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UNIVERSIDADE PARANAENSE

Curso de Arquitetura e Urbanismo


Campus Toledo

Roberta Kelly Vieira dos Santos Catana

CASA DE CULTURA HAITIANA EM TOLEDO/PR

Toledo
2019
Roberta Kelly Vieira dos Santos Catana

CASA DE CULTURA HAITIANA EM TOLEDO/PR

Monografia apresentada à disciplina Trabalho


de Curso, do Curso de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade Paranaense
(UNIPAR), campus Toledo, para obtenção de
título de bacharel.

Orientadora: Prof. Esp. Bruna Gaffuri

Toledo
2019
RESUMO
A cidade de Toledo-PR recebeu, nos últimos anos, um grande número de imigrantes
haitianos. Apesar de muitos trabalharem nas empresas da cidade o relacionamento
social com os moradores não ultrapassa às relações de trabalho, deixando claro que
há um distanciamento cultural muito grande. A proposta deste trabalho é criar um
centro cultural que permita mais difusão e esclarecimentos sobre a cultura haitiana,
na qual as manifestações culturais tenham lugar para serem expressas, além de ser
um lugar para que os haitianos sintam-se representados, acolhidos e reconhecidos.
Acredita-se que a implantação de uma casa de cultura pode ser instrumento eficaz
para disseminar a cultura haitiana e produzir uma maior aproximação e integração
entre estes e os moradores de Toledo.

Palavras-chave: Cultura haitiana. Arquitetura Social. Representatividade. Centro


cultural.
RÉSUMÉ
La ville de Toledo-PR a accueilli ces dernières années un grand nombre d'immigrants
haïtiens. Bien que beaucoup travaillent dans les entreprises de la ville, la relation
sociale avec les résidents ne va pas au-delà des relations de travail, ce qui montre
clairement qu'il existe une grande distance culturelle. Le but de cet article est de créer
un centre culturel qui permette plus de diffusion et de clarification de la culture
haïtienne, dans lequel les manifestations culturelles ont un lieu à exprimer, ainsi qu'un
lieu où les Haïtiens se sentent représentés, accueillis et reconnus. On pense que la
création d’une maison de la culture peut être un instrument efficace pour diffuser la
culture haïtienne et créer une approche plus étroite et une intégration entre eux et les
habitants de Toledo.

Mots-clés: culture haïtienne. Architecture sociale. Représentativité. Centre culturel.


LISTA DE IMAGENS

Imagem 1 – Mapa da América Central e seus países.................................................................. 12


Imagem 2 - Griot de Porc: Prato típico haitiano............................................................................. 09
Imagem 3 – Cena de destruição após o terremoto no Haiti em 2012. ...................................... 23
Imagem 4 - Gráfico que analisa a percepção dos Toledanos em relação aos haitianos. ...... 26
Imagem 5- Gráfico que analisa o entrosamento dos Toledanos com os haitianos. ................ 26
Imagem 6- Gráfico que analisa a aceitação da população à instalação de uma Casa de cultura
haitiana na cidade. ............................................................................................................................. 27
Imagem 7 – Fachada principal do Centre Pompidou ................................................................... 32
Imagem 8 - Vista externa do MUBE ................................................................................................ 41
Imagem 9 – Litografia La Flèche Zénon ......................................................................................... 42
Imagem 10 – Pilar do pórtico no MUBE.......................................................................................... 43
Imagem 11 – Implantação MUBE .................................................................................................... 44
Imagem 12 - Planta esquemática do interior do MUBE ............................................................... 46
Imagem 13 - Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM) ............................................... 49
Imagem 14 - MAM em relação ao seu entorno ............................................................................. 49
Imagem 15 - Passarela de acesso ao MAM .................................................................................. 50
Imagem 16 - Detalhe do sistema de iluminação zenital do edifício do MAM............................ 51
Imagem 17 - Croqui representativo de secção transversal do edifício ...................................... 52
Imagem 18 - Fachada do Mercado Caribenho no bairro de Litttle Haiti...................................... 53
Imagem 19 - Pátio de Little Hati Cultural Complex. ...................................................................... 54
Imagem 20 - Vista aérea do Little Haiti Cultural Complex ........................................................... 56
Imagem 21 - Planta do bloco do teatro em Little Haiti Cultural Complex .................................. 57
Imagem 22 - Planta do bloco da galeria de arte em Little Haiti Cultural Complex ................... 58
Imagem 23 - Detalhe da arquitetura do Little Haiti Cultural Complex ........................................ 59
Imagem 24 - Vista aérea da área .................................................................................................... 62
Imagem 25 - Terreno para implantação da Casa de Cultura ...................................................... 62
Imagem 26 - Fluxo de veículos em torno do terreno .................................................................... 63
Imagem 27 - Terreno visto da esquina ........................................................................................... 64
Imagem 28 - Serviços oferecidos nas proximidades do terreno ................................................. 67
Imagem 29 - Condicionantes físicos-ambientais ........................................................................... 68
Imagem 30 - Representação por cores da setorização ............................................................... 72
Imagem 31 - Representação por cores da setorização do pavimento térreo. .......................... 73
Imagem 32 – Quadro com a relação de ambientes por setor ..................................................... 74
Imagem 33 – Fluxograma ................................................................................................................. 76
Imagem 34 - Implantação horizontalizada da obra. ...................................................................... 79
Imagem 35 - Lojinha de souveniers no complexo turístico do monumento .............................. 82
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACNUR: ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS


CIAM: CONGRESSO INTERNACIONAL DE ARQUITETURA MODERNA
ENEM: EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO
IBGE: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA
IPEA: INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS APLICADAS
MAM: MUSEU DE ARTE MODERNA
MUBE: MUSEU BRASILEIRO DE ESCULTURA E ECOLOGIA
NBA: NATIONAL BASKTBALL ASSOCIATION
ONU: ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 09
1 HAITIANOS ........................................................................................................ 12
1.1 Panorama social e geográfico do Haiti....................................................................... 12
1.2 Breve panorama histórico. ............................................................................................ 13
1.3 Conversa com um haitiano. ........................................................................................... 15
1.4 Imigração haitiana no Brasil. ........................................................................................ 20
2 CASAS DE CULTURA ....................................................................................... 29
2.1 O que são casas de cultura? ......................................................................................... 29
2.2 Como surgiram as casas de cultura? ......................................................................... 31
2.3 Qual a função das casas de cultura?.......................................................................... 33
2.4 Como são as casas de cultura? ................................................................................... 35
3 ARQUITETURA MODERNA .............................................................................. 38
3.1 História e conceitos. ........................................................................................................ 38
3.2 Arquitetura moderna na prática. .................................................................................. 40
4 ESTUDOS DE CASOS. ...................................................................................... 41
4.1 Museu de escultura e ecologia ..................................................................................... 41
4.1.1 CONCEITO .......................................................................................................................... 41
4.1.2 ASPECTOS FORMAIS E COMPOSITIVOS .................................................................. 42
4.1.3 INSERÇÃO NO TERRENO E CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................ 44
4.1.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES E FUNCIONALIDADE ........................................ 45
4.1.5 SISTEMAS CONSTRUTIVOS E MATERIAIS EMPREGADOS .................................. 46
4.1.6 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 47
4.2 Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM) .................................................. 47
4.2.1 CONCEITO .......................................................................................................................... 48
4.2.2 ASPECTOS FORMAIS E COMPOSITIVOS .................................................................. 48
4.2.3 INSERÇÃO NO TERRENO E CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................ 49
4.2.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES E FUNCIONALIDADE ........................................ 50
4.2.5 SISTEMAS CONSTRUTIVOS E MATERIAIS EMPREGADOS .................................. 51
4.2.6 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 52
4.3 Little Haiti Cultural Complex ......................................................................................... 52
4.3.1 CONCEITO .......................................................................................................................... 53
4.3.2 ASPECTOS FORMAIS E COMPOSITIVOS .................................................................. 54
4.3.3 INSERÇÃO NO TERRENO E CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................ 55
4.3.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES E FUNCIONALIDADE ........................................ 56
4.3.5 SISTEMAS CONSTRUTIVOS E MATERIAIS EMPREGADOS .................................. 59
4.3.6 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 60
5 DIAGNÓSTICO .................................................................................................. 61
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES. ...................................................................... 70
6.1 Programa de necessidades e pré-dimensionamento ............................................. 70
6.2 Diagramas funcionais ......................................................................................... 76
6.3 Memorial justificativo .......................................................................................... 77
6.4 Memorial descritivo ............................................................................................. 80
6.5 Proposta projetual ............................................................................................... 87
6.5.1 IMPLANTAÇÃO COBERTURA ........................................................................................ 88
6.5.2 PLANTA BAIXA PAVIMENTO TÉRREO ........................................................................ 89
6.5.3 PLANTA BAIXA 1° PAVIMENTO ..................................................................................... 90
6.5.4 CORTES AA E BB, FACHADA LESTE E SUL, E DETALHAMENTO CLARABÓIA 91
6.5.5 FACHADAS OESTE E NORTE, E PERPECTIVAS EM 3D ........................................ 92
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 93
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 94
APÊNDICE A – EMAIL COM INFORMAÇÕES DO DEP. DE VIGILÂNCIA
SOCIOASSISTENCIAL DE TOLEDO. .................................................................... 101
APÊNDICE B – GRÁFICOS COM OS RESULTADOS DA PESQUISA REALIZADA
COM MORADORES DE TOLEDO. ........................................................................ 104
APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO PARA ULTILIZAÇÃO DE
ENTREVISTA NA MONOGRAFIA. ......................................................................... 108
9

INTRODUÇÃO

Toledo é uma cidade localizada na região Oeste do Paraná com enorme


potencial agrícola e dinâmico mercado industrial. A cidade conta hoje com
aproximadamente 139 mil pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, [201?]). Entre a população há muitos imigrantes de diversos países,
tendo maior expressão a comunidade haitiana, que conta com aproximadamente
2.000 mil pessoas na cidade, segundo o Portal do Município de Toledo (2017).
Esse fenômeno da presença de estrangeiros não é caso exclusivo da cidade
de Toledo, a questão da imigração têm sido um tema fortemente repercutido no mundo
todo nos dias atuais. Isto porque o número de pessoas que deixaram seus países de
origem procurando, até mesmo em outros continentes, melhores condições de
sobrevivência é alarmante: 68,5 milhões de pessoas no ano de 2017 estavam em
situação de deslocamento (JALIL, 2018).
As pessoas passam a ser migrantes quando em seus países de origem há
crises de questões sociais, econômicas, políticas e até nas questões físico-
ambientais que impossibilitam, ou no mínimo, dificultam a permanência nestes, sendo
esta a melhor, ou única saída, a busca por um lugar onde possam viver protegidas e
onde sejam maiores as oportunidades para um recomeço.
Afinal, porque migram as pessoas? Os motivos são variados (procura de
melhores condições de vida, de trabalho e melhor salário, objetivos
associados à carreira e satisfação profissional, união da família,
necessidades de sobrevivência [fuga a guerras e/ou conflitos]) (SOUSA;
GONÇALVES, 2015, p. 549).

Com destaque para a questão da imigração haitiana entende-se que no ano de


2010 um terremoto de grandes proporções devastou Porto Príncipe, a capital do Haiti,
e segundo Oliveira, M. (2016), o cenário que já era muito ruim tornou-se insustentável.
Sendo importante também ressaltar que, segundo Conheça (2015), o Haiti é
considerado o país mais empobrecido economicamente do continente americano.
Com isso, uma das respostas para o grande e inédito fluxo migratório de
haitianos para o Brasil, que vem aumentando ano após ano, pode estar na missão de
paz da Organização das Nações Unidas (ONU), chefiada por tropas brasileiras, muito
ativas no Haiti mesmo antes do terremoto. Este fator contribuiu para que o Brasil
ganhasse enorme notoriedade naquele país, a ponto de indiretamente difundir a ideia
10

de que dispunha de força política e econômica para suprir as necessidades que os


haitianos tanto careciam, como sugere Machado (2014).
Inversamente à lógica, o recente fluxo migratório para o Brasil, que não é
exclusividade de haitianos, não teve como destino apenas as capitais. Ainda segundo
Migrantes (2011), cidades interioranas passaram a ser destino para imigrantes, como
é o caso da cidade Toledo.
O objeto de estudo deste trabalho tem grande potencial para tornar a
sociedade toledana mais dinâmica e rica culturalmente. Sendo assim, o objetivo
principal deste trabalho foi investigar e embasar a proposta de um projeto
arquitetônico para uma Casa de Cultura Haitiana que possibilite a divulgação e
valorização desta cultura. Desta forma, pretende-se oportunizar à toda sociedade
local, através do edifício, uma ponte de acesso ao conhecimento sobre o Haiti, como
também, uma forma de dar aos haitianos a oportunidade de vivenciar e apresentar
sua cultura.
Já a motivação para a criação desta categoria específica de edificação está na
definição de (NEVES, 2013, p.2), para o qual centros culturais são: “Instituições
criadas com o objetivo de se produzir, elaborar e disseminar práticas culturais e bens
simbólicos, obtendo o status de local privilegiado para práticas informacionais que dão
subsídios às ações culturais”.
Segundo Politize (2018) e CHARLEAUX (2017), o motivo daqueles que
desaprovam a presença dos estrangeiros são embasadas no argumento de que o
Brasil não consegue garantir qualidade de vida aos que já são naturais daqui e que
sobram carências a serem supridas. Portanto, a vinda de mais pessoas,
presumidamente pobres, aumentaria o número de necessitados e consequentemente
sobrecarregaria a crise econômica social já vivida pelos brasileiros.
Além desses argumentos, há um ponto que deve ser ressaltado que é a
questão cultural. Paiva (2013) analisa que olhar do nativo para o estrangeiro é de
superioridade cultural, onde a cultura do imigrante é tida como inferior e este é
desqualificado em seus saberes, hábitos e costumes, sendo considerados
verdadeiros "bárbaros".
Cabe aos governos gerenciarem esta situação, possibilitando que a imigração
seja vista como solução e não desastre social. Para que se obtenham os benefícios
11

da miscigenação é necessário que haja um trabalho de conscientização de como esse


conceito é importante.
Este trabalho pretende defender um posicionamento favorável à imigração, em
especial à imigração Haitiana, de modo a ter como foco principal a resposta para o
questionamento: Como a construção de uma casa de cultura haitiana, poderá
influenciar positivamente a aproximação de haitianos e toledanos?
A criação de uma casa de cultura haitiana contribui de maneira significativa
para que a sociedade toledana conheça melhor sobre esses novos moradores: como
eles pensam, quais são seus valores, sua forma entender o mundo e assim, promover
a aproximação de culturas, e excluindo, ainda que mínima, a xenofobia.
O projeto do edifício será idealizado com o objetivo de expor várias formas de
manifestação cultural, como música, obras de arte, culinária, religião entre outros.
Para tanto, existe uma grande necessidade de investigação de temas que são
pertinentes e aprofundem o conhecimento sobre o trabalho a ser elaborado, além de
ser uma contribuição significativa para o meio acadêmico.
Este trabalho trata-se de uma pesquisa de caráter exploratório e descritivo, com
apresentação de análises qualitativas e quantitativas e uso de fontes primárias e
secundárias.
Os objetivos que se esperam alcançar com o trabalho é a conceituação do que
são as casas de cultura, a identificação dos pontos fortes da cultura haitiana, o
levantamento das percepções dos moradores de Toledo em relação aos haitianos que
vivem na cidade e ainda, a identificação das características da arquitetura moderna,
para posterior aplicação conceitual ao projeto.
Além disso, as obras edificações do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
(MAM), o Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia (MUBE), e o Little Haiti Cultural
Center, serão analisadas numa ótica de correlação com o projeto arquitetônico que se
almeja desenvolver.
Os capítulos seguintes tratam do desenvolvimento teórico e dos objetivos
elencados, onde se espera alcançar resultados que favoreçam um bom projeto da
Casa de Cultura Haitiana.
12

1 HAITIANOS

Este capítulo pretende aprofundar-se no conhecimento do primeiro objeto de


estudo: os haitianos. As informações aqui contidas têm como objetivo fazer uma
aproximação com as questões que envolvam esse tema e demonstram a importância
do estudo.

1.1 Panorama social e geográfico do Haiti

Parte do entendimento do tema deste projeto vem da necessidade de conhecer


o contexto sóciogeográfico do Haiti, de forma a identificar suas características e
particularidades.
Na América Central existe uma ilha chamada Hispaniola, seu território é
dividido por dois países: à oeste fica o Haiti e à leste a República Dominicana. A figura
abaixo mostra o mapa do Haiti em relação aos outros países da América central.

Imagem 1 – Mapa da América Central e seus países.

Fonte: MAPA [200?] Adaptado.


13

Francisco [200?] descreve que o Haiti conta com uma população de 10.032.619
de habitantes, possui como línguas oficiais o Francês e o Crioulo; a moeda financeira
é o Gourde.
Sua Capital é Porto Príncipe, que é também a cidade mais populosa com quase
2 milhões de habitantes.
Ainda, segundo o autor, a população residente em área urbana é de 48,27%,
sendo 51,73% da população residente em área rural. Portanto, a população rural
ainda é um pouco maior que a população vivendo em área urbana.
Francisco [200?] afirma também que a composição étnica daquele país é
composta de 96% de afro-americanos e eurafricanos, 3% de europeus meridionais e
1% de outras etnias.
Quanto à religião os autores apresentam os seguintes dados: Cristianismo
95,3%, sendo desse total 73,2% de católicos, 14,6% de protestantes, 7,5% de outras
vertentes cristãs), 3% da população são de outras religiões, os sem religião e os ateus
somam 1,7%. Portanto a maior parte da população haitiana pratica a fé cristã, de
vertente católica.
A economia haitiana é pouco desenvolvida, sendo o setor primário o principal
responsável pela captação de receitas financeiras. A instabilidade política do país
dificulta a entrada de investimentos estrangeiros [FRANCISCO, ca199?].
Sendo o país mais pobre da América e, segundo dados da ONU, um dos mais
baixos índices de desenvolvimento humano (IDH) do mundo, cuja história é
marcada por períodos de ocupação estrangeira e por longos períodos
ditatoriais, o passado e o presente vivem confundindo-se de modo constante
no Haiti [BAPTISTA, 200?].

1.2 Breve panorama histórico.

O texto que segue trata-se de um breve panorama sobre a história do Haiti e


poderá facilitar o entendimento sobre a atual situação deste país.
Em 1492 Cristóvão Colombo desembarcou na ilha caribenha Hispaniola e
estabeleceu uma capitania em Ayiti, que significa "terras altas", para o povo Arawak,
que eram os índios que habitavam a região, (MATIJASCIC, 2010).
Francisco [201?] esclarece que o território que atualmente corresponde ao Haiti
era ocupado por esses índios Arauaques, mas foi dominado pelos espanhóis, que
segundo Matijascic (2010) passaram a extrair ouro do local, usando trabalho indígena.
14

Em 1697, o tratado de "Ryswick" entre Espanha e França fez do Haiti


propriedade colonial francesa, mas para Matijascic (2010), a França só fez oficializar,
pois na prática já vinha dominando um terço do território. O Haiti passou então a ser
oficialmente colônia da França, que tratou também de denominar a nova possessão
de "ilha de Saint-Domingue".
Sabe-se ainda que “... a mais rica colônia da monarquia francesa contava, na
época, com sete mil e oitocentas propriedades agrícolas, onde se produziam café,
algodão e, sobretudo açúcar..." (SEITENFUS, 1994, p.11, apud MATIJASCIC, 2010,
p.3), e segundo [FRANCISCO, 200?] tudo produzido por meio de mão de obra de
escravos africanos.
“A abolição da escravidão naquele país ocorreu em 1794 e, em 1° de janeiro
de 1804, o país obteve sua independência, sendo a primeira República Negra das
Américas e o primeiro país latino-americano a conquistar a independência."
FRANCISCO [200?, online].
Um grande feito, mas que não garantiu que a situação posterior pudesse dar
ao Haiti uma história digna.
"O projeto não seguiu de acordo com a vontade dos heróis revolucionários
e sim de acordo com as circunstâncias impostas pelas condições históricas e sociais
exteriores, as quais lhes impuseram inúmeros percalços" (PIMENTEL; COTINGUIBA,
2015, p.182).
Proprietários das terras e líderes da revolta que levaram à independência do
país, os mulatos, foram os que assumiram o poder no Haiti. Todavia, não
mudaram a estrutura social do país: constituíram-se como elite e mantiveram
os negros (ex-escravos) no trabalho das lavouras de produtos primários.
(MATIJASCIC, 2010).

