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Recebido: 2 de abril de 2022|Revisado: 4 de abril de 2022|Aceito: 6 de abril de 2022

DOI: 10.1111/edt.12753

COMUNICAÇÃO CURTA

NA0D – A nova classificação de Traumatismo Dentário da

Organização Mundial de Saúde

Stefano Petti1 |Jens Ove Andreasen2|Ulf Glendor3|Lars Andersson3

1Departamento de Saúde Pública e Doenças

Infecciosas, Universidade Sapienza, Roma, Abstrato
Itália
Um sistema de classificação e definição de lesão dentária traumática (TDI) preciso, claro e fácil
2Departamento de Cirurgia Oral e Maxilofacial,
Hospital Universitário de Copenhague,
de usar é um pré-requisito para o diagnóstico, estudo e tratamento adequados. No entanto,
Copenhague, Dinamarca mais de 50 classificações foram usadas no passado. A solução ideal seria que os TDIs fossem
3Faculdade de Odontologia, Universidade de Malmö,
adequadamente classificados dentro da Classificação Internacional de Doenças (CID), endossada
Malmö, Suécia
pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A classificação de TDI fornecida pela 11ª Revisão da
Correspondência
CID (CID-11), divulgada em 2018, e Revisões anteriores, não conseguiu classificar os TDIs de
Stefano Petti, Departamento de Saúde Pública
e Doenças Infecciosas, Universidade Sapienza, forma satisfatória. Portanto, em dezembro de 2018, uma proposta foi apresentada pelos Drs
Roma, Itália.
Stefano Petti, Jens Ove Andreasen, Ulf Glendor e Lars Andersson, ao CID-11, solicitando uma
E-mail:stefano.petti@uniroma1.it
mudança na classificação TDI existente. A proposta nº 2130 destacou o paradoxo do TDI, a

quinta doença/condição mais negligenciada pela maioria dos órgãos de saúde pública do

mundo e os limites da classificação da CID-11. Ou seja, lesões de dentes e tecidos periodontais

foram localizadas em dois blocos separados que não mencionavam tecidos dentários/

periodontais; infração, concussão e subluxação não foram codificadas; a maioria dos TDIs não

tinha descrição; e fraturas dentárias foram descritas através de descrições de fraturas ósseas

(por exemplo, fraturas cominutivas, compressivas e fissuradas). Essas limitações levaram a

relatórios incorretos de TDI, subnotificações e relatórios não específicos por profissionais de

saúde não odontológicos não treinados. Além disso, nenhum artigo científico sobre TDIs,

presente no PubMed, Scopus e Web-of-Science, utilizou a classificação ICD. A proposta nº 2130

sugeriu adotar a classificação de Andreasen, a classificação mais amplamente reconhecida

usada em traumatologia dentária. A Proposta foi analisada por duas equipes da OMS, dois

Comitês científicos, um Centro Colaborador da OMS e o Departamento de Prevenção de

Doenças Não Transmissíveis na sede da OMS e passou por duas sessões de votação. Em março

de 2022, a classificação de Andreasen foi aceita integralmente. Uma nova entidade foi gerada,

chamada NA0D, “Lesão de dentes ou estruturas de suporte” (https://icd.who.int/browse11/lm/

en#/http%3a%2f%2fid. who.int%2ficd%2fentity%2f1413338122). Esperamos que isso contribua

para aumentar a conscientização pública e a gestão da profissão odontológica sobre os TDIs.

PALAVRAS-CHAVE

carga global de doenças, CID-11, classificação internacional de doenças, traumatismo dentário,

Organização Mundial da Saúde

Jens Ove AndreaseneUlf GlendorEsses autores faleceram antes da submissão do manuscrito.

