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Capítulo 4 — Sharia Heaven – Os ideais acorrentados

Sentado no trono de um salão que se estendia infinitamente, observava as inúmeras


pinturas que havia feito durante sua jornada, sua alma dividida em várias partes que
dialogavam entre si, tentando entender qual era a melhor forma de ordenar todo seu caos.

Próximo a uma das pinturas, do outro lado um pequeno amuleto que clamava por Kuro, com
quem havia se conectado em algum momento daquelas jornadas.

— Eu nunca achei que fosse ser chamado. Deixei pra trás uma encarnação chamada
Prime, achei que bastaria, era tudo que eu estava disposto a entregar a ela naquele
momento.

— Não quer ir? — Perguntou Heaven. O ser tinha uma tatuagem em cada braço, uma
representava o ciclo da ordem e caos, outra o ciclo da liberdade.

— É tarde demais. — Respondeu ele, completando com uma piada. — Talvez, se a gente
refizesse o mundo do zero, eu poderia ficar mais perto. Assim mesmo após nossa
separação eu poderia voltar para ela.

Algumas partes reviraram os olhos, cada uma delas havia partido em jornadas diferentes,
algumas buscavam amor, algumas paixões, algumas aventuras, outras por poder,
amizades, riquezas e toda a infinidade de coisas que pudessem existir. Trazendo as
jornadas como pinturas, para serem expostas em uma galeria de experiências.

Eu sorri ouvindo ele.

— Acho que ninguém vai perceber se eu refizer do mesmo jeitinho.

Se o ciclo da liberdade pode optar por uma prisão, o ciclo da ordem viver no caos, então o
ciclo do fim pode ter um recomeço.

Cada uma das almas se juntou em um turbilhão, a fusão delas dando energia suficiente pra
voltar todo aquele universo ao momento zero. Logo antes da explosão que originaria tudo
de novo.

E então aquele universo se desfez.

Um menino olhava então a bola de energia na sua mão, moldada pra ser recriada
exatamente do mesmo jeito de antes.

Atrás dele, um homem com tatuagens nos braços e de uma sorriu e falou:

— Acho que meu momento preferido foi ser o demônio que torturou Lucas, repetir aquele
ano várias vezes até ele perceber que ele quem tinha feiro a própria prisão.

Era Heaven, lembrando ao ciclo do fim os ideais que estariam engravados para sempre em
sua alma. Liberdade é ter o poder para escolher e apenas experimentando varias ordens e
caos é possível decidir qual seu melhor formato.

Uma voz então surpreendeu os dois:

— Ele demorou e descobriu de uma forma péssima, usando uma lenda de outro pedaço de
alma. — Diante do olhar inquisitivo dos dois a voz continuou. — Sou o que restou das
jornadas, para não precisar viver tudo de novo nesse universo que está por vim. Para saber
que o telhado e feito de telha e a parede de tijolo. Sou a experiência de todo esse tempo.
Se Heaven são os princípios que regem o céu, sou as correntes que o trazem para o chão.

— Acho que o Kuro não vai reencontrar com sua princesa quando ela existir novamente. —
Brincou Heaven, tirando um grunido de Sharia.

Foi quando ouvi uma voz que não era de partes da minha alma, alguém de fora daquele
mundo falando ao fundo.

— Eu queria ter ido à praia antes desse mundo acabar.

Não sabia quem é que eu estava olhando, mas parecia agradável.

— Logo haverá praias novamente. Podemos ir junto se você quiser. — Respondi.

— Vou pra longe, mas se algum dia eu voltar, a gente pode ir. — Vendo minha cara de
espanto e até um leve receio da presença de alguém após eu ter dado um fim em tudo, ela
continuou. — Se isso acontecer, você deveria levar algo para se proteger de mim, uma
espada, uma faca.

Não podia negar que estava com medo de algo que não fazia a menor ideia do que era,
mas o que eu podia dizer além de falar.

— Posso levar leite condensado e coco ralado, eu dou eles pra você e você me devolve um
beijinho.

Ela então riu.

— Excelente! Nota 2.

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