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DE BEBIDAS
Vitor Skif
Bebidas não alcoólicas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Entre as bebidas não alcoólicas no Brasil, com graduação alcoólica de
até 0,5% vol. à temperatura de 20 ºC, destacam-se água mineral, água
tônica, refrigerantes, refrescos, sucos, néctares, energéticos, isotônicos,
xaropes, chás, cafés, etc.
Reconhecer as bebidas consumidas rotineiramente pela população
de acordo com a legislação brasileira é muito importante para o consu-
midor, pois permite a diferenciação dos seus tipos, que estão diretamente
ligados à saúde e ao bem-estar. Por exemplo, a água é uma substância
fundamental para o bom funcionamento do corpo humano e para muitos
setores da indústria, porque, por meio dela, várias reações acontecem,
sendo utilizada como matéria-prima em vários produtos e apresentando
aromas e sabores provenientes de diversas formas naturais (vulcânica,
de nascente ou lençol subterrâneo).
Nem tudo que é popularmente conhecido como suco se enquadra
nessa categoria, pois há diferenças segundo a legislação. Os refrigerantes
e refrescos também não são a mesma bebida, sendo que o primeiro se
destina aos produtos obtidos por meio da diluição de um xarope con-
centrado de açúcar, sucos de frutas ou extratos vegetais, corante, aromas,
acidulante, entre outros; e o segundo se obtém pela diluição de sucos de
frutas que, após tratamentos químicos e térmicos, são envazados para
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Para conhecer mais detalhes da Portaria nº. 518/2004 do Ministério da Saúde, acesse o
link a seguir e entenda os parâmetros de análise da qualidade da água para consumo
humano.
https://qrgo.page.link/gwTPH
A água mineral, também conhecida como mineral natural, possui grande quantidade
de minerais, sendo que algumas têm propriedades terapêuticas. Independentemente
da nascente, ela provém da chuva que caiu sobre a terra e sofre uma filtragem natural
por passar pelas diversas camadas subterrâneas, o que lhe confere novas características
devido à absorção de vários elementos, sobretudo os minerais solúveis.
Em tese, a água com sais minerais foi filtrada e teve algum componente acrescido nela,
como a de torneira, que pode ter ferro devido à passagem pelos canos de metais. A
própria água do filtro de barro pode conter sais minerais. Acesse o link a seguir para
conhecer as vantagens do filtro de barro para o armazenamento de água.
https://qrgo.page.link/uHKGs
Entende-se que a água gourmet unifica o paladar e limpa as papilas de resíduos dos
sabores da comida, podendo ser classificada comercialmente em quatro tipos:
Lisas ou sem gás são uma das preferidas para acompanhar as refeições, mas deve-se
considerar seu terroir e sua composição mineral no ato da escolha.
Leves se situam entre as lisas e as gasosas, com uma menor quantidade de bolhas.
Clássicas são as águas gasosas, com um leve teor mineral.
Fortes apresentam bolhas fortes e ruidosas, por isso, recomenda-se servi-las fora
das refeições em função da explosão que provoca na boca.
As águas mantêm suas propriedades e seu frescor até 180 dias depois do
envasamento, por isso, apesar de conterem no rótulo a validade de um ano,
deve-se priorizar as envasadas recentemente. Já a temperatura ideal para con-
sumir água sem gás é de 10 a 12 ºC, sem gelo; e de 8 a 10 ºC para as com gás.
Há uma diferença entre água gaseificada e gasosa, pois seu resultado fri-
sante é obtido de maneira distinta. A primeira trata-se de uma água mineral,
em que se induz o gás inserindo-o artificialmente por meio de um processo
similar ao qual são submetidos os refrigerantes, pois retira-se o oxigênio
natural do líquido e, no seu lugar, acrescenta-se gás carbônico (CO2). Durante
o processo, a água é resfriada até 5 ºC para que possa absorver melhor o gás
e combiná-lo ao líquido.