© 2022 John Wiley & Sons A/S. Publicado por John Wiley & Sons Ltd.

|
170 wileyonlinelibrary.com/journal/edt Traumatologia Odontológica.2022;38:170–174.
PETTIEt al.
1|A CLASSE INTERNACIONAL DA OMS DE
DOENÇAS E TRAUMATOS DENTÁRIOS
Em 1891, o Instituto Internacional de Estatística elaborou a chamada
Classificação das Causas de Morte, apresentada dois anos depois,
que recebeu aprovação geral e foi adotada por vários países do
mundo. A classificação foi atualizada periodicamente, e a 6ª revisão,
denominada Classificação Internacional de Doenças, Lesões e Causas
de Morte, foi endossada pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
na primeira Assembleia Mundial da Saúde em 1948.1
O objetivo do sistema de Classificação Internacional de Doenças (CID) era
fornecer uma ferramenta universalmente reconhecida para fins
epidemiológicos, de gestão de saúde e clínicos.
Para poder diagnosticar, estudar e tratar lesões, um pré-requisito é
usar uma definição precisa da lesão. As lesões dentárias traumáticas
(TDIs) têm sido diagnosticadas e relatadas ao longo dos anos de acordo
com uma variedade de fatores, como anatomia, etiologia, patologia,
consideração terapêutica e grau de gravidade. A variedade de métodos
diagnósticos utilizados tem dificultado a documentação precisa dos TDIs e
interferido no desenvolvimento de comparações sistemáticas entre
diferentes estudos e as metanálises de materiais maiores têm sido
prejudicadas.2Essa incerteza pode ser responsável pela baixa
conscientização entre os profissionais de saúde não odontológicos em
todo o mundo, o que é um problema sério, pois a má gestão do TDI pode
levar a graves sequelas, problemas médico-legais e redução da qualidade
de vida dos pacientes.3
Mais de 50 sistemas de classificação TDI foram usados no
passado na literatura.4A classificação mais utilizada foi desenvolvida
pelo Dr. Jens Ove Andreasen em 19705com mais modificações. Essa
classificação serviu de base para a codificação TDI da “Aplicação da
Classificação Internacional de Doenças em Odontologia e
Estomatologia” (ICD-DA), divulgada pela OMS em 1995,6um ramo
relacionado à saúde bucal da 10ª Revisão da CID (CID-10), endossada
na 43ª Assembléia Mundial da Saúde em 1990 e usada pelos estados
membros desde 1994. No entanto, a classificação da OMS estava
incompleta em muitos aspectos, e o Dr. sugeriu a adição de certas
entidades que não estavam incluídas no sistema da OMS. A
classificação de Andreasen tornou-se ao longo dos anos um padrão
global para clínicos e pesquisadores, devido à sua adequação para
ser usada na prática clínica moderna e para comparar resultados de
diferentes estudos. A força do sistema Andreasen é que ele está
intimamente relacionado às lesões teciduais específicas, métodos de
tratamento e complicações posteriores de lesões dentárias. Apesar
de se tornar o padrão global para a clínica e pesquisa em todo o
mundo,
Em 2018, 28 anos após o lançamento da CID-10, a OMS lançou a 11ª
Revisão da CID (CID-11) para permitir que os estados membros iniciassem o
planejamento. O ICD-11 é um sistema de classificação digitalizado mais
moderno que contém cerca de 17.000 códigos únicos, mais de 120.000 termos
codificáveis em uma ferramenta de codificação inteligente e é totalmente
digital. Em março de 2022, 35 países já haviam adotado a CID-11.
|171
A CID fornece uma linguagem comum que permite aos profissionais de
saúde compartilhar informações padronizadas em todo o mundo. Por
esse motivo, foi importante corrigir a CID-11 de acordo com o sistema de
classificação de Andreasen. Portanto, os Drs. Stefano Petti, Jens Ove
Andreasen, Ulf Glendor e Lars Andersson decidiram apresentar uma
proposta para modificar a classificação TDI existente que estava presente
na CID-11.
A necessidade de reclassificar os TDIs dentro do sistema ICD, com
base em sólidas políticas de saúde pública, políticas de saúde e
motivações científicas, foi reconhecida internacionalmente graças a uma
publicação da Lancet Global Health em 2018,7e foi endossado pelo Editor-
Chefe doTraumatologia Odontológica, Dr. Paul Abbott.8No entanto, a
tentativa de contato com o Grupo Diretor de Revisão da CID-11, a
autoridade consultiva especializada responsável durante o processo de
revisão da CID, não teve sucesso, pois o Grupo deixou de existir em
outubro de 2016. Assim, o objetivo de modificar a parte relacionada ao
TDI a CID-11 antes de seu lançamento, que ocorreu em junho de 2018,
falhou. A alternativa restante foi tentar com a Plataforma de Manutenção
da CID-11, ferramenta dedicada a contribuições pós-publicação
(propostas, comentários e traduções) às classificações. A sua consulta
(disponível em:https://icd. who.int/dev11/Account/Login?
ReturnUrl=%2Fdev11%2Fproposal s%2Ff%2Ficd%2Fen%2FProposalList) é
gratuito para todos, mas requer registro. A avaliação das propostas
submetidas à Plataforma é complexa e envolve várias equipes da OMS,
incluindo o Comitê Consultivo Científico Médico, que analisa as propostas
e é consultado sobre questões médicas e científicas, e o Comitê
Consultivo de Classificação e Estatística, que considera as propostas e faz
as recomendações finais sobre aceitá-los ou rejeitá-los. Vários milhares de
propostas foram apresentadas até agora, mas apenas algumas foram
implementadas e levaram a modificações substanciais da CID-11. De fato,
o processo de revisão da proposta pode ser muito complexo e frustrante
antes que tudo esteja em ordem, e está sempre aberto a clínicos e
pesquisadores de todo o mundo que podem fornecer seus comentários, e
são livres para concordar ou discordar da proposta adicionando uma
bandeira verde ou vermelha. Ao final do processo, as propostas são
submetidas a votação. O consenso unânime deve ser alcançado para a
aprovação da proposta.
2|PROPOSTA Nº 2130
Os autores da proposta optaram por um tipo denominado “Proposta de
Mudanças Hierárquicas Complexas”, que foi preferível aos tipos mais
simples devido aos muitos limites da CID-DA/ICD-10/ICD-11 em relação à
classificação do TDI. A proposta foi originada em 3 de dezembro de 2018
e foi numerada #2130; o texto completo está disponível no apêndiceS1.
Estas são as principais questões.
1.O paradoxo dos TDIs. As TDI são uma das doenças mais frequentes
e negligenciadas ao mesmo tempo. De fato, os TDIs afetam mais
de um bilhão de pessoas em todo o mundo, são a quinta doença/
lesão mais frequente,9e seu tratamento é extremamente caro.10
No entanto, os TDIs são ignorados pelo grande público
172 | PETTIEt al.

