado do sexo masculino que trabalhou durante 30 anos em atividade comum e só
então se tornou PCD GRAVE. Se admitirmos a possibilidade de conversão de tempo comum
em tempo com deficiência, ele poderá trabalhar mais três anos e nove meses e pronto, poderá
se aposentar por TC sem a incidência do fator previdenciário. Lembram que a aposentadoria
especial só pode ser concedida a segurado que trabalhou durante TODA SUA VIDA LABORAL
exposto a agentes nocivos? Por que aqui seria diferente? Considero razoável, portanto, a con-
cessão de aposentador por TC ou aposentadoria por idade à PCD apenas ao segurado que
cumpriu, na condição de PCD, o tempo exigido para a aposentadoria (art. 70-B, incisos I a III,
ou então art. 70-C, § 1º, do RPS).
Vislumbro, ainda, aparente contradição entre a previsão do art. 70-E § 2º (abaixo transcri-
to), que trata especificamente da possibilidade de soma de períodos com e sem deficiência,
e os incisos do art. 70-B do RPS, que exigem o cumprimento do tempo de contribuição na
condição de PCD.
No entanto (só o tempo nos dará a resposta), é perfeitamente possível que a intenção do
legislador seja, realmente, de maximizar os benefícios concedidos às PCDs, de modo que a
hipótese quase absurda descrita acima corresponda à realidade. Essas regras não são tão re-
centes assim (entraram em vigor em novembro de 2013), mas a Instrução Normativa do INSS
lançada no ano de 2015 não traz detalhes a respeito, de modo que não tenho como garantir a
vocês qual será o entendimento administrativo nesse tema. Aguardemos por cenas dos pró-
ximos capítulos. COM CERTEZA nenhum concurso adotará, por ora, casos práticos tratando
dessa temática; se caírem questões sobre esse benefício, tratarão apenas da literalidade do
texto legal.

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As regras para conversão estão no art. 70-E do RPS:

Art. 70-E. Para o segurado que, após a filiação ao RGPS, tornar-se pessoa com deficiência (possi-
bilidades de conversão 2 ou 3), ou tiver seu grau alterado (possibilidade 1), os parâmetros mencio-
nados nos incisos I, II e III do caput do art. 70-B serão proporcionalmente ajustados e os respecti-
vos períodos serão somados após conversão, conforme as tabelas abaixo, considerando o grau de
deficiência preponderante, observado o disposto no art. 70-A:[...]
§ 1º O grau de deficiência preponderante será aquele em que o segurado cumpriu maior tempo de
contribuição, antes da conversão, e servirá como parâmetro para definir o tempo mínimo necessá-
rio para a aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa com deficiência e para a conversão.
§ 2º Quando o segurado contribuiu alternadamente na condição de pessoa sem deficiência e com
deficiência, os respectivos períodos poderão ser somados, após aplicação da conversão de que
trata o caput. (grifos nossos)

Conseguiu entender essa confusão, prezado(a)? Apesar da polêmica relacionada à con-


versão de tempo especial em tempo com deficiência, o restante é simples, não concorda?
Posso prosseguir?
2ª – CONVERSÃO DE TEMPO (de novo)

Agora trataremos de um tema que você já conhece. A conversão de tempo especial.


O que acontece se o segurado com deficiência exerce trabalho permanente com exposi-
ção a agentes nocivos? Ele pode converter duas vezes seu tempo de contribuição? NÃO! O art.
70-F do RPS é muito claro ao dizer que:

A redução do tempo de contribuição da pessoa com deficiência não poderá ser acumulada, no
mesmo período contributivo, com a redução aplicada aos períodos de contribuição relativos a
atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
(grifo nosso)

No entanto, é garantida a CONVERSÃO do tempo especial em tempo com deficiência, para


fins de concessão da aposentadoria a PCD, se mais benéfico ao segurado. O mesmo art. 70-F
traz as tabelas de conversão.
Mas o caminho inverso É EXPRESSAMENTE VEDADO pelo § 2º do mesmo artigo. Não se
admite a conversão de tempo com deficiência em tempo especial. Nada mais natural, trata-se
simplesmente de adaptação ao caso em tela da regra que veda a conversão de tempo comum
em especial. E mais estranha ainda se torna a suposta possibilidade de conversão de tempo
comum em tempo com deficiência, a que me referi alguns parágrafos acima.
Para a concessão de aposentadoria por idade à PCD, o RPS também admite a conversão,
mas o tempo convertido não será computado para fins de carência. Isso significa que os 15
anos de carência exigidos para a aposentadoria por idade são 15 ANOS MESMO. Cumprido

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esse requisito, aí se passa à conversão do tempo especial, cujo resultado terá repercussão NO
CÁLCULO DA RENDA MENSAL (no percentual incidente sobre o SB). Entendido?
3ª – DIREITO DE OPÇÃO

O legislador tem TARA por falar o óbvio. E se ele faz constar na lei ou no decreto, eu PRE-
CISO falar. O RPS assegura à PCD o direito de optar pela percepção de qualquer outra espécie
de aposentadoria do RGPS, se lhe for mais vantajosa. Difícil é imaginar uma situação dessas,
já que os critérios de concessão dos benefícios à PCD são bastante generosos, principalmen-
te em relação à facultatividade do fator previdenciário.
E, finalmente, concluímos o estudo das aposentadorias do RGPS. Permaneço com a pulga
atrás da orelha em relação à possibilidade de conversão do tempo comum em tempo com
deficiência, acredito que nenhuma banca será louca de tratar desse espinhoso assunto por
enquanto, e vou mantê-lo(a) informado(a) de qualquer novidade nessa seara.

Regras de Transição Pós-Reforma


NÃO É COMUM a cobrança de regras de transição em concursos; tenho quase DUAS MIL
questões comentadas em meus alfarrábios, sendo apenas 12 — DOZE — relacionadas a esse
tema. E, dessas 12, apenas duas abordam regras de transição no âmbito do Regime Geral.
Não vejo razão, portanto, para grandes aprofundamentos. Até porque um estudo efetiva-
mente PROFUNDO de regras de transição envolveria “ressuscitar” a legislação já ultrapassa-
da, das aposentadorias por TC e por idade. Trarei aqui as regras, de forma MUITO SINTÉTICA,
apenas para que possas dar aquela rápida passada de olhos na véspera da prova.
Estas regras transitórias valem para TODOS — isso mesmo, para TODOS — os que já eram
filiados ao RGPS antes da Reforma da Previdência.

Aposentadoria por Idade


Para a concessão da aposentadoria por idade, pela regra de transição (art. 18 da EC n.
103/2019), também presente no art. 188-H do RPS), são necessários:
I – 61 (sessenta e um) anos de idade, se mulher, e 65 (sessenta e cinco) anos de idade,
se homem; e
II – 15 (quinze) anos de contribuição, para ambos os sexos.
A EC trazia a idade de 60 anos para a mulher, mas determinava o acréscimo de seis meses
a cada ano, iniciando em janeiro de 2020, até que atinja o limite de 62 anos de idade.
O cálculo da renda mensal é, até que sobrevenha lei que o regulamente, o mesmo da atual
aposentadoria programada.

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Aposentadoria por Tempo de Contribuição


Para a concessão da aposentadoria por TC, há quatro regras de transição distintas:

1) COM PONTUAÇÃO — a conhecida regra 86/96 (agora 88/98)

Para a obtenção desse benefício, os segurados devem comprovar o cumprimento dos


seguintes requisitos (art. 15 da EC n. 103, replicado no art. 188-I do RPS):
I – 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher, e 35 (trinta e cinco) anos de contribuição,
se homem; e
II – somatório da idade e do tempo de contribuição, incluídas as frações, equivalente a
88 pontos, se mulher, e 98 pontos, se homem (pontuação válida a partir de janeiro de 2021),
aumentando-se 1 ponto por ano até chegar ao limite de 100 pontos para a mulher e 105
para o homem.
EXEMPLOS válidos para 2021:
• Homem com 40 anos de contribuição e 58 anos de idade;
• Mulher com 33 anos de contribuição e 55 anos de idade.

Para o professor que comprovar exclusivamente 25 (vinte e cinco) anos de contribuição,


se mulher, e 30 (trinta) anos de contribuição, se homem, em efetivo exercício das funções de
magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio, é assegurada aposentado-
ria com o atingimento de 83 pontos para a mulher e 93 pontos para o homem, acrescentan-
do-se 1 ponto por ano até chegar, respectivamente, a 92 e 100.
O cálculo da renda mensal é, até que sobrevenha lei que o regulamente, o mesmo da atual
aposentadoria programada.

2) COM IDADE MÍNIMA (inferior à atual aposentadoria programada)

Para a obtenção da aposentadoria seguindo essa regra de transição, são exigidos (art. 16
da EC n. 103; art. 188-J do RPS):
I – 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher, e 35 (trinta e cinco) anos de contribuição,
se homem; e
II – idade de 57 (cinquenta e sete) anos, se mulher, e 62 (sessenta e dois) anos, se homem.
Observe que esta regra dá um “descontinho” — pequenininho — em relação à regra de
pontuação que acabamos de estudar. Para chegar aos atuais 98 pontos, um homem com 35
anos de TC precisaria de 63 anos. Essa regra de transição com idade mínima antecipa em 1
ano o direito do segurado.
Vale destacar que, a cada ano, essa idade mínima será elevada em seis meses até atingir
62 anos para as mulheres e 65 para os homens.

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Para o professor que comprovar exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções
de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio, o TC e a idade acima
referidos serão reduzidos em cinco anos (ou seja: para 2021, 52 anos para a professora e 57
anos para o professor); acrescem-se a cada ano seis meses às idades previstas, até atingirem
57 anos, se mulher, e 60 anos, se homem.
O cálculo da renda mensal é, até que sobrevenha lei que o regulamente, o mesmo da atual
aposentadoria programada.

3) COM PERÍODO ADICIONAL (PEDÁGIO)

Para obtenção da aposentadoria seguindo essa regra de transição, são exigidos (art. 17
da EC n. 103/2019; art. 188-K do RPS):
I – mais de 28 anos de contribuição, se mulher, e 33 anos de contribuição, se homem, na
data da entrada em vigor da EC n. 103/2019;
II – 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher, e 35 (trinta e cinco) anos de contribuição,
se homem; e
II – cumprimento de período adicional (pedágio) correspondente a 50% do tempo que, na
data de entrada em vigor da EC n. 103/2019 (13/11/2019), faltaria para atingir 30 (trinta) anos
de contribuição, se mulher, e 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se homem.

EXEMPLO
Maria tinha, na data da EC n. 103/2019, 29 anos de contribuição. Com quanto tempo de con-
tribuição poderá requerer sua aposentadoria seguindo esta regra de transição?
Com 30 anos e seis meses. Ela precisa chegar aos 30 anos e cumprir um período adicional de
50% do que faltava, na data da EC n. 103/2019, para os 30. Como faltava 1 ano, o seu pedágio
é de seis meses.

Esta regra de transição não tem previsão de aplicação para os professores. A grande vanta-
gem dessa regra de transição é a total desvinculação de qualquer requisito etário (a regra de
pontuação tem vinculação indireta com a idade; a regra da idade mínima, vinculação direta;
esta aqui não depende MESMO da idade). Mas...
O valor desse benefício será apurado pela média aritmética simples dos salários de contribui-
ção desde julho de 1994, multiplicada pelo fator previdenciário. Ou seja: embora não dependa
de idade mínima, se o(a) segurado(a) for muito jovem, vai sofrer uma drástica redução no valor
do benefício.

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4) COM IDADE MÍNIMA E PERÍODO ADICIONAL (PEDÁGIO)

Para obtenção da aposentadoria seguindo essa regra de transição, são exigidos (art. 20
da EC n. 103/2019; art. 188-L do RPS):
I – 57 (cinquenta e sete) anos de idade, se mulher, e 60 (sessenta) anos de idade, se homem;
II – 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher, e 35 (trinta e cinco) anos de contribui-
ção, se homem;
III – período adicional de contribuição (pedágio) correspondente a 100% do tempo que, na
data de entrada em vigor da EC n. 103/2019, faltaria para atingir o TC referido no item acima.

EXEMPLO
José tinha, na data da EC n. 103/2019, 32 anos de contribuição. Com quanto tempo de contri-
buição poderá requerer sua aposentadoria seguindo essa regra de transição?
Com 38 anos. Ela precisa chegar aos 30 anos e cumprir um período adicional de 100% do que
faltava, na data da EC n. 103/2019, para os 35. Como faltavam três anos, o seu pedágio é de
três anos.

Para o professor que comprovar exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções
de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio, serão reduzidos, para
ambos os sexos, os requisitos de idade e de tempo de contribuição em cinco anos. Isso sig-
nifica 52 anos de idade para a professora, 55 anos de idade para o professor; e o cálculo do
pedágio se dá a partir do tempo que, na data da EC n. 103/2019, faltava para cumprir 25 anos
de contribuição (professora) e 30 anos de contribuição (professor). Ficou claro?
A grande vantagem dessa regra? O cálculo do benefício. Nos termos do art. 26, § 3º da
EC n. 103/2019, o benefício apurado com base nessa regra de transição corresponderá a
100% da média aritmética simples dos salários de contribuição desde julho de 1994. É isso
mesmo. Sem pegadinhas, sem coeficientes de redução, sem fator previdenciário. Apura-se a
média e pronto.

