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Direito Previdenciário
Hugo Goes
Apostila para o concurso do INSS

MÓDULO I - SEGURIDADE SOCIAL

1 Origem e evolução legislativa da Previdência Social no Brasil

No Brasil, as primeiras formas de proteção social deram-se através das


Santas Casas de Misericórdia, sendo a de Santos a mais antiga, fundada em
1543. Também merecem registro a criação do Montepio para a Guarda Pessoal
de D. João VI (1808) e do Montepio Geral dos Servidores do Estado – Mongeral
(1835).
Todavia, considera-se como marco inicial da Previdência Social brasileira a
Lei Eloy Chaves (1923).

1.1 Lei Eloy Chaves e as Caixas de Aposentadorias e Pensões

A doutrina majoritária considera como marco inicial da Previdência Social


brasileira a Lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo 4.682, de 24/01/1923). Esta Lei
instituiu as Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAPs) para os ferroviários.
Assegurava, para esses trabalhadores, os benefícios de aposentadoria por
invalidez (equivalente à atual aposentadoria por incapacidade permanente),
aposentadoria ordinária (equivalente à atual aposentadoria programada), pensão
por morte e assistência médica. Os beneficiários eram os empregados e diaristas
que executavam serviços de caráter permanente nas empresas de estrada de
ferro existentes no país. Os regimes das CAPs eram organizados por empresa.
Na década de 20, do século passado, as CAPs ganharam popularidade e
proliferaram-se, chegando ao número de 183 (cento e oitenta e três). A primeira
empresa a criar uma caixa de aposentadoria e pensões foi a Great Western do
Brasil.
Atualmente, comemora-se o aniversário da Previdência Social Brasileira no
dia 24 de janeiro, em alusão à Lei Eloy Chaves (que é de 24 de janeiro de 1923).
Antes da Lei Eloy Chaves, já havia o Decreto Legislativo 3.724, de 1919, sobre o
seguro obrigatório de acidente do trabalho. Já havia também algumas leis
concedendo aposentadorias para algumas categorias de trabalhadores
(professores, empregados dos Correios, servidores públicos etc.). Assim, embora
a doutrina considere a Lei Eloy Chaves como marco inicial da previdência
brasileira, não é correto afirmar que ela seja o primeiro diploma legal sobre
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Previdência Social. A Lei Eloy Chaves ficou conhecida como marco inicial da
Previdência Social Brasileira devido ao desenvolvimento e à estrutura que a
previdência passou a ter depois do seu advento.
Em 1926, o Decreto Legislativo 5.109 estendeu os benefícios da Lei Eloy
Chaves aos empregados portuários e marítimos.
Em 1928, por força do Decreto 5.485, os trabalhadores das empresas de
serviços telegráficos e radiotelegráficos foram abrangidos pelo regime da Lei Eloy
Chaves.
Em 1930, por meio do Decreto 19.497, foram instituídas as CAPs para os
empregados nos serviços de força, luz e bondes.
As CAPs eram dirigidas por um Conselho de Administração, composto por
representantes das empresas e dos empregados. O Estado, mediante lei, apenas
estabelecia as regras de funcionamento. A administração estatal da previdência
social somente passou a ocorrer a partir do surgimento dos Institutos de
Aposentadorias e Pensões (IAPs).

1.2 Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs)

Até 1930, como visto, a tendência era os regimes previdenciários se


organizarem por empresa, por meio das CAPs. Na década seguinte, no entanto,
houve a unificação das CAPs em Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs).
Os IAPs eram autarquias de nível nacional, centralizadas no governo
federal, organizadas em torno de categorias profissionais.
Enquanto as CAPs eram organizadas por empresas, os IAPs eram
organizados por categorias profissionais. Os IAPs abrangiam classes de
trabalhadores no âmbito nacional.
A partir de 1933, dentre outros, surgiriam os seguintes institutos:
• 1933 – IAPM – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos
(criado pelo Decreto 22.872/33);
• 1934 – IAPC – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários
(criado pelo Decreto 24.273/34);
• 1934 – IAPB – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários
(criado pelo Decreto 24.615/34);
• 1936 – IAPI – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários
(Lei 367/36);
• 1938 – IPASE – Instituto de Pensões e Assistência dos Servidores do
Estado (Decreto-Lei 288/38);
• 1938 – IAPETEC – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos
Empregados em Transportes e Cargas (Decreto-Lei 651/38);