Já a água gasosa é o termo designado à água com gás natural, também
chamada de água carbogasosa ou carbonatada, cujo gás provém da própria
água in natura, proveniente do aquecimento subterrâneo. No geral, isso ocorre
porque as fontes estão em regiões onde já houve apontamento de atividades
vulcânicas, que têm o magma mais próximo à superfície. Assim, por meio do
calor intenso desse magma, que aquece o aquífero, ocorre a formação do gás
natural. No processo, o calor quebra as moléculas dos minerais contidos na
água, liberando vapores que, posteriormente, são incorporados como gases
no líquido.
No sul da França, em outros locais da Europa e no Brasil, é possível en-
contrar fontes em que a água já brota com gás, como o Circuito das Águas,
no sul de Minas Gerais. Entretanto, algumas águas gasosas não têm uma
quantidade de gás natural suficiente para suportar o engarrafamento e seguir
a logística comercial, portanto, determinadas marcas acrescentam um pouco
de CO2 artificialmente para alcançar esse valor.
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Existe um produto no mercado vendido popularmente como Club soda, que se trata
de uma água com gás artificial. De acordo com a legislação brasileira, soda é a água
potável gaseificada com dióxido de carbono, com pressão superior a duas atmosferas
e a 20 ºC, na qual se pode adicionar sais como bicarbonato de sódio, cloreto de sódio,
fosfato de sódio, citrato de sódio, entre outros.
Basicamente, o Decreto nº. 6.871/2009 prevê que, para obter tal designação,
o produto deve conter 100% de suco de fruta, excetuando-se as frutas que
requerem a diluição de sua polpa, como manga e goiaba, que são bastante
espessas. Já os demais produtos são bebidas à base de frutas.
O suco pode ter adição de açúcares na quantidade máxima fixada para
cada tipo. Segundo a determinação do Ministério da Agricultura, ele não
deve conter aromas ou corantes artificiais, e a quantidade máxima de açúcar
adicional é de 10% do seu volume total, mas alguns produtos não permitem
isso, como aqueles com o termo integral no rótulo.
Os sucos ainda podem ser classificados em parcialmente desidratado
(concentrado); misto (mistura); reconstituído (concentrado e dissolvido em
água); tropical (polpa diluída em água); e tropical misto (mistura de polpas
diluídas em água).
Tais produtos têm baixo valor agregado e não são considerados itens de
primeira necessidade. No Brasil, os refrigerantes mais vendidos incluem os
de sabor cola (50,9%) e de guaraná (24,5%). Já os demais sabores representam
24,6% da preferência dos consumidores; e os refrigerantes diet e light, cerca de
8,5% do total (ROSA: COSENZA; LEÃO, 2006). Seus ingredientes, por sua
vez, são água, concentrados, acidulante, antioxidante, conservante, edulcorante
(nas versões de baixa caloria: light e diet) e dióxido de carbono.
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Você sabia que a cafeína é encontrada naturalmente em muitas plantas, como café
cacau, nozes de cola, guaraná e erva-mate e outros chás? Ela também pode ser pro-
duzida de maneira sintética, sem qualquer diferença química entre suas versões, tem
uma ação estimulante e diurética, bem como combate os efeitos da privação de sono,
contribuindo para o melhor desempenho mental e físico.
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https://qrgo.page.link/yidyb
Café
A origem do café foi registrada há cerca de mil anos na Abissínia, atual Eti-
ópia. Quando o pastor Kaldi notou que suas cabras ficavam cheias de energia
após comerem determinadas bagas de arbustos abundantes nos campos da
região, ele apanhou algumas e fez uma infusão, realizando esse processo com
frutos e água quente. Ao bebê-la, ele sentiu os mesmos efeitos estimulantes
(MARTINS, 2008).