Aposentadoria Especial
Para obtenção da aposentadoria especial seguindo essa regra de transição, criou-se uma
regra de pontuação (idade + TC) semelhante à regra 88/98, com a relevante diferença de que
aqui a pontuação é a mesma para ambos os sexos. Essa regra leva em conta os pontos e o
tempo mínimo de efetiva exposição a agentes nocivos.
São exigidos (art. 21 da EC n. 103/2019; art. 188-P do RPS):
I – 66 (sessenta e seis) pontos e 15 (quinze) anos de efetiva exposição;
II – 76 (setenta e seis) pontos e 20 (vinte) anos de efetiva exposição; e
III – 86 (oitenta e seis) pontos e 25 (vinte e cinco) anos de efetiva exposição.

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Para obtenção da pontuação, será somado todo o tempo de contribuição, inclusive aquele
não exercido em efetiva exposição a agentes nocivos. Ou seja: um segurado que tenha labo-
rado durante 15 anos em atividade que lhe dê direito à aposentadoria com 15 anos de efetiva
exposição não precisa esperar até os 51 anos para obter sua aposentadoria. Ele pode ter, por
exemplo, 15 anos de efetiva exposição + cinco anos de outras atividades (total = 20) e, com
isso, poderá obter sua aposentadoria aos 46 anos de idade.
O cálculo da renda mensal é, até que sobrevenha lei que o regulamente, o mesmo da atual
aposentadoria especial.

Ufa! Concluímos a primeira — e duríssima — etapa do estudo dos benefícios em espécie.


Esse conteúdo, que já era amplo, foi fermentado pela recente Reforma, com suas regras de
transição. Paciência, querido(a), vida de concurseiro é assim.
Não hesite em chamar se tiver qualquer dúvida.
Espero você na próxima aula. Fique com Deus.

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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (CESPE/STJ/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR FEDERAL/2018/ADAPTADA) A respei-
to do regime geral da previdência social e do custeio da seguridade social, julgue o item que se
segue, considerando a jurisprudência dos tribunais superiores.
O segurado especial terá direito a aposentadoria com requisito diferenciado, desde que com-
prove o exercício da atividade rural por tempo igual ao número de meses exigidos para a ca-
rência do benefício.

Questãozinha fácil, cuja resposta é fundamentada em literalidade normativa. Vejamos o que


nos diz o art. 201, § 7º, da CF:

Art. 201. [...] § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da
lei, obedecidas as seguintes condições:
I – 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher,
observado tempo mínimo de contribuição;
II – 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, se mulher, para
os trabalhadores rurais e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar,
nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.

Como podemos ver, os segurados especiais (trabalhadores rurais e pescadores artesanais)


têm direito a uma aposentadoria com requisito diferenciado em relação aos demais.
Antes da Reforma da Previdência este benefício era a aposentadoria por idade devida ao tra-
balhador rural.
Após a reforma, embora a prestação não tenha sofrido grandes alterações, o INSS optou por
rebatizar este benefício de Aposentadoria por idade do trabalhador rural. Mas é a mesma apo-
sentadoria que conhecíamos, que depende apenas do cumprimento do requisito etário e do
cumprimento da carência.
Leia o § 1º do art. 48 da LBPS, ainda vigente:

Art. 48. [...] § 1º Os limites fixados no caput são reduzidos para sessenta e cinquenta e cinco anos
no caso de trabalhadores rurais, respectivamente homens e mulheres, referidos na alínea a do inci-
so I, na alínea g do inciso V e nos incisos VI e VII do art. 11.
§ 2º Para os efeitos do disposto no § 1º deste artigo, o trabalhador rural deve comprovar o efetivo exercí-
cio de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimen-
to do benefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do be-
nefício pretendido, computado o período a que se referem os incisos III a VIII do § 9º do art. 11 desta Lei.

Preciso dizer mais?


Certo.

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002. (CESPE/DPF/DELEGADO/2018/ADAPTADA) Roberto é empregado da empresa XYZ ME


há trinta anos e pretende requerer ao INSS, em 1.º/10/2018, a concessão de aposentadoria
programada.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item a seguir.
As informações fornecidas são suficientes para se concluir que Roberto tem direito ao perce-
bimento de aposentadoria programada, por haver cumprido integralmente os requisitos para o
gozo do benefício.

Vamos começar pela Constituição. Até porque a LBPS — Lei n. 8.213/1991 está desatualizada
neste ponto e só causaria confusão:

Art. 201. [...] § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da
lei, obedecidas as seguintes condições:
I – 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher,
observado tempo mínimo de contribuição;

Qual seria o tempo mínimo de contribuição? A resposta a esta pergunta não está na Constitui-
ção nem na LBPS, mas no RPS:

Art. 51. A aposentadoria programada, uma vez cumprido o período de carência exigido, será devida
ao segurado que cumprir, cumulativamente, os seguintes requisitos:
I – sessenta e dois anos de idade, se mulher, e sessenta e cinco anos de idade, se homem; e
II – quinze anos de tempo de contribuição, se mulher, e vinte anos de tempo de contribuição, se
homem.

O enunciado só nos fala nos trinta anos de trabalho de Roberto para a empresa XYZ. Embora o
tempo de contribuição seja mais que suficiente para a aposentadoria (exige-se pelo menos 20
anos), não podemos dizer que “as informações fornecidas são suficientes” para concluir que
Roberto tem direito à aposentadoria.
Está faltando uma informação da mais absoluta relevância: a idade de Roberto. Sem este ele-
mento é-nos impossível avaliar se ele pode ou não aposentar-se.
Errado.

003. (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) O item seguinte, acerca de benefí-


cios previdenciários, apresenta uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada.
Em maio de 2015, Antônio, ao completar cinquenta e nove anos de idade e trinta e cinco anos
de contribuição para a previdência social na condição de contribuinte individual, deixou de con-
tribuir e não requereu o benefício da aposentadoria por tempo de contribuição.
Nessa situação, o direito de Antônio pleitear o benefício da aposentadoria e os proveitos eco-
nômicos dela decorrentes prescreverá em cinco anos a contar da data em que ele completou
os trinta e cinco anos de contribuição.
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Vamos falar de ATC (Aposentadoria por Tempo de Contribuição)? Este benefício não existe
mais, mas precisamos falar dela porque trataremos aqui de direito adquirido.
A Constituição — com a redação que vigorava ANTES da Reforma da Previdência de 2019 (a
questão fala da situação do Antônio em 2015, por isso desprezamos a recente alteração) — já
nos dá uma importante pista para analisarmos a proposição:

Art. 201. [...] § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da
lei, obedecidas as seguintes condições:
I – trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher;

O CESPE afirma que o Antônio completou trinta e cinco anos de contribuição. Diz, também,
que ele tem 59 anos — informação inserida aí para confundir, porque lá em 2015 não existia
idade mínima para a obtenção de aposentadoria por tempo de contribuição.
Antônio, então, parou de contribuir e, por razões que só ele é capaz de expor, não requereu a ATC.
Quanto tempo ele tem para poder pedir a aposentadoria? Em outras palavras: é possível que
ele, pelo simples fato de deixar passar o tempo, perca o direito à aposentadoria?
NÃO, meu(minha) amigo(a). Em hipótese nenhuma. Mesmo que, 2 anos depois, surja uma
nova lei que exija 40 anos de contribuição para a concessão de ATC, o direito de Antônio
permanecerá.
Isso porque ele conquistou o que, nos estudos jurídicos, chamamos direito adquirido. Direito
Adquirido é, em síntese, aquele em relação ao qual foram cumpridos todos os requisitos exigi-
dos para sua obtenção, estando ele definitivamente integrado ao patrimônio jurídico do titular.
Simplificando: “o que é meu tá guardado!”
Se o Antônio cumpriu todos os requisitos para a obtenção da ATC — e o enunciado afirma que
ele cumpriu, pois estes requisitos são apenas a carência (de 180 contribuições; Antônio tem
420) e o tempo de contribuição (35 anos) — nada poderá tirar-lhe o direito ao benefício.

Professor... mas e a tal prescrição? E a decadência??

Ora essa, meu(minha) amigo(a)... isso não tem nada a ver com o assunto.
A lei prevê a prescrição de parcelas vencidas 5 anos antes do ajuizamento da ação — ou do
requerimento de revisão administrativa; já a decadência atinge o direito à revisão dos atos de
concessão ou indeferimento de um benefício, após 10 anos.
Antônio não requereu o benefício. Então ele NÃO iniciou nenhuma contagem de prazo, seja de
prescrição, seja de decadência. O direito adquirido, plenamente integrado ao patrimônio jurídi-
co do titular, pode ser exercido a qualquer tempo.

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Se Antônio requerer o benefício 1 ano depois de atingir os 35 anos de contribuição, receberá;


se requerer o benefício 5 anos depois, também; se só pedir o benefício 20 anos depois, idem.
Ficou claro?
Errado.

004. (CESPE/INSS/ANALISTA DO SEGURO SOCIAL/2016) O próximo item apresenta uma


situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada, com referência à manutenção da
qualidade de segurado e à justificação administrativa.
Raimunda, segurada da previdência social, conviveu em regime de união estável com Cláudio
por doze anos, até falecer. Raimunda não inscreveu Cláudio como seu dependente previdenci-
ário. Nessa situação, caso o INSS exija prova da união estável para a concessão de benefício,
Cláudio poderá utilizar-se da justificação administrativa.

Esta questão aborda tema pouco presente em questões de concurso. A Justificação Adminis-
trativa (JA), procedimento cuja utilidade é atestada pelo art. 142 do RPS:

Art. 142. A justificação administrativa constitui recurso utilizado para suprir a falta ou insuficiência
de documento ou produzir prova de fato ou circunstância de interesse dos beneficiários, perante a
previdência social.

Depois o mesmo RPS dá prosseguimento ao regramento da JA, nos artigos 143 a 151.
A simples definição da JA, dada pelo art. 142, nos traz fortes indícios do gabarito, não é verda-
de? Se ela serve para produzir prova de fato ou circunstância, é mais que óbvio que pode servir
para produzir prova da união estável de Cláudio e Raimunda.
Mas vamos um pouquinho mais abaixo, no mesmo RPS:

Art. 143. A justificação administrativa ou judicial, para fins de comprovação de tempo de contribui-
ção, dependência econômica, identidade e relação de parentesco, somente produzirá efeito quando
for baseada em início de prova material contemporânea dos fatos e não serão admitidas as provas
exclusivamente testemunhais.

Em resumo, se o INSS exigir prova — caso os documentos apresentados pelo Cláudio no momento
do requerimento da pensão não sejam suficientes — da união estável, poderá sim ser promovida JA.
Se ainda estás em dúvida, vamos à redação da Instrução Normativa INSS 77/2015, um tanto
mais explícita:

Art. 575. O processamento da JA ou Justificação Judicial -JJ, para fins de comprovação de tempo
de serviço ou de contribuição, dependência econômica, união estável, identidade e relação de pa-
rentesco, só produzirão efeitos quando baseadas em início de prova material, não sendo admitida
prova exclusivamente testemunhal.

Satisfeitos???
Certo.

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005. (CESPE/INSS/ANALISTA DO SEGURO SOCIAL/2016/ADAPTADA) Roberto, empregado


na empresa Silva & Silva Ltda. há mais de um ano e oito meses, da qual recebe salário mensal
equivalente a um salário mínimo, deverá afastar-se do trabalho por quatro meses em função
de um problema cardíaco atestado em perícia do INSS.
Nessa situação hipotética, caso, após seu afastamento do trabalho, Roberto não recupere a saú-
de, e se comprove a sua incapacidade absoluta para o trabalho, o INSS poderá conceder-lhe
aposentadoria por incapacidade permanente.

Inicialmente, Roberto teve comprovada em perícia médica do INSS a necessidade de se


afastar por quatro meses do trabalho. Responda: quatro meses é incapacidade definitiva ou
temporária?
Portanto, nestes primeiros quatro meses, ao menos, Roberto receberá um auxílio por incapa-
cidade temporária.
Mas e se durante este tempo sua condição de saúde se agravar e for comprovada a incapaci-
dade absoluta — ou seja, total (atinge todo e qualquer labor) e permanente —, terá ele direito
à aposentadoria por incapacidade permanente??? É exatamente isso que a banca quer saber.
Pois bem... a aposentadoria por incapacidade permanente, quando não decorre de acidente do
trabalho, exige o cumprimento de três requisitos para sua concessão:
1) Qualidade de segurado – o beneficiário precisa ser segurado do RGPS. Ponto pro Roberto,
pois o enunciado nos diz que ele é empregado de uma empresa. Portanto, se enquadra na de-
finição de segurado empregado, presente no art. 11, I, ‘a’ da LBPS:

Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
I – como empregado:
a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob
sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado;

2) Carência – é o número mínimo de contribuições para que um segurado faça jus ao benefí-
cio. No caso da aposentadoria por invalidez a carência é zero quando a incapacidade decorre
de acidente do trabalho. Como não é este o caso do Roberto, a carência exigida é de doze
contribuições, como nos diz a LBPS:

Art. 25. A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de Previdência Social depende
dos seguintes períodos de carência, ressalvado o disposto no art. 26:
I – auxílio-doença e aposentadoria por invalidez: 12 (doze) contribuições mensais;

Mais um ponto pro Roberto, que tem pelo menos vinte meses de trabalho.