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• 1939 – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Operários Estivadores


(Decreto-Lei 1.355/39);
• 1945 – Por força do Decreto-Lei 7.720, de 9 de julho de 1945, o
instituto dos estivadores foi incorporado ao IAPETEC, que passou a se chamar
Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Estivadores e Transportes de Cargas;
• 1953 – Por força do Decreto 34.586/53, foram unificadas todas as CAPs
de empresa ferroviárias e serviços públicos, surgidas a partir da Lei Eloy Chaves,
dando origem ao Instituto dos Trabalhadores de Ferrovias e Serviços Públicos
(IAPFESP).
Vale registrar que, ao final dos anos 50, quase a totalidade da classe
trabalhadora (com vínculo empregatício) já estava filiada a um plano de
Previdência Social (ou seja, filiada a um dentre os vários IAPs).
Em 1954, o Decreto 35.448 aprovou o Regulamento Geral dos Institutos
de Aposentadorias e Pensões, uniformizando todos os princípios gerais aplicáveis
a todos os IAPs.

1.3 FUNRURAL

Em 1963, tem início a proteção social na área rural: a Lei 4.214/63, art.
158, criou o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL).
Em 1971, a Lei Complementar nº 11 instituiu o Programa de Assistência
ao Trabalhador Rural (PRORURAL). Por meio desse programa, o trabalhador rural
tinha direito à aposentadoria por velhice, aposentadoria por invalidez, pensão e
auxílio-funeral. A aposentadoria por velhice era devida ao trabalhador rural que
tivesse completado 65 anos de idade. A aposentadoria por velhice e a
aposentadoria por invalidez correspondiam a 50% do salário mínimo. A Lei
Complementar nº 11/1971 também assegurava serviço de saúde e serviço social
aos trabalhadores rurais. O FUNRURAL passou a ser uma autarquia federal,
tendo a responsabilidade de administrar o PRORURAL.

1.4 Instituto Nacional de Previdência Social (INPS)


Em 1º de janeiro de 1967, com o surgimento do Instituto Nacional de
Previdência Social (INPS), foram unificados os Institutos de Aposentadorias e
Pensões (IAPs).
O INPS foi criado pelo Decreto-Lei 72/66. Este decreto-lei é de
21/11/1966, mas só entrou em vigor no primeiro dia do segundo mês seguinte
ao de sua publicação, ou seja, no dia 01/01/1967.

1.5 Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS)

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Em 1977, por meio da Lei 6.439, foi instituído o Sistema Nacional de


Previdência e Assistência Social (SINPAS), que agregava as seguintes entidades:
● INPS – Instituto Nacional de Previdência Social, que tratava da concessão
e manutenção dos benefícios;
● IAPAS – Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência
Social, que cuidava da arrecadação, da fiscalização e da cobrança das
contribuições previdenciárias;
● INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social,
que prestava assistência médica;
● LBA – Fundação Legião Brasileira de Assistência, que prestava assistência
social à população carente;
● FUNABEM – Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor, que executava a
política voltada para o bem-estar do menor;
● DATAPREV – Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social,
que cuida do processamento de dados da previdência Social;
● CEME – Central de Medicamentos, que distribuía medicamentos,
gratuitamente ou a baixo custo.

A Lei 8.689, de 27/07/1993, extinguiu o INAMPS; posteriormente, a LBA,


a FUNABEM e a CEME também foram extintas; a DATAPREV continua em
atividade, sendo empresa pública que, entre outros serviços, processa o
pagamento mensal de mais de 35 milhões de benefícios previdenciários.