organizações de saúde, como a OMS e os Centros de Controle e todos, e, portanto, não puderam ser reportados ou foram reportados por

Prevenção de Doenças dos EUA, e são excluídas da lista das 300 meio de códigos não específicos. As entidades TDI não foram definidas,

doenças mais frequentes do Estudo Global de Carga de Doenças. impossibilitando sua codificação precisa por profissionais de saúde não

Tal situação também produz um desconhecimento generalizado treinados, que poderiam usar códigos não específicos, como “Lesão não

em relação aos TDIs.7,8 especificada na cabeça”, “Lesão, não especificada”, “Ferimento aberto na

2.Os limites da CID-11 (e CID-DA/CID-10) em relação aos TDIs. A versão de maio cabeça, parte não especificada. ” Erros macroscópicos também estiveram

de 2021 da CID-11 (disponível em:https://icd.who.int/brows e/11/2021-05/ presentes - como a descrição dos subtipos de fraturas dentárias, que

mms/en#452386362) mostra a situação antes da implementação da utilizou as descrições dos subtipos de fraturas ósseas, a saber, fraturas em

Proposta #2130. A seguir estão apenas alguns exemplos de inadequação da fivela, ruptura, cominutiva, compressão, luxada e fissurada.

classificação TDI. As lesões traumáticas dos dentes foram localizadas em Definitivamente, essas descrições não se aplicavam aos dentes.