Segundo Sutter (2010) até hoje a escravidão é um trauma não elaborado pelos
haitianos, fato que os coloca em um anacronismo que os impede de dialogar e a
defender seus direitos com argumentos mais contemporâneos.
Para Francisco [ca.1999?], a nação sofreu vários golpes militares e foi
governada por ditadores durante muitos anos, resultando na perseguição a opositores
e na morte de muitos habitantes.

1
SEITENFUS, Ricardo. Haiti: a soberania dos ditadores. Porto Alegre: Só livros, 1994.
15

Ainda Machado (2014), reforça que a conquista da liberdade haitiana foi


seguida de uma série de colapsos econômicos, invasões estrangeiras, golpes de
estado, que em conjunto fizeram do país o mais pobre do continente americano.
Para citar apenas um, tem-se como exemplo a ocupação dos Estados
Unidos: "Em 1915, os Estados Unidos invadiram o Haiti e o dominaram por 19 anos,
até 1934, num período sombrio pouco conhecido da história dos vencedores."
(PIMENTEL; COTINGUIBA, 2015, p.184).
Ainda sobre o domínio dos Estados Unidos no Haiti, BAPTISTA [200?,p.4]
declara: “De fato, a ocupação americana a partir de 1915 foi umas das mais pesadas
humilhações sofridas pelo país desde sua independência, sendo vista pelos
haitianos como uma espécie de “segunda colonização””.
Já em 2004, uma crise política no país só teve fim, segundo Machado
(2014), com a intervenção da ONU.
Diante deste breve panorama histórico, entende-se que o povo haitiano tem um
passado, que na verdade ainda é muito presente, onde a instabilidade política e social
castiga duramente seu povo.

1.3 Conversa com um haitiano.

A quase inexistência de outras fontes de informação faz desta conversa uma


fonte de dados importantíssima, uma vez que a cultura haitiana é um dos pontos de
pesquisa deste trabalho. Seu entendimento, ainda que superficial, é desejável no
sentido de enriquecer a construção geral do tema.
O encontro aconteceu no dia 09 de abril de 2019 e o entrevistado falou sobre
sua história de vida, como também a descrição sobre muitos aspectos da cultura de
seu país natal. Sendo assim, o relato da conversa contribui para o entendimento da
perspectiva de um haitiano sobre a vivência em Toledo, e sobre a vida no Haiti.
O homem em questão tem 36 anos e saiu da Capital Porto Príncipe, a princípio,
para viver no Chile. Destino, segundo ele, motivado pela facilidade de imigrar para
aquele país. O que provavelmente tem a ver com o fato de o Chile ser um dos três
únicos países da América Latina a não exigir visto de entrada a haitianos, segundo
informa Fernandes (2014), seguido pela Argentina e Equador. Até 2013 o Peru
também não exigia o visto.
16

Divorciado há pouco tempo antes da viagem, que ocorreu de fato em 2013,


queria viver novas experiências de vida, e encontrar novos rumos, e sem dar muitos
detalhes contou que acabou vindo para o Brasil, e foi viver na cidade de São Paulo.
É importante ressaltar uma fala, onde ele reclama que percebe haver um pré-
conceito de que todo haitiano é miserável, e sua imigração para o Brasil se dá, única
e exclusivamente, pela falta de recursos no Haiti; "por que passava fome lá". O
haitiano conta que nunca passou fome e lembra que para vir para o Brasil teve que
desembolsar em torno de 3.000,00 dólares, algo impossível para qualquer pessoa em
situação de miséria, conclui.
No entanto, a situação deste caso específico parece não caracterizar a grande
maioria da população haitiana. Oliveira, W. (2017) lembra que o Haiti é um dos países
mais pobres do planeta com baixíssimos índices de desenvolvimento humano.
Ainda sobre a situação calamitosa daquele país entendemos que:
"Finalmente, a diáspora haitiana foi provocada por razões ora econômicas,
ora políticas cuja origem remonta a uma longa história de abusos políticos
internos e intervenções econômicas internacionais, de modo que hoje
metade da população de haitianos vivem fora do país, entre eles
artistas" (SUTTER, 2010).

Em São Paulo, o mesmo foi trabalhar na construção civil, e conheceu um


compatriota, que lhe falou sobre oportunidades de emprego em Cascavel, no
Paraná. O haitiano em questão é formado em Letras no Haiti, e ouviu do amigo que
teria mais chances de trabalhar como professor, ou algo próximo à sua formação se
fosse para aquela cidade.
Essa situação enfrentada por ele, de não conseguir trabalhar na sua área de
formação superior, não é uma situação isolada, mas recorrente.
"... Dificuldades com o aprendizado da língua portuguesa e a impossibilidade
de conseguir a equivalência de diplomas levou a maioria dos haitianos a
buscar trabalho em ocupações que exigiam pouca qualificação, como na
construção civil, em atividades auxiliares ou em linhas de montagem
industrial. " (FERNANDES, 2014).

Dessa forma, ele acabou fazendo a mesma rota que muitos de seus
compatriotas, pois como afirma Fernandes (2014), a maior concentração de haitianos
está na região sul do Brasil.
Desta parte de sua jornada como imigrante, ele conta que teve muita
dificuldade por não falar português, segundo ele, ir para um país sem saber falar a
língua local “... É como ir para o deserto...”, por isso, começou a estudar português
sozinho ainda em São Paulo. Sobre esta questão, o entrevistado mostra-se
17

preocupado com a ausência de intérpretes, principalmente nas repartições públicas,


e conta que perdeu um colega haitiano que, por não conseguir se comunicar com
ninguém no hospital, veio a óbito.
De fato, a dificuldade com um novo idioma é um dos principais percalços para
um imigrante, por Bógus e Fabiano (2015), sabe-se que o Instituto de Pesquisas
Econômicas Aplicadas (IPEA) e o Ministério da Justiça, elaboraram uma pesquisa,
onde detectaram que são quatro as maiores dificuldades dos imigrantes no Brasil: O
idioma, a documentação ou ausência dela, o acesso à informação e o acesso ao
mercado de trabalho formal.
Voltando à conversa, o mesmo, conta que diferente daquele estado, sentiu
grande resistência e até mesmo preconceito por parte dos paranaenses.
Já em Toledo, o haitiano relata ter passado um bom tempo desempregado
recebendo ajuda financeira de sua família que permaneceu no Haiti. Trabalhou na
construção civil por um tempo, mas conseguiu colocar-se no mercado de trabalho
como tanto queria. Atualmente é professor numa escola de idiomas da cidade.
Com dois diplomas universitários e agora fluente em cinco idiomas afirma
perceber que o preconceito lhe atinge pelo simples fato de ser um haitiano e também
crê que os brasileiros, por não conhecerem a realidade da cultura haitiana, imaginam
que o Haiti é um país miserável, onde não existem pessoas instruídas ou capazes.
Isto foi identificado por ele em duas situações que vivenciou em Toledo e que
merecem ser descritas.
Na primeira, quando ainda trabalhava na construção civil, diz ter percebido que
seu chefe imediato lhe impunha trabalhos pesados sem nenhum tipo de relevância:
“... dizia-me, pegue aquele saco que está ali, e meia hora depois me dizia, traga aquele
saco e o coloque novamente aqui...". Para ele o encarregado assim agia pelo simples
fato de apreciar vê-lo carregando peso, e por não perceber o mesmo tratamento aos
outros funcionários brasileiros da obra, crê que se tratava de discriminação, e
sentencia "acham que somos como animais de carga".
Na segunda situação, diz que uma pessoa lhe telefonou interessada em seus
serviços como professor de idiomas, quando questionado sobre qual era sua
nacionalidade a pessoa imediatamente desligou o telefone sem qualquer explicação.
Essas tristes experiências vividas pelo entrevistado em questão colaboram com
a opinião de Bógus e Fabiano (2015), que denunciam haver no Brasil uma proliferação
18

de manifestações ofensivas, racistas e xenófobas dirigidas aos imigrantes e


refugiados. Ainda assim, o mesmo diz gostar de viver em Toledo e
pretende permanecer na cidade.
Opinião que se difere um pouco de alguns outros haitianos, pois segundo
Fernandes (2014, p. 126) “Aqueles que vem com reservas à imigração para o país,
buscam poupar recursos para seguir para outros destinos, ou mesmo para retornar
ao Haiti".
Em relação às amizades, conta que não conseguiu criar relações sociais
próximas com os brasileiros, mas atribui isso ao fato de ter pouco tempo livre. Quando
indagado sobre fazer amigos brasileiros lhe pareça algo importante, se diz disposto a
construir amizades mais sólidas.
Em relação à cultura haitiana mais especificamente, ele diz perceber mais
semelhanças do que diferenças entre o Haiti e o Brasil, a começar pela forma como
os dois países são vistos fora de suas fronteiras. Para ele, assim como é vendida a
ideia de que o Brasil se resume ao Rio de Janeiro, e que há apenas favelas e violência,
o Haiti de igual modo sofre com a propaganda de que é um país que só tem
mazelas. Sendo distorcida a visão, nos dois casos.
Relata ainda que existe lá no Haiti uma urbanização como a daqui, edifícios em
altura, muitos museus, centros de cultura, arte e outros.
Sobre os assuntos escolares, ele explica que a educação infantil que aqui
costumeiramente denominamos creche, lá se chama "infantil", já o ensino que
corresponde ao nosso ensino fundamental lá é concluído em sete anos, vindo ao
término uma prova nos moldes do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), se
aprovada nesta prova, a criança está apta a cursar mais sete anos de estudo, o que
corresponde ao nosso ensino médio, e na sequência, acontece a realização de mais
uma prova de avaliação, que examina se o aluno está apto a cursar o ensino superior,
antes porém, assim como aqui, é necessário que se realize uma prova de vestibular.
Essa educação formal ao que parece exigente, não é ampla, pois segundo
Oliveira M. (2017), 60% da população haitiana é iletrada, apenas 20% das crianças
em idade escolar estão de fato matriculadas, e o ensino público atende apenas 20%
da população.
Em relação à religião, ele explica que a dominante é a Cristã, com
predominância à vertente católica, mas destaca a religião afro, vodum, que tem fiéis
19

no Haiti, e foi de grande valor no passado, pois serviu de instrumento e resistência


social à escravidão.
A música, segundo ele, possui variados ritmos dos quais ele primazia a Kompa,
um ritmo característico daquele país. Aliás, o entrevistado elege este, o elemento da
cultura haitiana que mais sente falta.
Questionado sobre o que o Haiti oferece de mais rico em sua cultura ele sugere
que seja a culinária, não de forma específica, mas a forma de transformar os
alimentos. Uma gastronomia segundo ele, muito boa, e na qual, o Griot de
Porc, que basicamente é carne de porco frita acompanhada com bananas fritas, seja
um dos pratos tradicionalmente mais consumidos.
Na imagem 2 é possível ver este prato.

Imagem 2 - Griot de Porc: Prato típico haitiano

Fonte: Omori (2016)

No Haiti também se comemora o carnaval, a festa lá dura um mês e seus


últimos três dias são os mais importantes. É uma festa de rua, onde as pessoas de
fantasiam e dançam muito.
O futebol é a modalidade esportiva mais popular, e segundo o haitiano, o
futebol brasileiro tem grande notoriedade naquele país.
As profissões são semelhantes às que existem no Brasil.
20

Por fim conclui que o Haiti é um país com povo acolhedor, assim como o Brasil,
e considera que nosso passado de escravidão e colonização europeia, nos marcou
de modo a nos deixar marcas culturais muito semelhantes.

1.4 Imigração haitiana no Brasil.

O texto que segue é um esforço no sentido de entender o contexto da imigração


Haitiana no Brasil em Toledo, consequentemente.
O fato de o Brasil possuir muitas etnias faz-se pensar que o assunto da
imigração lhe é peculiar.
A tradição brasileira em receber imigrantes é farta em registros históricos,
desde imigrantes forçados à época da escravidão até os imigrantes italianos,
japoneses, alemães, entre outros que chegaram durante o século XIX e
começo do século XX..." (OLIVEIRA; SANTOS, 2015, p 2).

Sobre esse tema Fernandes (2014) afirma que a imigração no Brasil teve início
com os portugueses no contexto da colonização, e que a implantação de grandes
lavouras de exportação originou a demanda pelo tráfego de escravos africanos,
denominado pelo autor de "movimento migratório forçado”. Defende ainda que essa
migração forçada introduziu na colônia cerca de quatro milhões de cativos,
deixando profundos e importantes traços na cultura brasileira.
No entanto, o país passou longos anos sem receber quantidades significativas
de imigrantes, como ocorria fluentemente até a década de 30, fato atribuído por
(FERNANDES, 2014) à Segunda Guerra Mundial. Para o autor a guerra influenciou a
quase interrupção dos fluxos migratórios para o Brasil.
Este mesmo autor indica que o histórico 11 de setembro de 2001 nos EUA
mudou completamente as circunstâncias dos movimentos migratórios no Mundo. A
partir desse fato os imigrantes passaram a sofrer com as desconfianças das duras e
restritas políticas de imigração dos países atrativos a esse fim, (FERNANDES, 2014).
Diante disso, uma nova configuração de fluxos migratórios se instala e passa
ocorrer com mais frequência: a migração intra-América Latina, segundo explica
Fernandes (2014).
Mesmo esses novos fluxos regionais, tendo alterado o estado letárgico que
vivia o Brasil, não se compara com o que viria a ocorrer a partir de 2010, onde um
grande número de imigrantes de origem haitiana passou a migrar para o país em
número crescente e constante.
21

Segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para


Refugiados (ACNUR, 2019), o número de haitianos vivendo no país em condição de
refúgio ou similar saiu de sete pessoas em 2009, e passou para 595 pessoas em 2010,
saltando para mais de 29.200 pessoas em 2014. Mas Oliveira W. (2017), acredita que
esses números oficiais, não correspondem ao verdadeiro número total de haitianos
que passaram a residir no Brasil.
A migração dos haitianos seguiu um padrão em que, primeiramente, nos anos
2010 e 2011 migraram os que tinham maior qualificação, em uma segunda etapa
vieram os com menor nível de instrução, mas que estavam trabalhando em áreas mais
técnicas, como na construção civil, e por fim, vieram os com baixo nível de instrução
segundo informa (Góis 20092 apud Fernandes 2014).
Delfim (2017) analisa que a partir de 2010 o Brasil se torna para os haitianos
um destino tão tradicional quanto já eram Canadá, República Dominicana e Estados
Unidos.
A situação de vulnerabilidade tanto social quanto econômica, já mencionada
neste capítulo, permite entender que o haitiano busca outras realidades e uma melhor
qualidade de vida ainda que seja em outros países. Segundo Pimentel e Cotinguiba,
"migrar é uma atividade que faz parte do cotidiano dos haitianos há pelo menos meio
século. Esta prática já levou mais de dois milhões de pessoas para outros países... ''.
(PIMENTEL & COTINGUIBA 2015, p.182)
Se imigrar é algo comum ao haitiano, o que cabe dúvida é porque houve um
interesse tão inédito pelo Brasil? Pois como já dito acima, antes de 2010 o número de
pedidos de refúgio não passava de sete casos.
Antes de responder a esse questionamento, é preciso compreender por Bógus
e Fabiano (2015) porque o Brasil passou a ser um destino mais atrativo a várias outras
etnias e não somente a haitianos.
A maior projeção do Brasil no exterior, aliada às crescentes restrições à
entrada de imigrantes na Europa e nos Estados Unidos, provocou uma
diversificação nos grupos de estrangeiros que tem optado por viver em terras
brasileiras, além de atrair cada vez mais imigrantes de países vizinhos que
fogem de crises econômicas e conflitos políticos. Observa-se também um
aumento expressivo na chegada de imigrantes e refugiados de
nacionalidades que tradicionalmente não migravam para o país. (BÓGUS;
FABIANO, 2015, p.1).

2
GÓIS, Pedro et al. “Segunda ou terceira vaga? As características da imigração brasileira recente em
Portugal”, in PADILLA, Beatriz e XAVIER, Maria (org.), Revista 130 HATIAN DIASPORA -
http://haitiandiaspora.com/ (acesso 03/03/13)
22

Por essas observações, verifica-se que de fato o Brasil tornou-se um dos


centros das atenções internacionais, quando os destinos historicamente favoráveis,
deixaram de ser opções menos fáceis de entrada e de ganhos econômicos.
No caso exclusivo da imigração haitiana, alguns fatores podem ter sido
decisivos para a escolha.
Bombagai (2018) defende que uma missão de paz da ONU, foi enviada ao Haiti
para controlar uma situação de muitos conflitos. O Brasil foi quem comandou esta
missão, intitulada de MINUSTAH (Missão das Nações Unidas para a estabilização no
Haiti) e que durou um pouco mais de 13 anos.
A presença das tropas brasileiras foi muito marcante e, de certa forma,
conseguiu que houvesse um período de relativo progresso naquele País, conforme
esclarece ainda Bombagai (2018).
Muitas fontes apontam que a presença da MINUSTAH, foi decisiva para a
vinculação do Brasil à ideia de um país de progresso, capaz de oferecer melhores
condições de vida aos haitianos.
Para Patarra e Fernandes (2011, p.87) ”... a presença do Brasil no Haiti, no
comando da Missão das Nações Unidas para a estabilização do Haiti - MINUSTAH-
foi fator de fundamental importância na inserção do país no quadro dos destinos
procurados pelos haitianos...".
Ainda para Machado (2014, online) "... vontade que se tornou óbvia e lógica na
cabeça dos haitianos. Se o Brasil é respeitado a ponto de liderar uma missão de paz,
se tem empresas multinacionais e recursos para financiar grandes projetos, então
certamente tem empregos...".

Segundo Fernandes (2010)3 e Silva (2013)4 apud Fernandes (2014), podem ser
apontadas como possíveis causas e influências da imigração numerosa de haitianos
para o Brasil a partir de 2010: O descenso do desemprego na época, a construção
civil aquecida por conta dos dois grandes eventos que iriam ser realizados (Copa do
Mundo e Jogos Olímpicos), a repercussão positiva da partida de futebol entre a
seleção brasileira e a haitiana intitulada de "Jogo da paz " em 2004, como também o

3
FERNANDES, Jéssica. Operação Haiti: ação humanitária ou interesse político para o Brasil?
Conjuntura internacional. nº 22. PUC Minas. 2010
4
SILVA, Sidney. Brazil, a new eldorado for immigrants?: the case of haitians and thebrazilian
immigration policy. In: Urbanities, Vol. 3 nº 2 Novembre 2013.
23

"convite" para que os haitianos migrassem para o Brasil, feito pelo governo brasileiro
através da figura do presidente Lula, quando na ocasião do grande terremoto ocorrido
no Haiti em 2010, o agora ex-presidente visitou aquele país.
Sobre esse terremoto, Oliveira W. (2017) explica que a república do Haiti sofreu
no dia 12 de janeiro de 2010 um abalo sísmico de grandes proporções, cujo epicentro
foi próximo da capital Porto Príncipe, como pode ser observado na Imagem 3.