1.6 Instituto Nacional do Seguro Social – INSS

A Lei nº 8.029, de 12 de abril de 1990, autorizou o Poder Executivo a criar o Instituto


Nacional do Seguro Social (INSS), como autarquia federal, mediante a fusão do IAPAS com
o INPS.
Com base na autorização que foi dada pela Lei nº Lei 8.029/90, o Decreto 99.350,
de 27 de junho de 1990, criou o INSS, mediante fusão do IAPAS com o INPS. O Decreto nº
99.350/90 entrou em vigor no dia 2 de julho de 1990.
Na época que foi criado, o INSS era uma autarquia federal vinculada ao Ministério
do Trabalho e da Previdência Social (MTPS). Mas atualmente o INSS é uma autarquia
federal vinculada ao Ministério do Trabalho e Previdência.

1.7 Vinculação Ministerial da Previdência Social

A partir de 1º de fevereiro de 1961, o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio


passou a denominar-se Ministério do Trabalho e Previdência Social (Lei 3.782/1960, art.
10). Pela primeira vez, a Previdência Social Brasileira adquire status de Ministério.
Em 1974, foi criado o Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS),
desvinculado do Ministério do Trabalho (Lei 6.036, de 1º de maio de 1974).
A Lei 8.028, de 12 de abril de 1990, extinguiu o Ministério da Previdência e
Assistência Social e restabeleceu o Ministério do Trabalho e Previdência Social.

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A Lei 8.490, de 19 de novembro de 1992, extinguiu o Ministério do Trabalho e


Previdência Social e restabeleceu o Ministério da Previdência Social (MPS) e o Ministério
do Trabalho.
A Medida Provisória 813, de 1º de janeiro de 1995, transformou o Ministério da
Previdência Social (MPS) em Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS).
A Lei 10.683, de 28/5/2003, reorganizou os Ministérios; o Ministério da Previdência e
Assistência Social (MPAS) passou a ser denominado Ministério da Previdência Social
(MPS). Com o advento dessa lei, a assistência social passou a ser vinculada ao Ministério
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
A Lei 13.266/2016 alterou a Lei 10.683/2003 para, entre outras medidas, promover a
fusão do Ministério do Trabalho e Emprego com o Ministério da Previdência Social, dando
origem, mais uma vez, ao Ministério do Trabalho e Previdência Social.
A Lei 13.502/2017 revogou a Lei 10.683/2003 e estabeleceu uma nova organização
dos Ministérios. De acordo com essa estrutura ministerial, a Previdência Social ficou
dividida entre o Ministério do Desenvolvimento Social e o Ministério da Fazenda. O INSS, o
Conselho Nacional de Assistência Social e o Conselho de Recursos da Previdência Social
foram vinculados ao Ministério do Desenvolvimento Social. Ficaram vinculados ao Ministério
da Fazenda: o Conselho Nacional de Previdência, a Superintendência Nacional de
Previdência Complementar (PREVIC), o Conselho Nacional de Previdência Complementar,
a Câmara de Recursos da Previdência Complementar e a Dataprev.
A Lei 13.844, de 18 de junho de 2019, revogou a Lei 13.502/2017 e estabeleceu
uma nova organização dos Ministérios. De acordo com essa nova estrutura ministerial, a
Previdência passou a ser área de competência do Ministério da Economia (Lei 13.844/2019,
art. 31, X).
A Lei nº 14.261, de 16 de dezembro de 2021 (conversão da Medida Provisória nº
1.058, de 2021), alterou a Lei nº 13.844/2019, para criar o Ministério do Trabalho e
Previdência.

2. Conceito de Organização

A Seguridade Social, nos termos do art. 194 da Constituição Federal,


“compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos
e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à
previdência e à assistência social”.