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Aposentadorias do RGPS
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3) Incapacidade – a aposentadoria por incapacidade permanente é devida ao segurado que se


encontrar permanentemente incapaz, para toda e qualquer atividade. O enunciado nos pede
para avaliarmos justamente o que aconteceria se Roberto comprovasse incapacidade absolu-
ta para o trabalho. Logo, mais um ponto pra ele.
Se ele cumpre os 3 requisitos, terá direito à aposentadoria por incapacidade permanente.
Simples assim.
Certo.

006. (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2015/ADAPTADA) Em relação à aposen-


tadoria especial, julgue o item subsecutivo.
Conforme entendimento do STF, o direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposi-
ção do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o equipamento de proteção
individual for realmente capaz de neutralizar a nocividade, não haverá respaldo à concessão
constitucional de aposentadoria especial.

No final de 2014 o STF finalmente decidiu a respeito dessa polêmica que já vinha há anos lo-
tando o Judiciário. Afinal de contas, o fornecimento de EPI impede, por si só, a concessão da
aposentadoria especial? Vejam o que ele disse... o acórdão é IMENSO, mas vou deixar só os
trechos principais.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. DIREITO CONSTITUCIONAL PREVIDENCI-


ÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. ART. 201, § 1º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA.
REQUISITOS DE CARACTERIZAÇÃO. TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO SOB CONDIÇÕES
NOCIVAS. FORNECIMENTO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL - EPI. [...]
CASO CONCRETO. AGENTE NOCIVO RUÍDO. UTILIZAÇÃO DE EPI. EFICÁCIA. REDUÇÃO
DA NOCIVIDADE. CENÁRIO ATUAL. IMPOSSIBILIDADE DE NEUTRALIZAÇÃO. NÃO DESCA-
RACTERIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES PREJUDICIAIS. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DEVIDO.
AGRAVO CONHECIDO PARA NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. [...]
8. O risco social aplicável ao benefício previdenciário da aposentadoria especial é o exer-
cício de atividade em condições prejudiciais à saúde ou à integridade física (CRFB/88,
art. 201, § 1º), de forma que torna indispensável que o indivíduo trabalhe exposto a uma
nocividade notadamente capaz de ensejar o referido dano, porquanto a tutela legal con-
sidera a exposição do segurado pelo risco presumido presente na relação entre agente
nocivo e o trabalhador. 9. A interpretação do instituto da aposentadoria especial mais
consentânea com o texto constitucional é aquela que conduz a uma proteção efetiva do
trabalhador, considerando o benefício da aposentadoria especial excepcional, destinado
ao segurado que efetivamente exerceu suas atividades laborativas em “condições espe-
ciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”. 10. Consectariamente, a primeira

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Aposentadorias do RGPS
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tese objetiva que se firma é: o direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva expo-
sição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o EPI for realmente
capaz de neutralizar a nocividade não haverá respaldo constitucional à aposentadoria
especial. 11. A Administração poderá, no exercício da fiscalização, aferir as informações
prestadas pela empresa, sem prejuízo do inafastável judicial review. Em caso de divergên-
cia ou dúvida sobre a real eficácia do Equipamento de Proteção Individual, a premissa a
nortear a Administração e o Judiciário é pelo reconhecimento do direito ao benefício da
aposentadoria especial. Isto porque o uso de EPI, no caso concreto, pode não se afigu-
rar suficiente para descaracterizar completamente a relação nociva a que o empregado
se submete. [...] 14. Desse modo, a segunda tese fixada neste Recurso Extraordinário é
a seguinte: na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais de
tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do Perfil Profissiográfico Previden-
ciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual - EPI, não
descaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria. 15. Agravo conhecido
para negar provimento ao Recurso Extraordinário.
(STF – ARE 664335 – Relator Ministro LUIZ FUX – Tribunal Pleno – Julgamento em
04.12.2014 – Publicação em 12.02.2015)

Traduzindo do juridiquês: deve-se avaliar o caso concreto. Se o EPI efetivamente reduzir o


impacto do agente nocivo sobre a saúde do empregado, deve-se deixar de reconhecer a ativi-
dade como especial; caso contrário, permanece o direito à aposentadoria especial.
Não é exatamente isso que o enunciado afirma?
E no caso do ruído — o trecho que grifei ao final do acórdão transcrito? Ora essa... a tese acima
referida (se o EPI efetivamente reduz o impacto a atividade não pode ser reconhecida como
especial) é aplicável à perfeição. O que o STF assentou, simplesmente, é que quando o agente
nocivo for o ruído se entende que o EPI nunca é plenamente eficaz. Simples, não?
Certo.

007. (CESPE/TCE-RN/INSPETOR DE CONTROLE EXTERNO/2015/ADAPTADA) Com base


nas disposições legais referentes ao regime geral de previdência social (RGPS), julgue o item
subsequente.
Situação hipotética: Um trabalhador urbano, segurado do RGPS, completou sessenta e cinco
anos de idade e pretende obter sua aposentadoria. Assertiva: Nessa situação, esse trabalha-
dor terá direito ao benefício desejado desde que comprove ter contribuído para a previdência
social por, pelo menos, trinta anos.

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As regras atuais de concessão de aposentadoria para trabalhadores urbanos exigem o cum-


primento de 3 requisitos:
• Idade mínima: 65 anos para o homem / 62 anos para a mulher. OK, o segurado da ques-
tão tem 65 anos, requisito CUMPRIDO;
• Carência: de acordo com o art. 25 da LBPS, a carência para o benefício de aposentado-
ria — oriundo da ‘junção’ das aposentadorias por idade e por tempo de contribuição — é
de 180 contribuições. OK, o segurado da questão tem 30 anos de contribuição, o que
significa 360 contribuições; requisito CUMPRIDO;
• TEMPO MÍNIMO DE CONTRIBUIÇÃO: aqui é que o enunciado esbarra no que diz a le-
gislação. A Reforma da Previdência modificou totalmente os critérios de concessão.
Não existe mais o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição e, com isso,
qualquer segurado que atinja a idade mínima pode ter direito à aposentadoria desde que
comprove pelo menos 15 (mulheres) ou 20 (homens) anos de contribuição. Vejamos, de
início, o que diz a CONSTITUIÇÃO:

Art. 201. [...] § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da
lei, obedecidas as seguintes condições:
I – 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher,
observado tempo mínimo de contribuição; [...]

O tempo mínimo de contribuição, encontramos no RPS:

Art. 51. A aposentadoria programada, uma vez cumprido o período de carência exigido, será devida
ao segurado que cumprir, cumulativamente, os seguintes requisitos:
I – sessenta e dois anos de idade, se mulher, e sessenta e cinco anos de idade, se homem; e
II – quinze anos de tempo de contribuição, se mulher, e vinte anos de tempo de contribuição, se
homem.

Cumprido o tempo mínimo de contribuição é possível a concessão da aposentadoria. A di-


ferença entre o segurado com maior ou menor tempo está no valor do benefício, o que foge
totalmente do tema da questão.
A banca afirma que para ter direito à aposentadoria o segurado deve comprovar pelo menos
trinta anos de contribuição. Mas acabamos de ver que cumpridos vinte anos já é devido o
benefício.
Logo...
Errado.

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008. (CESPE/AGU/ADVOGADO DA UNIÃO/2015/ADAPTADA) Acerca do RGPS, julgue o item


subsequente.
Desde que tenha sido intercalado com o exercício de atividade laborativa, o período em que
o segurado se beneficiar de auxílio por incapacidade temporária deverá ser considerado para
fins de cômputo de carência e para o cálculo do tempo de contribuição na concessão de apo-
sentadoria por incapacidade permanente, conforme entendimento do STF.

A questão versa sobre a possibilidade de contar como tempo de contribuição e carência na


concessão de aposentadoria por incapacidade permanente, do período de recebimento de au-
xílio por incapacidade temporária, desde que entre períodos de atividade.
O RPS, na realidade, autoriza a contagem do período intercalado de recebimento de benefício
por incapacidade como tempo de contribuição:

Art. 19-C. Considera-se tempo de contribuição o tempo correspondente aos períodos para os quais
tenha havido contribuição obrigatória ou facultativa ao RGPS, dentre outros, o período: [...]
§ 1º Será computado o tempo intercalado de recebimento de benefício por incapacidade, na forma
do disposto no inciso II do caput do art. 55 da Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991, exceto para efeito
de carência.

Mas não ampara — ao menos não expressamente — o reconhecimento deste período de rece-
bimento de auxílio por incapacidade temporária como carência.
Na TNU — Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Fe-
derais —que há uma súmula tratando do assunto, deixando expresso que o período em gozo
de benefício por incapacidade, não decorrente de acidente de trabalho conta como Tempo de
Contribuição e carência, desde que intercalado:

TNU – Súmula n. 73 – O tempo de gozo de auxílio-doença ou de aposentadoria por inva-


lidez não decorrentes de acidente de trabalho só pode ser computado como tempo de
contribuição ou para fins de carência quando intercalado entre períodos nos quais houve
recolhimento de contribuições para a previdência social.

Mas e o STF, o que disse a respeito do tema?

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. PREVIDENCIÁ-


RIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. CÔMPUTO DO TEMPO DE GOZO DE AUXÍLIO-DO-
ENÇA PARA FINS DE CARÊNCIA. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 1. O Supremo Tribunal
Federal decidiu nos autos do RE n. 583.834/PR-RG, com repercussão geral reconhecida,
que devem ser computados, para fins de concessão de aposentadoria por invalidez, os
períodos em que o segurado tenha usufruído do benefício de auxílio-doença, desde que

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Aposentadorias do RGPS
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intercalados com atividade laborativa. 2. A Suprema Corte vem-se pronunciando no sen-


tido de que o referido entendimento se aplica, inclusive, para fins de cômputo da carên-
cia, e não apenas para cálculo do tempo de contribuição. Precedentes: ARE 802.877/RS,
Min. Teori Zavascki, DJe de 1/4/14; ARE 771.133/RS, Min. Luiz Fux, DJe de 21/2/2014;
ARE 824.328/SC, Min. Gilmar Mendes, DJe de 8/8/14; e ARE 822.483/RS, Min. Cármem
Lúcia, DJe de 8/8/14. 3. Agravo regimental não provido.
(STF – ARE 746835 AgR/RS – Relator Ministro DIAS TOFFOLI – Primeira Turma – Julga-
mento em 19.08.2014 – Publicação em 07.10.2014)

Impossível ser mais claro, né? Apesar da divergência com a legislação, o enunciado pede o
entendimento do STF e nos diz exatamente o que o acórdão acima decidiu.
Certo.

009. (CESPE/TJ-SE/ANALISTA JUDICIÁRIO/2014) Acerca da legislação trabalhista e previ-


denciária, julgue o item que se segue.
A concessão da aposentadoria por tempo de contribuição ao segurado que tenha reconhecido,
em avaliação médica e funcional realizada por perícia própria do INSS, grau de deficiência leve,
moderada ou grave, está condicionada à comprovação da condição de pessoa com deficiência
na data da perícia.

Esta questão é relacionada à aposentadoria da pessoa com deficiência. Por isso mantive, na
questão, a referência à denominação aposentadoria por tempo de contribuição. Porque até
que sobrevenha nova legislação regulamentadora, a aposentadoria da pessoa com deficiên-
cia permanece seguindo as regras da Lei Complementar 142/2013 e sua regulamentação no
RPS. E nestas normas continuam a existir as duas espécies de benefício que foram extintas
pela Reforma.
Não há na LBPS nenhuma disposição referente a esta aposentadoria. O RPS, contudo, a regu-
lamenta nos artigos 70-A a 70-I.
Para resolvermos a questão basta a leitura do primeiro artigo do RPS atinente à presta-
ção em tela:

Art. 70-A. A concessão da aposentadoria por tempo de contribuição ou por idade ao segurado que
tenha reconhecido, após ter sido submetido a avaliação biopsicossocial realizada por equipe multi-
profissional e interdisciplinar, grau de deficiência leve, moderada ou grave está condicionada à com-
provação da condição de pessoa com deficiência na data da entrada do requerimento ou na data da
implementação dos requisitos para o benefício.

Com o discreto destaque que fiz no texto creio que foi fácil identificar onde se encontra o erro
do enunciado.
Errado.

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Aposentadorias do RGPS
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010. (CESPE/DPF/ASSISTENTE SOCIAL/2014/ADAPTADA) Acerca da aposentadoria por in-


capacidade permanente e do auxílio por incapacidade temporária previdenciário, julgue o item
subsecutivo.
Não é permitida concessão de aposentadoria por incapacidade permanente, em nenhuma hi-
pótese, caso a doença tenha sido originada anteriormente à filiação na previdência social.