Imagem 3 – Cena de destruição após o terremoto no Haiti em 2012.

Fonte: Roriz (2010).

Segundo o Autor Oliveira:

A organização humanitária Cruz Vermelha estimou em 3 milhões o número


de pessoas afetadas pelo terremoto[1], dentre as quais 316 mil morreram,
segundo estimativa revisada em 2011 e apresentada pelo então primeiro-
ministro haitiano, Jean-Max Bellerive[2]. Considerando que a população do
Haiti em 2010 era 9.896 milhões de habitantes [3], o terremoto teria
impactado pouco menos de um terço da população do país e vitimado pouco
mais de 3% da população local. Trata-se de um impacto sem precedentes
para a população haitiana (OLIVEIRA W., 2017, online).

Analisa-se, portanto, que quando aconteceu esse terremoto em 2010, os


haitianos já tinham uma imagem do Brasil, que lhes fizesse pensar que aqui seria um
bom local para um recomeço.
Mas Oliveira W. (2017) prefere acreditar que a imigração de haitianos se dá por
um conjunto de vulnerabilidades: instabilidade política, mazelas sociais e econômicas
e catástrofes ambientais frequentes.
24

Sabidos os possíveis motivos para a imigração haitiana para o Brasil, cabe a


esse trabalho questionar: Em qual contexto se dá a imigração haitiana para Toledo,
no Paraná?
Uma pesquisa de campo realizada com 33 haitianos por pesquisadores da
Universidade Federal do Paraná, nas cidades de Londrina e Curitiba, obteve
respostas que podem colaborar para sanar tal questionamento.
A escolha de Curitiba como destino migratório ocorreu uma vez no Brasil e
foi motivada pela presença de amigos ou parentes trabalhando na cidade.
“Tinha amigos que já estavam aqui, falavam que tinha emprego”.
(Entrevistado nº 25, Mulher, 36 anos, Ensino Fundamental completo, 2 anos
no Brasil, cozinheira). “Amigos disseram para ir para Curitiba.” (Entrevistado
nº 31, Homem, 39 anos, Ensino Fundamental incompleto, 1,6 anos no Brasil,
empacotador). “Havia vários membros da minha família aqui no Brasil,
Curitiba. Todos falavam bem do Brasil”. (Entrevistado nº 28, Homem, 30 anos,
Ensino Médio incompleto, 2 anos e 2 meses no Brasil, desempregado)
(OLIVEIRA M., 2017, p.6).

O tema é complexo e muitas são as variáveis. Sendo assim, Oliveira W. (2017)


levanta a questão da escolha dos imigrantes haitianos por lugares com melhores
condições de vida, de inserção no mercado de trabalho e desempenho econômico.
Junior (2014, p.8) coloca que "Cascavel, notadamente uma das cidades que
mais cresce no Paraná, recebe boa parte desses imigrantes e utiliza-se dessa mão
de obra, principalmente nos frigoríficos e na construção civil."

Ainda outro autor cita que:


Cabe ressaltar que o Oeste/Sudoeste do Paraná e o Oeste de Santa Catarina
são as maiores regiões produtoras/ processadoras de carne de frango do
País. O Brasil é, por sua vez, o maior exportador e o segundo maior produtor
de carne de frango, em escala mundial. (EBERHARDT et al., 2018).

Esse nicho de mercado pode ter sido o grande atrativo para a vinda de tantos
imigrantes haitianos para Toledo, já que aqui também existe uma demanda por
empregos em frigorífico de aves.
Segundo Magnus (2019), (ver Apêndice A), em novembro de 2016 a Secretaria
Municipal da Assistência Social e Proteção à Família, em parceria com a Secretaria
de Saúde e a Secretaria de Educação, promoveram um cadastramento para
estrangeiros, tendo como alvos principais os Haitianos e Senegaleses. O objetivo era
a obtenção de dados para um posterior planejamento de políticas públicas, pois
naquele momento o município estava recebendo inúmeros estrangeiros para
25

trabalhar. Cadastraram-se 192 estrangeiros, os quais serão destacados 127 aqui


nesta pesquisa, visto que eram aqueles de origem haitiana.
Não há na cidade Toledo, qualquer tipo de dados cadastrais que permitam
saber com mais precisão quantos haitianos vivem na cidade. O que se tem é uma
informação do Portal do Município de Toledo (2017) no qual estimava haver 2.000
Haitianos na cidade em 2017.
É necessário que haja mais informação sobre a questão dos imigrantes no
município para que se possa coordenar ações voltadas para as questões específicas
dessa população. A ausência de um diagnóstico sobre a atual situação dos imigrantes
motivou a elaboração de um questionário simples e conciso, no qual foram levantadas
junto à população de Toledo o grau de entrosamento entre moradores e imigrantes
haitianos. O objetivo é verificar de modo genérico se nesse período de
aproximadamente nove anos da presença desses imigrantes, já foram construídos
laços sociais mais profundos e que consequentemente, resultam numa
maior aceitação, e diluição de casos de racismo, xenofobia, que são tão maléficos
para o corpo social.
Foi aplicado um questionário a 38 moradores de Toledo, na forma on-line e
impressa, e o número de pessoas entrevistadas expressa apenas, o número de
interessados em colaborar com as respostas para o questionário, sem que haja
intenção de que os dados obtidos tenham caráter estatístico. Os resultados obtidos
podem ser conferidos na sequência. Para ter acesso a todos os gráficos (ver Apêndice
B).
É unânime entre os que responderam o questionário haver percebido a forte
presença de haitianos na cidade, como representado na imagem 4.
26

Imagem 4 - Gráfico que analisa a percepção dos Toledanos em relação aos haitianos.

Você já havia percebido a forte presença de


haitianos em Toledo?

0%

100%
Sim

Não

Fonte: A autora

Mas 76% X 24% das pessoas entrevistadas dizem não conhecer


pessoalmente nenhum haitiano, como pode ser visto representado na imagem 5.

Imagem 5- Gráfico que analisa o entrosamento dos Toledanos com os haitianos.

Você conhece pessoalmente algum haitiano(a) que


mora em Toledo?

24%

Sim, conheço

76%
não conheço pessoalmente
ninguêm

Fonte: A autora

Quando questionados sobre uma possível proximidade social (como por exemplo,
receber um ao outro em casa) apenas 6% dos entrevistados disseram possuir esse
nível de relacionamento com algum haitiano. Apenas 5,26% do total, sabem que os
27

haitianos tem como idioma o Crioulo. É importante observar que 68% dos
entrevistados responderam que não sabem nada sobre a cultura haitiana, mas que
tem interesse em conhecer.
A pesquisa também apontou que 42% dos entrevistados nunca antes haviam
pensado sobre conhecer a cultura haitiana, mas 55% do total, havendo oportunidade,
teriam interesse pelo tema.
Por fim, 82% dizem achar interessante a construção de um Centro de Cultura
Haitiana em Toledo, como pode ser analisado na imagem 6.

Imagem 6- Gráfico que analisa a aceitação da população à instalação de uma Casa de


Cultura Haitiana na cidade.

Qual sua opnião sobre a construção de uma casa de


cultura haitiana em Toledo, onde possa ser exposta
toda a diversidade de elementos da cultura
haitiana, como música, dança, culinária, teatro,
livros e etc?
5%
3%
Acho interessante e
10%
provavelmente iria conhecer

Acho importante, mas não me


interesso pelo tema

Não acho interessante,


82%
provavelmente não faria uma
visita
Não acho importante, mas se
tivesse uma casa de cultura
haitiana eu faria uma visita
Fonte: A autora

Portanto ainda há muito que fazer para que a comunidade haitiana possa se
integrar com o restante dos moradores de Toledo. Através da aplicação destes
questionários percebe-se que há muito desconhecimento sobre os haitianos, pelos
moradores. Delfim (2017) ressalta que a migração haitiana possibilitou evidenciar que
o Brasil está inserido no contexto do cenário migratório mundial e também precisa
responder às demandas que surgem em seu território.
28

Além disso, agir de forma coerente no âmbito global, nacional e local, com o
discurso humanitário que em geral apresenta em conferências internacionais, é um
dos grandes desafios do Brasil como nação e como sociedade nos próximos anos
(DELFIM, 2017).
29

2 CASAS DE CULTURA

Neste capítulo tratar-se-á dos assuntos pertinentes à Casa de Cultura, pois é


necessário entender as particularidades convenientes a este tipo de edificação.

2.1 O que são casas de cultura?

Entenda-se que: “Logo acreditar que o homem é capaz de imaginar, sonhar,


criar, produzir imagens, manifestando sua passagem pela vida é o que dá estofo para
a constituição dos centros culturais” (SILVA, 2013, p. 14).
Esse argumento apresentado reforça não só a importância, mas a
essencialidade que os espaços destinados à cultura assumem na vida dos seres
humanos. Para Coelho (1986) a cultura, assim como a educação, está voltada para a
constituição de indivíduos.
Mas afinal o que é uma casa de cultura?
Como sugere Silva (2013), os centros de cultura são espaços onde moram o
campo da imaginação, o sonho e a criatividade; entendidas como as dimensões da
vida humana ligada ao campo da subjetividade, do desejo e do imaginário.
Já Ramos (2007, p.3) sugere que: “Os centros culturais são instituições criadas
para produzir, elaborar e disseminar práticas culturais e bens simbólicos, além de
serem locais privilegiados para práticas informacionais que dão subsídios às ações
culturais”.
Dados esses conceitos, é importante esclarecer que definições teóricas sobre
o que são Centros Culturais no Brasil é uma tarefa que impõe certa dificuldade.
Para Milanesi (2003), a vida cultural brasileira sustentou-se sempre sobre uma
base triangular: biblioteca, teatro e museu, entidades de tradição europeia trazidas
para cá pelos colonizadores. Ainda segundo este autor, esses equipamentos juntos
ou isoladamente, podem ser identificados como centros de cultura.
Um centro de cultura pode ser um museu municipal, e o museu municipal em
outra cidade se chama casa de cultura, e a casa de cultura numa localidade é
exatamente como a biblioteca pública de outra (MILANESI, 2003).
Essa imprecisão se estende para a definição da nomenclatura. O autor Teixeira
Coelho (1997, p.167), faz uma referência para o tema de equipamentos culturais,
30

explica que: “Uma distinção informal começa a estabelecer-se no Brasil entre a casa
de cultura, o centro cultural e o espaço cultural”.
Para ele, a expressão “espaço cultural” tende a reservar-se para locais
mantidos pela iniciativa privada, que se dedicam a promover uma ou outra atividade
cultural. O autor dá como exemplo, os espaços culturais de bancos e grandes
empresas.
Já centro cultural é definido por Coelho (1997) como sendo:
Instituição mantida pelos poderes públicos, de porte maior, com acervo e
equipamento permanentes (salas de teatro, de cinema, bibliotecas, etc.),
que se desenvolvam sincronicamente, com alternativas variadas, de modo
perene e organizado (COELHO 1997, p. 167)

Já casas de cultura, segundo o mesmo autor, poderão corresponder a vários


programas, geralmente vinculados, a um espaço de menores proporções físicas.
Portanto segundo ele corresponde à casa de cultura:
1) quer um centro cultural de pequeno porte, situado em bairros e periferias,
com pouco equipamento e acervo (ou nenhum), também com função de
reprodução da cultura instituída, porém voltado mais para as atividades de
formação cultural (oficinas, cursos) e de incentivo da produção cultural local,
com a qual está ligado de modo mais orgânico; 2) quer pequenas instituições
voltadas para a divulgação de um modo cultural específico (a poesia, o
teatro), como as que homenageiam personalidades destacadas (Casa de
Mário de Andrade), ou aquelas mantidas por representações estrangeiras
para promover suas culturas nacionais em geral ou sob algum aspecto em
especial (Casa de Dante) e que quase sempre mantêm uma programação
constante e especializada. (TEIXEIRA COELHO 1997, p. 167)

Coelho destaca uma particularidade das casas de cultura.


“A casa de cultura pretende-se ser um local de convivência sociocultural e de
produção de modos culturais mais visceralmente ligados às comunidades em que se
situam” (COELHO 1997, p.167).
Ainda sobre as casas de cultura, o autor mencionado explica que foi a primeira
denominação usual para designar o lugar em que se oferecem diferentes modalidades
culturais. Uma referência a Maison de la cult’ure – implantadas na década de 50 na
França.
Entende-se, portanto, que os conceitos ainda são imprecisos, assim como os
termos. Contudo, qualquer que seja a nomenclatura utilizada neste texto, na prática,
trata-se de espaços com o uso semelhantes.
31

2.2 Como surgiram as casas de cultura?

A busca da origem dos Centros culturais é uma volta até a antiguidade


clássica, onde o exemplar de maior representação é a biblioteca de Alexandria no
Egito.
Para Milanesi (2003, p.77), “fica claro que sempre existiram espaços para
armazenar a ideia, quer registradas em argila, papiro, pergaminho, papel ou CD-
ROM”.
Sobre a biblioteca de Alexandria especificamente, o autor descreve: “Nela
acredita-se ter havido mais de setecentos mil papiros, e não havia um corte separando
a elaboração de pensamento e o seu registro. Os sábios lá se reuniam não apenas
para obter informações, mas para criar novas” (MILANESE 2003, p.77-78).
Mais à frente no texto poder-se-á ver que a possibilidade de participação na
construção do conhecimento é uma das prerrogativas para um espaço ser
considerado uma casa de cultura.
Os autores Eduardo e Castelnou (2007) sem mencionar especificamente a
biblioteca de Alexandria citam que:
Outros acreditam que os centros de cultura teriam surgido através de um
conjunto de múltiplas ações, retomando os antigos complexos culturais e
reunindo, em um único local, diversas atividades que são tradicionalmente
realizadas em locais próprios. Tratar-se-ia de uma volta ao passado, onde
não haveria fronteiras nem barreiras entre o público e o privado; entre a
ciência e a magia. Assim, os centros culturais não se proporiam a serem
especializados, necessariamente, mas sim a se tornarem um lugar diferente
dos tradicionais, onde as atividades não permaneceriam de exclusividade
desta ou daquela área do conhecimento; em suma, um lugar alternativo para
a produção e difusão da cultura e arte (EDUARDO e CASTELNOU, 2007,
p.113).

Já na contemporaneidade, parece ser consenso pelos autores estudados de


que a França, através do Centro Georges Pompidou, foi a responsável pela
repercussão internacional dos centros culturais. Na imagem 7 é possível ver a fachada
frontal do Centro Georges Pompidou.
32

Imagem 7 – Fachada principal do Centre Pompidou

Fonte: Grespan (2012).

O autor Milanesi sugere:


Suspeita-se que essa gigantesca construção tenha gerado pelo mundo afora
centenas de centros culturais, direta ou longinquamente inspirados nela. Os
viajantes voltam de Paris deslumbrados com a sua grandiosidade física e a
excelência das ações nela desenvolvidas. E propagam a ideia, transformando
um templo em matriz (MILANESI 2003, p. 13).

Inclusive no Brasil, através do Centro Cultural Georges Pompidou, a França


serviu de inspiração para o Brasil proliferar centros culturais, após a construção e
divulgação daquele.
Segundo Coelho (1986) os primeiros centros culturais no Brasil propriamente
ditos foram o do Jabaquara na cidade de São Paulo, inaugurado em 1980 e o Centro
Cultural São Paulo, inaugurado em 1982, sendo ambos, iniciativas governamentais.
Ramos (2007) comenta que em nosso país o movimento de criação dos centros
de cultura iniciou-se na década de 80 e teve um crescimento vertiginoso nos 20 anos
seguintes.
33

De volta à França, este ainda explica que os centros culturais surgiram como
uma opção de lazer criada para atender aos operários franceses, e que a valorização
do lazer por parte das indústrias e empresas francesas gerou novas relações de
trabalho, e a preocupação de se criar áreas de convivência, quadras esportivas e
centros sociais.
Além da valorização do lazer, Ramos (2007) menciona que outros autores
apontam como causa do surgimento desses espaços a necessidade provocada pelas
novas tecnologias de um modelo de instituição informacional que substituísse as
antigas bibliotecas, sendo assim, os centros culturais surgiram como esse modelo
alternativo e podem ser considerados uma evolução destas.

2.3 Qual a função das casas de cultura?

A grande diferença da casa de cultura para qualquer outro espaço pode ser
respondida pela citação abaixo feita por Milanesi.
“Não há, pois, um modelo de centro cultural. Há uma base ampla que permite
diferenciar um espaço cultural de um supermercado: é a reunião de produtos
culturais, a possibilidade de discuti-los e a prática de criar novos produtos.
Quem entra num centro cultural deve viver experiências significativas e rever
a si próprio e suas relações com os demais” (MILANESI 2003, p. 28).

Coelho (1986) esclarece que as pessoas não devem esperar que uma casa de
cultura funcione como um serviço de transportes públicos. Segundo ele, isso significa
que a população não pode agir de maneira passiva, esperando que alguém, que “eles”
montem o mecanismo e o ponham a funcionar.
Portanto as atividades de um centro cultural devem estar pautadas na
necessidade de um fazer coletivo e não só um assistir.
Coelho (1986) denomina de cultura viva, aquela que é produzida pelo indivíduo
em grupo, com bens seja de que origem for. Em contrapartida afirma que a cultura
morta, seria aquela que é apenas consumida, seja o consumo de bens eruditos ou
populares.
Portanto esse autor não classifica como boa ou má a cultura oriunda de classes
abastadas ou pobres. Para ele a cultura boa é a viva, é a que há participação do
indivíduo para ser produzida.
Milanesi, de modo semelhante, afirma: “... as atividades culturais não serão
realizadas para as pessoas, mas com elas. O que define a face de um centro cultural
34

e a relação que se estabelece em seu interior, entre as pessoas...” (MILANESE 2003,


p. 171)
Se o propósito dos centros culturais é o fazer coletivo, a pergunta que surge
consequentemente é: O que deve ser feito? Ou ainda, o que deve pautar as atividades
de um centro cultural ou casa de cultura?
O mesmo teórico orienta que três verbos devem ser conjugados num centro de
cultura: informar, discutir e criar. E a explicação correspondente a cada umas dessa
ações se verifica na sequência.
Informar refere-se à ação mais frequente nos centros de cultura, e corresponde
a todo o conjunto de processos e procedimentos que leva o público à informação.
Antes essa tarefa era unicamente atribuída às bibliotecas, sendo importante
não o modo que se encontra o conteúdo, mas a disponibilidade de levar o
conhecimento de forma prática e precisa.
Em outro trecho o autor expõe:
As características de cada meio social exigem ações diferenciadas. Se o
índice de analfabetismo for alto, os livros, revistas e jornais perdem seu
sentido. O vídeo, os cartazes e palestras passam a ser os elementos mais
eficientes para o caso (MILANESI 2003, p.173).

O importante é dar a informação que as pessoas querem saber e não


institucionalizar o viés da informação, nem mesmo, enobrecer o conteúdo destas.
Agindo assim, o centro cultural deixaria de ser um lugar de uns para ser lugar
de todos.
O segundo verbo é o discutir, isso corresponde diretamente a oportunizar
debates, ciclos de palestras, os quais podem ser feitos em torno dos temas pertinentes
à comunidade a que o centro se insere.
Os temas serão aqueles que o momento indicar, unindo o cotidiano da cidade
e de seus habitantes ao universo de informação, resultando daí os conflitos
necessários e o salto qualitativo. Dados sobre a vida municipal e sua história
poderão resultar numa reflexão sobre o esforço de preservar memória e
identidade, apontar a degradação do meio ambiente motivará uma série de
leituras e reflexões, os preconceitos que permanecem enraizados na
sociedade permitirão organizar ciclos de debates, subsidiados por leituras.
(MILANESI 2003, p. 179).