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2.1 Previdência Social


A Previdência brasileira é formada por dois regimes básicos, de filiação
obrigatória, que são o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e os Regimes
Próprios de Previdência Social dos servidores públicos e militares. Há também o
Regime de Previdência Complementar, ao qual o participante adere
facultativamente.

2.1.1 Regime Geral de Previdência Social


Nos termos do art. 201 da Constituição Federal, o Regime Geral de
Previdência Social (RGPS) tem caráter contributivo e é de filiação obrigatória,
devendo observar critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. Esse
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é o regime de previdência mais amplo, responsável pela proteção da grande


maioria dos trabalhadores brasileiros. As regras relativas ao RGPS serão
detalhadas nos capítulos seguintes.

2.1.2 Regimes Próprios de Previdência Social dos servidores públicos e


militares
Os beneficiários de Regime Próprio de Previdência Social – RPPS são
● Servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios (CF, art. 40)
● Magistrados (CF, art. 93, VI)
● Membros do Ministério Público (CF, 129, §4º)
● Ministros e conselheiros de Tribunais de Contas (CF, arts. 73, §3º e 75)
● Militares (CF, arts. 42, §1º e 142, §3º, X)

2.1.3 Previdência Complementar

O Regime de Previdência Complementar é facultativo. A pessoa tem a


possibilidade de entrar no sistema, de nele permanecer e dele retirar-se,
dependendo de sua vontade.
Quanto à possibilidade de acesso ao regime, as entidades de previdência
complementar são classificadas em fechadas e abertas (LC, 109/2001, art. 4º).
As entidades abertas são constituídas unicamente sob a forma de
sociedades anônimas e têm por objetivo instituir e operar planos de benefícios
de caráter previdenciário concedidos em forma de renda continuada ou
pagamento único, acessíveis a quaisquer pessoas físicas (LC 109/2001, art. 36).
De acordo com o art. 31 da Lei Complementar 109/2001, as entidades
fechadas são aquelas acessíveis, na forma regulamentada pelo órgão regulador e
fiscalizador, exclusivamente:

I - aos empregados de uma empresa ou grupo de empresas e aos


servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
entes denominados patrocinadores; e
II - aos associados ou membros de pessoas jurídicas de caráter
profissional, classista ou setorial, denominadas instituidores.

As entidades fechadas organizar-se-ão sob a forma de fundação ou


sociedade civil, sem fins lucrativos (LC 109/2001, art. 31, §1º).

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2.2 Saúde
Nos termos do art. 196 da Constituição Federal, “a saúde é direito de
todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Os
serviços públicos de saúde serão prestados gratuitamente: para usufruir de tais
serviços, não é necessário que o paciente contribua para a Seguridade Social.

2.3 Assistência Social


Nos termos do art. 203 da Constituição Federal, a assistência social será
prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à
Seguridade Social. Assim, esse ramo da Seguridade Social irá tratar de atender
os hipossuficientes, destinando pequenos benefícios a pessoas que nunca
contribuíram para o sistema.

3. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

Constituição Federal
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de
iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos
relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a
seguridade social, com base nos seguintes objetivos:

I - universalidade da cobertura e do atendimento;


II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações
urbanas e rurais;
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
V - eqüidade na forma de participação no custeio;
VI - diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas
contábeis específicas para cada área, as receitas e as despesas vinculadas
a ações de saúde, previdência e assistência social, preservado o caráter
contributivo da previdência social;
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante
gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos
empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.

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3.1 Universalidade da cobertura e do atendimento (CF, art. 194,


parágrafo único, I)
Por universalidade da cobertura entende-se que a proteção social deve
alcançar todos os riscos sociais que possam gerar o estado de necessidade.
Riscos sociais são os infortúnios da vida (doenças, acidentes, velhice, invalidez
etc.), aos quais qualquer pessoa está sujeita. A universalidade do atendimento
tem por objetivo tornar a Seguridade Social acessível a todas as pessoas
residentes no país, inclusive estrangeiras.