um bloco denominado “Fratura de crânio ou ossos faciais”, sem menção a 3.Codificação TDI limitada associada a relatórios imprecisos. Na verdade, este é

fraturas de tecidos dentários. Lesões traumáticas nos tecidos periodontais, um dilema de ovo de galinha. Foi a classificação imprecisa do TDI pela OMS

chamadas imprecisamente de “Deslocamento do dente”, estavam que produziu o desconhecimento dos TDIs, ou foi o desconhecimento geral

localizadas em outro bloco chamado “Deslocamento ou distensão ou dos TDIs que produziu a classificação imprecisa do TDI pela OMS? Resolver

entorse de articulações ou ligamentos da cabeça”. Surpreendentemente, os este enigma é provavelmente impossível. No entanto, os dois fenômenos

tecidos periodontais foram ignorados e assimilados às articulações e foram associados. Um exemplo é a situação dos serviços de emergência em

ligamentos. Assim, à primeira vista, profissionais de saúde não treinados geral (ou seja, não odontológicos), onde o atraso no tratamento do TDI
poderiam pensar erroneamente que os TDIs foram excluídos do sistema da ocorre quase sistematicamente sempre que os prestadores de serviços de
CID-11, dificultando ou mesmo impedindo a notificação. Alguns TDIs, ou saúde bucal não estão disponíveis,11porque apenas um punhado de
seja, infração, concussão e subluxação, não foram codificados em médicos trabalhando em emergência

TABELA 1Classificações de lesões dentárias traumáticas. Proposta nº 2130 submetida à Plataforma de Manutenção da Classificação Internacional
de Doenças 11ª Revisão (CID-11) em 2018, e versão implementada pela Organização Mundial da Saúde ao final do processo de revisão em 2022

Proposta nº 2130 Versão implementada Código CID-11

Nome do bloco Lesões Dentárias Traumáticas Lesão de dentes ou estruturas de suporte NA0D
Primeiro grupo Lesões dos tecidos dentários duros e da polpa Lesão de tecidos dentários duros e polpa NA0D.0

Infração de esmalteuma Infração de esmalte NA0D.00

Fratura do esmalte Fratura do esmalte NA0D.01

Fratura esmalte-dentina Fratura esmalte-dentina NA0D.02

Fratura complicada da coroa Fratura complicada da coroa NA0D.03

Fratura coroa-raiz não complicada Fratura coroa-raiz não complicada NA0D.04

Fratura coroa-raiz complicada Fratura coroa-raiz complicada NA0D.05

Fratura da raiz Fratura da raiz NA0D.06

Outras lesões especificadas de tecidos dentários duros e NA0D.0Y

polpa

Lesão de tecidos dentários duros e polpa, não especificada NA0D.0Z

Segundo grupo Lesões nos tecidos periodontais Lesão dos tecidos periodontais NA0D.1

Concussãouma Concussão do tecido periodontal NA0D.10

Subluxaçãouma Subluxação do dente NA0D.11

Luxação extrusiva Luxação extrusiva do dente NA0D.12

Luxação lateral Luxação lateral do dente NA0D.13

Luxação intrusiva Luxação intrusiva de dente NA0D.14

Avulsão Avulsão do dente NA0D.15

Outra lesão especificada de tecidos periodontais NA0D.1Y

Lesão de tecidos periodontais, não especificado NA0D.1Z

Outros grupos Outra lesão especificada de dentes ou suporte NA0D.Y

estruturas

Lesão de dentes ou estruturas de suporte, NA0D.Z

não especificado

umaEntidades que não eram classificáveis usando o sistema ICD antes da revisão.
PETTIEt al. |173
MESA 2 Histórico da proposta nº 2130

Encontro Evento

3 de dezembro de 2018 Registro da Proposta nº 2130 como “Mudanças Hierárquicas Complexas” para a Plataforma de Manutenção da CID-11

6 de janeiro de 2019 Proposta submetida à Plataforma de Manutenção

6 de março de 2019 Revisão da proposta pelo Comitê Consultivo Médico e Científico da Família de Classificações Internacionais da OMS
(MSAC)

6 de fevereiro de 2020 Proposta enviada de volta à Família de Classificações Internacionais da OMS pelo MSAC