Para o autor os exemplos surgem nas especificidades da comunidade.


Analisa-se o terceiro verbo: criar, e descobre-se que a criação é o que dá
sentido aos outros dois verbos, devendo ser permanente e o objetivo de um centro de
cultura. Ao lado dos acervos e das salas de reuniões, auditórios, deverão estar os
35

laboratórios de invenção, as oficinas de criatividade, as áreas para os debates,


espaços que são essenciais.
Numa sequência permanente as pessoas devem aprender, conhecer, discutir
para se aprofundar para reposicionar, ou reiterar suas ideias e assim formar seu
próprio discurso.
É necessário que as pessoas, articulando o seu próprio discurso, possam
expressá-lo por meio da escrita, da fala, do gesto, das formas, dos sons e sempre que
possível, registrá-lo. Romper com a rotina, com a reprodução permanente, é essencial
para as transformações necessárias ao meio onde se vive.
O centro cultural deve oferecer um ambiente livre de obstáculos à liberdade de
expressão, que impede os homens de inventar e ousar.

2.4 Como são as casas de cultura?

O texto que segue tem o objetivo de analisar as instruções, por vezes


intrínsecas na literatura, que permitam reconhecer as necessidades a serem
atendidas pelo projeto arquitetônico da casa de cultura haitiana em Toledo.
Para Milanesi, (2003) a aparência do edifício pode desestimular que as pessoas
entrem espontaneamente, criando no imaginário que o centro cultural é um lugar,
segundo o autor, para os “iniciados”; ou seja, as pessoas mais simples devem
conseguir entender que o edifício é um lugar que as receba.
Não quer dizer com isso que Milanesi acredite que um centro cultural deva se
abster de uma linguagem estética interessante e defende que: “Um centro cultural feio
seria uma contradição. Tudo isso leva a apontar para a supremacia do caráter formal
dos prédios que proliferam com essa denominação sobre a sua própria razão de
existir”. (MILANESI, 2003, p.71)
O autor usa parte de um capítulo de seu livro A Casa de Invenção para criar
critérios de avaliação de centros culturais. As informações implícitas revelam grande
importância para o entendimento do programa arquitetônico básico que deve possuir
um edifício com esse uso.
Portanto Milanesi (2003) define os espaços dentro de um centro cultural como
descrito na sequência:
36

● Espaço para biblioteca:


As bibliotecas devem ocupar um espaço amplo, pois parte substancial do que
se entende por “cultura” está nos livros.
As bibliotecas são, em regra, o serviço mais utilizado, é conveniente que estas
fiquem em local distante da porta de entrada, possibilitando que os usuários percorram
todo o espaço.
● Acervo de áudio:
É importante que haja espaço para gravações, ainda que em qualquer tipo de
suporte, e mesmo em espaços culturais de pequeno porte, pois o público para discos
e fitas é amplo.
O acervo deve conter músicas de vários gêneros, gravações de vozes como
depoimentos, discursos, aulas de idiomas, registros de caráter étnico, entre outros.
● Videoteca:
Em termos de centros culturais, as videotecas, potencialmente, devem ocupar
um espaço amplo, num acervo que incorpore filmes de ficção, documentários, cursos
técnicos e outros.
● Área total do centro cultural:
Quando se projeta um espaço cultural deve ser feito um cálculo básico de
quantas pessoas deverão frequentá-lo, pois toda a população é usuária potencial.
O cálculo sugerido é: No mínimo 30 habitantes por metro quadrado e no
máximo 100 habitantes por metro quadrado.
Por exemplo: Um município com 30.000 habitantes deverá ter, minimamente,
uma área de 300 m² para as várias atividades culturais.
● Anfiteatro:
Um auditório e as atividades que nele acontecem são ligados de tal forma à
cultura que parece impossível que um espaço dedicado a ela não disponha dele. Para
uma boa qualidade, independentemente do número de habitantes, pode ser indicado
o padrão: Número máximo de 330 lugares, e espaço para recursos cênicos.
● Áreas de convivência (exposição, bar...).
Esses espaços são fundamentais para identificar um espaço de cultura, pois
permitem convivência do público. É importante que haja áreas sem funções
específicas, que sejam unicamente adequadas ao encontro de pessoas.
37

Também é interessante que haja jardins internos e espaços ao ar livre como


possível enriquecimento do ambiente.
A água se torna um importante elemento da composição interna, principalmente
quando se permite que ela verta e soe.
Ainda com Milanesi tem-se que: “O trabalho do arquiteto deve ir além da
funcionalidade burocrática, este deve criar ambientes agradáveis e que aproximem as
pessoas” (MILANESI2003, p.242).
A rota ideal seria possibilitar que o usuário circule por áreas que acolhem
exposições, ou mesmo passe pela cantina, para ter encontros descomprometidos,
para então se dirigir à biblioteca, que possivelmente seja o espaço mais frequentado
num centro cultural.
O autor sugere que se deixe no mínimo 1/6 do espaço total para áreas de
convivência, e no máximo 1/3 do espaço total.
● Funcionários:
O número mínimo é de um funcionário para cada 20.000 habitantes.
Essa informação sugere que se pense em áreas mínimas adequadas, para os
funcionários, baseados no número populacional.
● Área infantil:
É importante que se ofereçam espaços exclusivos ao público infantil, a
sugestão é que seja usado 1/3 no máximo da área total para atividades específicas a
este público, e no mínimo 1/6 da área, quando a opção específica se trate apenas em
oferecer um acervo bibliográfico infantil.
● Área para exposições:
Não há especificações arquitetônicas para esse espaço, mas é importante
possibilitar espaço para exposições permanentes e temporárias.
É importante também que o local das exposições periódicas possa estar
integrado a uma área com mesas e cadeiras, para o café e a conversa.
● Salas de cursos:
Deve-se considerar a oferta de cursos convencionais, onde o professor use a
lousa, mas também opções mais dinâmicas, que são as oficinas. Essas indicações
deverão ser levadas em conta no projeto do Centro Cultural Haitiano em Toledo, e se
mostram extremamente pertinentes ao estudo do tema.
38

3 ARQUITETURA MODERNA

A arquitetura moderna, por ter uma base conceitual teórica e estética já


amplamente difundidas, será utilizada neste trabalho como referencial.
No texto que segue serão apontadas as principais características deste estilo

3.1 História e conceitos.

Os primeiros passos que levaram ao movimento Moderno foram dados pelos


movimentos de vanguarda da Europa.
Referindo-se ao início da arquitetura Moderna, Montaner declara: “É um imenso
panorama de continuações, evoluções, revisões e críticas, relativo a esta espécie de
marco zero que constituiu a experiência das vanguardas” (MONTANER 2014, p. 12).
Ainda para o autor, a arquitetura moderna propriamente dita, se assentou a
partir dos anos 1929 e 1930, ou seja, foi a partir desta data que as evoluções já eram
tantas que, já se distinguia a produção arquitetônica anterior daquela que era atual,
ou que poderia ser chamada de 1° Geração Moderna.
Se antes movimentos como a Sociedade Alemã do Trabalho ou Werkbund é
criada e financiada pelo Estado, como informa Pereira (2010), agora o movimento
moderno que está em grande expansão precisa sair para além das fronteiras
europeias para garantir continuação e sobreviver à Segunda Guerra Mundial.
(MONTANER, 2014).
Montaner (2014) chama de diáspora a difusão da arquitetura moderna para a
União Soviética, a América Latina e os Estados Unidos.
Diante desta arquitetura mais difundida e palpável, as gerações imediatamente
posteriores precisavam optar por seguir desenvolver de forma acrítica este novo estilo
internacional. Assim, institucionalizando um método ou começar a desconfiar dele,
propondo os primeiros ensaios e alternativas para reformular e enriquecer uma nova
tradição moderna.
Montaner reconhece que o Congresso Internacional de Arquitetura Moderna
(CIAM) foi o caminho da institucionalização do método.
Também para Pereira “Tendo-se identificado o estilo internacional com o
racionalismo ortodoxo, há que se destacar o papel dos CIAM (Congressos
39

Internacionais de Arquitetura Moderna) em sua definição e difusão” (PEREIRA 2010,


p.269).
Havia outras correntes arquitetônicas, que se diferenciavam do estilo
internacional mais “conservador”.
“Afinal, junto à história ortodoxa do Movimento Moderno, não podemos nos
esquecer de sua história heterodoxa, desenvolvida principalmente em torno
do expressionismo, do construtivismo e dos classicismos próprios da
arquitetura do entre guerras”. (PEREIRA 2010, p.270).

Montaner acredita que a visão reducionista que se desenvolveu a arquitetura


moderna internacional, ao dar ênfase apenas para as questões formalistas e da
linguagem, traiu os princípios do modernismo, onde o que se propunha era utilizar a
arquitetura como fator social essencial.
Contrariando esse estilo internacional, aparecem os arquitetos chamados de
Segunda Geração, que segundo Montaner (2014), desde os anos 30 já faziam
tentativas honestas de ampliar alguns pontos básicos do movimento moderno.
No geral o autor aponta que esses defendiam a necessidade de valorizar a
história, o contexto, a escala humana, o afloramento do surrealismo, como recurso
para uma melhor integração ao contexto paisagista, com destaque para a recuperação
da ideia de monumentalidade dos edifícios, como também de simbologia.
Para Montaner (2014) a terceira geração moderna teria se manifestado a partir
de meados dos anos 40. Sua distinção se fez em primeiro lugar pela mudança de
paradigma formal, em que se alterou o destacável exclusivismo maquinista, por um
modelo mais aberto, em que o contexto, a natureza, o vernáculo, a expressividade de
formas orgânicas e escultóricas, a textura dos próprios materiais, as formas
tradicionais e outros fatores, passaram a predominar.
Se, para Pereira (2010), a arquitetura contemporânea inicia pouco antes de
1970, podemos concluir que arquitetura moderna passa a não mais se manifestar
como um estilo vigente a partir desse mesmo período.
O que se tem após este período são manifestações por todo o mundo, de uma
tentativa de transpor, ou mesmo, se opor a linguagem modernista da arquitetura.
40

3.2 Arquitetura moderna na prática.

Tratou-se até aqui do panorama histórico que ocorreu o movimento modernista


na arquitetura, porém é importante destacar o que de fato materializa esse movimento,
ou seja, a linguagem arquitetônica que o identifica e o distingue.
Segundo Pereira (2010) em 1923 o arquiteto Le Corbusier havia identificado os
volumes puros, as proporções e os traçados reguladores como a base da arquitetura.
Os avanços tecnológicos que na época já permitiam a dissociação entre a
estrutura e o fechamento dos vãos de fachada, e por consequência, o uso de novos
sistemas construtivos como o concreto armado, propiciaram que Le Corbusier,
pudesse propor os cinco pontos da arquitetura moderna em 1925, que tem total
ligação com esses avanços tecnológicos.
Os dois principais, segundo Pereira (2010), é a planta livre e a fachada livre,
que se apoiam nas vantagens da estrutura independente, e os outros três pontos
derivam dos dois primeiros: O terraço- jardim, os pilotis e a janela em fita.
Partindo dessas premissas, um leque de possibilidades passa a ser possível,
dos quais Pereira (2010) aponta que a planta-baixa pode ser tratada com liberdade
em sua composição e organização funcional, ou ainda, que o pavimento térreo com o
uso de pilotis, e a cobertura com terraço, poderão ser utilizados como jardim.
O autor ainda considera o fato de a fachada poder receber qualquer modelo e
dimensão de janelas, inclusive as janelas em fita.
Para Pereira (2010) esses cincos pontos estabelecidos chegam ao ponto de
qualificar a modernidade de uma obra, a ponto de se conceber a cobertura plana não
tanto pelo desejo de torná-la útil, e sim por sua mera redução linguística.
Diante disso, percebe-se que a arquitetura moderna tem uma linguagem formal
depurada de ornamentos ou quaisquer elementos, não por acaso, mas por uma lógica
projetual, que prioriza, o protagonismo desses cinco pontos base.
41

4 ESTUDOS DE CASOS.

Com o objetivo de verificar a materialidade dos conceitos apresentados sobre


a arquitetura moderna, segue o estudo de três obras, das quais se pretende extrair
referências arquitetônicas que possam ser aplicadas ao projeto da Casa de Cultura
Haitiana em Toledo. São elas: Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia o (MUBE), o
Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro (MAM), SESC Pompéia e Little Haiti
Cultural Complex.

4.1 Museu de escultura e ecologia

Localizado no bairro Jardim Europa em São Paulo, o projeto do MUBE é


assinado pelo arquiteto Brasileiro Paulo Mendes da Rocha. Foi inaugurado em 1995,
é um dos projetos mais conhecidos deste arquiteto. A imagem 8 traz uma vista externa
da obra.
Imagem 8 - Vista externa do MUBE

Fonte: Wett [entre 1995 e 2015]

4.1.1 CONCEITO
"Paulo Mendes da Rocha projeta uma pedra no céu" (KIYOMURA, 2017). Este
título de uma matéria no jornal da Universidade São Paulo (USP) carrega o conceito
do qual se apropriou o arquiteto nesta obra.
42

Segundo Kiyomura (2017) a litografia La Flèche Zénon do surrealista belga


René Magritte, que pode ser vista na imagem 9, foi a referência conceitual, para o
projeto do MUBE.
Imagem 9 – Litografia La Flèche Zénon

Fonte: Kiyomura (2017)

Paulo Mendes teria tentado traduzir essa litografia no projeto arquitetônico.


Ao criar um maciço de concreto de aspecto pesado, como uma pedra, sobre
um grande vão, como é no MUBE, percebe-se que diante do desafio de traduzir esta
imagem para uma obra real o arquiteto tivera êxito. Pois o vão é tão extenso que os
pilares que os sustentam “desaparecem”, e o que fica fortemente marcado na
memória é a lembrança do efeito da laje flutuando no ar.

4.1.2 ASPECTOS FORMAIS E COMPOSITIVOS

Quem chega ao MUBE se depara com um grande pórtico assentado sobre uma
praça, o museu propriamente dito não é perceptível, pois fica no subsolo.
O Pórtico é o elemento visual arquitetônico que traz iconicidade à obra.
Na prática um grande maciço retangular sustentado por dois pilares igualmente
retangulares.
43

Mesmo a laje estando apoiada, a sensação que se tem é de que a mesma


flutua, devido a extensão do vão pelo qual se estende, ideia que é reforçada pela
criação de planos horizontais, divididos pela grande laje.
Na parte exterior chama grande atenção, a distribuição de espelhos d'água,
que por vezes faz parecer que o museu está submerso e que um dos pilares que
sustentam a laje "brota" da água como melhor percebe-se na imagem 10.

Imagem 10 – Pilar do pórtico no MUBE

Fonte: MUBE [200?]


44

4.1.3 INSERÇÃO NO TERRENO E CONTEXTUALIZAÇÃO

O MUBE fica na esquina da Avenida Europa, que tem maior fluxo de veículos,
com a Rua Alemanha, de menor fluxo, no acesso, usando a primeira, o nível é o da
praça, e para adentrar ao museu é necessário que se utilize escadas, já pela segunda
rua o público tem acesso ao museu por baixo da grande laje, este é o acesso principal,
e a entrada é praticamente plana.
O vão do grande pórtico é claramente percebido por quem o olha pela Rua
Alemanha.
Grades cercam o terreno e impossibilitam que o mesmo possa ser usado mais
propriamente como uma praça aberta, como é perceptível que foi projetado para
funcionar.
A implantação da obra se deu em total compatibilização com os níveis naturais
do terreno, o arquiteto orientou todos os elementos de composição a partir dos
desníveis, e projetou um edifício semienterrado, o que segundo o Blog
PA3 (2011), auxilia a acústica e térmica da área enterrada.
Na imagem 11 pode ser observada a representação da implantação do MUBE.

Imagem 11 – Implantação MUBE

Fonte: Blog PA 3 (2011)


45

4.1.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES E FUNCIONALIDADE

A praça por si só tem uma arquitetura muito interessante, pois dispõe de várias
esculturas ao ar livre e um paisagismo projetado pelo célebre arquiteto Burle Marx.
Ainda segundo Peixoto e Francisco (2010) o museu desde o início não teve
como objetivo manter uma coleção permanente de obras de arte.
Mesmo assim, são realizadas em média vinte e cinco exposições/ano, abrindo
espaço para jovens artistas, além de apresentar mostras de artistas renomados,
nacionais e internacionais a um público de aproximadamente 80.000 pessoas por ano
segundo o Blog PA3 (2011).
Se na parte exterior o museu funciona como uma grande praça ajardinada, no
interior o programa arquitetônico contempla: Um grande salão de exposições, com
aproximadamente 470m² onde cabem 400 pessoas, uma pinacoteca com quase
250m², um auditório para 192 lugares e uma sala intitulada de Burle Marx, que passa
dos 160 m². Além desses, há espaços para livraria, um café que pode ser acessado
por fora das dependências do museu, duas salas de ateliê, uma loja para venda de
produtos, dependências administrativas e etc.
São ambientes que se conectam por rampas internas e produzem espaços
independentes e dinâmicos, como podem ser melhores entendidos na imagem 12.
46

Imagem 12 - Planta esquemática do interior do MUBE

Fonte: Blog PA 3 (2011)

4.1.5 SISTEMAS CONSTRUTIVOS E MATERIAIS EMPREGADOS

Esse pórtico feito em concreto protendido, segundo Perrone (2011), tem 60


metros de extensão na parte livre, 12 metros de largura, e 2 metros de altura.
O museu conta com uma área construída de 3.478.80 metros quadrados, foi
erguido em concreto aparente e implantado abaixo do nível da rua, em um terreno de
6.935,91 metros quadrados.
O MUBE segundo Peixoto e Francisco (2010) emprega um combinado de
sistemas construtivos a fim de garantir principalmente à laje externa, maior leveza,
resistência da estrutura e a deformação da peça.
Para obter maior leveza, na seção transversal foi utilizada uma estrutura
alveolar, com paredes delgadas, resultado das nervuras da laje do tipo caixão
perdido e na seção longitudinal foram utilizadas vigas do tipo vierendeel, mais
47

leves e tão eficientes quanto às de alma cheia. A técnica da protensão


utilizada garante a esbelteza da edificação. As paredes subterrâneas foram
feitas de concreto armado com um grande tratamento contra água uma vez
que elas estão em contato direto com a água do lençol freático que está em
um nível acima da edificação. As lajes são protendidas e nervuradas a cada
2,45 metros, ao longo dos três blocos de 18 metros cada, e tem espessura
de 10 cm, apoiando-se nas paredes estruturais. Somente na parte do
auditório as nervuras seguem a curvatura do piso do local (PEIXOTO E
FRANCISCO, 2010, online).

4.1.6 CONCLUSÃO

A maestria com que Paulo Mendes toma partido do sítio é realmente notável.
O acentuado desnível e a presença de água no terreno tornaram-se o ponto forte do
projeto, e por isso, um bom exemplo a ser inspirado. Outro ponto igualmente
interessante é a monumentalidade do pórtico, que revela o caráter especial do edifício
que se apresenta.
Tanto o uso dos desníveis do terreno, quanto a inserção de um elemento
monumental, foram inspirações para o desenvolvimento da proposta do projeto do
Centro de Cultura Haitiana, como boas lições arquitetônicas aprendidas por essa obra
correlata.