3.2 Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços entre as


populações urbanas e rurais (CF, art. 194, parágrafo único, II)
A uniformidade diz respeito às contingências que irão ser cobertas. A
equivalência refere-se ao aspecto pecuniário dos benefícios ou à qualidade dos
serviços, que não serão necessariamente iguais, mas equivalentes.

3.3 Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e


serviços (CF, art. 194, parágrafo único, III)
A seletividade atua na delimitação do rol de prestações, ou seja, na
escolha dos benefícios e serviços a serem mantidos pela Seguridade Social,
enquanto a distributividade direciona a atuação do sistema protetivo para as
pessoas com maior necessidade, definindo o grau de proteção.

3.4 Irredutibilidade do valor dos benefícios (CF, art. 194, parágrafo


único, IV)
O princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios assegura que o
benefício legalmente concedido não tenha seu valor reduzido.
Quando a questão faz referência à jurisprudência do STF, o candidato deve
considerar que o princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios assegura
apenas que o benefício legalmente concedido não tenha seu valor nominal
reduzido.
Todavia, se a questão de concurso não fizer nenhuma referência à
jurisprudência, afirmando simplesmente que o princípio da irredutibilidade do
valor dos benefícios visa à preservação do seu poder aquisitivo, o candidato deve
considerar a questão como verdadeira, pois, apesar de não ser a orientação do
STF, este é o entendimento dado pela redação do art. 1º, parágrafo único, IV, do
Regulamento da Previdência Social. Se a questão tratar, especificamente, de
benefícios previdenciários, sem fazer nenhuma referência à jurisprudência, o
candidato também deve considerar que o princípio da irredutibilidade do valor
dos benefícios visa à preservação do poder aquisitivo do benefício, ou seja, a
preservação do seu valor real, pois isso é o que estabelece a Lei 8.213/91, em

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seu art. 2º, V.

3.5 Equidade na forma de participação no custeio (CF, art. 194,


parágrafo único, V)
Significa dizer que quem tem maior capacidade econômica irá contribuir
com mais; quem tem menor capacidade contribuirá com menos.

3.6 Diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas


contábeis específicas para cada área, as receitas e as despesas
vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social,
preservado o caráter contributivo da previdência social (CF, art. 194,
parágrafo único, VI)
A Seguridade Social tem diversas fontes de custeio, assim, há maior
segurança para o sistema, em caso de dificuldade na arrecadação de
determinadas contribuições, haverá outras para lhes suprir a falta.
O Inciso VI do parágrafo único do art. 194 da Constituição Federal, na
redação que foi dada pela emenda Constitucional nº 103/2019, determina que
as receitas e as despesas de cada uma das três áreas da Seguridade Social
(saúde, previdência e assistência social) sejam identificadas em rubricas
contábeis específicas. No tocante às despesas, essa identificação é mais fácil de
ser feita. Já no tocante às receitas, podemos identificar que, por força do art.
167, XI, da Constituição Federal o produto da arrecadação das contribuições
sociais de que trata o art. 195, I, “a”, e II da Constituição Federal só pode ser
usado para o pagamento de benefícios do Regime Geral de Previdência Social.
Também podemos identificar que o produto da arrecadação do PIS/PASEP
destina-se a financiar o programa do seguro-desemprego, outras ações da
previdência social e o abono do PIS/PASEP (CF, art. 239). No tocante as demais
receitas da Seguridade social, não há regra legal ou constitucional que determine
qual será a receita destes três subsistemas individualizadamente. Ou seja, a
receita é sempre da Seguridade Social, sem se identificar quais tributos custeará
a saúde e assistência social, por exemplo.

3.7 Caráter democrático e descentralizado da administração – gestão


quadripartite (CF, art. 194, parágrafo único, VII)
De acordo com este princípio, a gestão dos recursos, programas, planos,
serviços e ações, nas três áreas da Seguridade Social, em todas as esferas de
poder, deve ser realizada mediante discussão com a sociedade.

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