Para a concessão de benefícios por incapacidade — seja o auxílio por incapacidade temporá-
ria, seja a aposentadoria por incapacidade permanente— a falta de condições para o exercício
do labor deve ter surgido após a filiação ao RGPS.
É muito comum que as pessoas passem anos sem contribuir para a Previdência Social — fruto
da notória falta de preocupação do brasileiro com o futuro, ou da falta de esclarecimento, ou
até mesmo em ‘protesto’ contra a corrupção (acreditem, já ouvi muita gente dizendo que não
contribui ‘pra não dar dinheiro pra esses bandidos de Brasília’) — e, quando adoecem, então
decidem retomar suas contribuições para logo poderem usufruir um benefício previdenciário.
Mas normalmente fazem isso quando a doença já está em um nível que os impede de exercer
qualquer atividade laboral, o que configura fraude à Previdência, pois o objetivo do sistema é
cobrir o risco denominado ‘incapacidade laboral’. Se ele se filia ao Sistema já incapaz, não há
“risco”, mas “certeza”...

Então o enunciado está certo, professor??

CALMA LÁ! Me deixe molhar o bico!!


A incapacidade deve ser posterior à filiação (ou seja, ao início das contribuições ou ao início
da atividade laboral).
Mas a doença pode ser anterior.
A diabetes, por exemplo, é uma doença, na maioria dos casos, controlável; quando devidamen-
te controlada, não impede o exercício do trabalho pelo segurado. Eventualmente pode, contu-
do, se agravar e impedir a continuidade do labor.
O mesmo se pode dizer de alguém que tem uma enfermidade cardíaca leve... ele já é doente,
mas não está incapaz... Seria justo ele trabalhar durante 20 anos, contribuir para o INSS e, com
o agravamento da doença, ser impedido de receber um benefício sob a alegação de que ‘a
doença é anterior à filiação’?
JAMAIS!
É para tratar de casos assim que a LBPS diz o seguinte:

Art. 42. [...] § 2º A doença ou lesão de que o segurado já era portador ao filiar-se ao Regime Geral de
Previdência Social não lhe conferirá direito à aposentadoria por invalidez, salvo quando a incapaci-
dade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.

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Aposentadorias do RGPS
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Então o enunciado falha em razão da expressão “em nenhuma hipótese”. Como vimos, a doen-
ça anterior à filiação NÃO impede a concessão do benefício se a incapacidade for posterior.
Ficou claro?
Errado.

011. (CESPE/DPF/PERITO CRIMINAL FEDERAL/2013/ADAPTADA) Um empregado de uma


empresa de construção civil que atuou na desmontagem de estruturas metálicas móveis apre-
sentou fraturas espontâneas em três vértebras dorsais, causadas por tuberculose óssea. Após
alguns meses de afastamento do trabalho, usufruindo do auxílio por incapacidade temporária,
o empregado foi aposentado por incapacidade permanente. Com base nessa situação hipoté-
tica, julgue o próximo item.
A aposentadoria desse trabalhador deverá ser revista pela perícia médica do INSS a cada dois
anos, para que seja avaliada a persistência de sua incapacidade laborativa. Se seis anos após
o início do afastamento o empregado for considerado apto para o trabalho, terá direito a con-
tinuar recebendo o valor do benefício por um período, independentemente de seu retorno à
atividade.

Pode confessar, meu(minha) amigo(a), que ao começar a leitura desse enunciado foste toma-
do(a) de um Certo. desconforto, que foi seguido de um grande pavor... fraturas espontâneas??
Tuberculose óssea? Mas essa questão não era para ser de Direito Previdenciário?
Mas se respiraste fundo, te acalmaste e concluíste a leitura, viste que o tema não tem nada
de complicado, que as enfermidades citadas não têm influência no resultado da análise
da questão.
O assunto principal aqui é a aposentadoria por incapacidade permanente. Tudo indica que o
cidadão referido na questão cumpriu os requisitos legais e, por isso, passou a receber o be-
nefício. A medicina evoluiu, ele fez os tratamentos que lhe foram prescritos e sua capacidade
laborativa foi recuperada. A aposentadoria deve cessar imediatamente? Em alguns casos, sim;
em outros, não... vamos ver em qual regra se enquadra o enunciado? Essa previsão está no art.
47 da LBPS:

Art. 47. Verificada a recuperação da capacidade de trabalho do aposentado por invalidez, será ob-
servado o seguinte procedimento:
I – quando a recuperação ocorrer dentro de 5 (cinco) anos, contados da data do início da aposen-
tadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a antecedeu sem interrupção, o benefício cessará:
a) de imediato, para o segurado empregado que tiver direito a retornar à função que desempenhava
na empresa quando se aposentou, na forma da legislação trabalhista, valendo como documento,
para tal fim, o certificado de capacidade fornecido pela Previdência Social; ou
b) após tantos meses quantos forem os anos de duração do auxílio-doença ou da aposentadoria por
invalidez, para os demais segurados;

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Aposentadorias do RGPS
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II  – quando a recuperação for parcial, ou ocorrer após o período do inciso I, ou ainda quando o
segurado for declarado apto para o exercício de trabalho diverso do qual habitualmente exercia, a
aposentadoria será mantida, sem prejuízo da volta à atividade:
a) no seu valor integral, durante 6 (seis) meses contados da data em que for verificada a recupera-
ção da capacidade;
b) com redução de 50% (cinquenta por cento), no período seguinte de 6 (seis) meses;
c) com redução de 75% (setenta e cinco por cento), também por igual período de 6 (seis) meses, ao
término do qual cessará definitivamente.

Como o segurado passou 6 anos recebendo a aposentadoria, ao ser constatada a recuperação


de sua capacidade laborativa ele se enquadra na previsão do art. 47, inciso II da LBPS e, por-
tanto, permanece recebendo o benefício por um determinado período — é a mensalidade de
recuperação — sem prejuízo da volta à atividade. Simples assim.
Certo.

012. (CESPE/DPF/PERITO CRIMINAL FEDERAL/2013/ADAPTADA) Um empregado de uma


empresa de construção civil que atuou na desmontagem de estruturas metálicas móveis
apresentou fraturas espontâneas em três vértebras dorsais, causadas por tuberculose óssea.
Após alguns meses de afastamento do trabalho, usufruindo do auxílio-doença, o empregado
foi aposentado por incapacidade permanente. Com base nessa situação hipotética, julgue o
próximo item.
Em face da gravidade do caso, o empregado em questão faz jus ao recebimento do auxílio-a-
cidente e, no caso de a perícia médica constatar que ele necessita assistência permanente de
outra pessoa, seu benefício será majorado em 30%

É bom encontrar questões fáceis como essa em provas de concurso, não é mesmo??? Ponto
GARANTIDO para nós, meu(minha) amigo(a).
A assertiva traz DUAS informações para julgamento... vou separá-las, para fins didáticos:
1ª informação - Em face da gravidade do caso, o empregado em questão faz jus ao recebimento
do auxílio-acidente – O auxílio-acidente só é pago se o segurado permanecer com sequelas
decorrentes de acidente. Para que uma doença seja considerada acidente, deve ser enquadra-
da como doença do trabalho ou doença profissional, nos termos do art. 20 da LBPS. E mesmo
que se reconheça esse enquadramento, não é a gravidade da doença que determina o direito
ao benefício, e sim a existência de sequelas. A doença pode ser gravíssima e não justificar o
pagamento do auxílio-acidente, se o segurado se recuperar em plenitude. Por outro lado, enfer-
midades menos graves, mas que resultem em sequelas, podem dar causa ao pagamento do
auxílio-acidente.

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Agora vem a parte engraçada da história... toda essa explicação acima não era necessária para
a resolução da questão... eu é que aproveitei o ensejo para enriquecer o teu conhecimento. O
enunciado já diz que o segurado foi aposentado por incapacidade permanente, não diz? E o
auxílio-acidente não pode ser recebido em conjunto com aposentadoria. Só com isso já mata-
ríamos a questão... Leia o art. 167 do RPS:

Art. 167. Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o recebimento conjunto dos seguintes
benefícios da previdência social, inclusive quando decorrentes de acidente do trabalho: [...]
IX – auxílio-acidente com qualquer aposentadoria.

Viste que interessante? Só para a primeira parte do enunciado já encontramos DOIS erros. Se
percebeste só um deles, não há problema, o resultado final é o mesmo, ganhará os mesmos
pontos de quem notar os dois... só o que não vale é não enxergar nenhum, OK??
Mas mesmo que, por desconhecer totalmente o auxílio-acidente, tenhas achado que estava
tudo lindo e perfeito com a primeira parte do enunciado, ainda terias salvação com a segunda
parte, que TAMBÉM ESTÁ ERRADA.
2ª informação - e, no caso de a perícia médica constatar que ele necessita assistência perma-
nente de outra pessoa, seu benefício será majorado em 30%.
Ora, meu(minha) amigo(a)... estamos cansados de saber que o auxílio-acompanhante — este
acréscimo aplicável à aposentadoria por incapacidade permanente — corresponde a 25% do
valor do benefício. É isso que diz a LBPS:

Art. 45. O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assistência perma-
nente de outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento).
Errado.

013. (CESPE/SERPRO/ANALISTA/2013) Os benefícios concedidos aos segurados do RGPS


têm como escopo a cobertura de determinados riscos sociais elegidos pelo legislador consti-
tucional (art. 201, caput, da CF).
Com referência à concessão e manutenção desses benefícios, julgue o item que se segue.
Para fins de obtenção de aposentadoria especial junto ao RGPS, o trabalhador deve compro-
var a exposição efetiva aos agentes nocivos por meio do perfil profissiográfico previdenciário,
documento que deve ser emitido pela empresa ou por seu preposto e embasar-se em laudo
técnico de condições ambientais do trabalho.

Já sabemos que a exposição aos agentes nocivos é comprovada por meio do PPP, formulário
preenchido com base em laudo técnico. Só o que ainda não confirmamos é quem emite o PPP.
Seria a empresa, como afirma o enunciado? Seria um perito em segurança do trabalho, do
INSS? Seria o próprio segurado? Seria o sindicato?

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Essa quem nos responde é o RPS:

Art. 68. [...] § 3º A comprovação da efetiva exposição do segurado a agentes prejudiciais à saúde
será feita por meio de documento, em meio físico ou eletrônico, emitido pela empresa ou por seu
preposto com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do
trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.

Em síntese, o médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho emite o LTCAT e,


com base neste Laudo Técnico, a empresa ou seu preposto preenche o PPP.
Nenhum reparo a fazer ao enunciado. A banca andou bem direitinho dessa vez.
Certo.

014. (CESPE/TRT 17ª REGIÃO/ANALISTA JUDICIÁRIO/2013/ADAPTADA) Julgue o item se-


guinte, relativo aos benefícios do regime geral de previdência social.
As professoras, após vinte e cinco anos de efetivo magistério e atingida a idade de 57 anos,
têm direito à aposentadoria programada, com renda mensal correspondente à totalidade de
seu salário de benefício.

A aposentadoria do professor atualmente está regulada no RPS, artigo 54:

Art. 54. Para o professor que comprove, exclusivamente, tempo de efetivo exercício em função de
magistério na educação infantil, no ensino fundamental ou no ensino médio, desde que cumprido
o período de carência exigido, será concedida a aposentadoria de que trata esta Subseção quando
cumprir, cumulativamente, os seguintes requisitos:
I – cinquenta e sete anos de idade, se mulher, e sessenta anos de idade, se homem; e
II – vinte e cinco anos de contribuição, para ambos os sexos, em efetivo exercício na função a que
se refere o caput.

Neste dispositivo identificamos que boa parte do enunciado está correta. De fato, a professora
pode aposentar-se aos 57 anos de idade, desde que tenha 25 anos de efetivo magistério.
Mas não são todas as professoras. E aí está o primeiro erro do enunciado. Apenas as Pro-
fessoras MIFU (do ensino Médio, educação Infantil e ensino FUndamental) têm direito a esta
redução de idade.
E o segundo erro do enunciado, cadê?
Na afirmação de que o benefício corresponderá à totalidade do salário de benefício. Nada
mais falso.
O benefício será calculado da mesma forma que as demais aposentadorias programadas,
como prevê o § 1º do mesmo art. 54 do RPS:

Art. 54. [...] § 1º O valor da aposentadoria de que trata este artigo será apurado na forma prevista
no art. 53.

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E o que diz o art. 53?

Art. 53. O valor da aposentadoria programada corresponderá a sessenta por cento do salário de
benefício definido na forma prevista no art. 32, com acréscimo de dois pontos percentuais para
cada ano de contribuição que exceder o tempo de vinte anos de contribuição, para os homens, ou
de quinze anos de contribuição, para as mulheres.

Identificados os dois erros do enunciado, podemos encerrar e partir para a próxima questão.
Errado.