4.2 Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM)

Localizado no aterro do Flamengo, em um terreno de 40.000 metros quadrados,


considerado por muitos, uma das mais belas localizações do mundo, o projeto
começou a ser elaborado em 1953, pelo arquiteto Afonso Reidy para a parte do
edifício, que ocuparia 24.000 metros quadrados da área total e pelo paisagista Burle
Marx para o restante do terreno.
Para fins de análise, será considerada a parte mais expoente do museu, que é
o edifício que comporta as salas de exposição.
48

4.2.1 CONCEITO

Segundo revela Kiefer (1998), Reidy tinha total clareza sobre a área
privilegiada que se instalaria o museu e queria intervir o mínimo possível no meio
ambiente.
"Foi preocupação constante do arquiteto, evitar tanto quanto possível, que o
edifício viesse a constituir um elemento perturbador da paisagem, entrando em conflito
com a natureza". (KIEFER, 1998, p. 51).
O arquiteto parte desse princípio para projetar o MAM, as soluções plásticas
derivam da necessidade de criar uma simbiose entre o edifício e o ambiente, como
coloca Kiefer (1998).

4.2.2 ASPECTOS FORMAIS E COMPOSITIVOS

A construção é formada de três blocos, o pavilhão de exposição que é


visivelmente o maior e mais importante, articula outros dois: O bloco escola, que hoje
em dia funciona como administração e o bloco do teatro, que até hoje não se encontra
finalizado.
Reidy lançou mão de um edifício predominantemente horizontalizado, para
contrapor com o perfil das montanhas do Rio de Janeiro e também do emprego de
uma estrutura extremamente vazada e transparente, que segundo Kiefer (1998), tinha
a intenção de dar continuidade visual dos jardins até o mar.
Na imagem 13 é possível observar uma das fachadas do edifício que se destina
às exposições.
49

Imagem 13 - museu de arte moderna do Rio de Janeiro (MAM)

Fonte: Afonso (2018)

4.2.3 INSERÇÃO NO TERRENO E CONTEXTUALIZAÇÃO

O MAM fica numa área central do Rio, muito próximo ao aeroporto e em frente
a uma via expressa com alto fluxo de veículos, como melhor pode ser observado na
imagem 14.

Imagem 14 - MAM em relação ao seu entorno

Fonte: Thomaz [200?]


50

Reidy desenhou uma elegante passarela que passa por cima da via expressa
para se comunicar com o edifício, mas que na prática funciona como o caminho do
pedestre para a praia que está logo ali em frente ao MAM, como se observa na
imagem 15.

Imagem 15 - Passarela de acesso ao MAM

Fonte: IBGE (1968)

4.2.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES E FUNCIONALIDADE

A entrada do edifício das exposições se dá pelo térreo, onde além do balcão


da recepção o visitante tem a oportunidade de conhecer uma lojinha do museu. Uma
escada escultural leva ao 1° pavimento, que tem uma planta totalmente livre onde
acontecem as exposições. Acima fica um mezanino, que também abriga exposições.
Na cobertura do edifício foi instalada iluminação zenital, como se verifica na
imagem 16, que somada à claridade oriundas das laterais do edifício tornam o museu
um lugar leve e integrado com o exterior.
51

Imagem 16 - Detalhe do sistema de iluminação zenital do edifício do MAM

Fonte: Archdaily (2018)

Na parte externa, os jardins projetados por Burle Marx são uma riqueza à parte.

4.2.5 SISTEMAS CONSTRUTIVOS E MATERIAIS EMPREGADOS

O MAM possui 130 metros de extensão e 26 metros de largura, e sua estrutura


é o elemento chave da composição do edifício, que tem a função entre outras coisas,
permitir os grandes vão internos e dar "ritmo" para a fachada, ao replicar 13 vezes o
pórtico da estrutura com espaçamentos de 10 metros.
De fato, a estrutura, no caso deste edifício, parece ser o ornamento mais
funcional que um modernista como Reidy poderia projetar.
Feita em concreto bruto possui um formato em "V", um desenho de alguma
forma semelhante em outros projetos modernistas brasileiros.
O piso do 1° andar repousa sobre os pórticos em "V", que também fazem a
função de atirantar a cobertura, como se o edifício estivesse "Pinçado pela estrutura".
A forma como o prédio se sustenta permite que se ausente qualquer tipo de
coluna, o que prejudicaria tanto o visual para o exterior quanto a flexibilidade das áreas
de exposição.
52

A imagem 17 representa um corte transversal do edifício

Imagem 17 - Croqui representativo de secção transversal do edifício

Fonte: Kiefer (1998)

4.2.6 CONCLUSÃO

Esse projeto fornece grandes lições de arquitetura, principalmente no tocante


ao uso da estrutura como elemento funcional, que é colocada como protagonista da
estética da obra. De fato, é impossível reconhecer este edifício sem a presença dos
pilares estruturais. Esse é, portanto, o elemento que dá maior referência para a
elaboração deste estudo de caso.

4.3 Little Haiti Cultural Complex

Em Miami existe um bairro chamado Little Haiti, e segundo Greater Miami


Convention & Visitors Bureau [200?] desde os anos 80 o bairro é um refúgio de
imigrantes haitianos.
O Center Haiti Cultural Complex é um projeto de iniciativa cultural apoiado pelo
governo municipal de Miami, em resposta às cobranças dos moradores pelo descaso
deste, com o bairro de Little Haiti, segundo informa Cesáreo (2010).
Entende-se que o complexo funciona como um núcleo no bairro, onde se
reúnem várias opções culturais e de lazer, com foco na cultura haitiana.
53

Os visitantes e turistas são convidados a experienciar essa cultura através da


culinária, de exposições de arte, aulas de dança, espetáculos musicais e da compra
de produtos artesanais e de arte haitiana. A imagem 18 refere-se à fachada do
Mercado Caribenho no complexo cultural de Little Haiti.

Imagem 18 - Fachada do Mercado Caribenho no bairro de Little Haiti.

Fonte: Little Haiti Cultural Complex [200?]

4.3.1 CONCEITO

O complexo cultural funciona como uma materialização do nome do bairro:


"pequeno Haiti", pois permite que se mergulhe na cultura haitiana.
O prédio do mercado Caribenho recebe uma fachada bem colorida e até um
pouco lúdica, como uma mensagem: “O Haiti está depois desta porta!”
Por fora, o complexo passa a ideia de um lugar alegre, cheio de vida e muito
convidativo, familiar até, não há nada sofisticado, mas também, não parece ser um
espaço descompromissado com sua função de servir à comunidade. Na parte interior,
o edifício é muito bem equipado e com uma estrutura que suporta qualquer tipo de
programa artístico que o centro desenvolva.
O escritório Zyscovich Architects foi convidado pela prefeitura de Miami para
realizar um projeto de melhoria do espaço e implantação desse centro de cultura em
Little Haiti, junto ao já existente mercado caribenho e, segundo o próprio Zyscovich
54

Architects [200?], o design das duas novas edificações que se fizeram é uma releitura
da arquitetura tradicional caribenha, em uma linguagem mais contemporânea.
A imagem 19 se refere ao pátio na entrada das edificações projetadas pelo
escritório Zyscovich Architects.

Imagem 19 - Pátio de Little Haiti Cultural Complex.

Fonte: Zyscovich Architects [200?]

De fato, a aparência do complexo é de um lugar de tradições, mas com uma


roupagem e uma experiência atualizada com as novas linguagens de arte e lazer.

4.3.2 ASPECTOS FORMAIS E COMPOSITIVOS

Basicamente três blocos de edifícios compõe o Complexo Cultural Haitiano, na


esquina tem-se o Mercado Caribenho com uma fachada toda adornada, bem ao estilo
de uma arquitetura colonial caribenha, que não é uma linguagem tão íntima dos
brasileiros; na sequência um pátio aberto, que funciona como um espaço de
apresentações ao ar livre serve de hall para os outros 2 blocos.
As edificações são basicamente térreas, e apenas uma parte de um dos
edifícios possui dois pisos.
55

É perceptível que o mercado é anterior as outras duas construções, pois


mesmo estando próximos, a linguagem arquitetônica é menos refinada que a dos
edifícios mais recentes.
Nos edifícios novos é possível ver que há apenas uma releitura da arquitetura
caribenha nas fachadas, já no mercado parece ter havido uma intenção de ser uma
réplica desta linguagem.
O complexo lembra muito a uma galeria de lojas, talvez pela colocação de
grades nas fachadas, que é algo mais comum como medida de segurança de
comércios.
O mercado possui um pátio aberto central e os espaços se distribuem em torno
deste.
A linguagem exterior, mais simples, não corresponde à sofisticação e
tecnologia do interior, não dá para imaginar que o complexo é tão bem produzido
olhando apenas suas fachadas.

4.3.3 INSERÇÃO NO TERRENO E CONTEXTUALIZAÇÃO

O mercado caribenho fica na esquina de uma avenida de maior movimento a


NE 2nd AVE e de uma rua com menor fluxo de veículos a NE 59th Terrace, já o
restante do complexo tem confrontação apenas com a Rua NE 59th Terrace. A
construção está totalmente integrada ao contexto do bairro, principalmente o mercado
por estar na esquina.
Na imagem 20 é possível ver a relação dos blocos do complexo entre si e com
o entorno.
O bloco sinalizado com o numeral 1 corresponde ao mercado caribenho, com
o numeral 2 está o bloco que comporta como principal atração o teatro, e com o
numeral 3 se encontra o bloco que tem como principal atividade a galeria de
exposições de arte.
56

Imagem 20 - Vista aérea do Little Haiti Cultural Complex

Fonte: Google (2019) Adaptado.

Um olhar mais atento permite perceber a permeabilidade que existe


principalmente na área dos blocos culturais, onde é possível atravessar a quadra por
dentro da área do complexo.
O pátio aberto é um convite constante para que as pessoas do bairro usufruam
do espaço, é o elo com a comunidade onde se insere.

4.3.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES E FUNCIONALIDADE

O complexo tem três atrações principais, a primeira é o mercado caribenho,


depois a galeria de arte e o teatro, os demais ambientes dão suporte ou
complementam o uso desses três.
É o caso do lobby do teatro, dos camarins, das salas de aula (danças,
dramaturgia) e etc. Nas imagens 21 e 22 pode ser visto as plantas do projeto
arquitetônico elaborado por Zyscovich Architects.
57

Imagem 21 - Planta do bloco do teatro em Little Haiti Cultural Complex

Fonte: Zyscovich Achitects [200?]

LEGENDA DA PLANTA
1 Espaço exterior para eventos
2 Ensaios de dança
3 Ensaios de dramaturgia
4 Lobby teatro
5 Teatro com 260 lugares fixos
6 Palco
7 Sala de espera
8 Vestiário
9 Vestiário
Fonte: A autora
58

Imagem 22 - Planta do bloco da galeria de arte em Little Haiti Cultural Complex

Fonte: Zyscovich Architects [200?]

LEGENDA DA PLANTA
10 Espaço exterior para eventos
11 Artes e ofícios
12 Saguão
13 Sala de reuniões
14 Sala de oficina pequena
15 Sala de oficina grande
16 Sala de oficina pequena
17 Galeria
Fonte: A autora

Os blocos principais funcionam com independência, ou seja, é possível ir ao


Mercado Caribenho sem precisar entrar nas outras áreas do complexo e vice-versa.
O mercado oferece opções de compras, mas também de restaurantes e
espaços para mini eventos empresariais, segundo o site oficial do Little Haiti Cultural
Complex [200?].
No bloco do teatro, os usos são mais voltados para a preparação de
espetáculos, por isso, há salas de aula de dança, aulas de teatro, e do próprio teatro,
que conta com capacidade para 300 pessoas segundo o site oficial do Little Haiti
Cultural Complex [200?]. Já no bloco da galeria, há salas de cerâmica, de desenho e
59

pintura, de espaços para a realização de reuniões da comunidade, de espaços


alugáveis para cursos e reuniões e espaços para realização e produção das amostras.

4.3.5 SISTEMAS CONSTRUTIVOS E MATERIAIS EMPREGADOS

O prédio do mercado possui 9.000 pés quadrados, segundo o site do Little Haiti
Cultural Center, [20??] o que corresponde a 3.742 m² aproximadamente e recebe na
fachada uma ornamentação em madeira, pintada de variadas cores.
Chama atenção a aplicação de lanternins e mansardas no telhado, tanto da
edificação mais antiga do mercado, quanto na estrutura mais nova dos edifícios
culturais.
Na imagem 23 é possível ver essas aplicações.

Imagem 23 - Detalhe da arquitetura do Little Haiti Cultural Complex

Fonte: Zyscovich Architects [200?]

Um sistema de venezianas metálicas e perfuradas fazem o controle de


iluminação e segurança dos edifícios culturais, que possuem fechamento
predominantemente em vidro.
O mercado é basicamente um grande salão, com a estrutura do telhado
aparente, onde os adornos da fachada se repetem nas paredes trazendo uma
linguagem similar interna e externamente.
60

4.3.6 CONCLUSÃO

Little Haiti Cultural Complex é um equipamento de uso cultural, para promoção,


divulgação e valorização da cultura haitiana. É uma forma de reconhecer os imigrantes
haitianos que vivem em Miami e valorizar suas tradições e fazeres culturais. Também
é uma maneira de contribuir com a formação social e educacional, oferecendo
caminhos diversos.
Algo importante percebido é que o complexo funciona também como uma
associação de moradores, há salas para que a comunidade se reúna e converse sobre
seus problemas.
Outro fator interessante é que dentro do complexo há duas salas
“patrocinadas”: um programa de doação da National Basketball Association (NBA) e
do time de basquete Miami Heat concedeu ao Little Haiti Cultural Complex a
decoração e a instalação de computadores e televisores para uso de crianças e
adolescentes.
Como lição, esse estudo de caso mostra a importância de uma área externa
acolhedora, que sirva de praça, de local de encontro, não só para quem está no
edifício, mas para a comunidade onde ela se insere. Os aspectos positivos, referentes
a uma fachada, que remete esteticamente à cultura a ser exposta, no caso, a haitiana.
Também foi observado em relação à distribuição do programa e os tipos de
usos interessantes a uma casa de cultura haitiana. Assim, identificando espaços que
devem ser inseridos de modo a atrair a comunidade exterior para dentro da casa.
61

5 DIAGNÓSTICO

A necessidade de se estabelecer um melhor diálogo com os imigrantes


haitianos em Toledo se dá, principalmente, pelo número expressivo desses na
cidade.
É importante colher bons frutos da mistura étnica que é a convivência com
esses imigrantes, de modo que os valores haitianos se misturem à cultura toledana, e
possa se produzir uma sociedade mais rica culturalmente.
Partindo desse pressuposto, entende-se que a criação de uma casa de cultura
haitiana é um equipamento ideal, no tocante, ao tipo de atividades que se prestam
nestes locais, ou seja, a produção de um conhecimento ativo.
O levantamento das condicionantes do local onde se pretende projetar o
edifício se faz necessário para que se garanta o suporte tanto teórico quanto técnico
à proposta projetual da casa de cultura haitiana.
Para a escolha do terreno a ser inserida a obra foi imprescindível sua
localização próxima ao Parque Diva Paim Barth, que é ponto turístico e de lazer na
cidade de Toledo, a ideia é usufruir, do já consolidado fluxo de pessoas que
frequentam as proximidades do terreno por conta dessas características e atraí-las
para conhecer a casa de cultura haitiana.
É costume dos moradores de Toledo frequentar o parque e se sentarem à beira
do lago para conversar e apreciar o tereré (bebida de consumo comum na região), ou
ainda praticar corrida ou caminhada em torno do Horto Municipal. A casa de cultura
haitiana estando próxima ao parque poderá entrar no rol desses locais de lazer e
visitação da cidade, e assim atingir o objetivo de ser convidativo e tornar mais familiar
a cultura haitiana aos brasileiros.
O terreno em questão localiza-se no Jardim La Salle, na esquina da Rua da
Faculdade com a Rua Pedro dos Santos Ramos, sendo esta a confrontante com maior
dimensão do terreno. Na imagem 24 pode-se ver uma imagem aérea da área, e na
imagem 25 a vista do terreno em relação à Rua Pedro dos Santos Ramos.
62

Imagem 24 - Vista aérea da área

Fonte: Google (2019). Adaptado.

Imagem 25 - Terreno para implantação da Casa de Cultura

Fonte: A autora
63

As duas ruas possuem um fluxo moderado de veículos, mas na Rua Pedro dos
Santos Ramos é um pouco maior. Em horários de pico os fluxos se intensificam, mas
nada que venha ocasionar congestionamentos, ou problemas mais sérios. O fluxo de
pedestres favorecido, em grande parte, pela pista de caminhada junto ao bosque,
também é maior na Rua Pedro dos Santos Ramos, sendo que no começo da manhã,
no findar da tarde e, principalmente, nos finais de semana são os horários que mais
circulam pedestres.
Essas ruas possuem trânsito em duplo sentido e são bem sinalizadas. Além
disso, no local não existem fontes ruidosas, fora da normalidade. Os sons emitidos
pelos veículos não chegam a serem perturbadores. A imagem 26 traz um desenho
que ilustra o sentido dos fluxos de veículos nas proximidades do terreno em questão.

Imagem 26 - Fluxo de veículos em torno do terreno

Fonte: A autora

O terreno tem maior visibilidade na Rua Pedro dos Santos Ramos e por isso, é
interessante que os acessos principais à edificação aconteçam por essa rua. Na
imagem 27 pode-se ver o terreno na esquina das ruas em questão.
64

Imagem 27 - Terreno visto da esquina

.
Fonte: A autora

O ponto de espera para o transporte público mais próximo ao terreno fica a,


aproximadamente, 250 metros, na Rua da Faculdade e o terminal de transporte
urbano fica há 1 km de distância.
Segundo dados da Secretária de Assistencial Social e Proteção à Família
(2015) o Jardim La Salle (bairro onde se encontra o terreno) possuía em 2015 o total
de 2.311 habitantes, que resultava numa densidade 1992.74 habitantes por km²
aproximadamente. Isso significa que o bairro tem baixo adensamento, fator causado
pelo zoneamento definido para o local. Segundo as normas de uso e ocupação do
solo, a área em questão corresponde à zona do Lago, o que a caracteriza pelo uso
estritamente residencial e unifamiliar, mas também são permitidos edifícios com uso
comunitário de cunho cultural e de lazer, como é o caso do Centro Cultural Haitiano.
A tabela 1 apresenta as diretrizes da lei de uso e ocupação do solo para a zona
do lago.
65

Tabela 1 – Parâmetros de uso e ocupação do solo na Zona do Lago (ZL)

Fonte: Toledo (2016) Adaptado.