2 de março de 2021 Revisão da proposta pelo Comitê Consultivo de Classificação e Estatística da Família da OMS de
Classificações (CSAC)

3 de março de 2021 Parecer solicitado ao Centro Colaborador da OMS para Melhoria da Qualidade e Odontologia Baseada em Evidências (QED WHO
CC), Universidade de Nova York, EUAuma

4 de março de 2021 Comentários fornecidos por Benoit Varenne, Diretor de Odontologia da Prevenção de Doenças Não Transmissíveis (DNTs)
Departamento, OMS, HQ, Genebrauma

5 de maio de 2021 Comentários fornecidos pelo Pequeno Grupo CSACuma

5 de maio de 2021 CSAC votando a Proposta (primeira rodada)

4 de julho de 2021 Resumo da votação do CSAC

• Sim = 5
• Não = 0
• Indeciso = 5

27 de julho de 2021 CSAC votando a Proposta (segundo turno)

9 de agosto de 2021 Carta de Lars Andersson e Stefano Petti, comunicando o falecimento de Jens Ove Andreasen e Ulf Glendoruma

14 de setembro de 2021 Resumo da votação do CSAC

• Sim = 10
• Não = 0
• Indeciso = 0

29 de outubro de 2021 Proposta aceita pelo CSAC

4 de março de 2022 Proposta Implementada com Modificações pela Equipe 6 da OMS

8 de março de 2022 Comentários finais fornecidos pelo CSAC

umaTrechos disponíveis no ApêndiceS2.

serviços podem avaliar e tratar os TDIs de forma adequada,12e a conscientização
de prestadores de serviços de saúde de emergência não odontológicos em
relação aos TDIs é insatisfatória.3De fato, apenas um quarto dos TDIs foi
classificado corretamente em serviços de emergência em um Hospital Geral
Distrital do Reino Unido, onde o sistema ICD foi usado, enquanto um quinto
uniformizar os estudos científicos sobre TDIs. O nome proposto do
bloco foi “Traumatic Dental Injuries” e a classificação proposta foi a
classificação de Andreasen, usada na maioria dos ambientes de saúde
e científicos em todo o mundo há mais de 50 anos (tabela 1).