015. (CESPE/DPF/DELEGADO/2013/ADAPTADA) Em virtude de agravamento de doença, Ma-


ria, que exerceu por vinte anos, como empregada de uma fábrica de roupas, a função de cos-
tureira, foi considerada incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício
de qualquer atividade que lhe garanta a subsistência, tendo sido aposentada por incapacidade
permanente.
Com base nessa situação hipotética, julgue o item a seguir.
Caso Maria comprove necessitar de assistência permanente de outra pessoa, ela fará jus ao
valor da aposentadoria por ela recebida acrescido de 25%, ainda que ultrapasse o teto de pa-
gamento de benefícios do RGPS, acréscimo que cessará com sua morte, visto que não é incor-
porável ao valor da pensão a ser paga a seus dependentes.

Em um parágrafo este enunciado abordou praticamente TODO o art. 45 da LBPS, que trata do
chamado auxílio-acompanhante:

Art. 45. O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assistência perma-
nente de outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento).
Parágrafo único. O acréscimo de que trata este artigo:
a) será devido ainda que o valor da aposentadoria atinja o limite máximo legal;
b) será recalculado quando o benefício que lhe deu origem for reajustado;
c) cessará com a morte do aposentado, não sendo incorporável ao valor da pensão.
Certo.

016. (CESPE/AGU/PROCURADOR FEDERAL/2013) Acerca do RGPS, julgue os itens a seguir.


A aposentadoria especial será devida apenas ao segurado que tiver trabalhado por, pelo me-
nos, vinte e cinco anos sujeito a condições especiais que lhe prejudiquem a saúde ou a integri-
dade física.

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Não creio que seja necessário me alongar demais nesse comentário. Basta comparar a propo-
sição em análise com o art. 57 da LBPS:

Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao se-
gurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei.

O enunciado nos diz que é necessário trabalhar por “pelo menos vinte e cinco anos” para ter
direito à aposentadoria especial. Como podemos ver, não é bem assim. Há quem adquira o
direito ao benefício com quinze ou vinte anos de contribuição.
Errado.

017. (CESPE/AGU/PROCURADOR FEDERAL/2013/ADAPTADA) Acerca do RGPS, julgue o


item a seguir.
Para fazer jus à aposentadoria por idade do trabalhador rural, deve o requerente comprovar,
além da carência exigida em lei, ter completado sessenta e cinco anos de idade, se homem, e
sessenta anos, se mulher.

Não erraste essa, né? Vejamos na Constituição:

Art. 201. [...] § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da
lei, obedecidas as seguintes condições: [...]
II – 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, se mulher,
para os trabalhadores rurais e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar,
nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.

A exigência de carência para este benefício não está expressa na Constituição, mas sabemos
que apenas UMA aposentadoria pode ser concedida sem carência, a depender do fundamento
de sua concessão, e não é a aposentadoria por idade do trabalhador rural.
Errado.

018. (CESPE/MTE/AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO/2013/ADAPTADA) Acerca da justifica-


ção administrativa, julgue o item abaixo.
A justificação administrativa, utilizada para a comprovação de tempo de serviço, de dependên-
cia econômica, de identidade e de relação de parentesco, deve, para produzir efeito, estar ba-
seada em prova material contemporânea dos fatos, não sendo admitida prova exclusivamente
testemunhal.

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Questãozinha muito fácil, que trata da Justificação Administrativa. A banca quer saber — e
nós vamos responder — se a justificação administrativa tem validade por si só, ou seja, se os
depoimentos são aptos a produzir efeitos, independentemente de outras provas. Se o INSS
já é vítima de fraudes e fraudes, apesar de rigoroso controle nos processos de concessão de
benefícios, imagine o que aconteceria se simples depoimentos tivessem efeito probatório... O
RPS impede essa possibilidade, em seu art. 143:

Art. 143. A justificação administrativa ou judicial, para fins de comprovação de tempo de contribui-
ção, dependência econômica, identidade e relação de parentesco, somente produzirá efeito quando
for baseada em início de prova material contemporânea dos fatos e não serão admitidas as provas
exclusivamente testemunhais.
§ 1º Será dispensado o início de prova material quando houver ocorrência de motivo de força maior
ou de caso fortuito.

A regra é a inadmissão da prova exclusivamente testemunhal; a exceção, sua aceitação. O


enunciado traz a regra. Logo...
Certo.

019. (CESPE/TRT 10ª REGIÃO/ANALISTA JUDICIÁRIO/2013/ADAPTADA) O item a seguir


apresenta uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com base nas dis-
posições do direito previdenciário.
Pedro, segurado da previdência social, foi dado como incapaz e insuscetível de reabilitação
para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência. Nessa situação, tendo sido cum-
prida a carência exigida, Pedro terá direito à aposentadoria por incapacidade permanente após
o gozo de, no mínimo, dois anos de auxílio por incapacidade temporária.

É fato que o INSS tem uma fé inabalável na capacidade de recuperação do segurado. Muitas
vezes os pobres segurados estão caindo aos pedaços e o INSS reluta em aposentá-los, man-
tendo-os indefinidamente em auxílio.
No entanto, na teoria, ao menos, a aposentadoria por incapacidade permanente pode ser con-
cedida de imediato, sem a necessidade de prévia concessão de auxílio por incapacidade tem-
porária. O art. 42 da LBPS é claríssimo nesse sentido:

Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida,
será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e
insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á
paga enquanto permanecer nesta condição.
Errado.
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020. (CESPE/TRT 17ª REGIÃO/ANALISTA JUDICIÁRIO/2013/ADAPTADA) Julgue o item se-


guinte, relativo aos benefícios do regime geral de previdência social.
Considere que um indivíduo, antes de aderir ao regime geral de previdência social, estivesse
enfermo de uma moléstia incapacitante para o trabalho. Nessa situação, se não tiver havido
posterior progressão ou agravamento da enfermidade, tal doença não dará a esse indivíduo o
direito de obter a aposentadoria por incapacidade permanente.

A LBPS é tão clara nesse ponto, que prescinde de COMENTÁRIO adicionais:

Art. 42. [...] § 2º A doença ou lesão de que o segurado já era portador ao filiar-se ao Regime Geral de
Previdência Social não lhe conferirá direito à aposentadoria por invalidez, salvo quando a incapaci-
dade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.
Certo.

021. (CESPE/DPE-ES/DEFENSOR PÚBLICO ESTADUAL/2012/ADAPTADA) No que se refere


aos regimes previdenciários, julgue o próximo item.
Caso um segurado empregado, em seu primeiro dia no emprego, em virtude de acidente, se
torne definitivamente incapaz para o trabalho, ele terá direito à aposentadoria por incapacidade
permanente, ainda que não tenha recolhido nenhuma contribuição para o RGPS, mas somente
poderá exercer tal direito após o gozo de auxílio por incapacidade temporária prévio durante o
período mínimo de quinze dias.

Sobre a obrigatoriedade do recebimento prévio de auxílio por incapacidade temporária, basta


a leitura do caput do art. 42 da LBPS:

Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida,
será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e
insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á
paga enquanto permanecer nesta condição.

E essa história de acidente no primeiro dia de trabalho, sem o recolhimento de nenhuma con-
tribuição?? Como fica? É possível a concessão de benefício sem contribuições?
Alguns benefícios previdenciários são isentos de carência, lembras? Se são isentos de carên-
cia, significa que podem ser concedidos mesmo que não haja nenhuma contribuição.

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Como é, professor? Receber benefício sem contribuir? Pirou? Cheirou os tênis?

Não, meu(minha) amigo(a). A carência é dispensável, mas não a qualidade de segurado. No


caso descrito na proposição em análise o cidadão acabou de ser contratado por uma empresa
e se acidentou no PRIMEIRO DIA de trabalho.
Ele, sem dúvida, é filiado ao Regime Geral (filiação automática decorrente do exercício de ativi-
dade remunerada), portanto ele tem qualidade de segurado.
Mas como era apenas o PRIMEIRO DIA de trabalho, a empresa não recolheu nenhuma contri-
buição — o que deveria fazer apenas no mês seguinte.
Como apurar o SB, se não há contribuição? Simples, prezado(a)... nessa hipótese o SB corres-
ponde ao valor mínimo do benefício – ou seja, um salário mínimo.
Portanto, o segurado mencionado na assertiva terá direito à aposentadoria por incapacidade
permanente.
Mas não, ele não precisa receber auxílio por incapacidade temporária prévio durante nenhum
período. O que a lei assegura ao segurado empregado é, nos primeiros 15 dias de afastamento
do trabalho, o pagamento do seu salário integral pela empresa. Tanto isso é verdade que, para
o empregado, o auxílio por incapacidade temporária só inicia no 16º dia do afastamento.
Se os primeiros 15 dias de afastamento não são auxílio, qual é nosso gabarito?
Errado.

022. (CESPE/STJ/ANALISTA JUDICIÁRIO/2012/ADAPTADA) Julgue o item que se segue à


luz das normas aplicáveis à seguridade social.
A concessão do benefício previdenciário de aposentadoria por incapacidade permanente de-
penderá da verificação da condição de incapacidade mediante exame médico-pericial a cargo
da previdência social, não sendo admissível ao requerente desse benefício fazer-se acompa-
nhar, no momento do exame, de médico por ele remunerado.

Afirmo: é muito raro um segurado comparecer à perícia médica acompanhado de seu médico
particular... Mas raro não quer dizer proibido. A LBPS autoriza a presença do médico de con-
fiança do segurado no momento da perícia:

Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida,
será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e
insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á
paga enquanto permanecer nesta condição.
§ 1º A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da verificação da condição de incapaci-
dade mediante exame médico-pericial a cargo da Previdência Social, podendo o segurado, às suas
expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua confiança.
Errado.

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023. (CESPE/CBM-DF/OFICIAL BOMBEIRO MILITAR/2011/ADAPTADA) A respeito do regi-


me geral de previdência social (RGPS), julgue o item seguinte.
Para fins de aposentadoria dos trabalhadores rurais, deve ser comprovada a atividade rural,
ainda que descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento (administrativo ou
judicial), pelo prazo de carência legalmente exigido.

No art. 48 da LBPS — que trata da falecida Aposentadoria por Idade, mas ainda pode ser apli-
cado ao novo benefício que o INSS optou denominar aposentadoria por idade do trabalhador
rural — chegamos à resposta da questão:

Art. 48. [...] § 1º Os limites fixados no caput são reduzidos para sessenta e cinquenta e cinco anos
no caso de trabalhadores rurais, respectivamente homens e mulheres, referidos na alínea a do inci-
so I, na alínea g do inciso V e nos incisos VI e VII do art. 11.
§ 2º Para os efeitos do disposto no § 1º deste artigo, o trabalhador rural deve comprovar o efetivo
exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao
requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à
carência do benefício pretendido, computado o período a que se referem os incisos III a VIII do § 9º
do art. 11 desta Lei.

O trecho grifado não corresponde exatamente à afirmação do enunciado??? A única exceção é


a referência ao requerimento judicial na proposição em análise.
Tal situação — pouco comum, registre-se — se dá quando o segurado ingressa diretamente na
via judicial para pleitear um benefício; na maioria dos casos tais demandas não chegam a ser
apreciadas, por faltar um requisito básico denominado interesse processual. Ações judiciais
de concessão e benefício previdenciário devem ser propostas apenas quando tal pedido for
negado na via administrativa.
Esporadicamente, contudo, o INSS CONTESTA o pedido formulado no processo. Nessa hipó-
tese entende-se que a Procuradoria Federal está antecipando o entendimento administrati-
vo sobre o tema e, com isso, resta comprovada a existência de interesse processual e a lide
prossegue.
Então, não havendo requerimento administrativo, de que modo se pode cumprir o disposto no
art. 48, § 2º da LBPS?
Simples... o requerimento administrativo é suprido pelo requerimento judicial e deve-se aplicar
a mesma regra.
Fácil, né?
Certo.

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024. (CESPE/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2008) No item subsequente, é apresen-


tada uma situação hipotética a respeito da aposentadoria programada, seguida de uma asser-
tiva a ser julgada.
Leonardo, segurado empregado, trabalhou em uma empresa cujo prédio foi destruído por um
incêndio na década de 80 do século XX, situação evidenciada por meio de registro junto à au-
toridade policial que acompanhou os fatos.
Nessa situação, Leonardo poderá comprovar, com auxílio de testemunhas, o tempo trabalhado
na empresa cujo prédio foi destruído, averbando esse período em pedido de aposentadoria.

A comprovação do tempo de contribuição, nos casos em que não há registro nos sistemas pre-
videnciários — isso é muito frequente quando as empresas “esquecem” de recolher as contri-
buições previdenciárias dos seus empregados ou de assinar as Carteiras de Trabalho — ocorre,
em regra, mediante um início de prova material (algum documento que sirva ao menos de in-
dício da existência do vínculo empregatício) que pode ser corroborado por prova testemunhal.
Imagine o caos — e o rombo nos cofres da previdência — se fosse admitida a prova de tempo de
contribuição mediante prova exclusivamente testemunhal... A concessão de benefícios já pressu-
põe uma série enorme de mecanismos de controle, e mesmo assim frequentemente são noticia-
dos casos de concessões indevidas de benefício. Como seria se qualquer prova documental fos-
se dispensada? Pessoas mal intencionadas há aos montes; se a legislação abrisse uma brecha
como essa, estaria, na prática, dizendo: “venham pegar uns trocados aqui... estamos distribuindo”.
Então a regra é a inadmissão da prova exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de
caso fortuito ou força maior. E o incêndio na empresa onde trabalhava o Leonardo, se enquadra
aí?? Vamos ver as disposições do RPS:

Art. 143. A justificação administrativa ou judicial, para fins de comprovação de tempo de contribui-
ção, dependência econômica, identidade e relação de parentesco, somente produzirá efeito quando
for baseada em início de prova material contemporânea dos fatos e não serão admitidas as provas
exclusivamente testemunhais.
§ 1º Será dispensado o início de prova material quando houver ocorrência de motivo de força maior
ou de caso fortuito.
§ 2º Caracteriza motivo de força maior ou caso fortuito a verificação de ocorrência notória, tais
como incêndio, inundação ou desmoronamento, que tenha atingido a empresa na qual o segurado
alegue ter trabalhado, devendo ser comprovada mediante registro da ocorrência policial feito em
época própria ou apresentação de documentos contemporâneos dos fatos, e verificada a correla-
ção entre a atividade da empresa e a profissão do segurado.