Pela Tabela 1 verifica-se a total disponibilidade legal da construção do Centro


Cultural Haitiano no terreno em questão. O terreno possui 4.379,2 m² de área, sendo
que a testada da Rua Pedro dos Santos Ramos possui: 80,3 metros e da Rua da
Faculdade 64,9 metros. O que segundo a tabela indica que deverão ser ocupados, no
máximo, 2.627,52 metros quadrados de área no terreno.
O entorno imediato do lote é basicamente ocupado por edifícios residenciais, e
pelo bosque do Parque Diva Paim Barth. Estas edificações são em grande parte de
alto padrão construtivo, do tipo sobrado. Um edifício de quatro pavimentos está
localizado em um terreno que faz divisa com o lote, na parte dos fundos, mas não se
verifica problemas com sombreamento, até mesmo pelo deslocamento do sol em
relação ao terreno.
Apesar da localização em uma zona predominantemente residencial, a
proximidade com o parque e as grandes dimensões do terreno, afastam visualmente
as residências do lote em questão e não faz parecer que a Casa de Cultura Haitiana
ficará "perdida" no contexto do cenário, além disso, o uso de uma residência na
esquina oposta ao terreno é de escritórios do tipo coworking, o que também influencia
positivamente a percepção do local, de forma mais institucional.
66

No geral, além da presença icônica do parque, as instituições de ensino


relativamente próximas ao terreno, o Shopping Panambi, as clínicas médicas e os
vários comércios de lanchonetes e restaurantes, constituem os serviços e usos que
se apresentam nas proximidades, como melhor pode ser observado na imagem 28.
A infraestrutura no local é considerada boa, haja vista possuir iluminação
pública, passeio público pavimentado e acessibilidade para cadeirantes na esquina,
além de faixa de pedestre sinalizada, transporte público próximo, coleta de lixo, e rede
de esgoto.
Nos passeios de ambas as ruas que confrontam o terreno existem várias
árvores plantadas, todas de porte e com copas altas, situação diferente encontrada
no terreno em si, onde há apenas uma árvore de porte baixo.
As árvores impedem consideravelmente a visualização do terreno,
principalmente na esquina. O espaçamento das árvores não obedece uma distância
padrão por isso, uma faixa sem árvores na divisa com a rua Pedro Santos Ramos é
onde o terreno melhor pode ser observado.
O terreno possui desnível considerável com 6 metros de inclinação no total,
sendo a parte dos fundos do lote mais alta que a parte em frente à Rua Pedro dos
Santos Ramos.
Em relação às condicionantes ambientais que influenciam as decisões de
projeto tem-se que os ventos predominantes sopram em Toledo oriundos da direção
Nordeste segundo Toledo (2017), ainda para este, as temperaturas variam em média
entre 20°C e 21°C, com umidade relativa do ar também em média entre 75% e 80%,
e precipitação média anual entre 1600 a 2000 mm.
Os serviços oferecidos no entorno do terreno, podem ser vistos na imagem 28,
já a imagem 29 ilustra alguns condicionantes físico-ambientais importantes para a
elaboração do projeto arquitetônico.
67

Imagem 28 - Serviços oferecidos nas proximidades do terreno

Fonte: A autora
68

Imagem 29 - Condicionantes físicos-ambientais

Fonte: A autora

Diante das análises feitas verificam-se boas condições para implantação da


obra no local, sendo o maior desafio a adaptação do projeto ao terreno, com desnível
consideravelmente acentuado.
O bosque em paralelo com toda a divisa do terreno na Rua Pedro dos Santos
Ramos, na prática funciona como um isolante térmico e acústico, influenciando um
microclima no terreno, com temperaturas mais amenas no verão, mas também mais
frias no inverno.
Por isso a edificação deverá ser implantada no terreno, de forma que os
ambientes internos não sofram com a exposição excessiva ao frio.
69

A arborização, já consolidada no passeio, impede que o terreno seja visto de


forma clara e integral, por isso o intervalo sem árvores na divisa com a Rua Pedro dos
Santos Ramos, deve ser aproveitado como ponto focal à obra.
Os ambientes que exigem mais concentração dos usuários deverão ser
afastados das divisas do lote com as ruas do entorno.
A visão do bosque de dentro da edificação é um dos pontos valorizados no
projeto.
70

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES.

Todo o estudo até aqui serviu para embasar a proposta projetual da Casa de
Cultura Haitiana.
As contribuições teóricas foram de grande relevância para que o projeto
arquitetônico obtivesse respaldo, ou simplesmente dados suficientes para atender
com assertividade as necessidades de um projeto com esse potencial cultural.

6.1 Programa de necessidades e pré-dimensionamento

Analisado o contexto do terreno e os parâmetros para implantação da Casa de


Cultura Haitiana verificou-se a necessidade de identificar os serviços e atividades que
se pretende oferecer nesta, de modo que o projeto arquitetônico correspondesse
adequadamente ao programa de atividades.

Os seguintes setores foram propostos:

○1 Exposição da cultura:
A Casa de Cultura Haitiana em seu todo tem por objetivo promover essa cultura
na cidade de Toledo, mas especificamente o auditório, o salão de exposições de arte,
o café haitiano e a loja de souvenires sugerem que esse intercâmbio aconteça de
modo imediato, por isso, a ideia foi de que os visitantes que adentrarem a casa tenham
acesso primeiramente a esse setor.
No café as pessoas poderão experimentar a culinária típica do Haiti, em uma
praça de alimentação espaçosa e com vista para o bosque. A Sala de Exposições
abrigará: pinturas, fotografias, esculturas, entre outros elementos das artes plásticas
e visuais da cultura haitiana. Já no auditório, acontecerá pequenas apresentações de
música, dança e teatro.
Na loja de souvenires estarão à venda os artigos confeccionados nas aulas de
artesanato haitiano.
○2 Ensino:
Neste setor acontecerão os cursos, que melhorem o saber prático da cultura
71

haitiana e também o ensino dos elementos fundamentais da cultura brasileira aos


haitianos, como por exemplo, o idioma.
Foram projetadas salas para cursos de: Gastronomia, dança e música com
ritmos caribenhos, aulas de artesanato, de pintura, escultura e cerâmica, aprendizado
de línguas, informática, para ensaios, além de biblioteca, videoteca, e espaço de
estudo, sala para palestras e workshops.
3 Social/lazer:
Espaços amplos e abertos para realização de apresentações artísticas, roda
de conversa, para descanso, espera, brincadeiras e etc.
Neste setor encontram-se o pátio de entrada coberto, mas aberto para uso, a
praça de recreação, disponível para brincadeiras e lazer ativo, e o pátio de descanso,
disponível por acesso interno no edifício.
○4 Estacionamento:
○5 Administração/ Área técnica
Espaço próprio para a organização das atividades e da manutenção da casa
de cultura, contendo: Recepção, Salas de funcionários da administração, sala de
reuniões, direção, curadoria, entrada, catalogação, reparos e adaptações das peças
a serem expostas na galeria, para guarda de materiais e depósitos.
o6.Manutenção/serviços
Local para reparos e manutenção dos sistemas de energia elétrica, gás, água,
lixo, etc. Inclui também copa para funcionários, DML e cozinha do café.
o7. Íntimo
Banheiros, vestiários e camarins.
○8. Circulação
Corredores, escadas, Elevadores, espera, Hall.
Na imagem 30 é possível ver a configuração espacial desses setores no projeto
da edificação.
72

Imagem 30 - Representação por cores da setorização

Fonte: A autora (2019)

Na imagem 31 é possível ver a setorização mais detalhada do pavimento


térreo.
73

Imagem 31 - Representação por cores da setorização do pavimento térreo.

Fonte: A autora (2019)

Os setores citados correspondem, na prática, a ambientes adaptados


particularmente para atividades semelhantes ou que se inter-relacionam.
Na imagem 32 serão descritos em um quadro esses ambientes
correspondentes a cada setor da casa de cultura, como parte de uma sequência lógica
para o desenvolvimento do projeto arquitetônico.
O programa e as áreas destinadas a cada ambiente foram baseadas nas
informações da pesquisa bibliográfica e na análise das obras referentes e demais
estudos de caso desta pesquisa.
74

Imagem 32 – Quadro com a relação de ambientes por setor

PROGRAMA DE NECESSIDADES DA CASA DE CULTURA HAITIANA EM


TOLEDO
AMBIENTE ÁREA OBSERVAÇÃO
SETOR EXPOSIÇÃO DA CULTURA
Café área interna 128,8m²
Café área externa 114,8m²
Loja souvenir 33,21m²
Auditório 217,50m²
Sala de exposições 203,16m²
TOTAL DO SETOR APROX. 697,5m²
SETOR ENSINO
Sala para aula prática de
culinária 120,94 m² total Salas com equipamentos de cozinha
Sala para cursos de
línguas 57,54 m²
Sala de estudos
informatizada 28,38m²
Mini biblioteca 56,94m²
Videoteca 16,81²
Sala de informática 31,44m²
Sala de palestras e
workshops 42,19m²
Sala de dança 56,98m²
Sala de artesanato 57,53m²
Sala de música 113,39m² total 2 salas
Ateliê de pintura 57,54m²
Ateliê de escultura e
cerâmica 64,06m²
Sala ensaios 52,18m²
Sala dos professores Com banheiros Fem. e Masc.
63,87m²
acessíveis.
TOTAL DO SETOR APROX. 819,8 m²
SETOR ESTACIONAMENTO
Estacionamento para
visitantes 1,046m² 33 vagas aproximadamente
Vaga acessível 18,5m² 1 vaga
TOTAL DO SETOR APROX. 1.064,5 m²
SETOR SOCIAL/LAZER
Pátio de entrada 312,53 m² Coberto
Pátio de atividades 557,10m²
Pátio de leitura 235,23m²
TOTAL DO SETOR APROX. 1.104 m²
SETOR ADM/Á. TÉCNICA
Sala administração 77m² total
Sala da direção 12,70m²
Sala de Reuniões 27,64 m²
75

Depósito 30,13m²
Sala de TI 4,21m²
Arquivo 14,38m²
Sala curadoria 14,5m²
Depósito das exposições 23,24 m²
Recepção térreo 65,07m²
Recepção primeiro
pavimento 56,52m²
Sala para recepção e
catalogação 28,37m²
Laboratório Digital 15m²
TOTAL DO SETOR APROX. 368,76 m²
SETOR MANUTENÇÃO
Reservatório de água 13,23m²
Gerador de energia 6,73m²
Manutenção ar
condicionado 16,34
Central GLP 1,84m²
Shafts 3,00m²
Depósito de lixo 6,80m²
DML térreo e superior 16,5m²
Copa funcionários 27,50m²
Área de preparo 19,16m²
Recepção e
armazenamento alimentos 12,00m²
TOTAL DO SETOR APROX. 123,10 m²
SETOR ÍNTIMO
Camarins 55,30m² Inclui espera e banheiros
Banheiro feminino 39,50m²
Banheiro masculino 42,50m²
I.S.PC.D FEM. 7,38m²
I.S.P.C.D MASC. 8,00m²
Fraldário 7,90m²
Vestiários funcionários 42,00m²
Banheiro feminino prof. 2,35m²
Banheiro masculino prof. 2,35m²
TOTAL DO SETOR APROX. 207,30 m²
SETOR CIRCULAÇÃO
CIRCULAÇÃO 860,00 m² Inclui circulação vertical
TOTAL DO SETOR APROX. 860,00 m²
Somatória das áreas de todos os setores: 5,244.96 m²
Fonte: A autora

Para ver a área de edificação ver projeto, as pranchas 2 e 3.


76

6.2 Diagramas funcionais

Identificado os ambientes necessários para compor a casa de cultura, verifica-


na sequência como os fluxos de pessoas ocorrerá dentro do espaço, assim como os
setores se comunicarão.
Na imagem 33 pode ser visto como ocorrerão as circulações de pessoas dentro
da casa.
Imagem 33 – Fluxograma

Fonte: A autora
77

Esses elementos propostos neste capítulo atuam como elementos necessários


para a construção de um bom projeto.
A proposta acredita-se corresponder às necessidades de uma casa de cultura
especializada, no caso, a cultura haitiana.

6.3 Memorial justificativo

Até aqui se observa que a casa de cultura haitiana será muito mais que uma
edificação, pois para os moradores de Toledo e também o público imigrante em
questão será o ícone que representa como materialidade toda a cultura haitiana e até
mesmo o país Haiti. Ou seja, a casa de cultura será uma representação daquele país.
Essa edificação carrega a responsabilidade de facilitar o engajamento dos
haitianos à sociedade toledana, além de oferecer conhecimento sobre o Haiti em um
espaço específico e preparado, onde as informações sejam variadas, verdadeiras e
transformadoras, além de ser um porto seguro para os haitianos, um lugar de
liberdade e intimidade, que só uma casa pode traduzir.
Além deste, são ainda conceitos intrínsecos ao projeto: Dar importância e valor
para a cultura haitiana, tirar a ideia de correlação do Haiti com pobreza, miséria,
tristeza, ou seja, sentimentos evitáveis, por conceitos de alegria, criatividade,
afetividade, bom humor, mas também de capacidade intelectual, de força e
resistência.
É preciso, que a casa de cultura dê aos haitianos o orgulho por suas origens, e
aos toledanos, o orgulho de recebê-los na cidade.
O edifício se apresenta de forma robusta, ampla e sólida. Tentou-se através
disso passar a ideia de grandeza, de que há necessidade de um grande edifício para
divulgar toda a cultura haitiana.
Representar o Haiti requer também expor todo o colorido vibrante que
automaticamente associa-se à essa etnia. Pensa-se em Haiti, pensa-se em cores,
nunca em preto em branco. Por isso a fachada principal recebeu um grande brise
colorido, com a intenção de que se torne referência e traga iconicidade para a
edificação.
Adota-se também como conceito arquitetônico a arquitetura moderna,
principalmente a inspirada pelo arquiteto Afonso Reidy, no Museu de arte Moderna do
78

Rio de Janeiro. O objetivo é de que a edificação transmita uma imponência, uma


grandiosidade, com uma forma simples e limpa, sem uso de adornos para valorizá-la.
A arquitetura moderna carrega uma base sólida e repetidamente
experimentada, implantada no projeto da casa de cultura Haitiana, visto que sua
aparência já não é excêntrica ou de difícil de compreensão. A cultura haitiana requer
ser aceita e assimilada, sendo assim, é desejável que o edifício que a representa seja
compreendido e aceito pelo Toledanos. Quanto a isso o uso da linguagem moderna
poderá facilitar esse diálogo.
Se por um lado, é desejável a valorização da cultura haitiana através da
imponência da obra, por outro lado, não cabe de forma alguma conceber um edifício
que traga afastamento do público, uma austeridade ou mesmo uma sensação de não
pertencimento à realidade do local. Pelo contrário, o que se deseja é que a casa de
cultura possa trazer integração, curiosidade por parte do público, possa ser apropriada
pela população.
A escolha do terreno foi a primeira decisão importante. Era preciso implantar a
obra em um terreno com bastante visibilidade, em um lugar de reconhecimento pelos
próprios Toledanos.
Acredita-se que esse detalhe somado à valorização da própria edificação,
possa agregar importância, e interesse por conhecer a cultura haitiana.
O terreno grande, mas com um desnível considerável, precisou de um projeto
que destacasse a vista privilegiada para o Horto Municipal, e atraísse o fluxo de
pessoas presentes na pista do bosque. A edificação proposta “olha” para o bosque, e
quem estiver na pista de caminhada não passará sem perceber a Casa de Cultura. A
escada, bem em frente e na parte central da edificação, é uma forma de chamar as
pessoas para se sentarem nas escadarias, de aproveitarem a edificação.
Os pátios externos têm a intenção de trazer a cultura haitiana para fora, e
causar interesse por conhecer o que mais tem lá dentro. Com esse mesmo intuito,
surgiu a ideia de colocar parte da área do café do lado externo e despertar curiosidade
para a culinária do Haiti.
Do lado de dentro, salas e espaços amplos projetados para diversos tipos de
cursos e aprendizados é uma forma de fornecer espaço, voz e vez para a cultura
haitiana em Toledo.
79

Diante disso, o partido arquitetônico adotado está na implantação formal da


edificação. Através da implantação horizontalizada da obra no terreno, motivada em
parte por remeter ao prédio do MAM no Rio de Janeiro, mas também pelas condições
físicas do terreno, uma vez que a extensa testada na Rua Pedro dos Santos Ramos,
e a impossibilidade de gabarito com mais de 2 pavimentos, favorecem a adoção deste
partido.
Reidy provou através do MAM, que é possível trazer imponência, com um
prédio horizontal, mas sem parecer um lugar para poucos, ou seja, exclusivista.
A imagem 34 representa como deverá funcionar a implantação da obra no
terreno.

Imagem 34 - Implantação horizontalizada da obra.

Fonte: A autora

Além disso, Haiti é a tradução no idioma indígena arahuaca de “terras altas” ou


“lugares de montanhas”, com base nisso foi utilizado também como o partido
arquitetônico a ideia de recriar esse novo Haiti. Essa montanha que eleve o
conhecimento sobre a cultura haitiana.
Para isso, a edificação usa grande parte da extensão do terreno para sua
implantação, fundindo-se a ele com pontos ora mais altos, ora mais baixos, tendo seus
fechamentos externos com texturas e relevos diferentes, uma inconstância orgânica
comum no relevo das montanhas.
80

A escada frontal é a forma de escalar a montanha e o pátio é a caverna que


leva para o seu interior.

6.4 Memorial descritivo.

O projeto da Casa de Cultura Haitiana acontece em um lote de esquina entre


as Ruas Pedro dos Santos Ramos e a Rua da Faculdade.
O lugar fica próximo ao lago municipal e em frente ao bosque do Parque Diva
Paim Barth. Trata-se de um local de ampla valorização e visibilidade, fator crucial para
a escolha do mesmo para receber o projeto, como explicado anteriormente neste
capítulo.
A entrada de funcionários é pela lateral direita, e o acesso de veículos na lateral
esquerda próximo à esquina, onde há um retorno na via para os veículos, o que
ajudará evitar conflitos no trânsito do local. Na Rua da Faculdade localiza-se o acesso
para manutenção de equipamentos que exijam acesso de veículos de grande porte,
como caminhões e a entrada secundária, que leva direto às salas de cursos.
A edificação está inserida em um entorno predominantemente residencial, onde
o gabarito de altura permitido é de dois pavimentos.
A proposta foi respeitar essa norma para que a edificação se harmonize com o
entorno, e assim, pela simples configuração do espaço, demonstre que a cultura
haitiana vem para somar à cultura toledana/brasileira, e não se tornar um obstáculo
para a paisagem, ou mesmo para a sociedade.
A Rua Pedro dos Santos Ramos é um pouco mais movimentada que a Rua da
Faculdade, porém, o desnível do terreno possibilita que a entrada para o
estacionamento por essa rua seja feita mais alinhada com o nível do passeio, e
também seja mais legível por quem visitar o espaço.
Pátio de entrada
A edificação se apresenta ao público pelo pátio, a ideia é que esse seja o
coração da edificação. Um espaço para que os haitianos e toda a população possam
se reunir para apresentações de músicas, danças, brincadeiras, cerimoniais, ou
simplesmente para passar um tempo com os amigos.
O intuito é dar literalmente espaço para esses imigrantes, ou simplesmente, um
ponto de encontro.
81

Projetado um metro acima do nível da rua, e do lado externo da edificação,


poderá ser utilizado mesmo quando a casa de cultura estiver fechada. O destaque
desse espaço são elementos de concreto remetendo a atabaques, que é um
instrumento musical muito comum nos cerimoniais da religião vodu, além disso esses
“atabaques” fazem a separação da área de estacionamento, servindo de guarda-corpo
para o pátio.
Hall / Recepção
Local próximo à porta de entrada, que recepciona os visitantes à Casa de
Cultura, onde se recebe orientações para a visitação e informações sobre as
atividades.
Café haitiano
Ambiente servido de mesas para degustação de lanches e bebidas haitianas,
que se complementa com uma varanda externa, que se beneficia da vista para a
paisagem do bosque que está em frente.
O café é ainda um espaço de estar e circulação, em sua parte central o pé
direito é duplo, o que possibilita um espaço amplo e diferenciado, que faz jus a uma
edificação desse segmento.
Loja de souvenires.
Sem divisões permanentes, a loja de souvenires servirá para colocar à venda
artigos haitianos confeccionados internamente nas aulas de artesanato da Casa de
Cultura.
A disposição das prateleiras e o piso diferenciado do restante delimitam esse
ambiente.
Na imagem 35 é possível ver um espaço semelhante a essa proposta.
82

Imagem 35 - Lojinha de souvenires no complexo turístico do monumento

do Corcovado/ RJ

Fonte: Blog Glamourama, 2016.