recebeu os códigos menos específicos (“Lesão de cabeça não especificada”,
“Lesão, não especificada”), sem informações sobre a causa, a natureza e o
tratamento necessário. A situação em relação às lesões traumáticas dos tecidos
periodontais foi semelhante, com códigos como “Ferimento aberto de outra parte
da cabeça”, “Ferimento aberto de região corporal não especificada” e “Ferimento
aberto da cabeça, parte não especificada” que prevaleceram sobre os específicos.
códigos. Finalmente, outro quarto dos TDIs não foi codificado e recebeu códigos
gerados pelo sistema.13
A inadequação da CID-11 (e CID-DA/ICD-10) na classificação dos TDIs
também é evidente do ponto de vista científico, pois não havia artigos
científicos relacionados aos TDI, presentes no PubMed, Webof-Science
e Scopus, que utilizassem o sistema ICD para classificar os TDIs, até
2018.
4.O núcleo da Proposta nº 2130. Os autores propuseram cancelar todos os códigos
relacionados aos TDIs e gerar um novo bloco independente, específico para
dentes e tecidos periodontais. Essa mudança foi considerada complexa, mas
presumida para permitir que profissionais de saúde não treinados diagnostiquem
TDIs adequadamente, forneçam melhores tratamentos e
História da Proposta #2130. A Proposta foi discutida pelos quatro
autores durante o ano de 2018 e entrou na Plataforma de
Manutenção em 3 de dezembro de 2018. O processo de revisão foi
longo, mas considerado necessário, devido à complexidade das
alterações propostas e porque foram muitos milhares das propostas
submetidas para avaliação, com apenas algumas delas sendo
aprovadas. Este processo envolveu as Equipes 3 e 6 da OMS, o
Centro Colaborador da OMS para Melhoria da Qualidade e
Odontologia Baseada em Evidências (QED WHO CC) da Universidade
de Nova York, o Departamento de Prevenção de Doenças Não
Transmissíveis (DNTs) na sede da OMS em Genebra, o Comitê
Consultivo Científico Médico (MSAC) e o Comitê Consultivo de
Classificação e Estatística (CSAC), com duas sessões de votação (mesa
2). Trechos dos principais comentários da Proposta nº 2130 estão no
ApêndiceS2.
A proposta foi finalmente aceita pelo CSAC em 29 de outubro de 2021
e implementada pela OMS em 8 de março de 2022, com as modificações
apresentadas emtabela 1. Foi incluído retrospectivamente
174 | PETTIEt al.
na versão de fevereiro de 2022 da CID-11 (disponível em:https://icd. who.int/
browse11/lm/en#/http%3a%2f%2fid.who.int%2ficd%2fent ity%2f452386362). Os
TDIs foram incluídos no bloco 22 denominado “Lesão, envenenamento ou
algumas outras consequências de causas externas”; categoria NA, “Lesões na
cabeça”. Foi gerada uma nova subcategoria, abrangente de todos os TDIs,
chamada NA0D, “Lesão de dentes ou estruturas de suporte”. Todos os TDIs
foram devidamente descritos de acordo com a classificação de Andreasen. Os
códigos TDI implementados são mostrados emtabela 1.
3|CLASSE E REASEN I FI CAÇÃO INTEGR
ALTAMENTE INCLUÍDA NO I CD -11
Fica evidente a diferença de adequação das classificações do TDI entre as
versões da CID-11 lançadas em maio de 2021 e em fevereiro de 2022,
antes e depois da aprovação da Proposta nº 2130. Os TDIs finalmente
tiveram seu sistema de classificação ICD-11 independente e preciso. A
amplamente reconhecida classificação Andreasen de TDIs foi aceita pela
OMS integralmente, sem exceções.
Infelizmente, a aceitação da Proposta #2130 chegou tarde
demais para Jens Ove Andreasen14e Ulf Glendor,15ambos faleceram
em 2020. Eles dedicaram suas vidas para aliviar o fardo global dos
TDIs e, embora não tenham tido a oportunidade de comemorar esse
sucesso, a aprovação da Proposta #2130 é seu último presente para
a comunidade clínica e científica dos TDIs .
Esperamos que a inclusão da classificação de Andreasen no sistema
CID-11 ajude a melhorar a conscientização dos profissionais de saúde,
formuladores de políticas, cientistas e epidemiologistas em relação às
TDIs, que podem ser um pouco menos negligenciadas no futuro.
CONFLITO DE INTERESSES
Os autores sobreviventes confirmam que não há conflito de interesses.
CONTRIBUIÇÕES DO AUTOR
SP, JOA, UG, LA projetou e redigiu o manuscrito. SP e LA aprovaram a
versão submetida e são responsáveis por todos os aspectos do trabalho
para garantir que as questões relacionadas à precisão ou integridade de
qualquer parte do trabalho sejam devidamente investigadas e resolvidas.
Como JOA e UG faleceram durante o estudo, eles não puderam aprovar a
versão enviada e não são mais responsáveis por todos os aspectos do
trabalho para garantir que as questões relacionadas à precisão ou
integridade de qualquer parte do trabalho sejam investigadas e resolvidas
adequadamente.
DECLARAÇÃO DE DISPONIBILIDADE DE DADOS
Os dados relatados nas Tabelas estão acessíveis na Plataforma de
Manutenção ICD-11 (disponível em,https://icd.who.int/dev11/proposals/f/
icd/en/ProposalList) digitando o nome do originador da proposta (Petti)
na caixa “Pesquisa de texto”.
Código ORC
Stefano Petti https://orcid.org/0000-0001-9996-8860
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INFORMAÇÕES DE APOIO
Informações adicionais de suporte podem ser encontradas na versão
online do artigo no site do editor.
Como citar este artigo:Petti S, Andreasen JO, Glendor U,
Andersson L. NA0D – A nova classificação de Traumatismo
Dentário da Organização Mundial da Saúde. Traumatologia
Odontológica. 2022;38:170–174.https://doi.org/10.1111/
edt.12753