O caso descrito na questão se encaixa perfeitamente à hipótese do art. 143, § 2º, do RPS. Houve
um incêndio, ocorrência comprovada mediante registro policial.
Portanto, é perfeitamente possível a prova do tempo de serviço apenas com a oitiva de
testemunhas.
Certo.
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025. (CESPE/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2008/ADAPTADA) No item que se se-


gue, apresenta-se uma situação hipotética relacionada à aposentadoria por incapacidade
permanente, seguida de uma assertiva a ser julgada.
Moacir, aposentado por incapacidade permanente pelo regime geral de previdência social,
recusa-se a submeter-se a tratamento cirúrgico por meio do qual poderá recuperar sua ca-
pacidade laborativa. Nessa situação, devido à recusa, Moacir terá seu benefício cancelado
imediatamente.

É obrigação do segurado participar de eventual tratamento médico prescrito e disponibiliza-


do gratuitamente, que almeje sua recuperação ou, ao menos, a redução de sua incapacidade.
A recusa a tal tratamento é motivo de cancelamento do benefício.
Isso ocorre porque o pressuposto adotado é o seguinte: não há, por parte do segurado, inten-
ção de permanecer inválido; por isso, o INSS deve usar todas as ferramentas que estiverem
a seu alcance para sanar a enfermidade/lesão ou, ao menos, reabilitar o segurado em outra
atividade que lhe assegure a subsistência.
Se a regra acabasse aí, a nossa assertiva estaria correta, não é? Mas, no entanto, há duas
exceções; dois tratamentos que são facultativos ao segurado. Cirurgia e Transfusão de San-
gue. Isso está muito claro na LBPS:

Art. 101. O segurado em gozo de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e o pensionista inváli-
do estão obrigados, sob pena de suspensão do benefício, a submeter-se a exame médico a cargo da
Previdência Social, processo de reabilitação profissional por ela prescrito e custeado, e tratamento
dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos.

Portanto, sendo a cirurgia um tratamento facultativo, a recusa de Moacir a realizá-la não é


causa de cancelamento da aposentadoria por ele percebida. Entendido??
Errado.

026. (CESPE/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2008/ADAPTADA) No item que se se-


gue, apresenta-se uma situação hipotética relacionada à aposentadoria por incapacidade
permanente, seguida de uma assertiva a ser julgada.
Rui sofreu grave acidente que o deixou incapaz para o trabalho, não havendo qualquer condi-
ção de reabilitação, conforme exame médico pericial realizado pela previdência social.
Nessa situação, Rui não poderá receber imediatamente o benefício de aposentadoria por
incapacidade permanente, pois esta somente lhe será concedida após o período de doze
meses relativo ao auxílio por incapacidade temporária que Rui já esteja recebendo.

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O mais comum é que o INSS conceda inicialmente um auxílio por incapacidade temporária, na
esperança de que o segurado se recupere, mas esta é uma prática que, a depender da gravi-
dade da lesão ou doença, pode ser considerada ilegal. Isso porque o art. 42 da LBPS diz que:

Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida,
será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e
insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á
paga enquanto permanecer nesta condição.

Portanto, a prévia concessão do auxílio, embora seja a prática comum, não é requisito indis-
pensável para a aposentadoria por incapacidade permanente. O auxílio por incapacidade tem-
porária não é uma ‘pré-aposentadoria’.

Tá bem, professor... mas e se o INSS conceder o auxílio, quanto tempo depois o segurado
pode ser aposentado por incapacidade permanente?

Leia de novo o art. 42... ali fala em prazo? Não, né?


Então a condição para a aposentadoria por incapacidade permanente é a incapacidade para o
trabalho e a impossibilidade de reabilitação.
Só isso.
Se o segurado atende esses requisitos, eventual auxílio por incapacidade temporária concedi-
do pode ser transformado em aposentadoria por incapacidade permanente depois de 1, 10, 27,
43, 60, 300 dias...
Estamos entendidos?
Errado.

027. (CESPE/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2008/ADAPTADA) No item que se se-


gue, apresenta-se uma situação hipotética relacionada à aposentadoria por incapacidade per-
manente, seguida de uma assertiva a ser julgada.
José perdeu a mão direita em grave acidente ocorrido na fábrica em que trabalhava, e, por isso,
foi aposentado por incapacidade permanente.
Nessa situação, José não tem o direito de receber o adicional de 25% pago aos segurados que
necessitam de assistência permanente, já que ele pode cuidar de si apenas com uma das mãos.

Vamos falar do auxílio-acompanhante?


O caso em análise foi apresentado de forma tão direta — beirando a ironia — que nosso primei-
ro impulso seria marcar a questão como errada. Afinal de contas, não é nada fácil realizar as
tarefas do dia a dia com apenas uma mão. Coisas banais como amarrar um sapato ou cortar
um pedaço de carne se tornam missões quase impossíveis.
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Mas a realidade é que as hipóteses legalmente previstas para a concessão do adicional são
extremas. Vamos ver?
Este adicional é previsto no art. 45 da LBPS. Mas ele não traz a relação das situações que dão
direito ao adicional. Quem se encarrega desta missão é o RPS (Decreto n. 3.048/1999), em
seu Anexo I.
Tirem as crianças da sala!! As hipóteses arroladas são assustadoras!!
Nem tanto... nem tanto... Assustador MESMO é pensar que, para a lei previdenciária, só neces-
sita de assistência permanente de terceiros quem sofre uma ocorrência tão gravosa quanto as
ali listadas. Vamos ver??

ANEXOI
RELAÇÃO DAS SITUAÇÕES EM QUE O APOSENTADO POR INVALIDEZ TERÁ DIREITO À MAJORAÇÃO
DE VINTE E CINCO POR CENTO PREVISTA NO ART. 45 DESTE REGULAMENTO.
1 - Cegueira total.
2 - Perda de nove dedos das mãos ou superior a esta.
3 - Paralisia dos dois membros superiores ou inferiores.
4 - Perda dos membros inferiores, acima dos pés, quando a prótese for impossível.
5 - Perda de uma das mãos e de dois pés, ainda que a prótese seja possível.
6 - Perda de um membro superior e outro inferior, quando a prótese for impossível.
7 - Alteração das faculdades mentais com grave perturbação da vida orgânica e social.
8 - Doença que exija permanência contínua no leito.
9 - Incapacidade permanente para as atividades da vida diária.

O caso relatado na questão não se enquadra no item 2, nem no 3, tampouco no item 5 ou 6.


Portanto, para a Previdência Social, José tem total condição de cuidar de si sem precisar de
auxílio permanente de terceiros.
Certo.

028. (CESPE/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2008) No item que se segue, é apresen-


tada uma situação hipotética acerca da aposentadoria especial, seguida de uma assertiva a
ser julgada.
Getúlio julga-se na condição de requerer aposentadoria especial.
Nessa situação, ele deverá instruir seu pedido com o perfil profissiográfico previdenciário, do-
cumento emitido pela empresa em que trabalha e embasado no laudo técnico das condições
ambientais do trabalho que comprove as condições para habilitação de benefícios previdenci-
ários especiais.

Qual é o documento utilizado para comprovar o exercício de atividade especial?

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Cassius Garcia

Quem nos responde é o RPS:

Art. 68. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes pre-
judiciais à saúde ou à integridade física, considerados para fins de concessão de aposentadoria
especial, consta do Anexo IV. [...]
§ 3º A comprovação da efetiva exposição do segurado a agentes prejudiciais à saúde será feita por
meio de documento, em meio físico ou eletrônico, emitido pela empresa ou por seu preposto com
base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou
engenheiro de segurança do trabalho.
[...]
§ 8º A empresa deverá elaborar e manter atualizado o perfil profissiográfico previdenciário, ou o
documento eletrônico que venha a substituí-lo, no qual deverão ser contempladas as atividades
desenvolvidas durante o período laboral, garantido ao trabalhador o acesso às informações nele
contidas, sob pena de sujeição às sanções previstas na alínea “h” do inciso I do caput do art. 283.

Como podes ver, empresas que exponham seus trabalhadores a agentes nocivos no exercício
das atividades profissionais têm a obrigação de elaborar e manter atualizado o PPP. Essa
obrigação, caso descumprida, sujeita a empresa a multa.
Certo.

029. (CESPE/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL/2008) No item que se segue, é apresen-


tada uma situação hipotética acerca da aposentadoria especial, seguida de uma assertiva a
ser julgada.
João trabalha, há dez anos, exposto, de forma não-ocasional nem intermitente, a agentes quí-
micos nocivos.
Nessa situação, João terá direito a requerer, no futuro, aposentadoria especial, sendo-lhe pos-
sível, a fim de completar a carência, converter tempo comum trabalhado anteriormente, isto
é, tempo em que não esteve exposto aos agentes nocivos, em tempo de contribuição para a
aposentadoria do tipo especial.

Sabemos que a legislação permitia a conversão de tempo especial em tempo comum, para
fins de Aposentadoria por Tempo de Contribuição. A Reforma da Previdência preservou o di-
reito da conversão de tempo especial em comum até a promulgação da Reforma. Qualquer
período laborado APÓS a Emenda Constitucional 103 não é mais passível de conversão.
Mas o caso aqui é ainda mais simples. O que a banca pergunta é se admite-se a operação
inversa, ou seja, a conversão de tempo comum em tempo especial para a obtenção da aposen-
tadoria especial.
DE JEITO NENHUM! O RPS afasta expressamente essa pretensão:

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Aposentadorias do RGPS
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Art. 66. Para o segurado que houver exercido duas ou mais atividades sujeitas a agentes químicos,
físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou a associação desses agentes, sem completar em quais-
quer delas o prazo mínimo exigido para a aposentadoria especial, os respectivos períodos de exer-
cício serão somados após conversão, hipótese em que será considerada a atividade preponderante
para efeito de enquadramento.
§ 1º Para fins do disposto no caput, não serão considerados os períodos em que a atividade exerci-
da não estava sujeita a condições especiais, observado, nesse caso, o disposto no art. 70.
Errado.

030. (CESPE/PGE-PE/PROCURADOR/2018) No dia em que completou vinte e cinco anos e


um mês de tempo de contribuição ao RGPS na condição de segurada empregada, Maria sofreu
acidente de trabalho, o que a incapacitou permanentemente para o exercício de atividades
laborais. Nesses vinte e cinco anos e um mês, não houve interrupção no tempo contributivo.
Considerando essa situação hipotética e o entendimento dos tribunais superiores, assinale a
opção correta.
a) Maria terá direito à aposentadoria especial.
b) O benefício garantido a Maria pela legislação previdenciária nesse caso independe
de carência.
c) Pelo fato de a incapacidade ter sido provocada por acidente de trabalho, será garantido a
Maria o acréscimo de 25% do valor do benefício a ser recebido.
d) Maria terá o prazo decadencial de cinco anos para ajuizamento de ação previdenciária em
caso de indeferimento da concessão do benefício pela previdência social.
e) Caso recupere sua capacidade para o trabalho, Maria poderá retornar à ativa, sem prejuízo
de recebimento do benefício em gozo.

Opa! Gostei desta questão!! Em 5 assertivas, VÁRIOS temas para discutir. Vamos lá?
a) ERRADA. Começamos por uma bobagem... A aposentadoria especial é devida ao segurado
que comprovar o trabalho em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física por 15, 20 ou 25 anos (LBPS — Lei n. 8.213/1991, art. 57).
Maria exercia atividade em condições especiais?
Se o enunciado não traz esta informação, devemos assumir que NÃO. Logo, ela não tem direito
à aposentadoria especial.
b) CORRETA. Rapidamente já chegamos ao gabarito. Analisemos somente as informações do
enunciado:
Maria sofreu acidente do trabalho;
Este acidente a incapacitou permanentemente para o exercício do trabalho.
Qual benefício é devido ao segurado que, em razão de acidente ou doença, ficar permanente-
mente incapacitado para o exercício de suas atividades? Serve aquele do art. 42 da LBPS?
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Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será
devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insus-
ceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga
enquanto permanecer nesta condição.

Este benefício depende de carência? Em regra, SIM. 12 meses, como prevê o art. 25, I, da LBPS.
Mas quando a incapacidade decorre de acidente, não, como podemos ver no art. 26:

Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações: [...]


II – auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou
causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se
ao RGPS, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos
Ministérios da Saúde e da Previdência Social, atualizada a cada 3 (três) anos, de acordo com os cri-
térios de estigma, deformação, mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira especificidade e
gravidade que mereçam tratamento particularizado;

Entendido??
Vamos então encontrar os erros das demais proposições.
c) ERRADA. De fato, a lei prevê um adicional de 25% na aposentadoria por incapacidade perma-
nente. Este acréscimo foi apelidado auxílio-acompanhante e está previsto no art. 45 da LBPS.
Como o apelido já indica, ele não é concedido em virtude da origem da incapacidade, mas em
razão da necessidade de auxílio permanente de terceiros:

Art. 45. O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assistência perma-
nente de outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento).

d) ERRADA. O prazo previsto em lei para revisão do ato de concessão do benefício — aí com-
preendida, obviamente, a hipótese de INDEFERIMENTO da concessão do benefício — não é de
5, mas de 10 anos, como podemos ver na LBPS:

Art. 103. O prazo de decadência do direito ou da ação do segurado ou beneficiário para a revisão do
ato de concessão, indeferimento, cancelamento ou cessação de benefício e do ato de deferimento,
indeferimento ou não concessão de revisão de benefício é de 10 (dez) anos, contado:
I – do dia primeiro do mês subsequente ao do recebimento da primeira prestação ou da data em que
a prestação deveria ter sido paga com o valor revisto; ou
II – do dia em que o segurado tomar conhecimento da decisão de indeferimento, cancelamento ou
cessação do seu pedido de benefício ou da decisão de deferimento ou indeferimento de revisão de
benefício, no âmbito administrativo.

e) ERRADA. O que acontece com o aposentado por incapacidade permanente que volta a tra-
balhar??? A LBPS responde...

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Art. 46. O aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá sua aposentadoria
automaticamente cancelada, a partir da data do retorno.

E se sua recuperação for reconhecida em perícia médica?


Aí ela até permanece recebendo o benefício, mas POR UM PRAZO DETERMINADO. Logo, mes-
mo nessa hipótese — vigência da chamada mensalidade de recuperação, como prevê o art. 47
da LBPS — não se pode afirmar que não há prejuízo de recebimento do benefício em gozo.
Tudo entendido?
Letra b.

031. (CESPE/TCE-PB/AUDITOR DE CONTAS PÚBLICAS/2018/ADAPTADA) Um segurado,


contribuinte do RGPS há dez anos, caso seja acometido por mal de Parkinson, terá direito a
receber do INSS o benefício de
a) auxílio por incapacidade temporária, desde que não seja a referida doença preexistente à
data de filiação ao RGPS.
b) aposentadoria por incapacidade permanente, bastando a ele para tal atender à carência
exigida em lei.
c) auxílio por incapacidade temporária, a contar do décimo sexto dia do afastamento da ati-
vidade, desde que comprovada a incapacidade multiprofissional total e permanente para
o trabalho.
d) aposentadoria por incapacidade permanente, cuja renda mensal corresponderá a 91% do
salário de benefício.
e) aposentadoria por incapacidade permanente, se for constatada a incapacidade total e per-
manente para o trabalho, certificada em perícia médica feita pela referida autarquia.

a) ERRADA. O auxílio por incapacidade temporária também pode ser concedido na hipótese de
doença preexistente à filiação. É necessário apenas que a incapacidade seja posterior, decor-
rente de progressão ou agravamento da enfermidade. É isso que diz o art. 59, parágrafo único
da LBPS:

Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o
período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade
habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.
Parágrafo único. Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previ-
dência Social já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quan-
do a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.

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b) ERRADA. A aposentadoria por incapacidade permanente tem, em regra, a carência de 12


contribuições (LBPS, art. 25, I); Será, no entanto, isenta de carência se o segurado, após a filia-
ção, for acometido de alguma das doenças e afecções especificas em lista (art. 26, II, da LBPS).
Temos esta lista no art. 151, também da LBPS. Vejamos...

Art. 151. Até que seja elaborada a lista de doenças mencionada no inciso II do art. 26, independe
de carência a concessão de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez ao segurado que, após
filiar-se ao RGPS, for acometido das seguintes doenças: tuberculose ativa, hanseníase, alienação
mental, esclerose múltipla, hepatopatia grave, neoplasia maligna, cegueira, paralisia irreversível e in-
capacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia gra-
ve, estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante), síndrome da deficiência imunológica
adquirida (aids) ou contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina especializada.

Como nosso segurado sofre com o mal de Parkinson, está dispensado da carência, o que torna
o enunciado ERRADO.
c) ERRADA. Incapacidade multiprofissional total e permanente é requisito para a concessão de
aposentadoria por incapacidade permanente:

Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será
devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e in-
susceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á
paga enquanto permanecer nesta condição.

Para o auxílio por incapacidade temporária exige-se apenas a incapacidade para a atividade
habitual do segurado:

Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o
período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade
habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

Ficou claro?
d
 ) ERRADA. A aposentadoria por incapacidade permanente corresponde a 60% do salário de be-
nefício + 2% por ano de contribuição que superar os 20 (para o homem) ou os 15 (para a mulher).
Poderá, excepcionalmente, corresponder a 100% do SB quando a incapacidade for decorrente
de acidente do trabalho, doença profissional ou doença do trabalho.
O benefício cuja renda e de 91% do SB é o auxílio por incapacidade temporária:

Art. 44. A aposentadoria por invalidez, inclusive a decorrente de acidente do trabalho, consistirá
numa renda mensal correspondente a 100% (cem por cento) do salário de benefício, observado o
disposto na Seção III, especialmente no art. 33 desta Lei.

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Aposentadorias do RGPS
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e) CORRETA. Aí sim... como podemos ver no caput do art. 42 da LBPS, já transcrito no co-
mentário à assertiva ‘c’, a aposentadoria por incapacidade permanente é concedida no caso
de incapacidade total e permanente. E a referência à perícia??? Remete à previsão do § 1º do
mesmo artigo:

Art. 42. [...] § 1º A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da verificação da condição
de incapacidade mediante exame médico-pericial a cargo da Previdência Social, podendo o segu-
rado, às suas expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua confiança.

Tudo entendido?
Letra e.

032. (CESPE/TCE-PB/AUDITOR DE CONTAS PÚBLICAS/2018/ADAPTADA) Joaquim, que é


filiado ao RGPS na condição de contribuinte individual, completará sessenta e cinco anos de
idade no dia 1.º/1/2018, data após a qual ele pretende requerer aposentadoria programada em
uma agência da previdência social.
Nessa situação hipotética, Joaquim
a) terá o benefício calculado em 100% do salário de benefício, independentemente do tempo
de contribuição.
b) não poderá receber valor inferior a um salário mínimo e não fará jus a abono anual.
c) somente terá direito ao benefício caso tenha, no mínimo, trinta e cinco anos de tempo de
contribuição.
d) terá direito ao benefício caso tenha feito, no mínimo, cento e oitenta contribuições men-
sais ao RGPS.
e) não fará jus à aposentadoria caso seja beneficiário de pensão por morte.

A aposentadoria programada é devida ao segurado que, cumprida a carência de 180 contribui-


ções, atingir 65 anos de idade, se homem, e observar tempo mínimo de contribuição.
É um novo benefício, decorrente da Reforma da Previdência de 2019, que misturou as regras
das antigas Aposentadoria por Idade e Aposentadoria por Tempo de Contribuição. A primeira
exigia apenas idade mínima e carência; a segunda, apenas tempo de contribuição e carência.
A atual exige idade mínima, tempo de contribuição e carência.
O benefício paga abono anual (art. 40 da LBPS).
Sua renda mensal é calculada mediante a multiplicação, pelo salário de benefício, de 60% aos
20 anos de contribuição para o homem, ou aos 15 anos de contribuição para a mulher, acres-
cidos de 2 pontos percentuais por ano que supere estes limites (então se o Joaquim tiver
apenas 20 anos de contribuição, receberá 60% do SB; se tiver 30, receberá 80%; 100% aos 40
anos... e 110% aos 45 anos de contribuição), conforme prevê o art. 53 do RPS.

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Aposentadorias do RGPS
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Pode ser acumulada com a pensão por morte; contudo, o benefício menos vantajoso sofrerá
redução em sua renda mensal, nos termos previstos no art. 167-A do RPS.
Com estas informações, qual é a única assertiva que sobrevive?
Letra d.

033. (CESPE/TRT 8ª REGIÃO/ANALISTA JUDICIÁRIO/2013/ADAPTADA) Em relação ao


RGPS, assinale a opção correta.
a) A aposentadoria programada é devida ao segurado empregado, contribuinte individual e
facultativo, a partir do momento em que completar sessenta e cinco anos de idade, se homem,
ou sessenta e dois anos de idade, se mulher, independentemente do tempo de contribuição.
b) O estudante com idade igual ou superior a dezesseis anos pode filiar-se ao RGPS, mediante
contribuição, na condição de segurado facultativo, desde que não esteja exercendo atividade
remunerada que o defina como segurado obrigatório da previdência social.
c) Para efeito de concessão de beneficiários previdenciários aos dependentes do segurado
do RGPS, deve-se considerar a seguinte ordem de preferência: descendentes, ascendentes,
cônjuge e irmãos.
d) O indivíduo que, em gozo de benefício de auxílio por incapacidade temporária, no prazo de
doze meses, não se aposentar por incapacidade permanente nem voltar ao trabalho perde a
qualidade de segurado.
e) O segurado que, aposentado sob o RGPS, permanecer em atividade sujeita a esse regime,
ou a ele retornar, terá direito ao auxílio por incapacidade temporária e à aposentadoria por inca-
pacidade permanente, mas não fará jus ao auxílio reclusão nem à aposentadoria programada.

Gosto DEMAIS desse tipo de questão. Cada alternativa trata de um tema diferente! Só gente
bem preparada consegue resolver sem dificuldades... É excelente para revisão de conteúdo.
Me acompanham?
a) ERRADA. A aposentadoria programada — nova espécie de benefício, criada na Reforma da
Previdência de 2019, resultante da junção das antigas Aposentadoria por Idade e Aposenta-
doria por Tempo de Contribuição — é um benefício devido, cumpridos os demais requisitos, a
todas as categorias de segurado. Mas não é esse o motivo do erro da assertiva, já que, de fato,
empregado, CI e facultativo se aposentam, em regra, aos 62 ou 65 anos, como foi afirmado.
A simples omissão do doméstico e avulso não maculam a proposição, já que, em momento
algum, se deu caráter ‘restritivo’ à afirmação, dando a entender que apenas estes 3 estariam
abrangidos. A omissão do segurado especial se justificaria pelo fato de ter direito à aposenta-
doria por idade do trabalhador rural aos 55 ou 60 anos.
O problema está, então, no trecho final. A concessão da aposentadoria programada depende
do cumprimento de tempo mínimo de contribuição (15 anos para a mulher; 20 anos para o
homem) e, além disso, do cumprimento da carência de 180 contribuições (LBPS, art. 25, II).
Logo, é impossível afirmar que o benefício é devido independentemente do tempo de contribui-
ção. Simples assim.

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b) CORRETA. Vamos desmembrar o enunciado para confirmar as informações?


1ª parte: O estudante com idade igual ou superior a dezesseis anos pode filiar-se ao RGPS  OK;
2ª parte: na condição de segurado facultativo  a LBPS e a LOCSS são econômicas ao se referir
ao facultativo, definindo-o, basicamente, como aquele que se filiar ao RGPS, mediante contribui-
ção, desde que não seja segurado obrigatório. Já o RPS apresenta uma lista de possíveis segu-
rados facultativos (digo ‘possíveis’ porque a filiação como facultativo é ato volitivo, a pessoa
precisa manifestar a vontade de se filiar e recolher contribuições, não há obrigação), dentre os
quais encontramos quem? Quem??

Art. 11. É segurado facultativo o maior de dezesseis anos de idade que se filiar ao Regime Geral de
Previdência Social, mediante contribuição, na forma do art. 199, desde que não esteja exercendo
atividade remunerada que o enquadre como segurado obrigatório da previdência social.
§ 1º Podem filiar-se facultativamente, entre outros: [...]
III – o estudante;

E agora que leste atentamente o dispositivo acima transcrito, pergunto: preciso analisar as
demais partes do enunciado? Claro que NÃO, né? O caput do art. 11 do RPS contém todas as
informações necessárias para que não reste dúvida de que está corretíssima a proposição. E
vamos em frente, pois o tempo é curto e a matéria é LOOOOOOOOOOOOOOOOONGA.
c) ERRADA. Os dependentes previdenciários estão listados no art. 16 da LBPS. Tu já estás can-
sado(a) de saber que na primeira classe de dependentes (inciso I do art. 16) estão o cônjuge,
o(a) companheiro(a) e filhos (a estes últimos se equiparam os enteados e menores tutelados
que comprovarem a dependência econômica). Os pais compõem a segunda classe (inciso II);
os irmãos, a terceira classe (inciso III). A ordem de preferência é rigorosamente esta.
Logo, ao colocar cônjuge após os ascendentes, a banca pisou FEIO na bola. Entendido?
d) ERRADA. Basta-nos a leitura do primeiro inciso do art. 15 da LBPS:

Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições:


I – sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício, exceto do auxílio-acidente;

Não há um prazo limite para o recebimento do auxílio por incapacidade temporária. Ele pode
durar alguns meses, um, dois, três anos... enquanto a perícia médica do INSS entender que a
incapacidade do segurado é temporária, o benefício perdurará. E enquanto ele estiver receben-
do o benefício, mantém a qualidade de segurado, sem qualquer limite de prazo.
e) ERRADA. O segurado que permanecer na ativa como empregado fará jus ao salário-família
e à reabilitação profissional. Só isso, nada mais. É isso que nos diz a LBPS:

Art. 18. [...] § 2º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social–RGPS que permanecer em
atividade sujeita a este Regime, ou a ele retornar, não fará jus a prestação alguma da Previdência
Social em decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao salário-família e à reabilitação profis-
sional, quando empregado.