Preparo:
Ambiente anexo ao café onde serão esquentados os lanches e preparadas as
bebidas típicas da gastronomia haitiana. O preparo conta também com um ambiente
para recepção e armazenamento dos alimentos.
Sala de exposições:
Quem visitar o centro poderá ter contato com as artes visuais e plásticas
haitianas na sala de exposições. Uma sala com os recursos técnicos apropriados para
expor quadros e peças de escultura. Com a frente toda envidraçada e com portas
também de vidro transparente será um espaço logo percebido por quem entrar no
prédio.
83

A exposição contém ainda a sala do curador. Que poderá ter acesso direto às
exposições.
Depósito das exposições, sala de manutenção e reparo de obras, laboratório
digital/catalogação.
Na parte posterior da galeria ficarão as salas pertinentes ao apoio e
administração das exposições de arte.
Auditório e Camarim
O auditório com capacidade para 134 lugares. Dotado de camarim e espera, o
espaço poderá receber apresentações de música e teatro.
Instalações sanitárias
No térreo também estão as instalações sanitárias devidamente adequadas às
necessidades do público feminino e masculino com ou sem necessidade especiais,
além dos pais que necessitarem de fraldário.
Circulação vertical
O acesso para o segundo piso se dá por uma escada bem ao centro do térreo
e por dois elevadores.
Estacionamento.
Junto ao pátio se instala a área de estacionamento. Com capacidade para
acomodar 32 veículos. Por ser junto ao acesso principal permitirá que os usuários se
desloquem com rapidez e facilidade para este espaço.
O estacionamento conta com vagas acessíveis, bicicletário e vagas para
motocicletas.
Pátio de serviços
Esse pátio acomoda uma rampa de acesso dos funcionários ao interior da
edificação, uma vez que o piso do pátio de serviços e do estacionamento fica um
metro abaixo do pavimento térreo.
Há ainda a central GLP, o reservatório de lixo, o gerador de energia e as
instalações do sistema de ar-condicionado do edifício. Esse pátio conta ainda com
uma vaga de estacionamento acessível, locada aí, por permitir fácil acesso à rampa
que conduz ao piso térreo.
84

Copa funcionários/vestiários / DML


Nos fundos da casa ficam os ambientes que dão suporte aos funcionários,
trata-se de uma copa para os funcionários, vestiários para ambos os sexos e um DML
amplo para guarda e armazenamento de produtos de limpeza.
No primeiro pavimento localizam-se as atividades de aprendizagem da Casa
de Cultura, como também de capacitação e aperfeiçoamento do ensino da cultura
brasileira aos haitianos.
Recepção 1º pavimento
Com acesso pela Rua da Faculdade essa recepção do acesso direto às salas
de cursos, uma forma de facilitar rotas de fuga do edifício.
Salas de ensino
A Casa de Cultura Haitiana contará com duas salas de música para o ensino
de instrumentos musicais e aulas de canto. Uma sala de dança onde os ritmos
caribenhos terão prioridade.
A gastronomia haitiana poderá ser ensinada na sala para aulas de culinária.
No primeiro pavimento também poderão ocorrer palestras e workshops em uma
sala própria.
Procurou-se agrupar as atividades com maior necessidade de silencio e
concentração em um mesmo setor.
São salas que receberão cursos de pintura, artesanato, escultura e cerâmica,
línguas e informática, além de biblioteca, da sala de estudo informatizada e da
videoteca.
As apresentações artísticas poderão ser revisadas e preparadas na sala de
ensaios.
Estar dos alunos
Enquanto aguardam o início das aulas ou mesmo descansam das atividades,
os alunos podem permanecer no estar dos alunos.
Sala dos professores
Os professores disponibilizarão de espaço para preparam suas aulas e para
interagir com outros colegas.
Sala da administração, sala de reuniões, sala do diretor e arquivo
A sala administrativa foi colocada no layout do espaço bem em frente à escada
de acesso e próximo aos elevadores.
85

Por um guichê os alunos poderão se matricular nos cursos onde o


funcionamento de todas as atividades e do prédio em si será administrado. Esse setor
conta com sala de trabalho para funcionários, sala para a direção, sala para reuniões
internas e uma sala de arquivos,
DML, copa para funcionários
Assim como no andar térreo, um DML e uma copa para funcionários foram
instaladas no primeiro andar para dar apoio e facilitar o trabalho dos funcionários.
Pátios
Além do pátio de entrada que é coberto, a Casa de Cultura conta com dois
outros pátios. O primeiro que tem acesso pela Rua da Faculdade é ao ar livre e será
destinado à atividades e recreações infantis, brincadeiras, à práticas esportivas e etc.
O segundo terá acesso exclusivo pela parte interna da edificação, com formato mais
orgânico, a ideia é que possa atender tanto alunos quanto funcionários que queiram
descansar ao ar livre, além disso esse pátio receberá exposições de arte.
Instalações sanitárias do primeiro pavimento
Assim como no pavimento térreo, as instalações sanitárias foram devidamente
locadas, observando uma locação que converge o posicionamento dos banheiros na
mesma prumada, de modo a facilitar as instalações hidráulicas.
Instalações técnicas
Além disso, procurou-se locar os ambientes que necessitam de fornecimento
de gás também de forma coincidentemente, para que as instalações fossem mais
lógicas e funcionais.
As manutenções de energia elétrica, ar-condicionado, gás de cozinha, o
hidrômetro e os depósitos de lixo localizam-se em um mesmo espaço, como forma de
organizar as manutenções do edifício.
Uso e distribuição do espaço
A Casa de Cultura Haitiana foi projetada em dois pisos principais que se
comunicarão por escada e elevador.
Os ambientes descritos anteriormente configuram-se no espaço pelo grau de
importância e de função dentro da edificação, exemplo disso é a área do café que
ocupa maior dimensão que a área de preparo, porém estão próximas pois são
complementares no uso.
86

Além disso, os ambientes foram locados observando-se uma fácil leitura do


espaço pelos usuários e mobilidade pelos funcionários.
Paredes
A edificação tem paredes de alvenaria e cortinas de vidro na parte externa,
vidros e drywall como divisões de ambientes na parte interna. Esta é uma forma de
tornar mais flexível o layout que provavelmente necessitará de adaptações futuras.
Além disso, as paredes internas de drywall serão do tipo dupla, com incremento de lã
de rocha para proteção acústica.
Aberturas
Procurou-se contemplar a maior parte dos ambientes com ventilação natural
para conforto ambiental, por isso quase todos os ambientes receberam janelas ou
portas de vidro com esquadrias metálicas. Os ambientes do piso térreo, que por conta
da implantação ficaram sem a possibilidade de receber ventilação natural através de
janelas, se apropriaram de claraboias particularmente desenvolvidas para este
projeto, contemplando ventilação e iluminação ao interior da edificação ao mesmo
tempo.
No nível do telhado foi inserida uma faixa de vidro, para permitir um ganho de
iluminação natural em parte do primeiro piso.
Desníveis do terreno
O desnível presente no terreno orientou a escolha de uma implantação
semienterrada da edificação. Desta condição, surgiu partidos iniciais como o de locar
os acessos principais na parte mais baixa do terreno e adaptar o terreno a possibilitar
o acesso secundário direto ao primeiro pavimento e ainda a locação dos pátios abertos
na parte mais alta do terreno.
A edificação em relação à orientação solar
A edificação se orienta para leste por conta da própria disposição do terreno
em relação às ruas do seu entorno. Houve o cuidado em não locar setores de longa
permanência na fachada orientada para Oeste. Onde não pode ser evitada essa
locação, como as das salas de música, dança e parte da sala de culinária, a solução
foi usar a vegetação externa como protetor térmico.
A fachada principal recebeu um grande brise metálico colorido e com desenho
irregular para proteção solar e também para efeito estético. As fachadas orientadas
para Sul receberam cortinas de vidro duplo e brise metálico colorido, já a fachada
87

norte recebeu uma cobertura verde do tipo jardim vertical, pretendendo com isso criar
ambientes climaticamente mais agradáveis no interior da edificação. Além disso, a
ideia é fazer do jardim um isolante acústico, já que a fachada norte separa o pátio de
serviços do interior da edificação, estando neste os aparelhos, como condensadores
de ar e o gerador de energia, capazes de provocar ruídos indesejados.
Sistema estrutural/cobertura
O Sistema estrutural do edifício é misto, composto por laje alveolar protendida,
que proporciona maiores vãos sem necessidade de colunas e vigas. Nos locais onde
o uso da protensão seria inviável, projetou-se com laje maciça em concreto armado.
A cobertura tem estrutura metálica e telhas metálicas sanduíche de aço
galvanizado com fechamentos laterais em ACM.
Pisos
Os pisos internos serão do tipo porcelanato, com indicação de uso para alto
fluxo de pessoas. Na parte externa os pisos serão do tipo piso drenante, para ajudar
na permeabilidade do solo.

6.5 Proposta projetual

A Prancha 1/5 trata da implantação e cobertura da edificação no terreno,


prancha 2/5 refere-se à planta do pavimento térreo, a planta do primeiro piso poderá
ser analisada na prancha 3/5, já nas pranchas 4/5 e 5/5 constam os cortes, as vistas,
o detalhamento da claraboia e as perspectivas em 3D.
ALINHAMENTO
3670 4196

PREDIAL
5,74 +6,00

192
78

30
P04 4,45
2
LAJE
IMPERMEABILIZADA

CA
5,50 LH
A
GRAMA
Á=18,56m² PROJEÇÃO
P04

2%
NÍVEIS ORIGINAIS DO TERRENO

R
1

TO
IO

EN
ER

IM
NF

CA
1876,12

57

I
DE
20
4,50

RE
PA
ÃO

+5,00

OJ
PR
PR
4,50 47 OJEÇ
03
,16 ÃO P
AR
ED CA
E INF LH
ER A BOSQUE
IO 260,60 m²
R
RUA DA FACULDADE

+4,50 GRAMADO
PEDESTRES
ACESSO

CLARABÓIA

TE
LH
A T i =1
+4,00 ER 5%
MO
AC
ÚS
TIC
A

4657
+3,00
2408

R
IO

SIST. AR CONDICIONADO
6500

ER
PR
OJ

I NF

ÃO

DE
CA
LH

RE
A

PA
TE

ÃO
LH
A T i =1


ER 5%

OJ
MO
AC

PR
ÚS
TIC
A
VAGA EXCLUSIVA PARA ÔNIBUS

GLP
VISITANTE

+2,00

PROJEÇÃO PAREDE INFERIOR


CAIMENTO
+11,29 2%
INCLINAÇÃO DE 2%
PASSEIO PÚBLICO

952 5629,53 1283,59

IMPERMEABILIZADA
PISO PAVER
RUA DA FACULDADE

LAJE
TO
AMEN
ALINH L
IA
+0,00 PR ED
+0,00

P04
+1,00 ACESSO 2
PEDESTRES
JARDIM -0,06
VAGA EXCLUSIVA PARA ÔNIBUS

110,85 m²
P. GRAMA

ACESSO
VISITANTE

PEDESTRES

ACESSO VEÍCULOS
SERVIÇO

ESTACIONAMENTO
+0,00
DESCOBERTO
717,40 m² 8037
P. DRENANTE
OBRA:
O DE 2
%
-0,03
CASA DE CULTURA HAITIANA
BLIC ÇÃO
SS EIO PÚ INCLINA
PA R
PAVE
PISO MOS
S RA
BICICLETÁRIO

UNIVERSIDADE:
TE PO STE
NO P
ASSE
IO

O DO
S S A NTO UNIVERSIDADE PARANAENSE
NÃO
EXIS PEDR
RUA
REFERÊNCIA:
REBA
IXADA S IMPLANTAÇÃO/ COBERTURA
GUIA O VEÍCULO
S QUADRO DE ÁREAS:
ACES
P04
IXADA S 1 ACADÊNICA: ESCALA
GUIA REBAIXADA
ACESSO P.C.D
-0,06
ACES
REBA
GUIA O VEÍCULO
S
ACESSO VEÍCULOS ÁREA TERRENO------------------------------------4.385,00M²
ÁREA TÉRREO--------------------------------------1.863,57M² ROBERTA VIEIRA 1 : 200

ÁREA 2º PAVIMENTO-----------------------------1.648,65M² DATA


GUIA REBAIXADA
ACESSO VEÍCULOS
ÁREA TOTAL----------------------------------------3.512,22M² RA.: 178096 11/2019
ACESSO P.C.D TAXA DE OCUPAÇÃO---------------------------------42,50%
PISOS DRENANTE (1.375,60-25%)--------------343,90M² DISCIPLINA: PRANCHA
TRABALHO CONCLUSÃO DE CURSO
N

ÁREA DE GRAMA ------------------------------------626,79M²

P01
ÁREA PERMEÁVEL----------------------------------970,69M²

1 IMPLANTAÇÃO/COBERTURA _ TAXA DE PERMEÁBILIDADE------------------------22,13% ORIENTADORA:


ESCALA 1 : 200 COEF. DE APROVEITAMENTO-------------------------0,80 BRUNA GAFFURI
15
RUA PRIMAVERA

ALINHAMENTO
PREDIAL
11
11
P04
1

15 23
01 Q.

R UA
RUA CEL. VICENTE
15

PED R
75
5

O
D OS
P04 2,20P1

SANT
2 15 ATERRO LOTE
20 (USO NO PRIMEIRO PAVIMENTO - VER PRANCHA 3/5)
2,05

OS R
3 POÇO DE LUZ 39
CABINE DE 0

,3

AM O
15
1,90 SOM J7
8,36 m²
15

S
POÇO DE LUZ PROJEÇÃO CLARABÓIA
P. LAM. RUA DA FACULDADE
1,75 P2

23 59
2 1

3
P2
1,60

54
48
98

15
19
P2 J8

1,45 I.S FEM. 15

cm
SALA DE

85
20,28 m² P2

90

20
ATERRO P2 MANUTENÇÃO 31

15
N
P. CERÂM.

=1
E REPARO DE 5

.h
( USO NO PRIMEIRO PAVIMENTO VER PRANCHA 3/5) 1,30 P2
OBRAS

div
P2
I.S MASC. 15
28,37 m²

0
20

22
1,15 21,49 m² 0

5
I.S P.C.D P. CERÂM.

0
54
P. CERÂM. 15

48
15 3,69 m² LABORATÓRIO

15

0
18CERÂM.
P. DEPÓSITO DAS P1 DIGITAL/ SITUAÇÃO

60
P7
1,00 0 EXPOSIÇÕES CATALOGAÇÃO 43
15P1 6,5
SEM ESCALA

T
P7

21
23,34 m² 15,12 m²

AF
P. CERÂM. P. CERÂM.

SH
35

15
,85
0 P4 15
CIRCULAÇÃO I.S P.C.D P1 D. M. L.

14

5
24,19 m² 15P1 4,00 m² 9,60 m²

18
AUDITÓRIO P1
43

15
P. CERÂM. 1P. CER. P. CERÂM. 6,5
162,90 m² 95 P1
TABELA DE ESQUADRIAS - PORTAS

15
P. LAMINADO 15 P2
P2 15
P1FRALDÁRIO I.S FEM.

8
40
TIPO FUNCIONAMENTO MEDIDAS QUANT.

42
MURO DE ARRIMO COM GRADIL METÁLICO H=110cm 3,98 m² 20,95 m²

38
P1
5

25

25
P2
ELEVADOR 43
PALCO P. CER.
P1
P. CERÂM. P1 P2 1,0
4,42 m² 6 P1 PORTA DE MADEIRA ABRIR - 1 FOLHA 80 X 210 25
46,27 m² P4

5
VAZIO 18
P1
250

3,8
P. LAMINADO S. CURADOR P2 PORTA DE MADEIRA - ABRIR 60X210 18

22
250
P1
16

321,21
1,70 20 ELEVADOR 70

96
15,59 m²
BANHO 0 4,42 m² PV19 I.S. MASC. P3 PORTA VENEZIANA DE ABRIR PARA FORA - 2 FOLHAS 120 X 210 1
4,51 m² VAZIO
P. CERÂM.
20,95 m² COPA

7
PV18
P4 PORTA DE MADEIRA ABRIR 2 FOLHAS 220X230 12

23
J1 P. CER. 20 P. CERÂM. FUNCIONARIOS
P5 PORTA DE MADEIRA ABRIR 2 FOLHAS 150X230 1

419,75
0

45
27,36 m²

10
15
P9
P. CERÂM. P7 PORTA DE MADEIRA - ABRIR 90 x 210 13
250

23
250

P10
15

CAMARIM 1 CIRCULAÇÃO
LAVABO P8 PORTA VENEZIANA DE ABRIR PARA FORA - 2 FOLHAS 100x210 2
30 30 58,27 m²

200
J1 3,44 m² 9,95 m² P1
0 P. CERÂM. P9 PORTA DE MADEIRA - ABRIR 70X210 2

0
P1 P. CERÂM. PV4
1,70

48
P. CER. P1
P10 PORTA DE CORRER 2 FOLHAS 60X210 4
15

15

15

BE
1 0
P10
2
3 15 P11 PORTA DE MADEIRA ABRIR PORTA 90 EXTERNA 1

SO
4
250

P1
24
250

5
14

6 15

2,7
LAVABO 5 GU

213
J1 7
8
9 15 IC H P3

74
3,66 m²
P. CERÂM. 22
21
10
11 SALA DE
EXPOSIÇÕES 23
3
Ê
TABELA DE ESQUADRIAS - JANELAS

428
ESTACIONAMENTO

ESPERA 20 P10
15
CIRCULAÇÃO +1,00

SOBE 8,2%
19
203,13 m²
DEPÓSITO 15
18
P9 17,63 m² 11 17
RUA DA FACULDADE

PASSEIO PÚBLICO

J1
CAMARIM 2 11 82,60 m² 16 P. CERÂM. 15
LOJA DE
TIPO FUNCIONAMENTO MEDIDAS PEITORIL QUANT.
15
0

590
250

P. CERÂM. 14 12,00 m²
25
MOTOS

250

200

BANHO PISO CERÂMICO


13

12,68 m² 13

5
12
SOUVENIRS P. CERÂM.

30

51
3,44 m² P. CERÂM.

208
34,71 m² G1 GUICHÊ 140 X 120 100,00 cm 1
PISO PAVER

P. CERÂM.
P. CERÂMICO
15

15 150 15
J2 J2
G2 JANELA FIXA SALA DE SOM 430X100 130,00 cm 1
RAMPA SOBE 8,6%
J1 JANELA COM ESQUADRIA MAXIM-AR - 1 FOLHA 60 x 60 150,00 cm 4

15
SIST. AR
250

J2 JANELA COM ESQUADRIA MAXIM-AR - 2 FOLHAS 200 x 60 8


26
250
12

15
COND.
13,99 m² J3 JANELA COM ESQUADRIA DE CORRER 2 FOLHAS 240 x 94 6

9
41
15 196 608,06 150 15 1013,5 P. DRENANTE J5 GUICHÊ 150lx120a 100,00 cm 1
PR J6 JANELA COM ESQUADRIA MAXIM-AR - 1 FOLHA 140x60 150,00 cm 1

TE
320 O JE

AN
Ç ÃO J2 J7 JANELA COM ESQUADRIA MAXIM-AR - 1 FOLHA 140x100 150,00 cm 1
250

17

611
27
250

AP
11

PA

R
VT J8 JANELA COM ESQUADRIA MAXIM-AR - 2 FOLHAS 200 x 100 150,00 cm 1

ER
O P10
SU

T ID
J9 JANELA COM ESQUADRIA MAXIM-AR 1 FOLHA 90X150 119
500

PE

AN
ESTACIONAMENTO RI O P1

5
R SHAFT

O
89
COBERTO

PIS

03
329,31 m²
TABELA PELE DE VIDRO

20
, 3%
250

28
250
10

P. DRENANTE

E8
PV2

OB
PREPARO

15
AS
1178
RECEPÇÃO/HALL 19,16 m² PV2 ESQUADRIA DE ALUMINIO E VIDRO TEMPERADO 1174X335 1

MP

15 150
PÁTIO DE ENTRADA P. CERÂM.