Os árabes dominaram rapidamente a técnica de plantio e preparação do
café, fazendo infusão do produto fervido em água, com fins medicinais. Por
possuir sabor agradável e devido aos seus efeitos instigantes, o café era um
item digno de receber grandes investimentos, e sua globalização facilitou
a intervenção cultural tanto nas formas de consumo como nas técnicas de
plantio (MARTINS, 2008).
A planta foi guardada pelos árabes até o século XVII, sendo seu cultivo e
consumo apenas local. Povos europeus como alemães, franceses e italianos
procuravam uma forma de desenvolver o plantio nas colônias, mas somente
os holandeses conseguiram as primeiras mudas, as quais foram cultivadas
no jardim botânico de Amsterdã. Depois eles foram à Indonésia e deram de
presente uma muda aos franceses, que, por sua vez, a levaram para a América
Central.
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Você sabia que Palheta seduziu a esposa do governador de Caiena, capital da Guiana
Francesa, para conseguir uma muda de café, trazida escondida? Conheça outras
curiosidades sobre o café no link a seguir.
https://qrgo.page.link/RPiwB
Tipos de grãos
Você sabe como é produzido o café solúvel? Assista ao vídeo no link a seguir para
aprender.
https://qrgo.page.link/cQpby
Colheita dos grãos, na qual a polpa do fruto está madura, com coloração
avermelhada ou cereja (porém, o grão interno é verde).
Secagem, na qual os grãos são separados pelo grau de umidade e que
pode ocorrer em terreiros (exposição dos grãos ao sol) ou por meio
de secadores mecânicos (câmaras de aquecimento, em que se gasta
menos tempo).
Torrefação, na qual os grãos são aquecidos ao ponto de torra, sendo
responsável pela caracterização do sabor e aroma, bem como pelas
mudanças físicas e químicas. A infusão do grão cru produz uma bebida
insignificante, mas essa etapa forma o aroma e o óleo que caracterizam
o café (como você o bebe) e ficariam desconhecidos sem a intervenção
do calor.
Moagem, cujo objetivo é aumentar a superfície dos grãos e facilitar sua
dissolução na água, influenciando no aroma e sabor, mas alguns não
passam por essa etapa, pois ela é opcional.
Envase, no qual se evita o contato com oxigênio e CO2 para finalmente
armazenar o café em embalagens com controle eficiente de umidade.
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Chá
Há aproximadamente três mil anos, o chá é utilizado e cultivado na China,
sendo produzido a partir das folhas da planta Camellia sinensis, que também
se cultiva no sul da Ásia, incluindo Índia, Japão, Tailândia, Sri Lanka e In-
donésia. Trata-se ainda de uma infusão muito saudável e uma das bebidas
mais consumidas no mundo, devido às suas características de aroma, sabor
e propriedades medicinais.
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A história do chá começou na China, em torno do ano de 2750 a.C., época em que
descobriram as numerosas propriedades medicinais dessa planta. Segundo a lenda,
certo dia, o imperador Shen Nung estava sentado à sombra de uma árvore de chá
nativa, fervendo um pouco de água, quando a brisa derrubou algumas folhas dentro
do pote, e ao provar, sentiu um sabor agradável. Mais tarde, a bebida foi introduzida no
Japão por monges budistas. Já em 8 d.C., no século XVII, os portugueses e holandeses
levaram o chá para a Europa. No Brasil, por sua vez, as primeiras sementes da planta
foram trazidas no começo do século XIX.
É possível encontrar muitas plantas que servem para o preparo de bebidas e são
denominadas popularmente de chá, mas, de certa forma, tal termo não pode ser
utilizado em qualquer situação. Portanto, todo chá é uma infusão, mas nem toda
infusão se trata de um chá.
Leituras recomendadas
GAYLARD, L. O livro do chá. São Paulo: Publifolha, 2017. 224 p.
MOLDVAER, A. O livro do café. São Paulo: Publifolha, 2015. 224 p.