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Como toda regra, esta também tem uma exceção. A segurada que, aposentada, permanecer
em atividade ou a ela retornar, fará jus ao salário-maternidade, como diz o RPS:

Art. 103. A segurada aposentada que retornar à atividade fará jus ao pagamento do salário-mater-
nidade, de acordo com o disposto no art. 93.

Essa exceção vale para todas as espécies de segurada, não apenas para a empregada. Empre-
gada, avulsa, doméstica, segurada especial ou CI que permaneça contribuindo após a aposen-
tadoria. Ficou claro?
Letra b.

034. (CESPE/PGE-AL/PROCURADOR/2009/ADAPTADA) Eurico é vendedor de uma grande


rede de lojas de eletrodomésticos em Brasília, desde janeiro de 2008, sendo esse o seu pri-
meiro emprego. Em março do mesmo ano, ele aceitou o convite para ser gerente da filial de
Manaus. No mês seguinte, no primeiro domingo de descanso na capital amazonense, resolveu
realizar um passeio de barco para presenciar o encontro das águas dos rios Negro e Solimões,
tendo contraído malária no passeio. Eurico está extremamente debilitado e apresentou atesta-
do médico ao departamento de recursos humanos da empresa com prazo de 30 dias.
A partir dessa situação hipotética, com base na legislação aplicável ao assunto e, ainda, con-
siderando que a malária não é doença profissional ou do trabalho e não integra nenhuma lista
ministerial para fins de concessão de benefícios previdenciários, assinale a opção correta.
a) Eurico não faz jus ao auxílio por incapacidade temporária, por não ter cumprido o prazo de
carência fixado em lei para a concessão desse benefício.
b) Caso seja considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade
que lhe garanta a subsistência, Eurico fará jus à aposentadoria por incapacidade permanente,
enquanto permanecer nessa condição.
c) O infortúnio vivenciado por Eurico caracteriza acidente de trabalho.
d) Eurico é segurado obrigatório da previdência social na qualidade de empregado, sendo Cer-
to. que, para o cômputo do seu período de carência, serão consideradas as contribuições reali-
zadas a contar da data do efetivo pagamento da primeira contribuição sem atraso.
e) Ainda que não dependam economicamente de Eurico, este poderá realizar a inscrição de
seus pais no RGPS como dependentes, pois a dependência econômica entre pais e filhos no
âmbito do referido regime é presumida.

a) CORRETA. Qual é o prazo de carência para a concessão do auxílio por incapacidade tempo-
rária? ZERO, em alguns casos; DOZE contribuições em outros. Eurico trabalhava desde janeiro
de 2008 e em março de 2008 foi transferido. Logo, tem apenas três contribuições mensais.
Vamos para a LBPS — Lei n. 8.213/1991:

Art. 25. A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de Previdência Social depende
dos seguintes períodos de carência, ressalvado o disposto no art. 26:
I – auxílio-doença e aposentadoria por invalidez: 12 (doze) contribuições mensais; [...]

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Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações: [...]
II – auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou
causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se
ao RGPS, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos
Ministérios da Saúde e da Previdência Social, atualizada a cada 3 (três) anos, de acordo com os cri-
térios de estigma, deformação, mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira especificidade e
gravidade que mereçam tratamento particularizado;

Malária, nos termos do enunciado, não é doença profissional; não é doença do trabalho; não
está em lista ministerial.
Logo, ao caso de Eurico é aplicável a regra geral de doze meses de carência.
E Eurico NÃO cumpre este requisito.
Então, não faz jus ao auxílio por incapacidade temporária.
b) ERRADA. A aposentadoria por incapacidade permanente é devida ao segurado que for con-
siderado incapaz e insuscetível de reabilitação enquanto permanecer nesta condição, desde
que cumprida a carência exigida. Como acabamos de ver, Eurico não cumpriu a carência ne-
cessária para a concessão do auxílio por incapacidade temporária e nem a da aposentadoria
por incapacidade permanente (que tem a mesma regra).
c) ERRADA. Incapacidade decorrente de doença endêmica só caracteriza acidente do trabalho
se o contágio se deu em razão do trabalho exercido. O enunciado deixa MUITO CLARO que
Eurico estava a passeio. Vejamos a previsão normativa, na LBPS:

Art. 20. [...] § 1º Não são consideradas como doença do trabalho: [...]
d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo com-
provação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.

d
 ) ERRADA. Eurico é segurado empregado. Até aí, OK. Mas as contribuições consideradas para
cômputo da carência do segurado empregado são aquelas referentes ao período a partir da filiação:

Art. 27. Para cômputo do período de carência, serão consideradas as contribuições:


I – referentes ao período a partir da data de filiação ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS),
no caso dos segurados empregados, inclusive os domésticos, e dos trabalhadores avulsos;

e) ERRADA. Pais são dependentes de segunda classe e, nessa condição, precisam comprovar
a dependência econômica. Está no art. 16 da LBPS:

Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do
segurado: [...]
II – os pais; [...]
§ 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das demais deve
ser comprovada.
Letra a.

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Aposentadorias do RGPS
Cassius Garcia

035. (CESPE/TRF 2ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL/2009) A propósito do processo de justificação


administrativa, assinale a opção correta.
a) Em qualquer hipótese, a comprovação do tempo de serviço para fins previdenciários deve
realizar-se com base em início de prova material, não sendo admitida a prova exclusivamente
testemunhal.
b) A homologação da justificação judicial processada com base em prova exclusivamente
testemunhal dispensa a justificação administrativa, em vista da autoridade da coisa julgada
constituída.
c) A justificação administrativa deve ser admitida ainda que o fato a comprovar dependa de
registro público de casamento, de idade ou de óbito.
d) Contra a decisão da autoridade competente do INSS que opinar pela eficácia ou pela inefi-
cácia da justificação administrativa não caberá recurso.
e) O processamento da justificação administrativa traduz opção legal conferida ao interessa-
do, ainda que exista outro meio capaz de configurar a verdade do fato alegado e de sua plau-
sibilidade.

Questãozinha muito fácil — pra quem tem boa memória, por óbvio. Decoreba pura.
Ela trata sobre a Justificação Administrativa.
É um procedimento que se assemelha às audiências de instrução nos processos judiciais.
Na Justificação Administrativa o segurado que deseja obter o benefício é ouvido e apresenta
testemunhas aptas a corroborar as informações existentes nos documentos que instruíram o
pedido, ou para suprir eventual insuficiência documental.
Nossa análise das 5 assertivas será feita com base nos artigos 142 a 151 do RPS... Vamos ver?
a) ERRADA. A legislação não exige início de prova em qualquer hipótese, mas apenas para
alguns casos, expressamente previstos no art. 143 do RPS. E ainda há a dispensa da prova
material se comprovada a ocorrência de caso fortuito, ou força maior:

Art. 143. A justificação administrativa ou judicial, para fins de comprovação de tempo de contribui-
ção, dependência econômica, identidade e relação de parentesco, somente produzirá efeito quando
for baseada em início de prova material contemporânea dos fatos e não serão admitidas as provas
exclusivamente testemunhais.
§ 1º Será dispensado o início de prova material quando houver ocorrência de motivo de força maior
ou de caso fortuito.
§ 2º Caracteriza motivo de força maior ou caso fortuito a verificação de ocorrência notória, tais
como incêndio, inundação ou desmoronamento, que tenha atingido a empresa na qual o segurado
alegue ter trabalhado, devendo ser comprovada mediante registro da ocorrência policial feito em
época própria ou apresentação de documentos contemporâneos dos fatos, e verificada a correlação
entre a atividade da empresa e a profissão do segurado.

Ficou claro, prezado(a)? Vamos pra próxima.

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b) ERRADA. Essa alternativa pode parecer estranha para a maioria... mas como a questão foi
extraída de um concurso para o cargo de Juiz Federal, o jargão jurídico não traz grandes pre-
juízos. Traduzindo para o bom e velho português vulgar, a banca quer saber se a realização de
uma Justificação Judicial (na prática uma simples audiência com a oitiva de testemunhas – o
mesmo que seria feito na via administrativa, só que realizado perante a figura do juiz) obriga o
INSS a aceitá-la em lugar da Justificação Administrativa. Isso não é verdade, como podemos
ver da leitura do art. 144 do Decreto:

Art. 144. A homologação da justificação judicial processada com base em prova exclusivamente
testemunhal dispensa a justificação administrativa, desde que complementada com início de prova
material contemporânea dos fatos.

Uma Justificação Judicial é simplesmente a oitiva de testemunhas pelo Juiz. O Juiz observa
o cumprimento de todas as formalidades legais necessárias para tal oitiva e depois emite sua
sentença, sem se pronunciar a respeito dos fatos relatados. A sentença tem como único ob-
jetivo registrar o cumprimento das formalidades (Código de Processo Civil, art. 381). A parte
interessada não é obrigada a apresentar nenhum documento perante o Juiz.
Se fosse o INSS obrigado a, em qualquer caso, homologar o resultado de uma Justificação
Judicial, o já combalido caixa da Previdência só veria aumentar seu rombo. Qualquer segurado
que não tivesse documentos probatórios de suas alegações ingressaria com uma justificação
judicial, encontraria 2 ou 3 testemunhas que confirmassem a existência dos fatos de seu inte-
resse e estaria garantido na via administrativa.
Então, como medida de economia processual, o INSS até acolhe os depoimentos prestados na
via judicial, desde que venham acompanhados de documentos que os ratifiquem.
Entendido, meu(minha) caro(a)??
c) ERRADA. Registro público é registro público. Se existe uma certidão de casamento sem
qualquer anotação de divórcio, deve-se considerar o segurado casado, até que se prove o con-
trário; o mesmo vale para o registro de nascimento, como prova da idade... e também para a
certidão de óbito — a pessoa é falecida, até que se prove o contrário.
Uma justificação administrativa pode ser utilizada para comprovar a existência de união está-
vel, mas não de casamento. Casamento exige registro. Também é inviável que testemunhas
vão ao INSS afirmar categoricamente a data de nascimento de alguém... para isso existe o
registro público... diga-se o mesmo a respeito do óbito.
É ÓBVIO DEMAIS tudo isso que falei acima... mas o legislador optou por deixar isso registrado
no Decreto:

Art. 142. [...] § 1º Não será admitida a justificação administrativa quando o fato a comprovar exigir
registro público de casamento, de idade ou de óbito, ou de qualquer ato jurídico para o qual a lei
prescreva forma especial.

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A banca usou o velho expediente de inverter o sentido de um dispositivo legal... ainda bem que
tu já conhecias bem o texto do RPS e acertaste essa na hora, não é? Vamos agora à próxima
assertiva, que é a letra...
d) CORRETA. Eis que surge nosso gabarito. Quem diria... se a autoridade administrativa con-
siderar ineficaz uma justificação administrativa (em razão de contradições nos depoimentos,
por exemplo), o segurado não poderá recorrer... E se a justificação for considerada eficaz, não
pode o INSS se insurgir.
Onde diz isso?? Também no Decreto:

Art. 147. Não caberá recurso da decisão da autoridade competente do Instituto Nacional do Seguro
Social que considerar eficaz ou ineficaz a justificação administrativa.

e) ERRADA. Dada a fragilidade da prova testemunhal (facilidade de manipulação de depoimen-
tos) ela deve ser usada apenas quando não houver outros meios de prova suficientes. Vejam,
para encerrar, o que nos diz o art. 151 do Decreto:

Art. 151. Somente será admitido o processamento de justificação administrativa quando necessá-
rio para corroborar o início de prova material apto a demonstrar a plausibilidade do que se pretende
comprovar.

Ficou tudo claro, prezado(a)? Vamos adiante.


Letra d.

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GABARITO
1. C
2. E
3. E
4. C
5. C
6. C
7. E
8. C
9. E
10. E
11. C
12. E
13. C
14. E
15. C
16. E
17. E
18. C
19. E
20. C
21. E
22. E
23. C
24. C
25. E
26. E
27. C
28. C
29. E
30. b
31. e
32. d
33. b
34. a
35. d

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Cassius Garcia
Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Pelotas – UFPel. Professor de Direito Previdenciário para
concursos desde 2013. Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil.

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