RA
CAFÉ. Á PV4 ESQUADRIA DE ALUMINIO E VIDRO TEMPERADO 2271X335 1
VAGA EXCLUSIVA PARA ÔNIBUS

ENTRADA 65,14 m² INTERNA EN PV6 ESQUADRIA DE ALUMINIO E VIDRO TEMPERADO 1085X250 1


250

18 SE TR A
29
250

1466

PISO CERÂM.
9

312,66 m² 110,13 m²
RV D A PV8 ESQUADRIA DE ALUMINIO E VIDRO TEMPERADO 1111X235 3

15
PISO GRANITO +1,00 PISO CERÂMICO P1 I ÇO
C. GLP PV9 ESQUADRIA DE ALUMINIO E VIDRO TEMPERADO 360X235 1

235
565
500

-0,05
VISITANTE

ATEND. CAFÉ 1,85 m²


PV11 ESQUADRIA DE ALUMINIO E VIDRO TEMPERADO 700X235 1
1320

P. DREN.

3
18,75 m²

30
PV12 ESQUADRIA DE ALUMINIO E VIDRO TEMPERADO 590X250 1
1,00 P. CERÂM.

150 15
250

30
250
8

+0,00
PV13 ESQUADRIA DE ALUMINIO E VIDRO TEMPERADO 560x235 1
PV14 ESQUADRIA DE ALUMINIO E VIDRO TEMPERADO 545x250 1
BICICLETÁRIO PV15 ESQUADRIA DE ALUMINIO E VIDRO TEMPERADO 525x250 1

15
100

PV16 ESQUADRIA DE ALUMINIO E VIDRO TEMPERADO 940X250 1


GERADOR
250

PV17 ESQUADRIA DE ALUMINIO E VIDRO TEMPERADO 540X250 1


31
250

2007
7

+0,60 ENERGIA

285
6,72 m² PV18 ESQUADRIA DE ALUMINIO E VIDRO TEMPERADO 370X330 1
19 P. DREN. PV19 ESQUADRIA DE ALUMINIO E VIDRO TEMPERADO 350X330 1

RAMPA SOBE 11,8%

RAMPA SOBE 8,9%


500 581,82 250 582,63 500 PV20 ESQUADRIA DE ALUMINIO E VIDRO TEMPERADO 1455X330 1

141 15 154 15
500

556,05
6 PV21 ESQUADRIA DE ALUMINIO E VIDRO TEMPERADO 1985X285 1
250

CAFÉ (Á. EXT.)


32
250

LIXO RECIC.
6

5 113,31 m² 34
1,16 m²
4 PISO CERÂMICO P. DREN.
?
120

275

ESTACIONAMENTO 3 1,00
DESCOBERTO 2 LIXO ORG.
20

O
250

717,40 m² MENT
33
250

1,15 m²
5

1 GUARDA CORPO METÁLICO H=110cm INHA


P. DRENANTE P. DREN. AL D IAL
PR E
20 SOBE 15 P04
1986,11 2208 190 132 77 15
2
PASSEIO PÚBLICO

500
250
4

+0,00
PISO PAVER
VAGA EXCLUSIVA PARA ÔNIBUS

JARDIM
ACESSO 110,85 m² LOS
PEDESTRES VEÍCU
P. GRAMA C ESSO
ACESSO ADA A
EBAIX
PEDESTRES GUIA R
250
VISITANTE

20
3

ACESSO
1320

PEDESTRES
21 189,98 m²
P. DRENANTE
ACESSO VEÍCULOS
250

500
2

OBRA:
CASA DE CULTURA HAITIANA
250
1

UNIVERSIDADE:
+0,00
UNIVERSIDADE PARANAENSE
BICICLETÁRIO
RUA DA FACULDADE

PASSEIO PÚBLICO

PASSEIO PÚBLICO OS
RAM REFERÊNCIA:
PISO PAVER NTOS
O DO
S SA PLANTA BAIXA TÉRREO
PISO PAVER

PEDR
ULOS RUA
O VEÍC
CESS
BA IXADA A
RE ACADÊNICA: ESCALA
ROBERTA VIEIRA
GUIA
ULOS
1 : 200
VEÍC
ESSO
AD A AC
IX
REBA
GUIA ACESSO VEÍCULOS DATA
RA.: 178096 11/2019
GUIA REBAIXADA
ACESSO P.C.D

ACESSO VEÍCULOS P04


1 DISCIPLINA: PRANCHA
GUIA REBAIXADA
ACESSO P.C.D TRABALHO CONCLUSÃO DE CURSO
P02
N

1 TÉRREO _ ORIENTADORA:
ESCALA 1 : 200 BRUNA GAFFURI
13

,7
38

16
MURO H=250cm

J9 40
J9
4,40 PÁTIO DE

1
51
LEITURA

1,0
J9 56 235,25 m² P04
0

38
GRADIL PARA 15 PISO DRENATE
J9
J9 PROTEÇÃO POÇO 1
J9 DEPÓSITO J9
DE LUZ
15 35

15
31,44 m² PV8 0
4,50

15
P11
18

,7
P. CERÂM. 0

16
15 15
P04

0
DML

7,5
25
J9
34
2 6,96 m² 1

37
J9 ACESSO CAIXA

0
P. CER. J6

37
D'ÁGUA

15
COPA 15 13,21 m²
P7 13,19 m²
J9 2 P7 P2 P. CERÂM.
ARQUIVO

15
9 P. CERÂM. 36
15,00 m² 0

15
P7

,4
J9 28 P2 GRADIL PARA PROTEÇÃO POÇO DE LUZ
5 P. CERÂM.

0,7
99
P7 15

0
19

46
15 4,50

20
15 90
P2 J2
31 T.I. CLARABOIA

3
J9
1 38
0

3
P7 4,20 m² P2 VER DETALHE

54
J9 SALA DO P. CER. P2
DIRETOR 60 15 I.S. FEM. PV9

5
0 15

15

17
P2
14,12 m² 21 P2 20,26 m²
PV21 0 4,45

0
P. CERÂM. P. CERÂM.

15
SALA

59
J9
PÁTIO 15
J9 REUNIÕES I.S. MASC. +4,50 J9 29

15
ATIVIDADES 27,64 m² I.S P.C.D J9 26
21 21,48 m² BOSQUE

5
J9 P7
557,11 m² 1 3,69 m²

54
J9
P. CERÂM. P. CERÂM. 260,60 m²
15 P7

5
PISO DRENANTE J9 P. CER. J9

20
P7
18
P1 J9 GRAMADO

T
P7

2
0

AF
70
J9
J9 15

SH

6
J9 PR

22
J9 OJ
35 P1 I.S P.C.D J9 EÇ

15
J9 0 4,00 m² J9 ÃO
J9 PA
1442 15 P. CER. VIM

5
PROJEÇÃO COBERTURA J9

20
J9 EN
40 SALA 19 PV8
J9 TO
5

7
ADMINISTRAÇÃO PV16 INF

24
P7

15
P1 15
FRALDÁRIO ER

15

15
MURO DE ARRIMO COM GRADIL METÁLICO H=110cm J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 PV20
80,55 m² IO
3,98 m² J9 R
15 P. CERÂM. ELEVADOR SALA DE J9

4
P. CER. 40
442

20
4,42 m² 6 MÚSICA
J9
J9
VAZIO 57,19 m²

15
J9
11 20 ELEVADOR P. CERÂM. J9
11 0 4,42 m² J9

1
VAZIO SALA DE

22
20
PV17

J5 0 56 MÚSICA PV8 J9
0 J9

2
11 56,20 m²

20
713

73
728
HALL/RECEPÇÃO. 91

15
J9

04
SALA DE P. CERÂM.
15 150 15 150 15

J9
2

10
I.S. FEM. PROFESSORES 15 J9
76,65 m²

P. CER.

1
3,78 m²
J9 CIRC.
2,34 m² 60,10 m² J9

24
P. CER.P1 PISO CERÂMICO
P. CERÂM. +4,50
PV15

55 MU
I.S. MSC. 5 SALA DE H= RO
J9 15 DE

0
P1
2,34 m² DANÇA 0c

15
m AR RI
P. CER. DESCE 15
56,98 m² P3
MO
15

P4 GU PV14 P. CERÂM.
AR

0
DA

15
15 156 15 120 15 655 15 1472,46 CIRCULAÇÃO CO J3
365,96 m² RP
961 15 PISO CERÂMICO 30 O
ME 56
30 0
0 TÁ

0
412

LIC

23
O
15
H=
12 -0,05
0 0c 15
m
PROJEÇÃO COBERTURA

PV13

54
J3
VAZIO

16
2350

56
15

P5 P4 P4 P4 P4 P4
7
PV12

SALA PARA P4 AULA


ATELIÊ DE SALA DE ATELIÊ DE CURSOS DE P4 CULINÁRIA 15 J3
ENSAIOS BIBLIOTECA GU
11 15

0
PINTURA ARTESANATO ESCULTURA E LINGUAS AR
50 92,29 m² 0

73
52,40 m² 57,22 m² DA
57,81 m² 57,81 m² CERÂMICA 57,81 m² CO P. CERÂM.
P. LAMINADO P. CERÂM. RP
P. CERÂM. P. CERÂM. 64,37 m² P. CERÂM. O PV11
P. CERÂM. ME

20
SALA PARA

T
LIC

AF

20
784
P4 O PALESTRAS E
H=
PV6

SH
SALA DE 12
0c
m
WORKSHOPS
ESTUDOS 42,19 m²
INFORMATIZADA P. CERÂM.
1157

28,34 m²
P. CERÂM. 58
0
VAGA EXCLUSIVA PARA ÔNIBUS

ESTAR DOS

15
AULA DE
INFORMÁTICA ALUNOS P4 J3

31,44 m² 58,94 m²
ARMAZ. DE

0
P. CERÂM.

15
P. CERÂM.

30
ALIMENTOS PÁTIO DE
VISITANTE

P7 17,98 m²
SERVIÇOS
VIDEOTECA 56 P. CERÂM. 222,26 m²

15
17,10 m²
5
PISO DRENANTE

378
J3
P. CERÂM.
GUARDA DE

2
445 15 485 15 485 15 540 15 485 15 480 15 435 15 407 15 893,92

4,8
OBJETOS 20
9,33 m² 7,5

34
3
P. CERÂM.
20

J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9
J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9 J9
5445 377,75

P8

P8
P04
2
SOBE

JARDIM
VAGA EXCLUSIVA PARA ÔNIBUS

110,85 m²
P. GRAMA
VISITANTE

ENTRADA
ESTACIONAMENTO 178,28 m²
DESCOBERTO PISO DRENANTE
717,40 m²
P. DRENANTE

OBRA:
CASA DE CULTURA HAITIANA
UNIVERSIDADE:
UNIVERSIDADE PARANAENSE
REFERÊNCIA:
PLANTA 1º PAVIMENTO
ACADÊNICA: ESCALA
P04
1
? ROBERTA VIEIRA 1 : 200

DATA
RA.: 178096 11/2019
DISCIPLINA: PRANCHA
TRABALHO CONCLUSÃO DE CURSO
1º PAVIMENTO _
P03
N

1 ESCALA 1 : 200
ORIENTADORA:
BRUNA GAFFURI
TELHA TERMOACÚSTICA I=15% FECHAMENTO EM ACM
VOLUME CAIXA D'ÁGUA

BRISE

GUARDA CORPO
METÁLICO I=15%

PERFIL NA
TURAL DO
TERREN
O

4 FACHADA SUL _
ESCALA 1 : 200 TELHA TERMOACÚSTICA I=15%

BRISE FECHAMENTO EM ACM

GUARDA CORPO
METÁLICO I=15%

DETALHE CLARABÓIA

3 FACHADA LESTE _
ESCALA 1 : 200 TORRE CAIXA
D'AGUA
ESTRUTURA
FECHAMENTO EM ACM METÁLICA
TELHA TERMOACÚSTICA I=
15%

FORRO INCLINADO
496,52

120

250
214,5

SALA PARA
SALA PALESTRAS E LAJE IMPERMEABILIZADA 2º PAVIMENTO

109
18 100

ADMINISTRAÇÃO WORKSHOPS 4,500


PERFIL NATURA 22
18

18

L DO TERRENO 21
20
19
18

698,15
17
16
15
14
262

262

13
12
11
332

332

165 10

10
9

213,5
8
15,91

7
6
PALCO AUDITÓRIO 4
5 TÉRREO

285
3
2
70

1 1,000

2 CORTE BB _
ESCALA 1 : 200 FECHAMENTO EM ACM FECHAMENTO EM ACM ESTRUTURA METÁLICA TELHA TERMOACÚSTICA I=15% LAJE IMPERMEABILIZADA
ESTRUTURA METÁLICA

18
CAIXA
D'ÁGUA DETALHE CLARABÓIA
100
100

382
CALHA
OBRA:
CASA DE CULTURA HAITIANA
CALHA
208

FORRO
BRISE

18
FORRO
604

UNIVERSIDADE:
UNIVERSIDADE PARANAENSE

382
GUARDA CORPO GUICHÊ
SALA DE
H=110cm AULA DE 2º PAVIMENTO
CORTES (AA) (BB) FACHADAS LESTE E SUL,
657

INFORMÁTICA 22
21
MÚSICA 4,500 REFERÊNCIA:
DETALHAMENTO CLARABÓIA
20
19
18
17
16
15,91

TERRENO
15

PERF IL NATURAL DO
14
13
350

12
165 10

SALA DE ACADÊNICA: ESCALA


ROBERTA VIEIRA
285

MANUTENÇÃO 1 : 200
PÁTIO DE RECEPÇÃO/HALL SALA DE 1,00 E REPARO DE TÉRREO
6 ENTRADA ENTRADA EXPOSIÇÕES OBRAS 1,000
4 5
3
1 2 DATA
PATIO RA.: 178096 11/2019
0,000

DISCIPLINA: PRANCHA
TRABALHO CONCLUSÃO DE CURSO

1 CORTE AA
ESCALA 1 : 200
_ ORIENTADORA:
BRUNA GAFFURI P04
VOLUME CAIXA D'ÁGUA

FECHAMENTO EM ACM TELHA TERMOACÚSTICA I=15%

BRISE

4,00

DO TERRENO
PERFIL NATURAL COPA MURO DE ARRIMO
FUNCIONARIOS

MURO DE ARRIMO

IMAGEM 01 - FACHADA LESTE


1 FACHADA NORTE _
ESCALA 1 : 200

FECHAMENTO EM ACM VOLUME CAIXA TELHA TERMOACÚSTICA I=15% TELHA TERMOACÚSTICA I=15%
D'ÁGUA

PERFIL NATURAL DO TERRENO

2 FACHADA OESTE _ IMAGEM 02 - FACHADA SUL


ESCALA 1 : 200

IMAGEM 03 - ESTACIONAMENTO IMAGEM 04 - PÁTIO SERVIÇO IMAGEM 05 - SUPERIOR

OBRA:
CASA DE CULTURA HAITIANA
UNIVERSIDADE:
UNIVERSIDADE PARANAENSE
REFERÊNCIA:
FACHADAS OESTE E NORTE, PERPECTIVAS 3D
ACADÊNICA: ESCALA
ROBERTA VIEIRA 1 : 200

DATA
RA.: 178096 11/2019
DISCIPLINA: PRANCHA
TRABALHO CONCLUSÃO DE CURSO

IMAGEM 06 - PÁTIO INTERNO IMAGEM 07 - PÁTIO EXTERNO


ORIENTADORA:
BRUNA GAFFURI P05
93

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A iniciativa para a realização deste tema de trabalho surgiu pela percepção do


um grande número de haitianos que estavam nas ruas, comércios e mercados aqui
de Toledo.
O estudo permitiu observar a urgente necessidade de integrá-los à sociedade,
e criar um elo, uma ponte por onde as pessoas possam conhecer mais sobre a cultura
haitiana. A casa de cultura foi apresentada no trabalho como um local propício a
abrigar as informações de cunho cultural. Ao mesmo tempo, foi visto que os haitianos
podem ser considerados muito mais que apenas pessoas pobres vinda de um país de
catástrofes. Há com eles uma cultura rica que merece ser mostrada.
Diante disso, os estudos para o embasamento do projeto arquitetônico da Casa
de Cultura Haitiana foram pautados na necessidade de conhecer melhor sobre essa
etnia, sua presença no Brasil, e consequentemente em Toledo. Além disso, foram
analisados o funcionamento e os conceitos relativos às casas de cultura, as questões
físicas sociais referentes ao sítio a ser implantada a obra, o programa arquitetônico e
por fim as ideias conceituais que nortearam o projeto.
Mais que um simples trabalho de conclusão de curso, pretende este ser uma
espécie de apoio, de empatia com a causa da imigração, principalmente daqueles que
vieram para Toledo para sobreviver, quando em seus países de origem a vida lhes foi
ameaçada seja por motivos políticos, econômicos ou ambientais.
A quase inexistência de dados e fontes teóricas sobre a cultura haitiana
deixaram de ser um entrave à realização da pesquisa, mas uma reafirmação de que
este trabalho era necessário ao meio acadêmico, até mesmo como uma fonte
bibliográfica e de como esse tema deve ser melhor explorado, uma vez que a
presença haitiana no Brasil indica não ser passageira, mais já cria marcas, de modo
a fazer parte da história etnográfica do povo brasileiro.
Por fim o projeto resumiu em forma física o que se considerou ideal quanto a
uma proposta de integração dos haitianos à sociedade toledana, que é o ponto central
de toda essa temática.
94

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101

APÊNDICE A – EMAIL COM INFORMAÇÕES DO DEP. DE VIGILÂNCIA


SOCIOASSISTENCIAL DE TOLEDO.
102
103
104

APÊNDICE B – GRÁFICOS COM OS RESULTADOS DA PESQUISA


REALIZADA COM MORADORES DE TOLEDO.

Você já havia percebido a forte presença de haitianos


em Toledo?

0%

Sim
Não

100%

Há interesse de sua parte em conhecer melhor a


cultura haitiana?

Sim

42%
Acho importante, mas não me
55%
interesso pelo tema

3%
Nunca pensei sobre isso
105

Você conhece pessoalmente algum haitiano(a) que more em


Toledo?

24%

Sim, conheço

Não conheço
76% pessoalmente ninguém

Caso sua resposta seja sim. Existe algum tipo de contato social
mais próximo entre você e esse haitiano(a)? Exemplo: Vão a
festas juntos, recebem um ao outro em casa?

6%

24%
Não conheço nenhum
haitiano(a)

70% Conheço, mas não tenho


intimidade

Sim, somos próximos


106

Você sabe quais são os idiomas oficiais no Haiti?

5% Inglês
Françês
45% Português
39%
Crioulo
Espanhol

3% Não sei
5%

3%

Além da língua você sabe alguma coisa sobre a cultura


haitiana? Exemplo: Quais são suas comidas típicas?

3%
21% Sim, sei algumas coisas.

8% Não sei, mas gostaria de


saber

68% Não sei, mas não me


interesso em saber

Não sei absolutamente


nada
107

Qual sua opnião sobre a construção de uma casa de


cultura haitiana em Toledo, onde possa ser exposta
toda a diversidade de elementos da cultura haitiana,
como música, dança, culinária, teatro, livros e etc?

5% Acho interessante e
3%
provavelmente iria conhecer
10%
Acho importante, mas não me
interesso pelo tema

Não acho interessante,


provavelmente não faria uma
82% visita
Não acho importante, mas se
tivesse uma casa de cultura
haitiana eu faria uma visita
108

APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO PARA ULTILIZAÇÃO DE


ENTREVISTA NA MONOGRAFIA.

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